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RESEX CANAVIEIRAS: Articulação Social como
Resposta aos Conflitos Vivenciados na Criação da Unidade1
Isabela Baleeiro Curado – FGV/EAESP
Abstract
Esse trabalho tem como objetivo refletir sobre o processo de organização social vivido
pelos extrativistas da RESEX de Canavieiras – BA e os diversos conflitos que a
comunidade de pescadores, marisqueiras e catadores tem enfrentado desde a criação da
RESEX. Baseado em dados coletados por meio de pesquisa em 1.244 unidades
domiciliares de extrativistas, observação participante e relatos de diferentes lideranças
da RESEX de Canavieiras, o trabalho tem como objetivo narrar a história de conflitos
com atores externos, vivenciados pelos extrativistas desde antes da criação da RESEX, e
refletir como esses conflitos fortaleceram a articulação social das lideranças e das
associações dos extrativistas.
Palavras-chave: RESEX Canavieiras, conflitos, articulação social
Esse trabalho tem como objetivo refletir sobre o processo de organização social vivido
pelos extrativistas da RESEX Canavieiras – BA e os diversos conflitos que a
comunidade de pescadores e marisqueiras tem enfrentado desde a criação da RESEX.
Os dados apresentados no texto foram coletados de diferentes fontes: pesquisa
bibliográfica e documental; dados da pesquisa do Projeto Envolver, envolvendo 1.244
unidades domiciliares de usuários da RESEX Canavieiras; observação participante dos
planejamentos comunitários dos anos de 2008, 2009, 2012 e 2014 e diálogos com as
lideranças extrativistas. Desde 2008 a autora vem atuando junto aos extrativistas da
RESEX Canavieiras.
RESEX e RESEX MARINHAS
1 “Trabalho apresentado na 29ª Reunião Brasileira de Antropologia, realizada entre os
dias 03 e 06 de agosto de 2014, Natal/RN.”
2
Entre as várias categorias de unidades de conservação previstas na legislação do país, as
Reservas Extrativistas (Resex), enquanto categoria originalmente brasileira, tem se
difundido nos ambientes marinhos e costeiros. Pertencentes ao grupo das unidades de
conservação de uso sustentável, as Resex são adequadas para áreas com atributos
ambientais relevantes e populações humanas que utilizam os recursos naturais de forma
tradicional (Lei 9985/2000). São geridas por um Conselho Deliberativo, formado por
representantes das comunidades tradicionais, setores governamentais, ONGs e setor
produtivo.
As Reservas Extrativistas são uma categoria de Unidade de Conservação que visa
garantir a reprodução dos meios de subsistência de uma população tradicional e a sua
cultura, assim como os recursos naturais dos quais ela depende. Este paradigma
emergente de conservação tem origem nos esforços políticos e organizacionais dos
seringueiros da Amazônia, na década de 1980 (MONTYSUMA, 2003, GONÇALVES,
2004, GLASER & OLIVEIRA 2004). Indo além do protecionismo e fortemente
embasado na teoria dos recursos naturais de uso comum (HARDIN 1968; FEENY et alli
2001; DIEGUES 2001) foram estabelecidas, em 1990, as Reservas Extrativistas Alto
Juruá (AC), Chico Mendes (AC), Rio Cajari (PA) e Rio Ouro Preto (RO). Em menos de
dois anos (1992) o modelo foi incorporado no debate e na prática de conservação
marinha, com o estabelecimento da Reserva Extrativista do Pirajubaé, a primeira
voltada a pescadores artesanais.
O Decreto Lei 98.897/90 instituiu as reservas extrativistas enquanto instrumento da
Política Nacional do Meio Ambiente2, em resposta do governo brasileiro às pressões
internacionais em defesa da luta dos seringueiros e do movimento ambientalista. Em
1992 foi instituído o CNPT – Centro Nacional de Desenvolvimento Sustentado das
Populações Tradicionais, por meio da portaria nº 22-N, que definiu como sua finalidade,
“promover a elaboração, implantação e implementação de planos, programas, projetos e
ações demandados pelas populações tradicionais” (BRASIL, 1992).
Durante a década de 1990 os esforços do CNPT se voltaram para a gestão e
implementação dessas unidades e do PP G7 – Projeto RESEX I3. A partir de 2003, há a
2 O termo reserva extrativista aparece pela primeira vez nos diplomas legais brasileiros, na Lei 7.804/89,
que define os instrumentos da Política Nacional de Meio Ambiente.
3 No início da década de 1990, o Banco Mundial, por meio do PNUD – Programa das Nações Unidas
para o Desenvolvimento, apoiou o desenvolvimento de gestão e de estratégias de conservação e de uso
sustentável dos recursos naturais. Para o recém- criado IBAMA, isso se traduziu no fomento do Projeto
3
institucionalização do conceito de RESEX e várias unidades são criadas em 2005 e
2006. Em 2006, com o apoio do CNPT e da Coordenação Geral de Educação
Ambiental, é criada a DISAM – Diretoria de Desenvolvimento Socioambiental, que
institucionaliza uma abordagem voltada às populações tradicionais e à exploração
sustentável dos recursos naturais.
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DE USO SUSTENTÁVEL E A GESTÃO DE
RECURSOS DE USO COMUM
Entre as categorias de usos sustentável duas se destacam por permitir a exploração dos
recursos naturais de forma manejada pela população tradicional residente ou do entorno
das unidades – as Reservas Extrativistas e as Reservas de Desenvolvimento Sustentável.
No Brasil, desde 1990 foram criadas mais de 60 Reservas Extrativistas (RESEXs) e 1
Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS).
No início de 1990, temos o surgimento do conceito de reserva extrativista no Brasil, a
partir da criação das reservas extrativistas de floresta, na Amazônia. O Decreto Lei
98.897/90 instituiu as reservas extrativistas enquanto instrumento da Política Nacional
do Meio Ambiente4, em resposta do governo brasileiro às pressões internacionais em
defesa da luta dos seringueiros e do movimento ambientalista. Em 1992 foi instituído o
CNPT – Centro Nacional de Desenvolvimento Sustentado das Populações Tradicionais,
por meio da portaria nº 22-N, que definiu como sua finalidade, “promover a elaboração,
implantação e implementação de planos, programas, projetos e ações demandados pelas
populações tradicionais” (BRASIL, 1992).
Durante a década de 1990 os esforços do CNPT se voltaram para a gestão e
implementação dessas unidades e do PP G7 – Projeto RESEX I5. A partir de 2003, há a
RESEX I do PPG7, que concentrou recursos e atenção para as quatro grandes primeiras reservas
extrativistas, , com o aporte de aproximadamente US$ 9 milhões para o desenvolvimento das
comunidades dessas reservas e para a melhoria do modelo recém-criado.
4 O termo reserva extrativista aparece pela primeira vez nos diplomas legais brasileiros, na Lei 7.804/89,
que define os instrumentos da Política Nacional de Meio Ambiente. 5 No início da década de 1990, o Banco Mundial, por meio do PNUD – Programa das Nações Unidas para
o Desenvolvimento, apoiou o desenvolvimento de gestão e de estratégias de conservação e de uso
sustentável dos recursos naturais. Para o recém- criado IBAMA, isso se traduziu no fomento do Projeto
RESEX I do PPG7, que concentrou recursos e atenção para as quatro grandes primeiras reservas
extrativistas, , com o aporte de aproximadamente US$ 9 milhões para o desenvolvimento das
comunidades dessas reservas e para a melhoria do modelo recém-criado.
4
institucionalização do conceito de RESEX e várias unidades são criadas em 2005 e
2006. Em 2006, com o apoio do CNPT e da Coordenação Geral de Educação
Ambiental, é criada a DISAM – Diretoria de Desenvolvimento Socioambiental, que
institucionaliza uma abordagem voltada às populações tradicionais e à exploração
sustentável dos recursos naturais.
Em 2007, o MMA, por meio de uma medida provisória (MP 366), criou o Instituto
Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), dividindo as atribuições
do antigo IBAMA. A nova autarquia ficou responsável pela gestão das Unidades de
Conservação Federais de acordo com o estabelecido na Lei do SNUC. Nessa nova
configuração o CNPT passa a ser vinculado à Diretoria de Unidades de Conservação de
Uso Sustentado.
Também em 2007, o Decreto 6040 da Presidência da Republica, que institui a Política
Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais,
agrupa, num todo coerente, as diretrizes, eixos estratégicos e ações do Estado voltadas
às populações tradicionais. Além da valorização e o respeito à diversidade cultural, um
dos objetivos principais da PNPCT é garantir aos povos tradicionais seus territórios e o
acesso aos recursos naturais que tradicionalmente utilizam.
O Processo de gestão das Reservas Extrativistas tem garantido em lei a presença de
maioria de extrativistas no seu conselho gestor, para que estes sujeitos assumam papel
relevante na condução das políticas públicas que influenciam no destino de seu
território, conforme definição no decreto presidencial 6040 que instituiu a Política
Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais
(PNPCT).
Na PNPCT, são considerados povos tradicionais, os grupos culturalmente diferenciados
e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social,
que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução
cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e
práticas gerados e transmitidos pela tradição. Segundo Diegues (2001, p. 31) “o
conhecimento tradicional é definido com o conjunto de saberes e saber-fazer a respeito
do mundo natural e sobrenatural, transmitido oralmente, de geração em geração”. O
conhecimento tradicional comporta tanto o empírico/técnico/racional como o
simbólico/mitológico/mágico, que ao mesmo tempo é uno e duplo, ou seja, comporta
5
aspectos do simbólico e do racional, do empírico e do mitológico, do mágico e do
prático. Sendo assim, esse tipo de saber tradicional geralmente possui em sua dinâmica,
meios para a construção de uma gestão do Meio Ambiente que se aproxime da
sustentabilidade em concomitância com o conhecimento técnico científico, mas isso só
é possível num contexto de planejamento e gestão participativos.
As REs são uma categoria de Unidades de Conservação de Uso Sustentado da Lei do
SNUC. O artigo 18 desta lei utiliza-se de um conceito fundamental para sua
compreensão: “uma área utilizada por populações extrativistas tradicionais, cuja
subsistência baseia-se no extrativismo (...) e tem como objetivo básico proteger os
meios de vida e a cultura dessas populações, e assegurar o uso sustentável dos recursos
naturais da unidade.”
Nesse sentido, as RESEX buscam, por meio de uma política pública federal, garantir o
uso sustentável de recursos de uso comum. Recursos de uso comum, como uma lago ou
represa, um sistema de irrigação, uma área de pesca, uma floresta ou, em ultima
instância, a atmosfera, são recursos naturais ou artificiais cuja limitação ou controle do
uso é difícil e o consumo de unidades do recurso por uma pessoa resulta na
indisponibilidade dessas unidades para outras. (Ostrom, Gardner, Walker, 1994). Por
exemplo, a água de uma represa, ao irrigar determinada área, não pode ser utilizada para
outra área.
Recursos de uso comum têm sido estudados há varias décadas. Pesquisas de estudiosos
vinculados à IASCP (International Association for Study of Common Property
Resources) demonstram que há certas condições, certos requisitos, sejam do recurso em
questão, sejam dos usuários e dos níveis mais altos de governo, que contribuem para
criar um contexto mais ou menos favorável à organização dos indivíduos para a
proteção dos recursos naturais:
“Os atributos dos recursos dizem respeito a seu tamanho, sua
previsibilidade, a presença de indicadores confiáveis e a
existência de prejuízos reparáveis para o recurso. Os atributos dos
usuários dizem respeito a sua dependência do recurso, seus
horizontes de tempo, a confiança estabelecida entre si, sua
experiência organizacional e a distribuição de interesses dentro de
uma comunidade” (Van Wey et al., 2009: 65-6).
6
Nesta perspectiva, percebe-se na Resex de Canavieiras uma participação forte das
comunidades tradicionais de pescadores(as) artesanais nas instancias colegiadas de
tomada de decisão.
A RESEX CANAVIEIRAS
A Reserva Extrativista de Canavieiras criada em 05 de junho de 2006, tem uma área de
100.600 hectares, composta por extensas áreas de manguezais, ilhas costeiras, rios e
ambientes marinhos. A Resex de Canavieiras situa-se na região Sul do estado da Bahia
abrangendo 03 municípios: Una, Canavieiras e Belmonte. A maior parte dos usuários da
RESEX estão no município de Canavieiras6.
Grafico 1. Distribuição dos usuários da RESEX Canavieiras. Projeto Envolver, 2009
Na área de influencia direta da Resex estão os municípios de: Belmonte com população
de 21.798 habitantes, Canavieiras população 32.336 habitantes e Una população 24.110
habitantes7, ambos na região cacaueira do estado da Bahia, território de identidade
Litoral Sul.
Considerada uma das áreas mais piscosa do estado, tem como uma das principais fontes
de renda e sobrevivência a pesca artesanal extrativa marinha e estuarina, destacando-se
nesse contexto a pesca de peixe e camarão na faixa costeira e a mariscagem de
caranguejos e moluscos nos estuários principalmente nos manguezais da região da
Resex de Canavieiras.
Em um levantamento realizado em
2009, foram entrevistadas 1244
6 Projeto Envolver, 2009.
7 Fonte; IBGE, Censo 2010.
7
famílias extrativistas e contabilizadas 711 embarcações predominando as embarcações
de pequeno porte fabricadas em madeira, como canoas e bateras nas áreas estuarinas e
pequenos barcos e jangadas que trabalham na faixa marinha próximo a costa.
As áreas estuarinas e os manguezais são as principais áreas de trabalho das
marisqueiras, denominação que caracteriza as mulheres que trabalham com a extração,
captura e beneficiamento de crustáceos (aratu,camarão siri e caranguejo) e moluscos
(ostra, lambreta e sururu), fazem dos manguezais, coroas e apicuns seus locais de
trabalho e contribuem para a garantia da segurança alimentar das famílias.
Grafico 2. Proporção de famílias que exploram pescados. Projeto Envolver, 2009.
HISTORICO DOS CONFLITOS NA RESEX CANAVIEIRAS
A RESEX tem um processo de criação e implantação marcado por conflitos, tendo de
um lado os extrativistas, predominantemente pescadores artesanais que lutam para
manter seus territórios tradicionais de uso, moradia e sustento; e de outro, segmentos
políticos e econômicos como carcinicultores, empresários, especuladores de terra e
Ostra
Lambreta
Guaiamum
Sururu
Siri
Aratu
Camarão
Caranguejo
Peixe
6%
8%
9%
9%
21%
22%
22%
26%
81%
Quantos informantes pescam...
8
políticos interessados nesses territórios para a implantação de projetos de criação de
camarão e especulação imobiliária.
Carcinicultura
Em Canavieiras a carcinicultura desenvolveu-se com o apoio do Estado da Bahia, por
meio de investimentos na estrutura de energia elétrica e tarifas de energia diferenciadas.
Entre 2003 e 2006, houve um incremento de 11% na área cultivada, que passou de 1,73
mil para 1,93 mil hectares de viveiros (SEAGRI, Governo da Bahia, 2006). Em 2008, as
fazendas de camarão do município de Canavieiras, ocupavam cerca de 408 hectares,
gerando 245 empregos diretos, 320 postos de trabalho indireto e produzindo 2.500
toneladas/ano (Associação de Criadores de Camarão de Canavieiras - ACCC, 2008).
As fazendas de camarão representam vários problemas para os extrativistas da RESEX.
Do ponto de vista ambiental, destacam-se, entre os problemas relatados pelos
pescadores, marisqueiras e caranguejeiros: o desmatamento de manguezais dentro da
RESEX; o cerceamento do acesso a manguezais e portos por cercas e tanques; o
rompimento de barreiras dos tanques acarretando o escape da espécie exótica de
camarão Litopenaeus Vannamei para o rio da Barra Velha; redução na população de
guaiamin por conta do uso de áreas de apicum, habitat dessa espécie; alta mortandade
de peixes e crustáceos por conta do lançamento de água lançadas no momento das
despescas e a contaminação dos mangues por conta da mancha branca – doença relatada
nos camarões de cativeiro em 2008. Do ponto de vista político, a relação dos criadores
de camarão com o poder político local gerou um ambiente de impunidade para
intimidações e ameaças. Esses conflitos estão narrados no Mapa de Conflitos do
LIS/ICICT/Fiocruz
“As primeiras denúncias oficiais registradas, relativas aos
impactos da carcinicultura sobre a pesca no município, datam de
2002, quando seis associações de pescadores de Canavieiras
denunciaram a alta mortandade de peixes, crustáceos e
caranguejos decorrente das atividades de fazendas locais.
A mortandade foi verificada no rio do Cedreiro, tendo se
espalhado pelo rio Cotovelo antes de chegar a Barra Velha e
Puxim. Este relato integra o Mapeamento dos Conflitos
Socioambientais relativos à carcinicultura no Estado da Bahia,
publicado pela Rede MangueMar.
As denúncias foram apuradas por funcionários do IBAMA,
motivo pelo qual tanto os pescadores quanto os funcionários do
órgão federal sofreram ameaças por parte de proprietários de
9
fazendas autuadas. Posteriormente, as ameaças e intimidações se
estenderam a parentes e filhos dos pescadores.”
Especulação Imobiliária
Outro conflito presente no cotidiano dos extrativistas está relacionado à especulação
imobiliária. A área da RESEX Canavieiras, com uma área total de 100.645,85 hectares,
dividida em 15,5 mil hectares de manguezais, rios e barras, 79 mil hectares de mar, e
apenas 5,5 mil hectares de terra firme (4,82% do território). Apesar de ser relativamente
pequena, essa área é de grande interesse para a indústria hoteleira8 e para a especulação
imobiliária.
Associações Extrativistas
Esse contexto conflituoso, marcado por ameaças de morte, intimidações e violações de
direitos humanos, fortaleceu a articulação social dos pescadores e pescadoras artesanais.
Estas comunidades avançaram no fortalecimento e união de suas associações e colônias
para defender seu território de uso tradicional da invasão de outros segmentos que os
impediriam de exercer suas atividades.
No segundo semestre de 2006, após a publicação do decreto que criou a Reserva
Extrativista de Canavieiras – Bahia, com o apoio do Centro de Estudos Socioambientais
– PANGEA, um grupo das organizações extrativistas, autodenominado G7, começa a se
organizar para fazer frente aos opositores à criação da RESEX. Compuseram
Inicialmente este grupo as seguintes organizações: AMAPPP (Associação dos
Moradores, Agricultores e Pescadores de Puxim da Praia); APEMDOPO (Associação
dos Pescadores e Marisqueiras do Povoado de Oiticica); AMPS (Associação dos
Pescadores do Puxim do Sul); APAC (Associação dos Pescadores e Agricultores de
Campinhos); APEMA (Associação de Pescadores, e Marisqueiras e Moradores da
comunidade de Atalaia); APEBAVE (Associação de Pescadores, e Marisqueiras e
Extrativista da Barra Velha); e Colônia de Pescadores Z - 20 de Canavieiras.
8 AGUIAR (2011) teve acesso a um documento da Prefeitura Municipal de Canavieiras,
intitulado “Exposição de Motivos sobre a Reserva Extrativista Marinha de Canavieiras – BA”,
datado de 17 de dezembro de 2008, que descreve as características desse empreendimentos e
dos montantes de investimentos e unidades hoteleiras a serem construídas: quase 2.000 unidades
e mais de 1 bilhão de reais de investimento no município.
10
A partir de 2008 se insere neste grupo a ATCC (Associação de Pegadores e Catadores
de Caranguejo de Canavieiras) e a APESC (Associação dos Pescadores e Catadeiras de
Camarão de Canavieiras). O processo articulação social fomentou e fortaleceu as
organizações comunitárias, que em 2009 passaram a ser capitaneadas pela Associação
Mãe dos Extrativistas de Canavieiras – AMEX, uma organização de base extrativista e
de caráter democrático, com o objetivo de apoiar os processos de gestão da unidade de
conservação. Para a consecução final do seu estatuto, diretoria e conselhos, foram
realizadas mais de 15 reuniões nas diversas comunidades da Reserva Extrativista
visando tornar o processo plenamente participativo e democrático. O processo de
criação da AMEX foi pautado pela percepção das lideranças da necessidade de uma
organização central que respeitasse as especificidades das entidades já existentes.
Segundo as lideranças extrativistas, a ideia de criação da Associação Mãe - AMEX,
tem como ideal a articulação social em rede, onde grupos e organizações diferentes, que
compartilham objetivos semelhantes, atuam em conjunto para o desenvolvimento e
aproximação de suas metas comuns e fortalecimento institucional de todas as
organizações.
Ameaças e intimidações
A partir de 2007 as ameaças aos extrativistas se intensificam. Ligações telefônicas,
cartas anônimas e ameaças, explícitas e veladas, passam a fazer parte do cotidiano dos
extrativistas. Um caso emblemático, que é mencionado em diferentes momentos, é a
situação de ameaças e conflitos enfrentadas por S.Arion, liderança da Barra Velh, uma
área costeira com o maior índice de conflitos entre extrativistas e fazendeiros e
especuladores, contrários à RESEX. Em 2007 o poço do S. Arion foi contaminado com
óleo queimado, inviabilizando o consumo de água no sítio. O caso foi denunciado na
Policia Federal, porém nada foi feito. Para garantir a permanência do S. Arion e esposa
no sítio, foi construído um outro poço, com apoio do IBAMA e do PANGEA, uma
ONG Baiana. O casal tinha como rotina ir para a cidade aos sábados, para vender
marisco e, cada vez que eles retornavam ao sítio havia um animal morto, envenenado.
Um dia, no retorno, todos os animais estavam mortos e, a esposa de S. Arion, que era
diabética e hipertensa, não resistiu – teve um infarto fulminante. Outro caso citado é o
incêndio do barco comunitário da comunidade de Campinhos.
Os grupos contrários à RESEX, tinham o apoio político do prefeito do município:
11
“No dia 13 de julho de 2007, o prefeito do município [Zairo
Loureiro (DEM)] decretou ponto facultativo, intimidando os
funcionários da prefeitura a participarem de manifestação
contrária à Resex, intitulada “Natureza sim, Resex não”, sob pena
de corte de ponto. Não houve aula nas escolas e os postos de
saúde permaneceram fechados. Professores e alunos foram
coagidos a participar da marcha, sob pena, respectivamente, de
desconto no salário e perda de pontos nas disciplinas escolares.
Funcionários das fazendas foram obrigados a participar da
manifestação sob pena de perderem o emprego. O carro de uma
Ong que apoia a Resex foi arrombado. A imprensa local não abriu
espaço para o ponto de vista daqueles que defendem a Resex. A
Câmara dos Dirigentes Lojistas fechou o comércio da cidade e
coagiu seus empregados a participarem da manifestação”. (Mapa
de Conflitos do LIS/ICICT/Fiocruz)
A proposta da Prefeitura era transformar a RESEX em APA, uma categoria de unidade
de conservação menos restritiva. Por conta do nível de resistência e intimidação, a
reunião para a criação do Conselho Deliberativo da RESEX teve que ser realizada em
Ilhéus.
“Esses conflitos de interesses se acentuaram após a criação da Reserva,
quando também se intensificaram as manifestações de contraposição.
Várias vezes reuniões que seriam realizadas no sentido da formação do
Conselho Deliberativo da RESEX, como parte dos requisitos para a sua
implantação, não foram efetivadas devido à grande manifestação
contrária, no recinto em que ocorreriam as reuniões.
Em razão disso, a reunião na qual se deu a formação do Conselho
Deliberativo da RESEX acabou por acontecer no Auditório da CEPLAC,
na cidade de Ilhéus.” (AGUIAR, 2011, pp. 94,95)
UM OLHAR PARA O FUTURO: ARTICULAÇÃO SOCIAL COMO RESPOSTA
Atualmente a articulação das comunidades da RESEX, tem parcerias com organizações
de extrativistas dos Municípios de Una, Belmonte, Santa Cruz de Cabrália, Ilhéus e
Itacaré. Com o apoio de movimentos sociais, ONGS e empresas, essa articulação tem
viabilizado conquistas sociais para as comunidades, como a construção de 160 moradias
para os pescadores em suas comunidades de origem 9, a aquisição de uma embarcação
para transporte escolar de estudantes, a elaboração de um diagnóstico
9 Financiadas pelo Projeto Habitação de Interesse Social – Parceria AMEX, AMOVA, Governo Federal e
Governo da Bahia.
12
socioeconômico10, a implementação de um projeto de monitoramento pesqueiro11,
criação de um Banco Comunitário, entre outros. A organização social local, aliada a
uma estratégia de integração com outros espaços de articulação estadual, nacional e
internacional, vem fazendo com que a mobilização dos pescadores da RESEX
Canavieiras influencie a criação e implementação de políticas públicas. A organização
social faz com que a RESEX Canavieiras seja considerada um dos processos de co-
gestão mais fortes e ativos do país, possibilitando a replicação deste modelo de atuação
conjunta e solidária em outras reservas extrativistas12.
Na área de influencia da Resex de Canavieiras atuam ativamente em parceria 12
Associações e 02 Colônias de Pescadores, instituições representativas dos Pescadores e
Pescadoras artesanais13. Nesse contexto sobressai o trabalho das associações
capitaneado pela Associação Mãe dos Extrativistas da Resex, que funciona como um
espaço de articulação comunitária, de busca e implementação de políticas públicas e
projetos. Em função das atividades da Associação Mãe os extrativistas constituíram
fortes laços entre eles o que viabiliza um maior protagonismo na gestão da unidade e na
execução de projetos.
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10
Por meio do Projeto Envolver, realizado em parceria com a Conservação Internacional, Pangea,
ICMBio e associações locais, com o apoio da InvestTur (empresa do setor de turismo, atualmente
incorporada pela Brasil Hospitality Group. 11
Realizado pela Conservação Internacional em parceria com a Ecomar e Universidade Estadual de
Maringá, com o apoio do Ministério da Pesca e Aquicultura. 12
Nos últimos 2 anos lideranças de Canavieiras foram convidados para participar de diversos seminários, workshops, eventos para apresentar a experiência da RESEX. 13
13
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