Resenha Crítica- Holocausto Brasileiro
-
Upload
nara-cardonna -
Category
Documents
-
view
216 -
download
0
Transcript of Resenha Crítica- Holocausto Brasileiro
-
8/18/2019 Resenha Crítica- Holocausto Brasileiro
1/5
NARA CARDONA
Oitavo período
Psicologia-Noite
ARBEX, D. Holocausto Brasileiro – !o Paulo.
"era#!o, $%&'.
APREEN(A)*O
Lançado em junho de dois mil e treze, o livro dá voz às vítimas do maior hospício
brasileiro localizado em Barbacena/MG. !Colônia” como " chamado, começou a #uncionar
em $%&' e ainda está em atividade. (ntre a data da sua abertura e o início da d"cada de )&,
início de uma re#orma no sector da sa*de mental no Brasil, era o destino de desa#etos,
homosse+uais, militantes políticos, mes solteiras, alcoolistas, mendi-os, ne-ros, pobres,
pessoas sem documentos e todos os tipos de indesejados, inclusive os chamados insanos.
!erca de &0 no tinham dia-n1stico de doença mental, era -ente 2ue se rebelava,
-ente 2ue se tornara inc3moda para al-u"m com mais poder. (ram meninas -rávidas,
violentadas por seus patr4es, eram esposas con#inadas para 2ue o marido pudesse morar com a
amante, eram #ilhas de #azendeiros as 2uais perderam a vir-indade antes do casamento. (ram
homens e mulheres 2ue haviam e+traviado seus documentos. 5l-uns eram apenas tímidos. 6elo
menos trinta e tr7s eram crianças.
livro p4e o dedo, em uma #erida anti-a e ainda aberta na sociedade, o preconceito 2ue
#az com 2ue o di#erente seja sempre visto como anormal. 2ue se praticou no 8ospício de
Barbacena #oi um -enocídio, com 9& mil mortes. :m holocausto praticado pelo (stado, com a
coniv7ncia de m"dicos, #uncionários e da populaço, pois nenhuma violaço dos direitos
humanos mais básicos se sustenta por tanto tempo sem a omisso da sociedade.
+NBO"RAA
;aniela 5rbe+ ocial pela :niversidade ?ederal de
@uiz de ?ora em $%%A, iniciou a carreira no jornal ribuna de Minas, do 2ual atualmente "
rep1rter especial. Mesmo trabalhando distante dos -randes centros, conse-uiu reconhecimento
-
8/18/2019 Resenha Crítica- Holocausto Brasileiro
2/5
para o seu trabalho de rep1rter investi-ativa. C uma das jornalistas do Brasil mais premiadas de
sua -eraço. Dep1rter especial do jornal ribuna de Minas há $) anos, tem no currículo mais de
=& pr7mios nacionais e internacionais, entre eles tr7s pr7mios (sso, o mais recente recebido em
=&$= com a s"rie !8olocausto brasileiroE, dois pr7mios Fladimir 8erzo- menço honrosaH, o
Ini-ht Jnternational @ournalism 5Kard, entre-ue nos (stados :nidos =&$&H, e o pr7mio J6>
de Melhor Jnvesti-aço @ornalística da 5m"rica Latina e aribe ranspar7ncia Jnternacional e
Jnstituto 6rensa >ociedadH, recebido por ela em =&&%, 2uando #oi vencedora, e =&$= menço
honrosaH. (m =&&=, ela #oi premiada na (uropa com o Natali 6rize menço honrosaH.
REENHA CR(CA
;urante os anos de $%'&O$%)&, o hospital psi2uiátrico de Barbacena em Minas Gerais
recebeu milhares de pessoas 2ue #oram internadas como doentes mentais. !ol3niaE era uma
mistura ecl"tica, considerado um campo de concentraço, 2ue matou mais de 9& mil pessoas
2ue perdiam no s1 a identidade, mas a di-nidade e a liberdade para e+istir. >o relatos
pro#undos e pro#anos da conduta humana, onde #oi palco para desumanidades absurdas com os
pacientes, tais como dei+áOlos nus sendo torturados pelo #rio a c"u aberto, no pátio em 2ue
passavam o dia todo, dormiam sobre capim, e eram dei+ados à espera da morte sem tratamentos
ade2uados, comiam #ezes e ratos por conta da #ome 2ue passavam e bebiam á-ua do es-oto, o
resultado dessa e2uaço trá-ica no " di#ícil de ima-inar. ;iarreia, #rio e #ome matavam a todo
instante e, tinham sess4es de lobotomia e eletrocho2ue, as 2uais levavam à morte centenas
deles.
s moradores ali admitidos #oram #orçados a participar de um -enocídio sistemático,
onde o (stado de Minas, m"dicos, #uncionários e a sociedade 2ue participavam direta ou
indiretamente com as atrocidades 2ue ali ocorriam, eram omissos. (ram coniventes. 5 maioria
cerca de &0H dos admitidos na2uele antro de putre#aço in vivo, morriam principalmente de
invisibilidade para a sociedade. oda hist1ria tem outra por trás dela. 5 do 8olocausto
Brasileiro no #o-e a esta re-ra. Puem lá entrou perdeu toda a esperança de ser tratado como
-ente de verdade. 5 #alta de respeito era to -rande 2ue os corpos eram vendidos como #orma de
an-ariar dinheiro, nada se perdia tudo tinha um destino especí#ico.
descaso diante da realidade nos trans#orma em prisioneiros dela. 5o i-noráOla, nos
tornamos c*mplices dos crimes 2ue se repetem diariamente diante de nossos olhos. (n2uanto o
sil7ncio acobertar a indi#erença, a sociedade continuará avançando em direço ao passado de
barbárie. ntem #oram os judeus e os loucos, hoje, os indesejáveis, so os pobres, os ne-ros, os
dependentes 2uímicos, e, com eles, temos o retorno das internaç4es compuls1rias temporárias.
emos muito ainda o 2ue melhorar na psi2uiatria brasileira, e o holocausto brasileiro está aí para
mostrar por2ue " importante insistirmos na mudança todos os dias.
-
8/18/2019 Resenha Crítica- Holocausto Brasileiro
3/5
!ol3niaE representa o 2ue há de maior ver-onha para a medicina deste país, tudo
isso com aval do estado, m"dicos, #uncionários e sociedade da "poca. ?ica a per-untaQ 6or 2ue
isso aconteceuR Pual tipo de personalidade no se importa com a vida humanaR >em d*vida um
livro chocante, essencial para encararmos a cara oculta da vida bonita 2ue levamos e nos
mostrar a #ace oculta do poder 2ue tudo #az, e e+i-ir o #im da viol7ncia, especialmente por parte
do estado, 2ue mata e dei+a morrer pessoas at" hoje. ( o pior de tudo o 2ue aconteceu no
!ol3niaE " a injustiça, nin-u"m #oi preso, os diretores e #uncionários todos se aposentaram,
continuaram recebendo seus salários normalmente e azar se eles torturaram, abusaram e
humilharam pacientes.
Jsso nos remete a pensar no #uncionamento da personalidade de cada um dos
componentes dos -rupos e+istentes e o #uncionamento desta instituiçoQ o (stado de Minas,
representado pelos seus políticos, tanto da es#era estadual 2uanto municipal, m"dicos,
#uncionários e a sociedade. >1 podemos pensar em personalidades e+a-eradamente narcisistas,
à2uelas 2ue do -rande importSncia para sua autoestima, possuem um e-ocentrismo espantoso,
e noç4es do 2ue " correto. No entanto, pensam 2ue so o centro do universo, seres superiores,
2ue a-em de acordo com suas pr1prias re-ras. 5 ine+ist7ncia do sentimento de culpa, de
responsabilidade, de identi#icaço com o outro, eis as características principais de um ser
humano 2ue so#re de psicopatia, e no paremos por aí. :ma das marcas dos indivíduos 2ue na
política se v7m com e+cesso de autore#er7ncia, indivíduos 2ue #alam de si mesmos
e+a-eradamente e com muita compai+o ou vaidade, em -eral " por2ue nutrem pouco
sentimento pelo outro.
5 psicopatia uma patolo-ia, o termo " usado, na verdade, para de#inir uma -rande
2uantidade de pessoas 2ue tem um tipo de personalidade, uma maneira especí#ica de ver o
mundo, uma #orma de usar as outras pessoas para obter diverso, status ou poder. 5na Beatriz
compara a mente do psicopata com m*sica, ou seja, a pessoa no entende a melodia, mas sabe a
letra, ento racionalmente ela sabe o 2ue dizer para a-radar, como tem 2ue se comportar etc.,
mas no possui 2ual2uer sentimento de compai+o ou verdadeiro interesse pelo outro, >JLF5,
=&$=H. ;iz a autora, 2ue a maioria dos psicopatas, portanto, no so criminosos, matadores ouassassinos em s"rie. >o pessoas inescrupulosas 2ue em -eral esto muito perto da -ente, so
a2uelas pessoas portadoras de um -rau leve de psicopatia, dentre essas pessoas, diz a autora,
esto os políticos corruptos reincidentes.
6ensando assim, por 2ue os -rupos de candidatos, em 2ual2uer das es#eras, para, os
representarem, m"dicos os tratarem, e #uncionários os cuidarem, no #oram submetidos a testes
projetivos. 5s t"cnicas projetivas representam mais uma #orma de estudar a personalidade e
os testes de personalidade projetivos so instrumentos bem aceitos pelos psic1lo-os clínicos na
investi-aço de aspectos da personalidade, sem testes, entretanto, no temos dados para embasar
http://www.psicologiananet.com.br/?s=teste+de+personalidadehttp://www.psicologiananet.com.br/?s=teste+de+personalidadehttp://www.psicologiananet.com.br/?s=teste+de+personalidadehttp://www.psicologiananet.com.br/?s=teste+de+personalidade
-
8/18/2019 Resenha Crítica- Holocausto Brasileiro
4/5
2ual2uer sinal e+istente e mostrar 2uanto doentios eram os inte-rantes dos -rupos instalados,
tanto na sociedade, #uncionários e entre a2ueles 2ue os representavam.
>e o omportamento humano " o estudo do comportamento do ser humano, e tem como
objetivo ajudar a entender as aç4es realizadas pelas pessoas em determinadas situaç4es, bem
como os motivos 2ue condicionam tais aç4es, e todas as possíveis alteraç4es 2ue o meio e as
relaç4es sociais, ao lon-o da vida, proporcionam a cada um e aos -rupos, por 2ue no #oram
estudadas as causas dos comportamentos nos diversos -rupos em Barbacena da "pocaR
>e pensarmos 2uanto psicolo-ia da sa*de, 2ue " um campo 2ue estuda as in#lu7ncias
psicol1-icas na sa*de, os #atores responsáveis pelo adoecimento e as mudanças de
comportamento das pessoas no adoecer , ela no se restrin-e apenas a ambientes hospitalares ou
a centros de sa*de, mas se dedica tamb"m a todos os pro-ramas 2ue venham a en#ocar a sa*de
#ísica e mental coletiva, com o intuito de promover e prote-er a sa*de. C tamb"m seu objetivo,
prevenir e tratar en#ermidades, bem como identi#icar etiolo-ias e dis#unç4es associadas às
doenças, al"m da análise e melhoria do sistema de cuidados de sa*de e aper#eiçoamento da
política de sa*de. 5 psicolo-ia na sa*de utiliza, cada vez mais, conhecimentos básicos da
ci7ncia psicol1-ica e suas e+tens4es no campo da sa*de, avaliando o impacto do
comportamento na sa*de e viceOversa.
omo no suspeitar de um comportamento doentio numa instituiço 2ue tinha como um
dos pressupostos o interesse *nico em entre-ar uma ala con#orme o depoimento de um e+O
internoQ T5 -ente tinha 2ue acordar os pacientes às A horas para entre-ar o pavilho em ordem
ao pr1+imo planto 2ue começava às horas. (les eram colocados no pátio houvesse o #rio 2ue
#osse. s doentes #icavam lá o dia inteiro e s1 voltavam aos pr"dios no início da noite para
dormirE. 5 nossa vida cotidiana " demarcada pela vida em -rupo. (stamos a todo tempo nos
relacionando com outras pessoas. 5s pessoas precisam combinar al-umas re-ras para viverem
juntas. 5 esse tipo de re-ularidade normatizada pela vida em -rupo chamamos de
institucionalizaço.
processo de institucionalizaço começa com o estabelecimento de re-ularidades
comportamentais. 5s pessoas aos poucos descobrem a #orma mais rápida, simples e econ3micade realizar tare#as do cotidiano. 5 instituiço " um valor ou re-ra social reproduzida no
cotidiano com estatuto de verdade, 2ue serve como -uia básico de comportamento e de padro
"tico para as pessoas, em -eral. >e a instituiço " o corpo de re-ras e valores, a base concreta da
sociedade " a or-anizaço. 5s or-anizaç4es, entendidas a2ui de #orma substantiva representam o
aparato 2ue reproduz o 2uadro de instituiç4es no cotidiano da sociedade. elemento 2ue
completa a dinSmica de construço social da realidade " o -rupo U o lu-ar onde a instituiço se
realiza.
2ue me per-unto no campo da 6sicolo-ia " o 2ue levaria um -rupo a se-uir aorientaço de um líder autocrático, mesmo 2ue, para isso, #osse preciso colocar em risco sua
http://www.psicologiananet.com.br/intervencao-psicologica-no-hospital-a-psicologia-inserida-na-equipe-interdisciplinar-e-a-contribuicao-da-intervencao-junto-ao-paciente-hospitalizado/1691/http://www.psicologiananet.com.br/intervencao-psicologica-no-hospital-a-psicologia-inserida-na-equipe-interdisciplinar-e-a-contribuicao-da-intervencao-junto-ao-paciente-hospitalizado/1691/http://www.psicologiananet.com.br/aspectos-psicologicos-presentes-na-mulher-que-sofre-com-cancer-de-mama/1661/http://www.psicologiananet.com.br/aspectos-psicologicos-presentes-na-mulher-que-sofre-com-cancer-de-mama/1661/http://www.psicologiananet.com.br/intervencao-psicologica-no-hospital-a-psicologia-inserida-na-equipe-interdisciplinar-e-a-contribuicao-da-intervencao-junto-ao-paciente-hospitalizado/1691/http://www.psicologiananet.com.br/intervencao-psicologica-no-hospital-a-psicologia-inserida-na-equipe-interdisciplinar-e-a-contribuicao-da-intervencao-junto-ao-paciente-hospitalizado/1691/http://www.psicologiananet.com.br/aspectos-psicologicos-presentes-na-mulher-que-sofre-com-cancer-de-mama/1661/http://www.psicologiananet.com.br/aspectos-psicologicos-presentes-na-mulher-que-sofre-com-cancer-de-mama/1661/
-
8/18/2019 Resenha Crítica- Holocausto Brasileiro
5/5
pr1pria subjetividade. omo já #oi dito anteriormente, se-undo LeKin, as pessoas vivem, em
nossa sociedade, em campos institucionalizados. (m al-uns casos, a institucionalizaço nos
obri-a a conviver com pessoas 2ue no escolhemos. (m uma liderança autocrática, o líder
centraliza totalmente a autoridade e as decis4es e os subordinados no t7m nenhuma liberdade
de escolha. 5 liderança autocrática en#atiza somente o líder. líder autocrático " dominadorV
emite ordens e espera obedi7ncia plena e ce-a dos subordinadosV " temido pelo -rupoV 2uando
este se ausenta, o -rupo pouco produz e há uma tend7ncia a se tornarem indisciplinados.
s -rupos submetidos à liderança autocrática apresentam evidentes sinais de tenso,
#rustraço, a-ressividade. líder autocrático " tipicamente ne-ativo, baseia suas aç4es em
ameaças e puniç4es. Nas #rustraç4es, esses -rupos tendem a se dissolver, atrav"s de
recriminaç4es e acusaç4es pessoais.
-rupo dentro do ol3nia, era a-ressivo, 2uando impunha nenhum cuidado às pessoas,
2uando impunha so#rimento, #ome, sujeira, descaso e violaç4es diversas a seus internos.
Puando um -rupo se estabelece, os #en3menos -rupais anteriormente mencionados passam a
atuar sobre as pessoas individualmente e sobre o -rupo, " o 2ue se denomina processo -rupal. 5
coeso -rupal está li-ada a certeza de #idelidade dos membros com o -rupo. :ma #idelidade às
atrocidades, ao descaso, a injustiça.
2ue às #amílias pensavam sobre isso, o 2ue passavam para elas, 2uando iam internar
seu #ilho, #ilha ou maridoR >empre encontravam uma desculpa para dizer 2ue seu #ilho so#ria de
uma doença mental e eram acobertados pelos psi2uiatras, 2ue emitiam laudos #alsos e assim
ludibriavam e sei#avam às #amílias de seus entes 2ueridos.
?oram indivíduos 2ue desrespeitaram e violaram os direitos dos outros, no se
con#ormando com normas. Mentirosos, en-anadores e impulsivos sempre procurando obter
vanta-ens sobre os outros. Jrresponsáveis e com total aus7ncia de remorsos, mesmo 2ue di-am
2ue t7m, mais uma vez tentando levar vanta-ens. >er responsável com o outro demonstra
respeito consi-o e com os outros.
holocausto brasileiro evidencia de #orma clara e ameaçadora onde estamos inseridos
socialmente, se pensarmos em -rupos sociais, por2ue toda a instituiço tem dentro dela uma parcela de sua sociedade.