Resiliência: A Arte de Crescer Diante das Adversidades

por Rosana Angst Pasqualotto

"Quando os ventos da mudança sopram, algumas pessoas constroem

barreiras, outras, moinhos de vento" Érico Veríssimo.

Antes de iniciar a leitura desse texto, o convido a responder algumas perguntas sobre

a sua vida: Qual foi a situação mais difícil ou traumática que você passou até hoje? Você a

superou? Como? Quais pessoas te ajudaram na sua recuperação?

Todos esses questionamentos estão relacionados ao conceito de resiliência. Esse é um

termo emprestado da Física e das Engenharias, que significa a capacidade de um material

sofrer um impacto e voltar ao seu estado normal posteriormente. As Ciências Sociais e

Humanas entendem a resiliência como a habilidade de uma pessoa passar por uma situação

traumática e aversiva, e posteriormente superá-la, sendo capaz de crescer com ela.

O tema é recente, e ainda há muitas definições e preconceitos relacionados, pois

muitas pessoas acreditam de forma errada que ter comportamentos resilientes significa ver a

vida com um “óculos cor-de-rosa”, esquecendo ou ignorando as dificuldades inerentes da

vida. A resiliência apenas pode ser analisada se houver algum tipo de adversidade, e cada um

supera as dificuldades de uma maneira diferente.

Falar sobre resiliência envolve dois termos: a adversidade e a superação. A

adversidade envolve fatores de risco, que são situações que podem levar a uma desadaptação

ou dificuldade, podendo ser a morte de uma pessoa querida, a perda em um jogo importante,

situação de pobreza ou brigas conjugais, entre muitas outras. Já a superação envolve os

fatores de proteção, que diminuem ou amortecem o potencial negativo das adversidades.

Exemplos de fatores de proteção são as boas relações familiares, uma rede de amigos

próximos, ambiente laboral e escolar agradáveis, fazer psicoterapia, etc. É preciso ter cuidado

ao analisar os fatore de risco e proteção, pois um ambiente pode ser protetor para uma pessoa,

e para outra ser causador de dor e sofrimento. Um exemplo disso são duas crianças que

frequentam a mesma escola: uma possui muitos amigos e gosta de ir ao colégio que estuda, já

a outra não possui amigos e sofre com chacotas dos colegas de sala. O ambiente escolar é o

mesmo, mas para um pode ser um fator de proteção, e para outro um fator de risco.

É impossível não passarmos por situações adversas no decorrer das nossas vidas, mas

a forma como as encaramos e buscamos recursos para lidar com elas pode ser uma forma de

superá-las. A resiliência não é um atributo da personalidade, não nascemos com ela, ela é

aprendida e desenvolvida. Somente quando passamos por situações difíceis somos capazes de

desenvolver o comportamento resiliente. Isso não significa que é preciso passar por todas as

dificuldades sem ser afetado por elas, pelo contrário, deve-se compreender a adversidade,

analisar quais são os recursos disponíveis para lidar com ela, e se não encontrar esses

recursos, quem pode ajudar a encontrá-los.

Não há uma fórmula secreta e nem uma receita de bolo para desenvolver

comportamentos resilientes, mas há algumas práticas que podem ajudar a desenvolvê-la:

- Reconhecer suas qualidades e potencialidades, confiar em si mesmo.

- Pedir ajuda quando perceber que não consegue resolver problemas sozinho.

- Ter por perto pessoas as quais possa confiar.

- Ser grato por boas ações que outras pessoas fizeram por você.

- Se permitir ter momentos de lazer e descanso.

- Acreditar que apesar das dificuldades, tudo ficará bem.

Cada pessoa possui a sua maneira de lidar com as dificuldades, e ao conhecer a si

mesmo e as pessoas ao seu redor é possível resolver problemas de uma forma mais efetiva.

Agora voltando às questões feitas no início do texto: você apresentou

comportamentos resilientes no passado? E como a resiliência pode ser aplicada a sua vida?

Quais são os fatores de risco existentes em sua vida? Quais são os fatores de proteção a sua

disposição para superar adversidades no futuro? Espero que essa leitura o ajude a

compreender as dificuldades da vida de uma outra forma, e como é possível encontrar formas

de superá-las.

Rosana Angst Pasqualotto

Psicóloga formada pela PUCPR, especialista em Formação Pedagógica do Professor

Universitário pela PUCPR, mestra e doutoranda em Educação pela UFPR, terapeuta analista

do comportamento e professora da PUCPR.