Representante do IPEA fala espaço reservado para foto · 3 primeira palestra do XXX Encontro de...
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Ano XIII, no 52
Julho/2007
Órgão oficial do Conselho Regional de Economia (CORECON/RS) - 4a Região - Rio Grande do Sul
XXX Encontro dos Cursos de Ciências
Econômicas é sucesso de público
O que esperar do
setor de energia nos
próximos anos
Páginas 4 e 5
Avaliação de riscos:
um mercado em
crescimento
Página 7
Desenvolver
habilidades é
fundamental para
o economista
Página 8
Conselho Regional de Eco-
nomia do Rio Grande do Sul
(CORECON/RS) realizou no
dia 18 de maio o XXX Encontro dos
Cursos de Ciências Econômicas, na
Unisinos (co-promotora do evento),
em São Leopoldo com a participação
de aproximadamente 180 pessoas,
entre acadêmicos, professores e eco-
nomistas. O evento contou com re-
presentações da Universidade Cató-
lica de Pelotas, Univates, Unicruz,
Universidade Federal de Santa Ca-
tarina, Universidade de Caxias do
Sul, Furg, Unisc, Unifra e Univer-
sidade Federal de Santa Maria.
O presidente do CORECON/RS,
José Luiz Amaral Machado, e a
coordenadora do curso na Unisinos,
Angélica Massuquetti, deram as
boas-vindas ao público e ao pales-
trante que fez a abertura da pro-
gramação, o economista, Dr. Ho-
nório Kume, coordenador de Co-
mércio Exterior e Política Comercial
do IPEA. Da mesa de abertura
também fizeram parte o vice-reitor
da universidade Aloysio Bohnen e
o coordenador do Diretório
Acadêmico, Josias Cavalcanti.
O
Representante do IPEA fala
sobre abertura comercial
Em sua explanação, Honório Kume,
falou sobre o avanço na abertura
comercial, em 1988, ainda no governo
José Sarney, os conflitos no Mercosul e
os acordos regionais (Alca, EU e Índia).
De acordo com o painelista a grande
abertura comercial se deu durante o
governo Collor de Mello quando se fez
a redução tarifária. Para Kume, a maior
controvérsia no Mercosul é a tarifa de
bens de capital que é elevada e
prejudica a competitividade entre os
setores. Ele lamentou a inexistência de
acordo para a implantação de uma
tarifa externa comum.
Na sua opinião, o Brasil tem
dificuldades para avançar nas
negociações comerciais regionais e
multilaterais e para liberalização
unilateral. “Talvez tivesse que ser
repensado a implementação de uma
nova estrutura tarifária para bens de
capital”, ponderou. Confira na página
3 a cobertura do encontro.
Honório Kume (IPEA) foi o primeiro a ser ouvido
pelo público
Representantes do CORECON/RS e Unisinos deram as boas-vindas aos
participantes
Último painel do evento discutiu o futuro da política monetária no governo
Lula
espaço
reservado
para foto
Fotos: Maria Helena Ramos
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Presidente
José Luiz Amaral Machado
Vice-Presidente
João Batista Soligo Soares
Conselheiros
Alejandro Kuajara Arandia, Ário
Zimmermann, Daniel Menezes Gil, Eloni
José Salvi, Fernando da Silva Ramos Filho,
Geraldo Pinto Rodrigues da Fonseca,
Heron Sergio Moreira Begnis, Jane Rosiclei
Pinheiro, Joal de Azambuja Rosa, José
Nosvitz Pereira de Souza, Judite Sanson
De Bem, Lauro Nestor Renck, Maria
Heloísa Lenz, Ricardo Englert, Rubens
Salvador Bordini e Silvia Horst Campos
Gerência Executiva
Helena Edi Cruz
Fiscalização de Exercício
Profissional
Antônio Pedro Hickmann
Delegacias do Corecon-RS
Lajeado, Passo Fundo, Pelotas
e Representação em Ijuí
Sede do Corecon-RSRua Siqueira Campos, 1184, 601/606
CEP 90010-001 - Porto Alegre - RS
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Conselho Editorial
• Flavio Pompermayer • José Luiz Amaral
Machado • Judite Sanson De Bem • Maria
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Colaboração
• José Nosvitz •
Jornalistas responsáveis
Contexto Econômico: Elaine Carrasco -
Reg. Prof. 7535
Assessoria de Imprensa: Janice Benck -
Reg. Prof. 7376
Revisão
Antonio Xavier Balbé
Diagramação
• Solo Editoração e Design Gráfico
• Periodicidade: bimestral
• Tiragem 5 mil exemplares
• Fotolitos e Impressão Dolika
esse número do Contexto
Econômico aborda-se de
forma inovadora a situação
do mercado de trabalho para os
economistas no Brasil. A novidade
é o desafio da sinalização para o
mercado profissional das habili-
dades e capacidades do econo-
mista formado pelos cânones
modernos da Ciência Econômica.
Marques Junior, num artigo pro-
vocativo, aborda essa questão e
destaca o papel de liderança que o
COFECON poderia ocupar na
revitalização da profissão ao di-
vulgar mais intensamente as carac-
terísticas específicas dos econo-
mistas modernos e da profunda
vinculação dessa formação com o
mercado de trabalho, igualmente
moderno. Além disso, como foi
intensamente destacado pelo
economista Fanaya, a profissão está
sendo ameaçada porque as
Reprodução de textos e artigos somente com autorização do
editor ou desde que mencionada a fonte. Os artigos publicados
não traduzem, necessariamente, a opinião do jornal e são de
inteira responsabilidade de seus autores. Os textos que
excederem as especificações serão editados de acordo com o
espaço disponível.
Foco no mercado de trabalho
N
� Monografias – Já estão
abertas as inscrições para o XXI
Prêmio Conselho Regional de
Economia - CORECON/RS que este
ano ainda prevê mais uma categoria
que é a de artigos técnicos ou
científicos. O regulamento do
Prêmio nas duas modalidades
encontra-se disponível no site
www.coreconrs.org.br.
� Aniversário – O CORE-
CON/RS completou 54 anos no dia
11 de julho. Mais de meio século de
história marca a atuação do
Conselho no sentido de cumprir
com sua finalidade principal -
fortalecer o mercado de trabalho do
economista. Destaca-se, neste
período, a atuação comprometida
e dedicada de todos os conselheiros
na estruturação desta entidade.
� Sede – O CORECON/RS ,
devido às obras para a reforma da
sede da entidade, está atendendo
temporariamente nas salas 407 a
412, da Rua Siqueira Campos, 1184
– Centro – Porto Alegre.
� Empresa Júnior – Um grupo
de estudantes do Curso de
Economia da UFSM está desen-
volvendo um projeto inovador na
instituição, que visa a criação de
uma Empresa Júnior. A idéia está
sendo formatada com apoio do
Curso de Ciências Econômicas da
UFSM, que está sob a coordena-
ção do professor Adayr da Silva
Ilha.
� Imprensa – O presiden-
te José Luiz Amaral Machado,
concedeu entrevista ao vivo no
programa Campo Online, Canal
Rural, no dia 18 de junho, onde
abordou tema sobre o aumento
de crédito, especialmente de setor
agrícola.
� Ijuí – O CORECON/RS
esteve visitando o município de
Ijuí no dia 4 de junho quando foi
feito contato com os alunos do
curso de Economia da Unijuí,
chefes do Executivo e Legislativo,
com empresários e entidades
locais.
Notas
habilidades específicas inerentes a
mesma estão sendo, cada vez mais,
invadidas por outros profissionais,
o que exige uma pronta atuação do
sistema COFECON no sentido de
atualizar e redefinir o marco
regulatório profissional.
Outro tema relevante, e que,
indiretamente, está vinculado ao
mercado de trabalho é o texto so-
bre o mercado de derivativos ou de
papéis e o papel que a economia e
a formação de economistas podem
ter na consolidação do mercado de
ativos de risco, tão precioso para o
próprio desenvolvimento econô-
mico nos dias atuais. Por fim, a pá-
gina central apresenta um interes-
sante debate sobre os novos espaços
para investimento em energia
elétrica no RS dado o atual marco
regulatório existente.
Boa leitura!
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primeira palestra do XXX
Encontro de Cursos, Mer-
cado de Trabalho do Eco-
nomista, esteve a cargo de Gustavo
Fanaya, chefe do Sindicarne/PR e ex-
presidente do CORECON/PR. Pro-
vocativo, o palestrante discutiu com
o público as reservas de mercado do
economista que estão sendo inva-
didas por outros profissionais, em
geral de Administração de Empresas
e Contabilidade. Ele defendeu a
posição de que o profissional deve
não só procurar ocupar novos
nichos do mercado, como manter os
postos historicamente conquistados.
Segundo Fanaya, existem distorções
do mercado em relação à profissão.
“Há um descompasso entre a
formação curricular e a percepção do
papel do economista pelo mercado”,
acentuou.
Durante a palestra ele elencou os
fatores que podem estar levando a
essas distorções. Entre eles, citou a
confusão que se faz com os cursos
Paranaense faz debate provocador
A
A segunda palestra foi uma
apresentação dos cursos de pós-
graduação de Economia da
Unisinos e PUC. As apresentações
foram feitas pelo coordenador do
PPG em Economia da Unisinos,
André Filipe Zago de Azevedo e
pela PUC, a economista Izete
Bagolin. O economista Mar-
celo Portugal que apresentaria o
pós da UFRGS, teve um imprevisto
e não pôde comparecer.
Zago discorreu sobre as vanta-
gens de um PG. No Brasil,
segundo ele, 49% dos profissionais
que têm pós-graduação estão
empregados com carteira assinada.
No Rio Grande do Sul, um terço
Coordenadores apresentam programas de pós
netária do atual governo é aquela
definida pelo mercado financeiro,
embora não seja só isso que a
sustenta. “A bonanza internacional
ajuda a sustentá-la e as condições
externas explicam a sua per-
manência”, ponderou o econo-
mista que acredita que enquanto as
condições externas forem favo-
ráveis, ela se manterá.
Para o economista Roberto
Camps de Moraes, apesar dos es-
forços muito intensos e persistentes
por parte dos economistas he-
terodoxos, “continuará sendo a
mesma política de metas infla-
cionárias que vem sendo aplicada
desde 1999”, pontuou.
de quem tem PG trabalha com
carteira assinada. No Estado
também é alto o número de
profissionais pós-graduados que
trabalham por conta própria.
Um debate entre os economistas
e doutores Gentil Corazza, diretor da
Faculdade de Ciências Econômicas da
UFRGS, e o professor do PPG em
Economia da Unisinos, Roberto
Camps de Moraes, encerrou a
programação do XXX Encontro dos
Cursos de Ciências Econômicas do
Rio Grande do Sul. Qual o futuro da
política monetária no governo Lula
foi o desafio a ser respondido pelos
dois debatedores.
Para Corazza, a política mo-
de Administração e Contábeis,
fazendo com que o candidato opte
pelo curso de Ciências Econômicas
pela maior oferta de vagas com-
parativamente ao número de ins-
critos; obtenção do diploma para
satisfazer um status social e
expectativa da família e a busca de
concluir um curso superior para
poder disputar concursos públicos.
Ele salientou que o profissional
formado em Ciências Econômicas
precisa enfrentar um processo que
passa pela mudança de mentalidade,
desenvolver habilidades e ter
postura profissional. “Isso não se
adquire de uma hora para outra. É
preciso incorporar este processo ao
longo do curso. Daí a importância
de termos economistas dando aulas
para futuros economistas, como
acontece em todos os cursos”,
advertiu. Durante seu pronun-
ciamento ele criticou a postura do
economista em abrir mão de alguns
setores em que estaria qualificado
para atuar. “Parece que economista
não gosta de ganhar dinheiro. Se é
para fazer um serviço de graça, nós
vamos lá e fazemos. Quando chega a
hora de recebermos por isso, abrimos
mão e deixamos para que outro
profissional vá e o faça por nós”
reclamou. Durante a sua explanação
ele listou uma série de cargos que
poderiam ser ocupados por eco-
nomistas, mas que estão preenchidos
com profissionais de outras áreas de
atuação, menos preparados, mas
dispostos a se fazer enxergar pelo
mercado.
XXXI Encontro de Cursos – Este ano em razão de mudança de critérios a definição do próximo Encontro de
Cursos será feita pela plenária do Conselho Regional de Economia. Foram inscritos trabalhos com os respectivos
projetos durante o XXX Encontro. Apresentaram interesse em sediar o próximo evento: a Unilasale, Univer-
sidade Católica de pelotas e Universidade Federal de Santa Maria.
Economista Gustavo Fanaya falou sobre a
valorização profissional
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aria
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os
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Delson Luiz Martini*
confirmação de que o Brasil
pode crescer a taxas supe-
riores a 4% ao ano colocou o
mercado em estado de alerta. Os
cenários realizados pela Empresa de
Pesquisa Energética (EPE), órgão
vinculado ao Ministério de Minas e
Energia, comprovam a necessidade
urgente de o País alavancar os
investimentos na área da energia. Um
dos estudos elaborados prevê, para um
cenário de crescimento econômico de
4%, uma carência de 0,3% da energia
necessária no ano de 2010. Outro, para
um crescimento de 4,8%, uma falta de
energia de 1,9%. Se, comprovada-
mente, há a necessidade urgente de
aumentar os investimentos em geração
de energia e, como se sabe, existe
abundância de capitais disponíveis,
por que os investimentos não atingem
o montante necessário para tran-
qüilizar o mercado?
A verdade é que nos últimos quatro
anos pouco se fez para viabilizar os
grandes projetos nesta área. Das 49
obras de geração de energia leiloadas
entre 1998 e 2002, apenas 19 foram
concluídas. A cada ano o Brasil vem
perdendo competitividade energética e
formando expectativas negativas para
a decisão do investimento privado. O
próprio Programa de Ação do
Crescimento (PAC) já é uma de-
monstração clara de que o Governo
Federal tem consciência da neces-
sidade de concentrar esforços para
viabilizar as obras estruturantes,
fundamentais para o desenvol-
vimento econômico sustentável. Os
sucessíveis fracassos dos leilões de
energia demonstram claramente que
não se pode confiar no mercado para
garantir a energia necessária ao
desenvolvimento. Será necessário que
o governo federal cancele as outorgas
dos projetos que não foram
viabilizados nos últimos anos e os
coloque à disposição de novos
investidores. Claro está, também, a
necessidade de articulação entre as
instituições governamentais para que
a aparente defesa do meio am-
biente não crie um gargalo insus-
tentável para a geração de empregos.
As instituições econômicas devem se
comunicar melhor com os órgãos
ambientais. Sem essa integração, o
dilema crescimento e meio ambiente
não se resolverá.
Consciente do iminente colapso
energético, a Governadora Yeda
Crusius lançará um programa
ambicioso para alavancar os
investimentos em energia no Rio
Grande do Sul. O primeiro passo será
a criação do Comitê Estadual de
Energia. O Estado financiará a
realização de projetos e garantirá a
articulação para a sua viabilidade
econômica, financeira, ambiental e
societária. Será criado o Fundo de
Desenvolvimento de Projetos de
Energia, com um lastro de R$ 2
milhões a serem aplicados em es-
tudos preliminares e no desen-
volvimento de planos básicos para a
viabilização de projetos, até a
constituição de Sociedade de
Propósitos Específicos (SPEs).
Uma das primeiras ações do
Comitê será o Programa Gaúcho de
Pequenas Centrais Hidrelétricas, com
o objetivo de viabilizar a implantação
de pequenos projetos em geração
hídrica no Estado, aproveitando o
potencial hídrico ainda existente. O
potencial de investimentos nestes
projetos é estimado em cerca de R$
600 milhões. Caberá ao Programa
criar as condições de viabilidade
técnica, financeira e ambiental,
contribuindo para o desenvol-
vimento em geração de energia de
fontes renováveis. Para transmitir e
distribuir a energia gerada serão
necessários investimentos na ordem
de R$ 900 milhões, nos próximos
anos. Apesar das dificuldades
financeiras, a CEEE está lançando
um programa ambicioso de
investimentos, na ordem de R$ 300
milhões de investimentos, ainda
neste ano.
O Rio Grande do Sul precisa,
definitivamente, começar a ousar.
Empreendedores interessados exis-
tem, mas faltam projetos de
qualidade. Só que, para viabilizar os
recursos, é fundamental, também, o
saneamento das finanças do Estado.
A determinação da Governadora em
zerar o déficit público já está influen-
ciando positivamente a decisão de
investimentos dos empresários. O
Rio Grande do Sul entra, mais uma
vez, na rota dos grandes inves-
timentos.
“A cada ano o Brasil
vem perdendo
competitividade
energética e formando
expectativas negativas
para a decisão do
investimento privado”
* Economista, Diretor-Presidente do Grupo
CEEE.
A
Energia: Tem muito espaço
para investimentos no RS
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“Nosso estado pode ser
auto-suficiente em
eletricidade a partir do
ano de 2010, com a
entrada em operação de
duas a quatro grandes
termoelétricas a carvão,
mas a um custo ambiental
elevado em termos de
emissão de gases efeito
estufa, renda concentrada
e tecnologia importada”.
* Economista pela Universidade de
Caxias do Sul; Mestre em
Desenvolvimento pela UNIJUÍ (Linha
de Pesquisa: Integração Regional e
Desenvolvimento Local Sustentável);
Professor dedicação integral da
Universidade Regional Integrada do
Alto Uruguai e das Missões – URI;
Coordenador do Curso de Tecnologia
em Agronegócio
o início deste milênio o Brasil
enfrentou um “apagão elétri-
co” onde as atividades econô-
micas foram prejudicadas. Mas como
resultado benéfico da crise, segundo o
Ministério de Minas e Energia, a adoção
de simples práticas de contenção do
desperdício, diminuiu em torno de 20%
o consumo residencial de eletricidade.
Também as indústrias investiram na
eficiência dos motores elétricos e surgiu
a ênfase generalizada por novas fontes
de energia, como o gás natural, eólica,
biomassa (principalmente de cana) e
pequenas centrais hidrelétricas.
Como investimentos em geração
elétrica demandam entre cinco até nove
anos para entrar em operação é
fundamental o planejamento da oferta
energética futura. Neste sentido a
Empresa de Pesquisa Energética – EPE
simulou três cenários econômicos para
o Brasil no período de 2006 até 2015. Na
conjuntura de referência o PIB nacional
tende a crescer 4,2% ao ano e a oferta de
energia para tal crescimento deve ser
acrescida em 4,8%. No cenário
pessimista o PIB será de 3,2% e a energia
3,9%. No terceiro, o PIB tende a 5,1% e a
oferta energética deve acrescer em 5,5%.
Estes três panoramas servem de base
para a estruturação dos Leilões de
Energia Nova, que objetivam planejar
a construção de novas geradoras
elétricas até o ano de 2015. O fato é que
mesmo as usinas licitadas nos anos
anteriores, com data prevista de
conclusão para os anos de 2008 até 2010,
estão com relativo atraso em seus
cronogramas de obra. E o leilão A-3 e A-
5, que prevê inaugurações para o
período de 2010 até 2015 (106 empre-
endimentos habilitados que perfazem
um total de 16.000 MW de potência
instalada), foram novamente adiados
para datas futuras. Também o primeiro
Leilão de Fontes Alternativas (menor
impacto ambiental) contava com 87
projetos com um total de 2.803 MW de
N
Fo
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A energia para o Rio
Grande do Sul de amanhã
Fábio Germano Nedel*
potência instalada, acabou sendo
contratado apenas 18 projetos (nenhum
gaúcho) perfazendo 638,64 MW de
potência instalada.
Esta conjuntura pode apresentar um
novo “apagão elétrico” para o início da
próxima década, especialmente se o
Brasil, crescer 5,1% ao ano. A novidade,
é que provavelmente o estado de São
Paulo não sofrerá com falta de energia
devido à expansão das termoelétricas
movidas com bagaço de cana-de-
açúcar.
E o Rio Grande do Sul? Nosso estado
pode ser auto-suficiente em eletricidade
a partir do ano de 2010, com a entrada
em operação de duas a quatro grandes
termoelétricas a carvão, mas a um custo
ambiental elevado em termos de
emissão de gases efeito estufa, renda
concentrada e tecnologia importada.
Temos potencial de 805 MW a instalar
somente em Pequenas Centrais
Hidrelétricas. Estas, apesar da
fragilidade de geração elétrica (quando
ocorre estiagens), representam em
torno de 38 novos empreendimentos a
serem pulverizadas por todo estado,
investimento de R$3,5 bilhões. Adoção
de equipamentos em sua maioria feitos
no estado e cada MW instalado,
proporcionará em torno de R$50 mil
reais de tributos anuais para o
município sede da casa de máquinas e
o triplo para o estado.
Ainda o RS possui um surpre-
endente potencial de 73.000 MW em
energia eólica em seu litoral, cam-
panha, serra e na região das missões. O
potencial da casca de arroz em torno
de 100 MW. Do biogás da suinocultura
(provável termoelétrica na região das
missões) e aves (no oeste catarinense,
será construída uma termoelétrica de
30 MW). Também os aterros sanitários
das cinco ou dez maiores cidades
gaúchas tem potencial para gerar
energia elétrica ou motora para carros
por mais de 20 anos e gerar créditos de
carbono.
Para o Rio Grande de amanhã ter
energia, é fundamental o uso desta com
eficiência e racionalidade. Pois apesar
de termos opções, como a energia
térmica do carvão (poluição atmos-
férica), a energia eólica (ainda tem
elevado custo de geração), pequenas
hidrelétricas (problemas com estia-
gens), ou... o caminho pode ser construir
duas ou três grandes usinas hidre-
létricas no rio Uruguai (2.660 MW), em
parceria com a Argentina (mas inundar
mais de 50 mil hectares de solo
produtivo).
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Ilícito – O ataque da pirataria, da
lavagem de dinheiro e do tráfico à economia
global
Autor: Moisés Naím
Editora Jorge Zahar
As redes mundiais
de comércio de armas,
drogas, órgãos huma-
nos, imigrantes, bens
falsificados, prostitutas,
arte roubada, além do
terrorismo e da lavagem
de dinheiro são hoje
uma parte consolidada
da economia interna-
cional e movimentam centenas de bilhões
de dólares ao ano. Nesse livro, Moisés Naím,
renomado editor da revista Foreigh Policy,
realiza uma investigação detalhada e
pioneira sobre um lado pouco conhecido
da globalização: as atividades ilícitas.
Contrabandistas, traficantes e piratas
sempre existiram, mas nunca com um
poder econômico que gira em torno de 10%
de todo o comércio mundial, muito menos
com um poder político capaz de controlar
nações inteiras. Com dados surpreen-
dentes e exemplos atuais, o autor, faz de
Lícito uma contribuição indispensável a
todos que desejam conhecer um pouco
mais sobre essa nova economia global,
mais interligada, mais rápida e menos
sujeita ao controle dos Estados.
Sobrou dinheiro
Elaborar um orça-
mento é a fórmula má-
gica para equilibrar as
despesas. O que na prá-
tica significa recorrer a
um planejamento das fi-
nanças para não ficar no
vermelho. O professor e
consultor Luis Carlos
Ewald revela tudo que sabe sobre economia
doméstica em Sobrou Dinheiro! O livro tra-
ta da administração das contas da família mês
a mês, da necessidade de saber onde é mais
importante gastar dinheiro. Daí a necessidade
de um orçamento, fundamental na admi-
nistração da escassez de recursos, tanto para
um governo, uma empresa ou uma família,
nas palavras do próprio autor.
A Fundação Getúlio Vargas apurou que
a família padrão brasileira gasta 30% em
habitação e moradia, 25% em alimentação,
12% em saúde e cuidados pessoais, 8% em
educação e cultura, 15% em transporte, 5%
em vestuário e 5% em despesas diversas.
É a partir de informações como essas que
Ewald vai contribuir com a sua obra na
elaboração de um orçamento doméstico
capaz de assegurar ainda uma pequena
reserva mensal.
Economia da Cultura – Curso de
Especialização na UFRGS
Combate à Lavagem de Dinheiro
A partir de setembro de
2007, novamente os profis-
sionais de nível superior li-
gados à área de economia e
cultura terão acesso a um
curso diferenciado que vai ao
encontro às novas tendências
do mercado. A segunda edição
do Curso de Especialização
Economia da Cultura começa
em setembro na UFRGS e tem
como docentes, além de pro-
fessores do Curso de Pós-
Graduação e do Departamento
de Economia, outros qualifi-
cados profissionais, como Do-
naldo Schüller, Luis Augusto
Fischer, Sandra Jatahy Pesa-
vento, entre outros. A coor-
denação está a cargo dos pro-
fessores Stefano Florissi e
Maria Heloisa Lenz.
Objetivos do curso
A expansão da área cultural
como atividade econômica
organizada vem se consoli-
dando em nosso tempo. Cada
vez mais ocorrem ações e
investimentos, criam-se
ONGs, fundações e institutos,
empreendem-se recursos hu-
manos no setor, o que implica
positivamente em um aumen-
to da participação relativa da
cultura nos PIBs nacional e
O CORECON/RS promo-
veu de 29 a 31 de maio, o cur-
so de Prevenção e Combate à
Lavagem de Dinheiro, minis-
trado pelos especialistas
Mauro Salvo e Flávio Costa
mundial, a partir da geração
de emprego, renda e de exter-
nalidades positivas.
Com a ampliação relativa
da importância econômica do
setor cultural na economia,
evidentemente ocorre a com-
plexificação da gestão, pro-
dução e incorporação de bens
culturais, o que vem deter-
minando escassez de capital
humano no empreendimento
de tais atividades. O forne-
cimento de conhecimentos
para o combate desta escassez
é então o foco deste curso, na
medida em que objetiva pre-
parar o profissional para a
tomada de decisões estra-
tégicas na alocação de recursos
públicos e privados para a
produção e gestão de bens
culturais.
Público-Alvo
Profissionais graduados
em qualquer área do conhe-
cimento, que tenham como
objetivo tornar-se especia-
listas na produção e gestão de
bens culturais, a partir da
esfera pública ou privada.
Aulas
As aulas serão ministradas
nas sextas-feiras (à noite) e nos
sábados (manhã e tarde).
O Conselho Regional de
Economia (CORECON/RS) em
parceria com o Instituto Na-
cional de Práticas Forenses e
Gerenciais e outras entidades,
promove até 5 de outubro, o
curso de Extensão em Recu-
peração de Negócios. A iniciativa
visa a qualificação dos parti-
da Rosa, nas dependências do
City Hotel. O objetivo foi sen-
sibilizar os participantes pa-
ra os riscos envolvidos na
inobservância das obrigações
legais que cercam o tema.
Extensão em Recuperação de Negócios
cipantes para atuar em proces-
sos de recuperação judicial,
extrajudicial e falências, exer-
cendo atividade de Adminis-
trador Judicial, conforme lei
11.101/2005. O curso, que teve
início em 6 de julho) está sendo
realizado na União das Facul-
dades de Negócios (Unifin).
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7
preocupação com riscos é
cada vez maior entre as
pessoas, empresas e entidades
em geral, visando garantir que os
elementos planejados e projetados
atinjam no futuro os resultados
para os quais foram criados.
Além disso, o termo “risco” está
cada vez mais presente no jargão da
mídia e do cotidiano das comu-
nidades, observando-se claramente
estar intrínseco ao termo a asso-
ciação de um conjunto de eventos
futuros portadores de incertezas, os
quais poderão impactar os resul-
tados inicialmente planejados.
Comumente, a maior preocu-
pação com riscos a serem anali-
sados são aqueles decorrentes do
financiamento da produção. O retor-
no projetado deverá ter sua contra-
partida assegurada pelo compor-
tamento provável da realidade
econômica futura, ou seja, a viabi-
lidade econômica dos projetos de-
verá estar assegurada.
Todavia, não são só os riscos eco-
nômicos que devem ser analisados.
Uma análise de riscos requer infor-
mações e avaliações de diversas áreas
do conhecimento humano e, por
conseqüência, da ação de diversos
profissionais.
Certas situações de risco aos
olhos de uma determinada espe-
cialidade profissional podem ter
associadas interpretações e preocu-
pações específicas de outras áreas
profissionais. Ações profissionais
conjuntas, em geral, mitigam as
incertezas isoladas, ou seja, tornam
as variáveis de risco passiveis de
serem administradas.
Nesse contexto, os estudos de
risco são capazes de gerar soluções
concretas sempre que comparti-
lhados com o conjunto de profis-
Análise e Avaliação de Riscos no Brasil: um
crescente mercado profissional
Asionais que participam do pro-
cesso produtivo. Por exemplo, pa-
ra que uma análise dos riscos de um
projeto e/ou da produção tenha
êxito, será necessário agregar conhe-
cimentos sobre legislação e, prin-
cipalmente, dados e informações
sobre os perfis de comportamento da
demanda e dos mercados, local,
nacional ou internacional.
Igualmente, a preocupação cres-
cente com o atendimento da legis-
lação ambiental, com os fatos da base
tributária e com as tecnologias en-
volvidas nos processos de produção
e logística, são elementos deter-
minantes na formação dos custos do
produto final e, portanto, elementos
capazes de gerar riscos de compe-
titividade para os empreendimentos.
Por esses motivos, a Análise e a
Avaliação de Riscos são atualmente
um importante mercado para os
profissionais envolvidos nos pro-
cessos produtivos, notadamente aos
egressos dos cursos de Engenharia,
Economia, Administração, Contá-
beis e Direito. Todavia esse mercado
necessita ser ampliado e melhorado
pelo desenvolvimento de novos
processos de formação comple-
mentar pós-graduada, bem como
pelo estabelecimento científico e
econômico de protocolos e rotinas
básicas de ação técnica cotidiana com
a finalidade de ofertar aos de-
mandantes desses estudos infor-
mações objetivas, precisas e prin-
cipalmente inteligíveis.
Fo
to: D
ivu
lgação
Osmar Sadi Nether
* Engenheiro Civil e Bacharel
em Ciências Econômicas
** Biólogo e Doutor em Ciências
do Meio Ambiente
*** Engenheiro Mecânico e
Economista
IBER – Associação Profissio-
nal Multidisciplinar
Osmar Sadi Nether*, Millos Stringuini** e Jaime Macadar***
Millos Stringuini
Jaime
Macadar
“Certas situações de risco
aos olhos de uma
determinada
especialidade profissional
podem ter associadas
interpretações e
preocupações específicas
de outras áreas
profissionais.”
Contexto Econômico okok.pmd 18/7/2007, 16:567
Como elevar o retorno do economista?*
presente texto é voltado para
o público preocupado com a
profissão de economista.
Contudo, pode ser útil para
estudantes que ainda não defini-
ram uma carreira.
Durante o curso de graduação em
Ciências Econômicas, espera-se que
o aluno desenvolva habilidades
como: desenvolver raciocínios
logicamente consistentes; ler e
compreender textos econômicos;
capacidade dissertativa; utilizar o
instrumental econômico para
análise; utilizar formulações
matemáticas e estatísticas. Estas
habilidades são exigidas pelo
moderno mercado de trabalho.
Desenvolver tais habilidades não
é fácil. Além de vocação para a
profissão e muito esforço individual,
é necessário investimento em termos
de material didático (livros, foto-
cópias, etc.), horas de aula, horas de
estudo, espaço físico para as aulas e
gastos em alimentação e transporte.
Outro fator determinante para o
desenvolvimento das habilidades é
o processo de ensino.
Como é comum entre os econo-
mistas, há duas visões sobre a
formação do economista. A visão
generalista defende o atual modelo
propondo que o currículo do Curso
de Ciências Econômicas seja amplo
o suficiente para englobar os pilares:
histórico, teórico e instrumental.
Isto é, a formação do economista
deve priorizar a história econômica
(geral e brasileira), a teoria (espe-
cialmente economistas como Karl
Marx, Keynes e Schumpeter, além de
correntes como a pós-keynesiana, o
pensamento cepalino, etc.) e a ins-
trumental (entenda-se matemática e
estatística).
Uma visão moderna propõe
também três pilares, a saber: quan-
titativo, teórico e aplicado. A parte
quantitativa englobaria matérias
como matemática, estatística e
econometria. Na parte teórica, as
8
“Não se pode esquecer
que outras habilidades
são necessárias não só
para um bom
desempenho acadêmico
como para o sucesso
profissional.”
Liderau dos Santos Marques Junior**
Foto: E
laine Carrasco
* Por falta de espaço, apresenta-se uma
versão reduzida do artigo original.
** Doutor em Economia pela UFRGS
Olinhas de pensamento estudadas
seriam a main stream e as marginais
como, por exemplo, a Economia
Novo Institucional e a Escolha
Pública. Na última parte, o foco seria
aplicar as teorias estudadas e o
instrumental em assuntos de
interesse nacional e regional.
Não se pode esquecer que outras
habilidades são necessárias não só
para um bom desempenho aca-
dêmico como para o sucesso pro-
fissional, tais como: possuir sólida
cultura geral; deter conhecimento de
línguas estrangeiras; ter capacidade
de aprendizagem contínua; desen-
volver traços comportamentais
como saber trabalhar em equipe e
saber lidar com pessoas; possuir
senso ético; e, acima de tudo, ter
capacidade de tomar decisões e de
resolver problemas.
Agora vem a pergunta: vale a
pena cursar economia e ser eco-
nomista? Para responder a esta
pergunta, considere a seguinte
função retorno: rt= w
t – c
t, onde r é
o retorno, w é a remuneração do
economista, c os custos de se
trabalhar e os gastos de atualização;
e t é o tempo. Evidentemente, w e c
dependem da oferta e da demanda, e
variam ao longo do tempo. A
determinação de w depende, do lado
da oferta, do número de economistas
no mercado de trabalho e, do lado
da demanda, do número de or-
ganizações (nos setores público e
privado) e do número de concor-
rentes que disputam espaços no
mercado de trabalho com os eco-
nomistas (engenheiros, adminis-
tradores e contadores). Outro fator
que afeta a demanda é a sinalização,
isto é, em que medida os econo-
mistas conseguem sinalizar as suas
habilidades para os seus deman-
dantes habituais e potenciais.
Vale a pena ser economista no
Brasil isto porque, conforme o
economista Marcelo Neri aponta no
estudo “O retorno da Educação no
Mercado de Trabalho” (www.fgv.br/
cps), o retorno econômico da
profissão é positivo. Contudo,
entende-se que esse retorno seria
bem maior caso houvesse melhora
na sinalização das habilidades do
economista para o mercado de
trabalho. O que se quer dizer é que
potenciais demandantes da profissão
não reconhecem no economista as
habilidades listadas, o que acaba
restringindo o campo de atuação do
economista.
Entende-se que cabe ao órgão
máximo de fiscalização da profissão
de economista – Conselho Federal de
Economia (Cofecon) – resolver esse
problema, tratando de verificar se as
habilidades referidas são efetiva-
mente desenvolvidas nos cursos de
graduação de economia e pro-
movendo ações de sinalização junto
ao mercado de trabalho.
Contexto Econômico okok.pmd 18/7/2007, 16:568