RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS: DESVENDANDO SEUS … · maquetes de uma quadra de basquete, para o estudo...
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RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS: DESVENDANDO SEUS MISTÉRIOS ATRAVÉS DA MODELAÇÃO MATEMÁTICA
Márcia Matsumoto Lima1
Amarildo de Vicente2
RESUMO: Neste estudo analisou-se a possibilidade da modelação matemática contribuir para a melhoria no ensino de matemática e, conseqüentemente, para a compreensão e resolução dos problemas. Para a realização desta análise, foi proposta a construção de maquetes de uma quadra de basquete, para o estudo de elementos geométricos relacionados à geometria plana, tais como: ponto, reta, plano, posições relativas de retas no plano, polígonos, medidas de comprimento e de superfície, teorema de Pitágoras, escala, entre outros. A proposta visou também trabalhar os aspectos históricos relacionados ao tema e à interdisciplinaridade destes conteúdos. O trabalho experimental foi desenvolvido nas 8ª séries A e B do Colégio Estadual IV Centenário - Ensino Fundamental, e avaliado através da aplicação de um questionário investigativo sobre o gosto pela disciplina, a compreensão dos problemas propostos aos alunos e o seu nível de apropriação do conhecimento. Este questionário foi aplicado antes do desenvolvimento do trabalho e repetido após sua conclusão, o que permitiu concluir que os resultados alcançados foram excelentes.
PALAVRAS-CHAVES: Modelação matemática. Resolução de problemas. Potencialização do ensino. ABSTRACT: In this study was analyzed the possibility of the mathematical modelling tocontribute for the improvement in the mathematics teaching and, consequently, for the understanding and resolution of the problems. For the accomplishment of this analysis, was proposed the construction of models of a basketball block, for the study of geometric elements related to the plane geometry, such as: point, straight line, plan, relative positions of straight line in the plan, polygons, measures of length of the surface, Pythagorean theorem, climbs, among others. The proposal also sought to work the historical aspects related to the theme and the interdisciplinarity of these contents. The experimental work was developed in the 8th grades A and B of the Public High School IV Centenário - Basic Education, and appraised through the application of a investigativequestionnaire on the taste for the discipline, the understanding of the problems proposed at the students and their level of appropriation of the knowledge. This questionnaire was applied before the development of the work and repeated after its conclusion, the one that allowed conclude that the reached results were excellent. KEYWORDS: Mathematical Modelling. Problems Resolution. Potentiality of education.
1 Pós-graduada em Ciências pela UEM e Administração, Supervisão e Orientação Educacional pela UNOPAR. Graduada em Ciências e Matemática pela FAFIU. Professora da Rede Estadual de Ensino do Estado do Paraná. 2 Prof. Dr. do Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas da UNIOESTE/Cascavel.
INTRODUÇÃO
A modelagem matemática é a arte de expressar situações-problemas do nosso dia-
a-dia através de uma linguagem matemática.
É notório o grande empecilho que, ao longo de toda a humanidade, se pôs frente à
Matemática, sempre vista como uma disciplina para poucos, um grande mistério, difícil de
entender e resolver.
Com a modernização da sociedade, os avanços tecnológicos do novo milênio
exigem dos educadores na disciplina de Matemática uma atenção especial para corrigir
este problema.
Dinamizar o processo de ensino-aprendizagem em Matemática na sala de aula
vem sendo um grande desafio. A articulação e a aplicação destes conteúdos matemáticos
junto às situações do cotidiano requerem uma estratégia no plano de ação. O trabalho
com modelação Matemática e resolução de problemas pode ser uma ferramenta útil para
que tais pretensões possam ser alcançadas.
Alguns questionamentos que podem ser feitos são: Para a formação de
estudantes, a fim de que eles alcancem uma aprendizagem mais significativa, seria
pertinente aplicar a resolução de problemas através da Modelação Matemática? Poderá
realmente ela potencializar o processo ensino-aprendizagem e despertar no aluno um
maior interesse pela Matemática?
Tentando responder a estas perguntas trabalhou-se com alunos do Ensino
Fundamental na disciplina de Matemática durante o desenvolvimento do programa PDE,
de março de 2008 a Junho de 2008, com Modelação Matemática que, embasado em
Biembengut (2006, p. 29) é definida como ”favorecimento à pesquisa e posterior criação
de modelos pelos alunos, e sem desrespeitar as regras educacionais vigentes”.
Acrescenta ainda que “a condição necessária para aplicação da modelagem no ensino-
modelação é ter audácia, grande desejo de modificar sua prática e disposição de
conhecer e aprender, uma vez que essa proposta abre caminho para descobertas
significativas”. Biembengut (2005, p. 29).
O objeto de estudo foi: trabalhar com Modelação Matemática na resolução de
problemas, além de tentar promover o espírito de cooperação entre os alunos, aguçar a
intuição, a transformação de métodos empíricos em métodos científicos, criar modelos e
potencializar o ensino de matemática tornando a aprendizagem tão agradável quanto
significativa.
Os conteúdos foram trabalhados de acordo com a modelação aplicada em cada
momento, No entanto, a problemática foi sempre de situações do cotidiano para a
construção de modelos. Nesta fase investigatória foram trabalhados os conceitos de área
de figuras planas, perímetro, formas geométricas de figuras planas, escalas e proporções.
Este trabalho foi realizado com a construção de maquetes de quadras esportivas,
utilizando os conceitos citados para a construção de cada etapa. A avaliação foi feita
antes e após a aplicação da Modelação Matemática, para analisar se houve mudanças
com a execução do Plano frente à disciplina de Matemática, e quais foram os resultados
obtidos, como uma forma de corrigir e potencializar o ensino de Matemática. Durante o 3º
período do PDE, foi implementado o Plano de Trabalho no estabelecimento de ensino
Colégio Estadual IV Centenário - EFM na 8ª série, onde foram observados os resultados
obtidos para um repensar no ensino da matemática.
PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
O ensino da Matemática nos remete a grandes preocupações, entre elas a falta de
entusiasmo por parte dos alunos, o interesse pelas aulas de matemática, a dificuldade de
compreender e utilizar os conceitos dados. Uma vez que a matemática é apresentada
quase sempre desvinculada da realidade e muito abstrata, torna-se difícil despertar o
interesse, o gosto e o prazer do aluno em aprendê-la.
Hoje, busca-se a necessidade de mudança, de proporcionar aos alunos uma nova
forma de desenvolver seu potencial através da intuição, criatividade e aplicabilidade de
seus conhecimentos. E neste sentido, a Modelação Matemática vem de encontro com a
necessidade de corrigir o problema e possibilitar aos alunos a realização de análise,
discussões, apropriação de conceitos e formulação de idéias.
De acordo com Ávila (1995, p. 4) “... a razão mais importante para justificar o
ensino de Matemática é o relevante papel que essa disciplina desempenha na construção
de todo o edifício do conhecimento humano”, e é pensando na construção desse saber
que se necessita todo o empenho dos educadores para potencializar o conhecimento de
nossos alunos.
Segundo as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná, Paraná (2006, p. 43), em
seus Encaminhamentos Metodológicos, a Modelagem Matemática “propõe a valorização
do aluno no contexto social, procura levantar problemas que sugerem questionamentos
sobre a situação da vida” podendo assim oportunizar com este Plano de Trabalho
desenvolver cidadãos mais conscientes e criativos. Segundo Biembengut:
A Modelagem Matemática no ensino pode ser um caminho para despertar no aluno o interesse por tópicos matemáticos que ele ainda desconhece, ao mesmo tempo, que aprende a arte de modelar matematicamente. Isso porque é dada ao aluno a oportunidade de estudar situações-problemas por meio de pesquisa, desenvolvendo seu interesse e aguçando seu senso crítico. (BIEMBENGUT, 2005, p. 18)
Para compreender o motivo da intervenção desta proposta no ensino fundamental
de resolução de problemas. serão descritos a seguir os conceitos de Modelação
Matemática, Modelo Matemático e Modelagem Matemática, segundo Biembengut e Hein
(2005, p. 18)
Modelação Matemática consiste em desenvolver o conteúdo programático a partir
de um tema ou modelo matemático e orientar o aluno na realização de seu próprio
modelo-modelagem.
Os objetivos são:
• Aproximar uma outra área do conhecimento da matemática;
• Enfatizar a importância da matemática para a formação do aluno;
• Despertar o interesse pela matemática ante a aplicabilidade;
• Melhorar a apreensão dos conceitos matemáticos;
• Desenvolver a habilidade para resolver problemas;
• Estimular a criatividade.
Modelo Matemático é um conjunto de símbolos e relações matemáticas que
procura traduzir de alguma forma, um fenômeno em questão ou um problema de situação
real.
E a Modelagem Matemática é o processo que envolve a obtenção de um modelo.
Este, sob certa óptica, pode ser considerado um processo artístico, visto que para se
elaborar um modelo, além de conhecimento de matemática, o modelador precisa ter uma
dose significativa de intuição e criatividade para interpretar o contexto, saber discernir que
conteúdo matemático melhor se adapta e também ter senso lúdico para jogar com as
variáveis envolvidas. Dessa forma, acredita ser a matemática aplicada o caminho para a
correção do problema.
Rodney Carlos Bassanezi, um dos responsáveis pela difusão da modelagem
matemática no Brasil diz que ela é “um novo modelo de educação menos alienado e mais
comprometido com as realidades dos indivíduos e sociedades...”além de “estabelecer
relações entre os campos da matemática e os outros, evitando reproduzir modos de
pensar estanques fracionados que, a nosso ver está o futuro da formação de novos
quadros de professores e pesquisadores prontos a enfrentar o desafio de pensar a
unidade na multiplicidade” Bassanezi (2004, p. 15).
Portanto, resolver problemas utilizando a modelação matemática é o propósito para
dinamizar e dar um novo significado ao ensino de matemática.
ELABORAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO
O Material Didático escolhido para este Plano de Trabalho foi a produção de um
OAC (Objeto de Aprendizagem Colaborativo). Este material objetiva reduzir as
dificuldades dos alunos em aprender o teorema de Pitágoras da forma convencional,
através de fórmulas, e relacioná-las às suas aplicações. Objetiva ainda dinamizar a
elaboração de aulas por parte dos professores, que poderão dispor do uso das
ferramentas que o OAC proporciona como sítios, livros, revistas, atividades entre tantos
outros. Foi proposto como problematização verificar se é possível aprender o Teorema de
Pitágoras com um quebra-cabeça.
Este tema é sem dúvidas de grande importância e ao observar ao nosso redor
pode-se perceber que quase tudo possui um ângulo, e principalmente que o mundo está
cheio de ângulos retos, como por exemplo, nas portas das casas e comércios, nas mesas
e escrivaninhas, nas vidraças, nas paredes de quase todas as construções, nas molduras
dos quadros, nos livros, nas caixas, nos móveis, nas roupas e tantas outras coisas.
A matemática sempre está presente em quase tudo em nossa vida. Ela pode
nascer da necessidade do indivíduo e, portanto, poderia ser utilizada em atividades mais
dinâmicas. Uma vez que o conhecimento humano em todas as áreas passa por contínuas
mudanças e a educação anda a passos lentos, trabalhando somente com o quadro e giz,
a demonstração do teorema de Pitágoras pode se tornar muito teórica, cansativa, não se
mostrando tão atrativa quanto às experiências vivenciadas fora da escola. Seria então
possível realizar a aprendizagem do Teorema de Pitágoras de forma mais interativa,
atrativa e lúdica?
Segundo as DCE, Paraná (2006, p. 37) “Entende-se que a valorização de
definições, as abordagens de enunciados e as demonstrações de fórmulas são inerentes
à geometria. Por isso, tais práticas devem propiciar a compreensão do objeto para além
de meras demonstrações geométricas e seus aspectos formais”.
De acordo com Imenes (1997, p. 45) “O Teorema de Pitágoras vem sendo um
instrumento extremamente útil na resolução de diversas situações que a vida nos coloca".
E apesar de seus milênios continua atual e de certa forma essencial em muitas atividades
do nosso cotidiano.
Como a modelação deste artigo trabalhou com a construção de uma planta baixa da quadra esportiva de basquete, utilizou-se das diversas ferramentas deste OAC como: vídeo, leituras e jogos interativos nos sites da internet para ajudar a compreensão do teorema de Pitágoras. Adotou-se nesta prática a concepção de Lorenzato que entende:
A proposta de ensinar aritmética, geometria e álgebra integradamente pode ser útil também para atender o currículo em espiral, que recomenda voltar ao mesmo assunto várias vezes, embora com diferentes enfoques. Para muitos alunos, essa integração pode ser um apoio para a aprendizagem, pois facilita a percepção do significado de conceitos e símbolos. (LORENZATO, 2006, p. 70).
IMPLEMENTAÇÃO DA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO NA ESCOLA
Para desenvolver este plano de implementação escolheu-se a 8ª série A do turno
matutino e 8ª série B do turno vespertino do Ensino Fundamental, turmas da mesma
série, porém bastante heterogêneas no âmbito comportamental, pois uma turma era
comportada e menos numerosa e a outra numerosa e totalmente indisciplinada.
Acreditava-se que com a turma comportada o trabalho fluísse mais facilmente, porém
houve muitas surpresas no decorrer da intervenção. A opção por trabalhar com turmas
tão distintas foi o desafio inicial da proposta de mudança e melhora no ensino destas
salas.
Para trabalhar com modelagem escolheu-se construir a maquete de uma quadra de
basquete, pesquisando o seu contexto histórico, teórico-prático, suas formas geométricas,
cálculo de perímetro e área, transformação de medidas e consequentemente como
resolver a problemática da construção da maquete.
Antes de iniciar o trabalho fez-se necessário conhecer melhor os alunos, seu interesse
pela disciplina, suas preferências, dificuldades, opiniões, seus conhecimentos
geométricos, aritméticos e algébricos e para que fosse possível obter estas informações
aplicou-se um questionário investigativo. Neste questionário investigativo procurou-se
descobrir o nível de acertos e erros em cada questão, o nível de interesse dos alunos
pelos estudos, a disciplina de sua preferência , como preferem ser avaliados, suas
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
1
O que poderia melhorar nas aulas de Matemática?
Silêncio
Trabalhos
Mais tarefas
Nada
Aluno explciar
Aulas diferentes
Não opinou0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
1
O que poderia melhorar nas aulas de Matemática?
Silêncio
Trabalhos
Mais tarefa
Nada
Aluno explicar
Não opinou
Aulas diferentes
84,00%
16,00%
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
Sim Não
Se você pudesse optar pelas disciplinas estudadas na sua escola, escolheria entre elas a
Matemática?
92,20%
7,68%
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
Acerto Erro
O que são retas paralelas?
principais dificuldades frente à disciplina de matemática, o nível de conhecimento
matemático antes e após a aplicação da modelação. A seguir são apresentados alguns
dos itens do questionário aplicado, bem como os resultados obtidos antes e após a
realização do trabalho.
QUESTIONÁRIO DIAGNÓSTICO - Série: 8ª A
1) Pense e responda:
a) Em sua opinião, o que poderia melhorar nas aulas de Matemática de sua turma para torná-las mais interessantes?
Antes da Implementação PDE: Após a Implementação PDE:
b) Se você pudesse optar pelas disciplinas estudadas na sua escola, escolheria entre
elas a Matemática? Justifique. Antes da Implementação PDE: Após a Implementação PDE:
71,42%
28,58%
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
Sim Não
Se você pudesse optar pelas disciplinas estudadas na sua escola, escolheria entre elas a
Matemática?
2) O que são retas paralelas?
Antes da Implementação PDE: Após a Implementação PDE:
3) Esta figura é um retângulo? Justifique.
0,00%
92,85%
7,15%
0,00%20,00%40,00%60,00%80,00%
100,00%
Acerto Erro Nãoopinou
O que são retas paralelas?
84,50%
15,00%
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
Acerto Erro
Esta figura é um retângulo?
96,00%
4,00%
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
Acerto Erro
Qual é a diferença entre círculo e circunferência?
92,30%
7,70%
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
Acerto Erro
O que se entende por quadrilátero?
80,70%
19,30%
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
Acerto Erro
O losango é um quadrilátero?
64,29%
35,71%
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
Acertou Errou
O que se entende por quadrilátero?
estudar é
estudar é
Antes da Implementação PDE: Após a Implementação PDE:
10,71%
89,29%
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
Sim Não
Esta figura é um retângulo?
estudar é
estudar é
4) Qual é a diferença entre círculo e circunferência? Antes da Implementação PDE: Após a Implementação PDE:
0,00%
100,00%
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
Acertou Errou
Qual é a diferença entre círculo e circunferência?
estudar é
estudar é
5) O que se entende por quadrilátero? Dê exemplos. Antes da Implementação PDE: Após a Implementação PDE:
6) O losango é um quadrilátero? Explique. Antes da Implementação PDE: Após a Implementação PDE:
QUESTIONÁRIO DIAGNÓSTICO - Série: 8ª B
1) Pense e responda:
a) Em sua opinião, o que poderia melhorar nas aulas de Matemática de sua turma para torná-las mais interessantes?
32,15%
67,85%
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
Acertou Errou
O losango é um quadrilátero?
estudar é
estudar é
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
1
O que poderia melhorar nas aulas de Matemática?
Nada
Geometria
Tarefas fáceis
Trabalhos
Atividades lúdicas
Mais exercícios
Silêncio
Uso da Calculadora
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
1
O que poderia melhorar nas aulas de Matemática?
Nada
Geometria
Tarefas fáceis
Trabalhos
AtividadeslúdicasMais exercícios
Silêncio
Uso dacalculadora
80,00%
15,00% 5,00%
0,00%
50,00%
100,00%
Sim Não Talvez
Se você pudesse optar pelas disciplinas estudadas na escola, escolheria entre elas a
Matemática?72,00%
6,00%
22,00%
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
Sim Não Talvez
Se você pudesse optar pelas disciplinas estudadas na sua escola, escolheria entre elas a
Matemática?
5,00%
95,00%
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
Acerto Erro
O que são retas paralelas?
94,00%
6,00%
0,00%
20,00%
40,00%60,00%
80,00%
100,00%
Acerto Erro
O que são retas paralelas?
0,00%
100,00%
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
Sim Não
Esta figura é um retângulo?
67,00%
33,00%
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
Acerto Erro
Esta figura é um retângulo?
Antes da Implementação PDE: Após a Implementação PDE:
b) Se você pudesse optar pelas disciplinas estudadas na sua escola, escolheria entre
elas a Matemática? Justifique.
Antes da Implementação PDE: Após a Implementação PDE:
2) O que são retas paralelas?
Antes da Implementação PDE: Após a Implementação PDE:
3) 3) Esta figura é um retângulo? Justifique.
Antes da Implementação PDE: Após a Implementação PDE:
0,00%
100,00%
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
Acerto Erro
Qual a diferença entre círculo e circunferência?100,00%
0,00%0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
Acerto Erro
Qual a diferença entre círculo e circunferência?
40,00%60,00%
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
Acerto Erro
O que se entende por quadrilátero?100,00%
0,00%0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
Acerto Erro
O que se entende por quadrilátero?
45,00% 55,00%
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
Acerto Erro
O losango é um quadrilátero?77,00%
22,00%
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
Acerto Erro
O losango é um quadrilátero?
4) Qual é a diferença entre círculo e circunferência?
Antes da Implementação PDE: Após a Implementação PDE:
5) O que se entende por quadrilátero? Dê exemplos.
Antes da Implementação PDE: Após a Implementação PDE:
6) O losango é um quadrilátero? Explique.
Antes da Implementação PDE: Após a Implementação PDE:
Segundo Lorenzato:
... para aproveitar a vivência do aluno, é preciso conhecê-lo. Isto significa saber se ele está em condições de aprender, isto é, conhecer seu estágio de desenvolvimento físico, cognitivo, psicológico e social, o que nos remete ao Principio 5 – auscultar o aluno. (LORENZATO, 2006, p. 24)
Na primeira aplicação do questionário para a 8ª A, de acordo com as respostas
obtidas pode-se concluir que os alunos, em sua maioria, procuram a escola para
conseguir futuramente um emprego, consideram sua turma indisciplinada, gostariam de
ser avaliados por trabalhos, estudam matemática porque acham importante, sentem
dificuldades nas regras e nas quatro operações e a indisciplina dos alunos atrapalha a
aprendizagem. Quanto a sua opinião de como melhorar as aulas, citam a necessidade de
silêncio e de aulas diferentes das convencionais. Questionados sobre quais conteúdos
consideram mais importantes, a grande maioria respondeu que todos são importantes e
as demais alternaram em frações, raiz quadrada e as quatro operações. Também foram
pedidas algumas questões abertas sobre a diferença entre centímetro e centímetro
quadrado, círculo e circunferência, retas paralelas, quadriláteros, entre outros. Percebeu-
se então que o nível de acertos nestas questões foi em média de 20%.
A aplicação do primeiro questionário na 8ª B mostrou que os alunos, em sua
maioria, também buscam a escola para obter um emprego, consideram a sala organizada,
preferem ser avaliados por trabalhos e provas, acham a matemática importante para o
seu dia-a-dia sentem dificuldades em fazer operações e trabalhar com álgebra. Para
melhorar as aulas de matemática preferem atividades lúdicas e trabalhos. Os conteúdos
considerados mais importantes são: as quatro operações, potenciação e radiciação.
Nesta turma também se fez as mesmas questões abertas de conhecimento matemático
citados acima e percebeu-se que o nível de acertos foi em média de 19%. Notou-se que
em ambas as turmas o nível de conhecimento geométrico era muito baixo, necessitando
de uma significativa melhora antes da aplicação da proposta.
Para Lorenzato:
O sucesso ou o fracasso dos alunos diante da matemática depende da relação estabelecida desde os primeiros dias escolares entre a matemática e os alunos. Por isso, o papel que o professor desempenha é fundamental na aprendizagem dessa disciplina, e a metodologia de ensino por ele empregada é determinante para o comportamento dos alunos. (LORENZATO, 2006, p.01)
Em busca de conhecer melhor as turmas, as suas angústias sobre a matemática e
as suas frustrações, pediu-se aos alunos que desenhassem, em uma folha de sulfite, uma
cena de sala de aula que para eles fosse significativa, marcante, focando identificar
problemas que a matemática ao longo dos anos pudesse ter deixado, contribuindo para
bloquear um desempenho satisfatório na implementação. Percebeu-se que muitos alunos
que eram tímidos, que quase nunca se manifestavam em sala de aula, o fizeram
desenhando e escrevendo um pouco daquilo que mais os incomodavam nas aulas de
matemática. Alguns fatores observados foram:
� Fazer prova sem entender a matéria;
� Não entender a explicação;
� Dificuldade em aprender geometria;
� Dificuldade na resolução de problemas;
� Dificuldade em propriedade dos radicais;
� Professor e alunos vistos como inimigos;
� Ódio da matemática;
� Aluno sem respeito algum pelo professor;
� Dificuldade de aprendizagem;
� Indisciplina;
� Exercícios sem ligação com a realidade;
� As aulas não chamam a atenção do aluno e os alunos deixam o professor falando
sozinho;
� Desinteresse pela matemática.
Foi a partir da aplicação do 1º questionário, dos desenhos, dos depoimentos dados
pelos alunos e de debates, que se fez um planejamento de como e o que abordar neste
trabalho de implementação.
Os alunos das 8as séries são adolescentes na faixa etária de 13 a 17 anos sempre
inquietos, inconformados e dinâmicos. Vivem à procura do novo, não se sentem
contentes em receber as informações de forma tão maçante, mas gostam e podem
aprender rapidamente fazendo. Acredita-se na concepção de Lorenzato que a prática
pedagógica pode ser melhorada segundo o qual diz que:
Não há professor que não tenha recebido de seus alunos perguntas do tipo: “onde vou aplicar isso?”, “quando usarei isso?”, “por que tenho que estudar isso?”. A freqüência com que tais questões são apresentadas pelos alunos em sala de aula mostra o clamor deles por um ensino de matemática mais prático do que aquele que têm recebido. Tal pedido é plenamente justificável, pois quem de nós se sente bem fazendo algo sem saber por que o faz? (LORENZATO, 2006, p. 53)
A Modelação Matemática propõe-se auxiliar esses jovens alunos a aprender
matemática ativamente construindo esse saber.
Para iniciar este trabalho de Modelação, os alunos dividiram-se em equipes de 4 a
5 membros e pesquisaram sobre a história do basquete, sua origem, seu inventor, suas
regras, seus objetivos, quando veio para o Brasil, dimensões da quadra, quando foi
inventado e as medidas da quadra atual, verificando também o tamanho da quadra do
colégio. Os alunos utilizaram sites e livros para realizar o trabalho escrito, e em seguida
estudaram e discutiram a pesquisa, apresentando o seu trabalho para a sala. O
interessante é que os alunos perceberam os pontos em comum e acrescentaram detalhes
que outros não haviam citado. Cada equipe queria sair melhor que a outra. Percebeu-se
também um certo nervosismo, por não estarem habituados a falar nos seus trabalhos.
Conforme Sadovsky:
Desafiar um aluno significa propor situações que ele considere complexas, mas não impossíveis. Trata-se de gerar nele uma certa tensão, que o anime a ousar, que o convide a pensar, a explorar, a usar conhecimentos adquiridos e a testar sua capacidade para a tarefa que tem em mãos. Trata-se, ainda, de motivá-lo a interagir com seus colegas, a fazer perguntas que lhe permita avançar... ao lançar o desafio, sem dúvida, acreditar no potencial dos alunos, mas essa crença não pode ser inventada. Tem de estar respaldada em conhecimentos que possibilitem refletir sobre qual será o ponto de partida para a atuação. (SADOVSKY, 2007, p.14)
Como na aplicação do questionário, notou-se uma grande falta de conhecimento
geométrico. Iniciou-se então o trabalho de retomada de conteúdos como: círculo,
circunferência, diâmetro, raio, perímetro da circunferência e área do círculo, definição, sua
história e aplicabilidade no nosso cotidiano. No pátio do colégio e também em suas casas
os alunos mediram com um barbante e uma fita métrica vários objetos circulares de
diversos tamanhos. Ao retornar à sala construiu-se uma tabela colocando o seu perímetro
e o seu diâmetro. Após todos terem colocado as medidas dos seus objetos utilizou-se a
fórmula comprimento/diâmetro e observou-se que os resultados sempre ficaram próximos
a 3,14 e discutindo-se assim o surgimento do Pi. Assistiram a um vídeo com a
demonstração deste resultado e utilizaram-se de alguns materiais como: compasso,
transferidor, régua, barbante e outros objetos da sala de aula para a construção de uma
circunferência, ajudando-os a pensar e buscar saídas alternativas para chegar ao objetivo
proposto. De acordo com Lorenzato:
A experimentação facilita que o aluno levante hipóteses, procure alternativas, tome novos caminhos, tire dúvidas e constate o que é verdadeiro, válido, correto ou solução. Experimentar é valorizar o processo de construção no saber em vez do resultado dele, pois, na formação do aluno, mais importante que conhecer a solução é saber como encontrá-la. Enfim, experimentar é investigar. (LORENZATO, 2006, p. 72)
Procurou-se neste conteúdo lançar os primeiros problemas desafios. Um dos
escolhidos, que se encontra em Mori e Onaga (2006, p. 91) propõe a tentativa de
solucionar o problema de Babucha e seu pasto, uma cabra que está amarrada num canto
de um barracão de base retangular. Ela precisa esticar a corda para pastar na melhor
parte do terreno. O problema propõe que: se o barracão tem 5 m por 4 m e a corda tem 6
m, qual é a área aproximada que Babucha (a cabra) poderá pastar?
Para que todos os alunos pudessem pensar, argumentar e encontrar uma solução,
criou-se um “cantinho do desafio” que ficaria presente o tempo todo na sala. Percebeu-se
que os alunos tendem sempre a querer utilizar todos os números que aparecem no
problema, não considerando muito o que o problema está perguntando. É como se,
condicionados a resolver exercícios repetitivos, ligassem o piloto automático e
resolvessem sem interpretar, chegando a inúmeras respostas incorretas. Intrigados e
inconformados em não conseguir resolver, alguns alunos perguntaram a seus familiares,
porém também não obtiveram êxito. Na próxima aula leram várias vezes, discutiram as
possibilidades, fizeram simulações de como a cabra poderia chegar ao pasto verde e, a
partir das idéias que foram surgindo, conseguiram relacionar o conteúdo relativo à área de
círculo ao problema proposto, encontrando sua solução. E assim foram se familiarizando
com os problemas similares e de um grau maior de dificuldades. Conforme Sanny:
...o caminho da aprendizagem começa com uma dificuldade (problema) e com a necessidade de resolvê-la. Da percepção das insuficiências de respostas do próprio sujeito, desencadeia-se um movimento de busca de novas soluções (conflito cognitivo) no mundo externo. A partir daí entram em ação uma série de operações mentais que visam voltar ao estado de equilíbrio (conhecimento) nas quais hipóteses são formuladas, testadas e revisadas tantas vezes quantas necessárias até o entendimento. (SANNY, 1997, p. 49)
Em seguida estudou-se ponto, reta e plano, trabalhando com retas paralelas e
perpendiculares, polígonos, classificação de polígonos, cálculo de perímetro e área dos
polígonos. Novamente pediu-se o resgate histórico dos conteúdos apresentados um a um,
para mostrar que o conhecimento dos conteúdos não são aprendizados estanques, mas
que existem devido à necessidade de resolver problemas existentes desde a criação da
humanidade.
Ao trabalhar com ponto, reta e plano, sua utilização, e exemplificação, percebeu-se
que foi simples para eles compreenderem; em reta e plano notou-se que a minoria tinha a
noção de diferenciação de reta, semi-reta e segmento de reta e compreensão de plano.
Para melhorar o seu entendimento trabalhou-se com exemplos práticos e concretos. Para
trabalhar com retas paralelas e perpendiculares, polígonos, classificação de polígonos,
cálculo de perímetro e área dos polígonos, recorreu-se ao estudo de suas definições, bem
como à confecção de cartazes nas equipes e a discussões em plenária. Em seguida as
equipes apresentaram seus cartazes, que ficaram depois de prontos em um ponto
estratégico da sala. Procurou-se sempre iniciar as aulas com a retomada dos conteúdos
ou com uma proposta de resolução de um desafio. Além disso, cada aula era planejada
com muita antecedência, pois era necessário utilizar materiais diferentes que pudessem
ajudar na resolução da modelação como: malhas quadriculadas, geoplano, trena, régua,
quadra esportiva, etc.
A proposta foi despertando interesse tanto dos alunos, que foram perdendo a
timidez em falar, quanto de professores de outras disciplinas que começaram a olhar para
os trabalhos dos alunos e perguntar para eles se realmente sabiam o que estava ali
exposto. As expectativas cresceram ao ver que os alunos não estavam só recebendo
conhecimento, mas buscando e construindo seu conhecimento a cada vez que se
propunha uma problemática. O mais gratificante era perceber que aqueles alunos que
eram desinteressados começavam a se interessar pela matemática. A proposta começou
a ganhar credibilidade entre os colegas professores, que ficavam surpresos com o
conhecimento dos alunos sobre os conteúdos que estavam expostos em seus cartazes, e
com a coordenação, que sempre apoiou o projeto. Nesta fase também descobriram-se
talentos artísticos tanto na 8ª A como na 8ª B. Um caso interessante que aconteceu
desses talentos artísticos foi o resgate da confiança de um aluno repetente, pertencente a
8ª B, desinteressado e muito rebelde, que após se interar da proposta e da valorização
do seu talento com os desenhos, começou a participar e freqüentar as aulas todos os dias
e não mais chegar com atraso, uma atitude que não era comum na sua rotina e passou a
ser um dos principais ajudantes em todas as aulas de matemática.
O próximo passo era despertar nos alunos o interesse pelo famoso teorema de
Pitágoras. Para isto assistiram a um filme da TV Escola número 21, intitulado “O barato de
Pitágoras”, que conta a história de Pitágoras. Foi apresentado a eles um texto que
contava a necessidade dos egípcios em dividir suas terras e a aplicabilidade deste
teorema nas construções. Construiu-se com os alunos um quebra-cabeça, chamado
quebra-cabeça de Pitágoras, que serve para provar a sua fórmula. Procurou-se ligar estes
temas a notícias de jornais e revistas. Para o “cantinho do desafio” utilizou-se o problema
da Revista do Professor de Matemática, número 22, cujo tema é: De São Paulo ao Rio de
Janeiro com uma corda “ideal”. Trata-se de um problema intrigante, que prendeu a
atenção de todos. Além disso, utilizou-se a proposta de atividade do OAC número 7697.
Foi feita uma visita a uma construção próxima à escola onde os alunos entrevistaram o
mestre de obras, mediram a angulação das paredes da construção e resolveram
problemas utilizando o teorema de Pitágoras. Em um segundo momento foi realizado um
debate na sala, onde os alunos perceberam que os pedreiros, mesmo sem saber, utilizam
o teorema de Pitágoras.
Para construir a maquete o aluno deveria conhecer escala. Assim como ocorreu
com os demais conteúdos, os alunos não tinham conhecimento deste assunto. Portanto,
trabalhar com escala natural, escala de ampliação e escala de redução foi o próximo
passo para o desenvolvimento do trabalho. Para isso foram utilizados fôlderes de
construtoras e criados desenhos de plantas baixas de casas.
Paralelamente ao trabalho de adequação dos conhecimentos que eram
necessários para a implementação da proposta foi se desenvolvendo o trabalho de
construção da maquete. Os alunos, divididos em equipes, construíram em uma cartolina a
planta baixa da quadra de basquete. Ao manipularem o transferidor e compasso sentiram
dificuldades e demonstraram insegurança, recorrendo à professora. Algumas equipes
tendiam a deixar para um ou dois de uma equipe para desenhar, outras mais integradas
conseguiam dividir o trabalho e seus questionamentos entre eles. Outra dificuldade
apresentada foi em trabalhar com a divisão de números decimais e posteriormente
orientar-se nas medidas da régua, que foi outro desafio. As equipes desenvolviam seus
trabalhos em ritmos diferentes com maior ou menor destreza. Foram quatro aulas para a
construção exata da planta baixa. Na próxima aula foi desenhada a área da quadra de
basquete no isopor. Os alunos colocaram as placas de seu piso, recortadas previamente,
e desenharam novamente a planta da quadra de basquete com mais facilidade. Para
finalizar, cada equipe decorou sua maquete da forma como acharam melhor. A
imaginação “correu solta” e novamente surpreenderam com muita criatividade e talento.
A seguir são apresentados alguns exemplares das maquetes construídas pelos
alunos.
Fotografia 1 Fotografia 2
Fotografia 3 Fotografia 4
Uma das dificuldades nesta etapa foi a falta de tempo para realizá-la, tendo que
trabalhar por várias semanas em contra turno para procurar sanar as dificuldades dos
alunos. Concluída as maquetes foi realizada uma mostra dos trabalhos desenvolvidos.
Durante a intervenção todos os alunos participaram mostrando o seu trabalho de
modelagem, assim como todos os trabalhos realizados em sala. Houve a presença de
toda a comunidade escolar, dos pais de alunos e também de membros do NRE.
Todo este trabalho foi fotografado e colocado para os visitantes conhecerem suas
etapas. Na sala da mostra os alunos montaram o “cantinho do desafio” para que os
visitantes também pudessem interagir. Os alunos talentosos na arte de desenhar
expuseram seus trabalhos em painéis individuais e personalizados, o que fizeram com
que sua auto-estima crescesse. As maquetes eram apresentadas mostrando aos
visitantes a história do basquete, a possibilidade de utilizar a interdisciplinaridade na
matemática, a sua forma de construção, os conceitos matemáticos adquiridos entre
outros. Muitos alunos surpreenderam pela seriedade com que realizaram suas tarefas,
introduzindo em sua apresentação dados a mais do que foram fornecidos pela professora,
mostrando que a pesquisa tornou-se um hábito em sua vida escolar.
Para finalizar o plano de intervenção aplicou-se novamente o questionário
investigativo na 8ª A e 8ª B, a fim de verificar os resultados obtidos com a aplicação da
modelação. Verificou-se que os alunos responderam ao 2º questionário de forma muito
mais solta, segura, rápida e com muita facilidade.
Entre as questões do questionário destacam-se quatro que são bastante relevantes
nesta 2ª etapa do questionário:
• Perguntou-se aos alunos sobre o que poderia melhorar nas aulas de
matemática e a resposta foi que eles preferiam aulas diferentes das convencionais,
mostrando-se interessados em continuar com o plano.
• Quanto ao conteúdo que achavam mais importante para ser trabalhado nas
aulas de matemática, na primeira etapa 57% responderam “todos” e na segunda
etapa 96% responderam “todos”. Notou-se que a modelação contribuiu para que o
ensino se tornasse significativo para os alunos.
• Houve um crescimento sobre a opção de escolha pela disciplina de
matemática em sua grade curricular, que cresceu de 71% para 84% na segunda
etapa, percebendo um maior interesse pela disciplina.
• Analisando os acertos da 8ªA e 8ªB nas questões que envolviam
conhecimento matemático do questionário investigativo, na primeira e segunda
etapa obteve-se em média os seguintes resultados:
ACERTOS 8ªA 8ªB
Primeira etapa
20% 19%
Segunda etapa
83% 86%
Para avaliar a satisfação do trabalho entre os alunos, solicitou-se que fizessem de
conta que estavam escrevendo uma carta a uma pessoa contando o que aprenderam em
matemática durante esta implementação, os seus pontos positivos e negativos e a sua
aprovação ou não deste trabalho desenvolvido. A seguir estão apresentadas algumas
cartas que relatam o que foi mais significativo para eles neste trabalho.
Primeira carta:
CONCLUSÔES
A proposta deste trabalho era despertar o interesse dos alunos pela Matemática e
torná-la atrativa e, sobretudo, compreensível. Com o propósito de atingir estes objetivos
deste trabalho empregou-se a modelagem matemática e a resolução de problemas como
meios pedagógicos. Este objetivo foi alcançado com sucesso, conforme já relatado,
fazendo com que os alunos tomassem gosto pela matemática, a compreendessem, e a
enxergassem como algo útil em suas atividades. No entanto, ressalta-se que as
dificuldades para conseguir realizar este trabalho foram imensas. Para dar conta do tema
trabalhado, geometria, foi necessário retomar conteúdos já anteriormente vistos, o que
demandou muito esforço e muito trabalho, já que o tempo disponível para isso foi de
apenas quatro meses. Com o ótimo resultado observado após implementação da
proposta, certamente esta retomada de conteúdo seria desnecessária se tal trabalho já
tivesse sido realizado nas séries anteriores. Ademais, houve falta de tempo, falta de local
apropriado para trabalhar, falta de material, entre muitas outras coisas.
A realização deste trabalho permitiu concluir também que é preciso resgatar a
confiança e a credibilidade do ensino da matemática em nossas salas de aulas, tornar as
aulas mais atrativas e dinâmicas. O primeiro passo para transformar este ensino é
conhecer, analisar, planejar e executar de acordo com as necessidades encontradas.
Para que ocorra a aprendizagem é preciso que o indivíduo sinta a necessidade de
resolver os problemas encontrados e o professor é o responsável no ofício de arrumar
argumentos para isso. O professor que deseja desenvolver a compreensão de resolução
de problemas em seus alunos deve contribuir oferecendo oportunidades para resolvê-los.
Observando os resultados obtidos acredita-se que seja possível potencializar o ensino de
matemática com a proposta da modelação, aliada a uma boa dose de determinação,
compreensão e dedicação.
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DUARTE JÚNIOR, G. G. De São Paulo ao Rio de Janeiro com uma corda ‘IDEAL’, Revista do Professor de Matemática, n. 22, p. 1-3, 1992. IMENES, Luiz Márcio. Descobrindo o Teorema de Pitágoras. 13. ed. São Paulo: Scipione, 1997. LORENZATO, Sérgio. Formação de professores: Para aprender matemática. São Paulo: Autores Associados, 2006. MORI, Iracema.; ONAGA, Dulce Satiko. Matemática: idéias e desafios. São Paulo:
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