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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA INDUSTRIAL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA MAYARA SUÉLLY CÂNDIDO FERREIRA DE LIMA Resposta Térmica de um Compósito PEEK+PTFE+Fibra de Carbono+Grafite Natal 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA INDUSTRIAL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

MAYARA SUÉLLY CÂNDIDO FERREIRA DE LIMA

Resposta Térmica de um Compósito PEEK+PTFE+Fibra de Carbono+Grafite

Natal

2012

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MAYARA SUÉLLY CÂNDIDO FERREIRA DE LIMA

RESPOSTA TÉRMICA DE UM COMPÓSITO PEEK+PTFE+FIBRA DE CARBONO+GRAFITE

Dissertação apresentada à Universidade

Federal do Rio Grande do Norte como parte

dos requisitos para a obtenção do Título de

Mestre em Engenharia Mecânica

Área de Concentração: Tecnologia de

Materiais

Orientador: Prof. Dr. João Telésforo Nóbrega de Medeiros

Co-orientador: Prof. Dr. Ademir Oliveira da Silva

Natal 2012

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Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

Centro de Projetos de Navios – CPN

Catalogação da Publicação na Fonte. CPN / Depto. Documentação Técnica

L732r Lima, Mayara Suélly Cândido Ferreira de.

Resposta térmica de um compósito: PEEK+PTFE+Fibra de Carbono

+ Grafite / Mayara Suélly Cândido Ferreira de Lima. − Natal/RN, 2012.

115 f.: il.

Orientador: Prof. Dr. João Telésforo Nóbrega de Medeiros.

Co-Orientador: Prof. Dr. Ademir Oliveira da Silva

Dissertação (Mestrado em Engenharia Mêcanica) – Universidade

Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Tecnologia Industrial.

1. Materiais Compósitos. 2. Tecnologia de Materiais. 3.

Engenharia Mecânica. I. Medeiros, João Telésforo Nóbrega de. II.

Silva, Ademir Oliveira da. III. Título.

CDD: 620.1

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA INDUSTRIAL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

RESPOSTA TÉRMICA DE UM COMPÓSITO PEEK+PTFE+FIBRA DE CARBONO+GRAFITE

MAYARA SUÉLLY CÂNDIDO FERREIRA DE LIMA

Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do título de

MESTRE EM ENGENHARIA MECÂNICA

sendo aprovada em sua forma final.

_________________________________ João Telésforo Nóbrega de Medeiros – Orientador

BANCA EXAMINADORA

_________________________________ João Telésforo Nóbrega de Medeiros – Presidente

________________________________________ Ademir Oliveira da Silva- DQ/UFRN

________________________________________ Roberto Silva de Sousa- IFRN- Examinador Externo

________________________________________ Luiz Cláudio- DEM/UFRN - Examinador Interno

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Dedico este trabalho aos meus pais, Marinalda Cândido da Silva Ferreira e Pedro Manoel de Oliveira por todo o amor e carinho me dado e por todo o esforço realizado para meu crescimento pessoal e educacional.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por toda força, paciência, perseverança, fé e

discernimento dados a mim durante a realização deste trabalho.

À minha mãe, Marinalda Cândido da Silva Ferreira e ao meu pai, Pedro Manoel

de Oliveira, por todo o amor, carinho e esforço durante esses anos.

A Washington Batista de Lima, meu esposo, pelo amor e companheirismo.

Agradeço ao Prof. Dr. João Telésforo Nóbrega de Medeiros pela pronta

orientação neste trabalho, pela paciência e ensinamentos em laboratório e nas

disciplinas em sala de aula, além dos ensinamentos de vida que ficarão guardados

para o resto da vida.

Ao Prof. Dr. Ademir Oliveira da Silva pela co-orientação no trabalho e

realização das análises térmicas, juntamente com a bolsista Larissa Beatriz.

Á Prof. Dr. Ruthilene Catarina Lima da Silva pelas ideias fornecidas durante a

qualificação.

Aos professores da UFRN: Cleiton Rubens F. Barbosa, George Marinho e Luíz

Guilherme, pelo fornecimento de instrumentos para a realização dos ensaios.

Ao Prof. Roberto Silva do IFRN também pelo fornecimento de instrumentos

para realização de ensaios, além da sua participação na banca avaliadora.

Ao Prof. Luiz Cláudio pela participação na banca avaliadora e discussão do

trabalho.

Agradeço aos meus colegas e amigos, Jarbas Santos e Christiano Menezes

por toda a ajuda nos procedimentos experimentais, e aos demais integrantes do

Grupo de Estudos de Tribologia/GET: Aline, Jaciana, Janaína e Prof. Manoel

Fernandes, pelo apoio e ajuda direta ou indireta.

Agradeço aos meus ajudantes: Breno, Gediel, Victor, Carlos Montes, Luís, Ruy

Neto e Luíza por toda a ajuda experimental.

Agradeço aos meus inseparáveis amigos da graduação, aos mais presentes:

Fernando Nunes, Juliana Ricardo, Gelsoneide Gois, Kaio Max, Laurênia Martins e

aos mais ausentes atualmente: Clarissa Mendonça, Laís Vasconcelos e Rosanne

Filgueira, por todo o companheirismo ao longo de todos esses anos.

Agradeço a cada docente que contribuiu com um pouco do seu conhecimento

para o meu desenvolvimento como pessoa e como profissional.

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Aos técnicos e bolsistas dos Laboratórios de Metalografia, de Plasma, de

Engenharia de Materiais, de Metrologia, de Construção Civil, de Química e de

Geologia, além dos técnicos da Oficina Mecânica.

À CAPES, Pró-Reitoria de Pós-Graduação e ao Programa de Pós-Graduação

em Engenharia Mecânica pelo apoio financeiro.

À todos que de forma direta ou indireta me ajudaram na realização desse

trabalho.

Muito Obrigada.

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“Os obstáculos são colocados a nossa frente, não para tropeçarmos, mas

para aprendermos a saltar.”

Provérbio Chinês

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RESUMO

Compósitos baseados em matrizes poliméricas de PEEK e PTFE, reforçadas com

fibra de carbono e grafite (G_CFRP) apresentam crescente aplicação e desafios à

Engenharia nas indústrias Aeroespacial, Aeronáutica, de Petróleo, Biomédica,

Mecânica e Eletrônica. Um compósito G_CFRP foi aquecido em três níveis de

energia térmica para identificar os principais mecanismos de dano e algumas

evidências em suas transições de mecanismos. Uma bancada experimental foi

desenvolvida para sistematizar o fluxo térmico com base no Efeito Joule. Foi

construída usando-se um recipiente isotérmico, uma fonte quente interna e um

sistema de medidas em tempo real para ensaiar um corpo-de-prova (CP) de cada

vez. Uma ponta cônica-cilíndrica foi inserida em um ferro de soldar, comercialmente

disponível e identificado por três diferentes níveis de potência elétrica, 40W

(fabricante A), 40W (fabricante B), 100W e 150W, selecionados após ensaios piloto:

estes níveis de potência para a fonte quente, após uma hora de aquecimento e uma

hora de resfriamento in situ, promoveu três zonas diferentes de degradação na

superfície do compósito. A bancada foi instrumentada com doze termopares, um

wattímetro e uma câmera de vídeo. Os doze C.P. ensaiados apresentaram

diferentes mecanismos de degradação, analisados pelas técnicas de Calorimetria

Diferencial Exploratória (DSC) e Termogravimetria (TG), e pelas análises de

Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) e Energia Dispersiva de Raios-X (EDS).

Antes e após cada ensaio, foram feitos ensaios de dureza Rockwell M (HRM).

Excelentes correlações (R2=1) foram obtidas nas curvas da área evaporada após

uma hora de aquecimento e uma hora de resfriamento in situ versus (1) a respectiva

potência da fonte quente e (2) a temperatura central do C.P. entretanto, como

resultado da degradação diferencial do G_CFRP e da sua anisotropia, confirmadas

por suas propriedades térmicas variáveis, propriedades viscoelásticas e

viscoplásticas, houve comportamentos linear e não-linear entre o campo de

temperatura e a HRM medidos nas direções radial e circunferencial dos C.P.

Algumas peculiaridades morfológicas das zonas de dano são apresentadas e

discutidas, como, por exemplo, os mecanismos de dano por “crazing” e

esqueletização do G_CFRP.

Palavras-chave: Materiais Compósitos; PEEK; PTFE; Fibra de Carbono; CFRP;

Mecânica do Dano; Envelhecimento Térmico; Evaporação; Crazing; Esqueletização.

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ABSTRACT

Composites based on PEEK + PTFE + CARBON FIBER + Graphite

(G_CFRP) has increased application in the top industries, as Aerospace,

Aeronautical, Petroleum, Biomedical, Mechanical and Electronics Engineering

challenges. A commercially available G_CFRP was warmed up to three different

levels of thermal energy to identify the main damage mechanisms and some

evidences for their intrinsic transitions. An experimental test rig for systematize a heat

flux was developed in this dissertation, based on the Joule Effect. It was built using

an isothermal container, an internal heat source and a real-time measurement

system for test a sample by time. A standard conical-cylindrical tip was inserted into a

soldering iron, commercially available and identified by three different levels of

nominal electrical power, 40W (manufacturer A), 40W (manufacturer B), 100W and

150W, selected after screening tests: these power levels for the heat source, after

one hour of heating and one hour of cooling in situ, carried out three different zones

of degradation in the composite surface. The bench was instrumented with twelve

thermocouples, a wattmeter and a video camera. The twelve specimens tested

suffered different degradation mechanisms, analyzed by DSC (Differential Scanning

Calorimetry) and TG (Thermogravimetry) techniques, Scanning Electron Microscopy

(SEM) and Energy-Dispersive X-Rays (EDX) Analysis. Before and after each testing,

it was measured the hardness of the sample by HRM (Hardness Rockwell M).

Excellent correlations (R2=1) were obtained in the plots of the evaporated area after

one hour of heating and one hour of cooling in situ versus (1) the respective power of

heat source and (2) the central temperature of the sample. However, as resulting of

the differential degradation of G_CFRP and their anisotropy, confirmed by their

variable thermal properties, viscoelastic and plastic properties, there were both linear

and non-linear behaviour between the temperature field and Rockwell M hardness

measured in the radial and circumferential directions of the samples. Some

morphological features of the damaged zones are presented and discussed, as, for

example, the crazing and skeletonization mechanism of G_CFRP.

Key-words: Composite Materials; PEEK; PTFE; Carbon Fiber; CFRP; Damage

Mechanics; Thermal Aging; Evaporating; Crazing; Skeletonization.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Esquema do campo de temperatura na zona de contato provocado por um risco esclerométrico linear .................................................................... 1

Figura 2- Mapa esquemático do risco esclerométrico promovido por um punção rígido (a) cilíndrico com ponta chata (b) esférico (c) cônico, com

ângulo de geratriz /2. (Adaptado de LIU; KE; WANG, 2011) .................... 2

Figura 3- Parâmetros geométricos de um sólido solicitado pela carga F, tensão

de cisalhamento xy = F/A, deformação xy = x/l, módulo de

cisalhamento G = xy / xy = (F/A)/(x/l) = (Fl/ A) / (x.A) ............................ 2

Figura 4- Esboço conceitual desenvolvido neste trabalho .......................................... 5

Figura 5- Estados físicos dos polímeros, baseados em LEMAITRE E CHABOCHE (2004) .................................................................................... 7

Figura 6- Estrutura molecular do PEEK ...................................................................... 8

Figura 7- Taxa de liberação de calor específico para vários polímeros (PATEL et

al., 2010)................................................................................................... 11

Figura 8- Curvas MDSC para PEEK: (a) discretização em torno da temperatura de transição vítrea, Tg; (b) vista global (Adaptado de LAMÈTHE, 2004) ........................................................................................................ 11

Figura 9- Temperaturas de transição vítrea (oC) de blendas de PEEK, PEI e HX4000, antes do tratamento térmico, com os desvios entre parênteses, segundo Bretas e Baird (1992) ............................................. 12

Figura 10- Temperaturas de transição vítrea (oC) de blendas de PEEK, PEI e HX4000, após tratamento térmico (à temperatura Tg ou 200oC, 5

dias), com os desvios entre parênteses, segundo Bretas e Baird (1992) ....................................................................................................... 13

Figura 11- Módulos elásticos [GPa] limite de resistência [MPa] e elongação (%) à máxima carga de blendas de PEEK, PEI e HX4000, antes do

tratamento térmico, com os desvios entre parênteses, segundo Bretas e Baird (1992) ........................................................................................... 13

Figura 12- Módulos elásticos [GPa] limite de resistência [MPa] e elongação (%) à máxima carga de blendas de PEEK, PEI e HX4000, após

tratamento térmico (à temperatura Tg ou 200°C, 5 dias), com os desvios entre parênteses, segundo Bretas e Baird (1992) ....................... 14

Figura 13- Estrutura molecular do PTFE .................................................................. 15

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Figura 14- Formas alotrópicas do carbono: (a) grafeno, (b) grafite, (c) nanotubo de carbono, (d) fulereno (Adaptado de Neto, 2006); e (e) diamante (Adaptado de Brum, 2008) ....................................................................... 19

Figura 15- Estrutura cristalina do grafite (LQES, 2009) ............................................ 20

Figura 16- Carta 11 de Ashby: Gráfico da Expansão Térmica, [m / m.K] ,

esboçado contra a Condutividade Térmica, k [W/m.K]. O contorno

mostra k/ [W/m] , um importante parâmetro utilizado no projeto de

Engenharia que considera as distorções térmicas, conforme Ashby (2010) ....................................................................................................... 26

Figura 17- Carta 9 de Ashby: Gráfico da Condutividade Térmica, k [W/m.K],

esboçado contra a difusividade térmica, [m2/s] . O contorno mostra

o calor especifico a volume constante, .cp [J/m3K] Todas estas três propriedades variam com a Temperatura (ASHBY, 2010) ....................... 29

Figura 18- Difusividade Térmica como uma função da fração volumétrica de

fibra de carbono em compósito de matriz polimérica (epóxi), adaptado de Wróbel et al. (2009): (a) Corpos-de-prova de 4mm; (b) Corpos-de-

prova de 5mm........................................................................................... 32

Figura 19- Módulo de Young em função da temperatura de materiais poliméricos

semicristalinos .......................................................................................... 33

Figura 20- Fundação do modelo elástico com uma base rígida de profundidade

H que é comprimida por um indentador rígido e a distribuição de pressão p em toda a área de contato (JOHNSON, 1989 apud NASCIMENTO et al., 2009) ...................................................................... 33

Figura 21- (a) Contato entre uma esfera indentadora e uma superfície plana

polimérica sob ação de uma força compressiva F, (b) dimensão da área de contato (circular) e deflexão, (c) distribuição da pressão, pressão máxima (Pmáx) e média (pmédia). A relação entre as pressões é dada por Pmáx = 3/2 Pmédia (Adaptado de NASCIMENTO et al., 2009) .. 34

Figura 22- Envelopes que estabelecem o critério de tensões equivalentes de Von Mises para o conjunto de estados de tensões biaxiais seguras para polímeros amorfos, considerando os limites de escoamento (comportamento dútil) e o crazing (comportamento frágil) (Adaptado de Meyers e Chawla, 1999) ...................................................................... 37

Figura 23- Crazing em PEAD: Micrografia obtida por MEV em um C.P. de

polietileno de alta densidade (PEAD) submetido a um ensaio de fadiga a 80°C. O crazing (“craquelure”, em francês) situa-se na zona de fissura durante sua propagação lenta, de acordo com Combette e Ernoult (2006) ........................................................................................... 38

Figura 24- Imagens obtidas por Microscopia Eletrônica de Varredura com evidencias de danos associados ao comportamento frágil de PTFE

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com possíveis ocorrências de crazes, segundo Lima da Silva et al. (2011) ....................................................................................................... 38

Figura 25- Compósito PEEK+PTFE+FC+Grafite ...................................................... 43

Figura 26- Esquema das indentações realizadas no C.P. ........................................ 45

Figura 27- Ferros de Soldar utilizados nos ensaios, potências nominais de 40W(A), 40W(B), 100W, 150W, respectivamente .................................... 46

Figura 28- Esquema do aparato experimental utilizado nos ensaios. (a) Aparato experimental; (b) Seção transversal do aparato experimental com detalhamento do escopo .......................................................................... 47

Figura 29- Bancada de Ensaio Térmico: (a) Aparato experimental com

posicionamento do C.P.e (b) Bancada de ensaio completa com placa de aquisição de temperatura, wattímetro e medidor de umidade ............. 48

Figura 30- Posição dos Termopares no compósito. (a) Lado superior; (b) Lado inferior; (c) esquema da posição dos termopares em relação a fonte quente ...................................................................................................... 49

Figura 31- Gráficos da potência medida em cada fonte quente durante uma hora

de ensaio .................................................................................................. 51

Figura 32- Gráficos do aquecimento e resfriamento dos C.P. ensaiados com as

fontes de 40W(A) e 40W(B)...................................................................... 52

Figura 33- Gráficos do aquecimento e resfriamento dos C.P. ensaiados com as

fontes de 100W e 150W ........................................................................... 53

Figura 34- Elevação do corpo-de-prova durante os primeiros 10 minutos de

ensaio ....................................................................................................... 55

Figura 35- Curvas de módulo de armazenamento, módulo de perda e tanδ

obtidas pela DMA do compósito PEEK+PTFE+Grafite+Fibra de Carbono .................................................................................................... 56

Figura 36- Curvas DSC e DDSC da amostra retirada do corpo-de-prova como adquirido ................................................................................................... 58

Figura 37- Curvas DSC das amostras coletadas da borda dos corpos-de-prova ensaiados ................................................................................................. 59

Figura 38- Curvas DSC das amostras coletadas da região central dos corpos-de-prova ensaiados .................................................................................. 60

Figura 39- Análise termogravimétrica do compósito como adquirido ....................... 63

Figura 40- TG/DTG das amostras coletadas da borda de todos os C.P.

ensaiados: 40W(A)/Borda (azul); 40W(B)/Borda (cinza); 100W/Borda (vermelho); 150W/Borda (verde) .............................................................. 65

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Figura 41- TG/DTG das amostras coletadas à 2 mm do dano central de todos os C.P. ensaiados: 40W(A)/Centro (azul); 40W(B)/Centro (cinza); 100W/Centro (vermelho); 150W/Centro (verde) ....................................... 65

Figura 42- Média da temperatura de estabilização dos C.P. ensaiados e como

adquirido, obtidos por análise TG ............................................................. 66

Figura 43- Gráficos de dureza Rockwell M dos C.P. como adquirido e ensaiados

com fonte quente de 40W(A) e 40W(B) e suas repetições ....................... 67

Figura 44- Gráficos de dureza Rockwell M dos C.P. como adquirido e ensaiados

com fonte quente de 100W e 150W e suas repetições ............................ 68

Figura 45- Esquema representativo da variação do fluxo térmico e da medida da

dureza na direção radial dos C.P. ensaiados com os diferentes níveis de energia térmica .................................................................................... 69

Figura 46- Dureza HRM (Rockwell M) em função da temperatura, medidas no centro (círculo verde) e em uma coroa circular (círculo azul) dos C.P. ensaiados e suas repetições .................................................................... 70

Figura 47- Morfologia da indentação gerada pelo ensaio de dureza Rockwell M

no C.P. tal como adquirido: (a) área de contato; (b) ampliação da borda superior esquerda da área indentada; (c) Colapso estrutural micrométrico na borda da indentação ...................................................... 71

Figura 48- Imagens dos corpos-de-prova ensaiados e das respectivas pontas

dos ferros de soldar, obtidas por lupa (CONTINUA) ................................ 73

Figura 48- Imagens dos corpos-de-prova ensaiados e das respectivas pontas

dos ferros de soldar, obtidas por lupa (CONCLUSÃO) ............................ 74

Figura 49- Área do dano em função da Potência real medida nas fontes quentes .. 75

Figura 50- Área do dano em função da temperatura medida no centro do C.P. ...... 76

Figura 51- Relação temperatura x potência para os quatro ensaios realizados ....... 77

Figura 52- Morfologia da superfície do corpo-de-prova não ensaiado...................... 78

Figura 53- Morfologia dos danos ocorridos no corpo-de-prova após ensaio com

a fonte quente de 40W(A): (a) Toroide; (b) Ampliação do toroide; (c) Região central da cratera de desgaste ..................................................... 79

Figura 54- Microanálise EDS da cratera formada no C. P. ensaiado com a fonte de 40W(A): (a) Borda externa da cratera de desgaste; (b) Lateral interna da cratera de desgaste ................................................................. 80

Figura 55- Morfologia dos danos ocorridos no C.P. após ensaio com a fonte

quente de 40W(B): a) cratera de desgaste; b) ampliação da borda direita da cratera ....................................................................................... 81

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Figura 56- Microanálise EDS da cratera formada no C. P. após ensaio com a fonte quente de 40W(B): (a) Borda superior da cratera de desgaste (Região 2 da Figura 55(a)); (b) Centro da cratera de desgaste ................ 82

Figura 57- Morfologia dos danos ocorridos no corpo-de-prova após ensaio com

a fonte quente de 100W: (a) Toroides em paralelo; (b) Ampliação do toroide interno; (c) Porosidade na região interna do toroide; (d) Esqueletização na borda do toroide interno; (e) Ampliação da trinca formada no toroide interno; (f) Crazing (CONTINUA) ............................... 83

Figura 57- Morfologia dos danos ocorridos no corpo-de-prova após ensaio com a fonte quente de 100W: (g) Descolamento de Fibra (CONCLUSÃO) ..... 84

Figura 58- Microanálise EDS da cratera formada no C. P. após ensaio com a fonte quente de 100W: a) Início da microtrinca apresentada na Fig. 57(e); b) Malha de microtrincas apresentada na Fig. 57(c) ...................... 86

Figura 59- Morfologia dos danos ocorridos no C.P. após ensaio com a fonte

quente de 150 W: (a) Toroides em paralelo; (b) Esqueletização e microporosidade no interior do toroide interno; (c) Fragilização no centro da região interna do toroide; (d) Microtrincas e esqueletização no toroide interno ...................................................................................... 87

Figura 60- Aquecimento e resfriamento no centro dos C.P. ensaiados com as fontes de 40W(A), 40W(B), 100W, 150W ................................................. 88

Figura 61- Microanálise EDS da cratera formada no C. P. após ensaio com a fonte quente de 150W: a) Malha de Trincas na região central da cratera; b) Ampliação da trinca ................................................................. 90

Figura 62- Posicionamento da fonte quente na base de madeira ............................ 98

Figura 63- (a) Posicionamento do bulbo vítreo no aparato experimental; (b) Anel elastomérico ............................................................................................. 99

Figura 64- Montagem da lã de vidro e do tubo isolante de PVC ............................ 100

Figura 65- Potências medidas nas fontes quentes durante os ensaios pilotos

com as fontes de 40W(A) e 40W(B) ....................................................... 101

Figura 66- Potências medidas nas fontes quentes durante os ensaios pilotos

com as fontes de 100W e 150W ............................................................. 102

Figura 67- Potência medida na fonte quente durante ensaio piloto com a fonte

de 180W ................................................................................................. 103

Figura 68- Temperatura medida nos corpos-de-prova durante os ensaios pilotos

com as fontes de 40W(A) e 40W(B) ....................................................... 104

Figura 69- Temperatura medida nos corpos-de-prova durante os ensaios pilotos

com as fontes de 100W e 150W ............................................................. 105

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Figura 70- Temperatura medida no corpo-de-prova durante ensaio piloto com a fonte de 180W ........................................................................................ 106

Figura 71- Danos ocasionados nos corpos-de-prova utilizados nos ensaios pilotos ..................................................................................................... 107

Figura 72- Potências medidas nas fontes quentes durante as repetições dos ensaios com as fontes de 40W(A) e 40W(B) .......................................... 108

Figura 73- Potências medidas nas fontes quentes durante as repetições dos ensaios com as fontes de 100W e 150W ............................................... 109

Figura 74- Temperatura medida nos corpos-de-prova durante as repetições dos ensaios com as fontes de 40W(A) e 40W(B) .......................................... 110

Figura 75- Temperatura medida nos corpos-de-prova durante as repetições dos ensaios com as fontes de 100W e 150W ............................................... 111

Figura 76- Danos ocasionados nos corpos-de-prova utilizados na repetição dos ensaios ................................................................................................... 112

Figura 77- Potência medida pelo wattímetro (real) e potência calculada nas quatro lâmpadas utilizadas ..................................................................... 113

Figura 78- Medidas de temperatura dos 10 termopares aferidos em função do tempo, juntamente com os termopares padrões nos experimentos com água solidificada e água em ebulição ............................................. 114

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Propriedades do PEEK, de acordo com Mark (1999) (CONTINUA) ........... 9

Tabela 1- Propriedades do PEEK, de acordo com Mark (1999) (CONCLUSÃO) ..... 10

Tabela 2- Comparação da temperatura onset de decomposição de vários polímeros

(HILADO, 1998 apud PATEL et al., 2010) ................................................ 10

Tabela 3- Massa específica de alguns polímeros PEEK........................................... 12

Tabela 4- Discretização das Blendas de PEI, PEEK e HX4000 utilizadas por Bretas

e Baird (1992) ........................................................................................... 14

Tabela 5- Propriedades do PTFE, de acordo com Mark (1999) (CONTINUA) .......... 16

Tabela 5- Propriedades do PTFE, de acordo com Mark (1999) (CONCLUSÃO) ...... 17

Tabela 6- Algumas propriedades do grafite comercial (GRAPHITE (C), 2002) ........ 20

Tabela 7- Valores experimentais versus calculados por simulação para os

coeficientes de difusividade (D), permeabilidade (P) e solubilidade (Sol.)

dos polímeros investigados, conforme Tocci et al. (2002)a ...................... 31

Tabela 8- Propriedades da resina e da fibra do compósito cuja difusividade térmica

foi investigada por Wróbel et al. (2009) .................................................... 32

Tabela 9- Algumas propriedades do compósito PEEK+PFTE + Fibra de

Carbono+Grafite, fornecidas pelo fabricante. ........................................... 43

Tabela 10- Resumo dos dados obtidos por DSC de todas as amostras analisadas:

Fusão), Temperatura de transição vítrea (Tg),

Temperatura onset (TOnset), Temperatura endset (TEndset), Pico mínimo de

fusão (PcMín), Pico máximo de fusão (PcMáx) ............................................ 60

Tabela 11- Grau de Cristalinidade da matriz de PEEK ............................................. 62

Tabela 12- Resumo dos dados obtidos por TG de todas as amostras analisadas ... 66

Tabela 13- Dados obtidos pelas equações de Hertz para a indentação realizada no

C.P. tal como adquirido. ........................................................................... 72

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LISTA DE SIMBOLOS

pv Par pressão de contato/velocidade de deslizamento

Fn Força Normal

Ft Força Tangente

Fluxo de Calor

V Velocidade de deslizamento

P Pressão de contato

Fa Força tangencial de atrito

R Raio

δ Profundidade

F Carga

τ Tensão de cisalhamento

γ Deformação no cisalhamento

G Módulo de Cisalhamento

A Área do Material

l Comprimento

T Temperatura

k Coeficiente de Condutividade Térmica

λ Difusividade Térmica

Coeficiente de Expansão Térmica

μ Coeficiente de atrito

Tg Temperatura de Transição Vítrea

Tm Temperatura de Fusão Cristalina

Tc Temperatura de Cristalização

Ω Resistência Elétrica

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i Corrente

S Condutividade elétrica

ρ Massa específica

E’ Módulo de Armazenamento

E” Módulo de Amortecimento

Tan δ Fator de Perda

Cp Capacidade Calorífica

2a Diâmetro da área de Contato

E Módulo de Elasticidade

Coeficiente de Poisson

σ Tensão Normal

trelax. Tempo de Relaxação

te Tempo de envelhecimento

Φ Diâmetro

ΔH Calor de Fusão

Xc Cristalinidade

f Fração mássica

Testab. Temperatura de Estabilização

T(r) Temperatura em função do raio do C.P.

Pc Pico

R² Coeficiente de correlação

Pot. Potência

t Tempo

Li Comprimento Inicial

ɛ Deformação sob Tensão Normal

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1

1.1. Objetivo Geral............................................................................................. 3

1.2. Objetivos Específicos ................................................................................. 4

1.3. Hipótese ..................................................................................................... 4

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................... 6

2.1. Materiais Poliméricos ................................................................................. 6

2.1.1. Poliéter-éter-cetona (PEEK) ....................................................................... 8

2.1.2. Politetrafluoretileno (PTFE) ...................................................................... 15

2.2. Fibra de Carbono (FC) ............................................................................. 18

2.3. Grafite ....................................................................................................... 19

2.4. Compósitos Poliméricos ........................................................................... 21

2.5. Análises Térmicas .................................................................................... 22

2.5.1. Análise Dinâmico-Mecânica (DMA) .......................................................... 22

2.5.2. Análise Termogravimétrica (TG) ............................................................... 23

2.5.3. Calorimetria Diferencial Exploratória (DSC) ............................................. 23

2.6. Propriedades Térmicas ............................................................................ 25

2.6.1. Coeficiente de expansão térmica (CTEs) de compósitos poliméricos ...... 25

2.6.2. Condutividade térmica de compósitos poliméricos ................................... 28

2.6.3. Difusividade térmica ................................................................................. 30

2.7. Módulo de Elasticidade em Função da Temperatura ............................... 32

2.8. Mecânica do Contato ................................................................................ 33

2.8.1. Modelo de Hertz ....................................................................................... 33

2.9. Mecanismo de Dano por Crazing ............................................................. 36

2.10. Outros Mecanismos de Danos de Materiais Poliméricos ......................... 39

2.11. Decomposição térmica ............................................................................. 40

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3. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 43

3.1. Materiais ................................................................................................... 43

3.1.1. Corpos-de-prova (C.P.) ............................................................................ 43

3.1.2. Caracterização do compósito ................................................................... 44

3.1.2.1. Análises térmicas ..................................................................................... 44

Análise Dinâmico-mecânica (DMA) ........................................................................ 44

Análise Termogravimétrica (TG) ............................................................................ 44

Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) ........................................................... 44

3.1.2.2. Dureza ...................................................................................................... 45

3.1.3. Fontes Quentes: Ferros de Soldar ........................................................... 45

3.2. Metodologia .............................................................................................. 46

3.2.1. Ensaio Térmico ......................................................................................... 46

3.2.2. Fixação dos termopares no corpo-de-prova ............................................. 48

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................................................... 50

4.1. Gráficos .................................................................................................... 50

4.1.1. Medida de Potência das Fontes Quentes ................................................. 50

4.1.2. Temperatura no compósito ....................................................................... 51

4.1.3. Análises Térmicas .................................................................................... 56

4.1.3.1. Análise Dinâmico-Mecânica (DMA) .......................................................... 56

4.1.3.2. Calorimetria Diferencial Exploratória (DSC) ............................................. 58

4.1.3.3. Análise Termogravimétrica (TG/DTG) ...................................................... 63

4.1.4. Dureza ...................................................................................................... 67

4.1.5. Dano nas superfícies ................................................................................ 73

4.1.5.1. Lupa ......................................................................................................... 73

4.1.5.2. Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV)............................................. 77

5. CONCLUSÕES ..................................................................................................... 91

SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS ............................................................ 92

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 93

APÊNDICE A- Elaboração do aparato experimental............................................. 98

Fixação da fonte quente ........................................................................................ 98

Montagem e posicionamento do Bulbo Vítreo Isolante ......................................... 99

Manta de Lã de Vidro e Tubo de isolante de PVC .............................................. 100

APÊNDICE B- Dados obtidos nos ensaios Pilotos ............................................. 101

Potência medida nas fontes quentes .................................................................. 101

Temperatura medida nos Corpos-de-Prova ........................................................ 104

Corpos-de- Prova ensaiados ............................................................................... 107

APÊNDICE C- Dados obtidos nas repetições dos Ensaios Térmicos .............. 108

Potência das fontes quentes ............................................................................... 108

Temperatura medida nos Corpos-de-Prova ........................................................ 110

Corpos-de-Prova ensaiados ................................................................................ 112

APÊNDICE D- Aferição do Wattímetro ................................................................. 113

APÊNDICE E- Aferição do sistema de medição de temperatura por termopar tipo K ..................................................................................................... 114

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1. INTRODUÇÃO

Compósitos de matriz orgânica são materiais crescentemente utilizados neste

Século XXI. Na Indústria Aeronáutica, o Boeing 7E7 os utiliza em cerca de 50% de

sua massa total, contra 20% do Airbus A380 e A350.

O avanço das tecnologias de vanguarda tem incrementado o uso de materiais

poliméricos, materiais compósitos e materiais revestidos com filmes finos, dentre os

quais, os chamados materiais graduados funcionalmente (FGM). Associam-se, a

essa evolução, crescentes desafios à Engenharia, dadas as solicitações térmicas e

mecânicas decorrentes do contato friccional entre sólidos com movimento relativo.

Os campos de temperatura na zona de contato provocados por riscos

esclerométricos oriundos do deslizamento de um punção cilíndrico, esférico ou

cônico, Figuras 1, 2 e 3, associam-se à(s):

(1) potência específica solicitante do contato, expressa pelo par de variáveis

pv, pressão de contato e velocidade de deslizamento, entre os sólidos que

compõem esse contato, a partir de esforços como esboçados na Figura 3;

(2) tensões superficiais e subsuperficiais atuantes na zona de contato de cada

um dos sólidos que compõem esse contato, deformando-o elástica, viscoelástica,

viscoplástica ou plasticamente;

(3) difusividade e condutividade térmica dos materiais que integram esse

contato.

Figura 1- Esquema do campo de temperatura na zona de contato provocado por um risco esclerométrico linear

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Figura 2- Mapa esquemático do risco esclerométrico promovido por um punção rígido (a) cilíndrico

com ponta chata (b) esférico (c) cônico, com ângulo de geratriz /2. (Adaptado de LIU; KE; WANG, 2011)

Figura 3- Parâmetros geométricos de um sólido solicitado pela carga F, tensão de cisalhamento xy =

F/A, deformação xy = x/l, módulo de cisalhamento G = xy / xy = (F/A)/(x/l) = (Fl/ A) / (x.A)

Liu, Ke e Wang (2011), publicaram estudo de simulação numérica em que

determinaram tais variáveis relativamente ao contato termoelástico de deslizamento

de materiais FGM. Esses autores associaram a temperatura adimensional de

superfície, definida como a temperatura normalizada por T.k/., às tensões de

contato, ao coeficiente de atrito e ao número de Péclet.

O fluxo de calor, (x), relaciona-se ao coeficiente de atrito, μ, à pressão de

contato P(x) e à velocidade de deslizamento, V, através da expressão (1) e às

propriedades termomecânicas do revestimento FGM variam ao longo da direção da

sua espessura de acordo com as expressões (2a), (2b), (2c) e (2d), a seguir (LIU;

KE; WANG, 2011):

(1)

(2a)

(2b)

(2c)

Fa Fa Fa

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3

(2d)

onde G, k, e são o módulo de cisalhamento, os coeficientes de condutividade

térmica, expansão térmica e difusividade térmica, respectivamente; é a espessura

do revestimento de FGM; os índices'' 1'' e''2” referem-se as superfícies dos materiais

em contato.

Segundo Shi (2001) apud Liu, Ke e Wang (2011), nos problemas de contato

deslizante de atrito, um aquecimento severo por atrito pode causar deterioração da

superfície, oxidação ou, ainda, fusão. Em seu trabalho, Liu, Ke e Wang (2011)

observaram correlações eficazes entre deformações termoelásticas, coeficiente de

atrito, gradientes de temperatura, número de Péclet e eficiência do revestimento em

materiais FGM.

Considerada a relevância desses estudos, torna-se necessária a

caracterização experimental da propagação de calor em materiais estruturais

submetidos ao contato, principalmente naqueles anisotrópicos. Este trabalho trata do

mapeamento dos danos em um compósito polimérico solicitado por uma fonte

quente externa, caracterizada por diferentes níveis energéticos.

O compósito polimérico composto de PEEK + PTFE + FIBRA DE CARBONO

+ GRAFITE foi submetido, estaticamente, por efeito Joule, à ação de diferentes

níveis de energia térmica gerados por ferros de soldar de três diferentes potências,

40W, 100W e 150W. O registro da degradação sofrida pelo material foi analisado

através de diversas técnicas, como os ensaios de análise de Calorimetria Diferencial

Exploratória (DSC), Termogravimetria (TG), Dureza Rockwell M e Microscopia

Eletrônica de Varredura (SEM) com microanálise EDS.

1.1. Objetivo Geral

Mapear a resposta ao desgaste por solicitação térmica de um compósito

PEEK + PTFE + FIBRA DE CARBONO + GRAFITE, adquirido comercialmente.

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1.2. Objetivos Específicos

No compósito investigado, termicamente solicitado:

Monitorar o seu aquecimento por uma hora, em níveis energéticos superiores à

sua fusão, para levantamento do campo de temperatura radial e circunferencial

desenvolvido no compósito, no entorno de uma fonte quente central;

Identificar e mapear a morfologia dos principais danos;

Determinar as associações entre o campo de temperatura e a distribuição de

dureza nas direções radial e circunferencial no compósito em sua condição

adquirida e após sua submissão à fonte quente para os diferentes níveis de

energia ensaiados.

1.3. Hipótese

Na Figura 4 é representado um esboço conceitual desenvolvido neste

trabalho. Desenvolveu-se um sistema de degradação progressiva de um compósito

polimérico por uma fonte quente, localizada, utilizando um condutor metálico que

dissipa calor por efeito Joule e, em um tempo de uma hora, provoca uma zona

evaporada e, ao menos, duas zonas degradadas.

Lumbroso (1991), ao modelar a transferência de calor por condução térmica

em um fio metálico de resistência elétrica , condutividade elétrica S, condutividade

térmica k e raio Rcondutor., deduz uma lei de distribuição da temperatura T(r) em um

regime estacionário de condução de calor na coroa circular de raio r, (R1 < r < R2) ,

como esboçada na Figura 4.

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Figura 4- Esboço conceitual desenvolvido neste trabalho

De acordo com Lumbroso,

T(r) = Text+[(Potência dissipada .i2) / 2k].ln(R2/r) (3)

ou seja, o campo de temperatura varia em torno de um condutor que dissipa uma

potência elétrica .i2 numa relação radial logarítmica.

No presente trabalho, considera-se que, em torno do condutor, haja um

material compósito polimérico reforçado com fibra de carbono, ou seja,

anisotrópico, por definição e, pois, com uma condutividade térmica variável, k, o

que deverá provocar flutuações nos valores de T(r).

Feitas estas considerações, estabeleceu-se um norte para este trabalho,

baseado na seguinte Hipótese:

“O compósito polimérico investigado, submetido a uma fonte de calor central,

pontual, que o degrada, após certo tempo, apresenta danos morfologicamente

distintos, de acordo com o nível de severidade da energia total incidente, o campo

de temperatura e os raios das coroas circulares que o envolvem.”

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Materiais Poliméricos

Lemaitre e Chaboche (2004) afirmam que polímeros são constituídos por

moléculas em cadeias, estruturadas principalmente por ligações covalentes carbono-

carbono, cuja energia de ruptura é da ordem de 300 kJ/mol. Outros átomos, como

hidrogênio, oxigênio, nitrogênio etc., são ligados aos átomos das cadeias e,

eventualmente, aos átomos de moléculas vizinhas por ligações polares ou do tipo de

Van der Waals, cuja energia de ruptura é da ordem de 10 kJ/mol, ou seja, para se

degradar e fundir um polímero são necessários níveis de energia em torno de 300

kJ/ mol e 10 kJ/mol, respectivamente.

Os polímeros podem ter as suas moléculas distribuídas em arranjos amorfos ou

semi-cristalinos, mas em nível organizacional bem menos regular que no caso dos

cristais metálicos, segundo Lemaitre e Chaboche (2004). Esses autores afirmam que

materiais poliméricos amorfos tendem a ser transparentes, são isotrópicos e suas

moléculas se arranjam ao acaso. Os polímeros parcialmente cristalizados são

translúcidos ou opacos, suas moléculas tendem a se agrupar em longas cadeias

para formar cristalitos, cuja superestrutura forma uma malha de lamelas espaçadas,

da ordem de 1m, separadas por regiões amorfas. Tal malha organizacional

constitui zonas mais resistentes que as amorfas.

Polímeros amorfos com altas massas moleculares caracterizam-se por altas

temperaturas de transição vítrea e resistência elevada, enquanto os semi-cristalinos

caracterizam-se por altas temperaturas de fusão das fibrilas e filmes semi-cristalinos

(MARINHO, 2005).

Segundo Lemaitre e Chaboche (2004), Figura 5, um polímero pode apresentar

quatro estados diferentes, de acordo com as flutuações nos valores das massas

específicas, ρ, em função da temperatura, (T), que interferem nos volumes livres

intermoleculares, forças de ligação e, consequentemente, no módulo de Young,

E [MPa]:

Estado vítreo, zona A, módulo de Young, E 10 GPa;

Estado de transição, zona B, E 1 GPa;

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Estado borrachoso, zona C, E 100 MPa;

Estado líquido, zona D.

Figura 5- Estados físicos dos polímeros, baseados em LEMAITRE E CHABOCHE (2004)

Materiais poliméricos que embebem algumas fibras podem apresentar

resistências específicas superiores àquelas de certos metais, sendo as mais

utilizadas as fibras de vidro, de kevlar, de boro e de carbono. Dimensões de

diâmetro típicas dessas fibras são da ordem de dezenas a centenas de m e as

resinas mais usadas são as epóxis. Os arranjos das fibras no compósito podem ser

unidirecionais, bi e tridimensionais. As interfaces fibra-matriz constituem os elos

fracos da corrente das deformações e da ruptura (LEMAITRE E CHABOCHE, 2004).

Segundo Walsh (2001), que trata de compósitos, as resinas e metais fundidos

não molham facilmente as fibras de carbono, devido a superfície da fibra ser

relativamente inerte e não polar. Os tratamentos de superfície utilizados pelos

fabricantes de fibra de carbono preenchem a superfície da fibra com grupos

químicos ativos tais como hidroxilas, carboxilas, e carbonilas (SCHIMPF, 2000 apud

WALSH, 2001). Estes formam pontes entre a fibra e a resina, e dependem do

número de ligações ao invés da força das ligações para atingir uma forte interface.

Devido à manufatura, os compósitos são fortemente anisotrópicos, porque a

rigidez e resistência das fibras são da ordem de 50 a 100 vezes superiores àquelas

das resinas. No regime elástico, a sua resposta às solicitações termomecânicas é

linear. Entretanto, fenômenos dissipativos e termicamente ativados das matrizes

poliméricas, associados à sua viscosidade e movimentos relativos das suas cadeias

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moleculares, tendem a interferir nas relações entre os estados de tensão e as taxas

de deformação (LEMAITRE E CHABOCHE, 2004).

2.1.1. Poliéter-éter-cetona (PEEK)

Segundo Callister Jr. (2007), o PEEK é usado em aplicações aeroespaciais. Na

área biomédica, o PEEK é usado em implantes médicos, frequentemente no formato

reforçado, usando enchimentos biocompatíveis de fibra, tais como o carbono. Na

indústria, as aplicações do PEEK incluem revestimento de fios, conexões elétricas,

ventiladores, turbinas e fibras (CRAWFORD, 1998).

O polímero termoplástico Polieter-eter-cetona (PEEK) tem como unidade de

repetição o composto: oxi-1,4-fenilenoxi-1,4-fenilenocarbonil- 1,4-fenileno. Este

polímero aromático linear é semicristalino (até 35% de cristalinidade) e amplamente

reconhecido como o termoplástico de mais alto desempenho disponível na

atualidade. O seu desempenho mecânico a altas temperaturas está relacionado à

uma estrutura baseada em anéis aromáticos e sua cristalinidade contribui para a

resistência a fadiga dinâmica, de acordo com Albuquerque (2000). Os anéis

aromáticos da cadeia do PEEK proporcionam certa rigidez, o que acarreta em uma

alta temperatura de transição vítrea (Tg). É um material normalizado conforme a

norma ASTM F2026.

A presença de grupos cetona é evidenciada no PEEK e a flexibilidade e

capacidade de cristalização da cadeia são fornecidas pela ligação do par éter (-O-),

segundo Lima da Silva et al. (2011). Na Figura 6 é esboçada a estrutura molecular

do PEEK.

Figura 6- Estrutura molecular do PEEK

O PEEK é um termoplástico com propriedades mecânicas extraordinárias. À

temperatura ambiente, se comporta como um típico termoplástico de engenharia: é

tenaz, forte, rígido, apresenta excelente capacidade de carga durante longos

períodos, e apresenta também uma excepcional resistência à abrasão, além de boa

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resistência a fadiga mecânica. O PEEK é um material impermeável e resistente a

reagentes aquosos. Este polímero fornece a redução significativa no desgaste,

níveis de ruído reduzidos e um desempenho operacional mais consistente. Esses

materiais apresentam resistência excepcional ao desgaste em amplas variações de

pressão, velocidade, temperatura e diferentes superfícies de contato. A Tabela 1

apresenta algumas propriedades do PEEK.

Tabela 1- Propriedades do PEEK, de acordo com Mark (1999) (CONTINUA)

Poliéter-éter-cetona

Propriedades Unidades Condições Valor

Cristalinidade % Típico 30-35

Máximo 48

Massa Específica g/cm3 Amorfo 1,26-1,26

Cristalino 1,40-1,40

Entropia de Fusão kJ K-1mol-1 Dados PVT 0,0758

Dados DSC 0,0951

Extensibilidade Máxima (L/L0)r % Recozido 42

Como moldado 103

ASTM D638 150

Temperatura de Transição

Vítrea

K Dados PVT 425

Revenido (DSC) 410

Recozido (DSC) 415

Dureza Escala R Rockwell 126

Calor de Fusão kJ mol -1 - 36,8

37,5

Resistência ao Impacto J m -1 Izod sem entalhe Sem quebra

Izod entalhado (D256) 84

Índice de Refração, n - - 1,671

Máxima temperatura de uso K 1h de exposição 673

Viscosidade do Fundido Pa s À 380°C e 1000 s-1 100-300

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Tabela 1- Propriedades do PEEK, de acordo com Mark (1999) (CONCLUSÃO)

Poliéter-éter-cetona

Propriedades Unidades Condições Valor

Temperatura de Fusão K DSC 608-616

Equilíbrio 657-668

Resistência a Tração MPa À 23°C 92

À 100°C 50

À 200°C 12

À 300°C 10

Condutividade Térmica W m-1 K-1 C177 0,25

Coeficiente de Expansão

Térmica

K-1 30°C<T< 150°C à P=0 1,610 x 10-4

Fundido 6,690 x 10-4

Tensão de Escoamento MPa D638 91

O PEEK tem alta resistência à degradação térmica, com uma temperatura de uso

contínuo de 260 °C. O início da degradação térmica, resultando em perda de massa,

ocorre entre 575 e 580 °C (temperatura onset) (ZHANG, 2004; KUO et al., 2005

apud PATEL et al., 2010). A Tabela 2 compara as temperaturas de degradação

térmica de diversos polímeros, incluindo o PEEK e o PTFE.

Tabela 2- Comparação da temperatura onset de decomposição de vários polímeros (HILADO, 1998 apud PATEL et al., 2010)

Polímero Temperatura onset de decomposição (°C)

Polietileno (PE) 335 Polipropileno(PP) 328

Policloreto de Vinila (PVC) 200 Poliestireno (PS) 285

Polimetil Metacrilado (PMMA) 170 Politereftalado de Etileno (PET) 283

Policarbonato (PC) 420 Politetrafluoretileno (PTFE) 508 Poli éterétercetona (PEEK) 575

Segundo Patel et al. (2010), o polietileno (PE) é um polímero usado em

abundância que tem uma taxa de liberação de calor por grama de molécula que é

oito vezes maior que a do PEEK. Este é um dos motivos pelo qual este material é

aplicável em situações onde altas temperaturas podem ser encontradas, Figura 7.

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11

1

Figura 7- Taxa de liberação de calor específico para vários polímeros (PATEL et al., 2010)

Algumas propriedades térmicas do PEEK determinadas por uma análise

calorífica diferencial modulada (MDSC), como Tg (143°C) e Tm (345°C), podem ser

apreendidas da Figura 8.

Figura 8- Curvas MDSC para PEEK: (a) discretização em torno da temperatura de transição vítrea, Tg; (b) vista global (Adaptado de LAMÈTHE, 2004)

Como um polímero semicristalino, o PEEK tem massa específica ρ variável em

função da sua cristalinidade, quanto maior a cristalinidade, maior ρ, como mostrado

na Tabela 3.

Endo

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12

Tabela 3- Massa específica de alguns polímeros PEEK

PEEK Massa Específica(kg/m3) (*)

Amorfo 1.264

20% cristalino 1.291

40% cristalino 1.318

100% cristalino (Teoria) 1.400

(*) Cogswell, F. N. Thermoplastic aromatic polymer composites, 1992.

Segundo Zhang (2004) apud Patel et al. (2010) os principais produtos de

decomposição do PEEK são identificados como CO, CO2, fenóis e alguns éteres

aromáticos. Galloway, Hoffamn e Bhatt (2007) apud Patel et al. (2010) propõem que

a decomposição do PEEK ocorre através de mecanismos concorrentes os quais

são cisão de cadeia, levando à formação de combustíveis voláteis, e reticulação,

levando à formação de carvão.

Um abrangente estudo sobre propriedades mecânicas de blendas poliméricas,

tratadas e não tratadas termicamente foi realizado por Bretas e Baird (1992)

envolvendo o PEEK (Victrex 450G) e dois outros polímeros, um LCP, polímero

cristalino liquido da Dupont (HX4000) e PEI (Poli-eter-imida), Ultem 1000, da general

Electric. Os seus resultados são sintetizados nas Figuras 9, 10, 11 e 12.

Figura 9- Temperaturas de transição vítrea (oC) de blendas de PEEK, PEI e HX4000, antes do

tratamento térmico, com os desvios entre parênteses, segundo Bretas e Baird (1992)

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Figura 10- Temperaturas de transição vítrea (oC) de blendas de PEEK, PEI e HX4000, após

tratamento térmico (à temperatura Tg ou 200oC, 5 dias), com os desvios entre parênteses, segundo

Bretas e Baird (1992)

Figura 11- Módulos elásticos [GPa] limite de resistência [MPa] e elongação (%) à máxima carga de blendas de PEEK, PEI e HX4000, antes do tratamento térmico, com os desvios entre parênteses,

segundo Bretas e Baird (1992)

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Figura 12- Módulos elásticos [GPa] limite de resistência [MPa] e elongação (%) à máxima carga de blendas de PEEK, PEI e HX4000, após tratamento térmico (à temperatura Tg ou 200

°C, 5 dias), com

os desvios entre parênteses, segundo Bretas e Baird (1992)

Tabela 4- Discretização das Blendas de PEI, PEEK e HX4000 utilizadas por Bretas e Baird (1992)

Número da Composição

PEI/PEEK/HX4000 (%peso)

1 80/10/10 2 60/10/30 5 40/10/50

12 10/10/80 8 20/20/60 3 60/30/10 7 30/30/40 4 40/40/20

11 10/40/50 6 30/60/10

10 10/60/30 9 10/80/10

Uma visualização das Figuras 9, 10, 11 e 12, obtidas do estudo de Bretas e

Baird (1992) sobre as blendas poliméricas cujas composições acham-se expostas

na Tabela 4, permite que se perceba o quanto variam as propriedades das blendas

sob o efeito das variáveis temperatura e tempo, ou seja, como variam as

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15

propriedades das blendas dos polímeros PEEK, PEI e HX4000 tratadas, versus as

propriedades das blendas não tratadas termicamente.

2.1.2. Politetrafluoretileno (PTFE)

Politetrafluoretileno (PTFE) é um polímero baseado no fluorocarbono.

Comercialmente, o material é registrado como Teflon® e Goretex®. É feito pela

polimerização de radical livre de tetrafluoroetileno e tem uma cadeia principal de

carbono, onde cada carbono tem dois átomos de flúor ligados a ele

(POLYTETRAFLUOROETHYLENE, 2011). Na Figura 13 tem-se o esboço da

estrutura molecular do PTFE.

Figura 13- Estrutura molecular do PTFE

O PTFE é hidrofóbico e biologicamente inerte. Não é biodegradável. Tem

excepcionais características de baixo atrito e, assim, excelente "deslizamento" em

relação a todos os materiais. A inércia química (estabilidade) do PTFE relaciona-se

com a força da ligação flúor-carbono e, por isso, quase nada adere a este polímero

(POLYTETRAFLUOROETHYLENE, 2011). Sua massa específica é encontrada

como sendo ρ= 2,10±0,05 Kg/m³ – mas a Tabela 5 apresenta algumas propriedades

do PTFE, entre as quais, outras faixas para ρ – diferentemente dos metais e suas

ligas, os polímeros apresentam variações mais amplas de diversas propriedades

físicas e mecânicas.

As principais vantagens do PTFE são a sua excelente resistência química e seu

baixo coeficiente de atrito. As suas aplicações incluem rolamentos especiais, para

uso em ambientes agressivos, em fitas isolantes, juntas, bombas, diafragmas e

revestimentos antiaderentes em utensílios de cozinha (CRAWFORD, 1998).

O PTFE tem baixíssima resistência ao desgaste. Sob compressão ou em

situações onde atrito ou abrasão pode ocorrer, ele delamina facilmente e produz

debris, partículas de desgaste (POLYTETRAFLUOROETHYLENE, 2011).

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O PTFE tem aplicações na medicina, na indústria, eletrônica, na indústria têxtil,

incluindo enxertos arteriais, cateteres, suturas, uso em cirurgia reconstrutiva e

cosmética facial. Além disso, pode ser fabricado em várias formas, tais como cola,

tubos, fios e chapas (POLYTETRAFLUOROETHYLENE, 2011).

Tabela 5- Propriedades do PTFE, de acordo com Mark (1999) (CONTINUA)

Politetrafluoretileno

Propriedades Unidades Condições Valor

Grau de Cristalinidade gcm-3 ─ 762,5-(1524,5/ρ)

Massa Específica gcm-3 Estado do cristal

Completamente

amorfo, 298 K

2,0 (calculado)

Triclínico, < 292 K 2,344

Hexagonal, 298 K 2,302

Como polimerizado,

298 K

2,280-2,290

Fundido, 653 K 1,46

Entropia de Fusão kJ K-1mol-1 D4591 (método ASTM) 0,477

Extensibilidade Máxima

(L/L0)r

% (ASTM D63) Granular Pó fino

22 K ─ 2

77 K ─ 6

144 K ─ 90

200 K ─ 160

296 K 100-200 200-600

Temperatura de Transição K Tipo de Transição

─ Alfa(vítreo I) 399

Cristalino,

relaxação

desordenada do

cristal

Beta 292

Cristal desordenado Beta II 303

─ Amorfo, 2ª

ordem

243

Dureza Shore D D2240 42+0,2 (%C)

Calor de Fusão kJ Kg -1 D4591(Método ASTM) 82

Resistência ao Impacto J m -1 D256(Impacto Izod

entalhado)

216 K 107

276 K 187

350 K >320

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Tabela 5- Propriedades do PTFE, de acordo com Mark (1999) (CONCLUSÃO)

Politetrafluoretileno

Propriedades Unidades Condições Valor

Índice de Refração, n ─ 1,376

Máxima temperatura de

uso

K Em ar 533

Temperatura de Fusão K Forma do Polímero

Irreversível Como polimerizado 608-618

Reversível Segunda (e

subsequente) fusão

600

─ Equilíbrio 586,9

Irreversível Cadeia Extendida 658

Resistência a Tração MPa Granular Pó fino

298 K 7-28 17,5-24,5

298 K ─ 270-0,29

(%C)- 99,3ρ

Condutividade Térmica W m-1 K-1 C177 (4,86 X 10-4) T + 0,253

Coeficiente de

Expansão Térmica

Linear (média)

K-1 x 10-6 298-83 K 86

298-173 K 112

298-273 K 200

296-333 K

(ASTM D696)

120

298-373 K 124

298-473 K 151

298-573 K 218

Tensão de Escoamento MPa 22 K

(ASTM D638)

131

77 K 110

144 K 79

200 K 53

296 K 10

413 K 5,5

523 K 3,4

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2.2. Fibra de Carbono (FC)

Fibra de carbono é outro material de alto desempenho. Por se constituir em

excelente reforço, é usado em compósitos avançados de matriz polimérica. As

razões para isso são (CALLISTER JR., 2007):

Fibras de carbono têm os maiores módulos e resistência específicos dentre

todos os materiais de fibra de reforço, inclusive às temperaturas mais

elevadas;

Possuem boa resistência à oxidação em altas temperaturas;

À temperatura ambiente, fibras de carbono não são afetadas pela umidade ou

por uma grande variedade de solventes, ácidos e bases;

Estas fibras apresentam uma diversidade de características físicas e

mecânicas, permitindo compósitos que as incorporem funcionalmente,

assegurando-lhes propriedades específicas de Engenharia.

De acordo com Callister Jr. (2007), as fibras de carbono não são totalmente

cristalinas, mas são compostas por grafite e regiões não cristalinas; estas áreas de

não cristalinidade são desprovidas do arranjo tridimensional ordenado das redes de

carbono hexagonal, que é característica do grafite.

As fibras de carbono aumentam a resistência à compressão e a resistência à

fluência da matriz polimérica. (DHIEB; BUIJNSTERS; CELIS, 2011). Os compósitos

de fibra de carbono têm propriedades de fadiga superiores a todos os metais

conhecidos (WALSH, 2001).

Segundo Zhang e Schlarb (2009), um trabalho pioneiro foi realizado por Voss e

Friedrich (1987) sobre fibras curtas de vidro e carbono reforçando compósitos de

PEEK. As fibras foram incorporadas à matriz para aumentar a sua resistência à

fluência e resistência à compressão. Seus resultados indicaram que a fibra curta de

carbono (SCF) melhora a resistência ao desgaste de PEEK mais eficientemente do

que a fibra de vidro (ZHANG; SCHLARB, 2009).

Quando otimizados, os compósitos de carbono têm reduzido os custos totais do

sistema através de uma manutenção reduzida, maior velocidade de processamento

e maior confiabilidade (WALSH, 2001).

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2.3. Grafite

O carbono tem formas alotrópicas cristalinas, naturais ou não: grafite, diamante,

fulereno, grafeno, Figura 14. Cada uma tem sua própria estrutura cristalina e

propriedades distintas. O grafite é geralmente acinzentado-negro, opaco e tem um

brilho lustroso preto, é flexível, mas não elástico, tem uma elevada condutividade

térmica e elétrica, é altamente refratário e quimicamente inerte.

Figura 14- Formas alotrópicas do carbono: (a) grafeno, (b) grafite, (c) nanotubo de carbono, (d) fulereno (Adaptado de Neto, 2006); e (e) diamante (Adaptado de Brum, 2008)

A combinação de propriedades incomuns do grafite é devido à sua estrutura

cristalina, Figura 15. Os átomos de carbono são dispostos de forma hexagonal em

um sistema de anel condensado planar. As camadas são empilhadas paralelas

umas às outras. Os átomos pertencentes aos anéis estão ligados covalentemente,

enquanto que as camadas são fracamente ligadas entre si por forças de Van der

Waals. O elevado grau de anisotropia do grafite resulta de dois tipos de ligações

agindo em diferentes direções cristalográficas. Por exemplo, a capacidade do grafite

de formar uma película lubrificante sólida vem a partir destas duas ligações químicas

contrastantes. O fato de fracas forças de Van der Waals governarem a ligação entre

as camadas individuais permite que as camadas deslizem umas sobre as outras se

tornando um lubrificante ideal (GRAPHITE (C), 2002).

(a)

(e) (d) (c)

(b)

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Figura 15- Estrutura cristalina do grafite (LQES, 2009)

O grafite sintético pode ser produzido a partir de coque e piche. Ele tende a ser

de maior pureza, embora não tão cristalino como grafite natural. Existem

essencialmente dois tipos de grafite sintético. O primeiro é eletrografite, que é

carbono puro produzido a partir de coque calcinado de petróleo e de alcatrão de

carvão em um forno elétrico.

O segundo tipo de grafite sintético é produzido pelo aquecimento do piche de

petróleo calcinado a 2800 °C. Todo o grafite sintético tende a ser de uma menor

densidade, porosidade mais elevada e uma maior resistência elétrica. A sua

porosidade aumentada torna inadequados para aplicações refratárias. Grafite

sintético consiste principalmente de carbono grafítico que tenha sido obtido por

grafitização, tratamento térmico de carbono não-grafítico, ou por deposição química

de vapor a partir de hidrocarbonetos a temperaturas superiores a 2100K. A Tabela 6

mostra algumas propriedades do grafite (GRAPHITE (C), 2002).

Tabela 6- Algumas propriedades do grafite comercial (GRAPHITE (C), 2002)

Propriedade Grafite Comercial

Massa Específica (Ton/m³) 1,38-2,26

Teor de energia (MJ/Kg) 103-200

Módulo de Elasticidade (GPa) 3-30,8

Resistência Compressiva (MPa) 13,4-816,6

Dureza (MPa) 40-2410

Módulo de Ruptura (MPa) 5,2-116

Módulo de Cisalhamento (GPa) 1-12,3

Resistência à Tração (MPa) 1,4-110

Calor Latente de Fusão (kJ/kg) 1310-2480

Ponto de Fusão (K) 3490-4100

Coeficiente de Expansão Térmica (x10-6 K) 0,3-8,63

Condutividade Térmica (W/m.K) 1,82-388

Calor específico (J/Kg.K) 450-1423

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2.4. Compósitos Poliméricos

Embora não haja uma definição universalmente aceita, de maneira geral, pode-

se considerar um compósito como sendo um material multifásico que exibe uma

proporção significativa das propriedades de ambas as fases que o constituem, de tal

modo que é obtida uma melhor combinação de propriedades, sendo que as fases

constituintes devem estar separadas por uma interface distinta e de escala

microscópica (SILVA, 2010). Walsh (2001), no volume 21 do ASM Handbook, define

compósitos como materiais que contêm uma componente de matriz contínua que

une e dá forma a um componente de reforço mais forte e mais rígido.

A matriz muitas vezes determina a temperatura máxima de serviço, uma vez que

normalmente amolece, se funde, ou degrada a uma temperatura muito inferior ao

reforço de fibra (CALLISTER JR., 2007).

Compósitos são usados não apenas por suas propriedades estruturais, mas

também para aplicações elétricas, térmicas, tribológicas e ambientais. Materiais

compósitos modernos são geralmente otimizados para atingir um determinado

equilíbrio de propriedades para uma determinada faixa de aplicações (WALSH,

2001).

Polímeros formam uma classe especial de materiais, devido à sua auto-

lubricidade, o que lhes permite funcionar sem lubrificação líquida convencional. No

entanto, os polímeros também têm algumas limitações tribológicas inerentes, tais

como baixa condutividade térmica, dissipação, e difusividade, em comparação com

os metais. O calor de atrito gerado nos contatos deslizantes não pode ser dissipado

corretamente, e, consequentemente, as temperaturas flash em contatos deslizantes

mantêm-se elevadas. Estas limitações restringem a utilidade dos polímeros sob

condições operacionais severas, tais como altas cargas, velocidades, e

temperaturas. Portanto, reforços (fibras ou partículas) são geralmente utilizados para

aumentar a capacidade de carga, a força, resistência à fluência, e ao desgaste

desses materiais. Limitações da força e da condutividade térmica podem ser

superadas eficientemente pela seleção correta de reforços e enchimentos na

quantidade apropriada, combinação, e tecnologia de processamento. As fibras são

muito mais resistentes ao desgaste do que a matriz e, consequentemente, controlam

o desgaste do compósito (BIJWE, 2002).

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Comparado com um polímero de única fase, o compósito polimérico apresenta

uma relação tribologia-estrutura mais complicada. Geralmente, os papéis das cargas

podem ser resumidos em três aspectos: efeito lubrificante, melhoria das

propriedades mecânicas, por exemplo, resistência à compressão e rigidez, e

promoção da formação de uma película de transferência homogênea (ZHANG e

SCHLARB, 2009).

A capacidade de resistência mecânica do material está intimamente ligada ao

reforço utilizado para fabricação do compósito, proporcionado pelo elevado

desempenho que as fibras apresentam, bem como pela orientação que é dada ao

mesmo na construção do material (CHAWLA, 1998 apud LEITÃO et al., 2006).

O desempenho dos polímeros reforçados com fibras (FRP) depende do tipo de

fibra e da matriz, da fração volumétrica, distribuição, da razão de aspecto, do

alinhamento e aderência à matriz. Quanto maior a razão de aspecto (l/r, onde l e r

são o comprimento e o raio da fibra, respectivamente), maior é a carga de contato

transferido da matriz para a fibra e maior é a resistência ao desgaste (BIJWE, 2002).

2.5. Análises Térmicas

Segundo Silva (2012) análises térmicas constituem um conjunto de técnicas

através das quais são determinadas as propriedades físicas e/ou químicas das

substâncias e misturas em função da temperatura ou tempo, enquanto a amostra

está sujeita a um programa de temperatura controlada.

Análises térmicas usadas para polímeros, segundo o volume 21 do ASM

Handbook, incluem controle de cura de resinas termofixas, medindo o grau de cura

do produto final, estudam a cristalinidade em termoplásticos, a compatibilidade dos

sistemas multifásicos (PRIME, 1997 e MORGAN, 1997 apud DALLAS, 2001), e

identificam as transições impostas ao polímero devido ao processamento defeituoso

ou envelhecimento (PRIME, 1997 apud DALLAS, 2001).

2.5.1. Análise Dinâmico-Mecânica (DMA)

Através da DMA, medem-se a rigidez (módulo) e amortecimento de um

material em função da temperatura, tempo e frequência em atmosfera controlada

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(DALLAS, 2001). Ela é usada para sondar a estrutura do material pela medida de

propriedades mecânicas, reológicas e viscoelásticas, tais como E', E" e tan δ, entre

outras. Vários sistemas de fixação permitem a operação em uma variedade de

modos de medição (cantilever simples e dupla, flexão de três pontos, cisalhamento,

compressão e tensão) em uma variedade de corpos-de-prova (DALLAS, 2001).

2.5.2. Análise Termogravimétrica (TG)

Termogravimetria é a técnica na qual a mudança da massa de uma

substância é medida em função da temperatura enquanto esta é submetida a uma

programação controlada (RODRIGUES; MARCHETTO, 2002 apud SOUZA, 2011).

Esta técnica possibilita conhecer as alterações que o aquecimento pode provocar na

massa das substancias, permitindo estabelecer a faixa de temperatura em que elas

adquirem composição química, fixa, definida e constante, a temperatura em que

começam a se decompor, acompanhar o andamento de reações de desidratação,

oxidação, combustão, decomposição etc. (CANEVAROLO JR., 2004).

As curvas geradas fornecem informações quanto à estabilidade térmica da

amostra, à composição e à estabilidade dos compostos intermediários e do produto

final. Obviamente que, durante os processos térmicos, a amostra deve liberar um

produto volátil devido a processos físicos ou químicos, tais como desidratação,

vaporização, dessorção, oxidação, redução etc ou deve interagir com o gás da

atmosfera atuante no interior do forno, resultando em processos que envolvem

ganho de massa, tais como: absorção, oxidação de ligas ou metais e óleos etc.

(CANEVAROLO JR., 2004).

2.5.3. Calorimetria Diferencial Exploratória (DSC)

Na curva DSC, a energia diferencial medida corresponde ao conteúdo de

calor (entalpia) ou ao calor específico da amostra. A curva DSC é mais

frequentemente utilizada para caracterizar a temperatura de transição vítrea (Tg),

temperatura de fusão cristalina (Tm), temperatura de cristalização (Tc), e calor de

fusão de polímeros. A técnica também pode ser usada para o estudo da cinética de

reações químicas, oxidação, por exemplo, e decomposição. A medida do calor de

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fusão pode ser convertida em uma cristalinidade (%) desde, é claro, que o calor de

fusão para o polímero 100% cristalino seja conhecido (CHEREMISINOFF, 1996).

Propriedades térmicas do PEEK, Figura 8, determinadas por uma análise

calorífica diferencial modulada, MDSC, são a Tg (143°C) e Tm (345°C). A transição

vítrea está associada às regiões amorfas do polímero. O fenômeno pode ser

interpretado em termos de viabilidade de movimento molecular. Abaixo da Tg a

energia térmica é apenas suficiente para permitir a vibração dos átomos, o que

produz rigidez no material. Acima da Tg, observam-se propriedades elastoméricas,

pois as cadeias podem contrair, expandir e até fluir, umas com relação às outras

muito mais facilmente quando submetidas a tração (MARINHO, 2005).

A análise calorimétrica por DSC corresponde a uma medida quantitativa e é

utilizada para a determinação das transições térmicas, processos físicos e químicos

que ocorrem nos polímeros durante o aquecimento (LIMA DA SILVA, 2010).

Calorimetria exploratória diferencial mede também o fluxo de calor associado

com as transições da amostra em função da temperatura (ou tempo) sob condições

atmosféricas controladas (DALLAS, 2001).

Os eventos térmicos que geram modificações em curvas DTA e DSC podem

ser, basicamente, transições de primeira e de segunda ordem. As transições de

primeira ordem apresentam variação de entalpia- endotérmica ou exotérmica- e dão

origem à formação de picos (CANEVAROLO JR., 2004). As transições de segunda

ordem caracterizam-se pela variação de capacidade calorífica, porém sem variações

de entalpia. Assim, estas transições não geram picos nas curvas DTA e DSC,

apresentando-se como um deslocamento da linha base em forma de S. Um exemplo

característico é a transição vítrea (CANEVAROLO JR., 2004).

Essas transições não geram picos nas curvas DTA e DSC, apresentando-se

como um deslocamento da linha base em forma de S. Um exemplo característico é a

transição vítrea (CANEVAROLO JR., 2004).

A fusão de polímeros geralmente se dá em uma faixa de temperatura em

torno de 10ºC, porque primeiro se liquefaz a região amorfa, seguida da fusão dos

cristalitos menos ordenados até a fusão total do sólido (MARINHO, 2005).

Canevarolo Jr. (2004) diz que a fusão de um polímero ocorre em uma faixa de

temperatura devido a distribuição de tamanho das regiões cristalinas nas

macromoléculas. A temperatura na qual desaparece totalmente a cristalinidade é

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referida como ponto de fusão do polímero e corresponde, aproximadamente, ao

máximo do pico de fusão na curva DSC (CANEVAROLO JR., 2004).

Segundo Marinho (2005), os fatores responsáveis pela diferença no ponto de

fusão entre polímeros é a massa molecular, as forças intermoleculares, e a

mobilidade molecular, pois a rigidez de uma cadeia polimérica está relacionada

diretamente com seu ponto de fusão.

O processo de cristalização afeta a densidade e a cristalinidade do polímero

e, consequentemente, suas propriedades mecânicas, térmicas e ópticas. O efeito da

cristalinidade sobre o comportamento mecânico de um polímero ocorre devido aos

cristalitos que atuam como pontos de reforço e restringem os domínios das regiões

amorfas entre os cristalitos (CANEVAROLO JR., 2004).

O grau de cristalinidade de um polímero depende da taxa de resfriamento

durante a solidificação bem como da configuração da cadeia. Durante a cristalização

no resfriamento através da temperatura de fusão, as cadeias, que são altamente

aleatórias e emaranhadas no líquido viscoso, devem assumir uma configuração

ordenada. Para que isto ocorra, torna-se necessário um tempo para a locomoção e

alinhamento das cadeias (CALLISTER JR., 2007).

Segundo Crawford (1998) a cristalinidade de um polímero também depende da

estrutura da cadeia molecular, ou seja, se uma cadeia tem um elevado grau de

ramificação, então torna-se difícil formar moléculas ordenadas. Além disso, se os

grupos laterais são grandes, não é fácil para um polímero com uma estrutura atática

formar regiões ordenadas. Por outro lado, estruturas isotáticas e sindiotáticas têm

simetria suficiente para serem capazes de cristalização (CRAWFORD, 1998).

2.6. Propriedades Térmicas

2.6.1. Coeficiente de expansão térmica (CTEs) de

compósitos poliméricos

O CTE de um compósito polimérico é uma função do CTE intrínseco do

enchimento, porcentagem de carga, tamanho, forma, dispersão e distribuição do

enchimento.

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Os métodos para reduzir o CTE de um compósito polimérico incluem o

aumento da porcentagem de carga, melhorando a adesão interfacial entre

enchimento e matriz e o uso de enchimentos híbridos (HUANG; JIANG; TANAKA,

2011).

Polímeros têm geralmente expansão térmica elevada, mas a maioria das

cargas inorgânicas mostra baixa expansão térmica. Portanto, a incorporação dos

referidos enchimentos inorgânicos em polímeros não só aumenta a condutividade

térmica, mas também reduz o CTE (HUANG; JIANG; TANAKA, 2011).

A Figura 16, extraída de Ashby – e disponibilizada na rede internet - esboça

as propriedades de coeficiente de expansão térmica versus a condutividade térmica.

Nesta carta se constata (1) a forte expansão térmica dos polímeros, associada às

ligações de Van der Waals, cerca de cem vezes à das cerâmicas e dez vezes a dos

metais e (2) a baixa expansão térmica dos compósitos poliméricos reforçados com

fibras de carbono pois, graças a estas últimas, expandem-se muito pouco.

Figura 16- Carta 11 de Ashby: Gráfico da Expansão Térmica, [m / m.K] , esboçado contra a

Condutividade Térmica, k [W/m.K]. O contorno mostra k/ [W/m] , um importante parâmetro utilizado no projeto de Engenharia que considera as distorções térmicas, conforme Ashby (2010)

k

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27

A grande diferença no CTEs de materiais em contato irá resultar em tensões

mecânicas internas devido à incompatibilidade de expansão térmica e sérios

problemas ocorrerão na confiabilidade do dispositivo CTE (HUANG; JIANG;

TANAKA, 2011).

CTEs a temperatura ambiente na direção axial são ligeiramente negativos

para as fibras de carbono de baixo módulo, e crescem cada vez mais negativo para

as fibras de maior módulo. À temperaturas acima de 700 ° C (1290 ° F), o CTE axial

de todas as fibras torna-se positivo. Projetistas de compósitos são capazes de unir

as fibras de alto módulo e CTE negativo com os materiais de matriz apropriados

para fazer compósitos com um CTE igual a zero ao longo de faixas de temperatura

limitadas (WALSH, 2001).

Deformações são também produzidas por mudanças de temperatura e de

absorção de umidade, portanto por alterações ambientais. A mudança de

temperatura em um corpo livre produz deformações térmicas. Um dos parâmetros

físicos relevantes para quantificar estes fenômenos são os coeficientes de expansão

térmica (CTE) (WALSH, 2001).

As fibras têm CTEs significativamente menores do que as matrizes

poliméricas. As fibras de carbono e de grafite possuem expansão térmica

anisotrópicas. Os CTEs na direção da fibra geralmente são extremamente

pequenos, positiva ou negativamente, da ordem de 0,9×10-6 /K. Por outro lado,

CTEs transversais serão muito maior porque as fibras movem-se com a expansão

da matriz e, portanto, fornecem menos restrição para a expansão da matriz

(WALSH, 2001).

A principal importância da expansão térmica para engenharia está nas

tensões produzidas quando ocorrem alterações de temperatura sob condições de

restrição e a expansão livre é impedida (WALSH, 2001).

Os CTEs de um compósito são definidos pelas deformações médias

produzidas pela mudança de temperatura. Neste caso, no entanto, a expansão

térmica livre não pode ter lugar na microescala, porque a diferença de CTEs dos

constituintes irá produzir microtensões em função da variação de temperatura.

Assim, a falha de um material compósito pode ser causada por alterações na

temperatura (WALSH, 2001).

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28

2.6.2. Condutividade térmica de compósitos poliméricos

Segundo Canevarolo Jr. (2004), a condutividade térmica de um material é

definida como a taxa em que o calor é trocado através de uma área unitária do

material, quando sujeito a um gradiente de temperatura unitário. Matematicamente,

ela pode ser expressa pela expressão:

(4)

onde: Q= quantidade de calor trocado no tempo t através de uma área A do material,

sendo esta área medida perpendicularmente à direção em que se dá a troca de

calor,

= gradiente de temperatura, isto é, variação de temperatura com a distância,

na direção do fluxo de calor (CANEVAROLO JR., 2004).

A condutividade térmica efetiva de um compósito de matriz polimérica é uma

função da condutividade térmica dos constituintes, do nível de carga da partícula, da

forma e tamanho das partículas, da dispersão de partículas, e da resistência térmica

interfacial (HUANG; JIANG; TANAKA, 2011). Esta é a propriedade que estabelece

os níveis de temperatura de trabalho de um material, sendo um parâmetro

importante em problemas envolvendo transferência de calor em regime estacionário

(CANEVAROLO JR., 2004).

Segundo Ashby (2010), a condutividade e a difusividade térmica de um

material são, respectivamente, as propriedades que regem os fluxos de calor em

regime permanente e transiente. A Figura 17, extraída do Ashby (2010), mapeia

essas propriedades para os grupos de materiais estruturais utilizados nas

Engenharias.

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29

Figura 17- Carta 9 de Ashby: Gráfico da Condutividade Térmica, k [W/m.K], esboçado contra a

difusividade térmica, [m2/s] . O contorno mostra o calor especifico a volume constante, .cp [J/m

3K]

Todas estas três propriedades variam com a Temperatura (ASHBY, 2010)

Os modelos teóricos de condutividade térmica mostram o seguinte: (i) quando

as cargas têm uma maior condutividade térmica em relação à matriz de polímero, a

condutividade térmica efetiva dos compósitos aumenta com a porcentagem de

carga, (ii) a um dado carregamento, a condutividade térmica efetiva dos compósitos

aumenta com o aumento da condutividade térmica da carga, mas apenas

marginalmente quando a razão entre a condutividade térmica do enchimento e a

condutividade térmica do polímero é maior que 100 (HUANG; JIANG; TANAKA,

2011).

Condução térmica em sólidos dielétricos tanto vítreo como cristalino ocorre

através de vibrações elásticas da malha. A incorporação de cargas com alta

condutividade térmica pode melhorar o transporte de calor porque o calor pode ser

transferido rapidamente ao longo de cargas de alta condutividade térmica. Por outro

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30

lado, a incorporação de cargas vai apresentar resistência térmica (HUANG; JIANG;

TANAKA, 2011).

Compósitos com alta condutividade térmica só podem ser alcançados através

da formação de caminhos de condutibilidade térmica na matriz. Qualquer

abordagem para maximizar caminhos de condutibilidade térmica e minimizar a

resistência térmica dentro dos caminhos condutores irão melhorar a condutividade

térmica do compósito (HUANG; JIANG; TANAKA, 2011).

Segundo Canevarolo Jr. (2004), a condutividade térmica é também desejável,

se não crítica, para evitar falhas devido ao choque térmico.

A condutividade térmica de um material plástico sólido depende da

cristalinidade do material e, portanto, da história térmica prévia. Essa propriedade é

também afetada pela anisotropia do corpo-de-prova, e quando existe anisotropia é

recomendado que se faça medidas adicionais apropriadas (OGORKIEWICZ, 1974

apud CANEVAROLO JR., 2004).

De acordo com o regime de troca de calor utilizado, os métodos de

determinação da condutividade térmica existentes podem ser classificados como

métodos estacionários e não estacionários (CANEVAROLO JR., 2004).

Dentre os métodos não estacionários, os métodos de fluxo de calor periódicos

são aqueles nos quais as condições nas extremidades de uma barra ou de uma

placa variam dentro de um período conhecido. Quando o estado estacionário é

atingido, as temperaturas em certos pontos pré-estabelecidos são registradas, e a

difusividade térmica é calculada a partir dessas temperaturas. A condutividade

térmica pode então ser calculada, desde que se conheça o calor específico e a

densidade do material (CANEVAROLO JR., 2004).

2.6.3. Difusividade térmica

De acordo com Canevarolo Jr. (2004), a difusividade térmica é uma medida

da rapidez com a qual o calor se propaga através de um material. Esta propriedade

tem considerável interesse em aplicações onde materiais são expostos a altas

temperaturas por um intervalo de tempo tão curto que o equilíbrio térmico sequer é

atingido (choque térmico).

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A difusividade térmica é importante em problemas envolvendo estados não

estacionários, o que ocorre durante o aquecimento e resfriamento de um polímero

(CANEVAROLO JR., 2004).

Interessados no estudo de membranas para eletrodiálise, Tocci et al. (2002)

investigaram, por simulação MD (dinâmica molecular) e, em alguns casos, por

experimentação, a difusão de diversos gases (H2, O2, N2, CH4, CO2,) em matrizes

poliméricas do PEEK, consideradas densas, funcionalizadas com diferentes grupos

laterais, como o PEEK-WC (Poly(oxap-phenylene-3,3-phtalido-p-phenylenxoxa-p-

phenylenexoxi-p-phenylene). Os estudos de simulação consideraram PEEK-WC

nitretados e sulfonados, incluindo os ainda não sintetizados, como aqueles com

100% de substituição, numa estratégia de desenvolvimento de novas membranas

poliméricas. A Tabela 7 apresenta seus principais resultados. Vê-se que há

discrepâncias entre os resultados computacionais e os obtidos por experimentos

para os coeficientes de difusividade, permeabilidade e solubilidade do PEEK-WC

nitretados e sulfonados.

Tabela 7- Valores experimentais versus calculados por simulação para os coeficientes de difusividade (D), permeabilidade (P) e solubilidade (Sol.) dos polímeros investigados, conforme Tocci et al. (2002)

a

10-7

m2/s = 10

-3 cm

2/s

Gás PEEK-WC PEEK-WC NO2 30%

Calculado Experimental P (barrer)b D (cm²/s)x10

-8 Sol.

(atm-1

)

O2 0,44 0,55 0,56 0,3 1,3

CO2 3,37 3 8,0 8,5 0,72

N2 0,04 0,2 0,055 0,06 0,7

CH4 0,022 0,08 0,02 3,1 x 10-3 5,1

Gás PEEK-WC NO2 100% PEEK-WC SO3H 100%

P (barrer)b D (cm²/s)x10

-8 Sol.

(atm-1

)

P (barrer)b D (cm²/s)x10

-8 Sol.

(atm-1

)

O2 4,93 1,2 3,25 2,15 0,42 3,9

CO2 90,5 15,8 1,7 53,3 8,09 1,8

N2 0,65 0,3 1,8 0,28 0,08 2,5

CH4 0,4 230 13 0,14 6,1x10-3 17,3

a Valores calculados obtidos pelo método Gusev-Suter.

b barrer: (cm³ (STP) cm/cm²s cmHg) x 10

-10 .

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Wróbel et al. (2009) investigaram a difusividade térmica da matriz polimérica

de resina epoxi reforçada com fibra de carbono, Tabela 8. Constataram que, quanto

maior o teor de fibra de carbono no compósito, maiores os valores da difusividade

térmica, como exposto na Figura 18 (cerca de 1,62 a 2,15 . 10-7 m2/s).

Tabela 8- Propriedades da resina e da fibra do compósito cuja difusividade térmica foi investigada por Wróbel et al. (2009)

Parâmetro Fibra de Carbono Sigratex, SGL,

Alemanha

Resina Epoxi Epidian 53, Organika-

Sarzyna, Polônia

Massa Específica [g/cm3] 1,70 1,13

Coeficiente de Condutividade Térmica [W/m.K]

15,00 0,22

Figura 18- Difusividade Térmica como uma função da fração volumétrica de fibra de carbono em compósito de matriz polimérica (epóxi), adaptado de Wróbel et al. (2009): (a) Corpos-de-prova de

4mm; (b) Corpos-de-prova de 5mm

2.7. Módulo de Elasticidade em Função da Temperatura

A Figura 19 apresenta a evolução do módulo de elasticidade de uma matriz

polimérica, de acordo com G'Sell (1988), desde a temperatura ambiente até atingir o

estado líquido, à temperatura Tm, após passar pela transição vítrea, à temperatura

Tg. Constata-se que, entre as temperaturas Tg e Tm, as fases amorfas e cristalinas

de um polímero apresentam variações no módulo de elasticidade entre uma e

três ordens de grandeza – sendo a faixa mais crítica após cerca de 50% da Tg.

Durante o aquecimento e resfriamento de uma matriz polimérica a diferentes

taxas de aquecimento e resfriamento, entre Tg e Tm, as deformações diferenciais

(a) (b)

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entre as fases amorfas borrachosas e decorrentes dos cristalitos na fase semi-

cristalina podem promover expansões ou contrações que podem produzir

mecanismos de dano microscópicos, como crazing, ou macroscópicos, como

corrugações em superfícies originalmente planas.

Figura 19- Módulo de Young em função da temperatura de materiais poliméricos semicristalinos

2.8. Mecânica do Contato

2.8.1. Modelo de Hertz

Nascimento et al. (2009) comenta que Hertz estudou, em 1882, o contato entre

dois sólidos elásticos com perfis de superfície lisa (sem rugosidade) os quais

poderiam ser aproximados como uma parábola, perto da área de contato (Figura

20). Hertz fez algumas suposições, baseadas em observações de que a área de

contato tem forma elíptica para tais corpos tridimensionais. Segundo Persson (2006)

apud Nascimento et al. (2009), a teoria de Hertz prediz que a área de contato, A,

aumenta não linearmente com a força de compressão F, porém, A ~ F2/3 .

Figura 20- Fundação do modelo elástico com uma base rígida de profundidade H que é comprimida por um indentador rígido e a distribuição de pressão p em toda a área de contato (JOHNSON, 1989

apud NASCIMENTO et al., 2009)

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Segundo Medeiros (2002) apud Nascimento et al. (2009), a contribuição efetiva

de Hertz foi demonstrar matematicamente que, em contato de sólidos estáticos não-

conformes comprimidos entre si e sem atrito, parâmetros geométricos e elásticos do

material são necessários e suficientes para definir a área de contato e os estados de

tensão e deformação atuantes.

Segundo Nascimento et al. (2009), as tensões atuantes podem ser

determinadas através de fórmulas analíticas, baseadas na teoria da elasticidade,

desenvolvida por Hertz e são simplificadas quando a área de contato é circular como

para esferas ou esfera-plano em contato. A Figura 21 mostra o contato entre uma

esfera e um plano, sua respectiva geometria de área de contato e a distribuição da

pressão com base na teoria de Hertz.

Figura 21- (a) Contato entre uma esfera indentadora e uma superfície plana polimérica sob ação de uma força compressiva F, (b) dimensão da área de contato (circular) e deflexão, (c) distribuição da

pressão, pressão máxima (Pmáx) e média (pmédia). A relação entre as pressões é dada por Pmáx = 3/2 Pmédia (Adaptado de NASCIMENTO et al., 2009)

Segundo Norton (1996) e Johnson (1989) apud Nascimento et al. (2009) a

pressão de contato é dada por:

P = Pmáx (1 – (x2/a2))1/2 (5)

Pmáx = 3/2 Pmédia = [3/2 (F/πa2)] (6)

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35

Onde a é o raio da área de contato de geometria circular que, com base na teoria de

Hertz da mecânica do contato, é dado pela expressão:

a = [(3FR/4E)1/3], (7)

onde R é o raio de curvatura equivalente de contato, dado por:

1/R = (1/Resfera + 1/Rplano), (8)

onde o raio do plano, Rplano, é considerado como tendendo a infinito ou muito maior

que o raio da esfera Resfera, ou seja, Rplano ∞ ou Rplano >> Resfera.

E é o módulo de elasticidade equivalente dos corpos em contato, que é dado

pela equação 9,

1/E = [((1- esfera

2)/Eesfera)+((1- plano2)/Eplano)] , (9)

onde esfera e plano e Eesfera e Eplano são os coeficientes de Poisson e os módulos de

elasticidade dos materiais da esfera e do plano, respectivamente.

Nascimento et al. (2009) comenta que a pressão sobre a área de contato cria um

estado de tensões tridimensionais no material. Essas três tensões aplicadas na

superfície (σx, σy e σz), são compressivas e são máximas na interface do contato.

Diminuem rapidamente e não – linearmente com a profundidade e com a distância

do eixo de contato. Os mesmos autores afirmam que essas tensões são chamadas

de tensões de Hertz e, se considerarmos que o eixo Z aumenta com a profundidade

da indentação no material, essas equações podem ser dadas por:

σz(z) = Pmáx [-1 + (z3/(z2 + a2)3/2)] (10)

σx(z) = σy(z) = (Pmáx/2) [-(1+2) + 2(1+ )((z/(a2 + z2)1/2)-(z/(a2 + z2)1/2)3] (11)

σx, σy e σz são, respectivamente, as tensões compressivas que atuam na direção

dos eixos x, y e z devido a ação da força normal de compressão F; z é a

profundidade considerando seu início a partir da interface do contato.

Nascimento et al. (2009) ainda afirma que as tensões principais induzem a

tensão de cisalhamento que tem valor máximo a uma determinada profundidade em

cada material (geralmente z = 0,63a e magnitude de aproximadamente 0,34pmáx se

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36

ambos os materiais são aços). Esse valor varia de acordo com o coeficiente de

Poisson do material.

Para o cálculo da distribuição da tensão de cisalhamento, tensão de

cisalhamento máxima e a posição onde ela ocorre, são utilizadas as equações 12,

13 e 14, mostradas abaixo segundo Nascimento et al. (2009).

(z) = (Pmáx/2) [((1-2)/2)+ (1+ )((z/(a2 + z2)1/2)-(3/2)(z/(a2 + z2)1/2)3] (12)

máx = (Pmáx/2) [((1-2)/2)+ (2/9)(1+ )((2(1+ ))1/2)] (13)

Zmáx = a[(2+2)/(7-2)]1/2 (14)

Nascimento et al. (2009) efetuando ensaio com contato na configuração esfera –

plano, metal – polímero em um processo de indentação quase-estático, tem

mostrado que o uso do modelo de Hertz no cálculo dos parâmetros de contato

envolvendo polímeros e, principalmente, elastômeros, têm se distanciado do valor

verdadeiro (experimental) obtido em ensaio de laboratório e uma tendência a

maiores diferenças com o aumento da carga normal, valores esses, que estão

relacionados com a viscoelasticidade desses materiais.

2.9. Mecanismo de Dano por Crazing

As tensões térmicas são induzidas em um corpo como resultado de

mudanças na temperatura. Um entendimento das origens e natureza das tensões

térmicas é importante devido a estas tensões poderem levar a fratura ou deformação

plástica indesejada (CALLISTER JR., 2007).

Quando um corpo sólido é aquecido ou resfriado, a distribuição de

temperatura interna dependerá da sua forma e tamanho, da condutividade térmica

do material, e da taxa de variação de temperatura. Tensões térmicas podem ser

estabelecidas como um resultado de gradientes de temperatura através de um

corpo, que são frequentemente causadas por aquecimento ou resfriamento rápido,

em que a temperatura exterior muda mais rapidamente do que no interior; diferentes

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alterações dimensionais restringem a expansão livre ou contração volumétrica de

elementos adjacentes dentro da peça (CALLISTER JR., 2007).

Meyers e Chawla (1999) associam as fibrilas que unem as duas bordas do

craze a uma morfologia de cadeia polimérica de “espaguete cozinhado”, arranjo

característico de um estado amorfo. Essa região abrange uma área com dimensão

desde atômica até micrométrica. Ainda segundo esses dois autores, a formação de

craze é um processo de dilatação que, de um lado é intensificado por um estado de

tração hidrostática e, por outro, retardado por um estado de compressão

hidrostática. E esclarecem que “embora crazes não sejam trincas – nem vazios -

trincas que conduzem ao colapso final podem ser iniciadas por crazes”.

A Figura 22, apresentada por Meyers e Chawla (1999), mostra um envelope

que representa a expressão gráfica do critério de Von Mises modificado para excluir,

da zona de estados de tensões seguras, os limites de atuação do mecanismo de

dano por crazing em polímeros vítreos solicitados por um estado de tensão biaxial.

Segundo esses autores, para um compósito reforçado por fibras, intrinsecamente

anisotrópico, o critério de Von Mises se torna completamente inválido e deve ser

investigado exaustivamente para o estabelecimento de envelopes de estados de

tensões multiaxiais seguras. Este trabalho se alinha neste contexto.

Figura 22- Envelopes que estabelecem o critério de tensões equivalentes de Von Mises para o conjunto de estados de tensões biaxiais seguras para polímeros amorfos, considerando os limites de

escoamento (comportamento dútil) e o crazing (comportamento frágil) (Adaptado de Meyers e Chawla, 1999)

Combette e Ernoult (2006) afirmam que

Os crazings não são necessariamente fenômenos de dano, no sentido

onde a formação de um crazing absorve a energia mecânica e não

provoca forçosamente uma ruptura. Eles aparecem principalmente nos

polímeros termoplásticos amorfos e, às vezes, nos termoplásticos semi-

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cristalinos, geralmente quando são solicitados à tração... Os crazings

têm uma forma lenticular cujas dimensões laterais se situam entre 10 m

e alguns milímetros, e a espessura varia entre 1 e 10 m (Figura 23).

Quando observados ao MEV, revelam uma rede de vazios e fibrilas

estiradas ligando as duas faces do crazing. As fibrilas, conjuntos de

macromoléculas orientadas, têm um diâmetro da ordem de 10

nanômetros.

Figura 23- Crazing em PEAD: Micrografia obtida por MEV em um C.P. de polietileno de alta densidade (PEAD) submetido a um ensaio de fadiga a 80

°C. O crazing (“craquelure”, em francês)

situa-se na zona de fissura durante sua propagação lenta, de acordo com Combette e Ernoult (2006)

Lima da Silva et al. (2011) sugerem que seja crazing o mecanismo de dano

evidenciado por uma trinca de cerca de 150 m de comprimento por 1 m de

abertura (Figura 24), com pontes fibrilares unindo as duas bordas da trinca em

corpo-de-prova de PTFE solicitado por um estado de tensões de tração.

Figura 24- Imagens obtidas por Microscopia Eletrônica de Varredura com evidencias de danos associados ao comportamento frágil de PTFE com possíveis ocorrências de crazes, segundo Lima da

Silva et al. (2011)

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39

2.10. Outros Mecanismos de Danos de Materiais Poliméricos

Materiais poliméricos também experimentam a deterioração por meio de

interações ambientais. No entanto, uma interação indesejável é a degradação

(CALLISTER JR., 2007).

A reação de degradação de polímeros é físico-química, ou seja, envolve

fenômenos físicos, bem como químicos. Além disso, uma grande variedade de

reações e consequências adversas é possível para a degradação de polímeros.

Polímeros podem deteriorar-se pelo inchaço e dissolução. A ruptura de ligação

covalente, como resultado da energia térmica, reações químicas, e radiação também

são possíveis, normalmente com uma redução contínua na integridade mecânica.

Também deve ser mencionado que, devido à complexidade química dos polímeros,

os seus mecanismos de degradação não são bem compreendidos (CALLISTER JR.,

2007).

O processo denominado cisão - separação ou ruptura de ligações da cadeia

molecular- causa uma separação de segmentos da cadeia no ponto de cisão e uma

redução na massa molecular. Várias propriedades de materiais poliméricos,

incluindo resistência mecânica e resistência ao ataque químico, dependem do peso

molecular. Consequentemente, algumas das propriedades físicas e químicas dos

polímeros podem ser adversamente afetadas por esta forma de degradação.

Ruptura de ligações pode resultar da exposição à radiação ou ao calor. Oxigênio,

ozônio e outras substâncias podem causar ou acelerar a cisão de cadeia, como

resultado da reação química (CALLISTER JR., 2007).

Degradação térmica corresponde à cisão de cadeias moleculares em

temperaturas elevadas, como consequência, alguns polímeros sofrem reações

químicas nas quais espécies gasosas são produzidas. Estas reações são

evidenciadas por uma perda de massa do material; a estabilidade térmica de um

polímero é uma medida de sua capacidade de resistência a essa decomposição e

está relacionada principalmente à magnitude das energias de ligação entre os vários

constituintes atômicos do polímero: energias mais elevadas de ligação resultam em

materiais mais estáveis termicamente. Por exemplo, a magnitude da ligação C-F é

maior que a ligação C-H, que por sua vez é maior que a ligação C-Cl. Os

fluorocarbonetos, tendo ligações C-F, estão entre os materiais poliméricos mais

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resistentes termicamente e pode ser utilizado em temperaturas relativamente

elevadas (CALLISTER JR., 2007).

Durante o processo de degradação de materiais poliméricos a difusão de

oxigênio ocorre predominantemente nas regiões amorfas (LONGO et al., 2011).

A qualidade do produto termoplástico é modificada durante o serviço. Devido

ao envelhecimento, a degradação das propriedades pode ser uma restrição grave

para a aplicação. Essa é a razão pelas quais grandes esforços são dedicados para a

estabilização de termoplásticos, especialmente para aqueles que são sensíveis a

influências ambientais (por exemplo, PVC, borrachas). Sabe-se que o

envelhecimento se manifesta em primeiro lugar numa mudança de cor, sem efeito

perceptível sobre as propriedades mecânicas. O progresso do envelhecimento

resulta mais tarde na deterioração substancial das características mecânicas, que é

bem refletida pela resposta à tenacidade (BÁRÁNY; KARGER-KOCSIS; CZIGÁNY,

2003).

O processo de envelhecimento físico é um fenômeno típico de relaxação.

Calorimetria diferencial exploratória (DSC) e calorimetria diferencial exploratória

modulada (MDSC) têm sido extensivamente utilizadas para estudar o processo de

relaxamento entálpico associada com o envelhecimento físico de polímeros, porque

eles são práticos, sensíveis e altamente reprodutíveis (HU et al., 2005).

Segundo Ibhadon (1996) e Jonas e Legras (1993) apud Hu et al. (2005), o tempo

de relaxação, trelax., foi definido como:

1/Hte/ (CpT) = ln (3t/2trelax.) (15)

Onde Hte é a entalpia de excesso para o tempo de envelhecimento, Cp é

variação capacidade calorífica, T é a variação de temperatura.

2.11. Decomposição térmica

A distinção entre decomposição e degradação térmica necessita ser feita.

Segundo a ASTM apud Beyler e Hirschler (1995) a decomposição térmica é um

processo de extensiva mudança da espécie química do material causada por calor.

Degradação térmica é um processo em que a ação do calor ou da temperatura

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41

elevada sobre um material provoca uma perda de propriedades físicas, mecânicas,

ou elétricas.

O comportamento físico de termoplásticos em aquecimento é dependente do

grau de ordem do empacotamento molecular, ou seja, o grau de cristalinidade. Para

materiais cristalinos, existe uma temperatura de fusão bem definida (BEYLER;

HIRSCHLER, 1995).

Segundo Beyler e Hirschler (1995), muitos materiais podem não atingir um

estado viscoso, uma vez que começam a sofrer decomposição térmica antes do

derretimento do polímero, é o caso dos termofixos.

Muitos materiais (termofixos ou termoplásticos) produzem carvão carbonáceo na

decomposição térmica. A estrutura física destes carvões afetará fortemente a

continuação do processo de decomposição térmica. Muito frequentemente as

características químicas dos carvões ditarão a taxa de decomposição térmica do

polímero restante (BEYLER; HIRSCHLER, 1995).

Os processos químicos são responsáveis pela geração de produtos voláteis

inflamáveis enquanto que as mudanças físicas, tais como fusão e carbonização,

podem alterar marcadamente a decomposição e queima característica de um

material (BEYLER; HIRSCHLER, 1995).

A decomposição térmica de polímeros procede de processos oxidativos ou

simplesmente da ação do calor. Em muitos polímeros, o processo de decomposição

térmica é acelerado por oxidantes (tais como ar ou oxigênio). Neste caso a

temperatura de decomposição mínima é menor na presença de um oxidante

(BEYLER; HIRSCHLER, 1995).

Beyler e Hirschler (1995) mencionam que um grande número de propriedades

afetam a decomposição térmica e oxidativa de termoplásticos, particularmente

massa molecular, danos térmicos anteriores, ligações fracas e radicais primários.

Há um número de classes gerais de mecanismos químicos importantes na

decomposição de polímeros: (1) cisão de cadeia randômica, em que a cisão de

cadeia ocorre aparentemente em locais aleatórios na cadeia polimérica; (2) cisão de

cadeia final, em que a unidade de monômero individual é sucessivamente removida

ao final da cadeia; (3) extração de cadeia, no qual os átomos ou grupos que não

fazem parte da cadeia do polímero (ou cadeia principal) são clivados; e (4) ligação

cruzada, em que ligações são criadas entre as cadeias poliméricas. A decomposição

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42

térmica de polímeros geralmente envolve mais de uma dessas classes de reações

(BEYLER; HIRSCHLER, 1995).

Beyler e Hirschler (1995) menciona que, entre os termoplásticos simples, o

mecanismo de reação mais comum envolve quebra de ligações na cadeia polimérica

principal. Esta cisão de cadeia pode ocorrer no final da cadeia ou em locais

aleatórios na cadeia. Cisão no final de cadeia resulta em produção de monômeros, e

o processo é frequentemente conhecido como "unzipping". Cisão aleatória de cadeia

geralmente resulta em geração tanto de monômeros como de oligômeros (unidade

de polímeros com 10 ou menos unidades de monômeros) tão bem como uma

variedade de outras espécies químicas. Segundo os mesmos autores, o PTFE se

decompõe termicamente pelo mecanismo de cisão de final de cadeia (unzipping).

A ligação cruzada é outra reação envolvendo cadeia principal. Geralmente ocorre

após alguma remoção de substituintes e envolve a criação de ligações entre duas

cadeias poliméricas adjacentes. Este processo é muito importante na formação de

carvão, uma vez que gera uma estrutura com uma alta massa molecular e menos

volátil (BEYLER; HIRSCHLER, 1995).

O principal tipo de reação envolvendo cadeias laterais ou grupos são reações de

eliminação e reações de ciclização. Na reação de eliminação, as ligações dos

grupos laterais com a própria cadeia são quebradas, e os grupos laterais

frequentemente reagem com outros grupos laterais eliminados. Os produtos dessa

reação são geralmente muitos pequenos para volatizar. Na reação de ciclização,

dois grupos laterais adjacentes reagem para formar uma ligação entre eles,

resultando em produção de uma estrutura cíclica (BEYLER; HIRSCHLER, 1995).

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43

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. Materiais

3.1.1. Corpos-de-prova (C.P.)

O material utilizado para ensaio foi um compósito constituído de matriz

polimérica PEEK + 10% de PTFE+ 10% de Grafite+10% de Fibra de Carbono,

comercialmente adquirido na forma de tarugo com diâmetro de 61,5 mm. O tarugo

foi cortado utilizando uma serra de fita, e logo após, foi lixado em uma lixa de SiC,

mesh de #100, para obtenção de discos com espessura de 3 ± 0,05 mm e de

superfície plana (Figura 25). Os corpos-de-prova, após o processo de lixamento,

foram lavados em banho ultrassônico por 10 minutos e secados com secador.

Algumas propriedades do compósito polimérico estão mostradas na Tabela 9.

Figura 25- Compósito PEEK+PTFE+FC+Grafite

Tabela 9- Algumas propriedades do compósito PEEK+PFTE + Fibra de Carbono+Grafite, fornecidas pelo fabricante.

Coeficiente de

condutividade térmica

Coeficiente de expansão

térmica

Ponto de Fusão

Cristalina

0,24 W/(m.K) 2,2 x10-5/K 343 °C

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44

3.1.2. Caracterização do compósito

3.1.2.1. Análises térmicas

As análises térmicas foram realizadas com o objetivo de determinar as

possíveis modificações que ocorreram no compósito após o ensaio, como por

exemplo, degradação, mudança de cristalinidade e hidrólise. Para isso, as análises

foram realizadas no corpo-de-prova na condição adquirida, a fim de caracterizá-lo, e

em cada corpo-de-prova ensaiado, com o objetivo de comparar suas propriedades

térmicas. As análises empregadas foram a Análise Dinâmico-mecânica (DMA),

Análise Termogravimétrica (TG), Calorimetria Diferencial Exploratória (DSC).

Análise Dinâmico-mecânica (DMA)

A análise Dinâmico-Mecânica (DMA) foi realizada apenas no compósito tal

como adquirido, utilizando um DMA de Marca TAinstruments, tipo Q800 na

configuração single cantilever, com deformação constante de 0,01%, freqüência de

1Hz, com varredura de 20°C até 200°C e a uma taxa de aquecimento de

2°C/minutos.

Análise Termogravimétrica (TG)

Para a análise do comportamento térmico do compósito polimérico, antes e

após os ensaios, a TG foi realizada em um equipamento SHIMADZU modelo DTG –

60H, utilizando atmosfera de nitrogênio com uma vazão de 50 ml/min, a uma taxa de

aquecimento de 10°C/minutos, da temperatura ambiente até 900°C. A massa da

amostra foi de aproximadamente 2mg.

Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC)

A DSC foi realizada no compósito antes e após os ensaios, utilizando um

equipamento Shimadzu DSC – 50, com cela de alumínio. A análise do corpo-de-

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prova foi realizada em atmosfera de nitrogênio com uma vazão de 50ml/min,

varrendo de 20°C até 550°C a uma taxa de aquecimento 10°C/min. A massa da

corpo-de-prova foi de aproximadamente 1 mg.

3.1.2.2. Dureza

Medidas de dureza Rockwell M foram realizadas no compósito, antes e após

os ensaios com o objetivo de avaliar a influência do aquecimento do material em sua

propriedade mecânica.

As medidas foram realizadas utilizando um indentador φ1/4”, com pré-carga

de 10 kgf e carga de 100kgf, em um Durômetro de Marca PANTEC. As indentações

foram realizadas em duas diferentes direções: na direção radial, sete indentações

foram realizadas partindo do centro até a borda do C.P. e na direção circunferencial,

seis indentações foram realizadas a cada 2 horas como representado na Figura 26.

As indentações foram realizadas na mesma face de contato com a fonte quente.

12h

10h

8h

6h

4h

2h

Figura 26- Esquema das indentações realizadas no C.P.

3.1.3. Fontes Quentes: Ferros de Soldar

Para este trabalho foram utilizados, como fonte de calor, quatro ferros de

soldar comercialmente adquiridos: dois com potências nominais de 40W (Fabricante

A e Fabricante B) para reprodutibilidade de ensaio, um com potência de 100W e um

terceiro de 150W (Figura 27). Através de adaptadores fabricados em cobre, foi

possível padronizar as pontas dos ferros que possuem diâmetro de 2,2±0,03 mm e

que, segundo o fabricante, são constituídas de núcleo de cobre, cobertura de ferro e

revestimento de estanho. As pontas foram fixadas nos ferros com altura padronizada

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46

de 50 mm, esta altura foi especificada devido às condições do aparato experimental.

Antes de cada ensaio as pontas foram lixadas na direção do seu eixo com uma lixa

de SiC, mesh de #100 para retirada de resíduos poliméricos do ensaio anterior e/ou

camada óxida do metal.

Figura 27- Ferros de Soldar utilizados nos ensaios, potências nominais de 40W(A), 40W(B), 100W, 150W, respectivamente

3.2. Metodologia

3.2.1. Ensaio Térmico

O ensaio térmico consistiu em fornecer diferentes quantidades de energia

térmica a um disco de compósito polimérico através de ferros de soldar que, em

função do efeito Joule, serviam como fonte quente, posicionados de forma

perpendicular e inferior ao C.P.. A ponta da fonte quente esteve em contato direto

com o C.P. durante todo o ensaio. Foram realizados três repetições para cada fonte

quente utilizada. Estes ensaios foram realizados em uma bancada de ensaio

térmico, desenvolvida pelo Grupo de Estudos de Tribologia e Integridade Estrutural

da UFRN – GET e sua confecção está detalhada no Apêndice A.

Na Figura 28 tem-se o esquema do aparato experimental e seu detalhamento

com o posicionamento do C.P. e na Figura 29 é mostrada a bancada experimental

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47

utilizada, devidamente instrumentada. Foram coletadas as temperaturas, ambiente e

do corpo-de-prova, através de termopares ligados a uma placa de aquisição de

temperatura. A potência dos ferros de soldar foi medida através de um wattímetro.

Tanto a placa de aquisição de temperatura quanto o wattímetro foram ligados a um

computador que permitiu a captura dos dados ao longo do tempo a uma taxa de

aquisição de 1Hz. A umidade também foi medida ao longo do ensaio. Uma câmera

filmadora foi posicionada acima do corpo-de-prova para filmagem do comportamento

do mesmo durante o ensaio. Todos os ensaios tiveram duração de uma hora de

aquecimento, logo após, o ferro de soldar era desligado e a amostra resfriada,

juntamente com a fonte quente, até a temperatura ambiente, também com duração

de 1 hora. Tanto a taxa de aquecimento quanto a de resfriamento não foram

controladas.

Figura 28- Esquema do aparato experimental utilizado nos ensaios. (a) Aparato experimental; (b) Seção transversal do aparato experimental com detalhamento do escopo

(b) (a)

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48

Figura 29- Bancada de Ensaio Térmico: (a) Aparato experimental com posicionamento do C.P.e (b) Bancada de ensaio completa com placa de aquisição de temperatura, wattímetro e medidor de

umidade

Os danos ocorridos no compósito após o ensaio foram observados e/ou

analisados por lupa (aumento de 6,7x) e Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)

com microanálise EDS, através de um MEV de bancada da marca Hitachi modelo

TM 3000. A voltagem utilizada no equipamento foi de 5 kV a 15kV.

3.2.2. Fixação dos termopares no corpo-de-prova

Os termopares utilizados para aquisição da temperatura durante os ensaios

foram fixados no compósito utilizando o próprio material fundido: um ferro de soldar

de menor potência foi utilizado para fundir a amostra nos pontos determinados para

fixação dos termopares, e então eles foram fixados no C.P. pelo arrastamento de

material adjacente ao ponto de fixação. Dez termopares foram fixados no lado

superior do corpo-de-prova (lado contrário ao de contato com a fonte quente),

desses dez, nove foram dispostos de forma circunferencial com um ângulo de 40°

entre eles e no raio de 15 mm do centro do corpo-de-prova (periferia), e um

termopar foi colocado no centro do corpo-de-prova, exatamente na posição oposta a

de contato da ponta da fonte quente com o corpo-de-prova (Figura 30(a)). Na

posição 6 foram fixados um termopar em cada lado do CP, devido a isto a posição

do termopar colocado no lado inferior do C.P. (mesmo lado da região de contato do

C.P. com a fonte quente foi chamada de Posição 6’ (Figura 30(b)). A Figura 30(c),

mostra o esquema da posição dos termopares em função da fonte quente.

(b) (a)

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49

Figura 30- Posição dos Termopares no compósito. (a) Lado superior; (b) Lado inferior; (c) esquema da posição dos termopares em relação a fonte quente

(b)

(a)

Vista

Superior

Vista

Inferior

Vista

Lateral

(c)

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50

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Após a realização de doze ensaios (três ensaios para cada ferro de soldar),

foram escolhidos para análise os dados de um ensaio de cada condição

apresentada. Após a captação dos dados foi possível construir gráficos de potência

e temperatura em função do tempo. A observação e análise dos danos causados

durante o ensaio foi possível através de imagens obtidas por Lupa, Microscopia

Eletrônica de Varredura (MEV) e Microanálises EDS. Os gráficos e os danos

macroscópicos dos ensaios pilotos e das repetições dos ensaios realizados com

cada fonte quente estão apresentados no Apêndice B e C, respectivamente.

4.1. Gráficos

4.1.1. Medida de Potência das Fontes Quentes

As potências reais de cada ferro de soldar, medidas durante o ensaio, estão

plotadas na Figura 31.

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Figura 31- Gráficos da potência medida em cada fonte quente durante uma hora de ensaio

As fontes quentes atingiram potencias reais em torno de 92,5%, 90,5%, 72%,

77,3% de seus valores nominais, respectivamente. Durantes os ensaios com as

fontes quentes de 40W(A) e 40W(B), houve pouca oscilação de potência ao passo

que nos ensaios realizados com as fontes de maiores potencias as oscilações

foram mais pronunciadas.

A energia total fornecida pelos ferros de soldar, obtida através da integração

da curva de potência x tempo foi de 130 kJ; 123 kJ; 254 kJ; 385 kJ para os ferros de

40W(A), 40W(B), 100W e 150W, respectivamente.

4.1.2. Temperatura no compósito

O comportamento da temperatura dos corpos-de-prova ensaiados está

mostrado na Figura 32 e 33. Em cada gráfico é mostrada a temperatura medida no

0 600 1200 1800 2400 3000 3600

110

112

114

116

118

120

122

124

126

Po

tên

cia

[W

]

Tempo[s]

Potência

Fonte de 150W

Energia total fornecida=385kJ

0 600 1200 1800 2400 3000 360050

55

60

65

70

75

80

85

90

95

100

Po

tên

cia

[W

]

Tempo [s]

Potencia

Fonte de 100W

Energia total fornecida=254kJ

0 600 1200 1800 2400 3000 360030

32

34

36

38

40

42

44

Po

tên

cia

[W

]

Tempo [s]

Potencia

Fonte de 40W(B)

Energia tota fornecida=123kJ

0 600 1200 1800 2400 3000 360034

35

36

37

38

39

40P

otê

nc

ia [

W]

Tempo [s]

Potência

Fonte de 40W(A)

Energia total fornecida=130kJ

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52

centro e nas posições da periferia do corpo-de-prova, além da temperatura medida

na Posição 6’, e temperatura ambiente. Para cada posição tem-se uma curva de

aquecimento, obtida desde o acionamento da fonte quente até o seu desligamento,

e duas de resfriamento: a primeira foi obtida com o resfriamento do corpo-de-prova

ocorrendo juntamente com o resfriamento da fonte quente e a segunda foi obtida

com o corpo-de-prova resfriando sem a influência da fonte quente.

Figura 32- Gráficos do aquecimento e resfriamento dos C.P. ensaiados com as fontes de 40W(A) e

40W(B)

Umid.média=47%

0 1200 2400 3600 4800 6000 7200 84000

50

100

150

200

250

300

350

Te

mp

era

tura

[°C

]

Tempo [s]

Amb.

Centro

Pos.2

Pos.3

Pos.4

Pos.5

Pos.6

Pos.6'

Pos.7

Pos.8

Pos.9

Pos.10

40W(B)

12°C/min 0,2°C/min

25°C/min

0 1200 2400 3600 4800 6000 7200 84000

50

100

150

200

250

300

350

Te

mp

era

tura

[°C

]

Tempo [s]

Amb.

Centro

Pos.2

Pos.3

Pos.4

Pos.5

Pos.6

Pos.6'

Pos.7

Pos.8

Pos.9

Pos.10

40W(A)

Umid.média=43%

13°C/min 0,1°C/min

15°C/min

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53

Figura 33- Gráficos do aquecimento e resfriamento dos C.P. ensaiados com as fontes de 100W e

150W

Nota-se que nos ensaios com as duas fontes quentes de menor potência, a

temperatura medida no centro do C.P. atingiu valores quase que constantes durante

o ensaio, o que não aconteceu com os ensaios utilizando fontes quentes de maior

potência. Acredita-se que, nos ensaios com as fontes de 40W(A) e 40W(B) o nível

de energia fornecido não foi suficiente para a fusão de todo o material em contato

impedindo que a ponta da fonte quente se aproximasse do termopar que estava do

lado superior do corpo-de-prova. Com as fontes quentes de maior potência, 100W e

0 1200 2400 3600 4800 6000 7200 84000

50

100

150

200

250

300

350

Te

mp

era

tura

[°C

]

Tempo [s]

Amb

Centro

Pos.2

Pos.3

Pos.4

Pos.5

Pos.6

Pos.6'

Pos.7

Pos.8

Pos.9

Pos.10

150W

11°C/min

3°C/min

21°C/min Umid.média=38%

0 1200 2400 3600 4800 6000 7200 84000

50

100

150

200

250

300

350

Te

mp

era

tura

[°C

]

Tempo [s]

Amb.

Centro

Pos.2

Pos.3

Pos.4

Pos.5

Pos.6

Pos.6'

Pos.7

Pos.8

Pos.9

Pos.10

100W

Umid.média=48%

11°C/min

2°C/min

19°C/min

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150W, o nível de energia fornecido ao corpo-de-prova causou fusão de uma maior

quantidade de material permitindo que a ponta da fonte obtivesse maior penetração

no corpo-de-prova e se aproximasse do termopar, fazendo com que a temperatura

nessa região não se estabilizasse ou chegasse a algo próximo a isso.

Nos últimos minutos de ensaio com a fonte de 150W a curva de aquecimento

no centro do corpo-de-prova apresentou inflexões. O nível de energia fornecido por

esta fonte quente foi tal que a ponta fundiu o material e atravessou o C.P. a ponto de

deslocar o termopar da sua posição de origem o que acarretou nas variações ao

final da curva de aquecimento.

A temperatura de aquecimento no centro foi máxima à 214°C, 210°C, 280°C,

350°C e nas perifeiras foi máxima à 133 ± 7°C, 131±7°C, 172±17°C, 213±17°C para

ensaios realizados com as fontes de 40W(A), 40W(B), 100W e 150W

respectivamente, seguindo a linha da energia fornecida pelas fontes.

Na posição 6’ observou-se maior aquecimento do corpo-de-prova dentre as

temperaturas medidas na periferia, visto que esta posição apresentava-se mais

próxima da influencia da fonte quente. Os valores de temperatura medidos nesta

posição foram 160°C, 156°C, 196°C e 263°C para as fontes quentes de 40W(A),

40W(B), 100W, 150W de potência nominal, respectivamente.

Destaca-se, nos quatro gráficos, a presença de 3 regiões com distintas taxas

de aquecimento: no círculo da cor verde, tem-se o estágio inicial, o qual apresenta

maior taxa de aquecimento entre os demais estágios, provavelmente devido a

condutividade térmica conferida ao compósito pela presença de grafite e fibra de

carbono; no círculo na cor laranja, tem-se o estágio de transição e em azul, o estágio

estacionário, de menor taxa de aquecimento. O C.P. ensaiado com a fonte de

40W(A) foi o único a apresentar estágio estacionário com taxa praticamente zero, os

demais tiveram, no mesmo estágio, elevação gradual na taxa de aquecimento em

função do aumento da potência. A taxa de resfriamento, mesmo não sendo

controlada, apresentou-se semelhante nas quatro condições de ensaio.

G'Sell (1988) constatou que, entre as temperaturas Tg e Tm, as fases amorfas e

cristalinas de um polímero apresentam variações no módulo de elasticidade entre

uma e três ordens de grandeza – sendo a faixa mais crítica após cerca de 50% da

Tg. Para o compósito estudado, a faixa mais crítica encontra-se em

aproximadamente 255°C, já que a Tg dele é 170°C, como destacado pela linha

vermelha tracejada que passa pelas curvas de aquecimento e resfriamento nos

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55

gráficos dos C.P. ensaiados. Esta variação no módulo de elasticidade influencia na

deformação final do material polimérico.

Durante todos os ensaios, a ponta da fonte quente se expandiu em torno de 2

mm ao longo da direção vertical devido ao aquecimento do metal, causando o

levantamento de um dos lados do C.P. nos primeiros 10 minutos de ensaio, acredita-

se que este evento possa ter influenciado a temperatura de algumas posições na

periferia do corpo-de-prova, podendo ser observado, em todos os gráficos, a

presença de “inflexões” no início das curvas de temperatura de algumas posições da

periferia, as quais variam de ensaio para ensaio de acordo com a posição no qual há

o levantamento do corpo-de-prova com o aquecimento. O aquecimento inicial da

ponta da fonte quente permitiu sua expansão, mas não foi suficiente para fundir o

centro do compósito, acarretando em elevação do corpo-de-prova (Figura 34). Com

o contínuo aquecimento da ponta, o material próximo a área de contato entre a

ponta do ferro e o corpo-de-prova, foi fundido, levando ao abaixamento do C. P. até

sua posição inicial. Acredita-se que com o levantamento de apenas um dos lados do

corpo-de-prova a energia interna que estava confinada dentro do isolante vítreo

tenha se dirigido para a abertura entre o compósito e o anel elastomérico de

posição, aumentando a temperatura naquela região. Após o retorno do C.P. para a

sua posição inicial houve a diminuição da temperatura, gerando as inflexões no

início das curvas de temperatura das posições periféricas localizadas no lado do

corpo-de-prova que se elevou.

Figura 34- Elevação do corpo-de-prova durante os primeiros 10 minutos de ensaio

Observa-se que o aumento do nível energético aplicado aos corpos-de-prova,

é acompanhado de maior dispersão de temperaturas medidas nas periferias: para as

fontes de menores potências (40W(A) e 40W(B)) o desvio padrão foi de ±7°C, já no

ensaio realizado com as fontes de 100W e 150W o desvio padrão foi de ±17°C.

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56

A curva de temperatura da posição 3 e 4 no ensaio com a fonte de 100W

apresentou comportamento diferenciado em relação aos demais da periferia, isto

pode ser explicado pelo fato de que durante o ensaio houve o deslocamento do

corpo-de-prova em relação a sua posição inicial de forma que a distância entre a

fonte quente e as posições 3 e 4 da periferia tornou-se menor, aumentando a

temperatura próxima a essa região.

As temperaturas nas periferias de cada corpo-de-prova tenderam ao mesmo

comportamento entre si e ao centro do C.P., indicando que a taxa de transferência

de calor após o estágio de transição tornou-se praticamente constante.

4.1.3. Análises Térmicas

4.1.3.1. Análise Dinâmico-Mecânica (DMA)

Na Figura 35 têm-se as curvas de módulo de armazenamento, modulo de

perda e tanδ obtidas pela Análise Dinâmico-mecânica (DMA) do compósito.

Figura 35- Curvas de módulo de armazenamento, módulo de perda e tanδ obtidas pela DMA do compósito PEEK+PTFE+Grafite+Fibra de Carbono

Page 79: Resposta Térmica de um Compósito PEEK+PTFE+Fibra de ... · temperatura e a HRM medidos nas direções radial e circunferencial dos C.P. Algumas peculiaridades morfológicas das

57

Os parâmetros para realização da DMA no compósito estudado foram

baseados em Lima da Silva (2010) que analisou o PEEK puro, e Zhang e Schlarb

(2009) que analisou compósitos formados com os mesmos componentes do

compósito G_CFRP estudado neste trabalho, porém segundo os estudos de Bretas

e Baird (1992), compósitos baseados em PEEK, devem ter seu DMA investigado até

300°C para uma obtenção de dados mais completa. No estudo desses autores sobre

blendas poliméricas a partir de PEEK, a Tg foi avaliada no ponto de máximo tan

delta e a Tc no ponto onde o modulo de armazenamento E’ tem um aumento quando

medido como função da temperatura.

Na DMA do compósito G_CFRP a avaliação da Tc, segundo o critério de

Bretas e Baird (1992) não foi possível visto que a análise foi realizada em uma faixa

menor de temperatura (até 200°C), porém ainda foi possível obter dados importantes

do compósito.

Através da curva DMA percebe-se que o compósito é rígido devido ao seu

alto módulo de armazenamento, em torno de 4 GPa, da temperatura ambiente até

150°C, e devido ao baixo fator de perda (tanδ), aproximadamente, 0,015 à

temperatura ambiente. Segundo Lima da Silva (2010) o módulo de armazenamento

do PEEK puro é menor que o do compósito analisado (2,5 GPa), o que permite

constatar a influencia da fibra de carbono como reforço mecânico. Segundo Silva e

Nohara (2010), a influência da fibra de carbono está ligada ao fato de que elas

limitam a livre movimentação das macromoléculas.

Segundo Lima da Silva (2010), quando há aumento de temperatura, o

polímero adquire energia térmica suficiente para as cadeias se moverem mais

livremente, passando a se comportar como um sólido borrachoso, a temperatura na

qual o polímero atinge este comportamento é conhecida como temperatura de

transição vítrea (Tg). Observando a curva (tanδ) do compósito analisado percebe-se

que o mesmo possui uma faixa de temperatura de transição vítrea mínima, entre

145°C e 200°C. O maior pico de tanδ é encontrado a 170°C. Estes valores estão

próximos aos encontrados por Zhang e Schlarb (2009) para compósitos formados

com os mesmos componentes.

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58

4.1.3.2. Calorimetria Diferencial Exploratória (DSC)

Análises por DSC foram realizados nos corpos-de-prova, como adquirido e

ensaiados. Foram coletadas duas amostras para cada corpo-de-prova ensaiado;

uma foi retirada da região próxima a borda (B) e outra, à 2 mm do dano central do

corpo-de-prova (C), onde a incidência de calor foi maior. As curvas DSC/DDSC da

amostra coletada do C.P. como adquirido encontram-se na Figura 36. Na Figura 37

e 38 têm-se as curvas DSC/DDSC das amostras coletadas da borda e da região

próxima ao dano central do C.P., respectivamente. Alguns dados obtidos através

das curvas DSCs são apresentados na Tabela 10.

Figura 36- Curvas DSC e DDSC da amostra retirada do corpo-de-prova como adquirido

A curva DSC do compósito como adquirido apresentou mais de um pico

endotérmico de fusão cristalina, o que é característico de materiais compósitos. O

primeiro pico foi identificado a 323°C e o segundo a 335°C, este último pode ser

considerado como a temperatura de fusão total do compósito na condição como

adquirida. Segundo Lima da Silva (2010) o PEEK puro tem temperatura de fusão de

334°C e o PTFE puro tem 329°C. Já Canevarolo Jr. (2004) e Marinho (2005)

afirmam que a temperatura de fusão do PTFE puro é 327°C. Sabendo disto, pode-se

-0.00 100.00 200.00 300.00 400.00 500.00Temp [C]

-2.00

-1.00

0.00

mWDSC

-1.00

-0.50

0.00

0.50

mW/minDrDSC

317.78x100C

342.89x100C

335.07x100C

323.32x100C

-25.35x100mJ

-28.48x100J/g

156.42x100COnset

171.29x100CEndset

163.33x100CMid Point

File Name: AANEN.D00

Detector: DSC-50Sample Name: Amostra antes do ensaio

Sample Weight: 0.890[mg]

Calor

DSCDrDSC

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59

sugerir que o primeiro pico endotérmico na curva DSC da amostra do compósito na

condição como adquirida corresponde à temperatura de fusão do PTFE presente na

composição, enquanto que o segundo pico sugere a temperatura de fusão do PEEK

presente no compósito analisado.

Uma leve inflexão na curva DSC, entre 156 e 171 °C, nos leva a acreditar que

esta faixa de temperatura seja a da Tg do compósito na condição como adquirida, já

que estes valores estão dentro aos encontrados pela análise DMA realizada no

mesmo compósito, como mostrado anteriormente.

Figura 37- Curvas DSC das amostras coletadas da borda dos corpos-de-prova ensaiados

40W(A)/B 40W(B)/B

100W/B 150W/B

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60

Figura 38- Curvas DSC das amostras coletadas da região central dos corpos-de-prova ensaiados

Tabela 10- Resumo dos dados obtidos por DSC de todas as amostras analisadas: Calor de fusão

(HFusão), Temperatura de transição vítrea (Tg), Temperatura onset (TOnset), Temperatura endset (TEndset), Pico mínimo de fusão (PcMín), Pico máximo de fusão (PcMáx)

Amostras HFusão

(J/g)

Tg

(°C)

TOnset

(°C)

TEndset

(°C)

PcMín

(°C)

PcMáx

(°C)

Como

adquirido -28,5 157-171 317,8 342,8 323,3 335,1

40W(A)/B -25,1 157-160 318,5 343,1 323,7 334,6

40W(B)/B -30,0 159-165 318,3 342,7 323,5 333,8

100W/B -26,7 160-170 318,2 342,5 322 334,5

150W/B -30,2 158-168 318,2 344 323,9 334,9

Média/B -28±3 159±1-168±2 - - 323,3±0,9 334,5±0,5

40W(A)/C -31,6 156-169 317,7 342,3 323,2 335

40W(B)/C -28,0 155-172 318,4 342 323,5 334,8

100W/C -29,3 159-166 317,7 342,4 323,5 335,3

150W/C -31,5 158-167 317,9 343,5 323,5 335,2

Média/C -30±2 157±2-168±2 - - 323,4±0,2 335,1±0,2

Observando todas as curvas DSC acima e a Tabela 10, percebe-se que os

corpos-de-prova analisados após os ensaios, e que foram submetidos a diferentes

40W(A)/C

40W(B)/C 100W/C 150W/C

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61

níveis de energia térmica, não apresentaram alterações relevantes nas curvas DSCs

em relação ao corpo-de-prova na condição como adquirida (Tgs, picos de

temperatura de fusão e calor de fusão). Mesmo nas regiões mais próximas ao centro

do corpo-de-prova, onde houve maior incidência de energia térmica, não houve

alterações.

Utilizando as equações citadas por Tsocheva e Terlemezyan (2004) e o calor

de fusão (entalpia) das amostras analisadas pela DSC foi possível encontrar o grau

de cristalinidade da matriz PEEK do compósito. De acordo com esses autores, a

cristalinidade de um polímero puro é dada pela seguinte equação:

(16)

onde H é o calor de fusão da amostra encontrado experimentalmente e

H100 é o calor de fusão do polímero hipoteticamente 100% cristalino. De acordo

com Lima da Silva (2010), a entalpia de fusão do PEEK assume o valor de 130 J/g.

No caso de compósitos, o H utilizado na equação acima é o calor de fusão

do polímero presente na amostra que, segundo Tsocheva e Terlemezyan (2004), é

calculado individualmente pela relação:

(17)

Onde Htotal é a entalpia da amostra, encontrada pelo DSC, e f é a fração

mássica do polímero presente na amostra (TSOCHEVA E TERLEMEZYAN, 2004).

Na Tabela 11 têm-se os Graus de Cristalinidade calculados das amostras

analisadas.

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62

Tabela 11- Grau de Cristalinidade da matriz de PEEK

Amostras Grau de Cristalinidade %

(PEEK)

Como adquirido 15,3

40W(A)/B 13,5

40W(B)/B 16,2

100W/B 14,4

150W/B 16,2

Média (B) 15,1±1,4

40W(A)/C 17,0

40W(B)/C 15,0

100W/C 15,8

150W/C 17,0

Média (C) 16,2±1

Observa-se na Tabela 11 que o PEEK presente no compósito tal como

adquirido apresentou 15% de cristalinidade, valor equivalente ao encontrado por

Lima da Silva (2010) para PEEK puro (16%).

O grau de cristalinidade da matriz de PEEK presente nos compósitos

ensaiados se apresentou equivalente ao da amostra do C.P. tal como adquirido,

levando em consideração o desvio padrão apresentado.

Canevarolo Jr. (2004) analisou curvas DSC de poli (tetrafluoretileno) obtidas

das amostras tal como recebida e após seu resfriamento rápido. Após a análise das

duas curvas foi concluído que o grau de cristalinidade das amostras sofreu uma

drástica redução, passando de 52,6% para 31,6% após o tratamento térmico, ou

seja, alta taxa de resfriamento diminui o grau de cristalinidade do material. No caso

do compósito estudado, como já citado, o grau de cristalinidade das amostras dos

C.P. ensaiados não sofreu alteração em relação a amostra do C.P. como adquirido.

Sugere-se, então, que as taxas de resfriamento nas diferentes condições de ensaio

não foram altas suficiente para diminuir a cristalinidade do compósito submetido a

energia térmica como aconteceu em Canevarolo Jr. (2004).

Segundo Zhang e Schlarb (2009), os PEEKs com diferentes massas

moleculares possuem diferentes cristalinidades, ou seja, uma alta massa molecular

correspondente a uma menor cristalinidade. Os mesmos autores afirmam que um

aumento na cristalinidade do PEEK conduz a uma rigidez mais elevada e uma

menor ductilidade. Por conseguinte, o seu desempenho tribológico é fortemente

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63

dependente da cristalinidade. O PEEK presente no compósito estudado possui uma

baixa cristalinidade (15,3%), portanto, é induzido a pensar que a matriz de PEEK

deste compósito possui alta massa molecular, o que dificulta a orientação das

cadeias, gerando um material de baixas propriedades mecânicas. Porém, de acordo

com o módulo de armazenamento apresentado pelo compósito na condição como

adquirida, este material é rígido a temperatura ambiente, o que constata a

importância da fibra de carbono na elevação da rigidez da matriz dúctil, como citado

anteriormente nos resultados de DMA.

4.1.3.3. Análise Termogravimétrica (TG/DTG)

As curvas TG/DTG do compósito na condição como adquirida e de todos os

corpos-de-prova ensaiados estão mostrados nas Figuras 39-41. Para cada corpo-

de-prova ensaiado, foram coletadas duas amostras, uma da borda e outra da região

à 2 mm do dano central, onde a incidência de energia foi maior, a fim de analisar

possíveis variações na temperatura de estabilização e as etapas de decomposição

do compósito quando submetido a diferentes níveis de energia.

Figura 39- Análise termogravimétrica do compósito como adquirido

A curva termogravimétrica do compósito na condição como adquirida é

mostrada na Figura 39. Através das curvas TG/DTG constata-se que este material

-0 . 0 0 2 0 0 . 0 0 4 0 0 . 0 0 6 0 0 . 0 0 8 0 0 . 0 0

Te m p [ C ]

-0 . 0 0

5 0 . 0 0

1 0 0 . 0 0

%

TGA

-0 . 3 0

-0 . 2 0

-0 . 1 0

0 . 0 0

0 . 1 0

m g / m i n

D rTGA

467.75 x100C

576.56 x100C

-21.675 x100%

681.55 x100C

-61.917 x100%

900.00 x100C

-13.558 x100%Detector: DTG-60HSample Name: D1- 12-20 AMOSTRA VIRGEMSample Weight: 2.316[mg]

C.P. como-adquirido

TGA

DrTGA

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64

apresenta estabilidade térmica até temperatura de 468°C, onde a partir da qual se

inicia sua decomposição. Observa-se que este compósito apresenta três etapas de

decomposição, a primeira inicia-se à temperatura de 468°C, a segunda à 576°C, a

terceira, de menor perda mássica, à 681°C. Após 900°C restou 2,85% de resíduos

que provavelmente são derivados da fibra de carbono e do grafite.

Lima da Silva (2010), analisando as curvas TGs do PTFE e do PEEK puro,

sob ar atmosférico, constatou que o início da decomposição térmica para os dois

polímeros, ocorre em 500°C, o PTFE puro decompõe-se totalmente até a

temperatura de 630°C, e o PEEK puro até aproximadamente 794°C.

Segundo Canevarolo Jr. (2004) a despolimerização do PTFE puro é

praticamente total. A massa residual de 1,3% obtida sob atmosfera de N2, acima de

630°C, corresponde ao material carbonáceo, formado devido à carbonização de uma

pequena parcela de monômero. Com isso, espera-se que no caso do compósito

estudado, o PTFE presente tenha se decomposto já na segunda etapa de

decomposição.

Patel et al. (2010), avaliando a decomposição térmica de PEEK não

modificado, PEEK com 30% de fibra de vidro e PEEK com 30% de fibra de carbono

em atmosfera de nitrogênio, constatou que após 1000°C, a massa restante em cada

material foi: 35%, 65% e 70%, respectivamente, ou seja, em temperaturas elevadas,

a presença de fibras de vidro e de carbono inibe a decomposição dos resíduos com

rendimentos, em 1000 °C, de 65% e 70%, respectivamente. Neste estudo os

mesmos autores, constataram que a formação de resíduos (grafitização) começa em

cerca de 650 °C e continua a mais de 1000 °C. Segundo Tsai, Perng e Ling (1997)

apud Patel et al. (2010), um alto rendimento de resíduos sugere que a cisão

aleatória da cadeia principal é acompanhada por carbonização.

A curva TG da amostra do corpo-de-prova tal como adquirido mostra que

houve total decomposição da massa utilizada após 900°C, contrariando os

resultados de Patel et al. (2010) na análise TG do PEEK+30%FC.

Nas Figuras 40 e 41 têm-se as curvas TG/DTG das amostras coletadas da

borda e da região próxima ao dano central de todos os C.P. ensaiados,

respectivamente.

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65

Figura 40- TG/DTG das amostras coletadas da borda de todos os C.P. ensaiados: 40W(A)/Borda

(azul); 40W(B)/Borda (cinza); 100W/Borda (vermelho); 150W/Borda (verde)

Figura 41- TG/DTG das amostras coletadas à 2 mm do dano central de todos os C.P. ensaiados:

40W(A)/Centro (azul); 40W(B)/Centro (cinza); 100W/Centro (vermelho); 150W/Centro (verde)

A Tabela 12 apresenta a temperatura de estabilização e das etapas de

decomposição com suas respectivas perdas de massa, além da porcentagem de

resíduo de cada amostra analisada pela TG.

- 0 .0 0 2 0 0 .0 0 4 0 0 .0 0 6 0 0 .0 0 8 0 0 .0 0

T e mp [C ]

- 0 .0 0

2 0 .0 0

4 0 .0 0

6 0 .0 0

8 0 .0 0

1 0 0 .0 0

%

T G A

- 0 .4 0

- 0 .2 0

0 .0 0

0 .2 0

mg /mi n

D r T G A

40W(A)/B

40W(B)/B

100W/B

150W/B

Região da Borda do C.P.

TGA

DrTGA

TGA

DrTGA

TGA

DrTGA

TGA

DrTGA

-0.00 200.00 400.00 600.00 800.00

Temp [C]

-0.00

20.00

40.00

60.00

80.00

100.00

120.00

%

TGA

-0.20

-0.10

0.00

0.10

mg/min

DrTGA

40W(B)/C

100W/C

150W/C

40W(A)/C

Região próx. ao dano central do C.P.

TGADrTGATGADrTGATGADrTGATGADrTGA

Testab. = 457±19 °C

Testab. = 476±19 °C

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66

Tabela 12- Resumo dos dados obtidos por TG de todas as amostras analisadas

Amostras T estab.

(°C)

1ª Etapa/

Ti-Tf (°C)

Perda Mássica

(%)

2ª Etapa/

Ti-Tf (°C)

Perda Mássica

(%)

3ª Etapa/

Ti-Tf (°C)

Perda Mássica

(%)

Resíduos (%)

CP como adquirido

468 468-576 21,675 576-682 61,917 682-900 13,558 -2,85

40W(A)/B 485 485-645 35,865 645-894 27,392 - - -36,6

40W(B)/B 448 448-575 15,182 575-611 14,128 611-890 71,983 +1,293

100W/B 444 444-646 35,334 646-889 29,816 - - -37,35

150W/B 451 451-600 28,176 600-720 61,894 720-900 13,164 +2,217

MÉDIA/B 457±19 - - - - - - -

40W(A)/C 458 458-610 28,383 610-890 71,697 - - 0

40W(B)/C 498 498-645 33,208 645-887 31,141 - - -35,651

100W/C 463 463-619 32,484 619-899 68,790 - - -0,5

150W/C 487 487-670 35,098 670-900 16,193 - - -48,709

MÉDIA/C 476±19 - - - - - - -

Os resultados obtidos nas TGs (Figura 39- 41) e organizados na Tabela 12,

mostram a não-linearidade entre as temperaturas de estabilização das amostras

retiradas dos C.P. ensaiados e não ensaiado. Para uma melhor visualização, foi

plotado um gráfico (Figura 42) onde é mostrada a média da temperatura de

estabilização das amostras retiradas das bordas e das regiões próximas ao centro

dos C.P. ensaiados e a temperatura de estabilização do C.P. como adquirido, onde

é possível observar a variância dos resultados. Além disso, foi possível observar nas

TGs que as quantidades de resíduos não apresentaram correlações entre si.

Como adquirido Centro Borda420

430

440

450

460

470

480

490

500

Te

mp

era

tura

de

Es

tab

iliz

ão

[°C

]

Figura 42- Média da temperatura de estabilização dos C.P. ensaiados e como adquirido, obtidos por

análise TG

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67

4.1.4. Dureza

As medidas de dureza Rockwell M foram realizadas no C.P. do compósito

como adquirido e nos C. P. ensaiados como mostrado anteriormente na Figura 26.

Através das medidas de dureza foi possível plotar gráficos Box in plot de Dureza

Rockwell M x Indentações para cada condição de ensaio e sua repetição (Figuras 43

e 44). A quarta indentação realizada coincide com a região onde os termopares de

medição da temperatura na periferia do C.P. foram fixados. Assim, foi possível

correlacionar a média das durezas com a média das temperaturas medidas na

periferia.

Figura 43- Gráficos de dureza Rockwell M dos C.P. como adquirido e ensaiados com fonte quente de 40W(A) e 40W(B) e suas repetições

224 2 3 151 5 6 7

CmAdquirido

30

40

50

60

70

80

90

100

Du

reza

Ro

ck

we

ll M

40W(A)_ Repetição

Centro Borda

224°C

151+/-11°C

187 2 3 140 5 6 7

CmAdquirido

30

40

50

60

70

80

90

100

Du

reza

Ro

ck

we

ll M

40W(B)_Repetição

187°C

140+/-9°C

Centro Borda

214C 2 3133C 5 6 7

CmAdquirido

40

50

60

70

80

90

100

Du

reza

Ro

ck

we

ll M

160°C

40W(A)

133+/-7°C

Centro Borda

214°C

210C 2 3131C 5 6 7

CmAdquirido

40

50

60

70

80

90

100

Du

reza

Ro

ck

we

ll M

40W(B)

156°C

131+/- 7°C

Centro Borda

210°C

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68

Figura 44- Gráficos de dureza Rockwell M dos C.P. como adquirido e ensaiados com fonte quente de 100W e 150W e suas repetições

De forma geral, observa-se nos gráficos mostrados nas Figuras 43 e 44, que

a dureza diminuiu nas regiões mais próximas ao centro do corpo-de-prova, onde a

temperatura foi maior, atingindo valores em torno de 214°C, 210°C, 280°C, e 350°C

para as fontes quentes de 40W(A), 40W(B), 100W, 150W de potência nominal,

respectivamente, causando a diminuição da resistência mecânica do compósito. Há

uma tendência de aumento na dureza à medida que as indentações se afastam do

centro do C.P., o que confirma o efeito da variação de energia na direção radial do

corpo-de-prova. Foi observado também que, na região próxima à periferia, ou seja, a

15mm do centro do corpo-de-prova, que corresponde a quarta indentação, a dureza

apresentou um declínio, o que ocorreu em todos os corpos-de-prova analisados.

Acredita-se que a presença de termopares nestas regiões tenha acumulado uma

343 2 3202 5 6 7

CmAdquirido

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100D

ure

za

Ro

ck

we

ll M

343°C

202+/-7 °C

BordaCentro

150W_Repetição

280C 2 3171C 5 6 7

CmAdquirido

40

50

60

70

80

90

100

Du

reza

Ro

ck

we

ll M

100W196°C

172+/-17°C

BordaCentro

280°C

350C 2 3213C 5 6 7

CmAdquirido

40

50

60

70

80

90

100

Du

reza

Ro

ck

we

ll M

150W

263°C

213+/-17°C

Centro Borda

350°C

273 2 3 172 5 6 7

CmAdquirido

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Du

reza

Ro

ck

we

ll M

100W_Repetição

273°C

172+/-4 °C

Centro Borda

Page 91: Resposta Térmica de um Compósito PEEK+PTFE+Fibra de ... · temperatura e a HRM medidos nas direções radial e circunferencial dos C.P. Algumas peculiaridades morfológicas das

69

quantidade de energia, maior que nas outras regiões adjacentes, o que pode ter

causado a diminuição da dureza.

A dureza medida próxima à borda dos C.P. ensaiados, onde têm-se influência

de uma menor quantidade de energia, foi maior que a dureza do C.P. na forma como

adquirida. Isto induz a pensar que a menor energia incidida nas regiões próximas a

borda causou melhoramento nas propriedades mecânicas do compósito,

provavelmente devido a um aumento na adesão entre os componentes do

compósito com o nível de energia absorvido.

O comportamento apresentado pela dureza e pela temperatura medidas

radialmente nos C.P. ensaiados permitiu a elaboração de um esquema

representativo da correlação entre a variação radial do fluxo térmico e da medida de

dureza dos C.P. ensaiados (Figura 45): a curva em azul representa a temperatura,

(Tr), e em vermelho, a dureza (HRM), ambas medidas em função do raio do C.P.. A

tendência de aumento da dureza em função da diminuição da temperatura ao longo

do raio do C.P. está representada, além da influencia dos termopares fixados na

periferia do C.P. A dureza medida no C.P. tal como adquirido é representada por

uma pequena queda ao final da curva HRM.

Figura 45- Esquema representativo da variação do fluxo térmico e da medida da dureza na direção radial dos C.P. ensaiados com os diferentes níveis de energia térmica

Page 92: Resposta Térmica de um Compósito PEEK+PTFE+Fibra de ... · temperatura e a HRM medidos nas direções radial e circunferencial dos C.P. Algumas peculiaridades morfológicas das

70

Na Figura 46 são mostrados gráficos da dureza HRM em função da

temperatura, medidas no centro e em uma coroa circular, de diâmetro médio de

34±2 mm, dos C.P. usados nos ensaios com as quatro fontes quentes e nas suas

respectivas repetições. Observa-se que as curvas, tanto dos ensaios quanto das

repetições em todas as condições, apresentaram forte dispersão de dados,

provavelmente devido ao comportamento viscoelástico da matriz polimérica, além do

fato de se tratar de um compósito intrinsecamente anisotrópico.

Figura 46- Dureza HRM (Rockwell M) em função da temperatura, medidas no centro (círculo verde) e em uma coroa circular (círculo azul) dos C.P. ensaiados e suas repetições

400 440 480 520 560 600 64045

50

55

60

65

70

75

80

85

Du

reza

Ro

ck

we

ll M

[H

RM

]

Temperatura no C.P. [K]

40W(A)

40W (A)_Repetição

400 440 480 520 560 600 64045

50

55

60

65

70

75

80

85

Du

reza

Ro

ck

we

ll M

[H

RM

]

Temperatura no C.P. [K]

40W(B)

40W (B)_Repetição

400 440 480 520 560 600 64055

60

65

70

75

80

85

Du

reza

Ro

ck

we

ll M

[H

RM

]

Temperatura no C.P. [K]

100W

100W_Repetição

400 440 480 520 560 600 64045

50

55

60

65

70

75

80

85

Du

reza

Ro

ck

we

ll M

[H

RM

]

Temperatura no C.P. [K]

150W

150W_Repetição

Page 93: Resposta Térmica de um Compósito PEEK+PTFE+Fibra de ... · temperatura e a HRM medidos nas direções radial e circunferencial dos C.P. Algumas peculiaridades morfológicas das

71

Procurou-se avaliar a morfologia das indentações realizadas nas medidas de

dureza Rockwell M, para isso uma das indentações realizadas no corpo-de-prova tal

como adquirido foi analisada por MEV, como mostrado na Figura 47.

Figura 47- Morfologia da indentação gerada pelo ensaio de dureza Rockwell M no C.P. tal como adquirido: (a) área de contato; (b) ampliação da borda superior esquerda da área indentada; (c)

Colapso estrutural micrométrico na borda da indentação

A Figura 47(a) mostra a zona indentada por um indentador esférico de aço

com diâmetro de ¼”, onde é possível observar a transição entre a região de maior

aspereza, gerada pelo processo de lixamento durante a preparação do C.P. para

ensaio, e a região de menor aspereza, alisada devido a pressão imposta pelo

indentador. A área delimitada pela linha vermelha marca o perímetro da indentação

em forma de elipse que possui diâmetro em torno de 2,4x2,3mm. Na Figura 47(b)

tem-se a ampliação da borda lateral esquerda da indentação, onde pode-se ver

(a) (b)

(c)

BSE

BSE BSE

Page 94: Resposta Térmica de um Compósito PEEK+PTFE+Fibra de ... · temperatura e a HRM medidos nas direções radial e circunferencial dos C.P. Algumas peculiaridades morfológicas das

72

melhor a deformação plástica sofrida pelas asperezas. A Figura 47(c) mostra a

ampliação da área destacada na Figura 47(b), onde fica evidenciado o colapso

estrutural micrométrico como mecanismo de dano na borda da zona indentada que

provavelmente foi causado por crazing.

Segundo Meyers e Chawla (1999) a formação de crazing é um processo de

dilatação que, de um lado é intensificado por um estado de tração hidrostática e, por

outro, retardado por um estado de compressão hidrostática. Os mesmos autores

dizem que um polímero que possui crazing, apresenta diminuição da zona de

estados de tensões seguras do critério de Von Mises, e que quando se trata de um

compósito reforçado por fibras ─ como o apresentado neste trabalho ─ o critério de

Von Mises se torna totalmente inválido.

O modelo de Hertz, citado por Nascimento et al. (2009), no regime de

deformação elástica, foi utilizado para o cálculo da pressão de contato e das tensões

ocasionadas pelo indentador esférico de aço com ¼” de diâmetro e carga de 100

kgf.

A Tabela 13 mostra os dados obtidos através das equações de Hertz citadas

por Nascimento et al. (2009), para um contato esfera-plano (indentador-compósito),

onde a esfera de aço utilizada possui dureza 65HRC e o compósito tal como

adquirido, 73±3HRM.

Tabela 13- Dados obtidos pelas equações de Hertz para a indentação realizada no C.P. tal como adquirido.

Indentação no C.P. como adquirido

Diâmetro da Zona de Contato (2a) [mm] 1,6

Pressão de Contato Máxima (Pmáx) [MPa] 743

Tensão Normal Compressiva (σ) [MPa] -743

Tensão de Cisalhamento () [MPa] 124

O diâmetro da zona indentada, segundo o modelo de Hertz, é menor

(2a=1,6mm) que o diâmetro real obtido experimentalmente pela medida de dureza

Rockwell M (2a=2,4mm), como pode ser medido pela imagem de MEV da Figura

47(a). Esta diferença, entre o diâmetro da zona de contato real e o calculado, está

de acordo com o que foi encontrado por Nascimento et al. (2009) em seus estudos

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73

com materiais poliméricos e elastômeros, onde menciona que este fato se deve ao

comportamento viscoelástico do material polimérico.

4.1.5. Dano nas superfícies

O dano ocorrido nos corpos-de-prova ensaiados foi observado através de

Lupa (aumento de 6,7x) e do Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV) equipado

com espectroscopia EDS para microanálises químicas.

4.1.5.1. Lupa

A Figura 48 mostra imagens, obtidas através da lupa, de todos os corpos-de-

prova ensaiados, com ampliação do dano, e das pontas de cada fonte quente

utilizada, após os ensaios.

Figura 48- Imagens dos corpos-de-prova ensaiados e das respectivas pontas dos ferros de soldar, obtidas por lupa (CONTINUA)

40W(B)

40W(A)

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74

Figura 48- Imagens dos corpos-de-prova ensaiados e das respectivas pontas dos ferros de soldar, obtidas por lupa (CONCLUSÃO)

Observa-se que o dano foi proporcionalmente crescente em relação aos

níveis de energia fornecidos ao compósito durante os ensaios. Constata-se também

que as pontas das fontes quentes de menores potências (40W(A) e 40W(B))

apresentaram material compósito aderido à sua superfície, enquanto que nas pontas

das fontes de maiores potências (100W e 150W) isso não ocorreu. Acredita-se que o

nível de energia aplicado pelas fontes quentes foi tal que o material na interface

compósito-metal foi evaporado sem a possibilidade de adesão ao metal. Em

particular, no ensaio com o corpo-de-prova 40W(B) a força de adesão entre a ponta

da fonte quente e o corpo-de-prova foi maior que a força de interação entre os

componentes do compósito, o que acarretou em maior quantidade de material

aderido na ponta da fonte quente de 40W(B) e também influenciou no formato da

cratera formada no C.P. ensaiado com essa fonte quente.

Observa-se também a diferença de tonalidade entre a periferia e a região

central do corpo-de-prova formando uma coroa circular, o que acontece em todos os

corpos-de-prova ensaiados, porém no C.P. ensaiado com a fonte de 100W a coroa

circular apresentou forma diferente dos demais. A circunferência entre a tonalidade

150W

100W

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75

mais escura e a mais clara marca a posição do anel elastomérico onde o corpo-de-

prova foi posicionado para realização do ensaio.

Bárány, Karger-Kocsis e Czigány (2003) mencionam que o envelhecimento

polimérico se manifesta em primeiro lugar numa mudança de cor, sem efeito

perceptível sobre as propriedades mecânicas e que o progresso do envelhecimento

resulta mais tarde na deterioração substancial das características mecânicas. Isto

pode ser tomado para compósito analisado já que o mesmo apresenta 80% de sua

composição composta por material polimérico. A redução das propriedades

mecânicas em função da temperatura pode ser constatada nos valores de dureza

Rockwell M mostrados anteriormente.

Nas Figuras 49 e 50 têm-se as curvas experimentais e ajustadas (R²=1) da

área do dano central dos C.P., em função da potência real medida nas fontes

quentes ao longo do ensaio e em função da temperatura máxima medida no centro

dos C.P., respectivamente. Como se tem duas fontes quentes de mesma potência

(40W), apenas uma foi utilizada para plotar os gráficos.

40 60 80 100 1200

5

10

15

20

25

30

35

40

45 Data: Data4_Área

Model: ExpGro1

Equation: y = A1*exp(x/t1) + y0

Weighting:

y No weighting

Chi^2/DoF = --

R^2 = 1

y0 -55.23852 ±--

A1 44.86612 ±--

t1 145.88397 ±--

Áre

a d

o D

an

o [

mm

²]

Potência da Fonte Quente [Watt]

Curva Experimental

Curva Ajustada

Figura 49- Área do dano em função da Potência real medida nas fontes quentes

Page 98: Resposta Térmica de um Compósito PEEK+PTFE+Fibra de ... · temperatura e a HRM medidos nas direções radial e circunferencial dos C.P. Algumas peculiaridades morfológicas das

76

480 500 520 540 560 580 600 620 6400

5

10

15

20

25

30

35

40

45 Data: Data2_B

Model: ExpGro1

Equation: y = A1*exp(x/t1) + y0

Weighting:

y No weighting

Chi^2/DoF = --

R^2 = 1

y0 -29.53587 ±--

A1 1.6463 ±--

t1 163.90187 ±--

Áre

a d

o D

an

o [

mm

²]

Temperatura máxima medida no centro do compósito[K]

Curva Experimental

Curva Ajustada

Figura 50- Área do dano em função da temperatura medida no centro do C.P.

Foi observado que o dano no C.P. cresceu exponencialmente em função,

tanto da potência como da temperatura. O ajuste exponencial das curvas forneceu

as seguintes equações:

(área do dano em função da temperatura) (18)

(área do dano em função da potência) (19)

Onde é a área do dano [mm²] ocorrido no compósito ensaiado, T é a

temperatura máxima [K] medida a 1mm do dano central do C.P., e Pot. é a potência

real [W] fornecida pela fonte quente.

A relação Potência real x Temperatura máxima no centro do C.P. é dada pelo

gráfico da Figura 51.

(b)

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77

40 60 80 100 120480

500

520

540

560

580

600

620

640T

em

pe

ratu

ra M

áx

ima

me

did

a n

o c

en

tro

do

s C

.P.

[K]

Potência da Fonte Quente [Watt]

Curva Experimental

Curva Ajustada

Linear Regression for Data3_B:

Y = A + B * X

Parameter Value Error

------------------------------------------------------------

A 421,89822 4,11143

B 1,74965 0,05618

------------------------------------------------------------

R SD N P

------------------------------------------------------------

0,99897 3,66688 4 0,00103

Figura 51- Relação temperatura x potência para os quatro ensaios realizados

A relação potência x temperatura para os ensaios realizados com o compósito

em estudo apresentou-se linear crescente, onde pelo ajuste linear da curva obteve-

se a equação:

(20)

onde, T é a temperatura medida em [K] a 1mm do dano central do C.P. e Pot. é a

potência real medida em [W] nas fontes quentes durante o ensaio.

4.1.5.2. Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV)

As figuras a seguir mostram imagens do corpo-de-prova como adquirido e dos

danos ocorridos nos corpos-de-prova ensaiados, obtidas por MEV, em alguns casos

a microanálise EDS também foi utilizada para microanálise química da superfície

visualizada.

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78

A Figura 52 mostra imagens da superfície do corpo-de-prova não ensaiado.

Na Figura 52(a), observam-se as marcas do processo de lixamento realizado na

preparação dos corpos-de-prova. Na Figura 52(b) tem-se a ampliação da superfície

mostrada na Figura 52(a), onde se pode observar a formação de lâminas que foram

geradas devido ao contato com a lixa.

Figura 52- Morfologia da superfície do corpo-de-prova não ensaiado

A Figura 53 mostra imagens do dano ocorrido no corpo-de-prova que foi

ensaiado com a fonte quente de 40W(A) de potência nominal.

BSE

(b)

BSE

(a)

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79

Figura 53- Morfologia dos danos ocorridos no corpo-de-prova após ensaio com a fonte quente de 40W(A): (a) Toroide; (b) Ampliação do toroide; (c) Região central da cratera de desgaste

Observa-se na Figura 53(a) a presença de material solidificado nas bordas da

cratera formando um toroide, originado da fluidez de material fundido durante o

aquecimento, além da presença de poros na região interna da cratera,

provavelmente ocasionados pela liberação de gases durante o aquecimento. Os

poros apresentam dispersão de tamanhos, porém são bem distribuídos no interior da

cratera. Na Figura 53(b) tem-se a ampliação da figura 53(a) onde se pode observar

a presença de poros e pequenas trincas na região externa e próxima à cratera, além

de material solidificado e aderido na superfície externa do corpo-de-prova. A Figura

53(c) apresenta uma ampliação da região central da cratera, onde se pode constatar

a presença de microtrincas.

Bijwe (2002) encontrou nas imagens de MEV da superfície do compósito

PEI+Grafite+Fibra de Vidro ensaiado com carga de 112N e velocidade de 2,1 m/s, a

(a)

BSE

BSE

(c) Microtrincas Poros (b)

BSE

Page 102: Resposta Térmica de um Compósito PEEK+PTFE+Fibra de ... · temperatura e a HRM medidos nas direções radial e circunferencial dos C.P. Algumas peculiaridades morfológicas das

80

presença de fusão severa da amostra com presença de trincas e arrancamento de

fibras.

A presença de Fe, Si e Al no corpo-de-prova ensaiado é comprovada pelo

espectrograma obtido pela microanálise EDS (Figura 54). Possivelmente tais

elementos químicos migraram (1) por difusão, desde a superfície do ferro de soldar

(Fe) e (2) por abrasão, do processo de lixamento do C.P. (Si). O Al pode ser

atribuído à carga de Alumina da matriz polimérica do PEEK, como descrito por Lai et

al. (2007).

Figura 54- Microanálise EDS da cratera formada no C. P. ensaiado com a fonte de 40W(A): (a) Borda externa da cratera de desgaste; (b) Lateral interna da cratera de desgaste

Elemento Peso (%)

Carbono 39,926

Oxigênio 21,921

Alumínio 0,452

Silício 0,415

Ferro 37,285

Elemento Peso (%)

Carbono 83,868

Oxigênio 9,521

Flúor 5,021

Ferro 1,590

A

(a)

B

(b)

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81

A Figura 55 mostra imagens do dano ocorrido no corpo-de-prova ensaiado

com a fonte quente de 40W(B).

Figura 55- Morfologia dos danos ocorridos no C.P. após ensaio com a fonte quente de 40W(B): a) cratera de desgaste; b) ampliação da borda direita da cratera

Observa-se na Figura 55 que o dano ocorrido no C.P. ensaiado com a fonte

de 40W(B) não apresentou material acumulado na borda da cratera, pois como

citado anteriormente, o material da borda foi transferido para a ponta da fonte quente

por aderência, o que acarretou na morfologia de dano apresentada. No interior da

cratera desgastada, há a presença de poros, porém de formatos e tamanhos

irregulares. A Figura 55(b) é a ampliação da Região 1 (Reg. 1) da Figura 55(a), onde

pode-se observar a presença de material solidificado na borda da cratera,

caracterizando a deformação plástica ocorrida durante o aquecimento do compósito.

Nas microanálises por EDS da Figura 56 foram constatadas as presenças de

Fe, Ca, Na, Cl, K.

Deformação Plástica

(b)

BSE

Reg. 2

BSE

(a)

Reg.1

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82

Figura 56- Microanálise EDS da cratera formada no C. P. após ensaio com a fonte quente de 40W(B): (a) Borda superior da cratera de desgaste (Região 2 da Figura 55(a)); (b) Centro da cratera

de desgaste

A Figura 57 mostra imagens do dano ocorrido no C.P. ensaiado com a fonte

quente de 100W.

B

Elemento Peso (%)

Carbono 65,936

Oxigênio 22,004

Flúor 4,705

Sódio 2,197

Cloro 2,830

Potássio 1,713

Cálcio 0,616

Elemento Peso (%)

Carbono 86,966

Oxigênio 10,883

Cálcio 0,173

Ferro 1,978

B

(b)

A

(a)

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83

Figura 57- Morfologia dos danos ocorridos no corpo-de-prova após ensaio com a fonte quente de

100W: (a) Toroides em paralelo; (b) Ampliação do toroide interno; (c) Porosidade na região interna do toroide; (d) Esqueletização na borda do toroide interno; (e) Ampliação da trinca formada no toroide

interno; (f) Crazing (CONTINUA)

BSE

Crazing (f)

BSE

(e)

Esqueletização

BSE

(d)

Microtrincas

(c)

BSE

(b)

Microtrincas Microtrincas

Microporos

BSE

(a)

BSE

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84

Figura 57- Morfologia dos danos ocorridos no corpo-de-prova após ensaio com a fonte quente de

100W: (g) Descolamento de Fibra (CONCLUSÃO)

Pode-se observar na Figura 57(a) que o dano no C.P. tendeu a formar dois

toroides, no qual o mais interno apresentou diversas trincas como mostrado na

Figura 57(b). O centro da cratera apresentou-se frágil, sendo constatadas

microtrincas e poros, como mostrado pela Figura 57(c), além de esqueletização ao

redor da borda interna do toroide interno (Figura 57(d)), onde fica evidenciado o

processo de evaporação de material polimérico restando apenas as fibras de

carbono.

As Figuras 57(e), (f) e (g) mostram a ampliação da maior trinca formada no

toroide interno, evidenciando a formação de microfissuramento com presença de

crazing e o descolamento de fibra da matriz. Segundo Lemaitre e Chaboche (2004),

as interfaces fibra-matriz constituem os elos fracos da corrente das deformações e

da ruptura, provavelmente devido a baixa adesão na interfase fibra-matriz.

Segundo Combette e Ernoult (2006) os crazings aparecem principalmente nos

polímeros termoplásticos amorfos e, às vezes, nos termoplásticos semicristalinos,

geralmente quando são solicitados à tração. Quando observados ao MEV, revelam

uma rede de vazios e fibrilas estiradas ligando as duas faces do crazing.

Segundo Callister Jr. (2000) e Canevarolo Jr. (2006) apud Lima da Silva et al.

(2011), regiões de alto fluxo local favorecem a formação de microvazios

interconectados por pontes fibrilares. Tensões de tração levam a elongação e

ruptura destas pontes e coalescência de microvazios iniciando a formação da trinca.

Para um material isotrópico, a tensão de tração pode ser obtida através da equação:

Descolamento

de Fibra

BSE

(g)

Page 107: Resposta Térmica de um Compósito PEEK+PTFE+Fibra de ... · temperatura e a HRM medidos nas direções radial e circunferencial dos C.P. Algumas peculiaridades morfológicas das

85

(21)

onde, E(T) é o módulo de elasticidade em função da temperatura, T é a temperatura

em [K] e é o coeficiente de expansão térmica dado por:

(22)

Para materiais anisotrópicos, como o compósito estudado neste trabalho, as

equações se tornam mais complexas, e levam em consideração o sistema de

coordenadas globais (x, y, z). As equações constitutivas citadas por Herakovich

(1998) podem ser utilizadas em forma de matriz expandida:

(23)

Ou explicitamente:

(23a)

(23b)

(23c)

(23d)

(23e)

(23f)

Onde σ e são, respectivamente, a tensão normal e tensão de

cisalhamento, o ɛ e é a deformação total sob tensão normal e sob tensão de

cisalhamento, respectivamente. ɛT e T é a deformação térmica sob tensão

Page 108: Resposta Térmica de um Compósito PEEK+PTFE+Fibra de ... · temperatura e a HRM medidos nas direções radial e circunferencial dos C.P. Algumas peculiaridades morfológicas das

86

normal e sob tensão de cisalhamento, respectivamente e é a compliância em

x, y, z.

As microanálises EDS do C.P. ensaiado com a fonte de 100W constataram a

presença de Fe e Al nas três regiões apresentadas na Figura 58.

Figura 58- Microanálise EDS da cratera formada no C. P. após ensaio com a fonte quente de 100W: a) Início da microtrinca apresentada na Fig. 57(e); b) Malha de microtrincas apresentada na Fig. 57(c)

B

C

(b) A

(a)

Elemento Peso (%)

Carbono 53,731

Oxigênio 1,750

Ferro 44,519

Elemento Peso (%)

Carbono 68,185

Oxigênio 21,206

Alumínio 1,389

Ferro 9,220

Elemento Peso (%)

Carbono 59,870

Oxigênio 1,361

Ferro 38,769

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87

A Figura 59 mostra imagens do dano ocorrido no corpo-de-prova ensaiado

com a fonte quente de 150W.

Figura 59- Morfologia dos danos ocorridos no C.P. após ensaio com a fonte quente de 150 W: (a)

Toroides em paralelo; (b) Esqueletização e microporosidade no interior do toroide interno; (c) Fragilização no centro da região interna do toroide; (d) Microtrincas e esqueletização no toroide

interno

Na Figura 59(a) se observa a formação de dois toroides, como no ensaio com

a fonte de 100W. O dano apresentou-se de forma mais severa que nos demais C.P.

devido a maior esqueletização (Figura 59(b)) e fragilização da região central da

cratera (Figura 59(c)). Observa-se também a presença de poros remanescentes

após a esqueletização, a qual se concentrou na lateral interna da cratera. Na Figura

59(d) tem-se a ampliação da borda do toroide interno, onde se constata a presença

de uma pequena cratera, a qual é acompanhada de microtrincas e esqueletização

em pequena área do dano.

A formação dos toroides, ocorrida apenas nos ensaios com as fontes de

100W e 150W, pode ser explicada utilizando as afirmações de G’Sell (1988) e

BSE

(d)

BSE

Microtrincas (c)

Esqueletização (b)

Microporos

BSE BSE

(a)

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88

observando as curvas de aquecimento e resfriamento do centro do C.P.,

reorganizadas na Figura 60.

Figura 60- Aquecimento e resfriamento no centro dos C.P. ensaiados com as fontes de 40W(A),

40W(B), 100W, 150W

Observa-se, na Figura 60, que as fontes de 40W apresentaram curvas de

resfriamento idênticas no centro do C.P., com taxa inicial maior que a das fontes de

100W e 150W, que também apresentaram-se semelhantes entre si. O resfriamento

iniciou-se a partir de 214°C para as fontes de 40W, e a partir de 279°C e 299°C para

as fontes de 100W e 150W, respectivamente.

Como sugerido por G’Sell (1988), durante o aquecimento, em temperaturas

50% acima da Tg, o polímero se comporta como líquido fluídico, expandindo-se

devido a maior mobilidade das cadeias moleculares, porém devido ao

comportamento semicristalino do polímero, a expansão térmica é limitada pela

região cristalina, sendo esta de menor expansão enquanto que a região amorfa

apresenta maior expansão.

Para o compósito estudado, a temperatura 50% acima da Tg (170°C)

assumiu, aproximadamente, 255°C. Os ensaios que atingiram ou ultrapassam esse

valor foram os realizados com as fontes de 100W e 150W de potência, justamente,

os mesmos ensaios que apresentaram dois toroides, como morfologia de dano. De

0 1200 2400 3600 4800 6000 7200

0

50

100

150

200

250

300

350

400T

em

pe

ratu

ra [

°C]

Tempo [s]

40W(A)

40W(B)

100W

150W

Centro do C.P.

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89

acordo com o que foi citado por G’Sell (1988), sugere-se que a formação desses

toroides está ligado a expansão e contração diferenciada entre a fase amorfa e

cristalina da matriz polimérica e também entre os componentes do compósito.

Sugere-se que durante o aquecimento, o material se expanda formando um toróide,

e que ao resfriar, este toróide serve de obstáculo para o material adjacente que

tende a retornar ao seu estado original, formando então outro toroide.

Na Figura 61 tem-se a microanálise EDS da região central do dano, a qual foi

realizada com varredura em linha. Os gráficos indicam que ao longo da linha

escaneada foram encontrados elementos como Al, Si, e Fe, além dos elementos

constituintes do compósito.

Na bifurcação das trincas, na Figura 61 (b), é possível observar a presença de

uma partícula, a qual se encontra à 40 m do início da linha de varredura e que está

destacada nos gráficos qualitativos de composição química.

Observando os gráficos gerados pela microanálise EDS vê-se que na posição

de 40m, ou seja, na partícula encontrada na bifurcação, existe Fe o que nos induz

a pensar que esta partícula possa ser um óxido. Como óxidos normalmente

possuem alta dureza acredita-se que esta partícula seja o motivo pelo qual a

bifurcação foi formada.

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90

Figura 61- Microanálise EDS da cratera formada no C. P. após ensaio com a fonte quente de 150W: a) Malha de Trincas na região central da cratera; b) Ampliação da trinca

(b)

40μm

0μm

BSE BSE

(a)

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5. CONCLUSÕES

Neste trabalho, o compósito PEEK+PTFE+FC+Grafite, submetido a

distintos níveis de energia térmica, degradou-se e assumiu durezas e danos

distintos, de acordo com o nível da severidade da energia total incidente.

Confirmou-se a hipótese investigada...

1. Os C.P. degradaram-se em função dos níveis de energia térmica. No centro, a

matriz polimérica evaporou-se numa área que variou exponencialmente com a

potência da fonte quente e, também, com a temperatura;

2. Os resultados de DSC e TG mostraram que os diferentes níveis de energia

térmica fornecidos pelas fontes quentes não alteraram o ponto de fusão, a

cristalinidade e as temperaturas de transição vítrea, e alteraram em até 2,5% a

estabilização térmica do compósito investigado.

3. A temperatura medida no centro do C.P. apresentou-se linear em relação aos

níveis de potências utilizadas;

4. A dureza medida de forma radial, partindo da região próxima ao centro até a

borda do C.P. apresentou correlação com as temperaturas medidas ao longo

dessa direção;

5. Em todas as condições de ensaio realizadas, a dureza medida de forma

circunferencial, em uma coroa circular à 15 mm do centro do C.P. apresentou

não-linearidade em relação a temperatura medida;

6. Os termopares fixados para medição da temperatura na periferia do C.P. tiveram

um papel de fonte quente localizada e, assim, influenciaram na resposta do C.P.

à dureza Rockwell M;

7. A esqueletização de alguns C.P. demonstrou que a fibra de carbono manteve

baixa a expansão térmica do compósito, cuja matriz polimérica, com baixo grau

de cristalinidade, evaporou-se ou fundiu ou sofreu envelhecimento térmico para

os níveis de energia e temperatura aplicados, consubstanciada pelas flutuações

na dureza HRM medida.

8. Porosidade, trincas, microtrincas, esqueletização, crazing, descolamento de fibra

da matriz, microfissuramento foram os principais mecanismos de dano

apresentados nos corpos-de-prova ensaiados.

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SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS

Realizar ensaios térmicos com níveis de energia maior do que os

realizados neste trabalho;

Realizar ensaios tribológicos compatíveis com os desenvolvidos neste

trabalho como, por exemplo, ensaios esclerométricos;

Melhorar o sistema de medida de temperatura.

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98

APÊNDICE A

Elaboração do aparato experimental

O aparato experimental utilizado neste trabalho foi desenvolvido pelo Grupo de

Estudos de Tribologia e Integridade Estrutural da UFRN- GET. A seguir serão

mostradas as etapas de sua elaboração.

Fixação da fonte quente

As fontes quentes foram adquiridas comercialmente e são de diferentes

fabricantes. As fontes foram fixadas em uma base de madeira através de um furo

realizado no centro da base, o qual permitiu que a fonte quente ficasse na posição

vertical e perpendicular ao C.P, como mostrado na Figura 62. Os pequenos ajustes

de posição e altura foram possíveis através do envolvimento de fita isolante no cabo

da fonte quente.

Figura 62- Posicionamento da fonte quente na base de madeira

Fonte Quente

Base de

Madeira

Suportes

para os

isolantes

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Montagem e posicionamento do Bulbo Vítreo Isolante

A fonte quente foi isolada através de um bulbo de vidro que também serviu de

base para posicionamento do C.P. O bulbo vítreo utilizado foi retirado de uma

garrafa térmica comum, adquirida comercialmente. Para se obter uma base plana foi

necessário o corte da parte inferior do bulbo o qual foi realizado em uma serra de

disco. Após o corte, percebeu-se que o bulbo possuía parede dupla, onde a parede

mais interna era fina e frágil, então acrescentou-se areia, com diâmetro em torno de

1,6 mm, entre as paredes do vidro para aumentar sua resistência mecânica. A

abertura superior do bulbo serviu de base para posicionamento do C.P.. Foi utilizado

um anel elastomérico envolvido com fita de PTFE (Teflon®) para melhor

posicionamento do C.P. no bulbo. O bulbo de vidro foi posicionado na base de

madeira e utilizou-se suportes de madeira para adaptação de sua altura, já que as

fontes possuíam diferentes tamanhos (Figura 63). A parte inferior do bulbo não foi

vedada durante os ensaios.

Figura 63- (a) Posicionamento do bulbo vítreo no aparato experimental; (b) Anel elastomérico

Bulbo vítreo Anel elastomérico

envolvido com

PTFE

Suportes de

madeira (b)

(a)

Page 122: Resposta Térmica de um Compósito PEEK+PTFE+Fibra de ... · temperatura e a HRM medidos nas direções radial e circunferencial dos C.P. Algumas peculiaridades morfológicas das

100

Manta de Lã de Vidro e Tubo de isolante de PVC

O bulbo vítreo foi envolvido em uma manta de lã de vidro, obtida de aparelhos

domésticos, e colocado dentro de um tubo isolante de PVC, com diâmetro de

150mm, para evitar o choque térmico do bulbo vítreo com o ambiente. O tubo de

PVC foi posicionado também na base de madeira e suportes feitos de material

compósito também foram utilizados para o ajuste da altura (Figura 64).

Figura 64- Montagem da lã de vidro e do tubo isolante de PVC

O anel elastomérico, a manta de lã de vidro e o bulbo de vidro utilizados no

aparato experimental eram trocados de acordo com o nível de desgaste

apresentado após cada ensaio.

Tubo de PVC

Manta de Lã

de Vidro

Local de

posicionamento

do C.P.

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101

APÊNDICE B

Dados obtidos nos ensaios Pilotos

Potência medida nas fontes quentes

0 600 1200 1800 2400 3000 360023

24

25

26

27

28

Po

tên

cia

[W

]

Tempo [s]

Potência

40W(A)_Piloto

0 600 1200 1800 2400 3000 36002

4

6

8

10

12

14

16

18

20

Po

ten

cia

[W

]

Tempo [s]

Potencia

40W(B)_Piloto

Figura 65- Potências medidas nas fontes quentes durante os ensaios pilotos com as fontes de 40W(A) e 40W(B)

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0 600 1200 1800 2400 3000 360074

76

78

80

82

84

86

Po

tên

cia

[W

]

Tempo [s]

Potencia100W_Piloto

0 600 1200 1800 2400 3000 3600108

110

112

114

116

118

120

122

124

Po

ten

cia

[W

]

Tempo [s]

Potencia150W_Piloto

Figura 66- Potências medidas nas fontes quentes durante os ensaios pilotos com as fontes de 100W e 150W

Page 125: Resposta Térmica de um Compósito PEEK+PTFE+Fibra de ... · temperatura e a HRM medidos nas direções radial e circunferencial dos C.P. Algumas peculiaridades morfológicas das

103

0 600 1200 1800 2400 3000 3600

156

160

164

168

172

176

180

Po

ten

cia

[W

]

Tempo [s]

Potência180W_Piloto

Figura 67- Potência medida na fonte quente durante ensaio piloto com a fonte de 180W

Page 126: Resposta Térmica de um Compósito PEEK+PTFE+Fibra de ... · temperatura e a HRM medidos nas direções radial e circunferencial dos C.P. Algumas peculiaridades morfológicas das

104

Temperatura medida nos Corpos-de-Prova

0 1200 2400 3600 4800 6000 7200 84000

50

100

150

200

250

300

350

Te

mp

era

tura

[°C

]

Tempo [s]

Ambiente

Centro

Posição2

Posição3

Posição4

Posição5

Posição6

Posição7

Posição8

Posição9

Posição10

40W(A)_Piloto

0 1200 2400 3600 4800 6000 7200 8400

0

50

100

150

200

250

300

350

Te

mp

era

tura

[°C

]

Tempo [s]

Ambiente

Centro

Posição2

Posição3

Posição4

Posiçãp5

Posição6

Posição7

Posição8

Posição9

Posição10

40W(B)_Piloto

Figura 68- Temperatura medida nos corpos-de-prova durante os ensaios pilotos com as fontes de 40W(A) e 40W(B)

Page 127: Resposta Térmica de um Compósito PEEK+PTFE+Fibra de ... · temperatura e a HRM medidos nas direções radial e circunferencial dos C.P. Algumas peculiaridades morfológicas das

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0 1200 2400 3600 4800 6000 7200 84000

50

100

150

200

250

300

350

Te

mp

era

tura

[°C

]

Tempo [s]

Ambiente

Centro

Posição2

Posição3

Posição4

Posição5

Posição6

Posição7

Posição8

Posição9

Posição10

100W_Piloto

0 1200 2400 3600 4800 6000 7200 84000

50

100

150

200

250

300

350

Te

mp

era

tura

[°C

]

Tempo [s]

Ambiente

Centro

Posição2

Posição3

Posição4

Posição5

Posição6

Posição6'

Posição7

Posição8

Posição9

Posição10

150W_Piloto

Figura 69- Temperatura medida nos corpos-de-prova durante os ensaios pilotos com as fontes de 100W e 150W

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0 1200 2400 3600 4800 6000 7200 84000

50

100

150

200

250

300

350

Te

mp

era

tura

[°C

]

Ambiente

Centro

Posição2

Posição3

Posição4

Posição5

Posição6

Posição6'

Posição7

Posição8

Posição9

Posição10

Tempo [s]

180W_Piloto

Figura 70- Temperatura medida no corpo-de-prova durante ensaio piloto com a fonte de 180W

Os ensaios pilotos realizados com cada fonte quente tiveram como parâmetro

de término a estabilização da temperatura central do C.P., porém após a realização

de todos os ensaios pilotos foi observado que alguns C.P. não atingiram temperatura

estável no centro. Observado isso e o perfil das temperaturas medidas foi resolvido

realizar os ensaios efetivos em um tempo constante de uma hora. Após a realização

dos ensaios pilotos com as fontes de 40W(A), 40W(B) e 100W foi acrescentado um

termopar na face de contato entre a ponta da fonte quente e o C.P na Posição 6’.

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Corpos-de- Prova ensaiados

Figura 71- Danos ocasionados nos corpos-de-prova utilizados nos ensaios pilotos

180W_Piloto

150W_Piloto 100W_Piloto

40W(B)_Piloto 40W(A)_Piloto

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APÊNDICE C

Dados obtidos nas repetições dos Ensaios Térmicos

Potência das fontes quentes

0 600 1200 1800 2400 3000 360034

36

38

40

42

44

Po

ten

cia

[W

]

Tempo [s]

Potência

40W(A)_Repetição

0 600 1200 1800 2400 3000 360030

32

34

36

38

40

42

44

46

Po

tên

cia

[W

]

Tempo [s]

Potência

40W(B)_Repetição

Figura 72- Potências medidas nas fontes quentes durante as repetições dos ensaios com as fontes de 40W(A) e 40W(B)

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0 600 1200 1800 2400 3000 360070

75

80

85

90

Po

tên

cia

s [

W]

Tempo [s]

Potência

100W_Repetição

0 600 1200 1800 2400 3000 360090

95

100

105

110

115

120

125

Po

ten

cia

[W

]

Tempo [s]

Potência

150W_Repetição

Figura 73- Potências medidas nas fontes quentes durante as repetições dos ensaios com as fontes de 100W e 150W

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Temperatura medida nos Corpos-de-Prova

0 1200 2400 3600 4800 6000 7200 84000

50

100

150

200

250

300

350

Te

mp

era

tura

[°C

]

Tempo [s]

Ambiente

Centro

Pos.2

Pos.3

Pos.4

Pos.5

Pos.6

Pos.6'

Pos.7

Pos.8

Pos.9

Pos.10

40W (A)_Repetição

0 1200 2400 3600 4800 6000 7200 84000

50

100

150

200

250

300

350

Te

mp

era

tura

[°C

]

Tempo [s]

Ambiente

Centro

pos.2

Pos.3

pos.4

pos.5

Pos.6

pos.6'

Pos.7

Pos.8

Pos.9

Pos.10

40W(B)_Repetição

Figura 74- Temperatura medida nos corpos-de-prova durante as repetições dos ensaios com as fontes de 40W(A) e 40W(B)

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0 1200 2400 3600 4800 6000 7200 84000

50

100

150

200

250

300

350

Te

mp

era

tura

[°C

]

Tempo [s]

Ambiente

Centro

Pos.2

Pos.3

Pos.4

Pos.5

Pos.6

Pos.6'

Pos.7

Pos.8

Pos.9

Pos.10

100W_Repetição

0 1200 2400 3600 4800 6000 7200 84000

50

100

150

200

250

300

350

Te

mp

era

tura

[°C

]

Tempo [s]

Ambiente

Centro

Pos.2

Pos.3

Pos.4

Pos.5

Pos.6

Pos.6'

Pos.7

Pos.8

Pos.9

pos.10

150W_Repetição

Figura 75- Temperatura medida nos corpos-de-prova durante as repetições dos ensaios com as fontes de 100W e 150W

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Corpos-de-Prova ensaiados

Figura 76- Danos ocasionados nos corpos-de-prova utilizados na repetição dos ensaios

150W_Repetição 100W_Repetição

40W(B)_Repetição 40W(A)_Repetição

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APÊNDICE D

Aferição do Wattímetro

A aferição do wattímetro utilizado nos ensaios térmicos consistiu em realizar

medidas de potência em lâmpadas fluorescentes com potências nominais de 40W,

60W, 100W, 150W.

Além das medidas de potência com o wattímetro, também foram realizadas

medidas de corrente elétrica e tensão. O circuito foi montado com uma fonte AC,

uma lâmpada fluorescente, o wattímetro e dois multímetros: um para medir corrente

e outro para medir tensão. A potência pôde ser calculada através da equação:

Pot. =U x i, (24)

onde Pot. é a potência, U é a voltagem e i a corrente passante no circuito.

As potências medidas pelo wattímetro e calculadas através da equação 24

para as quatro lâmpadas estão plotadas no gráfico da Figura 77.

40W 60W 100W 150W

40

60

80

100

120

140

160 40W_Real

40W_Calc.

60W_Real

60W_Calc.

100W_Real

100W_Calc.

150W_Real

150W_Calc.

Po

tên

cia

re

al

e c

alc

ula

da

[W

]

Potência Nominal [W]

Figura 77- Potência medida pelo wattímetro (real) e potência calculada nas quatro lâmpadas

utilizadas

Foi observado que as potências medidas pelo wattímetro apresentaram-se

muito próximas aos valores nominais e os valores de potências calculados foram em

torno de 10W maiores que os medidos, para todas as lâmpadas.

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114

APÊNDICE E

Aferição do sistema de medição de temperatura por

termopar tipo K

A aferição de 10 termopares utilizados para medição da temperatura nos C.P.

durante os ensaios foi realizada utilizando água solidificada e água em ebulição.

Dois termopares calibrados foram utilizados como padrão para medição da

temperatura da água solidificada e da água em ebulição.

A aferição em água solidificada e água em ebulição foram realizadas ao

mesmo tempo, porém com um termopar de cada vez, ou seja, o mesmo termopar

era resfriado e aquecido, alternadamente. Foram utilizados dois recipientes: em um

foi colocado cubos de gelo e no outro foi colocada água que foi aquecida por uma

resistência durante toda a medição. Para homogeneização da temperatura dentro da

água, o recipiente permaneceu sobre um agitador mecânico durante a medição. Os

dois termopares padrões permaneceram dentro dos seus respectivos recipientes,

ambos com altura fixa.

Na Figura 78 têm-se as etapas de aquecimento e resfriamento dos 10

termopares em aferição em comparação com a temperatura medida pelos

termopares padrões.

0 600 1200 1800 2400 3000 3600 4200 4800

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Te

mp

era

tura

[°C

]

Tempo [s]

Padrão.Frio

PadrãoQuente

Termop.1

Termop.2

Termop.3

Termop.4

Termop.5

Termop.6

Termop.7

Termop.8

Termop.9

Termop.10

Figura 78- Medidas de temperatura dos 10 termopares aferidos em função do tempo, juntamente

com os termopares padrões nos experimentos com água solidificada e água em ebulição

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115

Observa-se na Figura 78 que, nas medidas de temperatura da água em

ebulição, todos os termopares aferidos atingiram a mesma temperatura do termopar

padrão. Na medida de temperatura da água solidificada, os termopares aferidos

apresentaram medidas em torno de 5°C acima da temperatura medida pelo

termopar padrão.

Devido aos termopares padrões estarem fixos dentro do recipiente, durante o

experimento foi necessário o acréscimo periódico de água no recipiente aquecido,

devido a diminuição do nível de água em função da evaporação, e de cubos de gelo

ao recipiente que estava resfriado, devido a sua constante fusão ao longo do

experimento. A perturbação causada durante estes acréscimos causou os picos de

diminuição e aumento de temperatura da água em ebulição e da água solidificada,

respectivamente, apresentados na Figura 78.