Resenha Laranja Mecânica
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Universidade Paulista "Júlio de Mesquita Filho"Faculdade de Ciências Humanas e Sociais
Curso de História - Período Noturno
Resenha do filme: "Laranja Mecânica"
Ágata Iasmin Vital
Franca2014
Ágata Iasmin Vital
Resenha do filme:" Laranja Mecânica"
Trabalho apresentado à disciplina de
Sociologia como requisito parcial da
avaliação continuada, orientado pelo
professor Alexandre Marques Mendes.
Franca2014
Laranja mecânica é um longa metragem produzido pelo diretor Stanley Kubrick em
1971, baseado no livro de mesmo nome, escrito por Anthony Burgess. Tendo como
protagonista Malcolm McDowell, interpretando o jovem Alex, em um cenário completamente
futurístico e fantasioso, mas que toma como principal tema do enredo a real prática da
violência.
Um jovem de 14 anos, inteligente e bem aparentado, aprecia Beethoven e outros
clássicos, possui uma casa segura e pais carinhosos e tem uma vida financeiramente estável,
apresenta um comportamento repugnante perante o expectador. Esse jovem é Alex, que
juntamente com seus 3 parceiros de gangue (os "druguinhos") cometem todos os tipos de
violências e atrocidades pela cidade. Andam sempre em bando e se divertem ao espancar
bêbados nas ruas, invadir casas durante a noite, praticar o estupro e todos os tipos de
atrocidade dais quais se conhece. Adeptos do que chamam de "velha ultraviolência", de uma
sexualidade sem limites e sem escrúpulos, de um linguajar e uma vestimenta característica, os
Drugues agem como querem e onde querem; até que discordam entre si, e por meio de traição
de um dos companheiros, Alex se vê confinado a prisão e condenado a uma pena que durará
muitos anos de sua doce juventude.
Ao se encontrar encurralado, Alex usa de sua retórica para o próprio benefício.
Adulação moral do padre que ensina sobre as leis da bíblia na prisão é seu primeiro ato. Se
mostra interessado no "Bom Livro" e aparenta querer se redimir de todo o mal que causara
enquanto estava livre, porém, se diverte e se alegra com as passagens mais agressivas da
Bíblia, continuando a praticar a violência na própria mente, através da imaginação e das
lembranças. Em uma oportunidade a qual julga única para se livrar da pena a que estava
sujeito, Alex se oferece como cobaia ao tratamento experimental proposto pelo Centro
Médico Ludovico, que propõe tratar a violência, transformando o mal em bem.
O tratamento Ludovico consistia na visualização da prática de todo tipo de violência, o
qual o paciente ficaria completamente imobilizado e impedido de fechar os olhos, para que
visse por completo todas as cenas e se atentasse para os sons. Antes das sessões de filmes, o
paciente - no caso, Alex - seria submetido a injeções de drogas, as quais causavam reações
como desconforto e enjoos, a ponto de sentir vontade de vomitar. Ao visualizar todas as cenas
de violência explícita, Alex sentia fortes náuseas e muito desconforto devido as drogas, e por
mais que pedisse para que o deixassem ir embora, os médicos afirmavam que em breve ele
seria liberto e estaria totalmente curado.
O "tratamento" Ludovico dura duas semanas, nas quais Alex demonstra todas as
"melhoras" esperadas pelos cientistas. Em uma das sessões, as cenas tem como tema musical
a Nona Sinfonia de Beethoven, uma das músicas favoritas do protagonista e a mais explorada
durante todo o longa metragem. Quando finalmente Alex é aprovado como curado por uma
grande "banca de jurados", nos quais se encontram o comandante da prisão na qual ele estava
e o padre que o apoiou durante sua estada, ele tem de enfrentar o mundo lá fora novamente.
O mundo no qual o novo Alex está inserido não é muito diferente do anterior a sua
prisão - 2 anos atrás na história - quem passou pela mudança foi o próprio Alex, que ao se
deparar com situações violentas, ao tentar praticar violência é barrado, impedido e afligido
pelo mal estar e enjoos que estão gravados em seu subconsciente como efeito do tratamento.
Na lógica, o tratamento foi efetivo e ele não pode mais agir com violência, pensar em
violência, agir de forma inescrupulosa em relação a sexualidade ou pensar em praticar
estupros. E é quando Alex está curado de seu sadismo, da sua sociopatia, da sua diversão em
ver o sofrimento alheio, que ele próprio sofre dessa "velha ultraviolência": Primeiramente
sendo rejeitado pelos país que encontram um inquilino para alugar o quarto que anteriormente
era dele; espancado por um bando de mendigos e sendo ultrajado e agredido por dois
policiais que anteriormente eram dois dos seus amigos "druguinhos".
Agredido, machucado e sem ter para onde ir, Alex chega em uma casa a qual demora
a reconhecer como sendo a que em seu passado, não muito distante, havia invadido e
espancado o residente - um escritor já de meia idade - e estuprado sua jovem esposa que
morrera pouco depois devido ao choque da violência. O pobre escritor acolhe Alex porém não
o reconhece a principio, priorizando o que o garoto havia passado tanto antes de chegar em
sua casa todo machucado, quanto quando estava na prisão e no centro médico. Este escritor
aparenta ser de algum partido político que vai contra a prática do tratamento Ludovico e
recolhendo informações do jovem sobre o tratamento, resolve comprovar o que Alex relata,
prendendo-o em uma sala fechada e fazendo-o ouvir a Nona Sinfonia.
Ensandecido pelo efeito que a música lhe causa, pelo mal estar, pela dor de cabeça e
pelas náuseas e principalmente pelas lembranças que tem das cenas de violência que aquela
música lhe condiciona, Alex só encontra na morte sua real liberdade e pula a janela, tentando
cometer suicídio. Para surpresa do espectador, o protagonista de fato não morre, fica
internado com várias fraturas, inclusive na cabeça, sendo todo engessado, e preso em uma
cama, Alex recebe todo o tratamento bancado pelo governo que se sente em "divida" com o
garoto por o ter motivado a praticar o suicídio, já que o efeito do tratamento o atingiu
agressivamente. Nesse ultimo momento da obra, uma psicóloga vem ao encontro de Alex para
fazer testes de consciência, e lhe faz diversas perguntas, buscando saber como sua mente e
raciocínio estão. Em todos os questionamentos, as respostas são dadas pelo Velho Alex, o
Alex sociopata e violento, que sente orgulho em desfrutar de atos de sexualidade e violência
atrozes. É um Alex ainda mais violento que se vê nesse momento, como se a tentativa de
suicídio e a cirurgia na cabeça tivessem apagado completamente o tratamento a que havia sido
submetido. É o verdadeiro Alex que vemos ao final do filme, e que faz o espectador se
lembrar das palavras do padre que ia contra o tratamento, o qual dizia "a bondade vem de
dentro" e "quando um homem não pode escolher, deixa de ser homem".
Percebe-se claramente, nessa obra magnificamente produzida, com ótimos pontos
explorados, com um enredo detalhadíssimo e um meio social capaz de representar todos os
meios sociais que conhecemos no século XXI e que também eram conhecidos no século XX,
que a violência é um problema incrivelmente complicado de ser resolvido, por ser
estranhamente complicado de ser compreendido. Como compreender a mente do indivíduo
que pratica a ultraviolência? E mesmo depois de compreende-lo, como trata-lo de forma a
respeitar o livre arbítrio porém condicionando-o a ser um ser humano melhor? Como mostrar
a sociedade que a violência é algo prejudicial e que já nos habituamos tanto a ela, que nada é
mais surpreendente e mesmo que seja, logo cai no esquecimento? Com essas questões
centrais, a obra busca retratar o mundo ao qual os jovens se inserem, um mundo sem limites,
sem restrições, com todas as fantasias e todas as possibilidades disponíveis. A falta de
interesse dos país e o quanto esses jovens se distanciam da família e dos bons amigos. De uma
maneira colorida e chamativa, o diretor mostra o quão o nosso mundo se parece com o mundo
de Alex, utilizando do recurso de não delimitar um espaço tempo, nem uma sociedade
específica para a obra, o diretor impressiona e surpreende o espectador, deixando a mensagem
vívida de que a violência está no homem que só deve partir do próprio homem deixar de ser
violento.