Resenha - Teorias da Inflação - RBE

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Uma resenha das teorias de inflação Maria Silvia Bastos Marques· o objetivo deste artigo é examinar os aspectos mais importantes das principais teorias a respeito do processo inflacionário. São apresentadas a teoria quantitativa da moeda, em suas versões antiga e moderna, a visão keynesiana da inflação, a discussão entre in- flação de custos e de demanda, a evolução da Curva de Phillips, desde sua formulação original até a incorporação de diferentes hipóteses acerca dos processos de formação de expectativas, e, finalmente, o estruturalismo latino-americano e europeu. I. Introdução; 2. Teoria quantitativa; 3. A visão keynesiana; 4. Inflação de custos e in- flação de demanda; 5. Curva de Phillips e expectativas de inflação; 6. Estruturalismo; 7. Conclusão. 1. Introdução Na literatura sobre inflação existem diversas teorias que tentam explicar as cau- sas da elevação do nível geràl de preços, cada uma delas privilegiando fatores diferentes e resultando, portanto, em políticas antiinflacionárias distintas. Tam- bém extenso é o número de trabalhos voltados para a análise dos custos do pro- cesso inflacionário, tais como alterações na distribuição da renda e da riqueza, deterioração na capacidade da moeda de servir como reserva de valor e unidade de conta nas transações, etc. 1 Esta resenha se limitará a apresentar as principais teorias sobre os deter- minantes da inflação, sem discutir os custos a ela associados e as políticas an- tiinflacionárias. Além disso, não se pretende analisar exaustivamente cada teo- ria, mas apenas destacar seus elementos mais importantes. O segundo item examina as condições para que a teoria quantitativa da moeda, em suas versões antiga e moderna, possa ser utilizada como teoria de • Economista do Centro de Estudos Monetários e de Economia Internacional do I BRE/ FG \'. A autora agradece os comentários e sugestões de Luiz Aranha Corrêa do Lago, Paulo Nogueira B3- tista Jr., Fernando de Holanda Barbo,a. Valdir Ramalho. Culo, han SillllHhen e Ruben' P. Cysne. IPara uma discussão destes aspectos. ver. por e\emplo, Bronfenbrcnner e Holzman (1963.1'. 646-52); Laidler e Pai kin (1975. p. 786-94); Akhian e J..:essell (1959); (1960); Bach e Stel'hen- son (1974); Barro (1972); Phelps (1973); Fischer e \lodigliani (19g3l R. Bras. Econ. Rio de Janeiro p. 185-223 abr.fjun. 1987

Transcript of Resenha - Teorias da Inflação - RBE

  • Uma resenha das teorias de inflao

    Maria Silvia Bastos Marques

    o objetivo deste artigo examinar os aspectos mais importantes das principais teorias a respeito do processo inflacionrio. So apresentadas a teoria quantitativa da moeda, em suas verses antiga e moderna, a viso keynesiana da inflao, a discusso entre in-flao de custos e de demanda, a evoluo da Curva de Phillips, desde sua formulao original at a incorporao de diferentes hipteses acerca dos processos de formao de expectativas, e, finalmente, o estruturalismo latino-americano e europeu.

    I. Introduo; 2. Teoria quantitativa; 3. A viso keynesiana; 4. Inflao de custos e in-flao de demanda; 5. Curva de Phillips e expectativas de inflao; 6. Estruturalismo; 7. Concluso.

    1. Introduo

    Na literatura sobre inflao existem diversas teorias que tentam explicar as cau-sas da elevao do nvel gerl de preos, cada uma delas privilegiando fatores diferentes e resultando, portanto, em polticas antiinflacionrias distintas. Tam-bm extenso o nmero de trabalhos voltados para a anlise dos custos do pro-cesso inflacionrio, tais como alteraes na distribuio da renda e da riqueza, deteriorao na capacidade da moeda de servir como reserva de valor e unidade de conta nas transaes, etc. 1

    Esta resenha se limitar a apresentar as principais teorias sobre os deter-minantes da inflao, sem discutir os custos a ela associados e as polticas an-tiinflacionrias. Alm disso, no se pretende analisar exaustivamente cada teo-ria, mas apenas destacar seus elementos mais importantes.

    O segundo item examina as condies para que a teoria quantitativa da moeda, em suas verses antiga e moderna, possa ser utilizada como teoria de

    Economista do Centro de Estudos Monetrios e de Economia I nternacional do I BRE/ FG \'. A autora agradece os comentrios e sugestes de Luiz Aranha Corra do Lago, Paulo Nogueira B3-tista Jr., Fernando de Holanda Barbo,a. Valdir Ramalho. Culo, han SillllHhen L~al e Ruben' P. Cysne. IPara uma discusso destes aspectos. ver. por e\emplo, Bronfenbrcnner e Holzman (1963.1'. 646-52); Laidler e Pai kin (1975. p. 786-94); Akhian e J..:essell (1959); Pe'e~ (1960); Bach e Stel'hen-son (1974); Barro (1972); Phelps (1973); Fischer e \lodigliani (19g3l

    R. Bras. Econ. Rio de Janeiro p. 185-223 abr.fjun. 1987

  • inflao. No terceiro item discute-se a viso keynesiana da inflao, representa-da pelo conceito de "hiato inflacionrio". O item seguinte apresenta a contro-vrsia entre inflao de demanda e inflao de custos. A evoluo da Curva de Phillips, desde sua formulao original at a incorporao de hipteses sofisti cadas a respeito do comportamento das expectativas inflacionrias, objeto do item 5. Finalmente, o ltimo item enfoca a teoria estruturalista da inflao em suas duas variantes: o estruturalismo latino-americano e o europeu.

    2. Teoria quantitativa

    A teoria quantitativa da moeda, que explica a taxa de variao dos preos com base na taxa de expanso dos meios de pagamento, provavelmente uma das mais antigas teorias de inflao. J em 1752, David Hume publicava o ensaio Df money,2 que continha alguns dos aspectos centrais da teoria quantitativa moderna. No entanto, as formulaes mais importantes da teoria quantitativa datam do final do sculo passado e incio deste, e se devem a Marshall, Wicksell e Fisher.

    Alfred Marshall e os economistas da escola de Cambridge propuseram uma verso da equao quantitativa - a chamada equao de Cambridge - que en-fatiza o equilbrio entre oferta e demanda de moeda.

    k Py ~IS = M

    onde: ~d = demanda de moeda MS = oferta de moeda ;\1 = estoque de moeda k = coeficiente de reteno da moeda (constante marshalliana) P = ni\cl geral de prem \' = produto real

    (I) (2)

    A equao acima ~upe que a demanda de moeda seja proporcional ren-da nominal ou. equi\ alcntemente, que pos~ua elasticidade-renda unitria. Esta formulao da funo demanda de moeda no contm explicitamente a taxa de juros ou o ,-'u,to de oportunidade de reter moeda, refletindo a noo de que se demandaria moeda unicamente para transao.

    Knut \\'icksell, em sua obra Interest and prices (1898),3 explicou a relao ,~ntre expanso dos meios de pagamento e elevao do nvel geral de preos atravs da queda da taxa de juros de mercado abaixo da taxa "natural" de juros, defi-nida como a taxa capaz de equilibrar poupana e investimento. Enquanto a ta-

    2Hume(1955), '\Yibe!l( I%~).

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  • xa de juros de mercado fosse inferior taxa de retorno do capital, o volume de emprstimos e a demanda de bens e servios aumentariam. A curto prazo pode-ria haver incremento na renda real da economia, se esta estivesse aqum do n-vel de pleno emprego. No entanto, quando este fosse atingido, o excesso de pro-cura se traduziria apenas em maiores preos.4

    Este mecanismo indireto que interliga moeda e preos contrasta com a vi-so de outros escritores clssicos, entre eles Cantillon e Hume. De acordo com estes autores, quando os indivduos esto satisfeitos com seus encaixes monet-rios (que servem essencialmente para transaes), um aumento na oferta de moe-da resulta to-somente em gastos e preos mais elevados. 5

    Irving Fisher, por sua vez, no livro Purchasing power of money (1911), 6 descreveu a teoria quantitativa por intermdio da relao abaixo, que se tornou conhecida como equao de trocas:

    MV = PT

    onde: V = velocidade de circulao da moeda T = volume fsico de transaes na economia

    (3)

    Esta formulao novamente destaca o papel da moeda como meio de tro-ca. O termo PTrepresenta o valor nominal total das transaes da economia, enquanto V corresponde ao nmero mdio de vezes que cada unidade do esto-que de moeda em circulao M utilizada para realizar uma transao.

    Para que as relaes (2) e (3) sejam equaes de equilbrio, e no apenas identidades, duas hipteses so necessrias: 1. Que a velocidade de circulao Vou, alternativamente, o coeficiente de re-teno da moeda, k, sejam constantes ou uma funo estvel de alguns poucos fatores, que permaneam relativamente constantes ao longo do tempo. 2. Que os determinantes da demanda de moeda sejam independentes dos da ofer-ta. Com relao a esta segunda hiptese, a teoria quantitativa supe que as au-toridades monetrias controlem o processo de expanso monetria, o que equi-vale a consider-lo exgeno.

    Estes pressupostos eram considerados vlidos no mbito da economia neo-clssica, que apresentava uma viso dicotmica entre o setor real e o setor mo-netrio. Acreditava-se que o principal determinante da demanda de moeda era a renda real ou a riqueza. Estas variveis, por sua vez, seriam influenciadas apenas por fatores reais, tais como tecnologia ou produtividade, que variariam lenta-mente ao longo do tempo. Deste modo a hiptese da neutralidade da moeda,

    4 A teoria da taxa natural de juros parece ter sido redescoberta independentemente. por Wicksell. quase um sculo depois de Henry Thornton ter desem olvido este argumento em seu trabalho SalU-re of lhe paper credil of Greal Brilal!1 (180~). A e,te re'peito. \ cr Blaug 11964. p. 143. 560-1). 5Ver Blaug(l964, p. 141 J. 6Fisher (1963) . TEORIAS DE INFLA O 187

  • ou seja, de que esta no afeta o setor real da economia, fornece o respaldo ne-cessrio teoria quantitativa em sua verso original.

    Aceitando-se estas consideraes, pode-se interpretar a teoria quantitati-va da moeda como uma teoria de inflao, em que a taxa de crescimento dos pre-os determinada pela expanso dos meios de pagamento acima do crescimen-to do produto real.

    Este resultado pode ser obtido calculando-se a taxa de inflao por meio das equaes (1) e (2):

    M P =--

    ky

    Aplicando-se logaritmos expresso acima e derivando-se em relao ao tempo:

    '. d log x P = M - k - Y ,onde x = -d-t - , x = P, M, k, y.

    Como,por hiptese,k constante, segue-se que a taxa de inflao dada por:

    P = M-y (4)

    Utilizando-se o mesmo procedimento, obtm-se igual resultado a partir da expresso (3):

    P = M-T (5) De acordo com ambas as verses da teoria quantitativa, a equao de Cam-

    bridge e a equao de trocas, o produto real da economia determinado exclu-sivamente por fatores reais. Esta hiptese, conjugada ao pressuposto neocls-si co de flexibilidade de preos e salrios, assegura a no-interferncia da expan-so lou contrao) monetria no mercado de bens e servios. Portanto, como Me y podem ser determinados de maneira independente, possvel obter como resduo a taxa de inflao, que varia diretamente com a taxa de expanso da oferta de moeda.

    O principal instrumento no combate inflao, de acordo com as equa-es (4) e (5), a poltica monetria. De fato, a valerem as hipteses j mencio-nadas, uma reduo na taxa de crescimento dos meios de pagamento implica, inevitavelmente, desacelerao do ritmo inflacionrio sem que o produto real seja afet.ado, ainda que transitoriamente.

    A teoria quantitativa em sua verso antiga caiu em descrdito nos anos 30, quando se constatou a instabilidade da velocidade de circulao da moeda, an-tes considerada aproximadamente constante. Neste perodo, com a Grande De-presso, a preocupao deslocou-se da determinao da taxa de crescimento dos preos para a determinao do nvel de emprego, e o interesse pela teoria quan-

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  • titativa somente ressurgiu com o reaparecimento da inflao em nveis signifi-cativos aps a II Guerra Mundial.

    O marco da chamada verso moderna da teoria quantitativa da moeda o artigo The quantity theory ofmoney- a restatement escrito por Milton Fried-man em 1956.7 Para o autor, a teoria quantitativa essencialmente uma teoria de demanda de moeda, j que a determinao do nvel de preos envolve hip-teses adicionais sobre o comportamento da oferta de moeda e de outras vari-veis. Este enfoque se justifica na medida em que alguns pressupostos da econo-mia neoclssica essenciais validade da teoria quantitativa como teoria de in-flao - a neutralidade da moeda, por exemplo - no eram mais aceitos. O trabalho de Friedman, no entanto, serviu como ponto de apoio para diversos estudos que analisaram o papel da moeda no processo inflacionrio.

    Partindo da hiptese de que a moeda um dos ativos que compem o port-folio dos indivduos e que,para as empresas,esta representa um "bem de capi-tal" cujos servios so utilizados no processo produtivo, o autor derivou uma funo demanda de moeda que tem como argumentos, entre outros, a renda real8 e o custo de oportunidade de reter moeda em termos de ativos financeiros e de bens fsicos, representado pela taxa de juros nominal e pela taxa esperada de inflao, respectivamente:

    onde: r = taxa de juros nominal pe = expectativa de inflao

  • moeda. No entanto, este ajustamento no se verifica instantaneamente.9 Supo-nha, por exemplo, que a taxa de expanso monetria aumente de 20OJo para 30OJo. Na medida em que a expectativa de inflao se eleva, os encaixes reais deseja-dos caem, j que agora o custo de oportunidade de reter moeda maior. Para viabilizar esta reduo nos encaixes reais, a taxa de inflao ter que ser supe-rior nova taxa de crescimento da oferta de moeda durante um dado perodo de tempo. O que assegura que a inflao atingir a taxa de equilbrio a estabi-lidade da funo demanda de moeda. Diversos autores, entre os quais Cagan, em seu famoso estudo sobre as hiperinflaes, 10 comprovaram que a sensibili-dade da demanda de moeda taxa esperada de inflao e desta taxa efetiva so suficientemente pequenas para descartar a possibilidade de um processo in-flacionrio auto-sustentado. 11

    Comparando-se os dois enfoques da teoria quantitativa, verifica-se que sua utilizao como teoria de inflao depende de hipteses bastante restritivas em ambos os casos. Na verso antiga, os pressupostos de que a demanda de moe-da era funo unicamente da renda (cuja trajetria independia da oferta de moe-da), e de que preos e salrios eram perfeitamente flexveis, asseguravam a pro-porcionalidade entre nvel geral de preos e estoque de moeda, permitindo ob-ter a taxa de inflao pela diferena entre a taxa de expanso monetria e a taxa de crescimento do produto real. A viso moderna, ao reconhecer a influncia de outras variveis sobre a funo demanda de moeda, tais como a taxa de ju-ros e a expectativa de inflao, tornou necessrio o estabelecimento de hipte-ses adicionais acerca da trajetria destas variveis ao longo do tempo.

    A diferena mais marcante entre as duas formulaes diz respeito neu-tralidade da moeda. Enquanto os neoclssicos pregavam a dicotomia entre o setor real e o setor monetrio, o que impossibilitava estimular a economia atravs da poltica monetria, mas, em contrapartida, eliminava a crise de estabilizao, os quantitativistas modernos acreditam que apenas a longo prazo a taxa de in-flao ser igual taxa de expanso monetria. Neste caso, a moeda afeta tran-sitoriamente o nvel de atividade econmica. 3. A viso keynesiana O descrdito da teoria quantitativa da moeda em sua verso original, conforme mencionado, resultou em grande medida da depresso dos anos 30. Na ocasio, a renda nominal apresentou queda bem mais acentuada do que a dos meios de pagamento, o que conflitava com a hiptese de constncia da velocidade de cir-culao da moeda.

    Keynes, em The general theory of employment, 12 criticou a viso neocls-sica que postulava o pleno emprego automtico da economia, e construiu um

    9Ver , a respeito, Laidler e Parkin (1975, p. 746). IOCagan (1956). I I Laidler e Parkin (1975, p. 748). 12Keynes (1973).

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  • modelo que tornava estvel o equilbrio com desemprego involuntrio. Nega-va-se assim a lei de Say, segundo a qual um aumento no produto implica cresci-mento equivalente na demanda e na renda. Em Keynes, o nvel de equilbrio do produto era determinado pela demanda efetiva, que corresponde soma do con-sumo (C) e investimento (l).

    A relao entre o consumo e a renda dada por uma caracterstica psico-lgica da comunidade, denominada por Keynes "propenso a consumir" [C'(y) = dCI dy], que supe um crescimento menos que proporcional do consumo em resposta a um aumento na renda. Dada a propenso a consumir dos indivduos, a produo de equilbrio passa a depender do nvel de investimento corrente, de-terminado pela eficincia marginal do capital (relao entre o fluxo de rendimen-tos de um bem de capital e seu custo de reposio) e pela taxa de juroS.1 3

    A viso apresentada acima, que corresponde ao chamado modelo keyne-siano simplificado, 14 pode ser resumida pela equao do princpio da deman-da efetiva:

    c = C (y), O < C'(y) < 1

    e pela equao de equilbrio:

    onde: yd = demanda efetiva ye = renda real de equilbrio

    (7)

    (8)

    De acordo com a figura I, o ponto A corresponde ao equilbrio entre pro-duto e despesa. esquerda de A existe subproduo e direita superprodu-o. No caso de a produo superar a renda de equilbrio, por exemplo, a de-manda efetiva ser inferior oferta, o que resultar em acumulao involunt-ria de estoques e, no perodo seguinte, em reduo no produto at que se atinja a rendaye. Ocorrendo subproduo, o raciocnio ser inverso, o que demons-tra a estabilidade do ponto de equilbrio ye.

    Nada assegura, no entanto, que a renda de equilbrio corresponda renda de pleno emprego. Para que o'equilbrio entre demanda e oferta agregadas ocorra ao nvel do produto de pleno emprego, necessrio que a demanda efetiva cres-a pari passu com a oferta. Isto pode ser conseguido aumentando-se os compo-nentes autnomos do consu.mo elou do investimento. Keynes privilegiava a po-ltica fiscal como instrumento de estmulo da demanda global em detrimento da

    13Keynes (1973, p. 27-8). 14A introduo do Governo e a abertura da economia repre,entam c'tense, deste modelo.

    TEORIAS DE INFLAO 191

  • poltica monetria que, em uma situao limite, poderia ser totalmente ineficaz para incentivar o gasto agregado. 15

    d C,y

    45.0

    Figura 1

    d y = C+ I

    c

    L-~----------------------~e~-----------Y y

    Embora o trabalho de Keynes focalizasse essencialmente a questo do de-semprego, j continha os elementos principais do que foi chamado' 'viso key-nesiana" do processo inflacionrio. Enquanto o produto inferior ao nvel de pleno emprego, uma expanso da demanda efetiva gera elevao da renda e dos preos de alguns bens e servios. Esta situao, entretanto, no representa um estado de inflao' 'verdadeira", j que a natureza do aumento de preos pu-ramente adaptativa, no sentido de que durante o processo produtivo alguns fa-tores se tornam escassos enquanto outros continuam ociosos. A inflao "ver-dadeira" passa a existir quando um incremento na demanda efetiva no mais se traduz em variao do produto real, mas apenas em crescimento dos preos. 16 Este fenmeno ocorre quando os recursos da economia esto sendo totalmente utilizados.

    A figura 2 ilustra a situao em que a demanda efetiva agregada supera a renda de pleno emprego, chamada de hiato inflacionrio.

    Suponha que o equilbrio entre demanda e oferta agregadas ocorra ao n-vel do produto de pleno emprego. Neste caso, um aumento em qualquer dos com-

    15 Para Keynes, a demanda de moeda teria um componente especulativo que variaria de acordo com a taxa de juros. Neste caso poderia ocorrer uma situao que se tornou conhecida como "armadi-lha de liquidez", em que a ta.xa de juros vigente fosse to baixa que todo aumento da oferta de moe-da ,eria mantido sob a forma de saldos de caixa pelos demandantes. lA\.:r Ke\ne, (19~3. p. 3(3).

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  • d y

    Hiato { inflacionrio

    onde: yP = produto de pleno emprego

    Figura 2

    p y

    yd 1

    d yo

    y

    ponentes da demanda que desloque a curva de gastos de yg para y? no tem im-pacto sobre a renda, como mostra a trajetria de A para B. A distncia vertical entre estes dois pontos representa o hiato de procura, ou hiato inflacionrio. No entanto, a demanda global no pode ficar persistentemente acima da oferta glo-bal, devendo os preos subirem de modo a eliminar o hiato inflacionrio. me-dida que os preos se elevam, diversos fatores como a reduo da liquidez real, a defasagem entre reajustes de preos e salrios, o aumento da carga tributria resultante de um imposto de renda progressivo (na ausncia de indexao ple-na), passam a atuar no sentido de reduzir o excesso de gastos, deslocando para baixo a curva de demanda agregada em direo ao ponto inicial de equilbrio A. Este processo ser estvel se os preos crescentes inibirem efetivamente o gasto real, de modo que este seja menor ou igual ao produto de pleno emprego.

    Apresenta-se a seguir um modelo simplificado do enfoque keynesiano da inflao. 17 Considere, por exemplo, uma funo consumo linear, de modo que a equao (7) da demanda efetiva no perodo t pode ser escrita como: y? = a + by t - CPt + I onde: a = componente autnomo do consumo b = propenso marginal a consumir, O < b< 1 I = investimento autnomo

    (9)

    A equao (10) representa o equilbrio entre gasto real e renda real, obti-do atravs de ajustes na produo em cada perodo (ver figura 1):

    d_ Yt - yt (lO)

    17 No modelo keynesiano simplificado, a demanda agregada no sofre qualquer influncia da po-ltica monetria. Para o exame de modelos ampliados que incluem a liquidez real da economia, ver Simonsen (I 970, p. 111-8).

    TEORIAS DE INFLAO 193

  • Como j foi mencionado, enquanto o produto permanece aqum do n-vel de pleno emprego, existe estabilidade de preos e a renda real varia de acor-do com a diferena entre a demanda efetiva e o produto corrente. As equaes de ajustamento (11) e (12) ilustram este processo: y = ex (yd - y) a' > O, y < yP P=O,y yP

    h=yf+ 2 -Yt+l =a +(b-l)yP-cPt + 2 +1

    (13) (14) (15)

    Neste caso, a partir do perodo t + 2, as formas das equaes de ajusta-mento para y e P sero trocadas entre si, j que o hiato entre demanda efetiva e produto potencial se traduzir apenas em preos mais elevados, sem que a renda real sofra qualquer alterao. y = O, Y = yP P = (3(yd - y) (3' > O, y = YP

    (16) (I7)

    A estabilidade do processo inflacionrio keynesiano, tal como descrito pela equao (17), depender da ao inibi dor a que os preos em elevao exerce-rem sobre a demanda efetiva agregada. Se, como se supe, uma taxa de infla-o positiva concorrer para a reduo dos gastos reais, a eliminao do hiato inflacionrio e, conseqentemente, do determinante de aumentos futuros de pre-os, se dar quando os preos forem tais que exista equilbrio entre despesa to-tal e produto total.

    A teoria keynesiana de inflao teve especial destaque durante e aps a II Guerra Mundial, quando o grande incremento nas despesas pblicas contribuiu para o aparecimento de surtos inflacionrios. 18 Assim como a teoria quantita-tiva da moeda, a verso keynesiana prev apenas a ocorrncia de inflao de de-manda. 19 O que varia o determinante principal do nvel de preos: enquanto a teoria quantitativa ignora o papel da poltica fiscal no processo inflacionrio, o enfoque keynesiano, por sua vez, minimiza a influncia da poltica monetria sobre a demanda agregada. No caso extremo da "armadilha da liquidez", a ex-panso da oferta de moeda no tem qualquer impacto em termos de criao de

    18 A este respeito, ver Keynes (1940) e Salant (1942). 19 Uma importante inovao na teoria da inOao de demanda /a Keynes o trabalho de Hansen (1951). Neste livro, o autor desdobra o conceito de hiato inOacionrio em dois: o "hiato de fato-res" ligado ao mercado de fatores e, particularmente, ao trabalho, e o "hiato de bens". A ocorrn-cia de inOao, neste caso, pressupe a existncia de um excesso de demanda positivo em ambos os mercados, de bens e fatores.

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  • demanda, enquanto que em situaes menos adversas a poltica monetria tem sua eficcia reduzida, como conseqncia do aumento nos encaixes especulati-vos de moeda decorrente da reduo na taxa de juros.

    Outro aspecto fia viso keynesiana original o fato de que esta pressupe a ocorrncia de inflao apenas quando o nvel de procura total supera o pro-duto de pleno emprego. Desta forma, fenmenos como o da estagflao, em que se combinam inflao e recesso, no podem ser analisados no mbito da teo-ria keynesiana de inflao.

    4. Inflao de custos e inflao de demanda

    Na dcada de 50, quando coexistiram inflao e um nvel mdio de desemprego maior do que o do perodo anterior, a questo' 'inflao de demanda x inflao de custos" constituiu importante tpico de discusso no Reino Unido e nos EUA.20 Na prtica, a distino entre um processo inflacionrio iniciado por presses de demanda ou de custos bastante difcil, pois a partir de um certo ponto os dois componentes interagem, impedindo o estabelecimento de relaes ntidas de causalidade. 21 A identificao da natureza da inflao como sendo de demanda ou de custos tende a resultar em diferentes prescries antiinflacio-nrias. Se o diagnstico for de inflao de demanda, o combate inflao se basear principalmente em polticas monetria e fiscal restritivas. No caso de inflao de custos, em polticas de preos e rendas.

    Na literatura anglo-saxnica, a origem da inflao de custos est geralmente associada a aumentos de salrios superiores aos determinados pelas condies de demanda,22 o que pressupe a organizao dos trabalhadores em sindicatos com poder efetivo de negociao. A atuao dos sindicatos no sentido de redu-zir ou eliminar os diferenciais de salrios existentes entre firmas de uma mesma indstria, ou entre indstrias diferentes, tem sido identificada como uma das causas mais freqentes de wage-push. 23

    A associao de wage-push e inflao de custos permite distinguir, ainda que aproximadamente, situaes de inflao de demanda e de custos. A eleva-o dos salrios e preos, acompanhada de queda no nvel de produo (figura 3), pode caracterizar uma situao em que os salrios esto sendo reajustados

    20 Ver, por exemplo, Dicks-\Iireau\ e 00\\ (1959), Dick, \Iireau\ (1961); Selden (1959); Galla\\a\ (1958) e Holzman (1960). . 21 o caso, por exemplo, do comportamento da taxa de cmbio em um pas sujeito a inflao cr-nica e elevada. Mesmo que a taxa cambial seja administrada pelo governo, ter que ser continua-mente desvalorizada, o que resultar em novos aumentos de preos e posteriores desvalorizaes (ver Simonsen, 1970, p. 120). 22 Ajustados para aumentos na produtividade da mo-de-obra. 23 Ver, a respeito, Bronfenbrenner e Holzman (1963, p. 618-20). \" ale a pena ressaltar que, mesmo em pases onde os sindicatos no possuem poder de presso efetivo. a atualizao de politicas sala-riais de natureza populista p0de gerar tenses autnomas de custos.

    TEORIAS DE INFLAO 195

  • alm do que permitem as condies de demanda, configurando uma inflao de custoS. 24 Por outro lado, haver uma indicao de que os fatores de deman-

    P Figura 3

    Po -----

    L-____________ ~ ____ ~ _________________ y

    onde: S = oferta agregada O = demanda agregada

    P Figura 4

    51

    ~------------~------------------------- y Yo Y1

    51

    2~ Alternativamente, a origem do deslocamento da curva de oferta pode estar na ocorrncia de cho-q ues de oferta ocasionados, por exemplo, por quebras de safras ou forte elevao no preo de mat-rias-primas. Neste caso. os reajustes salariais estariam apenas respondendo a aumentos anteriores de preos.

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  • da predominam no processo inflacionrio quando preos e produtos estiverem aumentando simultaneamente (figura 4).

    No entanto, dado um determinado estado de sindicalizao da fora de trabalho, as presses salariais s representaro fonte contnua de inflao se fo-rem ratificadas por uma poltica monetria passiva, que elevar ainda mais os preos e recuperar o nvel do produto, podendo este eventualmente retornar posio inicial (figura 5). Caso contrrio, o aumento do desemprego decor-rente do wage-push resultar em queda do poder de presso dos sindicatos e re-duo das possibilidades de ocorrncia de inflao de custos a partir de reivin-dicaes salariais que desconsiderem o estado da demanda.

    Com relao inflao de demanda, medida que as expectativas infla-cionrias e os maiores preos dos produtos forem sendo incorporados aos pre-os dos fatores, o produto e o nvel de emprego comearo a declinar e os pre-os continuaro a subir (figura 6).

    p Figura 5

    y

    Observa-se nas figuras 5 e 6 que os dois tipos de inflao somente podero ser identificados se os ajustamentos acontecerem lentamente. Se a acomodao monetria ao choque de custos no for imediata, a trajetria representar a evo-luo de uma inflao de custos. Analogamente, se fatores como iluso mone-tria ou defasagens nos reajustes salariais retardarem o deslocamento para ci-ma da curva de oferta, uma inflao de demanda seguir o caminho DE F.25

    25 Para uma discusso mais e'tensa da, dificuldade, a"ociadas diqinco entre inflaco de de-manda e de custos, \er Johnson (196~, p. 128-30), c Hol/man (1%0, p. 21-2).

    TEORIAS DE INFLAO 197

  • Figura 6 p

    s,

    ~------------~------~--------~ y

    No entanto, a inflao de custos no pode ser atribuda exclusivamente a aumentos salariais superiores aos que seriam justificveis pelas condies de demanda ou de produtividade da mo-de-obra. Da mesma forma que uma es-trutura no-competitiva no mercado de trabalho possibilita um wage-push, a existncia de monoplios e oligoplios fixando preos por meio de polticas de mark-up pode resultar em uma "inflao de lucros" (projit-push). Na medida em que o mark-up no est diretamente relacionado s condies de mercado - pelo menos no curto prazo - as empresas podem aumentar seus preos, ain-da que os custos e a demanda se mantenham constantes. Cabe lembrar que pro-vavelmente o impacto inflacionrio de um projit-push ser inferior ao de um wage-push, j que os lucros representam parcela menor dos preos.

    Em resumo, a inflao de custos iniciada tanto por presses de salrios co-mo de lucros depende de fatores institucionais - a existncia de condies de mercado no-competitivas - e sociais - a disputa dos diversos grupos da so-ciedade pela distribuio da renda nacional. Considere, por exemplo, uma eco-nomia operando a pleno emprego e onde os nicos componentes da renda na-cional sejam salrios e lucros:

    Yt = Wt + Lt Yt=y P Pt onde: W = folha salarial L lucros totais

    (18) (19 )

    198

    Suponha ainda que a participao desejada dos assalariados e dos empre-R.B.E.2/87

    .... '

  • srios no produto total, considerando-se os preos vigentes no perodo anterior, seja dada por: Wt = Q yP Pt-I Lt = () yP Pt-I

    Substituindo (21) e (20) em (18) e utilizando (19), obtm-se :

    Pt = (Q + () Pt-I

    (20) (21)

    (22) A expresso acima indica que os preos no perodo t s se mantero est-

    veis se ambos os grupos estiverem satisfeitos com sua parcela da renda nacio-nal. Caso contrrio, isto , se um deles tentar aumentar sua participao na renda sem que o outro grupo aceite reduo equivalente, estar iniciado um processo de inflao de custos como mostra a equao (23).26

    p - P 1 t t - = (a + ~) _ 1 Pt-l

    (23)

    importante ressaltar que a inflao de custos pode ser deflagrada inde-pendentemente da natureza dos mercados ou da disposio dos vrios setores da sociedade de disputarem maiores fraes da renda nacional. A origem da in-flao de custos pode estar associada, por exemplo, ocorrncia de choques de oferta causados por safras agrcolas insuficientes, forte elevao no preo de de-terminadas matrias-primas importadas como o petrleo, etc. Estes aumentos de preos setoriais tero efeito tanto maior sobre o comportamento da taxa de inflao quanto maior for seu peso no ndice geral de preos.

    Outra teoria que tenta explicar o fenmeno da inflao, com base em al-teraes imprevistas na demanda de determinados setores da economia, a cha-mada teoria da inflao setorial. 27 A hiptese bsica a rigidez para baixo de preos e salrios. Neste caso, ao ocorrerem deslocamentos na demanda, os pre-os subiro no setor atingido pela maior procura e no sero compensados por queda nos preos no setor em que a demanda se reduziu. A conseqncia ser uma elevao do ndice geral de preos, embora no haja excesso de demanda agregada.

    Vale a pena lembrar que as variaes setoriais de demanda e de oferta s implicaro aumentos contnuos do ndice geral de preos se forem acomodadas atravs de polticas monetria e/ou fiscal passivas. Caso contrrio, o apareci-mento de excesso de oferta e/ ou desemprego em alguns setores poder atenuar e at mesmo reverter a tendncia ascendente dos preos.

    26 Para modelos simples de inflaode CU'lOS. ver Bronfenbrenner e Holzman (1963. p. 623-5); Si-monsen (1970. p. 120-1); e Jackman. \lul\e\ e Tre\ ithick (1981. p. 65-8). 2" Ver. a respeito. Bronfenbrennere Holzman (1963. p. 612-3); e John .. on (1967, p. 130-1).

    TEORIAS DE INFLAO 199

  • 5. Curva de Phillips e expectativas de inflao

    Em 1958, Phillips publicou o resultado de uma investigao emprica da rela-o entre taxas de variao dos salrios nominais e taxa de desemprego no Rei-no Unido, no perodo 1861 - I 957. 28 Foram identificados dois fatores que afe-tam a taxa de variao dos salrios nominais (W): o excesso de demanda no mer-cado de trabalho, que est inversamente relacionado com a taxa de desemprego (U), e a taxa de variao da demanda de mo-de-obra, ou a taxa de variao do desemprego (). Estas variveis so influenciadas pelo ritmo da atividade eco-nmica, ou seja, o aumento na demanda de mo-de-obra em perodos de pros-peridade resulta em queda na taxa de desemprego e possibilita a obteno de maiores reajustes salariais, ocorrendo fenmeno inverso nos perodos de reces-so. Alm disso, a relao entre We U no-linear, devido rigidez para baixo dos salrios nominais.

    A hiptese de uma relao inversa no-linear entre u," e U foi confirmada por Phillips ao estimar a equao (24), que deu origem curva representada na figura 7, conhecida como Curva de Phillips.

    log (W + a) = log {3 + I log U onde: a, J, I = constantes

    w

    Figura 7

    ~------------------~------------- U

    (24)

    Adicionalmente, o exame das curvas ajustadas para os diferentes subpe-rodos revelou clara tendncia para ~il se situar acima da mdia quando o de-semprego era declinante ( < O) e abaixo da mdia quando o desemprego era crescente ( > O).

    200 R.B.E.2/87

  • o trabalho emprico realizado por Phillips foi O ponto de partida para uma srie de outros estudos que discutiram e ampliaram a anlise inicial, com impli-caes diretas para a teoria de inflao e para a poltica econmica. 29 Lipsey30 foi o primeiro autor a se preocupar com a construo de um modelo terico que explicasse adequadamente as relaes entre We U e W' e U. Em seu estudo, es-tas relaes foram estabelecidas inicialmente para um nico mercado de traba-lho e,posteriormente,agregadas para a economia como um todo. A essncia do modelo consiste em um mecanismo de ajustamento competitivo, segundo o qual a taxa de variao dos salrios determinada pelo excesso de demanda no mer-cado de trabalho)1

    ND NS W=f(' - ) NS

    f' > O

    onde: ND = demanda de mo-de-obra NS = oferta de mo-de-obra.

    A equao (25) pode ser representada pela figura 8, que mostra uma rela-_ . . " ND _ NS

    ao pOSItIva entre 11' e ( S ). Quando o excesso de demanda for igual a N

    zero, os salrios nominais permanecero constantes. No entanto, como o excesso de demanda no estatisticamente observ-

    vel (por se tratar da diferena entre duas magnitudes desejadas), Lipsey relacio-nou esta varivel com a percentagem da fora de trabalho desempregada)2

    ND_ NS U=g ( NS ) . g'

  • Figura 8

    w

    Figura 9

    u

    onde: U = taxa "naturai" de desemprego Assim, quanto maior o excesso de demanda, menor a taxa de desempre-

    go, j que o nmero de vagas di~ponveis ser maior e o tempo necessrio para encontrar um no\'a ocupao e trocar de emprego ser reduzido. B

  • Combinando as relaes expressas nas figuras 8 e 9, obtm-se a chamada Curva de Phillips, que mostra o ajustamento da taxa salarial a variaes na per-centagem da fora de trabalho desempregada:

    \\' = h (U), h'

  • mente, quanto mais elevado o desemprego em relao a U, mais os salrios no-minais tendem a cair, enquanto que taxas de desemprego inferiores taxa natu-ral implicam reajustes positivos para os salrios nominais.

    Incorporando a noo de desemprego friccionai equao (27) que des-creve a relao terica da Curva de Phillips, obtm-se:

    W = h (U - U), h' < O (28) A Curva de Phillips original tambm freqentemente apresentada subs-

    tituindo-se a taxa de variao dos salrios nominais pela taxa de inflao (P). Esta verso pretende evidenciar a relao entre inflao e desemprego e suas im-plicaes em termos de poltica econmica. A passagem de W para P pode ser feita, por exemplo, supondo-se a existncia de uma estrutura no-competitiva no mercado de produto, com as empresas fixando preos com base no custo uni-trio da mo-de-obra acrescido de um determinado mark-up constante. Nestas condies, a taxa de inflao determinada pela diferena entre a taxa de varia-o dos salrios nominais e a taxa de crescimento da produtividade mdia da mo-de-obra.

    P = W-q (29) onde: q = taxa de crescimento da produtividade mdia da mo-de-obra.

    Combinando-se as expresses (28) e (29) chega-se equao que resume um dos dilemas mais importantes de poltica econmica: o da possvel escolha entre taxas de inflao e de desemprego.

    P = h(U-U)-q,h'

  • p Figura 11

    u

    o (30) pode ser feita atra\s da chamada lei de Okun. que relaciona as duas variveis de acordo com a expre~soY u - U = (yP - y). > O (3 J )

    Arthur Okun estimou que, para os EUA, uma \ariao de 1 (}o na taxa de desemprego alm da taxa natural corresponde a uma \ariao de 3(}o no hiato do produto, no curto prazo.

    Combinando-se as equaes (30) e (31) obtm-se a expresso (32) e a Cur-va de Phillips da figura 12. que mostra o frade-o!! entre intlao e hiato do pro-duto.

    .p' < O

    Quando h pleno emprego, ou seja, y = yP, a taxa de intlaco lera. poi, os salrios nominais permanecem constantes.'~ Para n\eis de produto ~uperiores ao produto potencial. aumenta o excesso de demanda no mercado de traba-lho, o que resulta em salrios e preos crescentes. Fenmeno imerso ocorre quan-do y < yP. Esta representao da Cuna de Phillips torna e\idente os custos de

    .h Para Ull1,J brL'\('tii", .... U"jl1.t Il"r'l..'lll' ~LI !i..'; Jl'()~UI1. \(.'1 ()l'rI11""\~1,,:1' ,,' I i',11..." (1q- ...... " 4.~(1 ~I 39 De~....:()n,iderando-~e 3Un1('nto, ... alariai ... JL'\".'(1rrt:l1tc", de \3.ri~h.\.\l>'" Il~l prl1duII\ h..Ltdl' lLt 1ll;1('I-d .... -obra.

    TEORIAS DE INFLAO 205

  • Figura 12

    p

    y

    um programa de reduo da taxa de inflao, em termos de gerao de desem-prego e capacidade ociosa.

    No entanto, de todas as modificaes sofridas pela Curva de Phillips ao longo do tempo, a mais importante foi certamente a incluso da taxa esperada de inflao (-pe) como varivel capaz de afetar o comportamento dos salrios e dos preos.

    No final da dcada de 60 e incio da de 70, observou-se que a Curva de Phil-lips parecia estar-se deslocando, pois a uma dada taxa de desemprego corres-pondia uma taxa de inflao cada vez mais elevada. A explicao para este fe-nneno estava no fato de que uma das vari\eis que se supunha constante na formulao original da Curva de Phillips, a expectati\a de inflao, no pode-ria ser desconsiderada no processo de determinao de salrios e preos.

    De acordo com Friedman,4o um dos primeiros autores a reconhecer a im-portncia da taxa esperada de inflao na formulao da Curva de Phillips, tanto a demanda quanto a oferta de mo-de-obra dependem do salrio real, e no do salrio nominal, como Phillips sups inicialmente. Desta forma, como os con-tratos de trabalho vigoram usualmente por um determinado perodo de tempo, os empregados tentam incorporar aos salrios nominais suas expectativas de pre-os crescentes de modo a manter inalterado o salri.o real mdio.

    206 R.B.E.2/87

  • A equao da Curva de Phillips que inclui a inflao esperada dada por:

    (33)

    Ou em termos da relao entre inflao e produto:

    P = ape + cf> (yP - y) - q, cf> < O (3'+ ) Exami~ndo-se a figura 13 constata-se que a Curva de Phillips original, ~m que U = U estava associado a uma taxa de inflao zero, s se verifica para pe = O. Quando a expectativa de inflao for positiva, a taxa natmal de desem-prego ser compatvel com um conjunto de taxas de inflao.

    p Figura 13

    .

    p ~ > Po u

    P'Q = O O fenmeno da estagflao - ou da convivncia entre inflao e recesso

    - que atingiu vrios pases na dcada de 70, foi considerado por muitos econo-mistas como evidncia de que no mais existiria o trade-off entre inflao e de-semprego. ~INo entanto, a estagflao pode ser explicada pelo deslocamento ao longo do tempo da Curva de Phillips ampliada pelas expectativas, deYido in-corporao da taxa esperada de inflao aos contratos de salrios e de outros fatores de produo. ~2Admita, por exemplo, que ocorra um aumento autnomo na demanda agre-

    41 Ver, por exemplo, Blinder (1979 p. 5-23). 42 A estagtlao pode tambm, resultar de choques de oferta negativos, temporrios ou permanen-tes, que deslocam para cima a curva de oferta agregada. A este respeito, ver Blinder(! ';i-', .p.14-7 J.

    TEORIAS DE INFLAO 207

  • gada que, em uma primeira etapa, ele\e os preo\ e estimule a produo e o em-prego, j que m cmto~ de produo permanecem constantes. A medida que o tempo passa os contratos \o sendo negociado, de modo a inclurem a taxa es-perada positi\a de in fiao, rultando em preco, mais ele\ados para os fatores de produo. Reduz-se ento o incenti\o para expandir o produto e tem inicio a fase estagtlacionria, em que os preo,> continuam subindo e a produo co-mea a declinar at retornar, e\entualmente, ao seu ni\el inicial.

    Se a incorporao das expectativas Curva de Phillips pde esclarecer ques-tes como a da estagflao, resultou, entretanto, em um debate ainda mais con-trovertido: o da existncia ou no de um dilema entre in tlao e desemprego no longo prazo.

    Friedman e Phelps,.J' independentemente, concluram que a Cun a de Phillips de longo prazo \ertical, de modo que o trade-off entre P e U acontece apenas transitoriamente. De acordo com Friedman, o emprego s pode aumen-tar enquanto a taxa de inflao esperada fica abaixo da taxa efetiva, resultando em declnio do salrio real ex-posto Com o passar do tempo as expectativas de inflao dos trahalhadores se ajustam, at refletirem integralmente a inflao efetiva no longo prazo, quando o emprego \olta ao seu patamar inicial (deno-minado por Friedman de taxa "natural" de desemprego) . .j.j A partir deste pon-to, estmulos adicionais demanda agregada resultam apenas em taxas de in-flao mais ele\adas, sem qualquer efeito sobre o produto real.

    A situao de longo prazo, em que pC igual a p, pode ser visualizada pela equao (33) (onde se sups, adicionalmente, que q = O):

    p = h (U - U) l-o. (35)

    o elemento-cha\e para determinar a existncia de trade-offno longo pra-zo o coeficiente a. Se n = 1, a Curva de Phillips vertical e a taxa de desem-prego igual taxa "natural" (U = Ci), consistente com q ualq uer taxa de infla-o. desde que perfeitamente antecipada. No caso de a ser inferior unidade, a Cuna de Phillips tem inclinao negati\ a, mesmo no longo prazo, possibili-tando o aumento da produo e do emprego custa de uma taxa de inflao as-cendenteY As duas alternativas esto representadas na figura 14.

    ~'llIclrn"J111'i6~1 l'ilell" 1196-1 .J.j Dn'e-,e notar que a a5'ocia,o apena, tran,itria de preo, crescente, e aumento de produto e emprego j era pre\ iqa por Fi,her. corno demonqra o trecho: .. In fact. during such periods of ra-pid intlation. "hen profits increa\e hecause prices for receipls rise faqer than expcl1'es. \\e nickna-!l1~ lhe pr\..)fit-taJ....cr thl' 'prcl!it(,(,I" F!1lf'lo.\ 111l'nr j .. lhc.'ll "'li!1lU/~1ll\..f - for a rirnc: ar k.l,r. ,. (Fi~her 1 './-;, p, -1% I, O grifo no do original. -l~ n('\('- ... (' rc ...... altar que.' Ulll (l"'lcti\o-\eI1h.' (,

  • Figura 14

    p

    (l(= 1

    u

    A aceitao da hiptese de verticalidade da Curva de Phillips significa que as polticas monetria e fiscal so impotentes para reduzir o desemprego a lon-go prazo, embora sejam eficazes temporariamente. 46 Naturalmente, o ajusta-mento da taxa esperada de inflao taxa efetiva e, portanto, a magnitude do coeficiente ex, depende do processo de formao das expectativas. Se a tradio de estabilidade de preos, as expectativas demoram a se ajustar e as polticas de expanso da demanda agregada tm efeito maior sobre a produo do que sobre os preos. Processo contrrio ocorre em um pas habituado convivncia com altas taxas de inflao. importante notar que quando o objetivo redu-zir a inflao, as expectativas so provavelmente mais rgidas no caso de taxas de inflao elevadas, quando polticas restritivas tm maior impacto sobre a ati-vidade econmica do que sobre a taxa de crescimento dos preos, aprofundan-do a crise de estabilizaoY Esta assimetria no comportamento das expectati-vas inflacionrias deriva da rigidez para baixo dos salrios nominais (e de ou-tros preos de fatores), j diagnosticada no trabalho original de Phillips .

    .+6 Para uma di..,.:u ........ o dlJ~ ml'tl)Ul1 .... de rC'duLl' .. ia la\.I natural de lk"'C'lllrrci!o. \~T DDrnbu~('h c Fisher (19~8. p. 489-921. '

    r Alguma e\ idncia 'ohre o a,,, hra,iieiro pode ,el Ilcontrada em Lemgruber ( 19801: I.ope, (1982 I e \Iodlano (1983 I.

    TEORIAS DE INFLAO 209

  • Uma das hipteses mais utilizadas no proce~so de formau das t:.'\pec:ra-tivas a de que estas ~e aj ustam gradualmente, de acordo com o lIleCalll~nJ(J das expectativas adaptativas. Neste caso, a pre\iso de inflao baseia~e em uma mdia ponderada da~ taxas de infla.,:o esperada e efeti\ a vigentes no perodo anterior.

    ~ pe . Pi = Pt_1 +(I-)Pt_1 .0

  • Este resultado que, conjugado a outras hipteses,5o torna ineficazes as polticas macroeconmicas mesmo no curto prazo, deduzido da suposio de que os agentes econmicos conhecem os determinantes da taxa de inflao, en-tre os quais se inclui a trajetria da poltica econmica. 51 Quando varia a taxa de expanso da oferta de moeda, por exemplo, no apenas a taxa de inflao como tambm a taxa esperada de inflao se alteram, de modo que o impacto real nulo.

    As implicaes em termos de poltica econmica da teoria das expectati-vas racionais, que prev uma Curva de Phillips vertical mesmo no curto prazo, so certamente fortes. Aceita a teoria, as autoridades econmicas s sero ca-pazes de influenciar variveis reais como o produto e o emprego se conseguirem implementar medidas no-sistemticas, que no sejam antecipadas pelos agen-tes econmicos. 52

    A contrapartida da impossibilidade de afetar a produo atravs de pol-ticas expansionistas a eliminao da chamada crise de estabilizao. De acor-do com a teoria das expectativas racionais, basta que seja anunciada a meta de reduo da taxa de inflao com base em um programa monetrio-fiscal con-sistente, para que os agentes econmicos imediatamente revejam suas expecta-tivas, permitindo a queda da inflao sem qualquer custo em termos de redu-o no nvel de atividade.

    Este resultado imediato da teoria certamente critic\el. embora aponte ,Ima que~to essencial. que a da importncia da credibilidade da~ autoridades '?conmicas para o suce~~o de programas antiinflacionrim. O que a teoria da~ expectativas racionais no considera. entretanto, que em um mundo onde exis-tem contratos, regras formais e informais de indexao e mercados no-com-petiti\os, os preos so rgidos para baixo. o que gera algum efeito negati\o so-bre o produto real durante a fase de estabililao. Oeqa forma, os formulado-res de poltica so incapazes de afetar positi\amente o n\ el do produto atra\, de estmulos demanda agregada. o que equi\ale a uma Cuna de Phillips \ert i-cal no curto prazo, embora o rrade-uffcontinue existindo quando o objeti\o per-seguido for a reduo da taxa de inflao.

    () Estruturalismo A l('pria e,truturaliqa de inflao de

  • t ruir uma teoria de inflao adequada , caracter,ticas dos pases em desemol-\ imento, que pudesse explicar as alta, taxas de in flao experimentadas por es-tes pases.'3 Desde o incio, o estruturalismo ,e contrap, ao diagnstico da in-Ilao e s prescries ortodoxas de poltica antiintlacionria aplicadas pelo Fun-do \fonetrio Internacional em di\ersm pases latino-americanos.

    De acordo com o enfoque estruturalista, a inflao no resulta de medi-da, inadequadas de poltica fiscal e monetria, mas de limitaes e inflexibili-dades da estrutura econmica, ,urgidas no decorrer do processo de desemohi-mento. Esta" por sua vez, so ratificadas e ampliadas por determinados "me-canismos de propagao", que asseguram a continuidade do processo inflacio-nrio.

    Sunkel. em ,eu trabalho pioneirp ,obre o estruturalismo, '-1 das,ificou em I rs cal ego ria , as presse, in rlacionria, c'll1 uma econom ia em desem olvi men-10: bsica, ou estruturais, circul1'lanciai, e acumulati\as. :\s pres,es estrutu-rai, que, de acordo com a \ iso est rut uralista, representam a cama principal da inflao, deri\ am basicamente da incapacidade de determinados setores produ-ti \0, em atender a modi ficae, na demanda, de\ ido ao funcionamento inade-LJuado do ,istema de precm e re,trira mobilidade dm fatores de produo. Nos pai,e, em desemoh imenro, a ati\idade agrcola tem sido tradicionalmente iden-tificada como fonte de pres,e, inflacionria, estruturai,. I,to

  • tos primrios torna instvel a receita de exportaes, e a baixa elasticidade-ren-da da demanda externa por estes produtos restringe o crescimento do volume exportado. Por outro lado, as importaes so pressionadas pela industrializa-o, pelo processo de substituio de importaes que necessita de insumos e produtos intermedirios importados, e pela elevada elasticidade-renda da de-manda de importveis. O resultado um dficit na balana comercial e,na au-sncia de supervit de igual magnitude na conta de capital, um dficit no balan-o de pagamentos. O reequilbrio do setor externo requer, portanto, que o pre-o dos bens importados se eleve em relao ao preo dos bens produzidos inter-namente. Esta alterao obtida por meio de desvalorizaes cambiais e/ ou restries s importaes, que so respons\eis por presses inflacionrias de natureza estrutural.

    O segundo tipo de presso intlacionria, denominada circunstancial, pro-duzida por eventos como a ele\ao exgena nos preos de produtos importa-dos e o aumento de gastos pblicos por razes polticas, de\ido a desastres na-turais ou a perodos de guerra. As presses intlacionrias acumulati\as, por sua vez, so aquelas criadas e desemohidas pelo prprio processo intlacionrio co-mo, por exemplo, as distores no sistema de preos e o aparecimento de expec-tativas desfavor\'eis com relao ao comportamento da inflao.

    Todas estas presses intlacionrias, entretanto, s geram um processo per-manente de expanso monetria e ele\ao de preos graas atuao dos cha-mados mecanismos de propagao. Para o enfoque estruturalista, o contlito dis-tributi\o entre os di\ersos grupos da sociedade e entre os setores pblicos e pri-\'ado da economia constitui o principal mecanismo de propagao do processo de ele\ao dos preos. Os assalariados demandam reajustes capazes de man-ter pelo menos estvel a sua participao no produto nacional, ao passo que os empresrios, em sta do aumento nos custos de produo, tendem a ele\ar os preos de seus produtos e a reCOrrer em maior escala ao crdito bancrio. O se-tor pblico, por sua vez, em face da ineficincia do sistema tributrio dos pases em desemolvimento, financia parcela significati\'a de seus gastos fiscais atra-\s da emisso de moeda. Em suma, iniciado um processo inflacionrio, os rea-justes de salrios e preos, sancionados pela expanso monetria e creditcia, aliados ao sistema de financiamento do dficit, so responsveis pela sustenta-o da inflao.

    com base nesta anlise que os e~truturalistas questionam a prescrio antiintlacionria da escola monetariqa. que consiste em conter a expanso do estoque de moeda em circulao. De acordo com o enfoque estruturalista. esta medida atua apenas sobre um sintoma do proces~o inflacionrio - a emisso crescente de moeda - ,em combater o, seus determinante, bsicO'>. que esto localizados na prpria e-,(rutura da economia. O melhor resultado que se pode obter com este tipo de poltica a estabilidade ele prem custa elo crescimento econmico.

    Cabe ressaltar. entretanto. que a teoria estruturalista no apresenta um programa articulado ele combate in tla,o. que prodllla re,ultaelos em um prazo TEORIAS DE INFLAO 213

  • curto de tempo. As medidas preconizadas pelos estruturalistas, como reforma agrria, reformulao do sistema tributrio, etc., envolvem mudanas acentua-das na estrutura da economia, que somente podem ser realizadas a mdio e lon-go prazos.

    A viso estruturalista da inflao, tal como desenvolvida nos pases lati-no-americanos, pode ser sintetizada em um modelo simples que divide a econo-mia em dois setores: agrcola e industriaJ.56 Os preos agrcolas so determina-dos pelo livre jogo das foras de mercado e os preos industriais, pela imposi-o de um mark-up constante aos custos de produo. Considerando-se a mo-de-obra como o nico insumo utilizado, os preos na indstria so dados por:

    . Wi pl =(1 +m~

    q

    onde pi = nvel de preo, industriais m = mark-up fixo \Vi = salrio nominal na indstria q = razo produto/trabalho na indstria

    (39)

    Conseqentemente, a taxa de crescimento dos preos industriais deter-minada pela diferena entre a taxa de crescimento dos salrios nominais e a ta-xa de variao da produtividade da mo-de-obra:

    (40) Suronha que o ndice geral de preos desta economia seja uma mdia geo-

    mtrica dos preos agrcolas e industriais, de modo que a taxa de inflao resul-te de uma mdia ponderada das taxas de crescimento dos preos nos dois seto-res:

    p = 8 pa + (1 - 8) pi, O < 8 < 1

    onde: 8 = participao do setor agrcola no produto total pa = taxa de variao dos preos agrcolas Ou alternativamente:

    "ubstituindo (40) em (42) tem-se'

    (41 )

    (42)

    (43 )

  • Verifica-se na expresso acima que a taxa de inflao funo do diferen-cial entre as taxas de crescimento dos preos agrcolas e industriais, como indi-cado pelo termo (pa - pi). Deste modo, qualquer aumento nas relaes de troca entre estes dois setores produzir presses inflacionrias de natureza es-trutural. A inflao tambm afetada pela taxa de crescimento dos salrios no-minais e da produtividade da mo-de-obra. Os salrios, conforme mencionado anteriormente, constituem um dos principais fatores realimentadores da infla-o na medida em que sejam determinados, total ou parcialmente, com base na inflao passada. A taxa de variao da produtividade da mo-de-obra, quan-do positiva, representa fator amortecedor do processo de elevao de preos.

    Embora seja escassa a evidncia emprica relacionada s proposies da escola estruturalista,57 no se pode negar que esta salientou aspectos importan-tes da inflao nos pases em desenvolvimento, at ento negligenciados no diag-nstico da inflao e na formulao de polticas antiinflacionrias.

    No final da dcada de 60 e incio da de 70 os elementos essenciais da abor-dagem estruturalista latino-americana foram utilizados para explicar a ocorrncia de diferentes taxas de inflao em pases com caractersticas semelhantes. Esta variante do estruturalismo - que analisa o processo inflacionrio em pequenas economias abertas, industrializadas e com regimes de taxas de cmbio fixas -levanta um aspecto importante, que o da existncia de mecanismos interna-cionais de transmisso da inflao.

    As duas verses mais conhecidas do denominado "estruturalismo euro-peu" so os modelos escandinavo e sueco. 58 A essncia destes modelos consis-te na diviso da economia em dois setores: expostos (E) e protegido (S). O setor exposto produz bens comerciveis, estando sujeito competio externa; o se-tor protegido, por sua vez, est relativamente livre desta competio, seja por-que seu produto no-comercivel, seja por proteo governamental. Esta dis-tino entre os setores implica diferentes polticas de preos: os preos no setor E so determinados no mercado internacional (o pais atua como price-taker) , enquanto que o setor S fixa preos atravs de uma poltica de mark-up.

    Supe-se adicionalmente que a produtividade da mo-de-obra no setor ex-posto cresa mais rapidamente do que no setor protegido, sendo ambas deter-minadas exogenamente. Com a hiptese de uma taxa uniforme de variao dos salrios nos dois setores59 cria-se uma presso permanente de custos no setor S que, aliada utilizao de um mark-up fixo, resulta em elevao do nvel geral de preos.

    57 Para um teste do modelo estrururalista de infla~o. \er Barbosa (1983, p. 165-20-). 58 Para referncias, ver Frisch (1977. p. I. 304-8) e lindbed. (1979. p. 13). 59 A variao uniforme da taxa de cre>eimenro dos ,alri'> pode ser explicada pelo faro

  • Desta forma, as pequenas economias abertas tm uma parcela comum de sua inflao domstica determinada pela inflao mundial. As diferentes taxas de inflao verificadas em cada um destes pases so explicadas por diferentes taxas de crescimento da produtividade nos setores destas economias.

    Analiticamente, pode-se resumir o enfoque estruturalista europeu por meio das equaes a seguir: 6o

    pE = pW WE = pW + qE WE = WS pS = wS _ qS

    (44) (45) (46) (47)

    onde: P W = taxa de variao dos preos internaconais dos bens comerciveis. Admitindo-se que a taxa de inflao seja uma mdia ponderada das taxas

    de crescimento dos preos nos setores protegido e exposto e utilizando-se as ex-presses de (44) a (47), pode-se escrever:

    p = pW + e (qE - qS), o < e < I (48)

    onde: e = participao do setor protegido no produto total

    A equao (48) mostra que a taxa de inflao nas economias pequenas e abertas determinada pela inflao mundial e pelo diferencial entre as taxas de crescimento da produtividade da mo-de-obra nos dois setores. Se, de acordo com a hiptese do estruturalismo europeu, qE > qS, a taxa de inflao doms-tica ser superior mundial devido a fatores de ordem estrutural. 61

    O modelo escandina\o, em sua verso original, no considera as condi-es de demanda da economia. 6c Como foi mencionado, a inflao interna constitui-se apenas de um componente' 'importado" e de outro estrutural. Neste contexto, os instrumentos tradicionais fiscal e monetrio desempenham papel bastante limitado nas polticas de combate inflao.

    7. Concluso

    O objeti\o desta resenha no foi examinar todas as teorias que procuram expli-car as camas do proces~o in flacionrio. O que se pretendeu foi apresentar algu-

    611 b.jui, al0n,ia 101l11al e!ll I" o' 1110delo, eqrul luai, lal ino-al11ericano e europeu enfocada em Ca-na' e,,, (I "~()I. (, I L. 111 [

  • mas das teorias de inflao mais conhecidas, destacando suas caractersticas prin-cipais.

    A primeira teoria analisada, a teoria quantitativa da moeda, tambm.pro-vavelmente, uma das mais antigas teorias de inflao. A equao quantitativa em sua verso tradicional estabelece uma relao de proporcionalidade entre o nvel de preos e o estoque de moeda, atribuindo a taxa de variao dos preos taxa de expanso da oferta de moeda.

    Vrias hipteses so necessrias para que se obtenha o resultado previsto pela teoria quantitativa. Admite-se, em primeiro lugar, que a velocidade de cir-culao da moeda seja constante. Alm disso, supe-se perfeita independncia entre os determinantes da demanda e da oferta de moeda. Estas suposies eram aceitveis no mbito da economia neoclssica, onde se admitia a constncia de Ve se considerava a renda real como a nica varivel explicativa da demanda de moeda. A oferta de moeda, por sua vez, era considerada exgena e neutra com relao ao setor real da economia. Todas estas condies, aliadas ao pres-suposto neoclssico de flexibilidade de preos, asseguravam a equivalncia en-tre a variao do nvel de preos e a expanso (ou reduo) do estoque de moeda da economia, deduzido o crescimento da renda real.

    claro que este conjunto de hipteses, embora possa ter representado apro-ximao razovel da realidade quando a teoria foi formulada, bastante restri-tivo e mesmo simplista em face das economias modernas, onde a maioria dos preos rgida no sentido descendente, a demanda de moeda varia em funo de outros fatores alm da renda e as autoridades econmicas nem sempre con-trolam o processo de expanso monetria. Na verdade, j na dcada de 30, quan-do se verificou acentuada instabilidade da velocidade de circulao da moeda, reduziu-se o interesse pela teoria quantitativa, que viria a ressurgir somente nos anos 50, com o novo enfoque proposto por Friedman.

    A teoria quantitativa em sua verso moderna representou sem dvida gran-de avano no que diz respeito formulao da equao de demanda de moeda, embora sua utilizao como teoria de inflao dependa tambm da aceitao de hipteses bastante restritivas com relao ao comportamento de diversas va-riveis. O que distingue principalmente as verses antiga e moderna da teoria quantitativa o fato de que esta ltima no inclui, entre os seus postulados, o da neutralidade da moeda. Neste caso, rompe-se a dicotomia entre setor real e monetrio, a curto prazo, e a expanso monetria produz incremento da ativi-dade econmica antes de se refletir integralmente em elevao do nvel geral de preos.

    A viso keynesiana original da inflao, por sua vez, formulada em um perodo onde o grande problema econmico era o da recesso, prev a ocorrn-cia de inflao somente quando a economia estiver operando a pleno emprego. Nestas condies, qualquer incremento na demanda efetiva gera um hiato en-tre oferta e demanda globais, denominado hiato inflacionrio. Quando houver capacidade ocios'a, uma expanso da demanda deve gerar aumento na renda e nos preos de alguns bens e servios. Esta situao, no entanto, no era consi-TEORIAS DE INFLAO 217

  • derada por Keynes como sendo de inflao "verdadeira", que ocorre quando estmulos demanda efetiva resultam apenas em crescimento dos preos. se-melhana da teoria quantitativa, o fator que inicia o processo inflacionrio a demanda agregada. Entretanto, o instrumento relevante de estmulo deman-da a poltica fiscal, e no mais a poltica monetria. Isto porque, para Keynes, a moeda era demandada no somente para transaes, mas tambm com fins especulativos, o que introduz a taxa de juros como varivel explicativa na fun-o demanda de moeda. Neste caso, a expanso do estoque de moeda, ao redu-zir a taxa de juros, pode determinar um aumento na demanda especulativa de moeda. Pode-se, inclusive, conceber uma situao limite em que a taxa de juros seja to baixa, que todo incremento na oferta de moeda ser retido pelos deman-dantes na expectativa de uma elevao na taxa de juros, no ocorrendo, por-tanto, qualquer alterao na demanda efetiva global.

    A controvrsia entre inflao de demanda e inflao de custos, enfocada na seo seguinte, desenvolveu-se aps a 11 Guerra Mundial, especialmente na Inglaterra e nos EUA. Atribua-se a origem da inflao de custos geralmente existncia de condies no-competitivas no mercado de fatores ou de bens, ou disputa entre os diversos grupos da sociedade pela distribuio da renda na-cional. Assim, medida que os sindicatos obtivessem aumentos de salrios su-periores aos ditados pelas condies de demanda e de produtividade da mo-de-obra, ou que os empresrios elevassem suas margens de lucros independen-temente da situao da demanda, teria incio um processo de inflao de cus-tos.

    Vale ressaltar, no entanto, que mesmo se as condies de mercado forem competitivas, a ocorrncia de choques de oferta de qualquer natureza pode de-flagrar uma inflao de custos. Deste modo, fortes aumentos no preo de mat-rias-primas, quebras de safras, desvalorizaes cambiais acentuadas, etc., con-figuram presses autnomas de custos que, graas inflexibilidade para baixo dos preos, resultam em elevao do n\el geral de preos. Na verdade, muito di ficil distinguir situaes de inflao de demanda ou de custos, porque a partir de certo momento os dois fatores interagem, impossibilitando o estabelecimen-to de relaes ntidas de causalidade.

    Um desemohimento importante da teoria de inflao ocorreu no final da dcada de 50, com a formulao da chamada Curva de Phillips. Embora origi-nalmente pre\i.,se urna relao im ersa entre taxa de variao dos salrios no-minais e taxa de desemprego, a Cun a de Phillips foi depois modificada para per-mitir a anlise da relao entre inflao e desemprego ou inflao e capacidade ociosa da economia.

    L ma das alteraes mais .,igni ficat i\as por que passou a Curva de Phillips foi, certamente, a introduo da taxa esperada de inflao como varivel expli-cati\ a adicional do comportamento dos salrios e preos. A incluso desta va-ri\ el na formulao da Cuna de Phillip., foi importante em pelo menos dois aspecto,,: permitiu analisar a questo da estagflao como fenmeno derivado

    218 R.B.E.2/87

  • do deslocamento da curva ao longo do tempo, e deu origem ao debate sobre a possvel verticalidade da relao de Phillips no longo prazo.

    Naturalmente, a existncia ou no de um dilema entre inflao e desem-prego depende essencialmente do processo de ajustamento das expectativas. De acordo com a teoria das expectativas racionais, que supe que a expectativa de inflao seja formada com base na inferncia dos agentes sobre a trajetria fu-tura das variveis econmicas relevantes, somente medidas imprevistas de pol-tica econmica podem gerar erros de previso e, portanto, afetar o setor real da economia. Conseqentemente, na ausncia de contratos de trabalho de longo prazo dessincronizados, basta que as autoridades econmicas anunciem um pro-grama consistente de combate inflao para que a taxa de inflao assuma ime-diatamente um valor compatvel com a estratgia anunciada. Neste caso, a Curva de Phillips vertical no curto prazo, eliminando os efeitos desfavorveis da es-tabilizao mas, ao mesmo tempo, tornando incua a realizao de polticas an-ticc\icas.

    A ltima teoria analisada foi o estruturalismo, em suas variantes lati-no-americana e europia. O estruturalismo latino-americano, desenvolvido es-pecialmente a partir da segunda metade dos anos 50, procurou fornecer uma in-terpretao particular para os processos inflacionrios crnicos dos pases em desenvolvimento. De acordo com este enfoque, a inflao seria um fenmeno quase inevitvel, pois decorre de limitaes e inflexibilidades da estrutura da eco-nomia, aguadas pelo processo de desenvolvimento. As presses inflacionrias advm principalmente da inadequao entre oferta e demanda de alimentos e do desequilbrio das contas externas. Estes fatores, aliados ao funcionamento deficiente do sistema de preos, resultam em aumento do nvel geral de preos. A elevao inicial dos preos sancionada pela tentativa dos diversos setores e grupos econmicos de manterem sua participao na renda ou no gasto agrega-dos, o que leva expanso monetria e creditcia. Dada a natureza do diagns-tico da escola estruturalista, a inflao somente pode ser debelada mediante mu-danas e reformas profundas na estrutura da economia, sendo de pouca utili-dade os instrumentos fiscal e monetrio tradicionais.

    Bem mais recente o enfoque estruturalista europeu, adequado a pases abertos, industrializados e com regimes de taxas de cmbio fixas, que levanta a questo da transmisso internacional da inflao. Esta verso do estruturalis-mo considera que a taxa de inflao de todas as economias tem uma parcela co-mum determinada pela elevao dos preos externos e uma parcela prpria ex-plicada pela variao intersetorial da produtividade em cada pas. Nesta viso simplificada, as condies de demanda no desempenham papel significativo no processo inflacionrio, o que novamente limita a utilizao das polticas mo-netria e fiscal no combate inflao.

    Abstract

    The purpose of this survey is to present the most important aspects of the main TEORIAS DE INFLAO 219

  • theories of inflation. We examine the old and modern versions of the quantity theory of money, the Keynesian vision of inflation, the debate between cost-push and demand-pull inflation, the evolution ofthe Phillips rp.lation, from its origi-nal formulation up to the incorporation of different hypothesis concerning the process of expectation formation and, finally, the Latin-American and Euro-pean structuralism.

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