RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE: UM ESTUDO...

126
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE DIVINÓPOLIS - FUNEDI UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS - UEMG MESTRADO EM EDUCAÇÃO, CULTURA E ORGANIZAÇÕES SOCIAIS RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO EM DUAS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS DA CIDADE DE ARCOS - MG Rita de Cássia Batista Divinópolis - 2010

Transcript of RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE: UM ESTUDO...

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE DIVINÓPOLIS - FUNEDI

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS - UEMG

MESTRADO EM EDUCAÇÃO, CULTURA E ORGANIZAÇÕES SOCIAIS

RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO EM

DUAS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS DA CIDADE DE ARCOS - MG

Rita de Cássia Batista

Divinópolis - 2010

Rita de Cássia Batista

RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO EM

DUAS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS DA CIDADE DE ARCOS - MG

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado da

Fundação Educacional de Divinópolis / Universidade do

Estado de Minas Gerais, para fins de obtenção do título de

Mestre em Educação, Cultura e Organizações Sociais.

Área de Concentração: Estudos Contemporâneos.

Linha de Pesquisa: Espaço e Sociedade.

Orientador: Prof. Dr. Alysson Rodrigo Fonseca.

Divinópolis – 2010

Batista, Rita de Cássia

B326r Resíduos de serviços de saúde: um estudo exploratório em duas

instituições públicas da cidade de Arcos-MG [manuscrito] / Rita de Cássia

Batista. - 2010.

124 f., enc.

Orientador: Alysson Rodrigo Fonseca

Dissertação (mestrado) - Universidade do Estado de Minas Gerais,

Fundação Educacional de Divinópolis.

Bibliografia: f. 93-108

1. Serviços de saúde-Resíduos. 2. Biossegurança. 3. Legislação.

4. ANDRADE, J. B. L. de., 1997- .- Tese. 5. MANDELLI, S. M. D. C., 1997-

.- Tese. 6. SILVA, I. F. M., 2004- .- Tese. 7. TAKAYANAGUI, A.M.M. .-Tese.

I. Silva, Alysson Rodrigo Fonseca e. II. Universidade do Estado de

Minas Gerais. Fundação Educacional de Divinópolis. III. Título.

CDD:353.6

Dedico!

Aos meus pais, Antônio e Maria Rosária, pelo amor,

confiança e afeto dispensados em todos estes anos de

vida! Amo vocês!

AGRADECIMENTOS

A Deus por estar sempre presente em minha vida, pela luz que sempre trilhou em meu

destino e me fez conquistar esse desejo e à Nossa Senhora por sempre interceder e abrir os

meus caminhos.

Aos meus pais, Antônio e Maria Rosária, por acreditarem em mim, pelo educar, pela

herança de valores e princípios e, principalmente, pelo amor incondicional.

Ao meu irmão Ramon e à minha cunhada Mírian pelo carinho, amizade e amor.

Ao meu orientador, Alysson Rodrigo Fonseca, pelo auxílio, indicações, discussões e

disponibilidade em assumir a orientação deste trabalho.

Aos profissionais das instituições de saúde e ao Gestor do Fundo Municipal de Saúde, José

Ovídio Vaz, pela participação e colaboração na pesquisa.

Aos professores, Dr (s). Francisco de Assis Braga e Paulo Sérgio Carneiro Miranda, pela

atenção e pela contribuição que prestaram para a banca de qualificação, cooperando

para a definição do rumo desta pesquisa.

A todos os docentes, funcionários e colegas da 5ª turma do mestrado da Fundação

Educacional de Divinópolis / Universidade do Estado de Minas Gerais. Em especial, à

Fernanda e à Camila; obrigada por tudo, principalmente, pelos dias de convivência e

colaboração para a construção do meu saber...

À amiga, Jackeline Teixeira Dias Rodrigues, por sempre se fazer presente, pelos

aprendizados diante da vida e por ter permitido que eu a escolhesse como minha irmã. Ao

amigo, Emerson, por sua competência e por poder contar sempre com o seu apoio. Aos

meus amores Luiz Maurício, João Guilherme, Ricardo, João Francisco e Marcos Vinícius, que,

com alegria e amor, fizeram-me encontrar simplicidade e força.

Aos queridos amigos, Elaine e Geraldo, muito obrigada pelo amor, pela amizade e por

toda a filosofia de vida.

Aos amigos Cássia, Renata, Marluce, Tânia, Tio Denivaldo, Fabrícia e Martinha que me

fazem entender que nada é tão difícil e que a vida pode ser fácil quando se têm planos

para sonhar. Vocês são minha essência!

À minha querida afilhada, Aninha, pelo estímulo, incentivo e contribuições feitas para o

meu trabalho.

Não poderia deixar de mencionar os amigos que me incentivaram, auxiliaram e

acreditaram na realização deste sonho: Daniela Macedo, Joselito, Wilson, Helena, Saulo,

Carlos Henrique e Luiz Fernando.

AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

À Keila e Bosco pela amizade e pelos ensinamentos. A vocês, amigos, dedico este poema:

EPIGRAMA

Na certeza de uma convivência,

resplandece o que é sensato e coerente:

amizade verdadeira... Amizade sem interesse.

Apenas, no convívio esplêndido de amigos,

percebe-se a ternura, o amor e o doce encanto...

Somos seres divinos:

imperfeitos nas tentativas;

semelhantes à imagem do Criador.

Na busca incessante, para afagar nosso desejo,

encontramos espinhos, dores e tristeza.

Porém, nesta trajetória sublime que é

a vida, descobrimos rosas que perfumam

nosso caminho e lírios que enfeitam

o nosso caminhar.

Geraldo Adriano

Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas

vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior

empresa do mundo, e que posso evitar que ela vá a

falência.

Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de

todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.

Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar

um autor da própria história. É atravessar desertos fora

de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito

da sua alma. É agradecer a Deus a cada manhã pelo

milagre da vida.

Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É

saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um

não. É ter segurança para receber uma crítica, mesmo

que injusta.

Pedras no caminho?

Guardo todas, um dia vou construir um castelo...

Fernando Pessoa

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 - Fluxograma das ações de minimização ..................................................... 37

FIGURA 2 - Procedimentos e fluxos, intra e extra-unidade, no modelo atual de

gerenciamento dos RSS no Brasil .............................................................

38

FIGURA 3 - Símbolo de substância infectante ............................................................. 40

FIGURA 4 - Símbolo de substância tóxica infectantes, tóxicas e químicas, de acordo

com ABNT.................................................................................................

41

FIGURA 5 - Mapa com a localização de Arcos (MG).................................................... 54

FIGURA 6 -

FIGURA 7 -

FIGURA 8 -

Recipiente utilizado na instituição de saúde A e B para colocar os

perfurocortante............................................................................................

Recipientes com tampa e sem identificação utilizados nas instituições de

saúde A e B.................................................................................................

Área externa usada para armazenar todos os resíduos gerados pela

instituição A de Arcos – MG, 2009............................................................

73

74

79

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 - Geração de RSS no Brasil por região................................................... 29

GRÁFICO 2 - Coleta de RSS no Brasil por região ..................................................... 30

GRÁFICO 3 - Faixa de idade (em porcentagem) dos funcionários das Instituições

de saúde A, B do município de Arcos, (MG).......................................

62

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - Produção de resíduos no mundo........................................................... 24

QUADRO 2 - Tempo de sobrevivência de microrganismos....................................... 35

QUADRO 3 - Funcionários, instituição e codificação utilizada no presente

trabalho.................................................................................................

60

QUADRO 4 -

QUADRO 5 -

QUADRO 6-

Perfil dos funcionários das instituições públicas de saúde do

município de Arcos, 2009.....................................................................

Equipamentos de proteção individual (EPI’s) recomendados pelo

Ministério do Trabalho e utilização desses pelos funcionários

envolvidos no manuseio dos RSS das Instituições A e B, de acordo

com as entrevistas e observação sistemática. Arcos, 2009...................

Apresentação de dados relativos às etapas de geração à disposição

final dos RSS nas instituições A e B.....................................................

61

70

76

LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES

ABRELPE - Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos

Especiais

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas.

ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária

AIDS - Síndrome da Imunodeficiência Adquirida

ARA - Associação de Recicladores de Arcos

ART - Anotação de Responsabilidade Técnica

CAT - Comunicação de Acidente de trabalho

CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental

CCIH - Comissão de Controle de Infecção Hospitalar

CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

CNEN - Comissão Nacional de Energia Nuclear

CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente

EPA - Enviromental Protection Agency

EPI - Equipamentos de Proteção Individual.

EPC - Equipamento de Proteção Coletiva

FEAM - Fundação Estadual do Meio Ambiente.

FESPSP - Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo

FUMUSA - Fundação Municipal de Saúde

HBV - Vírus da Hepatite B

HCV - Vírus da Hepatite C

HIV - Vírus da Imunodeficiência Adquirida

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

NBR - Normas Brasileiras Registradas

NR - Norma Regulamentadora

PGRSS - Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde

PNBS - Pesquisa Nacional de Saneamento Básico

PSF - Programa de Saúde da Família

RDC - Resolução da Diretoria Colegiada

RSS - Resíduos de Serviço de Saúde

SESMT - Serviços de Engenharia de Segurança e Medicina no Trabalho

TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UFC - Unidades Formadoras de Colônia

UNEP - United Nations Environmental Protection

USEPA - United States Enviromental Protection Agency

Resumo

O crescimento desordenado da população, o aumento da industrialização, o consumismo

exagerado, e, consequentemente, o aumento da geração de resíduos vêm gerando impactos

negativos à saúde ambiental, na qual o homem é um de seus componentes. No contexto dessa

problemática ambiental, destacam-se os resíduos de serviços de saúde, também chamados de

RSS. O presente trabalho teve por objetivo conhecer o gerenciamento dos RSS em duas

instituições públicas na cidade de Arcos, à luz da atual legislação brasileira sobre os RSS,

tratando-se de um estudo exploratório com abordagem qualitativa. Para a coleta de dados

utilizou-se a técnica de triangulação de dados, cruzando as informações semelhantes

encontradas nas entrevistas e na observação sistemática. Para a análise de dados obtidos

através das entrevistas e observações, utilizou-se a análise do discurso proposta por Bardin

(1977). Evidenciou-se a ocorrência de acidentes de trabalho, atribuídos especialmente ao

descarte inadequado dos RSS e a carência de programa de treinamento e prevenção de

acidentes. Durante a fase de segregação, observou-se uma inadequabilidade dos materiais

necessários, assim como falhas na identificação e retirada dos RSS dos locais geradores, em

horários e fluxos não padronizados. De um modo geral, os locais de armazenamento externo

dos RSS não atendiam às recomendações vigentes, sendo detectados problemas relativos à

ventilação, separação dos RSS por categoria, segurança para evitar entrada e saída de animais

e seres humanos, além da ausência ou inadequabilidade de recipientes de armazenagem. O

destino final dos RSS no aterro sanitário estava sendo realizado de acordo com a legislação

vigente, mas não havia tratamento anteriormente a disposição final. Observou-se ainda que

alguns equipamentos de proteção individual eram disponibilizados (bota e luva), porém sem o

devido treinamento ao uso e conservação destes. Por fim, verificou-se, ainda, nas duas

instituições, a necessidade de elaboração de plano de gerenciamento dos resíduos sólidos, de

modo a direcionar uma prestação de serviços com qualidade humana e ambiental, buscando

resguardar a segurança dos trabalhadores e aos usuários dessas instituições. De um modo

geral, constatou-se que as instituições avaliadas carecem de mudanças, especialmente

relacionadas aos aspectos organizacionais e técnico-operacionais do manejo dos RSS.

Palavras chave: Resíduos de Serviços de Saúde. Biossegurança. Legislação.

Abstract

The uncontrolled growth of population, the industrializations increase, the over-consumption,

and consequently, the increased generation of residues is generating negative impacts on

environmental health, in which man is one of its components. In the context of environmental

problems, I detached the residues of health services, also called in Brazil as RSS (Residues of

health services). This work aimed to know the management of RSS in two publics’

institutions in the Arcos City, under the current Brazilian´s legislation on RSS, it is an

exploratory study with a qualitative approach. To collect data I used the technique of data

triangulation, crossing the similar information’s found in the interviews and systematic

observation. For the analysis of data obtained through interviews and observation I used

discourse analysis proposed by Bardin (1977). The study demonstrated the occurrence of

accidents at work, especially attributed to inadequate disposal of RSS and the shortage of

training programs and accident prevention. During the segregation, there was an inadequacy

of the materials needed, as well as failures in the: identification and removal of local

generators of RSS, in nonstandard schedules and flows. In general, local external storage of

RSS did not meet current recommendations, detected ventilation´s problems, separation of the

RSS by category, security to prevent entry and exit of animals and humans, besides the

absence or inadequacy of containers storage. The final destination of RSS in the landfill was

being held in accordance with current legislation, but there was no treatment prior to final

disposal. It was also observed that the personal protective equipment were available some

(boot and glove), but without the proper training to use and conservation. Finally, there was

also at the two institutions, the need to formulate management plan for solid residues, to

direct the provision of services with human and environmental quality, seeking to protect the

employees´ safety and users of those institutions. In general, it was found that the institutions

evaluated require changes, especially related to organizational aspects and technical-

operational management of RSS.

Keywords: Residues of health services, Biosafety, Legislation

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.............................................................................................. 17

1.1 Objetivos......................................................................................................... 20

1.1.1 Objetivo geral................................................................................................ 20

1.1.2 Objetivos específicos..................................................................................... 20

2 REVISÃO DE LITERATURA.................................................................... 21

2.1 A SOCIEDADE E A GERAÇÃO DE RESÍDUOS

SÓLIDOS........................................................................................................

21

2.1.1 Os resíduos e suas classificações................................................................... 26

2.2 RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE (RSS)......................................... 28

2.2.1 Características Físicas, Químicas e Microbiológicas dos RSS................... 31

2.2.1.1 Características físicas..................................................................................... 31

2.2.1.2 Características químicas................................................................................ 32

2.2.1.3 Características Microbiológicas.................................................................... 34

2.2.2 Gerenciamento dos RSS................................................................................. 35

2.2.3 Responsabilidades relacionadas aos Resíduos de Serviços de Saúde........ 50

2.2.4 Biossegurança................................................................................................. 51

3 METODOLOGIA.......................................................................................... 53

3.1 Caracterização do Campo de Estudo........................................................... 53

3.2 Objeto de Estudo............................................................................................ 54

3.3 Coleta de dados............................................................................................. 55

3.4 Análise dos dados.......................................................................................... 57

3.5 Aspectos Éticos.............................................................................................. 59

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................. 60

4.1 Perfil dos trabalhadores................................................................................. 60

4.2 ANÁLISE E DISCUSSÃO DAS ENTREVISTAS E DA

OBSERVAÇÃO SISTEMÁTICA.................................................................

63

4.2.1 Eixo temático: Biossegurança...................................................................... 63

4.2.1.1 Riscos e acidentes........................................................................................... 63

4.2.1.3 Etapas do gerenciamento de resíduos........................................................... 71

4.2.2 Eixo temático: Motivação, saúde e conhecimento dos trabalhadores que

lidam diretamente com os RSS.....................................................................

80

4.2.2.1 Motivação do trabalhador............................................................................ 80

4.2.2.2 Saúde do trabalhador..................................................................................... 82

4.2.2.3 Treinamento e educação continuada............................................................ 85

CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................ 90

REFERÊNCIAS ............................................................................................ 93

APÊNDICE..................................................................................................... 109

ANEXOS......................................................................................................... 113

17

1 INTRODUÇÃO

A civilização atual é marcada pelo desenvolvimento industrial e tecnológico e,

consequentemente, pelo desperdício. Tal quadro foi intensificado principalmente a partir da

Revolução Industrial, havendo um aumento expressivo na demanda de recursos naturais e

energia, o que acelerou a geração de resíduos. Nesse contexto, ao longo do tempo, a

sociedade, tem descartado seus detritos de maneira circunstancial e desinformada. À medida

que a sociedade concentra-se em aglomerados urbanos e usa novas tecnologias, mudam-se

hábitos de consumo e altera-se igualmente a composição qualitativa e volume de resíduos.

O problema dos resíduos pode ser associado especialmente ao mundo

contemporâneo, pois, com o aumento da produção tecnológica e o sistema econômico vigente,

houve um agravamento do problema, com padrões de produção em quantidades maiores que a

capacidade de absorção da natureza. Assim, o aumento da poluição ambiental surgiu com os

avanços tecnológicos e com o desenvolvimento decorrente que demanda quantidades cada vez

maiores de materiais e energia para atender aos padrões de consumo de uma sociedade.

A partir disso, a natureza é então desafiada a assimilar a produção artificial de

novos componentes químicos e a modificar volumes crescentes de resíduos, ultrapassando os

limites de capacidade dos ciclos naturais e dos fluxos de energia. Tal ação gera quantidades

cada vez maiores de resíduos sólidos, principalmente nas áreas urbanas, ocasionando

impactos ambientais, tais como poluição do ar, do solo e das águas superficiais e subterrâneas,

além de problemas relacionados à desvalorização de imóveis e de direito de propriedade,

entre outros.

Nesse sentido, atualmente percebe-se como prioridade a redução da geração de

resíduos, assim como a remoção destes para locais distantes das áreas habitadas, para

posterior acondicionamento e/ou tratamento. As exigências e restrições técnicas e legais estão

fazendo com que as áreas disponíveis e adequadas para isso sejam poucas e estejam cada vez

mais distantes da área urbana. Isso também leva a um aumento nos gastos com os serviços de

coleta e transporte e com a construção de estações de transferência/transbordo.

O gerenciamento dos resíduos gerados pela sociedade moderna é uma necessidade

que se apresenta como incontestável e requer não apenas a organização e a sistematização das

fontes geradoras, mas, fundamentalmente, o despertar de uma nova consciência coletiva

quanto às responsabilidades individuais na abordagem dessa questão.

18

Dessa forma, os Resíduos de Serviços de Saúde (RSS), tidos como aqueles

descartados por hospitais, farmácias, clínicas veterinárias e instituições similares, constituem

um desafio com múltiplas interfaces, pois além das questões ambientais inerentes a qualquer

tipo de resíduo, incorporam uma maior preocupação no que tange ao controle de infecções em

ambientes prestadores de serviços, no aspecto da saúde individual/ocupacional e

pública/ambiental.

Como a maioria do lixo descartado pela população, os RSS encontram-se muitas

vezes misturados a outros tipos de resíduos, sendo muitas vezes, descartados na via pública e

dispostos de maneira inadequada em aterros sanitários ou controlados, ou a céu aberto, como

ocorre na maioria de municípios brasileiros. Cabe salientar, ainda, que locais, como aterro

sanitário, na maioria das vezes, são apenas formas de confinamento dos resíduos. A falta de

estrutura para esse depósito residual ocasiona graves problemas para os recursos naturais e

converte-se em uma fonte potencial de contaminação que permanece ativa por décadas, uma

vez que não há o controle sobre os materiais e substâncias ali depositados. Tais impactos

negativos e acidentes poderiam ser minimizados ou até mesmo evitados através de gestão e

gerenciamento adequado desse tipo de material.

Para que haja redução dos acidentes advindos dos riscos que a equipe assistencial e

funcionários da limpeza estão expostos, a realização desses procedimentos requer habilidade e

atenção. Esses riscos podem ser classificados em químicos, físicos, biológicos, psicossociais e

ergonômicos. O risco biológico, geralmente associado à patógenos de transmissão sanguínea,

está na maioria das vezes diretamente relacionado aos acidentes de trabalho entre os

profissionais de saúde.

O objeto de estudo desta pesquisa constou de aspectos referentes aos resíduos

provenientes das atividades na área urbana, especificamente os resíduos gerados pelos

serviços de saúde (RSS). A temática relacionada aos RSS no Brasil ampliou-se a partir de

1993 com a Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) nº 5 e

Normatizações da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Tal temática, no

entanto, vem gerando controvérsias, o que tem ocasionado revisões constantes das resoluções.

Considerando-se a complexidade da temática que envolve os RSS, percebe-se a

necessidade de um olhar interdisciplinar, uma vez que se encontram relacionadas a esse

assunto variáveis pertencentes a diferentes áreas do saber, como o meio ambiente, a química,

a biologia e a saúde coletiva. Dessa forma, a instituição, ao definir suas políticas de

gerenciamento, precisa analisar não apenas as variantes internas (da segregação ao

armazenamento dos resíduos) que determinam a geração dos RSS, mas o conjunto de relações

19

das variáveis externas (da coleta a disposição final) que acaba por interferir nos resultados que

podem ser obtidos. Paralelo a isso, torna-se necessário a execução de programas educativos

que envolvam a instituição como um todo.

Nesse contexto, as instituições de saúde do município de Arcos – MG têm

enfrentado problemas no gerenciamento de seus RSS, pois constatou-se que somente os

perfurocortantes e o lixo comum são separados dos demais resíduos. Essa observação foi

verificada mediante um trabalho de campo realizado em uma instituição de saúde por alunos

do curso Técnico em Química do Colégio Dom Belchior de Arcos – Minas Gerais. Os

resultados dessa pesquisa exploratória evidenciaram a relevância do problema e apontaram

para a necessidade de ampliação do estudo, numa tentativa de buscar mais esclarecimentos

sobre o assunto. Foi neste contexto que surgiram as seguintes questões: o acondicionamento,

a coleta, o armazenamento, a segurança dos trabalhadores e a disposição final dos RSS do

município de Arcos seguem a legislação vigente? Os funcionários envolvidos no processo

apresentam um conhecimento adequado sobre o assunto e o utilizam em sua prática diária de

trabalho?

É em função desses questionamentos que o presente trabalho propõe um estudo

exploratório sobre a qualidade da coleta, manuseio, acondicionamento, transporte,

armazenamento, tratamento e disposição final dos RSS no município de Arcos - MG. Este

estudo teve como público-alvo duas instituições públicas de saúde sediadas no município,

sendo um posto de saúde e um hospital. Infere-se, então, que o processo que envolve a coleta,

o acondicionamento, o transporte, o armazenamento, o tratamento e a disposição final dos

RSS apresentem problemas e falhas relacionados diretamente ao processo de gerenciamento,

à falta de infraestrutura e, ainda, de conhecimento por parte dos funcionários dessas

instituições.

Cabe ressaltar que os resultados obtidos certamente possibilitarão um maior

entendimento da situação atual dos RSS, especialmente no município de Arcos – MG, bem

como maior esclarecimento dos fatores que o auxiliam ou impedem a implantação de

programas efetivos de gerenciamento desses resíduos.

20

1.1 Objetivos

1.1.1 Objetivo geral

Analisar o processo de segregação, identificação, acondicionamento, coleta,

transporte, armazenamento, tratamento e disposição final dos Resíduos de Serviços de Saúde

(RSS) em duas instituições públicas na cidade de Arcos – MG.

1.1.2 Objetivos específicos

Verificar se os procedimentos técnicos e de segurança relacionados ao

recolhimento, acondicionamento, armazenamento, tratamento, transporte e

disposição final dos RSS adequam-se à legislação vigente;

Constatar a utilização de EPI’s e as condições oferecidas pelo ambiente

institucional;

Avaliar o conhecimento dos funcionários que trabalham diretamente com os

RSS, especialmente sobre os riscos e normas vigentes.

21

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 A SOCIEDADE E A GERAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

A quantidade de lixo acumulada pode estar

associada à cultura material1 de uma cidade, pois

pressupõe-se que a necessidade de produzir implica

quantidades maiores de matéria-prima e energia

que são transformadas em produtos

(SOBRAL, 1996).

A Sociedade humana, desde seus primórdios, desenvolve-se em função da

exploração dos recursos naturais, o que gera uma série de interferências que, inicialmente,

apresentava-se de forma amena, pois era provocada pelo impulso de sobrevivência, uma vez

que precisava apossar-se de meios para vencer as adversidades existentes em seu caminho.

Contudo, ao desenvolver-se, o homem também ampliou suas técnicas e, consequentemente,

deixou-as mais agressivas para vencer as adversidades acabando por acreditar que era “dono”

da natureza e não parte dela (BOCK, 2004). Assim, ao observar a história da humanidade, é

possível perceber que várias foram as formas do ser humano de relacionar-se com a natureza.

Desde um temor incompreensível na Antiguidade, quando o homem via todos os fenômenos

da natureza como bênçãos ou castigos divinos, até chegar a um desrespeito justificado pela

ganância evidenciada através do capitalismo exacerbado (TODOROV, 2002).

Com isso, a evolução cultural e tecnológica tem provocado um aumento na

produção geral de artefatos de todas as espécies e essas geram resíduos em quantidades cada

vez maiores. A produção de tantos resíduos termina por ocasionar graves consequências ao

meio ambiente, já que o homem pouco se preocupa com as destruições geradas pela produção

em larga escala (SOAREZ DE OLIVEIRA, 2002). Entretanto, foi, no século XVIII, com o

1 A cultura material representa a objetivação das necessidades do ser humano nas suas múltiplas relações com

seu universo vivencial, de criar/produzir os insumos, artefatos, instrumentos/tecnologia que dizem respeito às

suas experiências cotidianas que povoam e marcam a história (SOBRAL, 1996, p. 21).

22

advento da Revolução Industrial, que observou-se um aumento na exploração dos recursos

naturais, provocado pelas indústrias emergentes, pelo crescimento acelerado da população

urbana e pela mecanização da agricultura. Com isso, em menos de trezentos anos, o homem

alterou o ambiente e seus ciclos biogeoquímicos de forma nunca evidenciada (FRAGOMENI,

2005; SCHNEIDER et al., 2004).

Então, a partir de meados do século XX, a sociedade foi marcada pelos padrões de

consumo. Pode-se dizer que tal sociedade caracteriza-se, antes de tudo, pelo desejo

socialmente expandido da aquisição "do supérfluo", do excedente, do luxo. Assim, como

também se estrutura pela insaciabilidade, insatisfação constante, na qual uma necessidade

preliminarmente satisfeita gera quase automaticamente outra necessidade, num ciclo que não

se esgota, num “continuum” que expressa claramente que o final do ato consumista é o

próprio desejo de consumo (CAMPBELL, 2001).

No início do terceiro milênio, a sociedade depara-se com desafios de várias ordens

de grandeza. O capitalismo, a globalização e a pós-modernidade trouxeram benefícios, mas

também, um legado de destruição e uma sequela de degradação ambiental para o planeta

(ARNDT, 2007; SCHNEIDER et al., 2004).

Os resultados da pós-modernidade na natureza mostram ao homem que talvez essa

seja a realidade mais complexa, por ele, já enfrentada. Trata-se de um momento histórico

único em que o ser humano é obrigado a reconhecer os impasses causados pela própria

cultura, a qual, agindo durante séculos sobre o mundo físico e a sociedade, legou situações de

desequilíbrio ambiental e ecologicamente inviáveis. Chegamos a um ponto em que a

sobrevivência da nossa civilização depende do desenvolvimento de novas formas de vida

social, para que haja harmonia entre o homem e o seu meio (SCHNEIDER et al., 2004).

Essa harmonia pode ser adquirida no desejo de transformar os aspectos materiais e

as regras de conduta no mundo onde vive, visando à sua sobrevivência e à do grupo. Nessa

trajetória, passou de sujeito de deveres a sujeito de direitos, os quais nascem como direitos

naturais universais, desenvolvem-se como direitos positivos genéricos que atingem a

universalização e especificação. Assim, a liberdade é conquistada inicialmente, seguida pelos

direitos políticos e sociais (BAQUERO, 2003; MARSHALL, 1967; MOISÉS, 1995;

PRZEWORSKI et al., 2003; REIS, 2002).

Para uma sociedade livre é inadmissível a manutenção de um estado permanente

de conflito com a natureza, relação facilmente detectável no modo como se tratam os dejetos

ou os resíduos oriundos dos excessos humanos, já que são tratados com descaso e

inconsciência (ROSSEAU, 1981). O problema desses resíduos pode ser associado

23

especialmente ao mundo contemporâneo, pois, com o aumento da produção tecnológica e o

sistema econômico vigente, houve um agravamento do problema, com padrões de produção

em quantidades maiores que a capacidade de absorção da natureza (SCHNEIDER et al.,

2004).

Domenéch (1993) conceitua resíduo como tudo que é gerado como consequência

não desejada de uma atividade humana e, em geral, de qualquer ser vivo. Para Logarezzi

(2004), tanto o lixo como os resíduos são sobras de uma atividade qualquer e o que os

caracteriza como lixo ou resíduo depende dos valores sociais, econômicos e ambientais que se

atribuem a elas. Dessa forma, segundo o mesmo autor, ao descartar resíduos sem preservar

seus valores potenciais, estes transformam-se em lixo, adquirindo aspectos de inutilidade,

sujidade, imundície, estorvo e riscos.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT (10.004) assim refere-se

aos resíduos:

os resíduos sólidos são definidos como aqueles no estado sólido ou semissólido, que

resultam de atividades da comunidade de origem doméstica, industrial, hospitalar,

comercial, de serviços de varrição e agrícola. Estão incluídos nesta definição os lodos

provenientes de sistema de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e

instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas

particularidades tornem inviável seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpo

de águas, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis, em face

à melhor tecnologia disponível (ABNT, 2004, p. 1).

Nesse contexto, o lixo e o resíduo são considerados por Rodrigues (1998), como

componentes de uma sociedade e é tão essencial quanto a fábrica e o lucro, pois é em

oposição a eles que atribui-se sentido à lógica funcional e utilitarista sobre a qual o sistema de

produção estrutura-se. As mercadorias são vistas como antagônicas aos dejetos, justificando o

modelo de produção em massa, industrial e de consumo. Desse modo, pensa-se o lixo como

um problema da civilização, uma vez que um aumento na produção dos resíduos é justificado

pela necessidade de produzir cada vez mais. É em decorrência desses atos oriundos da

sociedade capitalista, que o meio ambiente tem sido agredido, mediante o consumo exagerado

de produtos industrializados e tóxicos. Esses ao serem descartados, acumulam-se no ambiente

como detritos, causando danos ao planeta e à própria existência humana (RIOS, 2008).

Segundo Churchill (2003), o consumismo é o gasto exagerado de qualquer

produto, é adquirir aquilo que não é necessário, as pessoas são induzidas a consumir,

fundamentadas nas necessidades utilitárias, que são referentes a funções básicas e materiais

ou necessidades hedônicas, que são aquelas relacionadas ao desejo de prazer e

autorrealização.

24

Na civilização ocidental, esse fato é evidenciado e influenciado pelo estilo de vida

norte-americano, em que o consumo transformou-se em compulsão e vício, estimulados pelas

forças do mercado, da moda e da propaganda (BAUMAN, 1999). Assim, a sociedade de

consumo produz carências e desejos (materiais e simbólicos). O consumo, as roupas, os

calçados, os carros e o celular são parâmetros para reconhecer, avaliar e julgar os indivíduos

de uma sociedade. Para Barreto (1982), as pessoas são incitadas a comprar mesmo antes de

haverem economizado o suficiente para pagar suas compras. A propaganda e todos os demais

meios de pressão psicológica estimulam poderosamente a necessidade de um consumo maior,

aumentando assim a geração de lixo.

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) estima que a população

mundial, esteja gerando trinta milhões de toneladas de lixo por ano. O Brasil chegava ao

início do século XXI com população estimada de 170 milhões de habitantes e taxa de

crescimento demográfico em torno de 1,4% ao ano. Apesar da taxa de crescimento cair

sistematicamente, avalia-se que a população brasileira deverá atingir 211 milhões em 2020.

Este quadro torna-se preocupante, principalmente quando trata-se dos países em

desenvolvimento, onde o crescimento demográfico, a concentração da população nas grandes

cidades e a adoção do estilo de vida semelhante a dos países ricos fizeram aumentar o

consumo e a consequente geração de lixo (IBGE, 2000).

A geração de resíduos sólidos em cada país depende de vários fatores, como

desenvolvimento socioeconômico, tecnologia, cultura e hábitos alimentares (PRIM, 2003). A

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) distingue a produção de resíduos no

mundo por país da seguinte forma, conforme mostra o QUADRO 1:

QUADRO 1

Produção de resíduos no mundo

País de origem Produção de diária (Kg p/ habitante)

USA 3,2

Itália 1,5

Holanda 1,3

Japão 1,1

Brasil 1,0

Grécia 0,8

Portugal 0,6

Fonte: ANVISA, 2003.

25

No Brasil, são geradas mais de 240 mil toneladas de resíduos diariamente

(IPT/SEBRAE, 2003; SOARES; GRIMBERG, 1998). Em função dessa situação, torna-se

preeminente a busca por um gerenciamento ideal dos resíduos sólidos, que deve-se dar a nível

mundial, tendo em vista os efeitos globais de comprometimento do meio ambiente. É

pensando assim, que a questão ambiental torna-se parte desse cotidiano e, portanto, parte da

sociedade. Acredita-se ser esse o principal foco de discussões neste século, pois a solução dos

principais problemas e dilemas encontra-se em uma melhor relação da sociedade com o seu

meio ambiente, reconhecendo nele aspectos fundamentais à sobrevivência humana

(SCHNEIDER et al., 2004).

Poucas são as sociedades desenvolvidas ou não, que preocupa-se em manejar,

tratar ou destruir os resíduos que produzem o que, nas sociedades primitivas, os próprios

ecossistemas naturais encarregavam-se de fazer. À medida que os depósitos de resíduos

assumem dimensões que fogem ao controle, faz-se necessária a minimização da geração e a

utilização de métodos de tratamento e disposição final que visem diminuir os impactos

causados pela redução mássica e volumétrica e o controle de emissões líquidas e gasosas,

restringindo, dessa forma, a degradação ambiental (GANDOLLA, 1983).

Com base nisso, o grande desafio atual é a busca pelo desenvolvimento

sustentável2, que visa ao equilíbrio entre o desenvolvimento socioeconômico e a preservação

do meio ambiente. Torna-se importante ressaltar que a dinâmica referente ao desenvolvimento

sustentável se expressa através da disputa pelas interpretações sobre conceitos-chave como

"ambiental" ou "sustentabilidade". A verdade é que ainda está longe de se chegar a um acordo

sobre as chances de uma nova aliança sustentável ou um contrato natural, como o chamou

Serres (1991), baseada na justiça e na equidade entre a sociedade e a natureza.

O art. 225 da Constituição Federal de 1988 diz:

todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum

do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à

coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

O desenvolvimento sustentado, de tal sorte, consiste na conciliação entre três fatores

de absoluta relevância, que são o desenvolvimento científico, tecnológico e

industrial; a urgente preservação ambiental; e a imprescindível qualidade de vida de

toda a coletividade (BRASIL, 2002a, p.4).

2 O termo “desenvolvimento sustentável” é abrangente – engloba aspectos econômicos, sociais e ambientais, foi

expresso no Relatório Brundtland como o “desenvolvimento que atende às necessidades do presente, sem

comprometer a capacidade das futuras gerações atenderem às suas próprias necessidades” (MOUSINHO, 2003,

p. 348).

26

O desenvolvimento econômico e o meio ambiente estão intimamente ligados e

somente é viável o uso de recursos naturais para o desenvolvimento, caso haja parcimônia e

responsabilidade no uso dos referidos recursos. Caso contrário, a degradação e o caos

certamente serão inevitáveis. É nesse contexto, que faz-se necessário um novo olhar

diferenciado para as políticas socioambientais, um olhar transversal, uma vez que os cidadãos

atuantes nesse novo cenário são responsáveis por essas mudanças (RIOS, 2008).

2.1.1 Os resíduos e suas classificações

Os resíduos são classificados segundo as Normas Brasileiras Regulamentadoras

(NBR) 10.004 da ABNT (2004), quanto aos riscos potenciais, ao meio ambiente e à saúde

pública, como:

Classe I - Perigoso: são resíduos que apresentam uma ou mais características, como:

inflamabilidade, reatividade, toxicidade ou patogenicidade3;

Classe II – Não perigosos que se subdividem em:

- Classe II A - Não inertes: são resíduos que podem apresentar propriedades como

combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade na água;

- Classe II B - Inertes: são rochas, vidros, certos plásticos e borrachas.

Deve-se considerar também a caracterização, segundo a ABNT (1993a) NBR

12.808, quanto à subdivisão em: rejeito radioativo - material radioativo ou contaminado,

radionuclídeos; resíduos farmacêuticos - medicamentos vencidos, contaminados, interditados

ou não utilizados e resíduos químicos perigosos (apresentam características de corrosividade,

inflamabilidade, explosividade, reatividade, genotoxicidade ou mutagenicidade).

Outra classificação possível para os resíduos está relacionada aos locais onde são gerados,

sendo que, de acordo com sua origem e natureza, recebem diferentes destinações. Dessa

forma, constata-se a existência de lixo domiciliar, aquele originado na vida diária das

3 A patogenicidade é característica inerente aos RSS pelo potencial que têm de apresentar em sua composição

agentes infectantes, como microrganismos ou toxinas por estes produzidos, que possam a afetar principalmente a

saúde humana. Segundo a NBR 10.004 (ABNT, 2004), um resíduo é considerado patogênico se uma amostra

representativa dele, obtida de acordo com a NBR 10.007 (ABNT, 2004), contiver, ou se houver suspeita de

conter, microrganismos patogênicos, proteínas virais, ácido desoxirribonucléico (ADN) ou ácido ribonucléico

(ARN) recombinantes, organismos geneticamente modificados, plasmídios, cloroplastos, mitocôndrias ou

toxinas capazes de produzir doenças em homens, animais ou vegetais.

27

residências; lixo comercial, aquele gerado nos diversos estabelecimentos comerciais, tais

como bancos, lojas e supermercados; lixo público, aquele originado dos serviços de limpeza

pública; lixo industrial, resultante dos processos industriais e rejeitos das indústrias ou refugos

da produção; lixo agrícola, aquele com produtos químicos resultantes das atividades

agropecuárias com potencial para a contaminação do ambiente, como embalagens de

fertilizantes, agrotóxicos e remédios veterinários. classificam o lixo da construção civil,

constituído por materiais de demolição ou restos de materiais de construção; lixo de serviços

de saúde e hospitalar, produzidos por laboratórios, clínicas, hospitais, farmácias e

ambulatórios, entre outros. São lixos com alto potencial para contaminação de pessoas e

ambiente. (BIDONI; POVINELLI, 1999).

No entanto, para Zanon (1990), usualmente o lixo hospitalar é menos contaminado

que o doméstico; e as espécies bacterianas presentes em ambos são semelhantes. Resíduos

semelhantes aos domésticos também são gerados nas mais variadas unidades de serviço de

saúde, sendo necessário separá-los entre perigosos, tendo como critérios os riscos à saúde, os

pontos de geração, os riscos de tratamento ou a disposição final que se deve dar a eles. Há

também o lixo de portos, aeroportos e terminais de transporte, que recebem atenção especial

como medida de controle e prevenção de introdução de agentes causadores de doenças e

epidemias.

O lixo pode ainda ser classificado de acordo com suas características físicas,

químicas e biológicas. Outra forma de caracterização está relacionada ao uso que se faz do

lixo após este ter cumprido a função para a qual foi primeiramente destinado (LOGAREZZI,

2004).

Além das classificações técnicas, a definição dos termos “lixo” e “resíduos” varia,

dependendo dos fatores jurídicos, ambientais, econômicos, sociais e tecnológicos que lhes são

aplicados (CALDERONI, 1999). Geralmente o termo “lixo” e a expressão “resíduo sólido”

são utilizados indistintamente. No entanto, deve destacar-se que a ideia de reaproveitamento

do lixo leva a uma reconsideração sobre os termos utilizados, de forma que o lixo constituir-

se-ia a partir do momento em que não reivindica-se uma nova utilização do que fora

descartado. Em relação a esta definição apresentada, deve-se levar em consideração que o

conceito de utilidade é relativo, como o que é descartado por alguns, considerado como lixo,

pode ser aproveitado originalmente por outros; da mesma maneira que objetos ou materiais

que em pequena quantidade não são relevantes podem ter importância econômica se em

quantidade suficiente (PINTO, 1979).

28

2.2 RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE (RSS)

Inicialmente, no Brasil, os resíduos produzidos em instituições de saúde eram

chamados de resíduos hospitalares, e usava-se a designação sólida para limitar a parcela

sólida dos resíduos dentro do hospital. Sendo que, durante algum tempo, o olhar relacionado

aos resíduos sólidos dos serviços de saúde era voltado somente para os hospitais

(ANDRADE, 1997; ANDRADE; SCHALCH, 1997; SCHNEIDER et al., 2004).

Para a ANVISA e o CONAMA a definição dos RSS é:

aqueles resultantes de atividades relacionados com o atendimento à saúde humana

ou animal, inclusive os serviços de assistência domiciliar e de trabalhos de campo;

laboratórios analíticos de produtos para saúde; necrotérios, funerárias e serviços

onde se realizem atividades de embalsamamento (tanatopraxia e

somatoconservação); serviços de medicina legal; drogarias e farmácias inclusive as

de manipulação; estabelecimentos de ensino e pesquisa na área de saúde; centros de

controle de zoonoses; distribuidores de produtos farmacêuticos; importadores,

distribuidores e produtores de materiais e controles para diagnóstico in vitro;

unidades móveis de atendimento à saúde; serviços de acupuntura; serviços de

tatuagem, entre outros similares que, por suas características, necessitam de

processos diferenciados em seu manejo, exigindo ou não tratamento prévio à sua

disposição final (ANVISA, 2004, p. 2; BRASIL, 2005, p.1).

A Resolução da Diretoria Colegiada do CONAMA (RDC) nº. 306 de 7 de

dezembro de 2004 revogou a resolução RDC nº. 33 (BRASIL, 2003) e adotou outra

denominação para tornar mais objetiva a referência aos resíduos por parte dos profissionais

que trabalham com eles, agora Resíduos de Serviços de Saúde (BRASIL, 2005).

Para a ANVISA e o CONAMA, definem-se como geradores de RSS:

todos os serviços que prestem atendimento à saúde humana ou animal, incluindo os

prestadores de serviço que promovam os programas de assistência domiciliar;

serviços de apoio à preservação da vida, indústrias e serviços de pesquisa na área de

saúde, hospitais e clínicas, serviços ambulatoriais de atendimento médico e

odontológico, serviços de acupuntura, tatuagem, serviços veterinários destinados ao

tratamento da saúde animal, serviços de atendimento radiológico, de radioterapia e

de medicina nuclear, serviços de tratamento quimioterápico, serviços de

hemoterapia e unidades de produção de hemoderivados, laboratórios de análises

clínicas e de anatomia patológica, necrotérios e serviços onde se realizem

atividades de embalsamamento e serviços de medicina legal, drogarias e farmácias,

inclusive as de manipulação, estabelecimentos de ensino e pesquisa na área de

saúde, unidades de controle de zoonoses, indústrias farmacêuticas e bioquímicas,

unidades móveis de atendimento à saúde, e demais serviços relacionados ao

atendimento à saúde que gerem resíduos perigosos (ANVISA, 2004, p. 2; BRASIL,

2005, p.1).

29

De acordo com Garcia e Zanetti-Ramos (2004), os geradores que produzem

grande quantidade de RSS possuem maior consciência sobre o planejamento adequado e

necessário para o gerenciamento dos RSS. Em contrapartida, os pequenos geradores muitas

vezes não possuem essa consciência e nem apresentam os conhecimentos necessários. Deve-

se ressaltar, também, que na maioria das vezes, falta-lhes infraestrutura para realizar

adequadamente o gerenciamento dos RSS.

No Brasil, não há estatísticas precisas a respeito do número de geradores, nem da

quantidade4 de RSS gerados diariamente. De acordo com dados da PNSB/2000 (Pesquisa

Nacional de Saneamento Básico), realizada pelo IBGE, são coletadas diariamente 228.413

toneladas de resíduos no Brasil. Em geral, estima-se que 1% desses corresponda aos RSS,

totalizando aproximadamente 2.300 toneladas diárias (GARCIA; ZANETTI-RAMOS, 2004).

Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos

Especiais – Abrelpe, o total de RSS gerado no Brasil é de 19.226 t/dia, sendo disposto no país

por região nas porcentagens mostradas no GRAF. 1 (ABRELPE, 2006).

17,19%

29,56%

9,33%

36,91%

17,01%

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Norte Nordeste Centro-

oeste

Sudeste Sul

Norte

Nordeste

Centro-oeste

Sudeste

Sul

GRÁFICO 1 - Geração de RSS no Brasil por região.

Fonte: ABRELPE, 2006.

A PNSB mostra que a maioria dos municípios brasileiros não utiliza um sistema

apropriado para efetuar a coleta, o tratamento e a disposição final dos RSS (IBGE, 2000). De

4 A quantidade de RSS depende do estabelecimento, dos hábitos e procedimentos médico-hospitalares adotados,

normalmente adota-se uma relação entre a quantidade média gerada por dia com o número de leitos ocupado,

com a qual se forma um parâmetro comparativo (SCHNEIDER et al, ,2004).

No cenário mundial, a crescente geração de RSS observada nos últimos anos está associada ao fenômeno da

descartabilidade, que provocou aumento do volume de resíduos, e tende a continuar durante as próximas

décadas. Estima-se a taxa de crescimento em 3% ano, uma vez que essa taxa tem crescido de 5% a 8%,

principalmente, em decorrência de doenças infecto-contagiosas (CASTRO et al., 1995).

30

acordo com a ANVISA (2006), dos 5.507 municípios brasileiros pesquisados, somente 63%

realizam a coleta dos RSS. O GRAF. 2 mostra o volume de RSS coletado nas regiões

brasileiras.

468 ton/dia

132 ton/dia195ton/dia

145ton/dia

3130ton/dia

Norte

Sudeste

Nordeste

Centro-Oeste

Sul

GRÁFICO 2 - Coleta de RSS no Brasil por região.

Fonte: IBGE, 2000.

Com relação à destinação final, aproximadamente 56% dos municípios dispõem

seus RSS no solo, sendo que 30% desse total correspondem aos lixões. O restante deposita em

aterros controlados, sanitários e aterros especiais. No que se referem às formas de tratamento

adotadas pelos municípios, os resultados da pesquisa fornecida pelo IBGE mostram o

predomínio da queima a céu aberto (cerca de 10%), seguida da incineração (11%). As

tecnologias de micro-ondas e autoclave para desinfecção dos RSS são adotadas somente em

0,8% dos municípios. E aproximadamente 22% dos municípios não tratam de forma alguma

os seus RSS (ANVISA, 2006).

Para Garcia e Zanetti-Ramos (2004), as condições precárias do gerenciamento dos

resíduos no Brasil ocasionam vários problemas que afetam à saúde da população, como a

contaminação da água, do solo, da atmosfera, a proliferação de vetores e a saúde dos

trabalhadores que têm contato com esses resíduos.

De acordo com as resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente

(CONAMA) Nº 358 de 04 de maio de 2005 (BRASIL, 2005) e a ANVISA RDC Nº 306 de 07

de dezembro de 2004 (ANVISA, 2004), a classificação dos RSS é subdividida em cinco

grupos, sendo: (A) Potencialmente infectantes; (B) Químicos; (C) Rejeitos radioativos; (D)

Comuns e (E) Perfurocortantes. As descrições de cada grupo encontram-se no ANEXO A. De

31

forma semelhante, a divisão dos RSS em classes, conforme a NBR 12.808, da ABNT (1993a),

é mostrada no ANEXO B.

2.2.1 Características Físicas, Químicas e Microbiológicas dos RSS

O modelo de gerenciamento dos RSS, que deve ser implantado em um

estabelecimento de saúde, para um bom funcionamento – especialmente no que refere-se ao

acondicionamento, coleta, transporte, tratamento e/ou disposição final - está associado de

modo direto ao conhecimento das características físicas, químicas e microbiológicas de tais

resíduos e no manejo do mesmo (ANDRADE, 1997). As principais características físicas,

químicas e microbiológicas dos RSS são apresentadas a seguir.

2.2.1.1 Características físicas

Teor de umidade e de resíduo seco

Teor de umidade é a característica física que expressa a quantidade de água

contida na massa de lixo (ANDRADE, 1997). Segundo Machado Junior et al. (1978), o

conhecimento do teor de umidade dos RSS é importante porque se relaciona com outras

características (densidade e poder calorífero) levando a implicações nas condições dos

incineradores, ou outros equipamentos para tratamento, influenciando nos custos de

disposição final, geralmente em função do peso total dos resíduos.

Massa específica

A quantificação em massa ou em volume é um dado importante para o programa

de gerenciamento que será adotado e normalmente é determinada pela massa dos resíduos

32

sólidos gerados e pelo número de pacientes atendidos por dia, resultando na taxa de geração

(SCHNEIDER et al., 2004).

2.2.1.2 Características químicas

Trata-se da verificação das características como: teor de carbono, hidrogênio,

nitrogênio, oxigênio, enxofre, cloros e cloretos, sólidos voláteis, matéria combustível nos RSS

e poder calorífico (SCHNEIDER et al., 2004).

Teor de Carbono

Relaciona-se com o valor do poder calorífico sólido volátil, indicando também o

teor de matéria orgânica presente nos resíduos (MACEDO, 2006; TAKAYANAGUI, 1993).

As eficiências dos processos de decomposição biológica ou incineração

relacionam-se diretamente com o teor de carbono dos resíduos (ANDRADE, 1997;

TAKAYANAGUI, 1993).

Teor de Hidrogênio

O teor de hidrogênio não tem grandes implicações com quaisquer práticas de

disposição final dos resíduos, contudo, podem indicar, apenas e parcialmente, a quantidade de

materiais plásticos presentes nos resíduos (MACHADO JUNIOR et al., 1978;

TAKAYANAGUI, 1993).

33

Teor de Nitrogênio

Auxilia na avaliação e decomposição do resíduo e também na determinação do

poder calorífico e, consequentemente no dimensionamento de câmaras de combustão do

incinerador (ANDRADE; SCHALCH, 1997).

Teor de Oxigênio

Relaciona-se com o poder calorífero e tem influência sobre os processos que

abrangem a combustão dos resíduos (MACEDO, 2006).

Teor de Enxofre

O enxofre presente nos resíduos pode converter-se em dióxido de enxofre (SO3)

durante a incineração dos resíduos, concebendo um grave problema de poluição do ar quando

produzido em grandes quantidades (MACHADO JUNIOR et al., 1978; TAKAYANAGUI,

1993).

Sólidos Voláteis

O teor de sólidos voláteis indica qual a porcentagem em peso dos resíduos que

pode ser volátil durante a incineração (MACHADO JUNIOR et al., 1978; TAKAYANAGUI,

1993).

34

Teor de Cloro e Cloretos

Do ponto de vista de poluição do ar, os teores de cloro e cloreto são importantes

para se estimar a emissão de gases ácidos, além da possibilidade de formação de dioxinas e

furanos (MACHADO JUNIOR et al., 1978; TAKAYANAGUI, 1993).

Teor de Cinzas

Corresponde à porcentagem em peso do material remanescente da calcinação

produzida para a determinação dos sólidos voláteis (MACEDO, 2006; TAKAYANAGUI,

1993).

Poder Calorífico

É a quantidade de calor ou energia que pode ser liberada por unidade de massa

dos resíduos nas reações de combustão. É um dado da maior importância no

dimensionamento de sistemas térmicos de tratamento de resíduos (MACEDO, 2006). De

acordo com Machado Junior et al. (1978), a importância ainda é maior, quando se pensa em

projetos de incineradores que visem também à recuperação do calor gerado durante a

incineração dos resíduos.

2.2.1.3 Características Microbiológicas

Correspondem às detecções da presença de microrganismos patogênicos em RSS,

por meio de práticas de microbiologia, possibilitando redução de risco à saúde da população.

(MACEDO, 2006). Torna-se difícil afirmar enfaticamente que os microrganismos presentes

nos RSS não possam causar infecção naqueles que os manipulam ou entram em contato com

35

eles. Deve-se lembrar que os perfurocortantes contaminados, especialmente as agulhas, são

fontes potenciais dos vírus HIV, HBV e HCV. Além do mais, em um extenso estudo de

revisão sistemática da literatura sobre a periculosidade5 de RSS, Takayanagui (2005),

encontraram 88,2% dos estudos apontando evidências epidemiológicas nos RSS. O

QUADRO 2 mostra o tempo de sobrevivência de microrganismos patogênicos encontrados

nos resíduos sólidos e nos RSS (SILVA, 2004; TAKAYANAGUI, 1993).

QUADRO 2

Tempo de sobrevivência dos microrganismos

MICRORGANISMO DOENÇAS TEMPO DE VIDA (dias)

Salmonella Typhi febre tifóide 29 – 70

Entamoeba Histolytica amebíase 8 – 12

Ascaris Lumbricóides ascaridíase 2000 – 2500

Leptospira Interrogans leptospirose 15 – 43

Enterovírus Poliomielite (polivírus) 20 – 70

Mycobacterium tuberculosis tuberculose 150 – 180

Larva e Vermes - 25 – 40

Fonte: Adaptada Meio Ambiente (2004).

Em um primeiro momento, a população exposta a danos pode ser representada

pelos próprios pacientes, pelos trabalhadores da área da saúde e também por funcionários da

coleta pública. No segundo momento, não podemos nos esquecer dos viciados em drogas

injetáveis que vão, com certa frequência, à busca de seringas e agulhas contaminadas para a

realização da autoaplicação medicamentosa (GIBBS, 1990; SURESH, 1997; VARADY;

LANKAO; HANKINSK, 2001).

5 Periculosidade de um resíduo: característica apresentada por um resíduo, que em função de suas propriedades

físicas, químicas ou infecto-contagiosas pode apresentar: risco à saúde pública, provocando mortalidade,

incidência de doenças ou acentuando seus índices e risco ao meio ambiente, quando o resíduo for gerenciado de

forma inadequada (ABNT, 2004).

36

2.2.2 Gerenciamento dos RSS

Segundo Mandelli (1997), o gerenciamento refere-se ao conjunto articulado de

ações normativas, operacionais, financeiras e de planejamento baseados em critérios

sanitários, ambientais, sociais, políticos, técnicos, educacionais, culturais, estéticos e

econômicos para a geração, manejo, tratamento e disposição final dos resíduos sólidos.

Diversos autores discutem a pertinência de um sistema diferenciado de

gerenciamento dos RSS, considerando os riscos provocados ao meio ambiente e à saúde

(BURKE, 1994; CASAGRANDE; TAKAYANAGUI, 1993; COLLINS et al., 1992;

DUGAN, 1992; FERREIRA, 1997; FORMAGGIA, 1995; JOFRE; DIE; MARUET; 1993;

MOREL, 2000; SCHNEIDER et al., 2004).

A minimização dos resíduos antes de constituir uma etapa de gerenciamento, é o

primeiro aspecto a ser considerado importante na prevenção à ocorrência dos impactos

ambientais. Minimizar a geração de resíduos em certo nível é possível e traz grandes

benefícios econômicos e ambientais (GARCIA; NAIME; SARTOR, 2004). Para Schneider et

al. (2004), o desenvolvimento das técnicas de minimização teve início na década de 70, com

enfoque nos resíduos industriais atingindo os diversos setores geradores de resíduos.

Segundo a Agência de Proteção Ambiental Americana - Enviromental Protection

Agency (EPA, 1988), minimização de resíduos significa redução na geração de resíduos

perigosos, antes das fases de tratamento, armazenamento ou disposição, incluindo qualquer

redução na fonte geradora que resulte em redução do volume total ou da qualidade de resíduos

perigosos e/ou na redução da toxicidade.

Para Garcia; Naime e Sartor (2004), a minimização deve focar, prioritariamente,

os produtos perigosos utilizados para diagnóstico e tratamento de doenças, ressaltando-se os

solventes, produtos químicos fotográficos, quimioterápicos e antineoplásticos, formaldeídos,

radionuclídeos, gases anestésicos, mercúrio e outros resíduos tóxicos e corrosivos e alguns

desses materiais perigosos tornam-se parte integrante de seus resíduos.

As ações de minimização podem ser esquematizadas por meio do fluxograma da

FIG. 1, conforme proposto por Risso (1993).

37

FIGURA 1 - Fluxograma das ações de minimização de resíduos.

Fonte: Risso (1993).

A racionalização de outras atividades desenvolvidas no estabelecimento, como

ordenação do estoque por data de vencimento dos produtos, centralização de compras e

estoque de drogas e outros materiais perigosos, bem como a capacitação dos profissionais que

lidam com o manejo dos resíduos, pode também representar um efeito significativo na

minimização da geração de lixo hospitalar (RISSO, 1993; GARCIA; NAIME; SARTOR,

2004; SCHNEIDER et al., 2004).

A NBR 12.807 (ABNT, 1993b) utiliza o termo manejo, definindo-o como sendo a

operação de identificação e fechamento do recipiente. De um modo geral, o manejo dos RSS

abrange várias atividades que compreendem: segregação, acondicionamento, identificação,

transporte interno, armazenamento temporário, coleta e transporte externo, tratamento e

disposição final, cujo processo detalhado pode ser visualizado a seguir na FIG. 2, adaptada da

ABNT (1993b).

38

FIGURA 2 - Procedimentos e fluxos, intra e extraunidade, no modelo atual de gerenciamentos dos RSS

no Brasil.

Fonte: Adaptado da ABNT (1993b).

De acordo com Risso (1993), os objetivos de um programa efetivo de

gerenciamento dos RSS são prover proteção à saúde pública e ao meio ambiente, devido aos

riscos apresentados pelo mesmo. Esse instrumento tem como finalidade, estabelecer o manejo

correto, conforme será visto a seguir em cada etapa do sistema:

a) Segregação

Consistem na separação dos resíduos no momento e local de sua geração, de

acordo com as características físicas, químicas, biológicas, o seu estado físico e os riscos

envolvidos (ANVISA, 2004; BRASIL, 2005). A norma NBR. 12.807 define segregação como

sendo operação de separação dos resíduos no momento de geração, em função de uma

classificação previamente adotada para esses resíduos (ABNT, 1993b).

39

A segregação reduz a quantidade de resíduos que requer cuidados especiais, pois

os infectantes, mesmo em pequena quantidade, quando não são separados acabam por

comprometer a massa total, sendo necessário tratar o todo como infectante (SCHNEIDER et

al., 2004). E, além disso, a segregação deve ocorrer no local de origem e ser coerente com os

métodos de tratamento e disposição utilizados visando a esses procedimentos. Essas ações são

mais eficazes pelas pessoas que estão gerando os resíduos, portanto, estão melhor qualificadas

para avaliar os riscos associados a eles (ABNT, 1993b; EPA, 1988; JOFRE, 1993;

PETRANOVICH, 1991; RISSO, 1993).

b) Acondicionamento

Consiste no ato de embalar os resíduos segregados em sacos ou recipientes que

evitem vazamentos e resistam às ações de punctura e ruptura. A capacidade dos recipientes de

acondicionamento deve ser compatível com a geração diária de cada tipo de resíduo. Os

resíduos sólidos devem ser acondicionados em saco constituído de material resistente à

ruptura e ao vazamento, impermeável, respeitados os limites de peso de cada saco, sendo

proibido o seu esvaziamento ou reaproveitamento. Assim, os sacos devem estar contidos em

recipientes de material lavável, resistente à punctura, ruptura e vazamento, com tampa provida

de sistema de abertura sem contato manual, com cantos arredondados e ser resistente ao

tombamento (ANVISA, 2004; BRASIL, 2005).

Os recipientes de acondicionamento existentes nas salas de cirurgia e nas salas de

parto não necessitam de tampa para vedação. Os resíduos líquidos devem ser acondicionados

em recipientes constituídos de material compatível com o líquido armazenado, resistentes,

rígidos e estanques, com tampa rosqueada e vedante (ANVISA, 2004; BRASIL, 2005).

c) Identificação

Consiste no conjunto de medidas que permite o reconhecimento dos resíduos

contidos nos sacos e recipientes, fornecendo informações ao correto manejo dos RSS. A

identificação deve ser colocada nos sacos de acondicionamento, nos recipientes de coleta

40

interna e externa, nos recipientes de transporte interno e externo e nos locais de

armazenamento, em local de fácil visualização, de forma indelével, utilizando-se símbolos,

cores e frases, atendendo aos parâmetros referenciados na norma NBR 7.500 da ABNT

(1983a), além de outras exigências relacionadas à identificação de conteúdo e ao risco

específico de cada grupo de resíduos (ANVISA, 2004; BRASIL, 2005).

A identificação dos sacos de armazenamento e dos recipientes de transporte

poderá ser feita por adesivos, desde que seja garantida a resistência destes aos processos

normais de manuseio dos sacos e recipientes (ANVISA, 2004; BRASIL, 2005).

- O Grupo A é identificado pelo símbolo de substância infectante constante na

NBR 7.500 da ABNT (1983c), conforme a FIG. 3A, com rótulos de fundo branco, desenho e

contornos pretos.

- O Grupo B é identificado através do símbolo de risco associado, de acordo com

a NBR 7.500 da ABNT (1983c), de acordo com a FIG. 3B e com discriminação de substância

química e frases de risco.

A B C D

FIGURA 3 – Símbolos de substâncias infectantes, tóxicas e químicas, de acordo com ABNT (1983c).

- O Grupo C é representado pelo símbolo internacional de presença de radiação

ionizante (trifólio de cor magenta) em rótulos de fundo amarelo e contornos pretos, acrescido

da expressão “Rejeito Radioativo”, conforme a FIG. 3C.

- O Grupo D destinado à reciclagem ou à reutilização deve seguir a Resolução

CONAMA nº 275 (BRASIL, 2001a), que resolve sobre a padronização de cores para

recipientes de acondicionamento conforme o tipo de resíduo:

• azul – papel;

• amarelo – metal;

• verde – vidro;

• vermelho – plástico;

• marrom – orgânico; e,

• cinza – outros tipos de resíduo.

41

- O Grupo E é identificado pelo símbolo de substância infectante constante na

NBR 7.500 da ABNT (1983c), com rótulos de fundo branco, desenho e contornos pretos

(FIG. 3D), acrescido da inscrição de Resíduo Perfurocortante, indicando o risco que apresenta

o resíduo.

d) Transporte Interno

Consiste no traslado dos resíduos dos pontos de geração até o local destinado ao

armazenamento temporário ou armazenamento externo com a finalidade de apresentação para

a coleta. O transporte interno de resíduos deve ser realizado atendendo ao roteiro previamente

definido e em horários não coincidentes com a distribuição de roupas, alimentos e

medicamentos, períodos de visita ou de maior fluxo de pessoas ou de atividades. Deve ser

feito separadamente de acordo com o grupo de resíduos e em recipientes específicos a cada

grupo (ANVISA, 2004; BRASIL, 2005).

Os recipientes para transporte interno devem ser constituídos de material rígido,

lavável, impermeável, provido de tampa articulada ao próprio corpo do equipamento, cantos e

bordas arredondados e serem identificados com o símbolo correspondente ao risco do resíduo

neles contidos, de acordo com este Regulamento Técnico. Devem ser providos de rodas

revestidas de material que reduza o ruído. Os recipientes com mais de 400 L de capacidade

devem possuir válvula de dreno no fundo. O uso de recipientes desprovidos de rodas deve

observar os limites de carga permitidos ao transporte pelos trabalhadores, conforme normas

reguladoras do Ministério do Trabalho e Emprego (ANVISA, 2004; BRASIL, 2005).

e) Armazenamento Temporário

Consiste na guarda temporária dos recipientes, contendo os resíduos já

acondicionados, em local próximo aos pontos de geração, visando agilizar a coleta dentro do

estabelecimento e otimizar o deslocamento entre os pontos geradores e o ponto destinado à

apresentação para coleta externa. Não poderá ser feito armazenamento temporário com

disposição direta dos sacos sobre o piso, sendo obrigatória a conservação dos sacos em

42

recipientes de acondicionamento. O armazenamento temporário poderá ser dispensado nos

casos em que a distância entre o ponto de geração e o armazenamento externo se justifique

(ANVISA, 2004).

Ainda, segundo a ANVISA (2004), a sala para guarda de recipientes de transporte

interno de resíduos deve ter pisos e paredes lisas e laváveis, sendo o piso ainda resistente ao

tráfego dos recipientes coletores. Deve possuir ponto de iluminação artificial e área suficiente

para armazenar, no mínimo, dois recipientes coletores, para o posterior traslado até a área de

armazenamento externo. Quando a sala for exclusiva para o armazenamento de resíduos, deve

estar identificada como “Sala de Resíduos”. A sala para o armazenamento temporário pode

ser compartilhada com a sala de utilidades. Nesse caso, a sala deverá dispor de área exclusiva

de no mínimo 2 m2, para armazenar dois recipientes coletores para posterior traslado até a

área de armazenamento externo.

No armazenamento temporário não é permitida a retirada dos sacos de resíduos de

dentro dos recipientes ali colocados. Os resíduos de fácil putrefação, que venham a ser

coletados por período superior a 24 horas de seu armazenamento, devem ser conservados sob

refrigeração e, quando não for possível, serem submetidos a outro método de conservação. O

armazenamento de resíduos químicos deve atender à NBR 12.235 da ABNT (ABNT, 1992).

f) Armazenamento Externo

Consiste na guarda dos recipientes de resíduos até a realização da etapa de coleta

externa, em ambiente exclusivo com acesso facilitado para os veículos coletores. No

armazenamento externo não é permitida a manutenção dos sacos de resíduos fora dos

recipientes ali colocados (ANVISA, 2004; BRASIL, 2005).

g) Coleta e transporte externos

Consistem na remoção dos RSS do abrigo de resíduos (armazenamento externo)

até a unidade de tratamento ou disposição final, utilizando-se de técnicas que garantam a

preservação das condições de acondicionamento e a integridade dos trabalhadores, da

43

população e do meio ambiente, devendo estar de acordo com as orientações dos órgãos de

limpeza urbana (ANVISA, 2004; BRASIL, 2005). A coleta e transporte externos dos RSS

devem ser realizados de acordo com as normas NBR 12.810 e NBR 14.652 da ABNT

(ABNT, 1993d; ABNT, 2001).

h) Tratamento

Consiste na aplicação de método, técnica ou processo que modifique as

características dos riscos inerentes aos resíduos, reduzindo ou eliminando o risco de

contaminação, de acidentes ocupacionais ou de danos ao meio ambiente. O tratamento pode

ser aplicado no próprio estabelecimento gerador ou em outro estabelecimento, observadas,

nestes casos, as condições de segurança para o transporte entre o estabelecimento gerador e o

local do tratamento. Os sistemas para tratamento de RSS devem ser objeto de licenciamento

ambiental, de acordo com a Resolução CONAMA nº. 237 e são passíveis de fiscalização e de

controle pelos órgãos de vigilância sanitária e de meio ambiente (BRASIL, 1997). O processo

de autoclavação aplicado em laboratórios para redução de carga microbiana de culturas e

estoques de microrganismos está dispensado de licenciamento ambiental, ficando sob a

responsabilidade dos serviços que possuírem a garantia da eficácia dos equipamentos

mediante controles químicos e biológicos periódicos devidamente registrados (ANVISA,

2004; BRASIL, 2005). Os sistemas de tratamento térmico por incineração devem obedecer ao

estabelecido na Resolução CONAMA nº. 316 (BRASIL, 2002b).

Existe, atualmente, um razoável número de métodos alternativos em estudo, tanto

em escala de laboratório como escala piloto, e mesmo já em uso em alguns países, os quais

podem tornar esses resíduos aceitáveis para disposição em aterros sanitários comuns,

juntamente com resíduos domiciliares (RISSO, 1993). Atualmente, os dois métodos mais

indicados e realizados por estabelecimentos de serviços de saúde e prefeituras, quando

utilizam técnicas para o destino final dos RSS, são as esterilizações a vapor e a incineração

(COLLINS, 1989; CROSS, 1990; MANDELLI et al. 1991; SCHNEIDER et al., 2004).

Dentre as tecnologias de tratamento podem-se enumerar as seguintes:

44

- Esterilização

A esterilização é o procedimento utilizado para completa destruição de todas as

formas de vida microbiana, com o objetivo de evitar infecções e contaminações devido ao uso

de determinados artigos hospitalares. Nesse processo, a destruição das bactérias verifica-se

pela termocoagulação das proteínas citoplasmáticas, sendo suficiente uma exposição de 121ºC

a 132ºC durante 15 a 30 minutos (AKUTSU; HAMADA, 1993; RODRIGUES et al., 1997;

SCHNEIDER et al., 2004).

A esterilização pode ser classificada em processos químicos e físicos. A

esterilização por processos físicos compreende basicamente à esterilização por meio de calor

úmido, calor seco e radiações. Desde que o material a ser esterilizado seja termo compatível,

o calor é o método de eleição, pois não forma produtos tóxicos, é seguro e de baixo custo

(MACEDO, 2006).

Com o intuito de evitar falhas no processo de esterilização, deve-se ter um controle

de qualidade, que possa incluir a documentação dos parâmetros físicos do processo em todas

as cargas, manutenção preventiva, reparos e resultados de testes realizados (SCHNEIDER et

al., 2004).

- Desinfecção

É o processo que elimina a maioria dos microrganismos patogênicos, exceto os

esporos bacterianos de superfícies inanimadas (COUTO; PEDROSA; NOGUEIRA, 1999).

Dessa forma, o risco biológico não é totalmente eliminado por esse processo. Segundo

Schneider et al., (2004) e Macedo (2006), os processos de desinfecção podem ser químicos,

por micro-ondas ou associação entre métodos mecânicos e químicos.

- Incineração

A incineração consiste na oxidação dos materiais a altas temperaturas, sob

condições controladas, convertendo materiais combustíveis como os RSS em resíduos não

45

combustíveis (escórias e cinzas) com a emissão de gases (SCHNEIDER et al., 2004). De

acordo com a RDC n° 33 da ANVISA (2006), a incineração de resíduos apresenta como

principal vantagem à redução do volume dos resíduos, uma vez que as cinzas resultantes do

processo de combustão representam uma porcentagem insignificante reduzida do total

incinerado. Outras vantagens do processo são: recuperação da energia calorífica liberada

durante a combustão e através das altas temperaturas alcançadas no forno de um incinerador

(aproximadamente 850ºC); a neutralização da ação de vírus e bactérias que possam existir nos

resíduos.

Por outro lado, no processo de incineração, identificam-se algumas desvantagens,

como custos operacionais altos, quando comparados aos custos de operação dos aterros

sanitários. Sem contar que a operação dos incineradores exige mão-de-obra qualificada e

tratamento específico dos gases emitidos durante o processo para evitar danos ao meio

ambiente (SCHNEIDER et al., 2004).

A incineração dos RSS segundo Orofino (1996) não é obrigatória como meio de

tratamento, porém é considerada a melhor alternativa por reduzir drasticamente o volume de

resíduo, sobrando uma pequena quantidade de cinzas e constituir um processo simples apesar

de crítico quanto ao cumprimento dos procedimentos operacionais. Como desvantagem,

existe a emissão de compostos tóxicos como as dioxinas e furanos, caso a usina não seja

projetada e operada adequadamente.

As dioxinas e os furanos são compostos muito estáveis, lipofílicos e altamente

tóxicos, gerados na incineração e encontrados nos resíduos de entrada. No entanto, sua

liberação pode ocorrer durante a combustão, ou ainda, nas zonas mais frias de pós-combustão.

Nesse último caso, é provável que as dioxinas e furanos sejam gerados pela ação do ácido

clorídrico (HCl), que forma-se durante a combustão sobre a superfície das cinzas. O HCl

favorece a formação de um agente clorante que, em contato com os compostos aromáticos

presentes, dão lugar à produção de dioxinas e furanos (DEMPSEY; OPPELT, 1996).

Estudos de laboratório têm demonstrado que a temperatura na qual as dioxinas se

formam na superfície das cinzas é de 250ºC a 400ºC, atingindo o máximo de 300ºC. Por esse

motivo é necessário reduzir a temperatura nas zonas de pós-combustão para baixo de 250ºC,

com intuito de não haver formação das dioxinas e furanos (DEMPSEY; OPPELT, 1996). A

baixa solubilidade das dioxinas em água é acentuada com o aumento do número de átomos de

cloro. O aumento do grau de cloro-substituição é responsável pelo incremento de sua

lipofilicidade e, portanto, da bioacumulação, além de aumentar a capacidade de adsorção pelo

solo (BRILHANTE; CALDAS, 1999; DOMENÉCH, 1993).

46

Uma parte expressiva das dioxinas e furanos é liberada para a atmosfera,

juntamente com outros gases de combustão. Os dados mais recentes das emissões de dioxinas

e furanos de incineradores de resíduos municipais e de serviços de saúde são resultados de um

programa de testes da EPA efetuados para dar subsídio ao desenvolvimento da

regulamentação dessas fontes (SCHNEIDER et al., 2004). Os testes têm demonstrado que as

dioxinas e furanos encontrados apresentam uma magnitude de 3 a 4 vezes mais altos que as

emissões relatadas em incineradores de resíduos perigosos e em fornos e caldeiras industriais,

queimando resíduos perigosos (DEMPSEY; OPPELT, 1996).

Alguns cuidados devem ser tomados antes de decidir pela instalação de

incinerador, pois para uma boa incineração, a exatidão no conhecimento das características do

lixo a ser queimado e os recursos comprometidos nesta fase podem prevenir erros de alto

custo durante as fases seguintes. Além disso, na escolha do local para a instalação do

incinerador aparecerão barreiras sociais e técnicas que deverão ser negociadas para que o

processo seja bem sucedido: como o efeito sobre os moradores, o impacto ambiental, os

aspectos logísticos, disposição das cinzas geradas e a tecnologia de incineração a ser usada

(OROFINO, 1996).

Nas cidades com até 50 mil habitantes, podem-se utilizar incineradores pequenos,

com capacidades da ordem de 0,5 t/dia, para destruir seus resíduos sólidos (BORGES;

SIQUIEROLI, 2002).

- Pirólise

A pirólise é um processo de destruição térmica como a incineração, com a

diferença de absorver calor e processar-se na ausência de oxigênio (MELO, 2007;

MONTEIRO et al., 2001). Os pirolisadores são muito utilizados no tratamento dos RSS, em

que o poder calorífico dos resíduos mantém uma determinada temperatura no processo

(MACEDO, 2006).

Existem modelos de câmara simples, em que a temperatura é de aproximadamente

1000ºC, e de câmaras múltiplas, com temperaturas entre 600ºC a 800ºC na câmara primária e

entre 1000ºC a 1200ºC na câmara secundária (MONTEIRO et al., 2001).

Como vantagens podem ser citadas: a garantia da eficiência de tratamento, quando

em perfeitas condições de funcionamento e a redução substancial do volume de resíduos a ser

47

disposto (cerca de 95%). Quanto às desvantagens percebem-se: o custo operacional e de

manutenção elevado; a manutenção difícil, exigindo trabalho constante de limpeza no sistema

de alimentação de combustível auxiliar, exceto se for utilizado gás natural; o elevado risco de

contaminação do ar, com geração de dioxinas a partir da queima de materiais clorados

existentes em sacos de PVC e desinfetantes; o risco de contaminação do ar pela emissão de

materiais particulados e o elevado custo de tratamento de efluentes gasosos e líquidos

(MACEDO, 2006).

i) Disposição final

Consiste na disposição de resíduos no solo, previamente preparado para recebê-

los, obedecendo a critérios técnicos de construção e operação e com licenciamento ambiental

de acordo com a Resolução CONAMA nº 237 (BRASIL, 1997).

Para a disposição final, o método mais indicado é o aterro sanitário (ANVISA,

2004; BRASIL, 2005; CETESB, 1978; SCHNEIDER et al., 2004; WHO, 1983). No entanto,

há autores que sugerem a utilização de valas sépticas como alternativa para municípios com

invalidade econômica de tratamento de RSS e construção de aterro sanitário (BRACHT,

1993; TAKAYANAGUI, 1993).

A etapa de disposição final dos resíduos é uma das mais importantes do processo,

uma vez que dispostos de forma incorreta podem ainda sim gerar problemas ambientais e à

saúde (BRACHT, 1993; TAKAYANAGUI, 1993). A seguir encontram-se descritas, de forma

suscinta, as técnicas de disposição dos resíduos no solo:

- Valas sépticas

É uma alternativa de caráter emergencial para dispor os resíduos hospitalares,

quando não dispõe-se de outro sistema que esteja previsto na Resolução CONAMA nº 5 de

1993, consistindo no aterramento dos resíduos através do método de trincheiras.

Considerando as condições financeiras e técnicas de muitos municípios e o pequeno volume

de lixo hospitalar produzido em relação à produção total de resíduos, pode ser entendida como

48

uma forma razoável de destinação final para estes casos, desde que sejam obedecidos critérios

básicos para escolha da área e para operação (BRACHT, 1993).

A escolha da área deve buscar características como terreno plano, alto, argiloso e

com possibilidade de material de empréstimo para o cobrimento dos resíduos, boa capacidade

de retenção de água e de fácil drenagem, lençol freático bem abaixo da superfície (de 3 a 5

metros), afastada de adensamento populacional, no mínimo 1000 metros, afastada no mínimo

1000 metros de qualquer curso d'agua (rios, córregos, riachos,...), ventos dominantes,

preferencialmente, contrários ao sentido dos adensamentos populacionais, cobertura vegetal

secundária (BERTUSSI FILHO, 1994; BRACHT, 1993; MOTTA; ORTH, 1988). Esses

mesmos autores sugerem, como dimensões máximas para profundidade e largura, três metros,

sendo o comprimento variável, além de alertarem para as obras de infraestrutura

indispensáveis como cercamento total da área para evitar a presença de animais e a prática da

catação e sistema de drenagem superficial de águas pluviais.

Há orientação que, anteriormente o cobrimento dos resíduos com terra, estes

devem receber uma camada de cal virgem de um centímetro de espessura (BRACHT, 1993).

A vala deve ser impermeabilizada com manta plástica, na qual os resíduos são dispostos,

desinfetados com hipoclorito e imediatamente cobertos (MOTTA, 1996).

O uso de valas sépticas para a disposição final de resíduos infectantes tem

causado polêmica no meio técnico, sendo que existem afirmações favoráveis a falta de dados

científicos suficientes que comprovem a ligação entre microrganismos em um aterro sanitário

e doenças humanas e que são poucos os casos de contaminação séria do lençol de água que

possam ser atribuídos ao percolamento de líquidos de um aterro sanitário (OROFINO, 1996).

Os argumentos contrários à utilização dos aterros sanitários baseiam-se na

existência de informações circunstanciais e epidemiológicas que confirmam que, para

algumas doenças, os resíduos exerçam uma relação etiológica bem definida, sendo

comprovada a presença de bactérias como os coliformes e estreptococos fecais em altíssimas

concentrações nos aterros sanitários (OROFINO, 1996). O autor acrescenta a esta discussão o

risco do descaso pelos responsáveis pela operação da vala. O custo de operação deste tipo de

sistema varia em função de vários fatores, principalmente, relacionados à aquisição de área

para o aterramento e à infraestrutura das valas.

49

- Calagem

Segundo Pereira (1992), a técnica de recobrimento com cal (CaO) dos RSS é

complementar ao sistema de valas sépticas, tendo como objetivo a ação neutralizadora e

bactericida do óxido de cálcio, podendo ser adotada por municípios conscientes do problema

e carentes de recursos financeiros. Esse autor entende que a técnica poderá também ter seus

riscos, mas somente o fato de dispor-se do chamado lixo séptico de forma isolada poderá

garantir uma maior segurança no gerenciamento do risco, pois em aterros, sejam eles

sanitários industriais ou hospitalares, não se soluciona o problema e, sim, administra-se o

risco, através de um gerenciamento e monitoramento responsáveis.

Para Bertussi Filho (1994), a utilização da cal tem como objetivo diminuir o

metabolismo bacteriano, e com isso, minimizar o processo de decomposição, evitando assim a

formação de mau cheiro e, consequentemente, o aparecimento de vetores.

- Aterros sanitários

Aterro sanitário é um processo utilizado para disposição de resíduos sólidos no

solo, particularmente o lixo domiciliar, que fundamentado em critérios de engenharia e

normas operacionais específicas, permite uma confinação segura, em termos de controle da

poluição ambiental e proteção ao meio ambiente. Assim, consiste na delimitação dos resíduos

no menor espaço possível, através de compactação e no isolamento destes em relação ao ar

livre, mediante cobertura com uma camada de solo, preferencialmente argila (MACEDO,

2006).

Macedo (2006) aponta ainda que a infraestrutura básica para que um sistema

possa ser considerado aterro sanitário consiste de sistema de proteção das águas subterrâneas;

sistema de drenagem superficial de águas pluviais; sistema de drenagem e tratamento de

líquidos percolados; sistema de captação de gases e sistema de monitoramento do lençol

freático e do tratamento de líquidos. Como medida preventiva, é recomendado que os RSS

sejam esterilizados antes de serem dispostos em aterros sanitários (REGO, 1994).

50

2.2.3 Responsabilidades relacionadas aos Resíduos de Serviços de Saúde

Conforme a Resolução RDC Nº 306 da ANVISA (2004), o gerenciamento dos

RSS constitui-se em um conjunto de procedimentos de gestão, planejados e implementados a

partir de bases científicas e técnicas, normativas e legais, com o objetivo de minimizar a

produção de resíduos e proporcionar aos resíduos gerados, um encaminhamento seguro, de

forma eficiente, visando à proteção aos trabalhadores, à preservação da saúde pública, aos

recursos naturais e ao meio ambiente.

Assim, o gerenciamento deve abranger todas as etapas de planejamento dos

recursos físicos, dos recursos materiais e da capacitação dos recursos humanos envolvidos no

manejo dos RSS. Todo gerador deve elaborar um PGRSS (Plano de Gerenciamento de

Resíduos de Serviços de Saúde), baseado nas características dos resíduos gerados e na

classificação. A partir dessa observação serão estabelecidas as diretrizes de manejo dos RSS

(ANVISA, 2004).

O PGRSS é o documento que aponta e descreve as ações relativas ao manejo dos

resíduos sólidos, observadas suas características e riscos, no âmbito dos estabelecimentos,

contemplando os aspectos referentes à geração, segregação, acondicionamento, coleta,

armazenamento, transporte, tratamento e disposição final, bem como as ações de proteção à

saúde pública e ao meio ambiente (ANVISA, 2004; GARCIA; ZANETTI-RAMOS, 2004).

Nesse sentido, o PGRSS elaborado deve ser compatível com as normas locais relativas à

coleta, transporte e disposição final dos resíduos gerados nos serviços de saúde, estabelecidas

pelos órgãos locais responsáveis por estas etapas.

O responsável pelo estabelecimento gerador, segundo Garcia e Zanetti-Ramos

(2004) deverá implantar o PGRSS e este será fiscalizado pelas Vigilâncias Sanitárias

Estaduais e Municipais, tendo um prazo de um ano para adaptarem-se às normas. Após o

vencimento do prazo, os estabelecimentos que ainda se encontrarem fora das normas poderão

ser punidos, recebendo desde notificações, até multas, de acordo com a Lei nº 6.437/1997.

51

2.2.4 Biossegurança

Administrar de forma eficaz os riscos à saúde, associados ao vasto espectro da

poluição gerada pelas atividades antrópicas é um dos grandes desafios a serem enfrentados

pelas políticas públicas (GARCIA; NAIME; SARTOR, 2004).

Para Gir et al. (2004), biossegurança é o conjunto de ações voltadas para a

prevenção, minimização ou eliminação de riscos inerentes às atividades de pesquisa,

produção, ensino, desenvolvimento tecnológico, prestação de serviços, visando à saúde do

homem, dos animais, à preservação do meio ambiente e à qualidade dos resultados.

Devido às condições precárias do gerenciamento dos resíduos no Brasil, decorrem

vários problemas que afetam a saúde da população, como a contaminação da água e do solo,

da atmosfera e a proliferação de vetores, sendo que a saúde dos trabalhadores que têm contato

com esses resíduos, também fica comprometida. É importante salientar, ainda, que os RSS

podem apresentar também substâncias químicas, como desinfetantes, antibióticos e outros

medicamentos, decorrendo daí o risco químico, além do biológico (CASTRO, 2007).

Segundo Schneider et al. (2004), risco é definido como a medida da probabilidade

e da severidade que ocorre em efeitos adversos, sendo que seu grau é em função do efeito

maléfico que pode resultar de uma ação particular.

Considerando os aspectos no ambiente hospitalar, o risco é uma ou mais

condições de uma variável com potencial necessário para causar danos. De acordo com a NR-

9 do Ministério do Trabalho e Emprego, os riscos de acidentes podem ser classificados em:

físicos (calor, iluminação e artigos cortantes); químicos (soluções químicas e aerossóis);

biológicos (fluidos corporais - vírus, bactérias e fungos); ergonômico-mecânicos

(desconforto) e psicossociais (estresse e fadiga).

A questão dos RSS não pode ser analisada apenas no aspecto de transmissão de

doenças infecciosas, porque também, estão envolvidas a questão de saúde do trabalhador e a

preservação do meio ambiente, questões básicas de preocupação da biossegurança (GARCIA;

ZANETTI-RAMOS, 2004). Dessa forma, Coelho (2002) esclarece que é obrigação da

instituição fornecer aos empregados, gratuitamente, os EPI’s (Equipamentos de Proteção

Individual) adequados aos riscos a que os profissionais estão expostos. Tais EPI’s devem

encontrar-se em perfeito estado de conservação e funcionamento. O cuidado diário com o EPI

é de responsabilidade do empregado que faz uso dele, por isso, deve ser lavado, desinfetado e

receber os devidos cuidados individuais para não apresentarem riscos.

52

De acordo com Brilhante e Caldas (1999), os problemas relativos à saúde e ao

meio ambiente somente poderão ser minimizados ou resolvidos por meio do desenvolvimento

e da aplicação de políticas ambientais claras e eficientes. Nesse sentido, o processo de

avaliação de risco ambiental é um instrumento metodológico importante para a execução de

uma política de “saúde ambiental”, vindo a satisfazer uma grande gama de propósitos, entre

os quais, auxiliar na gestão do risco e propiciar subsídios aos órgãos reguladores para a

tomada de decisões.

Todos os profissionais que trabalham no estabelecimento, mesmos os que atuam

temporariamente ou não estejam diretamente envolvidos nas atividades de gerenciamento de

resíduos, devem conhecer o sistema adotado para o gerenciamento de RSS, a prática de

segregação de resíduos, reconhecimento de símbolos, expressões, padrões de cores adotados,

localização de abrigos de resíduos, entre outros fatores indispensáveis à completa integração

ao PGRSS (ANVISA, 2004).

53

3 METODOLOGIA

A pesquisa constou de um estudo exploratório transversal de natureza qualitativa,

envolvendo os RSS, os gestores, os enfermeiros e os trabalhadores que lidam com esses

materiais em duas instituições públicas, sendo um posto de saúde e um hospital, ambos

localizados no município de Arcos, Minas Gerais.

Segundo Triviños (1987), a pesquisa qualitativa busca compreender o significado

que os indivíduos dão aos fenômenos, sejam eles culturais, morais e críticos, sobre um dado

real, e ainda aponta como importante a participação dos indivíduos e do pesquisador como

observadores participantes para a coleta e análise dos dados. Assim, busca as causas da

existência de determinado problema procurando explicar tal origem, suas relações, suas

mudanças e se esforça por intuir as consequências que terão para a vida humana.

3.1 Caracterização do Campo de Estudo

O município de Arcos, fundado em 17 de dezembro de 1938, está localizado na

região centro-oeste do estado de Minas Gerais, região do Alto São Francisco (FIG. 5). A

cidade destaca-se pela atividade de exploração de calcário e tem uma população de 34.763

habitantes (ARCOS, 2008a).

Desde 2003, a cidade apresenta coleta seletiva e aterro sanitário, que foi projetado

para 20 (vinte) anos de utilização, dentro dos padrões exigidos pelos órgãos ambientais e

autoridades sanitárias do nível federal. Assim, os resíduos sólidos gerados no município são

destinados a este aterro, o qual corresponde a uma área útil de aproximadamente quatro

hectares, sendo o lixo recolhido três vezes por semana, ou seja, em duas vezes recolhe-se o

lixo úmido e uma vez, o seco, beneficiando cerca de 92% da população. Esta gera, em média,

35 t de resíduos sólidos urbanos que, antes da implantação do aterro sanitário, eram

descartados em uma área denominada “lixão”, situada a 10 km do limite da área de expansão

urbana, atualmente reflorestada (ARCOS, 2008b).

54

Figura 5 – Mapa com a localização de Arcos (MG).

Fonte: http://wikipedia.org/wiki/arcos.

O chorume gerado no aterro sanitário passa por tratamento, sendo a água

resultante deste disposta em um rio próximo ao aterro. A análise dessa água é realizada pela

empresa Embaré, localizada no município de Lagoa da Prata – MG. Nesse caso, ocorre uma

troca de serviços, pois a Embaré manda resíduos de chaminés para o aterro sanitário de Arcos

(ARCOS, 2008b).

Referindo-se aos serviços de saúde, o município de Arcos tem disponível a Santa

Casa de Arcos, um Centro de Referência em Otorrinolaringologia - Dª Ruth Cardoso, um

Posto de Saúde central (Fundação Municipal de Saúde) e oito Postos de Saúde distribuídos

nos bairros (ARCOS, 2008a).

O foco deste estudo serão duas instituições de caráter público, sendo um posto de

saúde e um hospital, a fim de comparar distintos perfis. Assim, a escolha dessas instituições

deve-se ao fato de serem as maiores do município e todas as especialidades serem

encaminhadas para as mesmas, gerando, consequentemente, a mais alta produção de RSS

(ARCOS, 2008b).

3.2 Objeto de Estudo

A população foco desta pesquisa foi composta por quatorze funcionários que

trabalham nas duas instituições públicas estudadas, ou seja, um posto de saúde e um hospital,

55

identificadas neste trabalho como instituições A e B. Dessa forma, do total de funcionários,

nove pertencem à instituição A, sendo quatro auxiliares de serviços gerais, três auxiliares de

consultórios dentários, um gestor e um enfermeiro. Os outros cinco funcionários fazem parte

da instituição B, sendo três auxiliares de serviços gerais, um gestor e uma enfermeira.

A instituição A – Posto de Saúde - apresenta uma área total de 1.064 m2, sendo

12.650 m2

de construção. Constitui-se em uma entidade filantrópica e municipal de

atendimento ambulatorial e urgência/emergência. É composta por setores, sendo sete

administrativos, uma farmácia, cinco consultórios médicos, três consultórios odontológicos e

duas salas de enfermagem. Em relação aos RSS gerados nessa instituição, até o ano de 2000,

o perfurocortante era incinerado, sendo posteriormente jogado em fossa séptica. Não existem

informações sobre a disposição final nos anos de 2001 e 2002. A partir de 2003, estes

resíduos passaram a ser destinados ao aterro sanitário, onde são enterrados em um local

apropriado, separados dos demais resíduos e recolhidos pela Prefeitura Municipal.

Atualmente, o volume total de lixo/mês gerado nessa instituição é de 20.023 litros, no qual

223 litros são de perfurocortantes e 19.800 litros são de outros tipos de resíduos.

A instituição B – Hospital - apresenta uma área total de 1.402,03 m2, sendo

1459,37 m2

de construção. Constitui-se em uma entidade municipal de atendimento

ambulatorial e urgência/emergência. É formada por um setor administrativo, quatro

consultórios médicos (dois pediátricos e dois otorrinolaringologista), um laboratório, uma sala

de vacina e cinco salas de enfermagem, onde são atendidas uma média de 500 consultas/mês.

Atualmente, o volume total de lixo/mês é de 58 kg, no qual 8 kg são de perfurocortantes e 50

kg são de outros tipos de resíduos.

3.3 Coleta de dados

Para obtenção dos dados foram utilizadas a entrevista e a observação sistemática.

Nesse sentido, a entrevista semiestruturada foi elaborada a partir de um roteiro de 11 questões

norteadoras (APÊNDICE A e B), sendo realizada no período de 09 a 26 de janeiro e 10 a 20

de junho de 2009, nas dependências das instituições pesquisadas. Os dados foram registrados

por meio de um gravador digital, com uma duração média de dez minutos, sendo

posteriormente transcritos e avaliados.

56

Ludke e André (1986, p. 34) acreditam que “a grande vantagem da entrevista

sobre outras técnicas é que ela permite a captação imediata e corrente da informação

desejada”. Ela ganha vida ao se iniciar o diálogo entre o entrevistador e o entrevistado, e

como ela se realiza de maneira exclusiva, seja com indivíduos ou grupos, a entrevista permite

correções, esclarecimentos e adaptações que a torna sobremaneira eficaz na obtenção das

informações desejadas. De acordo com Gil (1994, p. 119), esse tipo de entrevista,

Apresenta certo grau de estruturação, já que se guia por uma relação de pontos de

interesse que o entrevistador vai explorando ao longo de seu curso. O entrevistador

faz poucas perguntas diretas e deixa o entrevistado falar livremente à medida que se

refere às pautas assinaladas.

Paralelamente à entrevista, foi realizada uma observação sistemática (ANEXO C),

tendo como base o trabalho desenvolvido por Leonel (2002). As observações foram realizadas

nos meses de junho e julho de 2009, pela pesquisadora nas instituições estudadas. Assim, em

cada instituição, foi realizada uma visita mensal com uma duração de duas horas por visita,

sendo os registros anotados na ficha observacional.

Segundo Tura (2002) e Reis et al. (2005), o estudo observacional avalia se existe

associação entre um determinado fator e um desfecho, sem intervir diretamente na relação

analisada. Assim, nos estudos observacionais do tipo transversal, o pesquisador delimita a

população estudada num ponto determinado do tempo, sem que haja período de

acompanhamento.

Os critérios de inclusão e de exclusão da população para a coleta de dados foram:

a) Critérios de inclusão:

Ser funcionário que trabalha diretamente com os RSS nas instituições

escolhidas;

Assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE;

Apresentar-se favorável a participar da pesquisa.

b) Critérios de exclusão:

Negativa em assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE;

57

Estar afastado por licença médica ou não estar presente no dia da entrevista.

3.4 Análise dos dados

O primeiro movimento foi a análise interna do material que foi revisada e

organizada, considerando os objetivos da pesquisa. Em seguida utilizou-se a metodologia

propostas por Deslandes (1997) e Minayo (2008) tendo como referência a metodologia de

triangulação de métodos. Esta “triangulação” implica em combinar e cruzar múltiplos pontos

de vistas, a visão de vários informantes e o emprego de uma variedade de técnicas de coletas

de dados que acompanha o trabalho de investigação.

De acordo com Minayo (2007, p. 71):

A triangulação não é um método em si. É uma estratégia de pesquisa que se apoia

em métodos científicos testados e consagrados, servindo-se e adequando-se a

determinadas realidades, com fundamentos interdisciplinares. Esta abordagem

teórica deve ser escolhida quando contribuir para aumentar o conhecimento do

assunto e atender aos objetivos que se deseja alcançar.

Ao mesmo tempo, buscaram-se identificar, nas entrevistas, os trechos mais

representativos dos sentidos e significados e de maior relevância que emergiu na observação

sistemática, marcados tanto pela sua repetição como pela intensidade. Na sequência,

agruparam-se as informações por serviços, visando a fornecer um panorama particular, e

depois se procedeu à comparação dos mesmos. A elaboração das estruturas de análise foi feita

por meio de categorizações do material apreendido, visando a compreender a complexidade

dos RSS. Nessa perspectiva, analisaram-se palavras, ações, conjuntos de interrelações, grupos

e instituições (MINAYO, 2008). A análise pretendeu decompor o conjunto de dados, como

forma de esmiuçar o conjunto de ideias, expandindo a simples descrição. Por fim, buscou-se

alcançar uma compreensão aprofundada do processo.

Na última etapa, articularam-se e cruzaram-se as informações encontradas nas

fases anteriores, classificando-as e organizando-as segundo os conteúdos que emergiram dos

dados coletados na observação sistemática, assim como aqueles apreendidos nas entrevistas.

Tais substratos foram reunidos em capítulos, a fim de permitir o aprofundamento da análise e

da discussão dos dados, buscando o confronto do referencial teórico com a apreciação dos

atores sociais.

58

Depois de triangulados os dados das entrevistas e das observações, esses foram

tratados através da Análise de Conteúdo (BARDIN, 1977), que se constitui em uma busca de

outras realidades através das mensagens, ou seja, a leitura buscando avançar para além do

texto, alcançando possíveis subtextos contidos nas informações. Outro objetivo desse método

é a manifestação de outros dados, o seu conteúdo, a sua expressão, com a finalidade de

evidenciar os indicadores que permitem inferir, isto é, deduzir a realidade dos subsídios.

Nesse sentido, conceitualmente a Análise de Conteúdo é o conjunto de instrumentos

metodológicos que se aplicam os discursos. Há uma atração pelo escondido, o latente, o não-

aparente, o potencial de inédito (não dito) retido por qualquer mensagem. É também:

[...] um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por

procedimentos, sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens,

indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos

relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens.

(BARDIN, 1977, p. 42).

O motivo da escolha da técnica justifica-se por ser um processo de análise que,

com maior rigor, analisa as comunicações, facilitando a exploração e enriquecimento das

interpretações (MARTINS, 2005). Dessa forma, foram adotados procedimentos que em

determinados momentos ocorreram simultaneamente, conforme aponta Bardin (1977):

a) Leitura flutuante - Leitura das entrevistas e dados coletados.

b) Escolha dos documentos – Consolidação das primeiras impressões percebidas na

pré-análise além da seleção dos materiais considerados importantes.

c) Formulação de pressupostos e objetivos – Pressupostos de possíveis saberes

detectados nos depoimentos dos entrevistados foram formulados, objetivando as

descobertas de resultados.

d) Referenciação dos índices e elaboração de indicadores – Identificação de

elementos contidos nas falas que pudessem constituir um conjunto de aspectos-

chave do trabalho.

e) Preparação do material – Transcrição de falas e organização por temas abordados

nas falas e anotações.

Tendo em vista essas etapas, a exploração do material baseou-se na transformação

dos dados em conteúdos temáticos através da codificação. Tal determinação é alicerçada em

observações realizadas e na fundamentação teórica que foi proposta, conforme aponta Martins

(2005). Segundo esse mesmo autor, a interpretação dos conteúdos dá-se a partir do tratamento

59

dos resultados, inferência e interpretação, a partir da fundamentação teórica e dos

pressupostos que puderam nortear tal investigação.

Com o intuito de preservar o anonimato dos sujeitos e por esses corresponderem a

quatro classes distintas de trabalho, os Gestores entrevistados serão simbolizados por G, os

enfermeiros por E, os Auxiliares de Serviços Gerais por ASG e os Auxiliares de Consultório

Dentário por ACD. O QUADRO 3 indica, além das siglas, os cargos ocupados pelos

trabalhadores que participaram da pesquisa nas duas instituições estudadas.

QUADRO 3

Funcionários, instituição e codificação utilizada no trabalho

Instituição Função Codificação

A Gestor G 1

A Enfermeiro E 1

A Auxiliar de Serviços Gerais ASG 1

A Auxiliar de Serviços Gerais ASG 2

A Auxiliar de Serviços Gerais ASG 3

A Auxiliar de Serviços Gerais ASG 4

A Auxiliar de Consultório

Dentário

ACD 1

A Auxiliar de Consultório

Dentário

ACD 2

A Auxiliar de Consultório

Dentário

ACD 3

B Gestor G 2

B Enfermeiro E 2

B Auxiliar de Serviços Gerais ASG 5

B Auxiliar de Serviços Gerais ASG 6

B Auxiliar de Serviços Gerais ASG 7

3.5 Aspectos Éticos

O projeto foi encaminhado ao Comitê de Ética da Fundação Educacional de

Divinópolis/Universidade de Minas Gerais Funedi/UEMG, sendo aprovado na reunião de 18

de dezembro de 2008 com o parecer nº 44/2008 (ANEXO D). O Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido TCLE foi fornecido ao entrevistado para leitura; em seguida, foram

esclarecidas as dúvidas, sempre que necessário. Posteriormente, foi solicitado para que

assinassem duas vias: uma foi entregue ao entrevistado e outra ficou com o pesquisador.

60

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados e a discussão do estudo serão mostrados em dois momentos: no

primeiro, a caracterização dos entrevistados e no segundo, a descrição dos dados decorrentes

das entrevistas e das observações realizadas com os profissionais das instituições de saúde que

fizeram parte do estudo.

4.1 Perfil dos trabalhadores

As informações referentes ao perfil dos trabalhadores que participaram do estudo

são apresentadas no QUADRO 4. Observou-se que apenas dois indivíduos eram do sexo

masculino, enquanto a maioria (doze) eram do sexo feminino. Dessa forma, a função de

auxiliar de serviços gerais, que corresponde a nove dos entrevistados, foi composta

exclusivamente por mulheres. Segundo Diego (2007), o fato de trabalhadores do sexo

feminino ser a maioria nesse tipo de trabalho pode estar relacionado à sua similaridade com os

serviços domésticos, cargo também ocupado em maior parte por mulheres.

Resultados semelhantes foram encontrados no estudo realizado por Gonçalves

(2007), em um centro cirúrgico de um hospital público e universitário de Belo Horizonte -

MG, no qual, a categoria de auxiliar de serviços gerais apresentou-se exclusivamente ocupado

por mulheres.

No que se refere à categoria de enfermagem das instituições A e B, notou-se que,

de forma semelhante aos auxiliar de serviços gerais, tais cargos eram ocupados por mulheres

(QUADRO 4). Historicamente, a equipe de enfermagem sempre foi constituída, em sua

maioria, por profissionais do sexo feminino, característica esta ressaltada em diversos estudos,

com uma variação de 85,2% a 93,4% (SOUZA, 1999; SÊCCO et al., 2002; SANTOS, 2003;

MARZIALE; NISHIMURA; FERREIRA, 2004; BREVIDELLI; CIANCIARULLO, 2006),

mostrado no QUADRO 4.

A idade média dos enfermeiros foi de 36 anos; o tempo médio de atuação nas

instituições de saúde de estudo foi de 9,95 anos. Em geral, os trabalhados são jovens e

possuem tempo de atuação suficiente para conhecer as rotinas do setor e da instituição.

61

Semelhante ao verificado no estudo de Gonçalves (2007) realizado no centro

cirúrgico de um hospital geral, público e universitário de Belo Horizonte – MG, com

atividades de ensino, pesquisa e assistência, a idade média dos profissionais foi de 34 anos; o

de atuação no hospital de estudo foi de 8 anos.

QUADRO 4

Perfil dos funcionários das instituições públicas de saúde do município de Arcos, 2009.

Identificação Instituição Idade

(anos)

Sexo Formação Tempo de

serviço

(anos)

G 1 A 45 Masculino Ensino médio 2,0

E 1 A 26 Feminino Ensino superior 0,9

ASG 1 A 43 Feminino Ensino fundamental

incompleto

6,0

ASG 2 A 48 Feminino Ensino fundamental

incompleto

8,0

ASG 3 A 34 Feminino Ensino fundamental 1,0

ASG 4 A 28 Feminino Ensino médio

incompleto

1,0

ACD 1 A 58 Feminino Ensino fundamental

incompleto

5,0

ACD 2 A 47 Feminino Ensino fundamental

incompleto

5,0

ACD 3 A 39 Feminino Ensino fundamental 1, 3

G 2 B 26 Masculino Curso técnico

(administração)

0,6

E 2 B 46 Feminino Curso superior 19,0

ASG 4 B 41 Feminino Ensino médio

incompleto

2,0

ASG 5 B 42 Feminino Ensino fundamental

incompleto

4,0

ASG 6 B 37 Feminino Ensino médio

incompleto

3,0

Quanto à faixa etária dos funcionários entrevistados, percebeu-se que 50%

encontram-se entre 41 a 50 anos de idade, evidenciando uma maior maturidade no perfil

destes. Torna-se interessante salientar que os indivíduos na faixa etária de 31 a 40 anos e 51 a

60 anos correspondem, respectivamente, a 21,42% e 7,14% dos trabalhadores que

participaram do estudo (GRAF. 3).

62

50%

21,42%

21,42%7,14% 20 a 30 anos

31 a 40 anos

41 a 50 anos

51 a 60 anos

GRÁFICO 3 – Faixa etária (em porcentagem) dos funcionários das Instituições de

saúde A e B do município de Arcos, (MG).

Sobre o grau de escolaridade dos entrevistados, foi possível notar que dos

quatorze entrevistados, cinco não concluíram o Ensino Fundamental (anos finais), apesar de

afirmarem saber ler e escrever corretamente e apenas dois tinham formação superior

(QUADRO 4). Tais resultados evidenciaram o baixo grau de escolaridade dos indivíduos que

compõem o quadro de funcionários das instituições pesquisadas. Essa realidade mostrou duas

questões de extrema importância, a primeira diz respeito à dificuldade existente para se inserir

no mercado de trabalho, uma vez que cada vez mais os concursos estão entrando para o

cenário dos indivíduos que pretendem ingressar em uma instituição de saúde. A segunda

evidenciou a dificuldade em se exigir um conhecimento avançado desses funcionários, já que

o grau de instrução deles é extremamente limitado.

No que se refere ao tempo de trabalho, constatou-se que a média foi de 4,4 anos,

variando de 0,9 a 19 anos, ou seja, os funcionários apresentaram um tempo de serviço

relativamente longo, podendo ser relacionado ao fato de tais cargos serem preenchidos por

concursos públicos, propiciando assim maior estabilidade profissional. Vale ressaltar que os

gestores e as enfermeiras pesquisadas não eram concursados, o que pode justificar o fato

desses serem os que apresentaram menor tempo de serviço.

63

4. 2 ANÁLISE E DISCUSSÃO DAS ENTREVISTAS E DA OBSERVAÇÃO

SISTEMÁTICA

A análise do material que desencadeou os resultados e sua discussão (dados da

entrevista semiestruturada e da observação sistemática) permitiu resgatar duas categorias que

serão aqui chamadas de eixos temáticos: biossegurança6 e motivação, saúde e conhecimentos

dos trabalhadores.

.4.2.1 Eixo temático: Biossegurança

O conceito sobre biossegurança vem sendo cada vez mais empregado,

entendendo-se que a responsabilidade do profissional que exerce atividades onde existem

agentes biológicos, entre outros, não se limita às próprias ações de prevenção relacionadas aos

riscos ocasionados por sua atividade, mas também abrange seus colegas de trabalho ou outras

pessoas que participam, direta ou indiretamente, dessas atividades. No âmbito hospitalar, os

clientes internados podem ser afetados negativamente pelo ambiente; portanto, o meio que

circunda os profissionais e a instituição de saúde deve ser considerado importante e, assim,

protegido de ameaças e riscos (MASTROENI, 2004).

4.2.1.1 Riscos e acidentes

Abaixo encontraram-se os relatos dos dois funcionários da Instituição A que

sofreram os acidentes: No que se refere aos RSS, na tentativa de evitar riscos7 e problemas

6 Conjunto de estudos e procedimentos que visam a evitar ou controlar os riscos provocados pelo uso de agentes

químicos, agentes físicos e agentes biológicos à biodiversidade (OPPERMANN; PIRES, 2003).

7 O termo risco, segundo Freitas (2001), na forma como é utilizado atualmente, surge com a constituição das

sociedades modernas ocidentais Desde sua origem até a atualidade, traz consigo o pressuposto da possibilidade

de prever determinadas situações ou eventos por meio do conhecimento – ou, pelo menos, possibilidade de

conhecimento – dos parâmetros de uma distribuição de probabilidades de acontecimentos futuros, que podem ser

computados por meio de expectativas matemáticas. Contemporaneamente, o conceito de risco foi tomado por

diversas disciplinas, em diferentes áreas do conhecimento. Essas disciplinas podem ser divididas em quatro

grandes grupos: as ciências econômicas, a epidemiologia, a engenharia e as ciências sociais (GUILAM, 1996).

64

relacionados ao meio ambiente e à saúde da população, torna-se necessário adotar medidas de

biossegurança. Esses riscos dependem da hierarquização e complexidade dos hospitais ou

postos de saúde, do tipo de atendimento realizado e do ambiente de trabalho do profissional,

uma vez que estão mais suscetíveis a contrair doenças advindas de acidentes de trabalho, por

meio de procedimentos que apresentam riscos. Em resposta ao questionamento sobre os

possíveis riscos de acidentes do trabalho, obteve-se dos funcionários os seguintes relatos:

O risco de contaminação né, pode espetar numa agulha que está em lugar errado,

porque quando a agulha está na caixa certa você tem cuidado mais pode encontrar

agulha em lugar errado e sem querer você pode espetar (ASG1 - instituição A).

De tudo quanto é tipo de doença porque, a gente mexe em lugar que pode ter

contágio por HIV, contágio de tudo quanto é tipo de doença mesmo, inclusive a

gente já limpou sangue de hepatite, esse tipo de coisa (ASG2 – instituição A).

Os relatos demonstraram o conhecimento dos funcionários em relação aos riscos

existentes pela contaminação biológica (microrganismos patogênicos), revelando um

conhecimento parcial da periculosidade desse material. Entretanto, os riscos não são apenas

com esse tipo de material, havendo também riscos com relação às substâncias químicas, tais

como drogas carcinogênicas, teratogênicas e materiais radioativos. Mas, a contaminação

química (produtos químicos), quando comparada à biológica, em relação ao volume de

resíduos gerados, representa uma quantidade menos significativa.

No estudo de Gonçalves (2007), realizado no centro cirúrgico de um hospital

público e universitário de Belo Horizonte - MG, 66,7% dos auxiliares de serviços gerais

apresentaram um conhecimento correto sobre doenças ocupacionais. Ainda sim, 100% desses

afirmaram que receberam informações sobre acidentes de trabalho em curso realizado na

própria instituição.

No que se refere a acidentes de trabalho, dois funcionários da instituição A

(28,5%) relataram terem sofrido acidente enquanto trabalhavam. Esse valor é bastante alto

quando comparado às taxas descritas pela literatura que é de 8,33% a 13,2% (GUTIERREZ;

LOPES; YASUDA, 2005; BÁLSAMO; FELLI, 2006; ALMEIDA; BENATTI, 2007;

RAPPARINI et al., 2007). Entretanto, na instituição B não foi relatada pelo enfermeiro que

não houve ocorrência de nenhum tipo de acidentes.

65

Eu espetei com a agulha que tava no chão (ASG1 - instituição A).

Eu espetei com a agulha, por que a agulha estava fora do lugar que era pra tá... ela

não foi jogada no local adequado... num lixo é para ter apenas lixo comum e não

agulhas (ASG2 – instituição A).

Em função da última fala acima descrita, o entrevistado atribuiu o acidente ao

descuido de funcionários que descartaram as agulhas em locais desapropriados. Isso

evidenciou certo desleixo por parte dos profissionais da instituição de saúde A, ocasionado,

então, duas situações de acidentes distintas, ambos com agulhas.

Em algumas pesquisas a agulha é descrita como o material perfurocortante

responsável pela maioria dos acidentes, correspondendo a uma porcentagem de 61 a 88,6%

(SARQUIS; FELLI, 2000; BENATTI, 2001; SHIMIZU; RIBEIRO, 2002; GUTIERREZ;

LOPES; YASUDA, 2005; SARQUIS et al., 2005; MOURA; GIR; CANINI, 2006;

ALMEIDA; BENATTI, 2007).

Heinrich (2000) relata que as lesões percutâneas ocorridas anualmente nos

hospitais americanos aproximam-se de 384 mil, sendo que desse total 236 mil estão

associadas a materiais perfurocortantes, o que contribui para a transmissão de doenças

ocupacionais, como a AIDS, hepatite B e hepatite C.

O risco ocupacional de contrair doenças após exposição a material biológico varia

segundo o tipo de acidente e fatores como gravidade e tamanho da lesão, quantidade de

sangue envolvido, estado sorológico do paciente-fonte e do profissional acidentado e

tratamento adequado pós-exposição (BRASIL, 2006; CARDO et al., 1997).

Pounaras et al (1999), observaram, durante seis anos, 284 exposições a materiais

biológicos em um hospital na Grécia. Os autores reportaram que as agulhas formam os itens

mais frequentemente associados com a injúria, durante os procedimentos de reencape e a

coleta de resíduos (GARCIA; ZANETTI-RAMOS, 2004).

Essa questão também foi estudada por Marino et al. (2001), que relataram que, em

seis anos, foram tratados aproximadamente 1.300 casos de acidentes envolvendo materiais

biológicos no Hospital São Paulo - SP. Desses acidentes, 90% foram injúrias percutâneas, a

maioria envolvendo agulhas. Estes resultados são maiores que os encontrados por Marzaile;

Rodrigues (2002); Coutinho et al. (2002); Moura; Gir e Canini, (2006), em que a manipulação

de agulha por meio de reencape e/ou descarte foi significativamente importante para

ocorrência dos acidentes, acarretando cerca de 21% das exposições.

66

Em um estudo sobre acidentes de trabalho em um hospital geral de ensino, em

São José do Rio Preto, São Paulo, os pesquisadores analisaram 861 CATs (Comunicação de

Acidente de trabalho) de trabalhadores daquele hospital e observaram que 40,4% dos

profissionais que sofreram acidente de trabalho, a injúria estava relacionada com material

perfurocortante (RUIZ; BARBOSA; SOLER, 2004).

Os ferimentos com agulhas e material perfurocortante, em geral, são considerados

extremamente perigosos por serem potencialmente capazes de transmitir mais de vinte tipos

de patógenos diferentes (BELTRAMI et al., 2000; CANINI; GIR; MACHADO, 2005).

O número de acidentes envolvendo material biológico pode ser reduzido se as

normas de biossegurança forem implementadas no ambiente de trabalho; contudo, evitar o

acidente por exposição ocupacional é o principal caminho para prevenir a transmissão dos

vírus da hepatite B e C e dos vírus do HIV (BRASIL, 2006). Estudos comprovaram que a

ausência de treinamento, falta de condições adequadas de trabalho e inadequação da

tecnologia utilizada aumenta o risco de acidentes de trabalho (AN et al., 1999; FERREIRA,

1997; SIVIERRI, 1995; VELLOSO et al.,1998).

O Gestor da instituição A relatou que sabia dos acidentes sofridos pelos

funcionários, mas não pôde falar sobre os procedimentos, pois trabalha a pouco tempo nessa

função.

Não sei sobre os procedimentos, mas sei que foi preenchido a CAT (G1- Instituição

A).

A avaliação da exposição no acidente com material biológico deve ocorrer

imediatamente após o acidente, e a análise deve basear-se em uma adequada anamnse,

caracterização do paciente-fonte, análise de risco, notificação do acidente e orientação de

manejo e medidas de cuidados com o local exposto (BRASIL, 2006).

As condutas realizadas após o acidente, conforme relato dos profissionais

acidentados, não foram totalmente corretas, ou seja, as lesões foram lavadas com água e

sabão, mas não foram utilizadas as soluções antissépticas degermante e, ainda, não havendo

tratamento após o acidente.

A enfermeira chefe lavou com água e sabão o local espetado pela agulha (ASG1 –

Instituição A).

67

A enfermeira lavou com água e sabão (ASG2 – Instituição A).

O uso do álcool no local da ferida não é recomendado, pois, de acordo com as

orientações oficiais, a área exposta deve ser preferencialmente lavada imediatamente após o

acidente com água e sabão. O uso concomitante de soluções antissépticas degermantes não

possui evidências de redução do risco de contaminação de doenças, apesar de também ser

indicado (BRASIL, 2006). No relato abaixo, o enfermeiro (E1) da instituição A confirma a

não utilização de soluções antissépticas.

Os procedimentos que usamos foram: lavamos o local com água e sabão e

encaminhamos para o médico, ele pediu todos os exames e preencheu a CAT e

encaminhou para o departamento pessoal [...] não utilizou as soluções antissépticas e

aqui também não tem o teste rápido (E1 – instituição A)

Nos acidentes envolvendo agulhas descartadas em sacos plásticos, como os

ocorridos na Instituição A, não foi possível encontrar o paciente fonte e, neste caso, não se

pôde realizar a sorologia para HIV, HBV e HCV do mesmo. Com isso, o trabalhador

acidentado necessita de atendimento médico, sendo recomendadas a profalixia com

antirretrovirais e a coleta de amostras de sangue para acompanhamento sorológico anti-HIV

(ELISA), devendo essas ações serem realizadas no momento do acidente e repetidas após seis

a doze semanas, durante pelo menos seis meses (COELHO, 2007).

Após o acidente, a notificação deve ocorrer de forma a respaldar o trabalhador,

compreendendo desde o atendimento médico, exames laboratoriais do acidentado até o

registro na CAT. A avaliação médica e os exames laboratoriais após o acidente devem ocorrer

em todos os casos para prescrição da conduta adequada quanto à quimioprofilaxia, vacinação

e acompanhamento por profissional médico habilitado da instituição (GONÇALVES, 2007).

A importância do registro de acidentes, principalmente envolvendo material perfurocortante,

parece não sensibilizar os trabalhadores de saúde, pois o registro não é feito de maneira

eficiente, mesmo com a possibilidade de contaminação por doenças infecto-contagiosas,

como as hepatites e a AIDS.

Segundo Gonçalves (2007) em seu estudo realizado no centro cirúrgico de um

hospital público e universitário de Belo Horizonte, em uma equipe multiprofissional, o

atendimento médico ao profissional acidentado foi relatado em 30% das ocorrências e a

68

realização de exames laboratoriais em 26,7% dos profissionais. Dados semelhantes foram

reportados no estudo de Azap et al (2005), realizado em três dos hospitais de ensino da

Universidade de Teerã de Ciências Médicas do Irã, com 33,0% de procura por assistência

médica após acidente ocupacional.

De acordo com as informações obtidas através das entrevistas semiestruturadas,

os funcionários acidentados relataram não terem recebido instruções quanto às medidas a

serem tomadas após o acidente, sendo realizados apenas exames laboratoriais na instituição de

saúde na qual trabalham.

Fiz exames no dia após o acidente, e outro depois não fiz nenhum tratamento... mas

não tive nenhuma doença (ASG 1 – Instituição A).

Fiz exames, ainda continuo fazendo os exames... e não tive nenhuma doença e não

fiz tratamento (ASG2 - Instituição A).

De acordo com Almeida e Benatti, (2007), a adesão ao tratamento pós-exposição

ocupacional ainda constitui um grave problema para o sucesso do seguimento do profissional

acidentado. A baixa adesão e o abandono podem chegar a quase 45%. A justificativa para

tanto baseia-se, principalmente, no desconforto causado pelos efeitos colaterais dos

antirretrovirais e, com o passar do tempo pós-acidente, a “perda do significado” do acidente

(BÁLSAMO; FELLI, 2006). Tal situação pode ser observada no trabalho de Silva (2004), que

realizando estudos em um hospital do interior de São Paulo, observou que os acidentados

receberam antirretrovirais profiláticos, sendo que seis (86%) informaram efeitos colaterais,

como náuseas, fortes dores no estômago, insônia e depressão. Entre os seis, dois abandonaram

o tratamento em decorrência desses efeitos.

No que se refere ao uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s), tanto a

observação sistemática quanto as entrevistas mostraram que há a utilização de EPI’s pelos

trabalhadores das Instituições A e B, como botas e luvas. É consenso entre a comunidade

científica que os trabalhadores do manejo dos RSS correm risco ao lidarem nas áreas críticas

(laboratórios, sala de vacina, bloco cirúrgico) e semicríticas (consultórios médicos e

odontológicos) das instituições de saúde e ao executarem tarefas nas quais estão presentes os

agentes de riscos e, principalmente, quando ocorrem acidentes durante o manejo. Nos locais

estudados, os funcionários e os gestores relataram que alguns EPI’s foram fornecidos pela

instituição.

69

Nós temos a bota e a luva, porque nós insistimos pra comprar na época (ASG1-

Instituição A).

Os funcionários têm EPI’s, têm bota e luva (G1- Instituição A).

Eles têm luva e bota (G2- Instituição B).

Os EPI’s representaram a evidência mínima de que há condições de segurança

legal e ética para a saúde dos trabalhadores dentro da instituição à qual eles pertencem. De

acordo com os relatos dos Gestores e os enfermeiros, os EPI’s fornecidos pelas duas

instituições estudadas foram a bota e a luva, sendo o uso desses equipamentos obrigatório.

Deve-se considerar também que a instituição tem um papel primordial nesse panorama,

quando disponibiliza ininterruptamente os equipamentos, não deixando que faltem,

estimulando o uso e valorizando a sua importância.

A utilização adequada do EPI, como luvas, gorro, avental, óculos e máscara,

representa uma importante forma de prevenção a esses riscos durante a assistência ao

paciente. Contudo, a adesão dos profissionais de saúde ao uso de EPI ainda constitui um

desafio para as instituições, devido à resistência dos profissionais à adesão dessa precaução

(BOTTOSSO, 2005; NHAMBA, 2004; SOUZA, 1999).

A luva deve ser utilizada para a proteção do profissional e do paciente, para

prevenir a transmissão de vírus, como o HIV, e das hepatites B e C. Entretanto, diante da

ocorrência do acidente envolvendo material perfurocortante, essa barreira ainda não é

considerada plenamente eficaz. Apesar de estudos apontarem a possibilidade de redução da

quantidade de sangue na superfície externa da agulha com o uso de luvas, o volume residual

no interior do lúmen continuaria o mesmo, contribuindo ainda para o risco da transmissão

destes vírus (CDC, 2007; GARCIA; BLANK, 2006; RAPPARINI et al., 2007).

Nas instituições estudadas, não houve nenhuma preparação ou explicação quanto

ao uso desses equipamentos e, isso é percebido nos relatos dos funcionários:

Não foi instruído como utilizar os EPI’s (ASG 3 – Instituição A).

Não houve instrução quanto à utilização dos EPI’s, devido à simplicidade dos EPI’s

obrigatórios aqui (G1- Instituição A).

Estou nesse cargo há pouco tempo e não sei sobre isso (G2- Instituição B).

70

A orientação do profissional de saúde sobre os riscos do ambiente de trabalho,

suas causas e medidas preventivas a serem adotadas e a exigência do uso correto do EPI são

ainda de responsabilidade do empregador (BRASIL, 2005).

Os funcionários acidentados da instituição A alegaram usar os EPI´s no momento

do acidente, em contrapartida estudos evidenciaram que 20,8% dos profissionais de saúde, no

momento do acidente, não utilizavam os EPI’s, seja pelo desconhecimento ou pela não

percepção do risco, seja pela justificativa de que o uso era desnecessário e que o

procedimento não apresentava risco (BÁLSAMO; FELLI, 2006; CAIXETA; BARBOSA-

BRANCO, 2005; VENDRAME, 1999).

QUADRO 5

Equipamentos de proteção individual (EPI’s) recomendados pelo Ministério do Trabalho e

utilização desses pelos funcionários envolvidos no manuseio dos RSS das Instituições A e B,

de acordo com as entrevistas e observação sistemática. Arcos, 2009.

Equipamentos recomendados

pelo Ministério do Trabalho

Condições apresentadas

Instituição A

Condições apresentadas

Instituição B

Uniforme

Específico para limpeza. Específico para limpeza.

Avental em PVC impermeável e de

médio comprimento

Não identificado. Não identificado.

Óculos, lente panorâmica e incolor,

de plástico resistente, armação de

plástico flexível, proteção lateral e

válvula de ventilação.

Não identificado. Não identificado.

Máscara respiratória, do tipo

semifacial e impermeável

Não identificado. Não identificado.

Gorro, proteção cabelos Não identificado.

Não identificado.

Botas (PVC) impermeáveis,

resistentes, cor clara, cano ¾

solado antiderrapante

90% utiliza Todos utilizam

Luvas (PVC) impermeáveis e

resistentes, cor clara,

antiderrapantes, cano longo

Utilizam luvas cano curto e de

PVC.

Utilizam luvas cano curto e de

PVC.

Constatou-se, através das falas dos gestores, que as instituições de saúde estão

providenciando a complementação dos equipamentos recomendados pelo Ministério do

Trabalho, pois acreditam na importância dos mesmos.

Vamos providenciar todos os EPI’s, (G1- Instituição A).

71

Estamos estudando para colocar todos os EPI’s necessários à atividade dos

funcionários (G2 – Instituição B).

As instituições de saúde estudadas estão providenciando a complementação dos

equipamentos que são essenciais para segurança e proteção individual dos trabalhadores que

lidam diretamente com os RSS durante o manejo, a limpeza e higienização do ambiente.

4.2.1.3 Etapas do gerenciamento de resíduos

É inquestionável a necessidade de implantar políticas de gerenciamento dos RSS

nos diversos estabelecimentos de saúde, não apenas investindo na organização e

sistematização dessas fontes geradoras, mas, fundamentalmente, mediante o despertar uma

consciência humana e coletiva quanto à responsabilidade com a própria vida humana e com o

ambiente (COELHO, 2003; FORMAGGIA, 1995; SCHNEIDER et al., 2004; STÉDILE et

al., 2000).

As responsabilidades dos gestores estão discriminadas na resolução ANVISA

(2004) RDC nº 306 e CONAMA nº 283 (BRASIL, 2001b), sendo necessário que os dirigentes

tenham conhecimento do seu teor, não somente pelos aspectos legais que as normas abordam,

como também pelos aspectos operacionais que envolvem a implantação dos dispositivos nela

contidos e que dependem de aportes de recursos políticos e organizativos.

Sob esse aspecto, a legislação foi declarada como conhecida pelos gestores e, de

acordo com seus depoimentos, os procedimentos são reconhecidos, validados e adaptados

para as suas diversas unidades, respeitadas as peculiaridades da categoria de resíduo gerado

em cada uma delas.

Conheço a legislação vigente e algumas fases do gerenciamento (G1 – Instituição

A).

Conheço as normas da ANVISA e do CONAMA (Instituição B).

As respostas obtidas em relação ao conhecimento de todas as fases do

gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde sugerem um desconhecimento das diversas

72

etapas do manejo dos RSS estabelecidas pela legislação em vigor, apontando para possíveis

falhas no processo de gestão dos RSS como um todo, que se inicia com a responsabilidade da

elaboração e execução de um PGRSS e da determinação de um responsável por esta atividade

nas instituições.

No primeiro momento, fez-se uma observação de todos os setores8, salas

9 e

consultórios10

para identificação de resíduos dos grupos A, B, C, D e do E, conforme definido

pela Resolução do CONAMA 358 (BRASIL, 2005) e da ANVISA RDC Nº 306 (ANVISA,

2004). A instituição A tem uma sala de pequenas cirurgias, três consultórios odontológicos e

três médicos. Pôde-se observar que na instituição B, há uma sala para coleta de exames

laboratoriais, uma sala de Raio X, um laboratório, uma sala de vacinas e quatro consultórios

médicos.

Nos consultórios odontológicos da instituição A, foram observados resíduos do

tipo A e D, sendo que os resíduos infectantes gerados foram: elementos dentários extraídos;

tecidos moles de pequenas cirurgias; algodões e gazes com exsudatos corporais, saliva ou

sangue; e outros resíduos perfurocortantes, como limas endodônticas, brocas, matrizes de aço

para amálgama, lâminas de bisturi. Nos consultórios médicos das instituições A e B, os

resíduos são jogados em lixeiras abertas.

A sala de aplicação de vacinas, localizada na instituição B, possuía paredes e

pisos laváveis, ventilação e luminosidade adequadas. Foram identificados os seguintes

equipamentos: mesa e duas cadeiras, maca, armário tipo arquivo vertical, geladeira específica

para guarda de imunobiológicos, pia com sabão líquido e papel toalha disponíveis, lixeiras de

plástico resistente, na cor bege com pedal e tampa, com capacidade para 100 litros. Os

resíduos do Grupo A observados na sala de aplicação de vacinas foram: frascos de vacinas de

microorganismos vivos ou atenuados, estando esses acondicionados em caixa para

perfurocortante, junto com os resíduos do Grupo E.

Observou-se que os resíduos do Grupo A encontrados no setor de coleta foram

gerados no momento da recepção das amostras contendo materiais biológicos, identificados

na legislação como sangue, amostras de fezes, urina e escarro. Tais resíduos foram

descartados em saco branco leitoso juntamente com as luvas de látex, em lixeiras sem tampas,

identificação e tratamento prévio. Os resíduos encontrados nas lixeiras do Grupo A foram:

8 Bloco cirúrgico, pronto atendimento, administrativo, exames, pequenas cirurgias, Vigilância Sanitária, recursos

humanos. 9 Vacinação, farmácia, laboratório, procedimentos.

10 Médicos e odontológicos.

73

embalagens de produtos químicos, papel toalha, luvas, tiras reagentes para teste de gravidez

na urina e amostras excedentes de material biológico trazidas para análise.

No Raio-X, não havia resíduo radioativo, pois a instituição não dispunha de

tratamento para radioterapia ou exames que exijam esse produto, porém, destacaram-se os

produtos químicos (líquidos) utilizados para revelação e fixação das chapas, assim como as

chapas de raio-X defeituosas. Esses materiais estavam acondicionados em galões e caixas e

retornados aos fabricantes para serem reciclados. Coube destacar que essa é uma

recomendação da OMS, citada por WHO (1983).

Verificou-se na observação sistemática que um fator limitante que impede o

acondicionamento dos recicláveis nas instituições de saúde estudadas é, devido à inexistência

de recipientes adequados para o armazenamento dos resíduos, conforme a norma da ABNT

7.500 (1993c).

As observações realizadas na instituição A confirmaram que os perfurocortantes

são colocados em recipientes não identificados e adaptados a partir de alguns materiais, como

caixas de papelão que são revestidas com sacos plásticos pretos, conforme FIG. 6A, enquanto

a instituição B aproveita as embalagens plásticas de material para radiografia (FIG. 6B).

A B

FIGURA 6 – Recipiente utilizado na instituição de saúde A e B para acondicionar os perfurocortantes.

De acordo com os parâmetros referenciados na norma NBR 13.853 da ABNT

(1997) e das resoluções do CONAMA 358 (BRASIL, 2005) e da ANVISA RDC Nº 306

(ANVISA, 2004), os materiais perfurocortantes devem ser descartados separadamente, no

local de sua geração, imediatamente após o uso ou necessidade de descarte, em recipientes,

rígidos, resistentes à punctura, ruptura e vazamento, com tampa, devidamente identificados,

sendo expressamente proibido o esvaziamento desses recipientes para o seu reaproveitamento.

74

As agulhas descartáveis devem ser desprezadas juntamente com as seringas, quando

descartáveis, sendo proibido reencapá-las ou proceder à sua retirada manualmente.

Ainda sobre a observação do acondicionamento dos resíduos nas instituições A e

B, verificou-se que os sacos plásticos não ultrapassaram os 2/3 do volume dos recipientes,

segundo as resoluções do CONAMA 358 (BRASIL, 2005) e da ANVISA RDC Nº 306

(ANVISA, 2004). Em contrapartida, não havia cumprimento das resoluções citadas

anteriormente em relação aos recipientes e identificação, conforme mostra as FIG. 7A e B.

Com base na norma da ABNT (1983c), os estabelecimentos devem utilizar

símbolos (NBR 7.500) para os sacos plásticos, coletores, carrinhos de transporte e de

armazenamento, identificando cada tipo de resíduo separadamente. Conforme a RDC 33

(ANVISA, 2003), para os resíduos comuns recicláveis, a identificação deve ser feita nos

recipientes e nos abrigos, utilizando o código de cores da Resolução CONAMA nº 275

(BRASIL, 2001a). A correta identificação permite o reconhecimento dos resíduos contidos

nos sacos e recipientes, fornecendo informações para um manejo adequado.

Em contrapartida, o excesso de resíduos em um hospital do interior de São Paulo

foi verificado no estudo de Silva (2004), onde esses eram acondicionados em sacos brancos

leitosos com o símbolo de infectante, mesmo no caso do lixo comum, o que demonstra um

descuido que pode levar a acidentes.

A

B

FIGURA 7 – Recipientes com tampa e sem identificação utilizados nas instituições de saúde A e B.

Em função da situação constatada no que se refere ao acondicionamento dos RSS

nas duas instituições, torna-se necessária a utilização de recipientes com tampas e pedais e,

ainda, uma identificação apropriada dos sacos e recipientes dos resíduos sem prejuízo para o

desenvolvimento normal das atividades do gerenciamento. Vale ressaltar que nas instituições

estudadas praticamente não havia identificação nos recipientes, sendo a cor dos sacos a única

identificação presente: o branco utilizado para os infectantes e o preto para os resíduos

75

comuns. Resultados semelhantes foram encontrados por Leonel (2002) em seu estudo

realizado no Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), onde os

setores utilizam também vários recipientes para coleta de resíduos, sem nenhum tipo de

identificação.

Outro fator agravante observado foi a mistura de resíduos na instituição B,

conforme mostra a FIG. 7B. Acredita-se que a possível causa dessas misturas esteja

relacionada à falta de interesse por parte das pessoas que ali trabalham. Contudo, segundo a

NBR 12.809 (ABNT, 1993e), todos os funcionários dos serviços de saúde devem ser

capacitados para segregar adequadamente os resíduos e conhecer o sistema de identificação.

Situações similares foram encontradas por Confortin (2001) em seu estudo realizado no

Hospital Regional do Oeste de Santa Catarina, no qual o resíduo comum e resíduo reciclável

encontravam-se misturados.

O QUADRO 6 mostra dados da geração a disposição final dos resíduos nas duas

instituições estudadas. Percebeu-se, com base nas observações, que em ambas as instituições

estudadas, não havia informações mais detalhadas com relação à quantidade e ao volume dos

RSS produzidos, pois havia dados somente sobre a quantidade de perfurocortantes (grupo E),

sendo os demais resíduos (A, B, C e D) pesados juntos. Tal constatação aponta para a

necessidade de mudanças que complementem a prática da segregação dos resíduos sólidos na

fonte geradora, conforme a classificação da Resolução do CONAMA (BRASIL, 2005) e da

ANVISA (ANVISA, 2004).

76

QUADRO 6

Apresentação de dados relativos às etapas de geração à disposição final dos RSS nas

instituições A e B.

Observações Instituição A Instituição B

Quantidade de resíduos

gerados/mês

223 litros/perfurocortantes e

19.800 litros/outros tipos de

resíduos.

8 kg/perfurocortantes e 50 kg/

outros tipos de resíduos.

Segregação

Algumas unidades Algumas unidades

Coleta interna

Percursos longos, alterando

sentido.

Percursos longos, alterando

sentido.

Coleta fluxo Coincide com o fluxo de pessoas.

Coincide com o fluxo de pessoas.

Frequência da coleta

Duas vezes/dia Duas vezes/dia

Transporte interno

Manual Manual

Armazenamento

Tratamento

Local desapropriado

Não há

Local apropriado

Não Há

Coleta externa

Prefeitura Municipal Prefeitura Municipal

Transporte externo

Veículo Veículo

Disposição Final Aterro sanitário Aterro sanitário

A quantidade de resíduos sólidos gerados pelas atividades desenvolvidas em

instituições de saúde depende, dentre outros fatores, da quantidade de serviços médicos

oferecidos, do grau de complexidade da atenção prestada, do tamanho das unidades, da

proporção de pacientes externos atendidos e do número de profissionais envolvidos e

qualificados. Takayanagui (1993) destaca que um dos pressupostos essenciais para a

elaboração de qualquer PGRSS consiste no levantamento de dados claros e precisos acerca do

volume dos resíduos gerados dentro da organização (bem como, características físicas,

químicas e microbiológicas), uma vez que esses resíduos variam de acordo com os tipos de

atividades e com a quantidade e variedade de serviços oferecidos pelo hospital, razão pela

qual essas informações são imprescindíveis para o manejo adequado de qualquer tipo de RSS.

No que se refere a coleta e o transporte dos RSS das instituições A e B, constatou-

se a necessidade de ajustes, como a adoção de rotas de coleta interna diferenciadas e que

evitem horários de maior fluxo de pessoas, como disposto pelo CONAMA (BRASIL, 2005) e

pela ANVISA (2004). Nas situações avaliadas em ambas as instituições, observou-se apenas

dois horários para coleta, um pela manhã e outro no início da tarde. Resultados similares

77

foram obtidos por Caldo (2009), no Centro de Saúde do bairro Sumarezinho e na Unidade

Básica Distrital de Saúde, ambos de Ribeirão Preto, São Paulo, onde não dispunham de rotas

previamente planejadas e corredores exclusivos ou sinalizados para o transporte de RSS,

conforme determinação da ANVISA (2004) e do CONAMA (BRASIL, 2005). Contavam

com apenas dois horários para as coletas, um pela manhã e outro ao longo da tarde.

Outro fator evidente de falha no gerenciamento interno dos RSS refere-se ao fato

das duas Instituições (A e B) realizarem a coleta interna manualmente, por não terem carrinho

coletor, procedimento este desaconselhável pela possibilidade de ocorrer algum tipo de

acidente (como queda), uma vez que o resíduo não encontra-se protegido por um recipiente

adequado. De acordo com a RDC nº. 306 (ANVISA, 2004) em seu Capítulo III –

Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde, seu item 1.4.2 estabelece que:

Os recipientes para transporte interno devem ser constituídos de material rígido,

lavável, impermeável, provido de tampa articulada ao próprio corpo do

equipamento, cantos e bordas arredondados, e serem identificados com o símbolo

correspondente ao risco do resíduo neles contidos, de acordo com este Regulamento

Técnico.

Como visto nesse item da Resolução, torna-se evidente que para se realizar a

coleta dos RSS são necessários equipamentos apropriados que ofereçam segurança aos

funcionários e efetuar essa coleta manualmente não retrata uma preocupação com a segurança

dos trabalhadores durante essa etapa do gerenciamento. Dessa forma, tal situação consiste em

um fato preocupante, especialmente devido à periculosidade que deve ser sempre levada em

consideração quando se trata de resíduos dessa natureza.

Situação similar foi constatada nos estudos realizados por Ferreira (2007), em

Presidente Prudente – SP, cuja instituição avaliada não apresentava o carrinho coletor,

estando em desacordo com a Resolução do CONAMA 358 (BRASIL, 2005) e da ANVISA

RDC Nº 306 (ANVISA, 2004).

Em relação ao local para abrigo de resíduos, a RDC nº. 306 (ANVISA, 2004)

estabelece que deve existir em todo estabelecimento oferecedor de serviços na área de saúde.

Essa instrução está descrita no Capítulo VI – Manejo de Resíduos, em seu item 15.1, que

preconiza:

78

O armazenamento externo, denominado de abrigo de resíduos, deve ser construído

em ambiente exclusivo, com acesso externo facilitado à coleta, possuindo, no

mínimo, 1 ambiente separado para atender ao armazenamento de recipientes do

Grupo A juntamente com o Grupo E e 1 ambiente para o Grupo D. O abrigo deve

ser identificado e restrito aos funcionários do gerenciamento de resíduos, ter fácil

acesso para os recipientes de transporte e para os veículos coletores. Os recipientes

de transporte interno não podem transitar pela via pública externa a edificação para

terem acesso ao abrigo de resíduos.

Foi observado que a instituição A necessita de algumas medidas de segurança no

que se refere ao armazenamento e proteção dos RSS, uma vez que encontra-se próximo a uma

área de atendimento ao público, permitindo assim a circulação da clientela nas suas

proximidades. Nesse sentido, torna-se evidente a necessidade de ações para proteção da área

de entrada do abrigo, onde os clientes geralmente se sentam e fazem seus lanches, além de

colocarem seus filhos sentados ou deitados. Trata-se, portanto, de um abrigo improvisado que

não é trancado com nenhum tipo de dispositivo, uma vez que sua porta permanece somente

encostada. Observou-se ainda a inexistência de sinalização para informar a natureza do

material que é armazenado neste local, conforme FIG. 8A.

A inadequabilidade do local de armazenamento dos RSS da instituição A também

foi apontada nos relatos dos funcionários:

... Às vezes, fica muitos dias ali no cantinho e a caixa de descarte é perigosa, então

todos os lixo daqui são perigosos né, então às vezes fica muitos dias parado ali

(ASG1 - instituição A).

... Porque assim igual a gente recolhe aqui e joga lá atrás, eu acho até assim que

tinha que ter uma hora pra vim todo mundo recolhe e já leva, né porque mesmo ali

onde fica o lixo eu já acho que é perigoso, né vamos supor que vá alguém lá e vai

mexer, eu acho perigoso do jeito que fica o lixo (ASG2 – instituição A).

À luz que orienta a norma, a preocupação sobre a localização do armazenamento

temporário da instituição A é pertinente. Os resíduos devem ser armazenados próximos ao

local de geração, em sala com pisos e paredes laváveis, não podendo ser feito com disposição

direta do saco sobre o piso, sendo obrigatória a conservação dos sacos em recipientes de

acondicionamento (ABNT, 1993e). Resultados semelhantes foram também encontrados por

Caldo (2009) em Ribeirão Preto, no Centro de Saúde do bairro Sumarezinho e na Unidade

Básica Distritas de Saúde, nos quais apresentam instalações para o armazenamento do lixo

fisicamente separadas da área física das instituições, porém a área de armazenamento não

continha revestimento, piso e porta telada. Em contrapartida, no mesmo estudo de Caldo

79

(2009), comparou a área de armazenamento de dois hospitais privados de São Paulo, Hospital

São Francisco e Beneficência Portuguesa, e a realidade encontrada foi diferente, a área de

armazenamento final segue a legislação do CONAMA (BRASIL, 2005) e da ANVISA

(ANVISA, 2004).

A B

FIGURA 8 - Área externa usada para armazenar todos os resíduos gerados pela instituição A de Arcos – MG,

2009.

No que se refere ao abrigo de resíduos da instituição B, verificou-se a

adequabilidade do mesmo em função da norma vigente. Entretanto, observou-se que os sacos

com os resíduos infectantes e comum ficavam dispostos no chão, conforme a mostra FIG. 9B.

Dentre os RSS que devem receber tratamento dentro da própria organização

geradora, como os dos grupos A e E contaminados, foi observado que em ambas as unidades

estudadas não existem dispositivos (incinerador, esterilizador, desinfector) para realização

desse tratamento. Resultados semelhantes foram encontrados por Caldo (2009), no Centro de

Saúde do bairro Sumarezinho e na Unidade Básica Distritas de Saúde de Ribeirão Preto, nos

quais não apresentam tratamento para os RSS. Em contrapartida, Caldo (2009) comparou o

tratamento dos RSS em dois hospitais privados, Hospital São Francisco e Beneficência

Portuguesa, e a realidade encontrada foi diferente, uma vez que ambos contam em suas

unidades com aparelhos de micro-ondas e autoclave. Leonel (2002) encontrou resultados

similares aos dessa pesquisa em seu estudo realizado no Hospital Universitário da

Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), onde também não havia tratamento desse tipo

de material.

80

Nas duas instituições estudadas, após os resíduos serem armazenados no abrigo

externo de resíduos, o material é coletado pelo serviço de coleta domiciliar da Prefeitura

Municipal, três vezes por semana. Tal coleta é realizada por um funcionário, que transporta os

resíduos em um veículo tipo furgão [conforme orienta a NBR 12.810 ABNT (1993d) em seu

item 5.2.3] até o aterro sanitário, onde o material é disposto em valas sépticas. A resolução n.º

05 do CONAMA (1993), em seu artigo 8º estabelece que o transporte dos resíduos sólidos

deverá ser feito em veículos apropriados, compatíveis com as características dos resíduos,

atendendo às condicionantes de proteção ao meio ambiente e à saúde pública.

Torna-se importante relatar que o aterro sanitário da cidade de Arcos tem licença

de operação, havendo impermeabilização do solo e monitoramento do chorume, sendo a

disposição final dos RSS realizada em valas sépticas e separadas dos demais resíduos,

conforme constatado durante a observação sistemática. A disposição final dos RSS em aterro

sanitário impede que homens, animais domésticos e vetores entrem em contato com os

resíduos e ao mesmo tempo impede seu contato direto com o solo permeável, prevenindo a

contaminação dos lençóis de água subterrânea.

No trabalho de Nascimento et al (2009) a avaliação microbiológica do chorume

produzido a partir da pilha de RSS no aterro sanitário da cidade de Juiz de Fora/MG, mostrou

que estes resíduos, quando descartados sem tratamento prévio, permitem a manutenção de

diferentes espécies bacterianas viáveis com percentuais elevados de linhagens resistentes a

diferentes drogas antimicrobianas de uso clínico, tanto hospitalar quanto comunitário. Como

medida preventiva, é recomendado que os RSS sejam esterilizados antes de serem dispostos

em aterros sanitários (REGO, 1994), o que não ocorre com os resíduos das unidades

estudadas.

4.2.2 Eixo temático: Motivação, saúde e conhecimento dos trabalhadores que lidam

diretamente com os RSS

4.2.2.1 Motivação do trabalhador

Quando os entrevistados foram questionados sobre o que consideram empecilhos

na atividade que desempenham de coletar os resíduos, as principais dificuldades apontadas

81

foram a distância que os mesmos precisam percorrer para armazenarem o lixo e a falta de

cooperação da população e dos colegas de trabalho. Tal constatação pode ser evidenciada nos

relatos abaixo:

Às vezes, as pessoas não respeitam, acham que as serviçais está ali pra limpar, às

vezes, falta um pouquinho de respeito conosco, sabe? Eles não estão nem aí, jogam

o lixo fora da lixeira, vai ao banheiro, faz xixi no chão, não dá valor no serviço da

gente (ASG 1- Instituição A).

A dificuldade maior é quando eu vou limpar o corredor, que as enfermeiras ficam

andando pra lá e pra cá sem consciência, sem motivo algum delas passar, e que joga

agulha no lugar errado (ASG3- Instituição A).

Através dos relatos dos auxiliares de serviços gerais, percebeu-se certo atrito entre

os profissionais e a comunidade usuária dos serviços de saúde, especialmente na instituição A.

Nesse caso, é possível notar que há uma desvalorização do serviço de limpeza pelas

enfermeiras - provavelmente isso ocorra em função do trabalho dos auxiliares de serviços

gerais ser considerado precário, instável e, ainda, por apresentar condições também

inadequadas quanto a qualificação, categorização e remuneração do emprego. Celeguim e

Roesler (2009) denominam esse fenômeno de “invisibilidade social”. Segundo esses

pesquisadores, trata-se de um assunto relativamente novo, ligado principalmente à forma

como são vistos os trabalhadores de profissões desprovidas de status, glamour,

reconhecimento social e adequada remuneração, uma vez que o nível de consumo de bens

materiais é o agente determinador do posicionamento de cada participante nas classes

sócioeconômicas conhecidas. Dessa forma, os trabalhadores que executam tarefas

imprescindíveis à sociedade moderna, mas assumidas como de categoria inferior pelos mais

variados motivos, geralmente não são nem percebidos como seres humanos, e sim apenas

como “elementos” que realizam trabalhos a que um membro das classes superiores jamais se

submeteria, consequentemente, o que não é reconhecido não é visto.

Apesar de o melhor posicionamento social apresentar desinteresse geral pelo

simplório trabalhador executante de trabalhos manuais sem qualquer qualificação, um não

vive sem o outro. O mundo moderno vai continuar dependendo do trabalho de garis, lixeiros,

faxineiras, auxiliares de enfermagem, seguranças, e outros tantos trabalhadores anônimos e

sem expressão de cunho social (COSTA, 2002). Segundo Pinho (2006), o trabalho em equipe

surge como estratégia para redesenhar e promover a qualidade dos serviços. Diante da falta de

82

trabalho em equipe, verifica-se uma defasagem na qualidade do serviço, isso porque os

profissionais, ao agirem da forma como foi exposta pelos auxiliares de serviços gerais,

expressam seu desinteresse pela questão da limpeza, tornando-os desmotivados.

4.2.2.2 Saúde do trabalhador

A política de saúde do trabalhador no Brasil começou a ser desenhada após a

promulgação da Constituição Federal de 1988, no artigo 196, que cita que a saúde é um

direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que

visem à redução do risco da doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às

ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação (BRASIL, 2002a). Nesse sentido,

torna-se de extrema importância pesquisar as ações e tudo mais que envolve o trabalhador,

buscando melhorar a qualidade do ambiente profissional e oferecer maior segurança aos

mesmos.

Inicialmente, os funcionários das duas instituições avaliadas foram questionados

quanto à aquisição de doenças relacionadas ao trabalho que desempenhavam. De modo geral,

os profissionais que lidam com os RSS trabalham em um meio insalubre e perigoso,

acreditando, por isso, que muitas doenças que acometem esses profissionais possam estar

intimamente relacionadas às atividades que eles desempenham. Entretanto, nas duas

instituições estudadas, os indivíduos pesquisados parecem não correlacionar aquisição de

patologias às suas atividades de trabalho, como pode ser constatado nos relatos abaixo:

Não tive nenhuma doença depois que comecei a trabalhar aqui (ASG 3 - Instituição

A).

Não, devido ao tipo de serviço nessa área não (ASG 4 - Instituição A).

O fato de alguns profissionais não saberem quais as doenças que podem ser

adquiridas no meio em que trabalham pode acarretar uma percepção diminuída do risco de se

contaminarem, dificultando a adesão às normas de biossegurança (COCOLO, 2002). Nesse

sentido, vários pesquisadores admitem haver uma relação entre resíduos e doença microbiana

(MOTA; ORTH, 1998; ZANON, 1990), principalmente ou unicamente em relação aos

83

perfurocortantes (ZANON, 1990; RUTALA; MAYALL, 1992). Entretanto, autores como

Zanon (1990) e Rutala; Mayhall (1992) acreditam que é exagerada a preocupação com os

RSS e argumentam que esses não constituem risco infeccioso para a comunidade e o meio

ambiente, considerando que não há evidências científicas comprovando a existência de nexo

causal entre o contato com o resíduo e a aquisição de doenças. Segundo esses autores, para

um resíduo apresentar risco infeccioso, ele deve conter patógenos com virulência e em

quantidade suficientes, de modo que a exposição de um hospedeiro suscetível aos resíduos

possa resultar em uma doença infecciosa.

Segundo Machado Jr et al. (1978), as agulhas como resíduos podem estar

contaminadas por microrganismos patogênicos, pois em seus estudos identificaram uma série

de desses organismos presentes na massa de resíduos, indicando o potencial de risco dos

mesmos. Foram observados microrganismos como Salmonella thyphi, Pseudonomas sp.,

Streptococcus sp., Staphylococus aureus e Candida albicans. De acordo com Rodrigues

(1997), a possibilidade de sobrevivência de vírus na massa foi comprovada pelo poli tipo I,

hepatites A e B, influenza e vírus entéricos.

Estudos realizados por Gandonska, citados por Takayangui (1993), revelaram

patógenos em condições de viabilidade por até 21 semanas durante o processo de

decomposição de material orgânico originado dos resíduos. Durante estes estudos, foi

verificado o desenvolvimento de bactérias mesófilas (6,5 x 107 UFC

11/kg de resíduos),

esporuladas (2, 211 x 106

UFC/kg de resíduos), termófilas (8, 427 x 106 UFC/kg), fungos (5,0

x 105 UFC/kg) e helmintos (428 ovos/kg).

Quanto à busca de tratamento de problemas de saúde, os serviços de Saúde

Pública (Programa de Saúde da Família - PSF ou Pronto-Socorro Regional) foram os

procurados pelos entrevistados, sendo que apenas um entrevistado buscou outros serviços,

como a farmácia local.

Busco tratamento aqui mesmo onde trabalho (ASG 4 – Instituição A).

Faço o tratamento aqui, no posto e na farmácia perto da minha casa (ACD1 –

Instituição A).

11

UFC = Unidades formadoras de colônias.

84

Em função do ambiente onde atuam, torna-se importante que os funcionários que

lidam com os RSS façam exames periódicos, de caráter preventivo, de rastreamento e

diagnóstico precoce dos agravos à saúde relacionados ao trabalho, identificando possíveis

doenças profissionais ou danos à saúde, por meio de exames e consultas médico-periódicas

(COCOLO, 2002).

No quesito imunização, foi possível observar, nas duas instituições, a adesão da

maioria (90%) dos entrevistados. Esses foram imunizados contra o vírus da Hepatite B,

Rubéola, Gripe (campanhas anuais) e Tétano, como é perceptível nas falas abaixo:

Tomei as vacinas de Hepatite, gripe, rubéola... Tétano tava em dia (ASG6 –

Instituição B).

Todas que tinha aqui no posto eu tomei (ASG2 – Instituição A).

A presente pesquisa corroborou com os estudos realizados por Marziale,

Nishimura e Ferreira (2004) em quatro hospitais da região de Ribeirão Preto - SP e

Dasmaceno et al. (2006), em uma instituição especializada em atendimento de emergência de

Goiânia – GO, que apresentaram uma cobertura vacinal de 74,3% e 90,0% dos funcionários,

respectivamente. De forma semelhante, a pesquisa desenvolvida por Azap et al (2005) em três

hospitais de ensino do Irã evidenciou a cobertura vacinal de 85% em uma equipe

multiprofissional.

Somente um entrevistado (10%) (ASG -7) não foi devidamente imunizado,

evidenciando a falta dos imunobiológicos combatentes dos vírus da gripe e Hepatite B. A

imunização dos profissionais de saúde é obrigatória de acordo com Norma Regulamentadora

Nº 32 – Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Assistência à Saúde, que

determina que a todo trabalhador dos serviços de saúde deve ser disponibilizado,

gratuitamente, programa de imunização ativa contra tétano, hepatite B, difteria, vírus

influenza, sarampo, caxumba e rubéola. Nesse sentido, o cartão de vacina deveria ser

vistoriado frequentemente para não haver falhas quanto ao sistema de imunização do quadro

de funcionários da instituição.

Através da entrevista, foi possível perceber que, nas instituições avaliadas, a

responsabilidade pela verificação dos cartões de vacinas é dos enfermeiros. Contudo, há o

descuido quanto a essa função, uma vez que a averiguação não é realizada continuamente,

conforme pode ser comprovada na fala abaixo:

85

Quando eu comecei a trabalhar aqui, pedi aos funcionários que trouxessem os

cartões para verificação, alguns trouxeram e estes estavam atualizados, outros

tinham perdido o cartão, nesse caso, eles foram vacinados, já que o cartão é o único

documento que comprova que foram vacinados. Depois não verifiquei mais (E 1 –

Instituição A).

O relato acima evidencia uma descontinuidade na verificação da cobertura

vacinal, o que comprova a deficiência na implementação de estratégias eficazes em relação à

saúde do trabalhador, uma vez que a cobertura vacinal dos funcionários oferece condições

mais seguras e reduz consideravelmente, os riscos à exposição de microrganismos

patogênicos.

Diante dos pressupostos acima, cabe aos estabelecimentos de saúde atuar em prol

da prevenção, por meio de campanhas educativas e inquéritos sobre a vacinação dos

trabalhadores contratados, almejando condições mais seguras dentro do ambiente de saúde.

Dessa forma, para os profissionais recentemente admitidos, a instituição solicitaria a

apresentação do cartão de vacina, com o registro do esquema completo. Caso contrário, esse

trabalhador deveria ser encaminhado imediatamente para iniciar ou completar o seu registro

vacinal, a fim de prevenir possíveis contaminações durante as atividades assistenciais.

A partir dessa reflexão, percebeu-se que as responsabilidades pela segurança do

trabalhador de saúde apresentam pontos indefinidos. As estratégias utilizadas para uma

cobertura vacinal satisfatória, nesses estabelecimentos de saúde, parece ainda não ser

totalmente eficientes.

4.2.2.3 Treinamento e educação continuada

A educação continuada deve ser sequencial ao treinamento inicial e de forma

constante, sendo abordados os seguintes assuntos: a) segregação, acondicionamento e

transporte dos resíduos; b) definições, classificações e potencial de riscos dos resíduos. É sua

função também treinar os funcionários no caso de ocorrência de acidentes com materiais

perfurocortantes, para que os mesmos conheçam o fluxo de acidentes com material biológico

(ANTON, 2006).

Foi relatado, pelos funcionários da instituição A, a ausência de capacitações e

treinamentos em biossegurança, o que evidencia de forma clara a vulnerabilidade dos

86

trabalhadores, que além de estar expostos a toda sorte de riscos relacionados à questão dos

RSS, também não dispõem de locais ou serviços para atendimento em caso de acidentes.

Trabalhei em outro lugar que tinha treinamento... mas aqui dentro eu não tive não

(ASG 1 – Instituição A).

Fiz um treinamento em outro trabalho que aprendi a trabalhar com esse lixo, e

repassamos para as pessoas que começam a trabalhar aqui, nós repassamos o que

sabemos (ASG 4 – Instituição A).

Através das falas dos entrevistados, pôde-se notar que ambos possuem

conhecimentos prévios adquiridos em outras instituições e ficou evidente na fala do

entrevistado ASG 4 um perfil ético, voltado à responsabilidade social, em uma perspectiva de

integralidade, de modo que o profissional seja capaz de trabalhar coletivamente no âmbito de

sua profissão e na sua vida cotidiana e de atuar na melhoria da qualidade de vida, defendendo-

a e preservando-a. Do mesmo modo, estabeleceram-se relações com o contexto social,

reconhecendo a estrutura e as formas de organização, suas transformações e expressões com a

construção da cidadania, de um ser reflexivo, participativo e crítico, em relação à realidade.

De acordo com Oliveira (2002) treinar trabalhadores para o estrito cumprimento

de normas – em ambientes agressivos, desfavoráveis à vida, nos quais organização do

trabalho em nada favorece ao seu exercício correto – sem oferecer-lhes condições necessárias

e oportunidade para discutir, ponderar e propor medidas de melhorias, tanto no ambiente

quanto na organização do trabalho, é exacerbar o estado de angústia que caracteriza a

exposição, consciente, a riscos potencialmente capazes de gerar danos à saúde.

Além disso, na instituição A, as informações sobre os microrganismos

patogênicos foram transmitidas pelo enfermeiro somente no momento de contratação, o que

pode ser comprovado na seguinte fala:

Passamos informações sobre os tipos de microrganismos patogênicos e sobre a

segurança do trabalhador (E2 – Instituição B).

Não foi verificada, através das entrevistas, a existência de nenhum tipo de

informação, treinamento ou educação continuada para os funcionários. O conhecimento que

eles possuem é oriundo de estudos individuais e colegas que trabalham em outros locais.

O capítulo VII da ANVISA (2004) estabelece, nos itens 18 e 18.1, que:

87

O pessoal envolvido diretamente com o gerenciamento de resíduos deve ser

capacitado na ocasião de sua admissão e mantido sob educação continuada para as

atividades de manejo de resíduos, incluindo a sua responsabilidade com higiene

pessoal, dos materiais e dos ambientes.

A capacitação deve abordar a importância da utilização correta de equipamentos de

proteção individual – uniforme, luvas, avental impermeável, máscara, botas e óculos

de segurança específicos a cada atividade, bem como a necessidade de mantê-los em

perfeita higiene e estado de conservação.

A realidade relatada pelos funcionários da instituição A foi confirmada por seu

gestor:

Não temos treinamento frequente e educação continuada aqui no posto, mas

queremos mudar essa realidade (G1 – Instituição A).

Tal situação aponta para uma séria e necessária reflexão sobre a construção de

políticas internas e também municipais de atenção à saúde do trabalhador, numa iniciativa de

tecer uma rede de cuidados que preencham essa lastimável e preocupante lacuna. A

implantação de programas educacionais de prevenção de acidentes e de infecção proporciona

a vivência de hábitos comportamentais que resgatam e preservam as condições ambientais

seguras para pacientes e profissionais em suas atividades de trabalho. Os funcionários podem

ser treinados em seu próprio ambiente e horário de trabalho. Essa medida combate a evasão e

garante que o treinamento atinja a todos os profissionais, sem necessidade de horas extras ou

turnos especiais, fazendo com que o profissional já fadigado, não encare o treinamento como

algo cansativo e absorva os novos conceitos e comportamentos desejados.

Acredita-se que a falta de informações referentes às infecções e aos problemas aos

quais os funcionários estão expostos seja um aspecto importante para justificar o que acontece

hoje em relação aos RSS, tanto nos estabelecimentos de saúde, como no meio ambiente.

Diante disso, torna-se relevante problematizar essa questão, no sentido de implantar técnicas

de gerenciamento de resíduos nas diferentes fontes geradoras da área da saúde, assim como

implementar a educação continuada para os funcionários, de forma a prepará-los e

instrumentalizá-los para lidar com a realidade à qual estão inseridos.

Na instituição B constatou-se uma educação continuada, sendo essa realizada

mensalmente pelo enfermeiro responsável, obedecendo à resolução da ANVISA (2004), a

qual prevê que os funcionários devem receber um programa de educação continuada,

independente de seu vínculo empregatício e que este programa deva conter alguns conteúdos,

tais como: definições, tipo e classificação dos resíduos e seu risco potencial, conhecimento do

88

gerenciamento adotado no estabelecimento, práticas de redução e reutilização e, ainda,

informações sobre biossegurança, dentre outras.

De um modo geral, pode-se concluir que os estabelecimentos parecem não se

preocupar adequadamente com a prevenção dos problemas de saúde e ambiental que poderão

surgir de um gerenciamento inadequado dos RSS, sendo que nenhum dos estabelecimentos

pesquisados possuem um PGRSS implantado ou em implantação, o que foi constado pela fala

de seus gestores:

Não temos o PGRSS (G1 – Instituição A).

Nunca tivemos um plano para gerenciar os resíduos, mas estamos estudando para

implantar nesse estabelecimento (G2 – Instituição B).

A implantação do PGRSS é necessária e deve atender às exigências quanto aos

cuidados especiais no manejo de cada tipo de resíduo, desde a geração até a disposição na sala

de coleta externa, utilizando inclusive recursos de educação continuada e apoio da gestão

administrativa.

A Resolução nº 358 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA, 2005)

determina que caberá ao responsável legal pelo estabelecimento gerador a responsabilidade

pelo gerenciamento de seus resíduos, desde a geração até a disposição final. De acordo com a

mesma resolução, deve ainda o responsável legal dos estabelecimentos prestadores de

serviços de saúde disponibilizar o PGRSS para os órgãos ambientais, dentro de suas

respectivas esferas de competência.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária apresentou no início de 2006 o

"Manual de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde", que pretende auxiliar quanto

à necessidade emergencial da obrigatoriedade dos estabelecimentos de saúde implementarem

o gerenciamento adequado dos RSS. Segundo a Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº

306 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 2004), todo responsável por

estabelecimento gerador deste tipo de resíduo deve implementar o PGRSS, sendo

determinado ainda que compete ao gerador de RSS monitorar e avaliar seu PGRSS. Nesse

sentido, é essencial a avaliação dos referidos planos, que como todo processo avaliativo, deve

favorecer ao aprendizado e com isso, os estabelecimentos não enquadrados nas respectivas

normativas estão sujeitos às penalidades previstas na Lei nº 6.437/1977.

89

Dessa forma, entende-se ainda que cabe às Secretarias da Saúde e do Meio

Ambiente municipais a principal responsabilidade em relação à orientação, avaliação e

fiscalização para sustentação dos PGRSS dos seus estabelecimentos de saúde. Como todo

processo educacional, a capacitação dos profissionais para a realização do PGRSS exige

constante avaliação e monitoramento.

Para que as mudanças ocorram no sistema de manejo dos RSS das instituições de

saúde estudadas, faz-se necessária a capacitação de profissionais, técnicos, chefes, gerentes de

todas as unidades e dos trabalhadores que lidam diretamente com o manejo dos resíduos

sólidos. Mas, ao mesmo tempo, há necessidade de se buscar recursos para prováveis

mudanças que passam pelo planejamento, organização e implementação de ações que visem à

minimização dos RSS.

90

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados obtidos nesta pesquisa permitiram evidenciar a complexidade social

do cenário que tange à problemática dos RSS, analisando o processo de segregação,

identificação, acondicionamento, coleta, transporte, armazenamento, tratamento e disposição

final dos Resíduos de Serviços de Saúde (RSS) em duas instituições públicas na cidade de

Arcos – MG.

O perfil dos entrevistados mostrou que os funcionários pertenciam, em sua

maioria, ao gênero feminino, com faixa etária variando entre 28 a 57 anos de idade, sendo que

cinco não concluíram o Ensino Fundamental (anos finais), apesar de afirmarem saber ler e

escrever corretamente e apenas dois tinham concluído a formação superior.

De um modo geral, em função das condições observadas, verificou-se uma

inadequabilidade das práticas de biossegurança e do conhecimento dos funcionários sobre

acidentes de trabalho, o que certamente influenciou na ocorrência das exposições.

Evidenciou-se que a incidência de acidentes de trabalho, especialmente na instituição A,

esteve relacionada ao descarte inadequado dos RSS. A subnotificação também não estava

sendo realizada conforme exigência das normas de Segurança do Trabalho, evidenciando

descaso com os profissionais acidentados. Os principais fatores contribuintes para ocorrências

dessa natureza parecem se associar ao desconhecimento do protocolo de rotina e displicência,

tanto dos gestores, quanto dos próprios funcionários.

A disponibilidade adequada de equipamentos de proteção individual e a

conscientização sobre a importância de seu uso talvez pudessem ter contribuído para

minimizar o índice de acidentes nesse tipo de trabalho. Ressalta-se aqui que a maior fonte de

informação sobre acidentes de trabalho ocorreu durante a formação do profissional e não na

instituição onde atuam, sugerindo uma necessidade institucional continuada quanto à

orientação sobre esses eventos.

No que se refere as etapas do gerenciamento dos RSS pelas instituições avaliadas,

detectou-se problemas e falhas que apontam para a necessidade de adequações e mudanças.

Durante a segregação dos RSS, observou-se que, nas dependências das instituições A e B,

havia ausência de materiais adequados e de identificação para o acondicionamento destes

resíduos. A retirada dos RSS dos locais geradores ocorria em horários e fluxo não

padronizados, carregados pelas mãos dos profissionais. Foi visto também que o local de

armazenamento externo (abrigo) da instituição A não atendia às recomendações vigentes

91

quanto à ventilação, separação dos RSS por categoria e à segurança. De forma semelhante, a

instituição B não possuía recipientes adequados para acondicionar esses materiais. O destino

final dos RSS no aterro sanitário estava sendo realizado sem nenhum tipo de tratamento

específico, em desacordo com a legislação vigente. Tais constatações apontam para a

necessidade de se buscar um plano adequado de gerenciamento dos RSS, de forma a adequar-

se às exigências legais. Em especial, torna-se necessário a implantação de programas de

treinamentos e de educação continuada para os geradores, com ênfase nas normas vigentes

para o manejo dos RSS. Essa recomendação torna-se indispensável e imediata especialmente

para os auxiliares de serviços gerais, principalmente pela sua exposição diante do manuseio

dos RSS.

No que se refere na relação entre o trabalho e saúde, observou-se, especialmente

entre os auxiliares de serviços gerais, a tendência em a negar a relação direta entre o trabalho

desenvolvido e os problemas de saúde. Dessa forma, se a associação automática entre os RSS

e a doença é pouco identificada, não há como se ignorar que inúmeros são os riscos existentes

para os profissionais que lidam diretamente com os RSS.

A prevenção da hepatite B, por meio da vacinação, também apresentou

inconformidade com as recomendações oficiais, sugerindo a adoção de medidas incisivas e

campanhas de imunização interna, a fim de ampliar a cobertura vacinal desses trabalhadores.

Sobre o conhecimento dos funcionários que trabalham diretamente com os RSS,

constatou-se que estes são insuficientes, o que ocorre especialmente em função da ausência de

programas de treinamento. Diante desses resultados, sugere-se a implementação de

treinamentos dos profissionais acerca da adoção de medidas de biossegurança, programas de

imunização, vigilância dos acidentes de trabalho, educação permanente, palestras

informativas sobre os benefícios e o fluxo da notificação dos acidentes e amparo legal do

trabalhador. Tais ações visam, neste âmbito, à redução dos acidentes envolvendo material

perfurocortante e sua subnotificação, com o propósito de promover discussões que instiguem

o trabalhador a repensar sua prática e atuação mais segura, sensibilizando-o quanto ao risco de

doenças ocupacionais, auxiliando-o ainda para a identificação de situações que contribuam

para a prevenção e notificação dos acidentes de trabalho.

A ausência da implantação de um Plano de Gerenciamento de Resíduos de

Serviços de Saúde certamente contribui para que as ações não sejam feitas em conformidade

com as determinações da norma e, diante disso, trazem riscos para os trabalhadores e para a

clientela que frequenta a instituição. Nesse sentido, as instituições de saúde estudadas

92

carecem de mudanças relacionadas aos aspectos organizacionais e técnico-operacionais do

manejo dos seus resíduos sólidos. Dessa forma, com a capacitação dos funcionários, as

instituições de saúde devem elaborar seu PGRSS, envolvendo todos os trabalhadores que

lidam direta e indiretamente com os resíduos, garantindo mudanças com ações conjuntas para

um manejo seguro, com proteção ambiental interna, externa e buscando, cada vez mais, a

prestação de serviços com qualidade para a saúde humana e ambiental, como também, uma

participação ativa nas discussões e estudos na gestão dos resíduos do município e do estado.

93

REFERÊNCIAS

ABRELPE. Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil em 2005. São Paulo: Associação

Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, 2006. 180p. Disponível em:

<http:// www. abrelpe.com. br/panorama>. Acesso em: 15 Mar. 2009.

AKUTSU, J.; HAMADA, J.,Resíduos de Serviço de Saúde: Avaliação dos aspectos Quali-

Quantitativos, In: I Seminário Internacional sobre Resíduos Hospitalares, Cascavel – Pr,

Novembro de 1993.

ALMEIDA, C. A. F.; BENATTI, M. C. C. Exposições ocupacionais por fluidos corpóreos

entre trabalhadores da saúde e sua adesão à quimioprofilaxia. Rev. Esc.Enferm. USP, São

Paulo, v. 41, n. 1, p.120-126, 2007.

ANDRADE, J. B. L. de. Análise de fluxo e das características físicas, químicas e

microbiológicas dos resíduos de serviços de saúde: proposta de metodologia para o

gerenciamento em unidades hospitalares. 1997. 206 f. Tese (Doutorado em Hidráulica e

Saneamento) - Departamento de Hidráulica e Saneamento, Escola de Engenharia de São

Carlos, Universidade São Paulo, São Paulo, 1997.

ANDRADE, J. B. L., SCHALCH, V. Características físicas e químicas dos resíduos de

serviços de saúde gerados em um estabelecimento hospitalar de grande porte. In:

CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL, 19,

1997. Foz do Iguaçu, set. 1997, 170p.

AN, H. et al. Occupational health and safety amongst municipal solid waste workers in

Florida. Waste Management & Research, v.17, p.369-377, 1999.

ANTON, L. M. T. B. Gerenciamento Intra-Unidade de Resíduos de Serviços de Saúde em

um Ambulatório e Unidade Básica de Saúde - Vila Prudente – São Paulo – Brasil. 2006.

97 p. (Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências) Coordenadoria

de Controle de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, 2006

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Panorama atual do RSU / RSS.

Apresentação Power-Point. 2003. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br>. Acesso em:

14 Nov. 2008.

___________. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução n º306, de 7 de

dezembro de 2004. Ministério da Saúde. Diário Oficial da União, 10 de dezembro de 2004.

Disponível em: <http://www.ANVISA.gov.br>. Acesso em: 03 Abr. 2009.

94

___________. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução n º33, de 17 de fevereiro

de 2006. Ministério da Saúde. Diário Oficial da União, 20 de fevereiro de 2006. Disponível

em: <http://www.ANVISA.gov.br>. Acesso em: 03 Abr. 2009.

___________. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução nº. 33, de 25 de

fevereiro de 2003. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de

serviços de saúde. Diário Oficial da União; Poder Executivo, Brasília, DF, 14 Ago. 2006.

Seção 1, p. 37- 8. Disponível em: em: <http://www.ANVISA.gov.br>. Acesso em: 03 Abr.

2009.

ARCOS. Prefeitura Municipal. Desenvolvido por Exclusive digital, 2008a. Apresenta

serviços e informações da cidade de Arcos. Disponível em: http://www.arcos.mg.gov.br>.

Acesso em 30 dez. 2008.

ARCOS. Secretaria Municipal de Cultura. Inventário de Proteção aos Bens Culturais: Ficha

de Informações Gerais, 2008b. Exercício 2010.

ARNDT, Jorge Renato Lacerda. Entre tradição e modernidade: sustentabilidade do

desenvolvimento pelo turismo em uma comunidade tradicional de Minas Gerais. 2007. 332 f.

Dissertação (Mestrado em Administração). FEAD – Centro de Gestão Empreendedora, Belo

Horizonte, Minas Gerais, 2007. Disponível em: <

http://www.jorgearndt.com/milho_verde_lo.pdf>. Acesso em: 03 Abr. 2009.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12.808 – Classificação dos

resíduos dos serviços de saúde. São Paulo, 1993a. 2p.

_______. NBR 12.807 – Resíduos de Serviço de Saúde: terminologia. São Paulo, 1993b. 3p.

_______. NBR 7.500 – Simbologia de risco e manuseio para transporte e armazenamento

de matérias – Simbologia. São Paulo, 1983c. 57p.

_______. NBR 12.810 – Coleta de resíduos dos serviços de saúde - Procedimentos. São

Paulo, 1993d. 3p.

_______. NBR 12.809 – Manuseio de Resíduos de Serviços de Saúde. São Paulo, 1993e. 4p.

_______. NBR 12.235 – Armazenamento de resíduos sólidos perigosos. São Paulo, 1992.

14 p.

95

_______. NBR 13.853 – Coletores para resíduos de serviços de saúde perfurantes ou

cortantes – requisitos e métodos de ensaio. São Paulo, 1997.

_______. NBR 14652 – Coletor- transporte rodoviário de resíduos dos serviços de saúde. São

Paulo, 2001.

_______. NBR 10.007 – Amostragem de resíduos sólidos. São Paulo, 2004. 21p.

_______. NBR 10.004 - Resíduos sólidos: classificação. Rio de Janeiro, 2004. 71p.

AZAP, A. et al. Occupational exposure to blood and body fluids among health care

Workers. Ankara, Turkey. AJIC, Turkey, v. 33, n. 1, p. 48-51, Fev., 2005.

BALSAMO, A. C.; FELLI, V. E. A. Estudo sobre os acidentes de trabalho com exposição aos

líquidos corporais humanos em trabalhadores da saúde de um hospital universitário. Rev.

Latino-Am Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 14, n. 3, p. 346-353, Maio/Jun., 2006.

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977. 229p.

BARRETO, M. R. Análise transacional da propaganda. São Paulo: Summus, 1982. 82p.

BAQUERO, M. Democracia, cultura e comportamento político: uma análise da situação

brasileira. In: FUKS, M.; PERISSINOTO, R. M. (Org.s). Democracia, teoria e prática. Rio

de Janeiro: Relume Dumará, 2003. 89 p.

BAUMAN, Z. O mal-estar na pós-modernidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999. 272p.

BENATTI, M. C. C. Acidentes do trabalho entre trabalhadores de enfermagem de um hospital

universitário. Rev., Esc. Enf. USP, São Paulo, v. 35, n. 2, p. 155-162, Jun., 2001.

BERTUSSI FILHO, L. A. Lixo hospitalar: higiene ou matemática. Contr. Infec., v.2, n. 6,

p.3-4, 1994.

BIDONI, R. A. F.; POVINELLI, J. Conceitos básicos de resíduos sólidos. São Carlos:

EES/USP, 1999. 109p.

96

BOCK, Ana Mercês Bahia. A perspectiva sócio-histórica de Leontiev e a crítica à

naturalização da formação do ser humano: a adolescência em questão. Cad. CEDES,

Campinas, v. 24, n. 62, Abr., 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo>. Acesso

em: 03 Abr., 2009.

BORGES, Kleber Lúcio; SIQUIEROLI, Eduardo. Resíduos sólidos de serviço de saúde.

[Dissertação de mestrado]. Universidade Federal de Uberlândia, Faculdade de Engenharia

civil, Uberlândia, 2002. Disponível em:

<www.cro-rj.org.br/biosseguranca/SEMINARIO%20PGRSSS.doc>. Acesso em: 07 Maio

2009.

BOTTOSSO, R. M. Biossegurança na Assistência à Saúde. Revista Nursing. Cuiabá, v.

70, n. 7, p. 35-92, mar. 2005.

BRACHT, M. J. Disposição final de Resíduos de Serviços de Saúde em valas sépticas. In:

Seminário Internacional sobre resíduos hospitalares, Cascavel, 1993, Anais, Paraná, v. 3,

p.215-230.

BRASIL. Resolução CONAMA n. 237, 19 de dezembro de 1997, considerando a

necessidade de revisão dos procedimentos e critérios utilizados no licenciamento ambiental,

de forma a efetivar a utilização do sistema de licenciamento como instrumento de gestão

ambiental, instituído pela Política Nacional do Meio Ambiente. Diário Oficial [da] República

Federativa do Brasil. Poder Executivo, Seção 1. Brasília, DF, 22 de dezembro de 1997.

______. Resolução CONAMA n.275, 25 de abril de 2001a, Estabelece o código de cores

para os diferentes tipos de resíduos, a ser adotado na identificação de coletores e

transportadores, bem como nas campanhas informativas para a coleta seletiva. Diário Oficial

[da] República Federativa do Brasil. Poder Executivo, Seção 1. Brasília, DF, 19 de junho de

2001.

______. Resolução CONAMA n.283, 12 de julho de 2001b, Dispõe sobre o tratamento e a

destinação final dos resíduos dos serviços de saúde. Diário Oficial [da] República Federativa

do Brasil. Poder Executivo, Seção 1. Brasília, DF, 01 de outubro de 2001.

______. Constituição da República Federativa do Brasil. Promulgada em 5 de outubro de

1988. Art. 225. Brasília: Rideel, 2002a.

______. Resolução CONAMA n.316, 29 de outubro de 2002b, dispõe sobre critérios para o

funcionamento de sistemas de tratamento térmico de resíduos. Diário Oficial [da] República

Federativa do Brasil. Poder Executivo, Seção 1. Brasília, DF, 20 de novembro de 2002.

97

______, Resolução CONAMA n.358, 29 de abril de 2005, dispõe sobre o tratamento e a

disposição final dos resíduos dos serviços de saúde e de outras providencias. Diário Oficial

[da] República Federativa do Brasil. Poder Executivo, Seção 1. Brasília, DF, 04 de maio de

2005.

______, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de ações

programáticas Estratégicas. Exposição a materiais biológicos. Brasília, 2006.

BREVIDELLI, M.; CIANCIARULLO, T. Compliance with standard-precautions among

medical and nursing staff at a university hospital. Online Brazillian Journal of Nursing, v. 5,

n. 1, 2006. Disponível em: <www.uff.br/objnursing/index.php/ nursing/article/view/291/57>.

Acesso em: 4 jan. 2009.

BRILHANTE, O. M.; CALDAS. L.Q.A. Gestão e avaliação de risco em saúde ambiental.

Rio de Janeiro: Fiocruz, 1999. 155p.

BELTRAMI. E.M. et al. Risck and management of blood-borneinfections in health care

workers. Clinical Microbiology Reviews. n. 23. p. 345-348, 2000.

BURKE, E.L.A; Survey of recent literature on medical waste. Journal of Environmental

Health, v. 59, n. 9, p. 11-14, 1994.

CARDO, D. M. et al. A casecontrol study of HIV seroconversion in health care works after

percutaneous exposure. New Engl. Med, v. 337, n. 21, p. 1485-90, 1997.

CAIXETA, R. B.; BARBOSA-BRANCO, A. Acidente de trabalho, com material

biológico, em profissionais de saúde de hospitais públicos do Distrito Federal, Brasil,

2002/2003. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 21, n. 3, p. 737-746, maio./jun. 2005.

CALDERONI, S. Os bilhões perdidos no lixo. São Paulo: Humanitas/FFLCH/USP, 1999.

346p.

CALDO. G. M. M. Resíduos de serviços de saúde (RSS): estudo multicaso comparativo do

gerenciamento em organizações municipais pública, privada e mista, diante da pluralidade

normativa. 2009. 181 f. Dissertação [Mestrado em Administração] Universidade de São

Paulo. Ribeirão Preto. SP, 2009.

CAMPBELL, Colin. A ética romântica e o espírito do consumismo moderno. Rio de

Janeiro: Rocco, 2001. 404p.

98

CANINI, Silvia Rita Marin da Silva; GIR, Elucir; MACHADO, A A. Accidents with

potentially hazardous biological material among workers in hospital supporting services.

Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 13, n. 4, p. 496-500, 2005.

CASAGRANDE. L.D.R.; TAKANANAGUI, A. M.N. O estado da arte do gerenciamento de

resíduos dos serviços da saúde de alguns países do primeiro mundo ao Brasil de hoje. In:

Seminário Internacional de Resíduos Sólidos Hospitalares, 1993. Cascavel. Anais.

Cascavel: 1993. p. 183-203.

CASTRO. N. R. P. S de. Resíduos de serviços de saúde gerados em unidades de saúde de

Pequeno porte no município de jaú-sp: diagnóstico e proposta de gerenciamento. 2007. 113 f.

Dissertação (Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente Centro Universitário de

Araraquara – UNIARA. ARARAQUARA. São Paulo, 2007

CASTRO, et al. Caracterização de resíduos de saúde através da quatificação: caso do centro

medico. Campinas. In.: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENGENHARIA SANITÁRIA

E AMBIENTAL, 1995, Salvador, Anais... Salvador: 1995. p. 1-12.

CELEGUIM, Cristiane Regina Jorge; ROESLER, Heloísa Maria Kiehl Noronha. A

invisibilidade social no âmbito do trabalho. Revista Científica da Faculdade das Américas,

ano 3, n. 1, 1º semestre, 2009.

CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION (CDC). Siegel JD, Rhinehart

E, Jackson M, Chiarello L, and the Healthcare Infection Control Practices Advisory

Committee. Guideline for Isolation Precautions: Preventing Transmission of Infectious

Agents in Healthcare Settings 2007. Jun. 2007. 219 p. Disponível em: http://www.cdc.gov/

ncidod/dhqp/pdf/isolation2007.pdf. Acesso em: 8 ago. 2009.

CETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental. Determinação do poder

calorífico interior do lixo domiciliar do município de São Paulo. São Paulo, 1978.

CHURCHILL, Jr. Gilbert. Marketing: criando valor para os clientes. São Paulo: Saraiva,

2003. 34p.

COCOLO, A. C. Equipes médicas e de enfermagem menosprezam riscos de acidentes.

Jornal Paulista. São Paulo, dez. 2002, ano 15, n. 174. Disponível em: www.unifesp.br/

comunicação/ipta. Acesso em: 21 jun. 2006.

COELHO. Hamilton. Gerenciamento de Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde. Bol.

Pneumol.Sanit., Rio de Janeiro, v. 10, n. 1, Jun., 2002.

99

COELHO, H. Gestão de rejeitos em saúde: como descartar, aproveitar e gerenciar. J. Assoc.

Nac. Biosseg., ano 3, n.10, 2003.

COELHO, N. M. G. P. GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE:

Manejo dos resíduos potencialmente infectantes e perfurocortantes em unidades de internação

da criança, adulto e pronto-socorro de hospitais públicos no Distrito Federal. Dissertação

(Faculdade de Ciências da Saúde) Universidade de Brasília. 2007.

COLLINS, C. H. The diposal of infected laboratory waste. Lectur given to the royal society

of health, 1989.

COLLINS . et al. Isolation of swine infertility and respiratory syndrome virus (isolate ATCC

VR-2332) in North America and experimental reproduction of the disease in gnotobiotic pigs.

J Vet Diagn Invest., v. 4, p. 117-126, 1992.

CONFORTIN. Ana Cristina. ESTUDO DOS RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE DO

HOSPITAL REGIONAL DO OESTE/SC. 2001. 190p. Dissertação (apresentada ao Programa

de Engenharia de Produção]. Universidade Federal de Santa Catarina. FLORIANÓPOLIS.

2001.

COSTA, F. B. da. Garis: Um estudo de psicologia sobre a invisibilidade pública. Dissertação

de mestrado não publicada, 2002. Universidade de São Paulo.

COUTINHO, A. P. et al. Epidemiologia dos Acidentes com Material Biológico em um

Hospital Universitário. In: VIII Congresso Brasileiro de Controle de Infecção e

Epidemiologia Hospitalar, 2002, Curitiba, PR. Anais ABIH, 1p.

COUTO, R. C.; PEDROSA, T. M.G.; NOGUEIRA, J. M. Infecção hospitalar: epidemia e

controle. São Paulo: Medsi, Medsi, 1999. 527p.

CROSS. F. L. Sitting a medical waste facility. Pollution engineering. , v. 22, n. 10, p. 52-55,

Oct., 1990.

DAMASCENO, A. P. et al. Acidentes com material biológico: a percepção do profissional

acidentado. Rev. Bras. Enferm. Belo Horizonte, v. 59, n. 1, p. 72-77, Jan./Fev., 2006.

DEMPSEY, C.R.; OPPELT, E. T. Incineração de resíduos perigosos: uma visão critica atual.

São Paulo: CETESB, 1996.

100

DESLANDES, S. F. Concepções em pesquisa social como campo de avaliação em

serviços de saúde. Caderno de Saúde Pública. Rio de Janeiro, v. 13, n. 1, p. 103-

107, jan. 1997.

DIEGO, Maria Fernanda. Os sentidos do trabalho de limpeza e conservação. Psicologia em

Estudo, Maringá, v. 12, n. 3, p. 483-492, Set./Dez., 2007.

DOMENÉCH, X. Química ambiental: El impacto ambiental de los resíduos. 2. ed. Madrid:

Miraguano, 1993. 254p.

DUGAN, S. F. X., 1992. Regulated medical waste: Is any of it infectious? New York State

Journal of Medicine, n. 8, p. 349- 352.

EPA – Environmental Protection Agency. Waste minization opportunity assessment. Ohio,

1988, 103p.

FERREIRA, J. A. Lixo Hospitalar e Domiciliar: Semelhanças e Diferenças - Estudo de Caso

no Município do Rio de Janeiro. 1997, 218p. Tese ( Doutorado em Saúde pública)- Escola

Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 1997.

FERREIRA, E. Gestão e gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde em presidente

prudente – SP. 2007, 240p. Dissertação (Programa de Pós-graduação em Geografia) -

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA, Presidente Prudente, São Paulo, 2007.

FORMAGGIA. D. M. E. Resíduos de serviços da saúde. In: _________. Gerenciamento de

Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde. São Paulo: CETESB, 1995. p. 3-13.

FRAGOMENI, Cláudia de Paiva. A questão ambiental: uma abordagem histórico-jurídica

(Norte do Rio Grande do Sul). 2005. 164 f. Dissertação - Instituto de Filosofia e Ciências

Humanas da Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo. Disponível em: <

http://www.fiec.org.br/iel/bolsaderesiduos/Teses/tese3.pdf>. Acesso em: 03 Abr. 2009.

FREITAS, C. M. Riscos e Processos Decisórios – implicações para a vigilância sanitária.

[S.I.], 2001. Disponível em:

<http://www.Anvisa.gov.br/inst/snvs/coprh/seminario/riscos.htm>. Acesso em: 20 ago. 2004.

GANDOLLA, M. Proposals for future optimizations of sanitary landfill gas urban

refuse. Bioggio/TI, Consorzio per I’Eliminazione dei Fifiuti del Luganeze (CER), 1983.

101

GARCIA, A.C; NAIME, R.; SARTOR, I. Uma abordagem sobre a gestão de resíduos de

serviços de saúde. Revista Espaço para a Saúde, Londrina, v. 5, n. 2, p. 17-27, Jun., 2004.

GARCIA, L. P.; BLANK, V. L. G. Prevalência de exposições ocupacionais de

cirurgiões-dentistas e auxiliares de consultório dentário a material biológico. Cad.

Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 22, n. 1, jan. 2006.

GARCIA, Leila Posenato; ZANETTI-RAMOS, Betina Giehl. Gerenciamento dos Resíduos

de Serviço de Saúde: uma questão de biossegurança. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.

20, n. 3, Jun., 2004.

GIBBS, J. Waste line. Nurs Times. 1990. In: TAKAYANAGUI. A. Gerenciamento de

Resíduos de Serviços de Saúde. São Paulo: Manole, 2005. cap. 9. p. 323-374.

GIL, Antonio de Loureiro. Segurança empresarial e patrimonial. São Paulo: Atlas,

1999.

GIR, E. et al. Biossegurança em DST/AIDS: condicionantes da adesão do trabalhador de

enfermagem às precauções. Rev., Esc. Enferm USP, São Paulo, v. 38, n. 3, p. 245-

253, 2004.

GONÇALVES. J. de. A. Acidente de trabalho entre a equipe assistencial

Multiprofissional uma avaliação da subnotificação. 2007. 102 f. [Dissertação de Pós-

graduação] Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.

MG.

GUILAM, M. C. R. O conceito de Risco: sua utilização pela Epidemiologia, Engenharia e

Ciências Sociais. 1996. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) – Instituto de Medicina

Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1996.

GUTIERREZ, E.; B.; LOPES, M. H.; YASUDA, A. S. Accidental exposure to biological

material in healthcare workers at a university hospital: Evaluation and follow-up of 404 cases.

Scandinavian Journal of Infectious Diseases, v. 37, p. 295-300, 2005.

HEINRICH, J. Occupacional safety: Selected Cost the Benefit Implications of Needlestick

Prevention Devices for Hospitals. United States General Accounting Office. Nov. 2000.

Disponível em: http://www.gao.gov/new.items/d0160r.pdf. Acesso em: 20 jan. 2010.

102

IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas, SEBRAE/SP. Cooperativa de catadores de

materiais recicláveis – guia para implantação. IPT, São Paulo, 2003. 111p.

JOFRE, A. F.; DIE, I.M.; MARUET, J. U. Gestion avanzada de residuos biosanitarios.

Revista Todo Hospital. n.97. p. 13-18, Jun. 1993

LA ROVERE, J. El manejo de los desechos infecciosos. In: Congresso Venezolano sobre El

Manejo de Resíduos Sólidos, 1998, Caracas. Anais. Caracas, 1998. 24p.

LEONEL, M. Proteção ambiental: uma abordagem através da mudança organizacional

relacionada aos resíduos sólidos para qualidade em saúde. 2002. Dissertação (Mestrado

em Engenharia de Produção) - Universidade Federal de Santa Catarina, Santa Catarina, 2002.

LOGAREZZI, A. Contribuições conceituais para gerenciamento de resíduos sólidos e ações

de educação ambiental. In: LEAL, A. C. Resíduos sólidos no Pontal do Paranapanema.

Presidente Prudente (SP): Ed. Antônio Thomaz Júnior, 2004. 276p.

LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São

Paulo: EPU, 1986.

MACEDO, J. A. B. de. Introdução a química ambiental. 2 ed. Belo Horizonte: CRQ-MG,

2006, 1028p.

MACHADO JÚNIOR, M. C. et al. Resíduos hospitalares. Apresentado ao 3.º Congresso

Pan-Americano de Limpeza Pública, São Paulo, 1978.

MAESTROENI, M. F. Biossegurança aplicada a laboratórios e serviços de saúde. São

Paulo: Atheneu, 2004. 334p.

MANDELLI et al. Tratamento de resíduos sólidos: Compêndio de Publicações. Caixas do

Sul, Mandelli, 1991. 291 p.

MANDELLI, S. M. D. C. Variáveis que interferem no comportamento da população

urbana no manejo de resíduos sólidos domésticos no âmbito das residências. 1997, 267 p.

Tese (Doutorado em Educação – Área metodologia do ensino) Universidade Federal de São

Carlos, São Carlos, São Paulo, 1997.

MARINO et al., Cut and puncture accidents involving health care workers exposed to

biological materials. Braz J Infect Dis, v. 5, p.235-42, 2001.

103

MARSHALL, T. H. Cidadania, classe social e status. Rio de Janeiro: Zahar, 1967. 220p.

MARTINS, Camila Soccio. A compreensão da família sob a ótica de pais e filhos

envolvidos na violência doméstica entre crianças e adolescentes. 2005. 136 f. Dissertação

(Mestrado em enfermagem em saúde coletiva) - Escola de enfermagem de Ribeirão Preto,

Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2005.

MARZIALE, M. H. P.; NISHIMURA, K. Y. N.; FERREIRA, M. M. Riscos de contaminação

ocasionados por acidentes de trabalho com material perfuro-cortante entre trabalhadores de

enfermagem. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 12, n. 1, p. 36-42, Jan./Fev.,

2004.

MARZIALE, M. H. P.; RODRIGUES, C. M. A produção científica sobre os acidentes de

trabalho com material perfurocortante entre trabalhadores de enfermagem. Rev. Latino-Am.

Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 10, n. 4, p. 144-157, 2002.

MEIO AMBIENTE. Gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde: a proteção do meio

ambiente e da saúde pública em debate. Revista Meio Ambiente Industrial. São Paulo:

Tocalino, n.50, p.57-66. Jul/Ago., 2004.

MELO, M. de S. Estudo sobre resíduos de serviço de saúde no hospital Universitário de

Brasília, Brasil 2007. 2007. Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde) - Universidade de

Brasília, Brasília, Distrito Federal, 2007.

MINAYO, M.C.S. Avaliação por triangulação de métodos: abordagem de programas

sociais. 2a reimpressão. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2008. 244 p.

MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento: Pesquisa qualitativa em saúde. 10ª ed. São

Paulo: Hucitec. 2007. 406 p.

MOISÉS, J. A. Os brasileiros e a democracia: bases sócio-políticas da legitimidade

democrática. São Paulo: Ática, 1995. 97p.

MONTEIRO, J. H. P.; et al. Manual Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos.

Brasília: SEDU – Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano da Presidência da

República/IBAM – Instituto Brasileiro de Administração Municipal. 2001. 200p.

MOREL, M. A situação atual dos resíduos hospitalares no Brasil. Rev. Meio Ambiente

Industrial, São Paulo, v.1, n.28, p. 47-66, Jan./Fev., 2000.

104

MOURA, J. P.; GIR, E.; CANINI, S. R. M. S. Acidentes ocupacionais com material perfuro-

cortante em um hospital regional de Minas Gerais, Brasil. Ciência y Enfermeria, São Paulo,

v. 1, n. 12., p. 29-37, 2006.

MOTTA, F. S. Tratamento e Disposição Final dos Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde

- RSSS. Prefeitura de São Paulo/ LIMPURB, 1996.

MOTTA, F. S., ORTH, M.H.A. Resíduos Sólidos Hospitalares – Legislação, Fontes e

Destinação Final. Revista Hosp. Adm. Saúde, São Paulo, v. 12, n.1, p. 20-24, Jan./Mar.,

1988.

MOUSINHO, Patrícia. Glossário. In: TRIGUEIRO, André (Coord.). Meio ambiente no

século 21: 21 especialistas falam da questão ambiental nas suas áreas de conhecimento. Rio

de Janeiro: Sextante, 2003. p. 333 – 367.

NHAMBA, L. A. Acidentes ocupacionais com material biológico entre profissionais de

enfermagem em um hospital de angola. 2004. 117 f. Dissertação (Mestrado em

Enfermagem) Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo,

São Paulo, 2004.

NASCIMENTO et al. Ocorrência de bactérias clinicamente relevantes nos resíduos de

serviços de saúde em um aterro sanitário brasileiro e perfil de susceptibilidade a

antimicrobianos. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 42, n. 4, p. 415-

419, Jul/Ago., 2009.

OLIVEIRA. João Cândido. Segurança e saúde no trabalho: uma questão mal compreendida.

São Paulo. Perspec. vol.17 no.2 São Paulo Apr./June 2003. Disponível em:

<http://www.scielo.br>. Acesso em: 02 Mar., 2010.

OROFINO, F. V. G. Aplicação de um sistema de suporte multicritério – saaty for windows

– na gestão de resíduos sólidos de serviços de saúde – caso do Hospital Celso Ramos. 1996,

175p.. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Avaliação e de Inovação Tecnológica) -

Universidade Federal de Santa Catarina, Santa Catarina, 1996.

OPPERMANN, M; PIRES, L.C. Manual de biossegurança para serviços de saúde. Porto

Alegre: PMPA/SMS/CGVS. 2003.

PEREIRA, R. de L. Lixo Hospitalar: a polêmica de seu tratamento e disposição. Rev.

Limpeza Pública da ABLP, n. 39, pp. 4-6, Set/Out/Nov, 1992.

105

PETRANOVICH, J. Minimization environmental effects from medical waste. Packaging

of Health-care: Devices and Products, 1991.

PINHO, Márcia Cristina Gomes. Trabalho em equipe de saúde: limites e possibilidades de

atuação eficaz. Ciência & Cognição, v. 8, p. 68 – 87, 2006. Disponível em:

<http://www.cienciasecognicao.org/pdf/v08/m326103.pdf>. Acesso em: 09 Nov. 2009.

PINTO, M. S. A coleta e a disposição de lixo no Brasil. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio

Vargas, 1979. 227p.

PRIM, Maria Benedita da Silva. Análise do desperdício de partes vegetais consumíveis. 2003,

113 f. Dissertação ( Mestrado em Engenharia de Produção) - Universidade Federal de Santa

Catarina, Florianópolis, 2003. Disponível em:

<http://www.fiec.org.br/iel/bolsaderesiduos/Teses/tese5.pdf>. Acesso em: 23 Abr. 2009.

PRZEWORSK, A. et al. Democracia e cultura: uma visão não culturalista. Lua Nova, n. 58,

p. 9, 2003.

RAPPARINI, C. et al. Occupational exposures to bloodborne pathogens among healthcare

workers in Rio de Janeiro, Brazil. Online Journal of Hospital Infection, v. 65, p. 131-

137, 2007. Disponível em: <www.elsevierhealth.com/ journals/jhin>. Acesso em:

21 Jan., 2010.

REGO, R. C. E. Planos de Gerenciamento e Formas de Tratamento de Resíduos de

Serviços de Saúde. Mimeo, 1994.

REIS, F. W. Democracia, igualdade e identidade. In: FUKS, M.; PERISSINOTO, R. M.

(Org.). Democracia: teoria e prática. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2002. p. 67.

REIS, J. F. B. et al. Trabalho e distúrbios psíquicos em professores da rede municipal de

Vitória da Conquista, Bahia. Cadernos de Saúde Pública. Rio de Janeiro, v. 21, n. 5, pp.

1480–1490, Set./Out., 2005.

RIOS. C. M. Lixo E Cidadania: Um Estudo sobre Catadores de Recicláveis em Divinópolis

– MG. Fundação Educacional de Divinópolis / Universidade do Estado de Minas Gerais.

(s/d). Divinópolis. Disponível em: <http://www.funedi.edu.br/mestrado>. Acesso em: 23 set.

2008.

RISSO. W. M. Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde: a caracterização como

instrumento básico para abordagem do problema. 1993, 163p. Dissertação - Departamento de

106

Saúde Ambiental, Faculdade de Saúde Publica, Universidade de São Paulo - USP, São Paulo,

1993.

RODRIGUES, A. M. Produção e consumo no espaço: problemática ambiental urbana. São

Paulo: Hucitec, 1998. 57p.

RODRIGUES et al. Infecções hospitalares: prevenção e controle. São Paulo: Sarvier, 1997.

669p.

ROSSEAU, J. J. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os

homens. Brasília: Universidade de Brasília, 1981. 190p.

RUIZ, M.T.; BARBOZA, D. B.; SOLER, Z. A. S. G. Acidentes de trabalho: um estudo sobre

esta ocorrência em hospital geral. Arquivos de Ciências da Saúde, São José do Rio Preto, v.

11, n.4. p.219-224.

RUTALA,W. A, MAYHALL, C. G. Medical waste: SHEA position paper. Infect Control

Hosp Epidemiol. , v.13, n.1, pp. 38- 48, 1992.

SANTOS, E. A. V. Biossegurança: conhecimento, acidentes e cobertura vacinal entre

enfermeiras. 2003. 161 f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Escola Paulista de

Medicina, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, 2003.

SARQUIS, L. M. M.; FELLI, V. E. A. O uso dos equipamentos de proteção individual entre

os trabalhadores de enfermagem acidentados com instrumentos perfurocortantes. Rev. Bras.

Enferm., Brasília, v. 53, n. 4, p. 564-573, Out./Dez., 2000.

SARQUIS, L. M. M. et al. A adesão ao protocolo de monitoramento dos trabalhadores

de saúde após exposição a fluídos biológicos: uma problemática vivenciada em um

ambulatório de saúde do trabalho do Paraná. Cogitare Enferm., v. 10, n. 2, p. 47-53,

mai./ago. 2005.

SCHALCH, V.; ANDRADE, J. B. L. Gerenciamento de resíduos de serviços de saúde.

Fortaleza: CVS, 1995.

SCHNEIDER, Vânia E. et al. Manual de gerenciamento de resíduos sólidos. São Paulo:

CLR Balieiro, 2004. 173p.

107

SÊCCO, I. A. O. et al. Epidemiologia dos acidentes de trabalho com material biológico

na equipe de enfermagem de hospital público do Paraná. UNOPAR. Cient. Ciênc. Biol.

Saúde, Londrina, v. 4, n. 1, p. 37-43, out. 2002.

SERRES, M. O contrato natural. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1991. 142p.

SILVA, I. F. M. Gerenciamento no centro cirúrgico, central de material e centro de

recuperação anestésica de um hospital do interior paulista. 2004, 107p. Tese (Doutorado

em Enfermagem Interunidades) – Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de

São Paulo, Ribeirão Preto, 2004. Disponível em: <http://www.usp.br>. Acesso em: 20 Abr.,

2005.

SIVIERRI, L. H., Saúde no trabalho e mapeamento de riscos. In: _________. Saúde, Meio

Ambiente e Condições de Trabalho - Conteúdos Básicos para uma Ação Sindical. São

Paulo: Central Única dos Trabalhadores/Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e

Medicina no Trabalho, 1995.

SHIMIZU, H. E.; RIBEIRO, E. J. G.; Ocorrência de acidentes de trabalho por materiais

perfurocortantes e fluidos biológicos em estudantes e trabalhadores da saúde de um hospital

escola de Brasília. Rev. Esc. Enferm. USP, São Paulo, v. 36, n. 4, p. 367-375, 2002.

SOAREZ DE OLIVEIRA, Ana Maria. Relação homem/natureza no modo de produção

capitalista. Scripta Nova, Universidade de Barcelona, v. 6, n. 119, 2002. Disponível em:

<http://www.ub.es/geocrit/sn/sn119-18.htm>. Acesso em: 03 Abr. 2009.

SOARES, A. P. M.; GRIMBERG, E. Coleta Seletiva e o Princípio dos 3Rs -

Desenvolvimento Urbano. Dicas N° 109,1998. Disponível em: <

http://federativo.bndes.gov.br/dicas/ >. Acesso em: jul. 2006. USP, 2001.

SOBRAL, H. R. O meio ambiente e a cidade de São Paulo. São Paulo: Makron Books,

1996. p. 55–74.

SOUZA, M. Acidentes ocupacionais e situação de risco para a equipe de enfermagem:

um estudo em cinco hospitais do município de São Paulo. 1999, 163p. Dissertação (Mestrado

em Enfermagem) – Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, São Paulo, 1999.

STEDILE et al. Sistematização de fontes geradoras de resíduos sólidos de serviços de saúde

como subsídio para proposição de programas de gerenciamento em estabelecimentos de

assistência primária e secundária. In: IX SILUBESA – SIMPÓSIO LUSO-BRASILEIRO

DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL, 9, 2000, Porto Seguro/Ba. Anais...

Porto Seguro: ABES, 2000. p.1.477-1.486.

108

SURESH, V.S. Uncrupulous trade in needls for reuse. In: TAKAYANAGUI. A.

Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde. São Paulo: Manole, 2005. cap. 9. p.

323-374.

TAKAYANAGUI, A.M.M. Trabalhadores de saúde e meio ambiente: ação educativa do

enfermeiro na conscientização para gerenciamento de resíduos sólidos. 1993, 178 f. Tese

(Doutorado em Enfermagem Interunidades) Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto,

Universidade de São Paulo -USP, Ribeirão Preto, São Paulo, 1993.

________. Gerenciamento de resíduos de serviço de saúde. In: PHILLIPE JR. Saneamento,

saúde e ambiente: fundamentos para um desenvolvimento sustentável. São Paulo: Manole,

2005. p. 323-374.

TODOROV, Tzvetan. Memória do mal, tentação do bem: indagações sobre o século XX.

Trad. Joana Angélica D’Avila Melo. São Paulo: Arx, 2002. 143p.

TURA, B. R. Desenhos de estudos: guia para investigação em saúde. Revista do Instituto

Nacional de Cardiologia. v. 1, n. 1, 2002. Disponível em:

<http://www.incl.rj.saúde.gov.br/incl/rev_1/sumario.asp>. Acesso em: 18 mar. 2009.

TRIVIÑOS, Augusto N.S. Introdução à Pesquisa em Ciências Sociais – a pesquisa

qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987. 175p.

VARADY, R; LANKAO, P.R.; HANKINSK. Managing hazardous materials along the

US – Mexico border. Environ 2001. In: PHILIPPI Jr. A. Saneamento, saúde e ambiente. São

Paulo: Manole, 2005. cap. 9. p. 323-374.

VELLOSO et al. A coleta de lixo domiciliar na Cidade do Rio de Janeiro: Um estudo de caso

baseado na percepção do trabalhador. Rev. Ciência & Saúde Coletiva. v.3, pp.143-150,

1998.

VENDRAME, A. C. Segurança do trabalho: você só se lembra depois do acidente. RH

em Síntese. Ano V, p. 28-32. Jul/Ago 1999. Disponível em: http://www.gestaoerh.

com.br/site/visitante/artigos/legi_001.php. Acesso em: 30 ago. 2006.

WHO – World Health Organization. Management of waste from hospitals, Bergen Report.

Bergen, Jun./Jul., 1983.

ZANON, U. Riscos infecciosos imputados ao lixo hospitalar: realidade epidemiológica ou

ficção sanitária? Revista Soc Bras Med Trop. v. 23, p.163-70, 1990.

109

APÊNDICE

110

APÊNDICE A

Entrevista semiestruturada aplicada aos funcionários das instituições de saúde A e B de

Arcos - MG responsáveis pelas etapas de gerenciamento dos RSS.

Sexo: _________________________________________________________________

Idade: _________________________________________________________________

Função: ________________________________________________________________

Tempo de trabalho: _______________________________________________________

Escolaridade: ____________________________________________________________

1- Fale-me sobre o seu trabalho.

2- Quais as dificuldades encontradas?

3- Você teve algum treinamento para este tipo de trabalho?

4- Você acha que o este trabalho apresenta riscos?

5- Você recebe Equipamento de Proteção? Foi instruído em como utilizar? O uso é

obrigatório? Todos utilizam?

6- Você já sofreu algum acidente no trabalho?

7- Você já teve alguma doença depois que começou a trabalhar com esse material? Caso

positivo, você acha que esta doença poderia estar relacionada com o seu trabalho?

8- Quando você tem algum problema de saúde, busca tratamento? Caso afirmativo, qual o

tipo?

111

9- Você realiza exames de saúde periódicos?

10- Você tomou alguma vacina depois que começou a trabalhar na coleta? Caso positivo,

quais?

11- Você acha adequada a forma como é tratado o lixo hospitalar?

112

APÊNDICE B

Entrevista semiestruturada aplicada aos Gestores e Enfermeiros das instituições de

saúde A e B do município de Arcos - MG

Sexo: _________________________________________________________________

Idade: _________________________________________________________________

Função: _______________________________________________________________

Tempo de trabalho: ______________________________________________________

Escolaridade: ___________________________________________________________

1- Os funcionários recebem orientação, treinamento ou educação continuada para o manuseio

dos resíduos gerados na instituição? Se afirmativo, como é feita essa orientação ou

treinamento? A educação continuada é realizada regularmente?

2- Existe algum Manual ou Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde o que

para se manejar ou cuidar dos resíduos gerados nessa instituição?

3- Já ocorreu algum tipo de acidente de trabalho com os RSS? Em caso positivo, descreva

como ocorreu (am) o (s) acidente de trabalho e quais procedimentos realizados após o

acidente?

4- Como é realizado o registro de acidentes de trabalho envolvendo profissionais que

manuseiam os resíduos?

5- São utilizados equipamentos de proteção individual (EPI’s) quando do manejo dos resíduos

em todas as etapas? Quais?

6- É feita a verificação do cartão de vacina dos funcionários? Quem realiza a verificação?

Qual a frequência?

7- Você tem conhecimento das responsabilidades imputadas aos gestores desde a geração dos

resíduos infectantes, perfurantes e cortantes da geração até o seu destino final?

113

ANEXOS

114

ANEXO A

GRUPO A: Resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por suas

características, podem apresentar risco de infecção. Subdivide-se em:

Grupo A1

- Culturas e estoques de microrganismos;

- Resíduos de fabricação de produtos biológicos, exceto os hemoderivados;

- Descarte de vacinas de microrganismos vivos ou atenuados;

- Meios de cultura e instrumentais utilizados para transferência, inoculação ou mistura de

culturas;

- Resíduos de laboratórios de manipulação genética;

- Bolsas transfusionais contendo sangue ou hemocomponentes rejeitadas por contaminação,

por má conservação com prazo de validade vencido, ou oriundas de coleta incompleta;

- Sobras de amostras de laboratório, de recipientes e materiais resultantes do processo de

assistência à saúde, contendo sangue ou líquidos corpóreos na forma livre.

Grupo A2

- Carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais submetidos

a processos de experimentação com inoculação de microrganismos, bem como suas forrações

e os cadáveres de animais suspeitos de serem portadores de microrganismos de relevância

epidemiológica e com risco de disseminação, que foram submetidos ou não a estudo anátomo-

patológico ou confirmação diagnóstica.

Grupo A3

- Peças anatômicas (membros) do ser humano e produtos de fecundação sem sinais vitais,

com peso menor que 500 gramas ou estatura menor que 25 centímetros ou idade gestacional

menor que 20 semanas, que não tenham valor científico ou legal e não tenha havido

requisição pelo paciente ou familiares.

Grupo A4

- Kits de linhas arteriais, endovenosas e dialisadores, quando descartados;

- Filtros de ar e gases aspirados de área contaminada, membrana filtrante de equipamento

médico-hospitalar e de pesquisa, entre outros similares;

- Sobras de amostras de laboratório e seus recipientes contendo fezes, urina e secreções,

provenientes de pacientes que não contenham e nem sejam suspeitos de conter agentes Classe

de Risco 4, e nem apresentem relevância epidemiológica e risco de disseminação, ou

microrganismo causador de doença emergente que se torne epidemiologicamente importante

115

ou cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido ou com suspeita de contaminação com

príons;

- Resíduos de tecido adiposo proveniente de lipoaspiração, lipoescultura ou outro

procedimento de cirurgia plástica que gere este tipo de resíduo;

- Recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, que não contenha

sangue ou líquidos corpóreos na forma livre;

- Peças anatômicas (órgãos e tecidos) e outros resíduos provenientes de procedimentos

cirúrgicos ou de estudos anátomo-patológicos ou de confirmação diagnóstica.

Grupo A5

- Órgãos, tecidos, fluidos orgânicos, materiais perfurocortantes ou escarificantes e demais

materiais resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com suspeita ou certeza de

contaminação com príons.

GRUPO B: Resíduos contendo substâncias químicas que podem apresentar risco à

saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de

inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade, tais como:

- Produtos hormonais e produtos antimicrobianos, citostáticos, antineoplásicos,

imunossupressores, digitálicos, imunomoduladores; antirretrovirais, quando descartados por

serviços de saúde, farmácias, drogarias e distribuidores de medicamentos ou apreendidos e os

resíduos e insumos farmacêuticos dos medicamentos controlados pela Portaria MS 344/98 e

suas atualizações.

- Resíduos de saneantes, desinfectantes, resíduos contendo metais pesados, reagentes para

laboratório, inclusive os recipientes contaminados por estes;

- Efluentes de processadores de imagem (reveladores e fixadores);

- Efluentes dos equipamentos automatizados utilizados em análises clínicas;

- Demais produtos considerados perigosos, conforme classificação da NBR 10.004 da ABNT

(tóxicos, corrosivos, inflamáveis e reativos).

GRUPO C: Quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham

radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de isenção especificados nas

normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e para os quais a

reutilização é imprópria ou não prevista.

116

-Enquadram-se neste grupo os rejeitos radioativos ou contaminados com radionuclídeos

provenientes de laboratórios de análises clínicas, serviços de medicina nuclear e radioterapia,

segundo a resolução CNEN-6.05.

GRUPO D: Resíduos que não apresentem risco biológico, químico ou radiológico à

saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares:

- Papel de uso sanitário e fralda, absorventes higiênicos, peças descartáveis de vestuário, resto

alimentar de paciente, material utilizado em antissepsia e hemostasia de venóclises, equipo de

soro e outros similares não classificados como A1;

- Sobras de alimentos e do preparo de alimentos;

- Resto alimentar de refeitório;

- Resíduos provenientes das áreas administrativas;

- Resíduos de varrição, flores, podas e jardins;

- Resíduos de gesso provenientes de assistência à saúde.

GRUPO E: Materiais perfurocortantes ou escarificantes, tais como: lâminas de barbear,

agulhas, escalpes, ampolas de vidro, brocas, limas endodônticas, pontas diamantadas,

lâminas de bisturi, lancetas, tubos capilares, micropipetas, lâminas e lamínulas,

espátulas, e todos os utensílios de vidro quebrados no laboratório (pipetas, tubos de

coleta sanguínea e placas de Petri), além de outros similares.

117

ANEXO B

1- Classe A - Resíduos infectantes

Esses resíduos são subdivididos em diferentes tipos conforme segue:

- Tipo A.1 – Biológicos: cultura, inóculo, mistura de microrganismos e meio de cultura

inoculado proveniente de laboratório clínico ou de pesquisa, vacina vencida ou inutilizada,

filtro de gases aspirados de áreas contaminadas por agente infectantes e qualquer resíduo

contaminado por estes materiais;

- Tipo A.2 – Sangue e hemoderivados: Bolsas de sangue após transfusão, com prazo de

validade vencido ou sorologia positiva, amostras de sangue para análise, soro plasma e outros

subprodutos;

- Tipo A.3 – Cirúrgico, anatomopatológico e exsudato: tecido, órgão, feto, peça anatômica,

sangue e outros líquidos orgânicos resultantes de cirurgia, necropsia e resíduos contaminados

por estes materiais;

- Tipo A.4 – Perfurante e cortante: agulha, ampola, pipeta, lâmina de bisturi e vidro;

- Tipo A.5 – Animal contaminado: carcaça ou parte de animal inoculado, exposto a

microrganismos patogênicos ou portador de doença infecto-contagiosa, bem como resíduos

que tenham estado em contato com este;

- Tipo A.6 – Assistência ao paciente: secreções, excreções e demais líquidos orgânicos

procedentes de pacientes, bem como os resíduos contaminados por estes materiais, inclusive

restos de refeições.

A Classe B é composta por resíduos especiais e apresentam três tipos:

2- Classe B – Resíduos Especiais

Esses resíduos estão subdivididos em três tipos:

- Tipo B.1 – Rejeito radioativo: Material radioativo ou contaminado, com radionuclídeos

proveniente de laboratório de análises clínicas, serviços de medicina nuclear e radioterapia;

- Tipo B.2 – Resíduo Farmacêutico: Medicamento vencido, contaminado, interditado ou não

utilizado;

- Tipo B.3 – Resíduo químico perigoso: Resíduo tóxico, corrosivo, inflamável, explosivo,

reativo, genotóxico ou mutagênico conforme NBR 10.004/2004.

118

3- Classe C – Resíduo Comum

Todos aqueles que não se enquadram nos tipos A e B e que, por sua semelhança

aos resíduos domésticos, não oferecem risco adicional à saúde pública, por exemplo, resíduo

da atividade administrativa, dos serviços de varrição e limpeza de jardins e restos alimentares

que não entraram em contato com pacientes.

119

ANEXO C

OBSERVAÇÃO SISTEMÁTICA

Observação sistemática do manejo dos RSS nas instituições de saúde A e B, aspectos

técnico-operacionais.

Data: __________________ Local: ________________________________________

1 – Observação geral das unidades na A e no B e classificação das mesmas em relação à

Resolução CONAMA 358 de 04 de maio de 2005 (BRASIL, 2005) e a ANVISA RDC Nº 306

(ANVISA, 2004), crítica, de acordo com o tipo de resíduo gerado nessas unidades.

2 – Observação do manejo dos RSS do hospital, seu fluxo de operações e a verificação da

existência ou não da necessidade de mudanças em algumas operações ou em todas,

considerando os aspectos técnico-operacionais e os recursos humanos capacitados para

execução, supervisão e gerenciamento do manejo dos RSS do hospital. Para tal, utilizou-se o

roteiro a seguir:

Roteiro para observação do manejo dos RSS nas instituições A e B.

I – SISTEMA DE MANEJO DOS RSS EM RELAÇÃO À GERAÇÃO DOS MESMOS

NAS INSTITUIÇÕES A E B.

1. Prática de segregação dos RSS na A e no B_____________________.

2. Momento em que se realiza a segregação: _______________________________________.

3. Estimativa da geração de RSS na A e no B:

[ ] Kg/dia: _________________________________________________________________.

[ ] desconhecida

4. Recipientes e realização de algum tratamento: ___________________________________.

5. Habilidades, segurança dos trabalhadores nas operações do manuseio dos RSS:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________.

120

II – SISTEMA DE MANEJO DOS RSS EM RELAÇÃO AO ACONDICIONAMENTO

E ARMAZENAMENTO DOS MESMOS NAS INSTITUIÇÕES A E B.

1. Local das instituições A e B onde são armazenados os RSS:

_____________________________________________________________________.

2. Utilização de sacos para a embalagem dos resíduos:

[ ] Sim [ ] Não

3. Tipo de material dos sacos: __________________________________________________.

4. Fechamento e lacramento: ___________________________________________________.

5. Utilização de recipientes para armazenar os resíduos:

[ ] Sim [ ] Não

6. A cobertura dos recipientes é de:

[ ] 100% [ ] entre 70% e 100% [ ] entre 50% e 70%

7. Tipo de material do recipiente:

[ ] plástico resistente [ ] metal [ ] papelão [ ] madeira [ ] outros

8. Realização do acondicionamento e armazenamento seletivo para os resíduos perigosos:

___________________________________________________________________________.

9. Recursos humanos qualificados: ______________________________________________.

III – SISTEMA DE MANEJO DOS RSS EM RELAÇÃO À COLETA E

TRANSPORTE INTERNO DOS MESMOS NAS INSTITUIÇÕES A E B.

1. Planejamento coleta interna: _________________________________________________.

2. Forma de transporte:

[ ] carrinho com tampa? [ ] Sim [ ] Não

[ ] carrinho com tampa e freio? [ ] Sim [ ] Não

[ ] tubo de queda

[ ] manual

[ ] outra: _______________________________________________________________.

3. Capacidade da forma de transporte: ________________________________________.

4. Realizam-se coleta e transporte seletivos para os resíduos perigosos?

[ ] Sim [ ] Não

5. Horário da coleta e transporte nas unidades da A e no B para armazenagem:

Manhã: __________h. Tarde: __________h. Noite: __________h.

121

6. Horário da coleta e transporte para destinação final na A e no B:

Manhã: __________h. Tarde: __________h. Noite: __________h.

7. Frequência da coleta:

[ ] 1 vez/turno [ ] 2 vezes/turno [ ] 1 vez/dia [ ] 2 vezes/dia

[ ] aleatória [ ] outros: ___________________________________________.

8. Recursos humanos qualificados: __________________________________________.

IV - SISTEMA DE MANEJO DOS RSS EM RELAÇÃO AO ARMAZENAMENTO

FINAL DOS MESMOS NAS INSTITUIÇÕES A E B.

1. Ambiente do armazenamento:

[ ] Unidade especial, cujas características mínimas são:

( ) instalação fechada; ( ) pontos de drenagens;

( ) superfícies lisas, resistentes à lavagem com desinfetantes e de cor branca;

( ) chão com declividade dirigida para os pontos de drenagens;

( ) ventilação artificial ou natural;

( ) portas amplas para o fluxo de carrinhos de coleta;

( ) área de lavagem de recipientes; ( ) controle de vetores;

( ) áreas para armazenar resíduos especiais; ( ) extintores;

( ) cartazes e símbolos de segurança; ( ) ralo que permite fechamento.

[ ] No chão (Ar livre)

2. A construção da armazenagem final teve como base:

[ ] manuais [ ] legislação outros: ________________________________________.

3. Capacidade de armazenamento:

[ ] geração de um dia [ ] geração de dois dias [ ] geração de três dias

4. Recipientes para o armazenamento:

[ ] tambores de 200l [ ] container de 500l [ ] outros: ________________.

5. Distância do armazenamento de resíduos às instalações da A e no B:

[ ] maior ou igual a 15m [ ] entre 10 e 15m [ ] menor ou igual a 10m

6. Distância do armazenamento de resíduos com relação à fonte ou armazenamento de água:

[ ] maior ou igual a 15m [ ] entre 10 e 15m [ ] menor ou igual a 10m

7. Localização da armazenagem final em relação à área externa:

[ ] próxima à entrada do hospital [ ] próxima ao setor de atendimento externo

122

[ ] próxima ao necrotério [ ] próxima à área final do hospital com pouca circulação de

pessoas.

8. Recursos humanos qualificados: ______________________________________________.

V - SISTEMA DE MANEJO DOS RSS EM RELAÇÃO AO TRATAMENTO DOS

MESMOS NAS INSTITUIÇÕES A E B.

1. Existência de incineração na A e no B?

[ ] Sim [ ] Não

2. Desinfecção química dos resíduos da A e no B:

[ ] Sim [ ] Não

Desinfetante utilizado: _______________________________________________________.

Concentração do desinfetante: _________________________________________________.

Método de mistura: _________________________________________________________.

Tempo de contato: __________________________________________________________.

3. Existência de tratamento dos RSS das áreas críticas da A e no B:

[ ] Sim [ ] Não

4. Existência de tratamento do chorume que surge nos locais de armazenagem:

[ ] Sim [ ] Não

VI - SISTEMA DE MANEJO DOS RSS EM RELAÇÃO À RECUPERAÇÃO DOS

MESMOS NAS INSTITUIÇÕES A E B.

1. Recuperação dos resíduos: __________________________________________________.

2. Local apropriado e seguro para recuperação:_____________________________________.

3. Comercialização dos resíduos recuperados:______________________________________.

VII - SISTEMA DE MANEJO DOS RSS EM RELAÇÃO AO TRANSPORTE DOS

MESMOS FORA DAS INSTITUIÇÕES A E B.

1. A coleta e transporte são realizados por:

[ ] Prefeitura [ ] setor privado

123

2. Tipo de veículo:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________.

3. Existência de coleta seletiva:

[ ] Sim [ ] Não

4. Medidas de segurança / trabalhador / meio ambiente:

___________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________.

5. Uso de equipamento de proteção individual e segurança:

___________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________.

6. Medidas em caso de acidente com os RSS:

___________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________.

124

ANEXO D

PARECER DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA