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RESTAURANDO OS SOLDADOS Como reintegrar na fé e na comunhão do Corpo os caídos, os feridos e os desanimados PUBLICAÇÕES www.visaomda.com

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RESTAURANDO OS SOLDADOS

C om o re in teg ra r na fé e na com unhão do C orpo os caídos, os feridos e os desanim ados

PUBLICAÇÕESw w w .v isa o m d a .c o m

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C o p y rig h t © 2010 P a s to r A be H u b e r

D ireção GeralAbe Huber

Coordenação Editorial Ivanildo Gomes

Capa João Augusto Sá

D igitação de Manuscritos Whodson (Abraão) Custódio

Revisão Bia Paiva

Diagram ação Will Rodrigues

M ontagem e Gravação Carlos Antônio

Av. Washington Soares, 2800 - Luciano Cavalcante CEP: 60.811-341 - Fortaleza - CE

Site: www.visaomda.com

Filiada à

ASSOCIAÇÃO CEARENSE DOS ESCRITORESC3L

Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil Dados de Catalogação na Publicação (CIP)

RSTTr Huber, Abe. Pr.Restaurando os soldados feridos/ Abe Huber

- Fortaleza: Premius, 2010 108p.ISBN 978-85-7564-509-3

l.Eclesiologia. 2. Espiritualidade 3. Restauração.I. Título.

C D U 2-175.6

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D e d ic a t ó r ia

Dedico este livro a todos os restauradores fiéis que se esforçam por trazer de volta os soldados feridos, e que por isso mesmo acumulam para si grande conceito jun to ao Quartel- General do Supremo Comandante;

Dedico-o, com toda a alegria, àqueles soldados que, mesmo já tendo sido feridos, não se deixaram abater pelo pecado, pela vergonha, pela mágoa, pelo desânimo ou pela sedução do inimigo, mas voltaram a combater o bom combate nas fileiras do General Jesus.

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A g r a d e c im e n t o s

Em primeiro lugar, ao Rei e Comandante Jesus, que nos arregimentou para a guerra, e a Q uem queremos agradar, não nos envolvendo em negócios desta vida;

Aos meus discipuladores e cobertura espiritual - Pastores Paulo e Rebeca H ru b ik - que, juntam ente com o Espírito Santo, não me deixam cair, mas me restaurariam com todo o amor do m undo e do céu, se fosse necessário;

A todos os valentes de Deus que combatem comigo o bom combate do Evangelho, na sublime tarefa de ganhar multidões para Cristo e cuidar bem de cada pessoa.

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Restaurando os Soldados Feridos

“Sofre, pois, comigo, as aflições, como bom soldado de Jesus Cristo. Ninguém que milita se embaraça com

negóciosdesta vida, a fim de agradar àquele que oalistou para a guerra”.

(Paulo de Tarso, em II Timóteo 2.3,4).

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S u m á r io

APRESENTAÇÃO | 13INTRO DUÇÃO | 15Entendendo as baixas no exército | 17Papel da igreja com relação aos santos | 19 Tiago e a igreja judia do primeiro século | 21

Situação dos desviados no Brasil | 23 Dados sobre conversão e desvio no m undo | 26

Sintomas da tendência de matar os soldados feridos | 29 Esquecer todas as coisas boas que os soldados feridos já

fizeram no passado | 31Condenar os soldados feridos | 33 Julgar a pessoa e falar mal dela na sua ausência | 36 Simplesmente ignorar o soldado | 39

O coração restaurador do bom samaritano | 41 Com o restaurar os soldados feridos | 48

Exemplos poderosos de restauração | 57U m samaritano dos dias modernos | 59 O utro samaritano dos dias modernos | 62 O seu Rei precisa de você | 64 “Soldados Feridos” - música da Alda Célia | 67

Davi e a Caverna de Adulão | 69Adulão é lugar de reagrupamento e restauração familiares | 72 Adulão é local de profundidade | 72

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Adulão, local de quebrantamento e humilhação | 73 Paradoxalmente, Adulão é lugar de reis | 73 Adulão é local de refúgio para soldados feridos | 74 Adulão é lugar de mudança de reino e liderança | 75

Outros soldados que Davi restaurou | 77 O soldado doente dos amalequitas | 81 U m a lição das formigas como soldados | 84 Os soldados cansados de Davi | 85

Os soldados de Davi depois da caverna | 93Os valentes não se assustaram diante do tamanho do

inimigo | 97Os valentes eram movidos por uma imensa

persistência | 97Os valentes defendem aquilo que conquistaram | 98 Os valentes realizam tarefas além das expectativas | 98 Os valentes não tomam para si a glória de Deus | 99 Os valentes servem independente das recompensas | 99

Novos gigantes - novas batalhas | 100 C O N C LU SÃ O | 105

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!A p r e se n t a ç ã o

“Quem há semelhante ao SE N H O R , nosso Deus, cujo trono está nas alturas, que se inclina para ver o que se passa no céu e sobre a terra? Ele ergue do pó o desvalido e do monturo, o necessitado, para o assentar ao lado dos príncipes, sim, com os príncipes do seu povo” (SI 113.5-8).

Os atributos do Senhor acima descritos no Antigo Testamento vão ficar claramente evidenciados na pessoa e na obra de Jesus no Novo Testamento. E como Ele é seguido por discípulos que O imitam e fazem a Sua vontade, é correto dizer que muitos homens e mulheres de Deus hoje são instrumentos santos para resgatar outros do pó e do monturo.

Para mim é uma grande honra poder apresentar este livro. Faltam-me palavras para descrever a dimensão da graça de Deus que habita no Pastor Abe, assim como a abnegação e o amor que ele tem por Deus e pelas pessoas.

Creio que tenho autoridade para falar sobre o Pastor Abe e o tema, pois sou um soldado ferido que foi restaurado e reintegrado à frente de batalha. Ele acreditou em m im quando nem eu mesmo acreditava. Semelhante ao salmista do texto acima, eu fui tirado do pó e do m onturo e colocado ao lado de

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príncipes. Para mim, Pastor Abe é o maior príncipe ao lado de quem eu me assento constantemente. E não há maior honra neste m undo. Sou pastor ao seu lado há vários anos.

Acredito que este livro é muito importante para a comunidade evangélica brasileira. É um tema dos mais urgentes e necessários nos dias atuais. Se todos nós, pastores e líderes, agíssemos de acordo com os princípios abordados pelo pastor Abe neste livro, não teríamos um núm ero tão grande de desviados em nossa nação.

O Pastor Abe escreve com a autoridade de quem vivência todos esses princípios e valores. Ele primeiro experimentou toda essa realidade na prática; viveu para depois escrever. Para mim ele é o maior referencial de pastor que eu conheço, que ama e dá a vida pelas ovelhas. E é esse coração que tem feito a diferença no ministério do pastor Abe e no crescimento de nossas igrejas.

Alegra-me poder encorajar cada pessoa que tem acesso a este livro a fazer não somente um a leitura de seu texto, sem preconceitos ou atitudes defensivas, mas a ler também a alma e o coração do autor que pulsa em cada página, cada linha. U m a leitura profunda vai trazer mais entendim ento e compromisso, ajudando-nos a colocar em prática a mensagem apresentada.

Acredito que a leitura integral deste livro pode suscitar um batalhão maior de “restauradores”. Sei que muitas igrejas e líderes já fazem isto com bastante propriedade, mas um estímulo e um desafio como é este livro só vai aumentar a chama de amor e cuidado que já está acesa, ou começar um fogo onde ele ainda não existe. Deixe o Espírito Santo e o Pastor Abe falarem ao seu coração através das páginas deste livro. Deus quer fazer de nós verdadeiros restauradores de soldados feridos. Ao combate!

Pastor Sandro OliveiraDiscípulo do Pastor Abe

Vice-Presidente da Igreja da Paz Fortaleza

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I n t r o d u ç ã o

O Comitê Olímpico Internacional realiza periodicamen­te várias competições pelo mundo. Há os Jogos de Verão, que são os maiores e mais famosos, mas há também as Olimpíadas de Inverno e as Paraolimpíadas, estas voltadas para os portadores de necessidades especiais.

Há alguns anos os Jogos Paraolímpicos aconteceram na cidade de Seattle. Ali, nove participantes, todos física ou mental­mente deficientes, se reuniram na linha de largada para a corrida dos 100 metros. Q uando foi dado o tiro de largada, todos eles saíram apressados, não exatamente em disparada, mas com a dis­posição de terminar a corrida e vencer.

Todos avançavam bem na corrida, menos um menino que tropeçou no asfalto, caiu umas duas vezes e começou a cho­rar. Os outros oito ouviram o menino chorando. De repente eles dim inuíram a velocidade e pararam. Então, todos eles se viraram e voltaram. Cada um por sua conta.

U m a menina com Síndrome de Down curvou-se, bei­jou -o e disse: “Isso vai fazer a dor passar”. Em seguida, os nove se deram os braços e andaram juntos até a linha de chegada. Todo m undo no estádio se levantou, e os aplausos duraram por dez minutos.

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Aqueles jovens podiam até ser deficientes do corpo e da mente, mas não eram deficientes de amor, de compaixão, de m i­sericórdia. de sensibilidade. A pior doença de que alguém pode padecer é a insensibilidade. Ao 1er esse relato, quase dá para ouvir o que Jesus disse para o intérprete da lei que acabara de ouvir a parábola do Bom Samaritano: “Agora vai tu eprocede de igual modo” (Lucas 10.37).

Esta história é uma lição poderosa que nos leva a repensar o nosso viver cristão, a dimensão do nosso amor e compaixão, para que possamos repartir com os outros as ricas bênçãos pro­venientes do coração compassivo de Deus. Ele tem derramado sobre nós graça sobre graça, e, mesmo sem merecermos somos premiados com todas as dádivas do Seu tesouro, simplesmente porque Jesus resolveu nos amar, confiar em nós e investir tudo em prol da nossa salvação e sucesso aqui na Terra.

Este livro nos conclama a uma tomada de decisão. Ele é dedicado aos cristãos maduros, líderes que estão em posição e condição de restaurar aqueles que se decepcionaram, se desvia­ram, foram para o m undo e se apartaram da presença de Jesus e da comunhão do Seu corpo.

Este livro nos desafia ainda a rever as nossas motivações, reavaliar o nosso compromisso com Deus e com os nossos ir­mãos, e partir para ações concretas de amor e resgate. Com o soldados, nosso objetivo maior é agradar Aquele que nos alistou, e jun to com Ele recuperar os territórios perdidos para o inimigo. Começando pela nossa casa, pelos mais de perto, continuaremos com os nossos amigos e irmãos afastados, pois somos agentes de reconciliação, para a glória de Deus.

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C apítulo 1

ENTENDENDO AS BAIXAS NO EXÉRCITO

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Existem muitos homens e mulheres de Deus que amam ao Senhor Jesus sinceramente, de todo o coração, mas que em dados momentos da vida já levaram uma rasteira do diabo, um contra-ataque do inimigo, e de repente se encontram feridos, sangrando pelo caminho da vida. Eles, que outrora estavam sendo grandemente usados por Deus nos campos de batalha, agora, de repente, se veem feridos, rejeitados, com um peso na consciência por haverem pecado contra Deus. Por esse motivo tais pessoas vão para o fundo do poço, e de lá não sairão, a menos que outros soldados façam o seu resgate, deem-lhes a mão.

PAPEL DA IGREJA COM RELAÇÃO AOS SANTOSAgora, qual deve ser a nossa atitude em relação a esses

irmãos que se encontram feridos pelo pecado? Nossa reação deve ser de restauração. A igreja é apresentada na Bíblia como uma família. Somos irmãos em Cristo e filhos do mesmo Pai se já tivermos entregado nossas vidas a Deus. Daí que, sendo família, temos responsabilidades de uns para com os outros. Não podemos ser como Caim, para quem Deus perguntou: “Onde está Abel, teu irmão?” E ele respondeu: “Não sei: Acaso sou eu guardião, do meu irmão?” (Gênesis 4.9). O Senhor queria que ele soubesse, que se sentisse responsável, que tivesse prazer na companhia e no sucesso do outro diante de Deus. Mas não; ele respondeu com uma pergunta que era, ao mesmo tempo, uma atitude de afastamento, de descompromisso, de indiferença. A tal ponto que tinha matado o seu irmão e parecia não sentir nada com relação a isso.

A posição de Deus para ele era a seguinte: “Sim, você é guardião do seu irmão. Você é mais velho do que ele, e por isso mesmo deve velar pelo seu bem-estar, ajudá-lo nas suas lutas, alegrar-se com o sucesso dele, apoiá-lo para crescer”. A posição de Deus para nós, hoje, é a mesma: nós somos guardiões do nosso irmão em termos que

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jgrar por ele, discipulá-lo na verdade, conduzi-lo à maturidade ^cristã, ajudá-lo a crescer até à estatura de Cristo. Devemos estar preparados para quando Deus nos perguntar: “Gude está teu irmão?”

A igreja é comparada a um exército, guerreando contra o mal, debaixo do General J .C. (Jesus Cristo). Em outras situações, a própria Bíblia nos compara a um corpo. Dessa maneira, somos membros uns dos outros. O pé não pode dizer à mão: “eu não preciso de ti”. Precisamos um do outro a cada dia, independente do quanto gostemos ou não dessa interligação que há entre nós e nossos irmãos. O que você precisa entender é que somos singular, únicos, especiais e importantes para preenchermos alguma lacuna na vida de outra pessoa, e imprescindíveis para o crescimento do corpo de Cristo.

A igreja se compara tam bém a uma escola, onde todos nós somos alunos. Estamos sentados aos pés do Espírito Santo, sempre crescendo e aprendendo mais. N o entanto, gostaria de fazer uso aqui de uma analogia entre a igreja e um hospital. Neste, o povo de Deus deve servir sempre como agentes de saúde em um pronto-socorro, de plantão vinte e quatro horas por dia, para restaurar as pessoas feridas na vida.

Existem muitas pessoas sangrando, cujas vidas foram despedaçadas em muitas áreas de seu viver. Por isso nós, como povo de Deus, devemos servir como agentes de um verdadeiro hospital. Q uando a pessoa se sente derrotada, fraca, cabisbaixa, pecadora e frustrada na vida, ela fala que não vai à igreja porque se considera um errante pelos caminhos da vida. Eu gosto de dizer que a igreja é um lugar para você que se enquadra nessas situações.

A igreja é um hospital que pode trazer a cura para todos os doentes (tanto espiritualmente, como até mesmo dos enfermos no corpo físico). Pobre é o hom em que pensa não precisar de alguma cura, restauração e transformação em sua

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vida, por menor que seja. Todos nós precisamos de ajuda, de cura, restauração. Felizes são o homem e a m ulher que reconhecem que precisam de mais cura, que dependem do tratamento de Deus, desse santo hospital que se chama a igreja do Senhor Jesus.

A igreja não é um hospital somente para as pessoas de fora, mas também para os que fazem parte dela, ou seja, aqueles que estão dentro. Muitas vezes nossas igrejas estão cheias de pessoas que precisam de cura. São soldados valentes que trabalharam muito para Jesus, mas que, de repente, pisaram na bola, levaram uma rasteira do inimigo e estão precisando de um om bro amigo, do hospital para tratamento e cura.

Nós tem os que ser essa igreja-Jiospital. apta para promover cura e restauração para os soldados feridos. Nossa fé autêntica deve estimular, procurar e celebrar a restauração de quem se desviou da verdade do Senhor. Seja um desvio no sentido de incorrer em erros de fé e de ensino, seja no sentido moral, de caminhada, de caráter.

TIAGO E A IGREJA JUDIA D O PRIMEIRO SÉCULOVeja o que o apóstolo Tiago escreve em seu livro:

“Irmãos, se algum dentre vós se tem desviado da verdade, e alguém o converter, saiba que aquele que

f iz e r converter do erro do seu caminho um pecador, salvará da morte uma alma, e cobrirá uma multidão de pecados” (Tiago 5.19-20).

Por aqui vemos o chamado fantástico e a oportunidade que Deus dá, não somente para os pastores e líderes de células, mas para todo seguidor de Jesus, 4e ser um r.estaunidor de brechas; de restaurar os soldados feridos e ajudar aquele irmão que se desviou da verdade. Converter essa pessoa do seu pecado e do

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caminho errado, salvar a sua alma da morte e cobrir multidão de pecados: eis aqui um grande privilégio que Deus tem -nos dado!

Tiago escreveu para os cristãos judeus da Diáspora. Diáspora é uma palavrinha que significa “dispersão”, referindo-se aos judeus que foram espalhados por todo o Império Romano desde os tempos do Cativeiro Babilónico, e agora moravam por todas as províncias. M uitos deles agora eram cristãos, como resultado provável da mensagem de Pedro no dia de Pentecostes, quando muitos deles estiveram lá para a festa e se converteram pela ação do Espírito Santo. Eles voltaram para seus lugares de origem e lá continuaram a seguir a Jesus, talvez ajudados por equipes apostólicas e missionários itinerantes, como Tiago e Pedro. Mas, com o tempo, começaram a sofrer dificuldades.

N o caso do texto citado acima, os cristãos da Diáspora aparentemente tinham inúmeros motivos que podiam usar como argumento para justificar o seu desvio da caminhada cristã. Podiam desviar-se por incredulidade, por frieza espiritual, ou talvez por não terem sido bem cuidados, devido à vastidão do Império. Poderiam ter-se afastado pela expectativa de um favor ou benefício divino não alcançado de imediato, por falta de convicção religiosa, por desentendimentos internos, pela busca por poder (cargos e posições) ou favorecimentos não obtidos. Podiam estar se desviando por se sentirem injustiçados, magoados diante de constrangimentos, ou por terem sido vítimas da acepção de pessoas, ou ainda por se julgarem alvo de atitudes erradas por parte de líderes ou pessoas que deveriam agir obrigatoriamente de outra maneira - mais madura e mais amorosa.

A Bíblia foi escrita para os cristãos de todos os tempos. E embora eu saiba que o retrato dos cristãos judeus para quem Tiago escreveu se repete ainda hoje, eu sei tam bém que o outro lado é verdade. Eu pessoalmente conheço muitos e muitos cristãos e líderes na igreja que não procedem da maneira denunciada por Tiago. Mas, infelizmente, esta tem sido a realidade em muitos outros casos.22

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SITUAÇÃO DOS DESVIADOS N O BRASILCom base nas taxas de crescimento do núm ero de

evangélicos no Brasil, calcula-se que sejamos uma população crente de mais de 40 milhões. Mas destes, quantos já foram eficazmente consolidados na igreja? Quantos compreenderam os princípios básicos e elementares da fé cristã e foram batizados? Quantos foram ou estão sendo discipulados, acompanhados por outros cristãos que lhes ajudam a avançar na fé e crescer na graça e no conhecimento de Jesus? Quantos ainda estão na igreja?

Não existem dados oficiais quanto à permanência dos crentes na igreja brasileira, mas a experiência prática tem sido arrasadora na maioria das igrejas. Ainda que o núm ero de desviados continue oficialmente desconhecido e indisponível, calcula-se que há entre 30 e 40 milhões de pessoas que se desviaram do evangelho no Brasil, por motivos os mais diversos possíveis.

Alguém disse certa vez que “a igreja é o único exército que Jem tendência a m atar seus feridos”. Ela é também o único exército do m undo cujos soldados não voltam para buscar seus feridos no campo de batalha. Ao contrário, substitui-os rapidamente no batalhão e segue em frente, esquecendo-se de que muitos soldados de valor ficaram à beira da morte, pelas trincheiras.

Não há dados oficiais com relação à situação dos desviados no Brasil, mas há muita preocupação e estudos sobre o assunto hoje em dia. O pastor Sinfrônio Jardim Neto, de Belo Horizonte, é dos que têm estudado e escrito extensivamente sobre o assunto.

O pastor Sinfrônio e outros dizem que há muita gente desesperada por um a nova chance, mas não tem a quem recorrer. Eles sabem que o único lugar onde encontrariam novamente a paz para suas almas é a igreja, mas parece que os “irmãos m ais velhos d o ji lho pródigo ” não estão verdadeiramente abertos e prontos para o seu retorno.

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M uita gente foi expulsa sumariamente das igrejas. Seja porque inadvertidamente cortaram os longos cabelos ou porque caíram em erros considerados “sem volta” por sua igreja, como o adultério. Foram disciplinados, envergonhados publicamente, afastados da comunhão e, muitas vezes, excluídos totalmente do rol de membros.

Para os que passaram pelas situações descritas acima, voltar é um passo difícil e, em algumas situações, impossível. A própria igreja discrimina os desviados - essa é uma triste constatação. O desviado é com o uma jóia de ouro que caiu na lama. Está toda suja, mas ainda é ouro c prccisa de gente interessada, garimpeiros que estendam a mão e vasculhem até encontrá-lo.

O pastor Sinfrônio diz que uma igreja de 200 membros perde outros 400 em 10 anos. A constatação é que, para cada crente que fica firme, depois de 10 anos, há outros dois que se desviaram completamente, sem contar os que mudaram de igreja.

Existem casos de irmãos que foram expulsos da igreja porque não usavam chapéu. M ulheres são afastadas por terem cortado o cabelo, pintado as unhas, usado calças compridas. Hom ens são disciplinados por terem deixado crescer a barba, usado bermudas, jogado futebol e até por terem sido vistos andando de bicicleta.

As falsas profecias levam m uitos ao desvio. Pode ser que alguém profetizou a cura de um filho doente, e o menino morreu. Pode ser uma direção para casar com determinada pessoa, e aí os dois casam, mas o casamento não dá certo.

A decepção com lideranças tem feito muitos tropeçarem. Acontece de o mem bro procurar alguém para confessar uma fraqueza ou pecado e, em vez de perdão e ajuda para vencer o mal, recebe a maior condenação.

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Existe também toda uma propaganda bonita que algumas igrejas fazem na mídia. As pessoas querem prosperidade e so­luções imediatas, aqui e agora, sem entenderem as implicações do discipulado. Q uerem sair do mundo, mas ao mesmo tem po conservgi ,um.estilo de vida pecaminoso.

-----------------““ i"M U H M M M jM M M M m M UExiste ainda muita gente desviada por decepção contra o próprio Deus. A pessoa é crente fiel e, de repente, alguém a quem ela ama morre. Ela pode culpar a Deus pelo infortúnio. Age como se Deus tivesse sido ingrato para com ela.

As pesquisas mostram que q uando os desviados não são visi­tados, a condenação em suas mentes e coração se torna ainda maior. A pesquisa do pastor Sinfrônio mostra que entre 60% e 70% dos desviados não recebem qualquer visita de líderes ou membros após sair da igreja. São simplesmente descartados ou substituídos por outros membros. Os outros 40% ou 30% de desviados recebem de uma a três visitas, só que na maioria das vezes é uma visita de cobrança ou condenação. Em vez de amar o pecador e odiar o pecado, os visitantes apedrejam os dois, tra­zendo mais condenação.

Hospícios e presídios estão lotados de ex-crentes. Em muitos deles você encontra gente internada que recita ver­sos bíblicos e canta canções cristãs. U m dia eles caíram em peca­do e os demônios tomaram conta de suas vidas. Basta visitar um presídio e encontraremos inúmeros josués, elias e samuéis. De­tentos com nomes bíblicos, o que demonstra um berço cristão. Q uando você começa a conversar com um deles, descobre que é filho de presbítero de igreja.

Em cada 10 mendigos que andam com sacos de bugi­gangas nas costas, próximo a rodoviárias e estações de trem - ou próximo aos mercados e portos-trapiches da Amazônia - pelo menos três já participaram de uma igreja cristã. Você até encon­tra entre eles homens que um dia ocuparam solenes púlpitos e pregaram o evangelho.

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Um a grande causa para os desviados não retorna­rem é a falta de perdão. Não perdoam a si mesmos, nem per­doam aos outros. Muitos estão magoados com o próprio Deus e O culpam por tudo. O utra causa é a maioria das igrejas não pos­suir qualquer trabalho voltado para resgatar os desviados. M ui­tos chegam a usar versos bíblicos para justificar o esquecimento. “Saíram de nós porque não eram dos nossos...” é um dos mais citados. É triste saber que a maioria dos desviados (acima de 50%) é afe­tada pelo ressentimento contra a sua ex-liderança.

Imagine a seguinte cena: vários soldados estão lutando no campo de batalha, e, de repente, um deles é atingido na perna, e começa a sangrar. Os outros ficam estarrecidos, sem saber o que fazer. E uma cena horrível: sangue e fumaça por todo lado. As balas passam zunindo sobre as cabeças de todos, e o ferido co­meça a rolar pelo chão com terríveis dores, gritando para alguém ajudá-lo. Aí o sargento diz para os demais soldados: “Não, nin­guém o ajude, senão o inimigo pode nospegar\” O soldado ferido con­tinua a pedir ajuda, daí então o sargento aponta a metralhadora em sua direção e o mata à queima-roupa e a sangue frio. Isso se­ria muito cruel e diabólico, com toda certeza, e nenhum exército do m undo civilizado faz assim com as suas tropas. Todavia, isso acontece no m undo espiritual, mais do que nós imaginamos.

DADOS SOBRE CONVERSÃO E DESVIO N O M U N D O

Existe um famoso órgão de pesquisas nos Estados Unidos chamado International Bulletin o f Missionary Research - IBMR (Boletim Internacional de Pesquisa Missionária). Ele apresenta os dados detalhados do Cristianismo no mundo. Trata-se de uma espécie de mapeamento de como anda a fé cristã em nosso planeta.

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U m dos dados mais interessantes do International Bulletin ofMissionary Research diz respeito ao núm ero total de convertidos e desviados todos os dias, no mundo, considerando todos os segmentos denominados cristãos. De acordo com o IBMR de 2010, cerca de 170 m il pessoas se convertem todo dia ao Cristianismo no m undo, mas, em contrapartida, todos os dias 91 m il cristãos se desviam, o que significa dizer que há um acréscimo real diário de 79 m il novos cristãos em todo o mundo.

Considerando os números acima, 53% dos que se convertem ao C ristianismo todos os dias no m undo se desviam. Apenas 47% permanecem. E desses, a qualidade da sua fé é questionada por muitos estudiosos sérios. Dos que permanecem, não podemos dizer sobre todos que são crentes nascidos de novo e que dão testem unho de Jesus; muito menos que vivenciam os valores da fé. Claro que há razões, peculiaridades e contextos variados dentro desse núm ero de desviados por dia, mas esse dado não deixa de enfatizar a necessidade de as igrejas investirem mais em discipulado, pastoreio eficaz e ensino.

De acordo com o censo do IBMR, existem 2,2 bilhões de cristãos no mundo. Destes, há 1,13 bilhão de católicos romanos, 806 milhões de protestantes de várias matizes e 253 milhões de ortodoxos. Eles apuraram que dos 2,2 bilhões de cristãos existentes no m undo, apenas 1,5 bilhão são cristãos que vão regularmente à igreja. Isto é, 700 milhões não vão à igreja ou quase não vão, o que significa que 33% dos cristãos do planeta são nominais.

Ainda segundo o IBMR, há 39 mil denominações cristãs hoje no mundo, com 3,7 milhões de congregações — a maioria delas de origem protestante, principalmente os pentecostais.

Restaurando os Soldados Feridos

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A f o g a m e n t o ~Conta-se que uma aldeia era cortada por um turbulento rio. Certo dia irrompeu um grande alvoroço no povoado que tomou conta de todos: “Socorro! Menino no rio!” As mães saíram correndo: “Será meu filho?” Um rapaz que apreciava a cena e era ótimo nadador amarrou uma corda pela cintura e jogou a outra extremidade para a multidão, egritou: “Eu vou buscá-lo! Segurem a corda!”E se lançou nas revoltas águas. Quando conseguiu agarrar o menino, foi um alívio para todos. A multidão aplaudiu entusiasticamente. O rapaz gritou, então: “Puxem a corda!”. Mas nenhuma só pessoa havia segurado na ponta da corda, e os dois pereceram nas turbulentas águas do rio.

Pr. Abe Huber

O m undo é assim, como um rio turbulento onde cristãos descuidados podem cair. O trabalho de resgate não pode ser de uma pessoa só, mas de todos. O bom nadador não podia resgatar o menino sozinho; ele precisava que as pessoas da vila puxassem a corda. Todos devemos puxar a corda para restaurar aqueles que estão se afogando, naufragando.

Existem muitos irmãos que são soldados feridos no campo de batalha. O diabo enganou aquele irmão e ele caiu em pecado, mas, ao invés de ajudarmos, muitas vezes acabamos matando os soldados que estão passando por problemas. Mas eu creio que, se algum de nós já agiu assim no passado, com a graça de Deus, não faremos mais isso. Deus nos mudará para que tenhamos uma nova cultura espiritual, tendo a mentalidade bíblica de restaurar os soldados feridos.

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C a p ítu lo 2

SINTOMAS DA TENDÊNCIA DE MATAR OS SOLDADOS FERIDOS

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Restaurando os Soldados Feridos

ESQUECER TODAS AS COISAS BOAS QUE OS SOLDADOS FERIDOS JÁ FIZERAM N O PASSADO

Às vezes o soldado acabou de ser ferido, e parece que dá um a amnésia diabólica nos outros irmãos. Eles esquecem que aquele irmão fez tanto em prol do Reino de Deus, que já ajudou tantas pessoas. E mais fácil se deixar levar por essa amnésia (perda total ou parcial da memória), esquecendo-se facilmente da boa fase daquele líder. Agora ele começa a sentir aquela condenação e reação brutal por parte de muitas pessoas. Começam a questionar: “por que ele fe z isso”? “Ele não sabe que isso épecado”? Sim, é verdade que é pecado mesmo, e é horrível, mas ele é um soldado, ferido; pelo amor de Deus! Nós, como igreja, precisamos ir atrás desses soldados espalhados pelo Brasil afora para restaurá-los e ajudá-los a se livrar das garras do inimigo.

Eu me lembro do exemplo de Jim m y Swaggart. Aqueles que são um pouco 'mais antigos na fé ainda se lembram de seu ministério, suas aparições na televisão de todo o m undo como um poderoso evangelista. Jim m y Swaggart nasceu em 15 de março de 1935, e agora em 2010 fez 75 anos de idade. Ele chegou a ser o maior tele-evangelista do mundo, em termos de audiência e volume de transmissões. Jim m y ainda possui muitos programas de rádio e televisão em vários países, só não com a repercussão de antes. E cantor com muitos discos gravados e escritor de vários livros. N o auge de sua carreira, seus sermões eram acompanhados de músicas alegres, cantadas e tocadas por ele mesmo ao piano, coisa que até hoje faz.

Jim m y Swaggart influenciou toda uma geração de pregadores pelo m undo afora nos anos 1980, especialmente onde seu programa semanal era transmitido. N o Brasil, seu programa era levado ao ar todo sábado de manhã, pela Rede Bandeirantes de Televisão. Era dublado em português pelo pastor Neco Simões. Jim m y Swaggart esteve no Brasil por duas vezes, onde

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lotou estádios como o Maracanã e o M orum bi, tendo milhares de pessoas que o amavam e contribuíam financeiramente para o seu ministério.

N o auge de seu ministério, Jim m y Swaggart caiu em adultério por duas vezes, e acabou perdendo seu espaço na mídia em todo o mundo. Foi horrível, mas ele mesmo foi para a televisão pedir perdão a Deus e também às pessoas pelo pecado cometido. E é verdade que quando um homem de Deus cai em um pecado sério desses, ele deve ser retirado do ministério por um bom tempo, para passar por um processo de restauração. A Bíblia fala que o pastor e a pastora devem viver de maneira irrepreensível. Porém, muitos evangélicos que outrora admiravam m uito Jim m y Swaggart, e recebiam tantas bênçãos através daquele canal, agora estavam jogando lama, falando mal dele, criticando de uma forma muito cruel.

Eu tenho um amigo pastor que já foi gerente de banco, e ele tem outro amigo também gerente de banco em Belém. Aquele senhor de Belém contou ao m eu amigo uma história muito interessante. Mesmo não sendo ainda um cristão convicto, aquele homem disse ao pastor: “Eu sei que o que Jim m y Swaggart

fe z foi horrível, e é pecado. Porém, eu perdoei o Jim m y Swaggart. Sabe por que, pastor? Eu nunca poderei esquecer o tanto que eu e minha família fomos transformados pela mensagem da Palavra de Deus que o Jim m y Swaggart trouxe para nós através da televisão. Nossas vidas foram mudadas e transformadas, e eu não posso esquecer tudo o que Deus fe z através daquele homem”.

Irmãos, isso é muito lindo e m uito nobre. Nós não podemos nos esquecer de como esses soldados feridos já fizeram muitas coisas em prol do Reino de Deus. Hoje, após ser restaurado e retornar aos púlpitos, o Jim m y voltou a pregar e continua ativo e operante nos Estados Unidos, no Canadá e em alguns países do continente Africano.

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C O N D E N A R O S SO LD A D O S FE R ID O S

Este é outro sintoma da terrível tendência de matar os soldados feridos. A Bíblia fala que o diabo é quem é o acusador de nossos irmãos. Mas nós, muitas vezes, somos influenciados pelo diabo, e podemos agir como o próprio diabo, se não tivermos cuidado. E aí muitos começam a condenar e desprezar a pessoa que se encontra perdida na estrada do erro. O diabo tem uma estratégia m uito suja: primeiro ele tenta você, fazendo o pecado parecer gostoso, maravilhoso, inocente. Agora, depois que a pessoa peca, ele começa a massacrar, e fala: “está vendo, seu miserável? Você não dá conta de vencer esse pecado mesmo...” “Não adianta você tentar seguir a Jesus; você nunca vai vencer este problema”... “Já que você pecou, então agora peque mais”. “É melhor você desistir de vez desse negócio de seguir a Jesus\’’ “Você não dá conta de mudar”... O diabo é assim: sujo e perito em condenar as pessoas. Primeiro ele seduz a pessoa para o erro, pintando e disfarçando o pecado com cores vivas e atraentes, e depois tem prazer em fazê-la sentir um terrível peso de culpa sobre suas costas e consciência.

Mas graças a Deus que as Sagradas Escrituras falam que se você pedir perdão a Deus, e confessar os seus pecados, Ele lhe perdoa, purifica-o e não se lembra mais dos seus pecados. “Se. porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de festis, seu Filho, nos purifica de todo pecado... Se confessarmos os nossos pecados; ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (I João 1.7,9).

A Palavra de Deus diz mais: “E não ensinará mais cada um a seu próximo, nem cada um a seu irmão, dizendo: Conhecei ao S E N IIO R ; porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o S E N H O R ; porque lhes perdoarei a sua maldade, e nunca mais me lembrarei dos seus pecados” (Jeremias 31.34).

A promessa de perdão para o que se arrepende vai mais além: “Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor

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de mim , e dos teus pecados não me lembro” (Isaías 43.25). “Portanto, agora nenhuma condenação há para 05 que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo 0 Espírito” (Romanos 8.1).

Muitas vezes nós temos imitado o diabo, ao condenar as pessoas que por algum motivo pisaram na bola em vez de seguir o exemplo de Jesus. Nunca vou me esquecer de uma história que mostra como o diabo gosta de condenar, julgar e trazer mais condenação. Esse episódio sucedeu com um pastor que estava tirando tempo com Deus em oração e jejuando. Ele iria ficar neste propósito de jejum até certo período (dia e hora). Mas, antes do término daquele período, certo dia a esposa dele estava cozinhando uma deliciosa refeição. Aí o pastor, com o seu olfato aguçado, começou a sentir o cheiro agradável do feijão com bacon que estava sendo preparado. U m detalhe interessante é que quando a pessoa está jejuando, tudo se torna muito gostoso, mais cheiroso. Parece que tudo relacionado a comida apela para os seus sentidos. O pastor não resistiu à tentação e quebrou o jejum antes do tempo que ele tinha estabelecido como propósito, e comeu daquele delicioso feijão até se fartar. Depois se sentiu muito condenado por não ter suportado cumprir a meta que tinha determinado, e pediu bastante perdão a Deus.

Não demorou muito e nosso amigo pastor ouviu batidas em sua porta. Era alguém dizendo: “Pastor, tem alguém endemoninhado lá na nossa rua. O senhor pode ir até lá para expulsar 0 demônio?” O pastor disse: “Oh Deus... Mas, amém... não épelos meus méritos e, sim, pelo poder do nome de Jesus, e eu fu i perdoado, purificado e já me arrependi mesmo por ter me excedido no feijão”. Aí o pastor vai até a residência onde se encontra a pessoa endemoninhada. U m indivíduo que se encontra num a situação daquela está ferido e escravizado pelo diabo. N ão podemos esquecer que ali está um ser hum ano precioso para Deus.

O pastor foi com zelo e amor até àquela pessoa, e falou com o demônio que estava possuindo àquele indivíduo: “Espírito

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maligno, eu te ordeno em nome de Jesus: sai!” O demônio, através da boca daquela pessoa, disse: “Eu não saio!” O pastor tornou a repetir: “Eu disse sai, em nome deJesus!”. O demônio começou a rir dele, e disse: “Você acha que com essa barriga cheia de feijão você vai me expulsar desta pessoa?” O pastor replicou: “Olha, com feijão ou sem

feijão, eu te ordeno que saias, em nome de Jesus!” E o demônio saiu, para a glória de Jesus. A nossa autoridade sobre a obra das trevas não se baseia em nossas obras de justiça ou esforço próprio, mas na obra completa realizada por Tesus na cruz do Calvário: é o poder e a autoridade do nome e do sangue de lesus. Precisamos orar e jejuar, mas nosso sacrifício não é nada, comparado ao sacrifício de Jesus.

Veja só o que a Bíblia diz: “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus...” (Romanos 8.3). Glória a Deus pela ju s tifica ção de Jesus.

Somos justificados por Cristo no momento da nossa salvação. A justificação não nos faz justos, mas declara a nossa justiça. Nossa justiça vem de colocarmos nossa fé na obra completa de Jesus Cristo. Seu sacrifício cobre o nosso pecado, permitindo que Deus nos veja como perfeitos, e sem qualquer mancha. Pelo fato de nós, como crentes, estarmos em Cristo, Deus enxerga a justiça de Seu Filho quando olha para nós. Isto satisfaz as exigências de Deus para a perfeição; assim, Ele nos declara justos - Ele nos justifica em Jesus.

Romanos 5.18-19 resume muito bem o princípio da justificação: “Pois assim como, por uma só ofensa, veio o ju ízo sobre todos os homens para condenação, assim também, por um só ato de

justiça, veio a graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida. Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores, assim também, por meio da obediência de um só, muitos se tornarão justos”.

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JU L G A R A PESSOA E FALAR MAL DELA NA SUA AUSÊNCIA

Vejamos o que o apóstolo Tiago relata em seu livro: “Irmãos, não faleis mal uns dos outros. Quem fala mal de um irmão, e julga a seu irmão, fala mal da lei, e julga a lei; e, se tu julgas a lei, já não és observador da lei, mas ju iz . H á só um legislador que pode salvar e destruir. Tu, porém, quem és que julgas a outrem?” (Tiago 4.11-12).

Existem algumas formas já tipificadas de como se fala mal de outra pessoa. A seguir apresentamos algumas delas.

Falar mal ipela difamação“O homem perverso espalha contendas, e o difamador sepa­ra os maiores amigos” (Pv 16.28).

“Como um pedaço de pau, uma espada ou umajlecha agudaé o que dáfalso testemunho contra o seu próximo” (Pv 25.18).

O Dicionário Aurélio define a contenda como: 1. Tirara boafam a ou o crédito a; desacreditar publicamente; infamar, detrair, falar mal. 2. Imputar a (alguém) um fato concreto e circunstanciado, ofensivo de sua reputação, conquanto não definido como crime.

De acordo com o ordenamento jurídico brasileiro, difa­mação é crime contra a honra, previsto no artigo 139 do Código Penal. Infelizmente, existe uma considerável quantidade desses criminosos dentro das igrejas, e o pior de tudo é que muitos deles são líderes! E ninguém é punido, pelo menos de maneira evidente, pelos homens.

Mas a difamação é um sério pecado diante de Deus: “Ir- mãos, não faleis mal uns dos outros. Aquele que fala mal do irmão, ou julga a seu irmão, fa la mal da lei, e julga a lei; ora, se julgas a lei, não és observador da lei, mas ju iz ” (Tiago 4.11).36

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Por outro lado, uma das boas maneiras de restaurar o sol­dado ferido é falando boas palavras, promovendo paz. “.'Aquele que não difama com sua língua, não fa z mal ao próximo, nem lança injúria contra o seu vizinho... Quem deste modo procede não será jam ais abalado” (Salmo 15.3,5). Aqui vemos bênçãos e pro­teção para quem não difama.

Falar mal pela calúniaPaulo é categórico quando adverte Timóteo: “Nos

últimos dias sobrevirá tempos difíceis; pois os homens serão... caluniadores... Foge também destes” (II Timóteo 3.1-5). A calúnia é uma das armas mais mortais para derrubar soldados no campo de batalha.

ODicionárioAuréliodefineacalúnianosseguintestermos:1. Difamar, fazendo acusações falsas; mentira, falsidade, invenção.2. (Jur.) A tribuir falsamente a (alguém) fa to definido como crime.

A Calúnia pode ser feita através de mentira, falsidade e invenção contra alguém. O Código Penal Brasileiro a tipifica como crime no artigo 138. e prevê pena de seis meses a dois anos (mais multa) contra os caluniadores.

Independente de como a lei penal é ou não aplicada na esfera prática, não podemos deixar de reconhecer que o m undo secular parece mais severo do que a igreja quando o assunto é calúnia. A Bíblia não é. Ela é muito séria e rígida quando trata deste assunto. Só é de admirar que, em muitas igrejas, os caluniadores não sofrem qualquer ação disciplinar por conta de seus crimes, e por isso o mal se avoluma. Dessa maneira, o caluniador sente- se encorajado na sua tarefa maligna e destruidora dos valores alheios, pois não há sanções contra seus ilícitos.

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A calúnia é como um fogo que se alastra atiçado pelo vento. Logo outros da mesma índole começam a relembrar, reproduzir as fofocas^e comentar as fraquezas, imperfeições e pecados alheios, servindo-se da língua. Alguns, mais espirituais, dizem que estão comentando apenas para que a outra pessoa ore pela situação. E surgem assim verdadeiras correntes de oração: cada pessoa contando o fato para outra e pedindo que esta ore por determinada pessoa em pecado ou fraqueza.

A Bíblia condena a calúnia: “Não dirás falso testemunho contra o teu próximo” (Êxodo 20.16). Este mandamento protege o nome e a reputação do próximo. N inguém deve fazer declarações falsas a respeito do caráter ou dos atos de outra pessoa. Devemos falar de modo justo e honesto a respeito de quem quer que seja. Se há razões reais que demandam um urgente confronto, devemos praticar os princípios de Mateus 18.15-17. Aqui fica bem demonstrado como devemos tratar um irmão que pecou. Devemos sempre ir primeiro com a pessoa, diretamente.

“Não espalharás notícias falsas... D a falsa acusação te afastarás...” (Êxodo 23.1,7).“Seis cousas o Senhor aborrece... testemunha falsa que profere mentiras, e o que semeia contendas entre os irmãos”(Provérbios 6.16,19).“A falsa testemunha não fica impune, e o que profere mentiras perece” (Provérbios 19.9).Conhecedores da gravidade desta situação, é necessário

que o povo do Senhor se aparte de toda forma de calúnia e que procure viver em santidade. Dessa maneira, estaremos nos guardando pessoalmente contra as ciladas do inimigo, e ao mesmo tempo protegendo nossos irmãos de serem feridos e massacrados pelo inimigo.38

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Falar mal pelos boatos“Não têm eles sinceridade nos seus lábios; o seu íntimo éde todo crimes; a sua garganta é sepulcro aberto, e com alíngua lisonjeiam (adulam)” (Salmo 5.9).

Aurélio Buarque de Holanda, no seu dicionário, define o boato como: “Notícia anônima que corre publicamente sem confirmação; balela, rumor”.

O boato só pode ser uma obra que procede do coração maligno. E o diabo usa seus demônios para entrarem nas igrejas e despertarem as pessoas para usarem suas línguas para essa prática. Se não temos certeza de um fato, qual a necessidade de espalhá-lo? E mesmo tendo certeza, se sabemos que a publicação dele só vai provocar fofocas e escândalos, por que publicá-lo, se podemos procurar o irmão faltoso e ajudá-lo a se consertar?

“Não espalharás notícias falsas...” (Êxodo 23.1). Esta é a determinação do Senhor para seu povo!

S IM P L E SM E N T E IG N O R A R O SO L D A D O

M uita gente não sabe que tal atitude também pode causar muitos transtornos na vida desse soldado. Vejamos um exemplo dessa realidade. Suponhamos que você esteja num campo de batalha, e que você está guerreando ao lado de outros soldados, no exército de Jesus, lutando contra o mal. Aí, de repente, um soldado cai ferido ao seu lado. Você, então, decide não fazer nada em prol de trazer melhoria e cura para tal soldado. Mas, você pode até dizer: “Pastor* eu sei de muitas coisas erradas, mas não falo nada, fico só na minhal”

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Você sabia que a atitude acima é pecado? Sabe por quê? Porque este é o famoso pecado da omissão. Você não fala nada; embora tam bém não fique julgando e fofocando sobre o irmão caído. Essa, definitivamente, não é uma boa atitude. Você não faz nada para aquela pessoa sair do “buraco”. Por isso que é pecado de omissão. E você ainda se torna cúmplice, porque quem cala, consente.

A Bíblia diz: “E não sejais cúmplices nas obras infrutíferas das trevas; antes, porém, r e p r o v a i- a s (Efésios 5.11). Se você realmente ama o seu irmão, é claro que não vai ficar falando mal dele, projetando acusação ou condenação sobre ele. Mas você vai atrás dele com amor e carinho, vai confrontá-lo acerca do seu erro, do seu pecado; você vai corrigi-lo e amá-lo. Você vai restaurar suas feridas e livrá-lo das garras do maligno.

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C apítulo 3

O CORAÇÃO RESTAURADOR DO SAMARITAN O

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Restaurando os Soldados Feridost

O livro de Lucas nos apresenta muitas histórias belíssimas. Muitas vêm em forma de parábolas, ricas em significado para o nosso viver como indivíduos e como grupo. M ostram o grande amor de Deus para com o homem, mas mostram também o amor que devemos ter por Deus e uns para com os outros. U m a dessas histórias que Jesus contou foi sobre um bom Samaritano. Ela tem algo m uito profundo, o que acredito poder abençoar m uito o nosso coração.

Esta parábola foi contada como resposta a um intérprete da lei que lhe perguntou: “Quem é o meu próximo?” - a quem Jesus decidiu dar uma lição, bem dada.

“E, respondendo Jesus, disse: Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram, e espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto. E, ocasionalmente, descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo. E de igual modo também um levita, chegando àquele lugar, e, vendo-o, passou de largo” (Lucas 10.30-32).

A história continua com uma riqueza muito grande de detalhes, os quais veremos aos poucos, no decorrer deste capítulo. Mas, primeiro, gostaria que percebêssemos algo interessante neste relato. Jesus está narrando a história de um hom em que andava pelas estradas. Seu veículo de locomoção era um animal. Talvez ele levava muitos mantimentos e dinheiro consigo, além de muitas bagagens.

Ferimentos por trafegar por terrenos perigososO homem descia de Jerusalém para Jericó. Jerusalém

representava o centro religioso onde se encontrava o templo -

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lugar de adoração, louvor e gratidão ao Deus de Abraão, Isaque e Jacó. Jericó quer dizer “Lugar de Fragrâncias”. Podemos dizer que são os aromas perfumados dos sonhos e das ilusões. O utro nome de Jericó era também “Cidade das Palmeiras”.

N o tempo de Jesus, Jericó era a segunda maior cidade da Judéia. Lá em Jericó se encontrava um Palácio de inverno, um hipódromo e uma fortaleza, todos construídos por Herodes, o Grande. Era, portanto, uma bela cidade, cheia de atrativos.

Havia dois caminhos que levavam a Jericó. U m era mais seguro, só que mais longo. O outro era mais curto, um atalho, porém muito perigoso, conhecido naquela época como “cam inho sangrento”, devido ao grande núm ero de crimes terríveis que aconteciam às suas margens. Tinha 27 km de extensão, e uma ladeira acidentada que descia por 1040 metros, desolada e m uito perigosa. Era cheio de curvas, e ao seu lado havia muitas cavernas naturais e reentrâncias rochosas, próprias para esconder muitos assaltantes que não tinham respeito pela vida humana. Foi por este caminho que nosso personagem resolveu visitar Jericó, sem se preocupar com os salteadores do caminho.

Enquanto trafegava pela estrada, o viajante foi subitamente abordado por assaltantes. Roubaram tudo o que ele tinha. Levaram a montaria, os bens, o dinheiro, ou seja, tudo o que levava consigo. Além disso, a Bíblia diz que ele foi espancado pelos assaltantes, a ponto de ficar semimorto na estrada.

A omissão da religiãoEnquanto o hom em estava agonizando, talvez desmaiado,

a Bíblia diz um sacerdote - uma autoridade eclesiástica - descia também por aquele caminho e viu o hom em sangrando e terrivelmente ferido, mas “passou de largo”. Ele passou bem longe, não falou nada e nem fofocou; no entanto, omitiu-se de ajudar aquele cidadão.44

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Deus tinha escolhido o povo de Israel para ser canal de salvação para a humanidade, e instituiu o sacerdócio judaico para Lhe oferecer sacrifícios e orações, e para cuidar do homem. Mas aquele sacerdote judeu, ele descia compenetrada e apressadamente para Jericó, e por isso não tinha tempo para cuidar do homem abandonado no caminho da vida.

Mais tarde, passa pela mesma estrada um levita, e também passa de longe. Os levitas, além de serem membros da tribo sacerdotal, tinham também o encargo de cuidar do louvar e da adoração. Eram músicos e cantores. Os levitas eram também os diáconos, líderes de departamentos, porteiros e aqueles que exerciam cargos de serviço no templo. Aquele que agora descia pelo caminho perigoso talvez estivesse apenas pensando em algum festival gospel que ia acontecer em Jericó, e não tinha tempo a perder com um homem ferido. Outra pessoa poderia chamar a ambulância, acionar os bombeiros ou o SAMU.

Muitas vezes a religião tem essa tendência de não valorizar o hom em como Deus valoriza. Deus não quer que sejamos religiosos, tão aficionados às nossas tarefas e atividades eclesiásticas que descuidemos do ser humano. Existem muitos evangélicos que são religiosos, e eu falo isso porque também sou evangélico e convivo com o meio. N ão basta ser evangélico; há muita gente sofrendo, carecendo de graça, de misericórdia, de amor, de atenção. M uitos fazem de conta que não estão vendo o sofrimento alheio. Mas nós não podemos agir dessa maneira.

Um exemplo de restauraçãoEu me lembro da história de um casal que chegou à igreja

com muitos problemas. Eu vi o seu sofrimento. Começamos a conversar e o marido me contou que há muito ele tinha se divorciado, embora eu não lembre agora qual o motivo da separação. Depois de algum tempo, ele voltou a se casar. Só que

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depois de tantos transtornos na sua vida, as pessoas começaram a marginalizá-lo na religião tradicional onde ele frequentava e era muito ativo. Ele já nem podia participar de algumas atividades básicas daquela igreja.

Aquele hom em começou a se sentir muito rejeitado. Tornou-se um soldado ferido. Eu me lembro como se fosse hoje, quando ele me procurou e perguntou: “Pastor, será que há perdão para m im ? Será que Deus me transforma?” Eu lhe respondi: “Meu irmão, realmente Deus não queria que você tivesse se divorciado; Ele queria consertar e curar o seu casamento. Mas agora isso já passou e você está casado com outra pessoa”. Eu senti que podia ir em frente, e lhe perguntei: “Você quer entregar sua vida a Jesus e receber o perdão de todos os seus pecados?” Ele respondeu: “Pastor, eu quero, de todo o meu coração”. E a sua esposa atual, que estava ao seu lado, já foi dizendo: “Eu também querol” E naquele mom ento os dois receberam Jesus como Senhor e Salvador de suas vidas.

Depois de fazer a oração de confissão com eles, o rapaz me pergunta: “Pastor, e agora?” Eu abri a Bíblia com eles e lhes mostrei o que a Palavra de Deus diz, pura e simplesmente: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas

já passaram; eis que tudo se fe z novo” (II Coríntios 5.17). Eu falei: “Meu irmão, Jesus não somente esqueceu e perdoou todo o seu passado, mas Ele também lhe purificou totalmente. Na verdade, nem existe mais esse pecado sobre você. A partir deste momento você tem uma nova vida com Jesus. Porém, obedeça à Palavra de Deus sendo fiel à sua esposa e amando-a acima de qualquer desejo que vai contra a Palavra de Deus”. O homem me perguntou: “Mas eu posso ser usado por Deus?” “Claro, meu irmão! Você não tem mais passado”. N o sentido espiritual, de imputação das faltas diante de Deus, não. E como uma criança quando nasce: obviamente aquele inocente não tem passado.

Q uando você nasceu de novo, a velha criatura que você era m orreu e foi embora. Deus agora cria uma nova criatura: “as coisas velhas já passaram; eis que tudo se f e z novo". N o estado presente de nova criatura você não tem mais passado. E toda glória seja dada a Deus por isso!46

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Restaurando os Soldados Feridos

Você poderia replicar: “Mas, pastor, depois que eu aceitei a Jesus eu pequei”. A boa notícia é que se você se arrependeu, você não tem mais aquele passado, porque a Bíblia fala que Ele lhe purificou e Se esqueceu do seu pecado. Se Deus esqueceu, não precisa ficar se condenando, pensando que não tem mais jeito para você.

Continuamos conversando e aquele agora novo homem me disse: ‘‘‘Pastor, tem outro problema. Eu estou sendo transferido para Manaus por questões de trabalho”. Eu falei: “Amém! Nós temos uma Igreja da Paz em Manaus, e sei que você vai crescer muito na fé ali”. Ele saiu de Santarém como novo convertido, juntam ente com a sua esposa.

Alguns anos depois daquilo eu estive em Manaus e me encontrei com aquele irmão. Para a minha alegria, ele já era um líder naquela igreja, sendo muito usado por Deus. Ele é um jovem senhor muito inteligente, é gerente de banco, e ainda por cima dá todo o seu tempo disponível para o serviço de Deus. Sua família está muito abençoada, a esposa vai muito bem, e ele estava até sendo usado para ministrar aulas na Escola Ministerial Paz - EM P (nossa escola bíblica para a formação de líderes). E incrível como Deus m udou a história daquele hom em completamente.

E provável que você tenha sofrido muitos ferimentos do diabo no passado. E possível que muitos deles vieram até mesmo depois de você se converter. Contudo, quero garantir- lhe que Deus tem um futuro brilhante reservado para você. Ele quer restaurar e trazer vitórias para todas as áreas da sua vida.

A igreja toda é chamada para exercer o amor e a compaixão. N ós fazemos parte desse hospital, onde somos enfermeiros e médicos para tratar os soldados feridos. Talvez você diga: “Pastor, eu também estou ferido”. Vou lhe falar algo de suma importância e conhecido por todos nós: “é dando que se recebe”. N a medida em que você começa a ajudar os outros debaixo da supervisão do Dr. Jesus, automaticamente você também é ajudado.

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C O M O RESTA U RA R O S SO L D A D O S FER ID O S?

Pr. Abe Huber

Preste bem atenção no que o texto diz: “Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão” (Lucas 10.33).

O samaritano passou perto do homem. Observe que os outros íípassaram de largo”, significando que tiveram que fazer um desvio, afastar-se do caminho para não esbarrar ou tropeçar no homem caído. Mas esse samaritano, que não tinha nada a perder ou a ganhar com o gesto, passou perto.

O levita e o sacerdote passaram por fora, motivados por vários fatores: pressa, outras prioridades, preconceito racial, preconceito religioso, medo de se tornarem eles mesmos presa dos ladrões, etc. Aproximar-se demais poderia gerar envolvimento, compromisso, e nenhum dos dois parecia disposto a isso. O sacerdote, porque tinha compromisso de se manter cerimonialmente limpo, e tocar num cadáver deixava o sacerdote imundo, segundo a lei de Moisés.

Aproximar-se do feridoEste é o primeiro segredo para a restauração de um soldado

ferido. O sol daquela região é causticante. O samaritano, com certeza, tinha que desmontar, chegar perto e agachar-se jun to ao hom em caído. Isto o deixava vulnerável, pois os bandidos poderiam ainda estar por perto.

Ele precisava não ter medo de sangue ou nojo de vômito, pois certamente o ferido estava em estado lastimável. O texto não diz quem era o ferido, mas provavelmente era um judeu. O samaritano não se preocupou com a raça, a religião ou a situação social e econômica do ferido. Ele simplesmente achegou-se a ele no intuito de ajudar.

4H

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Restaurando os Soldados Feridos

N ão podemos amar de longe, ajudar de longe, demonstrar empatia e identificação à distância. E preciso aproximar-se, tocar, sentir o real estado da pessoa.

Aquele que vai ajudar precisa ter muito cuidado com os preconceitos e estereótipos. Assim também aquele que vai ser ajudado, o soldado ferido, não pode recusar ajuda, não pode ser orgulhoso a ponto de m orrer sem receber o socorro que lhe oferecem. Rumi, um poeta persa da antiguidade, conta a seguinte parábola:

Um guerreiro fo i ferido por uma seta numa batalha. Quiseram arrancar-lhe a flecha e curá-lo, mas ele exigiu saber quem era o arqueiro, a que classe social ele pertencia e onde tinha se posicionado para disparar. Também quis saber a forma exata do arco e o tipo de corda utilizada. Enquanto se esforçava por saber todos estes detalhes, faleceu.

Ter compaixão pela pessoa feridaA versão Almeida Revista e Corrigida diz que o samaritano

“vendo-o, moveu-se de íntima compaixão” (Lucas 10.33). Nós precisamos ver do Espírito Santo; ver o futuro que o ferido vai ter em Jesus. Você não pode ver com olhos carnais o pecado que ele está cometendo, enfatizando em demasia os grandes erros que esse soldado cometeu. Precisamos enxergar com um olhar de compaixão, sabendo que Deus vai fazer uma obra maravilhosa a partir daquela situação.

A Bíblia mostra que devemos imitar a Jesus, que era todo compassivo. Ele é nosso maior exemplo de compaixão. Se você ler o livro do profeta Isaías, você vai encontrar muitas profecias profundas sobre Jesus. Jesus Cristo só nasceu 700 anos depois de Isaías, mas esse profeta falou muito sobre Jesus, pela inspiração do Espírito Santo. E uma dessas profecias está relacionada na passagem a seguir.

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Pr. Abe Huber

“Não quebrará o caniço rachado, e não apagará o pavio fumegante. Com fidelidade fará justiça” (Isaías 42.3).

Neste versículo Isaías está não apenas mostrando que Jesus viria a esse mundo, mas retrata também como seria a sua missão. Ele diz que Jesus não esmagaria a cana quebrada nem apagaria a torcida que fumega. E aqui você poderia indagar: “Pastor Abe, o que é isso”?

Esmagar a cana quebrada quer dizer o seguinte: Naquela época, havia um vegetal parecido com a cana ao lado do rio Jordão. As crianças tiravam com muito cuidado o miolo daquela espécie de cana para poder soprar, e dela saía até assovio, um barulho como se fosse de flauta. Era um brinquedo, mas não deixava de ser um brinquedo musical. Só que tais canas eram muito delicadas. Ao se retirar o miolo, ou talvez depois dele tirado, quando as crianças estavam soprando, às vezes ela se quebrava. Sabe o que os meninos faziam quando ela se quebrava? Eles simplesmente esmagavam a cana, jogavam-na fora e pegavam outra, pelo fato de haver m uito delas às margens do rio Jordão.

Deus está dizendo que Jesus é diferente. Quando Ele começa a tratar a sua vida, Ele vai lapidando, transformando o seu interior para que você possa ser usado como um instrum ento de louvor a Deus. Mas, se de repente você resiste ao tratamento de Deus, ou alguma coisa deu errado, você “pisou na bola”, ou seja, a cana quebrou, saiba que Jesus não vai, em hipótese alguma, descartar-lhe da orquestra. Os meninos pegavam e esmagavam a cana quebrada. Porém, o profeta Isaías inspirado pelo Espírito Santo, diz: “o meu servo não uai esmagar a cana quebrada”.

Pisou na bola? Pecou? Errou? A cana quebrou? Ele vai cuidadosamente endireitar aquela cana, trazendo conserto e fazendo dessa pessoa um instrum ento de louvor a Deus. Ele pode tirar música, louvor e adoração de qualidade de você, mesmo depois de uma quebradeira.

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O versículo diz também que Jesus não “apagará a torcida que f u m e g a Com o naquela época não havia luz elétrica, eles usavam lamparinas alimentadas com azeite de oliva. Essas lamparinas tinham um pavio que era chamado de “torcida”, e às vezes o dono da lamparina se descuidava e não enchia o pote de azeite que umedecia o pavio, e ele secava. Quando acabava o azeite, o fogo do pavio (torcida) começava a queimar não mais o azeite, mas sim o próprio pavio. A chama ficava bem fraquinha, gerava muita fumaça e produzia um cheiro horrível.

Quando acontecia isso com alguém, principalmente diante de visitas, a pessoa ficava com muita vergonha. Logo a pessoa corria e apagava a “torcida” que fumegava. Aquele pavio de onde estava saindo fumaça era apagado e tirava-se a “torcida” queimada para ser jogada fora. N ão parecia um problema aparente para essa pessoa, pois ela tinha outros pavios guardados, e bastava substituí-los.

O profeta Isaías diz que Jesus não faz isso. Se o óleo da unção na sua vida foi acabando, pode ser porque você começou a exibir pecados em sua vida, ao invés de exalar o bom perfume de Cristo. A “torcida” da sua vida está fumegando? Pode ter certeza que Jesus não vai lhe descartar. Ele não vai lhe apagar, nem lhe substituir. O amor de Jesus por você é muito grande, e Ele vai encher a sua vida de novo com a unção do Espírito Santo. O óleo e o azeite de Deus vão reacender o fogo em sua vida. O fogo vai queimar de novo, a luz vai brilhar e o perfume do Espírito Santo ainda vai exalar de sua vida. Tudo porque Deus tem planos maravilhosos para você.

Quando você pega a Palavra de Deus e a libera sobre a pessoa quebrada ou se apagando, acontece o sobrenatural de Deus na vida desse irmão. E importante entendermos que a Palavra funciona com qualquer pessoa que se abre para ela, seja líder, novo convertido, afastado dos caminhos do Senhor, um crente que fica “pisando na bola”. Ela é poderosa e eficaz, e a fé sempre funciona.

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Pr. Abe Haber

Sempre falamos para os irmãos da nossa igreja que nós cremos no mover de Deus na vida de todos os nossos membros. A pessoa pode até estar afastada do caminho do Senhor, mas tem jeito para ela. Veja o que o apóstolo Paulo falou: “Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo” (Filipenses 1.6). Este é o meu versículo predileto na Bíblia para nossos liderados e ovelhas na fé. Paulo tinha convicção de que Deus tinha muitas coisas boas para realizar por intemédio dos Filipenses. E Ele continuará a aperfeiçoar essa obra em nossas vidas até a volta de Cristo Jesus.

Eu libero uma fé viva com base neste versículo. Existem vários nomes para Deus e para Jesus na Bíblia, mas um dos que eu mais gosto é A = a e (Alfa e Omega: na forma maiúscula e minúscula^. Esses símbolos com nomezinhos esquisitos são simplesmente a primeira e a última letra do alfabeto grego. Seriam o equivalente ao “A” e ao “Z ” do nosso alfabeto. Ele está nos dizendo que Ele não começa uma obra em nossas vidas e depois pára pelo meio do caminho. Ele começou com a letra “A ” e jamais vai parar na “C ”, “F ”, “T ”, ”U ” ou qualquer outra. Ele vai até o “Z ”, ou seja, até o final; aleluia!

Se Jesus começou algo, Ele vai completar essa obra na sua vida. E porque Ele começou, você vai ser transformado, vai vencer em nome de Jesus. Você vai superar o pecado e dar a volta por cima; seu casamento será restaurado, as doenças cairão por terra. Os problemas financeiros que lhe tiram o sono serão vencidos, porque maior é Aquele que está em você do que o que está no m undo. Lute e viva pelos valores de Deus.

Ele é o “Alfa e o Omega” (o Princípio e o Fim). Ele começou uma boa obra e jamais vai deixá-la pela metade. Ele vai completá-la até o grande Dia do Senhor. Pela graça de Deus eu exerço muita fé quando oro por uma pessoa, inclusive por você que agora lê este livro. Eu peço a Deus para que você e sua

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família possam ser poderosamente usados por Deus. Creio na Palavra que diz que Deus restaura por completo.

Tratar as feridas do homem caídoA Bíblia diz que o samaritano colocou vinho e óleo

sobre as feridas do homem. Naquela época, vinho e óleo eram remédios caseiros bem comuns. Q uando alguém tinha uma ferida, usava-se óleo e vinho para curar a enfermidade. O vinho era um desinfetante natural, por conter álcool, e assim matava os germes e micróbios. O óleo servia para aliviar a dor, evitava a formação de cascões grossos e secos, e também impedia que as moscas pousassem no ferimento. As moscas eram repelidas pelo aroma forte e agradável do óleo, mas repelente para elas.

Imagine aquele samaritano ajoelhado à beira da estrada, passando vinho e óleo nas feridas, amando o hom em que se encontrava semimorto. Com certeza ele sujou as mãos de sangue e de areia. E possível que ele tenha sujado a camisa, ou também precisou rasgar uma peça de roupa para fazer uma atadura para estancar o sangue.

Quando você for atrás de um soldado ferido, não se esqueça de levar o óleo. Agora, o que vem a ser esse óleo? E a Palavra, na unção do Espírito. Não vá somente com amor e carinho: estes, sem sombra de dúvida, são ferramentas muito importantes; mas compartilhe uma passagem da Bíblia com a pessoa - de preferência uma que tenha a ver com a situação que ela está passando.

N o caso do hom em ferido no caminho de Jericó, o tratamento não foi feito só com óleo: vemos que o vinho também estava presente naqueles primeiros-socorros. O que dizer do vinho? Representa o Espírito Santo, a oração ungida. Quando você está com um soldado ferido, ministre a Palavra de Deus, ore por ele e não fique só na conversa, ouvindo e confortando. Passe a Palavra nos ferimentos espirituais de que ele está acometido, e você verá o efeito.

Restaurando os Soldados Feridos

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Pr. Abe Huber

O samaritano não parou por aí. Depois de ter passado o óleo e o vinho no corpo do homem, ele colocou aquele doente sobre seu próprio animal. Eu posso imaginar que o samaritano desceu do seu próprio animal (veículo de condução naquela época), e m ontou o homem. Isso fala de renúncia, sacrifício, de você abrir mão daquilo que é seu por direito. Por exemplo, no seu tempo de folga convidar um soldado ferido para almoçar na sua casa. Ali vocês vão conversar, ele vai abrir o coração e receber a ajuda de que precisa. Isso é sacrificar o que é seu em prol de outrem. Vai haver vezes em que Deus vai lhe convocar para sacrificar, renunciar para socorrer um soldado ferido.

Providenciar cuidados num local adequadoA Bíblia diz no versículo 34 que o samaritano levou o

homem para uma hospedaria e tratou dele. Na Palestina, naquela época, não havia hospital. O que mais se aproximava de um hospital eram as hospedarias. Havia o costume de muitas vezes levar as pessoas doentes para uma hospedaria, para lá serem tratadas das suas enfermidades.

Você não pode esquecer-se de levar aquele soldado ferido para a hospedaria. Você o está amando, ajudando e crendo na transformação que nosso Deus fará naquela vida. O hospital simboliza a igreja, a célula e o discipulado, onde a pessoa é amada e bem cuidada. A igreja deve ser essa hospedaria, assim como a célula e outras reuniões importantes.

Garantir a continuidade dos cuidadosO texto mostra que o samaritano fez questão de que

o hom em continuasse a ser cuidado, mesmo na sua ausência. Ele queria se assegurar de que aquele hom em seria curado completamente, sem restarem quaisquer sequelas. Diz o texto:

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Restaurando os Soldados Feridos

“N o dia seguinte, deu dois denários ao hospedeiro e disse-lhe: ‘Cuide dele. Quando voltar lhe pagarei todas as despesas que você tiver”' (Lucas 10.35 -N V I).

O samaritano precisou viajar e cuidar de outros afazeres, mas não abandonou o homem ferido. Ele deixou pago o suficiente para o tempo que o homem ainda ficaria internado. Deu dois denários ao hospedeiro. Era dinheiro suficiente para pagar 32 dias de hospedagem naquele hotel, com todo conforto e cuidados. Ele deixou claro que voltaria, e ainda pagaria qualquer despesa extra. Jesus é assim: pagou na cruz pelos nossos pecados, e continua a pagar por quaisquer outras dívidas que venhamos a contrair enquanto somos cuidados.

O utra ideia que vale a pena ter em mente é a figura do hospedeiro. Ele representa a liderança da igreja, o líder da célula, o discipulador. Q uando nós, à semelhança dele, nos propomos a cuidar dos feridos que são trazidos até nós pelo Senhor Jesus, Ele sempre “paga” pelos serviços prestados. Pagar aqui é mais do que a recompensa monetária: são as muitas bênçãos, em todas as áreas da vida, que Ele derrama sobre aqueles que se empenham em fazer a sua vontade.

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C a p ítu lo 4

EXEMPLOS PODEROSOS DE RESTAURAÇÃO

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Restaurando os Soldados Feridos

UM 5AMARITANO DOS DIAS MODERNOS

Ricardinho não aguentou o cheiro bom do pão e falou:- Pai, tô com fome!O pai, Agenor, sem ter um tostão no bolso, caminhando desde

muito cedo em busca de um trabalho, olha com os olhos marejados para o filho e pede mais um pouco de paciência.

- Mas pai, desde ontem que não comemos nada; eu tô com muita fome, pai!

Envergonhado, triste e humilhado em seu coração de pai, Age­nor pede para o filho aguardar na calçada enquanto entra na padaria à sua frente. Ao entrar, dirige-se a um homem no balcão:

- Meu senhor, estou com meu filho de apenas seis anos na porta, com muita fome; não tenho nenhum tostão, pois saí cedo para buscar um emprego e nada encontrei. Eu lhe peço, que em nome de Jesus, me forneça um pão para que eu possa matar a fome desse me­nino. Em troca, posso varrer o chão de seu estabelecimento, lavar os pratos e copos, ou outro serviço que o senhor precisar!

Amaro, o dono da padaria, estranha aquele homem de sem­blante calmo e sofrido pedir comida em troca de trabalho, e pede para que ele chame o filho. Agenor pega o filho pela mão e apresenta-o a Amaro, que imediatamente pede que os dois sentem-se junto ao bal­cão, onde manda servir dois pratos de comida do famoso PF (Prato Feito): arroz, feijão, bife e ovo.

Para Ricardinho era um sonho comer após tantas horas na rua. Para Agenor, uma dor a mais, já que comer aquela comida maravilhosa fazia-o lembrar-se da esposa e de mais dois filhos que ficaram em casa apenas com um punhado de fubá. Grossas lágrimas desciam dos seus olhos já na primeira garfada.

A satisfação de ver seu filho devorando aquele prato simples como se fosse um manjar dos deuses, e a lembrança de sua pequena família em casa, foi demais para seu coração tão cansado de mais de dois anos de desemprego, humilhações e necessidades.

Amaro se aproxima de Agenor e, percebendo a sua emoção, brinca para relaxar:

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Pr. Abe Huber

- Ô Maria! Sua comida deve estar muito ruim. Olha, o meu amigo está até chorando de tristeza desse bife, será que é sola de sa­pato?!

Imediatamente Agenor sorri e diz que nunca comeu comida tão apetitosa, e que agradecia a Deus por ter esse prazer.

Amaro pede então que ele sossegue seu coração, que almoce em paz e depois conversariam sobre trabalho. Mais confiante, Agenor enxuga as lágrimas e começa a almoçar, já que sua fome já estava nas costas. Após o almoço, Amaro convida Agenor para uma conversa nos fundos da padaria, onde havia um pequeno escritório.

Agenor conta, então, que há mais de dois anos havia perdido o emprego e desde então, sem uma especialidade profissional, sem estudos, ele estava vivendo de pequenos biscates, aqui e acolá, e que já tinha dois meses que não recebia nada.

Amaro resolve, então, contratar Agenor para serviços gerais na padaria e, penalizado, faz para o homem uma cesta básica com alimen­tos para pelo menos 15 dias. Agenor, com lágrimas nos olhos, agradece a confiança daquele homem e marca para o dia seguinte seu início no trabalho. Ao chegar a casa com toda aquela “fartura”, Agenor é um novo homem. Sentia esperanças, sentia que sua vida iria tomar novo impulso. Deus estava lhe abrindo mais do que uma porta; era toda uma esperança de dias melhores.

No dia seguinte, às cinco da manhã, Agenor estava na porta da padaria, ansioso para iniciar seu novo trabalho. Amaro chega logo em seguida e sorri para aquele homem que nem ele sabia por que estava ajudando. Tinham a mesma idade, 32 anos, e histórias diferentes, mas algo dentro dele empurrava-o para ajudar aquela pessoa. E ele não se enganou: durante um ano Agenor foi o mais dedicado trabalhador da­quele estabelecimento, sempre honesto e extremamente zeloso com seus deveres.

Um dia Amaro chama Agenor para uma conversa e fala da escola que abriu vagas para a alfabetização de adultos, localizada um quarteirão acima da padaria, e que ele fazia questão que Agenor fosse estudar. Agenor nunca esqueceu seu primeiro dia de aula: a mão trê­mula nas primeiras letras e a emoção da primeira carta. Por ser adulto, Agenor fez o antigo ginásio e o segundo grau de maneira mais acelera­da, pelo sistema supletivo.60

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Doze anos se passam desde aquele primeiro dia de aula. Agora vamos encontrar o Dr. Agenor Baptista de Medeiros, advogado, abrin­do seu escritório para seu cliente, e depois outro, e depois mais outro. Ao meio-dia ele desce para um café na padaria do amigo Amaro, que fica impressionado ao ver o “antigo funcionário” tão elegante em seu primeiro terno.

Mais dez anos se passam, e agora o Dr. Agenor Baptista, já com uma clientela que mistura os mais necessitados que não podem pagar com os mais abastados que o pagam muito bem, resolve criar uma Instituição que oferece aos desvalidos da sorte, que andam pelas ruas (pessoas desempregadas e carentes de todos os tipos) um prato de comida diariamente na hora do almoço. Mais de 200 refeições são servidas diariamente naquele lugar, que é administrado pelo seu filho, o agora nutricionista Ricardo Baptista.

Tudo mudou, tudo foi passando, mas a amizade daqueles dois homens, Amaro e Agenor, impressionava a todos que conheciam um pouco da história de cada um.

Contam que aos 82 anos os dois faleceram no mesmo dia, quase que na mesma hora, cada um morrendo placidamente com um sorriso de dever cumprido.

Ricardinho, o filho do Amaro, mandou gravar na frente da ‘Casa do Caminho’, que seu pai fundou com tanto carinho:“Um dia eu tive fome, e você me alimentou. Um dia eu estava sem esperanças e você me deu um caminho. Um dia acordei sozinho, e você me deu Deus, e isso não tem preço. Que Deus habite em seu coração e alimente sua alma. E que te sobre o pão da misericórdia para estendera quem precisarl”

Relato encontrado no blog do médico Vladimir Antonini.Com leves adaptações nossas. Pode ser acessada

no seguinte endereço: www.antonini.med.br.

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O UTRO SAMARITANO DOS DIAS M ODERNOSEu viajo muito. Costum o visitar várias igrejas, tanto

grandes como pequenas, não só no Brasil, como também em outras partes do mundo. Nessas viagens eu ouço as histórias de muitas pessoas, fatos e situações que acontecem com elas. Mas eu não conheço uma igreja que demonstre tanto amor como a Igreja da Paz de Santarém, no Pará. Eu falo muito sobre essa. Quase vinte e quatro anos do m eu ministério pastoral aconteceram lá. A maior parte dos testemunhos que eu conto têm aquela cidade e igreja como cenário. Eu sei que talvez esteja puxando muita brasa para a minha sardinha, mas mesmo assim quero correr esse risco.

Certa vez um dos irmãos da Igreja da Paz Santarém viu um rapaz jogado na sarjeta. Ele nunca tinha visto aquele moço antes. Era um homem jovem , bêbado e dorm indo naquela sarjeta imunda. Ainda era de dia, e como aquela sarjeta ficava no centro comercial da cidade, as pessoas passavam de lado, por cima dele. Era uma multidão de gente trafegando, sem muito espaço para locomoção, pois as ruas do centro de Santarém são antigas, estreitas e quase sem calçada. O homem parecia completamente destruído pelo vício.

Nosso bom samaritano aqui era o Irmão Rone. Naquele tempo ele era só um mem bro da igreja, mas hoje, graças a Deus, é um pastor bem-sucedido na cidade de Fortaleza, no Ceará. Ele é meu discípulo e faz parte da minha equipe pastoral, em Fortaleza. Então, ele pegou aquele hom em nos seus braços, o colocou dentro de um táxi, e disse para o taxista: “Você pode me seguir”. Assim, o Rone pegou sua m oto e o taxista foi lhe seguindo. Só que o Rone não sabia onde o bêbado morava. Daí, ele decidiu levar aquele cidadão completamente alcoolizado para a sua própria casa.

Enquanto eles estavam a caminho da casa do Rone, o hom em acordou dentro do táxi. Ele perguntou para o taxista:62

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“E i, o que está acontecendo?” O taxista respondeu: “N ão sei! Tô seguindo aquele homem que está na moto, à nossa frente; ele te colocou aqui e disse para eu segui-lo”. O bêbado replicou: “M as para onde ele uai?” O rapaz teve uma surpresa agradável, quando chegou à casa do Rone.

Chegando lá, Rone providenciou um banho para o homem, para que depois pudesse fazer uma refeição. E em seguida ministrou a Palavra de Deus para aquele jovem , na intenção de ajudá-lo a sair daquela situação escravizante.

Quando eu cheguei a saber desta história, já havia uma célula na casa do ex-bêbado. Ele e sua família estavam totalmente transformados por Jesus. E ele próprio tornou-se líder de célula, e continua crescendo em Deus. Eu escuto fatos como esse todos os dias, de como Deus tem usado muitos de nossos membros para curar as feridas de centenas e milhares de doentes espirituais.

Comendo frente a frente com o ReiJoão escreveu o livro de Apocalipse para crentes. As cartas às sete igrejas da Ásia foram escritas para cristãos, pessoas que já tinham entregado suas vidas ao Senhor, mas que por algum motivo esfriaram na fé, como o próprio contexto demonstra. N a realidade, o versículo que se segue, extraído daquele contexto, é para o soldado ferido - para aquele que um dia fez uma decisão pública de servir a Deus, e agora está afastado. Vejamos:

“E is que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo” (Apocalipse 3.20).

O ato de cear, na cultura judaica, é algo muito profundo. Há um significado muito especial em estarem juntos na mesma casa, comendo um com o outro. Trata de íntima e profunda

Restaurando os Soldados Feridos nS

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comunhão. Isto se aplica a você que se encontra ferido pelas circunstâncias ruins que está enfrentando. Por isso o Senhor Jesus lhe diz: “E u o amo e quero ter íntima comunhão com você. E u estou batendo na porta do seu coração porque, mesmo que você já tenha entregado sua vida para mim , eu quero muito mais intimidade. Sou eu que lhe digo: abra a porta”.

Jesus disse: “Se alguém ouvir a m inha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa”. O Senhor não está dizendo que às vezes Ele vai entrar, outras não. Veja que para Jesus não há impossíveis. Não sei qual é a sua situação. Pode ser o pecado que assola a sua vida ou o vício que tenazmente ou agarra, tentando derrubá-lo. Mas eu sei de um Deus que é mais poderoso do que todos esses pecados.

Jesus diz: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mateus 11.28). Jesus Cristo não disse que ajudaria uns e não ajudaria a outros. Ele não disse que é carma, que é o destino deles. Não, isso é mentira do diabo! Jesus está disposto a ajudar todas as pessoas que forem até Ele.

O SEU REI PRECISA D E VOCÊExiste uma história verídica, não sei se serei tão claro e

preciso em todos os detalhes, pois faz m uito tempo que a ouvi pela primeira vez. N o entanto, tentarei expô-la com a maior clareza. O que importa é a lição que todos nós podemos tirar dela.

A Inglaterra é uma monarquia. Lá o rei ou a rainha é o chefe soberano, politicamente falando. Hoje quem lá reina é a Rainha Elizabeth II, e o primeiro-ministro é o chefe de governo. Mas conta-se de um período quando o país era governado por um rei, e ele estava travando uma grande guerra com outro país, com uma nação inimiga. Havia muitos soldados no front, todos lutando pela sua terra no campo de batalha.

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Restaurando os Soldados Feridos

Aconteceu que um determinado soldado se feriu horrivelmente nos combates. O acidente foi tão grave que duas situações estavam presentes ali, o tempo todo: na primeira, ele podia morrer a qualquer momento, e na outra, ele sentia dores como nunca tinha sentido antes na história de sua vida.

Levaram o soldado para o hospital, e ele ficou vários dias sofrendo dores terríveis, a ponto de desmaiar de dor muitas vezes. N um dos momentos de lucidez ele mandou chamar o médico, e disse:

— Doutor, seja bem honesto comigo; fale-me a verdade! Existem chances de sobrevivência para mim?

O médico, com toda franqueza, lhe respondeu:— Olha, soldado, o seu caso é caótico, bem difícil mesmo,

mas nós vamos fazer tudo o que está ao nosso alcance para salvar a sua vida.

O soldado estava se contorcendo em dores. Depois que o médico foi embora, ele chamou uma enfermeira e lhe disse:

— Quero lhe pedir um favor m uito especial.A mulher, com muita pena daquele soldado tão sofrido,respondeu:— Sim, pode falar o que deseja.O jovem soldado disse:— Aplique-me uma injeção letal para que eu morra. O

médico me desenganou e já não aguento tanto sofrimento; as dores são maiores do que posso suportar.

A enfermeira replicou:— Jamais farei tal coisa!Mas, de tanto ele insistir, ela finalmente disse:— Olhe, só se você pedir a autorização do médico.O soldado mandou chamar o médico para lhe fazer

o pedido. E repetiu o mesmo pedido já feito à enfermeira. O médico também disse que não poderia tomar essa decisão, a não ser que tivesse a autorização oficial do rei. Ele perguntou:

— Com o eu poderei pegar essa autorização?— Você precisa mandar uma carta para o rei.

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Então o soldado chamou e enfermeira e ditou uma carta. E foi escrito mais ou menos assim: “Senhor rei, eu sou um dos seus soldados e tenho lutado há muitos anos nos campo de batalha. M as agora parece que minha vida está chegando ao final. O médico praticamente me desenganou, e me disse que quase não tenho mais chances de sobrevivência ”.

Ele continuou a ditar para a enfermeira: “E u estou sofrendo dores tão horríveis que peço a Vossa Majestade a permissão para morrer. Autorize o médico a me aplicar a injeção para que eu morra mais rápido e me livre de tal situação”.

N ão demorou muito e o soldado recebeu uma carta- resposta do rei. E para sua surpresa, tinha sido escrita de próprio punho, pelo rei, a quem ele não conhecia pessoalmente. A enfermeira, então, leu a carta para o soldado. Eu me comovo muito com essa carta, pois entendo que o próprio Jesus faz a mesma coisa com aquele soldado que quer desistir no meio do caminho e acabar com tudo o que conquistou depois de vários anos de luta. Veja o que o rei falou para aquele soldado:

“Querido soldado fiel, primeiramente dou-lhe minhas congratulações pelo excelente trabalho que você desenvolveu no decorrer desses anos, lutando pela nossa pátria nos campos de batalha. Porém, com relação ao seu pedido, eu não posso atendê-lo, pois você é um soldado muito importante para mim. Saiba que o seu rei precisa de você, soldado. Preciso de você curado, bom e de volta aos meus campos de batalha. Eu, como seu rei, proclamo que você ainda vai lutar comigo epela nossa pátria”.

Q uando a enfermeira term inou de ler aquela carta, o soldado semimorto, sofrendo tantas dores, recobrou o ânimo e falou: “Bem, se o meu rei disse que eu vou viver, então eu vou! E u vou ficar bom ”. Então ele começou a colaborar com o processo de cura, a ponto de parecer uma recuperação quase milagrosa,

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e ele ficou completamente curado. Em poucos meses o grande soldado ficou totalmente sarado daqueles ferimentos. E voltou aos campos de batalha, e chegou a vencer a guerra, e desfrutar da vitória daquela guerra para o seu rei.

Se por acaso você é um soldado ferido, eu quero lhe dizer, em nome do Senhor Jesus, que o seu Rei precisa de você. Ele está bem certo que você ficará bom e lutará muito nos campos de batalha. A Bíblia fala: “Não sejam vencidos pelo mal, mas vençam o mal com o bem” (Romanos 12.21). Deus garante vitória para você, em nome de Jesus.

Eu e minha esposa temos uma amiga muito preciosa, a pastora e cantora Alda Célia. Ela compôs uma canção muito linda, que fala assim:

SOLDADOS FERIDOS - A ld a C ília

Quantos soldados feridos Esquecidos no caminho Deixados pra trás Sentindo agonia e temorLevam em si grande culpa O desespero e a dor Por terem manchado O nome de Cristo, o SenhorClamam por nossa ajuda E clamam por nosso amor Clamam por mãos estendidas Que devolvam a esperança perdidaSomos chamados Para derramar o óleo Seus instrumentos Pra sarar sua feridas

Ministrar a cura Restaurar as vidas E envolvê-los com o manto De amor do Pai Que preferiu nos perdoar E nunca desprezouVamos tapar suas brechas Levantar os muros de proteção Edificar novamente O altar de adoraçãoVamos levar nos ombros Os que foram na guerra atingidos Pois só o amor fortalece Joelhos trôpegos e desfalecidos.

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C a pít u io 5

DAVI E A CAVERNA DE ADULÃO

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Restaurando os Soldados Feridos

Davi é um dos maiores símbolos de líder restaurador, de comandante, general, de líder que entendia o coração e as necessidades dos seus soldados. As vezes, até mais do que eles mesmos.

O texto de I Samuel 22.1-5 relata o período em que Davi ficou na Caverna de Âdulaó - um lugar de refúgio, decisivo para todos os rum os futuros que a vida e o ministério de Davi tomariam:

“Davi retirou-se dali e se refugiou na caverna deAdulão; quando ouviram isso seus irmãos e toda a casa de seu pai, desceram ali para ter com ele. Ajuntaram-se a ele todos os homens que se achavam em aperto, e todo homem endividado, e todos os amargurados de espírito, e ele se

fe z chefe deles; e eram com ele uns quatrocentos homens. Dali passou Davi a Mispa de Moahe e disse ao seu rei: Deixa estar meu pai e minha mãe convosco, até que eu saiba o que Deus há de fazer de mim. Trouxe-os perante o rei de Moahe, e com este moraram por todo o tempo que Davi esteve neste lugar seguro. Porém o profeta Gade disse a Davi: Não fiques neste lugar seguro; vai e entra na terra de Judá. Então, Davi saiu efoi para o bosque de Herete”.

E interessante o significado do nome. Adulão era um local de refúgio. Significa, literalmente: “Justiça do povo". Davi pessoalmente precisava se refugiar; precisava de um tempo de retiro para recuperar suas energias espirituais e repensar os passos futuros.

Com base no texto acima, podemos inferir algumas lições que podem ser aprendidas da experiência de Davi em Adulão.

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ADULÁO É LUGAR DE REAGRUPAMENTO E RESTAURAÇÃO FAMILIARES

A parte b do verso 1 mostra que Davi, que antes tinha sido desvalorizado por sua família, agora é procurado por ela. Seus irmãos e parentes fogem para estar jun to dele e ali encontram refúgio. Davi não estava presente na parte inicial da festa em que Samuel o ungiu rei, nem foi bem acolhido por seus irmãos jun to ao exército de Saul. Parece que hoje, muitas vezes, líderes e soldados precisam desse refrigério na “caverna”, onde os vínculos e a harmonia familiares são restaurados e o exército preparado.

Os versículos 3 e 4 mostram a preocupação de Davi pelos de sua casa. Davi não somente honrava seu pai e sua mãe, mas queria o m elhor para eles. Foi assim que ele passou a Mispa de Moabe e ali negociou estadia segura e sustento para seus entes queridos. Você vai com mais garra e valentia para a guerra quando sabe que a sua família está bem e segura.

Será que nossas igrejas, nossas células, nossas reuniões têm contado com a presença de famílias? Maridos e mulheres, pais e filhos, irmãos em geral: será que eles estão encontrando jun to a nós esse espaço de restauração, de cura, de perdão, de crescimento? Deve ser assim, em nome de Jesus!

ADULÁO É LOCAL DE PRO FUNDIDADEA caverna de Adulão é um sistema de corredores sem

fim e com passagens transversais que ainda não foi explorado por completo pela paleontologia. Isso nos sugere que em Adulão devemos nos separar de tudo que nos impele a satisfazer a vontade de nosso ego e entrarmos na profundidade do conhecimento de Deus. Precisamos ser uma “caverna” de ensino, de amadurecimento, onde se ensina todo o desígnio de Deus e se promove o crescimento de todos.

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Restaurando os Soldados Feridos

ADULÃO, LOCAL DE QUEBRANTAM ENTO E HUMILHAÇÃO

Davi já tinha sido ungido rei por Samuel (I Samuel 16.1,13), mas estava sendo perseguido e oprimido por Saul, o primeiro rei de Israel, e teve que fugir para preservar sua vida. A caverna de Adulão era um lugar comum, sem nada de especial, sem beleza alguma. As cavernas são lugares escuros, frios, solitários. Poderíamos até dizer que uma caverna não é lugar para um rei. Se Davi estivesse em um palácio, mais pessoas estariam naquele m om ento com ele. Mas para aquele ambiente isolado, longe das capitais e longe das badalações, só vinham as pessoas que realmente precisavam dele.

PARADOXALMENTE, ADULÃO É LUGAR DE REISApesar de já ter sido ungido rei, Davi não tinha qualquer

experiência de governo. Precisava primeiro aprender a governar a si mesmo, governar sua própria casa, e cuidar daquele grupo de homens que o procuraram para apoio pessoal e liderança. Adulão é lugar de estágio para reis. N inguém poderia imaginar que o maior rei de Israel, escondido naquela caverna, estivesse começando um reinado de justiça e expansão.

M uitos daqueles que realizam as melhores obras para Deus hoje já estiveram antes na “caverna”. São pessoas que se machucaram e sofreram, que aprenderam a valorizar a misericórdia e a graça de Deus, e que por isso mesmo são mais sensíveis às necessidades dos outros. Eles compreendem que o ser humano está sujeito a quedas e fracassos, mas que há sempre um caminho apontando para o Calvário, para Jesus, para a vitória. E por terem feito eles mesmos esses caminhos de ida e de volta, recebendo de Deus e de outros irmãos amor e compreensão, eles podem agora ajudar aqueles que ainda lutam para acertar o passo.

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ADULÃO É LOCAL DE REFÚGIO PARA SOLDADOS FERIDOS

As pessoas que vieram até Adulão eram miseráveis, aflitas, amarguradas, tensas, estressadas com a vida, carregadas de culpas, mas encontraram em Davi um amigo que os recebeu. Diz o versículo 2: “Ajuntaram-se a ele todos os homens que se achavam em aperto, e todo homem endividado, e todos os amargurados de espírito, e ele se f e z chefe deles; e eram com ele uns quatrocentos homens”.

Soldados “em aperto”São aqueles que não sabem mais o que fazer, chegaram

aos seus limites, perderam a esperança e a perspectiva de futuro. Estão cheios de problemas. Eles precisam ir a Jesus e deixar na cruz os seus fardos. M uitos daqueles eram soldados rejeitados ou demitidos pelo exército de Saul. N o nosso contexto de hoje, precisamos ser como Davi: acolhê-los para que voltem a ser soldados valorosos e vencedores.

Soldados “endividados”São pessoas conscientes de seus erros, que estão convictas

de seus pecados. São os inadimplentes espirituais e sociais. Pessoas que desgastaram amizades e relacionamentos por causa de dívidas, tanto financeiras como promessas não cumpridas, falhas de realizações. São aquelas que perderam espaço e confiança em seu meio social e até na igreja. Essas pessoas, cujo peso da culpa traz vergonha e tristeza, encontram em Adulão o refúgio e a orientação de um Deus misericordioso, através de um líder amoroso e acolhedor.

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São os acometidos de depressão, derrotismo, más lembranças do passado (traumas), vítimas de traição, causadores de traição que querem ajuda. Nesta caverna devem se despir de tudo que mascara a sua realidade, e entregar seus problemas a Deus. A caverna funcionou como uma grande enfermaria, e suas pedras como verdadeiros divãs que ajudaram aqueles homens a se tornarem heróis de um grande reino. Saíram de lá para reinar jun to com Davi.

ADULÃO É LUGAR DE M UDANÇA DE REINO E LIDERANÇA

Quase todos os homens vinham de um só lugar: do reino e do exército de Saul. Lá eles não tiveram apoio nem cuidado. Saul significa uma igreja ou liderança que não acolhe, não cuida dos feridos, não discipula, não garante crescimento com qualidade. N o exército de Saul só havia cobrança e regras rígidas. E ainda tinham que conviver num reino e com um rei que não possuía mais a bênção de Deus, e por isso mesmo andava irritado, inseguro, frustrado, paranóico, e transferia isso para todas as suas tropas. Só a misericórdia mesmo.

A misericórdia estava com Davi. Ao entrar no reino de Davi, os antigos - mas agora novos de novo - soldados precisavam mudar seu posicionamento; abandonar o antigo padrão que escravizava e não resolvia suas mazelas e submeter- se a Davi como seu novo chefe e rei. Foi isso que eles fizeram, e os resultados estão contados nos livros de I e II Samuel e I Crônicas. Junto a Davi eles encontraram descanso, restauração e renovação. Com a subida de Davi ao trono, passaram a fazer parte de seu reino, sendo o grupo que faria de Israel uma nação poderosa, temida e vencedora.

Restaurando os Soldados Feridos ^

Soldados “amargurados de espírito”

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C apítulo 6

OUTROS SOLDADOS QUE DAVI RESTAUROU

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Restaurando os Soldados Feridos

Precisamos, de uma vez por todas, como líderes e como membros do corpo de Cristo, dar um basta naquele ditado que diz que “o exército cristão é o único que não se preocupa com seusferidos”. U m soldado ferido e deixado para trás, além de ser uma baixa, uma arma a menos do nosso lado, pode ser colhido pelo inimigo e se transformar em uma arma contra nós, principalmente quando o inimigo faz por ele o que nós deixamos de fazer. É melhor gastar tempo para ajudar, curar, restaurar, do que ter a surpresa de ver nosso ex-companheiro de farda lutando pelo outro lado. Mas, infelizmente, isso acontece com mais frequência do que nós gostaríamos de aceitar.

A Bíblia fala de uma história que aconteceu nos dias do rei Davi. O ungido - mas ainda não empossado - rei Davi estava sendo perseguido por Saul, fugindo errante pelos montes e pelos desertos. Davi era um soldado de Saul, mas este o excluiu e tentava matá-lo. Tudo por inveja, pois Davi tinha comunhão com Deus e Saul havia sido rejeitado, por conta de seu coração rebelde e desobediente ao Senhor. U m bando de homens se ajuntou a Davi e com ele andavam de um lugar para outro, de esconderijo em esconderijo, até que Deus resolvesse a situação em Israel. Eram ao todo 600 homens, e suas famílias os acompanhavam para todo lugar.

Houve um período em que a comitiva de Davi estava morando na cidade de Ziclague. Originalmente esta era uma cidade dos israelitas, mas nas muitas lutas com os filisteus, territórios eram ganhos e territórios eram perdidos. Naquele mom ento, Ziclague pertencia aos filisteus. Mas como havia grande inimizade entre Saul e os filisteus, e como Davi era um fugitivo de Saul, aqueles se tornaram tolerantes e até mesmo aliados de Davi. Por isso o rei de Gate, Aquiz, cedeu o território de Ziclague a Davi quando este se encontrava fugindo de Saul (I Samuel 27.6). Mas havia outros grupos inimigos ao redor, como os amalequitas, antigos rivais de Israel.

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Certa ocasião, quando Davi e seus homens não estavam na cidade, os amalequitas assolaram Ziclague, levando cativas as mulheres e a todos os que estavam ali, desde o m enor até o maior. O texto se encontra em I Samuel, capítulo 30.

“Quando D avi e seus soldados chegaram a Ziclague, no terceiro dia, os amalequitas tinham atacado oN eguebeeZiclague, e haviam incendiado a cidade. Levaram como prisioneiros todos os que lá estavam: as mulheres, os jovens e os idosos. A ninguém mataram, mas os levaram consigo, quando prosseguiram seu caminho. A o chegarem a Ziclague, D avi e seus soldados encontraram a cidade destruída pelo fogo e viram que suas mulheres, filhos e filhas haviam sido levados como prisioneiros” (I Samuel 30.1-3).Davi e seus homens fizeram uma longa caminhada para

casa, depois das últimas guerrilhas. Fizeram uma marcha forçada de cerca de 100 quilômetros, de Afeca até Ziclague. Quando se aproximaram de Ziclague, ficaram horrorizados ao ver que a cidade tinha sido destruída e suas famílias levadas cativas. N inguém foi morto, mas tudo o que tinha vida foi levado. O pouco consolo foi saber que suas famílias ainda estavam vivas. Cada um imagina o que poderia estar acontecendo (ou o que aconteceria em breve) com sua esposa e filhos. N a melhor das hipóteses eles se tornariam escravos, para um trabalho duro e tratamento cruel. Na pior... eles não queriam nem pensar. As duas esposas de Davi tam bém foram levadas.

Os 600 guerreiros estão muito angustiados pelo que aconteceu à sua cidade e às suas famílias. Eles choram até não terem mais lágrimas. Então, começam a pensar sobre como aquilo veio a acontecer. Fora ideia de Davi trazê-los para território filisteu (I Samuel 27.1-4); foi Davi quem lhes pediu para que vivessem nessa cidade remota (27.5-6), e foi ele quem os levou a lutar a favor dos filisteus, deixando suas famílias vulneráveis a esse ataque. Alguns ficaram tão furiosos que falavam até em apedrejar Davi.80

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Diante de toda aquela situação aterradora, a Bíblia diz que Davi se reanimou no Senhor, e Lhe perguntou: “Devo perseguir este bando de invasores? Irei alcançá-los? E o Senhor respondeu: Persiga- os; é certo que você os alcançará e conseguirá libertar os prisioneiros” (I Samuel 30.8). Com uma grande confiança no Senhor, fruto da fé e da comunhão, David partiu com 600 homens. E olhe que eles tinham acabado de chegar, estavam cansados, e ainda por cima com um sentimento terrível de perda e desapontamento. Mas Davi confiou em Deus e tinha uma palavra Dele.

O SOLDADO D O ENTE DO S AMALEQUITASDavi e sua turm a não tinham qualquer pista - a região era

vasta e o vento apagava facilmente o rastro das tropas inimigas pela areia. Além de cansados e desanimados, ainda tiveram uma evasão de mais de 30% no núm ero de combatentes. 200 deles resolveram não ir à perseguição aos amalequitas. M esmo assim Davi continuou a perseguição, só que agora com 400 homens. Imagino que isso derrubou ainda mais o ânimo das tropas.

O sol era escaldante, o terreno acidentado e cheio de esconderijos naturais. Parece que eles não sabiam mais onde procurar, até que um fato novo muda drasticamente a situação. Os homens encontram um egípcio caído no campo, e o trazem até Davi. O que fez Davi e seus homens? M ataram-no como um inimigo imprestável? Não! M uito pelo contrário: eles deram- lhe água e comida. O versículo 12 diz que eles lhe deram um pedaço de bolo de figos prensados e dois bolos de uvas passas. Ele comeu e recobrou as forças, pois tinha ficado três dias e três noites sem comer e sem beber. U m a refeição digna do próprio Davi.

Aquele soldado tinha servido ao amalequita por muito tempo, acompanhando-lhe fielmente em tudo, e até tinha ido para a guerra com ele. Mas agora, depois do ataque à cidade

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de Ziclague, o soldado egípcio a serviço dos amalequitas caiu enfermo. Seu senhor não quis perder tempo com medicamentos, não quis ajudar na recuperação. Também não quis fazer com que o servo fosse carregado, já que não conseguia andar sozinho.

Será que Deus abandona Seus soldados quando eles ficam doentes? Será que Ele desiste daqueles que se afastaram da comunhão, seja por qual motivo for? Pensemos somente nas parábolas da ovelha perdida, do bom samaritano e do filho pródigo. Mas aquele amalequita só valorizava o seu servo enquanto ele lhe era útil, enquanto podia trabalhar e aumentar suas rendas, até quando podia vigiar e proteger seus bens.

N o versículo 14 fica bem claro que o escravo era um homem forte: “N ós atacamos o Neguebe dos queretitas, o território que pertence a Ju d á e o Neguebe de Calebe. E incendiamos a cidade de Ziclague”. C om esta declaração podemos entender que ele participou da batalha, mas depois ficou enfermo, perdeu seu vigor e foi abandonado no caminho, para morrer. Em contrapartida, mesmo sendo um adversário de Davi, ele foi restabelecido com comida e bebida. Agora, recuperado e restaurado, se converteu num instrum ento útil para Davi e seus homens. Pela informação providenciada pelo egípcio eles localizaram os adversários e resgataram com vida a todos os cativos. Além disso, tomaram grandes despojos dos amalequitas derrotados, a ponto de repartir com os 200 que ficaram cuidando da bagagem e ainda mandar presentes para os príncipes das cidades de Judá.

Aquele servo não era material descartável, mas um ser hum ano que tinha sentimentos, capaz de fazer grandes conquistas. Para o seu senhor ele não tinha mais serventia, mas recuperado por Davi ele se tornou um verdadeiro “GPS- hum ano” para localizar o bando de seqüestradores. E os amalequitas pagaram caro pela atitude de abandonar o soldado, pois ele se transformou num instrum ento determinante para a sua derrota.

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Será que não existem soldados nossos que estão sendo recuperados e recrutados pelo inimigo contra nós? Essa é uma realidade assustadora, pois aqueles que já lutaram ao nosso lado conhecem a língua que falamos, entendem nossos hábitos e costumes, conhecem nossas fraquezas e sabem identificar nossas estratégias. Eles sabem como nós funcionamos e por isso mesmo se tornam mais perigosos, quando a serviço dos inimigos. Imagine se fosse um soldado de Davi achado pelos amalequitas?

E X IST E M D U A S L IÇ Õ E S IM PO R TA N TE S Q U E P O D E M O S TIRAR D E STA H ISTÓ RIA:

Não se deve abandonar os feridos, pois isto demonstra uma terrível falta de amor, e ingratidão

Aquele amalequita considerava seu servo como um mero objeto. Enquanto o servo produzia, rendia lucros e dava resultados, ele tinha valor; mas quando caiu enfermo, foi descartado e deixado para trás, à beira do caminho. Com o agimos com aqueles nossos irmãos que fracassaram na vida espiritual?

Grande encorajamento pelo exemplo de D aviQuando encontrou o egípcio, Davi não o matou, nem

o ignorou. M esmo sendo um inimigo, ele o socorreu. Quando encontramos um irmão caído não devemos olhar para ele como um inimigo ou algo contaminado que pode nos contagiar. Devemos fazê-lo notar que o sangue de Jesus Cristo é o remédio infalível que cura e purifica.

A grande lição de Davi no trato com o soldado egípcio a serviço dos amalequitas é que ele encontrou um inimigo ferido e o tratou como amigo, restaurando-o para seu serviço. A igreja

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moderna, muitas vezes, encontra seus próprios soldados caídos e os trata como inimigos, matando-os ou deixando-os para ser encontrados pelo exército do outro lado.

Precisamos perguntar-nos sempre: Pertencemos ao exército que se preocupa com os soldados feridos? O u somos tão indiferentes quanto o amalequita? Ficamos muito satisfeitos quando as ovelhas nos dão lã e leite, dízimos e ofertas, quando participam das reuniões, oram e ajudam na evangelização e nos ministérios... Mas, o que acontece quando um a delas aparece com um olho batido ou quebra uma perna? N ós a acusamos diante das demais? Nós a consideramos um traidor? O u fazemos tudo para que ela volte para casa, como fez aquele bom pastor da parábola, que deixou as noventa e nove em segurança e foi em resgate da desgarrada? (Mateus 18.12-14).

Em qualquer batalha, alguns soldados caem feridos, e é nosso sagrado dever não ignorá-los, mas sim providenciar-lhes socorro imediato.

UM A LIÇÃO DAS FORMIGAS COM O SOLDADOSSe observarmos as formigas, veremos que elas seguem

o seu objetivo persistentemente, com disciplina militar. Elas conservam o mesmo ritmo e realizam seu trabalho. Aparentemente elas têm pouca força, mas conseguem grandes realizações. A Bíblia repetidamente nos manda aprender com o exemplo das formigas. E elas têm muito mais a ensinar do que apenas deixar a preguiça de lado.

As formigas são fracas, mas elas sabem cuidar umas das outras. Se você agarrar uma delas, arrancar-lhe uma perninha e logo voltar a colocá-la entre as outras, ela não ficará abandonada. Logo outra formiga vai parar para examiná- la, demonstrando preocupação e misericórdia. Rapidamente a formiga ferida será levantada e amparada por sua companheira, e não ficará exposta à morte nesse lugar.84

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Restaurando os Soldados Feridos

As formigas não apenas nos ensinam a trabalhar, mas também a perseverar e a conquistar. Mas ainda nos mostram o amor e a misericórdia de umas para com as outras.

Devemos ter atitudes de formiga quando a questão é ajudar nossos colegas feridos. Q uando vemos um irmão ou companheiro de luta com as pernas quebradas, caído no pecado, detemos nossa marcha para demonstrar-lhe amor e misericórdia? Averiguamos qual foi o motivo dessa situação? Carregamos nossos irmãos sobre os ombros da oração até que ele se reabilite?

OS SOLDADOS CANSADOS DE DAVIN a tentativa de alcançar os seqüestradores, Davi e seus

homens com certeza tiveram que marchar com todas as suas forças. Havia pouca ou nenhum a montaria. Os poucos cavalos serviam para puxar carroças, não para conduzir os soldados. Toda a marcha era feita a pé. A medida que o tempo passa e o calor do sol os afeta, eles vão ficando cansados. Q uando chegam às margens do ribeiro de Besor, um terço dos homens simplesmente não aguenta prosseguir. Eles têm todos os motivos do m undo para querer prosseguir: suas famílias estão em perigo e eles querem estar lá para resgatá-las, mas simplesmente faltam-lhes as forças para continuar. Duzentos homens desmoronam ali próximo ao ribeiro, incapazes de sair do lugar. M esmo que seguissem em frente, só iriam retardar os demais. Davi e os outros 400 homens prosseguem, deixando a maior parte da bagagem para trás com os que ficaram, a fim de se moverem mais rápido, gastando menos energia.

A divisão dos despojosOs guerreiros de Davi não eram perfeitos. Com o em

qualquer equipe eles tinham disputas, intrigas, interesses e comportamentos que precisavam de ajuste. O crescimento ao lado de Davi foi progressivo, gradual, e é importante lembrar

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que esse episódio do sequestro de suas famílias e seus bens não foi muito depois de saírem da segurança da caverna de Adulão. Eles ainda estavam crescendo e aprendendo.

O texto de I Samuel 30.21-31 é m uito esclarecedor, e mostra que seus corações ainda precisavam de quebrantamento, generosidade. Foram generosos com o egípcio que lhes ajudou a achar o bando de amalequitas, mas não quiseram ser tão compreensivos com seus companheiros que haviam ficado para trás. Vejamos o texto.

“Chegando Davi aos duzentos homens que, de cansados que estavam, não o puderam seguir e ficaram no ribeiro de Besor, estes saíram ao encontro de Davi e do povo que com ele vinha; Davi, aproximando-se destes, os saudou cordialmente. Então, todos os maus e filhos de Belial, dentre 05 homens que tinham ido com Davi, responderam e disseram: Visto que não foram conosco, não lhes daremos do despojo que salvamos; cada um, porém, leve sua mulher e seus filhos e se vá embora. Porém Davi disse: Não fareis assim, irmãos meus, com 0 que nos deu 0 S E N H O R , que nos guardou e entregou às nossas mãos 0 bando que contra nós vinha. Quem vos daria ouvidos nisso? Porque qual é a parte dos que desceram à peleja, tal será a parte dos que ficaram com a bagagem; receberão partes iguais. E assim, desde aquele dia em diante, fo i isso estabelecido por estatuto e direito em Israel, até ao dia de hoje. Chegando Davi a Ziclague, enviou do despojo aos anciãos de Judá, seus amigos, dizendo: Eis para vós outros um presente do despojo dos inimigos do S E N H O R : aos de Betei, aos de Ramote do Neguebe, aos deJatir, aos de Aroer, aos de Sifmote, aos de Estemoa, aos de Racal, aos que estavam nas cidades dos jerameelitas e nas cidades dos queneus, aos de Horma, aos de Borasã, aos de Atace, aos de Hebrom e a todos os lugares em que andara Davi, ele e os seus homens.”

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A vitória foi grande. Eles recuperaram tudo que havia sido tomado, tanto as pessoas, como o gado, como outros bens. Na realidade a conquista foi ainda maior do que eles poderiam imaginar. N a realidade, Davi e seus homens não recuperaram só o que haviam perdido; eles conquistaram também uma porção de coisas extra. Antes de atacar Ziclague, os amalequitas tinham invadido muitas cidades e vilas filistéias e israelitas. Em todas elas eles fizeram saques e pilhagens e arrecadaram muitos despojos. E esses despojos agora representam o principal problema que Davi tem diante de si. Alguns dos 400 homens que derrotaram os amalequitas se recusaram terminantemente a reparti-los com os 200 homens que ficaram para trás.

E interessante notar que entre os 400 homens que lutaram ao lado de Davi havia o que o texto chama de homens “maus efilhos de Belial”. Não eram todos, graças a Deus; eram apenas alguns deles, mas o suficiente para criar uma situação embaraçosa. Só precisamos ter cuidado porque nas igrejas, muitas vezes, esses filhos de Belial parecem estar assumindo o comando. N ão que não sejam crentes, que não sejam salvos ou que sejam infiéis ao rei. Eles são fiéis ao rei, ao reino e aos seus interesses. Eles só não são compreensivos com seus companheiros mais fracos, que ficaram para trás, que se cansaram na jornada. São intolerantes e justiceiros.

Lógica certa -princípio erradoA lógica dos 400 homens que lutaram até o fim é

a seguinte: os outros 200 não tiveram parte na batalha ou na vitória conquistada. Aos 200 deveria ser devolvido aquilo que perderam, como as mulheres, os filhos e os bens que eles tinham no m om ento do saque a Ziclague. Mas não deveriam receber uma parte dos despojos extra da guerra, dos despojos que os

Um grupo de soldados mesquinhos

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amalequitas tomaram dos filisteus e israelitas. Eles defendiam que esses despojos deveriam ser repartidos só entre os 400 guerreiros. Afinal de contas, foram eles que pagaram um preço maior, que arriscaram a vida, que demonstraram força, coragem e valentia.

Apesar da lógica forte, aqueles homens estavam montados em argumentos errados para se recusarem a repartir os despojos com os outros 200. Primeiro, eles presumem que os despojos são seus para repartirem como quiserem, e deixam bem claro que não estão dispostos a repartir com os demais os frutos de “seu” esforço, suas aquisições.

Os 400 presumem que os outros 200 não tiveram parte na batalha nem na vitória, simplesmente porque não estavam com eles quando lutaram e venceram os amalequitas. Eles entendem que a vitória foi deles, e que por isso deveriam receber crédito e reconhecimento, e que por isso mesmo deveriam merecer uma recompensa diferenciada.

Resposta do líder restauradorEntra aqui uma séria questão de liderança. Os 400 homens

não estão pedindo uma parte maior dos despojos; eles estão exigindo aquilo que entendem ser um direito só deles. Eles não estão buscando a orientação de Davi; estão quase é usurpando sua liderança, pela imposição que estão tentando fazer. Davi não deixa que prevaleçam. Ele resolve lidar com suas exigências e administra tudo com muita sabedoria e humanidade. Ele se recusa a perm itir que façam as coisas do seu jeito, enquanto lhes mostra por que estão errados em suas imposições.

Davi faz-lhes entender que eles não merecem aqueles despojos simplesmente porque lutaram na batalha, como supõem. Tanto a vitória quanto os despojos são um presente gracioso de Deus, pois foi Ele quem conduziu toda a situação88

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para que eles tivessem bom êxito. Da mesma forma que foi O Senhor Deus dos Exércitos quem lhes deu a vitória, foi ele também quem lhes deu os despojos. Por isso eles não podem reivindicar os méritos exclusivamente para si.

Quando um time ganha um campeonato de futebol ou voleibol, por exemplo, as medalhas não são entregues apenas para os 11 ou 6 jogadores que estavam em campo ou em quadra no m om ento em que soou o apito ou que fizeram o último ponto. A medalha é entregue a todo o elenco. Aqueles que estão no banco são tão parte do time quanto aqueles que finalizaram a partida. Quando Davi emprega o pronom e nos, parece claro que ele inclui todos os 600 homens. A vitória é do grupo todo, e o grupo é bem maior do que os 400 homens. “Deus nos deu a vitória”, ele argumenta, e fica claro que ela foi para todos os 600 homens; não apenas para 400.

N o m om ento em que Davi e seus homens surpreendem os amalequitas, eles estão fazendo uma festa, celebrando as conquistas e as pilhagens. Parece que havia senso de coletividade entre eles; parece que eles entendiam que todos tinham direito de celebrar e usufruir dos saques. Por que os homens de Davi deveriam ser menos generosos? Os 600 homens de Davi são todos irmãos, ele enfatiza no versículo 23. Eles não são apenas um grupo de indivíduos, mas uma irmandade, uma família.

Um por todos e todos por umN ós hoje, como corpo de Cristo, como igreja, devemos

aprender com Davi que a batalha é um a ação coletiva, cada m em bro desempenhando um papel diferente. Só porque 200 se cansaram e ficaram para trás não significa que não tiveram parte na vitória. Eles ficaram cuidando das bagagens. Subentende- se que cuidaram da bagagem de todos os 600 homens. Dessa forma, os 400 podiam se locomover mais facilmente, sem

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peso para carregar, e ainda ter certeza que seus pertences não seriam levados pelos moradores ou nômades da região. Os 200 contribuíram para a vitória. A vitória é um a vitória coletiva, e assim, cada hom em deve ter uma parte igual dos despojos.

Davi não deixa que aqueles “homens maus e filh o s de B elia l” estraguem a vitória que Deus lhes deu. Ele garante que os despojos sejam igualmente distribuídos entre todos os 600 homens. E o que ainda mais lindo é que eles não ficam com todos os despojos dessa vitória. N os versos 26 a 31, vemos que Davi faz uso de boa parte dos despojos para com eles abençoar algumas cidades israelitas que ele e seus homens costumavam frequentar. Mostra gratidão, generosidade e tato diplomático. Talvez Davi já esteja preparando terreno e ganhando aliados para o seu futuro governo. E bem provável que aquelas cidades tivessem sido atacadas pelos amalequitas e sofrido algumas perdas. Provavelmente alguns despojos tinham sido tomados deles.

Aquelas cidades são aqueles lugares que Davi e seus homens costumavam frequentar. Talvez algumas delas foram invadidas e saqueadas pelo próprio Davi. Alguns homens daquelas cidades eram anciãos, homens de considerável influência, e muitos deles eram amigos de Davi. Lembrando que Davi era da tribo de Judá, e muitas daquelas cidades estavam no território de Judá, o que fazia deles parentes de Davi. E o interessante é que pouco tempo depois estes beneficiários da generosidade de Davi foram os primeiros a abraçá-lo como seu rei.

M uitas vezes precisamos tomar decisões que nossos companheiros de batalha não entendem. A igreja toda precisa ser cuidada, preservada, e pessoas são mais importantes do que projetos, bens ou posições. Vidas cansadas, quebradas e feridas precisam ser reanimadas, curadas, consertadas.

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A decisão de Davi teve um longo e duradouro alcance- m uito maior do que ele poderia imaginar naquele momento. N o calor do momento, Davi tinha uma decisão importantíssima a tomar. Deveria fazer a vontade de uns poucos homens maus e filhos de Belial, deixando-os dividir os despojos só entre os 400? O u deveria ficar firme naquilo que é certo? Davi escolhe ficar firme naquilo que é certo, e nesse processo, ele estabelece um princípio que subsiste além dele. Devemos fazer o mesmo hoje, e seremos chamados também, dentre outras coisas, como ele, de homens segundo o coração de Deus.

A decisão de Davi teve ao mesmo tempo um forte impacto pedagógico e legislativo. Pedagógico no sentido de que estabeleceu um exemplo, uma lição que seus homens jamais esqueceriam. Legislativo no sentido de que a partir dali se criou uma norm a para a partilha igualitária dos despojos entre todos os soldados da tropa, como mostra I Samuel 30.25: “O que assim

fo i desde aquele dia em diante, porquanto o pôs por estatuto e direito em Israel até ao dia de hoje”.

Restauração e generosidade ampliadas

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C ap1t u i,o 7

OS SOLDADOS DE DAVI DEPOIS DA CAVERNA

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Podemos até estar frustrados na vida, desanimados e decepcionados, mas não precisa ser sempre assim. Alguns, depois de levar muitas pauladas na cabeça, acostumam-se, e entregam os pontos, aceitando a vitória do inimigo. Os valentes de Deus (e de Davi) não eram assim. Devemos fazer como eles. Já pregamos bastante o arrependimento para os outros; mas quando erramos nós mesmos precisamos ser capazes de nos arrepender e pedir perdão pelos nossos erros.

A Majestade de Deus não pode ficar apagada diante de uma opinião que nós temos em relação ao estilo do pregador, ao horário do culto, à maneira como o louvor é ministrado na igreja. Muitas vezes queremos que todas as demais coisas prometidas por Jesus sejam acrescentadas às nossas vidas, mas não buscamos em primeiro lugar o Reino de Deus e a Sua justiça.

Já vimos que os valentes de Davi eram a escória da sociedade. Eram aqueles que todos discriminavam. Eram uns “Z és-N in g u ém ”, homens sem lenço e sem documento. Eram homens que não tinham nada de bom para oferecer aos outros; pelo menos naquele primeiro momento. Eles não impressionavam pelo que possuíam. Mas a fidelidade deles para com Davi era impressionante. As igrejas e os homens querem impressionar pelo que possuem, mas Deus está interessado na nossa fidelidade.

A Palavra nos diz que Davi estava acompanhado de pelo menos trinta e sete pessoas (II Samuel 23.39). Eles andavam juntos, eram seus consultores de guerra, seus ministros, comandantes das tropas, chefes da guarda pessoal, etc. Mas, dos trinta e sete que acompanhavam a Davi mais de perto, havia um grupo mais restrito de cinco: Três que eram os cabeças (Josebe- Bassebete, Eleazar, Samá), e dois (Abisai, Benaia) que estavam tentando chegar lá.

Esses homens eram fiéis para com Davi, estavam sempre ao seu lado, sendo amigos mais chegados que um irmão (Provérbios 18.24). Eles deixaram seus nomes gravados nas páginas das

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Escrituras porque foram até o fim. Q uando Davi foi consagrado rei sobre Judá, e depois sobre toda a nação de Israel, eles estavam lá. Esta lição nos mostra que aqueles que partilham os momentos de luta tam bém se deleitarão nos momentos de glória. Quando ajudamos a construir um projeto de Deus e para Deus, com certeza colheremos frutos de bênção para nós e para nossos filhos, para as gerações posteriores.

O Senhor Deus busca continuadores para a Sua obra, pessoas dispostas a vestir a camisa de um líder ungido por Deus e ajudá-lo até que determine os próximos passos. Os valentes de Davi foram perseverantes e leais, prosseguiram firmes para o alvo que não era somente de Davi, mas de todos. Deus não se revela para aqueles que estão apenas de passagem, mas sim para aqueles que têm compromisso e motivações elevadas.

Eis o texto de II Samuel 23.8-12:

Estes são os nomes dos principais guerreiros de Davi: Jabesão, um tacmonita, chefe dos três guerreiros principais; numa ocasião, com uma lança, enfrentou oitocentos homens numa mesma batalha e os matou. Depois dele, Eleazar,filho do aoíta Dodô. Ele era um dos três principais guerreiros e esteve com D avi quando os filisteus se reuniram em Pas- D am im para a batalha. Os israelitas recuaram, mas ele manteve a sua posição e feriu os filisteus até a sua mão

ficar dormente e grudar na espada. E o Senhor concedeu uma grande vitória naquele dia, e o exército voltou para onde Eleazar estava, mas somente para saquear os mortos. Depois dele, Samá, filho de Agé, de Harar. Os filisteus reuniram-se em Lei, onde havia uma plantação de lentilha. O exército de Israel fugiu dos filisteus, mas Samá tomou posição no meio da plantação, defendeu-a e derrotou os filisteus. E o Senhor concedeu-lhe uma grande vitória.

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OS VALENTES NÃO SE ASSUSTARAM DIANTE D O TAM ANHO D O INIMIGO

O verso 8b diz que Josebe-Bassebete brandiu sua lança contra oitocentos homens e os feriu. Q uem enfrenta 800 homens já venceu o pior inimigo de todos, que é o medo de tentar uma tarefa humanam ente impossível. Aquele valente não desistiu diante das circunstâncias adversas. Ele tinha um coração confiante e curado, pois sabia o que Deus já tinha feito na sua vida e na vida de todo o exército.

Não devemos escutar o que as pessoas dizem de nós. Precisamos dar ouvidos ao que Deus diz. Devemos nos levantar em fé e agir, senão seremos eternos perdedores, ou apenas “vencedores pela fé ”. A fé bíblica sempre produz resultados concretos; não fica no plano das possibilidades e dos sonhos altos.

OS VALENTES ERAM MOVIDOS POR UM A IMENSA PERSISTÊNCIA

Os versículos 9-10 mostram que enquanto os filhos de Israel se retiravam, Eleazar se levantou e feriu os filisteus até lhe cansar a mão e ficar pegada à espada. Este valente lutou com tanta obstinação, com tanta vontade, que sua mão ficou dormente, seus dedos não abriam e a espada ficou colada na sua mão.

Muitas vezes, nos momentos de lutas e dificuldades, a primeira coisa que fazemos é largar a espada. Desistimos de lutar e tentamos nos proteger do combate. Mas Eleazar se apegou à espada, e não a soltou de jeito nenhum . Deus sabia que aquele valente era humano, não um titã ou semideus grego. Mas os valentes de Deus são fiéis até o fim, na luta e nas batalhas da vida. Deus conhece os seus limites e não vai deixá-los cair diante da fúria do inimigo. Mas o valente precisa manter a sua posição.

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OS VALENTES DEFENDEM AQUILO QUE CONQUISTARAM

O versículo 11 fala de um pedaço de terra cheio de lentilhas. Era o campo da comida, e os filisteus queriam incendiá-lo. O povo de Israel fugia dos filisteus. O valente Samá se colocou no meio daquele terreno e o defendeu com a própria vida.

Aquele era um campo estratégico. Era um m om ento de desespero e de perdas, e todos escaparam. M esmo ficando sozinho, Samá não deixou que o inimigo tivesse a vantagem. Não podemos conquistar as terras para entregá-las sem mais nem menos a Satanás! Os valentes de Deus não são assim. Samá não se sentiu ameaçado, não se sentiu preso, não estava debaixo de nenhum a imposição.

Alguém já disse, com muita propriedade, que “o corajoso é o medroso que acabou de orar.”

OS VALENTES REALIZAM TAREFAS ALÉM DAS EXPECTATIVAS

Os versículos 15 e 16 mostram que Davi apenas expressou um desejo em voz alta, assim: “Davi expressou este forte desejo: Q uem me dera me trouxessem água da cisterna da porta de Belém! Então aqueles três atravessaram o acampamento filisteu, tiraram água da cisterna e a trouxeram a Davi...”

Belém estava sitiada pelos filisteus e Davi sentiu um enorme desejo de beber da água daquele poço. Era a sua terra natal, e de repente pode ter batido um saudosismo bairrista. Eles não precisavam ir, ninguém os obrigou a ir, ninguém pediu, mas eles se reuniram e foram pegar água para Davi. Correram um risco terrível, mas atravessaram todo um acampamento de inimigos e realizaram o desejo de seu líder.

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Nós, como soldados de Cristo, não existimos apenas para fazer o que Deus manda, mas para agradar o Seu coração, mesmo quando Ele não nos pede diretamente. O servo faz o que mandam, mas o filho agrada o coração do Pai. O medíocre faz o que lhe mandam, mas o herói realiza os desejos do coração - tanto os mais simples quanto os impossíveis.

OS VALENTES NÃO TOMAM PARA SI A GLÓRIA DE DEUS

É bom lembrar que o líder deve ser o principal valente. Davi era o maior valente dentre eles, por isso mesmo estava sendo elevado como rei de toda a nação. N o versículo 17 ele tem uma reação digna de um valente-rei: “O Senhor me livre de beber desta água! Seria como beber o sangue dos que arriscaram a vida para trazê-la\”. O versículo anterior diz que ele derramou aquela água como uma oferta ao Senhor.

Os verdadeiros valentes de Deus colocam as necessidades do Reino acima das suas próprias necessidades. N ão podemos confundir o sucesso da causa que defendemos com nosso desejo pessoal de glória e reconhecimento. Havia água no acampamento, e todo m undo bebia dela; por isso Davi não deixou que seus desejos pessoais colocassem em risco a vida e a segurança de seus homens.

OS VALENTES SERVEM IN D E PE N D EN TE DAS RECOMPENSAS

Os versículos 18-23 mostram que Abisai alçou sua lança contra trezentos, e os feriu. O verso 19 diz que ele era mais nobre do que os trinta. Contudo, Abisai não chegou aos três primeiros lugares. E não precisava. Cada um tinha o seu valor, a sua importância naquele ministério. Eles serviam por amor,

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lealdade, visão compartilhada do reino inteiro, e não apenas por um projeto pessoal de fazer carreira.

O verso 20 diz que Benaia feriu dois heróis de Moabe, homens fortes e poderosos. Benaia matou um leão no tempo de neve. N o verso 21, ele matou um egípcio, hom em de grande estatura: outro gigante. Benaia era mais nobre do que os trinta, porém não chegou a figurar no grupo dos três.

Os gigantes de Deus fazem as tarefas do Reino sem se preocuparem com o tamanho das recompensas ou das posições que serão dadas como promoção. Abisai e Benaia fizeram coisas dignas dos maiores valentes, mas não receberam mais por isso. E nem por isso se revoltaram ou saíram para criar seu próprio exército, fundar seu próprio ministério. Eles entendiam que Deus não os havia chamado para ser um sucesso; mas para serem mais que VENCEDORES.

NOVOS GIGANTES - NOVAS BATALHAS!A vitória de Davi sobre Golias é clássica. Ainda quando

bem jovem ele enfrentou o gigante dos filisteus e isso m udou toda a sua história e da nação de Israel para sempre. E talvez com a derrota de Golias, o povo pensou que a paz estivesse consolidada. Só que eles perceberam, mais tarde, que os gigantes voltam. Por isso é necessário estar preparado com a armadura de Deus, para enfrentar os novos desafios.O texto de II Samuel, 21.15-22 afirma:

D e novo, fizeram os filisteus guerra contra Israel. Desceu D avi com os seus homens, e pelejaram contra os filisteus, ficando D avi mui fa ixado . Isbi-Benobe descendia dos gigantes; o peso do bronze de sua lança era de trezentos siclos, e estava cingido de uma armadura nova; este intentou matar a Davi. Porém Abisai, filho de Zeruia, socorreu-o,

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feriu o filisteu e o matou; então, os homens de D avi lhe juraram, dizendo: Nunca mais sairás conosco à peleja, para que não apagues a lâmpada de Israel. Depois disto, houve ainda, em Gobe, outra peleja contra os filisteus; então, Sibecai, o husatita, feriu a Safe, que era descendente dos gigantes. Houve ainda, em Gobe, outra peleja contra os filisteus; e Elanã, filho de Jaaré-Oregim, o belemita, feriu a Golias, o geteu, cuja lança tinha a haste como eixo de tecelão. Houve ainda outra peleja; esta fo i em Gate, onde estava um homem de grande estatura, que tinha em cada mão e em cada pé seis dedos, vinte e quatro ao todo; também este descendia dos gigantes. Quando ele injuriava a Israel, Jônatas, filho de Siméia, irmão de D avi, o feriu. Estes quatro nasceram dos gigantes em Gate; e caíram pela mão de D avi e pela mão de seus homens.O texto mostra que os filisteus e seus gigantes não

desistem facilm ente. Eles querem afrontar o exército de Deus e seus ungidos. Q uando os gigantes voltam, parece que eles surgem com mais fúria e mais poder. A mágoa e o ressentimento às vezes parecem mais fortes do que o perdão. Alguns dos gigantes eram parentes de Golias, e estavam sedentos por vingança.

N a primeira batalha Davi era mais jovem e estava mais bem preparado fisicamente, muito disposto, apesar das desvantagens. Mas agora o seu estado de espírito não era o mesmo. O versículo 15 diz que ele ficou muito fatigado. E normal, pois as lutas espirituais cansam, enfraquecem e deixam o sujeito esgotado.

Davi lutou tanto que ficou fraco, pois o filisteu concentrava-se nele, não nos outros soldados. O Gigante íbis- Benobe queria matar Davi, e sua lança de bronze pesava quase quatro quilos. O verso 17 diz que Abisai veio em seu socorro e matou o gigante. Foi então que os líderes militares decidiram que o rei era vulnerável e valioso demais para ser sacrificado no campo de batalha. E é importante observar que o texto mostra

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que o gigante estava com uma armadura nova. O inim igo sempre renova suas armas.

A primeira lição que aprendemos nesta Batalha de vencer gigantes é que nós não devem os subestimar o inim igo do passado. Erros não tratados do passado podem ser ressuscitados, e por isso todas as brechas devem ser fechadas. U m a igreja precisa de muitos “Abisais” para vencer seus gigantes. U m pastor sozinho não dá conta de vencê-los, mas todos os valentes juntos podem muito.

As batalhas contra os filisteus não terminaram com a vitória de Abisai sobre o gigante filisteu. “Depois disto houve ainda outra peleja...” (v.18). “H ouve ainda em Gore outra peleja...” (v.19). “H ouve ainda outra peleja...” (v.20). Muitas vezes precisamos enfrentar um gigante de cada vez, um gigante a cada dia.

O interessante no texto de II Samuel 22 é ver que esses quatro gigantes não foram vencidos por Davi. Foram os seus homens que os derrotaram. Por que eles lutaram em defesa de Davi? Porque Davi era o seu líder, ungido por Deus para dirigir o povo, e não poderia correr esse risco de ser morto. A igreja precisa se mobilizar para defender os seus líderes, protegê-los em oração e intercessão, enfrentando os gigantes jun to com eles.

N o verso 18 vemos que Sibecai, um dos valentes de Davi, derrotou o gigante Safe. O fato dos nomes desses gigantes aparecerem no texto mostra que eram guerreiros conhecidos. Aprendemos aqui que as batalhas não são vencidas sempre da mesma forma. N o passado Davi havia matado o gigante Golias sozinho, mas agora precisava da ajuda de seus guerreiros.

N o terceiro combate com filisteus, outro gigante foi vencido, e de novo por outro valente de Davi chamado Elanã (v. 19). Esse gigante m orto aqui era irmão do primeiro Golias, conforme a Bíblia mostra em I Crônicas 20.5.

A quarta batalha contra os gigantes aconteceu na cidade dc Gate, dentro do próprio território do inimigo (w. 20-22). Nessa batalha quem venceu o gigante foi Jônatas, sobrinho de102

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Davi, da mesma forma que o gigante havia desafiado Israel e o Deus de Israel na juventude do seu tio.

Davi era um excelente líder, mas devia aprender a respeitar seus limites. O mesmo serve para nós. N ós não somos super-homens. N ós somos protegidos por aqueles a quem protegem os. Você precisa saber que jun to a nós, em nosso meio, há pessoas capacitadas para nos ajudar em nossas batalhas do dia-a-dia.

Com o Davi, devemos treinar um exército de valentes que vão lutar ao nosso lado e por nós. Os guerreiros de Deus se cansam, mas o inimigo parece que não. Contudo, um exército que se renova não dá trégua ao inimigo, e luta até aniquilá-lo. E bom contar com a ajuda da família e dos discípulos. O sobrinho de Davi estava lá! O versículo 22 diz que todos esses quatro gigantes caíram pelas mãos de Davi e seus homens!

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CONCLUSÃO

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Esperamos que este livro tenha falado ao seu coração. Se falou, não fique parado, não fique quieto, mova-se em favor daqueles a quem Deus quer resgatar. Você pode ser um prom otor de reconciliação, um restaurador de brechas, um reconstrutor de ruínas, para a glória de Jesus. Veja um dos grandes exemplos de heroísmo da nossa história.

Aconteceu na Bahia, logo depois da Independência do Brasil. Os portugueses não aceitaram, e começaram a guerra. O General Madeira de M elo continuou combatendo os patriotas baianos, que mal conseguiam resistir, pois os portugueses estavam mais bem armados e eram mais numerosos. O comandante brasileiro Barros Falcão, reconhecendo a inutilidade do sacrifício de centenas de vidas, depois de uma batalha árdua de muitas horas, finalmente ordenou: “tocara retirada”.

O corneteiro Luiz Lopes não se moveu. “Toque a retirada”, grita o oficial furioso. Ouçam! De repente um som enche o ar. Mas não é o toque de retirada. Será que o corneteiro enlouqueceu? Pois, o que todos ouvem, com espanto, é o sinal: “Avançar; cavalaria, e degolar\” Mas não havia cavalaria. Estavam todos exaustos, e a pé!

Nas fileiras dos portugueses reina a confusão, o pânico, a debandada louca. Fugiram todos duma cavalaria que não existia; fugiram por causa daquele toque de corneta que valeu mais do que o ribombar dos canhões e de uma luta sangrenta de horas.

Isto relembra as palavras do profetajoel: “Tocai a trombeta em Sião e dai voz de rebate no meu santo monte; perturbem-se todos os moradores da terra...” (Joel 2.1).

À semelhança de Davi e seus valentes, à semelhança do samaritano da parábola de Jesus, e à semelhança do corneteiro baiano, vamos crer que gestos de bondade e confiança podem produzir grandes vitórias; vamos agir com mansidão, amor, fé, mas também com ousadia, bravura e intrepidez. E veremos canas/flautas quebradas voltando a produzir som, e pavios secos e fumegantes voltando a produzir clara luz.

Restaurando os Soldados Feridos

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Somente podem ser feridos em combate soldados da ativa. Os reservistas não correm esse risco. Mas só experimentam o gosto da vitória e a alegria das conquistas aqueles que lutam bravamente no campo de batalha.

Nas batalhas os soldados podem ser feridos. Quando isso acontece, compete aos seus superiores e colegas de regimento cuidar para que ele seja resgatado, curado e reintegrado às tropas. A pior coisa seria o soldado ferido ser achado e morto pelo inimigo ou, ainda pior, ser recuperado por ele e transformado em seu aliado, nosso inimigo.

A igreja de Jesus precisa cuidar melhor dos seus soldados. Precisa ajudá-los a evitar campos minados, a demonstrar defesa estratégica e bravura contra as ciladas do adversário. Contudo, quando feridos, devemos colocar em prática os princípios do maior manual bélico disponível: a Palavra de Deus.

Este livro apresenta fatos e desafios, expõe problemas, mas propõe soluções. O pastor Abe escreve com a autoridade de um comandante que já restaurou batalhões de soldados e oficiais, e continua a fazê-lo, com muita propriedade. Aqui ele compartilha segredos e mostra o caminho da ferida para a cura, da cura para novas conquistas. Leitura obrigatória para pastores e líderes, para discipuladores e discípulos - para soldados e oficiais!

A be H uberNatural de Belo Horizonte, é bacharel em teologia e missiologia pela Columbia Bible College, Carolina do Sul, e especializado em música pelo Berkeley College, Boston (EUA).

É o diretor-supervísor da Base Regional Santarém da Igreja da Paz, com milhares de membros e centenas de igrejas espalhadas pela Amazônia e Norte do Brasil, prestando serviços sociais, de saúde e educação às populações ribeirinhas.

O Pastor Abe também é diretor e pastor presidente da Base Regional Fortaleza da Igreja da Paz. Reconhecido como um especialista em células e discipulado, tem ministrado em diversos lugares do Brasil e no exterior. É ainda escritor de

vários livros, tanto individualmente como em co-autoria. Abe é casado

* com Andrea Huber e é pai dePriscila, David e Daniel.

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