RESULTADOS ECONÔMICOS EM SISTEMAS DE … · Para Lemaire et al. ... Ano África América Ásia...
Transcript of RESULTADOS ECONÔMICOS EM SISTEMAS DE … · Para Lemaire et al. ... Ano África América Ásia...
RESULTADOS ECONÔMICOS EM SISTEMAS DE
PRODUÇÃO MISTOS: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA
Área temática: Gestão Econômica e Financeira
Elisa Mauro Gomes
Carlos Fernando Jung
Resumo: Este artigo apresenta uma revisão sistemática sobre estudos que contemplam os resultados econômicos
obtidos em diversos modelos de integração lavoura-pecuária (iLP) ao redor do mundo. A finalidade foi gerar
informações acerca da viabilidade econômica em sistemas integrados, apontando quais são os países com maior nível
tecnológico, diante da qualidade e da quantidade de artigos publicados a respeito do tema. Foi realizada uma busca de
artigos no portal de periódicos da Capes/MEC, e nas plataformas Scielo, Web of Science e Elsevier, aproveitando-se
49 artigos. Os estudos foram selecionados de acordo com a presença de resultados econômicos de sistemas integrados.
A revisão sistemática aponta que há sucesso no resultado econômico de diversos modelos de iLP, mas há fatores-chave
para um crescimento acelerado relacionados a mão de obra e custos de produção. É necessário a realização de
pesquisas mais abrangentes que envolvam também os resultados sociais e ambientais o que poderia garantir uma visão
sistêmica sobre a sustentabilidade do sistema.
Palavras-chaves:
ISSN 1984-9354
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
2
1 Introdução
Para Lemaire et al. (2014) a implantação dos sistemas de integração agrícola e pecuária foi
incentivada pela elevação do preço da energia e dos fertilizantes. Este fato deve também pressionar o
setor produtivo a utilizar com maior eficiência os recursos. Ainda, as incertezas do clima em relação a
precipitação e temperaturas põe em risco a produtividade de sistemas monocultores e forçam o
produtor a utilizar novas estratégias, como a integração (EVANS, 2009). Assim, a utilização de
sistemas integrados aparece como uma solução e deve evoluir em todas regiões do mundo, a fim de
blindar as quedas de produtividade (MILESTADT et al., 2012).
Sistemas mistos como de integração lavoura-pecuária continuarão a ser a chave para o
crescimento agrícola até 2030 segundo Herrero et al. (2012), favorecendo a sustentabilidade em países
pobres e em desenvolvimento. Para o mesmo autor, tais países não podem ser esquecidos ou ignorados
na agenda do desenvolvimento global.
O relatório do Instituto Internacional de Pesquisa da Pecuária (ILRI) aponta que cerca de 50%
dos cereais do mundo são produzidos em algum tipo de sistema misto entre lavoura e pecuária
(HERRERO et al.,2012). As taxas de crescimento da produção e do consumo de produtos agrícolas são
significativamente maiores nesses sistemas do que em outros, com taxas de produção e consumo de
gado duplicando os de culturas anuais (DELGADO et al., 1999).
A integração lavoura-pecuária (iLP) é um sistema agrícola com interações entre espécies
vegetais e animais desenvolvidos ao redor do mundo. Estes arranjos produtivos são diversificados,
sendo que há uma variabilidade grande das espécies que integram o sistema devido as potencialidades
e restrições técnicas, econômicas e ambientais de cada país (BONAUDO et al., 2014). Por
consequente, o resultado financeiro e econômico tende a ser variável para cada sistema. Por isso, os
resultados ambientais, sociais e econômicos dos sistemas de iLP são amplamente estudados testando-
se qual o resultado econômico de cada sistema, os benefícios ambientais e a aceitação social da iLP
(IIYAMA et al., 2007).
Este artigo apresenta uma revisão sistemática de estudos que contemplam os resultados
financeiros e econômicos obtidos em sistemas de iLP, aliados aos resultados ambientais e sociais até o
ano de 2014. O objetivo foi analisar e sintetizar o panorama das pesquisas sobre iLP, com ênfase na
parte financeira e econômica, a fim de apresentar quais os países e continentes com maior nível
tecnológico a respeito do tema e contribuir para futuros estudos.
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
3
2 Procedimentos metodológicos
A revisão sistemática sobre os aspectos econômicos de sistemas agropecuários integrados,
como a iLP, foi baseada em uma busca de estudos científicos na língua inglesa, espanhola ou
portuguesa, em bases de dados on-line como Scielo, Web of Science e Elsevier,.e Portal de Periódicos
da Capes/MEC. O levantamento destes foi realizado durante março de 2013 a outubro de 2014.
Nesta pesquisa não houve limitações quanto a data de início de publicação, apenas para a data
final, que foi 2014. Não houve a aplicação de filtros. Os critérios para a seleção dos artigos foram: (i)
estar publicado em espanhol, inglês ou português, (ii) possuir alguma das palavras-chave em inglês ou
português na publicação, e (iii) o tema e objetivo estarem direcionados à pesquisa de resultados ou
discussões sobre os aspectos econômicos de sistemas integrados de agricultura e pecuária.
As seguintes palavras-chave foram utilizadas em português: “Sistemas de integração lavoura-
pecuária”, “Resultados econômicos em sistemas mistos” e “Avaliação econômica da integração
lavoura-pecuária”. E em inglês as palavras-chave foram: “crop-livestock system”, “mixed crop-
livestock system”, “crop-livestock integration; farming systems” e “integrated farming system”.
O levantamento resultou em 65 estudos dentre artigos de periódicos científicas, artigos
publicados em anais de congressos e livros. Para selecionar os estudos, baseado nos critérios adotados
(i, ii e iii) foram eliminados 16 artigos que continham apenas resultados sobre aspectos ambientais ou
sociais.
A seleção resultou em 49 estudos que foram apresentados a partir da seção 3. Primeiramente, a
revisão de literatura traz uma visão abrangente da importância dos sistemas integrados na agropecuária
ao redor do mundo. Depois, são apresentados os resultados da classificação dos artigos por continente,
país e ano de publicação. Na sequência há uma análise descritiva dos resultados econômicos por
continente e em seguida uma síntese do que foi encontrado. Na síntese foram determinadas as
características dos sistemas integrados, os pontos fortes e pontos fracos dos respectivos continentes.
3 Resultados
3.1 Países e continentes estudados
A revisão sistemática abrangeu pesquisas publicadas nos cinco continentes, entre os anos 1986
a 2014. A América e a África se destacam pelo número de artigos relacionados a situação econômica
de sistemas integrados com 13 e 10 artigos respectivamente, ver Figura 1.
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
4
Figura 1: Número de publicações com resultados econômicos em sistemas integrados de
produção por continente entre 1986 a 2014.
Fonte: Primária
Na classificação por países, a Austrália possui uma maior número de publicações a respeito do
tema se comparado com outros países, totalizando 8 publicações no período. Estados Unidos e Brasil
vem na sequência com 7 e 5 publicações respectivamente que são relevantes para o tema, ver Figura 2.
Figura 2: Publicações com resultados econômicos em sistemas integrados de produção por país
entre 1986 a 2014.
Fonte: Primária
3.2 Ano de publicação
Entre 2010 e 2014 foram encontradas 24 publicações com resultados econômicos de iLP em
nível mundial, com média de aproximadamente 5 publicações por ano. Anteriormente, de 2005 a 2008,
foram apenas 14 publicações. Entre 1986 a 2008, a média de publicações na área temática eram 2 por
ano, ver Tabela 1.
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
5
Tabela 1: Publicações por ano e continente a respeito de resultados econômicos em sistemas
integrados de produção.
Ano África América Ásia Europa Oceania Mais que
um
Total por
ano
1986
1
1
1987
1
1
1995
1
1
1999 1
1 2
2002
1 2 1
4
2003 1
1
2004
1
1
2005
1
1
2006 1
1
1
3
2007 1 3 2
6
2008 2 1
1
4
2010 2
1
1 1 5
2011
1
1
2012
2 2
2 2 8
2013 1 1
1
3
2014 1 3
2
1 7
Total por
continente 10 13 9 4 8 5 49
Fonte: Primária
3.3 Análise
3.3.1 África
Lenné e Thomas (2006) defendem a evolução dos sistemas de iLP para produtores rurais de
pequena escala na África subsaariana, pois acreditam que contribuem socialmente para acabar com a
fome e a extrema pobreza, melhorar a saúde das mães, reduzir a mortalidade infantil e garantir a
sustentabilidade do ambiente.
Além de contribuírem para os indicadores sociais, a demanda por alimentos é crescente no
continente africano, em 2015 é esperado que a população urbana na África subsaariana atinja 45% de
um total de 1,1 bilhão. Por isso, Lenné e Thomas (2008) fomentam o ganho de produtividade de
sistemas de iLP. Nestas expectativas é necessária uma taxa de crescimento de 4,2% ao ano na
produção de carne, enquanto até 2006 a taxa de crescimento era de 2,9% ao ano.
A utilização da Calliandra calothyrsus, uma espécie de árvore leguminosa, no leste da África
promoveu ganhos de produtividade e renda aos produtores de vacas leiteiras (FRANZEL et al., 2003).
Ela é utilizada em consórcio com a pastagem e supri a necessidade de concentrados. Em 2002, mais de
18.000 produtores utilizavam este sistema, aumentando a renda em 10%. Segundo a estimativa do
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
6
autor, se 300.000 produtores adotassem este sistema, seriam gerados US$ 81 milhões a mais na
economia.
Na Etiópia, cerca de 85% dos produtores fazem algum tipo de rotação de cultura, entre cereais e
leguminosas, e 67% deixam o solo em pousio com frequência estabelecida (OMITI et al., 1999). No
entanto, em propriedades onde há a pecuária e agricultura, a necessidade de deixar o solo em pousio
diminui, já que as práticas de iLP diminuem a pressão sobre o solo e mantém as produtividades ao
longo de vários ciclos de rotação.
A questão da segurança alimentar é discutida amplamente na Etiópia, e Amede e Delve (2008)
propõe a iLP como uma alternativa para a expansão da agricultura. O café e a falsa bananeira são as
principais culturas perenes na região, já o milho, a batata e a batata-doce possuem maior presença entre
as culturas anuais. Dentre os grupos de fazendas estudadas, o único autossuficiente em alimento é
aquele que possui maior área agrícola e com produtores com maior nível de escolaridade. Sendo assim,
os autores propõe a adoção de sistemas de iLP para melhorar a qualidade do solo e consequentemente
incrementar a produção de alimentos.
Com o objetivo de explorar opções viáveis para produtores de Madagascar, Alvarez et al.
(2013) correlacionaram o fluxo de nitrogênio, com produtividade e margem bruta em quatro fazendas,
com arranjos produtivos diferentes, especializadas em pecuária de leite e corte. Quanto maior a
autossuficiência em nitrogênio, maior a produtividade do sistema e consequentemente maior a margem
de lucro das propriedades. O iLP nestes casos, foi utilizado para pecuária de leite, apresentando uma
margem bruta de US$ 1.545/ano/per capita, enquanto fazendas especializadas em gado de corte,
ganharam US$ 10/ano/per capita. Além disso, fazendas com um nível maior de integração sofreram
uma menor variação na margem bruta de produção.
No Oeste do Kenya, a opção viável estudada por Claessenset et al. (2009) é o plantio de batata
doce com um duplo propósito, alimentação animal e humana. As principais razões pelas quais a
adoção de batata doce é economicamente viável para a maioria das fazendas da região é o alto
rendimento, retorno líquido e teor de proteína bruta da forragem, que aumenta a produção de leite e de
renda. O rendimento médio das culturas de batata doce de duplo propósito é de 8 t/ha em comparação
com 1,5 t/ha para o milho em grão. Cerca de 10% dos produtores da região já cultivavam a batata
doce, e com o estudo de viabilidade econômica, os autores estimam que 78% dos produtores adotem
este sistema de iLP.
Miyuki et al. (2007) mapearam no Vale do Rift no Kenya, os modelos de iLP utilizados pelos
agricultores familiares. O principal modelo misto existente são culturas básicas como o milho e feijão
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
7
associados com pastejo de bovinos de origem indiana, porém a utilização de estercos para adubação
das culturas anuais não tem sido incentivado, já que a produção de bovinos a pasto é extensiva e há
dificuldade da coleta de resíduos. No entanto, os autores constataram que o modelo de iLP entre
bovinos e frutíferas (citrus, bananas e manga) é o que mais agrega renda na propriedade, porém como
a receita das frutas demora a entrar no caixa, seria difícil agricultores sem capital adotarem este
modelo.
Na Nigéria a iLP tem sido incentivada através da aplicação de melhores técnicas culturais
(AJEIGBE et al., 2010), principalmente em relação ao incremento da produtividade do feijão caupi e
melhores resíduos para alimentação do rebanho. Após treinamento com mais de 1600 produtores
familiares entre 2003 e 2005, o valor econômico por área com feijão caupi aumentou de 160% a 680%
e ainda aumentou o desempenho do rebanho.
Para Franke et al. (2010) no Guiné a adoção da iLP pelos produtores não indicaram um grande
impacto sobre o desempenho agronômico e econômico, mas a adoção desses sistemas ocorreriam para
obter outros benefícios, classificados em tangíveis e intangíveis. Benefícios tangíveis são diretos da
produção animal, como ganho de peso e produtividade leiteira. Benefícios não tangíveis são o seguro
contra crises da produção pecuária, oscilações no fornecimento de fertilizantes químicos, e a pecuária
como meio para agregar valor. Esses benefícios não tangíveis tendem a crescer em importância na
presença de emergentes oportunidades de culturas de rendimento.
Em Madagascar (ANDRIARIMALALA et al., 2013) culturas de cobertura estão sendo
utilizadas em consórcio com a forrageira Brachiaria para aumentar a ganho de peso de bovinos,
enquanto o esterco dos animais é utilizado para adubação. Com este iLP surgiram benefícios
ambientais e econômicos mapeados em 14 fazendas na região do lago Alaotra. Esta sinergia garantiu
uma economia de 73 a 723 euros por ano na compra de alimentos concentrados e 116 a 2.365 euros
por ano com a adubação.
3.3.2 América
3.3.2.1 América Central
Amarelle et al. (2008) levantaram a ganho de produção do leite ao implantar o sistema de iLPF
(integração lavoura-pecuária-floresta) em propriedades na Cuba, este foi o principal estudo encontrado
na América Central. O sistema de produção de pecuária leiteira em 2004 era extensivo e com pouca
adoção de tecnologia. O consórcio de forrageiras com espécies leguminosas (leucena) e a adição de
silagem de cana de açúcar na alimentação das vacas trouxeram resultados positivos, no ano de 2007, o
iLPF trouxe um acréscimo de 44% na produção de leite por hectare/ano.
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
8
3.3.2.2 América do Norte
Nos Estados Unidos existem onze centros de pesquisa ou programas de iLP, o primeiro foi
criado em 1990 no Estado de Nebrasca (RUSSELLE et al., 2007). A preocupação com a evasão de
recursos naturais, rentabilidade e estabilidade das propriedades rurais, provocaram o aumento do
número de pesquisas sobre o tema.
Sulc e Tracy (2007) investigaram a integração lavoura-pecuária em Illinois, região conhecida
como “Corn Belt”. Após a colheita da aveia em julho, a pastagem de inverno é implantada em
consórcio com aveia, centeio ou outros cereais, e resíduos de milho também são fornecidos ao gado
após a colheita que ocorre entre setembro e outubro. Este sistema promoveu uma redução de 21% no
custo de alimentação dos bovinos se comparado com a média do Estado de US$ 200 por vaca, no ano
de 2004. Porém, ainda que haja o retorno econômico, em alguns anos as geadas em Illinois irão
diminuir o potencial da integração, sendo necessária a compra de rações, principalmente no final do
inverno para vacas em gestação.
Estudos no Sudeste dos Estados Unidos incentivam a adoção de sistemas de iLP já que
apresentam oportunidades abundantes (FRANZLUEBBERS, 2007). Nesta região dos EUA, os
sistemas de iLP podem aumentar a produtividade da cultura, reduzir a dependência de insumos
externos, aumentar a estabilidade e diversidade econômica, e reduzir a poluição ambiental da
agricultura.
Na Flórida, o principal modelo é a rotação entre algodão, amendoim no verão e uma espécie
gramínea no inverno, permitindo o pastejo dos animais ou a produção de feno. Realizando o
comparativo entre um modelo econômico de um sistema convencional (53 ha de algodão e 27 ha de
amendoim) com um sistema de rotação com gramíneas (20 ha de algodão, 20 ha de amendoim, 40 ha
gramínea) em uma fazenda típica, o lucro líquido esperado foi de US$ 15.689 para o modelo
convencional, e US$ 35.552 para o modelo de iLP (MAROIS et al., 2002).
No entanto, segundo Franzluebbers (2007), mais pesquisas são necessárias para determinar a
produção, logística, limitações ambientais e consequências de sistemas de produção em iLP, bem
como para entender a multiplicidade das interações potenciais entre os vários componentes. As
barreiras à adoção de sistemas de produção integração lavoura-pecuária são derivadas mais de
influências sociais do que de limitações biofísicas, mas estas dimensões sociais poderiam ser superadas
com conhecimento e experiência ao longo dos próximos anos.
A investigação de estudos existentes sobre iLP na região das Grandes Planícies nos Estados
Unidos foi realizada por Ghimire et al. (2012), envolvendo os Estados de Wyoming, Nebraska e
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
9
Colorado. Os estudos apresentam foco específico ao invés de uma visão holística, investigando
sistemas inteiros. Há a necessidade de integração dos resultados de produtividade, rentabilidade e
variáveis de sustentabilidade ambiental em um único quadro de avaliação, a fim de efetivamente gerar
informações para melhorar a capacidade de adaptação dos sistemas agrícolas.
Outro estudo nas Grandes Planícies dos Estados Unidos, desenvolvido por Tanaka et al. (2005)
apontam que o milho comparado a aveia e ao triticale é uma cultura que responde melhor ao plantio
direto, pois ganha produtividade com os resíduos deixados no campo. Além da escolha da espécie
agrícola, os autores (2005) citam dois fatores-chave para a implantação de um sistema iLP, o primeiro
está relacionado com a capacitação da mão de obra, que precisa ser multidisciplinar para lidar com a
produção de culturas anuais e pecuária. O segundo seria o planejamento e gestão nesses sistemas, já
que estão diretamente ligados coma eficiência e consequente redução de custos.
O estudo de Franzluebbers et al. (2014), sobre os arranjos de produção de iLP na América do
Norte e Sul, encontrou uma diversidade de sistemas, sendo as principais variáveis a intensidade de
pastejo, espécie e natureza das forragens, espaçamentos, frequência de renovação de pastagens, destino
da colheita (alimentos, rações, fibras, ou combustível). A pesquisa multidisciplinar é o caminho para
avaliar a sustentabilidade destes sistemas, já que a agropecuária deve ganhar produtividade sem exaurir
os recursos naturais para atender a demanda mundial de alimentos.
3.3.2.3 América do Sul
Dentre os países da América do Sul, foram encontrados apenas publicações de sistemas
integrados no Brasil, e ainda assim estes sistemas se concentram no Centro-Oeste e Sul do país
(BALBINO et al., 2011).
No Sul do Brasil (OLIVEIRA et al., 2013) o resultado econômico do sistema de iLP conduzido
entre 2001 e 2012 foi positivo, com a semeadura de soja no verão e pasto em sucessão, testando
diferentes alturas de pastejo. A margem bruta do iLP foi sempre superior, pelo menos 11% em relação
ao sistema especializado em soja. A presença da fase de gado foi importante para evitar perdas
econômicas em anos com baixa precipitação, mas importante também nos anos úmidos para aumentar
o ganho econômico.
Os sistemas de iLP mitigam o risco financeiro do produtor não somente pelo aumento do
portfólio de produtos, mas também pela conservação do solo e ganho de produtividade. Em
experimento desenvolvido por Salton et al. (2013), comprovou-se que áreas de soja com semeadura de
pastagem em sucessão permitiram maior resiliência da pastagem, apresentando tolerância a seca e
geadas se comparado com áreas de pastagem tradicional. Sendo assim, a iLP mostrou-se sustentável
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
10
economicamente, por aumentar a produtividade da área e, ambientalmente pela conservação da
qualidade do solo.
Com a finalidade de investigar os efeitos da pastagem de animais sobre a produtividade da soja
em sistemas de iLP, Da Silva et al. (2014) avaliaram no Estado de Rio Grande do Sul, Brasil, os
efeitos de várias intensidades de pastejo na qualidade do solo. O tratamento que proporcionou
equilíbrio entre a qualidade do solo, desempenho animal e retorno econômico foi a altura de pastejo de
0,20 metros. Segundo os autores isto influencia diretamente na renda do produtor no sistema iLP, já
que todas as etapas devem ocorrer em harmonia para não influenciar negativamente a próxima
atividade.
No Brasil, Martha Jr. (2011) discutiu o resultado econômico da iLP entre soja e bovinos de
corte frente aos sistemas tradicionais de soja e pecuária extensiva. Mesmo com os benefícios
ambientais, o iLP mostrou-se menos rentável que o modelo de produção de soja, gerando lucro R$
718,43/ha e R$ 774,39/ha respectivamente. Analisando a taxa interna de retorno (TIR) dos sistemas, o
iLP obteve taxa de 26,7% e a soja 55,9%. Isso ocorre porque por além da receita líquida maior para a
soja, a instalação do sistema iLP tem um custo inicial mais elevado, R$ 2.691,31/ha frente a R$
1.385,61/ha da soja.
Para Martha Jr. (2011), a alta demanda por capital inicial nos sistemas de iLP (soja-pecuária)
pode ser um fator-chave na adoção por produtores. Assim, para o autor, em regiões agrícolas a adoção
do sistema de iLP deve ser mais lenta frente as regiões com pecuária extensiva, devido à alta exigência
de capital inicial na formação de pastagem e instalações para pecuária.
Ainda para Martha Jr. (2011) a tomada de decisão em relação ao sistema de iLP no Brasil está
em função dos preços de insumos e produtos. Sabe-se que pelas dimensões continentais há grande
oscilação dos preços nas diversas regiões do país. Por isso, o iLP entre soja e pecuária pode torna-se
mais viável economicamente frente ao modelo exclusivo da soja a medida que os custos com a cultura
da oleaginosa suba e seus preços de mercado caiam, por exemplo.
O iLP entre pastagens de inverno e novilhas de recria para pecuária leiteira mostrou-se viável
economicamente no Sul do Brasil, no município de Castro, Estado do Paraná (DA SILVA et al., 2012).
O projeto agregou R$ 332 mil ao final de 6 anos considerando uma taxa mínima de atratividade de 6%
ao ano. Em comparação aos sistemas agrícola e bovino de corte, o iLP é menos vulnerável a variações
em fatores operacionais e de mercado, o que propicia os melhores resultados financeiros.
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
11
3.3.3 Ásia
A iLP está sendo difundida na região oriental da Indonésia com o objetivo principal de
incrementar a produção de carne bovina (LISSON et al., 2010). Foram sugeridos vários modelos de
iLP integrando forrageiras com árvores leguminosas, como a Leucena, ou com culturas anuais, como a
soja, amendoim e arroz. Mais da metade (53%) dos domicílios com algum tipo de iLP proposto por
Lisson et al. (2010) relataram ganhos na renda familiar ao longo do estudo.
Interações das culturas com animais nos sistemas agrícolas ocorrem em toda a Ásia, segundo
Devendra e Thomas (2002), principalmente na agricultura familiar. A pecuária fornece adubo orgânico
para os sistemas de cultivo e os animais são utilizados como força de trabalho na agricultura, já que
não há utilização de máquinas agrícolas na maioria das propriedades. Além disso, os animais pastam
na vegetação sob culturas arbóreas perenes, tais como: coco, palma e seringueira, servindo para
controle de ervas daninhas, o que pode reduzir os custos de capina e uso de herbicidas. O levantamento
apontou que os sistemas mistos na Ásia indicaram aumento da produtividade e da renda, garantindo a
sustentabilidade a partir da integração de culturas e animais.
Em países em desenvolvimento, como na Índia, a utilização de milho, milheto, sorgo e trigo
possuem dupla finalidade. Além de aumentar a produção de culturas em sucessão, seus resíduos são
utilizados para a alimentação de bovinos, bubalinos ou ovinos (HERRERO et al., 2010). Na Índia, a
iLP beneficiou a produção de leite, foi possível aumentar em 50% a produção trabalhando neste
sistema (BLUMMEL e RAO, 2006).
MacLeod (2007) ao desenvolver uma ferramenta de análise, conseguiu projetar os benefícios
econômicos da iLP para pequenos produtores no Leste da Indonésia. Segundo o autor, a ferramenta
possibilitou a prospecção da rentabilidade, como por exemplo, o ganho adicional de 57% no lucro nas
áreas em que o capim napier é plantado em sucessão ao amendoim.
Os modelos de sistemas agrícolas integrados são apoiados por Gupta et al. (2012) na Índia. O
país possui um enorme potencial para utilizar os resíduos da pecuária, de aves e culturas,
principalmente em pequenas propriedades, o que pode ajudar na erradicação da pobreza no país com o
aumento da produtividade. Os agricultores indianos pobres têm o conhecimento adquirido
tradicionalmente, mas por causa de seu acesso limitado a tecnologia, bens e insumos, poucos adotaram
um sistema integrado.
A iLP é uma oportunidade também para pequenos produtores reduzirem o custo de produção
com a alimentação animal no Nordeste da Tailândia (WANAPAT et al., 2007). O retorno econômico
foi favorável para o iLP realizado com pastagens, mandioca e feijão caupi em propriedades de leite
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
12
que buscavam a redução do custo com a alimentação dos animais, além de melhorar a fertilidade do
solo. Na utilização da silagem de mandioca, o incremento de produtividade gerou uma receita 9%
maior que o controle, e ainda, a utilização do concentrado caseiro gerou uma receita 15,2% maior.
Kumar et al. (2012) propôs vários modelos de iLP no contexto de produtos existentes na
agricultura familiar da Índia oriental. Entre os modelos, a combinação entre produção de peixes, patos,
culturas anuais (arroz, milho e feijão) e cabras resultaram em maior retorno econômico (US$ 2.655/ha)
comparados com sistemas apenas agrícolas convencionais (US$ 1.316/ha).
Em Bali, na Indonésia (PARIS, 2002), pequenos produtores integram culturas alimentícias,
como cereais e raízes tuberosas, com culturas perenes (café, coco e árvores frutíferas) e animais
(frango, bovinos e cabras). Comparando esse sistema com um sistema apenas de integração entre
culturas alimentícias e animais, foi possível verificar que a primeira integração gera uma renda de 30 a
40% maior que o segundo modelo.
Nas Filipinas (PARIS, 2002) a integração sugerida foi o cultivo de arroz seguido de feijão,
fornecendo os resíduos da cultura do arroz, como a casquinha, para a alimentação animal. Após sete
anos da instalação deste projeto, a produtividade do arroz, feijão e produção de carne aumentaram.
Além disso, foi possível reduzir a dependência de fertilizantes de 50 a 70%. O ganho diário dos
bovinos passou de 0,16 kg/dia para 0,43 kg/dia, a produtividade do arroz foi de 2 t/ha para 3,7 t/ha, e o
feijão, que antes não havia registro de cultivo, rendeu 0,3 t/ha após a instalação do projeto. Com isso, o
incremento da receita total foi de 116%.
3.3.4 Europa
Um dos primeiros estudos encontrados a respeito da análise econômica da iLP se deu na
Holanda com De Koeijer et al. (1995). Neste trabalho foi proposto um modelo de maximização de
receita versus a minimização da entrada de insumos em três tipos de sistemas: agricultura; pecuária de
leite e integração lavoura-pecuária. O sistema de integração mostrou receitas superiores aos sistemas
de agricultura e pecuária para todos os níveis de entrada de insumos (0 a 7 kg/ha). Mas o fato mais
interessante é que a redução de 40% na quantidade de insumos no sistema oferece perdas pequenas de
rendimento.
Ryschawy et al. (2012) confirmaram a hipótese de que os sistemas de produção em iLP
reduzem o risco financeiro para as propriedades rurais na França, pois protegem contra as flutuações
de preço de insumos, já que criam certa independência em relação a alimentação animal e a
fertilizantes. A diversificação de produtos também blinda o produtor de eventuais crises que ocorrem
em sistemas especializados. Ao comparar quatro tipos de produção, fazendas de gado de leite (i),
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
13
fazendas de gado de corte (ii), fazendas agrícolas (iii) e fazendas com iLP (iv) encontram que as
fazendas com algum tipo de iLP possuem o segundo menor custo, só perdem para as fazendas de gado
de corte. A margem de lucro por hectare dos sistemas iLP ficaram em terceiro lugar com 607 euros por
hectare, enquanto as fazendas de leite ficaram com 1135 euros por hectare e gado de corte com 605
euros por hectare. Mesmo com a margem de lucro inferior, os sistemas de iLP são atrativos, pois
diminuem a dependência do produtor aos fatores de produção, principalmente em relação a
alimentação animal e a fertilizantes.
Veysset et al. (2014) investigando os sistemas de produção na França, na região de Charolais
concluíram que ainda existem lacunas entre a realidade dos arranjos produtivos e a ciência que
incentiva os sistemas de iLP. Muitos produtores tendem a se especializar para minimizar a entrada dos
fatores de produção, já que o custo com a mão de obra subiu rapidamente nos últimos anos nesta
região. Por isso, o produtor tende a ser mais prático, empregando o menor número possível de pessoas,
o que tende a uma especialização da atividade.
A margem líquida por hectare de fazendas com algum tipo de iLP foram mais baixas (249
euros/ha) do que para fazendas especializadas em pastagens (266 euros/ha), enquanto as fazendas de
produtos orgânicos obtiveram 381 euros/ha, já que possuem um custo reduzido perante os outros
modelos de produção. Veysset et al. (2014) acreditam que a especialização trouxe ao produtor certa
eficiência, diminuindo custos.
Sistemas de iLP também podem gerar maior eficiência econômica na redução de custos de
produção por meio de complementaridade entre agricultura e pecuária (OLIVEIRA et al., 2013). Já
para Veysset et al. (2014), na França apontam as dificuldades do iLP ser adotado na França perante
uma lacuna entre realidade das fazendas e a idealização dos benefícios técnicos, econômicos e
ambientais propostos pelas ciências agrárias.
O sistema de iLP na França e no Brasil foram comparados levando em consideração as
especificações de cada país (BONAUDO et al., 2014). Na França, uma fazenda especializada em leite
foi avaliada após a adoção do iLP e no Brasil, uma fazenda de pecuária na Amazônia de corte passou
pelo mesmo processo. Na França, o iLP obteve receita maior que os sistemas tracionais, US$ 775/ha e
US$ 1087/ha, respectivamente. Além disso, as entradas de insumos no sistema foram reduzidas. No
Brasil, a receita do sistema especializado foi de US$ 12 a 80/ha e após o iLP passou para US$ 153/ha.
3.3.5 Oceania
Para Ewin e Flugge (2004), os sistemas de integração lavoura-pecuária na Austrália tem sido
um modelo flexível e resistente às flutuações econômicas, e deve ser utilizado como uma estratégia
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
14
para mudanças rápidas no cenário das commodities. A principal forma de iLP é a rotação entre
oleaginosas como a canola, e a pastagem consorciada com a leguminosa, como por exemplo o
tremoço. Este modelo é um elemento chave para o aumento da produtividade e rentabilidade.
Na Austrália há registros de aumento do sistema iLP (BELL e MOORE, 2012), mas de maneira
lenta. Os principais drivers para adoção desses sistemas no território australiano são: a oportunidade de
complementar a renda, e a manutenção dos recursos biofísicos, segundo os autores. Porém, a escassez
de mão de obra é um dos principais fatores limitantes da adoção dos sistemas de iLP, já que exigem do
empreendedor uma administração constante e maior número de operações agropecuárias nas áreas
cultivadas.
Estudos com sistemas de iLP no oeste da Austrália também foram realizados por Morrison et al.
(1986) com o objetivo de encontrar o melhor arranjo entre o trigo, a pastagem e uma leguminosa para
maximizar o lucro gerado na área. Em solos com boa textura, o maior lucro foi obtido quando se
dividiu em 45% de trigo, 35% com tremoço (leguminosa integrada na pastagem) e 20% de pastagem.
Isso permitiu um lucro de US$ 54.000, 12,5% maior que a área com 100% de agricultura, que obteve
US$ 48.000 de lucro.
O resultado econômico da iLP foi investigado no sudeste da Austrália por Kirkegaard (2008). A
canola foi utilizada com um duplo propósito, no início do inverno foi semeada fornecendo forragem de
alta qualidade para ovinos, e na primavera utilizada para produção de sementes e óleo. Desta maneira
foi possível aumentar o lucro em US$ 240 a US$ 500 dependendo da volatilidade dos preços de
forragem e da semente de canola.
Hochman et al. (2013), analisando os sistemas de produção com iLP desenvolvidos na Austrália
encontraram os seguintes benefícios: aumento da produtividade; impactos mínimos sobre a saúde do
solo; redução do potencial de erosão e acidificação do solo e subsolo; diversificação dos produtos da
fazenda, mitigando o risco no mercado; conservação da biodiversidade. Porém, o autores interam a
análise concluindo que apesar dos ganhos com o sistema, existem restrições chaves para uma maior
adoção das práticas, entre elas está a infraestrutura necessária, a maior demanda por conhecimentos,
habilidades e gestão, essenciais para obter um ótimo desempenho desses sistemas.
O consórcio entre alfafa e a erva sal, leguminosa e tolerante ao sal respectivamente, é uma
proposta para o sudeste da Austrália (O’CONNELL, 2006), onde produtores sofrem com a salinidade
do solo. Este tipo de iLP mostrou-se viável economicamente, com um lucro de US$ 80 por hectare,
sendo que a amortização do investimento inicial deu-se em 5 anos. Esta seria uma solução para áreas
inapropriadas ao cultivo de grãos, mas ao mesmo tempo o lucro é alterado com a sensibilidade de
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
15
fatores-chave, como: valor da alimentação verão e/ou outono, quantidade de ração disponível para
pastagem no verão e outono, e custos de estabelecimento.
Byrne et al. (2010) encontraram qual seria a participação ótima (em área) da alfafa nas fazendas
australianas que cultivam trigo e ovelhas por meio de uma modelagem de otimização. Assim, essa
modelagem de iLP tem como variáveis o preço do trigo e da ovelha. Em geral a área destinada a alfafa
não ultrapassou 30% da propriedade, gerando lucros de US$ 27 a 225 por hectare dependendo da
região pesquisada, demonstrando uma opção rentável.
Com o objetivo de verificar quais os fatores que afetam a adoção de iLP na Austrália, Finlayson
et al. (2012) realizaram simulações de sistemas, analisando o lucro de cada modelo. A qualidade da
alimentação animal é o principal fator mapeada que afeta a adoção de sistemas iLP. Mas isto depende
do tipo de solo destinado ao sistema e a gestão do produtor. Dentro das condições da pesquisa, os
resultados foram positivos, o iLP ocupou de 13% a 21% das áreas das fazendas. Além disso, as
pastagens seguidas com o plantio de grão aumentaram o lucro de US$ 5 a 21 por hectare.
3.4 Síntese
As publicações por continente foram resumidas, ver Figura 3, pontuando-se qual a característica
principal dos sistemas integrados por regiões mundiais, os pontos fortes e os pontos fracos dos
sistemas integrados apresentados.
Regiões Características dos sistemas integrados Pontos fortes Pontos fracos
África Propriedades de pequena escala;
Resultados econômicos favoráveis.
Aumento da renda ou o lucro por área; Diminui o risco do produtor em relação
a queda de preços;
Aumento da produtividade com ciclagem de nutrientes; Economia com a
compra de insumos.
Utilizam poucas máquinas e
equipamentos
América
Central Propriedades de gado de leite Acréscimo na produtividade
Pouca diversidade em sistemas
integrados
América do norte
11 centros de estudos sobre sistemas integrados;
Arranjos produtivos entre
soja/milho/algodão/amendoim e pastagens.
Redução de custos;
Estabilidade financeira e diversidade
econômica.
Restrição climática devido ao inverno vigoroso na região norte.
América do sul
Arranjos produtivos com soja/milho e pastagens
Aumentam o portfólio de produtos, a
produtividade e protege o solo,
garantindo sustentabilidade;
Resultado econômico negativo;
Investimento inicial mais elevado para iLP em relação aos sistemas
convencionais.
Ásia Ocorrem principalmente na agricultura
familiar
Aumentam a produtividade, renda da
propriedade e sustentabilidade; Grande diversidade de arranjos produtivos.
Utilizam poucas máquinas e
equipamentos
Europa Principais arranjos são de pecuária leiteira
e agricultura.
Destaca-se a redução de custos;
resultados econômicos positivos
Grande dificuldade é o custo da mão de
obra;
Ocorreram resultados econômicos negativos.
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
16
Oceania
Principal arranjo são oleaginosas e
pastagens em consórcio com
leguminosas;
Destaca-se o aumento do lucro nos sistemas.
Restrições-chave são a infraestrutura
necessária, a maior demanda por
conhecimentos, habilidades em gestão.
Tabela 2: Síntese dos resultados encontrados para sistemas integrados nas regiões mundiais.
Figura 3: Síntese dos resultados encontrados para sistemas integrados nas regiões mundiais.
Fonte: Primária
4 Conclusões
Este artigo apresentou uma revisão sistemática de estudos sobre os resultados financeiros e
econômicos obtidos em sistemas de iLP, aliados aos resultados ambientais e sociais até o ano de 2014.
O objetivo foi analisar e sintetizar o panorama das pesquisas sobre iLP, com ênfase na parte
financeira e econômica, a fim de apresentar quais os países e continentes com maior nível tecnológico
a respeito do tema como contribuição para futuros estudos.
O estudo mostrou que os resultados econômicos da iLP em nível mundial pode-se inferir que o
fator econômico não é prioritário para a tomada de decisão do produtor rural em todos os continentes
estudados, mas, depende dos fatores ambientais e sociais. Embora dependa de outros fatores, a iLP
permite a resiliência do produtor rural em termos econômicos perante as inúmeras vantagens
apresentadas, tanto na agricultura familiar como na empresarial.
Foi evidenciado que na maioria dos continentes o retorno econômico da iLP foi superior aos
sistemas de agricultura ou pecuária convencional. Porém, na Europa relatou desvantagens econômicas
do iLP devido a carência de mão de obra, fator que encarece o custo de produção e diminui a margem
de lucro do produtor.
5 Referências
AJEIGBE, H. A., SINGH, B. B., EZEAKU, I. E., ADEOSUN, J. O. On-farm evaluation of
improved cowpea-cereals cropping systems for crop-livestock farmers: Cereals-cowpea systems
in Sudan savanna zone of Nigeria. African Journal of Agricultural Research, v. 5, n. 17, p. 2297-
2304, 2010.
ALVAREZ S., RUFINO M.C, VAYSSIÈRES J., SALGADO P., TITTONELL P., TILLARD E.,
BOCQUIER F. Whole-farm nitrogen cycling and intensification of crop-livestock systems in the
highlands of Madagascar: An application of network analysis. Agricultural Systems, v. 126, p. 25-
37, 2014.
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
17
AMARELLE, F. A. G., ARIAS, E. D., MÉNDEZ, G. T., SIERRA, D. S. P., OTERO, M., PUPO, Y.,
PONCE, Y. R. Modelo de una finca ganadera de producción diversificada Model of a cattle farm
of diversified production. Zootecnia Tropical, v. 26, n. 3, p. 359-361, 2008.
AMEDE, T.; DELVE, R. J. Modelling crop–livestock systems for achieving food security and
increasing production efficiencies in the Ethiopian Highlands. Experimental Agriculture, v. 44, n.
04, p. 441-452, 2008.
ANDRIARIMALALA, J. H., RAKOTOZANDRINY, J. N., ANDRIAMANDROSO, A. L. H.,
PENOT, E., NAUDIN, K., DUGUE, P., SALGADO, P. Creating synergies between conservation
agriculture and cattle production in crop–livestock farms: a study case in the Lake Alaotra Region of
Madagascar. Experimental Agriculture, v. 49, n. 03, p. 352-365, 2013.
BELL, L. W.; MOORE, A. D. Integrated crop–livestock systems in Australian agriculture: trends,
drivers and implications. Agricultural Systems, v. 111, p. 1-12, 2012.
BLUMMEL, M.; RAO, P. P. Economic value of sorghum stover traded as fodder for urban and
peri-urban dairy production in Hyderabad, India. International Sorghum and Millets Newsletter, v.
47, p. 97-100, 2006.
BYRNE, F., ROBERTSON, M. J., BATHGATE, A., HOQUE, Z. Factors influencing potential scale
of adoption of a perennial pasture in a mixed crop-livestock farming system. Agricultural
Systems, v. 103, n. 7, p. 453-462, 2010.
BONAUDO, T., BENDAHAN, A. B., SABATIER, R., RYSCHAWY, J., BELLON, S., LEGER, F.,
TICHIT, M. Agroecological principles for the redesign of integrated crop–livestock
systems. European Journal of Agronomy, v. 57, p. 43-51, 2014.
CONWAY, G. R. The properties of agroecosystems. Agricultural systems, v. 24, n. 2, p. 95-117,
1987.
CLAESSENS, L.; STOORVOGEL, J. J.; ANTLE, J. M. Ex ante assessment of dual-purpose sweet
potato in the crop–livestock system of western Kenya: A minimum-data approach. Agricultural
Systems, v. 99, n. 1, p. 13-22, 2008.
DA SILVA, F. D., AMADO, T. J. C., FERREIRA, A. O., ASSMANN, J. M., ANGHINONI, I., DE
FACCIO CARVALHO, P. C. Soil carbon indices as affected by 10 years of integrated crop–
livestock production with different pasture grazing intensities in Southern Brazil. Agriculture,
Ecosystems & Environment, v. 190, p. 60-69, 2014.
DA SILVA, H. A., DE MORAES, A., DE FACCIO CARVALHO, P. C., DA FONSECA, A. F.,
GUIMARÃES, V. D. A., MONTEIRO, A. L. G., LANG, C. R. Viabilidade econômica da produção
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
18
de novilhas leiteiras a pasto em sistema de integração lavoura-pecuária. Pesquisa agropecuária
brasileira, Brasília, v. 47, n. 6, p. 745-753, 2012.
DELGADO, C., ROSEGRANT, M., STEINFELD, H., EHUI, S. and COURBOIS, C. Livestock to
2020: The next food revolution. Food, Agriculture and the Environment. Discussion Paper 28.
Rome: Food and Agriculture Organization of the United Nations. 1999.
DE KOEIJER, T. J.; RENKEMA, J. A.; VAN MENSVOORT, J. J. M. Environmental-economic
analysis of mixed crop-livestock farming. Agricultural Systems, v. 48, n. 4, p. 515-530, 1995.
DE OLIVEIRA, C. A. O., BREMM, C., ANGHINONI, I., DE MORAES, A., KUNRATH, T. R.,
FACCIO, C. P. C. Comparison of an integrated crop–livestock system with soybean only:
Economic and production responses in southern Brazil. Renewable Agriculture and Food Systems,
p. 1-9, 2013.
DEVENDRA, C.; THOMAS, D. Crop–animal interactions in mixed farming systems in
Asia. Agricultural Systems, v. 71, n. 1, p. 27-40, 2002.
EWING, M. A.; FLUGGE, F. The benefits and challenges of crop-livestock integration in
Australian agriculture. New directions for a diverse planet. Proc. 4th Int. Crop Sci. Congr, v. 26,
2004.
EVANS, N. Adjustment strategies revisited: agricultural change in the WelshMarches. J. Rural
Studies 25, 217–230, 2009.
FINLAYSON, J. D., LAWES, R. A., METCALF, T., ROBERTSON, M. J., FERRIS, D., EWING, M.
A. A bio-economic evaluation of the profitability of adopting subtropical grasses and pasture-
cropping on crop–livestock farms. Agricultural Systems, v. 106, n. 1, p. 102-112, 2012.
FRANKE, A. C., BERKHOUT, E. D., IWUAFOR, E. N. O., NZIGUHEBA, G., DERCON, G.,
VANDEPLAS, I., DIELS, J. Does crop-livestock integration lead to improved crop production in
the savanna of West Africa? Experimental Agriculture, v. 46, n. 04, p. 439-455, 2010.
FRANZEL, S., WAMBUGU, C., TUWEI, P., KARANJA, G. The adoption and scaling up of the
use of fodder shrubs in central Kenya. Tropical grasslands, v. 37, n. 4, p. 239-250, 2003.
FRANZLUEBBERS, A. J. Integrated crop–livestock systems in the southeastern USA. Agronomy
Journal, v. 99, n. 2, p. 361-372, 2007.
FRANZLUEBBERS, A. J.; SAWCHIK, J.; TABOADA, M. A. Agronomic and environmental
impacts of pasture–crop rotations in temperate North and South America. Agriculture,
Ecosystems & Environment, v. 190, p. 18-26, 2014.
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
19
GHIMIRE, R., NORTON, J. B., NORTON, U., RITTEN, J. P., STAHL, P. D., & KRALL, J. M.
Long-term farming systems research in the central High Plains. Renewable Agriculture and Food
Systems, v. 28, n. 02, p. 183-193, 2013.
GUPTA, V.; RAI, P. K.; RISAM, K. S. Integrated Crop-Livestock Farming Systems: A Strategy
for Resource Conservation and Environmental Sustainability. Indian Research Journal of
Extension Education, Special Issue, v. 2, p. 49-54, 2012.
HOCHMAN, Z., CARBERRY, P. S., ROBERTSON, M. J., GAYDON, D. S., BELL, L. W., &
MCINTOSH, P. C. Prospects for ecological intensification of Australian agriculture. European
Journal of Agronomy, 44, 109-123, 2013.
HERRERO, M., THORNTON, P. K., NOTENBAERT, A. M., WOOD, S., MSANGI, S., FREEMAN,
H. A., ROSEGRANT, M. Smart Investments in Sustainable Food Production: Revisiting Mixed
Crop-Livestock Systems. Science, v. 327, n. 5967, p. 822-825, 2010.
HERRERO, M., THORNTON, P. K., NOTENBAERT, A., MSANGI, S., WOOD, S., KRUSKA, R.,
RAO, P. P. Drivers of change in crop-livestock systems and their potential impacts on
agroecosystems services and human well-being to 2030. A study commissioned by the CGIAR
Systemwide Livestock Programme. International Livestock Research Institute (ILRI), 2012.
IIYAMA, M., KAITIBIE, S., KARIUKI, P., MORIMOTO, Y. The status of crop–livestock systems
and evolution toward integration. Annals of Arid Zone, v. 46, n. 3-4, p. 1-23, 2007.
KIRKEGAARD, J. A., SPRAGUE, S. J., DOVE, H., KELMAN, W. M., MARCROFT, S. J.,
LIESCHKE, A., GRAHAM, J. M. Dual-purpose canola: a new opportunity in mixed farming
systems. Australian journal of agricultural research, v. 59, n. 4, p. 291-302, 2008.
KUMAR, S., SUBASH, N., SHIVANI, S., SINGH, S. S., DEY, A. Evaluation of different
components under integrated farming system (IFS) for small and marginal farmers under semi-
humid climatic environment. Experimental Agriculture, v. 48, n. 03, p. 399-413, 2012.
LEMAIRE, G., FRANZLUEBBERS, A., DE FACCIO CARVALHO, P. C., DEDIEU, B. Integrated
crop–livestock systems: strategies to achieve synergy between agricultural production and
environmental quality. Agriculture, Ecosystems & Environment, v. 190, p. 4-8, 2014.
LENNÉ, J. M.; THOMAS, D. Integrating crop–livestock research and development in Sub-
Saharan Africa: option, imperative or impossible? Outlook on AGRICULTURE, v. 35, n. 3, p.
167-175, 2006.
LISSON, S., MACLEOD, N., MCDONALD, C., CORFIELD, J., PENGELLY, B., WIRAJASWADI,
L., BRENNAN, L. A participatory, farming systems approach to improving Bali cattle
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
20
production in the smallholder crop–livestock systems of Eastern Indonesia. Agricultural Systems,
v. 103, n. 7, p. 486-497, 2010.
MACLEOD, N. D., MCDONALD, C. K., LISSON, S. N., RAHMAN, R. Modelling for scenario
analysis for improved smallholder farming systems in Indonésia. In: MODSIM 2007 International
Congress on Modelling and Simulation. Modelling and Simulation Society of Australia and New
Zealand (December 2007). 2007. p. 109-114.
MAROIS, J. J., WRIGHT, D. L., BALDWIN, J. A., & HARTZOG, D. L. A multi-state project to
sustain peanut and cotton yields by incorporating cattle in a sod based rotation. Making
conservation tillage conventional: Building a future on, v. 25, p. 101-107, 2002.
MARTHA JÚNIOR, G. B.; ALVES, E.; CONTINI, E.. Dimensão econômica de sistemas de
integração lavoura-pecuária. Pesquisa agropecuária brasileira, Brasília, v. 46, n. 10, p. 1117-1126,
2011.
MILESTAD, R., DEDIEU, B., DARNHOFER, I., BELLON, S. Farms and famers facingchange:
the adaptive approach. In: Darnhofer, I., Gibbon, D., Dedieu, B. (Eds.), Farming Systems Research
into the 21st century: The New Dynamic. Springer,pp. 365–385, 2012.
MIYUKI, I.; JOSEPH, M.; PATRICK, K.. Crop-livestock diversification patterns in relation to
income and manure use: a case study from a Rift Valley community, Kenya. African Journal of
Agricultural Research, v. 2, n. 3, p. 058-066, 2007.
MORRISON, D. A., KINGWELL, R. S., PANNELL, D. J., EWING, M. A. A mathematical
programming model of a crop-livestock farm system. Agricultural Systems, v. 20, n. 4, p. 243-268,
1986.
O’CONNELL, M.; YOUNG, J.; KINGWELL, R. The economic value of saltland pastures in a
mixed farming system in Western Australia. Agricultural Systems, v. 89, n. 2, p. 371-389, 2006.
OMITI, J.M ; PARTON, K.A ; SINDEN, J.A; EHUI, S.K. Monitoring changes in land-use practices
following agrarian de-collectivisation in Ethiopia. Agriculture, Ecosystems and Environment,
Vol.72 (2), pp.111-118, 1999.
RUSSELLE, M. P.; ENTZ, M. H.; FRANZLUEBBERS, A. J. Reconsidering integrated crop–
livestock systems in North America. Agronomy Journal, v. 99, n. 2, p. 325-334, 2007.
SALTON J. C., MERCANTEA F. M., TOMAZIA M., ZANATTAC J. A., CONCENÇO G.¸ SILVA
W. M., RETOREA M..Integrated crop-livestock system in tropical Brazil: toward a sustainable
production system. Agriculture, Ecosystems and Environment, v. 190, p. 70–79, 2014.
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
21
SULC, R. M.; TRACY, B. F. Integrated crop–livestock systems in the US Corn Belt. Agronomy
Journal, v. 99, n. 2, p. 335-345, 2007.
TANAKA, D. L., KARN, J. F., LIEBIG, M. A., KRONBERG, S. L., HANSON, J. D. An integrated
approach to crop/livestock systems: forage and grain production for swath grazing. Renewable
Agriculture and Food Systems, v. 20, n. 04, p. 223-231, 2005.
PARIS, T. R. Crop–animal systems in Asia: Socio-economic benefits and impacts on rural
livelihoods. Agricultural Systems, v. 71, n. 1, p. 147-168, 2002.
VEYSSET, P., LHERM, M., BÉBIN, D., & ROULENC, M. Mixed crop–livestock farming systems:
a sustainable way to produce beef? Commercial farms results, questions and perspectives.
Animal, p. 1-11, 2014.
WANAPAT, M.; PETLUM, A.; WONGNEN, N.; MATARAT, S.; KHAMPA, S.; ROWLINSON, P.
Improving crop-livestock production systems in rainfed areas of Northeast Thailand. Pakistan
Journal of Nutrition, v. 6, n. 3, p. 241-246, 2007.