Resenha Crítica- Holocausto Brasileiro

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  • 8/18/2019 Resenha Crítica- Holocausto Brasileiro

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    NARA CARDONA

      Oitavo período

    Psicologia-Noite

    ARBEX, D. Holocausto Brasileiro – !o Paulo.

    "era#!o, $%&'.

    APREEN(A)*O

    Lançado em junho de dois mil e treze, o livro dá voz às vítimas do maior hospício

     brasileiro localizado em Barbacena/MG. !Colônia” como " chamado, começou a #uncionar 

    em $%&' e ainda está em atividade. (ntre a data da sua abertura e o início da d"cada de )&,

    início de uma re#orma no sector da sa*de mental no Brasil, era o destino de desa#etos,

    homosse+uais, militantes políticos, mes solteiras, alcoolistas, mendi-os, ne-ros, pobres,

     pessoas sem documentos e todos os tipos de indesejados, inclusive os chamados insanos.

    !erca de &0 no tinham dia-n1stico de doença mental, era -ente 2ue se rebelava,

    -ente 2ue se tornara inc3moda para al-u"m com mais poder. (ram meninas -rávidas,

    violentadas por seus patr4es, eram esposas con#inadas para 2ue o marido pudesse morar com a

    amante, eram #ilhas de #azendeiros as 2uais perderam a vir-indade antes do casamento. (ram

    homens e mulheres 2ue haviam e+traviado seus documentos. 5l-uns eram apenas tímidos. 6elo

    menos trinta e tr7s eram crianças.

    livro p4e o dedo, em uma #erida anti-a e ainda aberta na sociedade, o preconceito 2ue

    #az com 2ue o di#erente seja sempre visto como anormal. 2ue se praticou no 8ospício de

    Barbacena #oi um -enocídio, com 9& mil mortes. :m holocausto praticado pelo (stado, com a

    coniv7ncia de m"dicos, #uncionários e da populaço, pois nenhuma violaço dos direitos

    humanos mais básicos se sustenta por tanto tempo sem a omisso da sociedade.

    +NBO"RAA

    ;aniela 5rbe+ ocial pela :niversidade ?ederal de

    @uiz de ?ora em $%%A, iniciou a carreira no jornal ribuna de Minas, do 2ual atualmente "

    rep1rter especial. Mesmo trabalhando distante dos -randes centros, conse-uiu reconhecimento

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     para o seu trabalho de rep1rter investi-ativa. C uma das jornalistas do Brasil mais premiadas de

    sua -eraço. Dep1rter especial do jornal ribuna de Minas há $) anos, tem no currículo mais de

    =& pr7mios nacionais e internacionais, entre eles tr7s pr7mios (sso, o mais recente recebido em

    =&$= com a s"rie !8olocausto brasileiroE, dois pr7mios Fladimir 8erzo- menço honrosaH, o

    Ini-ht Jnternational @ournalism 5Kard, entre-ue nos (stados :nidos =&$&H, e o pr7mio J6>

    de Melhor Jnvesti-aço @ornalística da 5m"rica Latina e aribe ranspar7ncia Jnternacional e

    Jnstituto 6rensa >ociedadH, recebido por ela em =&&%, 2uando #oi vencedora, e =&$= menço

    honrosaH. (m =&&=, ela #oi premiada na (uropa com o Natali 6rize menço honrosaH.

    REENHA CR(CA

    ;urante os anos de $%'&O$%)&, o hospital psi2uiátrico de Barbacena em Minas Gerais

    recebeu milhares de pessoas 2ue #oram internadas como doentes mentais. !ol3niaE era uma

    mistura ecl"tica, considerado um campo de concentraço, 2ue matou mais de 9& mil pessoas

    2ue perdiam no s1 a identidade, mas a di-nidade e a liberdade para e+istir. >o relatos

     pro#undos e pro#anos da conduta humana, onde #oi palco para desumanidades absurdas com os

     pacientes, tais como dei+áOlos nus sendo torturados pelo #rio a c"u aberto, no pátio em 2ue

     passavam o dia todo, dormiam sobre capim, e eram dei+ados à espera da morte sem tratamentos

    ade2uados, comiam #ezes e ratos por conta da #ome 2ue passavam e bebiam á-ua do es-oto, o

    resultado dessa e2uaço trá-ica no " di#ícil de ima-inar. ;iarreia, #rio e #ome matavam a todo

    instante e, tinham sess4es de lobotomia e eletrocho2ue, as 2uais levavam à morte centenas

    deles.

     s moradores ali admitidos #oram #orçados a participar de um -enocídio sistemático,

    onde o (stado de Minas, m"dicos, #uncionários e a sociedade 2ue participavam direta ou

    indiretamente com as atrocidades 2ue ali ocorriam, eram omissos. (ram coniventes. 5 maioria

    cerca de &0H dos admitidos na2uele antro de putre#aço in vivo, morriam principalmente de

    invisibilidade para a sociedade. oda hist1ria tem outra por trás dela. 5 do 8olocausto

    Brasileiro no #o-e a esta re-ra. Puem lá entrou perdeu toda a esperança de ser tratado como

    -ente de verdade. 5 #alta de respeito era to -rande 2ue os corpos eram vendidos como #orma de

    an-ariar dinheiro, nada se perdia tudo tinha um destino especí#ico.

    descaso diante da realidade nos trans#orma em prisioneiros dela. 5o i-noráOla, nos

    tornamos c*mplices dos crimes 2ue se repetem diariamente diante de nossos olhos. (n2uanto o

    sil7ncio acobertar a indi#erença, a sociedade continuará avançando em direço ao passado de

     barbárie. ntem #oram os judeus e os loucos, hoje, os indesejáveis, so os pobres, os ne-ros, os

    dependentes 2uímicos, e, com eles, temos o retorno das internaç4es compuls1rias temporárias.

    emos muito ainda o 2ue melhorar na psi2uiatria brasileira, e o holocausto brasileiro está aí para

    mostrar por2ue " importante insistirmos na mudança todos os dias.

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      !ol3niaE representa o 2ue há de maior ver-onha para a medicina deste país, tudo

    isso com aval do estado, m"dicos, #uncionários e sociedade da "poca. ?ica a per-untaQ 6or 2ue

    isso aconteceuR Pual tipo de personalidade no se importa com a vida humanaR >em d*vida um

    livro chocante, essencial para encararmos a cara oculta da vida bonita 2ue levamos e nos

    mostrar a #ace oculta do poder 2ue tudo #az, e e+i-ir o #im da viol7ncia, especialmente por parte

    do estado, 2ue mata e dei+a morrer pessoas at" hoje. ( o pior de tudo o 2ue aconteceu no

    !ol3niaE " a injustiça, nin-u"m #oi preso, os diretores e #uncionários todos se aposentaram,

    continuaram recebendo seus salários normalmente e azar se eles torturaram, abusaram e

    humilharam pacientes.

      Jsso nos remete a pensar no #uncionamento da personalidade de cada um dos

    componentes dos -rupos e+istentes e o #uncionamento desta instituiçoQ o (stado de Minas,

    representado pelos seus políticos, tanto da es#era estadual 2uanto municipal, m"dicos,

    #uncionários e a sociedade. >1 podemos pensar em personalidades e+a-eradamente narcisistas,

    à2uelas 2ue do -rande importSncia para sua autoestima, possuem um e-ocentrismo espantoso,

    e noç4es do 2ue " correto. No entanto, pensam 2ue so o centro do universo, seres superiores,

    2ue a-em de acordo com suas pr1prias re-ras. 5 ine+ist7ncia do sentimento de culpa, de

    responsabilidade, de identi#icaço com o outro, eis as características principais de um ser 

    humano 2ue so#re de psicopatia, e no paremos por aí. :ma das marcas dos indivíduos 2ue na

     política se v7m com e+cesso de autore#er7ncia, indivíduos 2ue #alam de si mesmos

    e+a-eradamente e com muita compai+o ou vaidade, em -eral " por2ue nutrem pouco

    sentimento pelo outro.

    5 psicopatia uma patolo-ia, o termo " usado, na verdade, para de#inir uma -rande

    2uantidade de pessoas 2ue tem um tipo de personalidade, uma maneira especí#ica de ver o

    mundo, uma #orma de usar as outras pessoas para obter diverso, status ou poder. 5na Beatriz

    compara a mente do psicopata com m*sica, ou seja, a pessoa no entende a melodia, mas sabe a

    letra, ento racionalmente ela sabe o 2ue dizer para a-radar, como tem 2ue se comportar etc.,

    mas no possui 2ual2uer sentimento de compai+o ou verdadeiro interesse pelo outro, >JLF5,

    =&$=H. ;iz a autora, 2ue a maioria dos psicopatas, portanto, no so criminosos, matadores ouassassinos em s"rie. >o pessoas inescrupulosas 2ue em -eral esto muito perto da -ente, so

    a2uelas pessoas portadoras de um -rau leve de psicopatia, dentre essas pessoas, diz a autora,

    esto os políticos corruptos reincidentes.

    6ensando assim, por 2ue os -rupos de candidatos, em 2ual2uer das es#eras, para, os

    representarem, m"dicos os tratarem, e #uncionários os cuidarem, no #oram submetidos a testes

     projetivos. 5s t"cnicas projetivas representam mais uma #orma de estudar a personalidade e

    os testes de personalidade  projetivos so instrumentos bem aceitos pelos psic1lo-os clínicos na

    investi-aço de aspectos da personalidade, sem testes, entretanto, no temos dados para embasar 

    http://www.psicologiananet.com.br/?s=teste+de+personalidadehttp://www.psicologiananet.com.br/?s=teste+de+personalidadehttp://www.psicologiananet.com.br/?s=teste+de+personalidadehttp://www.psicologiananet.com.br/?s=teste+de+personalidade

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    2ual2uer sinal e+istente e mostrar 2uanto doentios eram os inte-rantes dos -rupos instalados,

    tanto na sociedade, #uncionários e entre a2ueles 2ue os representavam.

    >e o omportamento humano " o estudo do comportamento do ser humano, e tem como

    objetivo ajudar a entender as aç4es realizadas pelas pessoas em determinadas situaç4es, bem

    como os motivos 2ue condicionam tais aç4es, e todas as possíveis alteraç4es 2ue o meio e as

    relaç4es sociais, ao lon-o da vida, proporcionam a cada um e aos -rupos, por 2ue no #oram

    estudadas as causas dos comportamentos nos diversos -rupos em Barbacena da "pocaR

    >e pensarmos 2uanto psicolo-ia da sa*de, 2ue " um campo 2ue estuda as in#lu7ncias

     psicol1-icas na sa*de, os #atores responsáveis pelo adoecimento e as mudanças de

    comportamento das pessoas no adoecer , ela no se restrin-e apenas a ambientes hospitalares ou

    a centros de sa*de, mas se dedica tamb"m a todos os pro-ramas 2ue venham a en#ocar a sa*de

    #ísica e mental coletiva, com o intuito de promover e prote-er a sa*de. C tamb"m seu objetivo,

     prevenir e tratar en#ermidades, bem como identi#icar etiolo-ias e dis#unç4es associadas às

    doenças, al"m da análise e melhoria do sistema de cuidados de sa*de e aper#eiçoamento da

     política de sa*de. 5 psicolo-ia na sa*de utiliza, cada vez mais, conhecimentos básicos da

    ci7ncia psicol1-ica e suas e+tens4es no campo da sa*de, avaliando o impacto do

    comportamento na sa*de e viceOversa.

    omo no suspeitar de um comportamento doentio numa instituiço 2ue tinha como um

    dos pressupostos o interesse *nico em entre-ar uma ala con#orme o depoimento de um e+O

    internoQ T5 -ente tinha 2ue acordar os pacientes às A horas para entre-ar o pavilho em ordem

    ao pr1+imo planto 2ue começava às horas. (les eram colocados no pátio houvesse o #rio 2ue

    #osse. s doentes #icavam lá o dia inteiro e s1 voltavam aos pr"dios no início da noite para

    dormirE. 5 nossa vida cotidiana " demarcada pela vida em -rupo. (stamos a todo tempo nos

    relacionando com outras pessoas. 5s pessoas precisam combinar al-umas re-ras para viverem

     juntas. 5 esse tipo de re-ularidade normatizada pela vida em -rupo chamamos de

    institucionalizaço.

    processo de institucionalizaço começa com o estabelecimento de re-ularidades

    comportamentais. 5s pessoas aos poucos descobrem a #orma mais rápida, simples e econ3micade realizar tare#as do cotidiano. 5 instituiço " um valor ou re-ra social reproduzida no

    cotidiano com estatuto de verdade, 2ue serve como -uia básico de comportamento e de padro

    "tico para as pessoas, em -eral. >e a instituiço " o corpo de re-ras e valores, a base concreta da

    sociedade " a or-anizaço. 5s or-anizaç4es, entendidas a2ui de #orma substantiva representam o

    aparato 2ue reproduz o 2uadro de instituiç4es no cotidiano da sociedade. elemento 2ue

    completa a dinSmica de construço social da realidade " o -rupo U o lu-ar onde a instituiço se

    realiza.

    2ue me per-unto no campo da 6sicolo-ia " o 2ue levaria um -rupo a se-uir aorientaço de um líder autocrático, mesmo 2ue, para isso, #osse preciso colocar em risco sua

    http://www.psicologiananet.com.br/intervencao-psicologica-no-hospital-a-psicologia-inserida-na-equipe-interdisciplinar-e-a-contribuicao-da-intervencao-junto-ao-paciente-hospitalizado/1691/http://www.psicologiananet.com.br/intervencao-psicologica-no-hospital-a-psicologia-inserida-na-equipe-interdisciplinar-e-a-contribuicao-da-intervencao-junto-ao-paciente-hospitalizado/1691/http://www.psicologiananet.com.br/aspectos-psicologicos-presentes-na-mulher-que-sofre-com-cancer-de-mama/1661/http://www.psicologiananet.com.br/aspectos-psicologicos-presentes-na-mulher-que-sofre-com-cancer-de-mama/1661/http://www.psicologiananet.com.br/intervencao-psicologica-no-hospital-a-psicologia-inserida-na-equipe-interdisciplinar-e-a-contribuicao-da-intervencao-junto-ao-paciente-hospitalizado/1691/http://www.psicologiananet.com.br/intervencao-psicologica-no-hospital-a-psicologia-inserida-na-equipe-interdisciplinar-e-a-contribuicao-da-intervencao-junto-ao-paciente-hospitalizado/1691/http://www.psicologiananet.com.br/aspectos-psicologicos-presentes-na-mulher-que-sofre-com-cancer-de-mama/1661/http://www.psicologiananet.com.br/aspectos-psicologicos-presentes-na-mulher-que-sofre-com-cancer-de-mama/1661/

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     pr1pria subjetividade. omo já #oi dito anteriormente, se-undo LeKin, as pessoas vivem, em

    nossa sociedade, em campos institucionalizados. (m al-uns casos, a institucionalizaço nos

    obri-a a conviver com pessoas 2ue no escolhemos. (m uma liderança autocrática, o líder 

    centraliza totalmente a autoridade e as decis4es e os subordinados no t7m nenhuma liberdade

    de escolha. 5 liderança autocrática en#atiza somente o líder. líder autocrático " dominadorV

    emite ordens e espera obedi7ncia plena e ce-a dos subordinadosV " temido pelo -rupoV 2uando

    este se ausenta, o -rupo pouco produz e há uma tend7ncia a se tornarem indisciplinados.

    s -rupos submetidos à liderança autocrática apresentam evidentes sinais de tenso,

    #rustraço, a-ressividade. líder autocrático " tipicamente ne-ativo, baseia suas aç4es em

    ameaças e puniç4es. Nas #rustraç4es, esses -rupos tendem a se dissolver, atrav"s de

    recriminaç4es e acusaç4es pessoais.

    -rupo dentro do ol3nia, era a-ressivo, 2uando impunha nenhum cuidado às pessoas,

    2uando impunha so#rimento, #ome, sujeira, descaso e violaç4es diversas a seus internos.

    Puando um -rupo se estabelece, os #en3menos -rupais anteriormente mencionados passam a

    atuar sobre as pessoas individualmente e sobre o -rupo, " o 2ue se denomina processo -rupal. 5

    coeso -rupal está li-ada a certeza de #idelidade dos membros com o -rupo. :ma #idelidade às

    atrocidades, ao descaso, a injustiça.

    2ue às #amílias pensavam sobre isso, o 2ue passavam para elas, 2uando iam internar 

    seu #ilho, #ilha ou maridoR >empre encontravam uma desculpa para dizer 2ue seu #ilho so#ria de

    uma doença mental e eram acobertados pelos psi2uiatras, 2ue emitiam laudos #alsos e assim

    ludibriavam e sei#avam às #amílias de seus entes 2ueridos.

    ?oram indivíduos 2ue desrespeitaram e violaram os direitos dos outros, no se

    con#ormando com normas. Mentirosos, en-anadores e impulsivos sempre procurando obter 

    vanta-ens sobre os outros. Jrresponsáveis e com total aus7ncia de remorsos, mesmo 2ue di-am

    2ue t7m, mais uma vez tentando levar vanta-ens. >er responsável com o outro demonstra

    respeito consi-o e com os outros.

    holocausto brasileiro evidencia de #orma clara e ameaçadora onde estamos inseridos

    socialmente, se pensarmos em -rupos sociais, por2ue toda a instituiço tem dentro dela uma parcela de sua sociedade.