responsabilidade para a conservação da sociobiodiversidade _ Vol.3

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Transcript of responsabilidade para a conservação da sociobiodiversidade _ Vol.3

  • Giovanni Seabra Ivo Mendona

    (organizadores)

    Educao ambiental: Responsabilidade para a

    conservao da sociobiodiversidade

    Editora Universitria da UFPB Joo Pessoa - PB

    2011

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARABA

    reitor RMULO SOARES POLARI

    vice-reitora MARIA YARA CAMPOS MATOS

    EDITORA UNIVERSITRIA

    diretor JOS LUIZ DA SILVA

    vice-diretor JOS AUGUSTO DOS SANTOS FILHO

    supervisor de editorao ALMIR CORREIA DE VASCONCELLOS JUNIOR

  • Arte Grfica: Cludia Neu Capa: Ivo Thadeu Lira Mendona Editorao: Ivo Thadeu Lira Mendona E-mail: [email protected]

    E24 UFPB/BC

    Educao ambiental: Responsabilidade para a conservao da sociobiodiversidade / Giovanni Seabra, Ivo Mendona (organizadores). Joo Pessoa: Editora Universitria da UFPB, 2011. V. 3 1.042 p.: il. ISBN: 978-85-7745-938-4 1. Educao Ambiental. 2. Meio Ambiente. 3. Biogeografia

    e Biodiversidade. 4. Mudanas Climticas. 5. Agroecologia. 6. Recursos Hdricos. 7. Degradao Ambiental. I. Seabra, Giovanni de Farias. II. Mendona, Ivo Thadeu Lira

    CDU: 37:504

    As opinies externadas nesta obra so de responsabilidade exclusiva dos seus autores. Todos os direitos desta edio reservados GS Consultoria Ambiental e Planejamento do Turismo Ltda.

  • Apresentao

    Assemblia Geral das Naes Unidades elegeu 2011 como o Ano Internacional das Florestas. Coincidentemente, neste mesmo ano, o Congresso Nacional emerge como cenrio para os debates aquecidos envolvendo a aprovao do novssimo Cdigo Florestal do Brasil, cujos principais atores

    so os parlamentares, os empresrios rurais, ambientalistas e membros da sociedade civil organizada. Contrariamente ao movimento ecolgico nacional, houve no Brasil aumento na queima das florestas, os problemas e desastres ambientais urbanos foram acentuados e os danos decorrentes da explorao do petrleo em guas marinhas nacionais so agravados e, a curto e mdio prazo, irreversveis.

    Estas e outras questes de natureza socioambiental foram abordadas no II CNEA & IV ENBio. Os 21

    eixos temticos pautados nas principais temticas socioambientais serviram de base para elaborao dos 850 trabalhos apresentados nos eventos e publicados neste livro na forma de artigos. Os temas enfocados incluem a preservao dos ecossistemas atravs do manejo sustentvel, a conscientizao da sociedade e o papel que ela deve exercer no desenvolvimento global sustentvel.

    Conservar florestas preservar no somente a vida das rvores. E sim manter viva toda a

    biodiversidade do Planeta, e com ela as sociedades humanas. A Educao Ambiental como poltica efetiva governamental, com o uso dos meios de comunicao de massa, de modo a atingir o nvel familiar e todos os nveis de ensino, o principal instrumento para conservar a natureza e o ambiente em que vivemos.

    O II Congresso Nacional de Educao Ambiental e o IV Encontro Nordestino de Biogeografia

    ocorreram simultaneamente em Joo Pessoa, no perodo de 12 a 15 de outubro de 2011, reunindo 1.500 participantes, entre pesquisadores, professores, estudantes e cidados de todos os setores da sociedade. Os participantes do II CNEA e IV ENBio, conforme constatado nos artigos publicados neste livro, demonstraram, talento, conhecimento e responsabilidade ao apontar os Caminhos para a Conservao da Sociobiodiversidade.

    Giovanni Seabra Ivo Thadeu Lira Mendona

    A

  • Sumrio

    APRESENTAO .................................................................................................................................................. 5

    SUMRIO ............................................................................................................................................................ 6

    11. DINMICA E GERENCIAMENTO DOS AMBIENTES COSTEIROS ................................................................ 11

    EVOLUO ESPACO-TEMPORAL ENTRE AS PRAIAS DO BOTO E DE SUAPE CABO DE SANTO AGOSTINHO (PE) ..................................................................................................................................... 12

    QUALIDADE DE VIDA, AMBIENTE E ECOSSISTEMA DUNAR NA PERCEPO DOS MORADORES DE DUAS COMUNIDADES LITORNEAS E DA ZONA URBANA DO MUNICPIO DE AREIA BRANCA-RN. .................. 20

    DINMICA GEOAMBIENTAL DA PRAIA DE VALHA-ME DEUS, CURURUPU-MA ................................................. 27 CENRIOS TURSTICOS DO LITORAL SUL DE SERGIPE: CAMINHOS PARA EDUCAO AMBIENTAL................... 35 A DIFCIL APLICAO DAS NORMAS INCIDENTES NAS FAIXAS DE PRAIA: O CASO DO ESTADO DE

    PERNAMBUCO ........................................................................................................................................ 43 ANLISE QUALITATIVA DAS PRAIAS DE MACEI, ALAGOAS, TRECHO PONTAL DA BARRA A CRUZ DAS

    ALMAS .................................................................................................................................................... 49 DANOS PROVOCADOS PELA EROSO COSTEIRA NA ORLA DA PRAIA DE PAU AMARELO, PE ............................ 55 ANLISE SOCIOAMBIENTAL DAS COMUNIDADES LITORNEAS DE BARRA, PERNAMBUQUINHO E

    ALAGARMAR, MUNICPIO DE GROSSOS-RN ........................................................................................... 61

    12. PAISAGEM, TURISMO E MEIO AMBIENTE ............................................................................................... 69

    ECOTURISMO, MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE: ANLISES E PROPOSTAS. .......................................... 70 TURISMO COMUNITRIO: UMA ALTERNATIVA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL EM

    CANRIAS-MA ........................................................................................................................................ 77 PAISAGEM, FUNCIONALIDADE TURSTICA E O DILEMA DA SUSTENTABILIDADE .............................................. 85 A RELAO ENTRE PAISAGEM E TURISMO NA BACIA COSTEIRA DO RIO REAL ................................................. 92 ECOTURISMO DE BASE COMUNITRIA E EDUCAO AMBIENTAL NA RESERVA DE DESENVOLVIMENTO

    SUSTENTVEL ESTADUAL PONTA DO TUBARO NO RIO GRANDE DO NORTE ....................................... 99 PENSANDO UM CONCEITO DE PAISAGEM: POR OUTRO OLHAR SOBRE O ESPAO E SUA INTERFACE

    COM A INFORMAO ........................................................................................................................... 105 UM OLHAR PARA OS PRODUTOS TURSTICOS E A PAISAGEM NATURAL DO CARIRI PARAIBANO:

    MUNICPIO DE CAMALA ..................................................................................................................... 114 EDUCAO AMBIENTAL E USO DOS RECURSOS NATURAIS EM UMA REA DE INTERESSE TURSTICO:

    UMA PROPOSTA PARA A BACIA DO RIBEIRO SO VICENTE - ITUIUTABA (MG) .................................. 120 USO DO SIG NO MAPEAMENTO DOS PONTOS TURSTICOS DO MUNICPIO DE AREIA PB (ESTUDO DE

    CASO ENGENHO QUATI) .................................................................................................................... 128 TURISMO DE BASE COMUNITRIA: FORTALECENDO A CONSERVAO DE MODOS DE VIDAS LOCAIS E

    DA BIODIVERSIDADE NA REGIO SUDOESTE DA MICROBACIA DO RIO SAGRADO - MORRETES (PR) ....................................................................................................................................................... 134

    O POTENCIAL DO TURISMO RURAL NO MUNICPIO DE SANTA CRUZ DA BAIXA VERDE-PE ............................ 140 EDUCAO AMBIENTAL: SUBISDIOS PARA ELABORAAO DE UMA EDUCAO PELO TURISMO .................. 146 A PRAA SO FRANCISCO COMO PALCO PARA AS MANIFESTAES RELIGIOSAS EM SO

    CRISTVO/SE...................................................................................................................................... 150 ANLISE PARCIAL DAS POTENCIALIDADES NATURAIS CACHOEIRA DE OURICUR PILES/PB: UMA

    PERSPECTIVA PARA O DESENVOLVIMENTO DO ECOTURISMO ............................................................ 157

  • NATUREZA, TURISMO E A VALORIZAO DO ESPAO .................................................................................... 164 RECIFE: BECOS DA HISTRIA DE UM POVO ..................................................................................................... 171 IMPLICAES SOCIOAMBIENTAIS DO TURISMO NO DISTRITO DE SOLEDADE APODI/RN ........................... 180 ECOTURISMO EM REAS DE MANGUEZAIS NO LITORAL DO PIAUI ................................................................. 187 OS DESAFIOS DOCENTES NA PS-MODERNIDADE: TRANSVERSALIZANDO A EDUCAO AMBIENTAL

    NO ENSINO SUPERIOR DO TURISMO .................................................................................................... 194 USO DE TRILHA DE EDUCAO CIENTFICA E AMBIENTAL PARA APRENDIZADO DE CONCEITOS

    ECOLGICOS ......................................................................................................................................... 206 A NOVA FUNCIONALIDADE DA PAISAGEM NATURAL: ECOTURISMO EM PETRPOLIS RJ ........................... 212 O TURISMO COMUNITRIO E A EDUCAO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTOS DO PLANEJAMENTO

    TURSTICO SUSTENTVEL EM COMUNIDADES COSTEIRAS DO NORDESTE BRASILEIRO. ...................... 219 PAISAGEM, TURISMO E MEIO AMBIENTE NA PRAIA DA COSTA (SE): UM POTENCIAL AMEAADO ............... 227 EDUCAO AMBIENTAL E TURISMO COMUNITRIO NA ZONA COSTEIRA CEARENSE: O CASO DA

    PRAINHA DE CANTO VERDE-CE ............................................................................................................. 234 DESAFIOS DAS POLTICAS PBLICAS DE TURISMO: MUNICPIO PARAIBANO DO CONDE EM ANLISE .......... 239 TURISMO PEDAGGICO COMO FERRAMENTA DE ENSINO -APRENDIZAGEM E FORMAO DE

    VALORES: UMA EXPERINCIA EM ESCOLAS PBLICAS DE MOSSOR-RN ............................................ 246 PERCEPO DE MORADORES E EXCURSIONISTAS E ENFOQUES PARA GESTO AMBIENTAL EM

    OLHEIRO DE PUREZA-RN ...................................................................................................................... 253 TURISMO, PRODUO DO ESPAO E PLANEJAMENTO SUSTENTVEL: APORTES TERICOS ......................... 259 O SENSORIAMENTO REMOTO COMO FERRAMENTA PARA O ESTUDO DA PAISAGEM DO CATETE-MG ......... 266 ECOTURISMO COMO ALTERNATIVA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL: UM ESTUDO DE CASO EM

    ING - PB .............................................................................................................................................. 272 RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL SETOR HOTELEIRO-PIPA/RN ............................................................ 278

    13. PLANEJAMENTO E GESTO DE REAS PROTEGIDAS ............................................................................. 283

    APA DE MARANGUAPE (CE): IMPACTOS IDENTIFICADOS E PERSPECTIVAS POR MEIO DE ATIVIDADES DE EDUCAO AMBIENTAL ....................................................................................................................... 284

    ANLISE DA PERCEPO AMBIENTAL DOS VISITANTES NO PARQUE ESTADUAL DE DOIS IRMOS, RECIFE / PE. ........................................................................................................................................... 292

    O RPG (ROLE PLAYING GAME) ELETRNICO COMO MEIO INTERATIVO PARA ESTUDOS DE CASO EM PLANEJAMENTO E MANEJO DE UNIDADES DE CONSERVAO ............................................................ 299

    PARQUES URBANOS: ATRATIVOS TURSTICOS OU REAS DE LAZER? REFLEXES A PARTIR DO PARQUE ESTADUAL DA SERRA DA TIRIRICA, NITERI-RJ .................................................................................... 306

    UNIDADES DE CONSERVAO E EDUCAO AMBIENTAL: ENFATIZANDO A NECESSIDADE DO DEBATE. ...... 315 EDUCAO AMBIENTAL NO PARQUE ESTADUAL DA CHACRINHA (RJ) ........................................................... 321 PRTICAS LDICAS COM ALUNOS DE ENSINO FUNDAMENTAL EM UNIDADES DE CONSERVAO DE

    USO SUSTENTVEL ............................................................................................................................... 328 ESCOLAS EM UNIDADES DE CONSERVAO NA AMAZNIA: COMO CONTRIBUIR PARA O

    DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL? ................................................................................................... 334 DIAGNSTICO DAS UNIDADES DE CONSERVAO EM REA URBANA, NO CONTEXTO DA EDUCAAO

    AMBIENTAL AO LONGO DO IGARAP DO MINDU, MANAUS-AM ......................................................... 340 CARACTERSTICAS FISCAS E QUIMCAS E CLASSIFICAO DE UM NEOSSOLO LOCALIZADO NA RESERVA

    LEGAL RIACHO PACAR, RIO TINTO/PB ................................................................................................ 355 A EDUCAO AMBIENTAL NA GESTO DE UNIDADES DE CONSERVAO DE USO SUSTENTVEL: UM

    DILOGO ENTRE TRS ESTUDOS DE CASO ............................................................................................ 361 APA DAS ONAS: GESTO DO TERRITRIO E DESAFIOS PARA CONSERVAO DE ECOSSISTEMAS...... .......... 367 CONSERVAO DE REAS DE RESERVA LEGAL EM ASSENTAMENTO RURAL NO MUNICPIO DE

    POMBAL-PB .......................................................................................................................................... 373 A APA DE GUAPIMIRIM (RJ) E O COMPERJ: DESAFIOS E PERSPECTIVAS ......................................................... 380

  • PROJETO NAVEGANDO NO @MBIENTE - INCLUSO DIGITAL E CONSERVAO DO PARQUE NATURAL MORRO DO OSSO ................................................................................................................................. 389

    USO DAS TIC NA EDUCAO AMBIENTAL DESENVOLVIDA EM UNIDADES DE CONSERVAO DO RIO GRANDE DO SUL ................................................................................................................................... 395

    RESULTADOS PRELIMINARES DE PROJETO MULTIDISCIPLINAR COM ALUNOS DO ENSINO MDIO-TCNICO NA APA DP ITAPIRAC, SO LUS-MARANHO ..................................................................... 403

    A APA DO MARACAN PARA OS ALUNOS DA UNIDADE DE EDUCAO BSICA (UEB) MAJOR JOS AUGUSTO MOCHEL .............................................................................................................................. 410

    ASPECTOS GEOAMBIENTAIS E BIOGEOGRFICOS DA MICRORREGIO DO LITORAL NORTE PARAIBANO ...... 415 A EDUCAO AMBIENTAL COMO FERRAMENTA PARA A GESTO DE PARQUES ............................................ 421 A EXPERINCIA DE ECOTURISMO DE BASE COMUNITRIA EM SILVES, AMAZONAS ...................................... 428 A CONSERVAO SOB A PERSPECTIVA DA EDUCAO AMBIENTAL NO PARQUE JOO MENDES

    OLIMPIO DE MELO, TERESINA - PI ......................................................................................................... 435 A RESERVA EXTRATIVISTA ALTO JURU-AC E A IMPORTNCIA DO PLANEJAMENTO NA GESTO DESSA

    UNIDADE DE CONSERVAO ................................................................................................................ 444 RESERVA BIOLGICA GUARIBAS PB: UMA ALTERNATIVA PARA O ENSINO PRTICO DA

    BIOGEOGRAFIA ..................................................................................................................................... 451 AS RESTRIES IMPOSTAS PELA LEGISLAO AMBIENTAL NO ENTORNO DO PARQUE ESTADUAL DO

    BIRIBIRI DIAMANTINA/MG ................................................................................................................ 458 MANEJO E CONSERVAO, NA RESERVA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL ESTADUAL DA PONTA

    DO TUBARO/RN .................................................................................................................................. 466 PERCEPO AMBIENTAL E CONHECIMENTO LOCAL NO ESTUDO E CONSERVAO DE MATAS CILIARES:

    ESTUDO DE CASO NO RIACHO DO NAVIO, FLORESTA, PERNAMBUCO ................................................. 472 ANLISE DA EDUCAO AMBIENTAL EMPREGADA NO HORTO DE DOIS IRMOS - RECIFE / PE ..................... 479 CONCEBENDO UNIDADES DE CONSERVAO: UM DEBATE SEM FIM? .......................................................... 484 UNIDADES DE CONSERVAO E ORDENAMENTO TERRITORIAL: IDENTIFICANDO CONFLITOS DE USO E

    OCUPAO DO SOLO COMO SUBSDIO GESTO DA APA BONFIM-GUARARA, RN, BRASIL. ............. 490 PROJETO NAVEGANDO NO @MBIENTE - INCLUSO DIGITAL E CONSERVAO DA RESERVA BIOLGICA

    DO LAMI JOS LUTZENBERGER ............................................................................................................. 499 OS FOCOS DE CALOR NAS UNIDADES DE CONSERVAO BRASILEIRAS EM 2010 ........................................... 504 AVALIAO DAS PUBLICAES CIENTFICAS DAS UNIDADES DE CONSERVAO DE USO SUSTENTVEL

    EM SERGIPE .......................................................................................................................................... 513 EDUCAO AMBIENTAL E TRILHA ECOLGICA A PARTIR DE UM CAMPO DE ESTUDO PALEONTOLGICO .... 518 PLANEJAMENTO E GESTO DE REAS PROTEGIDAS E BACIAS HIDROGRFICAS: PERSPECTIVAS E

    POSSIBILIDADES DE INTEGRAO ........................................................................................................ 526 CARACTERIZAO E CLASSIFICAO DE SOLO NA RESERVA LEGAL RIACHO PACAR, RIO TINTO PB........... 533 EDUCAO AMBIENTAL EM UNIDADES DE CONSERVAO DE USO SUSTENTVEL: PERCEPO

    ESTUDANTIL SOBRE CONSERVAO DA VEGETAO NATIVA DA APA DO MARACAN, SO LUS-MA ........................................................................................................................................................ 541

    AVANO DAS MONOCULTURAS E A IMPORTNCIA DAS UNIDADES DE CONSERVAAO PARA A PRESERVAO DO CERRADO ................................................................................................................ 546

    GESTO COMUNITRIA DO TERRITRIO E AUTONOMIA SOCIAL EM UNIDADES DE CONSERVAO DE USO SUSTENTVEL ............................................................................................................................... 554

    ESTRATGIA PARTICIPATIVA DE EDUCAO AMBIENTAL PARA CONSERVAO ........................................ 560 PERCEPO AMBIENTAL DOS POVOS PESQUEIROS DA RDS PONTA DO TUBARO ACERCA DO

    MANGUEZAL, MACAU/RN. ................................................................................................................... 566 TECENDO UMA HISTRIA DA EDUCAO AMBIENTAL EM UNIDADES DE CONSERVAO DO

    MARANHO .......................................................................................................................................... 574 O USO DO PERFIL DOS VISITANTES DO PARQUE NACIONAL DA SERRA DO CIP/MG COMO

    FERRAMENTA PARA AES DE EDUCAO AMBIENTAL EM UNIDADES DE CONSERVAO. .............. 580 CONFLITO, PLANEJAMENTO E GESTO EM REAS DE PROTEO AMBIENTAL: UM OLHAR A PARTIR

    DAS PERCEPES DOS CONSELHEIROS DAS APAS CABREVA, CAJAMAR E JUNDIA SP .................... 589 EDUCAO AMBIENTAL E UNIDADE DE CONSERVAO ................................................................................ 598

  • PARQUE ESTADUAL MATA SECA: CARACTERIZAO AMBIENTAL E OS DESAFIOS DE UMA UNIDADE DE CONSERVAO DO BIOMA CAATINGA NO NORTE DE MINAS GERAIS ................................................. 605

    EXTENSO UNIVERSITRIA EM UNIDADE DE CONSERVAO ........................................................................ 614 A PRTICA PEDAGGICA E O ECOTURISMO NO VALE DO CATIMBAU, BUQUE PE. ..................................... 621 PERCEPO E REPRESENTAES ESTUDANTIS SOBRE A REA DE PROTEO AMBIENTAL DA REGIO

    DO MARACAN, SO LUS-MA ............................................................................................................. 627 PROPOSTA DE ZONEAMENTO AMBIENTAL PARA A ZONA DE PROTEO AMBIENTAL 03 DO MUNICPIO

    DE NATAL-RN ........................................................................................................................................ 632 REAS ESPECIAS: A PROBLEMTICA DO USO E GESTO DOS TERRENOS DE MARINHA ................................. 640 O PROCESSO DE PLANEJAMENTO E GESTO PARTICIPATIVA EM UNIDADES DE CONSERVAO:

    ANLISE DE SUA EVOLUO. ................................................................................................................ 646 QUANTIFICAO DO MATERIAL COMBUSTVEL EM PISO FLORESTAL EM UNIDADE DE CONSERVAO

    NO SEMIRIDO DA PARABA, BRASIL .................................................................................................... 654

    14. GEODIVERSIDADE E GEOCONSERVAO .............................................................................................. 663

    GEOTURISMO NA BACIA DO ARARIPE: CAPITAL CEARENSE DA PALEONTOLOGIA, MUSEU E PERFIL DO TURISTA. ............................................................................................................................................... 664

    GEOPARK ARARIPE POSSIBILIDADES PARA A EDUCAO AMBIENTAL ........................................................... 671 GEOPARK ARARIPE: EXPERINCIA DE TRABALHO COM AS COMUNIDADES EM TORNO DOS GEOSSTIOS. .... 677 A GEODIVERSIDADE NO MUNICPIO DE BONITO, AGRESTE DE PERNAMBUCO .............................................. 682 CARACTERSTICAS GEOFSICAS E AMBIENTAIS DO INSELBERGUE ESPINHO BRANCO NO MUNICPIO DE

    PATOS PB ........................................................................................................................................... 692 EVOLUO E CARACTERIZAO GEOMORFOLGICA DE JUAZEIRO DO NORTE/CE: UMA

    CONTRIBUIO AO ESTUDO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS URBANOS ................................................. 700 POTENCIAL GEOTURSTICO EM UNIDADES DE CONSERVAO: UM ESTUDO DO PARQUE ESTADUAL DA

    PEDRA DA BOCA PB ............................................................................................................................ 708 PORQUE MEIO AMBIENTE E NO AMBIENTE INTEIRO? A GEODIVERSIDADE COMO NOVO CAMINHO

    PARA UMA EDUCAO AMBIENTAL COMPLETA .................................................................................. 717 EDUCAO AMBIENTAL EM REAS DE GEOPARK: A FORMAO DO CIDADO ECOLGICO. ....................... 724 ASPECTOS GEOMORFOLGICOS E A IMPORTNCIA DA EDUCAO AMBIENTAL PARA O AMBIENTE DA

    SERRA DA CAXEXA. ............................................................................................................................... 733 GEOCONSERVAO E DESENVOLVIMENTO SOCIOECONMICO NO PARQUE NACIONAL DE PEDRA

    CADA MA .......................................................................................................................................... 739 CARACTERIZAO GEOAMBIENTAL DA BORDA ORIENTAL DA MICRORREGIO DO LITORAL SUL DO

    ESTADO DA PARABA, BRASIL ............................................................................................................... 746 POTENCIALIDADES GEOTURSTICAS DA SERRA DA ENGABELADA - MUNICPIO DO CONGO/PB ................... 754

    15. IMPACTOS E DEGRADAO AMBIENTAL .............................................................................................. 762

    CAUSAS E CONSEQUNCIAS DAS QUEIMADAS NO CAMPO EM ITAPETIM, PERNAMBUCO............................ 763 PERCEPO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS QUE AFETAM O RIO APODI PELOS MORADORES DO

    CONJUNTO MANOEL DEODATO, PAU DOS FERROS/RN ....................................................................... 773 AVALIAO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS DOS CEMITRIOS EM CAMPINA GRANDE-PB ............................... 781 LIMITAES DO SISTEMA AGROPASTORIL NO ASSENTAMENTO PATATIVA DO ASSAR, PATOS-PB .............. 790 SNTESE DOS IMPACTOS AMBIENTAIS OCASIONADOS PELA OCUPAO DO SOLO EM PARNAMIRIM-RN

    NO ENTORNO DO RIO PITIMB ............................................................................................................ 799 IMPACTOS AMBIENTAIS DA EXTRAO DE AREIA DESTINADA CONSTRUO CIVIL: O CASO DE DOIS

    EMPREENDIMENTOS NO MUNICPIO DE MOSSOR-RN ...................................................................... 807 VARIVEIS DE CRESCIMENTO E PRODUO DO PINHO MANSO IRRIGADO COM GUA SUPERFICIAL

    POLUDA ............................................................................................................................................... 816

  • SUBSTITUIO DE FLORESTAS POR ESPCIES FRUTFERAS E SEUS IMPACTOS NAS PROPRIEDADES FSICAS DO SOLO .................................................................................................................................. 821

    ANLISE DO IMPACTO AMBIENTAL DA CARCINICULTURA NO ESTURIO DO RIO JAGUARIBE-CE .................. 828 CARACTERIZAO AMBIENTAL DA REA DE IMPLANTAO DE UM CAMPUS UNIVERSITRIO .................... 835 ABORDAGEM TERICA SOBRE A EROSO DO SOLO: CAUSAS, CONSEQUNCIAS E PRTICAS DE

    CONTROLE ............................................................................................................................................ 842 IMPACTO SOCIOAMBIENTAL DOS RESDUOS SLIDOS E SUA IMPLICAO NO DESENVOLVIMENTO DO

    TURISMO NA CIDADE DE PARNABA - PI ............................................................................................... 848 CARACTERIZAO DE IMPACTOS AMBIENTAIS DE INDSTRIAS CERMICAS NA COMUNIDADE DE

    POO REDONDO, RUSSAS - CE .............................................................................................................. 856 EDUCAO AMBIENTAL COM NFASE NA CONTENO DE ENCOSTAS PARA ALUNOS DE ESCOLAS

    PBLICAS EM RECIFE ............................................................................................................................ 865 PROCESSOS EROSIVOS DECORRENTES DE AES ANTRPICAS EM VERTENTES CRISTALINAS NA BACIA

    DOS RIOS MEIRIM-MUZUMBA, ITAMB/PE ......................................................................................... 871 AGRICULTURA CAMPONESA EM ITAPORANGA - PB: DEGRADAO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE ....... 879 RISCOS E VULNERABILIDADES SOCIOAMBIENTAIS: CONTEXTUALIZAO A PARTIR DE UM ESTUDO DE

    ANLISE DE CONTEDO ....................................................................................................................... 886 PERCEPO DOS AGRICULTORES DA COMUNIDADE CAIARA, ING-PB, A CERCA DA UTILIZAO DE

    AGROTXICOS E SEUS DANOS AO MEIO AMBIENTE ............................................................................ 892 UMA BREVE REFLEXO SOBRE O MITO E A VERDADE ENVOLVENDO OS IMPACTOS AMBIENTAIS DOS

    EUCALIPTOS EM MONTES CLAROS, NORTE DE MINAS GERAIS ............................................................ 898 UMA ANLISE BIBLIOGRFICA DO PROCESSO DE DEGRADAO AMBIENTAL EM SO JOO DO CARIRI-

    PB.......................................................................................................................................................... 906 IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS DE MICROEMPRESAS DE LAVAGENS DE VECULOS ....................................... 913 INFLUNCIA DAS OCUPAES HUMANAS EM UM FRAGMENTO DE MATA ATLNTICA NA LOCALIDADE

    DE COVA DE ONA, CURADO III, JABOATO DOS GUARARAPES PE ................................................... 921 IMPACTOS AMBIENTAIS X OCUPAO IRREGULAR NO CANAL DE DRENAGEM SANTA TERESA EM BOA

    VISTA-RR. .............................................................................................................................................. 929 ANLISE DOS IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELO LIXO, NO MUNICPIO DE QUEIMADAS PB. ........ 938 OS IMPACTOS AMBIENTAIS DO LIXO NA CIDADE DE COD-MA ..................................................................... 945 SUSTENTABILIDADE EM REAS DEGRADADAS: PRTICAS DE EDUCAO AMBIENTAL PARA O

    SEMIRIDO ........................................................................................................................................... 951 O GEOPROCESSAMENTO EM ESTUDOS DE IMPACTO AMBIENTAL ................................................................. 957 CONTRIBUIO DO AGENTE ANTRPICO NO ASSOREAMENTO DO RIO ARAAGI, CIDADE DE

    CUITEGI/PB ........................................................................................................................................... 962 A EROSO HDRICA NOS SOLOS DO MUNICPIO DE INDEPENDNCIA - CE ..................................................... 971 TCNICAS EMPREGADAS NA RECUPERAO DE REAS DEGRADADAS NA REGIO SEMI-RIDA DE

    MOSSOR-RN ....................................................................................................................................... 980 IMPACTOS AMBIENTAIS PROVENIENTES DA RETIRADA DA COBERTURA VEGETAL NAS ENCOSTAS DE

    BANANEIRAS/PB ................................................................................................................................... 985 OS PROBLEMAS SOCIOAMBIENTAIS NO ENTORNO DO IGARAP MELGAO E LAGO DO IRIPIXI

    (ORIXIMIN-PA) .................................................................................................................................... 992 O ARRANJO PRODUTIVO LOCAL E O AMBIENTE DO TRABALHO NA EXTRAO DE OPALA EM PEDRO II

    (PIAU) ................................................................................................................................................ 1001 IMPACTOS SOCIAIS E A PERCEPO AMBIENTAL DOS TRABALHADORES DA PEDREIRA NOSSA SENHORA

    DA PENHA, NO MUNICPIO DE MAMANGUAPE, PARABA, BRASIL ..................................................... 1010 IDENTIFICAO DOS PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NA REA CONSTRUDA DE UM CAMPUS

    UNIVERSITRIO FEDERAL ................................................................................................................... 1015 IMPACTOS DA EXPLORAO DE AREIA NO LEITO DO RIO PARABA DO NORTE: UM ESTUDO DE CASO

    NO MDIO PARABA ........................................................................................................................... 1021 IMPACTOS AMBIENTAIS DE UMA PONTE NO ESTURIO DO RIO APODI-MOSSOR, RIO GRANDE DO

    NORTE (NORDESTE DO BRASIL) .......................................................................................................... 1028 PRTICAS DE EDUCAO AMBIENTAL NA RESEX MARINHA DE SO JOO DA PONTA-PA ........................1037

  • 11. Dinmica e Gerenciamento dos Ambientes Costeiros

  • 12

    Joo Pessoa, outubro de 2011

    EVOLUO ESPACO-TEMPORAL ENTRE AS PRAIAS DO BOTO E DE SUAPE CABO DE SANTO AGOSTINHO (PE)

    BARBALHO, David de Carvalho Graduado em Licenciatura em Geografia (UFPE)

    Ps-Graduado em Gesto Ambiental com nfase em Zona Costeira (UNESF/FUNESO) Prof. de Geografia da Escola Jlio Correia de Oliveira

    RESUMO O presente artigo teve como objetivo principal elaborar um estudo sobre a anlise da evoluo

    espao-temporal do trecho da praia do Boto at o esturio do rio Massangana no municpio do Cabo de Santo Agostinho no Estado de Pernambuco. A abordagem utilizada se baseou na anlise de uma srie de fotografias, com escala de 1:6000, utilizando o programa ArcGis9.1, tendo como base cartogrfica a carta de nucleao sul da regio metropolitana do Recife, na escala de 1:20000. O estudo buscou caracterizar a evoluo em escala espao-temporal, entre os anos de 1974 e 1997 com base nos e estgios evolutivos no processo de ocupao do trecho georreferenciado atravs do programa ArcGis9.1. Os resultados obtidos da sobreposio da rea vetorizada apresentou um crescimento da rea ocupada no valor, entre os anos de 1974 e 1997, uma populao de 81 habitantes em 1974 e 7622 habitantes em 1997. Foi observado um aumento populacional na malha urbana da faixa costeira do Cabo de Santo Agostinho, decorridos nos 23 anos, referente ao perodo entre 1974 e 1997. Esse aumento provocou uma forte presso antrpica sobre a costa, onde a maior concentrao fica evidenciada na praia de Gaibu.

    Palavras-Chave: Cabo de Santo Agostinho, Faixa Costeira, Evoluo Espao-Temporal. ABSTRACT This article aimed to develop a major study on the analysis of spatial-temporal evolution of the

    stretch of beach of the Dolphin to the estuary Massangana in the municipality of Cabo de Santo Agostinho in the state of Pernambuco. The approach used was based on analysis of a series of photographs with scale of 1:6000, using the program ArcGis9.1, based on mapping the letter nucleation southern metropolitan area of Recife, on a scale of 1:20000. The study sought to characterize the evolution in space-time scale, between the years 1974 and 1997 and based on the evolutionary stages in the process of occupying the stretch georeferenced ArcGis9.1 through the program. The results of the overlapping area vectored showed an increase in the value of the occupied area, between the years 1974 and 1997, a population of 81 inhabitants in 1974 and 7622 inhabitants in 1997. We observed an increase in urban population in coastal waters of Cabo de Santo Agostinho, after the 23 years, covering the period between 1974 and 1997. This increase led to a strong anthropogenic pressure on the coast, where the greatest concentration is evident on the beach inPGaibu.

    Keywords: Cabo de Santo Agostinho, Coastal Range, Spacial-Temporal Evolution. INTRODUO As zonas costeiras representam um sistema economicamente produtivo, e se caracterizam pela

    complexidade das atividades que abrigam, bem como pela sensibilidade de seus ecossistemas (GREGRIO, 2009). O crescimento da populao nesta regio resulta na explorao e degradao destes ambientes (PEREIRA et al, 2003).

    Esse sistema economicamente produtivo reflete no crescimento urbano no litoral brasileiro, que na atualidade manifesta-se de forma concentrada, atravs de assentamentos que se expandem em todas as escalas e em todos os quadrantes do pas. Sendo assim, a maior parcela da populao nacional se aloca na zona costeira, onde se encontram ncleos essenciais da dinmica demogrfica brasileira. (MORAES, 2007).

    Esse crescimento tambm e evidenciado na zona costeira do estado de Pernambuco que marcada pelo uso e ocupao das mais diversas atividades tais como, indstria, comrcio, transporte, agricultura, pesca, aquicultura, lazer e turismo (MADRUGA FILHO, 2004).

    A evoluo urbana do litoral do Cabo de Santo Agostinho reflete as variaes progressivas da rea costeira nas ultimas trs dcadas do sculo XX, assim como o litoral pernambucano e o brasileiro em geral. Esta dinmica regida principalmente por condicionantes atrativos como a aproximao com a capital

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    Educao ambiental: Responsabilidade para a conservao da sociobiodiversidade

    (Recife). Essa evoluo urbana se inicia com a implantao dos loteamentos de veraneio ao longo da orla situada no trecho da praia de Gaibu. Esses loteamentos se expandem ao longo dos anos em conjunto a implantao de infraestrutura a apoio ao turismo atraindo maiores contingentes populacionais (PMCSA, 1998).

    Neste artigo utilizar o georreferenciamento, atravs do programa ArcGis9.1, para anlise espacial e temporal. Esta essa ferramenta utilizada para a montagem de fotografias areas, servindo para a comparao de reas em pocas diferentes, tendo como base um mapa referencial. Essa ferramenta importante para a anlise das modificaes ocorridas georreferenciadas no espao ao longo do tempo.

    O presente estudo visa determinar a evoluo multi-temporal e espacial de um trecho da rea costeira do municpio do Cabo de Santo Agostinho entre a praia do Boto (Enseada dos Corais) e de Suape, ao longo de 23 anos (1974-1997) a fim de observar a expanso da rea urbana e sua relao com o crescimento populacional. Possibilitando uma visualizao da dinmica evolutiva da costa do municpio do Cabo de Santo Agostinho.

    EVOLUO ESPAO-TEMPORAL DA REA COSTEIRA A orla do municpio do Cabo de Santo Agostinho apresenta uma diversidade de usos ao longo dos

    seus 24 km de extenso. Pode-se observar desde trechos com baixa densidade e/ou sem ocupaes cobertos com extensa faixa de coqueirais na praia do Paiva, passando-se por trechos com uma densidade de ocupaes desordenadas e no dotadas de redes de infra-estrutura urbana como nas praias de Itapuama, Enseada e Gaibu, at a existncia de stio histrico composto por afloramentos rochosos e runas de edifcios do sculo XVII como na praia do Cabo de Santo Agostinho. Ressalta-se ainda a praia de Paraso e de Suape onde houve a acelerao de sua ocupao em funo da instalao do Resort Blue Tree Park em 1997 (GOMES, 2003).

    Vale ressaltar tambm que o municpio em seu trecho litorneo, vem apresentando vrios problemas decorrentes de assentamentos no planejados que se agravaram ao longo dcadas de 70, 80 e 90. Entretanto ainda no sofre fortes presses por ocupaes para moradia permanente ou com intensa construo de imveis de veraneio (GAMA 1999). A dificuldade de acesso s praias do municpio, deve-se considerar que, em parte, esse problema vem sofrendo modificaes haja vista a duplicao da rodovia BR-101 e a pavimentao da PE-28, principal via de acesso s praias, encurtando ainda mais as distncias dentro da Regio Metropolitana do Recife que compreende 14 municpios e uma populao de aproximadamente 3.331.552 habitantes. (IBGE - Censo, 2000).

    MTODO DE PESQUISA A coleta de dados para o presente trabalho baseou-se no mtodo de investigao de dados

    espaciais e temporais. Consistindo na coleta de matrias cartogrficos correspondentes a rea de estudo e fotografias areas dos anos de 1974 e 1997. A Tabela 1 apresenta as informaes levantadas.

    Materiais Coletados

    Ano

    Escala

    Quantidade

    Fotografias Areas

    1974 1:6000 16

    1997 1:6000 18

    Carta de Nucleao 2003 1:20000 1

    Tabela 1: Dados coletados para a execuo do trabalho Fonte: CONDEPE/FIDEM

    REGISTRO, GEORREFERENCIAMENTO E MOSAICAGEM DAS IMAGENS Uma vez selecionadas as fotos areas do litoral do municpio do Cabo de Santo Agostinho, tornou-

    se, ento necessrio realizar o registro e o georreferenciamento das fotos areas na escala de 1:6000 dos anos 1974 e 1997. O georreferenciamento foi realizado atravs do software ArcGis9.1.

    Foi utilizado como base cartogrfica a carta de Nucleao Sul da rea metropolitana do Recife de 2003, na escala de 1:20000.

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    Aps o georreferenciamento das fotos areas, foram realizados dois mosaicos, um para o ano de 1974 e o outro para o ano de 1997 (Figura 1).

    VETORIZAO DA REA COSTEIRA Para a anlise evolutiva da rea de costeira em formato vetorial, utilizou-se tambm o software

    ArcGis9.1, devido aos seus recursos existentes para vetorizao e facilidades em trabalhar com imagens georreferenciadas. Aps anlise das imagens, foi vetorizada a rea ocupada pela a urbanizao dos anos de 1974 e 1997. Aps o processo de vetorizao foram sobrepostas espacialmente e temporalmente.

    Aps a vetorizao, foi calculada a rea ocupada (km) dos anos de 1974 e 1997 utilizando-se programa ArcGis9.1. A diferena da expanso foi calculada no programa Excel 2003, bem como o clculo do crescimento demogrfico.

    Figura 1: Fotografias areas georreferenciadas da rea de estudo Fonte: CONDEPE/FIDEM

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    Educao ambiental: Responsabilidade para a conservao da sociobiodiversidade

    RESULTADOS E DISCUSSO Atravs da superposio das imagens vetorizadas (Figura 2), foram verificadas as tendncias

    evolutivas, espacial e temporal para a faixa litornea da rea de estudo, entre os anos de 1974 e 1997. As reas ocupadas e acrescidas na zona costeira da rea de estudo se encontram representadas nas

    figuras 1 e 2. O clculo da rea se encontra na tabela 2, demonstrando que houve um crescimento espacial e populacional equivalentes rea existentes entre a posio da faixa costeira (Figura 3) no ano de referncia (1974) e o ano de comparao (1997).

    Ano Dimenso espacial urbana Diferena

    1974 243,27 km (8,9 %) 2504,11 km (91,1%) 1997 2747,38 km (100%)

    Tabela 2: Resultado de comparao da dimenso espacial urbana entre os anos de 1974 e 1997 Fonte: CONDEPE/FIDEM

    Durante o intervalo de 1974 a 1997, as reas acrescidas ao litoral da rea de estudo apresentaram um total de 2.504,11 km (91,1%) da rea de costa observados na tabela 2 e na figura 4. A anlise dos dados demonstra que existe uma tendncia progressiva da expanso urbana, devido s atividades desenvolvidas neste espao do territrio municipal como comrcio, turismo, pesca etc.

    Neste estudo, as mdias das taxas de expanso espao-temporal de rea foram observadas na zona costeira de estudo, no perodo entre 1974-1997, evidenciando um valor de crescimento espacial de 91,1 %. Pode-se afirmar que esse crescimento na zona costeira se deve a valorizao capitalista desse espao (MORAES, 2007), O crescimento da economia de mercado no Brasil na zona costeira, expressa imediatamente, no apenas a instalao de um mercado capitalista, mais de mercados de feies citadinas, onde se vendem lotes urbanos. Assim o aumento dessa rea vem acompanhado o aumento da ocupao da zona costeira do pas onde reafirma e refora, com bastante nfase, o carter urbano do crescimento do litoral brasileiro.

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    Figura 2: mapa de vetorizao da posio temporal e espacial da rea costeira de 1974 sobreposta a 1997 Fonte: CONDEPE/FIDEM

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    Educao ambiental: Responsabilidade para a conservao da sociobiodiversidade

    Figura 3: Comparao da dimenso espacial em rea urbana entre os anos de 1974 e 1997 Fonte: CONDEPE/FIDEM

    Figura 4: Comparao percentual da dimenso espacial em rea urbana entre os anos de 1974 e 1997 Fonte: CONDEPE/FIDEM

    No incio dos anos 70 a populao residente ocupava um pequeno trecho situado na praia de

    Gaibu, mas no final dos anos 90 essa populao se expandia em no sentido Gaibu-Recife. Essa expanso acompanhada pelo crescimento quantitativo da populao absoluta e relativa do litoral do Cabo de Santo Agostinho representado na tabela 3 e no grfico da figura 5. O clculo para determinar a densidade demogrfica foi expresso (km) utilizando a populao absoluta dos anos de 1970 e 2000 do litoral do Cabo de Santo Agostinho dividido pela rea estudada dos anos de 1974 e 1997 respectivamente, estimando-se apenas os resultados da rea de estudo desses dois anos, os quais esto representados na tabela 3 e na figura 5. A populao absoluta dos anos de 1980 e 1990 no foi dividida pela rea de estudo por estarem mais distantes em escala temporal.

    Densidade Demogrfica (Populao Relativa) = Populao Absoluta (litoral) rea

    Ano Densidade absoluta Densidade relativa

    1970 81 ~0,3 hab/km

    1980 2404 _

    1990 3120 _

    2000 7622 ~2,7 hab/km Tabela 3: Resultado da comparao do crescimento demogrfico entre os anos de 1970 a 2000. Fonte: IBGE. Sinopse Preliminar do Censo Demogrfico Pernambuco 1970, 1980, 1990, 2000.

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    Os resultados demonstram taxas de crescimento demogrfico durante 30 anos, com ndices de 81

    habitantes no incio da dcada 70 atingindo ndices de 7622 habitantes no ano 2000. Este resultado revela a expressiva crescente populacional na faixa litornea do municpio do Cabo. Analisando os resultados, constata-se que o crescimento demogrfico entre os anos de 1970 e 2000 causa uma grande presso na zona costeira da rea de estudo.

    Em sntese a evoluo espao-temporal do litoral do Cabo de Santo Agostinho, pontuando entre a praia do Boto e Suape os principais elementos que impulsionaram esse processo, que so a expanso territorial e o crescimento populacional. Alm da expanso urbana em direo ao norte do municpio do Cabo, foi tambm observada a expanso territorial em direo ao interior do municpio bem como o aparecimento de pequenos ncleos populacionais.

    Figura 5: Densidade absoluta e relativa da rea de estudo Fonte: IBGE. Sinopse Preliminar do Censo Demogrfico Pernambuco 1970, 1980, 1990, 2000. CONSIDERAES FINAIS O litoral do municpio do Cabo de Santo Agostinho delimitado pelas praias do Boto (Enseada dos

    Corais) e a praia de Suape apresentaram uma progresso urbana nas ltimas trs dcadas. Houve um crescimento da expanso urbana em direo ao norte, a partir do ncleo urbano da praia de Gaibu entre os anos de 1974 e 1997.

    A regio apresenta uma concentrao de lotes e imveis, bem como o crescimento populacional da faixa costeira do municpio do Cabo de Santo Agostinho. Entretanto, no se expandiu em direo ao sul, onde est situado o Parque Armando Holanda Cavalcanti (Promontrio de Nazar), salvo a rea do Resort em Suape, inaugurado em 1997, que impulsionou, a partir deste ano, o incremento econmico e o fluxo populacional da rea.

    Os dados levantados ao longo da pesquisa vm confirmar a contnua expanso urbana onde esto concentrados os atrativos tursticos. Esse crescimento foi verificado atravs de uma expanso territorial de 243,27 km em 1974 para 2747,38 km em 1997, bem como o crescimento da densidade demogrfica. Esta

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    Educao ambiental: Responsabilidade para a conservao da sociobiodiversidade

    durante o ano de 1970, era de 0,3 hab/km e de 2,7 hab/km para o ano 2000 ampliando a infraestrutura e as atividades de apoio ao setor de indstria, comrcio, transporte, agricultura, pesca, aquicultura, lazer, turismo e habitao.

    As informaes levantadas permitiram identificar na rea de estudo, um forte processo de urbanizao, ncleos urbanos tradicionais revitalizados pelo turismo balnerio e franjas de urbanizao recente que margeiam praias e os mencionados ncleos de ocupao antiga da dcada de 70.

    REFERNCIAS CONDEPE/FIDEM: Carta de nucleao Sul da rea metropolitana do Recife. Escala 1:20.000.

    Setembro de 2003. Recife. CONDEPE/FIDEM: Fotos areas do litoral do Cabo de Santo Agostinho. Escala 1:6.000. Setembro de

    1974. Recife. CONDEPE/FIDEM: Fotos areas do litoral do Cabo de Santo Agostinho. Escala 1:6.000. Setembro de

    1997. Recife. GAMA, Ana Maria de Freitas. Coord. Diagnstico Ambiental Integrado da Bacia do Pirapama. Recife

    - CPRH/DFID. 1999. 278 p. ISBN: 85.86592.04-8 GOMES, E. T. A. Relatrio de Sistematizao das Informaes Levantadas para os Municpios do

    Cabo de Santo Agostinho e So Jos da Coroa Grande PRODUTO 2. MMAPNMA II/SECTMA/CPRH/GERCO-PE. Recife. Janeiro de 2003. 93 p.

    GREGRIO, Maria das Neves. Evoluo da Linha de Costa e Caracterizao da Plataforma Continental Interna Adjacente Cidade Do Recife PE. Tese de Doutorado. Departamento de Oceanografia, UFPE, Recife, 2009. 173 p

    IBGE. Sinopse Preliminar do Censo Demogrfico Pernambuco 1970, 1980, 1990, 2000. MADRUGA FILHO, J. D. Aspectos Geoambientais entre as praias do Paiva e Gaibu, Municpio do

    Cabo de Santo Agostinho (Litoral Sul de Pernambuco). 2004. 252 p. Tese (Doutorado em Geocincias) Universidade Federal de Pernambuco, Recife. 2004.

    MORAES A. C. R.; Contribuies para a Gesto da Zona Costeira do Brasil: Elementos para uma Geografia do Litoral Brasileiro. 2 ed. So Paulo: Annablume, 2007. 232 p.

    PEREIRA, L. C. C.; JIMENZ, J.; MEDEIROS, C., 2003. Environmental Degradation of the Littoral of Casa Caiada and Rio Doce, Olinda (PE), Brazil. Journal of Coastal Research. Itaja, 35: 205-502.

    PMCSA: Plano de Aes Integradas da Orla. Secretaria de Planejamento, Coordenao e Meio Ambiente Depto. de Planos e Projetos. Cabo de Sto. Agostinho. 1998. 39 p.

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    QUALIDADE DE VIDA, AMBIENTE E ECOSSISTEMA DUNAR NA PERCEPO DOS MORADORES DE DUAS COMUNIDADES LITORNEAS E DA ZONA

    URBANA DO MUNICPIO DE AREIA BRANCA-RN. Dweynny Rodrigues Filgueira G

    Bacharel em Gesto Ambiental. Universidade do Estado do Rio Grande do Norte UERN Ps-Graduando lato sensu em Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentvel. Universidade Potiguar UnP

    E-mail: [email protected]; Rodrigo Guimares de CARVALHO

    Professor Assistente da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte UERN. Departamento de Gesto Ambiental E-mail: [email protected]

    RESUMO O incio do processo de colonizao do territrio brasileiro ocorreu atravs do seu litoral, desde

    ento so desenvolvidas atividades econmicas que possuem um grande potencial de interferncia na dinmica natural dos ecossistemas costeiros, dentre eles o ecossistema de dunas. O municpio de Areia Branca, localizado no litoral setentrional do Estado do Rio Grande do Norte, no Nordeste do Brasil, possui uma economia voltada para atividades relacionadas faixa litornea, por exemplo, a carcinicultura, as atividades salineiras, o potencial turstico e a possibilidade de instalao de parques elicos na faixa de praia do municpio, podem ser fatores de modificao do ambiente natural. Portanto, faz-se necessrio uma investigao no municpio com a finalidade de identificar os nveis de qualidade de vida da populao, os principais problemas ambientais e a importncia do ecossistema de dunas para a comunidade local a partir da percepo dos indivduos. A pesquisa foi realizada em trs localidades do municpio: na zona urbana e em duas comunidades litorneas: So Cristvo e Ponta do Mel. Para tanto, foi necessrio um levantamento bibliogrfico relativo temtica em questo, coleta de dados em campo, com visitas in locu aos locais investigados e confeco e aplicao de questionrios semiestruturados. Com isso, foi possvel identificar que os moradores consideram a qualidade de vida local entre boa e razovel, os principais problemas elencados esto relacionados com infraestrutura e que acham as dunas uma paisagem muito agradvel e bonita, mas que no possui grande utilidade para a comunidade. Diante disso, fica perceptvel a falta de informao relativa aos ecossistemas costeiros e sua importncia para a estabilidade do ambiente, e, portanto, faz-se necessrio a aplicao de programas de educao ambiental para a populao, com a finalidade de orientar sobre a importncia da conservao dos ecossistemas costeiros, alm da implementao de polticas pblicas que tratem da preservao desses ecossistemas.

    PALAVRAS-CHAVE: Percepo Ambiental; Ambiente Costeiro; Dunas. INTRODUO O Brasil teve todo o seu processo de ocupao iniciada a partir do litoral, da as diversas

    atividades econmicas realizadas at hoje nas faixas litorneas. As zonas costeiras possuem aspectos formidveis, fruto de uma agregao excepcional de fatores fsicos, ambientais e humanos que as elevam classe de lugar privilegiado, em todo o mundo.

    As reas litorneas so, ao mesmo tempo, interconexes das diversas relaes de interesse vital, tanto da vertente ecolgica, pois onde se desenvolve a quase totalidade das espcies marinhas do planeta, como da tica humana, tendo sido o ponto de entrecorte e contato das diversas culturas, onde foram constitudas inmeras cidades e civilizaes do passado, inclusive na antiguidade. No presente, sua importncia se afirma cada vez mais pelo fato de intermediar relaes econmicas e scio-espaciais, marcadas vastamente pelas caractersticas atuais da sociedade contempornea em contato com o mar, ocasionando conflitos e suscitando discusses sobre as relaes de controle e gesto (MONTENEGRO JUNIOR, 2004).

    Localizado no extremo nordeste do Brasil, o Estado do Rio Grande do Norte est situado entre os paralelos 658'57"S e 449'53"S e os meridianos 3834'54"W e 3458'08"W, ocupando uma rea territorial de 53.307 km, que representa 0,62% do territrio brasileiro. Seus limites so formados com o Oceano Atlntico ao leste e norte, e com os Estados da Paraba, ao sul, e Cear, a oeste. O litoral, com extenso da ordem de 400 km, apresenta uma grande rea de dunas e formaes arenosas, orientadas segundo a

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    Educao ambiental: Responsabilidade para a conservao da sociobiodiversidade

    direo dos ventos alsios, intensos e constantes nesta regio da costa brasileira. Com exceo da poro sudeste, onde o clima semi-mido propicia um maior desenvolvimento da vegetao verde, o restante do territrio do Rio Grande do Norte possui clima semi-rido, com mais de sete meses de durao do perodo seco anual, resultando no domnio da vegetao xerfila seca e esparsa - a Caatinga (AMARANTE et. al., 2003, p. 01).

    De acordo com o IDEMA (2007), o municpio de Areia Branca est localizado na microrregio de Mossor, no Estado do Rio Grande do Norte, sendo que sua sede est localizada nas coordenadas 45722S e 370813W, o municpio possui uma rea total de 357,58 Km e populao de 24.398 habitantes. O municpio de Areia Branca possui um litoral amplamente constitudo por morfologias dunares, tanto dunas fixas como dunas mveis, fazendo assim, com que se tenha uma grande ateno para com a manuteno desse ecossistema.

    A zona costeira do municpio de Areia Branca possui muitas atividades econmicas que podem afetar negativamente o meio ambiente. Dentre as principais contata-se a atividade salineira, o turismo e atividade de carcinicultura, alm do possvel aproveitamento para aquisio de energia elica, uma vez que o litoral de Areia Branca possui caractersticas favorveis para explorao desse tipo de fonte energtica.

    Nesse sentido, de grande importncia o conhecimento sobre a importncia dos ecossistemas costeiros pelos moradores do municpio, principalmente, das dunas, por estarem presentes em quase todo o litoral do municpio, com a finalidade de avaliar a importncia dos ecossistemas dunares para a qualidade de vida da populao e para a manuteno da estabilidade dos ecossistemas locais. Nesse contexto, esse estudo tem como objetivos: a identificao dos nveis de qualidade de vida da populao do municpio; a identificao dos principais problemas ambientais e a importncia das dunas para a populao local, a partir da percepo dos indivduos de trs localidades do municpio de Areia Branca/RN.

    METODOLOGIA A pesquisa abrangeu trs localidades do municpio de Areia Branca, conforme demonstra a figura

    01: rea 01, a zona urbana do municpio de Areia Branca; rea 02, comunidade litornea, tipicamente pesqueira, a comunidade de So Cristvo, distante aproximadamente 25 km do centro urbano; rea 03, comunidade litornea, predominantemente pesqueira e turstica, a comunidade de Ponta do mel, distante aproximadamente 35 km da zona urbana.

    Figura 01 - Localidades da pesquisa, municpio de Areia Branca: rea 01, Zona urbana; rea 02,

    comunidade de So Cristvo e rea 03, comunidade de Ponta do Mel. Fonte: Google Earth, 2009. Adaptado.

    Inicialmente, foi realizado o levantamento bibliogrfico relativo temtica em questo,

    principalmente, por meio de obras dos acervos da biblioteca do campus central da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Logo em seguida, foi confeccionado o questionrio para aplicao com a populao da zona urbana do municpio de Areia Branca, alm das comunidades litorneas de So

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    Cristvo e Ponta do Mel. O questionrio foi organizado de maneira semiestruturada. Foram aplicados 45 questionrios, sendo 15 na zona urbana do municpio de Areia Branca, 15 na comunidade de So Cristvo e 15 na comunidade de Ponta do mel, com o objetivo de examinar as percepes dos moradores das localidades citadas a cerca das questes pertinentes a temtica em questo. A forma de aplicao do questionrio foi aleatria em relao s residncias das localidades escolhidas para pesquisa.

    Com relao aos objetivos a pesquisa pode se classificada como exploratria, que de acordo com Gil (2002, p. 41), proporciona maior familiaridade com o problema, com vistas a torn-lo mais explcito ou a construir hipteses. J com base nos procedimentos tcnicos utilizados a atual investigao qualificada como bibliogrfica e de campo. Quanto a natureza, o estudo contempla uma anlise quali-quantitativa, pois sero analisados dados, visando a importncia de se demonstrar em nmeros e grficos as informaes relatadas pelos participantes da pesquisa.

    RESULTADOS E DISCUSSO Contexto Socioeconmico Faz-se necessrio uma pequena anlise socioeconmica dos respondentes do questionrio, sendo

    um ponto de extrema importncia para anlise e entendimento das concepes ora abordadas nesta pesquisa.

    Do grupo de entrevistados, ou seja, respondentes do questionrio, 60% eram do sexo feminino e 40% do sexo masculino; com idade entre 18 e 77 anos sendo a mdia de idade de 45,1 anos. Destes, 87% residiam em sua localidade a mais de 10 anos, 7% tinham tempo de residncia de 2 a 5 anos, 4% moravam no local da aplicao da pesquisa at no mximo 1 ano e apenas 2% residiam no lugar num perodo de 6 a 10 anos.

    No tocante a renda mdia dos respondentes, 18% possui renda de at 1 salrio mnimo, 31% detm renda de 1 salrio mnimo, 18% possui de 1 a 2 salrios, 7% recebem de 2 a 4 salrios mnimo, 4% ganham mais de 4 salrios, 20% relataram que no possuem renda e 2% disseram no saber sua renda mdia.

    Quanto a escolaridade dos respondentes, 51% possuam o ensino fundamental incompleto, 2% tinham o ensino fundamental completo, 7% disseram que no concluram o ensino mdio, 33% relataram que finalizaram o ensino mdio completo e 7% possuam nvel superior.

    Qualidade de vida e ambiente Foram coletados dados referentes qualidade de vida e meio ambiente nas localidades que foram

    foco da investigao, inicialmente foi feita a seguinte pergunta: Como voc classifica a qualidade de vida na localidade? (Grfico 01).

    Grfico 01 Nvel de qualidade de vida dos respondentes em suas respectivas localidades. Areia

    Branca, RN. 2010. Depreende-se do grfico 01, que os participantes da pesquisa consideram, de maneira

    geral, a qualidade de vida da sua localidade de boa a razovel e os prprios justificam-se com as seguintes afirmativas: ... boa, por que aqui muito tranquilo, tem um clima bom, tem um custo de vida baixo, por isso boa, n?..., resposta de um questionrio aplicado na comunidade de So Cristvo. J um respondente da comunidade de Ponta do Mel afirma que a qualidade de vida ... razovel, por que os

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    Educao ambiental: Responsabilidade para a conservao da sociobiodiversidade

    servios da prefeitura fraco aqui em Ponta do Mel, tem pouca renda aqui e falta emprego para a comunidade....

    Com a finalidade de demonstrar, de maneira mais clara, alguns aspectos que interferiam diretamente na qualidade de vida da populao foi realizada a seguinte pergunta: Quais os problemas ambientais mais caractersticos de sua comunidade?. Para a comunidade de So Cristvo o principal problema a m disposio do lixo. Os respondentes da localidade de Ponta do Mel enfatizam que a falta de saneamento e a m disposio do lixo prejudicam diretamente a qualidade de vida dos moradores. J na zona urbana de Areia Branca, o desconforto ambiental mais caracterstico citado foi a falta de saneamento (Grfico 02).

    Grfico 02 Principais problemas ambientais nas localidades investigadas. Areia Branca, RN. 2010. De acordo com as informaes coletadas, o principal problema ambiental relatado pelos moradores

    do municpio est relacionado com a infraestrutura, principalmente com a vertente do saneamento ambiental, relacionado com a m disposio dos resduos slidos como a prpria falta de saneamento bsico. Disposto em qualquer lugar ou inadequadamente tratado, o lixo uma fonte inigualvel de proliferao de insetos e roedores, com os consequentes riscos para a sade pblica, alm de ser causa tambm de incmodos estticos e de mau cheiro (BRAGA, et al., 2005). J a falta de saneamento bsico diminui consideravelmente a qualidade de vida da populao, pois pode provocar inmeras doenas para a populao (PHILIPPI JR., 2005).

    Importncia do ecossistema dunar A zona costeira um espao um tanto conflitante, devido a sua importncia ecolgica e sua

    fragilidade ambiental contrastando com as potencialidades econmicas, j que abriga um contingente populacional significativo e uma abundncia de atividades econmicas que podemprovocar situaes de riscos e integridade ambiental para a regio (MORAIS, 2009). O municpio de Areia Branca possui um litoral onde est presente uma grande quantidade de dunas. Portanto, necessria a coleta de informaes relativas ao ambiente dunar presente nas localidades pesquisadas.

    Figura 02 Dunas localizadas no municpio de Areia Branca, RN. Fonte: SEIXAS, 2010.

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    O questionamento inicial desta etapa foi a cerca da percepo ambiental relacionada as dunas: O que voc acha dessa imagem (dunas - figura 02)?. De acordo com as pessoas consultadas, 76% relataram que a imagem bonita e 18% comentaram que a imagem agradvel (Grfico 03).

    Grfico 03 Percepo relacionada s Dunas. Dados em %. Areia Branca, RN. 2010. Quando perguntados sobre a importncia dos ambientes dunares no cotidiano da populao, 36%

    relataram que o ecossistema de dunas possui uma alta importncia para a populao, 24% comentaram que as dunas tm uma mdia importncia para a populao e outros 24% expuseram que as dunas no possuem nenhuma importncia para as comunidades que a cercam (Grfico 04).

    As principais indagaes foram as seguintes: ... as dunas tem grande importncia, por que elas trazem um equilbrio natural e econmico.... Outro respondente enfatiza que ... as dunas no possuem nenhuma importncia para a comunidade, pois elas destroem as estradas e para a populao no so importantes, so importantes apenas para a natureza. Alguns respondentes citaram que ... as dunas tem baixa importncia, pois o turismo ainda fraco na regio....

    Grfico 04 Importncia dos ambientes dunares para as comunidades e zona urbana do municpio

    de Areia Branca, RN. Dados em %. 2010. Moraes (1999, p. 29 apud MORAIS 2009, p. 01) define zona litornea ou zona costeira como uma

    zona de usos mltiplos, pois em sua extenso possvel encontrar variadssimas formas de ocupao do solo e a manifestao das mais diferentes atividades humanas. Com as inmeras formas de utilizaes para a zona costeira, foi questionado voc acha que as dunas de Areia Branca sofrem algum impacto ambiental causado pelo homem?. Do total da populao pesquisada, 47% dos questionados responderam que sim, enquanto 40% disseram que no e 13% no souberam repassar a resposta do questionamento (Grfico 05). Os entrevistados citaram como os impactos mais comuns nas localidades: a retirada de areia para utilizao na construo civil, desmatamento da vegetao, a m disposio de lixo, que colocado nas dunas e o turismo.

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    Grfico 05 Voc acha que as dunas de Areia Branca sofrem algum impacto ambiental causado

    pelo homem? Dados em %. Areia Branca. 2010. Tratando-se de um ambiente natural frgil de suma importncia o conhecimento das

    caractersticas e as formas de relacionamento das populaes com o ambiente, neste caso a zona costeira, mais especificamente as dunas, que esto inseridas no litoral do municpio de Areia Branca. As dunas podem possuir uma relao com o ambiente natural, cultural ou artificial (TRIVIOS, 1992, p. 96).

    CONSIDERAES FINAIS No tocante a qualidade de vida no municpio a maioria dos questionados consideram de boa a

    razovel, apenas elencando como os principais problemas ambientais do municpio a falta de infraestrutura, principalmente na rea de saneamento ambiental, envolvendo a disposio final inadequada de resduos e a ausncia de saneamento bsico.

    Com relao ao ecossistema dunar pode-se constatar que a maioria da populao acha o ambiente de dunas bonito e agradvel, alm de acreditar que as dunas so importantes para a comunidade, no entanto ainda muito grande o nmero de pessoas que citaram que as dunas no possuem nenhuma utilidade para a populao, bem como que as dunas no sofrem nenhum impacto antrpico.

    Percebe-se na resposta de vrias pessoas que o ecossistema de dunas no fornece um benefcio econmico direto, na verdade chega a interferir na rotina da comunidade, pois as dunas mveis ocupam estradas e construes, passando a ser um problema para a comunidade, de acordo com os dados coletados esse ecossistema colocado a margem no rol de importncia, ou seja, prioridades ou preocupaes, para as comunidades e a zona urbana do municpio de Areia Branca, pois no apresenta um benefcio econmico direto para a populao.

    Portanto, perceptvel a carncia de informaes da populao local sobre os ecossistemas costeiros, principalmente, as dunas e a sua importncia para a estabilidade do ambiente, existindo a necessidade de aplicao de aes de educao ambiental com a inteno de orientar sobre a importncia desse ecossistema para o municpio, alm da implementao de mecanismos e polticas pblicas que preservem efetivamente as dunas do municpio. Para isso, faz-se necessrio a interao constante entre os atores envolvidos, nesse caso o poder pblico e a populao local.

    REFERNCIAS AMARANTE, Odilon A. Camargo do. et. al. Atlas do potencial elico do Estado do Rio Grande do

    Norte. Natal: Companhia Energtica do Rio Grande do Norte - COSERN; Rio Grande do Norte. Iberdrola empreendimentos do Brasil S.A. e Camargo schumbert engenharia elica, 2003.

    BRAGA, Benedito et al. Introduo Engenharia Ambiental: O desafio do desenvolvimento sustentvel. 02. ed. So Paulo: Prentice Hall, 2005.

    GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. So Paulo: Atlas, 2002. 175 p. IDEMA - Instituto de Defesa do Meio Ambiente. Perfil do municpio de Areia Branca (RN). 2007.

    [online] Disponvel em [2009 jun 13].

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    MONTENEGRO JUNIOR, Igncio Ribeiro Pessoa. Turismo e urbanizao: Gesto de impactos no litoral de Aquiraz, CE. 2004. 259 f. Dissertao (Mestrado) - Programa Regional de Ps-graduao de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentvel, Universidade Federal do Cear, Fortaleza, CE, 2004.

    MORAIS, Lenygia Maria Formiga Alves. Expanso urbana e qualidade ambiental no litoral de Joo Pessoa Paraba. 2009. 171 f. Dissertao (Mestrado) - Curso de Mestrado em Geografia, Programa de Ps-graduao em Geografia, Universidade Federal da Paraba, Joo Pessoa, PB, 2009.

    PHILIPPI JR, Arlindo, editor. Saneamento, sade e ambiente: Fundamentos para um desenvolvimento sustentvel. Barueri, So Paulo: Manole, 2005. (Coleo Ambiental).

    TRIVIOS,Augusto N. S.Introduo Pesquisa em Cincias Sociais. A Pesquisa Qualitativa em Educao. So Paulo: Atlas, 1992. 175 p.

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    DINMICA GEOAMBIENTAL DA PRAIA DE VALHA-ME DEUS, CURURUPU-MA1

    Francisco Wendell Dias COSTA Prof. Esp. da rede Municipal de Anajatuba-MA

    [email protected] Antonio Cordeiro FEITOSA

    Prof. Dr. do Departamento de Geocincias da Universidade Federal do Maranho. [email protected]

    RESUMO Aborda-se a dinmica geoambiental da Praia de Valha-me Deus, localizada no municpio de

    Cururupu, Estado do Maranho. O estudo foi realizado com base no mtodo fenomenolgico-qualitativo, como suporte para os exerccios de percepo ambiental, apoiado nos seguintes procedimentos metodolgicos: levantamento e anlise bibliogrfica e cartogrfica da rea de estudo; imagens de satlite Landsat 5-TM, com rbita/ponto 221/061; trabalhos de campo para mensuraes e anlise do comportamento dos agentes e processos morfogenticos de origem: climtica, oceanogrfica, bitica e antrpica. Os resultados obtidos evidenciam a formao sedimentar inconsolidada, constituda de areias quartzosas de granulometria fina a muito fina, submetida aos agentes e processos climticos e oceanogrficos que determinam intensas alteraes da morfologia. As mdias trmicas e velocidades do vento so maiores no perodo da estiagem do que no perodo chuvoso, a ao das ondas e correntes determina o padro da morfodinmica praial. A populao local apresenta baixo nvel educacional, refletido diretamente na renda familiar, a pesca a base econmica da comunidade, apresentando infraestrutura e servios pblicos ineficientes. As alteraes ambientais so decorrentes de processos naturais, com mnima interferncia humana. A ausncia de polticas pblicas eficientes permite indicar polticas de planejamento e gesto para potencializar a sustentabilidade socioeconmica, cultural e ecolgica.

    Palavras-chave: Dinmica geoambiental. Praia de Valha-me Deus. Agentes e processos morfogenticos.

    ABSTRACT: In this paper the geo-environmental dynamics of the Valha-me Deus beach located in

    the municipality of Cururupu, in the State of Maranho is approached. The study was carried out based on the phenomenological-qualitative method, as a supportive theory for the exercises of environmental perception, grounded on the following methodological procedures: survey and bibliographic and cartographic analysis of the study area; Landsat 5-TM satellite images, with orbit/set 221/061; field trips for measuring and analyzing the behavior of agents and morphogenetic processes from climatic, oceanographic, biotic and anthropic origin. The results obtained show an unconsolidated sedimented formation, constituted by quartz-like sand varying from fine to extremely fine granulometry, submitted to climate and oceanographic processes and agents which determine intense changes on its morphology. The average temperatures and the speed of the winds are higher in the dry season than in the rainy one, and the action of the waves and tides determine the pattern of the beach morphodynamics. The local population presents low literacy levels, which directly reflects in the family income; and fishing is the economic basis of the community, which presents inefficient infrastructure and public services. The environmental changes are due to the natural processes, with minimum human interference. The absence of efficient public policies allows it to indicate that planning policies and managing for potentializing the socioeconomic, cultural and ecological sustainability is required.

    Key words: Geo-environmental policies. Valha-me Deus beach. Morphogenetic agents and processes.

    1 INTRODUO

    1 Texto produzido com base na monografia apresentada ao Curso de Geografia Licenciatura sob a orientao

    do Prof. Dr. Antonio Cordeiro Feitosa - Universidade Federal do Maranho (UFMA).

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    A zona costeira um ambiente dinmico cujos elementos bsicos; terra, mar e ar, interagem em relaes intrnsecas e cujo conhecimento sobre os processos fsicos e humanos atuantes de grande relevncia para a identificao das tendncias evolutivas e elaborao de prognsticos sobre a configurao do espao. Possuindo grande importncia por sua riqueza natural, econmica, porturia, estratgica e poltica, a zona costeira merece toda a ateno quanto s transformaes ocorridas ao longo das ltimas dcadas.

    A praia de Valha-me Deus de competncia do municpio de Cururupu, localizada na regio costeira do Litoral Ocidental do Estado do Maranho, a oeste da capital, So Lus. Apesar do longo tempo de conquista e ocupao da zona costeira do Maranho, a rea estudada ainda apresenta-se fracamente povoada e os habitantes ainda praticam atividades econmicas com predomnio do emprego de instrumentos e tcnicas de uso tradicional com baixo nvel de produtividade de pequeno impacto sobre a natureza.

    Abordam-se as variveis ambientais mais representativas na dinmica da geoambiental da praia de Valha-me Deus, discorrendo sobre as principais caractersticas fsicas, os aspectos histricos de sua ocupao, as caractersticas de sua populao e os servios disponveis.

    Discute-se a ao dos agentes e dos processos geolgicos, climticos, oceanogrficos, biticos e humanos na dinmica da geoambiental, assim como as transformaes nos ambientes caractersticos da rea (praia, dunas e lagoas), no intuito de subsidiar aes de planejamento para o uso das potencialidades desta rea que se apresenta com potencial turstico.

    2 METODOLOGIA 2.1 Mtodos e Materiais A pesquisa foi fundamentada no mtodo fenomenolgico-qualitativo, como suporte para os

    exerccios de percepo ambiental, sistematizao dos processos de observao, interpretao e explicao dos fenmenos locais. Com apoio tcnico-instrumental foram mensuradas variveis ambientais de natureza climtica e oceanogrfica. Para tanto, foram desenvolvidos os seguintes procedimentos metodolgicos:

    - Levantamento e anlise da bibliografia relacionada ao tema e rea de estudo; - Levantamento e anlise do material cartogrfico e de sensoriamento remoto, sendo utilizadas as

    cartas da CPRM, na escala de 1:250.000, folhas SA.23-Z-A e SA.23-X-C, referentes aos municpios de So Lus e Cururupu; do IBGE na escala de 1:100.000, folha 0494;

    - Imagem orbital do satlite Landsat/5, Sensor TM, rbita/Ponto 221/061, com data de aquisio 29/07/2007, georreferenciada para o datum horizontal SAD69 com sistema de projeo UTM;

    - Utilizao de GPS Garmin, para marcar os pontos escolhidos para as mensuraes; - Trabalhos de campo em perodos diferentes ao longo de dois anos: o primeiro ocorreu nos dias 05

    a 07 de Setembro de 2007; o segundo ocorreu nos dias 19 a 21 de maio de 2008, as mensuraes foram realizadas nos perodos de: 04 a 07 de setembro de 2008 (estiagem); 19 a 22 de dezembro de 2008 (transio) e 17 a 20 de maro de 2009 (chuvoso);

    - Seleo de pontos amostrais para medio de variveis ambientais considerando a metodologia proposta por Troppmair (1988);

    - Mensuraes de ndices trmicos, de umidade relativa do ar e velocidade do vento em dois pontos amostrais previamente selecionados, por perodos de 25 horas consecutivas, em ambientes com as seguintes caractersticas em relao luz solar: Exposio total (Et) e Sombreamento Total (St);

    - Aplicao de um questionrio para recolher informaes socioeconmicas da populao; - Registro fotogrfico da rea de estudo. 3 RESULTADOS E DISCUSSES 3.1 Localizao e situao geogrfica A rea de estudo est localizada a noroeste do Estado do Maranho, delimitada pelos paralelos de

    12418 e 12653 de latitude de sul e pelo meridianos de 445034 e 445116 de longitude oeste (Figura 01). Limita-se ao norte com o Oceano Atlntico; ao sul, oeste e leste com uma rea de cobertura de mangue.

    A praia de Valha-me Deus integra Municpio de Cururupu-MA, cuja costa possui diversas ilhas dentre as quais a Ilha do Campelo, onde se encontra a rea de estudo. Integra a Mesorregio Norte

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    Maranhense, a Microrregio do Litoral Ocidental e faz parte da rea de Proteo Ambiental das Reentrncias Maranhense, estando includa na Reserva Extrativista Marinha de Cururupu e no Plo Turstico da Floresta dos Guars.

    O acesso a rea feito por via martima a partir de qualquer cidade costeira. Tambm pode ser feito por um percurso rodovirio pelas principais rodovias estaduais at Cururupu, deste municpio sai um micronibus at o Porto de Pindobal em Serrano do Maranho. Do porto, o acesso a rea s ocorre via martima utilizando embarcao a motor e a vela.

    Figura 01: mapa de localizao. Fonte: IBGE (2008), adaptado por Costa (2009).

    3.2 Aspectos fsicos A praia de Valha-me Deus constitui uma formao geolgica sedimentar inconsolidada,

    Quaternria, Holocnica, com predomnio de areias quartzosas marinhas de granulometria fina a muito fina, e depsitos silticos e argilosos provenientes da ao marinha e/ou continental transportados pelos agentes climticos e oceanogrficos (RODRIGUES et al, 1994).

    Geomorfologicamente, a praia de Valha-me Deus est situada na Plancie Litornea, local de contato direto com dos processos marinhos, fluviomarinhos e climticos. Dessa dinmica surgiram as Rias, apresentando topografia plana composta por baixos nveis altimtricos, modeladas por agentes oceanogrficos e climticos. As unidades geomorfolgicas so representadas pelas plancies aluviais, praias arenosas, cordes de dunas fixas e canais de mar (FEITOSA e TROVO, 2006; ABSABER, 1960).

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    O clima da rea o Tropical mido do Tipo B1, com temperatura mdia anual de 27C, baixa amplitude trmica e pluviosidade entre 1.200 a 1.600mm/ano e umidade relativa do ar anual superior a 82%. O regime pluviomtrico apresenta dois perodos distintos: um chuvoso, que corresponde aos meses de janeiro a junho, com os maiores ndices entre maro e maio, e outro seco, de agosto a dezembro, entre setembro e novembro, a precipitao mensal no ultrapassa os 83 mm (MARANHO, 2002).

    A vegetao da rea arbustiva e arbustiva de restinga e mangue, adaptadas ao solo arenoso, onde predominam: a grama de praia (Sporobolus virginians), capim da areia (Panicum racemosum), alecrim da praia (Hybanthus ipecacuamha), pimenteira (Cordia curassaviaca), carrapicho da praia (Acicarpha spatulata). Associada cobertura herbcea e arbustiva, encontram-se as florestas de mangues, com destaque para trs espcies: Mangue vermelho (Rhyzophora mangle), espcie caracterstica da rea; Mangue Branco (Laguncularia racemosa) e Siriba (Avicennia germinans), alm da presena de marismas e de apicuns (BARROS et al, 2002; MOCHEL, 1999).

    O sistema hidrogrfico composto pela gua ocenica contgua que adentra as reentrncias se misturando com as guas fluviais originando ambiente de gua salobra. Outra caracterstica a presena de pequenas lagoas temporrias alimentadas pela gua pluvial durante o primeiro semestre do ano, secando no segundo semestre decorrente a intensa evaporao e baixa umidade. As lagoas servem para os animais beberem gua e geralmente so utilizadas por moradores para lavar roupas.

    Na rea de estudo foi identificada a presena de Neossolos e Gleissolos. Os Neossolos Quartzarnicos, associados s Areias Quartzosas, so excessivamente drenados, de estrutura em gros simples, macia e fertilidade natural baixa e, as Areias Quartzosas Marinhas se apresentam com textura arenosa constitudos por camadas estratificadas, acidez elevada com baixa fertilidade natural. Os Gleissolos correspondem ao Glei Tiomrfico, solo influenciado pela ao das mars, apresentando grande teor de enxofre e argila e, Gleissolos Slico, geralmente com baixa fertilidade natural, m drenagem, com grande limitao de uso. O crescimento de formas deposicionais terrgenas, compostas por areia, silte e argila, ocorrem em reas cobertas por manguezais (GUERRA; BOTELHO, 2003; IBGE, 2007).

    A descrio edfica local permite compreender que os solos tm textura arenosa e formaes sltica e argilosa explica a baixa fertilidade natural e as limitaes s prticas agrcolas. Constatou-se apenas um caso de um morador que utiliza adubos orgnicos para preparar o solo para o plantio.

    3.3 Aspectos socioambientais A praia de Valha-me Deus foi ocupada no final do sculo XIX, por um grupo de escravos que havia

    escapado de algum engenho, que viajando numa embarcao tipo jangada ficaram vrios dias a deriva, suplicaram pedindo proteo divina com a expresso Valha Deus e Nossa Senhora. Ao adentrarem por um igarap encontraram um local no qual poderiam desembarcar. Depois da construo de um rancho, os fugitivos foram encontrados por um morador de Guajerutiua, uma comunidade prxima a Valha-me Deus, que trabalhava como vaqueiro nos pastos do local. A partir desse momento comeou o processo de povoamento da rea.

    A rea de estudo possui 599 habitantes (IBGE, 2007a), com famlias tradicionais em que o chefe do domiclio mora na comunidade mais de 20 anos. A populao apresenta baixo nvel educacional, refletindo diretamente sobre a renda famlia adquirida principalmente pela pesca e aposentadoria. Os servios pblicos e a infraestrutura no atende as necessidades dos moradores.

    O difcil acesso dificulta a instalao da infraestrutura necessria comunidade, onde no existe gua encanada, saneamento bsico e coleta de lixo domstico. A comunidade possui trs escolas municipais, trs telefones pblicos, igrejas, comrcios informais, associao recreativa e beneficente e um sistema de energia eltrica movido por um gerador a diesel. As atividades econmicas so: a pesca artesanal, extrativismo vegetal, criao bovina e caprina e agricultura de subsistncia, com baixo rendimento devido a acidez e baixa fertilidade natural do solo.

    3.4 Dinmica Geoambiental A dinmica da geoambiental na praia de Valha-me Deus, decorre da relao direta e indireta, entre

    os fatores biticos e abiticos e do comportamento dos agentes e processos morfogenticos de origem: climtica, oceanogrfica, bitica e antrpica, analisados de forma conjunta.

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    Os agentes climticos tm funo importante na dinmica da paisagem da rea de estudo, por serem responsveis pelo controle da ao dos processos fsicos, qumicos e biolgicos. Para o entendimento da ao dos agentes climticos, foi mensurado o comportamento da temperatura, unidade do ar e direo e velocidade do vento.

    Os ndices trmicos do ar oscilam de acordo com o perodo do ano. O primeiro semestre corresponde ao perodo chuvoso, poca das amplitudes trmicas menores devido s altas taxas de umidade do ar que minimizam as temperaturas, contribuindo para a manuteno de nveis relativamente baixos das temperaturas do ar diurnas com mdias de 26,4C (Et) e 25,7C (St), que, nas madrugadas, baixam a 19C. O segundo semestre representa o perodo seco, devido deficincia hdrica e a baixa porcentagem de umidade do ar, as mdias trmicas diurnas atingem os 45C (Et) e 33C (St), com 22C durante as madrugadas.

    Na Praia de Valha-me Deus, a umidade relativa do ar demonstra comportamento sazonal ao longo do ano, apresentando mdias de 94% (Et) e 95% (St) no pico do perodo chuvoso e prximo dos 34% (Et) e 64,5% (St) no pico do perodo seco.

    O vento atua direta e indiretamente na dinmica local, realizando o transporte e a deposio de sedimentos. A atividade elica regular, quanto direo e freqncia ao longo do ano, com predomnio da direo no quadrante NE. No perodo chuvoso predominam os tipos de ventos: aragem leve e ventos de brisa leve, com velocidades entre 0 e 10 km/h, intercalados por ventos moderados e fortes espordicos. A velocidade mdia no perodo da estiagem fica entre 0 e 34,9 km/h, quando predominam os ventos moderados e ventos fortes.

    Em Valha-me Deus as dunas so classificadas como dunas fixas, com predomnio de areias quartzosas de colorao embranquecidas, contendo feies com presena de vegetao tpica que imobiliza ou reduz o transporte elico dos sedimentos. Devido aos elevados ndices pluviomtricos que so registrados na rea, so comuns os processos de hidratao e aglutinao dos gros de areia, durante o perodo chuvoso (Foto 01).

    Foto 01: Cordes de dunas fixas. Fonte: Costa (2009).

    Na tentativa de contribuir na anlise da dinmica da paisagem local, foram observados tambm os demais agentes climticos como insolao, nebulosidade, pluviosidade e presso atmosfrica, atuando de modo indireto na modelagem e transformaes da paisagem.

    A insolao intensa, se manifestando atravs de interferncia na presso atmosfrica e na temperatura, que se mantm elevada ao logo de todo o ano. A nebulosidade intensa durante o perodo chuvoso, notadamente nos meses de maro a maio, e, significativa, durante parte do perodo seco. A pluviosidade exerce ao direta sobre o relevo, atravs do splash, entretanto no foi constatado escoamento superficial significativo nas primeiras chuvas do ano, quando os gros ainda esto ressequidos, alm da hidratao e da aglutinao.

    A praia de Valha-me Deus sofre influncia direta e indireta dos agentes oceanogrficos. Fica evidente e marcante a ao das ondas e correntes, provocando eroso e deposio de sedimentos e interferindo na morfodinmica da praia (Foto 02).

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    Foto 02: Vista parcial da praia. Fonte: Registro da pesquisa.

    A rea de estudo apresenta costa dissipativa com ampla zona de surfe, baixo gradiente topogrfico,

    elevado estoque de areias finas, feies morfolgicas bem caracterizadas pela: Ante-praia (offshore), apresentando baixa declividade e intenso transporte de sedimentos finos; Estirncio (foreshore), com declividade mdia de 4, com presena de canaletas de dimenses variadas alimentadas por sedimentos finos retrabalhos pela ao das ondas, aparecem tambm marcas ondulas (ripple marks) e cristas e o Ps-praia (backshore) com presena de cordes de dunas fixas, sujeitas ou no atividade elica, enquadrando-se plenamente na descrio feita por Muehe (2005).

    O regime de mar predominante do tipo semidiurno, com duas preamares e duas baixa-mares, por dia lunar, com enchente e vazante proporcionais em intervalos de 6 horas e amplitude mdia de 5 m. As ondas influenciam na modelagem do relevo praial. Resultam da ao dos ventos sobre superfcie da massa lquida e sua formao est relacionada aos fatores climticos, principalmente: temperatura, elica, presso atmosfrica e a morfologia do fundo.

    Na rea de estudo, o suave declive do fundo marinho possibilita que as ondas quebrem vrias vezes, em arrebentao progressiva (Splling), determinando uma larga zona de surfe com ondas de 1,1 m de altura, em perodos de 6 segundos e freqncia entre 2 e 5 segundos.

    Quando as ondas se aproximam da costa formam as correntes litorneas responsveis pelo transporte de sedimentos. A corrente longitudinal (longshore current) desenvolve-se entre a praia e a zona de arrebentao e flui paralelamente praia. A corrente de retorno (rip current) retorna ao mar perpendicularmente praia atravessando a zona de arrebentao, processo que pode ser visualizado pela elevada turbidez decorrente da suspenso dos sedimentos (MUEHE, 2005).

    O processo de transporte de sedimentos, paralelamente costa, ocorre diretamente na face da praia, pela ao do fluxo e refluxo das ondas. A corrente de fluxo (swash) quebra obliquamente linha de costa e o transporte de sedimentos segue a mesma direo. Por outro lado, com a corrente de refluxo (backwash) os sedimentos se movem na direo do mergulho da face da praia, tendo como resultado o movimento em ziguezague (SILVA et al, 2004).

    No perodo da estiagem, o transporte elico ao longo do estirncio mais intenso. A face da praia exposta durante a baixamar recebe maior insolao e a umidade absorvida pelos sedimentos evapora acelerando o processo transporte e deposio de sedimentos superficiais na praia, formando uma nvoa de sedimentos arenosos.

    Em decorrncia do contato direto e indireto dos agentes oceanogrficos, a praia de Valha-me Deus, apresenta alteraes ambientais causadas pela eroso e deposio, associadas oscilao do nvel relativo do mar local devido ao balano de sedimentos. As alteraes ambientais causadas pela eroso podem ser diretamente relacionadas ao desequilbrio ecolgico, destruio do patrimnio natural, reduo do ambiente praial e transformaes ou perda da paisagem.

    Para Costa (2009), evidente a eroso costeira evidenciada pela destruio das faixas frontais da vegetao de mangue e restinga. O processo de acreso est associado mobilidade dos sedimentos oriundo de desembocaduras fluviais prximas ao local que so depositados na faixa de praia. A destruio

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    das faixas de mangue e de restinga um fenmeno causado pela deposio de sedimentos arenosos, tornando a rea de mangue mais arenosa formando o testemunho de mangue.

    Na rea de estudo, a presena de formaes argilosas e a intensa ao da hidrodinmica costeira promovem alteraes morfolgicos na estrutura rochosa, formando pequenos fragmentos de argila - gleibol. Esse aspecto morfolgico apresenta cores acinzentadas a esverdeadas (EMBRAPA, 2003). Na rea de estudo, em face da interao dos agentes e processos oceanogrficos e climticos, essa formao modifica-se em curtos perodos (Foto 03 e 04).

    Foto 03: Gleibol set.2008. Foto 04: Gleibol dez.2008 Fonte: Costa (2009). Fonte: Costa (2009).

    Os aspectos biticos na rea de estudo so importantes para a compreenso da dinmica local. A

    fauna apresenta vrias espcies de crustceos, pescados e moluscos. Alguns animais ganham destaques como: guaxinim (Procyon cancryvorus), macaco-prego (Cebus apella) e aves: figurinha-do-mangue (Conirostrum bicolor), forma endmica dos manguezais e as aves migratrias, com destaque para o guar (Eudocimus ruber), Gara-branca-grande (Cosmorodium albus), Gara-branca-pequena (Egretta thula) e o maarico-de-coleira (Charadrius colaris). H registro da ocorrncia de Caravelas (Physalia) e ourio-do-mar (BARROS et al, 2002).

    Alguns rpteis ganham destaque como: cobra cip (Chironius bicarinatus) cobra Jibia (Boa constricto), calango-verde (Ameiva ameiva) e anfbios, alm de