RESISTÊNCIA POLÍTICA E CONSUMO CULTURAL MPB DOS ANOS 1970.

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RESISTÊNCIA POLÍTICA E CONSUMO CULTURAL MPB DOS ANOS 1970

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RESISTÊNCIA POLÍTICA E CONSUMO CULTURAL

MPB DOS ANOS 1970

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1959

1968

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Música que expressava um projeto de nação, fortemente influenciado pela ideologia nacional-popular e pelo ciclo de desenvolvimento industrial, especialmente a partir dos anos 1950.

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Difusão de vários estilos e gêneros musicais entre diversas classes sociais, de tal maneira que se “institucionalizou” como um centro irradiador de uma cultura que tinha alguns aspectos básicos:

Busca de uma expressão nacional genuína;

Experimentalismo estético e formal;

Ambiguidade ideológica: nacionalismo integrador e tendências críticas ou emancipatórias;

Forte impacto sobre um público cosmopolita que demandava bens culturais de forma ascendente.

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“O ouvinte padrão da MPB, jovem da classe média com escolaridade, projetou no consumo da canção as ambiguidades e valores da sua classe social.” (NAPOLITANO 2002)

A MPB foi mais que um reflexo das estruturas sociais. Foi o resultado da interação entre audiência e indústria cultural; foi polo irradiador do imaginário sociopolítico da classe média progressista diante do regime militar; foi espaço de resistência cultural e política.

“A música era um elemento de troca de mensagens e afirmação de valores, onde a palavra, mesmo sob coerção, conseguiu circular.” (NAPOLITANO 2002)

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A MPB, como produto comercial, foi prejudicada pelo regime militar, especialmente sob a liderança de Médici (1969-1974) que procurou controlar as manifestações culturais mais criativas e críticas.

MPB = BOM GOSTO MUSICAL (midicult?)

MPB = PRODUTO DE LONGA DURAÇÃO (mass cult?)

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Em um mercado de consumo interno onde o polo mais dinâmico era o setor de produtos com maior valor agregado, a indústria fonográfica procurou investir na MPB “culta” como um segmento de valor agregado maior e de consumo mais durável, ainda que vendendo menos a curto prazo.

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No segmento “popular” de consumo maior (sambão, músicas regionais, canções românticas em inglês, etc.) era mais difícil montar um catálogo “estável” de músicos e composições.

No entanto, o período entre 1969 e 1974 criou uma “demanda reprimida” de MPB de “qualidade”, pois a censura atuou energicamente (álbum de sucesso Construção de Chico em 1971 e o Chico Canta

de 1973 que foi um fracasso por conta da censura). O maior público consumidor dessa música era a classe média, especialmente os jovens universitários que consumiram avidamente a MPB depois de 1975.

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Houve investimento em compositores como Aldir Blanc, Ivan Lins, Ruy Maurity, Luiz Gonzaga Júnior, bem como nos festivais universitários organizados pela Rede Tupi (1968-72) e no programa Som Livre Exporta da Rede Globo (1971-72).

Depois de 1975, a MPB começou a dar sinais de vitalidade:-Volta de compositores exilados;- novas revelações: Ivan Lins, Fagner, Belchior, Alceu Valença, João Bosco, Elis Regina, Ney Matogrosso e Raul Seixas.- Compositores já consagrados conseguiram reverter o quadro de intensa censura como Chico Buarque com seu álbum meus caros amigos de 1976.

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Chico e Caetano juntos e ao vivo (1972)

Elys e Tom (1974)

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Organizado por Solano Ribeiro e pela Rede Globo, procurou contornar a censura e dar oportunidade para a música experimental.

Terminou com o confronto entre jurados, comissão organizadora, administradores da Rede Globo e o público.

Projetou os “malditos” (Jards Macalé, Walter Franco, Luis Melodia, Jorge Mautner) e sucessos como Raul Seixas, Fagner, Jorge Ben e Alceu Valença.

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Depois de 1976, a crescente abertura do regime militar coincidiu com a expansão da MPB. Consolidade como instituição sociocultural, a MPB delimitou espaços culturais, hierarquia de gostos, posicionamentos políticos, ao mesmo tempo que foi produto central da indústria cultural e de entretenimento nos anos seguintes.

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“Com a necessidade de rápida realização do seu produto, a indústria cultural criou uma certa indiferenciação entre fruição estética, entretenimento e formação de consciência crítica.”

Elis Regina: Transversal do tempo, Falso brilhante, Essa Mulher;João Bosco: Caça à raposa, Linha de passe e Tiro de misericórdia;Chico Buarque: Meus caros amigos; Ópera do malandro, Vida e almanaque;Milton Nascimento: Milagre dos peixes, Minas Gerais, Clube da esquina 2 e Caçador de mim.

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A MPB foi o carro-chefe da indústria cultural brasileira nos anos 1970;

Penetrou vários extratos sociais e cumpriu o importante papel de instrumento de educação sentimental e política de uma geração inteira de jovens brasileiros;

Encerrou grande paradoxo de propagar conscientização política e de servir de objeto de complexos esquemas comerciais da indústria fonográfica.

Nos anos 80 cedeu lugar ao rock nacional, mas manteve a áurea de “boa música”.