Resenha da Fundamentação da metafísica dos costumes de Kant

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Prefácio: Filosofia grega: Física, Ética e Lógica. Conhecimento racional: material e considera qualquer objeto / formal e considera apenas a forma do entendimento e da razão em si mesmas e das regras universais do pensar em geral, sem distinção dos objetos. Formal = lógica Material = leis da natureza (Física) “leis segundo as quais tudo acontece” ou leis da liberdade (Ética) “leis segundo as quais tudo deve acontecer, mas ponderando também as condições sob as quais muitas vezes não acontece o que devia acontecer” Filosofia empírica x filosofia pura (formal=Lógica, objetos do entendimento = Metafísica) Metafísica da Natureza x Metafísica dos Costumes Física = parte empírica + parte racional Ética = parte empírica (Antropologia prática) e parte racional pura (Moral) Anteponha “[Toda gente tem que confessar que] o princípio da obrigação não se h;a de buscar aqui na natureza do homem ou nas circunstâncias do mundo em que o

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Resenha da Fundamentação da metafísica dos costumes de Kant

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Prefcio:Filosofia grega: Fsica, tica e Lgica.Conhecimento racional: material e considera qualquer objeto / formal e considera apenas a forma do entendimento e da razo em si mesmas e das regras universais do pensar em geral, sem distino dos objetos.Formal = lgicaMaterial = leis da natureza (Fsica) leis segundo as quais tudo aconteceou leis da liberdade (tica) leis segundo as quais tudo deve acontecer, mas ponderando tambm as condies sob as quais muitas vezes no acontece o que devia acontecer

Filosofia emprica x filosofia pura (formal=Lgica, objetos do entendimento = Metafsica)Metafsica da Natureza x Metafsica dos CostumesFsica = parte emprica + parte racionaltica = parte emprica (Antropologia prtica) e parte racional pura (Moral)Anteponha[Toda gente tem que confessar que] o princpio da obrigao no se h;a de buscar aqui na natureza do homem ou nas circunstncias do mundo em que o homem est posto, mas sim a priori exclusivamente nos conceitos da razo puraRegras prticas se apiam em princpios empricos, nunca uma lei moral. verdade que estas [as leis a priori] exigem ainda uma faculdade de julgar apurada pela experincia, para, por um lado, distinguir em que caso elas tm aplicao, e, por outro, assegurar-lhes entrada na vontade do homem e eficcia na sua prtica.Fora necessria para tornar eficaz in concretoEm primeiro lugarPor expor em cincia parteLgica geral = operaes e regras do pensar em geralFilosofia transcendental = operaes e regras especiais do pensar puro, pelo qual os objetos so conhecidos totalmente a priori.Metafsica dos costumes est para a Psicologia como a Filosofia Transcendental est para a Lgica geral.Filosofia Moral > Metafsica dos CostumesDistino do que so motivos de determinao propriamente morais dos que so empricos, elevados pelo entendimento conceitos universais s por confronto das experincias.a razo humana no campo moral, mesmo no caso do mais vulgar entendimento, pode ser facilmente levada a um alto grau de justeza e desenvolvimento, enquanto que, pelo contrrio, no uso terico, mas puro, ela exclusivamente dialticaPor outro lado deve ter um princpio comum com a razo especulativaBusca e fixao do princpio supremo da moralidadePrimeiro caminho analtico e depois a volta sinttica.Conhecimento moral da razo vulgar p/ conh. FilosficoNeste mundo, e at tambm fora dele.Boa vontade ilimitadaTalentos do esprito e qualidades do temperamento = dons naturaisCarter = constituio particular da vontade(dicionrio Kant, razo. Vernunft. Assoc. freqente com viso e luz. Aristteles: como a viso para o olho, assim a razo para a alma, Descartes luz natural, nica coisa que nos torna homens e nos distingue dos animais. Fase pr-crtica: ambas consistem na capacidade de julgar, porm entendimento a faculdade de distinguir o conhecimento e servir de intermedirio ao juzo, e a razo stricto sensu a faculdade do raciocnio silogstico, por meio do qual se deduz uma concluso.Razao e liberdade podem sustentar-se ou arruinar-se mutuamente.desde o ponto de vista da razo, os seres humanos esto livres da determinante influncia do mundo sensvel; isso permite-lhes agir de acordo com princpios que so independentes da natureza, mas tbm os encoraja a formular inferncias a respeito do mundo que excedem os limites do entendimento.)Moderao, autodomnio, calma na reflexo: valor ntimo da pessoa, mas no absolutamente boas.O que vale a boa vontade em si mesma, jia que tem em si mesma o seu pleno valor. A utilidade e a inutilidade no acrescentam nem tiram seu valor.Razo governante da nossa vontadeArgumento: tudo na natureza o mais conveniente e adequado finalidade a que se destina. Instinto?O cultivo da razo e o gozo da vida e da felicidade afasta-nos do verdadeiro contentamento, da a misologia.Supremo destino prtico da razo: produzir uma vontade boa em si mesma.a natureza agiu com acerto em todo o resto.A natureza no falta a sua finalidade se somos infelizes.Bom senso natural no se ensina.Os homens conservam a sua vida conforme ao dever, mas no por dever.Conservar a vida sem am-la e sendo infeliz agir por dever segundo um contedo moral.Porque a vaidade ruim? Vem de vida.Um cara que no faa o bem aos outros, sendo em relao a eles frio e indiferente, pode ter mais valor do carter do que o de um temperamento bondoso que aja por inclinao, se age por dever.Felicidade: soma da satisfao das inclinaes = idia vacilanteO homem se inclina.Prtico- prxisO amor enquanto inclinao (patolgico compaixo lnguida) no pode ser ordenado, mas enquanto princpio de ao (amor prtico) pode.Uma ao praticada pro dever tem o seu valor moral na mxima, no princpio do querer e no na realidade.No se encontra na vontade considerada em relao com o efeito esperado.Princpio formal a priori da vontade.Dever a necessidade de uma ao por respeito lei.No sinto respeito pelo objeto como efeito da ao, mas inclinao.Objeto de respeito = mandamento = exclui a inclinao do clculo na escolha.O que determina a vontade objetivamente a lei, subjetivamente, o respeito por esta lei (mxima).Princpio prtico de todos os seres racionais.Respeito = sentimento que se produz por si mesmo atravs dum conceito de razo = determinao imediata da vontade pela lei e a conscincia desta determinao.Respeito = representao de um valor que causa dano ao meu amor-prprio. Inclinao e temor = analogiasAlargamento dos nossos talentos = um dever. Pessoa talentosa: exemplo duma lei.O interesse moral o respeito pela lei (diferente do interesse gerado pelas inclinaes).Lei universal: devo proceder sempre de maneira que eu possa querer tambm que a minha mxima se torne uma lei universal.a razo exige-me respeito por uma tal legislao, a qual em verdade presentemente no vejo em que se funde ver: visibilidade para os olhosA capacidade prtica de julgar se avantaja capacidade terica no entendimento.Segunda seo: filosofia moral popular p/ metafsica dos costumesDever no conceito emprico.As aes visveis no so o valor moral, o valor moral invisvel, mbiles secretos.Razo que determina a vontade por motivos a priori.Idia a priori da perfeio moralAvanou do juzo moral vulgar para o filosfico, agora avana para a Metafsica descrevendo a faculdade prtica da razo, partindo das suas regras universais de determinao, at o ponto em que dela brota o conceito de dever.A vontade razo prtica porque deriva as aes das leis.Reconhecimento independente da inclinao.A relao das leis objetivas para uma vontade no absolutamente boa representa-se como a determinao da vontade de um ser racional por princpios da razo.Imperativo: frmula do mandamento, que a representao de um princpio objetivo enquanto obrigante (enquanto algo que constrange a) da vontade.Interesse prtico = tomar interesse sem agir por interesse, quando h dependncia da vontade em face dos princpios da razo em si mesmos, diferente do interesse patolgico.Imperativos hipotticos: representam a necessidade prtica de uma ao possvel como meio de alcanar qualquer outra coisa que se quer (ou que possvel que se queira).A ao boa em vista de qualquer inteno possvel ou real. um princpio problemtico ou assertrico-prtico.Categricos: representam uma ao como objetivamente necessria por si mesma, sem relao com qualquer outra finalidade.A ao objetivamente necessria por si. Princpio apodtico (prtico).Boa como meio, boa em si(Robert Pippin tambm aponta para a permanncia de uma apercepo a priori na filosofia de Hegel : Assim a frmula para sacar a Hegel de Kant poderia ser: mantenha a doutrina dos puros conceitos e a considerao da apercepo que ajuda a justificar a pressuposio necessria dos puros conceitos, mantenha o problema crtico de uma prova para a objetividade de todos os conceitos, a questo que iniciou a filosofia crtica, mas abandone a doutrina da intuio sensvel pura, e a verdadeira possibilidade de uma distino clara entre conceito e intuio, e o que resta muito da empresa de Hegel [footnoteRef:1]). [1: PIPPIN, R. apud GUPTA, J., sup. cit., p. 215.]

Uma finalidade que todos perseguem por necessidade natural: felicidade.O imperativo que se relaciona com a escolha dos meios para alcanar a prpria felicidade, quer dizer, o preceito de prudncia, continua a ser hipottico; a ao no ordenada de maneira absoluta, mas somente como meio para uma outra inteno.Inteno que no se baseia em outra, que ordena imediatamente o comportamento = categrico.Se relaciona com a forma e o princpio. Disposio = essencialmente bom.O que ser feliz uma opinio contingente de cada um. Primeiros imperativos:Tcnicos (arte), Pragmticos (Bem-estar), Morais (livre conduta, costumes).A Histria escrita pragmaticamente quando nos torna prudentes. Sanes pragmticas no so leis universais, mas aprendidas pela experincia.No caso do imperativo de destreza, preciso j haver proposies sintticas que dizem respeito ao objeto a realizar, ao meio. Represento a minha ao.Seria preciso oniscincia para determinar com plena segurana o que me faz feliz. Os imperativos de prudncia, por isso, sero considerados como conselhos e no como mandamentos necessrios da razo. A felicidade um ideal da imaginao.Se fosse possvel determinar exatamente os meios para felicidade, teramos uma proposio analtico-prtica, pois eles seriam dados, enquanto no imperativo de destreza eles so possveis.O imperativo da moralidade no hipottico porque no se pode apoiar em nenhum pressuposto. No se pode provar a no-existncia de uma causa porque a experincia ensina que ns no a descobrimos.Todos os outros imperativos so princpios da vontade, s o categrico uma lei prtica. uma proposio sinttica-prtica a priori. Mxima o princpio subjetivo da ao, a lei prtica (o imperativo categrico) a lei prtica.A razo o sujeito da operao relativa? (Delbos, asterisco pag. 129)Mxima: principio segundo o qual o sujeito age, Lei: principio segundo o qual ele deve agir.Imperativo categrico: age apenas segundo uma mxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal. Ou: Age como se a mxima da tua ao se devesse tornar, pela tua vontade, em lei universal da natureza.Dever perfeito aquele que no permite exceo alguma em favor da inclinao, e ento no tenho apenas deveres perfeitos exteriores, mas tambm interiores.Uma natureza, cuja lei fosse destruir a vida em virtude do mesmo sentimento cujo objetivo suscitar a sua conservao, se contradiria a si mesma e portanto no existiria como natureza.Algumas aes no posso sequer pensar sem contradio como lei universal da natureza (contrariam o dever estrito) e outras no posso querer que devam ser leis universais da natureza (contrariam o dever meritrio). Se que, em verdade, h deveres.se a razo por si s determina o procedimento, ter de faz-lo necessariamente a priori.Princpio subjetivo do desejar = mbil, princpio objetivo do querer = motivo (fins subjetivos, fins objetivos).O que no pessoa coisa e no digno de respeito e pode ser utilizado como simples meio. Imperativo prtico: Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer outro, sempre e simultaneamente como fim e nunca simplesmente como meio. Homem que se suicida serve de si como meio para conservar at o fim da vida uma situao suportvel. Homem que mente utiliza o outro como meio. Terceiro princpio prtico da vontade: idia da vontade de todo o ser racional concebida como vontade legisladora universal.O sujeito est submetido sua prpria legislao, ainda que ela seja universal. Princpio da autonomia o de que o sujeito est submetido sua prpria vontade, e por ela constrangido, e no por alguma coisa que no ele.Um Reino dos Fins somente um ideal. uma ligao dos vrios seres entre si que determina que eles se tratem como fins e no como meios, e que s existe porque existe essa ligao.Se as mximas no so concordes com o princpio objetivo dos seres racionais, a necessidade da ao segundo este princpio chama-se dever, obrigao prtica.Valor ntimo = dignidade, valor venal = preo de afeio ou de sentimento.Todas as mximas tem forma da universalidade, matria=fim (fim em si mesmo), determinao completa (concordncia com a idia de um reino possvel dos fins natural). Aproximar da intuio a frmula universal por via da pluralidade da matria e da totalidade do sistema da matria.O fim aqui no dever ser concebido como um fim a alcanar, mas sim como fim independente, portanto s de maneira negativa.Dignidade prerrogativa.A moralidade a relao das aes com a autonomia da vontade.Dever = necessidade objetiva de uma ao por obrigao.Proposio sinttica que ordena apoditicamente a priori.Critica aos princpios empricos: derivados do princpio da felicidade, assentam no sentimento fsico ou no moral. Ensinam somente a fazer melhor o clculo.Princpios racionais: derivados do principio da perfeio, assentam no conceito racional da perfeio como efeito possvel ou no conceito de uma perfeio independente (a vontade de Deus) como causa determinante da nossa vontade.Passagem da Metafsica dos costumes crtica da razo pura prtica.

A vontade uma espcie de causalidade dos seres viventes, enquanto dotados de razo. Da definio negativa da liberdade como propriedade de uma espcie de causalidade dos seres viventes de poder agir independentemente de causas estranhas que a determinam, deriva-se o conceito positivo da liberdade.Se h causalidade, h lei. a liberdade, embora no seja propriedade da vontade que se conforme com leis naturais, nem por isso est fora de toda lei; pelo contrrio, ela deve ser uma causalidade que age segundo leis imutveis, mas leis de peculiar espcie, pois, de outro modo, uma vontade livre seria um absurdo.Uma vontade livre uma vontade sujeita a leis morais.Uma vontade absolutamente boa aquela, cuja mxima pode sempre em si conter a lei universal, que outra no seno essa mesma mxima, e sinttica, porque pela anlise do conceito de vontade absolutamente boa no se pode descobrir aquela propriedade da mxima.A necessidade subjetiva se distingue da objetiva.Um circulo vicioso do qual no h meio de sair. Somos livres porque somos sujeitos a leis morais, somos sujeitos a estas leis porque somos livres. A liberdade e a legislao prpria da vontade so conceitos recprocos.Todas as representaes que em ns se produzem no nos fazem conhecer os objetos seno segundo o influxo que eles em ns exercem... no podemos obter seno o conhecimento dos fenmenos, e nunca o das coisas em si. Este ltimo o mundo inteligvel, que permanece sempre o mesmo. O entendimento apenas tira de sua atividade conceitos que servem para submeter regras s representaes sensveis.No um crculo vicioso porque quando nos consideramos como livres, nos transportamos para o mundo inteligvel como membros desse mundo, e que reconhecemos a autonomia da vontade juntamente com a sua conseqncia, a moralidade.O mundo inteligvel contem o fundamento do mundo sensvel e, consequentemente, tambm das leis do mesmo.