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FRANCISCO ALVES DE SOUZA
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS QUE ALUNOS INGRESSANTES NO ENSINO
SUPERIOR ELABORAM SOBRE A MATEMÁTICA
CENTRO UNIVERSITÁRIO FIEO OSASCO
2014
2
FRANCISCO ALVES DE SOUZA
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS QUE ALUNOS INGRESSANTES NO ENSINO
SUPERIOR ELABORAM SOBRE A MATEMÁTICA
Programa de Pós-Graduação em Psicologia educacional. Linha de Pesquisa: Ensino / Aprendizagem no contexto social e político. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria Laura Puglisi Barbosa Franco.
CENTRO UNIVERSITÁRIO FIEO OSASCO
2014
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SOUZA, Francisco Alves de. Representações Sociais que alunos ingressantes no Ensino Superior elaboram sobre a Matemática. Francisco Alves de Souza. Osasco, 2014. 1. Representações Sociais. 2. Alunos. 3. Matemática. I. Título. II. FRANCO, Maria Laura Puglisi Barbosa.
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FRANCISCO ALVES DE SOUZA
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS QUE ALUNOS INGRESSANTES NO ENSINO
SUPERIOR ELABORAM SOBRE A MATEMÁTICA
Aprovado em: de de 2014
BANCA EXAMINADORA
___________________________________
Nome: Profa. Dra. Maria Laura Puglisi B. Franco (Orientadora)
Instituição: Centro Universitário Fieo - UNIFIEO
____________________________________
Nome: Prof.a Dr.a Márcia Siqueira de Andrade
Instituição: Centro Universitário Fieo - UNIFIEO
___________________________________
Nome: Prof.a Dr.a Mitsuko M. Ap. Antunes
Instituição: Pontifícia Universidade Católica de São Pulo - PUC
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho àqueles que pensaram e agiram em prol do
desenvolvimento social, intelectual e cultural da humanidade e contribuíram
para a construção do Cálculo Diferencial e Integral. Entre eles:
Tales de Mileto, Pitágoras, Hipaso, Filolau, Fidias, Euclides de
Alexandria, Sócrates, Platão, Aristóteles, Hipócrates, ARQUIMEDES, Eudoxo,
Eratostenes, Marco Vitrúvio, Diophanto, Bhaskara, Leonardo Fibonacci, Luca
Paciole, Leonardo da vinci, John Napier, Nicolau Copérnico, Tycho Brahe,
Johannes Kepler, GIORDANO BRUNO, GALILEU GALILEI, RENÉ
DESCARTES, Pierre Fermat, Blaise Pascal, Isaac Newton, Gottfried W.
Leibnis, Jean Bernoulli, Colin Maclaurin, Leonhard Euler, Jean Le Rond
D’Alembert, Maria Caetana Agnesi, Joseph Louis Lagrange, Karl Friedrich
Gauss, Marie Jean Antoine Nicolas Caritat (o Marquês de Condorcet), Pierre
Simon (Marquês de Laplace), Adrien Marie Legendre, Jean Baptiste Joseph
Fourier, Albert Einstein, Immanuel Kant, M. LE BLANC (SOPHIE GERMAIN),
Siméon Denis Poisson, Friedrich Wilhelm Bessel, Augustin Louis Cauchy,
Charles Babbage, Niels Henrik Abel, Evarist Galois, Charles Hermit, Leopold
Kronecker, George Friedrick Riemann, George Boole, Giuseppe Peano, Arthur
Cayley, Willian Rowan Hamilton, Carl Gustav Jacob Jacobi, Gregório Ricci
Curbastro, Henry Poincare, Karl Theodor Wilhelm Weirerstrass, Benoit
Mandelbrot e Aguinaldo Prandini Ricieri.
EM ESPECIAL PARA
ARQUIMEDES, que foi decapitado por um soldado romano porque se recusou a ser preso antes que terminasse a solução de um problema geométrico que havia começado e não queria deixá-lo incompleto.
GIORDANO BRUNO, que foi queimado vivo na Fogueira da Inquisição devido suas ideias em favor do heliocentrismo.
GALILEU, que abjurou para se livrar da Fogueira da Inquisição, mas morreu em prisão domiciliar por afirmar que a terra não era o centro do Universo.
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SOPHIE GERMAIN, que enfrentou atrocidades do seu pai por querer estudar matemática e por ter conseguido se corresponder, durante quatro anos, com o professor Lagrange da École Polytechnique usando o nome masculino M. LE BLANC para não causar um escândalo social, pois na École Politechnique não estudavam mulheres.
RENÉ DESCARTES, Pai da Filosofia Moderna, criador da Geometria Analítica, articulador das funções e conciliador da Aritmética com a geometria cuja divisão entre ambas se deu com um imenso problema filosófico entre os pitagóricos com a descoberta dos números incomensuráveis feita por Hipaso.
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À minha família
Esposa: Beatriz
Filhos: Ronaldo e Edson
Noras: Cida e Sônia
Lindos netos: Juliana, Caio e David
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AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar a Deus por ter sempre me provido de muita
saúde e energia para enfrentar os desafios que a vida nos proporciona, por ter
me dado o privilégio do dom de amar a natureza, desde uma formiga, que às
vezes tenho que mudar o passo para não pisar em cima, até a mais longínqua
das estrelas e também por ter colocado ao meu redor inúmeras pessoas
maravilhosas, que sem as quais eu não teria chegado aonde cheguei, porque
sozinho não se vai muito longe.
À minha esposa, Beatriz, que assumiu o comando da casa e à educação
dos filhos para que eu pudesse me dedicar ao trabalho e aos estudos.
Aos meus filhos, Ronaldo e Edson, por entender e aceitar uma presença
de pai comprometida com o trabalho e os estudos.
Aos alunos dos cursos de Pedagogia e Educação Física, participantes
da pesquisa, que contribuíram com suas respostas ao questionário.
Aos professores Ubiratan e Malu, às diretoras Lucimar Rodrigues e
Sílvia Pereira da instituição que foi realizada a pesquisa.
À professora Adriana Felisbino pela revisão do texto.
Ao professor Dr. Alessandro Rosini que aceitou o convite para suplente
da banca e pelas suas orientações.
Ao amigo Divino Romão pela ajuda nas pesquisas bibliográficas e
formatação dos textos.
À professora Maria Laura, orientadora desse trabalho, cujo
relacionamento foi sempre mais de amigos do que de orientador/orientando e
se prontificando para ajudar a qualquer momento e ao seu esposo, Dr.
Wanderlei, que sempre a acompanha e contribui para o bom andamento dos
trabalhos.
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À professora Márcia Siqueira de Andrade que, como coordenadora do
curso contribuiu para que os prazos fossem cumpridos e como membro da
banca examinadora contribuiu para a qualidade desse trabalho.
À professora Marisa Irene que, além de ministrante de aulas tão
importantes para o meu conhecimento, muito me ajudou também para a
qualidade desse trabalho.
À professora Beatriz Scoz que me introduziu no “mundo da
subjetividade”.
Ao professor Montiel, que trabalhando com o slogan “tudo pelo
profissional e nada pessoal”, foi sempre coerente na condução dos nossos
trabalhos de sala de aula e sempre pronto a ajudar a qualquer momento, na
sala de aula ou fora dela.
À professora Mimi, que em apenas uma sessão de qualificação foi capaz
de me transmitir muito conhecimento, através dos seus comentários, além da
sua imensa contribuição para a qualidade desse trabalho.
À secretária Ângela, que tanto me ajudou nos trabalhos burocráticos
junto à secretaria.
Aos colegas de turma Paulinha, Cristiane, Magda Neuzinha, Vivi,
Michele, Yoná, Iolanda, Nilton, Elaine, Aline, Roberto e José Luiz, pela
amizade, companheirismo e favores prestados.
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SOUZA, Francisco Alves de Representações Sociais que alunos ingressantes no ensino superior elaboram sobre a matemática. 2014. Dissertação (Mestrado em Psicologia Educacional) – Curso de Pós-Graduação em Psicologia Educacional, Centro Universitário FIEO, Osasco.
RESUMO
Com este trabalho buscou-se identificar as Representações Sociais que alunos
ingressantes no Ensino Superior elaboram sobre a Matemática. Para isto foi
realizada uma pesquisa com alunos ingressantes nos cursos de Pedagogia e
Educação Física, no primeiro semestre de 2013. A referida pesquisa foi
realizada com 37 jovens com idades entre 17 e 24 anos de idade, numa
faculdade particular da zona oeste da cidade de São Paulo. Como instrumento
de pesquisa foi utilizado um questionário composto por 5 questões fechadas,
para caracterização dos participantes, 11 questões abertas solicitando ao
participante expressar as Representações elaboradas sobre todas as
disciplinas do currículo escolar e uma atividade de Associação Livre de
Palavras. O questionário foi desenvolvido de forma a não induzir a resposta,
bem como possibilitar ao participante expressar, espontaneamente, seu
sentimento em relação às disciplinas, aos seus ex-professores de matemática
e seus respectivos métodos de apresentação dessa disciplina em sala de aula.
Após a tabulação e análise dos resultados foi constatado, entre outros dados,
que, para 67,6% dos participantes, foi sempre em matemática que obtiveram
as notas mais baixas e 75,7%, gostaria que a Matemática fosse trabalhada de
forma diferente da que lhes foi apresentada. Numa escala de Ruim a
Excelente, 77,7% da turma de Pedagogia e 68,4% da turma de Educação
Física, classificaram o método dos ex-professores como regular e bom. E
ainda, nas interações do Grupo Focal, esses ex-professores foram
classificados como brutos, impacientes, autoritários, limitados e despreparados.
Foi constatado também, que 6 alunos gostariam de estar fazendo Engenharia,
mas não se matricularam nesses cursos por medo da matemática.
Palavras-chave: Representações Sociais, Professor de Matemática, Ensino de
Matemática.
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SOUZA, Francisco Alves de Representações Sociais que alunos ingressantes no ensino superior elaboram sobre a matemática. 2014. Dissertação (Mestrado em Psicologia Educacional) – Curso de Pós-Graduação em Psicologia Educacional, Centro Universitário FIEO, Osasco.
ABSTRACT
In this study, we sought to identify the Social Representations elaborated by
students entering Higher Education with respect to mathematics. To do so, we
conducted a research project with students entering courses in Pedagogy and
Physical Education in the first semester of 2013. The research project was
conducted with 37 young people aged between 17 and 24, in a private college
in the west zone of the city of São Paulo. As an instrument of research, we
used a questionnaire consisting of 5 closed-ended questions, to characterize
the participants; 11 open-ended questions asking the participant to express the
Representations that he or she formulates on all disciplines in the school
curriculum; and a Free Word Association activity. The questionnaire was
developed so as not to induce any answer, as well as to allow the participants
to express, spontaneously, their feelings in relation to the disciplines, their
former math teachers, and their teachers’ methods of presentation of this
discipline in the classroom. After calculating and analyzing the results, we
found, among other data, that 67.6% of the participants always obtained their
lowest grades in mathematics, and 75.7% would like for mathematics to be
taught differently from the way it was presented to them. On a scale from Bad to
Excellent, 77.7% of the Pedagogy students and 68.4% of the Physical
Education students classified the method of their former teachers as fair and
good. And yet, in the Focus Group interactions, these former teachers were
classified as rude, impatient, authoritarian, limited and unprepared. We also
found that 6 students would like to be studying Engineering, but did not enroll in
those courses because of their fear of mathematics.
Keywords: Social Representations, Mathematics Teacher, Mathematics
Teaching.
12
LISTA DE QUADROS
Quadro I. Caracterização da turma de Pedagogia..........................................30
Quadro II. Caracterização da turma de Educação Física................................31
Quadro III. De qual disciplina você mais gosta?..............................................32
Quadro IV. De qual disciplina você menos gosta?..........................................33
Quadro V. Em qual disciplina suas notas foram sempre mais baixas?...........34
Quadro VI. Em qual disciplina suas notas foram sempre as altas?.................36
Quadro VII. Qual disciplina você escolheria para participar de uma Olimpíada?.......................................................................................................37
Quadro VIII. Qual disciplina você não escolheria de algum para participar de uma Olimpíada?...............................................................................................38
Quadro IX. Dados da segunda parte da questão 12: se sim como você gostaria que fosse?........................................................................................................39
Quadro X. De qual disciplina você mais gosta?...............................................43
Quadro XI. De qual disciplina você menos gosta?...........................................44
Quadro XII. Em qual disciplina suas notas foram sempre mais baixas?..........45
Quadro XIII. Em qual disciplina suas notas foram sempre mais altas?............46
Quadro XIV. Qual disciplina você escolheria para participar de uma Olimpíada?........................................................................................................47
Quadro XV. Qual disciplina você não escolheria de algum para participar de uma Olimpíada?...............................................................................................48
Quadro XVI. Dados da segunda parte da questão 11: se sim como você gostaria que fosse?..........................................................................................50
Quadro XVII. Palavras evocadas pela turma de Pedagogia para o termo indutor matemática.......................................................................................................53
Quadro XVIII. Palavras evocadas pela turma de Educação Física para o termo indutor matemática...........................................................................................54
Quadro XIX. Elaborações das interações do Grupo Focal..............................56
13
LISTA DE TABELAS
Tabela I. Dados da primeira parte da questão 12.........................................................39
Tabela II. Como você classifica o método apresentado pela maioria dos seus ex-professores de matemática na escala seguir?............................................40
Tabela III. Como você classifica a maioria dos seus ex-professores de matemática na escala seguir?..........................................................................41
Tabela IV. Como você classifica a matemática na escala a seguir?................41
Tabela V. Você gostaria fazendo outro curso, mas desistiu por causa da matemática.......................................................................................................42
Tabela VI. Dados da primeira parte da questão 12..........................................49
Tabela VII. Como você classifica o método apresentado pela maioria dos seus ex-professores de matemática na escala seguir?............................................51
Tabela VIII. Como você classifica a maioria dos seus ex-professores de matemática na escala seguir?..........................................................................51
Tabela IX. Como você classifica a matemática na escala a seguir?................52
14
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 16
2. JUSTIFICATIVA ........................................................................................... 18
2.1- REPRESENTAÇÕES SOCIAIS ................................................................................. 19
3. A PESQUISA ................................................................................................ 24
3.1 - OBJETIVO .................................................................................................................... 24
4 - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .................................................... 25
4.1 – O CONTEXTO ............................................................................................................ 25
4.2- PARTICIPANTES ......................................................................................................... 25
4.3 - INSTRUMENTO .......................................................................................................... 26
4.4 - PROCESSOS DE COLETA DOS DADOS .............................................................. 26
4.5 - PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DOS DADOS ................................................... 27
5. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS............................. 30
5. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS............................. 30
5.1 - CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES DA TURMA DE PEDAGOGIA ... 30
5.2 – CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES DA TURMA DE EDUCAÇÃO
FÍSICA .................................................................................................................................... 30
5.3 - CATEGORIAS E INDICADORES ............................................................................. 31
5.3.1 – Categorias e indicadores da turma de Pedagogia ......................................... 32
5.3.2 – Categorias e Indicadores da turma de Educação Física .............................. 42
5.4 - ASSOCIAÇÃO LIVRE DE PALAVRAS .................................................................... 52
5.5 GRUPO FOCAL ............................................................................................................. 54
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 57
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 60
APÊNCIA A ...................................................................................................... 64
APÊNDICE B .................................................................................................... 70
15
APÊNDICE C ................................................................................................... 83
ANEXO A ......................................................................................................... 85
16
1. INTRODUÇÃO
O interesse pelo estudo das Representações Sociais sobre a
Matemática advém, entre outros motivos, de queixas e dificuldades expressas
por parte de alunos no que se relaciona ao estudo da matemática. Queixas
estas, também expressas por pessoas de diferentes faixas etárias, tanto na
escola como na vida cotidiana.
Pois é comum se observar num diálogo, entre estudantes ou não,
quando o assunto é a dificuldade de aprendizagem das disciplinas do currículo
escolar, que a matemática, normalmente, figura como sendo a disciplina mais
difícil, complicada e cansativa, até mesmo para aqueles que gostam dela.
Fatos estes que proporcionam a formulação da hipótese de que
significativa parcela de alunos ingressa no ensino superior na área de ciências
humanas, para se desvencilhar da matemática. E para tentar confirmar, ou
negar, esta hipótese, foi realizada uma pesquisa com alunos ingressantes no
ensino superior nos cursos de Pedagogia e Educação Física.
Ainda nesse contexto, pode-se aqui levantar a hipótese de que o
problema do insucesso na disciplina matemática pode estar relacionado com
as representações sociais que os alunos fazem da matemática, tendo em vista
que foi criada historicamente uma imagem, que pode ser sintetizada com a
frase: “a matemática é o bicho papão na escola”.
Com essa pesquisa pretendia-se verificar se essas dificuldades e
queixas continuam fazendo parte do repertório de alunos de Pedagogia e
Educação Física. Além disso, considera-se importante verificar se as
representações sobre matemática se diferenciam por parte dos alunos de
ambos os cursos.
E mais, se essas mesmas representações acabam sendo motivo para a
escolha desses cursos, visto que no senso comum matemática é algo para
Engenheiros, Físicos, Cientistas e pessoas portadoras de inteligência elevada
17
em relação aos demais. Representação esta que orienta o distanciamento
dessa disciplina.
Para Machado e César (2012), a matemática está frequentemente
associada a representações sociais negativas, bem como a um fenômeno de
bipolarização. Alguns alunos citam a matemática como sendo a disciplina que
mais gostam enquanto outros se manifestam ao contrário. Porém raramente
citam que a matemática lhes é indiferente.
Assim, “torna-se necessário ter acesso a essas representações para
podermos agir, através das práticas, contribuir para a sua mudança e construir
outras representações mais positivas” (CÉSAR 2009, apud MACHADO e
CÉSAR 2012), pois segundo Piscarreta e César (2005), o professor tem, ou
pode ter, um papel privilegiado na vida acadêmica de um aluno. Pode
influenciar ou até pode levar um aluno a ter atitudes positivas face à disciplina
de Matemática.
Neste sentido, cabe citar aqui que a experiência em sala de aula mostra
que, embora a matemática seja considerada difícil, é ao mesmo tempo
desejada por aqueles que a representam conscientemente, reconhecem a sua
utilidade no cotidiano de cada um, como ferramenta indispensável para o
entendimento dos fenômenos da natureza, bem como para o desenvolvimento
social, cultural e econômico da humanidade.
Foi levando em conta as considerações anteriores que essa pesquisa foi
realizada para a constatação dos argumentos explicitados, cuja justificativa,
objetivo, procedimento metodológico e discussão dos resultados serão
apresentados nos itens subsequentes, com a expectativa de contribuir para o
avanço da área.
18
2. JUSTIFICATIVA
Tendências educacionais e correntes pedagógicas da atualidade (Silva
2007) propõem de modo geral, uma abordagem de conteúdos capaz de
contemplar o contexto social do estudante e suas individualidades.
Em relação à matemática, segundo Santos (2008), argumentações e
formulações encontradas em textos produzidos por autores como D’Ambrosio
(1996), Machado (1987), entre outros, ressaltam a utilidade da matemática
para ativar o raciocínio e ajudar a pensar.
Estes autores ressaltam ainda, a importância da matemática em quase
tudo o que se faz e, em razão disso, sustenta-se que não saber matemática
significa ser, praticamente, analfabeto. Por isso, apesar de não ser uma
empreitada fácil, é necessário dominar esse conhecimento.
Silva (2007) acrescenta ainda que a matemática desempenha
importante papel no desenvolvimento cultural da criança e na sua inserção no
sistema de referências do grupo ao qual pertence. Sendo que, a maneira como
tem sido trabalhada em sala de aula, através de treinos artificiais e mecânicos
tem causado danos em relação ao seu aprendizado.
Segundo D’Ambrosio (1998), desde a Grécia antiga a matemática é uma
disciplina de foco nos sistemas educacionais, e tem sido a forma de
pensamento mais estável da tradição mediterrânea que perdura até os dias
atuais como manifestação cultural que se impôs incontestada às demais
formas.
E acrescenta ainda que enquanto nenhuma religião se universalizou,
nenhuma língua se universalizou, nenhuma culinária nem medicina se
universalizaram, a matemática se universalizou, deslocando todos os demais
modos de quantificar, de medir, de ordenar, de inferir e servindo de base,
impondo-se como o modo de pensamento lógico e racional que passou a
identificar a própria espécie.
19
Segundo D’Ambrosio 1998:
Do Homo sapiens se fez recentemente uma transição para o
Homo rationalis. Este último é identificado pela sua capacidade
de utilizar a matemática, uma mesma matemática para toda a
humanidade e, desde Platão, esse tem sido o filtro utilizado
para selecionar lideranças. (D’AMBROSIO 1998, p.10).
Isso mostra a forte representação que o homem, desde os tempos
antigos, elabora sobre a matemática.
Neste sentido, justifica-se a realização dessa pesquisa para identificar as
represtações sociais que alunos ingressantes no ensino superior elaboram
sobre esta disciplina, para se tentar criar uma didática que ajude na solução da
problemática existente em sala de aula com relação ao ensino e aprendizagem
desta disciplina, bem como favorecer o trabalho docente.
Para isso torna-se necessário entender os fundamentos teóricos das
Representações Sociais conforme delineamentos a seguir.
2.1- REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
Segundo Farr (1998), a Teoria das Representações Sociais tem início na
França em 1961 com a publicação do estudo de Moscovici La Psychanalyse:
son image et son public. E, ainda segundo Farr (1998), Moscovici não
desenvolveu sua teoria num vazio cultural, visto que ele se apoiou,
principalmente em Durkheim, o fundador da Representação Coletiva.
Para elucidar sua teoria Moscovici resgata o conceito de representação
coletiva proposto por Durkheim e mostra que esse se referia a uma classe
muito genérica de fenômenos psíquicos e sociais, incluindo entre eles os
referentes à ciência, aos mitos e à ideologia, sem se preocupar em explicar os
processos que dariam origem a essa multiplicidade de modos de organização
do pensamento.
20
Além disso, a concepção de representação coletiva era bastante
estática, o que correspondia à permanência dos fenômenos em cujo estudo se
baseou. Portanto, não adequada ao estudo das sociedades contemporâneas,
que se caracterizam pela multiplicidade de sistemas políticos, econômicos,
religiosos, filosóficos e artísticos, e pela rapidez na circulação das
representações.
E, mediante esta percepção, Moscovici (2009), afirma que a noção de
representação coletiva de Durkheim, descreve ou identifica uma categoria
coletiva que deve ser explicada a um nível inferior, ou seja, em nível da
PSICOLOGIA SOCIAL. Surge então a noção de REPRESENTAÇÃO SOCIAL
proposta por Moscovici.
Moscovici inicia o seu processo de formulação teórica assumindo que o
conceito de representações sociais advém da proposta de representação
coletiva de Durkheim. Porém mostra que do ponto de vista de Durkheim, as
representações coletivas abrangiam uma cadeia completa de formas
intelectuais que incluíam ciência, religião, mito, modalidades de tempo e
espaço.
Essa abrangência tornava o conceito pouco operacional, o que fez com
que a própria sociologia, apesar do seu interesse, o deixasse de lado. Sendo
recuperado posteriormente pela antropologia e, mais recentemente, pela
história das mentalidades, que abraçaram o conceito de representação,
colocando sobre ele o foco do simbólico, por parte da primeira, e da memória,
por parte da segunda. (ARRUDA 2002).
Tratava-se então de uma aplicação da noção em plagas distantes ou
tempos passados. Graças a essa aplicação, o conceito sobreviveu e atestou
seu interesse para as ciências humanas. Mas não foi além de um conceito, e
permaneceu a lacuna no que se refere ao aqui e agora.
A noção de representação social formulada por Moscovici,segundo
Alves-Mazzotti (2008) corresponde à busca dessa especificidade, através da
21
elaboração de um conceito verdadeiramente psicossocial, na medida em que
procura dialetizar as relações entre indivíduo e sociedade, afastando-se
igualmente da visão sociologizante de Durkheim e da perspectiva
psicologizante da Psicologia Social da época.
Na busca de preencher a lacuna deixada pelo conceito durkheimiano,
Moscovici elabora a remodelagem do conceito, guiado pela necessidade de
atualizá-lo e trazê-lo para as condições da época, das sociedades
contemporâneas imersas na intensa divisão do trabalho, nas quais a dimensão
da especialização bem como a da informação tornaram-se componentes
decisivas nas vidas das pessoas e dos grupos.
Atualizar significava, ao mesmo tempo, tornar o conceito operacional
para ser aplicável em sociedades com essas características, sociedades em
que a velocidade da informação não lhes outorga o tempo de sedimentar-se
em tradição, na quais se impõe um processamento constante da novidade, nas
quais se conhece por delegação, uma vez que ninguém tem acesso a todo o
saber.
Para Moscovici (2009), as representações sociais devem ser vistas
como uma maneira específica de compreender e comunicar. Significa dizer que
elas ocupam uma posição curiosa em algum ponto entre conceitos, ou seja,
têm como objetivo abstrair o sentido de mundo e introduzir nele ordem e
percepções que reproduzam o mundo de uma forma significativa.
As representações sociais possuem sempre duas faces, que são
independentes como as faces de uma folha de papel: a face icônica e a face
simbólica. Ou seja, imagem e significação. Em outras palavras, a
representação iguala toda imagem a uma ideia e toda ideia a uma imagem.
Da mesma maneira em que nas sociedades, um “neurótico” é uma ideia
associada com a psicanálise, com Freud, com o Complexo de Édipo e, ao
mesmo tempo o neurótico é visto, pela mesma sociedade, como um indivíduo
egocêntrico, patológico, cujos conflitos parentais não foram ainda resolvidos.
Segundo Alves-Mazzotti (2008), os processos envolvidos na atividade
representativa têm por função destacar uma figura e, ao mesmo tempo,
22
atribuir-lhe um sentido, integrando-o ao universo das pessoas. Mas têm,
sobretudo, a função de duplicar um sentido por uma figura e, portanto,
objetivar, e uma figura por um sentido, logo, consolidar os materiais que entram
na composição de determinada representação.
Evidenciam-se aí os dois principais processos envolvidos na elaboração
das representações postulados por Moscovici em 1961: a objetivação e a
ancoragem. A objetivação, para Moscovici (2009), é um mecanismo de
transformação de algo abstrato em algo quase concreto, de algo que está na
mente em algo que exista no mundo físico.
Com isso, um ente imaginário começa assumir a realidade de algo visto,
de algo tangível. Objetivar é, portanto, descobrir a qualidade icônica de uma
ideia, ou ser impreciso; é reproduzir um conceito em uma imagem.
A ancoragem refere-se à inserção orgânica do que é estranho no
pensamento já constituído e é definida por Moscovici (2009), como sendo o
processo que transforma algo estranho, intrigante ao nosso sistema particular
de categorias em algo familiar, como um barco antes a deriva, que é ancorado
em um porto seguro:
Ancorar é, pois, classificar e dar nome a alguma coisa. Coisas que
são classificadas e que não possuem nome são estranhas, não
existentes e ao mesmo tempo ameaçadoras. Nós experimentamos
uma resistência, um distanciamento, quando não somos capazes de
avaliar algo, de descrevê-lo a nós mesmos ou a outras pessoas. O
primeiro passo para superar essa resistência, em direção à
conciliação de um objeto ou pessoa, acontece quando nós somos
capazes de colocar esse objeto ou pessoa em uma determinada
categoria, de rotulá-lo com um nome conhecido. No momento em que
nós podemos falar sobre algo, avaliá-lo e então comunicá-lo – mesmo
vagamente, como quando nós dizemos de alguém que ele é inibido –
então nós podemos representar o não usual em nosso mundo
familiar, reproduzi-lo como réplica de um modelo familiar [...]
(Moscovici 2009, p. 61/62)
Logo é através da ancoragem que o homem classifica, categoriza e
representa o objeto ou pessoa. E dessa forma transforma o desconhecido em
23
algo familiar. Portanto, compreender determinadas Representações Sociais
implica considerar a condição de sujeito histórico daquele que as emite, a
realidade que o cerca, as dificuldades e expectativas, vivenciadas e nível de
leitura crítica desse contexto.
Em suma, a ancoragem e a objetivação são maneiras de lidar com a
memória. A ancoragem mantém a memória em movimento e, estando dirigida
para dentro, a memória está sempre colocando e tirando objetos, pessoas e
acontecimentos, que ela classifica e rotula com um nome.
A objetivação, sendo mais menos direcionada para fora (para outros),
tira daí conceitos e imagens para juntá-los e reproduzi-los no mundo exterior,
para fazer as coisas conhecidas a partir do que já é conhecido.
24
3. A PESQUISA
3.1 - OBJETIVO
A presente pesquisa tem como objetivo identificar e interpretar as
Representações Sociais que alunos ingressantes do ensino superior elaboram
sobre a Matemática
25
4 - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
4.1 – O CONTEXTO
A presente pesquisa foi realizada numa faculdade particular situada na
zona oeste da cidade de São Paulo. Esta faculdade iniciou suas atividades no
ano 2000 e tem hoje um corpo docente composto de 144 professores, dos
quais 8 são doutores e 44 são mestres e um corpo discente composto de 3900
alunos no segundo semestre de 2013.
Oferece os cursos de Pedagogia, Educação Física, Administração,
Ciências Contábeis, Gestão Comercial, Gestão da Qualidade, Gestão de
Recursos Humanos, Gestão Financeira, Logística, Marketing, Análise e
Desenvolvimento de Sistemas, Rede de Computadores e Automação Industrial,
além dos cursos de MBA em Gestão de Liderança e Talentos, Gestão de
Projetos com Prática do PMI (Project Management Institute), Gestão
Empresarial, Logística e Supply Chain.
4.2- PARTICIPANTES
Participaram dessa pesquisa duas turmas de alunos com idades entre
17 e 24 anos que ingressaram no primeiro semestre de 2013, nos cursos de
Pedagogia e Educação Física, na faculdade acima mencionada. Sendo a turma
de Pedagogia composta por 18 (dezoito) alunos e a turma de Educação Física
composta por 19 (dezenove) alunos. A decisão para a escolha dessas turmas
deveu-se à hipótese de haver alunos que se decidiram por esses cursos pela
pouca utilização da matemática.
26
4.3 - INSTRUMENTO
Para a coleta dos dados dessa pesquisa foi utilizado um questionário
composto de questões fechadas e abertas, cujas respostas obtidas no âmbito
das questões fechadas foram utilizadas para a caracterização dos participantes
e as respostas expressas nas questões abertas foram submetidas à análise de
conteúdo.
O questionário foi elaborado de forma a possibilitar que o participante
expresse, espontaneamente, sua representação sobre todas as disciplinas do
currículo escolar e sobre seus ex-professores de matemática, bem como suas
respectivas metodologias. E expresse ainda, baseado no seu ponto de vista,
como gostaria que esta disciplina fosse trabalhada em sala de aula para
proporcionar ao aluno uma melhor apropriação dos conteúdos trabalhados.
No questionário foi incluída uma atividade de associação livre que
consiste em oferecer ao respondente uma palavra de origem e solicitar que
associe livremente outras palavras que no seu entender se associem com a
palavra de origem dada.
4.4 - PROCESSOS DE COLETA DOS DADOS
Em linhas gerais as etapas do trabalho ocorreram da seguinte maneira:
a) Inicialmente foi realizada uma reunião com a diretoria e os professores
das disciplinas Pedagogia e Educação Física da instituição escolhida
para a realização da pesquisa. Nessa reunião o pesquisador apresentou
os objetivos e finalidades da pesquisa e entregou o documento oficial de
solicitação de autorização emitido pelo comitê de ética do Centro
Universitário Fieo – UNIFIEO e foi agendada a data para a realização da
pesquisa.
27
b) Em seguida foi feita uma visita às respectivas salas de aula para pedir a
colaboração dos alunos e apresentar-lhes as datas sugeridas pela
diretoria e seus respectivos professores para a aplicação do
questionário.
c) No momento da pesquisa foi entregue um questionário a cada aluno
presente na sala de aula e solicitado que cada um respondesse
individualmente, sem interferências de colegas e nem do pesquisador,
para que as respostas significassem o sentimento real de cada
participante.
d) Os dados coletados foram catalogados e tabulados, sendo
posteriormente, analisados seguindo os preceitos da Análise de
Conteúdo. Importante ferramenta de análise de dados em pesquisas
sociais e educacional.
4.5 - PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DOS DADOS
Os dados obtidos no âmbito das questões fechadas foram submetidos a
uma análise percentual. E os provenientes das questões abertas e das
associações livres foram submetidos a uma análise percentual e de conteúdo,
seguindo as regras dos procedimentos analíticos. (FRANCO 2012).
O ponto de partida foi uma leitura flutuante, das repostas que segundo
Franco (2012), consiste da primeira atividade de Pré-Análise e que possibilita
ao pesquisador estabelecer contatos com os documentos a serem analisados e
conhecer os textos e as mensagens neles contidas e deixar-se invadir por
impressões, representações, emoções, conhecimentos e expectativas.
Essa fase é chamada de leitura flutuante por analogia com a atitude do
psicanalista. Com essa técnica, gradativamente a leitura vai se tornando mais
precisa em função das hipóteses emergentes, da projeção de teorias
28
adaptadas sobre o material e da possível aplicação de técnicas utilizadas com
materiais análogos.
Segundo Franco (2012), uma importante finalidade da Análise de
Conteúdo é produzir inferências sobre qualquer um dos elementos básicos do
processo de comunicação: a fonte emissora; o processo codificador que resulta
em uma mensagem; a própria mensagem; o receptor da mensagem; e o
processo decodificador. A inferência é o procedimento intermediário que vai
permitir a passagem da descrição à interpretação.
Para Franco (2012):
Produzir inferência é, pois, la raison d´etre da análise de conteúdo. É
ela que confere a esse procedimento relevância teórica uma vez que
implica, pelo menos, uma comparação, já que a informação
puramente descritiva, sobre conteúdo, é de pequeno valor. Um dado
sobre o conteúdo de uma mensagem (escrita, falada e/ou figurativa) é
sem sentido até que seja relacionado a outros dados. O vínculo entre
eles é representado por alguma forma de reflexões teóricas que vai
conferir consistência às vinculações efetuadas entre conteúdo e
confronto teórico analítico e interpretativo. Assim, toda análise de
conteúdo implica comparações; o tipo de comparação é ditado pela
competência do investigador no que diz respeito a sua maior ou
menor compreensão acerca de diferentes situações vivenciadas e
refletidas e acerca do nível de conhecimento assimilado sobre
diferentes abordagens teóricas (FRANCO, 2012, p.32).
Ainda segundo Franco (2012), a abertura do campo da sistematização
da análise de conteúdo se deu no século XIX com o Francês Bourbon, que
tentou captar a expressão das emoções e as tendências da linguagem
trabalhando sobre textos da Bíblia, valendo-se da classificação e de sua
respectiva quantificação.
29
A definição dos símbolos, sinais e “mensagens de Deus”, marca a
primeira tentativa de responder à questão “o que essa mensagem
significa?”, que teve como foco a exegese dos textos bíblicos para
que fosse possível compreender e interpretar as metáforas e as
parábolas. (FRANCO 2012, p. 7).
O que significa que o interesse pela Análise de Conteúdo das
mensagens é mais antigo que a reflexão que se ocupa da formulação dos seus
pressupostos epistemológicos, teóricos e de seus procedimentos operacionais.
Esta abertura do campo da sistematização, (FRANCO 2012) que
reconhece o poder da “fala” humana, coincide com o desenvolvimento da
Psicologia e seu desdobramento na área da Psicologia da Educação, que
passa a ser considerada Ciência autônoma e desmembrada da filosofia, no
início do século passado.
30
5. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Após uma leitura cuidadosa das respostas expressas pelos participantes
no questionário, os dados característicos e quantitativos, com seus respectivos
valores percentuais foram tabulados conforme quadros I e II a seguir.
5.1 - CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES DA TURMA DE
PEDAGOGIA
Quadro I – Caracterização da turma de Pedagogia
Participantes Idade Sexo Estado civil
18
17 a 24
anos
Feminino Masculino Solteiro Casado
Qtde % Qtde % Qtde % Qtde %
18 100 0 0 15 83,33 3 16,67
Observando os dados do quadro I, percebe-se que a turma de
Pedagogia é composta exclusivamente por mulheres. Segundo Santos e Melo
(2013), ainda hoje no Brasil, a escolha pelo magistério no ensino fundamental é
predominantemente das mulheres e apesar da reformulação na graduação da
Pedagogia ainda são raros os alunos do sexo masculino frequentando essa
graduação. Neste caso específico, não existe aluno do sexo masculino na
turma.
5.2 – CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES DA TURMA DE
EDUCAÇÃO FÍSICA
Neste caso, ocorre praticamente o oposto em relação à turma de
Pedagogia, ou seja, essa turma é composta por 13 alunos do sexo masculino
contra 6 do sexo feminino. (Quadro II).
31
Quadro II – Caracterização da turma de Educação Física
Participantes Idade Sexo Estado civil
19
17 a 24
anos
Feminino Masculino Solteiro Casado
Qtde % Qtde % Qtde % Qtde %
6 31,58 13 68,42 16 84,21 3 15,79
5.3 - CATEGORIAS E INDICADORES
Os quadros de III a IX, a seguir, apresentam as categorias e indicadores
da turma de Pedagogia construídos a partir da análise do conteúdo expresso
pelas respostas dadas às questões abertas do questionário, seguindo os
preceitos da Análise de Conteúdo. (FRANCO 2012).
32
5.3.1 – Categorias e indicadores da turma de Pedagogia
Quadro III – Questão 06 - De qual disciplina do currículo escolar você mais gosta?
Categorias Indicadores Frequência absoluta
Frequência relativa %
Ciências exatas Ciências humanas e biológicas
Matemática - 02
Física - 0
Química - 0
História - 03
Geografia - 01
Português - 05
Filosofia - 01
Sociologia - 0
Educação Física - 01
Inglês - 0
Recreação - 02
Psicologia - 0
Biologia - 03
02
16
11,111
88,889
Para a pergunta, “de qual disciplina você mais gosta?”, quadro III,
apenas dois participantes, que correspondem a 11,111% apontaram disciplinas
que se encaixam na categoria ciências exatas. Sendo que estes dois, que
correspondem a 100% das respostas a essa categoria, apontaram a disciplina
matemática. E dezesseis participantes, que correspondem a 88,889%
responderam que gostam das disciplinas que se encaixam em ciências
humanas e biologias.
Dos dezesseis participantes que optaram por ciências humanas e
biológicas, cinco dos quais, que correspondem a 38,46% das respostas para
essa categoria, apontaram língua portuguesa como sendo a disciplina que mais
33
gostam dentro do currículo escolar. Ficando então os outros 61,54% diluídos
entre as outras dez disciplinas.
Quadro IV – Questão 07 – De qual disciplina do currículo escolar você menos gosta?
Categorias Indicadores Frequência absoluta
Frequência relativa %
Ciências exatas Ciências humanas e biológicas Não respondeu
Matemática - 11
Física - 02
Química - 01
História - 01
Geografia - 0
Português - 0
Filosofia - 0
Sociologia - 02
Educação Física - 0
Inglês - 0
Recreação - 0
Psicologia - 0
Biologia - 0
14
03
01
77,778
16,667
5,555
Os dados do quadro IV, cuja pergunta é “de qual disciplina você menos
gosta?”, ocorre o oposto, ou seja, quatorze participantes apontaram disciplinas
que se encaixam na categoria ciências exatas. Este número corresponde a
77,778%. Destes quatorze participantes, onze participantes, que
correspondem a 78,571% das respostas para essa categoria, apontaram a
matemática como sendo a disciplina que menos gostam dentro do currículo
escolar.
Mais uma vez, fazem-se necessárias as perguntas: esses alunos
tiveram uma educação matemática adequada durante o seu percurso histórico-
social? Seus professores promoveram a interação em de sala de aula? Seus
34
professores foram interventores criativos? (VYGOTSKY 2007), ou
simplesmente atuaram como meros depositantes (FREIRE 2013) de
informações, sem qualquer estímulo ao aluno em busca de novos
conhecimentos?
Quadro V- Questão 08 – Em qual disciplina do currículo escolar suas notas sempre foram as mais baixas?
Categorias Indicadores Frequência absoluta
Frequência relativa %
Ciências exatas Ciências humanas e biológicas Não respondeu
Matemática - 12
Física - 02
Química - 0
História - 01
Geografia - 0
Português 0
Filosofia - 01
Sociologia - 0
Educação Física - 0
Inglês - 0
Recreação - 0
Psicologia - 0
Biologia - 0
14
02
02
77,778
11,111
11,111
No quadro V, cuja pergunta é “em qual disciplina suas notas foram
sempre as mais baixas?”, que é um reflexo da pergunta anterior, quatorze
participantes, que correspondem a 77,778%, responderam disciplinas que se
encaixam na categoria ciências exatas. E dois participantes, que correspondem
a 11,111%, optaram por ciências humanas e biológicas.
Um dado crítico a ser observado, é que dos quatorze participantes que
optaram pelas disciplinas dentro da categoria ciências exatas, doze
participantes, que correspondem a 85,714% das respostas para essa
35
categoria, apontaram matemática como sendo a disciplina na qual sempre
obtiveram as menores notas.
Este dado pode ser reflexo do pouco interesse que o aluno tem pela
matemática, em virtude dos currículos obsoletos (D’AMBROSIO, 1998) e das
poucas abordagens feitas em sala de aula, sobre a utilização dessa poderosa
ferramenta no auxílio do desenvolvimento socioeconômico da humanidade,
bem como no auxílio do raciocínio lógico, que segundo D’Ambrosio (1998), é
útil como instrumentador para a vida.
Instrumentar para vida significa desenvolver a capacidade no aluno
para manejar situações reais, que se apresentam a cada momento,
de maneira distinta. Não se obtém isso com simples capacidade de
fazer contas nem mesmo com a habilidade de solucionar problemas
que apresentados aos alunos de maneira adrede preparada. A
capacidade de manejar situações novas, reais, pode muito bem ser
alcançada mediante modelagem e formulação de problemas, que
infelizmente não estão presentes nos nossos currículos antiquados.
Também instrumentar para vida significa desmistificar fenômenos,
desarraigar o “medo” do sobrenatural. Isto se consegue com
matemática de fenômenos, ou seja, integrada com as demais
ciências [...] (D’AMBROSIO 1998, p. 16).
Como podemos observar é pertinente a preocupação do autor com a
obsolescência dos programas do ensino de matemática nas escolas brasileiras.
36
Quadro VI – Questão 09 – Em qual disciplina do currículo escolar suas notas sempre foram as altas?
Categorias Indicadores Frequência absoluta
Frequência relativa %
Ciências exatas Ciências humanas e biológicas Não respondeu
Matemática - 01
Física - 01
Química - 0
História - 0
Geografia - 0
Português - 10
Filosofia - 0
Sociologia - 01
Educação Física - 0
Inglês - 01
Recreação - 0
Psicologia - 01
Biologia - 02
02
15
01
11,111
83,333
5,556
Os dados do quadro VI, cuja pergunta é “em qual disciplina suas notas
foram sempre as mais altas?”, dois participantes, que correspondem a
11,111% responderam disciplinas que se encaixam na categoria ciências
exatas e quinze participantes, que correspondem a 83,333% responderam
disciplinas que se encaixam ciências humanas e biológicas. Sendo que dez
participantes, que correspondem a 76,923% das respostas para essa
categoria, apontaram língua portuguesa como sendo a disciplina na qual suas
notas foram sempre as mais altas.
Observa-se ainda, que dos dois participantes, que apontaram disciplinas
que fazem parte do conjunto ciências exatas, um respondeu física e outro
37
respondeu matemática. O que mostra que apenas 5,555% dos participantes
apontaram matemática como sendo a disciplina na qual suas notas foram
sempre as mais altas.
Quadro VII – Questão 10 – Qual disciplina você escolheria para participar de uma Olimpíada?
Categorias Indicadores Frequência absoluta
Frequência relativa %
Ciências exatas Ciências humanas e biológicas Não respondeu
Matemática - 02
Física - 0
Química - 0
História - 03
Geografia - 0
Português - 07
Filosofia - 0
Sociologia - 0
Educação Física - 01
Inglês - 0
Recreação - 03
Psicologia - 0
Biologia - 01
02
15
01
11,111
83,333
5,556
Para a questão dez, “qual disciplina você escolheria para participar de
uma olimpíada?”, cujos dados estão no quadro VII, apenas dois participantes,
que correspondem a 11,111%, optaram disciplinas que se encaixam na
categoria ciências exatas. Sendo que ambos apontaram matemática como
sendo a disciplina que escolheriam para participar de uma olimpíada.
Já quinze participantes, que correspondem a 83,333% apontaram
disciplinas que se encaixam na categoria ciências humanas e biológicas.
Sendo que sete participantes apontaram língua portuguesa. Novamente é
38
explícito aqui o temor e a falta autoconfiança que o jovem demonstra em
relação à matemática.
Quadro VIII- Questão 11 – Qual disciplina você não escolheria de jeito algum para participar de uma Olimpíada?
Categorias Indicadores Frequência absoluta
Frequência relativa %
Ciências exatas Ciências humanas e biológicas Não respondeu
Matemática - 13
Física - 0
Química - 02
História - 01
Geografia - 0
Português - 0
Filosofia - 0
Sociologia - 01
Educação Física - 0
Inglês - 0
Recreação - 0
Psicologia - 0
Biologia - 0
15
02
01
83,333
11,111
5,556
Conforme pode ser observado no quadro VIII, ao ser perguntado “qual
disciplina você não escolheria de forma alguma para participar de uma
olimpíada?”, que é a questão dez do questionário, quinze participantes, que
correspondem a 83,333% apontaram disciplinas que se encaixam na categoria
ciências exatas.
Sendo que treze participantes, que correspondem a 86,67 das respostas
para essa categoria apontaram matemática como sendo uma disciplina que
não escolheriam de jeito algum para participar de uma olimpíada.
39
Tabela I – Dados da primeira parte da questão 12: Você gostaria que a matemática fosse trabalhada de forma diferente em sala de aula?
Sim Não Não sabe
Quantidade % Quantidade % Quantidade %
13 72,222 4 22,222 1 5,556
A tabela I apresenta os dados relacionados à primeira parte questão 12,
que pergunta se o participante gostaria que as aulas de matemática fossem
apresentadas de forma diferente da que lhe foi apresentada pela maioria dos
ex-professores. 13 participantes responderam SIM, 4 responderam NÃO e 1
não soube responder.
Quadro IX – Dados da segunda parte da questão 12: Se sim como você gostaria que fosse?
Categoria Indicadores
Prática didático-pedagógica
Professor mais dedicado Professor calmo e paciente Não se prender somente ao
papel e caneta Aula participativa Aumentar o nível de dificuldade
gradativamente Aula de forma lúdica Trabalhar com amor Usar a criatividade Explorar situações reais do
cotidiano Não explorar conteúdo
meramente teórico Com dinamismo Mostrando a realidade e não
apenas números Aula descontraída
O quadro IX mostra as sugestões de como os participantes gostariam
que a matemática fosse trabalhada em sala de aula (segunda parte da questão
12). Conforme mostram os dados, as queixas se distribuem entre o método e o
40
comportamento do professor. Esses registros chamam atenção pelo fato de
que, são expressões elaboradas também por aqueles que gostam de
matemática e sempre obtiveram boas notas nessa disciplina. O que indica que
a maioria dos professores de matemática não apresenta comportamento e
metodologia que propicie um melhor aprendizado, no entender desses
participantes.
As tabelas II, III e IV a seguir, apresentam o nível de classificação que os
participantes deram para o método apresentado pelos ex-professores, para o
professor e para a matemática respectivamente.
Tabela II – Questão 13 – Como você classifica o método apresentado pela maioria dos seus ex-professores de matemática na escala a seguir?
Classificação Nº de participantes %
Ruim 2 11,111
Regular 8 44,444
Bom 6 33,333
Muito bom 1 5,556
Excelente 1 5,556
41
Tabela III – Questão 14 – Como você classifica a maioria dos seus ex-professores de matemática na escala a seguir?
Classificação Nº de participantes %
Ruim 2 11,111
Regular 6 33,333
Bom 6 33,333
Muito bom 2 11,111
Excelente 2 11,111
Tabela IV – Questão 15 – Como você classifica a matemática na escala a seguir?
Classificação Nº de participantes %
Muito fácil 0 0
Fácil 3 16,666
Médio 9 50,000
Difícil 4 22,222
Muito difícil 2 11,111
Na busca de constatar a hipótese de haver alunos matriculados nos
cursos de Pedagogia e Educação Física para se desvencilhar da matemática,
foi incluída no questionário (questão 16) seguinte pergunta: “você gostaria de
estar fazendo outro curso, mas desistiu por causa matemática?”. Se sim qual?
Ver tabela V.
42
Tabela V – Questão 16 – Você gostaria de estar fazendo outro curso, mas desistiu por causa da matemática?
Nº de participantes Curso
6 Engenharia
5.3.2 – Categorias e Indicadores da turma de Educação Física
A seguir serão analisados os dados apresentados nos quadros X a XV
referente ao pensamento que os alunos de Educação Física expressam sobre
a matemática. Cabe citar aqui que se trata do mesmo questionário aplicado à
turma de Pedagogia, visto que o teor da pesquisa é o mesmo para as duas
turmas, ou seja, analisar as representações sociais elaboradas sobre a
matemática pelos alunos de ambos os cursos.
Conforme podemos observar, os resultados extraídos das respostas
expressas pelos alunos da turma de Educação Física e transferidos para os
quadros X a XV são semelhantes aos resultados obtidos no mesmo
questionário aplicado à turma de Pedagogia.
43
Quadro X – Questão 06– De qual disciplina do currículo escolar você mais gosta?
Categorias Indicadores Frequência absoluta
Frequência relativa %
Ciências exatas Ciências humanas e biológicas
Matemática - 04
Física - 0
Química- 0
História - 0
Geografia - 01
Português - 01
Filosofia - 0
Sociologia - 01
Educação Física - 10
Inglês - 0
Recreação - 01
Psicologia - 0
Biologia - 01
04
15
21,053
78,947
Analisando os dados do quadro X, que apresenta as respostas
expressas pelos alunos de Educação Física, refrente à questão 05, cuja
pergunta e “de qual disciplina do currículo escolar você mais gosta?”, percebe-
se que quatro participantes, que correspondem a 21,053% optaram por
disciplinas que se encaixam na categoria ciências exatas, enquanto que quinze
participantes, que correspondem a 78,947%, optaram por disciplinas que se
encaixam na categoria ciências humanas e biológicas.
Pode ser observado ainda que, dos quinze participantes que optaram
por disciplinas dentro da categoria ciências humanas e biológicas, dez
participantes, que correspondem a 71,429% das respostas a essa categoria,
optaram pela disciplina educação física e quatro, que correspondem a 28,571%
44
se diluiu entre as outras nove disciplinas. Novamente, uma grande discrepância
entre matemática e as outras disciplinas.
Quadro XI – Questão 07 – De qual disciplina do currículo escolar você menos gosta?
Categorias Indicadores Frequência absoluta
Frequência relativa %
Ciências exatas Ciências humanas e biológicas
Matemática- 08
Física - 01
Química- 01
História - 01
Geografia - 01
Português - 07
Filosofia - 0
Sociologia - 0
Educação Física - 0
Inglês - 0
Recreação- 0
Psicologia - 0
Biologia - 0
10
09
52,632
47,368
Para a questão 07, que é “de qual disciplina do currículo escolar você
menos gosta?”, cujos dados estão no quadro XI, dez participantes, que
corresponde a 52,632% apontaram disciplinas que se encaixam na categoria
ciências exatas e nove participantes, que corresponde a 47,368% apontaram
disciplinas que se encaixam na categoria ciências humanas e biológicas.
45
Neste caso, os resultados ficaram próximos em relação às categorias,
porém dentre os dez participantes que optaram pela categoria ciências exatas,
oito participantes, que correspondem a 80% das respostas a essa categoria
apontaram matemática como sendo a disciplina que menos gostam.
Quadro XII – Questão 08 – Em qual disciplina do currículo escolar suas notas sempre foram as mais baixas?
Categorias Indicadores Frequência absoluta
Frequência relativa %
Ciências exatas Ciências humanas e biológicas
Matemática- 09
Física - 01
Química - 01
História - 02
Geografia - 0
Português - 05
Filosofia - 0
Sociologia - 0
Educação Física - 0
Inglês - 01
Recreação- 0
Psicologia - 0
Biologia – 0
11
08
57,895
42,105
Para a questão 08, que é “em qual disciplina do currículo escolar suas
notas sempre foram as mais baixas?”, cujos dados estão no quadro XII, onze
participantes, que correspondem 57,895% apontaram disciplinas que se
encaixam na categoria ciências exatas e oito participantes, que correspondem
46
42,105% apontaram disciplinas que se encaixam na categoria ciências
humanas e biológicas.
Porém dos onze participantes que apontaram ciências exatas, nove
participantes, que correspondem a 81,82% das respostas a essa categoria
optaram matemática como sendo a disciplina que menos gostam. Mais uma
vez a matemática se apresentando como um problema no cotidiano do
estudante.
Quadro XIII – Questão 09 – Em qual disciplina do currículo escolar suas notas sempre foram as mais altas?
Categorias Indicadores Frequência absoluta
Frequência relativa %
Ciências exatas Ciências humanas e biológicas
Matemática- 06
Física - 01
Química - 0
História - 01
Geografia - 02
Português - 04
Filosofia - 0
Sociologia - 0
Educação Física - 03
Inglês - 0
Recreação- 01
Psicologia - 0
Biologia – 01
07
12
36,842
63,158
No quadro XIII, cuja pergunta da questão nove, é “em qual disciplina do
currículo escolar suas notas sempre foram as mais altas?”, sete participantes,
que correspondem a 36,842%, optaram disciplinas que se encaixam na
categoria ciências exatas, enquanto que doze participantes, que correspondem
a 63,158% das respostas se diluíram entre as dez disciplinas que se encaixam
47
na categoria ciências humanas e biológicas. Uma diferença de 100% entre
matemática e as disciplinas de Ciências Humanas e Biológicas.
Quadro XIV – Questão 10 – Qual disciplina você escolheria para participar de uma Olimpíada?
Categorias Indicadores Frequência absoluta
Frequência relativa %
Ciências exatas Ciências humanas e biológicas
Matemática - 05
Física - 01
Química - 0
História - 02
Geografia - 0
Português - 0
Filosofia - 0
Sociologia - 0
Educação Física - 10
Inglês - 0
Recreação - 0
Psicologia - 0
Biologia – 01
06
13
31,579
68,421
Para a questão dez, “qual disciplina você escolheria para participar de
uma olimpíada?”, cujos dados estão no quadro XIV, seis participantes, que
correspondem a 31,579%, optaram disciplinas que se encaixam na categoria
ciências exatas e treze participantes, que correspondem a 68,421% apontaram
disciplinas que se encaixam na categoria ciências humanas e biológicas.
Sendo que dez participantes, que correspondem 76,923% das respostas
a essa categoria, apontaram a disciplina Educação Física a ser escolhida para
participarem de uma olimpíada. Novamente é explícito aqui o temor e a falta
autoconfiança que o jovem demonstra em relação às ciências exatas.
48
Quadro XV –Questão 11 – Qual disciplina você não escolheria de jeito algum para participar de uma Olimpíada?
Categorias Indicadores Frequência absoluta
Frequência relativa %
Ciências exatas Ciências humanas e biológicas Não respondeu
Matemática - 07
Física - 0
Química - 01
História - 01
Geografia - 01
Português - 06
Filosofia - 0
Sociologia - 0
Educação Física - 0
Inglês - 0
Recreação - 0
Psicologia- 0
Biologia – 0
08
08
03
42,105
42,105
15,790
Conforme pode ser observado no quadro XV, ao ser perguntado “qual
disciplina você não escolheria de forma alguma para participar de uma
olimpíada?”, que é a questão onze do questionário, oito participantes, que
correspondem a 42,105% apontaram disciplinas que se encaixam na categoria
ciências exatas, oito também apontaram disciplinas que se encaixam na
categoria ciências humanas biológicas.
Neste caso, observa-se que matemática representa 87,5% das
respostas à categoria ciências exatas e língua portuguesa representa 75% das
respostas à categoria ciências humanas e biológicas. Este fato pode indicar
que o estudante não está estimulado a pensar, (D’AMBROSIO 1998) visto que
foram escolhidas as duas disciplinas do currículo e escolar que exigem um
nível mais elevado de raciocínio na execução das tarefas escolares.
49
Seguindo essa mesma linha de raciocínio é plausível salientar que os
resultados da pesquisa realizada por Correa e Maclean (2006),
simultaneamente, com estudantes da 5ª a 8ª séries da cidade do Rio de
Janeiro e estudantes ingleses, da cidade Oxford, de séries correlatas não são
conclusivos de que a matemática seja a disciplina mais temida e tida como a
mais difícil.
As autoras apontam ainda que os ingleses atribuíram a menor
dificuldade exatamente à matemática, e acreditam que isto se deve ao fato de
que no sistema brasileiro, é na sétima série que está concentrada a maior parte
dos conteúdos referentes à álgebra, aos polinômios e às equações
fracionárias, enquanto que os ingleses introduzem esses assuntos mais
adiante quando os jovens já estão com idades entre 14 e 16 anos.
Isto é um indicativo de que os currículos antiquados (D’AMBROSIO
1998) precisam ser reformulados no sentido de desenvolver no aluno a
capacidade para manejar situações reais que se apresentam a cada momento
na vida de cada um de maneira distinta. E não desenvolver no aluno apenas a
capacidade de fazer contas e a habilidade de solucionar problemas
preparados.
Tabela VI – Dados da primeira parte da questão 12: Você gostaria que a matemática fosse trabalhada de forma diferente em sala de aula?
Sim Não
Quantidade % Quantidade %
15 78,947 4 21,053
50
Quadro XVI – Dados da segunda parte da questão 12: Se sim como você gostaria que fosse?
Categoria
Indicadores
Prática didático-pedagógica
Professor mais dedicado Professor calmo e paciente Não se prender somente ao
papel e caneta Aula participativa Aumentar o nível de dificuldade
gradativamente Com alegria Mostra que ama o que faz Ser criativo Mostrar situações reais Não explorar somente contas Mais dinâmico Mostrando a realidade e não
apenas números Aula descontraída Ensinar com brincadeiras
Conforme apresenta o quadro XVI, as sugestões elaboradas pela turma
de Educação Física são as mesmas da turma de Pedagogia. Apenas
expressas de forma diferente.
As tabelas VII, VIII e IX a seguir, apresentam o nível de classificação que
os participantes deram para o método apresentado pelos ex-professores, para
o professor e para a matemática respectivamente.
51
Tabela VII – Questão 13 – Como você classifica o método apresentado pela maioria dos seus ex-professores de matemática na escala a seguir?
Classificação Nº de participantes %
Ruim 2 10,526
Regular 4 21,053
Bom 9 47,368
Muito bom 2 10,526
Excelente 2 10,526
Tabela VIII – Questão 14 – Como você classifica a maioria dos seus ex-professores de matemática na escala a seguir?
Classificação Nº de participantes %
Ruim 1 5,263
Regular 7 36,842
Bom 6 31,579
Muito bom 2 10,526
Excelente 3 15,789
52
Tabela IX – Questão 15– Como você classifica a matemática na escala a seguir?
Classificação Nº de participantes %
Muito fácil 0 0
Fácil 0 0
Médio 9 47,368
Difícil 7 36,842
Muito difícil 3 15,789
5.4 - ASSOCIAÇÃO LIVRE DE PALAVRAS
O método da “associação livre de palavras” consiste em apresentar uma
palavra indutora para desencadear outras que se associe a esta. Por exemplo:
após a palavra computador podemos nos lembrar de internet, redes sociais,
jogos eletrônicos, etc., assim como após a palavra escola podemos nos
lembrar de professor, diretor, colegas.
Este método, hoje utilizado também nas pesquisas sociais, foi usado
inicialmente, segundo Bleichmar e Bleichmar (1992), pelo psicólogo inglês
Galton no século XIX e aprimorado por Sigmund Freud, que passa a utilizá-lo
no tratamento psicanalítico após abandonar o método da hipnose.
O método empregado por Galton consistia em pronunciar uma palavra
indutora esperando que o paciente expressasse verbalmente o que vinha
imediatamente à sua mente, ou seja, a ideia que representava aquela palavra
recentemente pronunciada.
53
Para Franco (no prelo 2013), “associação livre de palavras” consiste em
uma técnica projetiva, que busca identificar e analisar os conteúdos implícitos
na construção do objeto estudado.
Em pesquisas realizadas que utilizam o aporte teórico das
Representações Sociais, a técnica de “associação livre de palavras” tem sido
amplamente utilizada, como é caso dos trabalhos de TORRES (2009),
SANTANA e MAIA (2009), TEIXEIRA, BALÃO e SETTEMBRE (2008), entre
outros.
Como o objeto de estudo da presente pesquisa é as representações
sociais sobre a matemática, esta foi a palavra indutora utilizada para
operacionalizar a técnica. Os quadros XIV e XV a seguir apresentam as
palavras e suas respectivas frequências evocadas pelos participantes da
pesquisa.
Quadro XVII- Palavras evocadas pelos participantes da turma de Pedagogia para o termo indutor matemática.
Palavras evocadas Frequência absoluta Frequência relativa percentual (%)
Números Contas Lógica Dificuldade Difícil Chato Problemas Cálculos
6 4 4 3 3 3 2 2
11,111 7,407 7,407 5,555 5,555 5,555 3,704 3,704
Total de palavras evocadas = 54
Total de palavras diferentes = 35
Cabe ressaltar que o cálculo da porcentagem foi feito considerando o número de respostas expressas e não o número de alunos respondentes
54
Quadro XVIII- Palavras evocadas pelos participantes da turma de Educação Física para o termo indutor matemática.
Palavras evocadas Frequência absoluta Frequência relativa percentual (%)
Números Difícil Contas Cálculos Dificuldade Chato Problemas Traumas
6 6 5 3 2 2 2 2
10,526 10,526 8,772 5,263 3,509 3,509 3,509 3,509
Total de palavras evocadas = 57
Total de palavras diferentes = 37
Cabe ressaltar que o cálculo da porcentagem foi feito considerando o número de respostas expressas e não o número de alunos respondentes
Percebe-se que a objetivação está presente, pois ao ser solicitado aos
participantes associarem palavras à palavra indutora matemática, surgiram
significativas porcentagens de evocações de palavras esperadas objetivamente
existentes no entorno quando se fala em matemática. No entanto, mesmo
assim, foram ancorados sentimentos e reações que estão associados à
matemática. Percebe-se também que a objetivação e a ancoragem são
semelhantes para ambas as turmas.
5.5 GRUPO FOCAL
Os grupos focais são geralmente vistos, Barbour (2009), como tento
emergidos na década de 40 do século passado na Agência de Pesquisa Social
da Universidade de Colúmbia, cujo intuito dos pesquisadores era testar as
reações às propagandas de rádio durante a Segunda Guerra Mundial.
Segundo (MERTON e KENDALL, 1946 apud BARBOUR, 2009), os
pesquisadores inicialmente denominaram entrevistas focais, usando esses
métodos junto com técnicas quantitativas, cuja abordagem não se diferenciava
55
muito entre as entrevistas individuais e grupais. Porém, reconheceram que
entrevistas em grupo podem produzir um conjunto mais ampliado de respostas.
A partir de então para (COTRIM 1996), os pesquisadores de
"marketing", imediatamente incorporaram os grupos focais como uma de suas
mais valiosas técnicas de pesquisa, seja pelo seu relativo baixo custo, seja
pela rapidez com que o grupo focal fornece dados válidos e confiáveis.
Porém o mesmo não aconteceu com as outras áreas do conhecimento
acadêmico (COTRIM 1996), visto que os pesquisadores universitários
ignoraram os grupos focais, como ferramenta de pesquisa nas pesquisas
sociais.
Mas gradativamente os grupos focais veem sendo cada vez mais
utilizados nas pesquisas sociais e uma das áreas (BARBOUR 2009), que tem
mais entusiasticamente batalhado pelo uso de grupos focais tem sido os
serviços de saúde.
Em concordância com Barbour (2009), Gatti (2012) explicita que no
Brasil, é a área de saúde que tem utilizado com maior frequência os grupos
focais em trabalhos de pesquisa e de avaliação. Porém atualmente essa
técnica se ampliou para outros campos, como os da psicologia, da sociologia,
do serviço social e da educação.
Na presente pesquisa, foi utilizado o grupo focal com o objetivo de se
aprofundar o conhecimento do conteúdo das respostas que os participantes
expressaram no questionário. Para isso, foi composto um grupo homogêneo de
9 indivíduos do sexo feminino, visto que segundo GATTI (2009), o tamanho do
grupo deve estar entre 6 a 12 pessoas.
Foram realizadas duas sessões de grupo com duração de uma hora
trinta minutos, cujas interações grupais foram gravadas em áudio, com pleno
consentimento do grupo, para facilitar a categorização a posteriori, cujos dados
encontram-se no quadro XIX a seguir.
56
Quadro XIX – Elaborações das interações do grupo focal
Categorias
Indicadores
Emoção/sentimento
Vergonha
Insegurança
Ficava inibida por causa das chacotas
Medo
Trauma
Não tinha prazer
Gosto de matemática por isso questionava o professor, mesmo que ele não gostasse
Dificuldade relativa ao conteúdo
Muita dificuldade
Sempre achei muito difícil
É muito complicado
Multiplicar, dividir: nunca entendi
Para que serve aquele sinal de mais?
Comportamento do professor
Bruto
Impaciente
Autoritário
Limitado
despreparado
Metodologia
Falta de dinamismo
Decorar fórmulas
Não mostra para que serve matemática
Apenas decorando não se aprende
Usar material concreto
Se o professor é dinâmico não tem como não amar a matemática
O sistema de ensino
A escola não se preocupa
Alguma coisa tem que mudar
Turmas menores
Os indicadores que surgiram a partir da fala, mediante as interações do
grupo foram agrupados por significados equivalentes, e a partir dos quais foram
criadas, a posteriori, as categorias. (FRANCO 2012). Tendo sido enfoque, o
ensino da matemática, surgiram observações e queixas em relação ao
comportamento do professor, à escola e ao sistema de um modo geral que
influenciam no ensino e aprendizagem de todas as disciplinas.
57
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Analisando cuidadosamente os resultados das respostas expressas
pelos participantes desta pesquisa, percebe-se que o aluno, de forma geral,
clama por uma aula de matemática de forma diferente da que lhe foi
apresentada. E isto está bem caracterizado nos quadros IX e XVI, que
apresentam as sugestões expressas pelos alunos entrevistados.
Talvez seja em virtude dessa diferença entre a forma como a
matemática é trabalhada em sala de aula e a forma como o aluno acha que lhe
proporcionaria maior apropriação dos conteúdos dados, que aconteçam
resultados como os que estão expressos no quadro V, em que 85,714% das
respostas para a categoria ciências exatas, apontaram matemática como
sendo a disciplina na qual sempre obtiveram as menores notas. Fato este que
pode indicar o porquê de muitas rejeições em relação à matemática uma vez
que notas baixas são desestimulantes para quem as obtém.
Diante dos resultados obtidos fica claro que o ensino da matemática
deve sofrer grandes alterações (D’AMBROSIO 1998) que vão desde o projeto
pedagógico, conteúdo programático e principalmente na formação de
professores conscientes de suas atribuições para promover um ensino e
aprendizagem de matemática que propicie a criação de representações mais
positivas sobre essa disciplina.
Professores esses capazes fazer com que, mesmo os que não gostam
de matemática aprendam a conviver com ela sem sentimentos de inferioridade,
e se sintam capazes de solucionar, em vez de fugir dos problemas com os
quais se deparam no contexto social em que estão inseridos.
Professores esses capazes de mudar as práticas pedagógicas utilizadas
até hoje, no sentido de contribuir para a mudança do conceito que aluno faz
quanto à Matemática. Uma das práticas utilizadas que deve ser revista são as
aulas expositivas em que o professor passa para a lousa aquilo que ele julga
58
importante, para o aluno copiar e em seguida fazer os exercícios, o que faz
com que o aluno passe a acreditar que a aprendizagem se dá por meio da
repetição e do acúmulo de fórmulas. (OTAVIANO, ALENCAR e FUKUDA,
2012).
Foi com o intuito de abranger essas questões, que foi realizada uma
atividade de Associação Livre de Palavras, tendo MATEMÁTICA como palavra
indutora e duas sessões de Grupo Focal, durante o período de coleta de dados
para se obter uma maior abrangência de dados no âmbito das representações
dos participantes sobre a matemática, seus ex-professores e seus respectivos
métodos.
Em função dos dados obtidos com as atividades acima citadas (quadros
XVII, XVIII e XIX) e com a expectativa de contribuir neste sentido, foram
incluídos dois apêndices neste trabalho: A e B. O apêndice A é um texto que o
professor de matemática pode usá-lo como referência na elaboração do seu
plano de aula de SEMELHANÇAS DE TRIÂNGULOS, bem como usar o
mesmo procedimento para elaboração de plano de aula para qualquer
disciplina.
Este texto sugestivo de plano de aula foi elaborado também, com base
em relatos expressos pelos alunos após uma aula demonstrativa de como
surgiu determinado assunto, quem o desenvolveu, quais as necessidades da
época e o contexto social e político do momento, que é uma prática didático-
pedagógica pessoal.
Os relatos mostram o quanto esta didática pedagógica desperta a
curiosidade do aluno e o seu desejo de aprender e superar suas dificuldades
de aprendizagem da matemática, visto que essa é uma necessidade daqueles
que estão inseridos nesse contexto.
O apêndice B faz uma relação direta com o acima exposto, pois
apresenta um pouco da história da matemática e a descoberta feita pelo
homem, de que a beleza e harmonia da natureza se dão pelo fato da existência
de uma proporção entre o todo e suas partes. E quase tudo que foi descoberto
59
pelo homem na natureza segue a proporção matemática de 1,6183033...,
proporção esta, por isso mesmo, chamada de Número Áureo ou Proporção
Divina e representada pelo símbolo grego (Fi), em homenagem a Fídias
(500-432 a. C.), escultor e matemático grego, que participou da administração
na construção do Parthenon.
60
REFERÊNCIAS
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63
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64
APÊNCIE A
TEXTO SUGESTIVO DE PLANO DE AULA DE SEMELHANÇAS DE TRIÂNGULOS
[...] Bem pessoal, usando dois triângulos semelhantes nós podemos
calcular a distância de corpos que se encontram fora do alcance das nossas
mãos, como por exemplo, um barco ancorado distante da praia. Essa técnica
que nós vamos aprender nessa aula de hoje foi criada por Tales de Mileto por
volta do ano 590 antes cristo.
Tales (624-548 a. C. aproximadamente), que nasceu na cidade de
Mileto, na Grécia, daí o seu nome com o qual passou a ser conhecido no
mundo, foi um homem bem sucedido como mercador. E isto lhe deu o privilégio
de dedicar boa parte da sua vida ao estudo e viagens, principalmente, para o
Egito, onde numa dessas viagens encantou o faraó Amásis ao calcular a altura
da pirâmide de Quéops, sem ter que escalá-la. (BONJORNO 2006, p. 149).
Segundo Guedj (1999), certo dia, enquanto contemplava a beleza da
pirâmide, um nativo se aproxima dele dizendo que o faraó construíra aquele
monumento com o único objetivo de obrigar os humanos a se persuadirem da
própria pequenez. “O faraó e seus arquitetos quiseram nos forçar que a
pirâmide e nós não somos mensuráveis pela mesma medida”.
Tales não consegue se desvencilhar dessa expressão tão precisamente
enunciada. “Não somos mensuráveis pela mesma medida”. No dia seguinte, ao
amanhecer levante-se e ver sua sombra diminuindo à medida que o sol sobe
no céu e então conjectura:
“Qualquer que seja a pequenez de um objeto há sempre uma luz que o
torna grande”, “como minha mão não pode efetuar a medição meu pensamento
vai fazê-lo”, prometeu-se. Porém, Tales precisava encontrar um aliado “à
altura” do seu adversário.
65
Alternadamente olha para sua sombra, para a pirâmide e para a sombra
desta enquanto o sol lança seus raios sobre ambos. Eis o aliado que tales
precisava! Seja o Hélio dos gregos ou o deus Rá dos egípcios, o sol não faz
nenhuma distinção entre as coisas do mundo, trata todas do mesmo jeito.
É o que, mais tarde na Grécia, concernindo aos homens entre si, se
chamará democracia. (Guedj 1999, p. 43). Logo, tratando de modo semelhante
o minúsculo homem e a gigantesca pirâmide o sol estabelece a possibilidade
de medida comum.
A partir dessa ideia e assumindo que os raios solares incidem na terra,
paralelos entre si, devido à distância que o sol se encontra de nós, Tales
formula a seguinte hipótese: “a relação que mantenho com a minha sombra é a
mesma que a pirâmide mantém com a dela”.
Imbuído desse pensamento, Tales idealizou o seguinte esquema
matemático: traçar na areia, próximo à pirâmide, uma circunferência com raio
igual à sua altura se posicionar no centro desta e aguardar o momento em que
os raios solares estejam incidindo na terra à 45º. Pois neste momento a sua
sombra e a sua altura têm a mesma medida.
Os astrônomos afirmam que Tales só pode executar esse trabalho
porque as pirâmides foram construídas com suas faces orientadas,
exatamente, para Leste-Oeste e Norte-Sul. Pois se assim não o fosse, não
haveria sombra se estendendo para fora da base e perpendicular ao lado, que
era uma das condições necessárias para efetuar as medidas, em nenhum
horário e dia do ano.
A outra condição para a execução do trabalho é que os raios solares
estejam incidindo na terra sobre um ângulo de 45º. Portanto, Tales só pode ter
executado esse trabalho ao meio dia do dia 21 de novembro ou 20 de janeiro,
pois somente nestes dois instantes em Gizé, que está a 30° de latitude norte,
ocorrem as duas condições necessárias para a efetuação das medidas, ou
seja, os raios solares incidem a 45° e projetam a sombra da pirâmide
perpendicular ao seu lado.
66
Então, com a ajuda do seu auxiliar, traçou a circunferência na areia, se
posicionou em pé no centro desta e ficou observando a sua sombra à medida
que o sol mudava sua posição aparente no céu. Ver fig. A1. No momento em
que a extremidade da sua sombra toca a circunferência, o seu auxiliar finca
uma estaca na extremidade da sombra da pirâmide. Pronto agora era só medi-
la.
Como só dispunha de uma corda e precisava de uma unidade de
medida, usou o tales. Ou seja, a sua própria altura. Ajustou a corda à sua
altura, mediu a sombra e encontrou 18 tales. Em seguida mediu o lado, dividiu
por dois e encontrou 67 tales. Adicionou aos 18 e escreveu: “a pirâmide de
Quéops mede 85 tales”. O tales valia, em medida local 3,25 côvados egípcios,
o que dá 276,25 côvados. Hoje sabemos que a altura da pirâmide de Quéops é
de 280 côvados, ou 147 metros.
Fig. A1 – Preparação para o esquema matemático de Tales. Foto da pirâmide disponível em: <http://www.culturamix.com/wp-content/gallery/piramides-do-egito/piramides-do-egito-3.jpg>. Acesso em 14/05/2012
Traçando uma semi-reta imaginária, a partir do cume da pirâmide e
perpendicular ao solo, Tales construiu um triângulo retângulo formado pelo raio
67
solar, esta semi-reta imaginária e a sombra da pirâmide que é semelhante ao
triângulo retângulo formado pelo, raio solar, ele e sua sombra. (Fig. A2).
Fig. A2 – Esquema matemático. Fonte: Guedj (1999, p. 56). Adaptado.
Com isso Tales escreve o seu teorema:
OP'
OT'
OP
OT
UMA APLICAÇÃO REAL DE ENGENHARIA
Um engenheiro eletrônico responsável pelo desenvolvimento de um
rádio intercomunicador precisou constatar na prática o alcance do protótipo
para expressar no manual do usuário. O alcance especificado para este rádio
O T’ P’
T
P
Raios solares
Sombra
Tales
Sombra
Pirâmide
68
era de 1.000 metros e o engenheiro não dispunha de campo aberto nas
proximidades para a execução dos testes. Por isso teve que fazer os testes na
orla de uma praia conforme mostra a figura A3.
Fig. A3 – Orla Beira Mar São José – grande Florianópolis. Fonte:
http://marquinhohotel.com.br/conheca-a-regiao. Acesso 14/05/2012
A distância coberta pelas ondas de rádio deste aparelho está indicada
na figura A3 pelos pontos A e B, que passa por dentro do mar. Então para a
solução deste problema o engenheiro utilizou seus conhecimentos sobre
semelhanças de triângulos para elaborar o esquema matemático mostrado na
figura A4, usando o seguinte raciocínio:
Olhando do ponto A para o ponto B, na figura A3, tem-se uma linha de
visada formando um seguimento de reta imaginário AB. Perpendicularmente a
esta linha de visada, o engenheiro caminhou 50 metros na praia, indo do ponto
A ao ponto C. Novamente, perpendicularmente a esta última linha, caminhou
50 metros indo do ponto C ao ponto D. Deste ponto, olhando para o ponto B
criou outro seguimento de reta imaginário, cruzando ACno ponto E. Ver figura
A4.
69
Fig. A4 – Esquema Matemático
Com isto formaram-se dois triângulos retângulos semelhantes em que:
CE
AE
CD
AB
Após a efetuação das medidas foram encontrados 47,7 metros para
AEe 2.3 metros para EC .
Para se encontrar a distância ABbasta fazer:
CD EC
AE AB
Substituindo os valores fica:
metros 1036,95 AB 50 2,3
47,7 AB , que é o valor a ser expresso no
manual do usuário deste aparelho.
ATIVIDADE PARA A PRÓXIMA AULA
Pesquisar na bibliografia indicada, os princípios teóricos que definem quando
dois triângulos são semelhantes.
70
APÊNDICE B
A PROPORÇÃO DIVINA
Fig. B1 - Ruínas do Templo em Delfos – Templo de Apolo. Fonte: Acervo do autor
Homem, conhece-te a ti próprio na verdadeira proporção.
Oráculo de Delfos
Há séculos o homem se encanta com a beleza e os mistérios da
natureza e, de certa forma, aqueles que procuram a verdade e tentam
descobrir esses mistérios sentem-se intimidado pela complexidade do universo.
(Hemenwai 2010).
Porém, a curiosidade e a busca pela fórmula que faz a natureza tão bela
e harmoniosa fez com que o homem descobrisse que a sua beleza e a
harmonia se justifica pela proporção que existe entre o todo e as partes que o
71
compõe, na exata proporção em que o todo está para a parte maior assim
como a parte maior está para a menor. Este é o princípio de design que a
natureza usa como padrão nas plantas, nas conchas, no homem, nos demais
animais, no vento e nas galáxias.
Em termos matemáticos, esta proporção, que há séculos é conhecida,
visto que está presente nas pirâmides do Egito (fig. B2) e no Parthenon em
Atenas (fig. B3), é designada como Proporção Áurea, Secção Dourada, Média
Áurea, Divisão Áurea e por último, Proporção Divina. Esta última, a mais usual
atualmente, foi dada por Luca Pacioli (1445-1517) no seu livro De divina
proportione. Neste livro, Pacioli apresenta as razões pelas quais a Razão Área
de ser chamada Proporção Divina. (Hemenwai 2010).
Segundo Hemenwai (2010) esta proporção, que parece já ser
compreendida há séculos, foi articulada matematicamente pela primeira vez
por Euclides de Alexandria (325-265 a. C.) no seu livro Elementos. No quinto
capítulo ele demonstra esta proporção traçando uma linha reta e dividindo-a
naquilo que ele designou por razão extrema e média. Euclides explicita ainda,
segundo Hemenwai (2010), que uma linha reta está dividida em razão extrema
Fig. B2 – Pirâmides em Gizé. Disponível em: http://www.culturamix.com/wp-content/gallery/piramides-do-egito/piramides-do-egito-3.jpg acesso 14/05/2012
Fig. B3 – O Parthenon. Fonte: Acervo do autor.
72
Fig. B5 – Euclides. Fonte: Hemenwai (2010, p. 16)
e média quando a razão entre a linha inteira e a parte maior é igual à razão
entre a parte maior e a parte menor. (fig. B4)
A expressão matemática para esta demonstração de Euclides é:
CB
AC
AC
AB
Em palavras dizemos que AB está para AC assim como AC está para
CB. E calculando-se matematicamente encontraremos o valor
1,61830339887... para 1, que também pode expresso como 2
5 1.
No início do século XX, o matemático americano Mark Barr usou o
símbolo grego (Fi), para designar a Proporção Divina em homenagem Fídias
(500-432 a. C.), escultor grego que ajudou na orientação da construção do
Parthenon em Atenas, e que usava a Proporção Divina nas suas esculturas.
Com isso a Proporção Divina, ou número áureo, passou a ser representada
por:
2
5 1
A proporção divina fascina o homem desde os mais remotos tempos
devido às suas propriedades de harmonia, regeneração e equilíbrio que estão
A C B
BB Fig. B4 – Razão extrema e média.
73
presentes na natureza, cuja forma geométrica pode ser estuda tanto com base
na geometria grega, como por exemplo, o crescimento em forma espiral das
conchas, dos chifres de alguns animais e da cóclea do ouvido humano (fig. B6
e B7), como na mais recente geometria chamada Fractal, que está presente
nas árvores, nas nuvens, nas montanhas, no contorno dos rios e no nosso
DNA. Fig. B8.
Fig. B7 - Cóclea do ouvido humano e o seu crescimento em espiral. Fonte: Lent (2004, p. 252). Adaptado
Fig. B6 - A forma em espiral do Náutilo de concha alveolar (Nautilus
pompílius) cresce na proporção . Fonte: Hemenwai (2010, p. 3)
a) b)
Fig. B8 - Fractais. a) curva von Koch. b) espiral fractal Disponível em: http://www.sfu.ca/~rpyke/335/fractals.html. Acesso em 22/12/2013
74
O RETÂNGULO ÁUREO E A PROPORÇÃO DIVINA NO PARTHENON
Usando a relação da linha de Euclides podemos traçar um Retângulo
Áureo a partir de um quadrado de lado 1, justapondo a este um retângulo de
lados 1 e 1 - . Ver fig. B9. É fácil observar que o retângulo justaposto ao
quadrado de lado 1 é também um retângulo áureo, pois:
1,618 1 - 1,618
1
1
1
Com este procedimento podemos traçar infinitos retângulos áureos
justapondo quadrados de lado iguais ao último retângulo formado e a partir
destes construir a Espiral Dourada que emerge quando os retângulos são
encaixados juntos. Fig. B10.
Φ - 1 1
1 φ
1 1
Fig. B9 – Retângulo Áureo
Fig. B10 – Espiral Dourada que emerge dos retângulos. Fonte: Hemenwai (2010, p. 15)
Fig. B9 – A geometria Fractal da nuvem. Fonte: Acervo do autor.
Fig. B10 – A geometria Fractal das Rochas - Pedra da Galinha – Quixadá, CE. Fonte: Acervo do autor.
75
Segundo Hemenwai (2010), quando o seu frontão triangular, ainda
estava intacto, as dimensões do Parthenon, se enquadravam num Retângulo
Áureo e a sua planta parece ser baseada num retângulo de raiz quadrada de 5.
(fig. B11).
A PROPORÇÃO DIVINA NA PIRÂMIDE DE QUÉOPS
Fig. B12 – Pirâmides de Gizé, no Egito. Disponível em: http://www.culturamix.com/wp-content/gallery/piramides-do-egito/piramides-do-egito-3.jpg. Acesso em 14/05/2012.
Fig. B11 – O Parthenon. Projeto baseado em retângulos áureos. Fonte: Hemenwai (2010, p. 15, 100 e 101)
76
As Pirâmides de Gizé são outro exemplo de perfeição arquitetônica e
engenharia. A grande pirâmide ou pirâmide de Quéops (fig. B13) foi erguida
sobre um quadrado de lado igual a 229 metros de comprimento com erro
máximo entre os comprimentos dos lados menor que 0,1%. O ângulo de
inclinação dos lados é de 51 graus e 51 minutos e cada lado está alinhado
exatamente com os quatro pontos cardiais Norte, Sul Leste e oeste.
Fig. B13 – Pirâmide de Quéops. Fonte: Hemenway (2010, p. 69)
Na figura B14 temos um esquema matemático (medidas em Côvados)
que mostra a relação da construção da pirâmide com o triângulo de Pitágoras e
a Proporção divina. O esquema mostra que o quadrado cujo lado é o
comprimento do apótema (hipotenusa) acrescido da metade do comprimento
da base forma um retângulo áureo ou , ou seja: (356 + 220)/356 = 1,618.
77
Fig. B14 – A Pirâmide de Quéops e a sua relação com a Proporção Divina e o triângulo de Pitágoras. Fonte: Doczi (1990, p. 41)
Ainda no âmbito da cultura egípcia, cabe ressaltar o triângulo do
“esticador de corda” ou triângulo egípcio que era utilizado para fazer
levantamento de terras, pois os egípcios tinham que vistoriar seus campos
anualmente devido às inundações do Nilo. Segundo Doczi (1999), Uma corda
de doze nós em distâncias iguais era disposta em forma de triângulo com 3 nós
de um lado, 4 de outro e 5 de outro. Isto produzia o ângulo necessário para
fazer o levantamento. (Fig. B15). Esta é a razão pela qual o triângulo 3-4-5 é
também chamado de triângulo egípcio ou triângulo “do esticador de cordas”.
Pitágoras
Este triângulo foi disseminado para o ocidente por Pitágoras, que
aconselhado por Tales de Mileto, viajou para o Egito para estudar os seus
grandes segredos e aprender mais matemática e astronomia com os
sacerdotes. Nesta época o Egito foi invadido pelos persas e Pitágoras feito
prisioneiro foi enviado para a Babilônia.
78
Naquele país Pitágoras não perde tempo (Guedj 2008) e durante os
doze anos que viveu na capital mesopotâmica, adquire imenso saber com os
escribas babilônicos. Depois de libertado retorna para Samos. Porém, logo
parte novamente por não concordar com as atitudes do governante de então;
Polícrates, o tirano.
Desta vez Pitágoras partiu para o litoral da grande Grécia e foi se fixar
ao sul da Itália na cidade de Crotona onde fundou a comunidade pitagórica
chamada “semicírculo”. Nesta comunidade Pitágoras passou a ensinar tudo
que se apresentava diante de si, inclusive a relação que enxergava entre os
números e a Natureza. Apesar do triângulo 3-4-5 ser conhecido no Egito, na
Babilônia, Índia, na China e no Japão foi Pitágoras quem o demonstrou
explicitando que se a soma dos quadrados de dois lados de um triângulo é
igual ao quadrado do terceiro, trata-se de um triângulo retângulo.
a2 + b2 = c2
Com isto Pitágoras generaliza para infinitas triplas de números. Triplas
estas que, algumas delas se encontram no Papiro de Rhind, que traz registros
matemáticos babilônicos de 2.500 anos aproximadamente antes de Cristo. É
por esta generalização que, com justiça, este triângulo passou a ser conhecido
no mundo por Triângulo de Pitágoras.
Embora existam infinitas triplas de números que satisfazem a
demonstração de Pitágoras, a mais famosa é a tripla 3-4-5, devido à
aproximação da razão áurea entre o seu lado de 5 unidades e a sua base de 3
(5/3 = 1,666...). A figura B15 mostra que um retângulo áureo, cuja base mede 3
unidades, o seu lado mede 4,854 unidades, muito próximo de 5. Esta razão de
valor igual a 1,666... está presente também na bíblia, (Êxodo 25:10) quando
Deus ordena a Moisés que construa uma arca de madeira de acácia (a Arca da
Aliança) com comprimento de dois côvados e meio e, altura e largura de um
côvado e meio.
79
Na linguagem grega antiga os números eram representados por
símbolos, e o círculo é a origem de todas as formas subsequentes. O termo
grego para os princípios do círculo era a Mônade, símbolo de ser estável e
singularidade. Os antigos referiram-se à Mônade como O Primeiro, A Semente,
A Essência, O Construtor e A Base. E também a unidade. (Hemenwai 2010).
Os pitagóricos acreditavam que tudo gira em torno de um centro e que
esse centro é a fonte, e está além do entendimento. Mas tal como uma
semente, o centro se expande formando um círculo. Sendo este a Mônade, o
símbolo da unidade.
Não será feita aqui, referência aos outros símbolos e sim apenas à
Pêntade ou Pentagrama (símbolo para o cinco), (fig. B17), devido à sua relação
com quase tudo na Natureza e com a Proporção Divina. Nas folhas e nas flores
nas sementes é possível ver o princípio de autossemelhança do maior com o
menor.
A Pêntade era tão reverenciada nas sociedades antigas (Hemenwai
2010), que a sua construção era mantida em segredo. Somente em 1509 é que
Fig. B15 – Relação entre o triângulo 3-4-5 e o retângulo áureo. Fonte: Doczi (1990, p. 41)
Fig. B16 – Pitágoras, o Primeiro Filósofo, numa ilustração idealizada contemporânea. Fonte: Hemenwai (2010, p. 42)
80
suas características geométricas foram reveladas a artistas e filósofos por Luca
Pacioli no seu livro Divina Proportione.
A figura B17 mostra o ato de regeneração da Pêntade, onde uma estrela
em forma de pentagrama gera outra, que gera outra, e assim sucessivamente,
bem como, os seguimentos a, b, c, d em ordem decrescente estão numa razão
de 1,618...., que são os princípios predominantes da Pêntade com a Proporção
Divina. E a figura B18 mostra um corte transversal de uma maçã, onde se
percebe que as sementes tomam a forma da Pêntade.
Os antigos usaram a Pêntade com as mais diversas representações
tanto para o bem como para o mau, inclusive em feitiçaria. Usada com a ponta
virada para baixo representa o rosto de um bode, confundindo Satanás com o
deus Greco-romano Pã. Os pitagóricos usaram-na como símbolo secreto para
se reconhecerem uns aos outros e acreditavam no seu poder sobre a mente
humana.
Fig. B18 – Corte transversal da maçã e a sua relação com o Pentagrama. Fonte: Acervo do autor
Fig. B17 – A Pêntade ou Pentagrama. Fonte: Hemenwai (2010, p. 15).
81
O homem idealizado por Vitrúvio (séc. I) e desenhado por Leonardo da
Vinci (séc.XVI), mostra que a altura de um homem bem formado com os braços
estendidos cobre uma distância igual à sua altura, formando um quadrado em
que encerra o corpo inteiro. (Fig. B19). Traçando um círculo com raio centrado
no umbigo, o homem toca a altura do topo da cabeça e o círculo com as pontas
dos dedos do meio quando suas pernas estão abertas formando um triângulo
equilátero. Os joelhos, a pélvis e os mamilos dividem a altura em quatro
quartos. Essa relação do corpo humano com o quadrado e o círculo sempre
fascinou os antigos. (DOCZI 1990, P. 93)
O corpo humano (fig. B20), é um exemplo perfeito de demonstração da
relação criada pela Natureza entre as partes e o todo de um universo. Sendo o
corpo humano o universo, a mediada (A) está para a medida (C) na exata
proporção que a medida (C) está para a medida (B). Ou seja, o todo está para
o maior assim como maior está para o menor.
Fig. B19 - Homem de Vitrúvio por Leonardo da Vinci. Fonte: Hemenwey (2010, p. 92)
82
O homem é a medida de todas as coisas
Heráclito (540-480 a. C.)
O universo não pode ser completamente compreendido usando a percepção sensorial, por isso deve ser usado um sistema racional como a matemática.
Immanuel Kant (1724-1804)
Fig. B20 - O corpo humano e a sua relação com A Proporção Divina e o triângulo de Pitágoras. Fonte: Adaptado de Hermenway (2010, p. 92) e Doczi (1990, p. 41)
A
B
C
83
APÊNDICE C
O QUESTIONÁRIO
Prezado (a) estudante
Estamos realizando uma pesquisa com os ingressantes no ensino superior
para conhecer melhor suas ideias e perspectivas a respeito do sistema de
ensino.
Por isto estamos nos dirigindo a você e contamos com a sua colaboração
para responder a este questionário.
Não existem repostas certas ou erradas. Queremos, apenas, saber o que
você pensa e suas opiniões.
Para que o nosso trabalho apresente a qualidade desejada, pedimos que
responda às questões da forma mais completa e sincera possível.
Não é necessário se identificar. Assim o seu anonimato será garantido.
Qualquer dúvida, pergunte ao aplicador.
Desde já o agradecemos, pela colaboração!
Questionário
1) Idade.....................
2) Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino
3) Estado civil ( ) Solteiro (a) ( ) Casado (a)
4) Você concluiu o Ensino Fundamental em escola
( ) Pública ( ) Privada
5) Você concluiu o Ensino Médio em escola
( ) Pública ( ) Privada
6) De qual disciplina, do currículo escolar, você mais gosta?
7) De qual que você menos gosta?
84
8) Em qual disciplina as suas notas foram, normalmente, as mais baixas?
9) Em qual disciplina suas notas foram, normalmente, as mais altas?
10) Se você fosse convidado (a) para participar de uma olimpíada estudantil,
sobre uma disciplina de sua escolha, qual você escolheria?
11) Sobre qual disciplina você não participaria de jeito algum?
12) Em sua opinião, o professor de Matemática deveria apresentar esta
disciplina de forma diferente em sala de aula? Se sim, como você gostaria que
fosse?
13) Como você classifica o método apresentado pela maioria dos seus ex-
professores de Matemática na escala a seguir?
( ) ruim ( ) regular ( ) bom ( ) muito bom ( ) excelente
14) Como você classifica a maioria dos seus ex-professores de Matemática
na escala a seguir?
( ) ruim ( ) regular ( ) bom ( ) muito bom ( ) excelente
15) Como você classifica a Matemática na escala a seguir:
( ) muito fácil ( ) fácil ( ) médio ( ) difícil ( ) muito difícil
16) Você gostaria de estar fazendo outro curso mas desistiu por causa da
matemática? Se sim qual?
85
ANEXO A
Carta de aprovação de comitê de ética