resenha Classicos da Antropologia

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As limitações do método comparativo da antropologia Boas expõe suas críticas à ideia do desenvolvimento comum das sociedades, mostrando novos métodos e formas de ver e compreender as causas das similaridades das culturas. O autor explica o que seria objeto da critica, as leis gerais de desenvolvimento das sociedades. Descobertas pela antropologia, as semelhanças fundamentais encontradas nas diversas culturas deram a esta ciência reconhecimento, uma vez que a partir das pesquisas fundadas nessa lei, seria possível utilizar seus resultados em prol da trilhação dos melhores caminhos para a humanidade. Refletindo a partir teoria de Bastian, o autor remonta a mudança na concepção dessas leis gerais. Anteriormente, semelhanças culturais eram provas da origem comum dos povos, atualmente essas similaridades podem ser fruto do funcionamento uniforme da mente humana. Dessa forma, não seriam necessariamente leis gerais, mas ideias universais, sob as quais Boas propõe a discussão acerca de sua origem e como se firmaram em diferentes culturas. Cita os trabalhos de Friedrich Ratzel e W.J. McGee, como exemplificação do método que se utiliza para reconhecer as causas que operam na formação da cultura. Esse método se dá pelo isolamento e classificação de causas, agrupando as variantes de certos fenômenos de acordo com as condições do ambiente em que vivem os povos, ou de acordo com as causas internas que influenciam estes indivíduos. Também cita os trabalhos de Stoll, que buscam expor os efeitos de fatores psíquicos no desenvolvimento das sociedades. Com isso, reflete sobre a provável troca cultural que acontece quando povos se encontram,

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Textos Classicos:* As limitações do método comparativo da antropologia* O Tempo dos Pioneiros* Os Pais Fundadores da Etnografia *Os Primeiros Teóricos da Antropologia.

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As limitaes do mtodo comparativo da antropologiaBoas expe suas crticas ideia do desenvolvimento comum das sociedades, mostrando novos mtodos e formas de ver e compreender as causas das similaridades das culturas.O autor explica o que seria objeto da critica, as leis gerais de desenvolvimento das sociedades. Descobertas pela antropologia, as semelhanas fundamentais encontradas nas diversas culturas deram a esta cincia reconhecimento, uma vez que a partir das pesquisas fundadas nessa lei, seria possvel utilizar seus resultados em prol da trilhao dos melhores caminhos para a humanidade.Refletindo a partir teoria de Bastian, o autor remonta a mudana na concepo dessas leis gerais. Anteriormente, semelhanas culturais eram provas da origem comum dos povos, atualmente essas similaridades podem ser fruto do funcionamento uniforme da mente humana. Dessa forma, no seriam necessariamente leis gerais, mas ideias universais, sob as quais Boas prope a discusso acerca de sua origem e como se firmaram em diferentes culturas.Cita os trabalhos de Friedrich Ratzel e W.J. McGee, como exemplificao do mtodo que se utiliza para reconhecer as causas que operam na formao da cultura. Esse mtodo se d pelo isolamento e classificao de causas, agrupando as variantes de certos fenmenos de acordo com as condies do ambiente em que vivem os povos, ou de acordo com as causas internas que influenciam estes indivduos. Tambm cita os trabalhos de Stoll, que buscam expor os efeitos de fatores psquicos no desenvolvimento das sociedades. Com isso, reflete sobre a provvel troca cultural que acontece quando povos se encontram, desmitificando a chamada imposio cultural. O autor ressalta que nessas investigaes, se utiliza de mtodos slidos e indutivos constataes com base em dados -, para poder isolar as causas dos fenmenos etnolgicos.Para Boas, o grande problema nessa questo reside na concepo de que quando se compara fenmenos culturais similares de diferentes culturas, est se supondo que o mesmo fenmeno tenha se desenvolvido nestas culturas da mesma maneira. No se pode acreditar nesse fato, segundo Franz, uma vez que tem-se inmeros exemplo de que os mesmos fenmenos podem desenvolver-se por vrios caminhos. Assim, Boas conclui (...) que a suposio fundamental to frequentemente formulada pelos antroplogos modernos no pode ser aceita como verdade em todos os casos. (BOAS, 2004, p. 31)Boas finaliza enfatizando que o mtodo histrico mais que necessrio para a descoberta das leis que governam o desenvolvimento da cultura, pois este faz uma comparao completa dos modos pelos quais as leis gerais se manifestam em diversas culturas.

O Tempo dos PioneirosNeste capitulo Laplantine elucida a ideologia e o trabalho dos pesquisadores-eruditos do sculo XIX, em que a antropologia se constitui verdadeiramente como uma disciplina autnoma. No sculo XVI, os estudiosos das civilizaes enquanto exploradores de espaos desconhecidos tinham um discurso selvagem sobre os habitantes desses espaos. E foi apenas no sculo XVII que houve a organizao desse discurso. Entretanto, foi somente no sculo XIX que se realizou a instaurao de ligaes entre os diversos espaos de reconstituio de temporalidades, constituindo assim a antropologia como a cincia das sociedades primitivas em todas as suas dimenses. O que permitiu esse avano nos estudos antropolgicos neste sculo foi o contexto geopoltico totalmente novo, que o da conquista colonial e da consequente partilha da frica entre as potncias europias. Nessa poca, a frica, a ndia, a Austrlia, a Nova Zelndia passam a ser povoadas de um nmero considervel de emigrantes europeus, e o papel do antroplogo da poca acompanhar de perto os passos dos colonos. A antropologia desenvolvida nesse mbito consideram os indgenas das sociedades extra-europias no mais como o selvagens do sculo XVIII e sim como o ancestral do civilizado. Ela se classifica, portanto, como evolucionista, em que as populaes em ritmos desiguais, passam pelas mesmas etapas at chegar civilizao. Esse evolucionismo abordado na obra de Morgan (Anciant Society) seguindo a lei de Haekcel, a qual diz que o indivduo atravessa as mesmas fases que a histria das espcies. Disso decorre a identificao dos povos primitivos aos vestgios da infncia da humanidade.Como caracterstica da antropologia evolucionista tem-se a ateno dada s populaes que aparecem como sendo as mais arcaicas do mundo, aborgines australianos e a origem absoluta das nossas prprias instituies; ao estudo do parentesco e a ideia do matriarcado primitivo; e da religio, em que a rea dos mitos, da magia e das crenas parece-nos reveladora ao da abordagem e do esprito do evolucionismo.O pensamento da antropologia evolucionista organiza-se, entretanto, em torno de suas sries crticas, elucidadas na importncia do "atraso" das outras sociedades extra-ocidentais e do evolucionismo sendo a justificao do colonialismo. No primeiro aspecto, esta antropologia elege o "arcasmo" ou a "primitividade" como fases inferiores da Histria se comparado vertente simtrica e inversa da modernidade do Ocidente; o qual define o acesso civilizao em funo dos valores da poca: produo econmica, religio monotesta, propriedade privada, famlia monogmica, moral vitoriana

Os Pais Fundadores da Etnografia e Os Primeiros Tericos da Antropologia.Antes de falarmos sobre o respectivo texto iniciaremos falando sobre a definio da etnografia para que possamos abrir a leitura do texto entendendo o seu significado. A etnografia por excelncia o mtodo utilizado pela antropologia na coleta de dados com intuito de descrever os costumes e as tradies de um grupo humano. A etnografia propriamente dita s comea a existir a partir do momento na qual se percebe que o pesquisador deve ele mesmo efetuar no campo sua prpria pesquisa, e que esse trabalho de observao direta parte da pesquisa. A partir do primeiro tero do sculo XX inicia uma ruptura de reparties das tarefas que era dividida entre observador e pesquisador. O observador tinha a funo de viajante, missionrio, administrador, colhendo as informaes e passando para o pesquisador que permanecia em cidades centrais com a funo de receber, analisar e interpretar essas informaes. Desde ento o pesquisador compreende que ele deve deixar seu local de trabalho e ir ao trabalho de campo, tornando-se no mais um conhecimento secundrio, mas considerado a prpria fonte de pesquisa em busca de viver e conviver uma vida diferente, conhecendo e aprendendo lnguas, como tambm a viver a cultura, os costumes, a sentir suas prprias emoes dentro de si, dispondo-se em aprender atentamente. Vrios so os pesquisadores que contriburam na elaborao da etnografia e da etnologia contempornea, e segundo Franois Laplantine se destacam Franz Boas e Bronislaw Malinowski. Para Boas nada poderia passar despercebido, tudo tinha que ser registrado, tudo deveria ser objeto da descrio, o mais minucioso possvel. Mesmo Boas tendo vasto conhecimento, nunca escreveu nenhum livro destinado ao pblico erudito, como tambm nunca formulou uma verdadeira teoria. De qualquer modo, sua influencia foi considervel e enquanto professor, o grande pedagogo formou a primeira gerao de antroplogos americanos, tornando-se o mestre da antropologia americana na primeira metade do sculo XX. J Malinowski procurou se aprofundar ao mximo na antropologia tanto que diferentemente de Boas, ele publicou a sua primeira obra, Os Argonautas do Pacifico Ocidental. Boas procurava definir correlaes entre o maior nmero de variveis, detalhando bem a sua pesquisa, j Malinowski considerava esse trabalho uma aberrao. Segundo ele a partir de um nico objeto, por mais simples que fosse ali apareceria o perfil do conjunto de uma sociedade. A partir de sua publicao criou-se antropologia audiovisual, j que um dos recursos da publicao era o uso de fotografias, atravs do mesmo ele pde passar aos seus eleitores aquilo que ele tinha visto, ouvido e sentido. Sendo assim, Boas e Malinowski foram os fundadores da etnografia. Para toda prtica existe a terica e na antropologia no diferente. Os primeiros tericos da antropologia so Durkheim e Mauss, eles forneceram a antropologia tanto o quadro terico quando os instrumentos que lhe faltavam ainda. Durkheim tinha uma preocupao maior que era estudar o fenmeno social, pois dele deriva a prpria vida, como tambm regras jurdicas, morais, econmicas, religiosos, polticos... Sendo assim um dos pais fundadores da sociologia. Mauss vai trabalhar incansavelmente durante toda sua vida para que a antropologia seja reconhecida como uma cincia verdadeira e no como uma disciplina anexa. Em face do que foi posto acima, levando em considerao os pensamentos de cada um dos estudiosos citados, impossvel deixar de reconhecer o inegvel valor de contribuio histrica da etnografia para a cincia da antropologia.