MODELAGEM E ESTUDOS DE VIABILIDADE PARA O HOSPITAL...
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MODELAGEM E ESTUDOS DE VIABILIDADE PARA O HOSPITAL REGIONAL
METROPOLITANO DO CEARÁ EM REGIME DE PARCEIRA PÚBLICO-PRIVADA
ESTUDOS DE VIABILIDADE MULTIDIMENSIONAL
i
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................. 2 2. CONTEXTUALIZAÇÃO ............................................................................................................................ 4 3. ESTUDO DE VIABILIDADE TÉCNICA E OPERACIONAL .......................................................... 7 3.1. Apresentação .................................................................................................................................... 7
3.2. Características dos hospitais recentemente construídos ................................................................... 7
3.3. Problema ........................................................................................................................................ 11
3.4. Descrição do projeto....................................................................................................................... 12
3.4.1. Localização - Terreno .......................................................................................................... 12
3.4.2. Programa e concepção arquitetônica ................................................................................... 13
3.4.3. Especificações dos materiais de acabamentos ..................................................................... 15
3.5. Avaliação ........................................................................................................................................ 17
3.6. Conclusão ....................................................................................................................................... 27
4. ESTUDO DE VIABILIDADE AMBIENTAL ...................................................................................... 30 4.1. Apresentação .................................................................................................................................. 30
4.2. Informações gerais: compatibilidade do empreendimento com a legislação ambiental................. 32
4.3. Área de influência do empreendimento.......................................................................................... 35
4.4. Características ambientais relevantes para o estudo de viabilidade ambiental .............................. 36
4.5. Diagnóstico ambiental .................................................................................................................... 37
4.5.1. Área de estudo – Zoneamento Urbano e Ambiental ........................................................... 37
4.5.2. Meio Físico .......................................................................................................................... 41
4.5.3. Meio Biótico ........................................................................................................................ 45
4.5.4. Síntese conclusiva ............................................................................................................... 49
4.6. Diretrizes ambientais para o projeto do HRM................................................................................ 51
4.6.1. Projeto Urbanístico e Paisagístico ....................................................................................... 53
4.6.2. Projeto Arquitetônico .......................................................................................................... 57
4.6.3. Aspectos ambientais durante a fase de construção do HRM ............................................... 64
4.6.4. Aspectos ambientais relacionados às atividades no hospital ............................................... 72
4.6.5. Síntese conclusiva ............................................................................................................... 79
4.7. Análise dos impactos ambientais potenciais .................................................................................. 81
4.7.1. Metodologia de identificação e análise dos impactos potenciais ........................................ 81
4.7.2. Avaliação comparativa das características ambientais ........................................................ 84
4.7.3. Identificação dos impactos ambientais potenciais ............................................................... 87
4.7.4. Descrição das relações de causa e efeito ............................................................................. 90
ii
4.7.5. Previsão dos impactos ambientais potenciais ...................................................................... 96
4.8. Análise preliminar dos riscos ambientais potenciais .................................................................... 106
4.8.1. Identificação dos riscos potenciais na fase de implantação ............................................... 109
4.8.2. Identificação dos riscos potenciais na fase de operação .................................................... 110
4.8.3. Síntese conclusiva ............................................................................................................. 114
4.9. Prognóstico ambiental da área ...................................................................................................... 114
4.9.1. Metodologia para construções de cenários ........................................................................ 114
4.9.2. Cenário ambiental sem o empreendimento (Cenário 01) .................................................. 115
4.9.3. Cenário ambiental futuro com o empreendimento atendendo as diretrizes ambientais
(Cenário 02) ................................................................................................................................ 119
4.9.4. Cenário ambiental futuro com o empreendimento sem atender as diretrizes ambientais
(Cenário 03) ................................................................................................................................ 123
4.9.5. Síntese conclusiva ............................................................................................................. 125
4.10. Conclusões e recomendações do Estudo de Viabilidade Ambiental .......................................... 129
5. ESTUDO DE VIABILIDADE SOCIAL ..............................................................................................131 5.1. Apresentação ................................................................................................................................ 131
5.2. Justificativa .................................................................................................................................. 131
5.3. Contextualização .......................................................................................................................... 132
5.3.1. O Sistema Estadual de Saúde no Ceará ..................................................................................... 132
5.3.1.1. O Modelo de Regionalização ................................................................................................. 132
5.3.1.2. A Oferta de Leitos no Ceará ................................................................................................... 136
5.3.1.3. O Perfil Demográfico do Estado do Ceará ............................................................................. 139
5.4. Diagnóstico da situação atual ....................................................................................................... 141
5.5. Critérios de Avaliação .................................................................................................................. 143
5.6. Conclusões ................................................................................................................................... 151
6. ESTUDO DE VIABILIDADE POLÍTICA .........................................................................................152 6.1. Apresentação ................................................................................................................................ 152
6.2. Identificação dos atores envolvidos no projeto e diagnóstico ...................................................... 153
6.2.1. Dos atores envolvidos e seus objetivos ............................................................................. 153
6.2.2. Diagnóstico........................................................................................................................ 160
6.3. Da viabilidade do projeto ............................................................................................................. 161
7. ESTUDO DE VIABILIDADE INSTITUCIONAL ...........................................................................163 7.1. Introdução .................................................................................................................................... 163
7.2. Da interdependência da viabilidade institucional e viabilidade jurídica ...................................... 164
7.3. Dos Parceiros envolvidos no projeto de PPP, sua atribuições e competências ............................ 164
iii
7.3.1. Dos Parceiros envolvidos na FASE I ................................................................................ 164
7.3.2 Dos Parceiros envolvidos na FASE II ................................................................................ 171
7.3.3 Dos Parceiros envolvidos na FASE III ............................................................................... 175
7.3.4 Dos parceiros indiretos e suas atribuições nas FASES I, II e III ........................................ 178
7.4. Da regulação e fiscalização dos serviços de saúde ....................................................................... 181
7.5. Das relações institucionais entre os parceiros .............................................................................. 181
7.6. Da solução de controvérsias ......................................................................................................... 182
7.7. Viabilidade e condicionantes ....................................................................................................... 182
7.8. Conclusão ..................................................................................................................................... 183
8. ESTUDO DE VIABILIDADE JURÍDICA .........................................................................................184 8.1. Apresentação ................................................................................................................................ 184
8.2. Demanda e justificativa do projeto ............................................................................................... 184
8.3. Análise da viabilidade do projeto nos termos da legislação federal e estadual vigentes .............. 185
8.4. Requisitos para a contratação de PPP no Estado do Ceará .......................................................... 189
8.5. Requisitos para a contratação de PPP no Estado do Ceará .......................................................... 191
8.6. Alternativas de modelagem jurídica ............................................................................................. 192
8.6.1. Modalidade Tradicional – Execução Direta ...................................................................... 192
8.6.2. Concessão comum ............................................................................................................. 193
8.6.3. Concessão patrocinada ...................................................................................................... 196
8.6.4. Concessão administrativa .................................................................................................. 198
8.7. Modelo contratual adotado ........................................................................................................... 200
8.7.1. Titularidade do poder concedente ...................................................................................... 200
8.7.2. Formas de remuneração e garantias de contraprestação .................................................... 200
8.8. Prazo ............................................................................................................................................. 205
8.9. Compartilhamento de Riscos - MATRIZ DE RISCOS ................................................................ 206
8.9.1. Riscos da Concessionária .................................................................................................. 206
8.9.2. Riscos da SESA ................................................................................................................. 208
8.9.3. Riscos Compartilhados ...................................................................................................... 209
8.9.4. Sugestões para mitigação de riscos não controláveis ou não seguráveis ........................... 210
8.9.5. Equilíbrio econômico-financeiro ....................................................................................... 210
8.9.6. Bens da concessão ............................................................................................................. 210
8.9.7. Regras para solução de conflito por arbitragem ................................................................ 210
8.9.8. Regras para término antecipado ........................................................................................ 211
8.10. Regras contratuais da PPP .......................................................................................................... 214
iv
8.10.1. Resumo das regras constantes na minuta do Edital da PPP ............................................. 214
8.10.2. Resumo das regras constantes na minuta do contrato da PPP ......................................... 215
8.11. Disponibilidade e regularidade do terreno/desapropriações ....................................................... 217
8.12. Aspectos tributários .................................................................................................................... 218
8.13. Licenciamento ambiental ........................................................................................................... 222
8.14. Propriedade intelectual ............................................................................................................... 224
8.15. Conclusões ................................................................................................................................. 225
9. ESTUDO DE VIABILIDADE FINANCEIRA ...................................................................................227 9.1. Introdução .................................................................................................................................... 227
9.2. Critérios de Avaliação .................................................................................................................. 227
9.2.1. Definição da Taxa de Desconto......................................................................................... 228
Sendo que Ke=Rf+ß*Rp, onde Rf é a taxa livre de risco, ß é a covariância entre a rentabilidade e
o índice, e Rp corresponde à taxa de retorno esperada................................................................ 228
9.2.2. Garantia de pagamento suficiente para cobrir o risco de inadimplência do poder concedente
..................................................................................................................................................... 228
9.2.2.1. Fundo Garantidor .................................................................................................... 228
9.2.2.2. Colchão de Liquidez ............................................................................................... 229
9.2.2.3. Capacidade do Poder Concedente em pagar os aportes programados .................... 229
9.2.2.4. Existência de Alternativas de financiamento para projetos desta natureza ............. 229
9.3. Enquadramento do Projeto de PPP Hospital Regional Metropolitano aos critérios de Avaliação230
9.3.1. O projeto da PPP do Hospital Regional Metropolitano e a Taxa de Atratividade ............ 230
9.3.2. O projeto da PPP do Hospital Regional Metropolitano e as garantias pagamentos
suficientes para cobrir o risco de inadimplência do Poder Concedente ...................................... 230
9.3.3. O projeto da PPP do Hospital Regional Metropolitano e a capacidade do Poder Concedente
de pagar os aportes programados. ............................................................................................... 230
9.4. Condicionantes à Viabilidade ....................................................................................................... 232
10. ESTUDO DE VIABILIDADE ECONÔMICA ................................................................................233 10.1. Introdução .................................................................................................................................. 233
10.2. Metodologia ............................................................................................................................... 235
10.3. Custos Sociais ............................................................................................................................ 236
10.4. Benefícios Sociais ...................................................................................................................... 239
10.5. Impacto sobre a Produção .......................................................................................................... 240
10.6. Impacto sobre o Valor Adicionado ............................................................................................ 241
10.7. Impacto sobre a Massa Salarial .................................................................................................. 243
10.8. Impacto sobre Emprego ............................................................................................................. 245
v
10.9. Impacto sobre Tributos............................................................................................................... 246
11. ESTUDO DE VIABILIDADE FISCAL ............................................................................................248 11.1. Introdução .................................................................................................................................. 248
11.2. Finanças Públicas do Governo do Estado do Ceará ................................................................... 249
11.2.1. Resultado Fiscal .............................................................................................................. 249
11.2.2. Receitas ........................................................................................................................... 249
11.2.3. Despesas .......................................................................................................................... 251
11.3. Evolução da situação fiscal do Governo do Estado do Ceará .................................................... 252
11.4. Análise de capacidade de pagamento de Contraprestações de Pops pelo Governo do Estado do
Ceará ................................................................................................................................................... 255
11.5. Conclusão ................................................................................................................................... 258
12. ESTUDO DE VIABILIDADE COMERCIAL.................................................................................259 Referências ......................................................................................................................................................261 Anexo I – Terreno ............................................................................................................................... 266
Anexo II – Avaliação dos ambientes ................................................................................................... 267
LISTA DE FIGURAS
Figura 3.1 - Hospital Regional do Cariri .................................................................................... 7
Figura 3.2 - Hospital Regional do Norte .................................................................................... 9
Figura 3.3 - Fotografia do terreno: junho/2012 ........................................................................ 13
Figura 3.4- Área média dos leitos ............................................................................................. 18
Figura 3.5 - Área destinada a UTI em relação a área total construída (%) ............................. 18
Figura 3.6 - Área destinada a internação em relação a área total construída (%) ................... 19
Figura 3.7 - Área edificada em relação a área do terreno (%) .................................................. 19
Figura 3.8 - Quantidade de leitos.............................................................................................. 20
Figura 3.9 - Área média dos leitos ............................................................................................ 21
Figura 3.10 - Área de UTI em relação a área construída (%) ................................................... 21
Figura 3.11 - Área de internação em relação à área construída (%) ......................................... 22
Figura 3.12 - Área edificada em relação à área do terreno (%) ................................................ 22
Figura 3.13 - Quantidade de leitos............................................................................................ 22
Figura 3.14 - Prazo de construção (meses) ............................................................................... 26
Figura 4.1- Vista panorâmica do açude na Área de Influência Direta do empreendimento..... 45
Figura 5.1 - Macrorregiões de saúde do Ceará ....................................................................... 135
Figura 5.2- Pirâmide etária do Ceará – 2000 .......................................................................... 140
Figura 5.3 - Pirâmide etária do Ceará - 2010 ......................................................................... 140
i
LISTA DE QUADROS
Quadro 3.1 - Especificações de materiais de acabamento ........................................................ 15
Quadro 3.2- Avaliação dos acabamentos propostos ................................................................. 23
Quadro 4.1 – Legislação ambiental pertinente à área de estudo .............................................. 32
Quadro 4.2 - Lista das possíveis espécies de aves encontradas na Área Diretamente Afetada 46
Quadro 4.3 - Lista das possíveis espécies de mamíferos encontradas na Área Diretamente
Afetada...................................................................................................................................... 47
Quadro 4.4 - Lista das posssíveis espécies de répteis encontradas na Área Diretamente Afetada
.................................................................................................................................................. 47
Quadro 4.5 - Lista das possíveis espécies de peixes encontradas no açude da Área Diretamente
Afetada...................................................................................................................................... 47
Quadro 4.6 - Lista das possíveis espécies vegetais da Área Diretamente Afetada .................. 48
Quadro 4.7 - Procedimentos norteadores ligados à questão ambiental .................................... 52
Quadro 4.8 – Avaliação prévia das características ambientais do HGWA .............................. 85
Quadro 4.9 - Matriz de identificação de aspectos e impactos potenciais ................................. 88
Quadro 4.10 - Classificação dos impactos ambientais potenciais ............................................ 96
Quadro 4.11 – Análise preliminar de riscos durante a fase de implantação do empreendimento
................................................................................................................................................ 107
Quadro 4.12 - Análise preliminar de riscos durante a fase de implantação do empreendimento
................................................................................................................................................ 109
Quadro 4.13 - Análise preliminar dos riscos potenciais durante a fase de operação ............. 111
Quadro 4.14 - Características dos cenários do prognóstico ambiental da Área Diretamente
Afetada pelo empreendimento ................................................................................................ 125
Quadro 5.1 - Distribuição e necessidade de leitos hospitalares na macrorregião de Fortaleza, CE
(2012) ..................................................................................................................................... 137
Quadro 5.2- Matriz de atividades e impactos sociais ............................................................. 148
Quadro 8.1 - Regras para término do contrato ....................................................................... 211
Quadro 8.2 - Impostos sobre equipamentos importados ........................................................ 222
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1. INTRODUÇÃO
O Estado, ao decidir executar um projeto, assume grande responsabilidade, pois deve atender
a expectativas de diversos atores contando, ao mesmo tempo, com orçamento limitado e
diversas outras restrições. Isso impõe ao governante a responsabilidade de justificar o projeto,
apresentando custos e benefícios de sua execução, e de explicitar as condições a serem
observadas para que o empreendimento tenha êxito.
Tradicionalmente, as análises de viabilidade se concentram na apuração de indicadores de
atratividade econômica. Assume-se que estas análises ponderam perfeitamente, sob a forma
de “valor monetário” todos os fatores importantes a serem considerados. Essa ideia deve ser
caracterizada como, no mínimo, “pretenciosa”.
Atualmente, a prática mediana adotada é de se agregar às análises econômica e financeira,
realizar avaliações de impactos ambientais e tecer considerações sobre a viabilidade técnica
de projetos. Um avanço, mas, ainda assim, insuficiente para abarcar todos os aspectos
relevantes de um projeto. Além disso, quando se considera projetos desenvolvidos por meio
de Parcerias Público-Privadas, a viabilidade deve ser avaliada não apenas do ponto de vista do
setor público ou da sociedade, como é a prática corriqueira. Deve-se considerar ainda a
atratividade do projeto para o parceiro privado.
Diante das limitações colocadas anteriormente e buscando-se avaliar um projeto a partir de
diversas perspectivas e de diversos atores, foi desenvolvido o conceito de “Análise de
Viabilidade Multidimensional”. Através deste, um projeto é avaliado a partir de 10 aspectos
inter-relacionados discriminados a seguir:
Técnico-operacional;
Ambiental;
Social;
Política;
Institucional;
Jurídico;
3
Financeiro;
Econômico;
Fiscal;
Comercial.
O presente trabalho tem por objetivo apresentar os resultados de cada um dos estudos
relacionados acima para o projeto do Hospital Regional Metropolitano.
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2. CONTEXTUALIZAÇÃO
A saúde, vista sob o prisma constitucional de que é um direito do povo e uma
responsabilidade do Estado, tem sido discutida em todo o País pelos mais diversos segmentos
organizados da sociedade civil, sejam eles de defesa dos direitos humanos ou das entidades
classistas ligadas às áreas da saúde, numa tentativa de se viabilizar caminhos que possibilitem
ao povo brasileiro um atendimento dos serviços de saúde humanizado e que respeite a
dignidade do ser humano.
É fato publico e notório que em todo o Brasil os serviços públicos de saúde têm sido alvo de
inúmeras e frequentes denuncias pelo descaso com que os pacientes são tratados nas unidades
de saúde, sejam de atendimento básico, secundário ou terciário. É comum se ver matérias
jornalísticas sobre mau atendimento, filas gigantescas de espera, macas nos corredores, falta
de profissionais de saúde, revolta da população que carece destes serviços de saúde.
A maioria da população brasileira avalia negativamente os serviços de saúde no Brasil. Para
61% dos entrevistados a qualidade do sistema público de saúde do País é “péssima” ou
“ruim”. Apenas 10% consideram a qualidade “ótima” ou “boa”, segundo dados da pesquisa
CNI - IBOPE Retratos da Sociedade Brasileira: Saúde Pública de janeiro 2012.
Ainda segunda a pesquisa da CNI-IBOPE, para a população brasileira, o principal problema
com o sistema público de saúde é a dificuldade de conseguir atendimento. Em seguida,
aparece a falta de estrutura das unidades públicas de saúde e a falta de médicos.
Estes problemas apontados estão totalmente interligados. A demora no atendimento se deve,
em grande medida, à deficiência física nas unidades de saúde e à falta de médicos. Para a
população, no entanto, é o resultado final – a demora em ser atendido – que aparece como o
principal problema.
No Ceará, uma das grandes preocupações do Governo do Estado nos últimos 05 anos tem sido
melhorar a qualidade dos serviços de saúde em todo o Estado.
O governo do estado, objetivando garantir uma real melhoria nos serviços de saúde, começou
a implementar, desde 2007, uma politica de saúde que possa garantir qualidade, humanização
5
e acima de tudo, dignidade para a população mais carente que necessita dos serviços públicos
de saúde.
Nesse intuito, buscou financiamento junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento
(BID) para a implantação do Programa de Expansão e Melhoria da Assistência Especializada
à Saúde do Estado do Ceará. Este programa vem sendo implantado desde 2007 com a
finalidade de implantar 39 (trinta e nove) novas unidades de saúde em nosso estado, sendo
elas:
03 (três) Hospitais Regionais, sendo 01 (um) na região Norte, localizado na cidade de
Sobral, 01 (um) na região do Cariri, localizado na cidade de Juazeiro e 01 (um) na região
do Sertão Central, localizado na cidade de Quixeramobim.
20 Policlínicas; e
16 Centros de Especialidades Odontológicas (CEOs).
Vale ressaltar que até abril de 2011 o estado do Ceara não tinha um único hospital que
atendesse casos de alta complexidade no interior do Estado. Concentravam-se em Fortaleza
todos os hospitais de urgência e emergência que atendiam alta complexidade no Estado. Hoje
com a construção do Hospital Regional do Cariri, em Juazeiro, que já está em funcionamento,
com a conclusão das obras do Hospital Regional Norte, em Sobral no mês de setembro deste
ano de 2012, e com o início das obras do Hospital Regional do Sertão Central em
Quixeramobim, o interior do Ceará estará muito bem servido de Hospitais de alta
complexidade, reduzindo sensivelmente a demanda aos hospitais da capital como HGF, IJF e
Valdemar de Alcântara.
Mas, ainda diante da pressão que a demanda de toda a região metropolitana pode exercer nos
grandes hospitais públicos de Fortaleza, o Governo do Estado resolveu construir mais um
equipamento para atendimento de alta complexidade na região metropolitana de Fortaleza
numa tentativa de melhorar mais ainda as condições do povo cearense que reside nesta região,
no que concerne aos serviços de saúde. Neste contexto resolveu buscar, como alternativa para
garantir a ampliação e melhoria nos serviços de saúde da região metropolitana, uma solução
de Parceria Publica e Privada, que em todo o País vem apresentando resultados positivos.
As Parcerias Público Privadas - PPPs são modalidades especiais de concessão celebrada entre
a administração pública e entidades privadas que assumem o financiamento e a execução do
6
empreendimento ou atividade, tendo como objeto a prestação de serviços públicos e ainda que
envolva a execução de obra ou fornecimento e instalação de bens.
7
3. ESTUDO DE VIABILIDADE TÉCNICA E OPERACIONAL
3.1. Apresentação
O presente estudo de viabilidade técnica do Hospital Regional Metropolitano em Fortaleza
tem como finalidade avaliar várias características e indicadores técnicos do projeto
arquitetônico, comparando-o aos recentes hospitais públicos construindo pelo governo do
Estado Ceará, especificamente o Hospital Regional do Cariri em Juazeiro do Norte e do
Hospital Regional do Norte localizado na cidade de Sobral, bem como o projeto do Hospital
Regional em Quixeramobim em fase inicial de construção.
3.2. Características dos hospitais recentemente construídos
Com base nos projetos arquitetônicos dos Hospitais Públicos Estaduais recentemente
construídos e em construção pelo Governo do Estado do Ceará foram levantadas as seguintes
características e geométricas, a ser utilizado como parâmetros comparativos:
a) Hospital Regional do Cariri
Figura 3.1 - Hospital Regional do Cariri
Localizado à Av. Leão Sampaio com Rua Catulo da Paixão Cearense, em Juazeiro do
Norte, Ceará.
Tipo de Atenção: Terciária
8
Área do Terreno: 20.973,83 m2.
Número e descrição dos Pavimentos: composto de 9 pavimentos (subsolo 2, subsolo 1,
térreo, superior, 1o. pavimento tipo, 2o., 3o., 4o., 5o., 6o. pavimentos tipo e casa de
máquinas)
Área de Projeção, correspondente a área de contorno de todas as edificações implantadas
no terreno: 6.735,11 m2.
Área Total de Construção (inclusive as paredes): 28.934,02 m2
Percentual (%) de utilização pela edificação em relação ao terreno: 32,11 %
No. Total de Leitos: 289 unidades
Principais atividades assistenciais:
Ambulatórios
Centro Cirúrgico Ambulatorial
Urgência/Emergência
Centro Cirúrgico Geral
UTI Clínica
Internação
Principais Serviços de Apoio a Diagnóstico e Terapia:
Central de Material Esterilizado
Nutrição Enteral/Parenteral
Cozinha/Refeitório
Manutenção/Oficinas/Pavimentos Técnicos
Centro de Imagem
SAME - Arquivo Médico
Farmácia Central - Abastecimento
Almoxarifado
Recepções/Portarias
TI - Tecnologia e Informação
Lavanderia/Rouparia
Laboratórios / Anatomia Patológica
Higienização/Limpeza
Morgue/Necrotério
Ensino/Pesquisa
9
Residência Médica
Agencia Transfusional
Administração Hospitalar
Central de Resíduos Hospitalares
Subestação/Grupos Geradores
Estacionamento Rotativo
Transporte
Indicadores Arquitetônicos:
Área Média por Total de Leitos: 100,12 m2
Área Média por Leitos de UTI: 15,00 m2
Área Média por Sala no Centro Cirúrgica: 193,58 m2
Área Média por Leito de Internação: 33.07 m2
Percentual (%) da Área de UTI / Área Construída: 2,77 %
Percentual (%) da Área do Centro Cirúrgico / Área Construída: 5,35 %
Percentual (%) da Área de Internação / Área Construída: 19,20 %
Percentual (%) Área Circulações / Área Construída: 10,37 %
b) Hospital Regional do Norte
Figura 3.2 - Hospital Regional do Norte
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Localizado às Av. Ministro Cesar Cals e Av. John Sanford, em Sobral, Ceará
Tipo de Atenção: Terciária
Área do Terreno: 54.745,00 m2
Número e descrição dos Pavimentos: composto de 7 pavimentos (subsolo, térreo,
pavimento superior, 1º. , 2º., 3º., 4º. Pavimentos tipo)
Área de Projeção, correspondente a área de contorno de todas as edificações implantadas
no terreno: 21.648,10 m2.
Área Total de Construção (inclusive as paredes): 53.900,06 m2
Percentual (%) de utilização pela edificação em relação ao terreno: 39,54 %
No. Total de Leitos: 382 unidades
Principais atividades assistenciais:
Ambulatórios
Centro Cirúrgico Ambulatorial
Centro de Parto Normal
Centro Cirúrgico Obstétrico
Enfermaria Mãe Canguru
UTI Neo Natal
UTI Pediátrica
UTI Clínica
Cuidados intermediários
Internação Pediátrica
Internação Obstétrica
Internação
Centro Cirúrgico Geral
Urgência/Emergência
Principais Serviços de Apoio a Diagnóstico e Terapia:
Central de Material Esterilizado
Nutrição Enteral/Parenteral
Cozinha/Refeitório
Manutenção/Oficinas/Pavimentos Técnicos
Centro de Imagem
SAME - Arquivo Médico
11
Farmácia Central - Abastecimento
Almoxarifado
Recepções/Portarias
TI - Tecnologia e Informação
Lavanderia/Rouparia
Laboratórios / Anatomia Patológica
Higienização/Limpeza
Morgue/Necrotério
Ensino/Pesquisa
Residência Médica
Agencia Transfusional
Administração Hospitalar
Central de Resíduos Hospitalares
Subestação/Grupos Geradores
Estacionamento Rotativo
Heliponto
Transporte
Indicadores Arquitetônicos:
Área Média por Total de Leitos: 141,10 m2
Área Média por Leitos de UTI: 70,00 m2
Área Média por Sala Cirúrgica: 75,18 m2
Área Média por Leito na Internação: 199,00 m2
Percentual (%) da Área de UTI / Área Construída: 3,92 %
Percentual (%) da Área do Centro Cirúrgico / Área Construída: 4,18%
Percentual (%) da Área de Internação / Área Construída: 6,64%
Percentual (%) Área Circulações / Área Construída: 10.65%
3.3. Problema
Para ampliar e melhorar o sistema de saúde do Estado do Ceará, o governo através da
Secretaria de Saúde – SESA manifestou interesse em adotar o regime de Parceria Público-
Privada para construção, operação e manutenção do Hospital Regional Metropolitano –
12
HRM-CE a ser localizado em Maracanaú, para fazer parte da rede de atendimento à saúde da
macro região de Fortaleza.
Com base nos parâmetros e tópicos estabelecidos na manifestação de interesse aprovada, foi
escolhido o terreno de implantação e de acordo com o programa de ambientes negociados
com a SESA foi desenvolvido o projeto arquitetônico do Hospital Regional.
3.4. Descrição do projeto
3.4.1. Localização - Terreno
Pela vocação do hospital e sua área de atendimento foi estabelecido que o terreno para
implantação deverá ser localizado em área atendida por sistema viário que facilitasse o
deslocamento fácil e rápido do público alvo, ou seja, além de Fortaleza os 64 municípios que
fazem parte da macro região.
A área deverá ser suficiente para comportar a totalidade do hospital, bem como, permitir
futuras ampliações deste e possibilitar a anexação de outros centros de especializações.
Por se tratar de um hospital, o local deverá ser dotado de infraestrutura mínima que facilite a
construção e o funcionamento, ou seja, possuir rede elétrica em alta tensão, rede de água
potável, possibilidade de destinação de efluente sanitário, dentre outras.
Investigado diversas opções, optou-se que o local se desse em região circunvizinha ao 4º.
Anel Viário, por atender as condições acima elencadas.
O terreno proposto se localiza no 4º. Anel Viário, a 2.3 km da CE 060 e tem área de
110.000,00 m2, satisfazendo as principais condições de acessibilidade, mobilidade e
dimensões (Figura 3.3).
Feito a investigação para determinar a capacidade de suporte do solo, ficou constatado a
resistência de 2 kg/cm2, solo com excelente resistência, permitindo solução bastante
econômica para as fundações.
13
Figura 3.3 - Fotografia do terreno: junho/2012
O Anexo 1 corresponde ao levantamento planialtímetrico do terreno onde estão representadas
as curvas de nível e as dimensões.
3.4.2. Programa e concepção arquitetônica
Com base no projeto de arquitetura do Hospital Regional Metropolitano – HRM-Ce,
desenvolvido por Arquitetura Fiorentini foi levantado as seguintes características técnicas e
geométricas:
Localizado às Av. 4o. Anel Viário, em Maracanaú, Ceará
Tipo de Atenção: Terciária
Área do Terreno: 255.680,57 m2
Número e descrição dos Pavimentos: composto de 12 pavimentos (térreo, pavimento
superior, 1º., 2º., 3º., 4º, 5º., 6o , 7o Pavimentos, Casa de Máquinas e Heliponto)
14
Área de Projeção, correspondente a área de contorno de todas as edificações implantadas
no terreno: 6.691,80 m2.
Área Total de Construção (inclusive as paredes): 37.389,22 m2
Percentual (%) de utilização pela edificação em relação ao terreno: 2,62%
No. Total de Leitos: 432 unidades
Principais atividades assistenciais:
Ambulatórios
Centro Cirúrgico Ambulatorial
UTI Clínica
Internação
Centro Cirúrgico Geral
Urgência/Emergência
Principais Serviços de Apoio a Diagnóstico e Terapia:
Central de Material Esterilizado
Nutrição Enteral/Parenteral
Cozinha/Refeitório
Restaurante
Manutenção/Oficinas/Pavimentos Técnicos
Centro de Imagem
SAME - Arquivo Médico
Farmácia Central - Abastecimento
Almoxarifado
Recepções/Portarias
TI - Tecnologia e Informação
Lavanderia/Rouparia
Laboratórios / Anatomia Patológica
Higienização/Limpeza
Morgue/Necrotério
Ensino/Pesquisa
Residência Médica
Agencia Transfusional
Administração Hospitalar
Central de Resíduos Hospitalares
15
Subestação/Grupos Geradores
Estacionamento Público Rotativo
Heliponto
Estação de Tratamento de Esgoto
Em Anexo 2 os Desenhos da Fachada SUL e do 4º. Pavimento do Projeto de Arquitetura.
3.4.3. Especificações dos materiais de acabamentos
No quadro seguinte está descrito os principais materiais de acabamentos a ser utilizados no
novo HRM (Quadro 3.1).
Quadro 3.1 - Especificações de materiais de acabamento
HRM-Maracanaú
TIPOS ACABAMENTOS
FORROS / TETOS
Forro de gesso acartonado com pintura acrílica, semi-
brilho da Metalatex na cor Branco Mistério
Forro de PVC removível branco em placas
62,5x62,5cm da VIPAL
Forro de fibra mineral "Constelation" 62,5x62,5cm da
OWA
Pintura acrílica, semi-brilho da METALATEX na cor
Branco Mistério
PAREDES E
PAINEIS
Alvenarias de tijolos cerâmicos
Divisórias com montantes metalicos embutidos,
paineis em gesso acartonado tipo dry wall
Divisórias em granito polido nas faces e acessórios de
fixação em aço cromado
Azulejo forma 20x30cm da ELIANE na cor Bege
Azulejo forma Branco acetinado 25x33,5cm da
ELIANE
Pintura acrílica sobre massa corrida, cód. SW7002
DOWNY da SHERWIN WILLIAMS
ESQUADRIAS E
VIDROS
Portas com revestimento em aço inox.
Portas de madeira com folha tipo Paraná revestidas de
fórmica pintada de esmalte sintético.
Structural Glazing, com vidro laminado
Veneziana industrial em alumínio e PVC rígido na cor
branca.
Ferragens La Fonte
16
RODAPES
Granito Branco Dallas
Rodapé vinílico em manta cor 884 linha PAVIFLOOR
IQ OPTIMA da FADEMAC
PISOS
Piso cerâmico Cargo Plus Bone 31x31cm da ELIANE
Piso vinílico em manta termosoldada cor 884 linha
PAVIFLOOR IQ OPTIMA da FADEMAC
Piso vinílico em placas com isolamento estático,
termosoldadas.
Porcelanato Panna Plus Natural 40x40 cm da ELIANE
Piso Granilite ou Industrial de alta resistencia
paginados com módulos de 1m² aproximadamente
com junta de dilatação plástica e nariz antiderrapante –
GRANITORRE
LOUÇAS/METAIS
Louças DECA ou equivalente, cor BRANCA
Metais DECA ou equivalente
Os locais de aplicação dos acabamentos do quadro acima se encontram definidos no projeto
de arquitetura.
Para o perfeito desempenho de suas atividades assistenciais o HRM a ambiência externa
(entorno do terreno) deverá possuir algumas caraterísticas ou condições imprescindíveis a
seguir elencadas.
1. Para o público usuário do hospital será necessário que a acessibilidade dos transportes
públicos e privados ao local seja fácil, rápida e desimpedida. O hospital será
implantado na AV. Quarto Anel Viário, no Bairro Boa Esperança próximo ao Distrito
Industrial de Fortaleza – DIF III. Atualmente essa região dispõe de um número
reduzido de linhas de transporte metropolitano – geridas pelo Governo Estadual –, que
não se integram aos sistemas de transporte dos municípios da RMF e nem aos sistemas
de transporte dos outros municípios da macrorregião de Fortaleza. Além disso, não há
integração entre as diversas linhas de transporte metropolitano e nem destas com a
linha sul do Metrofor, que possui uma estação no próprio Anel Viário (Estação Alto
Alegre, no limite entre Maracanaú e Fortaleza a 4 km do terreno do hospital). Essa
situação, entretanto, não deverá ser considerada um fator impeditivo para a
implantação do HRM-CE às margens do 4º Anel Viário. Como solução para transpor
esses obstáculos poderá ser pressuposto de que o transporte rodoviário metropolitano
tenha suas linhas integradas e que também seja integrado ao transporte metroviário.
Para que o projeto seja viável do ponto de vista técnico é essencial: INTEGRAR AS
17
REDES METROPOLITANAS DE TRANSPORTE RODOVIÁRIO E
METROVIÁRIO, E ESTAS COM AS REDES MUNICIPAIS DE TRANSPORTE.
2. Devido a localização do hospital e sua vocação assistencial para a macro região de
Fortaleza as principais vias que o interligam são BR 020, BR 116, BR 222, CE 040,
CE 060, CE 065. Pela grande quantidade de veículos que trafegam no 4º. Anel Viário
e por ter uma caixa de 12m, os congestionamentos são uma constante diariamente.
Como solução há a previsão de ampliação da avenida de acesso que passará a ter uma
caixa de m de largura, assegurando maior fluidez e velocidade dos veículos.
3. De acordo com o Mapa de Zoneamento de Maracanaú, o terreno do hospital encontra-
se inserido em uma zona urbana, abrigando principalmente edificações residenciais.
No terreno adjacente ao hospital está em fase de construção um centro de distribuição
e estoque, obra que durará em torno de 5 anos. É importante que se verifique se esta
obra causará algum impacto durante a operação do hospital (como poluição sonora,
aumento do tráfico do entorno, etc..), de forma a encontrar medidas para mitigar esses
possíveis impactos.
4. A infraestrutura disponível atualmente corresponde a: rede em alta tensão passando na
avenida que dá acesso, rede de gás natural da CEGÁS que poderá permitir a
implantação de usina de cogeração de energia e ou alimentação a central de
aquecimento, a adutora de água tratada da CAGECE permitindo o suprimento da
demanda de água.
3.5. Avaliação
a) Escopo do projeto adotado atende e em que grau o escopo do projeto inicial proposto
pela SESA – Secretaria da Saúde do Ceará.
A Secretaria da Saúde do Estado do Ceará através de sua equipe técnica definiu um programa
de hospital que satisfizesse as necessidades e as demandas dos serviços assistenciais de saúde
da macro região de Fortaleza.
Do projeto arquitetônico proposto e do dimensionamento da SESA foram elaborados os
seguintes gráficos comparativos com as principais características técnicas e geométricas
(Figuras 3.4 a 3.8).
18
Figura 3.4- Área média dos leitos
Figura 3.5 - Área destinada a UTI em relação a área total construída (%)
HRM - Maracanaú HRM - SESA
6,17%
3,97%
HRM - Maracanaú HRM - SESA
HRM - Maracanaú HRM - SESA
82,40
76,51
HRM - Maracanaú HRM - SESA
19
Figura 3.6 - Área destinada a internação em relação a área total construída (%)
Figura 3.7 - Área edificada em relação a área do terreno (%)
HRM - Maracanaú HRM - SESA
37%
18,19%
HRM - Maracanaú HRM - SESA
HRM - Maracanaú HRM - SESA
2,62%
33,26%
HRM - Maracanaú HRM - SESA
20
Figura 3.8 - Quantidade de leitos
Pelos gráficos acima avaliamos que o projeto proposto atende satisfatoriamente as
expectativas da SESA. Acrescentamos ainda que o escopo, seu programa e as disposições dos
diversos ambientes foram concebidos para a otimização dos percursos, balanceamento da
capacidade operacional e produtiva, bem como na adequação, contiguidade, modulação,
flexibilidade e expansão.
b) Avaliação do projeto em relação às prescrições da RDC 50.
A RDC 50 é o Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação
de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. A Diretoria Colegiada da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária, no uso de suas atribuições aprovou em 20 de
fevereiro de 2002 regulamentou o art. 11 inciso IV do Regulamento da ANVISA aprovado
pelo Decreto nº 3.029.
A análise do projeto proposto foi elaborada para todos os ambientes, segundo as
determinações da RDC 50 conforme quadro em Anexo III.
O programa físico funcional do hospital de acordo com o quadro acima atende aos parâmetros
estabelecidos da RDC 50, demonstrando sua total adequação.
Número Total :
Leitos
Número Total :
Leitos UTIs
Número Total :
Leitos
Internação
432
40
360
591
50
410
HRM - Maracanaú HRM - SESA
21
c) Comparativo dos indicadores do projeto proposto com os Hospitais do Cariri e do
Norte.
Os gráficos comparativos a seguir (Figuras 3.9 a 3.13) evidenciam que o projeto proposto, de
acordo com os indicadores analisados apresenta melhores índices de eficiência arquitetônica,
notadamente a área de construção por leito com 82,40 m2.
Figura 3.9 - Área média dos leitos
Figura 3.10 - Área de UTI em relação a área construída (%)
HRM -Maracanaú
HRN - Sobral HRC - Juazeiro
82,40
141,10
98,42
HRM - Maracanaú HRN - Sobral HRC - Juazeiro
HRM -
Maracanaú
HRN - Sobral HRC - Juazeiro
6,17%
3,92%
2,77%
HRM - Maracanaú HRN - Sobral HRC - Juazeiro
22
Figura 3.11 - Área de internação em relação à área construída (%)
Figura 3.12 - Área edificada
em relação à área do terreno
(%)
HRM -Maracanaú
HRN - Sobral HRC - Juazeiro
37%
6,64%
19,20%
HRM - Maracanaú HRN - Sobral HRC - Juazeiro
HRM -
Maracanaú
HRN - Sobral HRC - Juazeiro
2,62%
39,54%
32,11%
HRM - Maracanaú HRN - Sobral HRC - Juazeiro
NúmeroTotal :Leitos
NúmeroTotal :
Leitos UTIs
NúmeroTotal :Leitos
Internação
432
40
360 382
70
199
294
20
168 HRM - Maracanaú
HRN - Sobral
HRC - Juazeiro
23
Figura 3.13 - Quantidade de leitos
d) Avaliação das especificações dos acabamentos propostos.
Os materiais de revestimentos, pavimentações e acabamentos especificados atendem as
caraterísticas do estabelecimento de assistencial de saúde quanto durabilidade, adequação,
facilidade de manutenção e reposição. Importante atender as recomendações técnicas nas
escolhas de materiais e na adoção de similaridade. A seguir, quadro avaliativo dos
acabamentos propostos (Quadro 3.2).
Quadro 3.2- Avaliação dos acabamentos propostos
HRM-Maracanaú
TIPOS RECOMENDAÇÕES
TÉCNICAS ACABAMENTOS AVALIAÇÃO
FORROS / TETOS
Os tetos das áreas críticas e
semicríticas devem ser
contínuo, proibido
removível.
Forro de gesso
acartonado com pintura
acrílica, semi-brilho da
Metalatex na cor
Branco Mistério.
Satisfatório
com as
recomendações
Outros ambientes diversos
dos críticos e semicríticos
Forro de PVC
removível branco em
placas 62,5x62,5cm da
VIPAL
Satisfatório
com as
recomendações
Outros ambientes diversos
dos críticos e semicríticos
Forro de fibra mineral
"Constelation"
62,5x62,5cm da OWA
Satisfatório
com as
recomendações
Tintas laváveis e que
permitam limpeza pesada,
Tintas PVA somente nos
tetos dos ambientes críticos
e semicríticos.
Pintura acrílica, semi-
brilho da
METALATEX na cor
Branco Mistério
Satisfatório
com as
recomendações
PAREDES E
PAINEIS
Todas as alvenarias devem
ser revestidas e ter
acabamento impermeável.
Nas circulações as paredes
devem ter proteção bate-
macas.
Alvenarias de tijolos
cerâmicos Satisfatório
com as
recomendações
Todas as divisórias de gesso
acartonado devem ter
acabamento impermeável.
Divisórias com
montantes metálicos
embutidos, painéis em
gesso acartonado tipo
dry wall
Satisfatório
com as
recomendações
As pedras de granito devem
ser impermeabilizadas para
reduzir a porosidade para
menos de 4%, quando
Divisórias em granito
polido nas faces e
acessórios de fixação
em aço cromado
Satisfatório
com as
recomendações
24
utilizados nas áreas críticas
e semicríticas.
Os azulejos e o
rejuntamento devem possuir
índice de absorção inferior a
4%
Azulejo forma
20x30cm da ELIANE
na cor Bege
Satisfatório
com as
recomendações
Os azulejos e o
rejuntamento devem possuir
índice de absorção inferior a
4%
Azulejo forma Branco
acetinado 25x33,5cm
da ELIANE
Satisfatório
com as
recomendações
Tintas laváveis e que
permitam limpeza pesada,
Tintas PVA somente nos
tetos dos ambientes críticos
e semicríticos
Pintura acrílica sobre
massa corrida, cód.
SW7002 DOWNY da
SHERWIN
WILLIAMS
Satisfatório
com as
recomendações
ESQUADRIAS E
VIDROS
As portas das salas
cirúrgicas, observação,
urgência/emergência devem
possuir visores e proteção
bate-macas
Portas com
revestimento em aço
inox.
Satisfatório
com as
recomendações
As portas dos leitos isolados
devem possuir visores e
proteção bate-macas
Portas de madeira com
folha tipo Paraná
revestidas de fórmica
pintada de esmalte
sintético.
Satisfatório
com as
recomendações
Structural Glazing,
com vidro laminado.
Satisfatório
com as
recomendações
Veneziana industrial
em alumínio e PVC
rígido na cor branca.
Satisfatório
com as
recomendações
As maçanetas devem ser
tipo alavanca que possam
ser acionadas com o
antebraço
Ferragens La Fonte Satisfatório
com as
recomendações
RODAPES
As pedras de granito devem
ser impermeabilizados para
reduzir a porosidade para
menos de 4%, quando
utilizados nas áreas críticas
e semicríticas
Granito Branco Dallas
Satisfatório
com as
recomendações
Nos ambientes críticos e
semicríticos os rodapés
devem tem superfície lisa,
monolítica sem frestas ou
ranhuras, o índice de
absorção deve ser próximo
de 0%, com cantos ou
Rodapé vinílico em
manta cor 884 linha
PAVIFLOOR IQ
OPTIMA da
FADEMAC
Satisfatório
com as
recomendações
25
arestas curvas suficiente
para facilitar a limpeza .
PISOS
As cerâmicas, porcelanatos
e os rejuntes devem possuir
índice de absorção inferior a
4%
Piso cerâmico Cargo
Plus Bone 31x31cm da
ELIANE
Satisfatório
com as
recomendações
Nos ambientes críticos e
semicríticos os pisos devem
tem superfície lisa,
monolítica sem frestas ou
ranhuras, o índice de
absorção deve ser próximo
de 0%.
Piso vinílico em manta
termo soldada cor 884
linha PAVIFLOOR IQ
OPTIMA da
FADEMAC
Satisfatório
com as
recomendações
Aferir o isolamento estático
com a ligação na malha de
terra
Piso vinílico em placas
com isolamento
estático, termo
soldadas.
Satisfatório
com as
recomendações
As cerâmicas, porcelanatos
e rejuntes devem possuir
índice de absorção inferior a
4%
Porcelanato Panna Plus
Natural 40x40 cm da
ELIANE
Satisfatório
com as
recomendações
Pisos tipo industrial com
granilha de pedras polidos
devem ser
impermeabilizados com
verniz epóxi para reduzir a
porosidade
Piso Granilite ou
Industrial de alta
resistência, paginados
com módulos de 1m²
aproximadamente com
junta de dilatação
plástica e nariz
antiderrapante –
GRANITORRE
Satisfatório
com as
recomendações
LOUÇAS/METAIS
Os lavatórios devem ser
instalados próximos aos
pacientes, sempre com porta
sabão liquido e porta papel
toalhas
Louças DECA ou
equivalente, cor
BRANCA.
Satisfatório
com as
recomendações
As torneiras devem possuir
comandos que dispensem o
contato com as mãos. Os
chuveiros dos pacientes
devem ser dotados de
chuveirinhos
Metais DECA ou
equivalente Satisfatório
com as
recomendações
Os locais de aplicação dos acabamentos do quadro acima se encontram definidos no projeto
de arquitetura.
26
e) Avaliação do prazo de execução
Os hospitais públicos recentemente construídos pelo Governo do Estado do Ceará, Hospital
Regional do Cariri e o Hospital Regional do Norte, foram executados em 25 e 29 meses
respectivamente. Tomando-se como base o programa dos ambientes e áreas do hospital
regional de Fortaleza elaborado pela SESA, e adotando-se a proporcionalidade das áreas de
construção dos hospitais construídos, o prazo previsto de construção seria de 32 meses. O
consórcio, para atender aos anseios dos grandes eventos vindouros e as necessidades e
carências da população do Ceará e seu Governo Estadual, estabeleceu e garante o prazo de 15
meses para a construção, fornecimento e instalação dos equipamentos (Figura 3.14).
Analisando e comparando os projetos, concepção, prazos e áreas das EAS verificou-se
factível o prazo de 15 meses desde que o regime de trabalho se de initerruptamente, diurnos e
noturnos.
Figura 3.14 - Prazo de construção (meses)
f) Indicação dos projetos complementares necessários
Para a construção das edificações do Hospital Regional Metropolitano – HRM serão
necessários, além do projeto executivo de arquitetura, os seguintes projetos complementares
com algumas recomendações:
Projeto das fundações e estrutura de concreto armado
Projeto de instalações elétricas de baixa tensão – previsão de IT-médico com
sistema de supervisão e transformador de separação nas UTIs, Hemodinâmica,
Indução Anestésica, Salas de Cirurgia, Salas de Recuperação Anestésica, será
HRM -Maracanaú
HRM - SESA HRN - Sobral HRC - Juazeiro
15
32 29
25
HRM - Maracanaú HRM - SESA HRN - Sobral HRC - Juazeiro
27
previsto local específico para acomodar os transformadores isoladores, com
isolamento acústico e sistema anti-vibração.
Projeto de instalações elétricas de alta tensão (subestação e grupos geradores)
Projeto de instalações hidráulicas (água fria e quente), com sistema de reutilização
inteligente de águas servidas.
Projeto de instalações sanitárias, com individualização das tubulações de esgoto
das zonas críticas das demais. Todas as grelhas dos ralos, caixas sifonadas serão
dotadas de grelhas vedantes.
Projeto de instalações telefonia e informática (telemática), permitindo
comunicação por todas mídias atuais tais como telefonia, satélite, internet etc.
Projeto de instalações de combate a incêndio (hidrantes e sprinklers)
Projeto de instalações de proteções de descargas atmosféricas (SPDA)
Projeto de instalações de captação e aproveitamento águas pluviais
Projeto de instalações de drenagem superficial
Projeto de instalações para aquecimento solar de água e sistema de recirculação.
Projeto de instalações de climatização (ar condicionado, exaustão, tratamento de
ar) com o sistema de sensores de dióxido de carbono para promover a exaustão do
ar interno e entrada de ar fresco.
Projeto de instalações de TV
Projeto de instalações para vídeo conferencia
Projeto de instalações de sonorização
Projeto de instalações de chamada de enfermagem
Projeto de instalações para controle de acesso
Projeto de instalações de relógio
Projeto de instalações de gases medicinais (central e distribuição) oxigênio, vácuo,
ar comprimido, oxido nitroso, CO2
Projeto de automação e controle dos sistemas
Projeto de estação de tratamento de esgoto
Projeto de Heliponto
Projeto de seleção e reciclagem de resíduos sólidos.
Projeto de irrigação dos jardins com águas reutilizáveis
Projeto de paisagismo
Projeto de programação visual
Projeto de layouts dos equipamentos médicos
Projeto de layouts mobiliário e detalhamento
3.6. Conclusão
A construção, implantação e operação do hospital deverão ser licenciadas pelos órgãos
ambientais Secretária Municipal do Meio Ambiente de Maracanaú de acordo com as
28
prescrições da LEI Nº 1161, DE 20 DE DEZEMBRO DE 2006 e pela Secretaria do Meio
Ambiente do Ceará – SEMACE, de acordo com a instrução Normativa No. 01/2010 e outras
pertinentes ao tipo de edificação.
Os projetos deverão ser aprovados nos órgãos competentes:
Prefeitura Municipal de Maracanaú – Avenida Faustino Albuquerque, 488, Centro,
Maracanaú, CE, 85.3371.8872.
Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Maracanaú – Avenida Dois, 150, Centro
Administrativo, Jereissati I, Maracanaú, CE, 85.3251.5131.
Coelce – Companhia Energética do Ceará – controlada pela Endesa através da holding
Investiluz SA – Rua Dona Leopoldina, 1518, Centro, Fortaleza, CE, DDG 0800-28041
ANVISA – Agencia de Vigilância Sanitária – Rua Rodrigues Junior, 840, Centro,
Fortaleza, CE, 85.3452.6010.
SESA – Secretaria da Saúde do Estado do Ceará – Av. Almirante Barroso, 600, Praia
de Iracema, Fortaleza, CE, 85.3101.5124.
SEMACE – Secretaria do Meio Ambiente do Ceará, Rua José Benévolo, 1400, José
Bonifácio, Fortaleza, CE, 85.3101.5511.
Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, Rua Oto de Alencar, 215, Centro, Fortaleza,
CE.
ANAC – Agencia Nacional de Aviação Civil, Aeroporto Internacional de Fortaleza,
Pinto Martins, Avenida Senador Carlos Jereissati, 3000, Serrinha, Fortaleza, CE,
85.3392.1657.
OI – Brasil Telecom
Salvaguardar a área circunvizinha e suas futuras edificações de atividades incompatíveis com
a vocação do hospital, tais como aterros sanitários e indústrias poluentes.
Prevenção de redução da capacidade de armazenamento da lagoa, ou alteração da
configuração para evitar transbordamento além da cota de inundação histórica máxima.
Prevenção da possibilidade de poluição da lagoa existente no terreno com ações positivas tais
como: urbanização do entorno, verificação e vigilância do uso, com indicação de proibição de
deposição de quaisquer materiais poluidores, implantação de cerceamento com controle do
acesso e verificação, controle e tratamento da qualidade das águas, evitando que se proliferem
insetos, como o mosquito da dengue, que podem causar doenças nos pacientes do hospital e
seu entorno.
Estabelecer acordo com o SINDICATO TICC DA REGIAO METROPOLITANA DE
FORTALEZA e a empresa construtora com a anuência da DRT Delegacia Regional do
Trabalho para flexibilização dos horários de trabalho da CLÁUSULA VIGÉSIMA NONA -
JORNADA DE TRABALHO, e parágrafos como segue:
29
“Parágrafo segundo - Quando o feriado coincidir com dia de compensação
semanal, a hora não compensada recairá sobre os demais dias úteis da
mesma semana, de forma a garantir a compensação integral do sábado”.
“Parágrafo terceiro - O trabalho aos sábados poderá ocorrer desde que
respeitadas as seguintes regras: a) máximo de 02 (dois) sábados
consecutivos; b) remuneração com o acréscimo de 67% (sessenta e sete por
cento) sobre as horas normais dos demais dias úteis; c) máximo de 08 (oito)
horas de trabalho por sábado; d) máximo de 08 (oito) sábados por ano; e)
O controle será feito por trabalhador. Parágrafo quarto - Fica prevista e
consentida a prorrogação da jornada normal de trabalho por até mais 02
(duas) horas, por solicitação da empresa, que serão pagas com o acréscimo
de 60% (sessenta por cento) sobre o valor da hora normal de trabalho,
limitada a 10 (dez) horas diárias”.
30
4. ESTUDO DE VIABILIDADE AMBIENTAL
4.1. Apresentação
O presente documento refere-se ao Estudo de Viabilidade Ambiental do empreendimento
denominado Hospital Regional Metropolitano do Ceará – HRM, em regime de Parceria
Público-Privada – PPP, como parte do plano de negócio de viabilidade do empreendimento
em nove diferentes dimensões e tem como propósito prever os riscos ambientais potenciais
oriundos da implantação e operação de um dado empreendimento a fim de reduzi-los ainda na
fase de concepção do projeto.
Segundo Davies e Lowe (1999), além de sua importância econômica, o modo particular de
funcionamento dos hospitais envolve uma série de atividades que apresentam grande
potencial para a geração de impactos ambientais, pois estas organizações operam 24 horas por
dia, 365 dias ao ano, consumindo grande quantidade de energia e demandando uma variedade
de outros recursos comuns em quantidades consideráveis.
Os hospitais foram construídos para a assistência à saúde, porém podem também ameaçá-la
com os impactos ambientais provocados por sua atividade, transformando-os em agentes
potencialmente poluidores e, dessa forma, ajudar a criar condições que favorecem a
propagação de doenças (Hospital Albert Einstein).
Hospitais em todo o mundo já adotam a sustentabilidade como diretriz estratégica,
incorporando-a as suas operações diárias, em programas educativos, em projetos de
gerenciamento e tratamento das suas emissões, efluentes e resíduos e até nos planos de
expansão, descentralizando as suas instalações para estar mais perto dos pacientes e
minimizar deslocamentos. Começam a surgir edificações hospitalares que seguem os padrões
dos chamados prédios verdes, com soluções ecoeficientes, como reutilização da água de
chuva e painéis solares para aquecimento de água.
Para o setor de saúde, a preocupação com a gestão ambiental deve ir além dos aspectos legais
ou da simples solução operacional para os resíduos gerados. Trata-se de uma questão ética, de
não colocar em risco as condições sanitárias do meio ambiente, uma vez que a saúde e o bem-
estar das pessoas também dependem disso (Hospital Albert Einstein).
31
Neste presente estudo foram abordadas as legislações vigentes pertinentes à área de influência
do empreendimento e as características ambientais da área e de seu entorno, incluindo os
aspectos bióticos, abióticos e socioeconômicos, que são os mais determinantes para
elaboração das diretrizes ambientais.
A partir da planta topográfica atual, de fotografias aéreas, de imagens de satélites e de dados
secundários sobre a área de influência do empreendimento, foram realizados os estudos e o
diagnóstico ambiental (geológico, geomorfológico, hidrológico e biológico, com identificação
da flora e da fauna), possibilitando o conhecimento da dinâmica ambiental e o diagnóstico dos
recursos naturais e antrópicos hoje existentes na área.
As ações previstas para o empreendimento foram avaliadas a partir de uma abordagem
dirigida quanto aos impactos ambientais delas decorrentes. Foram identificados e analisados
os possíveis impactos e elaboradas as medidas mitigadoras necessárias, tendo em vista os
impactos adversos ao meio na área de influência do empreendimento. Foram elaborados três
Prognósticos Ambientais da área: um sem a implantação do empreendimento, outro da área
com a implantação do empreendimento e atendendo as diretrizes ambientais propostas e por
fim, um da área com o empreendimento sem atender as diretrizes ambientais.
Este estudo consiste num instrumento que visa primordialmente à adequação do projeto e da
implantação do empreendimento em sintonia com as Políticas Ambientais, visto que a
legislação atual prevê tal estudo para as atividades causadoras de modificações do meio
ambiente.
Aliados às conclusões e recomendações contidas no texto a seguir, este estudo oferece os
subsídios técnicos, cientificamente embasados, necessários ao melhor aproveitamento da área,
mantendo sua qualidade ambiental e viabilizando o empreendimento na sua fase de
implantação.
O Estudo de Viabilidade Ambiental vem enriquecer em elementos a viabilidade
multidimensional do empreendimento ampliando desta forma o horizonte da análise. Assim,
esse estudo, aliado aos demais estudos de viabilidade do empreendimento, permite que o
projeto tenha um caráter diferenciado.
32
4.2. Informações gerais: compatibilidade do empreendimento com a legislação
ambiental
Esta sessão aborda a relação entre as leis, planos, normas e programas governamentais
(federais, estudais e municipais) em desenvolvimento ou propostos para a região de influência
do empreendimento e a sua compatibilidade com as questões ambientais.
De acordo com Sánchez (2008), no Brasil, estudos ambientais são exigíveis para obter-se uma
autorização governamental para realizar atividades que utilizem recursos ambientais ou
tenham o potencial de causar degradação ambiental.
O local escolhido para a construção do empreendimento é permitido de acordo com o Plano
Diretor de Desenvolvimento Urbano de Maracanaú – PDDU (Lei nº 731/2000) e com a Lei nº
733 de 13 de julho de 2000, que dispõe sobre o parcelamento, uso e ocupação do solo do
município de Maracanaú. Além disso, o projeto atende aos requisitos do Código de Obras do
município (Lei nº 729/2000).
De acordo com o anexo 01, da Lei Municipal nº 1.161, de 20 de dezembro de 2006, que
institui o licenciamento ambiental e a taxa de licença ambiental e custos de análises de
estudos ambientais do município de Maracanaú e dá outras providências, os hospitais se
enquadram no grupo de atividades diversas e com alto grau de impacto. Portanto, é necessário
que existam estudos ambientais para a construção do Hospital Regional Metropolitano em
Maracanaú.
As diretrizes ambientais propostas e a análise dos impactos ambientais do presente Estudo de
Viabilidade Ambiental do Hospital Regional Metropolitano têm como base as leis, decretos,
resoluções, normas e programas citados, de forma que o empreendimento atenta a todos os
requisitos legais.
No quadro a seguir estão listadas as leis, decretos, resoluções, normas e programas (Federal,
Estadual e Municipal) pertinentes à área de estudo do HRM (Quadro 4.1).
Quadro 4.1 – Legislação ambiental pertinente à área de estudo
Eixos temáticos Legislação pertinente à área de estudo
Federal Estadual Municipal
Constituição/Lei
Orgânica
Constituição Federal
1988
Constituição do
Estado do Ceará 1989
Lei Orgânica de
10 de abril de
1990
33
Parcelamento e
uso do solo
Lei 6.766/1979
Lei 10.147/1977
Lei 12.521/1995 Lei 733/2000
Código de Obras
e Posturas - - Lei 729/2000
Plano Diretor de
Desenvolvimento
Urbano
- - Lei 731/2000
Licenciamento
ambiental
Lei 6.938/1981
Resolução CONAMA
001/1986
Resolução CONAMA
001-A/1986
Resolução CONAMA
237/1997
Portaria SEMACE
201/99
Resolução COEMA
20/1998
Lei 1.161/2006
Política
Ambiental Lei 6.938/1981 Lei 11.411/1987 Lei 1.232/2007
Compensação
ambiental
Lei 6.938/1981
Resolução CONAMA
371/2006
IN 02/2012
Resolução COEMA
09/2003 -
Crimes
Ambientais
Lei 9.605/1998
Decreto 6.514/2008 - -
Área de
Preservação
Permanente
(APP)
Lei 4.771/1965
Resolução CONAMA
302/2002
Resolução CONAMA
369/2006
- Lei 1.232/2007
Lei 1.156/2006
Efluentes/Água
Constituição Federal de
1988
Lei 11.445/2007
Lei 10.147/1977
Portaria SEMACE
97/1996
Portaria SEMACE
154/2002
Lei 1.156/2006
Resíduos sólidos e
Resíduos de
Serviço de Saúde
(RSS)
Lei 9.605/1998
Lei 12.305/2010
Constituição Federal
1988
Resolução CONAMA
Nº 01/86
Resolução CONAMA
Nº 05/88
Resolução CONAMA
Nº 05/93
Resolução ANVISA
RDC 33/03
Resolução ANVISA
RDC 306/2004
NBR 10.004/87
NBR 7.500/87
NBR 12.235/92
Portaria Nº 395/94
Lei 13.103/2001
Decreto 26.604/2002
PGIRS
34
O empreendimento é compatível com a legislação ambiental vigente e pertinente à área e as
atividades que serão realizadas pelo hospital, porém o projeto básico deve ser elaborado
seguindo as respectivas leis.
NBR 12.807/93
NBR 12.808/93
NBR 12.809/93
NBR 11.175/90
NBR 12.810/93
NBR 9.190/93
NBR 9.191/93
NBR 9.195/93
NBR 13.055/93
NBR 13.056/93
NBR 12.890/93
NBR 13.853/97
CNEN – NE 6.05/98
Decreto 5.940/2006
Política florestal Lei 4.771/1965
Lei 12.488/1995
Decreto 24.221/1996
IN 001/2003
-
Fauna Lei 5.197/1967
Lei 9.605/1998 Lei 13.613/2005 Lei 1.156/2006
Poluição
atmosférica
Decreto- Lei
1.413/1975
Lei 6.938/1981
Constituição de 1988
Lei 9.605/1998
Resolução CONAMA
005/1989 – PRONAR
Lei 12.529/1995
Portaria SEMACE
044/96
Lei 1.232/2007
Mudanças
climáticas Lei 12.187/2009 -
Protocolo -
PMAC
Poluição sonora Lei 6.938/1981
Lei 9.605/1998 Lei 13.711/2005 Lei 1.232/2007
Rejeitos
Radioativos e
Resíduos
Químicos
Lei 6.189/1974
CNEN – NE 6.05/98
Lei 10.308/2001
Lei 11.423/1988
Lei 11.475/1988
Lei 1.156/2006
Agenda 21
Protocolo -
PMAC
Educação
Ambiental
Lei 6.938/1981
Lei 9.795/1999
Decreto 4.281/2002
IN 02/2012
Lei 12.367/1994
Decreto 26.465/2001
Decreto 27.028/2003
Agenda 21
Fundos Lei 7.797/1989 Lei Complementar
48/2004 Lei 1.156/2006
Prêmios
ambientais -
Lei 13.304/2003
Lei 12.974/1999 -
35
4.3. Área de influência do empreendimento
O terreno escolhido para a construção do Hospital Regional Metropolitano (HRM) localiza-se
às margens do Quarto Anel Viário, no município de Maracanaú, próximo ao III Distrito
Industrial de Fortaleza. Nesta área atuam diferentes atores sociais: moradores, pequenos
agricultores, trabalhadores dos distritos industriais e proprietários de pequenos comércios. A
região possui diferentes usos e ocupações do espaço por diferentes atores sociais, tendo em
vista, que a área é caracterizada pela dinâmica socioespacial envolta das indústrias.
A área diretamente afetada pelo o empreendimento encontra-se a uma distância significativa
do Distrito Industrial, permitindo que o projeto paisagístico do HRM priorize por um cordão
verde ao redor do hospital.
Para delimitar a área de influência, escolheram-se as características biogeográficas e as
características socioculturais do meio. Os aspectos físicos e/ou biológicos semelhantes que
ocorrem na área ajudam a delimitar a área de influência, considerando assim fatores como
tipo de relevo (Tabuleiro Pré-Litorâneo), vegetação (Mata de Tabuleiro), bacia hidrográfica
(Bacia Metropolitana), etc. As relações socioculturais que os diversos atores possuem com a
área e entre si ajudam a delimitar a área de influência, como ocorre com os residentes que
trabalham no Distrito Industrial e os donos de sítios agropastoris.
Na Área Diretamente Afetada, que compreende o espaço físico ocupado pelo
empreendimento, observa-se na imagem de satélite a existência de um campo de futebol, que
teoricamente representava um espaço de lazer para a comunidade, porém hoje em dia, esse
campo não é mais utilizado. Existe também dentro da Área Diretamente Afetada um açude
(reservatório d’água artificial), cujo entorno, com largura mínima de trinta metros, medida a
partir do nível máximo normal, em projeção horizontal, constitui Área de Preservação
Permanente (APP), de acordo com o Art. 2º, da Lei 4.771/1965 e com o Art. 2º, do
CONAMA 302/2002.
De acordo com o Zoneamento de Maracanaú, Lei nº 731 de 13 de Julho de 2000, dispõe-se
sobre o Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo, do Plano Diretor Municipal, a Área
Diretamente Afetada do empreendimento encontra-se na Zona de Ocupação Urbana II, tendo
ainda a presença de um Setor Especial de preservação dos recursos hídricos, que corresponde
a Área de Preservação Permanente.
36
A vegetação da Área Diretamente Afetada encontra-se de forma descontínua e heterogênea,
apresentando porte arbóreo-arbustivo, com fragmentos de mata conservada, principalmente no
entorno do açude e nas áreas cujo terreno é mais elevado. O sistema ambiental caracteriza-se
pelo Tabuleiro Pré-litorâneo Pajuçara, constituído por sedimentos argilo-arenosos da
Formação Barreiras, com a vegetação típica de Mata de Tabuleiro (vegetação estacional
subperenifólia). A mata de tabuleiro geralmente abriga uma fauna bastante variada de répteis,
pequenos mamíferos e aves, que deve ser inventariada em um possível estudo de impacto
ambiental (EIA).
A Área de Influência Direta (AID) compreende as ruas do entorno e aos terrenos, do lado
Leste da Área Diretamente Afetada, aonde se observa o desenvolvimento de atividades
agropastoris, algumas com sistema de roças com queimadas. Na porção Sudoeste, existem
muitas casas e terrenos. Na porção Nordeste encontra-se o Distrito Industrial de Fortaleza III
e, na porção Norte, uma estação de tratamento. Na porção Oeste, existe um grande terreno e a
continuação do açude, que possui ligação com a Área Diretamente Afetada, por baixo da Rua
Senador Pompeu.
Tendo em vista, que o Hospital é de nível regional, ele tem como objetivo atender as
demandas da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) e de toda a Macrorregião de Saúde de
Fortaleza. No entanto, considera-se aqui como a Área de Influência Indireta (AII) a área da
Região Metropolitana de Fortaleza. Porém, para uma melhor definição da Área de Influência
Indireta é necessário o estudo de demanda e um estudo epidemiológico do Estado do Ceará.
4.4. Características ambientais relevantes para o estudo de viabilidade ambiental
As características ambientais representam a base para os estudos ambientais, pois a partir
delas é possível relacionar as ações do projeto e os seus impactos. Atentar-se para estas
características, antes mesmo de identificar e prever os impactos ambientais é otimizar recurso
e tempo, satisfazendo as exigências da legislação pertinente à área e atendendo as restrições
técnicas do projeto.
O Art. 6º, da Resolução do CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986, que dispõe sobre a
Avaliação de Impacto Ambiental, esclarece que a avaliação do meio biológico e dos
ecossistemas naturais deve atentar-se para a fauna e a flora, destacando as espécies
indicadoras da qualidade ambiental, de valor científico e econômico, raras e ameaçadas de
37
extinção e as áreas de preservação permanente; enquanto que o meio físico para o subsolo,
águas, ar e clima, destacando os recursos minerais, a topografia, os tipos e aptidões do solo, os
corpos d'água, o regime hidrológico, as correntes marinhas e as correntes atmosféricas.
Com base na definição legal, as características ambientais elencadas para o projeto do
Hospital Regional Metropolitano (HRM) serão baseadas no meio biológico e no meio físico
referentes à área do empreendimento.
4.5. Diagnóstico ambiental
O presente diagnóstico ambiental apresenta as características dos diversos fatores que
compõem o sistema socioambiental da área de influência do empreendimento, de forma a
permitir o entendimento da dinâmica e das interações existentes entre os meios físico, biótico
e social. Também é apresentado no presente diagnóstico o zoneamento ambiental e urbano da
Área de Influência do empreendimento.
4.5.1. Área de estudo – Zoneamento Urbano e Ambiental
De acordo com a Lei Federal Nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, o Zoneamento Ambiental é
um instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente, e que tem por objetivo regular o uso
e a ocupação do solo, estabelecendo a divisão do território em parcelas, nas quais poderá ser
autorizada ou vetada, total ou parcialmente, a realização de determinadas atividades.
O zoneamento ambiental é uma solução possível para o ordenamento do uso racional dos
recursos, garantindo a manutenção da biodiversidade, os processos naturais e serviços
ambientais ecossistêmicos. Pelo zoneamento ambiental são instituídos diferentes tipos de
zonas nas quais o Poder Público estabelece regimes especiais de uso, gozo e fruição da
propriedade na busca da melhoria e recuperação da qualidade ambiental e do bem-estar da
população. Suas normas, que deverão obrigatoriamente respeitar o disposto em legislação
ambiental, vinculam todas as atividades exercidas na região de sua incidência, o que implica
na inadmissibilidade de ali serem exercidas atividades contrárias a elas.
O Decreto Federal 4.297 de 10 de julho de 2002 regulamenta e estabelece os critérios para o
zoneamento ecológico-econômico – ZEE do Brasil, ou seja, um zoneamento de abrangência
nacional. É importante ressaltar que ambas as expressões, ou seja, zoneamento ambiental e
38
zoneamento ecológico-econômico, devem ser entendidas como sinônimas, mesmo que se
possam existir acepções distintas em relação ao próprio ZEE (indicativo de condutas,
instrumentos de planejamento territorial, ou ainda a própria política de ordenamento
territorial).
A definição legal do zoneamento ambiental encontra-se no Art. 2º do referido Decreto que o
descreve como sendo “instrumento de organização do território a ser obrigatoriamente
seguido na implantação de planos, obras e atividades públicas e privadas” estabelecendo
“medidas e padrões de proteção ambiental” com vistas à “assegurar a qualidade ambiental,
dos recursos hídricos e do solo e a conservação da biodiversidade, garantindo o
desenvolvimento sustentável e a melhoria das condições de vida da população”.
O zoneamento ambiental pode ser representado por cartas temáticas que representem as
condições climáticas e hidrológicas, a geologia, os solos, a geomorfologia e suas formas
estruturais, indicadores geotécnicos de permeabilidade e descontinuidade, os tipos de
vegetação e sua classificação, a distribuição da fauna, áreas cultivadas, o uso e ocupação do
solo, os tipos de solo urbano, a densidade de ocupação, os equipamentos, as rodovias e linhas
de transmissão, as instalações industriais, etc. O zoneamento através da cartografia tem sido
amplamente utilizado para a gestão do espaço e ajudam a fundamentar as decisões e/ou
análises.
De acordo com 4º parágrafo do Art. 3º da Lei 733 de 13 de julho de 2000, zoneamento é a
setorização das diversas áreas urbanas, a partir da compatibilização da intensidade de uso do
solo e de crescimento urbano, com a oferta de infraestrutura e serviços públicos, visando
realizar os objetivos definidos no Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano.
O Art. 18º da Lei 731 de 13 de julho de 2000, que aprova o Plano Diretor de
Desenvolvimento Urbano de Maracanaú (P.D.D.U.), estabelece para todo o município uma
única zona, denominada de Zona de Ocupação Urbana, dividida em três níveis: Zona de
Ocupação Urbana/Nível I - ZI, Zona de Ocupação Urbana/Nível II - ZII e Zona de Ocupação
Urbana/Nível III - ZIII, classificadas a partir do estágio de urbanização já existente, da oferta
de infraestrutura, das condições do meio ambiente e da oferta de equipamentos e serviços.
O Art. 18º possui ainda um Parágrafo Único, que define os Setores Especiais, considerados
em virtude das peculiaridades físicas, culturais, ambientais, institucionais e de
desenvolvimento do Município, e que requerem tratamento diferenciado para a sua
consolidação.
39
A área diretamente afetada do empreendimento, de acordo com o Zoneamento de Ocupação
Urbana do Plano Diretor, está na Zona de Ocupação Urbana/Nível II e possui um Setor
Especial de Proteção de Recursos Hídricos, área non edificandi. O parágrafo 24º, do Art. 3º da
Lei 733/2000 define a faixa non aedificandi como a limitação que não retira a propriedade
nem impede que o dono da terra a utilize em qualquer outro fim que não seja a edificação na
faixa estabelecida, nela ficando garantida a passagem de agentes da administração para
verificação e proteção do domínio público.
Pode-se observar, de acordo com o Zoneamento de Ocupação Urbana de Maracanaú, que a
área de influência direta do HRM encontra-se em vias de expansão urbana, que
consequentemente ocorrerá de forma mais acelerada com a presença do empreendimento. Na
área de influência indireta verifica-se ainda a presença do III Distrito Industrial e o Setor
Especial Industrial e o Setor de Interesse Institucional.
Tendo em vista a evolução da ocupação do município de Maracanaú, Almeida (2007)
estabelece como padrões de uso e ocupação do solo as seguintes tipologias: ocupação urbano-
industrial: envolve a ocupação inicial espontânea do município, através do centro histórico e
dos bairros adjacentes, os distritos industriais, os conjuntos habitacionais, as áreas comerciais,
os loteamentos e ocupações clandestinas, as atividades mineradoras e as indústrias de
construção civil (olarias); uso institucional: compreende a Central de Abastecimento do Ceará
S.A. (CEASA), o Aterro Metropolitano Sul, a Colônia Antonio Justa, o pátio externo de carga
ferroviário da Transnordestina Logística (antiga Companhia Ferroviária do Nordeste - CFN),
a Fazenda Raposo (UFC); agroecossistemas: incluem as áreas ocupadas por culturas de
subsistência, pecuária, agroextrativismo, sítios de veraneio, agroindústria, as tipologias de
vegetação (degradadas ou conservadas), além da Comunidade Indígena dos Pitaguaris.
Com base na análise dos padrões de uso e ocupação do solo de Maracanaú, constatou-se que
os principais problemas ambientais promovidos pelo processo evolutivo de uso/ocupação do
espaço são o desmatamento, a expansão urbana desordenada e os problemas de drenagem, a
mineração clandestina, os processos erosivos e a poluição ambiental. Esses problemas
refletem-se diretamente no declínio da qualidade ambiental e, por consequência, na qualidade
de vida da população local e adjacente, já que eles não se processam unicamente no espaço de
Maracanaú, mas também ao longo dos demais municípios da RMF.
Almeida (2007) ressalta que a expansão urbana desordenada de Maracanaú resultou em
diversas mudanças nas suas características ambientais, como no caso do sistema de drenagem,
40
que está inter-relacionado com diversos fatores, entre eles o desmatamento, a
impermeabilização do solo (construções), o assoreamento.
O crescimento urbano desordenado amplia significativamente a frequência de inundações, a
produção de sedimentos e a deterioração da qualidade da água. Além disso, a degradação da
cobertura vegetal provoca diversos efeitos que alteram os componentes do ciclo hidrológico
natural, sendo os principais deles a redução da infiltração no solo e o consequente aumento do
escoamento superficial. A construção de condutos pluviais para o escoamento superficial
torna este mais rápido, ocorrendo a redução do tempo de deslocamento da água, aumentando
assim as vazões máximas e antecipando seus picos no tempo.
Quando da redução da infiltração, o aquífero tende a diminuir o nível do lençol freático pela
falta de alimentação, reduzindo o escoamento subterrâneo. A retirada da cobertura vegetal
promove a redução da evapotranspiração, tendo em vista que a superfície urbana não retém
água como a vegetação (TUCCI, 2000).
A expansão urbana desordenada e o crescimento econômico da RMF e de Maracanaú têm
aumentado consideravelmente a demanda por recursos naturais, principalmente rochas, areia e
argila, e essa crescente demanda é acompanhada pela generalizada exploração mineral
clandestina nessa região. A disponibilidade e a facilidade de acesso às matérias primas
minerais em Maracanaú vêm contribuindo tanto para o seu crescimento econômico quanto
para o processo de uso e ocupação desordenados por meio da proliferação de loteamentos e o
consequente fenômeno da autoconstrução.
O solo tem grande importância no que se refere não apenas à agricultura, à pecuária ou à
silvicultura, mas também ele pode atuar como zona-tampão, filtro e transformador de
atividades entre a atmosfera e a água existente no subsolo, protegendo a cadeia alimentar e a
água potável contra a poluição, e atuar ainda na manutenção da biodiversidade. Os padrões de
uso e de ocupação do solo empreendidos desordenadamente têm colocado “em xeque” a
integridade desse relevante componente ambiental, resultando essencialmente na sua
degradação por intermédio dos processos erosivos. A erosão é responsável pela desagregação,
remoção e transporte de partículas e fragmentos de solo ou rocha, pela ação do vento, água ou
organismos.
Dos problemas ambientais detectados em Maracanaú, a poluição ambiental é um dos mais
frequentes, podendo ser: industrial – poluição do ar, da água e dos solos; poluição por
41
deficiência de infraestrutura – ocorre em função da ausência de coleta e tratamento de esgoto,
de abastecimento de água, de coleta de lixo; outras fontes de poluição: Aterro Metropolitano
Sul, matadouros, criação de animais em área urbana (vacarias e pocilgas). A poluição
industrial está fortemente vinculada à tomada de decisões governamentais, as quais são
intensamente influenciadas pelos interesses dos detentores dos meios de produção.
Para complementar o diagnóstico desse trabalho, considera-se relevante a Lei nº731 de 13 de
julho de 2000, que regulamenta o uso e a ocupação do solo das diferentes Zonas de Ocupação
e Setores Especiais acima citados, através do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de
Maracanaú (P.D.D.U).
Segundo o Art. 8º da Política Ambiental do Município de Maracanaú (Lei 1.232/2007),
compete a SEMAM, como órgão ambiental do município, proceder ao zoneamento ecológico
de Maracanaú. Cabe também ao Fundo de Defesa do Meio Ambiente (FUNDEMA), de
acordo com o Art. 2º da Lei 1.156 de 20 de dezembro de 2006, o apoio ao desenvolvimento
de atividades concernentes à implantação do zoneamento ambiental do Município.
4.5.2. Meio Físico
4.5.2.1. Geomorfologia da Área de Influência Direta
A delimitação e caracterização dos compartimentos geoambientais – sistemas ambientais – de
Maracanaú devem-se aos atributos geoecológicos (geológico-geomorfológicos,
hidroclimáticos, classes de solos, aspectos da biodiversidade local – fauna e flora).
Os sistemas ambientais constituem espaços territoriais que possuem certo grau de
homogeneidade fisionômica, dada pelos elementos que se mostram mais claramente na
paisagem à visão humana, ou seja, o relevo e a vegetação (ROSS, 1995). Os aspectos
geomorfológicos são utilizados como um dos principais critérios para a delimitação dos
sistemas ambientais, dadas as suas características de síntese dos processos ambientais.
O sistema ambiental referente à área de influência direta do empreendimento corresponde ao
Tabuleiro Pré-Litorâneo de Pajuçara, que ocupa o litoral e nunca ultrapassa os 100m de
altitude. É constituído por sedimentos argilo-arenosos do Grupo Barreiras assentado
diretamente sobre o embasamento cristalino e diminui de espessura à medida que penetra o
continente.
42
Como foi possível verificar em campo, o terreno do empreendimento possui uma pequena
camada de sedimento argilo-arenoso sob o embasamento cristalino, que em alguns trechos
apresenta-se bastante evidente.
O Tabuleiro Pré-litorâneo de Pajuçara comporta solos do tipo Alissolos e Plintossolos,
recobertos por Vegetação de Tabuleiros, bastante heterogênea, do ponto de vista fisionômico,
e degradada localmente.
No Tabuleiro de Pajuçara, se encontram dois dos três Distritos Industriais localizados no
município, ou seja, o Distrito Industrial de Fortaleza I e o Distrito Industrial de Fortaleza III,
além da forte concentração da atividade comercial e de serviços nos arredores da CEASA,
com lojas, escritórios, agências bancárias, cartórios e frigoríficos (onde se localizam os
abatedouros). A expansão urbana nesse setor foi e é muito intensa, com a constante abertura
de loteamentos e sítios de veraneio ou pequenas propriedades que desenvolvem a cajucultura
e a agricultura de subsistência. Há, ainda, a atividade de exploração de argila ou,
popularmente, barro vermelho (sedimentos da Formação Barreiras) ao longo da rodovia Anel
Viário, em direção à BR – 116 (nordeste do município), próximo a Área Diretamente Afetada
do empreendimento.
4.5.2.2. Climatologia e precipitação pluviométrica
A maior parte do total pluviométrico anual observado sobre a região do Semi-Árido
Nordestino concentra-se em quatro meses do ano - fevereiro, março, abril e maio. As chuvas
nesse período são influenciadas pela presença da Zona de Convergência Intertropical - ZCIT,
considerada o principal sistema ocasionador da pluviometria no norte do Nordeste.
O clima da região de Maracanaú caracteriza-se como tropical quente sub-úmido, com
pluviometria média de 1.399,9 mm e com chuvas concentradas de janeiro a maio.
O município de Maracanaú não conta com uma estação meteorológica local para diagnosticar
eventuais mudanças ou interferências em seu clima. Entretanto, a cidade apresenta
microclimas que precisam ser levados em consideração pelas autoridades competentes, para
que sejam tomadas medidas visando à melhoria da qualidade ambiental e de vida da
população local.
43
4.5.2.3. Temperatura
A temperatura para o município de Maracanaú durante o ano é de mínima de 26ºC e máxima
de 29ºC.
4.5.2.4. Taxa de Evaporação
As taxas de evaporação média mensal para a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) são
menores no período compreendido entre os meses de fevereiro a julho. Isto se explica pelo
fato de que esses meses compreendem o período chuvoso principal dessa área. A evaporação
começa a aumentar significativamente a partir do mês de agosto, passando por um pico
máximo em outubro e decrescendo nos meses seguintes, ou seja, novembro, dezembro,
janeiro, fevereiro, março e abril.
4.5.2.5. Umidade Relativa
A umidade relativa média mensal do ar mais significativa (maior ou igual a 80%) para RMF,
como é de se esperar, ocorre nos meses de março, abril, maio (principal período chuvoso
dessa área), e nos meses de junho e julho, visto que existem anos em que a chuva se estende
até esses meses.
4.5.2.6. Regime de Ventos
Os ventos mais frequentes (76,76%) na Região Metropolitana de Fortaleza provêm do leste.
Os ventos de sudeste ocupam a segunda posição com 13,10%; em seguida os ventos de
nordeste, atingem percentuais de 8,84%, e praticamente desprezíveis em termos de
frequência, os ventos de norte apresentam percentuais de apenas 1,3%.
Almeida e Rosen (1993) e Almeida (2000) detectaram que diversos conjuntos habitacionais
de Maracanaú foram construídos a oeste do Distrito Industrial de Fortaleza I, justamente para
onde normalmente se dirigem os ventos na região (na RMF, a direção dos ventos é
primordialmente de leste para oeste), promovendo a expansão de odores, gases e poeira nos
conjuntos adjacentes.
44
Essa observação vale também para a Área Diretamente Afetada do empreendimento, pois o
Distrito Industrial de Fortaleza III localiza-se no setor nordeste, podendo representar um risco
para a qualidade do ar atmosférico da área.
Na visita de campo a Área Diretamente Afetada (terreno do empreendimento) foi possível
observar a presença de liquens nas árvores. Os liquens são reconhecidos por serem muito
sensíveis à poluição atmosférica e, desde o século 19 são utilizados como bioindicadores. De
forma geral, entende-se que a qualidade do ar é boa quando existem muitos e diversos liquens.
Foi possível verificar a existências de alguns liquens, porém com pouca diversidade e
apresentando o branqueamento dos talos. Esse branqueamento pode ser um indicativo do
efeito de poluentes atmosféricos.
4.5.2.7. Recursos hídricos
De acordo com a Política Nacional de Recursos Hídricos, com fundamento legal na Lei n˚
9.433, de 08 de janeiro de 1997, a água é um bem de domínio público, recurso natural
limitado, dotado de valor econômico, cujo uso prioritário, em situações de escassez, é o
consumo humano e a dessedentação de animais.
A rede de drenagem local possui padrão paralelo nos tabuleiros e, dadas as condições
climáticas, os cursos d'água são intermitentes sazonais, aumentando seu volume na época
chuvosa. Os recursos hídricos do município são complementados pelas represas, pequenos
açudes, e pelas lagoas nos tabuleiros e nas planícies.
No que tange à poluição dos recursos hídricos, em Maracanaú e na RMF de modo geral, o
crescimento e a concentração urbano-industrial realizaram-se sem planejamento,
principalmente no que concerne à destinação dos efluentes líquidos industriais. Ao longo dos
dois principais rios de Maracanaú, o Timbó e o Maranguapinho, e em boa parte de suas
lagoas, ocorre à liberação constante de efluentes líquidos não tratados ou com tratamento
ineficiente.
Um desastre ecológico ocorrido em dezembro de 2000 no rio Maranguapinho, noticiado local
e nacionalmente pela imprensa, resultado do lançamento de efluentes nesse rio pela Lagoa de
Estabilização, promoveu a proliferação de uma bactéria (até então não identificada) e teve
como consequência coloração vermelha das águas, a mortandade de peixes, a exalação de
maus odores e a transmissão de doenças às pessoas que utilizavam o rio para higiene pessoal,
lazer e pesca (DESASTRE, 2000).
45
Na Área Diretamente Afetada pelo empreendimento existe um açude (Figura 4.1) que se
encontra dividido, mas que é conectado por um sangradouro. Ele também é dividido com o
terreno vizinho. Dentro do terreno onde será localizado o HRM, o açude encontra-se
atualmente em um nível baixo, com a presença de algumas plantas aquáticas. Aparentemente
a água encontra-se limpa e é de origem pluvial, sem existência de outras fontes de
abastecimento e não é utilizado pela comunidade do entorno.
Fonte: Márcia F.
Figura 4.1- Vista panorâmica do açude na Área de Influência Direta do empreendimento
4.5.3. Meio Biótico
4.5.3.1. Metodologia
Foi realizado o levantamento de dados secundários (publicações, relatórios oficiais,
publicações científicas, teses e dissertações) sobre informações locais, regionais ou sub-
regionais sobre os tipos de formação vegetal e sobre as comunidades faunísticas associadas,
além também de uma visita de campo ao terreno do empreendimento.
Foram identificados, primeiramente, as formações vegetais e a paisagem ecológica da Área de
Influência Direta, com base nas informações do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística). Em seguida, foram analisadas as informações sobre a fauna e flora, atentando-se
para existência de espécies ameaçadas, endêmicas, e as espécies que são suscetíveis à
fragmentação de hábitats.
4.5.3.2. Fauna
Em Maracanaú não existe um inventário da fauna e da flora, porém tendo em vista as
características ambientais da Área Diretamente Afetada, da visita de campo ao terreno do
46
empreendimento e dos inventários de fauna e flora do Ceará e da área de tabuleiro, é possível
citar as espécies que ocorrem no local.
A Área de Influência Indireta (AII) do HRM é caracterizada por ser um ecossistema urbano
amplamente antropizado e por apresentar algumas espécies da flora local, abrigando pequenos
roedores, répteis e algumas aves.
Na visita de campo ao terreno escolhido para a instalação do HRM, verificou-se a presença de
alguns animais e a partir de dados secundários foi possível listar as possíveis espécies
encontradas na área (Quadros 4.2, 4.3, 4.4 e 4.5).
Quadro 4.2 - Lista das possíveis espécies de aves encontradas na Área Diretamente Afetada
Nome científico Nome vulgar
Guira guira Anu-branco
Crotophaga ani Anu-preto
Eupetomena macroura Beija-flor tesoura
Pitangus sulphuratus Bem-te-vi
Paroaria dominicana Cabeça-vermelha
Coereba flaveola Cambacica
Caracara plancus Carcará
Troglodytes musculus Curruíra
Todirostrum cinereum Ferreirinho
Egretta thula Garça-branca-pequena
Rupornis magnirostris. Gavião-carijó
Rostrhamus sociabilis Gavião-caramujeiro
Leptotila spp. Juriti
Fluvicola nengeta Lavadeira
Passer domesticus Pardal
Columba spp. Pombo
Vanellus spp. Quero-quero
Columbia picui Rolinha-picui
Columbina talpacoti Rolinha-roxa
Caragyps atratus Urubu-de-cabeça-preta
47
Quadro 4.3 - Lista das possíveis espécies de mamíferos encontradas na Área Diretamente
Afetada
Nome científico Nome vulgar
Didelphis albiventris Cassaco
Procyon cancrivorus Guaxinim
Galea spixii Preá
Cerdocyon thous Raposa
Callithrix jacchus Soim
Artibeus spp. Morcego
Quadro 4.4 - Lista das posssíveis espécies de répteis encontradas na Área Diretamente
Afetada
Nome científico Nome vulgar
Boa constrictor Cobra-de-veado
Oxybelis aeneus Cobra-de-cipó
Philodryas olfersii Cobra-verde
Iguana iguana Camaleão
Tupinambis merianae Teju
Crotalus durissus Cobra-cascavel
Quadro 4.5 - Lista das possíveis espécies de peixes encontradas no açude da Área
Diretamente Afetada
Nome científico Nome vulgar
Oreochromis niloticus (Linnaeus, 1776) Tilápia
Hoplias malabaricus (Bloch, 1794) Traíra
Além desses animais, pode-se verificar a presença de girinos no açude e foram avistados
também besouros, libélulas, gafanhotos, borboletas, mosquitos, aranhas, abelhas, vespas,
cupins, formigas e diversas lagartas. Esses animais encontram-se distribuídos no terreno do
empreendimento e estão intimamente relacionados com a vegetação local.
Foram avistadas muitas borboletas, que são indicadores biológicos. A variação de quantidade
e proporção das espécies pode mostrar se a qualidade do habitat está melhorando ou piorando.
Pode-se observar a presença de muitas lagartas predando as folhas das plantas ao redor do
açude. Tendo em vista que as lagartas viram borboletas, pode-se supor que a qualidade
ambiental da área é boa e ela encontra-se conservada. No entanto, o grande número de
48
lagartas no ambiente, pode significar também que existem poucos predadores (especialmente
as aves).
A fauna do município de Maracanaú encontra-se bastante comprometida, em decorrência da
forte ação antrópica. Verifica-se, com isso, o aumento da fauna oportunista, como os roedores
e alguns invertebrados, que procuram nos restos e despejos de lixos sua fonte de alimento.
Dentre os animais que transitam no meio urbano e no local do empreendimento, vale destacar
a avifauna e os morcegos, que muitas vezes atuam como polinizadores e garantem a
ocorrência desse processo no ambiente urbano.
Os transtornos ocasionados pelas obras de demolição e construção causam distúrbios não só a
população humana, mas também para fauna, que é afugentada do local durante as obras. Além
disso, a supressão de árvores ocasiona perda de locais para repouso e reprodução desses
animais, sendo assim, imprescindível a reposição ou transplante dos indivíduos arbóreos que
compõem a paisagem.
Os animais que foram possíveis de listar possuem ampla distribuição geográfica e não estão
em risco de extinção.
4.5.3.3. Flora
A vegetação da Área Diretamente Afetada caracteriza-se como arbórea-arbustiva em processo
de recuperação natural da mata secundária. Existem algumas árvores frutíferas, muitos
arbustos distribuídos de forma irregular pela área e muitas gramíneas no entorno do açude.
Abaixo segue a lista das possíveis espécies vegetais da Área Diretamente Afetada (Quadro
4.6), a partir do levantamento realizado em campo e das informações em dados secundários.
Quadro 4.6 - Lista das possíveis espécies vegetais da Área Diretamente Afetada
Nome científico Nome vulgar
Anadenanthera spp. Angico
Ipomoea subincana Batata-de-purga
Ouratea sp. Batiputá
Anacardiun occidentale Cajueiro
Senna spectabilis Canafístula
Copernicia prunifera Carnaúba
Psidium guajava Goiabeira
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Strychnos parvifolia Gulari
Calotropis procera Hortência
Abrus precatorius Jiriquiti
Cyperus articulatus Junco
Citrus spp. Limoeiro
Mangifera indica Mangueira
Chamaecrista ensiformis Pau-de-ferro
Boerhavia hirsuta Pega-pinto
Mouriri sp. Puça
Ipomoea asarifolia Salsa
Cryptostegia grandiflora Trepadeira
Eugenia sp. Ubaia
Spermacoce verticillata Vassourinha
A vegetação tem as funções ecológicas de fornecer oxigênio e captar gás carbônico, no
processo de fotossíntese, de abrigar uma grande quantidade de animais, desde pequenos
insetos até mamíferos de médio porte, de prevenir o escoamento superficial da água,
minimizar o processo erosivo do solo, fornecer alimento para diversos animais, dentre outras
funções.
Por efeito das obras de construção do HRM, das vias de acesso, estacionamento e estação de
tratamento, aproximadamente 1/4 das árvores que se encontram na área serão suprimidas,
bem como alguns espécimes arbustivos de pequeno porte que compõem a paisagem local. Por
esse motivo, o projeto deve compensar a supressão da vegetação.
4.5.4. Síntese conclusiva
O município de Maracanaú possui população atual de 179.732 habitantes, dos quais 99,69%
habitam a zona urbana, sendo, portanto, a quarta maior população e é o segundo município
em arrecadação de ICMS do Estado, já que detém o maior distrito industrial do Ceará, o que
lhe confere uma forte vocação industrial.
O Art. 18º da Lei 731, de 13 de julho de 2000, que aprova o Plano Diretor de
Desenvolvimento Urbano de Maracanaú (P.D.D.U.), estabelece para todo o município uma
única zona, denominada de Zona de Ocupação Urbana, dividida em três níveis: Zona de
Ocupação Urbana/Nível I - ZI, Zona de Ocupação Urbana/Nível II - ZII e Zona de Ocupação
Urbana/Nível III - ZIII, classificadas a partir do estágio de urbanização já existente, da oferta
de infraestrutura, das condições do meio ambiente e da oferta de equipamentos e serviços. O
50
Art. 18º possui ainda um Parágrafo Único, que define os Setores Especiais, considerados em
virtude das peculiaridades físicas, culturais, ambientais, institucionais e de desenvolvimento
do Município, e que requerem tratamento diferenciado para a sua consolidação.
A área direta do empreendimento, de acordo com o Zoneamento de Ocupação Urbana do
P.D.D.U., está na Zona de Ocupação Urbana/Nível II e possui um Setor Especial de Proteção
de Recursos Hídricos, área non edificandi. O parágrafo 24º, do Art. 3º da Lei 733/2000 define
a faixa non aedificandi como a limitação que não retira a propriedade nem impede que o dono
da terra a utilize em qualquer outro fim que não seja a edificação na faixa estabelecida, nela
ficando garantida a passagem de agentes da administração para verificação e proteção do
domínio público.
Pode-se observar, de acordo com o Zoneamento de Ocupação Urbana de Maracanaú, que a
AID do HRM encontra-se em vias de expansão urbana, que consequentemente ocorrerá de
forma mais acelerada com a presença do HRM. Na AID verifica-se ainda a presença do III
Distrito Industrial e o Setor Especial Industrial e o Setor de Interesse Institucional.
O sistema ambiental referente à AID do empreendimento corresponde ao Tabuleiro Pré-
Litorâneo de Pajuçara. Como foi possível verificar em campo, o terreno do empreendimento
possui uma pequena camada de sedimento argilo-arenoso sob o embasamento cristalino. No
Tabuleiro de Pajuçara estão os dois dos três Distritos Industriais localizados no município, ou
seja, o DIF I e o DIF III, além da forte concentração da atividade comercial e de serviços nos
arredores da CEASA, com lojas, escritórios, agências bancárias, cartórios e frigoríficos (onde
se localizam os abatedouros).
O clima da região de Maracanaú caracteriza-se como tropical quente sub-úmido, com
pluviometria média de 1.399,9 mm e com chuvas concentradas de janeiro a maio. A
temperatura média do ar para o município de Maracanaú durante o ano é de 27,5ºC, com
mínima de 26ºC e máxima de 29ºC. As taxas de evaporação média mensal para a Região
Metropolitana de Fortaleza (RMF) são menores no período compreendido entre os meses de
fevereiro a julho. A umidade relativa média mensal do ar mais significativa (maior ou igual a
80%) para RMF, como é de se esperar, ocorre nos meses de março, abril, maio (principal
período chuvoso dessa área), e nos meses de junho e julho, visto que existem anos em que a
chuva se estende até esses meses.
51
Tendo em vista, que o Distrito Industrial de Fortaleza III, localizado no setor nordeste do
terreno proposto para a instalação do empreendimento, é importante que exista um estudo
sobre a qualidade do ar atmosférico e sobre a propagação de poluentes oriundos das
indústrias, pois de acordo com a direção dos ventos, que seguem de leste à oeste, a Área
Diretamente Afetada pela construção do hospital corre riscos de ter a qualidade do ar
atmosférico afetada.
Cabe salientar, que a área do HRM não é atendida por rede de esgoto, sendo, portanto, um
fato de extrema importância para a implantação do hospital e que deve contar também com
uma estação de pré-tratamento dos efluentes hospitalar.
A área de implantação do empreendimento é um dos locais de Maracanaú em vias de
crescimento urbano, embora esteja próximo ao Distrito Industrial III. A Área Diretamente
Afetada do empreendimento encontra-se com sua vegetação conservada, com fragmentos de
mata preservada, que abrigam exemplares da fauna local.
Na visita de campo ao terreno sugerido para o HRM foi possível verificar a presença de
alguns animais e a partir de dados secundários foram listadas as possíveis espécies
encontradas na área, dentre aves, mamíferos, répteis e peixes.
A vegetação caracteriza-se como arbórea-arbutiva em processo de recuperação natural da
mata secundária. Existem algumas árvores frutíferas e muitos arbustos distribuídos de forma
irregular pela área e que por efeito das obras de construção do HRM, das vias de acesso,
estacionamento e estação de tratamento, as árvores que se encontram na área serão
suprimidas, bem como alguns espécimes de pequeno porte arbustivo, que compõem a
paisagem local. Por esse motivo, o projeto deve compensar essa supressão da vegetação.
4.6. Diretrizes ambientais para o projeto do HRM
As diretrizes ambientais sugeridas para o projeto do HRM têm como objetivo subsidiar os
projetos urbanístico, paisagístico, arquitetônico, hidráulico e de engenharia, buscando a
compatibilidade do empreendimento com as questões ambientais, atendendo a legislação
ambiental vigente e proporcionando melhorias para o empreendimento, para o ambiente e
principalmente para a população e para os funcionários do hospital. A proposta destas
diretrizes é de contribuir para o diferencial do projeto do HRM.
52
A gestão ambiental do empreendimento, atendendo a legislação ambiental vigente, torna-se
mais completa com a adoção de procedimentos norteadores ligados à questão ambiental, tais
como: Sistema de Gestão Ambiental (SGA), normas da Série ISO 14001 e a certificação
LEED for Healthcare (Quadro 4.7).
Quadro 4.7 - Procedimentos norteadores ligados à questão ambiental
Sistema de
Gestão
Ambiental
É o conjunto de responsabilidades organizacionais, procedimentos e
processos para administração da política ambiental nas organizações.
Série ISO
14001
Referem-se à padronização de procedimentos de qualidade que contemplam
um Sistema de Gerenciamento Ambiental que tem como base um Padrão
Internacional de Qualidade Ambiental e subsídios para execução de
Auditoria Ambiental nos processos produtivos das entidades.
Certificado
LEED for
Healthcare
As edificações interessadas em conquistar o selo LEED devem entrar com
pedido de certificação na Plataforma LEED Online. A edificação cadastrada
passa pelo processo de avaliação do GBC-Brasil - Conselho de Construção
Sustentável do Brasil, que, no Brasil, leva em conta sete quesitos:
- uso racional da água;
- eficiência energética;
- redução, reutilização e reciclagem de materiais e recursos;
- qualidade dos ambientes internos da edificação;
- espaço sustentável;
- inovação e tecnologia e
- atendimento a necessidades locais, definidas pelos próprios profissionais
da GBC, que variam de empreendimento para empreendimento.
O investidor terá um gasto maior em sua obra, estimado entre 1% e 7%,
para adequar a construção aos regramentos do LEED. No entanto, apesar
deste gasto inicial, ao cumprir as exigências para a aquisição do certificado,
como por exemplo, a redução de gastos com água, energia, qualidade do ar
interno, utilização de materiais renováveis, dentre outras medidas, o ganho
financeiro final chega a 15%.
Além do aumento da rentabilidade do empreendimento, o certificado LEED
traz benefícios de marketing, o que poderá obviamente potencializar os
ganhos, sem contar a sua vantagem principal, que é a própria conservação
do meio ambiente.
O investidor terá um gasto maior em sua obra, estimado entre 1% e 7%, para adequar a
construção aos regramentos do LEED. No entanto, apesar deste gasto inicial, ao cumprir as
exigências para a aquisição do certificado, como por exemplo, a redução de gastos com água,
energia, qualidade do ar interno, utilização de materiais renováveis, dentre outras medidas, o
ganho financeiro final chega a 15%.
53
Além do aumento da rentabilidade do empreendimento, o certificado LEED traz benefícios de
marketing, o que poderá obviamente potencializar os ganhos, sem contar a sua vantagem
principal, que é a própria conservação do meio ambiente.
Em busca de um projeto diferenciado, que responda além das exigências da legislação
pertinente a área de influência do empreendimento, atendendo os requisitos básicos para o
desenvolvimento sustentável das atividades, o presente Estudo de Viabilidade Ambiental
propõe algumas diretrizes ambientais, com base no diagnóstico ambiental e no sistema de
operação do hospital.
O empreendedor pode optar em atender apenas a legislação ambiental, respeitando as
obrigações básicas necessárias para a instalação do empreendimento, ou pode optar por um
empreendimento diferenciado do ponto de vista da responsabilidade socioambiental, com
certificação internacional de qualidade.
4.6.1. Projeto Urbanístico e Paisagístico
O projeto urbanístico e paisagístico do Hospital Regional Metropolitano deve atentar-se para
as questões ambientais elucidadas no presente Estudo de Viabilidade Ambiental, obedecendo
à legislação ambiental vigente e pertinente à área do empreendimento.
O projeto deve ter como ponto de partida o aproveitamento das qualidades que a natureza
proporciona, trazendo à tona a demonstração do conceito de preservação ambiental. A
paisagem, tendo fundamentalmente uma conotação espacial, traduz na sua fisionomia as
interações dos fatores naturais e antrópicos que estruturam e modificam o funcionamento dos
sistemas ambientais por ela configurados.
Outro fator que deve ser considerado no projeto está associado às funções microclimáticas da
área em questão, cuja melhoria advém das sombras e retenção de umidade proporcionada
pelas árvores, que permite o contato do usuário com elementos naturais. A implantação de
coberturas vegetais distintas cria uma série de ambientes diferenciados em uma área que, de
outra maneira, poderia ser um grande e inóspito descampado. As áreas verdes funcionam
como estruturadoras de espaço, gerando ambientes em escala compatível com a humana.
Abaixo, são apontadas as diretrizes ambientais para cada um dos aspectos do projeto
urbanístico e paisagístico relevantes do ponto de vista socioambiental.
54
4.6.1.1. Vias de acesso
As vias de acesso para o hospital devem ser arborizadas de forma adequada, respeitando o
tamanho dos espaços para o crescimento e expansão das árvores. As espécies devem ser
preferencialmente nativas como o angico, cajarana, ipê-roxo, ipê-amarelo, peroba, dentre
outras, que possuam flores coloridas, que atraem pássaros e outros animais polinizadores. As
árvores nos canteiros e passeios públicos devem ter a função de proporcionar sombra para os
pedestres, diminuir a sensação térmica e contribuir para a captação de gás carbônico oriundos
principalmente dos automóveis.
Com relação ao acesso ao hospital, deve-se preocupar também com a construção de ciclovias,
com a sua devida sinalização e com a construção de paradas de ônibus cobertas e com árvores
de sombra nas proximidades.
De acordo com o Art. 53, da Lei nº 1232, de 06 de julho de 2007, que dispõe sobre a Política
Ambiental do Município de Maracanaú e dá outras providências, o uso de bicicletas e dos
transportes coletivos é incentivado, especialmente as modalidades de baixo potencial
poluidor.
4.6.1.2. Coleta de resíduos sólidos
Outro ponto importante no projeto urbanístico é a coleta de resíduos sólidos da área externa
do hospital. Propõe-se que existam coletores seletivos de plástico, papel, metal, vidro e
orgânico, devidamente identificados, em pontos estratégicos na área externa do hospital. A
coleta deve ser realizada diariamente sob a responsabilidade da Secretaria de Infraestrutura e
Controle Urbano de Maracanaú, de forma que não exista acúmulo de lixo nos coletores.
4.6.1.3. Pavimentação
Um enorme problema das grandes cidades é a aridez encontrada em ruas, calçadas, calçadões,
estacionamentos, praças e parques, causados pelo uso excessivo do asfalto e do concreto para
cobrir o chão. Tais revestimentos, muitas vezes utilizados sem critério, impermeabilizam o
solo, fazendo, com que consequentemente a água demore muito tempo para infiltrar,
55
ocasionando alagamentos e enchentes. Portanto, sugere-se o uso de pedras graníticas e de
paralelepípedos para a pavimentação da área externa e para a área destinada ao
estacionamento do hospital.
A pavimentação da via de acesso ao hospital deve ser preferencialmente em pedra granítica,
pois diminui a sensação térmica e possibilita maior permeabilidade da água no solo. Enquanto
que na área destinada ao estacionamento sugere-se a utilização de paralelepípedos, pois eles
possuem poder de absorção da água de 50%. Por isso é bastante aconselhável, principalmente,
nos lugares com risco de inundações.
De acordo com o Art. 64, do Plano de Desenvolvimento Urbano de Maracanaú (Lei nº
733/2000), a pavimentação e a ocupação do setor de interesse de lazer deverá atingir taxa de
impermeabilização máxima igual a 15%, para a faixa de proteção e 35%, para a faixa de
ocupação com o uso de lazer.
4.6.1.4. Áreas verdes
Quanto mais área verde, melhor para o empreendimento, pois a vegetação consegue dissipar
energia solar, contribuindo para diminuir a sensação térmica e melhorar a circulação do ar.
Portanto, aconselha-se a utilização de árvores de sombra no estacionamento e ao redor do
hospital.
Áreas verdes ao redor do hospital formam um cordão verde, que funciona como uma barreira
de proteção das emissões do entorno, oriunda tanto dos automóveis, como também das
indústrias localizadas no Distrito Industrial de Fortaleza III.
A especificação das espécies vegetais dos jardins do hospital deve atender aos seguintes
critérios de escolha:
Preferencialmente espécies nativas;
Plantas que se adaptem bem às condições locais de luminosidade, que
cresçam rapidamente e sejam facilmente encontradas no mercado;
Plantas bem formadas, que produzam efeito imediato após o plantio;
Escolha de folhagem com colorido durante o ano todo.
Plantas atóxicas e livres de espinho;
Plantas perenes, para minimizar a manutenção dos jardins;
56
Plantas que possibilitem sombra;
Plantas com flores, que atraiam animais polinizadores.
Plantas que possam ser utilizadas como “cerca viva” na área do entorno do
terreno do HRM.
No setor de recepção do hospital, sugere-se que existam vasos com arbustos de pequeno
porte, principalmente próximo às janelas, para que as plantas recebam a luz natural.
As características do hospital exigem como complementação terapêutica e, pela própria
conceituação de treinamento dos técnicos, o acesso fácil de doentes (out-patients e in-
patients) aos espaços verdes adjacentes às áreas de tratamento e internação, que permitam a
realização de exercícios ao ar livre (RIBEIRO, 2007). Por esse motivo, sugere-se que na parte
externa do hospital exista uma área de lazer, de preferência nas proximidades do açude.
A partir de um projeto urbanístico e paisagístico e do Plano de Recuperação da Mata do
Entorno do açude é possível conciliar o bem estar dos pacientes, acompanhantes e
funcionários do hospital com a conservação da Área de Preservação Permanente do Entorno
do Açude e com a responsabilidade que o empreendimento tem com a questão ambiental.
De acordo com o Art. 3º, da Lei nº 733/2000, para o efeito de aplicação das normas de
parcelamento, uso e ocupação do solo, constantes desta Lei, as seguintes expressões ficam
assim definidas:
“XX - áreas verdes são as áreas do loteamento destinadas a praças,
jardins, faixas de preservação e outros fins da mesma natureza, visando
assegurar condições ambientais e paisagísticas, podendo ser parcialmente
utilizada para implantação de equipamentos comunitários.”
4.6.1.5. Iluminação pública
Uma boa iluminação pública aumenta a visibilidade, conforto e segurança pública dos
usuários do HRM à noite. Os postes devem ser de preferência dotados de lâmpadas LED`s,
que são ambientalmente mais corretas, se comparados às lâmpadas tradicionais de sódio e
mercúrio, pois não utilizam componentes tóxicos na sua fabricação, o que simplifica
consideravelmente o processo de descarte. Além disso, sua vida útil teórica é de pelo menos
50 mil horas, mais que o dobro das lâmpadas em uso atualmente. Isso permitirá reduzir o
57
número de manutenções e dos custos. Esse tipo de lâmpada permite uma reprodução de cores
muito superior à das lâmpadas de sódio, melhorando a percepção de elementos na paisagem
urbana.
Aconselha-se que não se plantem árvores próximas aos postes de iluminação, para não
impedir a passagem de luz. Sugere-se também que a fiação de energia e de iluminação pública
seja subterrânea, por melhorar tanto a questão estética e como também para não ter problemas
com as podas das árvores.
4.6.1.6. Irrigação
Para a preservação das implantações feitas pelo projeto paisagístico, com a adição de novas
árvores, forrações e jardins, um projeto de irrigação deve permitir a correta irrigação de cada
área verde no HRM.
O sistema poderá funcionar através de uma rede de aspersores interligados controlados
automaticamente por dispositivos eletrônicos e sensores de chuva que acionam o
funcionamento dos aspersores de acordo com a programação e a necessidade de água para o
dia. Propõe-se que a água necessária para a irrigação seja proveniente de poços profundos
com bombas submersas que irão recalcar a água para cisternas, que armazenam água pluvial,
sendo no subsolo a localização das casas de bombas e cisternas.
Um programa de irrigação deverá ser elaborado, observando-se tecnicamente as condições
climáticas e as peculiaridades de cada espécie quanto à quantidade necessária de água.
4.6.2. Projeto Arquitetônico
Os empreendimentos que desejam alcançar resultados positivos devem vincular a imagem de
sua empresa à proteção do meio ambiente. Essa iniciativa das empresas não é apenas o
resultado do entendimento da necessidade de conservação do meio ambiente, por parte dos
empresários, mas também, obediência em atender às leis ambientais e colaborar com o
desenvolvimento sustentável.
Um hospital pode ser muito confortável sem levar em consideração as questões ambientais,
porém, ele pode ser igualmente confortável levando em consideração as questões ambientais
que são atualmente um desafio social de todos os setores.
58
A arquitetura pode levar em conta os recursos naturais e estar adequada ao meio ambiente ao
mesmo tempo garantindo conforto e qualidade em ambientes hospitalares. Antes de tudo, os
projetos devem assegurar segurança e principalmente bem estar para os pacientes,
acompanhantes e funcionários do hospital. Atualmente, experiências mostram que é possível
causar menos impacto ambiental optando-se pela construção e prédios “verdes” e ao mesmo
tempo garantir a qualidade e segurança dos ambientes hospitalares.
Para Corbella (2003), uma pessoa está confortável em um ambiente quando se sente em
neutralidade em relação a ele. No caso dos edifícios hospitalares, a arquitetura pode ser um
instrumento terapêutico se contribuir para o bem-estar físico do paciente com a criação de
espaços que, além de acompanharem os avanços da tecnologia, desenvolvam condições de
convívio mais humana (MARTINS, 2004).
De acordo com a certificação Edifício Verde Einstein, na Unidade Morumbi, um edifício
"verde" permite redução de custos em energia e água entre 15% e 25% em relação a um
edifício normal, redução de 70% da emissão de óxido nitroso, de 50% da emissão de gás
carbônico e de 20% de combustível para o aquecimento de água, o que torna o investimento
neste tipo de construção interessante, não apenas do ponto de vista da sustentabilidade
ecológica.
O trabalho em hospitais "verdes" tende a ser mais produtivo do que o realizado em ambientes
tradicionais. Aumentam o desempenho e a motivação dos profissionais e podem levar à
melhores resultados no tratamento dos pacientes. Profissionais da saúde tendem a preferir
estes hospitais para trabalhar, em detrimento dos demais, particularmente o pessoal de
enfermagem. Gestores de enfermagem afirmam que o design de um hospital influi
diretamente sobre a capacidade de recrutamento e manutenção de profissionais da área,
influindo também sobre a sua produtividade e satisfação no trabalho.
4.6.2.1. Iluminação interna do hospital
O clima tropical do Brasil proporciona condições para um maior aproveitamento da luz
natural no interior das edificações. Além do mais, segundo Corbella (2003), a iluminação
natural traz benefícios para a saúde, porque dá a sensação psicológica do tempo, tanto
cronológico quanto climático, no qual se vive. A luz artificial, necessária à noite e nos dias
59
nublados, deve ser vista sempre como uma complementação e nunca como uma substituição
da natural.
A luz determina a cor, isto é, qualquer luz natural ou artificial que cai sobre uma superfície
colorida afeta sua aparência. Assim, como o sabor e o cheiro são sensações, a cor também é
resultado de uma sensação individual.
A sensação térmica provocada pela cor pode ser utilizada para melhorar as condições
higrotérmicas de um ambiente. Para um ambiente seco, cores de conotação úmida – como as
verdes mais escuras – são recomendadas, enquanto uma atmosfera úmida será menos
desagradável com cores ditas secas – como o vermelho e o alaranjado.
A cor pode unificar o espaço, como no caso de um ambiente com muitas aberturas e formas
irregulares: uma única cor aplicada diminuirá as assimetrias e evitará que o olho seja atraído
para esses defeitos. Ela pode, ainda, dividir um ambiente, quando se tem duas partes de um
mesmo espaço com cores diferentes. No caso de cores alternadas, ao provocar um ritmo
variado, transmitem animação ao espaço.
As pessoas com problemas respiratórios sentem-se mais à vontade em quartos azuis, pois essa
cor dá a sensação de maior volume de ar. Déoux e Déoux (1996) não recomendam um
ambiente monocromático, porque extensas superfícies de cor pura solicitam de modo
exagerado e uniforme a retina, o que provoca cansaço visual e tendência à desconcentração.
O verde, por exemplo, é mais apropriado para as batas cirúrgicas e os campos operatórios
porque proporciona conforto visual aos cirurgiões pela complementaridade da cor do sangue,
visualizada durante muito tempo. Por isso, não é recomendado, nos centros cirúrgicos, a
monocromia, que solicita grande esforço da retina, provocando cansaço visual.
Uma cor pode dominar o ambiente, mas é preciso introduzir e distribuir pequenas superfícies
da cor complementar.
Os tetos brancos nos hospitais deveriam ser evitados, principalmente nos ambientes de
circulação de macas, porque criam a sensação de afastamento, de vazio, já que é a visão
predominante do doente deitado. Já o verde e o azul claros serão mais tranquilizadores.
Nos hospitais, é fundamental a análise das necessidades dos possíveis usuários de cada setor
para elaborar o estudo cromático mais adequado.
60
Com a finalidade de adequação do espaço aos níveis corretos de luminosidade, aproveitar a
luz natural revela-se não só a opção mais saudável, como a mais rentável. O que não significa,
simplesmente, abrir as janelas e deixar a luz entrar: O máximo de luz natural deve ser
aproveitado sem que isso crie ofuscamento ou eleve a temperatura do ambiente.
Sugere-se também, a utilização de lâmpadas LED’s nos corredores e em alguns setores do
HRM.
4.6.2.2. Climatização
A ventilação natural é uma eficiente opção de projeto para regiões com clima tropical ou
quente-úmido, garantida pela conjugação dos seus princípios básicos: diferença das pressões
causadas pela dinâmica dos ventos e diferenças térmicas (efeito chaminé) do meio; devendo, a
mesma, ser considerada em todo o processo do projeto, inclusive na concepção. Destaca-se
ainda a ventilação natural, pois, além de melhorar o conforto térmico e a qualidade do ar
interno, promove a troca térmica da estrutura do edifício, resfriando-o e diminuindo os gastos
de energia com sistemas de climatização artificial.
Em hospitais, a ventilação natural atinge outro patamar de importância se comparada com
edifícios comerciais ou residenciais, pois naqueles são exigidos altos níveis de assepsia.
Segundo Lima (2003): “generalizar o ar condicionado cria uma despesa constante e, gera um
problema pior para o hospital, já que ambientes herméticos são a condição ideal para a
proliferação das bactérias patogênicas, que se reforçam na medida em que começam a
conviver com antibióticos”.
Na Rede de Hospitais Sarah, os sistemas de ventilação naturais priorizam ventilação vertical,
ou seja, o ar entra pelas galerias de manutenção, passa nos ambientes acima e, posteriormente,
é extraído pelas bocas dos sheds. Para garantir a eficiência do sistema, na maioria dos
hospitais da Rede, os sheds estão posicionados de maneira a conjugar o efeito de sucção com
o efeito chaminé. Segundo Bittencourt (2006), os sheds são mais eficientes quando funcionam
como saída do ar, porque a média da velocidade de ar interna pode ser aumentada em cerca de
40% (GANDEMER et. al., 1989 apud BITTENCOURT et. al., 2006).
Em programa hospitalar, circulação de pacientes, equipes médicas e funcionários têm de ser
bem equacionada para evitar infecção hospitalar, evitando assim cruzamento de fluxos
incompatíveis. Portanto, a infraestrutura do edifício (tubulações de gases medicinais, água,
61
esgoto, elétrica, pluvial) deverá estar bem resolvida de modo a garantir o bom funcionamento
do edifício, devendo ser considerada também a flexibilidade construtiva a fim de permitir
ampliações futuras e alterações de layout.
Para evitar o hermetismo dos ambientes e os problemas ocasionados pela manutenção dos
sistemas climatizados artificialmente, o Arquiteto João Filgueiras Lima (Lelé) propõe
hospitais abertos, visto que o sistema de ar-condicionado, além de ser muito caro,
representando 30% do custo total da obra, excedendo ainda com gastos com manutenção e
consumo elétrico desse sistema. No hospital Sarah Salvador, a média mensal do consumo
energético, sem a utilização de ar-condicionado, é de R$ 90.000,00. Se, no entanto, o hospital
fosse totalmente climatizado seria de aproximadamente R$ 600.000,00, 6 vezes maior. Ainda
por cima, o hospital aberto torna-se a melhor solução para diminuir a infecção hospitalar e
brindar ambientes agradáveis para a recuperação (LIMA, 2003, 2006).
No entanto, tendo em vista, que no entorno do HRM localiza-se o Distrito Industrial de
Fortaleza III e o tráfego de automóveis é bastante intenso, sugere-se que seja realizado um
estudo sobre a direção dos ventos e a sua captação, bem como uma análise da qualidade do ar
atmosférico da área, antes mesmo da implantação do empreendimento. Deve ser realizado
também o monitoramente da temperatura, taxa de evaporação e umidade da área. Embora seja
muito econômico priorizar a ventilação natural é preciso saber, primeiramente, se é possível
utilizar essa ventilação, sem que afete o conforto das pessoas.
Deve-se atentar para a localização dos ambientes flexíveis do hospital, para que estejam
sempre adjacentes a jardins e a espelhos d´agua, pois estes amortecem a radiação solar e,
consequentemente, evitam o rápido aquecimento do ar. Ao mesmo tempo, os jardins internos
favorecem a integração do paciente as áreas externas de reabilitação. Os ambientes flexíveis
servem também de transição entre áreas ventiladas artificialmente e áreas com ventilação
natural.
A ventilação natural, quando viável, deve ser priorizada como organizador do edifício e desde
a concepção do projeto básico arquitetônico. Em hospitais observam-se, principalmente, os
ambientes flexíveis (ventilados naturalmente) e os especiais (ventilados artificialmente),
considerando sua natureza e exigências técnicas. Por conseguinte, a setorização do programa
em ambientes flexíveis torna-se uma ótima estratégia, visto que permite a interação da
ventilação natural com a mecânica e artificial.
62
Propõe-se ainda a criação de jardins na cobertura do prédio, pois isso permite reduzir o calor
no seu interior.
4.6.2.3. Instalações Hidráulicas e Sanitárias
Conforme ressaltam Gonçalves e Oliveira (1997), a conservação de água em edifícios
apresenta vários benefícios, dentre os quais se destacam: possibilidade de aumento do número
de usuários atendidos com a mesma oferta de água; redução de investimentos na busca da
água originada longe dos centros urbanos; preservação dos recursos hídricos disponíveis;
redução do pico de demanda através da otimização de equipamentos e tubulações; diminuição
do volume de águas residuárias, implicando redução de investimento em seu tratamento; além
de redução da demanda de energia elétrica no sistema de fornecimento, coleta e tratamento de
esgoto.
Para o sistema de captação de águas pluviais devem ser colocadas calhas para captação das
águas que serão armazenadas em cisternas e utilizadas nas descargas dos sanitários, torneiras,
onde não seja necessário que a água seja tratada, e nos jardins gerando uma economia de 30 a
40% de economia de água.
Instalar nos banheiros torneiras com sensor de presença e válvulas de descarga fluxo duplo é
uma medida economizadora que proporciona a economia de água, conforto e higiene,
minimizando os custos e contribuindo com a diminuição do consumo de água.
A válvula de descarga fluxo duplo (6 litros para sólidos, 3 litros para líquidos) para os
banheiros permite controle de fluxo com economia e favorece a sensibilização ambiental do
consumo consciente.
4.6.2.4. Drenagem
O projeto de drenagem do HRM deve considerar diversas etapas como: a análise da área de
contribuição a ser drenada; o estudo hidrológico da região; a topografia da região; o projeto
urbanístico a ser implementado; a conformidade com os greides projetados e existentes das
avenidas próximas e o tipo de galeria a ser utilizado.
Para a sugestão de diretrizes ambientais sobre a drenagem na ADA do empreendimento é
necessária à análise do projeto de drenagem.
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Previamente, o que é possível propor é um projeto de drenagem pluvial, que deve ser
implantado durante a fase de implantação do empreendimento e na etapa de acabamento da
edificação, contendo as estruturas hidráulicas para condução e retenção de águas pluviais em
cisternas, que deverão ter ligação com o sistema de irrigação dos jardins e se possível com os
banheiros.
O escoamento da água superficial deverá ter sistema de drenagem específico e ter ligação com
a rede de esgoto.
4.6.2.5. Revestimento do prédio
Aconselha-se que o revestimento utilizando no prédio seja de alumínio e com esquadrias do
metal, que podem ser construídas a seco, causando menos impacto ambiental. Ou seja, apenas
são montadas no local, trazendo rapidez à construção e menor desperdício de materiais (sem
gasto de água para produção de cimento, por exemplo). Além de proporcionarem uma
construção limpa, os painéis de alumínio são uma escolha sustentável para o revestimento de
fachadas e comunicação visual, se puderem ser reciclados.
As fachadas de vidro sustentadas por esquadrias de alumínio também são opções sustentáveis,
devido às inovações tecnológicas que minimizam a entrada de calor e, assim, gastos
excessivos com energia elétrica para manter o ar-condicionado. Os vidros podem tanto ser
refletivos quanto ter aplicações de películas especiais que vedam a passagem de calor, mas
permitem a entrada de luminosidade.
4.6.2.6. Heliponto
Para a construção do Heliponto é necessário um Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV), cuja
solicitação fica a critério da SEMAM, de acordo com o Art. 12, da Lei Municipal nº
1.232/2007, a qual esclarece que alterações do meio ambiente que acarretem impactos
ambientais serão prevenidas ou reprimidas pelo Poder Público, através de medidas que visem
à preservação ou manutenção das condições de qualidade ambiental.
De acordo ainda com o Parágrafo Único, do mesmo artigo, a Secretaria de Meio Ambiente -
SEMAM e o Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente – COMDEMA, poderão
exigir estudos das alternativas minimizadoras do impacto ambiental, inclusive incômodo à
64
vizinhança (EIV), Planos de Controle Ambiental – PCA e Plano de Recuperação de Áreas
Degradadas – PRAD, quando não for cabível EIA/RIMA, especialmente na instalação de
atividades potencialmente geradoras de impactos de vizinhança, definidos em lei:
I - por ruídos ou sons;
II - por riscos de segurança;
III - por poluição atmosférica;
IV - por poluição visual;
V - por resíduos com exigências sanitárias, de acordo com as normas estabelecidas na
Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo - LUOS e demais normas legais e
regulamentares pertinentes.
4.6.3. Aspectos ambientais durante a fase de construção do HRM
A preparação do terreno para implantação do hospital envolve serviços preliminares que
contemplam remoção de parte da vegetação, destocamento e limpeza, canalização de águas
pluviais, serviços de terraplenagem, empréstimo e bota-fora, aterro, definição da inclinação
dos taludes de corte e aterro, medidas de proteção dos taludes, muros de arrimo e paredes de
contenção.
Abaixo foram listadas apenas algumas dessas atividades, cujos impactos ambientais são
geralmente mais significativos e merecem mais atenção.
4.6.3.1. Terraplenagem
É usual que o responsável pela terraplenagem, pautado pela produtividade, execute
simultaneamente movimentos de terra em toda a área do empreendimento, com cortes e
aterros para construção do sistema viário e das quadras. Essa prática deixa os terrenos sem
proteção superficial até o início efetivo das obras, o que usualmente acarreta intensa e extensa
aceleração do processo erosivo. Tal prática precisa ser modificada, pois seus resultados são
ambientalmente bastante impactantes, inclusive elevando o custo do empreendimento para o
usuário, para o próprio empreendedor e para o Poder Público.
A exposição de solos é provavelmente um dos mais abrangentes causadores de danos
ambientais no período de obras. Seus efeitos transcendem a área da construção do
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empreendimento, atingindo o entorno e contribuindo, não raro, para problemas gerais que se
verificam na cidade como um todo. Solos expostos durante chuvas são transportados,
assoreando drenagens naturais ou construídas, favorecendo-se a ocorrência de inundações.
É necessária a instalação de sistemas provisórios de drenagem para o período de obras,
compreendendo aparatos capazes de reter pelo menos o solo eventualmente erodido na
própria área e evitar processos erosivos nos terrenos circunvizinhos.
É também importante aplicar tratamento superficial aos taludes que dispensem obras de
contenção, tão logo eles atinjam sua configuração final. O tratamento normalmente é feito
com o plantio de gramíneas ou, ainda, conforme a configuração geométrica e a qualidade dos
solos, com tela de argamassa. Taludes devem ainda receber, assim que possível, caneletas de
drenagem de crista e de pé.
Cabe alertar que os sistemas de drenagem executados tendem a receber solo particulado em
quantidades expressivas, tendo em vista a permanência de áreas com solo desprotegido. É
necessário assegurar que, ao término das obras, proceda-se uma cuidadosa inspeção do
sistema, recuperando eventuais trechos assoreados ou obstruídos, pois somente assim ele
funcionará, evitando alagamentos e inundações. A mesma recomendação se estende à fase de
ocupação do empreendimento.
Um problema ambiental também associado à permanência de solos expostos diz respeito à
geração de poeira para o entorno, devido à movimentação de veículos no interior da obra, o
que leva à necessidade, nos casos aplicáveis, de adoção de rotina de aspersão de água nos
trechos mais utilizados para circulação.
Outro aspecto bastante relevante para a adoção de projetos e procedimentos mais detalhados
para os movimentos de terra diz respeito à própria segurança dos operários e também de
moradores do entorno das áreas sob intervenção. Não são raros os acidentes envolvendo
soterramento de operários ou de escorregamentos atingindo imóveis no entorno das áreas em
obras. Escavações junto a construções vizinhas também podem ocasionar danos a construções
existentes. Os riscos devem ser previstos e equacionados com antecedência, com os
moradores, assegurando-se a reparação de eventuais danos causados.
A terraplenagem extrapola os movimentos de terra para construção das edificações, drenagem
e redes de infraestrutura. Abrange também as atividades minerarias para obtenção do material
de empréstimo (solo e rocha), utilizados na construção.
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Considerando as atividades de terraplenagem, tanto nos movimentos de terra para construção
das redes de infraestrutura como para as edificações, recomendam-se os seguintes
procedimentos que propiciem uma abordagem ambiental integrada:
Reduzir a exposição do solo, evitando terraplenagem simultânea em toda a
área e exigir proteção superficial (vegetal e de drenagem), de acordo com as
características geotécnicas do terreno;
Estabelecer um programa de terraplenagem que considere incômodos por
ruídos, vibrações e poeira, além de risco de acidentes e danificação de
construções circunvizinhas;
Prever, em áreas de empréstimo, a recuperação e, eventualmente, a reabilitação
do local.
4.6.3.2. Emissões sonoras
Para a instalação do empreendimento serão necessários serviços de terraplenagem,
asfaltamento, construções e alargamento de vias. Isto demandará equipamentos de construção
civil (tratores, rolos compactadores, britadeiras, caminhões, etc.) que, em geral, emitem uma
pressão sonora equivalente a 90 dB(A) (no caso de britadeira) medidos a 7 metros de
distância.
Recomenda-se que os equipamentos utilizados durante a obra, tais como geradores de energia,
britadeiras, entre outros, sejam dotados de atenuação acústica e que as vias de acesso e
trânsito desses equipamentos estejam em bom estado de conservação, de modo a evitar o
ruído de impacto nas caçambas. Além disso, sugere-se que os níveis de ruído obedeçam aos
horários determinados por lei.
A fixação de níveis de ruído, definidos para as diversas zonas de uma cidade, em função do
uso do solo, é uma medida utilizada para controlar a poluição acústica. Assim, são
recomendados diversos níveis máximos de ruídos para os vários usos, os quais dependem,
também, do período em que os mesmos são emitidos.
Cabe destacar que a Lei nº 6.938/81, que “dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências” tem
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sido acatada como regulamento da Constituição Federal no campo do meio ambiente,
detalhando a distribuição de competências entre os entes da Federação.
A emissão de sons e ruídos em níveis que causam incômodos às pessoas e animais e que
prejudica, assim, a saúde e as atividades humanas, enquadra-se perfeitamente no conceito de
poluição legalmente aceito no Brasil, o qual é, também, de consenso do meio técnico.
A legislação ambiental disciplina o controle da poluição de um modo geral, por exemplo,
obrigando o licenciamento ambiental de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras,
entre elas as que emitem elevados níveis de sons, ruídos e vibrações.
Com relação à poluição sonora, duas leis são importantes, a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de
1981, citada anteriormente, e a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 que “dispõe sobre as
sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente,
e dá outras providências”, cujo Art. 54 considera crime “causar poluição de qualquer natureza
em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem
a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora”. Como a poluição sonora pode
causar danos à saúde humana, afetando os sistemas auditivo e nervoso das pessoas, pode
aquele que a provocar ser enquadrado no disposto nesse artigo da lei, sujeitando-se a pena de
reclusão de um a quatro anos, além de multa.
O inciso VIII do art. 30 da Constituição Federal incumbe ao Município “promover, no que
couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do
parcelamento e da ocupação do solo urbano”. A ocorrência de poluição sonora nas áreas
urbanas só ocorre, portanto, ou com o consentimento do poder público municipal, ou pela
ineficiência ou negligência dele.
O Art. 8º, da Lei Municipal de Maracanaú nº 1.232, de 06 de julho de 2007, determina que
compete a SEMAM, como órgão ambiental do município, de acordo com o parágrafo VIII,
exercer o controle das fontes de poluição, garantindo o cumprimento dos padrões de emissão
estabelecidos.
Levando em consideração os aspectos da legislação acima expostos, deve ser procedida a
medição sonora com o intuito de verificar se algum equipamento ou máquina utilizado na
execução construção do HRM gera poluição acústica, causando desconforto para os
moradores das residências localizadas em seu entorno e se, caso existir, devem ser tomadas as
devidas medidas mitigadoras.
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4.6.3.3. Efluentes atmosféricos
Em uma construção, as principais fontes geradoras de efluentes atmosféricos são concentradas
nos equipamentos e máquinas utilizadas e nos serviços de demolição e terraplenagem, durante
a demolição e limpeza da área. Essas atividades produzem poeiras fugitivas, e devem ser
amenizadas com a aguação da área, evitando-se, assim, a geração de partículas a serem
carreadas pelo vento e pelas águas de chuvas. .
De acordo com o Art. 45, da Lei Municipal nº 1.232/2007, são estabelecidos para todo o
município os padrões de qualidade do ar indicados na legislação e normas técnicas em vigor.
O Art. 49, da mesma lei, esclarece ainda que não será concedida licença de operação ao
empreendimento ou atividade causadora de poluição atmosférica que não tenha implantado
sistema de controle desta poluição.
4.6.3.4. Efluentes líquidos da Construção Civil
O sistema de coleta, drenagem, tratamento e disposição final dos efluentes deverão ser
divididos em:
Águas pluviais:
A água de chuva, oriunda de áreas limpas, deverá ser encaminhada para o sistema de
drenagem de águas pluviais e posterior descarte no corpo d’água mais próximo, sem a
necessidade de tratamento.
Águas contaminadas:
As águas contaminadas deverão ser coletadas em um sistema de drenagem diferenciado do
sistema de águas pluviais, permitindo que as mesmas não se misturem. Os efluentes da
produção de concreto devem ser coletados em um tanque de decantação para permitir a
deposição dos sólidos como resíduo inerte, com posterior reutilização da água para atividades
secundárias, tal como, por exemplo, a umidificação das vias de acesso às instalações do
canteiro de obras.
Águas oleosas:
Os efluentes oleosos coletados das operações de manutenção de veículos e máquinas (óleos
lubrificantes e hidráulicos) deverão ser encaminhados para o canteiro de obras central, onde
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serão contidos em embalagens apropriadas, para posterior encaminhamento para empresas
especializadas em re-refino.
Esgotos sanitários.
Os sistemas de drenagem de águas pluviais e/ou de esgotamento sanitário e/ou de óleos,
graxas etc. deverão ser individualizados, sendo vedada a interligação entre quaisquer deles.
O local escolhido para instalação do canteiro de obras não deverá interferir expressivamente
com o sistema de saneamento básico local, sendo necessário contatar as prefeituras e
concessionárias de água e de esgoto para qualquer intervenção em suas áreas e redes de
atuação.
A área a ser escolhida para instalação do canteiro de obras principal deverá ter como requisito
básico o tipo de solo, como a capacidade de percolação do solo, a composição química do
solo constituinte, além da sua saturação. Outro requisito básico é a distância entre o sistema
de tratamento de esgotos sanitários e o lençol aquífero (ABNT, 1997).
Os efluentes líquidos domésticos e sanitários gerados nos canteiros de apoio deverão ser
tratados em fossas sépticas, as quais, de preferência, devem ser seguidas de filtro anaeróbio,
como tratamento complementar. O filtro anaeróbio é um reator biológico onde o esgoto é
depurado por meio de micro-organismos não aeróbios, dispersos tanto no espaço vazio do
reator quanto nas superfícies do meio filtrante, sendo este mais utilizado como retenção dos
sólidos (ABNT, 1997).
A manutenção dos equipamentos e das máquinas deverá ser realizada regularmente, e no
manuseio deverão ser observados todos os procedimentos de segurança evitando qualquer tipo
de vazamentos de óleos, graxas e combustíveis.
Mesmo existindo infraestrutura local, os efluentes gerados no canteiro de obras não deverão
ser despejados diretamente nas redes de águas pluviais, sem que haja aprovação prévia dos
órgãos municipais. No caso de não existir infraestrutura local, deverão ser previstas
instalações completas para controle e tratamento de efluentes líquidos, com o uso de fossas
sépticas seguidas de filtro anaeróbio.
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4.6.3.5. Resíduos Sólidos da Construção Civil
A geração dos Resíduos da Construção Civil – RCC se deve, em grande parte, às perdas de
materiais de construção nas obras através do desperdício durante o seu processo de execução,
assim como pelos restos de materiais que são perdidos por danos no recebimento, transporte e
armazenamento. Além das construções, as reformas, ampliações e demolições são outras
atividades altamente geradoras de RCC.
A Resolução Nº 307 do CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente), que estabelece
diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil, define
Gerenciamento de resíduos como:
“o sistema de gestão que visa reduzir, reutilizar ou reciclar resíduos,
incluindo planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos e
recursos para desenvolver e implementar as ações necessárias ao
cumprimento das etapas previstas em programas e planos.”
Com o adequado gerenciamento ambiental é possível à proteção da biodiversidade, o controle
do uso de recursos naturais, a recuperação da qualidade do meio ambiente, assegurando a
produtividade dos recursos e o desenvolvimento social e nesse contexto está incluso o
gerenciamento de resíduos sólidos.
Para execução da obra, ume o obrigatório um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos da
Construção Civil (PGRSCC). Todo resíduo da obra deve ser adequadamente alocado e levado
a local próprio para seu depósito, ficando a cargo do órgão ambiental responsável direcionar
os locais adequados para receber esses resíduos.
Em 05 de julho de 2002 o CONAMA publicou a Resolução n° 307, que dispõe sobre
diretrizes, critérios e procedimentos para o gerenciamento dos resíduos da construção civil. A
resolução indica como instrumento básico para sua implementação o Plano Integrado de
Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, de responsabilidade dos municípios,
incorporando um Programa Municipal e Projetos de Gerenciamento, de forma a envolver
como corresponsáveis o Poder Público, os geradores e os transportadores desses resíduos.
A Resolução CONAMA no 005/1993 define resíduos sólidos como: resíduos nos estados
sólido e semissólido que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar,
comercial, agrícola e de serviços de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos
provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e
71
instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades
tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam
para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia
disponível.
Segundo a Classificação dos Resíduos, conforme a Resolução nº 307/2002 – CONAMA os
resíduos da construção civil são classificados em quatro tipos:
Classe A: são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como: de
construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de
infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem; de construção,
demolição, reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos (tijolos,
blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto; de processo de
fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meios-
fios etc.) produzidas nos canteiros de obras.
Classe B: são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos,
papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros.
Classe C: são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou
aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem/recuperação, tais
como os produtos oriundos do gesso.
Classe D: são os resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como:
tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles contaminados oriundos de demolições,
reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros.
As destinações corretas segundo o tipo de resíduo segue descrita abaixo:
Classe A: deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados, ou
encaminhados a áreas de aterro de resíduos da construção civil, sendo dispostos de
modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura.
Classe B: deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de
armazenamento temporário, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou
reciclagem futura.
Classe C: deverão ser armazenados, transportados e destinados em conformidade com
as normas técnicas especificas.
72
Classe D: deverão ser armazenados, transportados, reutilizados e destinados em
conformidade com as normas técnicas especificas.
Os resíduos devem ser separados de acordo com a sua classificação (A, B, C e D) e
depositados nas áreas específicas previstas em um Projeto do Canteiro de Obras. A separação
facilita a remoção e o encaminhamento à destinação diferenciada, além de diminuir os custos
de remoção dos resíduos. Recomenda-se também a reciclagem de alguns materiais na própria
obra, enquanto os resíduos que não podem ser reutilizados ou reciclados no local são
organizados adequadamente no canteiro até o seu transporte.
Propõe-se a realização de palestras sobre consumo consciente e como separar adequadamente
os resíduos gerados na construção para os operários da obra. Os resíduos devidamente
separados poderão ser vendidos para gerar lucros para a empresa e/ou operários da
construção.
4.6.4. Aspectos ambientais relacionados às atividades no hospital
4.6.4.1. Esgotamento hospitalar
Os efluentes líquidos hospitalares caracterizam-se como possíveis veículos de disseminação
de inúmeros microrganismos patogênicos, além de apresentarem grandes concentrações de
antibióticos e medicamentos excretadas pelas vias urinária e fecal de pacientes. Sendo assim,
quando não tratados são importantes contaminantes de mananciais de água potável, tanto
superficial quanto subterrânea, e linhagens multirresistentes de antibióticos podem representar
riscos à saúde pública se atingirem o sistema de abastecimento (VECCHIA; THEWES;
HARB NAIME & SPILKI, 2009).
Os autores supramencionados ressaltam ainda que os riscos à saúde pública, que são
concernentes à eliminação do esgoto hospitalar sem tratamento no ambiente, abrangem desde
o simples lançamento de bactérias e vírus patogênicos até a disseminação de fatores de
resistência a antibióticos selecionados no hospital. Isso sem levar em consideração os
produtos químicos e medicamentos presentes nesse tipo de esgoto.
No Brasil há uma série de legislações e normatizações sobre a questão dos resíduos sólidos,
tanto urbanos quanto hospitalares. Todavia carece ainda de uma melhor destinação para o
esgoto oriundo de hospitais. Embora no Brasil o assunto dos resíduos sólidos tenha entrado no
cenário legal e normativo por meio da Resolução nº 05/93 do CONAMA – que estabelece
critérios para o gerenciamento de resíduos sólidos oriundos de serviços de saúde, portos,
73
aeroportos, terminais rodoviários e ferroviários –, ainda não há um claro esforço no intuito de
gerar normativas para a questão do esgoto hospitalar.
Propõe-se que exista uma estação de pré-tratamento dos efluentes produzidos no HRM, que
seja de baixo impacto ambiental e de baixo custo. Essa estação terá o objetivo de tratar todo o
esgoto gerado no hospital (inclusive o dos banheiros) para que então possa ser destinado à
rede pública de esgoto. Juntamente com a estação de pré-tratamento deve existe uma bacia de
decantação de resíduos, cujos resíduos sólidos devem ser regularmente coletados e enviados
para o aterro sanitário ou ter tratamento adequado de compostagem.
4.6.4.2. Resíduos de Serviço de Saúde (RSS)
De acordo com a RDC ANVISA nº 306/04 e a Resolução CONAMA nº 358/2005, são
definidos como geradores de RSS todos os serviços relacionados com o atendimento à saúde
humana ou animal, inclusive os serviços de assistência domiciliar e de trabalhos de campo;
laboratórios analíticos de produtos para a saúde; necrotérios, funerárias e serviços onde se
realizem atividades de embalsamamento, serviços de medicina legal, drogarias e farmácias
inclusive as de manipulação; estabelecimentos de ensino e pesquisa na área da saúde, centro
de controle de zoonoses; distribuidores de produtos farmacêuticos, importadores,
distribuidores produtores de materiais e controles para diagnóstico in vitro, unidades móveis
de atendimento à saúde; serviços de acupuntura, serviços de tatuagem, dentre outros similares.
A disposição inadequada dos RSS pode ocasionar a poluição biológica, física e química do
solo, da água (subterrânea e superficial) e do ar; e a disseminação de doenças. O manuseio
inadequado pode provocar lesões infecciosas provocadas por objetos perfurocortantes; risco
de infecção fora dos serviços de saúde; infecção hospitalares.
Segundo dados da OMS (Organização Mundial de Saúde) e OPAS (Organização Pan-
Americana da Saúde), 50% das infecções hospitalares são evitáveis (medidas adequadas de
saneamento e manejo de RSS). De acordo com Conselho Nacional do Meio-Ambiente -
CONAMA (1993) as ações preventivas são menos onerosas e minimizam os dados à saúde e
ao meio ambiente.
Desde a primeira norma sobre classificação de resíduos sólidos (NBR 10.004/1987), a
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) já produziu muitas iniciativas de
normatizações específicas dos serviços de saúde, tais como: NBR 12.807/1993, que trata
sobre a terminologia dos resíduos do sistema de saúde; NBR 12.808/1993, sobre classificação
74
de resíduos dos serviços de saúde; NBR 12.809/1993, com normatizações sobre formas de
manuseio de resíduos dos serviços de saúde; NBR 12.810/1993, quanto à coleta dos resíduos
dos serviços de saúde em geral; NBR 13.853/1997, sobre coletores para resíduos de serviços
de saúde perfurantes ou cortantes – requisitos e métodos de ensaio; NBR 14.652/2001, a
respeito de coletor-transportador rodoviário de resíduos de serviços de saúde; NBR
10.004/2004, que trata dos resíduos sólidos e sua classificação.
A Lei de Crimes Ambientais (nº 9.605/98) estabelece claramente a responsabilidade sobre os
resíduos gerados, que está plenamente cumprida quando os materiais são reciclados ou
reaproveitados e permanece mesmo após o tratamento e a disposição adequada de qualquer
tipo de resíduo gerado.
Tema transversal e multidisciplinar para várias áreas, desde a medicina até a administração
hospitalar, a questão do gerenciamento e da destinação final adequada dos resíduos sólidos
dos serviços de saúde tem sua mais recente normatização fixada pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA, 2004). Esse procedimento foi realizado por meio de resolução
conjunta com o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), com o título
Regulamento Técnico para o Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde, sob o número
306 do órgão.
As resoluções do CONAMA anteriores à data da publicação da Resolução nº 358, de 29 de
abril de 2005, foram revogadas. Essa nova guarda extrema coerência e sintonia com a
Resolução nº 306/2004 da ANVISA, que apresenta no capítulo III – Gerenciamento dos
Resíduos de Serviços de Saúde – o seguinte parágrafo:
O gerenciamento dos RSS constitui-se em um conjunto de procedimentos de gestão,
planejados e implementados a partir de bases científicas e técnicas, normativas e legais, com o
objetivo de minimizar a produção de resíduos e proporcionar aos resíduos gerados um
encaminhamento seguro, de forma eficiente, visando à proteção dos trabalhadores, a
preservação da saúde pública, dos recursos naturais e do meio ambiente (ANVISA, 2004).
Com base nessas orientações todo gerador deve elaborar um Plano de Gerenciamento de
Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS), conforme as características dos resíduos gerados e a
classificação especificada na resolução. O plano engloba o manejo nas etapas de segregação,
acondicionamento, identificação, transporte interno, armazenamento temporário, tratamento,
armazenamento externo, coleta e transporte externos e disposição final, além de ter se tornado
75
documento obrigatório para a solicitação de licenciamento ambiental das empresas que geram
resíduos de serviços de saúde.
Schneider et al. (2004) comentam que a aplicação de um PGRSS deve abordar a redução,
tanto quanto possível, dos riscos para a saúde da população atendida, principalmente tratando
adequadamente o manejo dos resíduos infectantes. A resolução, publicada em 10 de dezembro
de 2004, definindo o prazo máximo de 180 dias para a adequação aos requisitos nela contidos,
representa um marco nas normatizações que regem os RSS, pois foi concebida em meio a um
processo de harmonização das normas federais do Ministério do Meio Ambiente, por meio do
CONAMA, e do Ministério da Saúde, por intermédio da ANVISA.
Em seu artigo 14, a Resolução nº 358 do CONAMA consagra e determina a obrigatoriedade
da segregação dos resíduos na fonte de geração. Insistindo em toda exegese da resolução
técnica, na necessidade de otimização dos procedimentos de gestão de resíduos sólidos, como
a minimização na geração, a segregação e outros procedimentos, como reutilização e
reciclagem sempre que possíveis, tal documento se harmoniza com a Resolução nº 306 da
ANVISA, mantendo os mesmos princípios de diretrizes na condução da questão.
Em seu anexo I, a resolução classifica os resíduos dos serviços de saúde em cinco categorias,
de A até E, consolidando uma completa harmonização com a Resolução nº 306 da ANVISA.
No anexo II, fixa “critérios mínimos para disposição final de resíduos de serviços de saúde”
(CONAMA, 2005).
Os resíduos de serviços de saúde são parte importante do total de resíduos sólidos urbanos,
não necessariamente pela quantidade gerada (cerca de 1% a 3% do total), mas pelo potencial
de risco que representam à saúde e ao meio ambiente.
Os RSS são classificados em função de suas características e consequentes riscos que podem
acarretar ao meio ambiente e à saúde.
De acordo com a RDC ANVISA no 306/04 e Resolução CONAMA no 358/05, os RSS são
classificados em cinco grupos: A, B, C, D e E:
Grupo A - engloba os componentes com possível presença de agentes biológicos que,
por suas características de maior virulência ou concentração, podem apresentar risco
de infecção. Exemplos: placas e lâminas de laboratório, carcaças, peças anatômicas
(membros), tecidos, bolsas transfusionais contendo sangue, dentre outras.
76
Grupo B - contém substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde pública ou
ao meio ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade,
corrosividade, reatividade e toxicidade. Ex: medicamentos apreendidos, reagentes de
laboratório, resíduos contendo metais pesados, dentre outros.
Grupo C - quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham
radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de eliminação especificados nas
normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN, como, por exemplo,
serviços de medicina nuclear e radioterapia etc.
Grupo D - não apresentam risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio
ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares. Ex: sobras de alimentos
e do preparo de alimentos, resíduos das áreas administrativas etc.
Grupo E - materiais perfurocortantes ou escarificantes, tais como lâminas de barbear,
agulhas, ampolas de vidro, pontas diamantadas, lâminas de bisturi, lancetas, espátulas
e outros similares.
Na área da saúde, tornou-se imprescindível a adoção de procedimentos que visem controlar a
geração e disposição dos resíduos de serviços de saúde, principalmente devido ao crescente
aumento da complexidade dos tratamentos médicos, com o uso de novas tecnologias,
equipamentos, artigos hospitalares e produtos químicos, aliado ao manejo inadequado dos
resíduos gerados, como a queima dos resíduos a céu aberto, disposição em lixões, dentre
outros.
Assim sendo, o Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA, órgão consultivo e
deliberativo do Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA, criado através da Lei
Federal nº 6.938, de 31/08/81, aprovou a Resolução Nº 05, em 05/08/93, que dispõe sobre o
gerenciamento dos resíduos sólidos oriundos de serviços de saúde, portos, aeroportos e
terminais ferroviários e rodoviários.
No âmbito da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, existem algumas normas
relativas ao controle dos resíduos de serviços de saúde - RSS, que podem ser observadas, a
saber:
NBR 10.004 de setembro de 1987 - Classifica os Resíduos Sólidos quanto aos riscos
potenciais ao meio ambiente e à saúde pública.
NBR 12.807 de janeiro de 1993 - Terminologia dos Resíduos de Serviços de Saúde.
77
NBR 12.809 de fevereiro de 1993 - Procedimento de Manuseio dos Resíduos de
Serviços de Saúde.
NBR 12.810 de janeiro de 1993 - Procedimento de Coleta de Resíduos de Serviços de
Saúde.
NBR 7.500 de setembro de 1987 - Símbolos de Risco e Manuseio para o transporte e
Armazenagem de Materiais.
NBR 9.191 de dezembro de 1993 - Especificação de sacos plásticos para
acondicionamento de lixo.
NBR 9.190 de dezembro de 1985 - Classificação de sacos plásticos para
acondicionamento de lixo.
NBR 12.808 - Classificação de Resíduos de Serviço de Saúde - RSS, muito embora
esteja em vigor, por ter sido editada antes de 1993, não está de acordo com a
Resolução CONAMA nº 5/93, não devendo, portanto, ser utilizada como referência
para adoção da classificação.
De Serviços De Saúde RDC ANVISA Nº. 33 / 2003, de 25 de fevereiro de 2003, publicação
em Diário Oficial da União dia 05/03/2003 a prova o Regulamento Técnico para o
Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde - Diretrizes Gerais que constam do Anexo
desta Resolução. Compete às Secretarias de Saúde Estaduais, Municipais e do Distrito
Federal, em conjunto com os Órgãos.
Dentre os resíduos sólidos urbanos destacam-se aqueles que possivelmente serão gerados no
HRM:
Resíduos radioativos: Resíduos contendo substância radioativa com atividade acima
dos limites de eliminação;
Resíduos infectantes (sépticos): cultura, vacina vencida, sangue e hemoderivados,
tecidos, órgão, produto de fecundação com as características definidas na resolução
306, materiais resultantes de cirurgia, agulhas, ampola, pipeta, bisturi, animais
contaminados, resíduos que entraram em contato com pacientes (secreções, refeições
etc.);
Resíduos especiais: rejeitos radioativos, medicamento vencido, contaminado,
interditado, resíduos químicos perigosos;
Resíduos comuns: não entram em contato com pacientes (escritório, restos de
alimentos etc.).
78
Para o manejo dos RSS é necessário que exista um abrigo interno perto dos elevadores de
serviços, para facilitar o transporte dos contêineres. O abrigo externo deve está de acordo com
a legislação e a coleta de lixo deve ser realizada diariamente, para que não haja acúmulo de
lixo hospitalar.
Como a maioria dos acidentes nos hospitais são com os materiais perfurocortantes, sugere-se
o treinamento para os funcionários que estão ligados diretamente com o manuseio dos RSS.
O PGRSS deve ser elaborado pelos responsáveis da área de saúde do HRM e por órgãos
ambientais, responsáveis pela coleta e destino dos RSS. Deve existir um monitoramento das
atividades relacionadas aos RSS.
Propõe-se a realização de atividade de educação ambiental com os funcionários do hospital,
para que eles se sensibilizem com o consumo consciente do material evitando o uso indevido
e o desperdício, que aumentam a quantidade de RSS produzidos.
4.6.4.3. Resíduos sólidos dos serviços de suporte
Os serviços de suporte são os referentes à lavanderia, refeitório, limpeza, conservação e
manutenção predial. Os resíduos gerados por esses serviços são principalmente do Grupo D,
de acordo com a RDC ANVISA no 306/04 e Resolução CONAMA no 358/05. No entanto,
alguns podem ser classificados também no A e B.
As embalagens de detergentes e de outros produtos de limpeza utilizados na lavandeira e na
limpeza do hospital poderão ser encaminhadas para centros de triagem, como material
reciclável. Muitos dos produtos que serão consumidos para a realização desses serviços
poderão ser reutilizados e reciclados.
4.6.4.4. Resíduos sólidos dos serviços de apoio administrativo
São os resíduos provenientes da parte de manutenção predial, dos serviços de arquivo,
recepção, almoxarifado, escritório, que não são classificados como “lixo hospitalar”. Os
resíduos sólidos dos serviços de apoio administrativo são principalmente papéis que podem e
devem ser reciclados.
79
4.6.5. Síntese conclusiva
As vias de acesso para o hospital devem ser arborizadas de forma adequada, respeitando o
tamanho dos espaços para o crescimento e expansão das árvores, e as espécies devem ser
preferencialmente nativas.
Devem existir ciclovias, com devida sinalização e paradas de ônibus cobertas e com árvores
de sombra nas proximidades.
Propõe-se que existam coletores seletivos de resíduos sólidos, devidamente identificados, em
pontos estratégicos na área diretamente afetada do hospital.
A pavimentação da via de acesso ao hospital deve ser preferencialmente em pedra granítica,
pois diminui a sensação térmica e possibilita maior permeabilidade da água no solo. Enquanto
que na área destinada ao estacionamento sugere-se a utilização de paralelepípedos.
Aconselha-se a utilização de árvores de sombra no estacionamento e ao redor do hospital. No
setor de recepção do hospital, sugere-se que existam vasos com arbustos de pequeno porte,
principalmente próximo às janelas, para que as plantas recebam a luz natural.
Os postes de iluminação pública no entorno do hospital devem de preferência ser dotados de
lâmpadas LED`s.
O sistema de irrigação dos jardins poderá funcionar através de uma rede de aspersores
interligados controlados automaticamente por dispositivos eletrônicos e sensores de chuva.
Propõe-se que a água necessária para a irrigação seja proveniente de poços profundos com
bombas submersas que irão recalcar a água para cisternas, que armazenam água pluvial. Um
programa de irrigação deverá ser elaborado, observando-se tecnicamente as condições
climáticas e as peculiaridades de cada espécie quanto à quantidade necessária de água.
A arquitetura, no caso dos edifícios hospitalares, pode ser um instrumento terapêutico se
contribuir para o bem-estar físico do paciente com a criação de espaços que, além de
acompanharem os avanços da tecnologia, desenvolvam condições de convívio mais humanas
(MARTINS, 2004).
Deste modo, como diretrizes ambientais para o projeto arquitetônico sugere-se que o projeto
do HRM priorize:
Uma análise das necessidades dos possíveis usuários de cada setor para elaborar o
estudo cromático mais adequado;
80
A iluminação e ventilação natural, minimizando os custos energéticos;
A criação de jardins na cobertura do prédio, que permite reduzir o calor no seu
interior;
A realização de um estudo sobre a direção dos ventos e a sua captação, bem como uma
análise da qualidade do ar atmosférico da área, tendo em vista, que no entorno do
HRM localiza-se um distrito industrial e o tráfego de automóveis na região é bastante
intenso;
A utilização de água pluvial para a irrigação dos jardins;
A instalação de torneiras e válvulas economizadoras nos banheiros;
Revestimento do prédio de alumínio e com esquadrias do metal;
Fachadas de vidro sustentadas por esquadrias de alumínio;
Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV) para a construção do Heliponto.
A fase de construção do HRM e de toda a estrutura de suporte do hospital requer uma atenção
especial para o solo, recursos hídricos e vegetação. Tendo em vista, os possíveis impactos
gerados na área, sugere-se a adoção de algumas diretrizes ambientais:
Reduzir a exposição do solo, evitando a terraplenagem simultânea em toda a área do
empreendimento;
Exigir a proteção superficial (vegetal e de drenagem), de acordo com as características
geotécnicas do terreno (NBR 08044);
Instalar sistemas provisórios de drenagem para o período de obras;
Fazer o tratamento superficial aos taludes que dispensem obras de contenção;
Estabelecer um programa de terraplenagem que considere incômodos por ruídos,
vibrações e poeira, além de risco de acidentes e danificação de construções
circunvizinhas;
Prever, em áreas de empréstimo, a recuperação e, eventualmente, a reabilitação do
local;
Realizar a medição sonora com o intuito de se verificar se algum equipamento ou
máquina utilizado na execução construção do HRM gera poluição acústica causando
desconforto para os moradores das residências localizadas em seu entorno;
Realizar a aguação da área;
Realizar a manutenção dos equipamentos e máquinas;
81
Elaborar e executar um Plano de Gerenciamento de Efluentes líquidos da Construção
Civil;
Elaborar e executar um Plano de Gerenciamento de Resíduos sólidos da Construção
Civil (PGRSCC);
Promover palestras sobre consumo consciente e como separar adequadamente os
Resíduos Gerados na obra para os operários da construção.
Para o sistema de gestão hospitalar, algumas questões devem ser consideradas do ponto de
vista ambiental, principalmente as que estão relacionadas aos resíduos. Como proposta,
sugere-se a existência de um Sistema de Gestão Ambiental do HRM, que priorize:
Implantar uma estação de pré-tratamento dos efluentes líquidos produzidos no HRM;
O PGRSS;
Portanto, as diretrizes ambientais aqui sugeridas são ferramentas importantes para o
desenvolvimento de um projeto diferenciado, do ponto vista socioambiental, do Hospital
Regional Metropolitano, e que se forem atendidas, tornarão o empreendimento viável
ambientalmente.
As diretrizes destacadas em negritos devem ser realizadas, pois são obrigatórias de acordo
com a legislação e a normas vigentes.
4.7. Análise dos impactos ambientais potenciais
Nesta sessão, os impactos ambientais potenciais resultantes das atividades da fase de
implantação e de operação do empreendimento foram identificados e qualificados de acordo
com critérios de importância, que serão relevantes para definição das ações corretivas.
Considera-se como impacto ambiental as consequências sofridas ou potencialmente sofridas
pelo meio ambiente, recursos ambientais, paisagens, ecossistemas, saúde, sociedade, tendo
como causa atividades humanas de forma direta ou indireta.
4.7.1. Metodologia de identificação e análise dos impactos potenciais
A identificação de impactos consiste na descrição das consequências esperadas de um
determinado empreendimento e dos mecanismos pelos quais se dão as relações de causa e
82
efeito, a partir das ações modificadoras do meio ambiente que compõem tal empreendimento
(SÁNCHEZ, 2008).
Primeiramente, foi realizada uma análise preliminar comparativa das características
ambientais de um hospital público (Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara). De acordo com
os resultados de experiências anteriores é possível prever os impactos para o caso em análise,
levando em conta semelhanças e diferenças entre as situações existentes e aquela que é objeto
de previsão. Dessa forma, trabalhou-se a partir de analogias com casos similares, mantendo-se
a proporcionalidade entre ação e efeito e estabelecendo, ainda que de modo qualitativo, os
limites de confiança em tais previsões.
Para a identificação dos impactos potenciais do HRM e das interações possíveis entre os
componentes do projeto e os elementos do meio foi utilizada a ferramenta denominada de
matriz. Os aspectos foram classificados em: significativo, pouco significativo e não
significativo, enquanto que os impactos foram classificados inicialmente em: muito
importante e pouco importante.
As ações, os efeitos e os impactos ambientais potenciais identificados foram posteriormente
descritos para um melhor entendimento das relações de causa e efeito. Essa descrição foi
baseada a partir das atividades que serão executadas pelo empreendimento nas fases de
implantação e de operação.
Foi realizada uma previsão dos impactos ambientais, para estimar a magnitude (intensidade)
dos impactos ambientais e fornecer informações para as etapas seguintes, o que permite
também avaliar a importância dos impactos; prognosticar a situação futura do ambiente com o
projeto em análise; comparar e selecionar alternativas; fornecer subsídios para a definição de
medidas mitigadoras.
Dentre os métodos utilizados para previsão de impactos, considerou-se o mais adequando para
o trabalho em desenvolvimento o Método de Comparação e Extrapolação e o Julgamento de
Especialistas (SÁNCHEZ, 2008). Baseado na capacidade de certos especialistas emitirem
estimativas sobre a probabilidade de ocorrência, a extensão espacial e temporal e mesmo a
magnitude de certos impactos, esse método foi utilizado para determinadas situações quando a
descrição, contextualização e comparação com casos anteriores se mostraram pouco
eficientes.
83
Primeiramente, foram identificados e definidos os fatores ambientais relevantes a partir dos
elementos do ambiente referencial do projeto (Características Ambientais e Diagnóstico
Ambiental), ou seja, aqueles que poderão sofrer modificações causadas pelas ações do
empreendimento.
Após a identificação dos impactos, para cada impacto foi realizada a previsão, sistematizando
assim a análise ambiental. Os impactos identificados foram descritos e qualificados de acordo
com os seguintes critérios de importância:
Expressão: Positivos (+) ou negativos (-);
Indica quando o impacto tem efeitos benéficos/positivos (+) ou adversos/negativos (-)
sobre o meio ambiente.
Origem: Diretos (D) ou indiretos (I);
Como se manifesta o impacto, ou seja, se é um impacto direto (D), decorrente de uma
ação do empreendimento, ou se é um impacto indireto (I), decorrente de outros
impactos gerados diretamente ou indiretamente por ele.
Escala temporal: Curto prazo (CP), médio prazo (MP) ou longo prazo (LP);
Diferencia os impactos segundo os que se manifestam imediatamente após a ação
impactante, caracterizando-se como de curto prazo (CP), e aqueles cujos efeitos só se
fazem sentir após decorrer um período de tempo em relação a sua causa,
caracterizando-se como de médio prazo (MP) ou longo prazo (LP).
Duração: Temporário (Tem), permanente (Per), ou cíclico (Cic);
Critério que indica o tempo de duração do impacto, podendo ser permanente (PER),
temporário (TEMP) ou cíclico (CIC).
Reversibilidade: Reversíveis (Re) ou irreversíveis (Irr);
Classifica os impactos segundo aqueles que, depois de manifestados seus efeitos, são
reversíveis (Re) ou irreversíveis (Irr). Permite identificar que impactos poderão ser
integralmente reversíveis a partir da implementação de uma ação de reversibilidade ou
poderão apenas ser mitigados ou compensados.
Magnitude: Pequena (Peq), médio (Med) ou grande (Gra);
84
Refere-se ao grau de incidência de um impacto sobre o fator ambiental, em relação ao
universo desse fator ambiental. Ela pode ser de grande (GRA), média (MED) ou
pequena (PEQ) magnitude, segundo a intensidade de transformação da situação pré-
existente do fator ambiental impactado. A magnitude de um impacto é, portanto,
tratada exclusivamente em relação ao fator ambiental em questão, independentemente
da sua importância por afetar outros fatores ambientais.
Após a definição dos fatores relevantes e das ações previstas, foram montados três cenários,
que correspondem ao Prognóstico Ambiental da Área.
Dessa forma, o método utilizado constitui-se essencialmente em: (i) fazer uma avaliação
comparativa das características ambientais; (ii) modelar as ações previstas pelo
empreendimento, (iii) identificar e classificar os impactos ambientais e (iv) montar três
cenários de situação futura (um para o caso de não execução do projeto, outro para o caso de
execução com as diretrizes e outro sem as diretrizes, considerando a significância das
mudanças previstas).
Enumerados os impactos, ações corretivas, através de medidas ambientais mitigadoras e/ou
compensatórias para impactos adversos ou potencializadoras para impactos benéficos foram
propostas de forma a garantir proteção da integridade física e social das áreas de influência do
empreendimento.
4.7.2. Avaliação comparativa das características ambientais
Para uma melhor previsão e avaliação dos impactos ambientais potenciais na fase de operação
do empreendimento, bem como para propor as medidas corretivas dos possíveis impactos,
optou-se por realizar uma avaliação comparativa das características ambientais de um hospital
público (Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara).
85
4.7.2.1. Avaliação prévia das características ambientais do Hospital Geral Dr.
Waldemar Alcântara (HGWA)
O Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara (HGWA) é um estabelecimento assistencial
público, funcionando sob o modelo de gestão de Organização Social, atendendo
exclusivamente a clientela do SUS e custeado unicamente com recursos públicos.
A missão do HGWA é prestar serviços de saúde com qualidade, em nível secundário, aos
usuários do SUS referenciados pelas Centrais de Leitos do Estado do Ceará e do Município de
Fortaleza. Enquanto que a missão é consolidar, no Ceará, um modelo de gestão hospitalar
inovador e pioneiro, tornando- se um referencial de excelência na prestação de serviços de
saúde no Brasil.
A avaliação prévia das características ambientais do HGWA (Quadro 4.8) ajudou a identificar
e classificar, por critérios de importância, os impactos ambientais potenciais do HRM, tendo
em vista que o HGWA é um hospital público de referência no Ceará.
O HGWA possui o Programa de Gerenciamento dos Resíduos Sólidos de Saúde (PGRSS),
desde 2004.
Quadro 4.8 – Avaliação prévia das características ambientais do HGWA
A) PGRSS
O HGWA possui o Programa de Gerenciamento dos Resíduos Sólidos de Saúde (PGRSS),
desde 2004.
Os coletores seletivos de lixo são todos identificados por cor, símbolo e nome, e estão
localizados estrategicamente em vários setores do hospital.
O depósito externo de resíduos tem divisões para cada tipo de resíduos sólidos: os
recicláveis (papel, plástico, metal e vidro), os resíduos infectantes e os resíduos comuns.
Existem salas de armazenamento temporário dos resíduos em cada setor.
O transporte dos resíduos infectantes e dos resíduos comuns é realizado diariamente por
uma empresa terceirizada (Braslimp).
Os resíduos recicláveis são coletados no depósito externo de acordo com a demanda, por
associação de moradores, no caso de papel e plástico e por uma empresa privada, no caso
dos vidros.
As lâmpadas fluorescentes são encaminhadas para uma empresa terceirizada (Transágua),
que realizada a descontaminação das lâmpadas e reaproveitam o mercúrio.
Pilhas e baterias são encaminhadas para o “papa-pilhas” do banco Santander.
Os resíduos líquidos são descartados de acordo com a RDC 50 e encaminhados para estação
de pré-tratamento de esgoto do hospital.
Existe uma estação de pré-tratamento do esgoto do hospital.
O esgoto é tratado antes de ser destinado para a rede pública de esgoto.
86
Existe reaproveitamento de água para o jardim e áreas de estacionamento.
A manutenção da estação é realizada por uma empresa terceirizada (SANEBRÁS).
Os resíduos sólidos infectantes são encaminhados para o incinerador do Jangurussu, em
Fortaleza, e os resíduos comuns para o aterro sanitário de Caucaia. Os resíduos recicláveis
são encaminhados para as associações de moradores e empresas privadas.
B - Programa de Gestão Ambiental - PGA
Não existe um programa específico de gestão ambiental, porém, são realizadas atividades de
reciclagem.
Não são realizadas atividades de educação ambiental, embora os funcionários recebam
instruções sobre reciclagem, descarte, armazenamento e transporte dos resíduos sólidos.
Durante o curso de integração, os funcionários são orientados sobre consumo consciente.
Além disso, a empresa responsável pela higienização (terceirizada) tem iniciativas para
alertar sobre o consumo consciente, para economizar água e energia.
C - Áreas verdes
Existem áreas verdes na parte externa do hospital, que se restringe a um pequeno jardim,
sem árvores que proporcionem sombra. Nessa área não há bancos ou qualquer lugar de
descanso e espera dos pacientes e/ou acompanhantes.
Entre os setores do hospital, existem áreas verdes, cujo acesso é restrito apenas para
funcionários do hospital.
Existe uma área verde, com gramado, algumas árvores de sombra que é utilizada pelos
funcionários como um espaço de descanso e para a realização de encontros e festas do
hospital.
Não existem áreas verdes no hospital que possam ser utilizadas por pacientes e/ou
acompanhantes.
São os espaços verdes entre os blocos do hospital, que permitem a circulação do ar para
dentro do hospital.
Os animais existentes nas áreas verdes são geralmente insetos, pássaros, teju, iguana e
sapos.
Existe o um programa de controle de pragas que realiza a dedetização de acordo com a
demanda, porém existe fiscalização semanal.
D – Energia
A energia é fornecida pela COELCE, porém existe uma subestação de energia.
O consumo mensal é em média 244.536 Kw/mês (mês de abril de 2012).
E – Água
O abastecimento de água é misto, ou seja, é tanto oriunda da rede pública de abastecimento
(CAGECE) como também de poço.
O consumo mensal é em média 994 m3/mês (mês de abril de 2012).
F - Iluminação interna do hospital
As lâmpadas utilizadas na iluminação interna do hospital são fluorescentes.
A iluminação natural nos corredores é muito ruim e por esse motivo, a iluminação artificial
é utilizada tanto de dia como de noite.
G - Iluminação externa do hospital
A iluminação pública externa do hospital utiliza lâmpadas fluorescentes e incandescentes
em determinados pontos.
A qualidade da iluminação é regular.
H - Emissões de gases e partículas
Subestação de energia, casa de máquinas, refeitório.
I - Emissão de ruídos
87
Subestação de energia, casa de máquinas.
J - Emissão de vibrações
Subestação de energia, casa de máquinas.
4.7.2.2. Síntese conclusiva
As características verificadas e avaliadas no HGWA são de extrema importância para a
identificação, caracterização e classificação dos impactos ambientais potenciais do HRM. Foi
possível verificar que embora o HGWA seja um hospital público, ele apresenta características
importantes que ponderam os impactos ambientais potenciais do HRM.
4.7.3. Identificação dos impactos ambientais potenciais
Sánchez (2008) esclarece que uma abordagem ordenada e sistemática das relações de causa e
consequência, intermediadas por interferências ou alterações de processos ambientais ou
sociais (com possível consideração das funções ambientais que podem ser afetas pela
proposta analisada), auxilia na identificação de todos os impactos relevantes. O autor propõe
ainda que o esquema fundamental para identificação de impactos consiste em: ação –
efeito/aspecto ambiental (alterações de processos) – impacto.
A seguir, apresenta-se a matriz de identificação de aspectos e impactos potenciais (Quadro
4.9) com as atividades/instalações do empreendimento (divididas em fase de implantação e de
operação), os aspectos e os impactos ambientais potenciais.
88
Quadro 4.9 - Matriz de identificação de aspectos e impactos potenciais
Atividades/Instalações
Impactos ambientais potenciais
Fase de Implantação Fase de Operação Classificação de
aspectos Meio biofísico
Rem
oçã
o d
a veg
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ão
Rem
oçã
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► Aspecto
significativo
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13. G
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• Aspecto pouco
significativo □ Aspecto não significativo
Classificação dos
impactos
█ Impacto muito
importante
O Impacto pouco
importante
Aspectos
► ► ► ► ► •
• ►
Uso do
solo
Degradação █ O █ █
█ █ █ █
►
•
•
►
Infiltração de
água no solo █
█
O
► ► ► ► ►
•
• ►
Cobertur
a vegetal
Fragmentação
e/ou perda de
vegetação
█ █ █ O
█ █ █ █
89
► ► ► ► ►
•
• ►
Hábitats
Descaracteriza
ção e/ou
destruição
O
█ █ █ █
► ► ►
• ►
► ►
►
•
Consum
o de
recursos
Matérias-
primas
█
• • •
• ► • ► ►
• • ► ► ►
► ►
► •
Produtos
manufaturados
█
• ► • ► ►
► ► • ► ► ► ► • ► ► ►
► • Energia
█
• • •
•
• •
•
► •
►
• • Consum
o de
água
Água
subterrânea
(Poço)
█
• • •
► ►
• ►
• ► •
►
► ►
Serviço de
abastecimento
O
► ► •
• ►
► ► ►
Produçã
o de
resíduos
Construção
civil O
O
█ █
►
Serviços de
apoio
administrativo
O O
►
Serviços de
suporte
█ O
► ►
►
RSS
█ █
• ► ► ► ► •
► ► ► •
• ►
► •
Emissõe
s
atmosfér
icas
Material
particulado █
• • ► ► ► •
► • ►
• •
• ►
► •
Gases e fumaça
█
► ► ► ► ► ►
► ► ► • •
• ► ► ► •
Outras
emissões
Ruído
█
O
► ► ► ►
► ► ► • •
• ► • •
Vibrações
O
90
4.7.4. Descrição das relações de causa e efeito
Segundo Walton (1989), “o efeito é uma situação, condições ou evento desejável ou
indesejável provocado por um sistema de causas”.
Para cada uma das atividades previstas para as fases de implantação e operação do
empreendimento existem aspectos ambientais e sociais que são potencialmente afetados,
podendo ocasionar ou não impactos.
Os aspectos são significativos, quando a ação/atividade do empreendimento tiver maior
importância em um determinado efeito. A identificação dos aspectos significativos é
necessária para a elaboração de propostas de medidas mitigadoras, de acordo com cada
ação/atividade do empreendimento.
A diferenciação entre impacto muito importante e pouco importante contribui para a seleção
dos impactos significativos, os quais precisam de mais atenção no momento da elaboração das
medidas mitigadoras e/ou compensatórias.
4.7.4.1. Relações de causa e efeito durante a fase de implantação
Para iniciar a fase de implantação do empreendimento, primeiramente é necessário realizar
um zoneamento do terreno e determinar os locais aonde serão realizadas as ações e atividades.
Abaixo estão descritas as relações entre as atividades durante a fase de implantação do
empreendimento com os aspectos ambientais que possivelmente serão afetados.
Remoção da vegetação e do solo orgânico.
Será necessário remover parte da vegetação e do solo orgânico para começar todas as obras do
empreendimento. Estima-se que a área dentro da ADA do empreendimento cuja vegetação
será removida seja de 6.000 a 9.000 m2 do total de 24.000 m2 de área total da ADA.
Essas ações afetarão principalmente o solo e a cobertura vegetal de forma negativa,
ocasionando ainda emissões atmosféricas de material particulado, gases e fumaça, que
possivelmente irão alterar o ar atmosférico. Além disso, essas atividades irão gerar ruídos,
oriundos das máquinas, equipamentos e caminhões gerando poluição sonora no local.
91
De acordo com o Art. 13, da Lei nº 1.232, de 06 de Julho de 2007, que dispõe sobre a Política
Ambiental do Município de Maracanaú e dá outras providências, é proibido o corte ou
retirada da vegetação natural existente nos diferentes ecossistemas presentes no município de
Maracanaú, bem como o plantio de espécies que possam contribuir para a degradação da
paisagem ou desequilíbrio ambiental sem prévia autorização do órgão competente. Portanto,
para que essas atividades possam iniciar, é necessária a autorização do órgão competente
(SEMAM).
Implantação da infraestrutura de apoio.
A infraestrutura de apoio refere-se ao canteiro de obra (conjunto de instalações necessárias à
execução da obra - o acampamento, que, em geral, é composto de escritório administrativo,
almoxarifado, oficina, alojamento de pessoal, refeitório e enfermaria; as usinas misturadoras,
instalações para estocagem de material, instalações de britagem, classificação e estocagem de
agregados, etc.), à malha viária de acesso para o terreno e dentro do terreno, ao abastecimento
de energia (redes de distribuição, geradores, etc.) e de água e ao saneamento (coleta de
efluentes líquidos).
Para a implantação dessa infraestrutura de apoio ocorrerá degradação do solo, a fragmentação
e a perda de vegetação, a descaracterização e/ou destruição de hábitats, o consumo de
recursos, o consumo de água, a produção de resíduos da construção civil e a emissão de
material particulado, gases, fumaça e de ruídos e vibrações, que terão consequências para o
meio ambiente, ocasionando impactos negativos no meio biofísico.
Terraplenagem e pavimentação.
Para as obras de terraplenagem e de pavimentação ocorrerá a degradação do solo e a
infiltração de água no solo, que implicarão na perda de qualidade do solo e na alteração das
condições climáticas locais, devido às modificações na taxa de evaporação. Além disso,
causará também a alteração do regime de escoamento das águas superficiais, a redução da
base de recursos (retirada de recursos minerais), a alteração da APP, a perda líquida de
hábitats, a alteração das populações de animais e a perturbação e afugentamento da fauna.
92
Essas atividades acarretarão grandes modificações na cobertura vegetal, devido à
fragmentação e à perda de vegetação. Irão também descaracterizar e/ou destruir hábitats,
consumir recursos, produzir resíduos da construção civil e emitir material particulado, gases,
fumaça, ruídos e vibrações.
Construção da subestação de energia.
Na fase de implantação, deve ser construída uma subestação de energia para que o hospital
possa funcionar. Assim como as demais construções, isso irá consumir recursos, produzir
resíduos e emitir material particulado, ruído e vibrações.
Tratamento de efluentes líquidos.
Durante a fase de obras serão produzidos muitos resíduos da construção civil, entre eles
resíduos líquidos, que devem ter tratamento adequado. Para isso, deve ser construída a rede de
drenagem dos efluentes, tendo o tratamento adequado para cada tipo de efluente líquido.
Aquisição de bens e insumos.
Para a construção é necessário adquirir bens e insumos. Entre os bens necessários estão os
produtos manufaturados e entre os insumos as matérias-primas, energia e água. Esses recursos
serão consumidos, ocasionando a redução da base de recursos.
Deslocamento e transporte de máquinas.
O deslocamento e o transporte de máquinas acarretarão principalmente emissões atmosféricas,
que produzirão a alteração das condições climáticas e no ar atmosférico. Causarão também
ruídos, que poderão provocar poluição sonora no local.
93
Construção do heliponto e das instalações do hospital.
O heliponto deve ser localizado na parte superior do prédio, porém a sua construção, assim
como as demais construções das instalações do hospital, consumirá recursos, produzirá
resíduos e terá emissões atmosféricas, ruídos e vibrações.
Para a construção das instalações do hospital ocorrerá uso do solo, modificações na cobertura
vegetal e nos hábitats, que consequentemente irão impactar o meio biofísico com a perda da
qualidade do solo, alteração do regime de escoamento das águas superficiais, perda líquida de
hábitats, alteração das populações de animais e perturbação e afugentamento da fauna.
Desmontagem do canteiro de obras.
Ao término das construções o canteiro de obras deve ser desmontado, o que também
ocasionará a produção de resíduos da construção civil e a emissão de ruídos e vibrações.
4.7.4.2. Relações de causa e efeito durante a fase de operação
Iluminação pública (área externa).
A iluminação pública da área externa do hospital, embora seja de responsabilidade municipal
(COELCE), deve atentar-se para as diretrizes ambientais propostas no presente estudo. A
relação de causa e efeito deve-se basicamente a utilização de produtos manufaturados e ao
consumo de energia.
Iluminação interna do hospital.
A iluminação interna do hospital deve também atender as diretrizes ambientais propostas no
presente estudo. Consumirá produtos manufaturados e bastante energia.
Climatização do hospital.
A climatização do hospital deve atender as diretrizes ambientais propostas no presente estudo,
de acordo com cada instalação física do prédio. A climatização irá consumir produtos
94
manufaturados e muita energia. Além disso, emitirá ruído e vibrações, que devem ser
atenuados.
Realização dos serviços hospitalares.
Os serviços hospitalares referem-se às internações, cirurgias, consultas ambulatoriais pré e
pós-internação, procedimentos auxiliares de diagnóstico e terapêuticos (exames diversos) e
procedimentos de emergência.
Para a realização de todos esses serviços serão consumidos recursos (matérias-primas,
produtos manufaturados e energia), além também de um grande consumo de água. Os
impactos ambientais que esses serviços causam estão relacionados à redução da base de
recursos.
Serão produzidos muitos resíduos de serviços de saúde, originando tanto resíduos sólidos
como líquidos, que devem ter tratamento específico, principalmente, os que apresentam maior
perigo, como os radioativos e os perfurocortantes.
Realização dos serviços de apoio administrativo.
Os serviços de apoio administrativo são referentes aos serviços de atendimento e triagem dos
pacientes na recepção, da diretoria e da administração, do almoxarifado e da manutenção
predial. Essas atividades consumirão, sobretudo, produtos manufaturados e produzirão
resíduos sólidos.
Realização dos serviços de suporte.
Os serviços de suporte são os referentes à lavanderia, refeitório, limpeza, conservação e
manutenção predial.
Esses serviços consumirão matérias-primas, produtos manufaturados, energia e de água;
produzirão resíduos sólidos e líquidos; e a irão emitir gases, fumaça, material particulado,
ruídos e vibrações.
95
Funcionamento do Heliponto.
Para o funcionamento do heliponto serão consumidos produtos manufaturados e energia e
emitidos material particulado, gases, fumaça, ruído e vibrações. Essas emissões poderão
acarretar alterações nas condições climáticas locais, alterações no ar atmosférico e poluição
sonora.
Funcionamento da subestação de energia.
As subestações de energia elétrica são instalações que recebem energia elétrica em alta
voltagem e a convertem para baixa a fim de ser distribuída para a população.
As estruturas que fazem tal conversão são os transformadores de energia elétrica, que são as
principais fontes de ruído em subestações. Seu ruído característico se deve a um fenômeno
chamado magnetoestricção.
Os transformadores das subestações, comumente referidos como trafos, produzem um ruído
particularmente diferente dos outros tipos de fontes, por possuírem componentes tonais
audíveis. Isso significa que o ruído possui frequências bem definidas, com algumas
componentes se destacando. No caso dos transformadores, essas frequências são 120 Hz e
seus harmônicos, ou seja, 240 Hz, 360 Hz e assim por diante. Geralmente os dois principais
harmônicos são os principais.
Esse tipo de ruído causa um incômodo maior que os outros ruídos, traduzido por uma
penalização de 5 dB(A), imposto pela norma NBR-10151 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS, 1987).
Circulação de veículos.
Com a circulação de veículos na área do empreendimento e o aumento do tráfego nas
imediações do hospital aumentará a emissão de material particulado, gases, fumaça, ruído e
vibrações. Essas emissões alterarão as condições climáticas locais, o ar atmosférico e poderão
ocasionar poluição sonora local.
96
Funcionamento da estação de pré-tratamento de esgoto.
Para o funcionamento da estação de pré-tratamento de esgoto serão consumidos produtos
manufaturados, energia e água. A estação tem o objetivo de fazer o pré-tratamento do esgoto
hospitalar, para que esse possa então ser lançado na rede pública de coleta de esgoto.
Portanto, ocorrerá a geração de resíduos.
Manutenção dos jardins.
Para a manutenção dos jardins será consumido principalmente água, mas também matérias-
primas, produtos manufaturados e energia.
4.7.5. Previsão dos impactos ambientais potenciais
A previsão dos impactos ambientais potenciais da implantação e operação do
empreendimento na área de influência direta é feita a seguir de acordo com o meio biofísico.
É preciso ressaltar que esses impactos podem estar interligados e que os limites entre meio
físico, biótico e antrópico são transponíveis. Daí a importância de uma avaliação sinérgica
desses impactos, que permite uma abordagem sistêmica do conjunto de ações e suas
interações.
O quadro a seguir (Quadro 4.10) esquematiza a classificação dos impactos ambientais
potenciais, anteriormente identificados, de acordo com o critério de importância, apresentado
na metodologia.
Quadro 4.10 - Classificação dos impactos ambientais potenciais
Impactos ambientais potenciais
Critérios de importância
Expre
ssão
Ori
gem
Esc
ala
Dura
ção
Rev
ersi
bil
i
dad
e
Mag
nit
ude
1. Perda de qualidade do solo - D CP Per Re Med
2. Alteração das condições climáticas locais - I LP Per Re Med
3. Alteração no ar atmosférico - D CP Cic Re Peq
*4. Alteração do regime de escoamento das águas
superficiais - D CP Per Irr Gra
*5. Redução da base de recursos - I CP Per Irr Gra
6. Poluição sonora - D CP Cic Re Peq
7. Alteração da área de preservação permanente - APP - D CP Per Re Med
8. Perda líquida de hábitats - D CP Per Irr Gra
97
*9. Alteração das populações de animais - I MP Per Irr Gra
*10. Perturbação e afugentamento da fauna - I MP Per Irr Gra
*11. Geração de Resíduos Sólidos - D CP Per Irr Gra
*12. Geração de Resíduos Líquidos - D CP Per Irr Gra
Legenda:
Expressão: Positivos (+) ou negativos (-);
Origem: Diretos (D) ou indiretos (I);
Escala temporal: Curto prazo (CP), médio prazo (MP) ou longo prazo (LP);
Duração: Temporários (Tem), permanentes (Per) ou cíclico (Cic);
Reversibilidade: Reversíveis (Re) ou irreversíveis (Irr);
Magnitude: Pequena (Peq), média (Med) ou grande (Gra)
O Quadro 4.10 apresenta os critérios de importância para cada um dos impactos ambientais
identificados para o projeto do empreendimento do HRM. Os impactos destacados (números
4, 5, 8, 9, 10, 11 e 12) são considerados impactos significativos devido à duração de esses
impactos serem permanente, e, principalmente, por serem irreversíveis e de grande
magnitude. Os impactos significativos foram destacados, pois merecem atenção especial para
a elaboração de medidas corretivas.
Embora todos os impactos ambientais potenciais listados ocasionem danos e/ou perdas ao
meio ambiente, existem ações corretivas para mitigá-los e/ou compensá-los, de forma que eles
sejam realmente corrigidos e a duração do seu impacto seja temporária ou então que eles
sejam mitigados, acabando com o impacto. Alguns impactos, classificados como irreversíveis,
podem ainda ser compensados, a partir da reposição e/ou recuperação do que se perdeu ou
alterou.
Abaixo, estão listados os impactos ambientais potenciais, com as suas classificações, quanto
aos critérios de importância, e a sua descrição.
1. Perda de qualidade do solo.
Classificação: -DCPPerReMed
Descrição:
Embora, atualmente, a área diretamente afetada do empreendimento tenha sinais evidentes de
antropização, o solo possui boa qualidade, tento em vista a vegetação ao qual está
intimamente relacionado. A qualidade do solo tem efeitos profundos na saúde e na
produtividade de um determinado ecossistema e nos ambientes a ele relacionados. Entende-se
98
por qualidade do solo a capacidade que o solo tem de sustentar a produção biológica, manter a
qualidade ambiental e promover a saúde vegetal e animal (DORAN et al., 1994).
O impacto caracteriza-se por ser negativo para o meio ambiente e de forma direta. Com as
obras na fase de implantação do empreendimento, o solo da área será afetado em um curto
prazo, principalmente, quando começarem as primeiras atividades, como a retirada da
vegetação. Os danos causados serão permanentes, podendo, no entanto, ser reversíveis, a
partir da adoção de medidas mitigadoras.
Esse impacto é caracterizado ainda com a magnitude média, pois embora a perda da qualidade
do solo seja evidente, as medidas mitigadoras irão minimizar, podendo até contribuir para a
qualidade do solo em determinados setores da ADA.
2. Alteração das condições climáticas locais.
Classificação: -ILPPerReMed
Descrição:
As alterações das condições climáticas podem ter causas naturais e/ou antropogênicas. Com a
implantação do empreendimento, será removida parte da vegetação e do solo orgânico, que
funcionam como sumidouros de carbono. Devido a essa remoção, parte do carbono não será
retido, acumulando-se no ar atmosférico, na forma de gás carbônico (um dos gases de estufa).
A emissão desse gás, oriunda dos motores dos caminhões, tratores e máquinas utilizadas
durante a construção do empreendimento, também contribuem, embora de forma menos
impactante, com o aumento do efeito estufa. O mesmo ocorre com a circulação de veículos e
o funcionamento do heliponto durante a fase de operação do empreendimento. O impacto é
negativo e de origem indireta, pois ele é difuso e se manifesta em áreas geográficas
abrangentes. O impacto das alterações das condições climáticas é de longo período, porém de
duração permanente. Esse impacto pode ser reversível e possui magnitude média, caso sejam
executadas medidas corretivas que proporcione alterações benéficas para as condições
climáticas locais.
3. Alteração no ar atmosférico.
Classificação: -DCPCicRePeg
99
Descrição:
As alterações no ar atmosférico ocorrem quando acontecem modificações na quantidade dos
compostos químicos do ar, formado por nitrogênio, oxigênio, gás carbônico, gás metano,
óxido nitroso, vapor d’água e pequenas quantidades de outros gases, além de micróbios e
impurezas. Essas alterações com certeza irão ocorrer devido à remoção da vegetação e de
parte do solo, mas principalmente por causa das emissões atmosféricas de material
particulado, gases e fumaça, oriundos da movimentação de máquinas, equipamentos e
veículos de cargas vinculados às obras de construção do empreendimento; como também a
limpeza e preparação do terreno, a implantação do canteiro de obras, a implantação do
sistema viário perimetral, a preparação de concreto e a montagem de equipamentos. A
poluição atmosférica afeta diretamente a biota, pois os depósitos de poeira e de
hidrocarbonetos ficam sobre as folhas e sobre o solo. Quando esses poluentes apresentam
concentração de metais pesados podem ocasionar a morte da vegetação, reduzindo a
disponibilidade de alimentos ou oferecendo alimentos contaminados para a fauna.
É um impacto classificado como negativo, direto, de curto prazo, cuja duração é cíclica, ou
seja, somente ocorrerá temporariamente na fase de implantação do empreendimento, porém
na fase de operação irá se repetir, porém ocasionado por outras atividades. O impacto é
classificado ainda como reversível, e com pequena magnitude, pois os efeitos podem ser
minimizados e/ou compensados.
Ao término da fase de implantação, as condições anteriores retornam. Já na fase de operação,
o heliponto e a circulação de veículos propiciam alterações no ar atmosférico, porém esse
impacto continua sendo classificado como reversível, pois a área permite fácil dispersão dos
poluentes e é possível, a partir de medidas corretivas, solucionar o problema.
4. Alteração do regime de escoamento das águas superficiais.
Classificação: -DCPPerIrrGra
Descrição:
Durante a fase de implantação do projeto, algumas atividades podem produzir diferentes tipos
de resíduos sólidos e efluentes que se não forem controlados, tanto a produção quanto o
destino dos mesmos, poderão atingir os recursos hídricos superficiais presentes na área,
100
ocasionando um impacto cuja consequência será a alteração da qualidade desta matriz
ambiental.
As atividades que poderão ocasionar esta alteração estão relacionadas à movimentação de
terra, ao carreamento de partículas e eventuais poluentes pela drenagem superficial, à
implantação e desmobilização do canteiro de obras; à geração de efluentes decorrentes da
operação de sanitários ou refeitórios; à geração de resíduos ou caldas de concreto decorrentes
das obras civis; além do abastecimento e manutenção dos equipamentos utilizados.
Observe-se que os recursos hídricos superficiais que poderão ser afetados pelas obras se
restringem à drenagem da água pluvial e ao açude. Este último será preservado com a
implantação do empreendimento, enquanto que as águas pluviais, bem como os efluentes
gerados na construção, serão drenadas para a coleta da rede pública de esgoto.
Algumas áreas serão impermeabilizadas para a construção do empreendimento, para a
implantação e pavimentação do sistema viário e pátios, outras terão as condições de
escoamento superficial alteradas, em função da preparação e limpeza do terreno e a execução
e consolidação do aterro existente. Estas alterações, antes da conclusão das obras, poderão
aumentar a vazão do escoamento superficial e reduzir a infiltração das águas pluviais no solo,
podendo dar início a processos erosivos e causar assoreamento do açude.
Esse impacto é negativo e direto, com ocorrência de curta duração. As modificações
provocadas serão de caráter permanente, irreversível e de grande magnitude, pois o regime de
escoamento superficial será definitivamente alterado, adequando-se à nova configuração da
área ocupada pelo empreendimento.
5. Redução da base de recursos.
Classificação: -ICPPerIrrGra
Descrição:
A obtenção de agregados (areia, cascalho, brita, etc.) para as obras, acarreta a exploração de
jazidas e areais. A exploração de recursos minerais para a construção civil gera vários
impactos, entre eles: afetam a paisagem no sentido visual e no físico. Verificam-se problemas
no solo, como erosões, desmoronamentos, alteração e diminuição das áreas de vegetação,
101
mudanças nos cursos d’água, com assoreamentos e acumulação de entulhos, inundações, entre
outros.
Esse impacto configura-se como indireto justamente por não ser na área diretamente afetada
pelo empreendimento, porém é um impacto secundário tendo em vista que para a construção
do hospital serão utilizadas matérias-primas. Além disso, para o funcionamento do
empreendimento será consumido água e energia. Portanto, o impacto caracteriza-se como
indireto, em curto prazo, permanente, irreversível e de grande magnitude. Embora, possam ser
realizadas medidas para o reaproveitamento de água e para a utilização de energia alternativa,
que tornam esse impacto reversível na fase de operação.
6. Poluição sonora.
Classificação: -DCPCicRePeq
Descrição:
É possível que durante a obra ocorra elevados níveis de ruídos e vibrações. Esta situação pode
causar danos à saúde humana, como a surdez por ruído. A poluição sonora acaba interferindo
no ruído de fundo e afugentando a fauna local. Esses impactos serão sentidos não só ao longo
da área diretamente afetada pela construção, mas também junto às áreas próximas.
Na fase de construção do empreendimento, existem ruídos produzidos por máquinas diversas,
tais como serras, britadeiras, bate estacas, e outros equipamentos. Esses equipamentos chegam
a emitir uma intensidade sonora de cerca de 90 dB(A), medida a 7m de distância. Em área
preferencialmente residencial a norma NBR 10.151 determina, como máximo admissível, um
ruído de 55 dB(A) durante o dia e 50 dB(A) à noite; enquanto para área com vocação
comercial (pontos 2, 5 e 6), o nível máximo admissível é de 60 dB(A) durante o dia e 55
dB(A) para o período noturno; e, por fim, em área industrial (ponto 4), o nível máximo
admissível é de 70 dB(A) diurno e 60 dB(A) noturno.
O impacto do ruído da fase de obras é considerado negativo, direto, de curto prazo, porém é
temporário, reversível e de pequena magnitude. Na fase de operação, o impacto das atividades
do heliponto é considerado negativo, direto, de curto prazo, cíclico e reversível, caso sejam
tomadas executadas medidas mitigadoras.
102
7. Alteração na Área de Preservação Permanente - APP
Classificação: -DCPPerReMed
Descrição:
Como decorrência da implantação do empreendimento parte da vegetação que recobre a ADA
deverá ser suprimida. Não sendo permitido o corte da vegetação do entorno do açude, pois
compreende uma Área de Preservação Permanente (Resolução CONAMA 303/02, e Lei
Federal 4.771/65 – Código Florestal).
Embora APP esteja antropozida, a vegetação deve ser preservada, no caso da execução do
projeto urbanístico no local.
A alteração na Área de Preservação Permanente durante a fase de implantação caracteriza-se
como negativo, tendo em vista os impactos provocados pelas obras. É um impacto direto, de
curto prazo, permanente e de média magnitude. Essa alteração na APP, embora seja um
impacto de natureza adversa é reversível, podendo tornar-se um impacto benéfico para o
empreendimento, caso as diretrizes ambientais para o projeto e as medidas corretivas sejam
atendidas.
8. Perda líquida de hábitats
Classificação: -DCPPerIrrGra
Descrição:
As árvores fornecem alimento e abrigo para os animais. A retirada de árvores ocasiona
redução na produtividade primária, afetando assim toda cadeia ecológica e todos os processos
que dependem das qualidades vegetais.
A área de estudo apresenta árvores frutíferas que servem de alimento e abrigo para pássaros e
morcegos. Assim como os insetos que habitam o local, esses animais são responsáveis por
processos ecológicos importantes, como polinização e participam da cadeia ecológica urbana,
controlando populações de roedores e insetos e contribuindo para manutenção do equilíbrio
do ecossistema. Dessa forma, o impacto considerado é sinérgico, pois interagem com outros
processos ecológicos impactando os mesmos.
103
Durante a fase de implantação do empreendimento, ocorrerá a supressão de vegetação para a
preparação e limpeza do terreno e a consequente degradação da comunidade vegetal devido
aos impactos gerados pelas obras.
A implantação do empreendimento e sua estrutura de suporte serão realizadas em área hoje
que fornece hábitat para a fauna local e, portanto, haverá a perda de hábitat para toda a fauna
associada a estes ambientes.
O impacto é de natureza negativa; direto, de curto prazo, permanente, irreversível e de grande
magnitude, tendo em vista que uma vez ocorrendo à perda desses hábitats naturais não tem
como eles serem recuperados.
9. Alteração das populações de animais
Classificação: -IMPPerIrrGra
Descrição:
Durante a implantação do empreendimento está prevista a supressão de vegetação que
provocará a perda de habitats para a fauna terrestre local, mas que também pode levar, direta
ou indiretamente, à perda de indivíduos, especialmente juvenis e pertencentes a espécies de
menor porte e baixa mobilidade. A perda de indivíduos pode ocorrer pelo soterramento ou
esmagamento durante desmatamento ou pelo afugentamento destes para os pátios próximos e
possível atropelamento.
É muito provável que com as muitas espécies migrem passivamente, devido ao afugentamento
natural, porém retornem durante a fase de operação do empreendimento. No entanto, com a
remoção de alguns animais, com o afugentamento e o retorno e com a criação de novos
ambiente ocorrerá consequentemente a alteração das populações de animais da ADA.
O impacto é de natureza negativa e indireta, de médio prazo, permanente, irreversível, e de
grande magnitude, tendo em vista que a alteração será provocada durante a fase de
implantação e continuará durante toda a fase de operação do empreendimento.
104
10. Perturbação e afugentamento da fauna
Classificação: -IMPPerIrrGra
Descrição:
Com a remoção dos indivíduos arbóreos para a fase de implantação do empreendimento, a
fauna que habita o local será afugentada, tendo como alternativa procurar refúgio em outros
locais. Esse impacto negativo não pode ser minimizado visto as características da obra e dos
animais que transitam no local, entretanto, após o término da obra, com a plantação de novas
árvores e a liberação do empreendimento para o público, esses animais naturalmente retornam
ao local. Esse impacto direto da construção irá somar às futuras construções que ocorrerão na
área de influência direta do empreendimento, soma-se também ao impacto do fluxo dos
automóveis e às atividades humanas que acabam por afugentar igualmente a fauna local.
A emissão de poluentes atmosféricos como também de ruídos e vibrações ocasiona a
perturbação e afugentamento da fauna. Durante a fase de operação, o funcionamento do
heliponto e a circulação de veículos emitirão ruídos e vibrações que podem causar o
afugentamento de algumas aves, além também dos poluentes atmosféricos.
Ressalta-se, contudo, que a atual fauna existente na região já se encontra depauperada e em
grande parte adaptada ao contexto antrópico predominante na área, e, portanto, é constituída
por espécies que têm baixa sensibilidade a este impacto.
A perturbação e afugentamento da fauna é um impacto negativo, indireto, de médio prazo,
permanente, irreversível e de grande magnitude. Embora as espécies tenham diferentes
sensibilidades e a área influenciada em cada caso poderá ser diferente, além de ser de difícil
delimitação, é um impacto localizado, restrito aos locais de tráfego e movimentação de
pessoas, equipamentos e máquinas.
11. Geração de resíduos sólidos
Classificação: -DCPPerIrrGra
Descrição:
Durante a fase de implantação são produzidos resíduos, dentre eles os resíduos sólidos da
construção civil. A geração desses resíduos é um impacto negativo, direto, imediato,
105
temporário, porém é irreversível, pois não tem como não gerar resíduos, mesmo que em
pequena escala.
No entanto, durante a fase de operação do empreendimento, os resíduos sólidos oriundos dos
serviços hospitalares, dos serviços de apoio administrativo e da limpeza caracterizam esse
impacto como permanente, irreversível e de grande magnitude, mesmo que sejam adotadas as
medidas corretivas necessárias.
12. Geração de resíduos líquidos
Classificação: -DCPPerIrrGra
Descrição:
A fase de implantação do empreendimento produzirá resíduos líquidos principalmente
oriundos da infraestrutura de apoio. Durante essa fase de obras, a qualidade das águas
superficiais e subterrâneas e do solo pode ser alterada em virtude do escoamento ou da
infiltração de efluentes sanitários provenientes do canteiro de obras, se estes forem dispostos
de maneira inadequada, pois poderão afetar diretamente a qualidade do corpo de água no qual
é lançado, devido ao aumento nas concentrações de nutrientes, coliformes fecais e
contaminantes associados aos efluentes despejados.
Na fase de operação do empreendimento, os resíduos líquidos são gerados principalmente
pelos serviços de saúde, sendo caracterizados como resíduos hospitalares e que merecem
atenção especial no seu tratamento e destino final.
A geração de resíduos líquidos é um impacto negativo, direto, com efeitos em curto prazo. É
também um impacto permanente, pois, embora os resíduos líquidos gerados durante a fase de
implantação deixem de ser produzidos com o término das obras, durante a fase de operação,
novos resíduos líquidos serão gerados.
O impacto dessa geração de resíduos líquidos é irreversível, pois não tem como evitar a sua
produção. No entanto, a partir de medidas mitigadoras é possível diminuir a produção e
minimizar as consequências do impacto. Devido a sua importância, esse impacto é
caracterizado como de grande magnitude.
106
4.8. Análise preliminar dos riscos ambientais potenciais
Uma análise de riscos necessita de um projeto detalhado, sem o qual não é possível
quantificar riscos. Por esse motivo, limitou-se, no presente Estudo de Viabilidade Ambiental,
a uma análise qualitativa preliminar dos riscos ambientais potenciais, a partir da identificação
dos perigos.
Sánchez (2008) esclarece que para a análise de risco, costuma-se diferenciar os conceitos de
perigo e risco. Perigo é definido como uma situação ou condição que tem potencial de
acarretar consequências indesejáveis. O risco, por sua vez, é conceituado como a
contextualização de uma situação de perigo, ou seja, a possibilidade da materialização do
perigo ou de um evento indesejado ocorrer. Assim, de acordo com a Society for Risk Analysis,
risco é o potencial de ocorrência de resultados adversos indesejados para a saúde ou vida
humana, para o ambiente ou para bens materiais.
Por meio de procedimentos sistematizados, busca-se identificar possíveis sequencias de
eventos que poderão resultar na liberação acidental de substâncias ou em outro efeito negativo
(SÁNCHEZ, 2008). As metodologias utilizadas para a identificação dos perigos foram o
método “E se...?”, que se trata da identificação de eventos indesejados feita por uma equipe de
especialistas experientes e a análise preliminar de riscos, também conhecida como análise
preliminar de perigos, na qual se preparou uma planilha contendo cada perigo identificado,
suas possíveis causas e efeitos potenciais, a frequência de ocorrência, o grau de severidade de
suas consequências e a categorização do risco.
A ocorrência de um perigo foi classificada como:
Frequente - Uma ocorrência a cada mês.
Moderada - Uma ocorrência a cada 6 meses.
Ocasional - Uma ocorrência a cada ano.
Remota - Uma ocorrência a cada 5 anos.
Improvável - Uma ocorrência a cada 10 anos.
F - Muito Improvável - Uma ocorrência a cada 100 anos ou mais.
Enquanto que a severidade foi classificada como:
I - Catastrófica - Possibilidade de grandes danos (vítimas fatais) ao público e à
vizinhança; Severa degradação ambiental.
107
II - Crítica - Possibilidade de efeitos significativos sobre a integridade do público e
sobre a vizinhança; Possibilidade de danos significativos ao meio ambiente.
III - Marginal - Possibilidade de danos aos funcionários; Danos materiais/financeiros à
empresa; Danos ao meio ambiente.
IV - Baixa ou Insignificante - Nenhum dano aos funcionários; Pequenos danos
financeiros ou materiais à empresa; Pequeno dano ao meio ambiente.
Para a categorização do risco, foram correlacionados os valores obtidos na ocorrência e
severidade do perigo, conforme a classificação abaixo descrita.
Quadro 4.11 – Análise preliminar de riscos durante a fase de implantação do
empreendimento
Análise Preliminar de Perigos (APP) – Fase de implantação
Perigo Causa Efeito Ocorrência Severidade Categoria
de Risco
Falha nos
procedimentos
de construção.
- Não
observância dos
procedimentos
de construção
da obra.
- Qualificação
do
procedimento
de construção.
- Qualificação
de mão de obra.
- Danos materiais.
- Aumento do
consumo de
recursos.
Moderada
(B)
Baixa (IV)
RB
Depósito de
poeira e/ou de
hidrocarbonetos
sobre a
vegetação e solo.
- Não
observância das
medidas
mitigadoras
para a emissão
de material
particulado.
- Impacto
provocado por
terceiros.
- Poluentes com
metais pesados
podem ocasionar
a morte da
vegetação,
reduzindo a
disponibilidade de
alimentos ou
oferecendo
alimentos
contaminados
para a fauna.
Ocasional
(C)
Marginal
(III)
RB
Vazamento de
óleos,
- Corrosão.
- Colisão de
- Risco de
incêndio.
Moderada
(B)
Crítica (II) RS
108
lubrificantes
e/ou derivados.
equipamentos.
- Falha
operacional.
- Falha
mecânica.
- Falha
humana.
- Falha
material.
- Contaminação
do solo e da água.
Lesões
provocadas por
acidentes com
animais nocivos.
- Falta de
procedimentos
de emergências
específicos.
- Falta de
equipamentos/
aparatos de
proteção
individual.
- Não remoção
dos animais
antes das obras.
- Lesões físicas
graves.
- Possibilidade de
morte.
Ocasional
(C)
Catastrófica
(I)
RS
Falha no sistema
de drenagem.
- Falha
operacional.
- Aumento do
escoamento da
água superficial.
- Infiltração de
efluentes no solo.
- Contaminação
do solo.
Moderada
(B)
Baixa
(IV)
RB
O risco ambiental, de acordo com Schneider (2004), é aquele que ocorre no meio ambiente e
pode ser classificado de acordo com o tipo de atividade; exposição instantânea, crônica;
probabilidade de ocorrência; severidade; reversibilidade; visibilidade; duração e ubiquidade
de seus defeitos.
A avaliação do risco ambiental é uma ferramenta metodológica essencial para a execução de
uma política de "saúde ambiental", sendo apropriada para auxiliar a gestão do risco e
subsidiar os órgãos reguladores na tomada de decisões (Schneider, 2004).
No que concerne aos aspectos de biossegurança e prevenção de acidentes- preservando a
saúde e o meio ambiente - compete à ANVISA, ao Ministério do Meio Ambiente, ao
SISNAMA, com apoio das Vigilâncias Sanitárias dos estados, dos municípios e do Distrito
Federal, bem como aos órgãos de meio ambiente regionais, de limpeza urbana e da Comissão
109
Nacional de Energia Nuclear - CNEN: regulamentar o correto gerenciamento dos RSS,
orientar e fiscalizar o cumprimento desta regulamentação.
4.8.1. Identificação dos riscos potenciais na fase de implantação
Durante a fase de implantação do empreendimento, existem riscos potenciais que se
ocorrerem podem ter efeito direto no meio ambiente ou ainda então podem ser ocasionados
por animais, cujo efeito da ocorrência pode causar danos aos funcionários (Quadro 4.12).
Quadro 4.12 - Análise preliminar de riscos durante a fase de implantação do empreendimento
Análise Preliminar de Perigos (APP) – Fase de implantação
Perigo Causa Efeito Ocorrência Severidade Categoria
de Risco
Falha nos
procedimentos
de construção.
- Não
observância dos
procedimentos
de construção
da obra.
- Qualificação
do
procedimento
de construção.
- Qualificação
de mão de obra.
- Danos materiais.
- Aumento do
consumo de
recursos.
Moderada
(B)
Baixa (IV)
RB
Depósito de
poeira e/ou de
hidrocarbonetos
sobre a
vegetação e solo.
- Não
observância das
medidas
mitigadoras
para a emissão
de material
particulado.
- Impacto
provocado por
terceiros.
- Poluentes com
metais pesados
podem ocasionar
a morte da
vegetação,
reduzindo a
disponibilidade de
alimentos ou
oferecendo
alimentos
contaminados
para a fauna.
Ocasional
(C)
Marginal
(III)
RB
Vazamento de
óleos,
lubrificantes
e/ou derivados.
- Corrosão.
- Colisão de
equipamentos.
- Falha
operacional.
- Falha
- Risco de
incêndio.
- Contaminação
do solo e da água.
Moderada
(B)
Crítica (II) RS
110
mecânica.
- Falha
humana.
- Falha
material.
Lesões
provocadas por
acidentes com
animais nocivos.
- Falta de
procedimentos
de emergências
específicos.
- Falta de
equipamentos/
aparatos de
proteção
individual.
- Não remoção
dos animais
antes das obras.
- Lesões físicas
graves.
- Possibilidade de
morte.
Ocasional
(C)
Catastrófica
(I)
RS
Falha no sistema
de drenagem.
- Falha
operacional.
- Aumento do
escoamento da
água superficial.
- Infiltração de
efluentes no solo.
- Contaminação
do solo.
Moderada
(B)
Baixa
(IV)
RB
4.8.2. Identificação dos riscos potenciais na fase de operação
Durante a fase de operação do empreendimento, os riscos potenciais estão atrelados
diretamente com os serviços de saúde, que podem ocasionar principalmente riscos de
contaminação do ambiente e à saúde humana.
Os resíduos do serviço de saúde ocupam um lugar de destaque, pois merecem atenção
especial em todas as suas fases de manejo (segregação, condicionamento, armazenamento,
coleta, transporte, tratamento e disposição final) em decorrência dos imediatos e graves riscos
que podem oferecer, por apresentarem componentes químicos, biológicos e radioativos.
Dentre os componentes químicos destacam-se as substâncias ou preparados químicos: tóxicos,
corrosivos, inflamáveis, reativos, genotóxicos, mutagênicos; produtos mantidos sob pressão -
gases, quimioterápicos, pesticidas, solventes, ácido crômico; limpeza de vidros de
laboratórios, mercúrio de termômetros, substâncias para revelação de radiografias, baterias
usadas, óleos, lubrificantes usados, etc.
111
Dentre os componentes biológicos destacam-se os que contêm agentes patogênicos que
possam causar doença e dentre os componentes radioativos utilizados em procedimentos de
diagnóstico e terapia, os que contêm materiais emissores de radiação ionizante.
O risco no manejo dos RSS está principalmente vinculado aos acidentes que ocorrem devido
às falhas no acondicionamento e segregação dos materiais perfurocortantes sem a utilização
de proteção mecânica e de EPIs.
Quanto aos riscos ao meio ambiente destaca-se o potencial de contaminação do solo, das
águas superficiais e subterrâneas pelo lançamento de RSS em lixões ou aterros controlados
que também proporciona riscos aos catadores, principalmente por meio de lesões provocadas
por materiais cortantes e/ou perfurantes, e por ingestão de alimentos contaminados, ou
aspiração de material particulado contaminado em suspensão.
E, finalmente, há o risco de contaminação do ar, dada quando os RSS são tratados pelo
processo de incineração descontrolado que emite poluentes para a atmosfera contendo, por
exemplo, dioxinas e furanos.
O Quadro 4.13 sintetiza a análise aqui realizada.
Quadro 4.13 - Análise preliminar dos riscos potenciais durante a fase de operação
Análise Preliminar de Perigos (APP) – Fase de operação
Perigo Causa Efeito Ocorrência Severidade Categoria
de Risco
Acidente de
trânsito durante o
transporte de
substâncias
químicas.
- Falha
humana.
- Falha
mecânica.
- Impacto
provocado por
terceiros.
- Pista
defeituosa
- Possibilidade
de incêndio e/ou
explosão.
- Risco para o
meio ambiente.
Remota (D)
Catastrófica
(I)
RM
Vazamento de
gases e vapores
tóxicos.
- Falha
operacional
- Falha
material
- Risco de
incêndio.
- Contaminação
do ar.
- Risco à saúde.
Ocasional
(C)
Catastrófica
(I)
RS
112
Acúmulo de
resíduos sólidos.
- Falha
operacional.
- Falha
humana.
- Impacto
provocado por
terceiros.
- Risco para o
meio ambiente.
- Risco à saúde.
- Atração de
vetores de
doença.
- Atração de
animais.
Moderada
(B)
Crítica (II) RS
Má circulação do
ar.
- Falha
operacional.
- Falha
mecânica.
- Falha
material.
- Risco de
contaminação do
ar.
- Risco à saúde.
Ocasional
(C)
Marginal
(III)
RB
Umidade
excessiva.
- Falha
operacional.
- Falha
material.
- Risco à saúde.
- Proliferação de
fungos e
bactérias
Ocasional
(C)
Marginal
(III)
RB
Falhas na limpeza
das instalações e
equipamentos do
hospital.
- Falha
operacional.
- Falha
humana.
- Risco à saúde. Moderada
(B)
Crítica (II) RS
Falhas no
armazenamento
dos RSS.
- Falha
operacional.
- Falha
mecânica.
- Falha
humana.
- Falha
material.
- Risco à saúde.
- Risco para o
meio ambiente.
- Risco de
contaminação do
ar.
- Atração de
animais.
Moderada
(B)
Crítica (II) RS
Falhas na coleta
dos RSS.
- Falha
operacional.
- Falha
mecânica.
- Falha
humana.
- Falha
material.
- Risco à saúde.
- Risco para o
meio ambiente.
- Risco de
contaminação do
ar.
Moderada
(B)
Crítica (II) RS
Falhas no
transporte dos
RSS.
- Falha
operacional.
- Falha
mecânica.
- Falha
humana.
- Falha
material.
- Risco à saúde.
- Risco para o
meio ambiente.
- Risco de
contaminação do
ar.
Moderada
(B)
Crítica (II) RS
113
Processo de
incineração dos
RSS
descontrolado.
- Falha
operacional.
- Falha
mecânica.
- Falha
material.
- Qualificação
do
procedimento
de incineração.
- Emissão de
poluentes para a
atmosfera
contendo, por
exemplo,
dioxinas e
furanos.
Moderada
(B)
Crítica (II) RS
Falha no pré-
tratamento do
esgoto hospitalar
- Falha
operacional.
- Falha
mecânica.
- Falha
humana.
- Falha
material.
- Qualificação
do
procedimento
de tratamento.
- Risco para o
meio ambiente.
Ocasional
(C)
Marginal
(III)
RB
Acidentes no
funcionamento do
heliponto
- Falha
operacional.
- Falha
mecânica.
- Falha
humana.
- Falha
material.
- Risco de
explosão.
- Risco de
colisão com aves.
Improvável
(E)
Catastrófica
(I)
RB
Falha na
manutenção dos
jardins e pátio
- Falha
operacional.
- Falha
mecânica.
- Falha
humana.
- Falha
material.
- Risco de
crescimento de
espécies vegetais
daninhas.
- Atração de
animais nocivos.
- Risco de perda
da vegetação.
Moderada
(B)
Marginal
(III)
RM
Falha na
manutenção e
limpeza do açude
- Falha
operacional.
- Falha
humana.
- Falha
material.
- Risco de
propagação de
vetores de
doença.
- Risco de
eutrofização.
Moderada
(B)
Marginal
(III)
RM
Emissão de
material
particulado
- Falha
operacional.
- Falha
material.
- Falha
- Risco de
contaminação do
ar.
- Risco à saúde.
Moderada
(B)
Crítica (II) RS
114
mecânica.
4.8.3. Síntese conclusiva
Dentre os riscos potenciais que puderam ser caracterizados a partir da identificação dos
possíveis perigos e da correlação entre a ocorrência e a severidade, observa-se que todos
representam riscos para o meio ambiente, para as pessoas e/ou para a empresa, embora alguns
sejam classificados como Riscos Baixos (RB).
Para cada um dos riscos potenciais devem ser apontadas medidas corretivas mitigadoras para
evitar que ocorram os perigos listados.
Cabe salientar que “risco à saúde” é a probabilidade da ocorrência de efeitos adversos à saúde
relacionados com a exposição humana a agentes físicos, químicos ou biológicos, em que um
indivíduo exposto a um determinado agente apresente doença, agravo ou até mesmo morte,
dentro de um período determinado de tempo ou idade. Enquanto que “risco para o meio
ambiente” é a probabilidade da ocorrência de efeitos adversos ao meio ambiente, decorrentes
da ação de agentes físicos, químicos ou biológicos, causadores de condições ambientais
potencialmente perigosas que favoreçam a persistência, disseminação e modificação desses
agentes no ambiente.
4.9. Prognóstico ambiental da área
A elaboração do Prognóstico Ambiental tem como objetivo antecipar a situação ambiental
futura, a partir das condições ambientais emergentes, com e sem a implantação do projeto,
conduzindo à proposição de medidas destinadas ao equacionamento dos potenciais impactos e
perigos.
4.9.1. Metodologia para construções de cenários
Um dos fatores mais importantes para a realização do planejamento ambiental é analisar, em
tempos futuros, a capacidade de manejo ou de implantação das diretrizes propostas. Nesse
115
sentido, como instrumento para esse planejamento, muitos autores sugerem a elaboração de
cenários (PERES & MEDIONDO, 2004).
O estudo do cenário de uma região é uma das principais formas de avaliação do meio
ambiente, principalmente quando se procura garantir a preservação ambiental, buscando
níveis compatíveis de qualidade ambiental e satisfação das relações mantidas entre si.
É importante destacar que o objetivo de um estudo de cenário não é predizer o futuro, mas
sim organizar, sistematizar e delimitar as incertezas, explorando os pontos de mudança e de
manutenção dos rumos, possibilitando dessa forma que se tracem estratégias e ações, tanto no
âmbito do planejamento, como também antecipando situações de crise.
O prognóstico ambiental da Área Diretamente Afetada pelo empreendimento consiste em
apresentar as tendências evolutivas de qualidade ambiental da área onde será realizado o
empreendimento sem a implantação do empreendimento e com a implantação do
empreendimento dividido em dois cenários (com o empreendimento atendendo as diretrizes
ambientais e com o empreendimento sem atender as diretrizes ambientais).
Esses cenários servirão de base para a elaboração da matriz de decisão, sendo que a mesma
vem complementar a técnica de criação de cenários, criando possibilidades mais práticas de
relacioná-los e levando em consideração a importância de prováveis impactos ambientais.
Assim, para subsidiar a análise dos cenários supracitados, o referido prognóstico deve
obrigatoriamente fundamentar-se na análise integrada do diagnóstico ambiental apresentada,
nas diretrizes ambientais propostas, nos resultados da descrição e da análise dos impactos
ambientais potenciais, bem como dos riscos ambientais potenciais.
4.9.2. Cenário ambiental sem o empreendimento (Cenário 01)
O prognóstico do cenário ambiental sem o empreendimento será a manutenção do terreno
como ele encontra-se atualmente.
Uso do solo.
A Área Diretamente Afetada pelo empreendimento é um terreno particular, que atualmente
nenhuma atividade é exercida no local.
116
O solo possui uma fina camada argilo-arenosa sob o embasamento cristalino e a qualidade é
boa, tendo em vista a vegetação da área, com plantas de porte principalmente arbóreo-
arbustivo.
Emissões atmosféricas.
Não existem atividades humanas dentro do terreno, portanto, não há emissões atmosféricas de
material particulado, de gases e de fumaça.
Qualidade do ar atmosférico.
Atualmente, a maior influência que pode alterar a qualidade do ar atmosférico da Área
Diretamente Afetada são as atividades desenvolvidas no Distrito Industrial de Fortaleza III,
que se localiza no setor nordeste da Área Diretamente Afetada, e o grande tráfego de
automóveis.
Embora não existam monitoramentos da qualidade do ar da região, a partir da visita de
campo, foi possível verificar a presença de líquens nas árvores, os quais são utilizados como
bioindicadores da qualidade do ar. De forma geral, entende-se que a qualidade do ar é boa
quando existem muitos e diversos líquens. Foi possível verificar a existência de alguns
liquens, porém com pouca diversidade e apresentando o branqueamento dos talos. Esse
branqueamento pode ser um indicativo do efeito de poluentes atmosféricos.
Logo, a Área Diretamente Afetada permanecendo como está, sem interferências diretas,
contribui para uma boa qualidade do ar da região, ou seja, da Área de Influência Direta, pois a
vegetação funciona como sumidouro natural de gás carbônico.
Emissão de ruídos e vibrações.
Não existem atividades humanas dentro do terreno, consequentemente não há emissões de
ruídos e vibrações.
117
Recursos hídricos.
O principal recurso hídrico da Área Diretamente Afetada pelo empreendimento é o açude, que
atualmente encontra-se em desuso. A água é de origem pluvial e aparentemente limpa.
Existem no açude alguns peixes e girinos. Nas bordas do açude existem muitas macrófitas
aquáticas e gramíneas.
Cobertura vegetal.
A cobertura vegetal da Área Diretamente Afetada encontra-se conservada, em processo de
recuperação natural. Sem interferências, toda a cobertura vegetal da Área Diretamente
Afetada tende a crescer e se desenvolver naturalmente. A vegetação predominante é de porte
arbóreo-arbustivo, com a presença de muitas gramíneas nas bordas do açude e nas estradas de
terra dentro da Área Diretamente Afetada.
Área de Preservação Permanente – APP.
A mata do entorno do açude apresenta vegetação secundária em estado de recuperação
natural.
Fauna local.
A fauna da Área Diretamente Afetada é composta principalmente por invertebrados, répteis,
anfíbios, aves, pequenos mamíferos e alguns peixes no açude. Sem a interferência da Área
Diretamente Afetada, esses animais continuaram existindo, pois na área há muitos hábitats,
que proporcionam abrigo e proteção. A Área Diretamente Afetada possui uma vegetação que
dá suporte para a base da cadeia alimentar, apesar de sofrer influências externas do entorno,
devido à antropização.
Abastecimento e consumo de água.
Não existe rede de abastecimento de água e não se sabe da existência de poço no local.
Como não existem atividades no terreno, não existe consumo de água.
118
Abastecimento e consumo de energia.
Não existe rede elétrica dentro do terreno, porém existe energia elétrica nas ruas, casas e
terrenos vizinhos.
Produção de resíduos sólidos.
Por se tratar de um terreno particular, cercado, o acesso à área é restrito. Não existem pessoas
morando no local e nenhuma atividade é realizada. Consequentemente, não tem a produção de
resíduos sólidos. Contudo, na visita de campo, verificou-se a presença de pedaços de isopor,
sacos plásticos, garrafas, pedaços de madeira e restos de material de construção no local. Isso
demonstra que algumas pessoas utilizam a área. Adjacente ao terreno existe um conjunto
habitacional, sítios com hortas e com a criação de animais, especialmente caprinos e bovinos.
Talvez, por uma coleta ineficiente de lixo, foi possível observar também na visita de campo,
que nas proximidades do terreno existe acúmulo de lixo e vestígios de lixo queimado.
Produção de efluentes líquidos.
Não existem efluentes líquidos na Área Diretamente Afetada.
Os efluentes pluviais carreados pela lavagem do ambiente urbano, promovida pelas águas de
chuvas, formados por detritos orgânicos, fuligem e hidrocarbonetos dos combustíveis são
considerados como efluentes pluviais urbanos, que não existem dentro da Área Diretamente
Afetada, pois não há atividades urbanas no terreno.
A água da chuva é interceptada primeiramente pela vegetação antes de chegar ao solo. Devido
à presença da vegetação e da boa qualidade do solo da Área Diretamente Afetada, o
escoamento superficial da água pluvial é mais lento, ocorrendo à infiltração da água no solo.
119
4.9.3. Cenário ambiental futuro com o empreendimento atendendo as diretrizes
ambientais (Cenário 02)
O prognóstico do cenário ambiental com o empreendimento atendendo as diretrizes
ambientais é o prognóstico desejado tanto para a conservação do ambiente como também para
o desenvolvimento sustentável do hospital.
Uso do solo.
Parte da Área Diretamente Afetada terá a vegetação removida para construção do hospital,
estacionamento, estação de pré-tratamento de efluentes, subestação de energia e vias de
acesso. As áreas destinadas às vias de acesso terão pavimentação preferencialmente em pedra
granítica, enquanto que na área destinada ao estacionamento serão utilizados paralelepípedos.
O potencial natural da área será manejado de forma racional e planejado, com vistas a atenuar
as degradações no ambiente, pois é de grande interesse para o próprio empreendedor
conservar as características geoambientais da área, visando à manutenção do padrão de
qualidade ambiental desde a fase de implantação do projeto.
Existirão áreas de preservação dentro da Área Diretamente Afetada. Uma compreenderá a
área de preservação de permanente no entorno do açude e outra área de mata preservada, que
servirá de abrigo e proteção para a fauna local e visitante, além da vegetação desempenhar
também a sua função de sumidouro de gás carbônico.
A APP do entorno do açude será um espaço de lazer para a comunidade e uma área externa do
hospital, que proporcionará descanso para os pacientes, acompanhantes e funcionários. Será
um espaço destinado também para as atividades lúdicas e de educação ambiental.
Emissões atmosféricas.
De acordo com o Art. 45, da Lei Municipal nº 1.232/2007, são estabelecidos para todo o
Município os padrões de qualidade do ar indicados na legislação e normas técnicas em vigor.
O Art. 49, da mesma lei, esclarece ainda que não será concedida licença de operação ao
empreendimento ou atividade causadora de poluição atmosférica que não tenha implantado
sistema de controle desta poluição.
120
Na fase de construção do empreendimento, as poeiras fugitivas oriundas das diversas
atividades de construção devem ser amenizadas com a aguação da área, evitando-se, assim, a
geração de partículas a serem carreadas pelo vento e pelas águas de chuvas.
Na fase de operação do empreendimento, as atividades geradoras de emissões atmosféricas
(material particulado, gases e fumaça) compreendem: a climatização do hospital, a realização
dos serviços hospitalares e dos serviços de suporte, do funcionamento do heliponto, do
funcionamento da subestação de energia, da circulação de veículos e do funcionamento da
estação de esgoto. Para cada uma dessas atividades foram propostas medidas mitigadoras e/ou
compensatórias, que o empreendimento atenderá, pois priorizará por atender a legislação
vigente e assegurará o bom desempenho das atividades, de forma sustentável, respeitando o
meio ambiente, a população do entorno, os funcionários e pacientes do hospital.
Qualidade do ar atmosférico.
Com a construção do hospital e a execução das diretrizes ambientais propostas, a qualidade do
ar atmosférico tenderá a melhorar, tendo em vista a preocupação da recuperação e
manutenção da área de preservação permanente, de uma área de mata preservada e do
cinturão verde ao redor do hospital.
Emissão de ruídos e vibrações.
As atividades geradoras de ruídos e de vibrações na fase de implantação (remoção da
vegetação, remoção do solo orgânico, implantação da infraestrutura de apoio, terraplenagem,
pavimentação, construção da subestação de energia, deslocamento e transporte de máquinas,
construção do heliponto, construção e montagem das instalações do hospital e desmontagem
do canteiro de obras) e de operação (climatização do hospital, realização dos serviços de
suporte e funcionamento do heliponto, da subestação de energia e da estação de esgoto)
atenderão as diretrizes ambientais e as medidas mitigadoras propostas no plano de gestão
ambiental.
Recursos hídricos.
Com o projeto arquitetônico e urbanístico, o açude será limpo e preservado.
121
Cobertura vegetal.
Aproximadamente 1/4 da cobertura vegetal da Área Diretamente Afetada será removida para
a construção do hospital, estacionamento, estação de pré-tratamento de efluentes, subestação
de energia e vias de acesso. No entanto, como compensação será replantando no entorno da
Área Diretamente Afetada e no entorno do açude espécies nativas da flora local. Será
realizada a recuperação da APP e a preservação de uma área verde dentro da Área
Diretamente Afetada.
Área de Preservação Permanente – APP.
Com a execução do plano de recuperação da mata do entorno, a APP será preservada e
utilizada como uma área externa de lazer do hospital, sendo também uma área de lazer da
região.
Fauna local.
Parte da fauna, principalmente répteis e anfíbios, será removida e realocanda da área cuja
vegetação será removida. A maior parte dos animais irão se afugentar logo no inicio das
obras, porém ao término tenderão a retornar, principalmente para as áreas preservadas da Área
Diretamente Afetada.
Abastecimento e consumo de água.
A água utilizada no hospital será da rede pública de abastecimento de água (CAGECE) e
também oriunda de poços profundos.
A partir de medidas de mitigação do consumo de água, os custos serão minimizados e o
desperdício de água evitado.
A água pluvial será drenada e armazenada em cisternas, para que seja utilizada na irrigação
dos jardins.
122
Abastecimento e consumo de energia.
A iluminação será composta principalmente por lâmpadas LED’s e adequadas para cada setor
do hospital, atendendo as exigências de cada uma das áreas.
Serão realizadas campanhas contínuas de sensibilização para o consumo consciente de
energia, evitando o desperdício e minimizando os custos.
Produção de resíduos sólidos.
Serão produzidos inicialmente os resíduos sólidos da construção civil, na fase de implantação.
Na fase de operação, os resíduos sólidos produzidos serão oriundos dos serviços de apoio
administrativo, dos serviços de suporte e especialmente dos serviços de saúde.
Todos os resíduos gerados pelo empreendimento terão o tratamento correto, seguindo os
critérios do Plano de Gerenciamento dos Resíduos Sólidos da Construção Civil, do Plano de
Gerenciamento dos Resíduos Sólidos de Saúde, bem como do Programa de Gestão de
Resíduos Sólidos do hospital. Além disso, as campanhas de sensibilização do consumo
consciente contribuíram para minimizar a produção dos resíduos sólidos.
Produção de efluentes líquidos.
Os efluentes líquidos da construção civil, durante as obras de construção do hospital, terão a
drenagem e o destino estabelecidos por programas de gestão dos efluentes líquidos da
construção civil, juntamente com os de resíduos sólidos.
Os efluentes líquidos do hospital, na fase de operação, passarão por uma estação de pré-
tratamento, para que o líquido tratado seja destinado para a rede de esgoto, enquanto que os
resíduos sólidos, oriundos desse tratamento, serão removidos e destinados ao aterro sanitário
ou terão outro tipo de tratamento adequado.
123
4.9.4. Cenário ambiental futuro com o empreendimento sem atender as diretrizes
ambientais (Cenário 03)
Uso do solo.
Aproximadamente 1/4 da área da Área Diretamente Afetada terá a vegetação removida para
as construções do HRM, estação de pré-tratamento de esgoto, estacionamento e outros
espaços físico do empreendimento, ocasionando a perda da qualidade ambiental do solo.
A pavimentação de forma irregular e sem atentar-se para as diretrizes ambientais irá
impermeabilizar o solo, aumentando consequentemente o escoamento superficial da água
pluvial e a aceleração do processo erosivo, além também de aumentar os riscos de alagamento
da área, em épocas de chuva.
Emissões atmosféricas.
As atividades geradoras de emissões atmosféricas, tanto na fase de implantação como na fase
de operação do empreendimento irão atender apenas a legislação vigente, no entanto, o
empreendimento não terá como preocupação ações corretivas.
Qualidade do ar atmosférico.
A área do hospital, sem a vegetação original do terreno e sem a compensação dessa supressão
irá alterar a qualidade do ar atmosférico da Área Diretamente Afetada para pior, trazendo
prejuízos para a fauna local, como também para a saúde da população da região.
Emissão de ruídos e vibrações.
As atividades geradoras de ruídos e vibrações na fase de implantação e de operação atenderão
somente a legislação vigente.
124
Recursos hídricos.
O empreendimento construindo sem atender as diretrizes ambientais priorizará o
desenvolvimento das atividades hospitalares, sem atentar-se para as questões ambientais. Por
esse motivo, o açude poderá ser aterrado, tendo em vista o interesse social.
Área de Preservação Permanente – APP.
A área de preservação permanente será suprimida, sem atender as diretrizes ambientais,
tornando-se uma área ocupada para finalidades voltadas para as atividades do hospital.
Cobertura vegetal.
Parte da vegetação será suprimida, sem atentar-se para remoção da fauna local e sem que haja
a compensação dessa supressão.
Fauna local.
A fauna tenderá a se afugentar com o inicio das obras, porém muitos animais irão morrer com
as atividades de construção e/ou atropelados na estrada.
Os riscos com os animais nocivos da área vão aumentar e não haverá locais para os animais se
abrigarem, trazendo riscos à saúde da população do entorno da Área Diretamente Afetada.
Abastecimento e consumo de água.
A água utilizada no hospital será da rede pública de abastecimento de água (CAGECE) e
também oriunda de poços profundos.
Não existirá a preocupação com medidas de mitigação do consumo de água, o que aumentará
os custos e o desperdício de água.
125
Abastecimento e consumo de energia.
A iluminação será composta principalmente por lâmpadas fluorescentes, sem adequação para
cada setor do hospital.
Não haverá campanhas de sensibilização para o consumo consciente de energia, o que
acarretará em desperdício e aumento dos custos.
Produção de resíduos sólidos.
Os resíduos sólidos da construção civil, produzidos durante a fase de implantação, serão
enviados para um aterro sanitário, sem separação ou tratamento adequado. Os resíduos sólidos
produzidos no hospital também serão enviados para um aterro sanitário.
Produção de efluentes líquidos.
Os efluentes líquidos, produzidos durante a fase de implantação do empreendimento, terão a
drenagem provisória e destino final, sem preocupação com a identificação, classificação e
separação dos efluentes, demandando tempo e dinheiro para o empreendedor.
Os efluentes líquidos produzidos pelas atividades do hospital serão destinados diretamente
para a rede pública de esgoto, sem tratamento.
4.9.5. Síntese conclusiva
O quadro abaixo (Quadro 4.14) sintetiza cada uma das características dos cenários propostos
para o prognóstico ambiental da Área Diretamente Afetada do empreendimento.
Quadro 4.14 - Características dos cenários do prognóstico ambiental da Área Diretamente
Afetada pelo empreendimento
Características Cenário 01 Cenário 02 Cenário 03
Uso do solo Não existem
atividades humanas
no terreno.
Solo com boa
qualidade.
Parte do solo será
destinada para as
construções.
Pavimentação de
algumas áreas,
atentando-se para
Parte do solo será
destinada para as
construções.
A pavimentação de
algumas áreas irá
impermeabilizar o
126
permeabilidade da água
no solo.
Aumento do
escoamento superficial
da água pluvial.
Aceleração do processo
erosivo.
Perda da qualidade
ambiental do solo na
área construída.
solo.
Aumento do
escoamento
superficial da água
pluvial.
Aceleração do
processo erosivo.
Perda da qualidade
ambiental do solo na
área construída.
Emissões
atmosféricas
Não há emissões
atmosféricas de
material particulado,
gases e fumaça.
Para cada uma das
atividades geradoras de
emissões atmosféricas,
tanto da fase de
implantação como na
fase de operação terão
medidas mitigadoras
e/ou compensatórias.
As atividades
geradoras de
emissões
atmosféricas, tanto
na fase de
implantação como na
fase de operação do
empreendimento irão
atender apenas a
legislação vigente,
no entanto o
empreendimento não
terá a preocupação
de realizar ações
corretivas.
Qualidade do ar
atmosférico
Como não existem
atividades humanas
no terreno, a
qualidade do
atmosférico tem
influência direta do
entorno, ou seja, do
DIF III e do tráfego
de automóveis na
Av. do 4º Anel
Viário.
A vegetação do
terreno funciona
como um sumidouro
de gás carbônico na
área.
Com a compensação
ambiental de plantar
árvores nativas no
entorno do hospital,
formando um cinturão
verde, de preservar
uma área de mata
nativa e a APP, a
qualidade do ar
atmosférico da área
tende a ser boa.
Péssima qualidade
do atmosférico.
Emissão de
ruídos e
vibrações
Não existem
atividades humanas
dentro do terreno,
portanto não há
emissões de ruídos e
vibrações.
As atividades geradoras
de ruídos e vibrações
na fase de implantação
e de operação
atenderão as diretrizes
ambientais e as
medidas mitigadoras
propostas no plano de
As atividades
geradoras de ruídos e
vibrações na fase de
implantação e de
operação atenderão a
legislação vigente.
127
gestão ambiental.
Recursos
hídricos (Açude)
Não é utilizado para
atividades humanas.
Limpeza do açude. Aterramento do
açude.
Cobertura
vegetal
Em processo de
recuperação natural.
Remoção de parte da
vegetação
Compensação da
vegetação retirada
Área de mata
preservada.
Remoção de parte da
vegetação.
Não haverá
compensação e nem
preservação de
matas.
Área de
Preservação
Permanente –
APP
Em processo de
recuperação natural.
Recuperação da mata
do entorno do
reservatório.
Área de lazer.
Será removida.
Fauna local Aves, répteis,
anfíbios, pequenos e
médios mamíferos e
invertebrados que
possuem hábitats
estabelecidos dentro
da ADA.
Remoção dos animais
das áreas cuja
vegetação será retirada.
Afugentamento de aves
e mamíferos.
Existência de áreas
(área de mata
preservada e APP) que
proporcionam abrigo e
proteção para os
animais.
Não existirá a
remoção dos animais
antes das obras.
Não haverá locais de
abrigo.
Perigo com animais
nocivos afugentados.
Abastecimento e
consumo de água
Não existe rede de
abastecimento de
água e não se sabe
da existência de
poço no local. Como
não existem
atividades no
terreno, não existe
consumo de água.
A água utilizada no
hospital será do
abastecimento de água
(CAGECE) e também
oriunda de poços
profundos.
A partir de medidas de
mitigação do consumo
de água, os custos
serão minimizados e o
desperdício de água
evitado.
A água pluvial será
utilizada na irrigação
dos jardins.
A água utilizada no
hospital será do
abastecimento de
água (CAGECE) e
também oriunda de
poços profundos.
Não existe a
preocupação com
medidas de
mitigação do
consumo de água, o
que aumentará os
custos e o
desperdício de água.
Abastecimento e
consumo de
energia
Não existe rede
elétrica dentro do
terreno, porém
existem nas ruas,
casas e terrenos
vizinhos.
A iluminação será
composta
principalmente por
lâmpadas LED’s e
adequadas para cada
setor do hospital,
atendendo as
exigências de cada uma
das áreas. Serão
realizadas campanhas
A iluminação será
composta
principalmente por
lâmpadas
fluorescentes, sem
adequação para cada
setor do hospital.
Não haverá
campanhas de
sensibilização para o
128
contínuas de
sensibilização para o
consumo consciente de
energia, evitando o
desperdício e
minimizando os custos.
consumo consciente
de energia, o que
acarretará em
desperdício e
aumento dos custos.
Produção de
resíduos sólidos
Não existe a
produção de resíduos
sólidos
Geração de resíduos da
construção civil, dos
serviços de apoio
administrativo, dos
serviços de suporte e
em larga escala dos
serviços de saúde. Com
a execução de
programas destinados
ao uso consciente dos
materiais, a
reutilização, a
reciclagem, ao
armazenamento,
descarte e destino
corretos, os resíduos
gerados não
representaram maiores
impactos.
Os resíduos sólidos
da construção civil,
produzidos durante a
fase de implantação
serão enviados para
um aterro sanitário,
sem separação ou
tratamento adequado.
Os resíduos sólidos
produzidos no
hospital também
serão enviados para
um aterro sanitário.
Produção de
efluentes
líquidos
Não existem
efluentes líquidos na
ADA
Efluentes líquidos da
construção civil,
durante as obras de
construção do hospital,
terão a drenagem e o
destino estabelecidos
por programas de
gestão dos efluentes
líquidos da construção
civil.
Os efluentes líquidos
do hospital passarão
por uma estação de pré-
tratamento.
Os efluentes líquidos
produzidos durante a
fase de implantação
do empreendimento
terão a drenagem
provisória e o mesmo
destino, sem que
exista a preocupação
da identificação,
classificação e
separação dos
efluentes, pois isso
demanda tempo e
custos para o
empreendedor. Os
efluentes líquidos
produzidos pelas
atividades do
hospital serão
destinados
diretamente para a
rede pública de
esgoto, sem
tratamento.
129
4.10. Conclusões e recomendações do Estudo de Viabilidade Ambiental
O presente Estudo de Viabilidade Ambiental – EVA forneceu informações importantes sobre
a questão ambiental para o desenvolvimento do projeto do Hospital Regional Metropolitano
(HRM) – Ceará.
Foram abordadas no estudo a legislação, normas, planos e resoluções vigentes e pertinentes à
área do empreendimento e às atividades que serão desenvolvidas pelo empreendimento, tanto
na fase de implantação como também na fase de operação.
Foi definida a Área de Influência (AI) do empreendimento, sendo classificadas a Área
Diretamente Afetada (ADA), a Área de Influência Direta (AID) e a Área de Influência
Indireta (AII). Foram elencadas também as características ambientais relevantes para a
elaboração do EVA e realizado o diagnóstico ambiental da área, apresentando as
características do meio físico e biótico.
Foram caracterizadas e sugeridas, para que o empreendimento torne-se viável e sustentável do
ponto de vista ambiental, as diretrizes ambientais, referentes ao projeto urbanístico e
paisagístico, ao projeto arquitetônico, aos aspectos ambientais durante a fase de construção e
aos aspectos ambientais relacionados às atividades no hospital, durante a fase de operação.
Foi feita a análise dos impactos ambientais potenciais, relacionando as atividades
desenvolvidas durante as fases de implantação e operação do empreendimento, com os
aspectos ambientais, sujeitos a alterações, e os impactos ambientais potenciais. Cada impacto
ambiental, no total de 13, foi classificado a partir de critérios de importância e descrito de
forma detalhada.
Foi realizada ainda uma analise preliminar dos riscos ambientais potenciais e elaborado um
prognóstico ambiental da área.
No que concerne aos impactos no meio físico e biótico, todos foram classificados como
negativos, porém, acredita-se que se as diretrizes ambientais sugeridas no presente EVA e se
as medidas mitigadoras forem atendidas, os impactos serão mitigados ou pelo menos
minimizados.
Conclui-se, portanto, que o projeto do Hospital Regional Metropolitano, apresenta-se viável
ambientalmente, desde que a Prefeitura Municipal de Maracanaú, a Secretaria de Saúde do
130
Estado e o Governo do Estado do Ceará executem o projeto atendendo as diretrizes
ambientais propostas, as medidas mitigadoras, propostas no Plano de Gestão Ambiental,
cumpra e faça cumprir a legislação ambiental pertinente e as demais recomendações propostas
neste Estudo de Viabilidade Ambiental, dando as devidas atenções aos potenciais impactos
que podem ser gerados.
O projeto do Hospital Regional Metropolitano será um diferencial a se seguir, para além das
diretrizes ambientais legais, pois com a adoção de ações sustentáveis desde a fase de
implantação e durante toda a fase de operação, será o primeiro hospital “verde” do Estado do
Ceará.
O Estudo de Viabilidade Ambiente mostra que o projeto do HRM atende os requisitos
exigidos na legislação e em normas específicas, detendo, portanto, as condições necessárias
para a emissão das respectivas licenças ambientais exigidas para o início das obras e para a
execução das atividades do hospital.
Como recomendação, sugere-se que a Secretaria de Saúde do Estado do Ceará, quando for
selecionar o consórcio para a implantação e operação do HRM, solicite que sejam elaborados:
(1) Plano de Gestão Ambiental, que consiste em propor medidas mitigadoras para os
impactos ambientais adversos potencias;
(2) Plano de Acompanhamento e Monitoramento dos Impactos, referente aos
procedimentos que serão adotados quando da implantação e operação do
empreendimento.
131
5. ESTUDO DE VIABILIDADE SOCIAL
5.1. Apresentação
A viabilidade social se propõe a interlocução com os demais estudos pertinentes a ela,
verificando se esses garantem, além de suprir a demanda reprimida por hospital de urgência e
emergência de alta complexidade, contemplam também as condições necessárias à proteção
do público alvo. Entende-se aqui por proteção toda condição necessária para esse indivíduo se
deslocar dentro da macrorregião estabelecida e ser atendido no - HRM.
O presente estudo se refere à viabilidade social do HRM. Tem como finalidade observar as
questões referentes ao público alvo que parte será contemplada pelo HRM.
Para um melhor entendimento da inserção social do HRM é de suma importância entender a
demanda reprimida, gerada pela falta de acesso ou assistência precária, bem como a trajetória,
o percurso, o acesso/mobilidade ao hospital, observando a malha viária e o transporte público
ofertado. Outro fator a ser observado é o suporte da rede pública da saúde, prioritariamente a
primária e secundária, que destinará os atendimentos ao HRM. O entorno composto pela
população moradora das mediações da construção do HRM, deve ser impactado
positivamente, como também se deve promover melhorias locais na comunidade para
minimizar os impactos negativos.
5.2. Justificativa
Ao se tratar de aspectos sociais relevantes à construção de um hospital, já se tem
subentendido que a própria demanda reprimida é aspecto social mais impactante a ser
considerado para se justificar a importância da existência desse novo equipamento público.
A superlotação dos hospitais de urgência e emergência de alta complexidade na macrorregião
de Fortaleza e a carência de leitos no Ceará de acordo com os parâmetros do Ministério da
Saúde, assuntos estes muito explorados pela mídia local, justificam a necessidade imediata da
construção de novos hospitais de alta complexidade em nosso Estado.
Este cenário repassa à população a imagem que o Sistema Único de Saúde (SUS) não é
efetivo e que a parcela da população dependente do SUS acaba por ser tratada de forma
inadequada.
132
Deve-se considerar ainda que fatores como crescimento populacional e aumento da
expectativa de vida, mudança do perfil epidemiológico da população e a própria dinâmica
socioeconômica influenciam na demanda, aumentando-a e alterando suas características.
O Sistema Estadual da Saúde baseado no modelo de regionalização, organiza o acesso aos
serviços, porém não é suficientemente efetivo para poder sanar os aspectos já citados.
Portanto a implantação do HRM se justifica no tripé: carência de leitos, pacientes aguardando
leitos nos corredores e mudança no perfil epidemiológico da população, tendo como resultado
final uma importante demanda reprimida por atendimento de alta complexidade.
5.3. Contextualização
5.3.1. O Sistema Estadual de Saúde no Ceará
5.3.1.1. O Modelo de Regionalização
O estado do Ceará foi um dos precursores do modelo de regionalização no Brasil. Em 2002
foi contratada uma consultoria capitaneada pela Dr. Eugênio Vilaça, importante sanitarista,
teórico e experiente consultor na organização de Sistemas de Saúde, que desenvolveu o
estudo: “Uma estratégia de Reorganização do SUS-Ceará”, onde teve início este importante
processo.
As atuais diretrizes políticas de reorganização das ações e serviços do Estado do Ceará foram
aprovadas pelo Conselho Estadual de Saúde- CESAU e definidas no Plano Diretor de
Regionalização (PDR, 2006), sendo apontadas as Estratégias para reorganização da atenção à
saúde nos seus diversos níveis:
Atenção Básica: Saúde da Família
Atenção Secundária: Microrregião de Saúde
Atenção Terciária: Macrorregião de Saúde
Os municípios cearenses foram organizados em microrregiões de saúde, constituindo espaços
geográficos e populacionais compostos por vários municípios que tem afinidades tradicionais
em relação à cultura, a economia e a prestação de serviços e cuja articulação visa à resolução
de problemas comuns de saúde, objetivando garantia à assistência integral e o
desenvolvimento de um sistema integrado e a melhoria da qualidade da atenção.
133
Os Sistemas Microrregionais de Serviços de Saúde caracterizam-se, portanto, como um
projeto estruturante do campo dos serviços de saúde implementado no âmbito de uma
microrregião, pela ação cooperativa entre as Secretarias Municipais e a Secretaria Estadual de
Saúde. É uma organização virtual de pactuação e negociação sustentada por uma Comissão
Intergestores Bipartite Microrregional e ativada por instrumentos de planejamento, baseado na
Programação Pactuada Integrada (PPI).
Este modelo agrega ainda o conceito de macrorregiões de saúde onde estas microrregiões são
concentradas de acordo com a oferta e suficiência de serviços dos mais simples até os mais
complexos.
A regionalização dos serviços de saúde vem sendo discutida não só no Brasil, mas faz parte
de uma tendência mundial. A Carta de Ljubljana, elaborada pelos Ministros da Saúde da
Europa, em 06/96, recomenda, em relação à organização de serviços de saúde Europeus que:
“As redes regionais de Serviços de Saúde devem ser reforçadas, porque representa soluções
mais custo/efetivas, permitem melhores respostas as emergências médicas e facilitam a
cooperação entre hospitais e atenção primaria”.
No processo de definição das Microrregiões e Macrorregiões de Saúde do Ceará levou-se em
conta o princípio de acesso universal a todos os níveis de complexidade do sistema de saúde
de acordo com a necessidade e gravidade do problema de saúde dos indivíduos, e de que
acesso deveria ser ordenado e hierarquizado, levando-se em conta, um sistema de referência e
contra referência.
A porta de entrada do sistema será a atenção primária ofertada pelo Programa de Saúde da
Família; o nível imediatamente ascendente, o da atenção secundária, será formado pelos
serviços ambulatoriais especializados e hospitais municipais de clinicas básicas e no topo do
sistema estariam os serviços considerados de alto custo e/ou de alta complexidade.
Essa distribuição foi definida por estudo realizado em 2002, denominado “Uma estratégia de
Reorganização do SUS-Ceará”. A partir deste estudo configurou-se um desenho que
evidenciava a existência de redes, trechos e microrregião.
Após o desenho das rotas naturais de acesso aos serviços de saúde e o diagnóstico do nível de
complexidade dos serviços municipais, o Conselho Estadual de Saúde redefiniu o mapa
134
organizacional do SUS, estabeleceu três polos macrorregionais e vinte e uma microrregiões de
saúde.
Após a divulgação deste documento alterações neste modelo já foram realizadas, destacando-
se a criação da 22ª microrregião de saúde de Cascavel e a criação da quarta macrorregião de
saúde.
Como já citado, encontra-se em fase de criação pelo Governo de Estado do Ceará a quarta
Macrorregião de Saúde a ser denominada de Sertão Central, envolvendo 612.377 habitantes
dos 20 municípios pertencentes às microrregiões de Canindé, Quixadá e Tauá.
Este modelo de regionalização possui um grande impacto social, pois direciona os fluxos de
atendimento evitando a “via crucis” do paciente em busca de atendimento sem
direcionamento e resolubilidade.
Apesar de toda estrutura pensada ser de extrema relevância ainda encontramos deficiências no
Sistema Regional de Saúde, quer pela carência natural de serviços, quer pelo não
cumprimento de alguns serviços das pactuações realizadas referentes á oferta de atendimento.
Estes problemas acabam por gerar impactos econômicos e sociais, como o aumento do
absenteísmo no trabalho, agravamento do quadro de saúde dos pacientes e elevação dos
custos de tratamento, gerando também superlotação dos serviços.
O Plano Diretor de Regionalização vigente (PDR, 2006) apresenta como conformação das
macrorregiões de saúde o mapa abaixo (Figura 5.1).
135
Figura 5.1 - Macrorregiões de saúde do Ceará
136
O Hospital Regional Metropolitano do Ceará (HRM) terá como área de abrangência a
macrorregião de saúde de Fortaleza, envolvendo uma estimativa de 4.827.595 habitantes e
será implantado no município de Maracanaú.
A abrangência do HRM envolve os municípios de: Acarape, Alto Santo, Amontada, Apuiáres,
Aquiraz, Aracati, Aracoiaba, Aratuba, Barreira, Baturité, Beberibe, Capistrano, Cascavel,
Caucaia, Chorozinho, Ererê, Eusébio, Fortaleza, Fortim, General Sampaio, Guaiuba,
Guaramiranga, Horizonte, Icapuí, Iracema, Itaiçaba, Itaitinga, Itapagé, Itapipoca, Itapiúna,
Jaguaretama, Jaguaribara, Jaguaribe, Jaguaruana, Limoeiro do Norte, Maracanaú,
Maranguape, Miraíma, Morada Nova, Mulungu, Ocara, Pacajus, Pacatuba, Pacoti, Palhano,
Palmácia, Paracuru, Paraipaba, Pentecoste, Pereiro, Pindoretama, Potiretama, Quixeré,
Redenção, Russas, São Gonçalo do Amarante, São João do Jaguaribe, São Luís do Curú,
Solonópole, Tabuleiro do Norte, Tejuçuoca, Trairi, Tururú, Umirim e Uruburetama.
A utilização deste modelo organizativo possui um importante impacto nos aspectos sociais
relacionados à implantação do HRM.
A organização do fluxo de pacientes através do sistema de referência e contra-referência, bem
como o rastreamento do processo de atendimento e a otimização do sistema são fundamentais
para a melhoria dos indicadores sociais relacionadas aos aspectos da saúde.
A oportunidade de retirar da fila de espera pacientes que hoje se encontram nos corredores
dos grandes hospitais de urgência e emergência do SUS são fundamentais para a melhoria do
Sistema Estadual de Saúde.
5.3.1.2. A Oferta de Leitos no Ceará
De acordo com a portaria GM nº 1101 de 12/06/2002, os parâmetros utilizados para cálculo
de necessidade de leitos Hospitalares Totais são 2,5 a 3 leitos para cada 1.000 habitantes.
Considerando-se a população de 8.448.055 habitantes no estado do Ceará (IBGE, 2010),
seriam necessários entre 21.120 e 25.344 leitos hospitalares de internação.
De acordo com os dados disponíveis no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde
(CNES, base abril de 2012) os estado do Ceará apresenta 19.026 leitos de internação, sendo
destes 14.766 disponíveis para o SUS. Diante deste quadro verificamos a necessidade
preemente de implantação de novos leitos hospitalares em nosso estado.
137
A mídia local tem dado muito destaque a este aspecto, sendo que em 28/05/2012 o jornal de
maior circulação local (Diário do Nordeste) veiculou uma reportagem intitulada: Ceará tem
déficit de dois mil leitos hospitalares, ressaltando a problemática em questão.
Estudos desenvolvidos pela Secretaria do Estado da Saúde (SESA-CE) demonstram que há
um déficit de 2.776 leitos na Macrorregião de Fortaleza. O Quadro 5.1 abaixo demonstra a
distribuição de leitos nas microrregiões pertencentes a esta macro:
Quadro 5.1 - Distribuição e necessidade de leitos hospitalares na macrorregião de Fortaleza,
CE (2012)
CRES Disponibilidade de
Leitos
1ª CRES Fortaleza 8.755
2ª CRES Caucaia 386
3ª CRES Maracanaú 137
4ª CRES Baturité 256
6ª CRES Itapipoca 309
7ª CRES Aracati 147
9ª CRES Russas 436
10º CRES Limoeiro 313
22ª CRES Cascavel 303
Total de Leitos Existentes 11.042
Necessidade Macro Fortaleza 13. 818
Déficit 2.776
Fonte: SESA-CE, 2012
Ainda em relação ao estudo da macrorregião de Fortaleza dados do CNES (abril de 2012)
demonstram que 3.024 leitos de alta complexidade estão localizados neste macro,
representando 72% dos 4.279 leitos existentes.
138
Neste estudo foram incluídos os serviços hospitalares de alta complexidade do estado de
classificados como hospitais gerais. Foram excluídos os leitos de oncologia, oftalmologia e
psiquiatria de hospitais especializados.
As informações citadas revelam que quanto maior o nível de complexidade de atenção
exigido pela condição do paciente maior a dificuldade da oferta de leitos, reforçando o
conceito que não apenas é necessário criar novos leitos de internação, mas sim criar leitos em
serviços de maior complexidade de forma a dar maior resolutividade aos casos.
Dados fornecidos pela SESA-CE ainda ressaltam que existem hoje nos corredores das
emergências do HGF, IJF e Hospital de Messejana em média 340 pacientes em regime de
acolhimento (já atendidos na emergência), aguardando um leito para internação.
Em dez anos, 44 hospitais foram fechados por diferentes motivos no Ceará. Neste período, a
abertura de novos leitos não conseguiu acompanhar, proporcionalmente, o crescimento
populacional. A violência cresceu, assim como a frota de automóveis e motocicletas, e a
necessidade por assistência à saúde também. Atualmente o Estado vive um momento difícil,
no qual há dificuldades desde a acomodação correta até a transferência de pacientes graves
para leitos adequados.
Esta situação revela de forma contundente a necessidade prioritária e imediata de instalação
de novos leitos de internação em hospitais de alta complexidade em nosso estado.
Até a alguns anos atrás o Ceará concentrava quase a totalidade de atendimentos de alta
complexidade na cidade de Fortaleza. O Governo do Estado do Ceará, no entanto, vem
implementando uma política de descentralização da oferta de serviços de saúde que vem
possibilitando a instalação de três grandes hospitais de referência no interior do estado (em
Juazeiro do Norte, Sobral e Quixeramobim), culminando com a instalação do HRM em
Maracanaú.
A implantação de serviços de alta complexidade que venham a atender a população do
interior do estado e da capital possibilitará impactos sociais positivos na população cearense,
limitando danos, possibilitando o não agravamento do quadro de saúde dos pacientes que se
encontram na fila de espera por atendimento e ainda permitindo a realização de
procedimentos eletivos e de apoio diagnóstico que atuarão de forma preventiva na saúde da
população da Macrorregião de Saúde de Fortaleza.
139
5.3.1.3. O Perfil Demográfico do Estado do Ceará
Para uma melhor compreensão da dinâmica demográfica desta macrorregião de saúde foi
traçado um panorama da evolução populacional de seus municípios a partir de 1980. Esse
panorama foi composto, basicamente, por informações secundárias provenientes dos censos
demográficos do IBGE e das estimativas populacionais oferecidas por esse instituto.
Contando com uma população total, em 2010, de 4.827.595 habitantes, verifica-se um intenso
crescimento populacional pelo qual passaram os municípios integrantes da MSF, durante as
duas últimas décadas, principalmente naqueles mais populosos que são: Fortaleza, Caucaia e
Maracanaú, respectivamente. Observou-se no município de Caucaia um acréscimo de 97%
em sua população, em Fortaleza um acréscimo de 39% e o de Maracanaú 33%, comparando
os censos de 1991 e 2010. Fortaleza representa o centro de concentração populacional desta
macro. Essa característica pode ser comprovada quando se analisa que mesmo Caucaia sendo
considerada a segunda maior cidade do Estado, sua população representa, em 2010, apenas
cerca de 13% da população de Fortaleza.
O crescimento de Caucaia pode ser explicado tanto pelo incremento do turismo, como pelo
seu novo conjunto industrial, que reflete o movimento de expansão industrial de Fortaleza e o
processo de criação da região metropolitana, da qual faz parte.
O Complexo Industrial e Portuário do Pecém, juntamente com a expansão das atividades
ligadas ao turismo, são considerados como fatores de polarização e urbanização na Região
Metropolitana de Fortaleza, na direção oeste.
Os estudos referentes à estrutura etária da população aqui apresentados referem-se ao perfil do
Estado do Ceará, porém não podemos analisar isoladamente o perfil demográfico da
macrorregião de Fortaleza, pois o IBGE não trabalha com recortes dessa natureza. Portanto os
dados apresentados são do Estado do CE, que transmitem o perfil da população da
macrorregião de Fortaleza.
Esses estudos têm demonstrado que a estrutura etária da população cearense vem se
modificando ao longo das décadas, em função da queda da fecundidade, elevação da
expectativa de vida e redução da taxa de mortalidade cujos efeitos são expressos no
estreitamento da base e no alargamento do topo da pirâmide etária. As faixas de menor idade
140
tem se reduzido nos últimos anos e se elevado a participação das pessoas com mais de 64
anos, chegando a ultrapassar 7,59% em 2010.
Os gráficos exibidos nas Figuras 5.2 e 5.3 abaixo demonstram esta realidade.
Figura 5.2- Pirâmide etária do Ceará –
2000
Figura 5.3 - Pirâmide etária do Ceará - 2010
Em relação à taxa de fecundidade da população cearense, a mesma passou de 3,72 no ano de
1991 para 2,84 filhos por mulher no ano 2000, acompanhando a tendência brasileira de
decrescimento, onde no ano de 1991 registrou-se um valor de 2,88 passando para 2,33 em
2000. A fecundidade é entendida como o número médio de filhos que uma mulher teria ao
longo de seu período reprodutivo.
Estas características definem a necessidade de reformulação do desenho do Sistema Estadual
da Saúde do Ceará de forma a implantar serviços que atendam este novo perfil da população
com necessidades específicas de faixa etária e perfil epidemiológico.
Vale ainda ressaltar que Fortaleza é a capital brasileira com maior densidade populacional por
km2 em 2010. Este resultado reforça ainda a necessidade de maiores investimentos por parte
do poder público nas áreas de infraestrutura, saúde, educação, segurança, entre outras.
141
5.4. Diagnóstico da situação atual
Ao verificar a situação apresentada onde, entre outros fatores, o crescimento populacional,
aumento da expectativa de vida, mudança do perfil epidemiológico da população e a própria
dinâmica socioeconômica, denota que a macrorregião de Fortaleza apresenta um número
significativo de leitos faltosos. Isso vem construindo um cenário preocupante. Verificam-se
pacientes em espera alojados em locais desapropriados, tais como macas e colchões nos
corredores dos hospitais, impossibilitando o atendimento adequado aos mesmos. Além desses
fatores podemos identificar que, alguns desses pacientes não tiveram seus direitos à saúde
garantidos por não conseguirem acessar os hospitais de urgência e emergência de alta
complexidade, que por muitas vezes se encontram longe de suas residências ou por não serem
público específico de determinados hospitais.
Algumas propostas do poder público em minimizar tais situações foram viabilizadas. Nos
últimos quatro anos, o José Frota investiu mais de R$ 10 milhões para ampliar a estrutura.
Está recebendo investimentos do Ministério da Saúde, através do SOS Emergência, o que
possibilitou a contratação de 82 leitos de retaguarda. Porém, o déficit de leitos ainda
permanece.
Esse déficit de leitos vem gerando conflito entre a população e o SUS. Para se garantir a
universalidade o Sistema Estadual de Saúde vem buscando garantir a porta de entrada através
do Programa de Saúde da Família; a atenção secundária será está sendo fortalecida com a
implantação de novos serviços ambulatoriais especializados e reformas em hospitais
municipais de clinicas básicas e a implantação de novos hospitais terciários que ofertarão os
serviços de alta complexidade.
No tocante a Fortaleza, essa assumiu a concentração de vários atendimentos que deveriam ser
realizados em outros hospitais, pela falta dos mesmos. Fortaleza atualmente representa o
município que mais recebe pacientes de todo o Estado do CE. Para solucionar esse problema a
SESA implementou e implantou a descentralização de seus serviços de saúde, incluindo
nestes a instalação de três grandes hospitais de referência no interior do estado que irão
desafogar os hospitais atualmente superlotados e investe no fortalecimento da Central de
Regulação Estadual do SUS (CRESUS).
142
A proposta final será um melhor atendimento em curto espaço de tempo, por implantar
serviços em vias de acesso que possibilitam rapidez dos veículos destinados ao transporte de
pacientes, como também o atendimento mais próximo das residências da população a ser
contemplada.
Com base nas informações aferidas observam-se algumas situações a serem consideradas,
como a não alteração do cenário atual, vivenciado pela população da macrorregião de
Fortaleza. Esse aspecto merece destaque por promover o constante crescimento da população
a procura por hospitais, gerando assim maiores complicações referentes aos não atendidos ou
atendidos de forma precária. Salienta - se que manter o cenário como está também descumpre
os princípios do SUS.
Diante desse quadro pode-se também tentar minimizar a situação, criando-se outro cenário: o
de ampliação dos hospitais existentes. Poderia se chegar a um aumento precário do número de
leitos, investindo recursos nos hospitais antigos. Cabe ressaltar que essa decisão exclui o
aumento do quadro de recursos humanos – RH, equipamentos e espaços adequados entre
outros elementos necessários a estruturação de um hospital de alta complexidade com
resultados satisfatórios.
Diante desses dois cenários observa-se que a não implantação de uma nova unidade hospitalar
gera prejuízos significativos, tanto para o público alvo que não usufrui das garantias previstas
pelo SUS, como também para o poder público, que deixa de atender a população naquilo que
preconiza o SUS, gerando desgastes entre a população e o poder público.
Ao analisar as condições dos hospitais considerando seu espaço físico, equipamentos e
recursos humanos, percebe-se a necessidade de pensar e desenvolver estratégias que
proporcionem melhores condições de atendimento a essa população e consequentemente a
melhoria de qualidade de vida desses indivíduos, pois os problemas enfrentados por esses
homens e mulheres ao tentarem serem atendidos nos hospitais atuais são inúmeros.
Nesse contexto o terceiro cenário (normativo ou ideal) é o único promissor, ele propõe a
intervenção do privado no setor público, garantido agilidade e qualidade de serviços ofertados
a essa população, garantido também que a construção do HRM seja em local de fácil acesso
para a população alvo.
143
O enfrentamento da situação relatada acima tem apontado o interesse do setor público em
viabilizar parcerias direcionadas a resolver a questão através da intervenção do setor privado,
que elabora e executa projetos e ações definidos pelo gestor estadual.
Uma vez que já existe a demanda reprimida, pode-se considerar a mobilidade e a rede
primária e secundária como sendo as mais importantes para se atestar a viabilidade social.
Para se obter o maior grau de sucesso algumas condicionantes devem ser garantidas, como o
acesso/mobilidade ao HRM através de vias de transito rápido e a cobertura da rede de saúde
primária e secundária e o direcionamento através do sistema de referência/contra-referência.
5.5. Critérios de Avaliação
No que tange ao Hospital Regional Metropolitano – HRM, os aspectos sociais a serem
considerados são:
Análise da demanda reprimida;
Análise da acessibilidade/mobilidade ao hospital;
Análise dos impactos socioeconômicos no entorno.
a) Demanda reprimida
Diante das informações já apresentadas e de ser este o ponto de maior relevância que por si só
justifica a implantação do HRM, não podemos deixar de frisar:
1. O Estado do Ceará apresenta um importante déficit de leitos em geral (2.094 para atingir
o mínimo preconizado pelo MS);
2. Os leitos de alta complexidade estão concentrados na cidade de Fortaleza (72%);
3. O perfil demográfico do Estado do Ceará encontra-se em franco processo de mudança,
baseado principalmente no envelhecimento da população, na queda da natalidade e no
aumento da expectativa de vida.
4. O aumento da violência em nosso estado gera necessidade de atendimento por causas
externas (traumas, violências, etc);
5. As mudanças explicitadas nos dois itens anteriores acarretam também a mudança no
perfil epidemiológico da população através do crescimento da prevalência das condições
crônicas, da presença das doenças cardiovasculares (aliada ainda aos hábitos de risco da
população) e das condições relacionadas à traumas.
144
As mudanças neste perfil exigem a necessidade de reformulação do desenho do Sistema
Estadual da Saúde do Ceará de forma a implantar serviços de urgência e emergência que
atendam este novo perfil da população com suas necessidades específicas.
b) Acessibilidade/mobilidade ao hospital.
Objetiva verificar o acesso do público alvo ao hospital, através da cobertura da rede pública
de transporte e vias de trânsito.
A viabilização do acesso/mobilidade rápido e fácil através do transporte público e das vias
públicas é fundamental a quem se destina a esse hospital, tanto para os pacientes na sua
maioria transportados por ambulâncias municipais e do SAMU, quanto para os parentes e
amigos que visitam os doentes. Nos últimos anos é de conhecimento de profissionais da saúde
que tais visitas são fundamentais para a melhora do quadro dos pacientes.
O HRM, a ser construído no Município de Maracanaú, propõe a ser um hospital de grande
porte. Direcionado ao atendimento de serviços de saúde de média e alta complexidade, com
foco no atendimento de urgência e emergência, composto por variadas especialidades
médicas, possuindo serviços de diagnóstico e terapêuticos e da atuação nas áreas de ensino e
pesquisa.
Sua localização se faz de forma estratégica permitindo que pacientes advindos do interior
possam chegar ao HRM sem a necessidade de enfrentar o trânsito intenso dos bairros da
capital Fortaleza. O mesmo se encontra a beira de uma via de acesso rápido.
O projeto do HRM-CE prevê um edifício constituído do pavimento térreo, além de 13 outros
pavimentos. O pavimento térreo será constituído de 1 (um) auditório, átrio, pronto-socorro; 79
vagas de estacionamento para funcionários e 824 vagas de estacionamento para o público em
geral, e jardins que devem ter o caráter de descanso físico e mental para os pacientes, por ter
uma paisagem a ser contemplada, como também para os parentes e amigos dos pacientes que
necessitam também de momentos de descanso extra muro da estrutura principal do hospital. O
1º pavimento se destina ao diagnóstico; no 2º pavimento se localiza a administração, ensino e
pesquisa e centro cirúrgico; o 3º pavimento compreende o centro de material esterilizado, o
145
restaurante, o conforto dos funcionários, capela e espaço técnico; o 4º pavimento se destina
exclusivamente à UTI; entre o 5º e 10º pavimento, a retaguarda do PS, unidades de semi-
intensiva e internações; o 11º pavimento compreende o barrilete; o 12º pavimento a casa de
máquinas e caixas d’água; e, por fim, o 13º pavimento o heliponto que irá garantir maior
rapidez aqueles casos onde o tempo gasto de transporte define entre a vida ou morte de uma
pessoa.
Um fator determinante da localização geográfica de um equipamento hospitalar de alta
complexidade é o raio de cobertura de seus serviços, esses não se restringirão aos limites
estritos do município onde será instalado. Daí a importância de se levar em conta as condições
de acessibilidade e mobilidade urbanas.
Portanto, um aspecto relevante que balizou a decisão sobre a localização do HRM está
associado ao deslocamento e transporte dos usuários. Atualmente, os pacientes que chegam à
Fortaleza, oriundos dos municípios que formam a RMF, além das demais cidades do interior,
precisam cruzar toda a Capital para acessar os hospitais públicos. Esses se encontram na área
central (IJF) ou a leste (HGF). Ao fazerem esse trajeto em Fortaleza, os pacientes enfrentam
alguns problemas como:
Grande fluxo de automóveis que dificultam o acesso aos hospitais. Considerando que
a dificuldade aumenta a medida que os hospitais estão localizados distantes das
residências de alguns pacientes;
Probabilidade de indisponibilidade de leitos em função da superlotação da rede
pública de atendimento referente aos hospitais de média e alta complexidade.
Diante disso, a localização do HRM-CE em Maracanaú, além de ampliar a oferta de leitos e
de serviços de saúde de urgência e emergência, viabilizará a mobilidade dos pacientes que
buscam atendimento. Assim, a localização do HRM leva em consideração a área geográfica
de acesso aos usuários, considerando o posicionamento do Município de Maracanaú em
relação aos demais que integram a RMF, bem como às demais cidades que compõem a
Macrorregião de Saúde de Fortaleza.
Ressalta-se que, dentre os municípios que integram a RMF, Maracanaú é o que contém a
terceira maior população, cerca de 203.000 (duzentos e três mil) habitantes, fazendo fronteira
146
com o município de Caucaia, que abriga o segundo maior contingente populacional da RMF,
cerca de 335.000 (trezentos e trinta e cinco mil) habitantes. Ressalta-se também que
Maracanaú interliga-se com as duas regionais mais vulneráveis da cidade de Fortaleza (R5 e
R6) e com outras regiões de grande vulnerabilidade socioeconômica.
O HRM será localizado nas adjacências do 4º Anel Viário, nota-se que o equipamento está
inserido na malha viária metropolitana e próximo de importantes eixos de ligação, como:
rodovias federais; vias estaduais; importantes vias do município de Fortaleza. Esse fator é
extremamente relevante ao se pensar que as ambulâncias e o SAMU terão rapidez ao deslocar
um paciente do local do acidente ou de seu município. Esse fator também contribui com a
eficiência no atendimento que consequentemente reflete nas chances de maior possibilidade
de vida do paciente.
c) Análise dos impactos socioeconômicos no entorno.
Este ítem tem como objetivo – levantar, avaliar e propor soluções para o impacto causado aos
moradores do entorno da área do hospital.
Os aspectos podem ser considerados significativos, pouco significativos ou não significativos.
Os impactos podem ser muito importantes ou pouco importantes. Segundo matriz de
atividades e impactos potenciais.
Os aspectos e impactos negativos podem tornar positivos a medida que se implante algumas
ações. Como exemplo:
O desconforto criado pelas obras é atenuado com o aumento na geração de trabalho e
renda dos moradores do entorno, que podem ser absorvidos pela construtora que
realizará a obra do hospital;
A geração de empregos diretos na fase de construção é um número
considerável de 10.735 (dez mil setecentos e trinta e cinco);
A geração de empregos indiretos 2.334 (dois mil trezentos e trinta e quatro)
Outros aspectos positivos atuarão de forma contundente na implantação do HRM:
As melhorias alcançadas darão maior visibilidade da região, valorizando
financeiramente os terrenos e imóveis;
147
Ampliação da oferta de transporte público será fundamental para os usuários e
trabalhadores do hospital (pacientes, acompanhantes e funcionários), o que beneficia
também à população residente no entorno do HRM;
O aumento da visibilidade da região promove progresso de estruturas comerciais e,
consequentemente, o número de empregos e oportunidades;
Por outro lado o aumento do fluxo de pessoas na região tende a tornar a área atrativa
para a ação de criminosos. Como consequência, tende a atrair a atenção das
autoridades de segurança pública, que disponibilizam policiais e recursos materiais
para o combate criminalidade.
148
Quadro 5.2- Matriz de atividades e impactos sociais
Atividades
Impactos Potenciais
Fase de
Implanta
ção
Fase de Operação Classificação de
aspectos Fase de Implantação
Fase
de
Oper
ação
Dem
anda
Rep
rim
ida
por
hosp
ital
de
urg
ênci
a e
emer
gên
cia
de
alta
com
ple
xid
ade
Ace
sso p
or
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Cober
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rede
de
saú
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Seg
ura
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bli
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Ger
ação
de
trab
alho e
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da
Val
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os
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s D
imin
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tre
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cia
e o
hosp
ital
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eren
ciad
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Aum
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mil
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chonet
e
Cas
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apoio
Áre
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erde
Met
rô
Lin
has
de
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us
Ilum
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úbli
ca
► Aspecto significativo
Ruíd
os
Poei
ra d
entr
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ênci
as
Cri
ança
s co
m c
rise
s al
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as
Aum
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de
doen
ças
rela
cionad
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cum
ulo
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resí
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um
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inal
idad
e
Trâ
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culo
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tinad
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a obra
Vib
raçõ
es
San
eam
ento
bás
ico
Per
da
de
cult
ura
s lo
cais
Des
empre
gos
ger
ados
pel
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bra
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Des
apro
pri
ações
Man
use
io d
o l
ixo h
osp
ital
ar p
ela
popula
ção
•Aspecto pouco
significativo □ Aspecto não significativo
Classificação dos
impactos
█ Impacto muito
importante
◊ Impacto pouco
importante
Aspectos
► ► ►
Aumento da
quantidade
de hospital
de urgência
e
emergência
Mudança
de rotina
diária
█ █ █ █ ◊ █ █ █ ◊ ◊
█
149
de alta
complexidad
e
► ►
Diminuição
da demanda
reprimida
Aumento
de procura
por
atendiment
o de saúde
█ █ █ █ ◊
█ ◊
█
► ► ► ►
Atendiment
o próximo à
residência
Diminuição
de procura
por
atendiment
o de saúde
◊
█ ◊
► ► ►
Cobertura
por serviços
de saúde
► ► ► ► ► ►
Aumento da
oferta por
transporte
público
► ► ► ► ► ► ► ► ► ► ►
Melhorias
relacionadas
ao bairro
► ► ► ► ►
Facilidade
de
locomoção/a
cessibilidade
como
consequênci
a do hospital
150
► ► ► ► ► ► ►
Diminuição
da
criminalidad
e
► ► ► ► ► ► ► ►
Cobertura
de serviços
públicos
► ► ► ► ► ► ► ► ► ►
Proteção e
promoção
da
população
local
► ► ►
Diminuição
de gastos
financeiros
do público
alvo do
hospital
151
5.6. Conclusões
Diante do exposto verificamos que a implantação do HRM trará muitos benefícios sociais à
população da Macrorregião de Saúde Fortaleza, favorecendo acesso aos serviços de saúde de
alta complexidade, diminuição do absenteísmo de trabalho, limitação dos danos e prevenção
de doenças e agravos.
Na população do entorno do HRM teremos como impactos positivos: geração de empregos
diretos e indiretos, valorização imobiliária, melhoria na oferta de transporte público e
aumento das oportunidades de empregos.
Como impacto negativo principal temos a concentração de pessoas e renda ao redor do
empreendimento o que pode gerar violência, caso não se adote medidas mitigatórias.
A Parceria Público Privada ora em discussão trará a oportunidade de agregar aos serviços do
SUS a eficiência e agilidade dos serviços privados, diminuindo assim os aportes financeiros
para a implantação de um novo hospital de alta complexidade.
152
6. ESTUDO DE VIABILIDADE POLÍTICA
6.1. Apresentação
A viabilidade política de um projeto de Parceria Público-Privada deve estar diretamente
ligada a estratégia de comunicação a ser adotada para garantir ao conjunto da sociedade que
tenha todas as informações necessárias a uma avaliação mais consistente do projeto do
Hospital Regional Metropolitano e da sua importância para melhorar os serviços de saúde no
campo terciário na região metropolitana de Fortaleza.
Em qualquer setor, especialmente no setor de saúde, a sociedade parte do pressuposto de que
atividades que sejam determinantes para a vida das pessoas sejam realizadas com isonomia e
igualdade pelo Estado provedor e executor das políticas públicas que tem por missão garantir
o bem estar do cidadão.
A Parceria Público-Privada mesmo sendo uma importante solução para a contratação de
serviços públicos sofre com a desinformação da sociedade que frequentemente confunde seu
conceito com o processo de privatização. Na privatização o modelo de concessão utilizado
para operação e exploração comercial da prestação de serviços públicos, transfere ativos
públicos para a iniciativa privada, conceito diametralmente oposto do modelo de concessão
utilizado nas Parcerias Publico Privada no Brasil.
A desinformação poderá levar há que muitos atores envolvidos no processo, por motivos
aceitáveis ou não, oponham-se ao projeto. Especialmente neste período, onde estão em jogo
varias propostas politicas para os municípios brasileiros por conta das eleições municipais,
representantes do parlamento, concorrentes motivados pelos mais diversos interesses ou
instituições e pessoas movidas por pensamentos ideológicos e partidários poderão se insurgir
contra o projeto.
Este estudo busca realizar um diagnóstico dos atores políticos da sociedade com poder de
influência sobre o projeto, avaliando suas posições e manifestações positivas ou negativas. As
manifestações podem ser classificadas quanto ao nível de repercussão e o impacto sobre o
projeto, podendo potencializar ou comprometer a sua viabilidade.
153
6.2. Identificação dos atores envolvidos no projeto e diagnóstico
Objetivando garantir um projeto que tenha a maior aceitação possível por parte dos atores
envolvidos é importante avaliar o papel de cada um deles no contexto do projeto de PPP e a
influência que exercem sobre o seu sucesso.
Os principais atores envolvidos neste projeto são: a população da macrorregião de Fortaleza,
através da Federação das Entidades Comunitárias do Ceará – FECECE e da Federação dos
Bairros e Favelas de Fortaleza; as Prefeituras e Câmaras Municipais e Conselhos Municipais
de Saúde dos municípios que fazem parte da Macrorregião de Saúde de Fortaleza; o Conselho
Estadual de Saúde – CESAU; o Conselho Nacional de Saúde; o Conselho Nacional de
Secretários de Saúde (Conass); o Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde
(Conasems); o Ministério Público através da Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde
Pública do Estado do Ceará; a Assembleia Legislativa do Estado; o Tribunal de Contas do
Estado do Ceará; a OAB através da Comissão de Saúde da Ordem dos Advogados do Brasil -
Secção Ceará; os Conselhos Profissionais, especialmente o Conselho Regional de Medicina –
CRM e o Conselho Regional de Enfermagem – COREN; o Sindicato dos Médicos do Estado
do Ceará; a Associação dos Hospitais do Estado do Ceará - AHECE; o Sindicato dos
Enfermeiros do Estado do Ceará; a Associação Brasileira de Enfermagem - ABEN – Ceará; o
Sindicato dos Empregados cm Estabelecimentos de Saúde do Estado do Ceará; a Associação
dos Servidores de Nível Médio da Saúde do Estado do Ceará; os veículos de comunicação
disponíveis no Estado do Ceará; os Consórcios Públicos de Saúde e o Governo do Estado do
Ceará através de suas Secretarias de Estado, especialmente a Secretaria de Saúde Estado do
Ceará e a Organização Social que irá gerir e executar as atividades assistenciais do Hospital
Regional Metropolitano.
6.2.1. Dos atores envolvidos e seus objetivos
a) A população da macrorregião de saúde de Fortaleza é a maior interessada na melhoria
da qualidade dos serviços de saúde ofertados pelo estado, por conseguinte na execução do
projeto de viabilização do Hospital Regional Metropolitano – HRM, que deverá trazer
significativas melhorias no atendimento de saúde terciário desta região, que hoje tem cerca de
4,8 milhões de pessoas. Neste processo deverá ser representada pelos movimentos sociais
organizados, dentre eles a Federação das Entidades Comunitárias do Ceará – FECECE e a
Federação dos Bairros e Favelas de Fortaleza. Estas são entidades representativas dos
154
moradores da macrorregião de saúde de Fortaleza, que tem como objetivo de reivindicar
políticas públicas com participação popular.
Principal envolvido, potencial usuário do sistema de saúde, a população da macrorregião de
Saúde de Fortaleza é sem dúvida o maior beneficiário deste projeto. Através de suas entidades
representativas deverá participar do projeto do HRM, participando da audiência publica,
validando esta proposta de melhoria incontestável dos serviços de saúde no setor terciário,
advindas com a construção e operação deste hospital.
b) Prefeituras e Câmaras Municipais e Conselhos Municipais de Saúde dos municípios
que fazem parte da Macrorregião de Saúde de Fortaleza - Os agentes políticos municipais tem
papel importante na definição da politica de saúde municipal. O Conselho Municipal de
Saúde, órgão instituído em caráter permanente e deliberativo, com composição colegiada,
composto por representantes do governo municipal, prestadores de serviço, profissionais de
saúde e usuários, atua na formulação de estratégias e no controle da execução da política de
saúde no município, inclusive nos aspectos econômicos e financeiros, cujas decisões devem
ser homologadas pelo chefe do poder executivo municipal legalmente constituído.
Os órgãos públicos municipais envolvidos, prefeituras e câmaras municipais da macrorregião
de saúde de Fortaleza, deverão participar diretamente de todas as etapas do projeto,
conhecendo e se comprometendo com as políticas estabelecidas pelos seus conselhos
municipais de saúde e pelos demais órgãos de deliberação da saúde nas instâncias legais
cabíveis.
c) Conselho Estadual de Saúde – CESAU, órgão instituído em caráter permanente e
deliberativo, com composição colegiada, composto por representantes do governo,
prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários, atua na formulação de estratégias e
no controle da execução da política de saúde do estado, inclusive nos aspectos econômicos e
financeiros, cujas decisões devem ser homologadas pelo chefe do poder executivo legalmente
constituído.
Papel de fundamental e vital importância para o projeto, tendo em vista suas atribuições. Deve
ser convidado a se envolver em todo o processo de discussão, principalmente da audiência
pública sobre o HRM. Deverá ter um papel relevante em todas as etapas do projeto, motivo
pelo qual é fundamental que conheça bem todo o processo da PPP e entenda suas
155
peculiaridades e avanços no campo deste novo modelo de gestão que estar para ser
implantado no Ceará.
d) Conselho Nacional de Saúde, órgão instituído em caráter permanente e deliberativo, com
composição colegiada, composto por representantes do governo federal, prestadores de
serviço, profissionais de saúde e usuários, atua na formulação de estratégias e no controle da
execução da política de saúde no município, inclusive nos aspectos econômicos e financeiros,
cujas decisões devem ser homologadas pelo chefe do poder executivo legalmente constituído.
Este conselho poderá ser convidado a participar e conhecer o projeto, tendo em vista que as
boas ideias podem e devem ser difundidas em todo o Brasil.
e) Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) é uma entidade de direito privado,
sem fins lucrativos, que se pauta pelos princípios que regem o direito público e que congrega
os Secretários de Estado da Saúde e seus substitutos legais, enquanto gestores oficiais das
Secretarias de Estado da Saúde (SES) dos estados e Distrito Federal.
É missão do CONASS promover a articulação e a representação política da gestão estadual do
SUS, proporcionando apoio técnico às Secretarias Estaduais de Saúde, coletiva e
individualmente, de acordo com as suas necessidades, por meio da disseminação de
informações, produção e difusão de conhecimento, inovação e incentivo à troca de
experiências e de boas práticas.
Por articular politicas de saúde em todo o Brasil e buscar garantir apoio técnico às Secretarias
Estaduais de Saúde é oportuno que este Conselho conheça bem este projeto, veja sua
viabilidade e divulgue esta experiência pelo Brasil. Importa também ressaltar a importante
contribuição que os pares deste órgão podem dar, conhecendo e opinando sobre o projeto.
Envolve-los na discussão trará, sem duvida, benefícios e aprimoramento ao projeto do HRM.
f) Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems) – este órgão tem a
missão de agregar e de representar o conjunto de todas as secretarias municipais de saúde do
país. Sua principal tarefa é promover e consolidar um novo modelo de gestão pública de
saúde alicerçado em conceitos como descentralização e municipalização. Busca ainda auxiliar
os municípios na formulação de estratégias voltadas ao aperfeiçoamento dos seus respectivos
156
sistemas de saúde, primando pelo intercâmbio de informações e pela cooperação técnica.
Trabalha incessantemente para promover o acesso universal e equânime da população aos
serviços de saúde e para garantir a integralidade destas ações desde a prevenção até a
reabilitação.
Este Conselho, por congregar os secretários municipais de todo o País, tem na bagagem a
experiência de inúmeros municípios que hoje estão conseguindo superar os entraves crônicos
da saúde publica e encontraram alternativas para melhorar a qualidade dos serviços públicos
de saúde. Chama-lo ao processo de discussão, sem dúvida, acrescentará uma bagagem enorme
de experiência e enriquecerá as possibilidades de sucesso do projeto do HRM. É fundamental
viabilizar a participação de integrantes deste Conselho, são potenciais formadores de opinião
e detém uma larga influencia no conjunto de secretários municipais em todo o País.
g) Ministério Público através da Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde Pública do
Estado do Ceará, como principal fiscal da lei e do respeito aos direitos humanos exerce um
papel de relevância junto população, sendo oportuno que seja informado acerca do projeto. O
MP tem importante papel na avaliação do projeto e no que ele representa na melhoria dos
serviços públicos de saúde cearense. Conclamar este órgão a participar, conhecer e validar
este projeto é ação essencial de quem está coordenando todo o processo de PPP do Hospital
Regional Metropolitano.
h) Assembleia Legislativa do Estado, como instrumento politico de alta relevância junto à
sociedade deve participar efetivamente das discussões que estão sendo feitas na busca se
soluções para minorar os graves problemas que permeiam os serviços de saúde no Ceará. Os
deputados como legítimos representantes do povo devem ser um parceiro essencial na
formação de opinião da sociedade, uma vez que representam os interesses do povo cearense.
São eles os atores responsáveis por defender a democracia e colaborar com a conciliação dos
interesses da sociedade, apoiando iniciativas que visem o bem estar da população. Os
parlamentares como atores políticos precisam ser precisamente informados das características
do projeto e devem manifestar o seu apoio através de priorização das discussões e tramitação
dos instrumentos legislativos, que porventura vierem a ser necessário no curso do projeto.
157
i) Tribunal de Contas do Estado, por ser um órgão colegiado cuja principal atribuição é
fiscalizar a gestão dos recursos públicos geridos pelo Estado, deve ser convocado a conhecer
todo o processo de contratação desta Parceria Publico Privada, validando o aspecto de
legalidade, probidade, transparência, moralidade, impessoalidade e principalmente em
reconhecer que esta alternativa é viável e vantajosa para o Estado. O Tribunal conhece a
situação Fiscal do Estado, nenhum outro órgão tem melhor capacidade de se posicionar acerca
das condições de legalidade e viabilidade fiscal deste projeto.
j) Ordem dos Advogados do Brasil é sem duvida o mais representativo e poderoso órgão de
categoria existente no Brasil. Seu papel é de suma importância, sendo oportuno que esta
entidade seja convidada a participar do processo, validando esta alternativa como saída viável
para o Estado através da Comissão de Saúde da Ordem dos Advogados do Brasil - Secção
Ceará, que tem tido uma postura de compromisso com a defesa dos direitos da população.
k) Conselhos Profissionais, especialmente o Conselho Regional de Medicina – CRM e o
Conselho Regional de Enfermagem – COREN, por sua natureza e as funções relevantes que
desempenham, essas entidades representam um sistema destinado a verificar as condições de
capacidade para o exercício profissional tendo, inclusive, auto-excecutoriedade para aplicar
sanções disciplinares e administrativas à Pessoas Físicas e Jurídicas que sejam consideradas
faltosas aos zelosos deveres da atividade profissional, após conclusão de um processo
específico. São entidades de Direito Público, com destinação específica de zelar pelo interesse
social, fiscalizando o exercício profissional das categorias que lhe são vinculadas.
A ação dos Conselhos dos Profissionais se desenvolve no sentido da valorização do Diploma,
moralização profissional, proteção dos interesses sociais, da legalidade e, principalmente, no
resguardo dos princípios éticos.
l) Sindicato dos Médicos do Estado do Ceará é uma entidade constituída para fins de
coordenação, proteção e representação legal da categoria profissional dos médicos na base
territorial do Estado do Ceará, visando melhoria das condições de vida e trabalho de seus
representados, a defesa da liberdade e autonomia de movimento sindical, a consolidação dos
Sindicatos enquanto Instituições Sociais e Políticas, e fortalecimento da participação
democrática dos trabalhadores em suas relações com outros setores da sociedade brasileira.
158
m) Associação dos Hospitais do Estado do Ceará – AHECE - entidade sem fins lucrativos,
com sede em Fortaleza e atuação em todo o Estado do Ceará, cujo finalidade é congregar os
estabelecimentos hospitalares, clínicas, laboratórios e demais prestadores de saúde do Estado,
defendendo-lhes os interesses perante quaisquer órgãos ou entidades, pública ou privada, e
colaborando com eles para melhorar as condições do exercício de suas atividades.
n) Sindicato dos Enfermeiros do Estado do Ceará –SENECE é constituído com sede e
foro no município de Fortaleza-CE, para fins de estudo, defesa, coordenação, proteção,
representação legal da categoria profissional dos enfermeiros com base territorial no estado do
Ceará e visa a melhoria das condições de vida e de trabalho dos enfermeiros, a independência
e a autonomia de representação sindical, a manutenção das instituições democráticas de nosso
país, a defesa dos direitos humanos, da paz, da solidariedade entre os povos e a luta social.
o) Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Saúde do Estado do Ceará –
SINDSAUDE é constituído com sede e foro no município de Fortaleza-CE, para fins defesa,
proteção, representação legal dos profissionais da saúde com base territorial no estado do
Ceará e visa a melhoria das condições de vida e de trabalho destes profissionais, a
independência e a autonomia de representação sindical.
p) Associação dos Servidores de Nível Médio da Saúde do Estado do Ceará - Instituição
sem fins lucrativos, cujo objetivo é a defesa dos interesses e direitos dos profissionais de nível
médio da saúde, no estado do Ceará.
q) Os Veículos de comunicação disponíveis no Estado do Ceará constituem-se em atores
capazes de construir a compreensão pública do projeto. Sejam os formais ou as redes sociais,
hoje muito usadas pela sociedade, devem ser conclamados a participar do Projeto,
conhecendo suas etapas, discutindo soluções, informando corretamente a população sobre o
projeto de PPP e sua finalidade.
A imparcialidade da imprensa a torna um ator legitimo para informar o cidadão sobre os
assuntos que lhe interessam, de forma a permitir que este cidadão possa julgar com o máximo
de independência a vantagem para a sociedade dos resultados dos projetos.
159
A importância da imprensa é tão grande que, através da capilaridade que proporciona à
informação, torna-se um instrumento valioso para evitar que interesses de fragmentos da
sociedade possam representar obstáculos a projetos de grande interesse público.
r) Sindicato dos Estabelecimentos e Serviços de Saúde do Estado do Ceará –
SINDESSEC – representa legalmente os estabelecimentos de serviços de saúde no Estado do
Ceará, com o intuito de proceder a estudos, realizar trabalhos de coordenação e prestação de
serviços no sentido de solidariedade social e de reconhecimento da categoria representada.
Tem por objeto também colaborar com o Estado como órgão técnico e consultivo, no estudo e
soluções dos problemas que se relacionam com a categoria.
s) Consórcios Públicos de Saúde - os Consórcios de Saúde consistem na união entre dois ou
mais entes da federação, sem fins lucrativos, com a finalidade de prestar serviços e
desenvolver ações conjuntas que visem o interesse coletivo e benefícios públicos.
Constituem-se numa associação pública, com personalidade jurídica de direito público e de
natureza autárquica, ou como pessoa jurídica de direito privado sem fins econômicos.
Os Consórcios são instrumentos de suporte ao fortalecimento da gestão, de forma
descentralizada, no apoio à organização e prestação de serviços públicos. São formas de
cooperação federativa, com transferência e compartilhamento total ou parcial de encargos,
bens, serviços e pessoal. O estado do Ceará possui 22 consórcios implantados.
Ouvi-los e convidá-los a conhecer o projeto é importante, afinal quanto mais pessoas
conhecerem e entenderem esta solução, maiores são as chances de se corrigir falhas e
aprimorar este projeto que busca ser uma saída viável, segura e de sucesso para resolver parte
dos problemas com os serviços de atenção terciaria na macrorregião de saúde de Fortaleza.
t) O Governo do Estado do Ceará através de suas Secretarias de Estado, especialmente a
Secretaria de Saúde do Estado do Ceará e a Organização Social que irá gerir as
atividades assistenciais do Hospital Regional Metropolitano.
O Governo do Estado do Ceará através da Secretaria de Saúde - SESA tem a função de
promover os serviços de saúde, constitucionalmente garantidos à população. A Secretaria de
Saúde é a responsável pela coordenação do projeto de PPP e terá a responsabilidade de
envolver os diversos entes da Administração Pública que precisam participar do projeto, seja
160
no momento da analise dos estudos, seja na avaliação do dimensionamento das necessidades
do sistema, bem como na mobilização operacional dos organismos de fiscalização, de defesa
dos direitos humanos.
O Estado tem o papel político de integrar os demais atores e conduzir a discussão sobre o
projeto com a máxima transparência e interesse genuíno em ouvir as suas recomendações,
preocupações e contribuições.
O principal papel do Estado é apoiar a Secretaria de Saúde – SESA para que o projeto seja
uma prioridade dentre os diversos projetos que o Estado tem em pauta. Esta é a maior
contribuição política para o projeto. Este apoio se traduz na comunicação com a sociedade, na
articulação entre os demais entes da Administração Estadual, e no relacionamento com o
Legislativo.
u) As Organizações Sociais de Saúde (OSS) representam um modelo de parceria adotado
pelo governo do Estado do Ceará para a gestão de unidades de saúde, são instituições de
direito privado sem fins lucrativos. Para sua atuação devem ser qualificadas pelo governo do
estado. No estado do Ceará só existe uma OSS qualificada que é o Instituto de Saúde e Gestão
Hospitalar (ISGH) que responde pelo gerenciamento dos hospitais Waldemar de Alcântara,
HRN, HRS e HRSC. Estes modelos de gerenciamento tem se constituído numa estratégia de
fortalecimento do Sistema Estadual da Saúde no Ceará, pois as experiências de administração
direta têm se mostrado muito complexa e pouco eficiente.
6.2.2. Diagnóstico
Considerando os atores acima elencados e após uma verificação do ambiente político, com
base nas posturas públicas destas entidades e órgãos, podemos concluir que todos estão
preocupados em discutir alternativas que possam melhorar as condições dos serviços de saúde
no estado do Ceará.
As entidades que precisarão de uma maior atenção e um contato mais diplomático e
trabalhado são os sindicatos e as federações de bairros e entidades comunitárias. A abordagem
a ser feita com estes segmentos deve ser mais cautelosa, com uma argumentação mais
acessível e metodologia mais participativa.
161
Não menos importante será também o envolvimento do CONASS e CONASEMS através de
seus representantes locais, pois estes atores são primordiais para o desenvolvimento e
pactuação das políticas de saúde.
É determinante para o sucesso do projeto que haja uma política de comunicação inclusiva, que
integre todos os envolvidos e explique com clareza e objetividade os benefícios que este
projeto trará ao povo cearense, especialmente a população da macrorregião de saúde de
Fortaleza, bem como a justificativa da solução escolhida ser através de uma Parceria Público
Privada – PPP.
Uma coisa é certa, os organismos de defesa dos direitos humanos tem sido eficientes nas
cobranças feitas na defesa da melhoria da saúde publica no Ceará. A sociedade através das
entidades de controle e fiscalização social tem efetivamente pressionado o Estado do Ceará a
dar resposta à difícil situação em que se encontra os serviços de Saúde nos municípios
cearenses, especialmente em Fortaleza. Com a informação correta e conhecimento do projeto,
bem mobilizados e conscientes do papel de cada um, será possível garantir uma ampla e
positiva discussão do projeto do HRM e a necessidade de sua implantação.
6.3. Da viabilidade do projeto
Definitivamente, o projeto de PPP para a construção, operação e manutenção do Hospital
Regional Metropolitano é politicamente viável, pois os esforços necessários para a construção
deste equipamento são perfeitamente realizáveis. Os atores políticos envolvidos possuem
interesses igualmente prováveis de serem atendidos sem grandes conflitos com os interesses
dos demais. Além disso, projetos de hospitais possuem grande apelo social, o que contribui
para a remoção de eventuais entraves políticos.
No entanto, existem duas recomendações essenciais desta avaliação de viabilidade que devem
ser observadas e atendidas. A primeira é que a comunicação dos responsáveis por este projeto
com os atores determinantes da sociedade seja realizada com muita transparência e
efetividade, pois o maior risco político para este projeto é a manifestação pública de opinião
distorcida sobre o mesmo por falta de conhecimento sobre as suas reais características.
162
A segunda é que o Arranjo Institucional estabeleça as funções e responsabilidades que os
atores políticos, representados por suas instituições, devem assumir publicamente para que a
crença no sucesso do projeto seja cultivada.
Os condicionantes da Viabilidade Política do projeto, aos quais os seus riscos estão
vinculados são estes:
Viabilizar uma politica de comunicação que possibilite que todos os envolvidos
participem ativamente do projeto;
Garantir que os atores que ainda não estão envolvidos sejam conquistados para o
projeto;
Garantir uma informação precisa sobre projeto para a sociedade. A veiculação de
informação incorreta sobre o projeto na imprensa causaria impacto sobre a opinião
pública e os atores políticos de forma a comprometer o projeto;
Definir as funções e atribuições de cada ator politico, para garantir uma melhor
responsabilização destes no processo em curso.
Cabe ressaltar que o Arranjo Institucional e o Plano de Comunicação, que constam nos
Estudos da Modelagem do Projeto, colaboram com a construção da Viabilidade Política do
projeto de PPP e propõem providências que atenuam os riscos relacionados às condicionantes
de viabilidade sob a perspectiva política.
Um momento essencial para se verificar o sucesso deste projeto sob a perspectiva política será
a Audiência Pública. Nesta audiência, o Estado do Ceará apresentará o projeto a sociedade e
será necessária a presença dos principais atores políticos relacionados ao projeto.
163
7. ESTUDO DE VIABILIDADE INSTITUCIONAL
7.1. Introdução
O estudo de viabilidade institucional tem por objeto inicial mapear todos os envolvidos,
identificando suas atribuições e responsabilidades, orientando os procedimentos que serão
adotados para que o projeto de Parceria Público-Privada seja executado de forma viável e
atenda aos interesses da Secretaria de Saúde e de todos os envolvidos.
Aqui será analisada a relação da Sociedade de Propósito Específico – SPE com os órgãos
governamentais, com as entidades reguladoras e com as demais organizações que possam vir
a se envolver direta ou indiretamente no projeto.
Para um melhor entendimento e para que possamos verificar detalhadamente a relação das
entidades, secretarias, órgãos envolvidos, SPE e suas atribuições, dividimos os estudos de
viabilidade institucional em três fases, sendo elas:
FASE I – Elaboração dos estudos, licitação e contratação da PPP;
FASE II – Implantação do Projeto/Execução da obra;
FASE III – Operação e Manutenção do Projeto.
Desta forma, detalhamos em cada fase quais as entidades envolvidas e quais suas atribuições.
Em todas as fases é fundamental o acompanhamento e a participação em conjunto do público
e do privado, procurando desde a primeira fase sanar quaisquer obstáculos existentes antes do
início da execução do projeto da PPP.
A Viabilidade Institucional do projeto parte do pressuposto de que cada
entidade envolvida desempenhará seu papel no projeto e se interessará pelo sucesso dele. É
importante avaliar se cada instituição tem competência e capacidade para exercer a sua função
no projeto.
164
7.2. Da interdependência da viabilidade institucional e viabilidade jurídica
A viabilidade institucional de um projeto de Parceria Público-Privada deve ser analisada
em conjunto com a viabilidade jurídica, pois esta tem por objeto verificar toda a
legislação que faz referência ao projeto, desde a lei Federal de Concessão (Lei
8.987/95), a Lei Federal que normatiza as PPPs (Lei.11.079/2004), a Lei Estadual que
regulamenta o procedimento das Parcerias Público-Privada no Estado do Ceará (Lei
nº14.391/2009), o Decreto que rege o Conselho Gestor, o Decreto que institui o
Procedimento de Manifestação de Interesse, o Decreto autorizativo dos estudos, enfim,
toda a legislação que envolve diretamente ou indiretamente o objeto do projeto de PPP,
bem como toda a legislação pertinente que disciplina o serviço que deve ser ofertado
através da PPP.
Enquanto a viabilidade jurídica faz um mapeamento das leis pertinentes ao projeto
identificando qual legislação deve pautar todo o projeto de parceria e os serviços que
serão ofertados pela SPE, a viabilidade institucional mapeia os envolvidos,
identificando suas atribuições e responsabilidades, analisando se as condicionantes que
envolvem o convívio entre eles estão sendo consideradas pelo projeto de Parceria
Publico-Privada.
Outro estudo que também tem inter-relação direta com este, é o estudo de viabilidade
política, estudo este que mapeia todos os atores envolvidos politicamente.
7.3. Dos Parceiros envolvidos no projeto de PPP, sua atribuições e competências
7.3.1. Dos Parceiros envolvidos na FASE I
Nesta fase, são elaborados os estudos de viabilidade e a modelagem de PPP, bem como são
executados o processo de licitação e contratação da PPP.
7.3.1.1 Dos parceiros diretos e suas atribuições na FASE I
Os parceiros diretamente envolvidos nesta fase são:
165
- O Governo do Estado do Ceará, através da Secretaria de Saúde do Estado, do Conselho
Gestor de PPP, do Grupo Técnico de Parceria – GTP, da PGE, da Secretaria da Fazenda –
SEFAZ-CE e de uma Organização Social de Saúde – OSS, esta última responsável pela
operação dos serviços assistenciais.
- O Consorcio HRM-CE.
- Os Agentes Financeiros, as Empresas Seguradoras, o Banco Guardião.
- A Sociedade de Propósito Específico.
7.3.1.1.1 Das atribuições da Secretaria de Saúde do Estado
i) Acompanhar a elaboração dos estudos, através de Comissão designada por meio de
Portaria, expedida pelo Secretário de Saúde do Estado, que deve ser composta por servidores
públicos do Estado e terá como atribuição analisar os estudos de viabilidade e modelagem da
PPP do Hospital Regional Metropolitano do Ceará – HRM – CE.
ii) Validar cada etapa dos trabalhos ou solicitar as alterações necessárias ao Consórcio
responsável pela elaboração dos estudos.
iii) Encaminhar os estudos validados ao Grupo Técnico Parceria - GTP, que após analisar
solicitará autorização ao Conselho Gestor de Parceria Publico-Privada - CGPPP para
realização, pela SESA, de consulta e audiência pública.
iv) Publicar, depois de recebida a autorização do CGPPP, edital de Consulta e audiência
Pública, mobilizando os atores políticos envolvidos no processo, convidando-os a participar
da audiência e contribuir com o processo de discussão da PPP do HRM-CE.
v) Solicitar à PGE a desapropriação do terreno onde será construído o HRM-CE,
responsabilizando-se em acompanhar cada etapa deste processo, garantindo que no tempo
devido o terreno esteja desimpedido de qualquer ônus e disponível para o inicio das obras.
vi) Encaminhar ao GTP para analise, após verificação dos ajustes finais advindos da
consulta e audiência pública, a documentação para licitação de concessão.
vii) Encaminhar à Procuradoria Geral do Estado – PGE, após deliberação do CGPPP, o
edital e os seus anexos para que seja aberto o processo licitatório.
viii) Analisar as propostas enviadas pela PGE, através de Comissão devidamente
constituída, enviando o resultado à PGE, após validação pelo CGPPP, para finalização do
processo.
ix) Homologar e adjudicar o objeto da licitação.
166
x) Formalizar a contratação com a Sociedade de Propósito Específico - SPE, publicando
o extrato do contrato no Diário Oficial do Estado – D.O.E.
xi) Providenciar junto à PGE a abertura de processo licitatório para a contratação de
empresa especializada em Gerenciamento de Projeto para acompanhar a execução do Projeto
de PPP na FASE II – Construção do HRM-CE.
7.3.1.1.2 Das atribuições do Consórcio HRM-CE
i) Elaborar os estudos de viabilidade e modelagem da PPP para o Hospital Regional
Metropolitano em regime de Parceria Público-Privada, devendo apresentar no mínimo os
seguintes estudos:
a) Diretrizes de projeto;
b) Diagnóstico e Estudos de demanda;
c) Elementos de Projetos de Engenharia;
d) Estudos de Viabilidade Multidimensional;
e) Plano de Comunicação;
f) Avaliação Institucional;
g) Modelagem Operacional;
h) Modelagem Financeira;
i) Modelagem Jurídica: Minuta de Edital e Contrato;
j) Critérios de Desempenho e Monitoramento;
k) Análise de Riscos e Value for Money.
O Consórcio deverá apresentar à SESA documentos contendo parâmetros da modelagem e
avaliação técnica, econômico-financeira e jurídica (minutas de decretos, atos regulamentares,
edital e contrato de concessão, etc.), cronograma de implantação, estudos, levantamentos,
dados e projetos auxiliares para o HOSPITAL REGIONAL METROPOLITANO (HRM).
7.3.1.1.3 Das atribuições do Grupo Técnico de Parceria – GTP
Tem como atribuição dar suporte ao CGPPP nas suas competências. Neste projeto, além das
suas competências e atribuições, o GTP deve:
i) Solicitar autorização do CGPPP para realização pela setorial de consulta e audiência
pública dos estudos validados pela Secretaria de Saúde e analisados pelos membros do GTP.
167
ii) Analisar os documentos necessários à abertura do processo licitatório, enviados pela
SESA após a consulta e audiência publica, e não existindo a necessidade de novos ajustes,
apresentar a documentação ao CGPPP que tem competência para deliberar se haverá processo
licitatório.
iii) Publicar resolução do CGPPP acerca da licitação, caso este tenha concordado com a
licitação.
iv) Informar ao Senado Federal e à Secretaria do Tesouro Nacional – STN acerca do
processo e seu impacto sobre o orçamento governamental.
v) Publicar documentação acerca do processo no site da Secretaria do Planejamento e
Gestão - SEPLAG.
7.3.1.1.4. Das atribuições do Conselho Gestor de Parceria Público-Privada - CGPPP
O Comitê Gestor de Parcerias Público-Privadas – CGPPP tem como função estabelecer os
procedimentos básicos para acompanhamento e avaliação periódica do contrato de PPP que
devem ser seguidos pela SESA, além de informar aos organismos de controle, tanto quanto ao
legislativo e à Secretaria do Tesouro Nacional sobre a execução financeira do contrato.
O CGPPP, com base nos indicadores de desempenho medidos pela SESA através do
Verificador Independente, aplicará penalidades e executará as cláusulas contratuais tanto
quanto deliberará sobre questões referentes à reequilíbrio, reajustes e quaisquer assuntos
relacionadas à execução do contrato de PPP.
Compete também à CGPPP:
i) Analisar a orientação do GTP sobre a documentação enviada pela Secretaria de Saúde
e autorizar ou não a realização de consulta e audiência pública sobre a PPP do HRM-CE.
ii) Analisar o parecer emitido pelo GTP sobre os documentos apresentados pela
Secretaria de Saúde depois da consulta e audiência Pública, autorizando a abertura de
processo licitatório, determinando ao GTP que publique resolução do CGPPP autorizando a
licitação.
168
7.3.1.1.5 Das atribuições da Procuradoria Geral do Estado - PGE
A PGE tem a competência para contribuir de forma eficiente e eficaz para a implementação
das metas públicas, a partir da realização das atividades de representação jurídica e judicial,
licitações e gestão da dívida ativa.
A Procuradoria Geral do Estado – PGE é responsável pela defesa do Estado junto ao
Judiciário em eventuais conflitos que porventura venham a ocorrer com os parceiros e
terceiros interessados e orientará à SESA e aos outros órgãos do Estado no processo de
acompanhamento do desempenho do contrato quando solicitada.
A PGE tem competência plena para o exercício de suas funções no projeto e também
capacidade de oferecer este suporte em tempo e com a qualidade necessária.
Neste projeto a PGE tem ainda as atribuições de:
i) Executar os procedimentos licitatórios necessários à contratação da PPP.
ii) Encaminhar à SESA as propostas para analise e emissão de relatório de julgamento.
iii) Receber o relatório de julgamento das propostas enviado pela SESA e concluir os
procedimentos para finalização do processo licitatório, encaminhando o processo à SESA
para homologação e adjudicação.
iv) Providenciar todos os atos administrativos inerentes à desapropriação e legalização da
propriedade do terreno onde será construído o HRM-CE.
v) Executar o processo licitatório para a contratação de empresa especializada em
Gerenciamento de Projeto para acompanhar a execução do Projeto de PPP na FASE II –
Construção do HRM-CE.
7.3.1.1.6 Das atribuições da Secretaria da Fazenda- SEFAZ
A SEFAZ tem a competência legal para: auxiliar diretamente e indiretamente o Governador
na formulação da política econômico-tributária do Estado; realizar a administração fazendária
pública; dirigir, superintender, orientar e coordenar as atividades de arrecadação, tributação,
fiscalização, recolhimento e controle dos tributos e demais rendas do erário; elaborar, em
conjunto com a Secretaria de Planejamento e Gestão, o planejamento financeiro do Estado;
administrar o fluxo de caixa de todos os recursos do Estado e desembolso dos pagamentos;
gerenciar o sistema de execução orçamentária-financeira e contábil-patrimonial dos Órgãos e
169
Entidades da Administração Estadual; superintender e coordenar a execução de atividades
correlatas na Administração Direta e Indireta; exercer outras atribuições necessárias ao
cumprimento de suas finalidades nos termos do seu Regulamento.
Neste projeto tem como atribuição:
i) Gerenciar as garantias do projeto e realizar os pagamentos referentes à contraprestação
da SPE.
7.3.1.1.7 Das atribuições dos Agentes Financeiros
Os Agentes Financeiros terão a função de suportar o projeto com recursos financeiros
suficientes para que o cronograma de implantação do HRM-CE seja respeitado. Esses
recursos financeiros são essenciais para que, por meio do cumprimento do cronograma, a
demanda seja sempre atendida, sendo estes alguns dos principais aspectos de suporte às
garantias do contrato para os recursos disponibilizados.
Os agentes financeiros de curto e longo prazo devem apresentar capacidade financeira
suficiente para garantir o suporte que o projeto precisa, assim como devem aplicar
procedimentos de avaliação e liberação de recursos que não comprometam o cronograma de
implantação.
7.3.1.1.8 Das atribuições das empresas Seguradoras
Seguros serão contratados para cobrir eventos críticos e sinistros, cobrir riscos associados ao
projeto que possam causar intercorrência na prestação dos serviços. As seguradoras devem
comprovar capacidade de assegurar os eventos que precisam de cobertura.
Nenhuma obra, serviço ou atividade sob a responsabilidade da Concessionária, relativamente
ao objeto desta PPP, poderá ter início ou prosseguir sem que ela apresente à SESA/CE
comprovação de contratação das apólices de seguro exigidas, nos termos do contrato firmado
entre as partes.
170
Durante a fase de implantação deverá ser feito seguro de responsabilidade civil, cobrindo a
Concessionária bem como seus administradores, empregados, funcionários, terceiros por ela
contratados, prepostos ou delegados, pelos montantes com que possam ser responsabilizados
a título de danos materiais, pessoais e morais, custas processuais e quaisquer outros encargos
relacionados a danos materiais, pessoais ou morais, decorrentes da realização de obras civis
pela Concessão Administrativa, inclusive, mas não se limitando, a danos involuntários
pessoais, mortes, danos materiais causados a terceiros e seus veículos, devendo tal seguro ser
contratado com limites de indenização compatíveis com os riscos assumidos para realização
de obra civil, incluindo terceiros contratados, nos termos do contrato firmado entre as partes.
Durante a fase de operação, seguro de riscos patrimoniais, durante a fase de operação, seguro
de responsabilidade civil, cobrindo a Concessionária e a SESA/CE, bem como seus
administradores, empregados, funcionários, terceiros por ela contratados, prepostos ou
delegados, pelos montantes com que possam ser responsabilizados a título de danos materiais,
pessoais e morais, custas processuais e quaisquer outros encargos relacionados a danos
materiais, pessoais ou morais, decorrentes das atividades abrangidas pela Concessão
Administrativa, inclusive, mas não se limitando, a danos involuntários pessoais, mortes, danos
materiais causados a terceiros e seus veículos, devendo tal seguro ser contratado com limites
de indenização compatíveis com os riscos assumidos para danos a terceiros, nos termos do
contrato firmado entre as partes.
7.3.1.1.9 Das atribuições do Banco Guardião
Como instrumento de garantia, será criada conta vinculada ao projeto com um colchão de
liquidez de seis meses de parcelas referente à contraprestação devida pelo Estado do Ceará. O
Banco guardião da contra garantia terá um contrato com o Estado do Ceara para a
finalidade de administrar estes recursos. Nesse contrato estará regulamentado o procedimento
para pagamento da contraprestação ao concessionário caso haja falha de pagamento por parte
do Estado, mas se encontre a concessionária adimplente com suas obrigações de
disponibilidade e qualidade de prestação de serviços, nos termos estabelecidos no contrato de
concessão firmado entre o Estado do Ceará através da SESA e a SPE.
171
7.3.1.1.10 Das atribuições da Sociedade de Proposito Especifico
A Sociedade de Propósito Específico – SPE é a efetiva responsável pelo desempenho do
contrato de concessão e é controlada pela sociedade patrocinadora que deve assumir a função
de administração estratégica, de representação da SPE junto ao Poder Concedente e,
sobretudo, de garantir o fluxo de capital necessário a custear as fases de construção e
operação dos serviços objeto da concessão. A sociedade patrocinadora deve zelar pela boa
governança corporativa e pela cobrança da equipe administrativa e operacional da SPE, bem
como pelo seu bom desempenho financeiro de modo a suportar os custos necessários para
implantação das etapas do projeto, tanto quanto as despesas operacionais e pagamento pelo
serviço da dívida.
As relações entre estes envolvidos são institucionais, tendo suas atribuições sido
definidas em normas legais, sendo obrigatório o desempenho de suas competências.
7.3.2 Dos Parceiros envolvidos na FASE II
Nesta fase será feita a implantação do projeto, com execução da obra, instalação dos
equipamentos e mobiliários do HRM-CE.
7.3.2.1 Dos parceiros diretos e suas atribuições na FASE II
Os parceiros diretamente envolvidos nesta fase são:
- O Governo do Estado do Ceará, através da Secretaria de Saúde do Estado - SESA, do
Departamento de Arquitetura e Engenharia – DAE, da Superintendência Estadual do Meio
Ambiente – SEMACE, Departamento de Estadual de Rodovias – DER, da Gerenciadora.
- A Sociedade de Proposito Específico – SPE através da Empresa de Projetos e Construção –
EPC.
- Prefeitura Municipal de Maracanaú através da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e da
Secretaria Municipal de Infraestrutura e Controle Urbano.
172
7.3.2.1.1 Das atribuições da Secretaria de Saúde do Estado
A Secretaria de Saúde do Estado do Ceará – SESA como Agente Executor do contrato de
PPP, terá as seguintes atribuições nesta fase:
i) Acompanhar o processo de desapropriação do terreno onde será edificado o
HRM;
ii) Emitir a Ordem de Serviços para a SPE dar início à execução da construção do
HRM;
iii) Analisar e aprovar os projetos executivos apresentados pela SPE previamente à
construção. As licenças ambientais serão de responsabilidade da SESA.
iv) Realizar as vistorias às obras do HRM-CE, com o apoio do Departamento de
Arquitetura e Engenharia;
v) Acompanhar os indicadores de desempenho operacional da SPE com apoio de
verificador independente;
vi) Efetuar a fiscalização e coibir as atividades irregulares que possam prejudicar o
equilíbrio financeiro da SPE na prestação de serviços para os quais fora contratada.
vii) Realizar negociação para reequilíbrio financeiro do contrato nos casos em que a
SPE assuma o pagamento de desapropriações;
viii) Aquisição de apoio gerencial com a contratação da Gerenciadora; ......
ix) Realizar as vistorias necessárias à conclusão das obras do HRM – CE.
7.3.2.1.2 Das atribuições do Departamento de Arquitetura e Engenharia – DAE e do
Departamento Estadual de Rodovias - DER
O DAE tem como atribuição legal estudar, projetar, construir, ampliar, remodelar e recuperar
prédios públicos estaduais, edificações de interesse social e equipamentos urbanos, além da
avaliação de prédios públicos e terrenos para fins de desapropriação ou alienação pelo Estado.
Neste projeto seu papel será o de supervisionar e fiscalizar a qualidade das obras do HRM,
emitindo pareceres que servirão de fundamento para a elaboração dos relatórios, feitos pela
SESA acerca do desempenho da SPE.
173
O DER que tem por finalidade legal, dentre outras atribuições a realização de estudos e
elaboração de planos e projetos, objetivando a construção e manutenção de estradas estaduais
e assegurando a proteção ambiental das áreas onde serão executadas obras de seu interesse,
bem como construir e manter as estradas de rodagem estaduais, neste projeto terá o papel de
garantir as condições de mobilidade do HRM, dentro das competências do Estado no que
concerne a esta questão, ou em parceria com a Prefeitura de Maracanaú, dentro das
competências que a esta couber.
7.3.2.1.3 Das atribuições da Superintendência Estadual do Meio Ambiente – SEMACE
A Superintendência Estadual do Meio Ambiente – SEMACE tem como atribuição executar a
política estadual de controle ambiental do Ceará. Sua atuação tem destaque na área de
pesquisa, desenvolvimento regional, elaboração de projetos, cartografia, pedologia, recursos
naturais, entre outras atividades congêneres. Tem a missão de defender o Meio Ambiente
assegurando a melhoria da qualidade de vida das gerações presentes e futuras, assegurando a
integridade ambiental necessária à sustentabilidade dos recursos naturais e à qualidade de
vida.
Neste projeto sua atuação deverá ser compartilhada com a Secretaria do Meio Ambiente do
Município de Maracanaú, no que concerne às liberações das licenças ambientais necessárias à
construção das obras do HRM e a sua operação.
7.3.2.1.4 Das atribuições da Gerenciadora
A Gerenciadora deverá executar os serviços especializados de engenharia para suporte e apoio
no gerenciamento das obras civis de implantação do HRM.
As principais atribuições desta serão:
i) Acompanhar e controlar a implantação das obras e serviços garantindo ao poder
concedente todas as informações acerca desta fase do projeto de PPP.
ii) Monitorar a elaboração dos projetos de engenharia’
174
iii) Acompanhar e controlar a implantação física obras, alimentando o sistema de
informações gerenciais e procedendo às projeções necessárias, quando pertinente, como
forma de orientar a SESA;
iv) Avaliar, por meio de visitas periódicas ao canteiro da obra, seu andamento e a
compatibilidade com o planejamento geral do Projeto.
v) Orientar a equipe técnica da Empresa de Projeto e Construção - EPC quanto à
padronização e avaliação dos relatórios “As Built”, referente a cada etapa do
empreendimento.
7.3.2.1.5 Das atribuições da Empresa de Projeto e Construção
A Empresa de Projetos e Construção – EPC, contratada para elaboração de projeto e
construção deverá apresentar os projetos em nível executivo para a SESA. Esses projetos
serão submetidos à aprovação prévia de modo suficiente a fim de demonstrar a obediência às
exigências ambientais e de legislação urbanística antes do início da construção.
Os projetos deverão ser apresentados à SESA também para a devida comprovação de
atendimento aos critérios de segurança, operacionalidade, conforto, urgência, conveniência,
qualidade e funcionalidade.
Estes projetos deverão também ser apresentados à Prefeitura Municipal de Maracanaú,
Secretaria do Meio Ambiente para a emissão das licenças ambientais e da Secretaria de
Infraestrutura e Controle Urbano para aprovação do Projeto e emissão dos alvarás pertinentes
ao processo de construção do HRM.
Na fase de construção, a empresa terá a obrigação de facultar o acesso aos agentes do Estado
para acompanhamento e monitoramento da execução e realização de vistorias.
A empresa contratada deverá apresentar ao Poder Público credenciais que atestem a sua
capacidade técnica para realização de projetos e obras com o grau de complexidade e
qualidade similar ao HRM-CE.
175
7.3.2.1.6 Das atribuições da Prefeitura Municipal de Maracanaú
As principais atribuições da Prefeitura Municipal de Maracanaú através da Secretaria
Municipal do Meio Ambiente e da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Controle Urbano
serão:
i) Analisar os projetos de engenharia apresentados pela SPE através da Empresa de
Projeto e Construção, aprovando ou solicitando reformulações, quando forem pertinentes.
ii) Emitir as licenças ambientais necessárias e solicitadas pela SPE e SESA.
iii) Emitir os alvarás necessários ao funcionamento do HRM-CE.
iv) Providenciar suporte nas linhas de ônibus que darão acesso ao HRM no âmbito do
Município de Maracanaú.
7.3.3 Dos Parceiros envolvidos na FASE III
Nesta fase será feita a operação e manutenção do HRM-CE.
7.3.3.1 Dos parceiros diretos e suas atribuições na FASE III
Os parceiros diretamente envolvidos nesta fase são: o Governo do Estado do Ceará, através:
- Secretaria de Saúde do Estado – SESA;
- Verificador Independente;
- Organização Social de Saúde – OSS conveniada com a SESA; e
- Agente e/ou Agencia Regulador(a) dos serviços.
A Sociedade de Proposito Específico - SPE, responsável pela operação do HRM através de
sua Operadora de Serviços.
7.3.3.1.1 Das atribuições da Secretaria de Saúde do Estado
Ainda como Agente Executor do contrato de PPP, suas atribuições serão:
i) Articular com as demais entidades da administração pública para garantir a qualidade
dos serviços e obediência à legislação que regula a prestação dos serviços de saúde;
ii) Autorizar o pagamento da contraprestação condicionada ao alcance do
desempenho da SPE;
176
iii) Exercer a fiscalização e coibir as atividades irregulares que possam prejudicar o
equilíbrio financeiro da SPE na prestação de serviços para os quais fora contratada;
iv) Manter o Conselho Gestor de PPP - CGPPP informado para que através do GTP
o CGPPP encaminhe na periodicidade obrigatória aos organismos de controle, a Assembleia
Legislativa do Estado do Ceará e a Secretaria do Tesouro Nacional dados sobre a execução do
contrato de PPP;
v) Realizar negociação para reequilíbrio financeiro do contrato nos casos previstos
contratualmente;
vi) Promover a consulta aos usuários quanto à satisfação destes, no que concerne aos
serviços prestados pela SPE e a conduta dos usuários do HRM.
vii) Acompanhar com rigor o desempenho da SPE através dos indicadores apresentados pelo
Verificador Independente.
7.3.3.1.2 Das atribuições da Organização Social de Saúde - OSS
A Organização Social de Saúde (OSS) que for operar a parte assistencial do HRM-CE
deverá estabelecer com a SPE um contrato de parceria, que regule a relação entres os
envolvidos na gestão do HRM-CE. No Estado do Ceará, até o momento, só existe uma OSS
qualificada que é o Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH) que responde pelo
gerenciamento dos hospitais Waldemar de Alcântara, Hospital da Região Norte – HRN,
Hospital Regional Cariri - HRC e possivelmente o Hospital Regional do Sertão Central –
HRSC. Estes modelos de gerenciamento tem se constituído numa estratégia de fortalecimento
do Sistema Estadual da Saúde no Ceará, pois as experiências de administração direta têm se
mostrado muito complexa e pouco eficiente.
Ressalta-se que o Estado ainda não definiu esta questão, ou seja, não existe uma posição se
quem vai operar a parte assistencial do HRM, se o Estado diretamente ou através de OSS.
7.3.3.1.3 Das atribuições da Operadora dos Serviços de Apoio
A Operadora de Serviço, diretamente responsável pela operação dos serviços e suprimento
de equipamentos e insumos, é consequentemente a entidade envolvida com o alcance da
satisfação dos usuários e beneficiários do projeto.
177
As operadoras de serviços deverão apresentar ao Poder Público credenciais que atestem a sua
capacidade técnica para prestar os serviços na qualidade exigida, assim como os fornecedores
serão responsáveis pela qualidade dos insumos utilizados. A qualidade dos serviços será
medida pela SESA e avaliada segundo os critérios de desempenho determinados pelo contrato
de concessão e averiguados pelo Verificador Independente.
7.3.3.1.4 Das atribuições do Verificador Independente
O VERIFICADOR INDEPENDENTE da concessão será responsável pela aferição dos dados
produzidos pela SPE.
Ao Verificador Independente é atribuída a responsabilidade por apoiar o poder concedente em
avaliar o atendimento dos indicadores de desempenho contratualmente fixados, de forma a
contribuir diretamente para a definição do valor da contraprestação pecuniária.
Devido ao prazo de execução do contrato que é longo, no caso do HRM será de 25 anos, a
complexidade de fiscalização justifica a realização de auditoria periódica que possa garantir
que os adequados registros tanto de desempenho, negociações de reajustes, reequilíbrios,
informações contábeis sejam realizados no tempo certo e com a expertise necessária a
viabilizar ao poder concedente dados seguros e corretos de modo a balizar as decisões da
SESA.
As principais atribuições deste serão:
i) Avaliar os processos executados pela CONCESSIONÁRIA de medição dos
indicadores que compõem o coeficiente, de forma a comprovar sua correção ou apontar
melhorias;
ii) Efetuar a análise de confiabilidade dos dados de medição produzidos pela
CONCESSIONÁRIA;
iii) Elaborar o desenho de todos os processos e procedimentos para aferição dos dados
produzidos pela CONCESSIONÁRIA, desde suas etapas internas, passando pelo atendimento
ao cidadão, pelo registro de todas as informações geradas nos sistemas de informação da
concessionária e na apresentação desses dados;
178
iv) Viabilizar o desenvolvimento de indicadores estratégicos, de cunho finalístico, que
auxiliarão a CONTRATANTE a mensurar seus principais objetivos no CONTRATO DE
CONCESSÃO ADMINISTRATIVA a título de complementação dos indicadores já
existentes, que não gere alteração no mecanismo de pagamento, mediante aprovação conjunta
do PODER CONCEDENTE e CONCESSIONÁRIA;
v) Fazer uma atuação de forma proativa do VERIFICADOR INDEPENDENTE na
proposição de recomendações para melhor eficiência dos processos da CONCESSIONÁRIA,
sugerindo metodologias para análise de indicadores e formas de captação de dados.
7.3.4 Dos parceiros indiretos e suas atribuições nas FASES I, II e III
Estes parceiros têm o importante papel de fiscalizar, opinar e cobrar dos Parceiros diretamente
envolvidos uma real melhoria na qualidade dos serviços de saúde. Importante ressaltar que a
participação de representantes destas entidades na FASE I por ocasião do período de consulta
e Audiência Pública, é fator essencial para uma melhor avaliação do projeto por todos os
envolvidos.
Dentre os principais parceiros indiretos que devem atuar em todas as fases do projeto,
podemos elencar especialmente:
i) A população da macrorregião de saúde de Fortaleza, representada pelos
movimentos sociais organizados, dentre eles a Federação das Entidades Comunitárias do
Ceará – FECECE e a Federação dos Bairros e Favelas de Fortaleza, cuja principal atribuição
estatutária é reivindicar políticas públicas com participação popular, tem o importante papel
de fiscalizar, opinar e cobrar dos Parceiros diretamente envolvidos uma real melhoria na
qualidade dos serviços de saúde. Importante a participação de representantes destas entidades
na Audiência Pública.
ii) As Prefeituras, Câmaras Municipais e Conselhos Municipais de Saúde dos
municípios que fazem parte da Macrorregião de Saúde de Fortaleza, com atribuições e
competências definidas em normas legais, cabe o papel fundamental de cumprir as
deliberações dos seus Conselhos de Saúde e do Conselho de Saúde do Estado – CESAU,
organizando as demandas de saúde nos parâmetros definidos pela política de saúde do Estado.
179
iii) O Conselho Estadual de Saúde – CESAU, com as atribuições e competências
definidas em norma legal, cabe o importante papel de formular estratégias que garantam que
os Municípios organizem sua politica de saúde municipal respeitando o modelo de saúde
implementado pelo Estado, que prevê atendimentos descentralizados por regiões, dos serviços
de saúde de alta complexidade.
Como ressaltou o estudo de viabilidade política, o CESAU tem papel de fundamental e vital
importância para o projeto, devendo ser convidado a se envolver em todo o processo de
discussão, principalmente da audiência pública sobre o HRM. Deverá ter um papel relevante
em todas as etapas do projeto, motivo pelo qual é fundamental que conheça bem todo o
processo da PPP e entenda suas peculiaridades e avanços no campo deste novo modelo de
gestão que será implantado no Ceará.
iv) O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) cuja atribuição estatutária é
promover a articulação e a representação política da gestão estadual do SUS, por articular
políticas de saúde em todo o Brasil e buscar garantir apoio técnico às Secretarias Estaduais de
Saúde deve ter participação nas discussões, devendo ter com os parceiros uma relação de
independência, porem de compromisso com a melhoria da qualidade dos serviços de saúde
ofertados pelo Estado.
v) O Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems) – cuja
principal atribuição é agregar e representar o conjunto de todas as secretarias municipais de
saúde do país, tendo como principal tarefa promover e consolidar um novo modelo de gestão
pública de saúde alicerçado em conceitos como descentralização e municipalização, deve
participar do processo de discussão, especialmente da audiência pública, sendo convidado a
contribuir com a formulação de estratégias voltadas ao aperfeiçoamento dos sistemas de saúde
dos municípios, primando pelo intercâmbio de informações e pela cooperação técnica.
vi) Ministério Público através da Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde Pública
do Estado do Ceará, cuja principal atribuição é fiscalizar o cumprimento da lei, neste caso
fiscalizar o Estado na sua atribuição de garantir serviços de saúde de qualidade ao povo
cearense.
180
vii) Assembleia Legislativa do Estado, como órgão político e defesa dos interesses do
povo cearense, tem como principal atribuição fiscalizar o Estado no cumprimento de seus
deveres constitucionais, neste caso no dever de garantir ao povo saúde de qualidade.
viii) O Tribunal de Contas do Estado, por ser um órgão colegiado cuja principal
atribuição é fiscalizar a gestão dos recursos públicos geridos pelo Estado, deve fiscalizar todas
as fases deste projeto de PPP, orientando correções quando necessário.
ix) A Ordem dos Advogados do Brasil sendo um órgão de classe respeitado e atuante,
também deve atuar como fiscal dos serviços, ajudando o Estado a garantir um serviço de
saúde de qualidade e que atenda aos interesses da população.
x) Os Veículos de comunicação disponíveis no Estado do Ceará, por excelência,
atores de grande influência na formação de opinião da população, neste projeto tem um
importante papel de veicular informações fundadas na verdade e na imparcialidade
garantindo à população a formação de um conceito imparcial acerca dos serviços prestados
pelo HRM-CE. É inquestionável a importância da imprensa, através da capilaridade que
proporciona à informação, torna-se um instrumento valioso para evitar que interesses de
fragmentos da sociedade possam representar obstáculos a projetos de grande interesse
público.
Os demais Conselhos Profissionais, especialmente o Conselho Regional de Medicina – CRM
e o Conselho Regional de Enfermagem – COREN, os sindicatos, dentre eles de modo
particular o Sindicato dos Médicos do Estado do Ceará, Sindicato dos Enfermeiros do Estado
do Ceará–SENECE, Sindicato dos Estabelecimentos e Serviços de Saúde do Estado do Ceará
– SINDESSEC e o Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Saúde do Estado do
Ceará –SINDSAÚDE, as Associações de maneira especial a Associação dos Servidores de
Nível Médio da Saúde do Estado e a Associação dos Hospitais do Estado do Ceará – AHECE,
neste projeto têm uma atribuição precípua: fiscalizar os serviços a serem ofertados pela
PPP.
181
7.4. Da regulação e fiscalização dos serviços de saúde
Embora os serviços ofertados pela SPE sejam de apoio, e não assistenciais, os recursos que
cobrirão as despesas com estas atividades meio serão oriundos, ainda que indiretamente, do
Sistema Único de Saúde – SUS.
Em assim sendo, e de acordo com o inciso XIX do art. 16 da Lei N. 8.080, de 19 de setembro
de 1990 - Lei Orgânica da Saúde, que estabelece como competência do Ministério da Saúde o
estabelecimento do Sistema Nacional de Auditoria - SNA, bem como a coordenação da
avaliação técnica e financeira do SUS em todo o território nacional e o desenvolvimento de
estratégias de cooperação técnica, caberá ao Ministério da Saúde as ações de regulação dos
serviços de saúde.
Importa ressaltar que o Departamento Nacional de Auditoria do SUS – DENASUS, nos
termos da Lei nº 9.649 de 27 de maio de 1998, tem a competência para regular e auditar os
serviços de saúde prestados por todas as instituições, publicas ou privadas sem fins lucrativos
que recebam aporte financeiros do SUS direta ou indiretamente.
Os serviços são avaliados no todo, não apenas na parte assistencial, de modo que a
competência para regular os serviços do HRM, assistencial e apoio, compete ao Ministério da
Saúde.
7.5. Das relações institucionais entre os parceiros
As relações institucionais entre os parceiros diretos levará em conta a competência legal de
cada um, suas atribuições e os instrumentos formais a serem estabelecidos entre as partes.
Entre a Secretaria de Saúde do Estado – SESA e a SPE a relação é formal, legal e deverá ser
feita através de um contrato.
No que concerne à relação da Secretaria de Saúde do Estado – SESA com os demais órgãos
públicos, esta deverá ser feita através de Convênio ou Termo de Cooperação Técnica entre os
parceiros.
No que concerne à Gerenciadora e ao Verificador Independente a relação será contratual,
estabelecida através de contrato oriundo de processo licitatório.
Com os demais parceiros indiretos as relações serão estabelecidas, quando necessário, através
de Convites, ofícios e Publicações de editais e informativos.
182
7.6. Da solução de controvérsias
Quaisquer disputas ou conflitos de qualquer natureza, decorrentes ou relacionados a este
Contrato, incluindo qualquer conflito relacionado a sua existência, validade interpretação
execução ou término, deverão ser submetidos a arbitragem.
A submissão de qualquer questão à arbitragem não exonera as Partes do pontual e tempestivo
cumprimento das disposições deste Contrato e das determinações da SESA/CE que lhe sejam
comunicadas no seu âmbito, nem permite qualquer interrupção do desenvolvimento das
atividades objeto da Concessão Administrativa, que deverão continuar a processar-se nos
termos em vigor à data de submissão da questão até que uma decisão final seja obtida
relativamente à matéria em causa.
O Tribunal Arbitral terá sede no Brasil, na Capital do Estado do Ceará, e utilizará a língua
portuguesa como idioma oficial.
A arbitragem ocorrerá de acordo com as regras fixadas no Contrato, com as regras
estabelecidas pelo próprio Tribunal Arbitral e, ainda, consoante o determinado na Lei Federal
n.º 9.307, de 23 de setembro de 1997 – Lei da Arbitragem - e no Código de Processo Civil.
7.7. Viabilidade e condicionantes
O Projeto de Concessão Administrativa para a construção, fornecimento de equipamentos,
manutenção e gestão dos serviços não assistenciais no Hospital Regional Metropolitano do
Ceará – HRM/CE poderá ser confirmado como viável do ponto de vista institucional, na
medida em que todos os elos de relacionamento entre as instituições sejam oficializados, pois
as instituições têm competência para assumir suas funções e a sua capacidade quando
necessária poderá ser reforçada.
As principais condicionantes da viabilidade institucional deste projeto e que de alguma forma
podem representar riscos são os seguintes:
A SESA precisa reforçar seus quadros de profissionais, através de contratação de
empresa especializada para a prestação de serviços de VERIFICADOR INDEPENDENTE
para monitoramento permanente do processo de aferição do desempenho e da qualidade da
prestação de serviços por parte da SPE, referente ao Sistema de Mensuração de Desempenho
183
e da Disponibilidade constante do contrato de Concessão Administrativa celebrado entre o
Estado do Ceará através da Secretaria da Saúde para a construção, fornecimento de
equipamentos, manutenção e gestão dos serviços não assistenciais no Hospital Regional
Metropolitano do Ceará – HRM/CE
As relações de apoio e parceria operacional entre a SESA e outros entes da
administração estadual deverão ser oficializadas em convênios e termos de cooperação técnica
que estabeleçam procedimentos, mecanismos de comunicação e resposta, responsabilidades e
com prazos para o tratamento das demandas. Estas providências serão necessárias para evitar
atrasos em avaliações, orçamentos, análises de projetos, obtenção de licenças, ordens de
pagamento, fiscalização, etc;
Os envolvidos nas três fases deverão ser criteriosamente selecionados, pois o excesso
ou insuficiência de qualificação para o projeto pode representar prejuízo, seja por elevação de
custos de implantação e operação, seja por altos custos de manutenção;
A escolha e condições de contratação de financiadores e seguradoras também deverão
seguir critérios apropriados para o tipo de projeto, já que custos financeiros podem ser
comprometedores da viabilidade, no passo em que a limitação da capacidade destes
financiadores e seguradoras poderá causar indisponibilidade de recursos em momentos de
necessidade podendo inviabilizar a continuidade das atividades; e
A SPE deverá capacitar seus gestores no que concerne a legislação que regula o
Sistema Único de Saúde – SUS, bem como em todas as normas que regulam a prestação dos
serviços públicos de saúde no Estado.
7.8. Conclusão
Este Estudo de Viabilidade Institucional, com base numa avaliação fundada nas três fases do
projeto do Projeto de PPP onde foram mapeados os envolvidos e suas atribuições, é
institucionalmente viável, uma vez atendidas e consideradas as condições apresentadas neste
Estudo.
184
8. ESTUDO DE VIABILIDADE JURÍDICA
8.1. Apresentação
O estudo de viabilidade jurídica tem por objeto verificar, do ponto de vista da legalidade, se
não há empecilhos jurídicos para o estabelecimento da PPP, tendo em vista as características
específicas do setor de Saúde. É indispensável que seja realizada uma profunda pesquisa da
legislação que regulamenta as relações entre os envolvidos no setor e as limitações impostas
para que o projeto não sofra com a necessidade de mudanças em função de inobservância
oportuna da legislação.
Aqui será avaliado se existe algum dispositivo legal que influencie nas premissas de que
determinados serviços possam ser prestados por agentes da iniciativa privada na forma
prevista pelo o projeto.
Este estudo deve prevê qual a legislação trabalhista e convenções sindicais do setor devem ser
observadas para subsidiar a atestação da viabilidade jurídica do plano de contas no que
concerne aos custos com pessoal.
É importante, ainda, que sejam avaliados os dispositivos jurídicos que devem constar nos
contratos que regulamentem a contratação de serviços terceirizados pela SPE e o
compartilhamento de responsabilidades em eventos críticos, sinistros e óbitos diante de
terceiros e da administração pública.
8.2. Demanda e justificativa do projeto
A demanda e justificativa do projeto está amplamente descrita e circunstanciada no
documento Diagnostico e Estudo de Demandas, parte integrante dos Estudos de Viabilidade e
185
Modelagem de PPP, para Construção, Implantação e Operação e Manutenção do Hospital
Regional Metropolitano do Ceará - HRM Estudo de Modelagem desta PPP.
8.3. Análise da viabilidade do projeto nos termos da legislação federal e estadual
vigentes
Para análise da viabilidade do projeto e realização do mapeamento dos possíveis modelos
jurídicos para operacionalização do projeto, foi primeiramente realizado o levantamento de
toda a legislação aplicável ao setor de saúde e às concessões em geral, em âmbito federal e
estadual, bem como avaliadas as principais questões econômico-financeiras e jurídicas que
podem influenciar na escolha do modelo jurídico.
As principais normas jurídicas analisadas foram as seguintes:
Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988;
Constituição do Estado do Ceará, de 1989;
Lei Federal n.º 8.080, de 19 de setembro de 1990 - Lei orgânica da Saúde que dispõe
sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e
o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências.
Lei Federal n.º 8.666, de 21 de junho 1993 (Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da
Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração
Pública e dá outras providências);
Lei Federal n.º 11.079, de 30 de dezembro de 2004 (Institui normas gerais para
licitação e contratação de parceria público-privada no âmbito da administração
pública);
Lei Federal n.º 8.987, de 13 de fevereiro de 1995 (Dispõe sobre o regime de concessão
e permissão da prestação de serviços públicos previstos no art. 175 da Constituição
Federal, e dá outras providências);
Lei Federal n.º 9.074, de 07 de julho de 1995 (Estabelece normas para outorga e
prorrogações das concessões e permissões de serviços públicos e dá outras
providências);
Resolução – ANVISA – RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002 (Dispõe sobre o
Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de
projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde);
186
Lei Estadual n.º 14.391/2009, de 07 de julho de 2009 (Institui Normas para licitação e
contratação de Parcerias Público Privadas, no âmbito da Administração Pública do
Estado do Ceará, e dá outras providências);
Lei Estadual nº 15.109/2012, de 02 de janeiro de 2012 (Dispõe sobre o Plano
Plurianual para o período 2012 – 2015, e dá outras providências);
Decreto Estadual nº 29.801/2009, de 10 de julho de 2009 (Dispõe sobre o Conselho
Gestor de Parcerias Público Privadas);
Decreto Estadual nº 30.366/2000, de 23 de novembro de 2010 (Altera dispositivos do
Decreto nº 29.801, de 10 de julho de 2009, que dispõe sobre o Conselho Gestor de
Parcerias Público Privadas, na forma que indica, e dá outras providências);
Lei Orgânica do Município de Maracanaú, de 10 de abril de 1990;
Lei Municipal nº 729, de 13 de julho de 2000 (Dispõe sobre o Código de Obras e
posturas do Município de Maracanaú e dá outras providências);
Lei Municipal nº 731, de 13 de Julho De 2000 (Aprova o Plano Diretor de
Desenvolvimento Urbano de Maracanaú - P.D.D.U. e dá Outras Providências);
Lei Municipal nº 733, De 13 de Julho de 2000 (Dispõe sobre o Parcelamento, Uso e
Ocupação do Solo do Município de Maracanaú e dá outras providências).
Pacto pela saúde de 2006.
Lei Federal nº 8.142 de 28 de dezembro de 1990, que dispõe sobre a participação da
comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências
intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências.
Decreto Federal n. 7508 de 28 de junho de 2011, que regulamenta a Lei no 8.080, de
19 de setembro de 1990, para dispor sobre a organização do Sistema Único de Saúde -
SUS, o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação interfederativa, e
dá outras providências
Como é cediço, as Parcerias Público-Privadas são regradas em âmbito nacional pela Lei
Federal nº 11.079/04, que institui normas gerais para licitação e contratação de parcerias
público-privadas para as esferas federal, estadual, municipal e distrital (“Lei Federal das
PPPs”).
Nos termos da Lei Federal das PPPs, as Parcerias Público-Privadas consistem em contratos de
concessão que viabilizam novas formas de colaboração entre a Administração Pública e entes
privados, que vão além da mera contratação de obras e serviços junto à iniciativa privada e da
187
chamada concessão comum, viável apenas nas hipóteses em que (i) há um serviço público a
ser concedido e (ii) há viabilidade econômica, entendida como o potencial de as tarifas
cobradas dos usuários remunerarem o investimento a ser realizado pela iniciativa privada para
a implantação e a operação do referido serviço.
Duas são as novas modalidades de concessão criadas pela Lei Federal das PPPs: a Concessão
Patrocinada e a Concessão Administrativa.
A Concessão Patrocinada consiste no contrato de concessão que, conforme a própria
denominação sugere, prevê uma complementação, por parte da Administração Pública, da
remuneração obtida pelo parceiro privado com a cobrança de tarifas dos usuários pela
exploração do serviço público a ele concedido, de forma a viabilizar uma remuneração total
(tarifas + contraprestação pública) suficiente para propiciar uma taxa de retorno suficiente
para os investimentos realizados pela iniciativa privada para a implantação e operação do
serviço concedido.
Nos termos da Lei Federal de PPPs, “concessão patrocinada é a concessão de serviços
públicos ou de obras públicas de que trata a Lei n.º 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, quando
envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários contraprestação pecuniária do parceiro
público ao parceiro privado”.
Aplicam-se à concessão patrocinada, subsidiariamente, as disposições da Lei Federal nº
8.987/95 (“Lei Federal das Concessões”) e leis correlatas, dentre as quais avulta em
importância a Lei Federal nº 9.074/95 (conforme art. 3º, §1º da Lei Federal das PPPs).
A Concessão Administrativa, por sua vez, consiste na concessão em que a Administração
Pública é a usuária direta ou indireta do serviço público concedido, ainda que o contrato
envolva a execução de obra ou o fornecimento e a instalação de bens.
Nos termos da Lei Federal das PPPs, “concessão administrativa é o contrato de prestação de
serviços de que a Administração Pública seja a usuária direta ou indireta, ainda que envolva
execução de obra ou fornecimento e instalação de bens”.
À Concessão Administrativa aplica-se adicionalmente à Lei Federal das PPPs, as normas
veiculadas pelos artigos arts. 21, 23, 25 e 27 a 39 da Lei Federal das Concessões, e pelo art.
31 da Lei Federal nº 9.074/95 (conforme art. 3º, §2º da Lei Federal das PPPs).
188
Para ambas as modalidades de parceria, aplicam-se as disposições da Lei Federal nº 8.666/93
(“Lei Federal das Licitações”) relativas à garantia de proposta e seus limites, bem como aos
limites de garantia de execução dos contratos e, subsidiariamente, as disposições referentes à
licitação na modalidade concorrência.
No âmbito da legislação estadual das PPPs, as parcerias público-privadas “são ajustes
firmados entre o Poder Público e Agentes do Setor Privado, mediante a celebração de
contratos, na forma de qualquer uma das modalidades previstas na legislação em vigor, que
estabeleçam vínculo jurídico para a execução pelo Agente do Setor Privado, no todo ou em
parte, das atividades abaixo discriminadas, que serão remuneradas pelas utilidades e serviços
que este disponibilizar, segundo a sua atuação, e por meio dos quais o Agente do Setor
Privado assume o compromisso de colaborar com o Poder Público na condição de contratado
encarregado de:
I. Prestação de serviço público;
II. Desempenho de atividade de competência do Poder Público, de atribuição delegável,
precedido ou não da execução de obra pública;
III. Realização de atividades de interesse público, inclusive execução de obra,
implantação, ampliação, melhoramento, reforma, manutenção ou gestão de
infraestrutura pública;
IV. Exploração de bem público;
V. A exploração de direitos de natureza imaterial de titularidade do Estado, tais como
marcas, patentes, bancos de dados, métodos e técnicas de gerenciamento e gestão”
(art. 6º da Lei Estadual nº 13.557/2004).
E destinam-se a “fomentar a atuação de Agentes do Setor Privado, como coadjuvantes na
implementação das políticas públicas voltadas ao desenvolvimento do Estado do Ceará e ao
bem-estar coletivo, na condição de contratados encarregados da execução de serviços
públicos estaduais ou atividades de interesse público“ (art. 1º da Lei Estadual nº
13.557/2004).
Por fim, cumpre ressaltar que a Lei Estadual das PPPs foi regulamentada pelo Decreto
Estadual nº 29.801/2009, de 10 de julho de 2009 e Decreto Estadual nº 30.366/2000, de 23 de
novembro de 2010.
189
8.4. Requisitos para a contratação de PPP no Estado do Ceará
No modelo contemplado por esse estudo, o Estado do Ceará promoverá licitação para
contratação de PPP, para a construção, fornecimento de equipamentos, manutenção e gestão
dos serviços não assistenciais no Hospital Regional Metropolitano do Ceará – HRM/CE.
No âmbito do Estado do Ceará, tendo em vista a incidência da legislação acima mencionada,
podem-se destacar os seguintes requisitos legais para a contratação de uma parceria público-
privada:
A elaboração de estudo detalhado, baseado em índices e critérios técnicos, que
comprove a existência de efetivas vantagens financeiras e operacionais, inclusive a
redução de custos, relativamente a outras modalidades de execução direta ou indireta;
Demonstração de que será viável adotar indicadores de resultados capazes de aferir, de
modo permanente e objetivo, o desempenho do contratado em termos qualitativos e
quantitativos, bem como de parâmetros que vinculem o montante da remuneração aos
resultados efetivamente atingidos;
Demonstração de que esta modalidade de execução garantirá o interesse público e a
justa remuneração do Agente do Setor Privado;
Demonstração da forma em que ocorrerá a amortização do capital investido, bem
como da necessidade, importância e valor do objeto da contratação;
Comprovação de compatibilidade com a lei orçamentária anual, a lei de diretrizes
orçamentárias e o plano plurianual; e
Aprovação da execução do projeto pelo Conselho Gestor.
Deverão ser observadas também as seguintes diretrizes:
Eficiência no cumprimento das missões de Estado e no emprego dos recursos
públicos;
Respeito aos interesses e direitos dos destinatários dos serviços e dos entes privados
incumbidos da sua execução;
Indelegabilidade das funções de regulação, jurisdicional, do exercício do poder de
polícia e de outras atividades exclusivas do Estado;
Responsabilidade fiscal na celebração e execução das parcerias;
Transparência nos procedimentos e das decisões;
Repartição objetiva de riscos entre as partes;
Sustentabilidade financeira e vantagens socioeconômicas dos projetos de parceria; e
190
Responsabilidade social e ambiental na concepção e execução dos contratos.
É vedada a celebração de Contrato de Parceria Público-Privada:
Cujo valor do contrato seja inferior a R$20.000.000,00 (vinte milhões de reais);
Cujo período de prestação do serviço seja inferior a 5 (cinco) anos; e
Que tenha como objeto único o fornecimento de mão-de-obra, o fornecimento e
instalação de equipamentos ou a execução de obra pública.
Quanto às cláusulas dos Contratos de Parcerias Público-Privadas, estas deverão
atender ao disposto no art.23 da Lei Federal nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, no
que couber, devendo também prever:
Prazo do contrato, limitado a, até 35 (trinta e cinco) anos, incluindo eventual
prorrogação, será estabelecido de modo a permitir a amortização dos investimentos;
As penalidades aplicáveis à Administração Pública e ao parceiro privado em caso de
inadimplemento contratual, fixadas sempre de forma proporcional à gravidade da falta
cometida, e às obrigações assumidas;
A repartição de riscos entre as partes, inclusive os referentes a caso fortuito, força
maior, fato do príncipe e álea econômica extraordinária;
As formas de remuneração e de atualização dos valores contratuais;
Os mecanismos para a preservação da atualidade da prestação dos serviços;
Os fatos que caracterizem a inadimplência pecuniária do parceiro público, os modos e
o prazo de regularização e, quando houver, a forma de acionamento da garantia;
Os critérios objetivos de avaliação do desempenho do parceiro privado;
A prestação, pelo parceiro privado, de garantias de execução suficientes e compatíveis
com os ônus e riscos envolvidos, observados os limites dos §§ 3º e 5º do art. 56 da Lei
Federal das Licitações, e, no que se refere às concessões patrocinadas, o disposto no
inciso XV do art. 18 da Lei Federal das Concessões;
O compartilhamento com a Administração Pública de ganhos econômicos efetivos do
parceiro privado decorrentes da redução do risco de crédito dos financiamentos
utilizados pelo parceiro privado; e
191
A realização de vistoria dos bens reversíveis, podendo o parceiro público reter os
pagamentos ao parceiro privado, no valor necessário para reparar as irregularidades
eventualmente detectadas.
8.5. Requisitos para a contratação de PPP no Estado do Ceará
Especificamente em relação à compatibilidade do projeto com os requisitos de cunho
orçamentário e financeiro, voltados a identificar a disponibilidade de recursos para o
pagamento das despesas correspondentes, bem como o impacto de tais despesas no
orçamento, tem-se que a realização do projeto está em consonância com as disposições da Lei
de Diretrizes Orçamentárias de 2011, Lei Orçamentária Anual de 2012 e Plano Plurianual
2012/2015:
Lei de Diretrizes Orçamentárias – 2011: A Lei Estadual nº 14.983/11 contempla as
prioridades e metas da Administração Pública Estadual, para o exercício de 2012,
constantes na Lei do Plano Plurianual 2012-2015, a qual deverá observar as seguintes
diretrizes e objetivos estratégicos:
Na área da Saúde - Acesso integral às ações e serviços de saúde, com qualidade,
humanização e modernização, por meio do fortalecimento do SUS no Ceará,
consolidação da estratégia dos consórcios públicos de saúde, ampliação e qualificação
da atenção básica, média e da alta complexidade, disponibilizando maior número de
leitos de Unidades de Tratamento Intensivo – UTI, nas sedes das microrregionais de
saúde do Estado, fortalecimento da proteção e promoção à saúde, fundamentado na
intersetorialidade, ampliação da oferta de leitos neonatais no Estado, ampliação da
assistência farmacêutica, consolidação, profissionalização e qualificação da gestão na
saúde, dentre outros;
Lei Orçamentária Anual – 2012: A Lei Estadual nº 15.110/12 contempla:
Código: 24200034.10.302.037.19736: Construção do Hospital Metropolitano de
Fortaleza.
192
Plano Plurianual 2012/2015: Instituído pela Lei Estadual nº 15.109/12, contempla no
âmbito da Secretaria de Saúde:
Programa 037: Atenção à Saúde integral e de qualidade.
Meta (02993): Construir e equipar os hospitais regionais.
Iniciativa (04978): Construção
8.6. Alternativas de modelagem jurídica
A contratação de um parceiro privado, dentre outros institutos e dependo do objeto da
contratação, poderá ser realizada por meio da celebração de: (i) contratos de prestação de
serviços, regidos pela Lei Federal das Licitações; (ii) contratos de concessão comum,
disciplinados pela Lei Federal das Concessões; (iii) ou por meio de contratos de parceria
público-privadas, nos termos da Lei Federal das PPPs.
A escolha por uma ou outra forma de contratação é resultado da análise de uma série de
informações relativas ao projeto que se almeja implementar, além de estar diretamente
atrelada ao ente que pretende realizar a contratação, a exemplo dos contratos de concessão
comum que só podem ser celebrados para a delegação de um serviço público passível de
cobrança de tarifa – o que não é o caso em análise.
Deve-se ter em mente, portanto, a distinção entre as modalidades de PPP, concessão
administrativa e patrocinada, para que se vislumbre, nitidamente, o modelo adotado ao
presente projeto.
8.6.1. Modalidade Tradicional – Execução Direta
Na modelagem tradicional, recaem sobre a Secretaria de Saúde as responsabilidades pela
captação dos recursos financeiros, pela contratação dos projetos básicos e/ou executivos de
engenharia, pela contratação das obras públicas, pela operação e manutenção dos serviços não
assistenciais do Hospital Regional Metropolitano do Ceará.
Além disso, a execução da obra por meio de licitação de obra pública convencional abre a
possibilidade, prevista na própria lei, de aditivo por erros no projeto, o que pode impactar
negativamente tanto nos custos da obra quanto no tempo de realização da mesma.
193
Quanto ao risco de operação, mesmo que somente da parte não assistencial, na modalidade
convencional o Governo do Estado do Ceará, por meio da Secretaria de Saúde, arcaria com
todos os riscos, problemas ou dificuldades que poderiam surgir durante a prestação dos
serviços, de ordem financeira, jurídica ou técnica.
Desse modo temos que, em função dos entraves financeiros, dos ritos jurídicos exigidos e das
dificuldades técnicas de implantação inerentes a esta modalidade, a prestação dos serviços não
poderia ocorrer nos prazos necessários e nem com a eficiência que permeia a Administração
Pública, caso se opte por esta alternativa de execução do projeto.
8.6.2. Concessão comum
A concessão comum, regida pela Lei Federal n.º 8.987/95 (e legislação correlata), consiste no
contrato pelo qual um determinado ente da federação delega a uma pessoa jurídica de direito
privado ou, então, a um consórcio de empresas, a execução remunerada de serviços públicos,
para que o eventual concessionário os explore por sua conta e risco, por prazo e condições
contratualmente determinadas.
A concessão comum tem como fundamento legal o artigo 175, da Constituição Federal, que
atribui ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob o regime de concessão ou
permissão, a prestação de serviços públicos. O dispositivo constitucional deixa claro que a
concessão comum corresponde à delegação da execução de serviço cuja incumbência original
é do Poder Público.
A lei prevê duas modalidades de concessão, a saber: a concessão de serviços públicos e a
concessão de serviços públicos precedida da execução de obra pública. Na primeira
modalidade de contratação, são delegados apenas os serviços públicos relacionados a uma
infraestrutura já existente. Na segunda modalidade, além da delegação dos serviços, atribui-se
ao concessionário a obrigação de realização de investimentos, os quais devem ser amortizados
mediante a exploração do serviço ou da obra por um prazo determinado.
Ambas as formas de contratação encontram guarida no artigo 2.º, inciso II e III, da Lei
Federal n.º 8.987/95, que assim determina:
“Art. 2.º Para os fins do disposto nesta Lei, considera-se:
(...)
194
II - concessão de serviço público: a delegação de sua prestação, feita pelo
poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à
pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para
seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado;
III - concessão de serviço público precedida da execução de obra pública: a
construção, total ou parcial, conservação, reforma, ampliação ou
melhoramento de quaisquer obras de interesse público, delegada pelo
poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à
pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para a
sua realização, por sua conta e risco, de forma que o investimento da
concessionária seja remunerado e amortizado mediante a exploração do
serviço ou da obra por prazo determinado.
(...).”
Assim, fica clara a possibilidade de contratação de empresas privadas para a prestação de
serviços públicos, ainda que haja a necessidade de execução de obra precedente para
viabilizar referida prestação. A obra em tela deve ser integralmente realizada pela(s)
empresa(s) contratada(s), sendo-lhe(s) assegurada a exploração dos serviços inerentes, de tal
forma que o privado possa arcar com os custos operacionais e, consequentemente, obter a
amortização dos investimentos e a geração de resultado econômico com a exploração da
concessão.
Um dos conceitos centrais da concessão instituída e regulamentada pela Lei Federal n.º
8.987/95 está justamente na expressão “serviços públicos”. Referido conceito não se encontra
definido na lei, mas, sim, no bojo da interpretação da própria legislação.
Para tanto, vale citar a definição do jurista Celso Antonio Bandeira de Mello sobre o assunto:
“Serviço público é toda atividade de oferecimento de utilidade ou
comodidade material destinada à satisfação da coletividade em geral, mas
fruível singularmente pelos administrados, que o Estado assume como
195
pertinente a seus deveres e presta por si mesmo ou por quem lhe faça às
vezes, sob um regime de Direito Público.”1
Da definição acima, adotada também por outros doutrinadores, depreende-se que a noção de
“serviço público” é composta por dois principais elementos: (i) prestação de utilidade ou
comodidade fruível singularmente pelos administrados; e (ii) prestação em regime de Direito
Público.
Em outras palavras, para que um serviço seja considerado “público”, é necessário que este (i)
represente uma utilidade ou comodidade para o cidadão, (ii) seja definido por meio de lei, e
(iii) seja passível de individualização (situação esta que permite a cobrança de tarifas).
Para a celebração de um contrato de concessão comum, o seu objeto deverá ser licitado por
meio de uma concorrência, a ser realizada nos termos das Leis Federais n.º 8.666/93 e n.º
8.987/95, podendo-se adotar como critério para a seleção do futuro concessionário (i) o menor
valor da tarifa do serviço público a ser prestado (artigo 15, inciso I, da Lei Federal n.º
8.987/95); ou (ii) o maior valor oferecido à Administração Pública em pagamento de ônus da
outorga (artigo 15, inciso II, da Lei Federal n.º 8.987/95).
Ambas as modalidades poderão, mediante decisão do Poder Concedente, ser combinadas com
o critério de análise técnica das propostas ofertadas pelos licitantes (artigo 15, incisos V e VI,
da Lei Federal n.º 8.987/95), ou, alternativamente, pode-se adotar exclusivamente o critério de
análise técnica com a fixação do preço no Edital (artigo 15, inciso IV, da Lei Federal n.º
8.987/95).
Independentemente da modalidade adotada na Concorrência, para viabilizar a concessão de
serviço público ou a concessão de serviço público precedida da execução de obra pública, é
necessária lei prévia autorizando a delegação, bem como fixando os seus termos, exceção
feita aos serviços de saneamento básico, limpeza urbana e àqueles já referidos na Constituição
Federal, nas Constituições Estaduais e nas Leis Orgânicas do Distrito Federal e Municípios,
conforme previsto no art. 2.º, da Lei Federal n.º 9.074/95.
A Lei Federal n.º 8.987/95 é silente quanto ao prazo máximo de duração das concessões
comuns, sendo de se destacar que os prazos fixados no artigo 57, caput e inciso II, da Lei
Federal n.º 8.666/93, não se aplicam a esta modalidade de contratação.
1 MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo, Malheiros Editores, 2009, p. 634.
196
Isto porque o termo fixado no artigo 57, caput, da Lei Federal n.º 8.666/93 -- no sentido de
que a duração máxima do contrato estará adstrita à vigência dos respectivos créditos
orçamentários -- não adere à lógica das concessões comuns, tendo em vista que a
remuneração do concessionário é paga diretamente pelas tarifas arrecadas dos usuários, as
quais não estão vinculadas à existência de créditos orçamentários.
A seu turno, o prazo fixado no artigo 57, inciso II, da lei supramencionada -- sessenta meses,
no tocante à prestação de serviços de forma contínua -- mostra-se igualmente inaplicável, na
medida em que, na concessão, faz-se necessário prazo alongado para que o privado tenha os
investimentos amortizados, especialmente quando estivermos falando de delegação de serviço
público precedida da execução de obra pública.
Por consequência, devido à ausência de disposição legal específica em relação à delimitação
do prazo máximo para a concessão comum, este deverá ser fixado por novo dispositivo legal,
ou, então, pelo próprio edital da licitação (caso não haja norma anterior vigente).
Para viabilizar a modelagem econômico-financeira do Projeto, e pretendendo-se enquadrá-lo
como concessão comum, faz-se necessária a adoção de uma tarifa, a qual deve ser suficiente
para garantir, ao longo do período contratual, uma remuneração satisfatória ao concessionário,
evitando, assim, o comprometimento da atratividade do Projeto.
Como se vê, as principais características para a modelagem de uma concessão comum são: (i)
a adoção de tarifa compatível com a amortização dos investimentos a serem executados pelo
concessionário, observada a necessidade de modicidade tarifária; e (ii) a prestação do serviço
público pelo privado, por sua conta e risco, desde que garantidos parâmetros mínimos de
qualidade no serviço prestado.
8.6.3. Concessão patrocinada
A concessão patrocinada é uma das formas existentes de Parceria Público-Privada (PPP). As
PPPs, regidas pela Lei Federal n.º 11.079/04 (e leis correlatas), consistem em contratos de
concessão, na modalidade patrocinada ou administrativa, que objetivam a mútua colaboração
entre a Administração Pública e entes privados.
Nessa modalidade, os particulares ficam encarregados pela prestação dos serviços, execução
de atividades, operação e gestão de infraestruturas, estabelecimentos ou empreendimentos de
interesse público, dentre outras situações, sendo remunerados de acordo com o seu
desempenho.
197
A concessão patrocinada consiste em contratação que, conforme a própria denominação
sugere, depende de subsídio financeiro, por parte da Administração Pública, em relação à
parte do serviço a ser prestado e/ou da obra pública a ser executada, cabendo ao particular
arcar com o restante dos custos, mediante a cobrança de tarifa dos usuários dos
serviços/obras.
É o que ocorre, por exemplo, em um contrato de concessão rodoviária, em que o pedágio não
é suficiente para cobrir os custos e a amortização dos investimentos despendidos pelo
concessionário.
A concessão patrocinada, cujo fundamento legal igualmente decorre do art. 175, da
Constituição Federal, encontra-se definida no artigo 2.º, § 1.º, da Lei Federal n.º 11.079/04,
que assim dispõe:
“Art. 2.o - Parceria público-privada é o contrato administrativo de
concessão, na modalidade patrocinada ou administrativa.
§ 1.º Concessão patrocinada é a concessão de serviços públicos ou de obras
públicas de que trata a Lei n.º 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, quando
envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários contraprestação
pecuniária do parceiro público ao parceiro privado.
(...).”
Tal qual ocorre na concessão comum, um dos conceitos centrais da concessão patrocinada
está justamente na expressão “serviços públicos”, composta de dois principais elementos, a
saber: (i) prestação de utilidade ou comodidade fruível singularmente pelos administrados; e
(ii) prestação em regime de Direito Público.
Prosseguindo, importante repetir que, para a caracterização de uma PPP patrocinada, é
imprescindível que os investimentos para a execução das obras ou serviços públicos não
sejam financiáveis exclusivamente por meio da cobrança de tarifas dos usuários, haja vista a
necessidade de envolvimento de contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro
privado.
Para a celebração de um contrato de concessão patrocinada, o seu objeto deverá ser licitado
por meio de uma Concorrência, a ser realizada nos termos das Leis Federais n.º 8.666/93 e n.º
11.079/04, podendo-se adotar como critérios para a seleção do futuro concessionário, além
198
daqueles previstos no Artigo 15, incisos I a V, da Lei Federal n.º 8.987/95, os seguintes: (i) o
menor valor da contraprestação a ser paga pela Administração Pública (artigo 12, inciso II,
alínea “a”, da Lei Federal n.º 11.079/04); ou (ii) a combinação do critério da menor
contraprestação da Administração Pública com o critério de análise técnica (artigo 12, inciso
II, alínea “b”, da Lei Federal n.º 11.079/04).
Nas concessões patrocinadas em que mais de 70% (setenta por cento) da remuneração do
parceiro privado for paga pela Administração Pública, a Lei Federal n.º 11.079/04 traz como
requisito prévio à licitação a necessidade de obtenção de autorização legislativa específica
para a contratação.
Além da necessidade de contraprestação pecuniária por parte do Poder Concedente, bem
assim da observância do prazo e dos valores mínimos de contratação, as Parcerias Público-
Privadas afastam-se da concessão comum na medida em que o parceiro privado não presta o
serviço ou executa a obra pública por sua conta e risco, havendo uma repartição objetiva dos
riscos com a Administração Pública.
A adoção da concessão patrocinada para a modelagem de uma contratação apresenta como
vantagens, por exemplo, (i) a possibilidade de repartição objetiva de riscos entre o parceiro
público e o privado; (ii) a existência de pagamento de contraprestação pecuniária pelo
parceiro público, em adição às tarifas cobradas diretamente dos usuários; bem como (iii) a
previsão de mecanismos de garantia com relação à fiel execução do contrato, tanto por parte
do privado como pela Administração Pública, permitindo-se a aplicação de recursos em área
de atuação estatal pouco atrativa e que demandaria o aporte de vultosos recursos públicos.
8.6.4. Concessão administrativa
A seu turno, a concessão administrativa, igualmente regida pela Lei Federal n.º 11.079/04,
consiste no modelo em que a Administração Pública é a usuária direta ou indireta do serviço
público ou de interesse público delegado, ainda que o contrato envolva a execução de obra ou
o fornecimento e a instalação de bens.
A conceituação da concessão administrativa vem expressa no artigo 2.º, § 2.º, da Lei Federal
n.º 11.079/04, que assim dispõe:
“Art. 2.o - Parceria público-privada é o contrato administrativo de
concessão, na modalidade patrocinada ou administrativa.
199
(...)
§ 2.º Concessão administrativa é o contrato de prestação de serviços de que
a Administração Pública seja a usuária direta ou indireta, ainda que
envolva execução de obra ou fornecimento e instalação de bens.
(...).”
Em linhas gerais, a concessão administrativa distingue-se da concessão comum e da
concessão patrocinada na medida em que não tem como finalidade a prestação de um serviço
público, mas sim de um serviço de que a Administração Pública seja a usuária direta ou
indireta, o qual não será passível de cobrança de tarifa (serviço de interesse público). Desta
forma, a remuneração do privado será composta integralmente por uma contraprestação paga
pelo parceiro público, sendo permitido eventual complemento por meio de receitas acessórias.
Além de ser viável a repartição objetiva de riscos com o parceiro privado para implantação do
projeto, a adoção da concessão administrativa traz como vantagem, dentre outras, a
possibilidade de redução dos custos da Administração Pública com a aplicação de
investimentos vultosos em infraestrutura e serviços de que esta seja usuária direta ou indireta,
permitindo-se uma gestão mais eficiente, pelo concessionário, em áreas de atuação estatal
pouco atrativas.
No projeto em tela, exclui-se a possibilidade de adoção do modelo de concessão comum (Lei
Federal de Concessões) ou patrocinada (uma das modalidades da Lei Federal das PPPs), pois
os serviços a serem licitados não se caracterizam como serviços públicos, e sim serviços de
interesse da Administração.
Ademais, mesmo que se entendesse pela configuração destes serviços como serviços públicos,
a inviabilidade de cobrança de tarifas impediria, desde logo, a opção pela adoção da
concessão patrocinada, uma vez que o usuário do hospital terá acesso gratuito aos serviços.
Sendo assim, os serviços para a construção, fornecimento de equipamentos, manutenção e
gestão dos serviços não assistenciais no Hospital Regional Metropolitano do Ceará –
HRM/CE, condiz com a figura do Estado como usuário indireto do serviço, cabendo-lhe
adimplir com toda a obrigação pecuniária decorrente do instrumento contratual.
Portanto, pela dicção legal, entendemos que a concessão administrativa é a modelagem que
melhor se encaixa às necessidades do Projeto, (construção, fornecimento de equipamentos,
200
manutenção e gestão dos serviços não assistenciais no Hospital Regional Metropolitano do
Ceará – HRM/CE), conforme explicitado nos tópicos seguintes.
8.7. Modelo contratual adotado
Diante o exposto, a opção pela concessão administrativa é de ordem estritamente jurídica,
uma vez que o objeto do contrato se refere a serviços de interesse da Administração, mas não
passíveis de cobrança de tarifas.
Alguns aspectos que merecerão ser observados, quando da redação do Contrato de Concessão
Administrativa, são os seguintes:
8.7.1. Titularidade do poder concedente
Podem realizar contratos de Parceria Público-Privada os órgãos da Administração Pública
direta, aos fundos especiais, às autarquias, às fundações públicas, às empresas públicas, às
sociedades de economia mista e às demais entidades controladas direta ou indiretamente pelo
Município (art. 1.º, § único, da Lei Federal n.º 11.079/2004 e art. 1.º, § único, da Lei Estadual
n.º 14.391/2009).
Sendo assim, optou-se pela realização de contratação pelo Estado do Ceará, por meio da
Secretaria Estadual de Saúde – SESA, órgão da administração direta com competência para
contratar serviços relacionados à saúde pública.
8.7.2. Formas de remuneração e garantias de contraprestação
a) Formas de Remuneração
A remuneração pelos serviços prestados pelo particular será composta de uma contraprestação
mensal, que será obtida por meio da soma entre uma Parcela Fixa, com a finalidade de
remunerar os investimentos da Concessionária, e por uma parcela variável, de acordo com o
índice de desempenho da Contratada e da taxa de ocupação do Hospital Regional
Metropolitano, e pelas receitas alternativas eventualmente exploradas pela Concessionária.
A remuneração do Parceiro Privado vinculada diretamente com seu desempenho, tem como
finalidade garantir a qualidade do serviço.
201
As contraprestações mensais somente serão devidas à Concessionária após a efetiva
disponibilização do serviço pela SPE, tal como previsto no art. 7.º da Lei Federal n.º
11.079/20042.
b) Estrutura de garantias
Segundo o art. 8º da Lei de PPPs, em um projeto de PPP, as obrigações do poder público
poderão ser garantidas, mediante: (i) vinculação de receitas; (ii) instituição ou utilização de
fundos especiais previstos em lei; (iii) contratação de seguro-garantia com as companhias
seguradoras que não sejam controladas pelo Poder Público; (iv) garantia prestada por
organismos internacionais ou instituições financeiras que não sejam controladas pelo Poder
Público; (v) garantias prestadas por fundo garantidor ou empresa estatal criada para essa
finalidade; e (vi) outros mecanismos admitidos em lei.
De maneira semelhante, o art. 8º da Lei Estadual de PPPs assim dispõe:
‘Art.8º As obrigações pecuniárias contraídas pela Administração Pública
em Contrato de Parceria Público-Privada poderão ser garantidas
mediante:
I - vinculação de receitas, observado o disposto no inciso III do art.205 da
Constituição do Estado do Ceará;
II - instituição ou utilização de fundos especiais previstos em lei;
III - contratação de seguro-garantia com as companhias seguradoras que
não sejam controladas pelo Poder Público;
IV - garantia prestada por organismos internacionais ou instituições
financeiras que não sejam controladas pelo Poder Público;
V - garantias prestadas por fundo garantidor ou empresa estatal criada
para essa finalidade;
VI - outros mecanismos admitidos em lei”.
As garantias serão executadas a partir da verificação do inadimplemento do parceiro público,
que deve estar tipificado no contrato de parceria. Segundo o inciso VI do art. 5º da Lei n.
2 Art. 7.º A contraprestação da Administração Pública será obrigatoriamente precedida da disponibilização do serviço objeto do contrato de parceria público-privada.
202
11.079/2004, os contratos de PPP deverão prever “os fatos que caracterizem a inadimplência
pecuniária do parceiro público, os modos e o prazo de regularização e, quando houver, a
forma de acionamento” (inciso VI). O contrato deverá conter, então, não só a tipificação das
específicas condutas que retratem inadimplemento pecuniário do parceiro público, como o
momento em que a garantia poderá ser “acionada” e os procedimentos que deverão reger o
seu acionamento.
Diante de tais dispositivos, discorreremos a seguir sobre as principais modalidades de garantia
que poderão ser aplicadas no Projeto, e eventuais garantias que poderiam ser utilizadas pelo
Estado para o cumprimento de suas obrigações assumidas em contratos de PPP.
c) Vinculação de receitas
O parceiro privado que obtiver uma garantia de vinculação de receita terá o direito de exigir
que uma determinada receita não poderá ser utilizada para pagar obrigação que não as
contraprestações públicas do contrato de PPP, nos termos do contrato que instituir a
vinculação e desde que haja inadimplemento do Estado. O sentido de tal garantia é, sobretudo,
orçamentário: impede que montantes arrecadados como receita vinculada sejam utilizados
para garantir despesas que não as previstas no ato de vinculação3.
A questão principal a ser analisada para se determinar se certa categoria de receitas pode ou
não ser objeto de vinculação para fins de constituição de garantia é se tais receitas estão
enquadradas entre as oriundas de impostos de determinado ente da Federação, em virtude do
artigo 167, inciso IV, da Constituição Federal. Por conta deste, aquelas receitas tidas como de
impostos não podem, salvo em casos específicos, ser vinculadas para constituição de
garantias, ao passo que outras categorias de receitas poderiam, em princípio4.
Neste sentido, Maurício Portugal Ribeiro e Lucas Navarro Prado pontuam que não se admite
vincular – salvo nas hipóteses expressamente previstas na Constituição – tão-somente as
3 RIBEIRO, Maurício Portugal e PRADO, Lucas Navarro. Comentários à Lei de PPP – Parceira Público-Privada: fundamentos econômico-jurídicos. São Paulo: Malheiros, 2007, p. 221. 4 O próprio artigo 167 da Constituição Federal traz exceção à regra de seu inciso IV, fazendo distinção entre o regime aplicável às receitas próprias geradas pelos impostos estaduais, e o regime aplicável aos recursos oriundos da transferência constitucional, quando permitiu a vinculação de ambos para a prestação de garantia ou contragarantia à União e para pagamentos de débitos com esta, a saber: “Artigo 167, §4°/CF: §4º É permitida a vinculação de receitas próprias geradas pelos impostos a que se referem os arts. 155 e 156, e dos recursos de que tratam os arts. 157, 158 e 159, I, a e b, e II, para a prestação de garantia ou contragarantia à União e para pagamentos de débitos com esta. (...)” (destacamos).
203
receitas oriundas de impostos. O mesmo não se aplica às demais receitas, para as quais não há
qualquer restrição constitucional5. Dessa forma, cogita-se, v.g., a vinculação das receitas
oriundas de arrendamentos ou de royalties, como o de petróleo.
d) Instituição ou utilização de fundos especiais previstos em lei
Os fundos especiais previstos em lei, ou que sejam constituídos mediante autorização
legislativa, também poderão garantir as obrigações da Administração Pública, sendo
utilizadas as receitas que estejam legalmente vinculadas à realização dos seus objetivos.
e) Contratação de seguro-garantia com as companhias seguradoras que não sejam
controladas pelo Poder Público
Quanto ao seguro-garantia, este deve ser contratado com companhias seguradoras que não
sejam controladas pelo Poder Público e representa uma interessante garantia sob o ponto de
vista da liquidez e dos riscos por ele cobertos. Em termos gerais, o seguro-garantia destina-se
a cobrir os riscos relacionados ao cumprimento de obrigações por parte do segurado, no caso
a Administração Pública. Ocorrendo um sinistro, a seguradora pagará ao beneficiário o valor
da indenização correspondente à obrigação que não foi cumprida.
Outro aspecto vantajoso do seguro é a possibilidade de designar os financiadores diretamente
como beneficiários nas apólices, ao invés dos próprios parceiros privados.
f) Garantia prestada por organismos internacionais ou instituições financeiras que não
sejam controladas pelo Poder Público
Caso a Administração Pública obtenha garantias por parte de órgãos internacionais de
financiamento, tais como o Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID, a Organização
para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento - OCDE, a Corporação Financeira
5 Comentários à Lei de PPP – Parceira Público-Privada: fundamentos econômico-jurídicos. São Paulo: Malheiros, 2007, p. 220.
204
Internacional – IFC, o Banco Japonês para a Cooperação Internacional – JBIC ou a
Multilateral Investment Guarantee Agency (MIGA), ou de bancos privados que não sejam
controlados pelo Poder Público, desde que respeitadas as regras aplicáveis ao
contingenciamento de crédito ao setor público, definidas pelo Conselho Monetário Nacional e
emitidas pelo Banco Central do Brasil, tais garantias poderão ser oferecidas, também aos
financiadores dos projetos de PPPs.
g) Garantias prestadas por fundo garantidor ou empresa estatal criada para essa
finalidade
Embora previsto no artigo 8º da Lei Estadual de PPPs, o Estado do Ceará ainda não possui
fundo garantidor de PPPs.
Vale ressaltar que o sistema de fundo garantidor já é utilizado em outros entes da federação. O
Estado de Minas Gerais, por exemplo, criou, mediante a Lei Estadual 11.869/2003, o Fundo
de Parcerias Público-Privadas6. Tal fundo já foi instituído, inclusive, em alguns municípios
como, Rio das Ostras, no Estado do Rio de Janeiro7. Cita-se também o art. 16, caput, da Lei
Federal 11.079/2004, o qual autorizou a União, suas autarquias e fundações públicas a
participar do Fundo Garantidor de Parcerias Público-Privadas – FGP, até o limite de R$
6.000.000.000,00 (seis bilhões de reais). Ao regulamentar esse dispositivo, o Decreto Federal
5.411/2005 autorizou a União a integralizar as cotas do FGP por meio da transferência de
ações referentes às suas participações minoritárias e excesso à manutenção do seu controle em
sociedades de economia mista (art. 1º, caput, do Decreto).
6 O artigo 5° da Lei Estadual de Minas Gerais 11.869/2003 estabelece que “o Fundo de Parcerias Público-
Privadas do Estado de Minas Gerais operará a liberação de recursos para os parceiros privados
contratados e oferecerá garantias reais que lhes assegurem a continuidade do desembolso pelo Estado dos
valores contratados, na forma da legislação em vigor”.
7 A PPP de Rio das Ostras tem como objeto a ampliação e operação do sistema de esgotamento sanitário, compreendendo a construção de rede coletora, drenagem de águas pluviais, pavimentação de ruas e calçadas, coletores tronco, estações elevatórias e ampliação de estação de tratamento de esgoto. A estrutura de garantia é constituída de Fundo Garantidor gerido pelo Banco do Brasil, com patrimônio de afetação de R$ 27 milhões (o que corresponde a 5 vezes o fluxo mensal de contraprestação pública), tendo como origem de receitas royalties de petróleo. Informações extraídas de http://tinyurl.com/bqsh5fb último acesso em 30 de setembro de 2009.
205
Outros Estados, como São Paulo e Santa Catarina, optaram por criar companhias garantidoras,
com o objetivo de criar uma entidade distinta da administração direta, com poderes para
outorgar garantias de contrato de PPP, no limite de seus ativos.
Estas modalidades de garantia são as mais comuns e a de maior aceitação pelos financiadores,
uma vez que passa a compor caixa próprio não incorporável, pelo menos a priori, pelo ente
público.
h) Outras modalidades de garantia
Admite-se então que outras hipóteses de garantias previstas pela legislação sejam praticadas
pela Administração em contratos de PPP. Quanto a isso, deve-se admitir, o recurso pela
Administração a todas as técnicas jurídicas de garantia disponibilizadas pelo direito privado.
Invoque-se a regra que admite a celebração de contratos atípicos pela Administração, sob a
qual se põe a possibilidade de que, respeitadas as limitações constitucionais e legais quanto à
concessão de garantia, negócios jurídicos de garantia sejam firmados pela Administração
Pública, atrelados a ajustes de PPP.
8.8. Prazo
O Contrato de Concessão Administrativa deverá ser firmado por prazo necessário à
amortização dos investimentos da Concessionária e permitirá a remuneração desta por meio
do pagamento de contraprestação pelo Poder Concedente.
Desta feita, a vigência do Contrato será de 20 (vinte) anos, contados da sua Data de Eficácia e
poderá ser prorrogado apenas como forma de recomposição do equilíbrio econômico-
financeiro do Contrato, sendo o período máximo de prorrogação limitado a 35 (trinta e cinco)
anos, nos termos do artigo 5.º, inciso I, da Lei Federal n.º 11.079/04.
A Data de Eficácia é aquela em que estiverem implementadas as seguintes condições
suspensivas:
Publicação do extrato do Contrato no Diário Oficial do Estado do Ceará;
Emissão do Termo de Permissão de Uso do Imóvel em que será implementado o
Hospital Regional Metropolitano do Ceará – HRM/CE;
206
Constituição pela SESA/CE da Garantia da Contraprestação; e
Emissão da Ordem de Serviço da Concessão pela SESA.
8.9. Compartilhamento de Riscos - MATRIZ DE RISCOS
A Matriz de Risco, em atendimento à repartição objetiva de riscos, prevista no artigo 4.º,
inciso VI, da Lei Federal n.º 11.079/04, servirá de base para a definição de algumas cláusulas
contratuais da relação existente entre a Concessionária e o Poder Concedente, por meio da
análise e mitigação das possíveis situações caracterizadoras da concessão dos serviços.
Em auxílio à identificação e alocação de riscos, para fins de registro contábil, a Secretaria do
Tesouro Nacional (STN) emitiu a Portaria n.º 614/2006, em que indica 3 (três) riscos
principais que devem ser contratualmente alocados, de modo a ter seus efeitos contábeis
considerados, a saber: risco de construção, risco de disponibilidade e risco de demanda. Além
destes riscos, há outros que podem ser previstos, conforme a natureza do contrato e
determinadas características especiais.
A Matriz de Risco tem por objetivo traçar as diretrizes das cláusulas contratuais. Por isso,
todos os riscos são indicados de forma genérica neste documento para, quando da elaboração
do contrato de concessão, ter a sua mitigação regulamentada. Os riscos não controláveis, nos
termos do artigo 5.º, incisos III, da Lei Federal n.º 11.079/04, também serão previstos no
contrato de concessão.
A seguir, após uma avaliação técnica, econômica e jurídica quanto ao melhor modelo de
repartição de riscos, levando em consideração a capacidade de que cada parte em arcar com
determinados riscos, apresenta-se referida Matriz de Risco elaborada consoante as
determinações da Lei 11.079/04 e da Portaria n.º 614/2006 e com objetivo de refletir grande
parte dos riscos mitigáveis incidentes sobre o projeto.
8.9.1. Riscos da Concessionária
A Concessionária será integral e exclusivamente responsável por todos os riscos relacionados
à Concessão Administrativa, excetuados aqueles em que o contrário resulte expressamente no
Contrato e seus Anexos.
207
A Concessionária é responsável inclusive, mas sem limitação, pelos seguintes riscos, sendo
que a ocorrência dos fatos previstos não ensejará a recomposição do Equilíbrio Econômico-
Financeiro do Contrato:
Vícios ou defeitos aparentes ou ocultos das instalações, equipamentos e mobiliário do
Hospital Regional Metropolitano;
Mudanças dos projetos apresentados pela Concessionária que não tenham sido
solicitadas pela SESA;
Estimativa incorreta do custo dos investimentos a serem realizados pela
Concessionária;
Estimativa incorreta do cronograma de execução dos investimentos;
Prejuízos decorrentes de falha na segurança no local de realização das obras;
Prejuízos a terceiros causados direta ou indiretamente pela Concessionária ou por
qualquer outra pessoa física ou jurídica a ela vinculada, em decorrência de obras ou da
prestação dos Serviços;
Atrasos decorrentes da não obtenção de autorizações, licenças e permissões exigidas
para construção ou operação das novas instalações, de responsabilidade da
Concessionária, bem como eventuais decisões judiciais que suspendam a execução das
obras;
Aumentos de preço nos insumos principais para a execução das obras, salvo aqueles
que decorram diretamente de mudanças tributárias;
Prejuízos decorrentes de erros na realização das obras que ensejem a necessidade de
refazer parte ou totalidade das obras;
Investimentos, custos ou despesas adicionais necessários para o atendimento do
Sistema de Mensuração de Desempenho em função da performance da
Concessionária;
208
Investimentos, Custos ou despesas adicionais decorrentes da elevação dos custos
operacionais e de manutenção dos equipamentos;
Custos de ações judiciais de terceiros contra a SESA, direta ou indiretamente, a
Concessionária ou Subcontratadas decorrentes da execução da Concessão;
Greves realizadas por empregados contratados pela Concessionária ou pelas
Subcontratadas;
Mudanças tecnológicas implantadas pela Concessionária e que não tenham sido
previstas no Contrato ou que não tenham sido solicitadas pela SESA;
Responsabilidade civil e criminal por danos ambientais causados pela Concessionária;
Gastos resultantes de defeitos ocultos dos bens da Concessão;
Aumento do custo de capital, inclusive os resultantes de aumentos das taxas de juros;
Variação das taxas de câmbio;
Possibilidade de a inflação de um determinado período ser superior ou inferior ao
índice utilizado para reajuste da Contraprestação Mensal ou de outros valores
previstos no Contrato para o mesmo período;
Ocorrência de eventos de força maior ou caso fortuito quando a sua cobertura seja
aceita por instituições seguradoras no mercado brasileiro há pelo menos 2 (dois) anos
anteriores à época da ocorrência do evento.
8.9.2. Riscos da SESA
Os riscos a seguir listados serão suportados exclusivamente pela SESA, sendo que a
ocorrência dos fatos previstos nesta cláusula ensejará o Reequilíbrio Econômico-Financeiro
do Contrato, bem como isentarão a Concessionária das penalidades decorrentes do Sistema de
Mensuração de Desempenho quando comprovado que o descumprimento que fundamenta a
penalidade ocorreu devido aos eventos previstos abaixo:
209
Mudança na legislação tributária que aumente custos da obra, custos operacionais ou
custos de manutenção de equipamentos, exceto as mudanças nos Impostos sobre a
Renda;
Custos decorrentes do atraso na cessão da área onde será implementado o Hospital
Regional Metropolitano para a Concessionária;
Mudanças nas especificações dos serviços objeto da Concessão mediante solicitação
da SESA ou decorrentes de nova legislação ou regulamentação públicas;
Alterações no perfil epidemiológico da população que impacte no perfil assistencial do
Hospital Regional Metropolitano do Ceará - HRM/CE;
Greves realizadas por funcionários da Secretaria da Saúde e/ou por empregados
contratados para a prestação de serviços assistenciais;
Danos decorrentes das atividades de responsabilidade da SESA, em especial a
realização das atividades assistenciais;
Imposição à Concessionária de modificações nos projetos e estudos apresentados que
impliquem em aumento dos custos da Concessionária;
Incorporação da inovação tecnológica que, no curso da execução deste Contrato,
incremente os custos da Concessionária.
8.9.3. Riscos Compartilhados
A ocorrência de situações de força maior e caso fortuito é considerada como de risco
compartilhado, podendo as Partes acordar sobre a possibilidade de recomposição do equilíbrio
econômico-financeiro do contrato ou extinção da concessão administrativa, conforme previsto
no Contrato de Concessão Administrativa.
210
8.9.4. Sugestões para mitigação de riscos não controláveis ou não seguráveis
Os riscos não controláveis pelo Parceiro Privado, bem como os riscos não seguráveis (tais
como risco de Caso Fortuito, Força Maior, Álea Econômica e Atos do Príncipe) deverão ter
seus tratamentos devidamente apontados no Contrato de Concessão Administrativa.
a) Estrutura dos seguros obrigatórios
A Concessionária deverá manter em vigor, além dos seguros obrigatórios por lei, apólices de
seguros necessárias para garantir uma efetiva cobertura dos riscos inerentes ao
desenvolvimento de todas as atividades abrangidas pelo Projeto de PPP do Hospital Regional
Metropolitano do Ceará.
8.9.5. Equilíbrio econômico-financeiro
Sempre que atendidas as condições do Contrato e mantida a alocação de riscos nele
estabelecida, considera-se mantido seu Equilíbrio Econômico-Financeiro.
No interregno de tempo definido no contrato, este será revisto em sua integralidade, para fins
de averiguação da necessidade de recomposição de equilíbrio econômico-financeiro.
8.9.6. Bens da concessão
Nesse modelo, considerando que haverá apenas a transferência de uso do terreno, cabendo à
Concessionária a construção da infraestrutura e implantação de mobiliário e equipamentos,
todos os bens da Concessão serão de investimento da Concessionária e deverão ser
amortizados, nos termos do artigo 2º, inciso II da Lei 8.987/95, devendo ainda ser mantidos
em bom estado de funcionamento, conservação e segurança, às suas expensas, durante a
vigência do Contrato, não cabendo qualquer pleito de recomposição do equilíbrio econômico-
financeiro no advento do termo contratual.
8.9.7. Regras para solução de conflito por arbitragem
A possibilidade de se utilizar o mecanismo de arbitragem, para dirimir conflitos decorrentes
ou relacionados a Contratos de Concessão Administrativa, prevista na Lei Federal n.º
8.987/95, Lei Federal n.º 11.079/04 e da Lei Estadual n.º 14.391/2009, deverá ser
operacionalizada consoante os ditames da Lei Federal n.º 9.307/96 – Lei da Arbitragem.
211
A fim de assegurar maior transparência e tratamento isonômico entre as partes envolvidas na
lide, poderá ser adotado o modelo de arbitragem tripartite, no qual o Poder Concedente indica
um árbitro, o futuro Concessionário indica outro e ambos indicam um terceiro árbitro.
A decisão colegiada exarada por esses três árbitros deverá ser acatada pelas Partes, sem
necessidade de interposição de peças recursais ao Poder Judiciário.
8.9.8. Regras para término antecipado
As regras de término antecipado, a seguir transcritas (Quadro 8.1), constarão de cláusulas
presentes no Contrato de Concessão Administrativa, contendo sua descrição e as providências
que deverão ser observadas tanto pela Administração Pública, quanto pelo parceiro privado.
Quadro 8.1 - Regras para término do contrato
Situações Marco definidor Providências
Intervenção pelo Poder
Concedente (artigos 32 a
34, da Lei Federal n.º
8.987/95)
Prestação irregular do serviço
pelo Concessionário.
A intervenção será cabível com
o fim exclusivo de assegurar
regularidade e adequação na
execução do serviço, bem
como o fiel cumprimento das
normas contratuais,
regulamentares e legais
pertinentes.
A intervenção se fará
sempre por ato
devidamente motivado do
Poder Concedente, que
conterá a designação do
interventor, os objetivos e
os limites da medida.
Intervenção por
Financiadores (artigos 27, §
2.º, da Lei Federal n.º
8.987/95 e 5.º, § 2.º, inciso
I, da Lei Federal n.º
Evento de não pagamento do
financiador por prestação
irregular do serviço
Financiador determina
intervenção, nos termos
estabelecidos no contrato.
212
11.079/04)
(Step in Right)
Encampação (artigo 37, da
Lei Federal n.º 8.987/95)
Retomada do serviço pelo
Poder Público
Interesse público devidamente
motivado
A efetivação da
encampação deverá ser
precedida de justa
indenização, calculada
com base nos
investimentos realizados e
ainda não amortizados,
bem como nos custos de
mobilização e
desmobilização incorridos.
Caducidade (artigo 38, da
Lei Federal n.º 8.987/95)
Retomada do serviço pelo
Poder Público
Prestação irregular, ou não
prestação, do serviço pelo
Concessionário.
A caducidade somente
poderá ser declarada com
base nas hipóteses
expressamente previstas
no Contrato e mediante
procedimento
administrativo que
assegure ao
Concessionário o direito à
ampla defesa e ao
contraditório.
Declarada a caducidade, o
Concessionário somente
fará jus à indenização
correspondente aos bens
revertidos cujo valor não
213
tenha sido alcançado por
depreciação ou
amortização do ativo,
descontado o valor dos
danos causados ao Poder
Concedente.
Rescisão (artigo 39, da Lei
Federal n.º 8.987/95)
O Contrato de Concessão
Administrativa poderá ser
rescindido por iniciativa da
Concessionária no caso de
descumprimento, pelo Poder
Concedente, de suas
obrigações legais,
regulamentares ou contratuais.
Declarada a rescisão do
Contrato de Concessão,
será devida indenização à
Concessionária, calculada
com base nos
investimentos realizados e
ainda não amortizados,
bem como nos custos de
mobilização e
desmobilização incorridos.
Falência (artigo 35, inciso
VI, da Lei Federal n.º
8.987/95)
Apresentação de pedido de
recuperação judicial.
As Partes poderão pleitear
a extinção do Contrato de
Concessão
Anulação (artigo 35, inciso
V, da Lei Federal n.º
8.987/95)
Ocorrência de vício jurídico
quando da outorga da
Concessão
Poder Judiciário determina
a extinção da Concessão
Administrativa
Caso Fortuito, Força Maior,
Fato do Príncipe e Álea
Econômica Extraordinária
(artigo 5.º, inciso III, da
Lei Federal n.º 11.079/04)
Ocorrência de caso fortuito,
força maior, fato do príncipe e
álea econômica extraordinária
que inviabilizem o
adimplemento contratual.
A inexecução do Contrato
de Concessão resultante de
força maior, de caso
fortuito, força maior, fato
do príncipe e álea
econômica extraordinária,
deverá estar prevista no
Contrato de Concessão e
214
ter seus riscos
compartilhados entre o
Poder Concedente e a
Concessionária.
8.10. Regras contratuais da PPP
8.10.1. Resumo das regras constantes na minuta do Edital da PPP
Conforme requerido no PMI, foi elaborada, para Projeto sob análise, minuta de Edital da
eventual PPP, cujas diretrizes encontram-se resumidas abaixo:
Modalidade: Concorrência Pública Internacional;
Contrato: Parceria Público-Privada - Concessão Administrativa;
Critério de seleção: Menor valor da contraprestação a ser paga pelo Poder Concedente
combinada com a melhor técnica;
Objeto: Concessão Administrativa para a construção e fornecimento de equipamentos
do Hospital Regional Metropolitano do Ceará, na cidade de Maracanaú, bem como
para sua manutenção e gestão dos serviços não assistenciais;
Prazo: 20 (vinte) anos;
Participação: Pessoas jurídicas brasileiras ou estrangeiras, isoladamente ou em
consórcio;
Consórcio: [a definir - limitação do número de empresas consorciadas];
Líder do Consórcio: Empresa brasileira;
Subcontratação: Não é possível para fins de qualificação técnica;
Visita Técnica: Obrigatória;
215
Ordem das fases: Garantia de Proposta, Proposta Técnica, Proposta Comercial e
Documentos de Habilitação;
Garantia de Proposta: [indicar percentual - a definir];
Proposta Econômica: Indicação do valor da contraprestação mensal máxima a ser paga
pelo Poder Concedente em razão da prestação dos serviços;
Habilitação: (i) Habilitação Jurídica - documentos exigidos na legislação; (ii)
Habilitação Fiscal - documentos exigidos na legislação; (iii) Qualificação Econômico-
financeira – Balanço Patrimonial, Patrimônio Líquido [inserir percentual que será
exigido a título de PL], Certidão negativa de falência, recuperação judicial e/ou
extrajudicial; (iv) Qualificação Técnica –atestação indicada no Edital;
Condições prévias à contratação: Apresentação de Garantia de Execução do Contrato,
apresentação do Plano de Negócios (aprovado por instituição financeira), constituição
e subscrição do capital social da SPE, bem assim ressarcimento dos estudos
resultantes do PMI.
8.10.2. Resumo das regras constantes na minuta do contrato da PPP
Conforme requerido no PMI, foi elaborada, para o Projeto sob análise, minuta de Contrato de
Concessão Administrativa, cujas diretrizes encontram-se resumidas abaixo:
Poder Concedente: Estado do Ceará, por meio da Secretaria de Saúde – SESA/CE.
Contratadas: Concessionária.
Objeto: Concessão Administrativa para a construção, fornecimento de equipamentos,
manutenção e gestão dos serviços não assistenciais no Hospital Regional
Metropolitano do Ceará – HRM/CE.
Obrigações da Concessionária: Prestar direta ou indiretamente, quando permitido, os
serviços necessários à execução deste Contrato (construção, fornecimento de
equipamentos, manutenção e gestão dos serviços não assistenciais no Hospital
Regional Metropolitano do Ceará – HRM/CE), por sua conta e risco, com integral
atendimento das normas e diretrizes do SUS, da regulamentação da SESA/CE, dos
216
Indicadores Quantitativos, dos Indicadores de Desempenho e das demais exigências
estabelecidas no Contrato, segundo as melhores práticas e os regulamentos aplicáveis.
Prazo: 25 anos.
Valor do Contrato: corresponde ao valor presente da somatória das Contraprestações
Mensais a serem recebidas pela Concessionária durante todo o prazo da Concessão.
Condições suspensivas: Publicação do extrato do contrato no diário oficial, Emissão
do Termo de Permissão de Uso do Imóvel em que será implementado o Hospital
Regional Metropolitano do Ceará – HRM/CE, Constituição pela SESA/CE da
Garantia da Contraprestação e Emissão da Ordem de Serviço da Concessão pela
SESA/CE;
Remuneração da Concessionária: A Contraprestação Mensal (CP) a ser paga
mensalmente equivale à soma de uma Parcela Fixa (PF) com uma Parcela Variável
(PV), sobre a qual incide a Taxa de Ocupação (TO) e o Índice de Desempenho (ID);
Garantia de pagamento da contraprestação: A definir
Reajuste: Pela variação do IGPM e IPCA
Alocação de riscos: conforme matriz de riscos do relatório
Seguros: exigência de seguros para a Concessionária relacionados à execução da obra
e à execução dos serviços
Garantias de execução: garantia de % na assinatura do contrato com redução
progressiva.
Índices de desempenho: Conforme quadro de desempenho anexo ao contrato, com
revisão a cada 3 anos
Sanções e penalidades: definição prévia de valores máximos e critérios para definição
da gravidade do descumprimento contratual
“Step in Rights”: Possibilidade de o financiador assumir a concessão
217
Transferência de Controle das Concessionárias ou da Concessão: Mediante prévia e
expressa autorização do Poder Concedente
Comissão Técnica: Prevista para solucionar divergências relacionadas aos índices de
desmpenho
Arbitragem: Prevista como mecanismo de solução de controvérsias
Extinção da PPP, reversão de bens e indenização: Nos termos da Lei Federal de
Concessões, com detalhamento dos procedimentos, indenizações e pagamento dos
financiadores.
8.11. Disponibilidade e regularidade do terreno/desapropriações
Uma primeira perspectiva é a disponibilidade, titularidade e regularidade do terreno em que se
pretende edificar o Hospital.
Quanto à Lei de uso e ocupação do solo do Município de Maracanaú, esta permite a
construção de um Hospital na área delimitada, por tratar-se de área urbana. Ao se levar em
conta o zoneamento do Plano Diretor do Município de Maracanaú, o terreno está localizado
em “Zona de Ocupação Urbana II” e a sua utilização é classificada como de “Comércio e
Serviços do tipo 3 – CS3”.
Ademais, a situação do terreno aponta para a utilização de índices construtivos compatíveis
com a implantação de um equipamento hospitalar de grande porte, com índice de
aproveitamento igual a 2,0 e taxa de ocupação permitida de até 60% da área total.
Portanto, a titularidade do terreno deverá ser verificada para que sejam adotadas as
providências, pelo ente público, para fins de desapropriação das áreas necessárias para a
consecução do Projeto, se for o caso.
218
8.12. Aspectos tributários
Em virtude do volume de receitas decorrentes das contraprestações, a Sociedade de Propósito
Específico (“SPE”) concessionária do projeto de Parceria-Público-Privada (“PPP”) será
obrigada a adotar o regime de tributação do lucro real. Isso porque estão obrigadas ao lucro
real as pessoas jurídicas cuja receita total seja superior a R$ 48 milhões no ano-calendário
(art. 14, I da Lei nº 9.718/98).
Como visto acima, os serviços assistenciais a serem prestados no Hospital Regional
Metropolitano do Ceará (“HRM/CE”) serão de responsabilidade da Secretaria de Saúde do
Estado do Ceará e os demais serviços de apoio ou suporte (não assistenciais) ficarão sob a
responsabilidade do parceiro privado. Dentre as atividades de apoio ou suporte se destacam a
prestação de serviços de limpeza, manutenção e conservação.
No lucro real, a base de cálculo do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (“IRPJ”) e da
Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (“CSLL”) é o lucro líquido ajustado pelas
adições, exclusões e compensações previstas ou autorizadas pela legislação tributária (art. 6º
do Decreto-lei nº 1.598/76 e art. 2º, § 1º da Lei nº 7.689/88).
A alíquota do IRPJ é de 15%, com adicional de 10% para o lucro real que superar R$
20.000,00 a cada mês (art. 2º, §§ 1º e 2º da Lei nº 9.430/96). Já a alíquota da CSLL é de 9%
(art. 3º, II da Lei nº 7.689/88, na redação dada pelo art. 17 da Lei nº 11.727/08).
A apuração do IRPJ e da CSLL no lucro real pode ser trimestral ou anual (arts. 1º e 2º da Lei
nº 9.430/96).
Na primeira opção, a pessoa jurídica apura a base de cálculo do IRPJ e da CSLL em períodos
trimestrais, encerrados em 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro de
cada ano-calendário.
Na segunda opção, a pessoa jurídica apura a base de cálculo definitiva e o respectivo valor
devido em 31 de dezembro do ano-calendário, mas fica obrigada a recolher estimativas
mensais, a partir de um percentual de sua receita bruta (para a prestação de serviços em geral,
esse percentual é de 32%).
219
A pessoa jurídica poderá suspender ou reduzir o pagamento mensal por estimativa, desde que
demonstre, mediante elaboração de balanço ou balancete, que o valor pago até o mês do
balanço é igual ou excede o valor devido, calculado com base no período em curso (art. 35 da
Lei nº 8.981/95).
Por adotar o lucro real, a SPE é obrigada a recolher a contribuição para o Programa de
Integração Social (“PIS”) e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social
(“COFINS”) pelo regime não-cumulativo (art. 8º, II da Lei nº 10.637/02 e art. 10, II da Lei nº
10.833/03).
A base de cálculo dessas contribuições é o total das receitas da pessoa jurídica (art. 1º da Lei
nº 10.637/02 e art. 1º da Lei nº 10.833/03) e as alíquotas são as seguintes: 1,65% (PIS) e 7,6%
(COFINS).
No sistema não-cumulativo do PIS e da COFINS, a SPE pode descontar créditos calculados
em relação a (art. 3º da Lei nº 10.637/02 e art. 3º da Lei nº 10.833/03):
Bens e serviços utilizados como insumo na prestação de serviços;
Energia elétrica consumida nos estabelecimentos da pessoa jurídica;
Aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos pagos a pessoa jurídica e utilizados nas
atividades da empresa;
Valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil;
Máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos
ou fabricados para utilização na prestação de serviços;
Edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas
atividades da empresa; e
Vale-transporte, vale-refeição ou vale-alimentação, fardamento ou uniforme
fornecidos aos empregados (aplicável para empresas prestadoras de serviços de
limpeza, manutenção e conservação).
220
Não dá direito a crédito o valor de mão-de-obra paga a pessoa física e da aquisição de bens e
serviços não sujeitos ao pagamento do PIS e da COFINS, inclusive no caso de isenção (esse
último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à
alíquota zero, isentos ou não alcançados pela contribuição).
No desempenho da concessão, a SPE terá despesas como a contratação de pessoas jurídicas
prestadoras de serviços, energia elétrica, água, alimentação dos pacientes etc.
Os serviços prestados por pessoas jurídicas e utilizados pela SPE como insumos na prestação
dos serviços de limpeza, manutenção e conservação darão direito a crédito de PIS e COFINS.
Porém, não dará direito a crédito os valores pagos a título de salário para as pessoas físicas
empregadas da SPE.
Também dará direito a crédito de PIS e COFINS o valor pago pela energia elétrica consumida
nos estabelecimentos da SPE. O mesmo se aplica à água, quando esta for utilizada
diretamente como insumo na prestação dos serviços, e aos gastos com alimentação dos
pacientes, quando forem utilizados como insumo nas atividades de suporte a serem
desempenhadas pela SPE.
Em relação às demais despesas, é importante ressaltar que o entendimento da Secretaria da
Receita Federal do Brasil (“RFB”) é restritivo, vedando o aproveitamento de créditos de PIS e
COFINS sobre insumos que não são diretamente consumidos ou aplicados na prestação de
serviços, embora representem necessidades operacionais da pessoa jurídica8.
8 Confira-se a esse respeito a seguinte solução de consulta: “CRÉDITO. DESPESAS COM PASSAGENS AÉREAS E RODOVIÁRIAS. DESPESAS COM HOSPEDAGEM. DESPESAS COM TRANSPORTE. Despesas com passagens aéreas e rodoviárias, transporte e hospedagem para realização e operacionalização dos eventos e ações promocionais (jobs) promovidos por uma pessoa jurídica não são considerados insumos, para o objetivo de que trata o art. 3°, II, da Lei n° 10.833, de 2003, e a conceituação preceituada pelo art. 8° da IN SRF n° 404, de 2004, uma vez que não são diretamente consumidos ou aplicados na prestação do serviço, mas sim respondem a uma necessidade operacional desta pessoa jurídica. Assim, sobre tais dispêndios não é permitida a apuração de crédito a ser descontado da da Cofins no regime não cumulativo. DESPESAS COM COMBUSTÍVEL. Apenas sobre despesas com combustíveis caracterizadas como insumos na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda é permitida a constituição de créditos a serem descontados da Cofins no regime não cumulativo. Despesas com combustível utilizado em veículos para transporte de bens ou pessoas para o fim de operacionalizar os eventos e ações promocionais (jobs) promovidos por uma pessoa jurídica não se enquadram no conceito de insumos, para o objetivo de que trata o art. 3°, II, da Lei n° 10.833, de 2003, e a conceituação preceituada pelo art. 8° da IN SRF n° 404, de 2004, uma vez que não são diretamente consumidos ou aplicados na prestação do serviço, mas sim respondem a uma necessidade operacional desta pessoa jurídica. Assim, sobre tais dispêndios não é permitida a apuração de crédito a ser descontado da Cofins no regime não cumulativo. DESPESAS COM UNIFORME. Despesas com uniforme não são consideradas
221
Por outro lado, a jurisprudência recente do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais tem
permitido o aproveitamento de créditos de PIS e COFINS sobre gastos que representem
despesas dedutíveis para efeitos de determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL9.
De qualquer forma, é recomendável que se adote uma postura conservadora em relação ao
aproveitamento de créditos de PIS e COFINS.
Ainda, a prestação de serviços de limpeza, manutenção e conservação também está sujeita ao
pagamento do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (“ISSQN”).
Como regra, o serviço considera-se prestado e o imposto devido no local do estabelecimento
prestador. Porém, para limpeza, manutenção e conservação, o ISSQN é devido no local da
execução dos serviços (art. 3º, VII da Lei Complementar nº 116/03).
Portanto, o ISSQN deve ser recolhido para o Município de Maracanaú/CE, local da instalação
do HRM, nos termos estabelecidos pela legislação do referido Município.
A alíquota do ISSQN é de 5% (item 4 da Tabela V da Lei nº 1.808/12) e a base de cálculo é o
preço do serviço (art. 55 da Lei nº 1.808/12).
A legislação municipal estabelece que os órgãos da administração pública direta ou indireta
são responsáveis pela retenção e recolhimento do ISSQN em relação aos serviços de limpeza,
conservação e manutenção que lhes forem prestados (art. 45, I da Lei nº 1.808/12).
insumos, para o objetivo de que trata o art. 3°, II, da Lei n° 10.833, de 2003, e a conceituação preceituada pelo art. 8° da IN SRF n° 404, de 2004, sendo permitido o creditamento por tal despesa apenas às pessoas jurídicas que explorem as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção, conforme inciso X do art. 3°, II, da Lei n° 10.833, de 2003. Assim, para uma pessoa jurídica cuja atividade é a prestação de serviços na área de comunicação e publicidade, notadamente o que tange à criação, planejamento, coordenação, controle e execução de ações e campanhas promocionais de imagem e de vendas, bem como atividades complementares e vinculadas à atividade promocional, tais como à promoção e à organização de eventos, congressos, feiras e exposições e à distribuição de brindes, amostras grátis, por sua conta própria e de terceiros, sobre tais dispêndios não é permitida a apuração de crédito a ser descontado da contribuição para o PIS/Pasep no regime não cumulativo” (Solução de Consulta nº 180, de 27 de junho de 2012). 9 Confira-se a esse respeito o seguinte julgado: “(...) REGIME NÃO CUMULATIVO. INSUMOS. MATERIAIS PARA MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS. O conceito de insumo dentro da sistemática de apuração de créditos pela não cumulatividade de PIS e Cofins deve ser entendido como toda e qualquer custo ou despesa necessária a atividade da empresa, nos termos da legislação do IRPJ, não devendo ser utilizado o conceito trazido pela legislação do IPI, uma vez que a materialidade de tal tributo é distinta da materialidade das contribuições em apreço (...)” (Processo 11020.001952/2006-22, Acórdão 3202-00.22, 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária, sessão de 08 de dezembro de 2010).
222
Para a importação de equipamentos hospitalares, a SPE deverá providenciar sua habilitação
para operar no Sistema Integrado de Comércio Exterior (“Siscomex”), conforme os
procedimentos previstos na Instrução Normativa SRF nº 650/06. Esta habilitação é necessária
ainda que a SPE efetue as operações de importação “por conta e ordem” ou “por encomenda”.
No Siscomex serão registradas as Declarações de Importação (“DI”), para que se dê início aos
procedimentos de despacho aduaneiro dos bens importados.
Na importação de equipamentos hospitalares poderá incidir os seguintes tributos (Quadro
8.2):
Quadro 8.2 - Impostos sobre equipamentos importados
Tributo Base de cálculo Alíquota
Imposto de Importação Valor aduaneiro (valor
FOB + frete + seguro)
Variável em função do
equipamento
IPI Valor aduaneiro acrescido
do Imposto de Importação
Variável em função do
equipamento
PIS/COFINS Valor aduaneiro acrescido
do valor do ICMS e do
valor das próprias
contribuições
1,65% (PIS) e 7,6%
(COFINS)
ICMS Valor aduaneiro acrescido
do Imposto de Importação,
IPI, PIS/COFINS, despesas
aduaneiras e do próprio
ICMS
17% (RICMS-CE, art. 55,
I, b c.c. art. 56, II)
8.13. Licenciamento ambiental
A construção, instalação, ampliação ou a execução de atividades consideradas potencialmente
poluidoras ou utilizadoras de recursos naturais estão sujeitas a prévio licenciamento
223
ambiental, consoante o artigo 23, da Constituição Federal e a Lei Federal n.º 6.938, de 31 de
agosto de 1981 – Política Nacional do Meio Ambiente.
A partir de 09 de dezembro de 2011, o licenciamento ambiental dessas atividades passou a ser
regulamentado pela Lei Complementar n.º 140, de 08 de dezembro de 2011, que fixa normas
de cooperação para as ações administrativas da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, no âmbito de suas respectivas competências (seja ela privativa ou comum).
De acordo com a legislação em vigor, bem assim levando em consideração as normas sobre
Parcerias Público-Privadas, a implantação do Hospital Regional Metropolitano do Ceará
estaria sujeita a licenciamento ambiental em esfera estadual.
Neste passo, no estado do Ceará, a tarefa de licenciar, denominada Processo de
Licenciamento Ambiental, é efetuada pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente –
SEMACE, Autarquia criada pela Lei Estadual N° 11.481 de 28 de dezembro de 1987,
vinculada ao Conselho de Política e Gestão do Meio Ambiente.
A SEMACE procederá ao licenciamento após apresentação da anuência emitida pelos
municípios em que se localizar a atividade ou empreendimento, no que tange a lei de Uso e
Ocupação do Solo, bem como, quando couber, dos demais órgãos competentes da União e do
Estado, envolvidos no procedimento do licenciamento.
De acordo com a Lei Estadual nº 11.411/87 e a Resolução COEMA nº O8/04, o Sistema de
Licenciamento Ambiental do estado do Ceará compõe-se das seguintes modalidades de
Licenças:
Licença Prévia (LP) - concedida na fase preliminar do planejamento do
empreendimento ou atividade, aprovando sua localização e concepção, atestando a
viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem
atendidos nas próximas fases de sua implementação.
Saliente-se que nesta fase do licenciamento ainda não é autorizado o início de obras.
Licença de Instalação (LI) - autoriza o início da instalação do empreendimento ou
atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos
224
executivos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais
condicionantes, da qual constituem motivo determinante.
Neste momento não é autorizada a operacionalização do empreendimento.
Licença de Operação (LO) - autoriza a operação da atividade, obra ou
empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento das exigências das
licenças anteriores (LP e LI), bem como do adequado funcionamento das medidas de
controle ambiental, equipamentos de controle de poluição e demais condicionantes
determinados para a operação.
Para a emissão das licenças, o órgão ambiental emitirá Parecer ou Relatório Técnico com
avaliação da viabilidade ou não da concepção e localização proposta para o empreendimento
ou atividade, inclusive definindo a necessidade ou não de solicitação de Autorização para
Desmatamento e apresentação de Estudos Ambientais necessários.
Especificamente no tocante às Parcerias Público-Privadas, a Lei Federal n.º 11.079/04 admite,
mais precisamente em seu o artigo 10, inciso VII, que os responsáveis por eventual projeto
apresentem apenas as diretrizes para o licenciamento ambiental inerente, e não o
licenciamento propriamente dito, nos seguintes termos:
“Art. 10 - A contratação de parceria público-privada será precedida de
licitação na modalidade de concorrência, estando a abertura do processo
licitatório condicionada a:
(...)
VII – licença ambiental prévia ou expedição das diretrizes para o
licenciamento ambiental do empreendimento, na forma do regulamento,
sempre que o objeto do contrato exigir.
(...).”
8.14. Propriedade intelectual
Todas as informações constantes da presente modelagem, inclusive seus anexos técnicos,
serão de propriedade da Secretaria de saúde do Estado do Ceará e poderão ser por esta
utilizadas incondicionalmente, de acordo com a oportunidade e conveniência, para
formulação de editais, contratos e demais documentos afins ao objeto deste Projeto de
225
Parceria Público-Privada, se a Administração Pública assim o decidir, conforme disposto no
Edital de PMI.
Neste sentido, consigna-se o quanto disposto no artigo 3.º, § 3.º, do Decreto Estadual n.º
30.328, de 27 de setembro de 2010:
“Art. 3º - Os estudos de viabilidade, levantamentos, investigações, dados,
informações técnicas, projetos ou pareceres de que trata o art.2º, a critério
exclusivo do órgão ou entidade solicitante, poderão ser utilizados, total ou
parcialmente na elaboração de editais, contratos e demais documentos
referentes aos projetos de concessão patrocinada e administrativa, objeto
do PMI”.
(...)
§ 3º- Os direitos autorais sobre as informações, levantamentos, estudos,
projetos e demais documentos solicitados no PMI, salvo disposição em
contrário, prevista no instrumento de solicitação de manifestação de
interesse, serão cedidos pelo interessado participante, podendo ser
utilizados incondicionalmente pelo órgão ou entidade solicitante.
(...).”
8.15. Conclusões
No âmbito federal, como estadual, o arcabouço jurídico existente viabiliza a contratação, pelo
Estado do Ceará, para construção, fornecimento de equipamentos, manutenção e gestão dos
serviços não assistenciais do Hospital Regional Metropolitano do Ceará – HRM/CE, por meio
de Parceria Público-Privada.
Nesta hipótese, a modalidade de concessão administrativa é a indicada, pois o serviço objeto
do contrato não corresponde a um serviço público propriamente dito, mas de interesse da
Administração, inexistindo a figura da cobrança diretamente ao usuário/indivíduo, impondo
que a remuneração do parceiro privado decorra integralmente do parceiro público, por ser este
o usuário indireto do serviço.
No entanto, para que uma parceria público-privada no Estado do Ceará seja celebrada, é
mister que todos os requisitos legais acima mencionados sejam preenchidos, garantindo-se a
226
higidez da solução adotada face a outras opções de contratação previstas no ordenamento
jurídico brasileiro.
227
9. ESTUDO DE VIABILIDADE FINANCEIRA
9.1. Introdução
O estudo de Viabilidade Financeira do projeto de Parceria Público Privada (PPP) do Hospital
Regional Metropolitano de Fortaleza tem os seguintes objetivos:
Avaliar se o projeto é capaz de gerar valor financeiro, dados os
condicionantes de atratividade;
Examinar a definição das taxas de atratividade elencadas;
Testar a sensibilidade do valor da contraprestação a ser paga pelo Poder
Concedente em função do prazo do contrato;
Determinar a disposição do Poder Concedente de comprometimento
mensal de pagamento máximo para contraprestação e determinação do
prazo contratual para a elaboração do fluxo de caixa;
Julgar a capacidade de financiamento do projeto, dada a avaliação dos
riscos associados, as garantias oferecidas pelo Estado e a análise do
fluxo de caixa com os dados consolidados.
Almejando um sucesso nesse sentido, o presente estudo dividir-se-á em três partes principais,
são elas:
Critérios de Avaliação.
Enquadramento do Projeto de PPP Hospital Regional Metropolitano aos
critérios de Avaliação.
Condicionantes à Viabilidade do Projeto.
9.2. Critérios de Avaliação
Os Critérios de Avaliação de Viabilidade Financeira levarão em consideração a atratividade
do projeto em função da taxa de remuneração adotada, as garantias de pagamentos do Poder
Concedente para cobrir o risco de inadimplência, a capacidade do Poder Concedente em pagar
228
os aportes programados e a existência de alternativas de financiamento em projetos
semelhantes (de mesma natureza).
9.2.1. Definição da Taxa de Desconto
Um dos critérios relevantes à análise da atratividade de um projeto é a WACC (Weighted
Average Cost Of Capital), que significa Custo Médio Ponderado do Capital. Trata-se do
cálculo do custo de capital em que cada categoria de capital (equity) é proporcionalmente
ponderada. Esta ferramenta permite o cálculo da média ponderada dos custos das fontes de
financiamento do projeto, em que o peso de cada um é considerado em cada situação.
Para o cáculo da WAAC, utiliza-se a seguinte fórmula: WACC=(E/V)*Ke+(D/V)*Kd*(1-ti),
onde:
E= Patrimônio líquido (equity) (%)
D= Dívida da entidade (debt) (%)
V= D+E
Ke= Custo do capital (%)
Kd = Custo da dívida antes de impostos (%)
Ti = Taxa de IRC (%)
Sendo que Ke=Rf+ß*Rp, onde Rf é a taxa livre de risco, ß é a covariância entre a
rentabilidade e o índice, e Rp corresponde à taxa de retorno esperada
9.2.2. Garantia de pagamento suficiente para cobrir o risco de inadimplência do poder
concedente
Dentre os critérios de garantia de pagamento para cobrir o risco de inadimplência do Poder
Concedente destacam-se: o Fundo Garantidor e o Colchão de Liquidez.
9.2.2.1. Fundo Garantidor
229
O Fundo Garantidor é um mecanismo de proteção ao Poder Concedente que permite a
recuperação de créditos mantidos em instituições financeiras em caso de inadimplência,
garantindo, assim, o cumprimento das obrigações financeiras pré-estabelecidas.
9.2.2.2. Colchão de Liquidez
Semelhante ao Fundo Garantidor, o Colchão de Liquidez, por sua vez, corresponde a uma
conta vinculada ao contrato lastreada com o número de contraprestações pecuniárias
previamente depositadas, suficientes para cobrir o pagamento pré-estipulado em caso de
inadimplência do Poder Concedente.
9.2.2.3. Capacidade do Poder Concedente em pagar os aportes programados
Dentre os critérios de avaliação da capacidade do Poder Concedente em pagar os aportes
programados, destacam-se:
Verificar se o projeto obedece ao limite imposto pela legislação federal.
Analisar as projeções dos limites correntes do Poder Concedente para o
ano corrente e uma década anterior.
Averiguar as receitas correntes e despesas correntes do Poder
Concedente.
Relacionar os 5% de limite legal da RCL para pagamento de
contraprestações.
9.2.2.4. Existência de Alternativas de financiamento para projetos desta natureza
Avaliação quanto à existência de fontes disponíveis para capitação de recursos para o
financiamento de curto e longo prazo para o projeto de Parceria Público-Privada para a
prestação de serviços públicos no setor de saúde. O Brasil já possui duas PPPs contratadas de
Hospitais Públicos e diversos em preparação. Por se tratar de uma modalidade de concessão
administrativa, e dada a qualidade das garantias oferecidas pelo poder público, o mercado
brasileiro oferece diversas alternativas para o financiamento de uma hospital como o Hospital
Regional Metropolitano do Ceará.
230
9.3. Enquadramento do Projeto de PPP Hospital Regional Metropolitano aos critérios
de Avaliação
Para facilitar a análise de Viabilidade Financeira da PPP do Hospital Regional Metropolitano
de Fortaleza, o presente capítulo relacionará os critérios evidenciados até aqui (parte 9.2.2)
com os resultados do projeto.
9.3.1. O projeto da PPP do Hospital Regional Metropolitano e a Taxa de Atratividade
Com base no que se viu no início deste estudo - e nos resultados apontados pela Modelagem
Financeira – obteve-se, para o projeto de PPP do Hospital Regional Metropolitano de
Fortaleza, uma taxa WACC de 8,6% (uma cifra bastante expressiva, tendo em vista a sua
positividade).
9.3.2. O projeto da PPP do Hospital Regional Metropolitano e as garantias pagamentos
suficientes para cobrir o risco de inadimplência do Poder Concedente
Parte-se do pressuposto que o Projeto de PPP do Hospital Regional Metropolitano de
Fortaleza tem seis meses de contraprestação depositados no colchao de liquidez.
9.3.3. O projeto da PPP do Hospital Regional Metropolitano e a capacidade do Poder
Concedente de pagar os aportes programados.
Inicialmente, faz-se necessária uma avaliação da situação orçamentária do Estado do Ceará.
De acordo com o gráfico e a tabela abaixo se percebeu que o Estado do Ceará, nos últimos
dois anos, alternou os resultados de Superávit e Déficit Orçamentário.
-2000
-1500
-1000
-500
0
500
1000
1500
2000
2010 2011 2012
R$ M
ilhões
Resultado Orçamentário
(A) Superávit / Déficit Corrente
(B) Superávit / Déficit de Capital
R$ Milhões 2010 2011 2012
Receitas Correntes 13.863,18 13.719,80 7.164,94
Despesas Correntes 12.247,03 12.246,90 6.063,61
(A) Superávit / Déficit Corrente 1.616,15 1.472,90 1.101,33
Receitas de Capital 1.580,14 1.677,07 276,34
Despesas de Capital 3.304,30 1.766,19 638,69
(B) Superávit / Déficit de Capital -1.724,16 -89,12 -362,35
(A) + (B) Superávit / Déficit Orçamentário -108,01 1.383,78 738,98
231
Além disto, a relação da Dívida Consolidada com a Receita Corrente Líquida que, para o caso
do Ceará, apresenta uma redução no período de 2006 a 2010 e mantém-se inferior ao limite
imposto pela Resolução no 40/2001 do Senado Federal de 2,00 ou 200% da RCL , como pode
ser observada abaixo:
Observou-se, também, que os Juros e Encargos da Dívida Pública também se mantêm dentro
do limite da Resolução do Senado Federal no 43/2001, de 11,5% com relação à RCL.
Portanto, atendendo estas imposições, o Estado tem capacidade para efetuar captações para
seus projetos.
Atualmente, a legislação federal de PPP´s estabelece um limite de até 5% da Receita Corrente
Líquida (MP 575) com as despesas de caráter continuado derivadas das PPPs, que, se
superado, sujeitará o ente federado ao não recebimento de transferências voluntárias ou
concessão de garantia pela União.
O limite legal do Estado do Ceará atualmente é utilizado apenas com o projeto do estádio do
Castelão, entretanto o Governo possui a expectativa de lançar diversos projetos nos próximos
anos. Para tanto, o Governo deve controlar o limite legal, uma vez que este fator pode ser um
limitante para a execução de novos projetos.
Importante mencionar que a utilização do limite legal do Estado do Ceará será reduzido a
aproximadamente R$ 5 milhões a partir de 2013, uma vez que o modelo utilizado pelo
Estádio do Castelão considera que em 2011 e 2012 a concessionária receberá o ressarcimento
de obras.
R$ Milhões 2010 2011 2012
Receita Corrente Líquida 9.660,00 10.966,00 11.460,00
Saldo da Dívida Consolidada Líquida 2.629,22 3.221,71 2.932,37
Dívida / RCL 0,27 0,29 0,26
Juros e Encargos da Dívida Pública 189,00 219,49 104,49
Juros e Encargos / RCL 1,96% 2,00% 0,91%
232
Com base nos resultados evidenciados (e nos critérios supracitados), constatou-se que o
Governo do Estado do Ceará vem conseguindo manter um crescimento sustentável de suas
Receitas Correntes Líquidas nos últimos anos. Mais do que isso, observou-se que o Governo
do Estado do Ceará vem obtendo superávits primários e superávits nominais associados à
melhora do perfil de seu endividamento.
9.4. Condicionantes à Viabilidade
Para a elaboração da Modelagem Financeira do projeto de Parceria Público Privada (PPP) do
Hospital Metropolitano de Fortaleza, parte-se do pressuposto de que os custos dos Elementos
do Projeto, assim como os custos da Modelagem Operacional - e demais premissas – devam
se concretizar para que o projeto seja viável financeiramente.
No que tange ao arranjo de garantia proposto para o projeto de PPP do Hospital Regional
Metropolitano de Fortaleza, assevera-se que o mesmo seja constituído pelo Governo do
Estado do Ceará a tempo, antes que haja a necessidade dos pagamentos de contraprestações e
aportes, fortalecendo, assim, o pagamento de etapas concluídas de ativos reversíveis ao poder
Concedente. Ademais, para que haja garantias de pagamento suficientes e sua viabilidade
financeira seja confirmada desde que o processo licitatório permita a manutenção das taxas de
desconto que remunerem adequadamente a Sociedade de Propósito Específico.
233
10. ESTUDO DE VIABILIDADE ECONÔMICA
10.1. Introdução
As Parcerias-Público-Privadas (PPPs) têm aplicabilidade em diversas áreas como transporte,
segurança pública, sistema penitenciário, educação e também na saúde. Na saúde, as PPPs são
aplicáveis em várias situações, como: construção de instalações de saúde, provisão de
serviços não clínicos (lavanderia, higiene, nutrição, hotelaria), prestação de serviços de
atenção primária, provisão de serviços de apoio diagnóstico, provisão de serviços clínicos
especializados e gestão hospitalar. Os projetos de PPP na área de da saúde envolvem
principalmente a construção ou reforma de hospitais e os serviços não assistenciais. Poucas
são as experiências de PPP no setor de saúde além dessas duas principais atividades -
construção e manutenção predial e dos serviços administrativos – ou seja, projetos que
também incluem a gestão dos serviços clínicos. Atualmente, Portugal é um exemplo de
sucesso de projetos de PPP na área de saúde cuja modelagem considerou também os serviços
clínicos à parceria público-privada.
No Brasil, o primeiro projeto de PPP na área de saúde, e até outubro de 2012 único em
funcionamento, é o do Hospital do Subúrbio em Salvador (BA), da Secretaria Estadual da
Bahia. Duas prefeituras também começaram a desenvolver projetos de PPP na saúde no
Brasil: Belo Horizonte e São Paulo. A Secretaria Municipal da Saúde de Belo Horizonte está
desenvolvendo dois projetos: Hospital Metropolitano da Região do Barreiro, licitado em
fevereiro de 2011, em fase de construção; e Rede de Atenção Primária à Saúde, cujo Edital de
Licitação Internacional n° 008/2011 foi publicado em dezembro de 2011 (BELO
HORIZONTE. Prefeitura, 2011).
No Município de São Paulo o projeto em desenvolvimento é o de Modernização da Rede
Hospitalar. Esse projeto prevê que o parceiro privado seja o responsável pela execução dos
projetos de arquitetura e engenharia, pela construção, pelo fornecimento de equipamentos e
mobiliários, e pela prestação de serviços não assistenciais (esterilização, lavanderia, limpeza,
manutenção predial, de equipamentos e de sistemas de informação, nutrição, portaria,
telefonia e vigilância). Está previsto o envolvimento de dezesseis Unidades de Saúde nesse
processo (SÃO PAULO. Prefeitura, 2011). Até outubro de 2012, nenhum desses projetos
234
municipais inclui a gestão clínica na PPP como ocorreu no Hospital do Subúrbio. Outros
estados e municípios também estão começando a desenvolver projetos nessa nova modalidade
institucional.
A avaliação econômica do presente projeto tem por objetivo a determinação da viabilidade
dos investimentos mediante o uso de critérios ordenados, de forma a excluir as opções menos
atrativas (mais arriscadas). Tal ordenação envolve amplos métodos de avaliação porque leva
em consideração situações de interesse público. Em projetos que aglutinam o interesse
público ao interesse privado, caso da PPP do Hospital Regional Metropolitano de Fortaleza, a
tarefa é ainda mais exigente em termos de esforço e deve beirar à perfeição.
Destinar-se-á o foco deste trabalho à comparação do volume de benefícios econômicos
(benefícios sociais monetizáveis), com o volume de recursos públicos despendidos com o
projeto, como forma de avaliação dos benefícios oriundos dos gastos públicos.
Os projetos públicos visam à maximização do bem-estar social por meio do fornecimento de
bens e serviços. Para dar suporte à tomada de decisão governamental, o método de análise
custo-benefício é o que cumpre melhor às exigências dos bancos financiadores. Contudo, foi
somente a partir dos anos sessenta que os responsáveis pela elaboração dos projetos de
investimentos passaram a se preocupar com as externalidades dos projetos públicos, como os
impactos ambientais, antropológicos e socioeconômicos.
A elaboração e avaliação dos projetos ficaram mais trabalhosas com a utilização da análise
custo-benefício, fato que se deve à dificuldade de se estabelecer uma unidade de medida
padrão, capaz de mensurar as externalidades envolvidas. Apesar do empecilho, mesmo não
havendo uma metodologia estabelecida e aceita para quantificar esses efeitos, desenvolveram-
se diversas formas de incorporação das variáveis externas na análise econômica de um
projeto.
A presente avaliação, fundamentada na relação custo-benefício, visa apresentar os indicadores
econômicos de maior relevância na análise do Projeto da PPP do Hospital Regional
Metropolitano de Fortaleza. Detalhar-se-á, a seguir, a metodologia utilizada na execução deste
trabalho.
235
10.2. Metodologia
A viabilidade econômica do projeto resulta de uma análise de benefícios e custos econômicos
de longo prazo, que atendem ao princípio da maximização da rentabilidade social do
investimento, em que o valor presente dos benefícios totais seja maior do que o valor presente
de todos os custos necessários à sua implantação e seu posterior funcionamento, descontados
à mesma taxa. Assim, os seguintes indicadores tornam-se indispensáveis à estimativa da
totalidade dos fluxos de custos e de benefícios a serem elucidados:
Valor Presente Líquido Econômico (VPLE): no tocante à esfera social, um
projeto será rentável quando o seu VPL (descontado à taxa estabelecida) for
maior do que zero. Diante desta situação, o valor monetário dos benefícios
obtidos são maiores do que os recursos utilizados. Se houver vários projetos
excludentes para alcançar o mesmo resultado, a escolha da alternativa que tiver
maior VPL é a mais coerente.
Relação Benefício/Custo (RBC): quando a RBC for igual a 1 (VPL=0), o
Valor Presente dos fluxos de Benefícios e de Custos, descontados à mesma
taxa, são iguais. No entanto, se a RBC for maior do que 1, depreende-se que os
custos são superados pelos benefícios.
Taxa Interna de Retorno Econômico (TIRE): neste caso, devem ser aceitos
os projetos cuja TIR seja maior do que a taxa de desconto mínima exigida.
Norteia-se este trabalho, da Modelagem Financeira proposta para a PPP do Hospital Regional
Metropolitano de Fortaleza e da matriz de Insumo-Produto, fundamentada pelo Banco do
Nordeste, no ano de 2010. Ademais, será executado com o cumprimento das seguintes etapas:
Revisão da literatura técnica sobre o assunto;
Reuniões de trabalho com a equipe técnica responsável pela elaboração dos
estudos de viabilidade multidimensional;
Projeção do plano econômico do projeto para um período de 8 anos, onde
constam os benefícios e custos sociais da PPP objeto deste assunto;
Apuração dos indicadores de atratividade e socioeconômica, considerando uma
taxa de desconto de 8,6% ao ano;
236
Apresentação dos resultados.
A análise custo-benefício, por ser a mais recomendada e a mais utilizada para avaliações desta
natureza, será adotada neste estudo por consistir na comparação dos custos de investimento e
operação/manutenção, incorridos ao longo da vida útil do projeto versus os respectivos
benefícios gerados ao longo do tempo.
10.3. Custos Sociais
Como explicitado na Metodologia, os valores pagos com as contraprestações representam os
custos sociais do projeto. De acordo com o Modelo Financeiro adotado para a elaboração
deste estudo, os valores pagos a título de contraprestação são:
Entre 2016 e 2037 será paga, anualmente, a quantia de R$ 92,500 mil,
conforme consta na tabela abaixo:
Tabela 10.3.1 – Receitas na Vigência do Contrato de Operação e Manutenção do Hospital
Regional Metropolitano de Fortaleza (CE) – 2013 a 2037 – em R$ mil (000)
Itens Totais (R$)
VIGÊNCIA DO CONTRATO DE OPERAÇÃO E
MANUTENÇÃO
2013 2014 2015 2016
(2016 ...
2035)
2036 2037
Receitas 2.289.905
130.6
98
97.7
22
26.4
86
92.5
00
92.5
00
92.5
00
Contraprestação
Pública 2.035.000
92.5
00
92.5
00
92.5
00
Aporte de Capital 254.906
130.6
98
97.7
22
26.4
86
237
A figura abaixo representa graficamente os custos sociais do projeto:
Figura 10.1 - Custos Sociais do Projeto a preços de Mercado: Projeção de Pagamento de
Contraprestações em milhares de R$
Vale lembrar, porém, que parte da quantia a ser paga com contraprestações retorna ao caixa
do governo sob a forma de impostos. Assim, na avaliação do custo social de um projeto, os
valores referentes a impostos devem ser devidamente abatidos.
Portanto, deve ser feita a diferenciação dos custos sociais. Quando se avalia o valor bruto
pago pelo governo referente a um serviço prestado por terceiros, tem-se o custo social deste
serviço a preço de mercado. Por outro lado, quando se deduz deste valor a preços de mercado
o volume de impostos pagos pelo governo obtém-se o custo social do projeto a preços
econômicos. Todos os impostos recolhidos devem ser deduzidos desta conta, e não apenas os
impostos que incidem sobre a receita.
O custo social a preços econômicos desta PPP é exibido na seguinte figura:
0,00 0,00 0,00
92,50 92,50 92,50
-20
0
20
40
60
80
100
120
2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030 2031 2032 2033 2034 2035 2036 2037
Milh
are
s
Contraprestação Pública
238
Figura 10.2 – Custos Sociais do Projeto a Preços Econômicos. Em milhares de R$
Figura 10.3 – Custos Sociais do Projeto: Preços Econômicos x Preços de Mercado Em
milhares de R$
A partir de então, foram calculados os indicadores de atratividade econômica do projeto,
exibidos no Quadro abaixo:
-6,53 -4,89
-1,32
79,32 79,32 79,32 79,32
-20
0
20
40
60
80
100
2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030 2031 2032 2033 2034 2035 2036 2037
Milh
are
s
Contraprestação Pública
-6,53 -4,89
-1,32
79,32 79,32 79,32 79,32
0,00 0,00
92,50 92,50 92,50
-20
0
20
40
60
80
100
120
2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030 2031 2032 2033 2034 2035 2036 2037
Milh
are
s
Contraprestação a Preços Econômicos Contraprestação Pública a Preços de Mercado
239
Quadro 10.3.1 – Indicadores de Atratividade do Projeto
Indicador Resultado
VPLE R$ 591.642,58
RBC 1,566657123
TIRE 47,95%
Observa-se que o valor presente dos benefícios sociais líquidos esperados para o projeto
atingem um volume de R$ 591,642 mil e TIRE de 147,95% implicando relação Benefício-
Custo de 1,56. Os indicadores são, portanto, favoráveis à implantação do projeto.
10.4. Benefícios Sociais
As políticas de saúde pública são de responsabilidade do Estado. Independentemente disso,
investimentos nessa área geram inúmeros benefícios socioeconômicos, dentre os quais se
destacam:
O projeto de PPP do Hospital Regional Metropolitano de Fortaleza colaborará de forma
positiva com a saúde do Estado do Ceará, trazendo inúmeros benefícios socioeconômicos para
a população.
No que tange aos benefícios sociais, podem-se destacar:
- Melhorias na qualidade de vida.
- Melhorias na qualidade da atenção.
Esses benefícios sociais incidem positivamente sob a esfera econômica, acarretando melhorais
na educação, na renda e na produtividade do trabalho, já que a qualidade da atenção e a
qualidade de vida dos cidadãos têm influências diretas com o desempenho escolar e,
consequentemente, com a renda e a produtividade (trabalho).
Infelizmente, no entanto, a carência de estatísticas impede uma estimativa precisa dos
benefícios econômicos gerados pela construção do Hospital Regional Metropolitano de
240
Fortaleza. Como alternativa, avaliar-se-á o efeito multiplicador dos valores movimentados
com a implementação da mesma utilizando uma Matriz de Insumo-Produto.
A análise de Insumo-Produto permite a avaliação dos impactos econômicos de um
determinado estímulo. Neste caso, os estímulos considerados são:
Os custos de implantação do Hospital Regional Metropolitano de Fortaleza;
Os custos do serviço prestado e das despesas administrativas durante sua
operação.
A partir daí, serão estimados os seguintes impactos:
Impacto sobre a Produção;
Impacto sobre o Valor Adicionado; e
Impacto sobre a Massa Salarial;
Impacto sobre Emprego
Impacto sobre Tributos
10.5. Impacto sobre a Produção
De acordo com a Matriz Insumo-Produto do Nordeste, ao todo, o investimento de R$ 1,0
milhão na Construção Civil no Estado do Ceará ocasionará o aumento de R$ 4,40 milhões na
produção do sistema brasileiro, levando-se em consideração os efeitos diretos, indiretos e
induzidos. Sendo que 51% deste efeito são retidos no próprio Estado do Ceará, 7% para os
demais Estados do Nordeste e os outros 42% vão para o restante do país (vide tabela 10.5.1).
Tabela 10.5.1 - Produção - Efeito direto, indireto e induzido - Estado: CEARÁ
Produção - Efeito Direto, Indireto e Induzido - Estado do Ceará
Setor Composição dos efeitos
Composição
Regional
Direto Indireto Induzido Total CE NE RBR
Construção 1.00 0.74 2.67 4.40 51% 7% 42%
Saúde Pública 1.00 0.56 2.88 4.44 54% 7% 39%
241
Fonte: Matriz de Insumo-Produto do Nordeste e Estados – Banco do Nordeste, Dezembro de
2010
Considerando as seguintes hipóteses:
H1: Fase de Construção (36 meses)
Investimento de R$ 254,906 milhões
Impacto sobre a Indústria de Construção Civil
H2: Fase de Operação e Manutenção (37 anos)
Receita Mensal de Contraprestação Pecuniária de R$ 92,5 mil
Assim, durante a fase de construção (36 meses) do Hospital Regional Metropolitano de
Fortaleza os cerca de R$ 254,906 milhões que serão investidos para a construção do
empreendimento impactarão em mais de R$ 1,121 bilhão sobre a produção brasileira, sendo
que R$ 572 milhões ficarão dentro do próprio Estado do Ceará.
Já na fase de operação, para cada R$ 1,0 mil gastos na manutenção e operação do Hospital
Regional Metropolitano (HRM) impactarão no setor de Saúde Pública, o que por sua vez,
ocasionará aumento de R$ 4,44 mil no PIB brasileiro.
Considerando que para o período contratual da PPP do HRM a receita mensal de
contraprestação pecuniária (a valores constantes) será de R$ 92,5, por meio de impacto do
setor de Saúde Pública, o efeito multiplicador via matriz insumo-produto gerará R$ 410,70
mil adicionais no PIB do Brasil, sendo que R$ 221,778 mil (54%) são produto do Ceará, R$
28,749 mil (7%) de outros Estados Nordestinos e os restantes R$ 160,173 mil (39%) em nas
demais Unidades da Federação do país.
10.6. Impacto sobre o Valor Adicionado
Comparativamente à análise feita para os impactos sobre a Produção (tópico 4.5 deste estudo)
será analisado a incidência do projeto de PPP do Hospital Regional Metropolitano (HRM) de
Fortaleza sobre o Valor Adicionado. Sabendo que, segundo a Matriz Insumo-Produto do
Estado do Ceará, para cada R$ 1,0 milhão investido na Construção Civil há um aumento de
242
R$ 2,18 milhões em valor adicionado. No setor de Saúde Pública por sua vez, um gasto R$
1,0 mil gera R$ 2,30 mil em valor adicionado (vide tabela 10.6.1).
Tabela 10.6.1 - Valor adicionado - Efeito direto, indireto e induzido – Estado do Ceará
Valor Adicionado - Efeito Direto, Indireto e Induzido - Estado do Ceará
Setor Composição dos efeitos Composição Regional
Direto Indireto Induzido Total CE NE RBR
Construção 0.55 0.32 1.31 2.18 58% 7% 35%
Saúde Pública 0.58 0.30 1.42 2.30 61% 6% 32%
Fonte: Matriz de Insumo-Produto do Nordeste e Estados – Banco do Nordeste, Dezembro de
2010
Conclui-se que o projeto de PPP do Hospital Regional Metropolitano de Fortaleza impactará
sobre o Valor Agregado global de acordo com a fase do projeto, conforme constam os dados
na tabela abaixo:
Tabela 10.6.2 – Impacto sobre o Valor Adicionado do Projeto do Hospital Regional
Metropolitano de Fortaleza - Efeito Total (direto, indireto e induzido) – Estado do Ceará
Fase do
Projeto
Duraçã
o
Investim
ento
Total em
mil de
R$
Setor
Relação
Insumo-
Produto
Valor
Agregado
em
milhões
de R$
Impacto Regional em
milhões de R$
CE NE BR
Fase de
Construção
36
meses
254.905,
82
Construção
Civil 45,87%
555.694,6
9
322.3
02 38.898
194.4
93
Fase de
Operação e
Manutençã
o
21 anos 92,5 Saúde
Pública 43,48% 212,75
131,9
05 12,765 68,08
243
Ao todo, o projeto gerará em 36 meses de construção do HRM valor adicionado no PIB
brasileiro de quase R$ 555,7 milhões, ficando 58% dentro do Estado do Ceará, 7% nos
demais Estados nordestinos e35% nos outros Estados brasileiros.
Adiante, ao longo dos 21 anos da PPP, na fase de operação e manutenção do hospital, todo o
gasto com prestação pecuniária no segmento da saúde pública também terá refletirá
adicionalmente sobre o adicionado gerado no PIB brasileiro. Em outras palavras, os R$ 92,5
mil anuais destinados à manutenção e operação do hospital resultarão em outros R$ 212,75
mil anuais sob a rubrica de valor adicionado do PIB brasileiros: 61% no Ceará, 6% nos
demais estados do Nordeste e 32% no restante do território brasileiro.
10.7. Impacto sobre a Massa Salarial
O incremento de R$ 1,0 milhão na Construção Civil no Estado do Ceará corresponde
diretamente a R$ 120 mil reais de aumento na massa salarial do setor no país. Todavia, a
relação deste setor com os outros setores da economia amplia este aumento da massa salarial
para R$ 560 mil ao considerar também os efeitos indiretos (+ R$ 110 mil) e induzidos (+R$
400 mil): Sendo que 62% desse acréscimo são retidos na própria Região Nordeste e o restante
é distribuído nas demais regiões.
O incremento de R$ 1,0 milhão nas atividades da Saúde Pública corresponde a um incremento
de R$ 450 mil na massa salarial brasileira de todos os empregos diretos ligados ao setor da
Construção. Contudo, considerando também os empregos indiretos e induzidos, a relação o
aumento dos gastos em R$ 1,0 milhão com a saúde pública amplia a expansão da massa
salarial para R$ 990 mil ao considerar também os efeitos indiretos e induzidos. No que diz
respeito ao volume de salários, os efeitos direto, indireto e induzido nos setores de construção
e transportes do Estado do Ceará são representados na tabela abaixo:
244
Tabela 10.7.1 - Salários - Efeito direto, indireto e induzido – Estado do Ceará.
Salários - Efeito Direto, Indireto e Induzido - Estado do Ceará
Setor Composição dos efeitos Composição Regional
Direto Indireto Induzido Total CE NE RBR
Construção 0,12 0,1 0,4 0,62 55% 7% 38%
Saúde Pública 0,45 0,1 0,44 0,99 72% 4% 24%
Fonte Matriz de Insumo-Produto do Nordeste e Estados – Banco do Nordeste, Dezembro de
2010
Relativamente ao projeto de PPP do HRM, a expectativa de se investir incremento de R$
254,9 milhões na construção do hospital (o que impactaria basicamente no setor de construção
inicialmente na fase de estruturação da infraestrutura predial do HRM) geraria a dição de PIB
no valor de R$ 86,9 milhões apenas no Estado do Ceará; R$ 11,062 milhões distribuídos
pelos demais Estados da região Nordeste e R$ 60,055 milhões nos demais estados brasileiros;
totalizando R$ 158,01 milhões em Valor Adicionado em todo o país apenas nos 26 meses de
construção do HRM.
Tabela 10.7.2 – Impacto sobre o Valor Adicionado do Projeto do Hospital Regional
Metropolitano de Fortaleza - Efeito Total (direto, indireto e induzido) – Estado do Ceará
Fase do Projeto duraç
ão
Investime
nto Total
em mil de
R$
Setor
Relação
Insumo-
Produto
Valor
Agrega
do
em
milhões
de R$
Impacto Regional
em milhões de R$
CE NE BR
Fase de
Construção
36
meses
254.905,8
2
Construçã
o Civil 161,29%
158.041
,61
86.92
2,89
11.06
2,91
60.05
5,81
Fase de
Operação e
Manutenção
37
anos 92,5
Saúde
Pública 101,01% 91,58
65,93
4 3,663
21,97
8
Fonte: Matriz de Insumo-Produto do Nordeste e Estados – Banco do Nordeste, Dezembro de
2010
245
Já nos próximos 21 anos referentes ao período de manutenção e operação do hospital,
anualmente, o montante em contraprestação pecuniária seria capaz de gerar R$ 65,9 mil em
Valor Adicionado ao produto cearense, R$ 3,6 mil de valor agregado ao PIB Nordestino à
exceção do Ceará, e mais R$ 21,9 mil em PIB adicionado anual para o Brasil à exceção do
Nordeste.
10.8. Impacto sobre Emprego
No tocante ao impacto sobre a geração de Empregos do projeto de PPP do Hospital Regional
Metropolitano, também se adotou a matriz insumo-produto como base de análise. Assim
sendo, os efeitos diretos, indiretos e induzidos dessa variável econômica constam na tabela
que segue para o Estado do Ceará nos setores da Construção e Saúde Pública:
Tabela 4.8.1 - Emprego- Efeito direto, indireto e induzido - Estado: CEARÁ
Emprego - Efeito Direto, Indireto e Induzido - Estado do Ceará
Setor Composição dos efeitos Composição Regional
Direto Indireto Induzido Total CE NE RBR
Construção 69 15 101 184 72% 8% 20%
Saúde Pública 33 17 110 160 67% 10% 23%
Fonte: Matriz de Insumo-Produto do Nordeste e Estados – Banco do Nordeste, Dezembro de
2010.
De acordo com a tabela, um emprego gerado no projeto de PPP de Construção, Manutenção e
Operação do Hospital Regional Metropolitano (HRM) de Fortaleza (CE) promoverá a
criação de 184 novos empregos em todo o Brasil a partir de investimentos realizados na
indústria da Construção no Estado do Ceará como um todo, dentre os quais 69 serão gerados
de forma direta, 15 de forma indireta e 101 de forma induzida. Do total, 72% desses novos
postos de trabalho incidirão sobre o Estado do Ceará, 8% na região nordeste e 20% nas
demais localidades do país.
No que tange ao setor de Saúde Pública, o efeito multiplicador produzido a partir de um
emprego criado no setor no Estado do Ceará estimulará a criação de outros 160 novos
empregos no país.
246
10.9. Impacto sobre Tributos
Por fim, sobre a correlação entre investimentos, gastos/despesas previstos no projeto de PPP
do HRM e os tributos que serão gerados no passivo da SPE, de acordo com a matriz insumo-
produto para o Estado do Ceará (Guilhoto et. Ali, 2010), constam na tabela 4.9.1
especificamente aos dois segmentos econômicos mais impactados pelo empreendimento:
construção e saúde pública.
Tabela 10.9.1 - Emprego- Efeito direto, indireto e induzido - Estado: CEARÁ
Tributos - Efeito Direto, Indireto e Induzido - Estado do Ceará
Setor Composição dos efeitos Composição Regional
Direto Indireto Induzido Total CE NE RBR
Construção 0,07 0,1 0,37 0,54 43% 8% 49%
Saúde Pública 0,11 0,09 0,4 0,6 48% 7% 45%
Fonte: Matriz de Insumo-Produto do Nordeste e Estados – Banco do Nordeste, Dezembro de
2010.
Em outras palavras, os R$ 254,905 milhões aplicados no CAPEX do projeto ao longo dos 26
meses de construção do HRM impactarão por efeito multiplicador em carga tributária de R$
137,65 milhões, sendo R$ 59,19 milhões arrecadado no Estado do Ceará, R$ 11,012 milhões
nos demais Estados Nordestinos e os restantes cerca de R$ 67,5 entre as demais esferas
estaduais, municipais e federal.
Tabela 10.9.2 – Impacto do Projeto de PPP do Hospital Regional Metropolitano- Efeito sobre
Tributos - Total (direto, indireto e induzido) – Estado do Ceará
Fase do
Projeto
Duraçã
o
Investiment
o Total -
em mil de
R$
Setor
Relação
-
Insumo-
Produto
Valor
Agregad
o em
milhões
de R$
Impacto Regional -
em milhões de R$
CE NE BR
Fase de 36 254.905,82 Construçã 185,185 137.649 59.18 11.01 67.44
247
Construção meses o Civil % 9 2 8
Fase de
Operação e
Manutençã
o
37 anos 92,5 Saúde
Pública
166,667
% 56 27 4 25
Fonte: Matriz de Insumo-Produto do Nordeste e Estados – Banco do Nordeste, Dezembro de
2010.
Seguindo o mesmo raciocínio, para cada ano que o Estado depositar R$ 92,5 em receitas de
contraprestação pecuniária nos cofres da SPE do hospital, e esses recursos forem gastos em
operações de manutenção e operação de serviços públicos de saúde, anualmente, ao longo dos
21 anos de vigência do contrato de PPP os governos do Ceará (municipais e estadual)
arrecadarão algo em torno de R$ 27 mil em tributos diversos.
Da mesma maneira, os governos dos demais estados nordestinos (estaduais e municipais)
também deverão deter seu quinhão, previsto para um montante da ordem de R$ 4 mil/ ano a
partir de cada R$ 1 mil gasto na PPP com despesas de manutenção e operação do HRM. E por
fim, todos os demais estados brasileiros, à exceção dos estados nordestinos e a União também
ampliarão seu leque de arrecadação tributária por conta do aumento das despesas com a
Ponte: R$ 25 mil por ano.
248
11. ESTUDO DE VIABILIDADE FISCAL
11.1. Introdução
No tocante aos estudos de Viabilidade Fiscal para elaboração do projeto de Parceria Público
Privada (PPP) para construção, operação e manutenção do Hospital Regional Metropolitano
(HRM) a ser implantado em Fortaleza, no Estado do Ceará, busca-se verificar se o Poder
Concedente tem capacidade de honrar com os compromissos de pagamento de
contraprestação ao parceiro privado.
A responsabilidade fiscal é um aspecto fundamental no universo das Parcerias Público
Privadas, visto que esses tipos de contratos geralmente são implementados em prazos longos
(de até 35 anos), com efeitos hábeis a impactar nos orçamentos futuros. Assim, a análise de
viabilidade deste projeto de PPP envolve uma avaliação da situação financeira e patrimonial
do Governo do Estado do Ceará, considerando o impacto do projeto sobre a arrecadação
fiscal.
Por meio da PPP em regime de Concessão Administrativa para o projeto em estudo, o
Governo do Estado do Ceará contratará a construção, a operação e a manutenção do Hospital
Regional Metropolitano do Ceará.
A contratação de serviços por meio de PPP não impõe um endividamento ao Governo do
Estado do Ceará, já que jurídica e contabilmente não se pode qualificar como dívida os
compromissos futuros condicionados a uma contrapartida (a um serviço contratado) ainda não
honrada pela contraparte. Trata-se de compromissos futuros que poderão onerar o Governo do
Estado, mas somente quando a contrapartida for entregue a seu tempo e modo. Tais
compromissos são definidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal, nos Arts. 16 e 17, como
despesas correntes de caráter continuado.
Apesar disso, é importante se considerar que a Medida Provisória 575 (MP 575/2012)
modifica a Lei Federal de PPP (11.079/2004), que instituiu limite à contratação de Parceria
Público Privada pelo Poder Público. Assim, somente poderão ser contratados projetos de PPP:
Quando a soma das despesas de caráter continuado no ano anterior e derivadas
do conjunto das parcerias já contratadas não tenha excedido 5% da Receita
Líquida Corrente em exercício; ou
249
Se as despesas anuais dos contratos vigentes nos 10 anos subsequentes
excederem 5% da receita líquida corrente projetada para os respectivos
exercícios.
Nesse sentido, para se avaliar a viabilidade fiscal da contratação da PPP objeto deste estudo,
faz-se necessária uma avaliação prévia da situação fiscal do Governo do Estado do Ceará para
que, posteriormente, se faça uma análise de sua capacidade de pagamento de contraprestação.
11.2. Finanças Públicas do Governo do Estado do Ceará
11.2.1. Resultado Fiscal
No que diz respeito às Finanças Públicas do Governo do Estado do Ceará, o ano de 2009
encerrou-se com a obtenção de um resultado primário negativo acumulado da ordem de R$
313 milhões inferior ao valor apresentado no ano de 2008 (R$ 948 milhões). O resultado
nominal também foi negativo em R$ 557 milhões. Estes resultados refletiram o aumento com
gastos em investimentos no qual apresentou um crescimento real de 81% em relação a 2008.
11.2.2. Receitas
Em 2009, as Receitas Estaduais totalizaram R$ 10.687 milhões, representando um
crescimento real de 6% em relação ao ano anterior (2008).
O gráfico abaixo retrata a Receita Orçamentária Total do Governo do Estado do Ceará (a
preços constantes), entre os anos de 2006 e 2009:
Gráfico 11.1.: Receita Orçamentária Total a preços constantes, Ceará – 2006-2009 (em
milhões de reais, corrigidos pelo IPCA a preços de 2009)
250
Fonte: Secretaria da Fazenda
Entre as receitas de arrecadação própria, a mais relevante é o ICMS. Em 2009, esse imposto
representou 47% das receitas totais do Estado cearense. Ademais, a arrecadação do ICMS
vem demonstrando um crescimento real desde o ano de 2006, apresentando no final de 2009
um valor de R$ 5.027 milhões, o que representa um aumento real de 3% em relação a 2008.
Vê-se, no gráfico abaixo, o ICMS arrecadado pelo Governo do Estado do Ceará a preços
constantes entre os anos de 2006 e 2009 (em milhões de reais, corrigidos pelo IPCA a preços
de 2009):
Gráfico 11.2.: ICMS a preços constantes, Ceará – 2006-2009 (em milhões de reais,
corrigidos pelo IPCA a preços de 2009)
9.481 8.872
10.103 10.687
2006 2007 2008 2009
Receita Orçamentária Ano
251
Fonte: Secretaria da Fazenda
Dentre as receitas provenientes das Transferências da União, a mais relevante foi o Fundo de
Participação dos Estados (FPE), responsável por 31% das receitas totais do Estado. Em 2009,
essa receita totalizou o valor de R$ 5.027 milhões, ou seja, uma queda real de 8% em relação
a 2008. Esta queda foi decorrente dos impactos da crise financeira mundial registrada em
2009, no qual reduziu a arrecadação do IR e do IPI, os dois impostos que compõe o FPE.
11.2.3. Despesas
A Despesa Total do Governo do Estado alcançou, em 2009, a casa dos R$ 10.911 milhões, ou
seja, um aumento real de 16% em relação a 2008. Os principais componentes da Despesa
Total do Estado supracitado são as Despesas com Pessoal, Investimentos, Inversões e “Outras
Despesas Correntes”.
O gráfico que segue mostra a Despesa Total (a preços constantes) do Governo do Estado do
Ceará, nos anos de 2006 a 2009:
Gráfico 11.3.: Despesa Total a preços constantes, 2006-2009 (em milhões de reais,
corrigidos pelo IPCA a preços de 2009)
4.221 4.286
4.869 5.027
2006 2007 2008 2009
ICMS Ano
252
Fonte: Secretaria da Fazenda
Por sua vez, as despesas com pessoal e encargos sociais representaram aproximadamente 38%
das despesas totais do Estado no ano de 2009. No referido ano, essas despesas totalizaram R$
4.181 milhões, fato que corresponde a um aumento real de 7% em relação ao ano anterior.
Tais despesas corresponderam a 50% da Receita Corrente Líquida.
Os gastos com investimentos e inversões responderam por 17% das despesas totais em 2009,
totalizando R$1.973 milhões, ou seja, um aumento real de 72% em relação ao ano anterior.
Ademais, no ano de 2009, as Outras Despesas Correntes corresponderam a 36% do total de
despesas do Estado. No referido ano, tais despesas somaram o montante de R$ 3.532 milhões.
11.3. Evolução da situação fiscal do Governo do Estado do Ceará
A lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar 101 de 04/05/2000) estabelece alguns
indicadores de comprometimento de despesas totais com despesas de pessoal, de análise de
endividamento e de comprometimento de receitas com o pagamento de encargos de dívidas
contraídas pelos entes federados. A avaliação destes indicadores fornece indícios sobre a
qualidade da gestão fiscal de cada esfera analisada. Busca-se, aqui, fazer uma breve avaliação
de alguns dos principais indicadores fiscais do Estado do Ceará entre os anos de 2000 e 2011.
A análise manteve os preços constantes, ou seja, os valores foram ajustados para preços de
dezembro de 2011, com base no IGP-DI calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Durante o período evidenciado, observou-se que, a preços constantes, as receitas concorrentes
do Governo do Estado do Ceará cresceram 5,9 % ao ano, em média. Ademais, paralelamente,
9.370
8200
9.428
10.911
2006 2007 2008 2009
Despesa Total Ano
253
as despesas correntes aumentaram 6,0% ao ano. Com isso, o superávit corrente cresceu a uma
média de 5,6% ao ano, passando de 1,2 bilhões de reais, em 2000, para 2,2 bilhões de reais
em 2011, como mostra a figura:
Gráfico 11.4.: Receitas, Despesas e Superávit Corrente do Governo do Estado do Ceará
nos anos 2000 e 2011
Fonte: Governo do Estado do Ceará
No mesmo período analisado, o Governo do Estado do Ceará conseguiu melhorar, também, os
seus indicadores de endividamento. O principal indicador estabelecido pela Lei de
Responsabilidade Fiscal para realizar esta avaliação, relaciona a Dívida Consolidada Líquida
com a Receita Corrente Líquida. No caso do Ceará, esse indicador caiu de 0,87 (87%), em
2000, para 0,21 (21%), em 2010, de acordo com a figura:
Gráfico 11.5.: Dívida Consolidada/Receita Líquida do Governo do Estado do Ceará nos
anos 2000 e 2011
8.325
15.692
7.106
13.473
1.220 2.220
-
2.000,00
4.000,00
6.000,00
8.000,00
10.000,00
12.000,00
14.000,00
16.000,00
18.000,00
2000 2011
R$
Milh
õe
s
Receitas Correntes Despesas Correntes Superávit Corrente
254
Fonte: Governo do Estado do Ceará
Tendo em vista que o limite para o indicador de dívida utilizado é de 2,0 (200%), conclui-se
que o Estado do Ceará possui grande capacidade em assumir e honrar seus passivos
financeiros. Fato que se deve a excelente gestão da dívida pública cearense na última década.
Há, ainda, outro indicador estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal a ser enfatizado,
qual seja, o limite máximo de 60% da Receita Corrente Líquida para gastos de pessoal. Neste
sentido e atendendo ao ordenamento legal, o Estado do Ceará, no ano de 2000 atingiu a cifra
de 42,6%, chegando a 48,63%, em 2011, como ilustra a figura:
Gráfico 11.6.: Comprometimento da Receita Corrente Líquida do Governo do Estado
do Ceará com Despesas de Pessoal em 2000 e 2011
87%
21%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
2000 2011
Dívida Consolidada Líquida/Receita Corrente Líquida
39,0%
40,0%
41,0%
42,0%
43,0%
44,0%
45,0%
46,0%
47,0%
48,0%
49,0%
50,0%
2000 2011
Comprometimento da Receita Corrente Líquida com Despesas de Pessoal
255
Fonte: Governo do Estado do Ceará
No tocante aos superávits, observa-se que o Governo do Estado do Ceará vem obtendo
resultados expressivos na última década. Em 2001, o superávit primário era de R$ 999,88
milhões e o superávit nominal de R$ 829 milhões. Já em 2011, o superávit primário atingiu a
significativa cifra de R$ 1.881,42 milhões e enquanto o superávit nominal foi de R$ 542
milhões.
A figura abaixo retrata a evolução do superávit primário e do superávit nominal do Governo
do Estado do Ceará nos anos de 2001 e 2011:
Gráfico 11.7.: Comprometimento da Receita Corrente Líquida do Governo do Estado
do Ceará com Despesas de Pessoal em 2000 e 2011
Fonte: Governo do Estado do Ceará
Esta breve análise pretérita fornece subsídios que elucidam a excelente gestão fiscal do
Governo do Estado do Ceará, sobretudo na última década. No entanto, este fato ainda não é
suficiente para avaliar a capacidade de pagamento de contraprestações de PPP´s pelo Governo
do Estado do Ceará, o que será avaliado a seguir.
11.4. Análise de capacidade de pagamento de Contraprestações de Pops pelo Governo do
Estado do Ceará
Como se viu, o indicador essencial para análise da capacidade de pagamento de uma PPP é o
comprometimento da receita líquida do Estado com o pagamento de contraprestações, que não
pode exceder os 5% da RCL. Levando em consideração o valor da RCL de R$ 15,7 bilhões
para o ano de 2011, conclui-se que o Governo do Estado do Ceará pode comprometer, no
máximo, R$ 784 milhões com contraprestações de PPP´s.
999,88
1.881,42
829 542
0,00
500,00
1.000,00
1.500,00
2.000,00
2001 2011
R$
Milh
õe
s
Superávit Primário Superávit Nominal
256
A análise da capacidade de comprometimento da RCL com o pagamento de contraprestações
de PPP deve ser colocada em perspectiva, já que há uma tendência de acréscimo da RCL do
Governo do Estado do Ceará. Todavia, há de se asseverar que parte deste valor deve-se
direcionar ao pagamento de contraprestações. Nesse sentido, leva-se em consideração, neste
estudo, a utilização de parte do limite disponível para outras PPP´s.
Para a realização da análise prospectiva da capacidade de pagamento de contraprestações pelo
Governo do Estado do Ceará, a RCL foi projetada pelo método de mínimos quadrados - uma
técnica de otimização matemática eficiente no que diz respeito à estimação e aos ajustes de
um determinado conjunto de dados – seguindo uma tendência linear para o período de 2012
(ano de realização deste estudo) e 2042 (ano previsto para a finalização do contrato da PPP
objeto deste estudo), como esboça a figura:
Gráfico 11.8: Projeção da RCL do Estado do Ceará pelo Método de Mínimos
Quadrados
Fonte: Governo do Estado do Ceará
Subtraiu-se, em seguida, o valor previsto com o pagamento de contraprestação de PPP´s
contratadas - ou em processo de contratação - da parcela do valor equivalente a 5% da RCL,
valor permitido, segundo a legislação, para o pagamento de contraprestações de PPP´s. Nesse
sentido, o resultado é o valor disponível com o pagamento de contraprestação pelo Governo
do Estado do Ceará projetado para os anos de 2013 a 2042. As PPP´s consideradas foram:
257
PPP do Castelão: Contraprestação anual de R$ 4,884 milhões entre 2012 e 2017;
PPP do Vapt Vupt: Contraprestação anual de R$ 45,0 milhões entre 2013 e 2027;
PPP da Cogeração do Centro de Feiras e Eventos do Ceará: Contraprestação anual
de R$ 19,5 milhões entre 2013 e 2017.
O resultado dessa análise é mostrado na próxima figura, onde consta o limite disponível
projetado para a contraprestação de PPP´s pelo Governo do Estado do Ceará e o
comprometimento com o pagamento de contraprestações da PPP do Hospital Regional
Metropolitano. Observa-se que em nenhum momento o pagamento de contraprestações desta
PPP ultrapassa o limite permitido.
Vale ressaltar, ainda, que as projeções de contraprestação utilizadas neste trabalho serviram
de base para o Estudo de Viabilidade Financeira deste projeto, como evidencia a figura que
segue:
Gráfico 11.9.: Comprometimento da Receita Corrente Líquida do Governo do Estado
do Ceará com Despesas de Pessoal em 2000 e 2011
Fonte: Governo do Estado do Ceará
R$ 9,66 R$ 10,97 R$ 10,85 R$ 11,91 R$ 12,42 R$ 12,94 R$ 13,49 R$ 14,06 R$ 14,65 R$ 14,87
R$ 0,03
R$ 0,05 R$ 0,13
R$ 0,03 0,212% / RCL
R$ 0,05 0,407%/ RCL
R$ 0,05 0,39%/RCL
R$ 0,05 0,374%/RCL
R$ 0,05 0,359%/RCL R$ 0,05
0,345%/RCL
R$ 0,05 0,34%/RCL
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
14,00
16,00
2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2030 2042
Bilh
õe
s
Receita Corrente Líquida (RCL) Governo do Estado do Ceará Contra Prestação Pecuniária do HRM
258
11.5. Conclusão
O estudo de Viabilidade Fiscal deve verificar se o projeto obedece ao limite financeiro
imposto pela legislação, além de analisar as projeções dos limites para o ano corrente e os
próximos dez anos, com base no balanço do Estado e suas projeções de orçamento. Também é
de responsabilidade deste estudo uma análise concreta que relacione a incidência de tributos
sobre o projeto a ser desenvolvido.
Em síntese, assevera-se que o estudo de Viabilidade Fiscal tem como objetivo verificar se o
Poder Público tem capacidade de honrar os compromissos a serem assumidos com a
contratação da PPP do Hospital Regional Metropolitano de Fortaleza.
Constatou-se, portanto, que o Governo do Estado do Ceará vem conseguindo manter um
crescimento sustentável de suas Receitas Correntes Líquidas nos últimos anos. Mais do que
isso, observou-se que o Governo do Estado do Ceará vem obtendo superávits primários e
superávits nominais associados à melhora do perfil de seu endividamento, fato que permite
classificar sua gestão fiscal como “excelente”, um exemplo a ser seguido a nível nacional.
Por fim, verificou-se que, mesmo com a contratação de outros projetos de Parceria Público
Privada, o Governo do Estado do Ceará tem condições de arcar com os custos de contratação
da PPP do Hospital Regional Metropolitano de Fortaleza sem exceder o limite financeiro
imposto pela legislação. Nesse sentido, conclui-se que a contratação desta PPP é viável do
ponto de vista fiscal.
259
12. ESTUDO DE VIABILIDADE COMERCIAL
O presente estudo tem por objetivo demonstrar a viabilidade comercial do Projeto de Parceria
Público Privada para construção, operação e manutenção do Hospital Regional Metropolitano
a ser implantado em Fortaleza, no Estado do Ceará.
O estudo de viabilidade comercial visa avaliar se os serviços prestados são comercializáveis,
ou seja, se há disposição a pagar pelos serviços prestados e se esta disposição pode se
transformar factualmente em receitas.
As Parcerias Público Privadas (PPP´s) consistem na reunião de interesses do Estado e da
Sociedade, através do qual a Administração Pública firma acordos com a parceria privada,
visando implantar ou gerir, total ou parcialmente serviços, empreendimentos ou atividades de
interesse público.
O instituto da Parceria Privada visa atender objetivos públicos, sendo que a relação entre as
partes envolvidas se formaliza por meio de um contrato administrativo de concessão
administrativa ou patrocinada. Estas modalidades de concessão se diferem na medida em que,
na primeira, a remuneração do parceiro privado advém somente da contraprestação paga pelo
Estado, enquanto na modalidade patrocinada a contraprestação paga ao parceiro privado
resulta da tarifa cobrada dos usuários do serviço e, ainda, de uma prestação pecuniária do
parceiro público.
Em ambas as modalidades de concessão, dependendo da natureza da prestação dos serviços e
da disposição do mercado, é possível ao parceiro privado auferir receitas complementares
para colaborar com a atratividade comercial do contrato de prestação de serviços públicos,
podendo estes benefícios serem compartilhados com o poder concedente, reduzindo o valor da
contraprestação pecuniária a ser paga. E é sobre esta possibilidade que se passa discorrer a
diante.
No caso da PPP do Hospital Regional Metropolitano de Fortaleza, objeto deste estudo, a
remuneração do parceiro privado advirá única e exclusivamente do pagamento de
Contraprestação do Estado. Isso significa que não está prevista para este projeto a cobrança de
tarifa pelo usuário, assim como não se visualiza a possibilidade da exploração de outras
atividades comerciais hábeis a gerar receitas acessórias ao Concessionário.
260
Portanto, no presente caso, não se justifica a realização da viabilidade comercial deste tipo de
empreendimento, mas sim a análise da capacidade do Governo do Estado do Ceará em pagar
pelo serviço prestado pelo Parceiro Privado (escopo do Estudo de Viabilidade Fiscal deste
projeto) e o quanto de vantagens o Governo obterá com o contrato (escopo da Análise de
Value for Money).
Ou seja, trata-se de uma concessão administrativa que não considera receita do usuário para o
equilíbrio econômico e financeiro do contrato de concessão.
261
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2012. Disponível em: www.cnes.datasus.gov.br
FORM 6 | Descrição do Enfoque Técnico e Metodologia, Plano de Trabalho e Organização e
Dotação de Pessoal
EDITAL DE SOLICITAÇÃO DE MANIFESTAÇÃO DE INTERESSE Nº 01/2011-
SESA/CE
265
MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção
Especializada REGULAÇÃO MÉDICA DAS URGÊNCIAS Série A. Normas e Manuais
Técnicos Brasília DF 2006
G1 – CE 01/03/2012 15h27 - Atualizado em 01/03/2012 16h45
266
Anexo I – Terreno
267
Anexo II – Avaliação dos ambientes
Análise e Avaliação dos Ambientes segundo a RDC 50
HOSPITAL REGIONAL METROPOLITANO – MARACANAÚ
Setores/Ambient
es
Unidad
e de
medida
Área
por
Ambien
te
Quan
t.
Área
total
Área
Avaliaçã
o
Recomendaç
ão RDC 50
Avaliaçã
o
Ambientes
Sala de
emergência m²/leito 18.64 4 74.56 74.56 12.00
Satisfatóri
o
Área para
prescrição
médica na sala de
emergências m² 8.00 2 16.00 16.00
Sem
Avaliação
Sala de
higienização m² 8.43 1 8.43 8.43 8.00
Satisfatóri
o
Sala de
estabilização m²/leito 13.47 9 121.25 121.25 12.00
Satisfatóri
o
Sala de
procedimentos
especiais m²/leito 15.90 1 15.90 15.90 12.00
Satisfatóri
o
Postos e serviços
S.P.E m² 14.39 1 14.39 14.39 8.00
Satisfatóri
o
Sala de
observação m² 7.42 24 178.00 178.00 8.50
Satisfatóri
o
Sala de
isolamento m² 13.40 1 13.40 13.40 10.00
Satisfatóri
o
Posto e serviços
Observação m² 15.20 1 15.20 15.20 8.00
Satisfatóri
o
Farmácia satélite
da unidade m² 27.30 1 27.30 27.30 4.00
Satisfatóri
o
Posto de Serviços
e Sala de
médicos m² 50.59 1 50.59 50.59
Sem
Avaliação
Medicação/Inalaç
ão m² 6.25 30 187.60 187.60 5.00
Satisfatóri
o
Consultório m² 9.92 4 39.68 39.68 7.50
Satisfatóri
o
Consultório com
WC 14.33 1 14.33 14.33 7.50
Satisfatóri
o
Redução de gesso
e fraturas m² 12.57 3 37.70 37.70 9.00
Satisfatóri
o
Consultório
ortopédico m² 10.13 2 20.26 20.26 7.50
Satisfatóri
o
Raios-X m² 23.64 1 23.64 23.64 8.00
Satisfatóri
o
Ultrassom m² 11.45 1 11.45 11.45 9.00 Satisfatóri
268
o
Ambientes de Apoio
Guarda macas e
cadeiras de roda m² 14.00 1 14.00 14.00 2.60
Satisfatóri
o
Sala de utilidades m² 5.93 3 17.79 17.79 6.00
Satisfatóri
o
Guarda pertences m² 12.86 1 12.86 12.86
Sem
Avaliação
Rouparia m² 3.80 2 7.60 7.60 2.20
Satisfatóri
o
DML m² 2.44 4 9.76 9.76 2.00
Satisfatóri
o
Deposito de
materiais e
equipamentos
S.P.E m² 3.51 1 3.51 3.51
Sem
Avaliação
Secretaria m²/pes. 2.76 2 5.52 5.52 5.50
Satisfatóri
o
Chefia médica m² 7.64 1 7.64 7.64 7.50
Satisfatóri
o
Depósito de
roupa suja m² 4.00 1 4.00 4.00 3.00
Satisfatóri
o
WC P.N.E
Masc/Fem m² 4.05 5 20.25 20.25 1.60
Satisfatóri
o
WC Isolamento
(Observação) m² 4.05 1 4.05 4.05 3.60
Satisfatóri
o
Depósito de
materiais e
equipamentos do
eixo m² 27.19 1 27.19 27.19
Sem
Avaliação
WC Func
Masc/Fem. m² 4.88 7 34.16 34.16 1.60
Satisfatóri
o
T.I m² 3.86 1 3.86 3.86
Sem
Avaliação
Depósito de
resíduos m² 7.00 1 7.00 7.00
Sem
Avaliação
Copa
Funcionários m² 5.52 1 5.52 5.52 2.50
Satisfatóri
o
Estar plantonistas m² 5.97 8 47.72 47.72 2.00
Satisfatóri
o
Sala de espera de
egressos/Recepçã
o m² 2.45 36 88.19 88.19 1.30
Satisfatóri
o
Sala de espera
pública m² 2.54 70 177.50 177.50 1.30
Satisfatóri
o
Sala de espera
consultórios m² 2.43 7 17.03 17.03 1.30
Satisfatóri
o
WC Consultório m² 2.82 1 2.82 2.82 1.60 Satisfatóri
269
o
Espera da
triagem m² 2.15 32 68.92 68.92 1.20
Satisfatóri
o
WC Público Fem m² 12.76 1 12.76 12.76 1.60
Satisfatóri
o
WC Público
Masc. m² 10.71 1 10.71 10.71 1.60
Satisfatóri
o
Recepção Pronto-
Socorro m² 2.61 50 130.45 130.45 1.20
Satisfatóri
o
Sala de
Atendimento m² 10.50 10 105.00 105.00 7.50
Satisfatóri
o
Triagem m² 8.20 4 32.80 32.80 7.50
Satisfatóri
o
Espera ortopedia m² 2.00 30 59.98 59.98 1.30
Satisfatóri
o
Espera Raio-X m² 1.41 19 26.85 26.85 1.30
Satisfatóri
o
Ambientes – SADT
Recuperação
Sala de
Recuperação m²/leito 7.02 5 35.11 35.11 4.00
Satisfatóri
o
Mini-posto da
área de
recuperação m² 11.06 1 11.06 11.06 6.00
Satisfatóri
o
WC. Sala de
Recuperação m² 4.05 2 8.10 8.10 3.60
Satisfatóri
o
Vestiário
p/pacientes m²/box 7.28 3 21.83 21.83 2.25
Satisfatóri
o
Ultrassonografia
Ultrassom
tradicional c/ WC
anexo m² 15.00 2 30.00 30.00 9.00
Satisfatóri
o
Ultrassom
intervencionista
c/WC anexo m² 21.75 2 43.50 43.50 9.00
Satisfatóri
o
Raio-X
Raio-X
Tradicional m² 23.86 1 23.86 23.86 9.00
Satisfatóri
o
Raio-X
Telecomandado m² 26.46 1 26.46 26.46 9.00
Satisfatóri
o
Vestiário p/
preparo Raio-X m² 4.40 1 4.40 4.40 2.25
Satisfatóri
o
Área para
comando Raio-x m² 4.91 1 4.91 4.91 4.00
Satisfatóri
o
W.C Raio-X m² 2.85 1 2.85 2.85 1.90
Satisfatóri
o
Ressonância Magnética
270
Sala de
Ressonância m² 34.57 1 34.57 34.57
Sem
Avaliação
Área de
Comando
Ressonância m² 8.46 1 8.46 8.46 6.00
Satisfatóri
o
Tomografia
Sala de exames
de tomografia m² 41.71 2 83.42 83.42
Sem
Avaliação
Sala de Comando m² 22.43 1 22.43 22.43 6.00
Satisfatóri
o
Cine-Angio
Sala de cine-
angio m² 40.12 1 40.12 40.12
Sem
Avaliação
Sala técnica m² 17.27 1 17.27 17.27
Sem
Avaliação
Sala de Comando m² 13.52 1 13.52 13.52 6.00
Satisfatóri
o
Escovação m²/torn. 0.59 3 1.76 1.76 1.10
Satisfatóri
o
Sala de
Recuperação
Cine-Angio
m²/Leit
o 6.80 4 27.21 6.80 4.00
Satisfatóri
o
Endoscopia
Sala de Exames
de Endoscopia m² 32.00 3 96.00 96.00 12.00
Satisfatóri
o
Recuperação e
Preparo
Endoscopia
m²/Leit
o 6.62 4 26.48 6.62 5.70
Satisfatóri
o
Litotripsia
Sala de
Litotripsia m² 35.93 1 35.93 35.93 7.50
Satisfatóri
o
Sala de Comando m² 7.29 1 7.29 7.29 6.00
Satisfatóri
o
Colonoscopia
Sala de Preparo
de Pacientes
Colonoscopia m² 12.84 4 51.36 51.36 12.00
Satisfatóri
o
WC Pacientes
Preparo
Colonoscopia m² 4.59 4 18.36 18.36 1.60
Satisfatóri
o
Ambientes comuns à unidade
WC Masc/Fem m² 4.10 3 12.30 12.30 1.60
Satisfatóri
o
WC Funcionários m² 5.49 2 10.98 10.98 1.60
Satisfatóri
o
WC Estar
Médicos m² 3.21 3 9.63 9.63 1.60
Satisfatóri
o
271
D.M.L m² 3.65 5 18.25 18.25 2.00
Satisfatóri
o
T.I m² 2.94 1 2.94 2.94
Sem
Avaliação
Depósito de
Materiais e
Equipamentos m² 21.75 1 21.75 21.75
Sem
Avaliação
Estar Médicos m² 21.87 1 21.87 21.87 2.00
Satisfatóri
o
Sala de
Utilidades m² 8.10 3 24.30 24.30 6.00
Satisfatóri
o
Depósito de
Material Sujo m² 9.49 1 9.49 9.49 3.00
Satisfatóri
o
Depósito de
Material Limpo m² 8.41 1 8.41 8.41 3.00
Satisfatóri
o
Sala de Laudos m² 22.61 2 45.22 45.22 6.00
Satisfatóri
o
Posto de serviços m² 6.00 1 6.00 6.00 6.00
Satisfatóri
o
Macas e cadeiras
de roda/Espera
acamados m² 17.33 1 17.33 17.33 3.00
Satisfatóri
o
Sala técnica m² 7.56 1 7.56 7.56
Sem
Avaliação
Pacotes de
Processamento
Digital m² 8.34 1 8.34 8.34
Sem
Avaliação
Estar plantonistas m² 11.55 2 23.10 23.10 2.00
Satisfatóri
o
Secretaria m²/pes. 3.13 8 25.04 25.04 5.50
Satisfatóri
o
Agendamento m²/pes. 1.65 10 16.45 16.45 2.00
Satisfatóri
o
Depósito de
materiais e
equipamentos m² 26.54 1 26.54 26.54 6.00
Satisfatóri
o
Sala de Preparo
de Pacientes m² 8.45 2 16.90 16.90 5.70
Satisfatóri
o
Vestiário
Fem/Masc m² 5.31 6 31.88 31.88 2.25
Satisfatóri
o
Vestiário
Paciente m² 14.20 1 14.20 14.20 2.25
Satisfatóri
o
Arsenal m² 14.38 1 14.38 14.38 12.00
Satisfatóri
o
Recepção/Espera m²/pes. 1.61 156 251.18 1.61 1.30
Satisfatóri
o
Medicina Nuclear/Coleta/Métodos Gráficos
Medicina Nuclear
272
Gama-Câmara m² 26.33 1 26.33 26.33
Sem
Avaliação
Comando m² 7.60 1 7.60 7.60 6.00
Satisfatóri
o
Espera injetados
Medicina
Nuclear m²/pes. 1.89 9 17.00 1.89 1.30
Satisfatóri
o
WC Espera
injetados m² 2.74 1 2.74 2.74 1.60
Satisfatóri
o
Sala para
aplicação m² 11.34 1 11.34 11.34 6.00
Satisfatóri
o
Laboratório
Quente m² 11.35 1 11.35 11.35 8.00
Satisfatóri
o
Ergometria m² 11.39 1 11.39 11.39 5.50
Satisfatóri
o
W.C m² 1.54 2 3.08 3.08 1.60
Satisfatóri
o
Secretaria m² 5.94 1 5.94 5.94 5.50
Satisfatóri
o
Entrevista m² 4.23 1 4.23 4.23 4.00
Satisfatóri
o
Depósito de
Decaimento m² 4.23 1 4.23 4.23 4.00
Satisfatóri
o
Central de Coleta
Sala de Coleta m²/polt. 3.71 9 33.39 3.71 3.60
Satisfatóri
o
Leito de Coleta m² 7.30 4 29.20 29.20 1.50
Satisfatóri
o
WC Anexo ao
Leito de Coleta m² 2.34 3 7.02 7.02 1.60
Satisfatóri
o
Central de Coleta m² 9.55 1 9.55 9.55
Sem
Avaliação
D.M.L m² 2.25 1 2.25 2.25 2.00
Satisfatóri
o
Métodos Gráficos
E.M.G m² 7.11 1 7.11 7.11 5.50
Satisfatóri
o
Tilt-Test m² 7.90 1 7.90 7.90 5.50
Satisfatóri
o
Mapa-Holter m² 10.65 1 10.65 10.65 5.50
Satisfatóri
o
Ergometria m² 8.75 2 17.50 17.50 5.50
Satisfatóri
o
Ecocardiograma m² 11.25 2 22.50 22.50 5.50
Satisfatóri
o
Ambientes Comuns à Unidade
WC Pub.
Masc/Fem m² 6.50 2 13.00 13.00 1.60
Satisfatóri
o
273
D.M.L m² 3.08 2 6.16 6.16 2.00
Satisfatóri
o
Recepção/Espera
Coleta e Métodos
Gráficos m²/pes. 2.58 60 154.82 2.58 1.30
Satisfatóri
o
Laboratórios
Anatomia Patológica
Liberação m² 16.22 2 32.44 32.44 6.00
Satisfatóri
o
Hematologia m² 15.60 1 15.60 15.60 6.00
Satisfatóri
o
Imunologia m² 17.65 1 17.65 17.65 6.00
Satisfatóri
o
Triagem e
Distribuição m² 16.42 1 16.42 16.42 3.00
Satisfatóri
o
Laboratório
Área para
higienização m² 17.21 1 17.21 17.21 8.00
Satisfatóri
o
Depósito de
material limpo m² 8.39 1 8.39 8.39 6.00
Satisfatóri
o
Estar plantonistas m² 1.60 7 11.20 11.20 1.60
Satisfatóri
o
WC anexo ao
estar plantonistas m² 2.58 1 2.58 2.58 1.60
Satisfatóri
o
Microscopia m² 9.72 1 9.72 9.72 6.00
Satisfatóri
o
Imunohistoquimi
ca m² 10.26 1 10.26 10.26 6.50
Satisfatóri
o
Urinálise m² 13.20 1 13.20 13.20 6.00
Satisfatóri
o
Microbiologia m² 13.27 1 13.27 13.27 6.00
Satisfatóri
o
Citologia/Preparo
técnica m² 22.20 1 22.20 22.20 12.00
Satisfatóri
o
Microscopia m² 16.87 1 16.87 16.87 6.00
Satisfatóri
o
Estação tubo
pneumático m² 5.06 1 5.06 5.06 4.00
Satisfatóri
o
WC Funcionários m² 2.56 2 5.12 5.12 1.60
Satisfatóri
o
Ambientes comuns à unidade
Central de
Laudos m²/pes. 7.34 14 102.78 7.34 6.00
Satisfatóri
o
WC anexo a
Central de laudos m² 2.97 2 5.94 5.94 1.60
Satisfatóri
o
Wc anexo a
Coordenação m² 2.97 1 2.97 2.97 1.60
Satisfatóri
o
Centro Cirúrgico
274
Salas de Cirurgia
Sala de Cirurgia
(1) m² 32.02 5 160.10 32.02 25.00
Satisfatóri
o
Sala de Cirurgia
(2) m² 44.50 4 178.00 44.50 25.00
Satisfatóri
o
Sala de Cirurgia
(3) m² 29.50 2 59.00 29.50 25.00
Satisfatóri
o
Sala de Recuperação
Posto e serviços
sala de
recuperação m² 17.30 1 17.30 17.30 6.00
Satisfatóri
o
Sala de
recuperação m² 10.40 13 135.20 10.40 6.00
Satisfatóri
o
DML Sala de
recuperação m² 2.58 1 2.58 2.58 2.00
Satisfatóri
o
Day-Clinic
Day-Clinic m²/leito 8.75 8 70.00 8.75 6.00
Satisfatóri
o
Day-Clinic m²/leito 9.79 4 39.16 9.79 6.00
Satisfatóri
o
Wc anexos a
Day-Clinic m² 4.05 6 24.30 24.30 1.60
Satisfatóri
o
Ambientes comuns a unidade
Engenharia
Clínica m² 53.93 1 53.93 53.93
Sem
Avaliação
Chefia médica m² 10.71 1 10.71 10.71 6.00
Satisfatóri
o
Centro de
equipamentos,
aparelhos,
suprimentos,
medicamentos e
materias m² 126.00 1 126.00 126.00
Sem
Avaliação
DML m² 3.90 2 7.80 7.80 2.00
Satisfatóri
o
Copa m² 8.46 1 8.46 8.46 2.60
Satisfatóri
o
Vestiário
Masc/Fem m² 8.46 2 16.92 16.92 2.25
Satisfatóri
o
Sala de utilidades m² 7.10 1 7.10 7.10 6.00
Satisfatóri
o
Sala de utilidades m² 11.75 1 11.75 11.75 6.00
Satisfatóri
o
Material médico m² 11.34 1 11.34 11.34
Sem
Avaliação
Posto e serviços m² 11.37 1 11.37 11.37 6.00
Satisfatóri
o
Sala de médicos m²/pes. 3.11 2 6.22 6.22 5.50 Satisfatóri
275
o
DML m² 2.58 1 2.58 2.58 2.00
Satisfatóri
o
Sala de médicos m²/pes. 2.42 6 14.50 14.50 5.50
Satisfatóri
o
Secretaria e
Recepção m²/pes. 3.79 8 30.30 30.30 5.50
Satisfatóri
o
Sala de espera m²/pes. 2.71 20 54.20 54.20 1.30
Satisfatóri
o
WC Masc/Fem m² 8.45 2 16.90 16.90 1.60
Satisfatóri
o
WC P.N.E m² 5.52 1 5.52 5.52 3.20
Satisfatóri
o
Anatomia
Patológica m² 9.59 1 9.59 9.59
Sem
Avaliação
UTI
Box UTI m²/leito 16.83 36 605.88 16.83 9.00
Satisfatóri
o
Isolamento m² 16.50 4 66.00 66.00 10.00
Satisfatóri
o
Ante-câmara
isolamento m² 5.00 4 20.00 20.00
Sem
Avaliação
Banho paciente
isolamento m² 6.60 4 26.40 26.40 3.60
Satisfatóri
o
Depósito de
materiais e
equipamentos m² 22.10 2 44.20 44.20
Sem
Avaliação
WC Func fem m² 2.13 2 4.26 4.26 1.60
Satisfatóri
o
WC Fem estar
familiares m² 4.24 2 8.48 8.48 1.60
Satisfatóri
o
WC Masc estar
familiares m² 4.30 2 8.60 8.60 1.60
Satisfatóri
o
Estar familiar m²/pes. 1.95 24 46.78 1.95 1.30
Satisfatóri
o
Posto de serviços m² 15.93 16 254.88 254.88 6.00
Satisfatóri
o
Médicos m²/pes. 5.50 8 44.00 5.50 5.50
Satisfatóri
o
Banho pacientes m² 7.55 2 15.10 15.10 3.60
Satisfatóri
o
Banho pacientes m² 6.42 2 12.84 12.84 3.60
Satisfatóri
o
Sala de
Utilidades m² 9.93 4 39.72 39.72 6.00
Satisfatóri
o
DML m² 3.15 2 6.30 6.30 2.00
Satisfatóri
o
WC Func Masc m² 2.38 1 2.38 2.38 1.60 Satisfatóri
276
o
Guarda-maca m² 3.72 1 3.72 3.72 2.52
Satisfatóri
o
T.I m² 3.27 1 3.27 3.27
Sem
Avaliação
Ambientes comuns a unidade
Vestiário
Funcionarios
Masc/Fem m² 8.46 2 16.92 16.92 2.25
Satisfatóri
o
Copa m² 8.46 1 8.46 8.46 2.50
Satisfatóri
o
Lixo e Roupa
Suja m² 8.46 1 8.46 8.46 6.00
Satisfatóri
o
Estar Plantonistas m² 6.21 2 12.42 12.42 2.00
Satisfatóri
o
WC Anexo Estar
Plantonistas m² 2.97 2 5.94 5.94 1.60
Satisfatóri
o
Farmácia Satélite m² 15.13 1 15.13 15.13 4.00
Satisfatóri
o
WC P.N.E
Masc/Fem m² 2.86 2 5.72 5.72 3.20
Satisfatóri
o
Vestíbulo público m²/pes. 6.16 12 73.92 6.16 1.30
Satisfatóri
o
Semi-intensiva
Sala de espera m²/pes. 2.10 8 16.79 2.10 1.30
Satisfatóri
o
Sala de leitos m²/leito 15.17 30 454.95 15.17 9.00
Satisfatóri
o
WC Func.
Masculino m² 3.35 2 6.70 6.70 1.60
Satisfatóri
o
WC Paciente m² 6.86 7 48.02 48.02 3.60
Satisfatóri
o
WC Func.
Feminino m² 3.29 2 6.58 6.58 1.60
Satisfatóri
o
WC Paciente m² 9.43 8 75.44 75.44 3.60
Satisfatóri
o
Depósito de
materiais e
equipamentos m² 6.23 1 6.23 6.23
Sem
Avaliação
Posto e serviços m² 9.13 5 45.65 45.65 6.00
Satisfatóri
o
Prescrição m² 8.16 1 8.16 8.16 2.00
Satisfatóri
o
Ambientes comuns a unidade
Copa pacientes m² 17.31 5 86.55 86.55 2.60
Satisfatóri
o
Roupa suja m² 8.46 5 42.30 42.30 3.00
Satisfatóri
o
277
Camareira m² 10.69 5 53.45 53.45 2.00
Satisfatóri
o
Estar plantonistas m² 8.46 10 84.60 84.60 2.00
Satisfatóri
o
Vestíbulo público m²/pes. 6.83 60 410.00 6.83 1.30
Satisfatóri
o
Internação
Sala de espera m²/pes. 2.10 72 151.11 2.10 1.30
Satisfatóri
o
Sala de leitos m²/leito 15.17 270
4,094.5
5 15.17 9.00
Satisfatóri
o
WC Func.
Masculino m² 3.35 18 60.30 60.30 1.60
Satisfatóri
o
WC Paciente m² 6.86 63 432.18 432.18 3.60
Satisfatóri
o
WC Func.
Feminino m² 3.29 18 59.22 59.22 1.60
Satisfatóri
o
WC Paciente m² 9.43 72 678.96 678.96 3.60
Satisfatóri
o
Depósito de
materiais e
equipamentos m² 6.23 9 56.07 56.07
Sem
Avaliação
Sala de utilidades m² 5.81 9 52.29 52.29 6.00
Satisfatóri
o
Posto e serviços m² 9.13 45 410.85 410.85 6.00
Satisfatóri
o
Prescrição m² 8.16 9 73.44 73.44 2.00
Satisfatóri
o
Ambientes comuns a unidade
Copa pacientes m² 17.31 5 86.55 86.55 2.60
Satisfatóri
o
Depósito de
roupa suja m² 8.46 5 42.30 42.30 3.00
Satisfatóri
o
Camareira m² 10.69 5 53.45 53.45 2.00
Satisfatóri
o
Estar plantonistas m² 8.46 10 84.60 84.60 2.00
Satisfatóri
o
WC Estar
plantonistas m² 2.97 10 29.70 29.70 1.60
Satisfatóri
o
Vestíbulo público m²/pes. 6.83 60 410.00 6.83 1.30
Satisfatóri
o