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1.Aluno de mestrado na UNIFESP – Universidade Federal de São Paulo, SP,
[email protected]. 2. Docente da UNIP – Universidade Paulista, SP,
FLORA FICOLÓGICA DO JARDIM BOTÂNICO DE SANTOS: LEVANTAMENTO TAXONÔMICO.
Herbert de Paula Lima1; Sidney Fernandes1
RESUMO:
O estudo teve por objetivo conhecer, identificar, classificar a flora ficológica do
Jardim Botânico de Santos, através de amostras que foram coletadas
emborcando lateralmente frascos na coluna d´água e/ou a utilização de uma rede
de plâncton com 20 µm para obter amostras mais concentradas de microalgas. As
amostras foram fixadas com formalina 4-5% e depois foram analisadas 10
lâminas microscópicas por amostra no laboratório de microscopia utilizando
microscópio óptico marca Olympus. Como resultados obtiveram-se a seguinte
identificação: 30 gêneros, 48 espécies e 5 variedades. Conclui-se que este estudo
demonstrou que os corpos hídricos do Jardim Botânico de Santos acomodam
diferentes espécies de microalgas dulciaquícolas, sendo que algumas espécies
ocorrem em ambientes aquáticos eutróficos. Os lagos necessitam de uma
constante manutenção e monitoramento com o intuito de prevenir danos a saúde
dos visitantes em caso de contato ou ingestão acidental de água contaminada.
_________________________________________________________________ Palavras-chave: algas de águas continentais, Jardim Botânico de Santos,
taxonomia.
2
INTRODUÇÃO
Afinal, o que são algas ? Alga é um termo de uso popular e genérico que
não possui significado taxonômico preciso. As algas reúnem características de
organismos muito diversificados em relação a sua organização, características
físicas e morfológicas, como por exemplo, plantas que contém clorofila e bactérias
que contém parede celular, seu tamanho vai de macro a microscópico.
O trabalho visa apresentar a biodiversidade da flora ficológica do Jardim
Botânico de Santos, com coordenadas geográficas 23º56’17”S e 46º22’22”W. O
objetivo do Jardim Botânico é preservar as espécies da Floresta Atlântica e
plantas nativas da Amazônia. Localizado no bairro do Bom Retiro, município de
Santos, com uma população de 9212 pessoas em uma área de 997.420,15 m2, de
acordo com o IBGE, o bairro começou a ser formado a partir de migrantes
nordestinos na década de 50. Recebeu este nome devido a uma imobiliária de
mesmo nome cujo proprietário Ézio Testini, foi responsável pelo loteamento da
maior parte do bairro.
Para fixação do material, foi utilizado formalina a 40% em frascos de
polipropileno, com identificação do local, data de coleta e coletor. Foram
analisadas 10 lâminas por amostra.
1. METODOLOGIA
Área de estudo
A área abrangida por este estudo é o Jardim Botânico de Santos,
localizado no bairro do Bom Retiro, município de Santos, SP. Ocupa a área de
90.000 m2, localizada na região metropolitana da Baixada Santista, Estado de São
Paulo e composta por 9 (nove) municípios. Procurou-se cobrir a área geográfica
dos lagos em sua máxima extensão e da forma mais uniforme possível,
abrangendo materiais tanto no plâncton quanto do perifíton.
Material estudado
Durante as coletas, amostrou-se material do perifíton e do plâncton numa
cobertura o mais uniforme possível e aos materiais uma representação
equivalente no que diz respeito aos habitats planctônico e perifítico e aos
ambientes lêntico, semilêntico e lótico.
Coleta de material
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Foram realizadas 7 (sete) coletas aleatórias no lago principal, hidrofitotério
(lago das plantas aquáticas) e uma pequena fonte sem identificação situada
próximo a entrada do Jardim Botânico nos seguintes dias: 29/10/2016,
27/11/2016, 13/12/2016, 14/12/2016, 27/02/2017, 15/03/2017 e 03/07/2017
emborcando lateralmente o frasco na coluna d’água na profundidade desejada, de
maneira cuidadosa para que não ocorresse perda do material com a entrada do
ar.
As coletas aconteceram em zonas iluminadas e pouco iluminadas próximas
a regiões arborizadas, preferencialmente, próximas a margem favorece a
ocorrência de material perifítico que deve ser coletado com seu substrato (total ou
parcialmente submerso), folhas, caules, raízes e raspagem de rochas presentes
na água. Ambientes com essas características são considerados concentradores
de fitoplâncton e perifíton.
As amostras do lago principal foram recolhidas utilizando a rede de
plâncton confeccionada com tecido de náilon contendo abertura de malha na
ordem de 20 µm. Com o auxílio de uma corda, a qual é parte integrante da rede
que foi passada horizontalmente na camada superficial da coluna d’água (± 30 cm
superficiais). A rede de plâncton também foi mergulhada no lago e içada
verticalmente com o intuito de coletar o fitoplâncton nos níveis mais variados.
Esse método de coleta consiste, basicamente, em passar a rede sucessivamente
em diferentes níveis da coluna d’água com o objetivo de que a água flua através
do tecido e preencha o frasco acoplado à rede.
Na segunda coleta foi executada uma raspagem nas rochas do lago de
plantas aquáticas seguida de recolhimento de amostras presentes nos
compartimentos mais internos do lago, cuja estrutura circular é dividida em
pequenas câmaras preenchidas com água do lago, nessa etapa foi dispensada a
utilização da rede de plâncton devido a baixa profundidade do local.
As amostragens foram realizadas emborcando lateralmente o frasco na
coluna d’água e rede de plâncton, a fim de obter uma amostragem mais
concentrada de microalgas. Após esse procedimento, o material coletado foi
transferido para frascos sobressalentes e armazenado para análises no
laboratório de microscopia. Todas as amostras, sem exceção, foram
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armazenadas em frascos adequados e posteriormente acondicionadas em
geladeira.
As informações sobre a providência geográfica do material (a mais
completa possível), incluindo a data da coleta e o nome do coletor, foram
registradas.
Fixação, preservação e preparo do material para observação
A fixação e a preservação dos materiais foram providenciadas
imediatamente após a coleta, ainda no campo, com solução aquosa de formalina
(formol comercial a 37%) a 4-5 %, em frascos de vidro ou polipropileno, com
identificação do local, data de coleta e coletor. A fixação imediata evita que a taxa
de divisão celular seja acelerada por conta das condições adversas (concentração
da amostra), que pode promover o aparecimento de fenótipos anômalos.
O preparo das lâminas para observação ao microscópio óptico obedeceu à
seguinte rotina: (1) uma ou duas gotas do material da amostra homogeneizada
foram colocadas sobre uma lâmina comum de microscopia; (2) uma gota de
solução alcoólica de lugol foi adicionada à do material para evidenciar o amido
(pirenoide); e (3) uma lamínula foi colocada sobre o conjunto das gotas, tomando-
se o cuidado de não formar bolha. Em alguns casos, foi também adicionada uma
gota de azul de metileno para evidenciar mucilagem e outra, de glicerina pura,
para adensar o meio e, consequentemente, facilitar o giro dos espécimes sobre si
próprios e observá-los de outros ângulos.
Observação do material ao microscópio
Para análise qualitativa foram examinadas, no mínimo, 10 lâminas
preparadas do material concentrado de cada unidade amostral. O intuito foi
observar o maior número possível de exemplares de cada tipo e esgotar
taxonomicamente cada unidade amostral. A observação dos espécimes foi
realizada utilizando um microscópio óptico binocular marca Olympus CX31, com
oculares de 10 aumentos e objetivas de 4, 10, 40 e 100 aumentos. Para cada
característica foram tomadas tantas medidas quantas foram necessárias (e/ou
possíveis) com o objetivo único de descrever, de forma apurada, cada espécie,
variedade ou forma taxonômica identificada. Obviamente, o número mínimo de
exemplares observados dependeu do tamanho das populações à disposição nas
preparações.
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Admitiu-se como esgotamento taxonômico a análise de três preparações
sem que aparecesse representante de alguma espécie, variedade ou forma
taxonômica ainda não identificada naquela unidade amostral. No presente estudo,
entretanto, para a maior certeza do esgotamento taxonômico, foram examinadas
10 preparações da mesma unidade amostral sem que aparecessem novas
espécies, variedades ou formas taxonômicas das algas.
Os indivíduos encontrados apenas uma vez durante o estudo só foram
identificados quando apresentaram seus caracteres diagnósticos inequívocos ou
quando não apresentaram variação morfológica ou esta foi demasiado pequena e
considerada desprezível.
Descrição do material
A descrição de cada espécie, variedade ou forma taxonômica identificada
contemplou todas as características morfológicas diacríticas ou merísticas das
fases vegetativa e reprodutiva de seu histórico-de-vida que puderam ser
observadas nos materiais examinados. Quando variedades e/ou formas
taxonômicas além da típica da espécie foram identificadas, suas descrições
abordam somente os caracteres distintivos em relação à respectiva típica.
Quando existente, foi relacionada à sinonímia homotípica (nomenclatural) e, em
especial, o componente basiônimo. Foram ainda considerados os sinônimos
heterotípicos (taxonômicos), porém, apenas os que puderam ser avaliados. As
identificações constantes na literatura, cuja falta de informação (descrição,
medidas, ilustração e/ou material depositado em herbário) não permitiram sua
reidentificação, não foram presentemente consideradas.
Identificação taxonômica
As identificações taxonômicas foram fundamentadas na análise do maior
número possível de indivíduos, a partir da análise de populações. Indivíduos
isolados só foram identificados quando apresentaram suas características
diagnósticas inequívocas. Fotografias foram realizadas com o auxílio de revisões
bibliográficas para identificação de alguns táxons.
Todo material constante na literatura especializada foi avaliado.
Identificações taxonômicas de materiais que apresentaram descrição e/ou
ilustrações foram revistas. Literatura básica para a classificação dos gêneros em
famílias utilizou-se Bourrelly por se tratar do único compêndio que classifica todos
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os gêneros propostos até então. As identificações dos gêneros, espécies,
variedades e formas taxonômicas foram baseadas em trabalhos clássicos e
recentes da literatura especializada. Procurou-se observar o maior número
possível de indivíduos e, sempre que possível, através da análise de populações
aumentando, assim, a validade das interpretações.
Para cada táxon inventariado serão apresentados os seguintes dados: (1)
nome da espécie, variedade ou forma taxonômica; (2) nome(s) do(s) autor(es)
responsáveis pelo binômio específico ou trinômio varietal (3) referência
bibliográfica completa da obra “princeps”, ou seja, do trabalho que contém a
descrição original do gênero,espécie ou variedade; (4) basiônimo quando
existente; (5) sinônimos a partir de material brasileiro; (6) descrição minuciosa de
todas as características morfológicas,merísticas e métricas. As descrições foram
acompanhadas de ilustração para sua identificação taxonômica, relação do(s)
material(is) estudado(s).
2. RESULTADOS
No ponto de amostragem do Lago Principal, as coordenadas geográficas
são 23056’249”S e 46022’343”W, no ponto de amostragem do Hidrofitotério, as
coordenadas geográficas são 23056’264”S e 46022’362”W, no ponto de
amostragem da fonte ao lado esquerdo ao entrar no Jardim Botânico de Santos
as coordenadas são 23056’307”S e 46022’369”W.
Os táxons identificados estão assim distribuídos: 30 gêneros, 48 espécies e
5 variedades, abaixo descritos:
FILO CYANOBACTERIA
Anabaena circinalis Rabenhorst
Células esféricas; 7-8 μm larg.; colônia filamentosa; 56-80 μm larg.; bainha
mucilaginosa ausente; coloração verde-azulada; granuloso; com aerótopos.
Anabaena spiroides Klebahn
Algas filamentosas livres, agregado de células amorfas envoltas por bainha
mucilaginosa.
Aphanocapsa incerta Lemmermann) Cronberg & Komárek
Células com 1-3 μm diâm.; mucilagem hialina; 18 μm diâm. a mucilagem;
colônias arredondadas; células granuladas.
Aphanocapsa rivularis (Carmichael) Rabenhorst
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Células esféricas, colônias irregulares com células desprovidas de plastos,
porém, clorofiladas.
Borzia trilocularis Cohn ex Gomont
Células ovoides a esférica em grupos de 4 células alinhadas.
Chroococcidiopsis cubana Komárek & Hindák
Células com 1,2-2,0 μm de diâm.; coloniais; apresentam bainha
mucilaginosa.
Chroococcus minimus (Keissler) Lemmermann
Células esféricas com 2-3 μm diâm.; sem cloroplastos; clorofilados; parede
celular delgada. Estes organismos são predados por rotíferos.
Coelosphaerium naegelianum Unger
Colônias cocoides elípticas ou reniformes; 44-96 μm comp.; 35-83 μm larg.;
mucilagem que envolve a colônia com 3-5 μm espessura; células ovoides a
elipsoides; 4-6 μm comp.; 3-4 μm larg.; coloração verde-escura; com aerótopos.
Merismopedia convoluta Brébisson ex Kützing
Colônias tabulares, geralmente convolutas, planas, retangulares, com
numerosas células, dispostas em fileiras regulares, próximas umas das outras;
mucilagem hialina; células esféricas (hemisféricas após divisão), 4-5 μm diâm.;
sem aerótopos.
Merismopedia glauca (Ehrenberg) Kützing
Colônias tabulares, planas, retangulares, com numerosas células
arranjadas em grupos de 16-64, dispostas em fileiras regulares, próximas umas
das outras; mucilagem hialina; células esféricas (hemisféricas após divisão), 4-5
μm diâm.; sem aerótopos.
Merismopedia trolleri (Bachmann)
Colônias tabulares, planas, retangulares, com numerosas células
arranjadas em grupos de 4-8, dispostas em fileiras regulares, próximas umas das
outras; mucilagem hialina; células esféricas, hemisféricas após divisão, 3-4 µm
diâm.; com aerótopos.
Microcystis aeruginosa (Kützing) Kützing
Colônias formada por 7 células; 600-1200 μm diâm.; células com 2-8 µm
diâm.
Microcystis botrys Teiling
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Colônias microscópicas, arredondadas ou alongadas; mucilagem hialina,
ampla, formando protuberâncias radiais ao redor de grupos celulares; células
esféricas, 3-6 m diâm.; com aerótopos; conteúdo celular verde-azulado.
Nostoc commune Vaucher ex Bornet & Flahaut
Tricomas apoheterocíticos; colônias irregularmente globosas; tricomas
curtos, curvos, densamente emaranhados; células doliformes, 3-4 µm diâm., 3-5
µm compr.; heterocitos terminais, oval, 4-5 µm diâm., 5-6 µm compr.; acinetos
compridos, extremidades arredondadas, 4 µm diâm.; 5-7 µm compr.
Planktothrix agardhii (Gomont) Anagnostidis & Komárek
Filamentosa; coloração verde-azulada; células apicais arredondadas; 11-18
μm compr.; 2-3 μm larg.; presente em ambientes eutrofizados.
Snowella lacustris (Chodat) Komárek & Hindák
Colônias esféricas, ovoides ou alongadas; mucilagem hialina; células
unidas por filamentos de mucilagem; 2–3 μm diâm.; 2-4 μm compr.; sem
aerótopos.
FILO CHLOROPHYTA
Chlorella vulgaris Beijerinck
Células elipsoides a esféricas; isoladas ou em pequenos grupos; 3-10 μm
diâm.; 1 pirenoide; parede celular delgada.
Chlorococcum acidum Archibald & Bold
Indivíduos isolados; células oblongas a arredondadas; 10-16 μm diâm.; 1
pirenoide; plasto poculiforme a ciatiforme; parede celular espessa; presentes no
plâncton quanto no perifíton.
Coelastrum indicum Turner
Cenóbio esférico; 10-12 µm diâm.; 16-32 células unidas por 5-6 processos;
células arredondadas em vista apical; 2-3 µm diâm.; parede celular lisa;
cloroplasto único, parietal; 1 pirenoide.
Coelastrum proboscideum Bohlin
Cenóbios tetraédricos com 7-16 μm diâm.; formados por 4-8-16-32 células;
células triangulares em vista lateral, pólos externos com espessamento em forma
de coroa, 3 processos unindo umas células às outras, espaços intercelulares
quadráticos; células com 4 µm diâm.; cloroplasto único, parietal, 1 pirenoide
central.
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Coelastrum reticulatum (Dangeard) Senn
Cenóbios esféricos, 8 µm diâm.; formados por 32 células, espaços
intercelulares presentes. Sincenóbios frequentemente unidos por cordões
mucilaginosos, células esféricas unidas por 5 processos de ligação; cloroplasto
único poculiforme; pirenoide não observado.
Cosmarium brasiliense Nordstedt var. brasiliense
Célula ca. 1,1 vezes mais longa que larga; 15-17 µm compr.; 14-16 µm
larg., istmo 5-6 µm larg.; constrição mediana profunda; seno mediano aberto,
obtuso; semicélula elíptica; margens laterais convexas, apical levemente
truncada; parede celular com pequenas verrugas distribuídas uniformemente por
toda célula; cloroplastídio axial.
Desmodesmus armatus var. armatus (Chodat) Hegewald
Cenóbios planos; 2-8 células dispostas linearmente; células internas
elipsoides; 9-15 μm compr.; 5-8 μm larg.; espinhos com 4-5 μm compr.;
cloroplasto único, parietal; 1 pirenoide.
Desmodesmus armatus var. bicaudatus (Guglielmetti) Hegewald
Cenóbios planos, 25-27 µm comp.; formados por 4 células dispostas
linearmente; células oblongas, com pólos arredondados, 5-12 µm comp.; 4-5 µm
larg.; células externas com um único espinho em um dos pólos, 3-9 µm comp.; o
espinho de uma célula é diagonalmente oposto ao da outra; células internas sem
espinhos; parede celular lisa; cloroplasto único, parietal, 1 pirenoide central.
Desmodesmus communis (Hegewald) Hegewald
Cenóbios planos, 7-29 µm comp.; formados por 2-8 células dispostas
linearmente; células internas oblongas, com pólos arredondados, 2-8 µm larg.; 6-
10 µm comp.; células externas com um espinho longo em cada pólo, 3-10 μm
compr.; cloroplasto único, parietal; 1 pirenoide central.
Desmodesmus maximus (West & G.S. West) Hegewald
Cenóbios formados por 4 células oblongas; 24-36 µm comp.; 9-26 µm larg.;
disposição linear; pólos arredondados; células externas com um espinho em cada
pólo; 11-13 µm compr.; às vezes curvos; células internas sem espinhos.
Desmodesmus microspina (Chodat) Tsarenko
Cenóbios planos, com 4 células dispostas linearmente; células elipsóides,
às vezes com rosetas, microtúbulos ou costelas; 10-19 µm comp.; 5-10 µm larg.;
10
espinhos em disposição linear, mais curtos que o diâmetro celular, 4-7 µm comp.;
cloroplasto único, parietal, 1 pirenoide central.
Desmodesmus opoliensis (Richter) Hegewald
Cenóbios retos, 7-13 µm comp.; 5-10 µm larg.; formados por 4 células
dispostas linearmente; células internas fusiformes; 1-4 μm larg.; com pólos
arredondados; células externas trapezoidais; com pólos truncados na base de
inserção do espinho, margem externa levemente convexa, espinho longo em
cada pólo, 6-10 µm comp.; cloroplasto único, parietal, com 1 pirenoide.
Desmodesmus quadricauda (Turpin) Brébisson
Cenóbios retos lineares; 4-8 células oblongas; 9-23 µm comp.; 3-10 µm
larg.; pólos arredondados; margem externa das células retas e ligeiramente
convexas; 1 espinho em cada pólo disposto diagonalmente; cloroplasto único,
parietal; 1 pirenoide.
Desmodesmus spinosus (Chodat) Hegewald
Cenóbios formados por 4 células oblongas; 8-9 µm comp.; 2-3 µm larg.;
disposição linear; pólos arredondados; células externas e internas com 1-3
espinhos nos pólos; costelas medianas longitudinais em toda extensão da parede
celular, com pente de espinhos nas células das extremidades.
Dimorphococcus lunatus A. Braun
Cenóbios alongados; sincenóbios formados 4-8 células dispostas
alternadamente; 9-15 µm compr.; 4-7 µm larg.; unidas entre si por restos das
paredes da célula-mãe na forma de fios de mucilagem; células internas
cilíndricas, ovóides a elípticas; células externas reniformes a cordiformes;
cloroplasto único, parietal; 1 pirenoide.
Golenkiniopsis longispina (Koršikov) Koršikov
Células solitárias, esféricas, sem envelope mucilaginoso, 5-7 µm diâm.; 6-9
espinhos longos, distribuídos regularmente sobre a superfície celular, afilando
gradualmente em direção ao ápice, cloroplasto único, parietal, 1 pirenoide
esférico.
Monactinus simplex (Meyen) Corda
Cenóbios planos, circulares, formados por 8-16-32 células dispostas
concentricamente, com espaços intercelulares presentes; 20-26 μm diâm.; células
poligonais com 1 processo cilíndrico cônico de ápice truncado; 8 μm comp.; 4-5
11
μm larg.; células internas poligonais, cloroplasto único, parietal, estendendo por
todo o processo; 1 pirenoide central.
Monactinus simplex var. echinulatum (Wittrock) Pérez, Maidana & Comas
Essa variedade possui cenóbios formados por 8 células; 62-86 µm comp.;
62-92 µm larg.; células marginais com processo 19-34 µm comp.; 9-17 µm larg.;
processo com 5-14 µm comp,; células internas com 10-20 µm comp.; 10-18 µm
larg.
Monoraphidium contortum (Thuret) Komárkova-Legnerová
Celulas isoladas; fusiformes; helicoidais; ápices, afilados; 1-3 µm larg.; 10-
16 µm compr.; cloroplasto único, parietal; sem pirenoide.
Monoraphidium tortile (West & G.S. West) Komárkova-Legnerová
Células isoladas, fusiformes, retas; mais longas que largas; ápices
gradualmente afilados; 1-3 µm larg.; 15-20 µm compr.; cloroplasto único; parietal,
sem pirenoide.
Pediastrum boryanum (Turpin) Meneghini
Formam cenóbios com 8-32 células; 10 μm diâm.; cada célula com 5 μm
larg.; 7 μm alt., contando as projeções; pirenoide central único.
Possonia sestonica Hindák
Organismos formados por 2 células reniformes; presença de bainha
mucilaginosa; cloroplasto parietal; 3-4 μm larg.; 5 μm compr.; 5 μm diâm. da
bainha de mucilagem.
Scenedesmus acuminatus (Lagerheim) Chodat
Cenóbios planos, 36-40 µm compr.; formados por 4 células, dispostas
linearmente; células internas fusiformes, retas a levemente arcuadas, 29-34 µm
compr.; 4-9 µm larg.; células externas fusiformes, arcuadas, afilando em direção
aos ápices, 23-28 µm compr.; 5-8 µm larg.; parede celular lisa; cloroplasto único,
parietal, 1 pirenoide.
Scenedesmus ecornis (Ehrenberg) Chodat
Cenóbios formados por 4 células oblongas; 4-15 µm de comp.; 4-6 µm de
larg.; disposição linear; pólos arredondados; células externas arqueadas,
convexas; células internas menos convexas.
Scenedesmus linearis Komárek
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Organismos formados por cenóbio com 4 células oblongas; 14 μm compr.;
células com 4 μm larg.; 7 μm compr.
Stauridium tetras (Ehrenberg) Hegewald
Cenóbio circular, oval, quadrático ou raramente irregular; não clatrado; 4-8
células dispostas concentricamente; 16-18 µm comp.; 17-19 µm larg.; 4-7 células
externas angulares; margem lateral entre as células reta; células marginais com 1
incisão em forma de “V’’ mais ou menos estreita; 1 plasto parietal; 1 pirenoide
basal; parede celular lisa.
Volvox aureus Ehrenberg
Células com 3-6 μm de diâm.; envoltas por bainha de mucilagem com 15
μm diâm.; cloroplasto abrangente; célula esférica isolada; 1 pirenoide; espinhos
ao entorno da célula esférica.
FILO EUGLENOPHYTA
Euglena viridis (Müller) Ehrenberg
Organismos flagelados; fusiforme; presença de mancha ocelar; ausência
de parede celular e pirenoides; cloroplastos em fitas; 33-44 μm compr.; 12-16 μm
larg.
Hyalophacus ocellatus Pringsheim
Organismos achatados; discoides; 25-30 μm compr.; 24-26 μm larg.;
cloroplastos pequenos discoides; pirenoides normalmente ausentes.
Phacus acuminatus Stokes
Organismos ovalados; 20-25 μm compr.; 16-18 μm larg.; organismos
cosmopolitas.
Phacus acutus Pochmann
Célula ovalada; com um “bico” em uma das extremidades; 5-14 μm compr.,
incluindo a projeção; 4-11 μm larg.
Phacus agilis var. agilis Skuja
Células elípticas; pólos arredondados; 2 cloroplastos em forma de escudo;
13-14 μm compr.; 10 μm larg.
FILO BACILLARIOPHYTA
Geissleria aikenensis (Patrick) Torgan & Oliveira
Valvas lanceoladas com ápices rostrados; estrias medianas mais
espaçadas; 19‑21 μm compr., 5-6 μm larg.
13
Nitzschia palea (Kützing) Smith
Valvas linear-lanceoladas; plasto parietal; extremidades cuneadas
subcapitado-rostradas; 9-13 μm compr.; 3 μm larg.; espécie com grande variação
morfológica, sendo identificada pela forma valvar lanceolada e extremidades
apicais subcapitadas conforme Fontana; Bicudo2.
3. DISCUSSÃO
Tendo em vista que esta é a primeira referência bibliográfica a respeito da
taxonomia de algas do Jardim Botânico de Santos, pode-se observar a riqueza da
biodiversidade local e a presença de algas indicadoras de poluição, tais como,
Microcystis, Coelastrum, Scenedesmus, Desmodesmus, Volvox dentre outras,
cuja, proliferação pode estar intimamente relacionada com o índice considerável
de nutrientes provenientes de resíduos orgânicos dispersos na água dos lagos,
como, por exemplo, nitrogênio e fósforo. A acessibilidade dos sistemas lacustres
artificiais do Jardim Botânico de Santos contribuiu com a facilidade da coleta,
entretanto, apesar de algumas dificuldades, verifica-se que o número de espécies
identificadas foi considerável, com possibilidade deste número aumentar, já que
algumas amostras não foram analisadas. Constatou-se a ocorrência do gênero
Desmodesmus em diferentes amostras em períodos distintos, independente da
sazonalidade e em grande frequência.
4. CONCLUSÃO
Este estudo foi pioneiro em relação a taxonomia de microalgas presentes
nos corpos hídricos do Jardim Botânico de Santos, conhecer a microflora aquática
do local servirá de subsídio ao conhecimento da flora ficológica da Baixada
Santista, projeto em construção que abrangerá material encontrado nos nove
municípios que constituem a Região Metropolitana da Baixada Santista,
contribuindo com a Flora Ficológica do Estado de São Paulo.
Com base nos estudos realizados, concluiu-se que os corpos hídricos do
Jardim Botânico de Santos acolhe diferentes espécies de microalgas de águas
continentais, algumas intrinsecamente relacionadas a ambientes aquáticos
eutróficos comprometidos pela poluição hídrica, seja ela, de origem antrópica ou
natural, com presença de algas de grande potencial bioindicador de poluição
ambiental. O monitoramento do estado trófico dos três lagos artificiais se faz
necessário e com manutenção constante, no intuito de prevenir possíveis danos à
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saúde dos frequentadores (principalmente crianças) em caso de contato ou
ingestão acidental com a água contaminada, devido à presença de cianotoxinas
liberadas nos lagos pelo grupo de cianobactérias. Levando-se em conta que o
local recebe visitação de pessoas das mais variadas faixas etárias que
desconhecem a qualidade da água dos corpos hídricos do local, a possibilidade
de contato com estas águas não está descartada, daí a necessidade de um
monitoramento por parte da prefeitura local, já que o Jardim Botânico de Santos
pertence a prefeitura municipal ou realizarem parcerias para tal avaliação.
O presente trabalho visou colaborar para o conhecimento em termos de
variação morfológica e biodiversidade fitoplanctônica existentes nos lagos
artificiais do Jardim Botânico de Santos e oferecer respaldo à futuras pesquisas
que possam, futuramente, desenvolver-se no local. O número de espécies
identificadas poderia ser maior se não houvesse uma limpeza periódica nos lagos
presentes no Jardim Botânico de Santos, onde ocorre a retirada completa da
água dos mesmos por parte da Prefeitura Municipal de Santos. Esse processo
poderia ser feito de maneira mecânica, sem a remoção da água, mesmo diante
destas condições, o número de espécies identificadas foi razoável, sendo o
estudo realizado por um período de 12 (doze) meses. Muito provavelmente se
este período for mais longo, conseguir-se-à chegar a um número mais expressivo
de espécies, servindo como subsídio a trabalhos relacionados a ecologia
aquática, microbiologia, educação ambiental, dentre outros.
REFERÊNCIAS
1. Bourrelly PC (1972). Les algues d’eau douce: initiation à la systematique: les
algues vertes. Paris: Éditions N. Boubée. Vol. 1. p. 1-572.
2. Bicudo CEM (2014). Criptógamos do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga,
São Paulo, SP. Algas, 38: Chlorophyceae (Tetrasporales e Siphonocladales),
SP,Brasil. Hoehnea 41(3): 337-343.
3. Bicudo CEM, Menezes M (orgs.) (2006). Gêneros de algas de águas
continentais do Brasil: chave para identificação e descrições. 2ª ed. São
Carlos: RiMa Editora. 508 p.
4. Bicudo CEM, Bicudo RMT (1967). Floating communities of algae in an artificial
pond in the Parque do Estado, São Paulo, Brazil. Journal of Phycology 3: 233-
234.
15
5. Franceschini IM et al. (2010). Algas, uma abordagem filogenética, taxonômica
e ecológica. Editora Artmed, Porto Alegre. 330 p.
6. Fernandes S (2008). As famílias Chlorococcaceae e Coccomyxaceae no
Estado de São Paulo: levantamento florístico. Tese de doutorado. Instituto de
Botânica. Secretaria de Estado do Meio Ambiente, São Paulo.160 p.
7. Fernandes S, Bicudo CEM (2009). Criptógamos do Parque Estadual das
Fontes do Ipiranga, São Paulo, SP. Algas, 26: Chlorophyceae (familias
Chlorococcaceae e Coccomyxaceae). Hoehnea 36(1): 173-191.
8. Restano AML, Bicudo CEM (2014). Criptógamos do Parque Estadual das
Fontes do Ipiranga, São Paulo, SP. Algas, 40: Chlorophyceae
(Hydrodictyaceae). Hoenea 41(3): 353-364
9. Reviers B (2006). Biologia e filogenia das algas. Editora Artmed, Porto Alegre.
280 p.
10. Rocha ACR, Bicudo CEM (2008). Criptógamos do Parque Estadual das
Fontes do Ipiranga, São Paulo, SP. Algas, 25: Bacillariophyceae (Naviculales,
Pinnulariaceae). Hoehnea 35(4): 597-618.
11. Silva DB, Felisberto AS (2014). Comasiella, Desmodesmus, Pectinodesmus e
Scenedesmus na comunidade perifítica em ecossistema lêntico tropical,
Brasil Central. Hoehnea 41(1): 109-120.
Endereço eletrônico:
www.algaebase.org – acesso em várias épocas.
APÊNDICE
Fig. 1. Amostragem no Lago principal. Fig. 2. Amostras do Lago principal.
16
Fig. 3. Lago com plantas aquáticas (hidrofitotério). Fig. 4. Amostragem no hidrofitotério.
Fig. 5. Fonte na entrada do Jd. Botânico, lado esquerdo.
Fig. 6. P. boryanum. 7. Volvox aureus. 8. C. proboscideum. 9. S. ecornis.
Fig.10. S. ecornis. 11. E. viridis. 12. D. armatus var. armatus. 13. C.nagelianum
Fig. 14. M. botrys. 15. M. botrys. 16. N.commune. 17. D. communis. 18. S.lacustris.
Fig.19. G. longispina. 20. C, minimus. 21. D. armatus var. bicaudatus. 22. D. communis.
17
Fig. 23. D. armatus var. armatus Fig. 24. D. microspina 25. M. convoluta 25. D. opoliensis
Fig. 26. N. palea. 27. C.vulgaris. 28. C. acidum. 30. Hyalopachus ocellatus. 31. A. incerta.
Fig. 32. G. aikenensis. 33. S. acuminatus. 34. C.indicum. 35. D. armatus bicaudatus.
Fig. 36. D. spinosus 37. P. aghardii 38. M.trolleri
Bar = 10 μm