Residência Carapicuiba / SP

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34 Topografia aliada COMO QUERIA UMA CASA RÚSTICA e com grande integração com a natureza, o proprietário foi em busca de profissionais que projetassem uma casa enxuta, sem desperdício de área e queain- da tivesse estrutura de madeira. Para isso, contratou duas espe- cialistas em construções com madeira, as arquitetas Miriam Inoue e Elizabeth Sallai- Habitate Arquitetura em Madeira, de São Paulo, SP, que também ficaram responsáveis pela sua construção que durou cerca de nove meses. “O principal desafio foi vencer a topo- grafia acidentada do terreno de 1.323 m², que tinha 20 m de des- nível. E para que a casa ficasse ainda mais integrada com a pai- sagem e a vegetação nativa, foi implantada na cota mais alta do lote”, relembra Miriam. Segundo ela, todo projeto em terreno acidentado deve ter a topografia respeitado e o arquiteto deve tomar partido dessa característica. “Nesses casos, para iniciar o estudo da arquitetura, é preciso fazer um levantamento planialtrimétrico que mostrará todas as curvas de nível. Esse trabalho é fundamental para que o projeto se acomode no terreno original evitando cortes e muros de contenção”, explica Miriam. Com isso, o sentido das curvas de nível foi aproveitado para que a casa fosse implantada em dia- gonal, o que foi apropriado para que tivesse o melhor aproveita- mento da insolação. “Por estar na parte mais alta do lote, evita- mos ter que realizar o corte de árvores para criar aberturas para a passagem do sol”, completa a profissional. COMO O TERRENO COM 20 M DE DESNÍVEL FOI APROVEITADO, O PROJETO GANHOU MAIS DESTAQUE E ARQUITETURA DESPOJADA

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Projeto: Miriam Inoue Construção e Montagem: Habitate Arquitetura em Madeira Paisagismo: Cecília Degani Iluminação: Cristina Rachid Cursino

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Topografia aliadaCOMO QUERIA UMA CASA RÚSTICA e com grande integração

com a natureza, o proprietário foi em busca de profissionais que

projetassemumacasa enxuta, semdesperdício de área e queain-

da tivesse estrutura de madeira. Para isso, contratou duas espe-

cialistas em construções commadeira, as arquitetas Miriam Inoue

e Elizabeth Sallai- Habitate Arquitetura emMadeira, de São Paulo,

SP, que também ficaram responsáveis pela sua construção que

duroucercadenovemeses. “Oprincipaldesafio foi vencera topo-

grafia acidentada do terreno de 1.323 m², que tinha 20 m de des-

nível. E para que a casa ficasse ainda mais integrada com a pai-

sagemea vegetação nativa, foi implantada na cotamais alta do

lote”, relembra Miriam.

Segundo ela, todo projeto em terreno acidentado deve ter a

topografia respeitado e o arquiteto deve tomar partido dessa

característica. “Nesses casos, para iniciar o estudo da arquitetura,

é preciso fazer um levantamento planialtrimétrico que mostrará

todas as curvas de nível. Esse trabalho é fundamental para que o

projeto se acomode no terreno original evitando cortes e muros

de contenção”, explica Miriam. Com isso, o sentido das curvas de

nível foi aproveitado para que a casa fosse implantada em dia-

gonal, o que foi apropriado para que tivesse o melhor aproveita-

mento da insolação. “Por estar na parte mais alta do lote, evita-

mos ter que realizar o corte de árvores para criar aberturas para

a passagem do sol”, completa a profissional.

COMO O TERRENO COM 20 MDE DESNÍVEL FOI APROVEITADO,O PROJETO GANHOU MAIS DESTAQUEE ARQUITETURA DESPOJADA

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ESTRUTURA DE MADEIRA

É umadas protagonistas da casa. “Em nossos projetos adotamos

a estrutura de madeira como o partido principal e suas vantagens

adequadas às condições de terrenos acidentados faz com que o

resultado do conjunto torne a ideia bastante vantajosa para o clien-

te” comentam as arquitetas. Segundo elas, é errado afirmar que um

projeto com estrutura de madeira é caro, pois desde que respeita-

das algumas regras, facilmente consegue-se uma construção com

o custo médio de uma obra convencional. “Além disso, como as

vigas e pilares de madeira chegam prontos na obra, é possível con-

seguir uma construção mais rápida, limpa e sem desperdícios”, frisa

Miriam. O projeto de estrutura de madeira foi realizado pelo enge-

nheiro civil Mauricio de Almeida, de São Paulo, SP, a Itaúba, forne-

cidapela ZanchetMadeira, foi especificadaparaaestrutura e rece-

beu a aplicação de stain ao final da obra.

“Assim como nas estruturas de concreto armado ou aço, a de

madeira também deve ser dimensionada por profissionais habilita-

dos. Nesta etapa, o barato sai sempre caro, pois ao tentarmos cor-

tar os gastos em uma obra, o reflexo é o desperdício e os resultados

estéticos nem sempre agradáveis. Ainda mais no caso da estrutura

de madeira que sempre fica aparente”, explica Miriam.

Amadeira também está presente nas esquadrias feitas sobmedi-

da, forros e assoalho. As portas e janelas são de jetiquibá rosa e rece-

beram tratamento em stain transparente e os forros são de Angelim

pedra.OsassoalhoseosdequesexternosforamfornecidospelaZanchet

Madeiras, sendo que os deques externos são de madeira itaúba.

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PRINCIPAIS AMBIENTES

Com pouco mais de 282 m² de área construída, o projeto possui

ambientes distribuídos em dois pavimentos. A ala íntima é formada

por dois dormitórios e uma suíte com closet. No piso térreo, o setor

social possui salas de estar e jantar, além da cozinha, varandas,

deque, lavanderia e dependências para empregados. “Todos os

cômodos internos estão integrados à paisagem através de amplas

janelas, aberturas e terraços”, frisam as arquitetas.

Os cômodos molhados tiveram seus pisos e paredes revestidos

com cerâmica da Portinari, enquanto os ambientes sociais foram

revestidos com pedra mineira.

O lazer dos moradores é garantido com a piscina de concreto

armado, construída pela Engevil Piscinas. Com 19,42 m² e profundi-

dade de 1,50 m, ela está apoiada em fundações diretas do tipo

radier. O revestimento interno é de pastilhas de vidro 2 x 2 cm, da

Colormix. O mesmo material foi colocado nas bordas molhadas. A

pedra Goiás foi aplicada nas regiões ao redor no banco da spa, o

deque suspenso de madeira com 36 m² completa o local.

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PAISAGISMO

Elaborado pela paisagista Cecília Degani, de São Paulo, SP, os

jardins ganharam bastante destaque. “Para a escolha das espécies

foram observados o estilo da casa e toda a vegetação nativa exis-

tente no local, assim como plantas que se adaptam à regiões de

sombra”, ressalta Cecília.

O paisagismo possui caminhos de dormentes que percorrem o

terreno com a intenção de adentrar e contemplar a mata exube-

rante.

Entre as espécies escolhidos estão a de estilo tropical como as

bromélias (Bromeliaceae),ashelicôneas(HeliconiarostrataeHeliconia

psittacorum), os diversos tipos de palmeiras (Palmae), entre outras.

PROJETO: MIRIAM INOUE E ELIZABETH SALLAI –HABITATE ARQUITETURA EM MADEIRAPROJETO DA FUNDAÇÃO: RANDAL CORADINPROJETO DA ESTRUTURA DE MADEIRA: MAURICIO DE ALMEIDAPAISAGISMO: CECÍLIA DEGANIÁREA CONSTRUÍDA: 282,62 M2

LOCALIZAÇÃO: COTIA/SP

Texto Marcos GuaraldoFotos Gui MorelliIlustração AC Design

FUNDAÇÃOPOR CAUSA DA TOPOGRAFIA DO TER-RENO,FOINECESSÁRIOESPECIFICARFUN-DAÇÕESDOTIPO INDIRETAS. “PARAESSEPROJETO UTILIZAMOS TUBULÕES, PARAEVITAR A CRIAÇÃO DE CORTES NO TER-RENO PARA REALIZAR A AMARRAÇÃODE VIGAS DE CONCRETO”, JUSTIFICAMIRIAM.O PROJETODE FUNDAÇÃOFOIFEITO PELO ENGENHEIRO CIVIL RANDALCORADIN, DE SÃO PAULO, SP.

SUPERIOR

TÉRREO