Resenha - São Luís
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FACULDADE ESTÁCIO SÃO LUÍSCOORDENADORIA DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
LUBIA AMALIA COSTA GOUVEIA
RESENHA
São Luís2015
A textualidade está relacionada com a construção e reconstrução do texto a partir
de códigos vivenciais, sociais, históricos, culturais e linguísticos, ou seja, saberes linguísticos
dos sujeitos interlocutores que aplicam ao texto princípios como: coesão, coerência,
informatividade, intertextualidade, intensionalidade, aceitabilidade e situacionalidade.
Podemos definir, melhor, textualidade como:
Princípio geral que faz parte do conhecimento textual dos falantes e que os leva a
aplicar a todas as produções linguísticas que falam,escrevem,ouvem ou leem um conjunto de
fatores capazes de textualizar essas produções. Explicando melhor: não vamos entender
textualidade como algo que está nos textos, más como um componente do saber linguístico
das pessoas.
Então, textualidade, trata-se de artifícios que estão fora do texto. Para haver
textualidade o texto tem que apresentar enunciado. Podemos entender por texto como sendo
qualquer produção linguística, de qualquer tamanho, falada ou escrita, que tenha sentido e
uma situação de comunicação, onde o sentido não está no texto, ele é produzido pelos
interlocutores em cada acontecimento.
São características do texto:
A Função Comunicativa – quando falamos temos a intenção de expressarmos
algo, ou seja, exercemos uma linguagem funcional.
A Expressão Verbal – que envolve sempre um parceiro para que aconteça a
interação. Dizemos sempre algo que seja do interesse do ouvinte, daí surgi o dialogismo,
característica fundamental da linguagem.
A Orientação Temática – que diz que o texto se constrói a partir de um tema, de
um tópico, de uma ideia central ou de um núcleo semântico que dá continuidade e unidade ao
texto.
Como intertextualidade, entendem-se os modos como a produção e recepção de
um texto dependem do conhecimento que se tenha de outros textos com os quais ele, de
alguma forma, se relaciona. Isso quer dizer que todo texto possui uma certa incompletude,
marcada por lacunas, as quais serão sempre preenchidas pelas inferências dos vários leitores,
os quais se tornarão, desse modo, co-autores do texto. Este, por sua vez, é povoado por uma
hibridização de vozes sociais e históricas, formando um diálogo de textos; um diálogo dos
tempos, das épocas, em que coexistência e evolução se enredam na diversidade das
linguagens.
Instaura-se, então, um novo modo de ler que provoca fissuras na linearidade da
palavra escrita, a qual é sempre deslocada para um novo contexto, a cada leitura. É Impossível
[...] atribuir à enunciação uma origem, um ponto de vista. E essa impossibilidade é uma das
medidas que permitem apreciar o plural de um texto. Quanto mais difícil situar a origem da
enunciação, mais plural é o texto, que se constitui como lugar, onde diferentes vozes sociais
se defrontam, se entrechocam e se entretecem, revelando diferentes pontos de vista
socioculturais sobre um dado assunto.
Destarte, contrariando o tom técnico que sempre marcou a concepção e o ensino
de linguagem, nas escolas de um modo geral, propõe-se considerar a dialogização interna da
palavra, que é sempre perpassada pela palavra do outro: o sujeito social, histórico e
ideológico, construído na linguagem e constituído por muitas vozes, sempre lança sua palavra
ao outro que, por sua vez, lança para outrem, fazendo que, no discurso, muitas palavras se
cruzem, revelando a polifonia existente nos textos, e na vida humana, que já é um intertexto,
em virtude das experiências de vida que são tecidas na cotidianidade.
O texto se constrói a partir de uma unidade semântica importante: a textualidade,
ou seja, um conjunto de características que fazem com que um texto seja apenas um texto, e
não apenas uma sequência de frases. Existem sete fatores responsáveis pela textualidade de
um discurso qualquer: a coerência e a coesão, que se relacionam com material conceitual ou
linguístico do texto, e a intencionalidade, a aceitabilidade, a situacionalidade, a
informatividade e a intertextualidade, que tem a ver com fatores pragmáticos envolvidos no
processo sociocomunicativo.
A coerência e a coesão têm em comum a características de promover a inter-
relação semântica entre os elementos do discurso, respondendo pelo que se pode chamar de
conectividade textual. A coerência diz respeito ao nexo entre conceito e a coesão, a expressão
desse nexo no plano linguístico, o fundamento das ideias e a explicação dessa relação
coerente entre as ideias através de recursos coesivos e útil, mas nem sempre obrigatório.
Entretanto, se uma vez presente, esses recursos devem ser usados de acordo com regras
especificas, sob pena de reduzir a aceitabilidade do texto e caso não houvesse esse conjunto
de características, o texto na seria legível.
A intencionalidade e a aceitabilidade referem aos protagonistas do ato
comunicativo. A primeira se refere ao empenho do produtor em fazer um discurso bem
apresentado. Seu objetivo é informar, impressionar, alarmar, conhecer, pedir, defender, etc. A
aceitabilidade se refere a expectativa do recebedor: “o conjunto de ocorrência que se defronta
seja um texto coerente (...) capaz de adquirir conhecimentos ou cooperar com os objetivos do
produtor”. Ou seja, se houver falha na comunicação, tais falhas são percebidas como
significativas, pois o emissor sabe dessa tolerância do locutor, existe, portanto,
“cumplicidade” entre o locutor e o escritor, facilitando na interlocução do jogo comunicativo.
A situacionalidade também se faz presente, onde destaca a importância da
pertinência e relevância entre o texto e o contexto onde ele ocorre, ou seja, orienta na
percepção. Na parte da informatividade é importante para o emissor saber quais são os níveis
de conhecimentos de seu interlocutor, pois é necessário que seu texto seja reconhecido pelo
recebedor para que haja o interesse deste. Por isso, Val faz um alerta: se o texto contiver
elementos muito inusitados, poderá ter o risco do leitor não conseguir absorvê-la, ou seja,
processá-la, então, assim fica o alerta de produzir um texto com um grau mediano de
informatividade.
O último fator pragmático presente na textualidade é a intertextualidade - um
texto sobre outro texto, diálogos entre textos. Observa precisamente que somente o já lido
pode ser legível. Por esse motivo, para ele, a intertextualidade é um fator essencial para a
legibilidade dos textos. Esse “diálogo textual”, inscrevendo e adquirindo novos sentidos ou
não a outros textos, funciona como uma espécie de espaço de novos conceitos gerando o
entendimento.
Para Val um discurso não vem ao mundo numa inocente solidude, mas constrói-se
através de um já-dito em relação ao qual ele toma posição. As obras mais legíveis e ainda
mais acessíveis são aquelas que se direcionam a um público menos culto. Essas serão as que
mais se confirmarão como “cópias” das do gênero. E um gênero seria regular sua leitura sobre
um sistema de expectativa, inscrevê-la numa trajetória perceptível. Essas estratégias de
entendimento são normalmente adotadas pelos produtores para alcançar a aceitabilidade do
recebedor, o que correspondem aos seus interesses e, ainda, com qualidade no texto, seguindo
as normas e a certa concepção do verossímil, isso quer dizer, que elas funcionam como um
sistema de ideias compartilhadas pelo leitor e pelo escritor, que permitem apresentar o mundo
de maneira idêntica, como uma leitura fácil de ser entendida, mesmo que implique a leitura de
obras do passado.
Observa-se que fica bem nítido que a linguagem não é somente reflexo
determinado, não é apenas manifestação interior de um pensamento intimo pré-elaborado. A
linguagem informa, torna possível e mesmo produz algumas espécies de pensamento e,
composta a esse conjunto de normas e ideias, sua finalidade é concretizar a comunicação
(conteúdo), valorizadas por uma expressão estética da linguagem (forma).
REFERÊNCIAS
CAMPEDELLI, Samira Yousseff; SOUSA, Jesus Barbosa. Português: Literatura Produção de Textos e Gramática. 3. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2000.
CEREJA, William Roberto. Português: Linguagens. 1. ed. São Paulo: Atual Editora, 2003.
KOCH, Ingedore Grunfelds Villaça. A Coesão Textual. 21. ed. 2ª reimpressão, São Paulo: Contexto, 2009.
KOCH, Ingedore Grunfelds Villaça. Ler e Compreender. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2006.