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CASA DA FLORESTA
VERACEL CELULOSE S/A - BA
Piracicaba, Dezembro de 2011
Monitoramento de Fauna e FloraAno 2011
Resumo dos ResultadosResumo dos Resultados
Monitoramento de Fauna e Flora nas Áreas da Veracel Celulose S/A - Resumo dos Resultados
Vegetação
Nas áreas da Veracel Celulose S/A já foram plaqueadas e identificadas mais de
6000 árvores, abrangendo diversas fitofisionomias, como áreas de Floresta Ombrófila
Densa (Floresta de Tabuleiro), Muçunungas, Florestas Paludosas e Florestas
Ribeirinhas. Através destes levantamentos realiza-se o monitoramento da vegetação,
buscando compreender um pouco da dinâmica dessas áreas naturais e identificar
possíveis impactos da produção e colheita do eucalipto nas áreas nativas, a fim de
mitigá-los. Além disso, são realizados levantamentos das espécies presentes no sub-
bosque das florestas e das áreas de plantio de eucalipto.
Nas três AAVCs amostradas foram registrados 2919 indivíduos, distribuídos em
494 espécies (Tabela 1). Deste total, 309 foram identificadas até o nível específico, 138
até gênero, 31 até famílias e 16 ficaram indeterminadas. Com relação às espécies
ameaçadas foram resgistradas um toal de 35 (Tabela 2), merecendo maior destaque
para as espécies Couratari asterotrichia (imbirema), categorizada como “criticamente
ameaçada” pela lista internacional de espécies ameaçadas (IUCN) e Buchenavia pabstii
(pequi-izaias) classificada como “em perigo” pela mesma lista. Apenas estas duas
encontram-se ameaçadas tanto pela lista oficial das espécies da flora brasileira
ameaçadas de extinção (IBAMA) quanto pela IUCN. Cabe ressaltar também que as
mesmas foram registradas apenas na AAVC Ipê, o que evidencia a relevância ecológica
deste fragmento.
Tabela 1: Resumo do número de indivíduos, número de espécies, famílias e índice de diversidade de espécies encontradas em todas as áreas visitadas em 2011 pela equipe de vegetação.
AAVC Sub-bosque de
eucalipto Muçununga
Imbiriba Ipê Sucupira Ipê Sucupira Sapucaieira
N. de indivíduos 1014 620 1285 33 789 78
N. de espécies 266 197 269 24 20 23
N. de famílias 56 45 50 19 15 17
Índice de Diversidade 5,2 4,77 5,12 2,36 2,38 2,32
Tabela 2: Lista de espécies ameaçadas de extinção registradas nas AAVCs Imbiriba, Sucupira e Ipê. IUCN= International Union for Conservation of Nature and Natural Resources: EN= em perigo; VU= vulnerável; LR/cd= risco baixo dependente de medidas de conservação; LR/lc= risco baixo, segura ou pouco preocupante; LR/nt= risco baixo, perto de estar ameaçada. IBAMA= Instrução Normativa do Ministério do Meio Ambiente nº 06 de 23 de setembro de 2008 – Lista oficial das espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção: AM= ameaçada.
Nome científico Nome popular Imbiriba Ipê Sucupira IUCN IBAMA
Arapatiella psilophylla arapati X
X VU
Banara brasiliensis natalina X VU
Brosimum glaucum leiteira X X X
AM
Brosimum glaziovii sally X EN
Buchenavia pabstii pequí-izaías
X EN AM
Cariniana parvifolia jequitiba-cravinho X AM
Chrysophyllum splendens bapeba-pedrin X
X VU
Couepia schottii milho-torrado-folha-larga X X VU
Couratari asterotricha imbirema
X
CR AM
Eugenia prasina guruçu X X VU
Euterpe edulis palmito-doce X X X
AM
Guarea aff. juglandiformis cedro-branco X VU
Helicostylis tomentosa jaquinha X X X LR/lc
Inga hispida ingá-de-linhares X VU
Joannesia princeps boleira
X
VU
Lecythis lanceolata sapucaia-mirim X LR/cd
Lecythis lurida inuiba-vermelha X X X LR/cd
Manilkara bella paraju X X EN
Manilkara elata parajú-mirim X
EN
Melanopsidium nigrum coroa-de-sapo X AM
Melanoxylon brauna braúna-preta
X
AM
Micropholis crassipedicellata curubixa X LR/cd
Mollinedia marquetiana orelha-de-boi X
X VU
Myrcia isaiana luizinho X AM
Myrocarpus frondosus caboretinga
X
DD
Ocotea aciphylla canela-branca X LR/lc
Ocotea odorifera canela-sassafras X
AM
Plinia renatiana zâmboa X AM
Pouteria aff. bapeba bapeba-branca X
X VU Pouteria aff. macahensis bapeba-feroz X X X EN
Pouteria coelomatica acá-preto X X
EN Sclerolobium striatum inga-louro X X VU
Sorocea guilleminiana folha-de-serra
X
VU Syagrus botryophora patioba X X LR/nt
Trichilia casaretti matheus X X VU
Avifauna
Desde o ano de 2008 até o presente momento, a Casa da Floresta monitora a
avifauna nas Áreas de Alto Valor de Conservação (AAVCs) da Veracel. Nesse período já
foram registradas 296 espécies de aves, sendo 11 ameaçadas de extinção e 48
endêmicas da Mata Atlântica (Tabela 3). Os maiores números de espécies ameaçadas
foram encontrados nas AAVCs Taquara e Santa Maria: oito e sete, respectivamente
(Tabela 4). Tal fato revela a importância destas áreas na conservação da diversidade
biológica.
Tabela 3: Número de espécies de aves das Áreas de Alto Valor de Conservação da Veracel.
Áreas de Alto Valor de Conservação
Número de espécies de aves
Total Endêmicas da Mata
Atlântica Ameaçadas de
extinção
Taquara 159 35 8
Santa Maria 163 32 7
Sucupira 173 31 6
Ipê 199 31 5
Imbiriba 188 32 6
Todas as AAVCs 296 48 11
Tabela 4: Espécies de aves ameaçadas de extinção registradas nas Áreas de Alto Valor de Conservação, Taquara (T), Santa Maria (SM), Imbiriba (Imb), Ipê e Sucupira (Suc), 2008 a 2011.
Espécies Nome popular
Áreas de Alto Valor de Conservação
Grau de ameaça
Imb Ipê SM Suc T IBAMA IUCN
Amazona rhodocorytha chauá x x x x x EN EN
Cotinga maculata crejoá
x x
EN EN
Glaucis dorhnii balança-rabo-canela
x
EN EN
Xiphoena atropurpurea anambé-de-asa-branca x
x
EN EN
Pyrrhura leucotis tiriba-de-orelha-branca x x x x x VU Pyrrhura cruentata tiriba-grande x
x VU VU
Thripophaga macroura rabo-amarelo
x VU VU
Myrmotherula urosticta choquinha-de-rabo-cintado
x
x VU VU
Neopelma aurifrons fruxu-baiano x x x x x - VU
Platyrinchus leucoryphus patinho-gigante
x x x - VU
Procnias nudicollis araponga x x
x x - VU
EN – Em perigo, VU – vulnerável.
Nota-se que o número médio de espécies por AAVC está entorno de 175 e que
aves de sensibilidade alta são mais comuns nessas áreas que em muçunungas e
plantios. Embora os resultados do monitoramento ainda sejam recentes, é possível
afirmar que talhões de eucalipto mais desenvolvidos, onde há um sub-bosque
regenerante, são menos hostis para determinadas espécies de aves, podendo beneficiar
espécies florestais, as quais podem se deslocar na paisagem através da matriz de
eucalipto, alimentando e ou se abrigando no sub-bosque ou dossel. É o caso de
psitacídeos ameaçados como o papagaio-chauá (Amazona rhodocorytha) e a tiriba-de-
orelha-branca (Pyrrhura leucotis). Os plantios de eucalipto também se destacam
quando estão em fase inicial de crescimento, isto é, quando constituem um ambiente
aberto, tipo campo, em que gramíneas e outras herbáceas se desenvolvem, as quais
atraem diversas espécies de aves granívoras.
A comunidade de aves das AAVCs caracteriza-se pelo predomínio de espécies
dependentes de ambientes florestados. São as espécies que merecem maior atenção de
medidas conservacionistas, especialmente aquelas consideradas ameaçadas de
extinção. Em muçunungas e plantios esse padrão não foi observado, sendo que em
alguns casos, espécies independentes de florestas podem predominar, tal como em
talhões recém-cortados e jovens.
As AAVCs desempenham importante função na conservação da biodiversidade da
Mata Atlântica, abrigando aves típicas da Amazônia, como por exemplo, o tangará-falso
(Chiroxiphia pareola), o arapaçu-de-bico-de-cunha (Glyphorhynchus spirurus) e o bico-
chato-de-orelha-cinza (Tolmomyias poliocephalus); algumas espécies endêmicas da
Mata Atlântica, como por exemplo, a saíra-pérola (Tangara cyanomelaena), o tangará-
rajado (Machaeopterus regulus) e maitaca-de-peito-azul (Pionus reichenowi). As AAVCs
apresentam comunidades de aves que se complementam entre si, ou seja, há espécies
exclusivas de uma ou duas AAVCs. O monitoramento tem permitido avaliar a
permanência dessas espécies, bem como seu uso, tanto no fragmento quanto no
plantio de eucalipto ao redor, podendo auxiliar na tomada de ações de baixo impacto à
fauna no que se refere ao manejo do eucalipto.
Mastofauna
A mastofauna de médio e grande porte das Áreas de Alto Valor para a
Conservação (AAVC) Ipê, Imbiriba e Sucupira foram avaliadas no ano de 2011 com
duas campanhas (maio e outubro/novembro). Foram utilizados três diferentes métodos
de amostragem para otimizar a obtenção de dados das espécies deste grupo que
apresenta baixa abundância de indivíduos e consequentemente de registros. Utilizou-se
transeções percorridas a pé com comprimento variável, armadilhas fotográficas e
armadilhas de areia, fazendo uso de iscas nos dois último métodos. Como resultado das
coletas realizadas neste ano as listas de espécies das AAVC Ipê, Imbiriba e Sucupira
alcançaram o total 13 espécies para cada uma (Tabela 5). Nestas áreas foram
registradas três espécies ameaçadas de extinção na lista nacional (BRASIL, 2003), a
saber: sauá (Callicebus melanochir), macaco-prego (Cebus robustus) e jaguatirica
(Leopardus pardalis).
Tabela 5: Lista de espécies registradas nas cinco AAVC monitoradas em propriedades da Veracel/BA, apresentando o nº de registros das espécies acumulado nas diversas campanhas, o total de populações (total pop.), o total de registros e a riqueza de espécies por localidade.
Espécies Nome Popular Taquara Sucupira SM III Ipê Imbiriba Total Total Pop.
Cerdocyon thous Cachorro-do-mato 6 13 7 21 9 56 5
Dasypus novemcinctus Tatu-galinha 1 7
6 3 17 4
Didelphis aurita Gambá-de-orelha-preta 1 2
8 3 14 4
Callicebus melanochir Sauá
6
7 13 2
Callithrix geoffroyi Saguí-da-cara-branca
4
5 3 12 3
Cuniculus paca Paca
2 5 1 4 12 4
Guerlinguetus ingrami Esquilo
2 4 4
10 3
Euphractus sexcinctus Tatu-peba 1 3 3 1 1 9 5
Pecari tajacu Cateto 2
2 2 3 9 4
Mazama gouazoubira Veado-catingueiro
4 3 1 1 9 4
Dasyprocta aguti Cutia 2 1 5
8 3
Eira barbara Irara
1 2 1 2 6 4
Cebus robustus Macaco-prego 1
2
2 5 3
Procyon cancrivorus Mão-pelada
3 1 4 2
Dasypus septemcinctus Tatuí
2
2 1
Leopardus sp. Gato-do-mato 1
1
2 2
Puma yagouaroundi Gato-mourisco
1
1 2 2
Tapirus terrestris Anta
2
2 1
Leopardus pardalis Jaguatirica
1
1 1
Nasua nasua Quati
1
1 1 Philander frenatus/ Metachirus nudicaudatus Cuíca-de-quatro-olhos
1
1 1
Sylvilagus brasiliensis Tapiti
1
1 1
Total Registro 15 47 39 55 40 196
Total Espécies 8 13 13 13 13
Reunindo os resultados obtidos até o momento com o monitoramento das cinco
AAVC totalizam-se 22 espécies de mamíferos de médio e grande porte (sendo quatro
ameaçadas de extinção no Brasil), atingindo 51,16% da comunidade de mamíferos de
médio e grande porte com possível ocorrência para a região de estudo (Figura 5.3/1). A
amostragem do ano de 2011 adicionou à lista geral das AAVCs três espécies, sendo o
quati (Nasua nasua) e o tapiti (Sylvilagus brasiliensis) bastante esperadas, devido a
presença comum destas espécies em fragmentos de Mata Atlântica com área menor
que as AAVC avaliadas.
Já a outra espécie não é frequentemente registrada em levantamentos de
mamíferos de médio e grande porte, sendo identificada somente quando armadilhas
fotográficas são utilizadas para a amostragem destes. Nessa campanha um indivíduo de
cuíca-de-quatro-olhos foi fotografado na AAVC Sucupira, no entanto devido a ausência
da cauda no registro fotográfico (Figura 1), não foi possível a distinção entre as
espécies Philander frenatus e Metachirus nudicaudatus.
Figura 1: Registros fotográficos efetuados na AAVC Sucupira de um espécime da família Didelphidae, com opções de identificação entre duas espécies de cuícas-de-quatro-olhos (Philander frenatus ou Metachirus nudicaudatus).
Figura 5.3/1 – Espécies registradas (em vermelho – ver tabela 6.3/1) nas cinco AAVC, dentre as espécies de mamíferos de médio e grande porte com possível ocorrência na região de amostragem. Para identificação das espécies representadas pelas silhuetas verificar tabela 6.3/1. Criação e desenvolvimento: Rodrigo de A. Nobre e Cleber de S. Francisco. A quarta silhueta (da esquerda para a direita) da ordem Carnivora representa o registro de duas espécies diferentes, o gato-do-mato (Leopardus spp.) e o gato-mourisco (Puma yagouaroundi); A terceira silhueta da ordem Cetartiodactyla representa o registro de Mazama gouazoubira e possivelmente da outra espécie do gênero M. Americana. A segunda silhueta da ordem Cingulata representa o registro de duas espécies também, o tatu-peba (Euphractus sexcintus) e o Tatuí (Dasypus septemcintus).
Mirmecofauna
A mirmecofauna de serrapilheira das AAVCs propriedades da Veracel vêm sendo
monitoradas em ambientes florestais, muçunungas e áreas de plantios de eucalipto. O
monitoramento já acumula quatro anos de coletas (2008 a 2011), sendo que parte das
áreas já foi avaliada mais de uma vez.
No total, foram encontradas 79 espécies nas cinco áreas amostradas nas duas
campanhas de 2011, sendo que as áreas de mata apresentaram maior riqueza (MT1
Imbiriba e MT2 Sucupira, ambas com 40 espécies).
A partir da soma de todos os resultados até o presente momento, foram
amostradas 329 morfoespécies para as áreas estudadas, distribuídas em 22 tribos e 48
gêneros, sendo as subfamílias Myrmicinae, Formicinae e Ponerinae respectivamente as
mais abundantes. A subfamília Myrmicinae por sua vez, foi a mais representada nas
amostragens, por ter o maior número de espécies conhecidas, ocorrendo o inverso com
Pseudomyrmecinae e Cerapachyinae, onde no presente estudo foram observadas
apenas quatro e uma espécie, respectivamente.
Em uma das 12 áreas analisadas, ainda foi encontrado e descrito um gênero
novo e, consequentemente, uma espécie nova, chamada de Diaphoromyrma sofiae
(Figura 2). Os exemplares dessa espécie foram encontrados exclusivamente na MT2/09
e o número de indivíduos foi pequeno. O trabalho de descrição foi realizado pela equipe
coordenada pelo Prof. Dr. Jacques H. C. Delabie, responsável pelo Laboratório de
Mirmecologia da CEPLAC, local onde os exemplares de formigas, do presente trabalho,
se encontram depositados. A descrição desse novo gênero pode ser conferida em
Fernández et al. 2009. Este dado evidencia a importância da manutenção de tais
ambientes, pois no que se refere ao grupo de animal analisado, podem existir ainda
espécies não descritas.
Cabe ressaltar, que as áreas de plantio mais antigos (próximo a sete anos),
podem ser chamadas de “colaboradoras” para a manutenção da mirmecofauna local.
Estas coberturas vegetais, onde a serrapilheira e o sub-bosque estão bem formados,
embora sejam compostas por espécies exóticas e de baixa diversidade, diferindo em
aspectos como condições locais para nidificação e disponibilidade de alimento, têm
características bióticas que favorecem a presença de formigas. Uma correlação que
pode ser feita para confirmar esta observação é quando analisamos a ocorrência do
gênero Strumigenys. As formigas pertencentes a este gênero são predadoras
especializadas e vivem associadas à serrapilheira (Silvestre et al., 2003). O referido
gênero foi observado com maior frequência nas áreas de mata. No entanto, a presença
deste gênero, na área de plantio de eucalipto, permite inferir que uma população
relativamente diversificada de invertebrados pode fazer parte desta comunidade.
Diaphoromyrma Sofiae (Fernandez, Delabie & Nascimento, 2009)
Dolichoderus imitator (Emery, 1894c)
Ectatomma edentatum (Roger, 1863a)
Figura 2: Alguma das espécies registradas nas áreas de Veracel. Destaque para Diaphoromyrma sofiae.
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