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65 Viabilidade de Compra de Soluções Fisiológica e Glicosada nas Apresentações Existentes no Mercado Paulo Vinícius Nascimento Paes Barreto * Hertaline Menezes do Nascimento ** Allan Dantas dos Santos *** Glauco Pacifico dos Santos **** Joseilze Santos de Andrade ***** E sta pesquisa visou estudar a viabilidade de compra de soro fisioló- gico a 0,9% e soro glicosado a 5% nas apresentações existentes no mercado, para serem usados na Clínica Pediátrica do Hospital Uni- versitário da Universidade Federal de Sergipe (HU/UFS), bem como realizar um estudo comparativo do custo final do uso das apresenta- ções dos soros e propor um protocolo de utilização das soluções de acordo com o volume prescrito, objetivando menores custo e desper- dício. Trata-se de um estudo documental, de cunho quantitativo, rea- lizado no referido Hospital, na cidade de Aracaju. A coleta de dados ocorreu durante o mês de julho de 2006, através da exploração dos prontuários dos pacientes internados na Clínica Pediátrica, sendo as informações registradas num roteiro de coleta de dados. Os resultados demonstraram que é viável a compra das apresentações de 125mL e de 250mL, em virtude da redução dos custos hospitalares, mas tam- bém é necessária a embalagem de 500mL, que é a comumente encon- trada no HU/UFS. Através de quadros comparativos dos custos finais pode-se sugerir uma padronização para o uso intravenoso das solu- ções citadas, de acordo com a posologia. Evidenciou-se, ainda, que para prescrições com posologia superior a uma vez ao dia, a utilização do equipo bureta representa uma significativa economia. PALAVRAS-CHAVE: Custos hospitalares; Soro Fisiológico; Soro Glicosado. Re s u m o * Graduado em Enfermagem Bacharelado pela Universidade Federal de Sergipe. Pós-graduando em Saúde Pública e da Família. E-mail: [email protected] ** Graduado em Enfermagem Bacharelado pela Universidade Federal de Sergipe. Pós-graduando em Saúde Pública e da Família. E-mail: [email protected] *** Graduado em Enfermagem Bacharelado pela Universidade Federal de Sergipe. Pós-graduando em Saúde Pública e da Família. E-mail: [email protected] **** Graduado em Enfermagem Bacharelado pela Universidade Federal de Sergipe. Pós-graduando em Saúde Pública e da Família. E-mail: [email protected] ***** Professora Assistente do Departamento de Enfermagem e Nutrição da Universidade Federal de Sergipe. E-mail: [email protected] Revista da Fapese, v.3, n. 1, p. 65-86, jan./jun. 2007

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Viabilidade de Compra de Soluções Fisiológica e Glicosadanas Apresentações Existentes no Mercado

Paulo Vinícius Nascimento Paes Barreto*

Hertaline Menezes do Nascimento**

Allan Dantas dos Santos***

Glauco Pacifico dos Santos****

Joseilze Santos de Andrade*****

Esta pesquisa visou estudar a viabilidade de compra de soro fisioló-

gico a 0,9% e soro glicosado a 5% nas apresentações existentes no

mercado, para serem usados na Clínica Pediátrica do Hospital Uni-

versitário da Universidade Federal de Sergipe (HU/UFS), bem como

realizar um estudo comparativo do custo final do uso das apresenta-

ções dos soros e propor um protocolo de utilização das soluções de

acordo com o volume prescrito, objetivando menores custo e desper-

dício. Trata-se de um estudo documental, de cunho quantitativo, rea-

lizado no referido Hospital, na cidade de Aracaju. A coleta de dados

ocorreu durante o mês de julho de 2006, através da exploração dos

prontuários dos pacientes internados na Clínica Pediátrica, sendo as

informações registradas num roteiro de coleta de dados. Os resultados

demonstraram que é viável a compra das apresentações de 125mL e

de 250mL, em virtude da redução dos custos hospitalares, mas tam-

bém é necessária a embalagem de 500mL, que é a comumente encon-

trada no HU/UFS. Através de quadros comparativos dos custos finais

pode-se sugerir uma padronização para o uso intravenoso das solu-

ções citadas, de acordo com a posologia. Evidenciou-se, ainda, que

para prescrições com posologia superior a uma vez ao dia, a utilização

do equipo bureta representa uma significativa economia.

PALAVRAS-CHAVE: Custos hospitalares; Soro Fisiológico; Soro Glicosado.

Re

su

mo

* Graduado em Enfermagem Bacharelado pela Universidade Federal deSergipe. Pós-graduando em Saúde Pública e da Família. E-mail:[email protected]

** Graduado em Enfermagem Bacharelado pela Universidade Federal deSergipe. Pós-graduando em Saúde Pública e da Família. E-mail:[email protected]

*** Graduado em Enfermagem Bacharelado pela Universidade Federal deSergipe. Pós-graduando em Saúde Pública e da Família. E-mail:[email protected]

**** Graduado em Enfermagem Bacharelado pela Universidade Federal deSergipe. Pós-graduando em Saúde Pública e da Família. E-mail:[email protected]

*****Professora Assistente do Departamento de Enfermagem e Nutrição daUniversidade Federal de Sergipe. E-mail: [email protected]

Revista da Fapese, v.3, n. 1, p. 65-86, jan./jun. 2007

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Revista da Fapese, v.3, n.1, p. 65-86 jan./jun. 2007

Paulo V. N. P. Barreto; Hertaline M. do Nascimento; Allan D. dos Santos; Glauco P. dos Santos; Joseilze S. de Andrade

1. introdução

Diante de um cenário globalizado, a liderança em

redução de custos passou a ser uma vantagem compe-

titiva das empresas, devendo fazer parte de sua estra-

tégia. A busca pelo menor custo, sem afetar a funcio-

nalidade e a qualidade dos produtos/serviços, precisa

ser uma meta sempre presente nas empresas que ten-tam alcançar o sucesso empresarial.

Também no ambiente hospitalar o objetivo é a redu-

ção dos gastos. Sabe-se que os recursos materiais repre-

sentam cerca de 30% a 45% do capital das organizações

hospitalares, por isso a forma de administrá-los reflete-se nos custos e na produtividade (Kurcgant, 1991).

Com base na apuração e no controle dos custos

hospitalares, a administração de recursos materiais

permite a implantação de medidas corretivas que vi-

sam melhorar o desempenho da unidade, à medidaque se faz a racionalização do uso desses recursos, o

que eleva a produção e diminui o desperdício.

Nesse ambiente hospitalar, a enfermagem vem se

tornando uma grande usuária dos materiais, pelo nú-

mero crescente de procedimentos. O enfermeiro, comosupervisor da equipe, é o profissional responsável pelas

atividades de gerenciamento de materiais na unidade

de trabalho, seja nas instituições privadas que pelas

regras do mercado necessitam ter preço competitivo,

ou nas públicas que, devido ao orçamento restrito,

precisam de maior controle do consumo e dos custospara não privar funcionários e clientes do material

necessário (Kurcgant, 2005).

O interesse pelo estudo sobre custos relacionados

ao uso de solução fisiológica de cloreto de sódio a 0,9%

(Soro Fisiológico) e solução glicosada a 5% (SoroGlicosado) evidenciou-se no oitavo período curricular

do curso de Enfermagem Bacharelado durante a disci-

plina Administração em Enfermagem Hospitalar, pelo

despertar da importância de se conhecer os custos

ocasionados ao desprezar significativa quantidade de

mililitros (mL) das soluções durante a realização dopreparo das medicações intravenosas.

Uma vez que a apresentação de 500 mL é a forma

mais utilizada no Hospital Universitário da Universi-dade Federal de Sergipe (HU/UFS), para atenderem

prescrições médicas em que há necessidade de utili-

zar frações dessa quantidade, como por exemplo 200mL

de SG a 5% intravenoso (IV) para 24h, os profissio-

nais não encontram outra solução senão desprezar o

volume excedente, que pode contribuir para o desper-dício de água, sais, glicose e outras matérias-primas.

Diante do exposto, pretendeu-se investigar a viabili-

dade de compra de soluções fisiológica e glicosada nas

apresentações existentes no mercado. Para essa investi-

gação, procurou-se responder aos seguintes questiona-mentos: qual o custo final do uso das diversas apresen-

tações de soro fisiológico e soro glicosado? É possível

elaborar um protocolo de uso de soro fisiológico e soro

glicosado de acordo com a prescrição médica?

Tendo conhecimento da escassez de pesquisas naárea de gerenciamento de materiais em saúde, este tra-

balho pretende conscientizar os estudantes e profissi-

onais da enfermagem sobre a importância da adminis-

tração, como ferramenta indispensável na prestação

de uma assistência de qualidade. Pretende-se, ainda,

servir de subsídio para os gerentes do referido hospi-tal no sentido de proporcionar a compra das soluções

fisiológica e glicosada nas diversas apresentações.

2. Materiais e métodos

Para esta pesquisa foi utilizado o método quantita-

tivo, que se caracteriza pelo emprego da quantificação

tanto nas modalidades de coleta de informações, quan-

to no tratamento delas por meio de técnicas estatísti-

cas (Richardson, 1999). Garante, assim, a precisão dos

resultados, à medida que evita a distorção da análise einterpretação dos dados. A pesquisa realizada tratou-

se de um estudo documental, pelo fato de as informa-

ções terem sido coletadas em prontuários.

O estudo foi desenvolvido na Clínica Pediátrica do

Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe(HU/UFS), que apresenta 20 leitos de internamento.

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A escolha da Clínica Pediátrica residiu no fato de

esta apresentar significativa parcela de prescriçõesmédicas em que há necessidade de diluir os medica-

mentos em porções fracionadas das soluções.

A coleta de dados foi realizada no mês de julho de

2006, através da exploração dos prontuários dos paci-

entes internados na Clínica Pediátrica do HU/UFSdurante os meses de maio, junho e julho de 2006, por

meio de um roteiro de coleta de dados, que permite

anotar a prescrição médica: data, nome da droga, o

volume requerido de soro fisiológico e de soro

glicosado, bem como o uso diário.

Precedendo à análise propriamente dita, foi feita

uma organização dos dados coletados.

A análise de dados abrangeu o estudo comparativo do

custo do uso das soluções fisiológica e glicosada. Através

da aplicação dos cálculos de porcentagem via regra de trêssimples, pôde-se chegar ao percentual de economia ao se

utilizar a apresentação de menor custo final. Assim, suge-

riu-se um protocolo de uso de tais soluções para o preparo

de medicamentos intravenosos. A apresentação dos da-

dos foi feita através de quadros demonstrativos, para me-

lhor visualização e entendimento das informações.

3. Análise e discussão dos dados

Para a obtenção dos resultados a seguir, foram

analisadas as folhas de prescrição médica dos pron-

tuários de 68 pacientes internados na Clínica

Pediátrica do Hospital Universitário da Universida-de Federal de Sergipe (HU/UFS), durante o período

de coleta de dados. Foram anotadas as prescrições

médicas diárias de soluções intravenosas que reque-

riam como diluentes as soluções fisiológica ou

glicosada.

As medicações encontravam-se prescritas de acor-

do com as posologias de uma, duas, três e quatro ve-

zes ao dia, sendo necessário, na maioria das vezes,

utilizar frações do volume padrão em mililitro (mL)

encontrado nas embalagens dessas soluções. Assim,

pôde-se realizar um estudo comparativo do custo douso das soluções em questão com os equipos tipo

macrogotas e tipo bureta, propondo uma maneira de

utilizar tais recursos de forma que resultem em menor

custo para a instituição hospitalar e para o meio ambi-

ente.

3.1 ESTUDO COMPARATIVO DO CUSTO DO USO DE SF E SG

Para o estudo foram obtidos os preços dos produ-

tos através de pesquisa no Guia Farmacêutico

Brasíndice nº 617 - 20 de julho de 2006 e no setor deAlmoxarifado do HU/UFS.

Consultando três fornecedores obteve-se o custo

médio unitário de cada produto, assim como o custo

por mililitro para cada apresentação dos soros, de-

monstrado no quadro 1.

Quadro 1 - Distribuição do custo médio unitário de SF, SG e equipos. HU/UFS, Aracaju, 2006.

Produto Custo médio unitário (R$) Custo por mL (R$)

SF 0,9% 125mL 1,10 0,0088

SF 0,9% 250mL 1,28 0,0051

SF 0,9% 500mL 1,67 0,0033

SG 5% 125mL 1,05 0,0084

SG 5% 250mL 1,33 0,0053

SG 5% 500mL 1,86 0,0037

Equipo macrogotas 0,61 -

Equipo bureta 2,00 -

Fonte: Brasíndice 2006 e Almoxarifado do HU/UFS.

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Paulo V. N. P. Barreto; Hertaline M. do Nascimento; Allan D. dos Santos; Glauco P. dos Santos; Joseilze S. de Andrade

No quadro 1, pode-se observar que o preço por

mililitro das apresentações de 500mL é menor em re-lação ao das outras apresentações. Entretanto, usá-la

nem sempre é a melhor opção, conforme será exposto.

3.1.1 MEDICAÇÕES PRESCRITAS PARA USO UMA VEZ AO DIA

Para esta posologia somente será utilizado o equi-

po macrogotas, em virtude de a maioria das prescri-

ções ser de soro conjugado, ou seja, combinação entre

os soros fisiológico e glicosado, cuja quantidade exce-

de o valor em mililitros (mL) que o equipo bureta com-

porta (100mL), graduação mais encontrada no HU/UFS.

Por orientação da Comissão de Controle de Infec-

ção Hospitalar (CCIH) o equipo macrogotas é trocado

a cada 24 horas e o equipo bureta tem validade por 72

horas.

Como exemplo pode-se citar: SG 5% (400mL) +

SF 0,9% (100mL) + Bicarbonato de sódio intravenoso

(IV), uma vez ao dia.

Nesta prescrição utiliza-se de uma embalagem de

cada solução por dia. Multiplicando-se a quantidade

de cada produto pelo seu custo médio unitário, che-

gou-se ao valor do custo parcial, referente ao custo douso nas 24h, conforme mostra o quadro 2. Também se

pode observar o volume desprezado por cada apre-

sentação.

No quadro 3 visualizam-se os custos finais do uso

conjugado de SF e SG, em valores diários, obtidosatravés da soma dos custos parciais dos produtos ne-

cessários para atender a prescrição médica. O volume

desprezado final em cada associação dos produtos tam-

bém se encontra no quadro 3.

De acordo com o quadro 3, pode-se observar que acombinação de menor custo é aquela que faz uso do

SF na apresentação de 125mL (R$ 3,57).

Quando se usa a apresentação de 500mL de SF,

forma comumente encontrada no HU/UFS, obtém-se

o custo mais alto (R$ 4,14).

É possível calcular o valor percentual dos custos

finais, aplicando-se o cálculo de porcentagem via re-

gra de três simples, em que o valor maior é igual a

100% e o menor valor é igual a x%, ou seja, o valor

que se quer calcular. Assim, tem-se:

Quadro 2 - Distribuição do custo parcial de SG e SF e volume desprezado, com prescrição de uso uma vez ao dia, comequipo macrogotas. HU/UFS, Aracaju, 2006.

Produto Quantidade Custo médio unitário (R$) Custo parcial (R$) Volume desprezado (mL)

SG 500mL 01 1,86 1,86 100SF 125mL 01 1,10 1,10 25SF 250mL 01 1,28 1,28 150SF 500mL 01 1,67 1,67 400Equipo macrogotas 01 0,61 0,61 -

Fonte: Coleta de dados, 2006.

Quadro 3 - Distribuição do custo final de SG e SF e volume desprezado final, com prescrição de uso uma vez ao dia, comequipo macrogotas. HU/UFS, Aracaju, 2006.

Produtos Custo final (R$) Volume desprezado final (mL)

SG 500mL + SF 125mL + eq. macrogotas 3,57 125SG 500mL + SF 250mL + eq. macrogotas 3,75 250SG 500mL + SF 500mL + eq. macrogotas 4,14 500

Fonte: Coleta de dados, 2006.

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Revista da Fapese, v.3, n.1, p. 65-86 jan./jun. 2007

Utilizar a apresentação de 125mL de SF representaaproximadamente 86% do custo final relacionado ao

uso da apresentação de 500mL de SF, conforme o cál-

culo:

(SG 500mL + SF 500mL) R$ 4,14 -- 100%(SG 500mL + SF 125mL) R$ 3,57 -- x% 4,14 x = 357 x = 86%

Economiza-se 14% (100% - 86%) ou R$ 0,57, para

atender a prescrição de um paciente em um dia, o que

evidencia a viabilidade de se ter a apresentação de125mL na instituição, neste exemplo.

Com relação ao volume desprezado, observa-se que

a combinação composta pela apresentação de 500mL

de SF é a que proporciona maior volume descartado

(500mL), enquanto que com a apresentação de 125mLde SF há o menor volume desprezado (125mL).

No exemplo proposto, mostrou-se a vantagem para

o hospital em utilizar a apresentação de 125mL de SF,

pois esta resulta em menor custo final e menos des-

perdício de matérias-primas (água, sais, plástico), bemcomo contribui para a preservação do meio ambiente.

3.1.2 MEDICAÇÕES PRESCRITAS PARA USO DUAS VEZES AODIA

Para a posologia de 12/12h, pode-se utilizar tanto o

equipo macrogotas como o tipo bureta, pois foram

encontradas prescrições que requeriam valores

diluentes menores ou iguais a 100mL, volume máxi-

mo da bureta encontrada no HU/UFS.

Para esta análise, segue o exemplo: Profenid IV em

100mL de SF ou SG, 12/12 horas, enfatizando o uso

da solução com os equipos macrogotas e bureta.

No primeiro caso (equipo macrogotas), usam-seduas embalagens das soluções fisiológica ou glicosada

e um equipo macrogotas, no mínimo, atendendo a

prescrição de doze em doze horas.

Foram comparados os custos entre as apresenta-

ções dos dois soros. Multiplicou-se a quantidade ne-cessária de cada produto pelo custo médio unitário,

chegando-se ao valor do custo parcial, conforme qua-

dro 4. Também pode ser observado o volume despre-

zado por cada apresentação.

O somatório dos custos parciais dos produtos usa-dos para atender a prescrição médica resulta nos se-

guintes custos finais, demonstrados no quadro 5, in-

cluindo o volume desprezado final.

Maior custo final -- 100%

Menor custo final -- x%

Quadro 4 - Distribuição do custo parcial de SF e SG e volume desprezado, com prescrição de 12/12horas, com equipomacrogotas. HU/UFS, Aracaju, 2006.

Produto Quantidade Custo médio unitário (R$) Custo parcial (R$) Volume desprezado (mL)

SF 125mL 02 1,10 2,20 25SF 250mL 02 1,28 2,56 150SF 500mL 02 1,67 3,34 400SG 125mL 02 1,05 2,10 25SG 250mL 02 1,33 2,66 150SG 500mL 02 1,86 3,72 400Equipo macrogotas 01 0,61 0,61 -

Fonte: Coleta de dados, 2006.

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Paulo V. N. P. Barreto; Hertaline M. do Nascimento; Allan D. dos Santos; Glauco P. dos Santos; Joseilze S. de Andrade

Conforme visualizado no quadro 5, tanto para a

solução fisiológica quanto para a glicosada, o uso das

apresentações de 125mL resulta em menor custo final

para o hospital, R$ 2,81 e R$ 2,71, respectivamente.

Ao utilizar as apresentações de 500mL de SF e SGobtêm-se os maiores custos finais, R$ 3,95 e R$ 4,33,

respectivamente.

O valor percentual do custo final para o uso da

apresentação de 125mL é de aproximadamente 71%

para SF e de 63% para SG, com relação ao custo finaldo uso da apresentação de 500mL das soluções, de

acordo com os cálculos a seguir:

(02SF de 500mL) R$ 3,95 -- 100%(02SF de 125mL) R$ 2,81 -- x%

3,95 x = 281 x = 71%

(02SG de 500mL) R$ 4,33 -- 100%(02SG de 125mL) R$ 2,71 -- x%

4,33 x = 271 x = 63%

Usando SF a economia é de 29% (100% - 71%) ouR$ 1,14 e para SG a economia é de 37% (100% - 63%)

ou R$ 1,62, atendendo a prescrição de um paciente

em um dia, comprovando a necessidade de possuir a

apresentação de 125mL na instituição.

Quanto ao volume desprezado, pode-se observarque o menor valor provém do uso das apresentações

de 125mL e corresponde a 50mL, enquanto que para

as apresentações de 500mL o desperdício é de 800mL,

ou seja, valor 16 vezes maior.

Por conseguinte, ao se utilizar as apresentações de

125mL com equipo macrogotas, em prescrição de uso

duas vezes ao dia, paga-se menos e o desperdício é

menor.

No segundo caso (equipo bureta), deve-se multi-

plicar o número dois, que corresponde ao número de

administrações do medicamento em um dia, pelo nú-

mero três, correspondente ao máximo de dias de vali-

dade do equipo, resultando no valor seis, ao qual se

deve multiplicar a quantidade de mililitros (mL) pres-critos, para se obter o volume requerido em três dias.

No exemplo, o volume diluente é de 100mL, para

atender um horário da administração em um dia. Para

três dias deve-se multiplicar 100mL por seis, resul-tando um volume total de 600mL.

Para atender tal valor, há quatro alternativas: po-

dem-se utilizar cinco embalagens de SF ou SG de

125mL (total= 625mL) ou três embalagens de SF ou

SG de 250mL (total= 750mL) ou duas embalagens deSF ou SG de 500mL (total= 1000mL) ou ainda uma

embalagem de 500mL com uma embalagem de 125mL

de SF ou SG (total= 625mL).

O produto entre a quantidade utilizada pelo custo

médio unitário, custo parcial, está disponível no qua-dro 6. Também se verifica o volume desprezado, isto

é, o resultado da diferença entre o volume produzido

pelas apresentações e o volume solicitado, que

corresponde a 600mL, pelo exemplo.

Quadro 5 - Distribuição do custo final de SF e SG e volume desprezado final, com prescrição de 12/12 horas, com equipomacrogotas. HU/UFS, Aracaju, 2006.

Produtos Custo final (R$) Volume desprezado final (mL)

02 SF 125mL + eq. macrogotas 2,81 5002 SF 250mL + eq. macrogotas 3,17 30002 SF 500mL + eq. macrogotas 3,95 80002 SG 125mL + eq. macrogotas 2,71 5002 SG 250mL + eq. macrogotas 3,27 30002 SG 500mL + eq. macrogotas 4,33 800

Fonte: Coleta de dados, 2006.

71Viabilidade de Compra de Soluções Fisiológica e Glicosada nas Apresentações Existentes no Mercado

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Quando se somam os custos parciais das soluções

fisiológica ou glicosada com o custo da bureta obtêm-

se os seguintes custos finais, quadro 7.

Como demonstrado no quadro 7, a associação en-tre as apresentações de 500mL e de 125mL representa

o menor custo final, tanto para a solução fisiológica

como para a glicosada, R$ 4,77 e R$ 4,91, respectiva-

mente. O custo final da associação de duas unidades

de 500mL é de R$ 5,34 para SF e R$ 5,72 para SG,forma mais comum no HU/UFS.

O valor percentual do custo final para o uso da

associação de uma unidade da apresentação de 500mL

com uma unidade da apresentação de 125mL é de

aproximadamente 89% para SF e de 86% para SG, aose comparar com a apresentação de 500mL, como

mostram os cálculos:

(02 SF 500mL) R$ 5,34 -- 100%(01 SF 500mL + 01 SF 125mL) R$ 4,77 -- x% 5,34 x = 477 x = 89%

(02 SG 500mL) R$ 5,72 -- 100%(01 SG 500mL + 01 SG 125mL) R$ 4,91 -- x% 5,72 x = 491 x = 86%

A economia é de 11% (100% - 89%) ou R$ 0,57

para SF. Para SG a economia é de 14% (100% - 86%)

ou R$ 0,81, atendendo a prescrição de um paciente

em um dia, mais uma vez comprovando a necessida-

de de possuir a apresentação de 125mL no hospital.

Com relação ao volume desprezado, pode-se ob-

servar que o menor valor provém do uso da associa-

ção entre a apresentação de 500mL com a de 125mL,

que corresponde a 25mL, enquanto que ao utilizar as

Quadro 6 - Distribuição do custo parcial de SF e SG e volume desprezado, com prescrição de 12/12 horas, em equipobureta, com volume prescrito de 100mL. HU/UFS, Aracaju, 2006.

Produto Quantidade Custo médio unitário (R$) Custo parcial (R$) Volume desprezado (mL)

SF 125mL 05 1, 10 5, 50 25SF 250mL 03 1, 28 3, 84 150SF 500mL 02 1, 67 3, 34 400SF 500mL + SF 125mL 01 + 01 1, 67 + 1, 10 2, 77 25SG 125mL 05 1, 05 5, 25 25SG 250mL 03 1, 33 3, 99 150SG 500mL 02 1, 86 3, 72 400SG 500mL + SG 125mL 01 + 01 1, 86 + 1, 05 2, 91 25Equipo bureta 01 2, 00 2, 00 -

Fonte: Coleta de dados, 2006.

Quadro 7 - Distribuição do custo final de SF e SG com prescrição de 12/12 horas, em equipo bureta, com volume prescritode 100mL. HU/UFS, Aracaju, 2006.

Produtos Custo final (R$)

05 SF 125mL + eq. bureta 7, 5003 SF 250mL + eq. bureta 5, 8402 SF 500mL + eq. bureta 5, 3401 SF 500mL + 01 SF 125mL + eq. bureta 4, 7705 SG 125mL + eq. bureta 7, 2503 SG 250mL + eq. bureta 5, 9902 SG 500mL + eq. bureta 5, 7201 SG 500mL + 01 SG 125mL + eq. bureta 4, 91

Fonte: Coleta de dados, 2006.

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Paulo V. N. P. Barreto; Hertaline M. do Nascimento; Allan D. dos Santos; Glauco P. dos Santos; Joseilze S. de Andrade

duas unidades de 500mL despreza-se 400mL, valor

16 vezes maior.

Conhecendo os valores dos custos finais do uso

de SF e SG em equipos macrogotas (quadro 5) e bureta

(quadro 7), pode-se calcular qual combinação repre-

senta o menor custo para a instituição hospitalar.

De acordo com o exemplo, o menor custo final com

equipo macrogotas foi de R$ 2,81 (SF) e de R$ 2,71

(SG), em valores diários, correspondente ao uso de

duas unidades da apresentação de 125mL.

Para comparar com o equipo bureta, deve-se multi-plicar os valores por três, pelo fato de a bureta ter vali-

dade para três dias, obtendo-se R$ 8,43 (SF) e R$ 8,13

(SG). Com o equipo bureta, o menor custo final foi de

R$ 4,77 (SF) e de R$ 4,91 (SG), resultante do uso de

uma apresentação de 500mL com uma de 125mL.

Assim, o percentual do custo final para o equipo

bureta é de aproximadamente 57% com SF e de 60%

com SG, comparando-se com o uso do equipo

macrogotas, de acordo com os cálculos:

(SF + macrogotas) R$ 8,43 -- 100%(SF + bureta) R$ 4,77 -- x% 8,43 x = 477 x = 57%

(SG + macrogotas) R$ 8,13 -- 100%(SG + bureta) R$ 4,91 -- x% 8,13 x = 491 x = 60%

Para SF, economiza-se 43% (100% - 57%) ou R$

3,66 e para SG a economia é de 40% (100% - 60%) ou

R$ 3,22, atendendo a prescrição de um paciente paratrês dias.

Portanto, é mais viável para o hospital utilizar

as soluções fisiológica ou glicosada no equipo

bureta, para administração de medicamentos em

posologia de mais de uma vez ao dia. No exemplo,mostra-se a viabilidade de compra da apresentação

de 125mL.

Pode-se proceder da mesma maneira para diferen-

tes drogas e volumes prescritos. Calcula-se o volume

total, para três dias, pelo produto entre o valor seis e ovolume diluente prescrito.

No quadro 8, pode ser verificada qual a apre-

sentação ou combinação de apresentações de me-

nor custo para a instituição hospitalar, usando os

volumes freqüentemente prescritos, com base naobservação do roteiro de coleta de dados. O custo é

final porque já está acrescido do valor da bureta

(R$ 2,00).

Quadro 8 - Distribuição do custo final de SF e SG com prescrição de 12/12 horas, em equipo bureta, de acordo com ovolume prescrito. HU/UFS, Aracaju, 2006.

Volume VolumeQuantidade por apresentação

SF Custo SG Custo Volumeprescrito total final final desprezado

(mL) (mL) 1 2 5 2 5 0 5 0 0 (R$) (R$) (mL)

20 120 1 - - 3, 10 3, 05 5

- 1 - 3, 28 3, 33 130

- - 1 3, 67 3, 86 380

25 150 - 1 - 3, 28 3, 33 100

- - 1 3, 67 3, 86 350

30 180 - 1 - 3, 28 3, 33 70

- - 1 3, 67 3, 86 320

50 300 1 1 - 4, 38 4, 38 75

- - 1 3, 67 3, 86 200

Fonte: Coleta de dados, 2006.

73Viabilidade de Compra de Soluções Fisiológica e Glicosada nas Apresentações Existentes no Mercado

Revista da Fapese, v.3, n.1, p. 65-86 jan./jun. 2007

Para 20mL de volume prescrito, o volume total em

três dias é de 120mL. O menor custo final para aten-der tal volume resulta do uso de uma unidade da apre-

sentação de 125mL, R$ 3,10 (SF) e R$ 3,05 (SG). Esta

apresentação também promove o menor volume des-

prezado, 5mL.

Para volume prescrito de 25mL e de 30mL, o volu-me total é de 150mL e de 180mL, respectivamente.

Assim, o custo final menor resulta do uso de uma

apresentação de 250mL, R$ 3,28 (SF) e R$ 3,33 (SG).

Tal apresentação despreza o menor volume.

Para prescrição de 50mL, é mais barato usar a apre-sentação de 500mL, R$ 3,67 (SF) e R$ 3,86, embora

despreze mais (200mL), em comparação com os 75mL

desprezados pela associação entre as apresentações de

125mL e de 250mL.

Percebe-se que para cada prescrição de volume diluentehá a necessidade de se utilizar determinada apresenta-

ção, tendo em vista a redução das despesas hospitalares.

3.1.3 MEDICAÇÕES PRESCRITAS PARA USO TRÊS VEZES AO DIA

Constatada a soberania do equipo bureta em rela-ção ao macrogotas, este não será abordado nos cálcu-

los. Para esta análise, tem-se o exemplo: Profenid IV

em 100mL de SF ou SG, 8/8 horas.

Usando o equipo bureta deve-se multiplicar o

número três, que corresponde ao número de admi-

nistrações do medicamento em um dia, pelo nú-

mero três, correspondente ao máximo de dias de

validade do equipo, resultando no valor nove, aoqual se deve multiplicar a quantidade de mililitros

(mL) prescritos, para se obter o volume requerido

em três dias.

No exemplo, o volume diluente é de 100mL, para

atender um horário da administração em um dia. Paratrês dias deve-se multiplicar 100mL por nove, resul-

tando um volume total de 900mL.

Para atender tal valor, existem três opções: podem-

se utilizar oito embalagens de SF ou SG de 125mL

(total= 1000mL) ou quatro embalagens de SF ou SGde 250mL (total= 1000mL) ou duas embalagens de SF

ou SG de 500mL (total= 1000mL). O custo parcial de

cada produto está disponível no quadro 9, assim como

o volume desprezado.

Os custos finais, somatório dos custos parciais,estão no quadro 10.

Quadro 9 - Distribuição do custo parcial de SF e SG e volume desprezado, com prescrição de 8/8 horas, em equipo bureta,com volume prescrito de 100mL. HU/UFS, Aracaju, 2006.

Produto Quantidade Custo médio unitário (R$) Custo parcial (R$) Volume desprezado (mL)

SF 125mL 08 1, 10 8, 80 100SF 250mL 04 1, 28 5, 12 100SF 500mL 02 1, 67 3, 34 100SG 125mL 08 1, 05 8, 40 100SG 250mL 04 1, 33 5, 32 100SG 500mL 02 1, 86 3, 72 100Equipo bureta 01 2, 00 2, 00 -

Fonte: Coleta de dados, 2006

7474

Revista da Fapese, v.3, n.1, p. 65-86 jan./jun. 2007

Paulo V. N. P. Barreto; Hertaline M. do Nascimento; Allan D. dos Santos; Glauco P. dos Santos; Joseilze S. de Andrade

Conforme verificado no quadro 10, o menor custo

final resultou do uso de duas unidades da apresenta-

ção de 500mL e representa R$ 5,34 (SF) e R$ 5,72

(SG). Neste caso, a melhor opção coincide com a apre-

sentação mais encontrada no HU/UFS.

Este cálculo também pode ser feito para diferentes

drogas e volumes prescritos. Calcula-se o volume to-

tal, para três dias, pelo produto entre o valor nove e o

volume diluente prescrito, quadro 11.

Para volume prescrito de 20mL e de 25mL, o volumetotal é de 180mL e de 225mL, respectivamente, para três

dias. A utilização de uma unidade da apresentação de 250mL

resulta no menor custo final, R$ 3,28 (SF) e R$ 3,33 (SG).

Também se observa o menor volume desprezado.

Para volume prescrito de 30mL, o volume total éde 270mL. A apresentação de 500mL representa o

menor custo final, R$ 3,67 (SF) e R$ 3,86. Entretanto,

desperdiça mais se comparado com a associação entre

as apresentações de 125mL e de 250mL.

Para prescrição de 50mL, utiliza-se a apresentação

de 500mL, R$ 3,67 (SF) e R$ 3,86 (SG), para atender a

prescrição com volume total de 450mL.

3.1.4 MEDICAÇÕES PRESCRITAS PARA USO QUATRO VEZES AO DIA

Com equipo bureta, deve-se multiplicar o número

quatro, que corresponde ao número de administra-

ções do medicamento em um dia, pelo número três,

correspondente ao máximo de dias de validade do

equipo, resultando no valor doze, ao qual se devemultiplicar o volume prescrito, para se obter o volu-

me em três dias.

Nesta análise, segue o exemplo: Profenid IV em

100mL de SF ou SG, 6/6 horas.

O volume diluente é de 100mL, para atender uma

administração por dia. Para três dias deve-se multipli-

car 100mL por doze, resultando um volume total de

1200mL.

Quadro 11 - Distribuição do custo final de SF e SG com prescrição de 8/8 horas, em equipo bureta, de acordo com o volumeprescrito. HU/UFS, Aracaju, 2006.

Volume VolumeQuantidade por apresentação

SF Custo SG Custo Volumeprescrito total final final desprezado

(mL) (mL) 1 2 5 2 5 0 5 0 0 (R$) (R$) (mL)

20 180 - 1 - 3, 28 3, 33 70- - 1 3, 67 3, 86 320

25 225 - 1 - 3, 28 3, 33 25- - 1 3, 67 3, 86 275

30 270 1 1 - 4, 38 4, 38 105- - 1 3, 67 3, 86 230

50 450 - - 1 3, 67 3, 86 50

Fonte: Coleta de dados, 2006.

Quadro 10 - Distribuição do custo final de SF e SG com prescrição de 8/8 horas, em equipo bureta, com volume prescritode 100mL. HU/UFS, Aracaju, 2006.

Produtos Custo final (R$)

08 SF 125mL + eq. bureta 10, 8004 SF 250mL + eq.bureta 7, 1202 SF 500mL + eq. bureta 5, 3408 SG 125mL + eq. bureta 10, 4004 SG 250mL + eq. bureta 7, 3202 SG 500mL + eq. bureta 5, 72

Fonte: Coleta de dados, 2006.

75Viabilidade de Compra de Soluções Fisiológica e Glicosada nas Apresentações Existentes no Mercado

Revista da Fapese, v.3, n.1, p. 65-86 jan./jun. 2007

Para atender tal valor, há quatro maneiras: podem-

se utilizar dez embalagens de SF ou SG de 125mL(total= 1250mL) ou cinco embalagens de SF ou SG de

250mL (total= 1250mL) ou três embalagens de SF ou

SG de 500mL (total= 1500mL) ou ainda duas embala-

gens de SF ou SG de 500mL com uma embalagem de

SF ou SG de 250mL (total= 1250mL).

O custo parcial está disponível no quadro 12, as-

sim como o volume desprezado.

Somando-se os custos parciais das soluções fisioló-

gica ou glicosada com o custo da bureta obtêm-se os

seguintes custos finais, visualizados no quadro 13.

Com base no quadro 13, pode-se observar que o

menor custo final encontrado corresponde ao uso da

associação de duas unidades da apresentação de 500mL

com uma unidade da apresentação de 250mL, R$ 6,62

(SF) e R$ 7,05 (SG). Comparando-se com associação

de três unidades da apresentação de 500mL, utilizadano HU/UFS, tem-se um custo final de R$ 7,01 (SF) e

de R$ 7,58 (SG).

O valor percentual do custo final para o uso da

associação de duas unidades da apresentação de 500mL

com uma unidade da apresentação de 250mL é deaproximadamente 94% para SF e de 93% para SG,

quando se compara com a apresentação de 500mL,

como mostram os cálculos:

(03 SF 500mL) R$ 7,01 -- 100%(02 SF 500mL + 01 SF 250mL) R$ 6,62 -- x% 7,01 x = 662 x = 94%

(03 SG 500mL) R$ 7,58 -- 100%(02 SG 500mL + 01 SG 250mL) R$ 7,05 -- x% 7,58 x = 705 x = 93%

Quadro 12 - Distribuição do custo parcial de SF e SG e volume restante, com prescrição de 6/6 horas, em equipo bureta,com volume prescrito de 100mL. HU/UFS, Aracaju, 2006.

Produto Quantidade Custo médio unitário (R$) Custo parcial (R$) Volume desprezado (mL)

SF 125mL 10 1, 10 11, 00 50SF 250mL 05 1, 28 6, 40 50SF 500mL 03 1, 67 5, 01 300SF 500mL + SF 250mL 02 + 01 3, 34 + 1, 28 4, 62 50SG 125mL 10 1, 05 10, 50 50SG 250mL 05 1, 33 6, 65 50SG 500mL 03 1, 86 5, 58 300SG 500mL + SG 250mL 02 + 01 3, 72 + 1, 33 5, 05 50Equipo bureta 01 2, 00 2, 00 -

Fonte: Coleta de dados, 2006.

Quadro 13 - Distribuição do custo final de SF e SG com prescrição de 6/6 horas, em equipo bureta, com volume prescritode 100mL. HU/UFS, Aracaju, 2006.

Produtos Custo final (R$)

10 SF 125mL + eq. bureta 13, 0005 SF 250mL + eq. bureta 8, 4003 SF 500mL + eq. bureta 7, 0102 SF 500mL + 01 SF 250mL + eq. bureta 6, 6210 SG 125mL + eq. bureta 12, 5005 SG 250mL + eq. bureta 8, 6503SG 500mL + eq. bureta 7, 5802 SG 500mL + 01 SG 250mL + eq. bureta 7, 05

Fonte: Coleta de dados, 2006.

7676

Revista da Fapese, v.3, n.1, p. 65-86 jan./jun. 2007

Paulo V. N. P. Barreto; Hertaline M. do Nascimento; Allan D. dos Santos; Glauco P. dos Santos; Joseilze S. de Andrade

Usando SF a economia é de 6% (100% - 94%) ou R$

0,39 e para SG a economia é de 7% (100% - 93%) ou R$0,53, atendendo a prescrição de um paciente em um dia.

Assim, está comprovada a necessidade da apresen-

tação de 250mL, que resulta em economia e em redu-

ção do desperdício de matérias-primas.

Sobre o volume desprezado, a associação de me-

nor custo final também gera menos desperdício, 50mL,

quando comparado com a associação das três unida-

des de 500mL, que produz 300mL de volume descarta-

do, ou seja, seis vezes mais matérias-primas

desperdiçadas. Assim, é viável comprar a apresentaçãode 250mL, economizando os recursos hospitalares.

Este cálculo pode ser feito para outras drogas e

outros volumes. Calcula-se o volume total, para três

dias, pelo produto entre o valor doze e o volume

diluente prescrito, quadro 14.

Para volume prescrito de 20mL, o volume total para

três dias é de 240mL. Deve-se usar a apresentação de

250mL, que visa ao menor custo final.

Para volume prescrito de 25mL e de 30mL, o volu-

me total é de 300mL e de 360mL, respectivamente. Omenor custo final resulta do uso da apresentação de

500mL, R$ 3,67 (SF) e R$ 3,86 (SG), que em

contrapartida descarta mais material, se comparado

com a associação entre as apresentações de 125mL e

de 250mL.

Para prescrição de 50mL, deve-se usar a associação

de uma apresentação de 500mL com uma apresenta-

ção de 125mL, nesta ordem, pois atende ao volume

total de 600mL, representando o menor custo final.

3.2 PROTOCOLO DE USO DE SORO FISIOLÓGICO E SOROGLICOSADO

Para medicações prescritas uma vez ao dia, dilu-

ídas em SF ou SG, está indicado o uso das apresen-

tações que atingem o valor superior mais próximodo requisitado na prescrição, com equipo

macrogotas, reduzindo o custo hospitalar e o des-

perdício de matérias-primas, conforme visualizado

no quadro 15.

Quadro 14 - Custo final de SF e SG com prescrição de 6/6 horas, em equipo bureta, de acordo com o volume prescrito. HU/UFS, 2006.

Volume VolumeQuantidade por apresentação

SF Custo SG Custo Volumeprescrito total final final desprezado

(mL) (mL) 1 2 5 2 5 0 5 0 0 (R$) (R$) (mL)

20 240 - 1 - 3, 28 3, 33 7025 300 1 1 - 4, 38 4, 38 75

- - 1 3, 67 3, 86 20030 360 1 1 - 4, 38 4, 38 15

- - 1 3, 67 3, 86 14050 600 1 - 1 4, 77 4, 91 25

Fonte: Coleta de dados, 2006.

Quadro 15 - Padronização para uso de SF e SG uma vez ao dia, com equipo macrogotas. HU/UFS, Aracaju, 2006.

Volume prescrito (mL) Apresentação mais viável

Volume = 125 125mL

125 < volume = 250 250mL

250 < volume = 500 500mL

Fonte: Coleta de dados, 2006.

77Viabilidade de Compra de Soluções Fisiológica e Glicosada nas Apresentações Existentes no Mercado

Revista da Fapese, v.3, n.1, p. 65-86 jan./jun. 2007

Para prescrições de medicamentos usados duas, três

e quatro vezes ao dia, devem-se usar as apresentaçõesde volume superior mais próximo ao volume total pres-

crito para três dias, pois está indicado o uso do equi-

po bureta. Quando o volume total superar o valor

500mL, referente à embalagem de maior conteúdo en-

contrada no HU-UFS, faz-se necessário associar as

apresentações, de forma a se obter no somatório a quan-tidade em mililitros mais próxima ao total, tendo em

vista o menor gasto financeiro e de material para a

instituição hospitalar.

Assim, propõe-se uma padronização para o uso

dessas soluções na diluição de medicações intraveno-sas, de acordo com o volume diluente prescrito em

maior freqüência durante a coleta de dados, conforme

observado no quadro 16.

4. Considerações finais

O gerenciamento de materiais e de custos hospita-

lares é de fundamental importância para a prestação

de uma adequada assistência aos pacientes, à medida

que disponibiliza os recursos necessários para que os

profissionais da saúde possam efetuar suas ativida-des de forma adequada.

Com base no estudo comparativo dos custos pode-

se concluir que também é viável para a instituição

hospitalar a compra das apresentações de 125mL e de

250mL, bem como da apresentação de 500mL.

A prática freqüente de utilizar a apresentação de500mL, em virtude da não haver as outras apresenta-

ções, gera prejuízo para o cofre público. O ato de des-

prezar o volume excedente da embalagem de 500mL

contribui para o desperdício de água e de outras maté-

rias-primas componentes das soluções.

Demonstrou-se que o uso da bureta supera o equi-

po macrogotas em economia de custos e em redução

de desperdício de matéria-prima, para medicações uti-

lizadas de maneira intermitente.

s soluções fisiológica e glicosada, tendo em vista ovolume prescrito em maior freqüência na Clínica

Pediátrica do HU/UFS, que pode ser utilizada para

qualquer medicação que utilize as soluções citadas

como diluentes. Sugere-se a afixação dos quadros no

posto de enfermagem da Clínica Pediátrica.

Como sugestão de continuidade de estudos, pode

ser desenvolvida nova pesquisa que tenha como am-

biente outras unidades do referido hospital.

Quadro 16 - Padronização para uso de SF e SG de 6/6 horas, de 8/8 horas e de 12/12 horas, com equipo bureta. HU/UFS,Aracaju, 2006.

6/6 horas 8/8 horas 12/12 horas

Volume diluente prescrito Quantidade por apresentação Quantidade por apresentação Quantidade por apresentação

(mL) 125 250 500 125 250 500 125 250 500

20 - 1 - - 1 - 1 - -25 - - 1 - 1 - - 1 -30 - - 1 - - 1 - 1 -50 1 - 1 - - 1 - - 1

100 - 1 2 - - 2 1 - 1

Fonte: Coleta de dados, 2006.

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Revista da Fapese, v.3, n.1, p. 65-86 jan./jun. 2007

Paulo V. N. P. Barreto; Hertaline M. do Nascimento; Allan D. dos Santos; Glauco P. dos Santos; Joseilze S. de Andrade

BRASÍNDICE- Guia Farmacêutico – Ano XLII. São

Paulo: Andrei, 20 de julho de 2006.

KURCGANT, P. et al. Administração em Enfermagem.

São Paulo: EPU, 1991, 237p.

KURCGANT, P. et al. Gerenciamento em Enfermagem.

Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2005.

RICHARDSON, R. J. et al. Pesquisa Social: métodos e

técnicas. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 1999.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

79

A Criação de Indicadores para Avaliação deSustentabilidade em Agroecossistemas Apícolas de Sergipe

Maria Emilene Correia de Oliveira*

Francisco Sandro Rodrigues Holanda**

Genésio Tâmara Ribeiro***

Evelyne Costa Carvalho****

A apicultura é considerada o tripé da sustentabilidade, pois en-

globa o econômico, o social e principalmente o ambiental.

Possui um grande papel sócio-econômico, ocupando a mão

de obra do produtor familiar. Porém a sustentabilidade dessa ativi-

dade necessita ser avaliada por uma ferramenta sistêmica,

universalizando todos os componentes que a engloba. O objetivo

do trabalho foi construir indicadores de sustentabilidade, buscando

compreender a importância dos elementos que controlam a ativi-

dade apícola no estado de Sergipe. Para tanto utilizou-se a matriz

PEI/ER (Pressão-Estado-Impacto/Efeito-Resposta. Identificando vin-

te e cinco indicadores que podem contribuir para a sustentabilidade

e crescimento deste setor no estado de Sergipe.

PALAVRAS-CHAVE: Indicadores, sustentabilidade, apicultura.

Re

su

mo

* Bióloga, mestranda de Agroecossistemas da Universidade Federal deSergipe. Núcleo de Pós-Graduação e Estudos em Recursos Naturais,Departamento de Engenharia Agronômica, Av. Marechal Rondon, s/nº - Jd.Rosa Elze – São Cristóvão/SE – 49.100.000, E-mail:[email protected];

** Engenheiro Agrônomo, PhD. em Agronomia, Professor Adjunto daUniversidade Federal de Sergipe, Departamento de Engenharia Agronômica,Av. Marechal Rondon, s/nº - Jd. Rosa Elze – São Cristóvão/SE – 49.100.000,E-mail:[email protected];

*** Médica Veterinária, mestranda de Agroecossistemas da UniversidadeFederal de Sergipe. Núcleo de Pós-Graduação e Estudos em RecursosNaturais, Departamento de Engenharia Agronômica, Av. Marechal Rondon,s/nº - Jd. Rosa Elze – São Cristóvão/SE – 49.100.000, E-mail:[email protected]

**** Engenheiro Florestal, Doutor em Entomologia, Professor Adjunto daUniversidade Federal de Sergipe, Departamento de Engenharia Agronômica,Av. Marechal Rondon, s/nº - Jd. Rosa Elze – São Cristóvão/SE – 49.100.000,E-mail: [email protected].

Revista da Fapese, v.3, n.1, p. 79-86, jan./jun. 2007

8080

Revista da Fapese, v.3, n.1, p. 79-86, jul./dez. 2006

Maria Emilene C. de Oliveira; Francisco Sandro R. Holanda; Genésio Tâmara Ribeiro; Evelyne Costa Carvalho

1. Introdução

A apicultura é uma alternativa de subsistência para

o agricultor familiar, sendo considerado o tripé da

sustentabilidade, permitindo a melhoria da qualidade

de vida dos produtores sem agressão ao meio ambien-

te (Freitas et al., 2004). Possui ainda importante papel

sócio-econômico, pois proporciona dezenas de empre-gos, diretos e indiretos (Sommer, 1996), ocupando a

mão-de-obra familiar no campo, diminuindo o êxodo

rural dessas famílias (Alcoforado Filho, 1998) e ao

mesmo tempo preserva a cultura local. As vantagens

da apicultura fazem dela uma atividade que estimula

mudanças de atitudes do produtor para uma mentali-dade mais preservacionista, estimulando a preserva-

ção do conhecimento ecológico local e a cultura que o

ator social possui (Da Silva, 2004).

O seu valor ambiental é caracterizado pela

interdependência da vegetação com a biodiversidade,pois as visitas das abelhas às flores de espécies nati-

vas e agrícolas garantem a polinização (produção de

frutos e sementes), aumentando a produtividade agrí-

cola e garantindo a regeneração e a perpetuação das

espécies nativas (Pegoraro e Ziller, 2003).

A conscientização dos problemas ambientais nos

força a adotar uma visão sistêmica, onde o homem

deixa de ser o centro do planeta e passa a integrar-lo,

sofrendo as conseqüências dos impactos e destruições

que causa, e esses sistemas são complexos dinâmicos

de elementos que permanecem em interação mútua,mantendo sua integridade mediante essa interação entre

suas partes (Sifuentes 2004). Os agroecossistemas se-

riam uma opção para minimizar os impactos causados

pela humanidade ao meio ambiente, Conway (1987) o

define como, sistemas ecológicos modificados pelo

homem para a produção de alimento, fibra ou outroproduto agrícola, ou simplesmente, a modificação de

ecossistemas pelo homem, levando em consideração

o seu em torno as relações com a natureza, os fenôme-

nos bióticos e abióticos (Holanda, 2004). A apicultura

como um agroecossistema necessita ser analisada por

suas propriedades para realmente afirmarmos se ela

será uma boa opção para a humanidade.

Segundo Conway (1987), os agroecossistemas pos-

suem propriedades que avaliarão se os objetivos, nes-

te caso aumentar o bem-estar econômico e os valores

sociais dos produtores, estas são a produtividade que

é a produção de um determinado produto por unida-de de recurso que entra numa área, estabilidade defi-

nida como a constância da produtividade em face de

pequenos distúrbios que podem ocorrer normalmen-

te e de ciclos ambientais, sustentabilidade que é a

capacidade de um agroecossistema manter sua pro-

dutividade quando exposta a um grande distúrbio, eequidade que é definida como a distribuição da pro-

dutividade do agroecossistema. Para Marten (1988),

além de todas as propriedades citadas anteriormente

acrescenta-se a autonomia, considerada como a capa-

cidade do agroecossistema manter-se ao longo dos

anos.

Com a necessidade de definir padrões sustentá-

veis de desenvolvimento que considerassem aspectos

ambientais, econômicos, sociais, éticos e culturais foi

proposto o desenvolvimento de indicadores de

sustentabilidade na Conferência Mundial sobre o MeioAmbiente (Rio-92). Um indicador permite a obtenção

de informações sobre uma dada realidade (Mitchell,

1997). Os estudos de indicadores de sustentabilidade

podem, contribuir para a busca de soluções que le-

vem à reversão dos importantes problemas sociais e

econômicos enfrentados atualmente pelas sociedades.O desenvolvimento de indicadores com o objetivo de

avaliar a sustentabilidade de um sistema, monitorando-

o, poderá permitir que se avance de forma efetiva em

direção a mudanças consistentes na tentativa de solu-

cionar os inúmeros problemas ambientais e sociais

levantados (Marzall e Almeida, 2000).

O objetivo do trabalho foi construir indicadores de

sustentabilidade, buscando compreender a importân-

cia dos elementos que controlam a atividade apícola

no estado de Sergipe.

81A Criação de Indicadores para Avaliação de Sustentabilidade em Agroecossistemas Apícolas de Sergipe

Revista da Fapese, v.3, n.1, p. 79-86, jan./jun. 2007

2. Metodologia

O estado de Sergipe possui uma área de 21.910,348

km2, população estimada no ano de 2005 em 1.967.791,

possuindo 75 municípios (ESTADOS, 2006). A api-

cultura no estado é bem desenvolvida, concentrada

principalmente em 16 municípios, cada qual com uma

associação apícola, e a federação apícola (FAPESE),com aproximadamente 16.755 colméias distribuídas

entre 500 apicultores. A produção de mel em 2004,

segundo o IBGE, foi de 55.207 t/ano, compondo 0,17%

da produção nacional e 0,52% da produção nordesti-

na (Carvalho, 2005).

A geração de informações torna-se necessária para

realização de um diagnóstico e a tomada de decisões,

as estatísticas e o monitoramento são essenciais no

processo de elaboração dos indicadores (Winograd et

al., 1996). Sendo necessário definir um esquema para

indicadores e a cada elemento significativo de cadacategoria importante, é necessário escolher descritores

e indicadores. Os descritores possuem características

significativas de um elemento com os principais atri-

butos de sustentabilidade de um determinado siste-

ma, e os indicadores, são medidas de efeito de uma

operação do sistema sobre o descritor (Camino eMuller, 1996).

Para a elaboração destes descritores e indicadores

foi adotada a metodologia da Organização para a Co-

operação e Desenvolvimento Econômico (OCDE -

1993), Pressão/Estado/Resposta (PER) (Winograd et

al., 1996). A matriz PEI/ER é oriunda da estrutura

conceitual para a seleção de indicadores que foram

sistematizados em Pressão-Estado-Resposta (PER), cri-

ada pela Organização para Cooperação e Desenvolvi-

mento Econômico (OCDE), em 1993 e adaptada em

1996 para Pressão-Estado-Impacto/Efeito-Respostapelo Programa das Nações Unidas para o Meio Am-

biente – PNUMA-CIAT.

3. Resultados e discussão

A partir da observação foram selecionados os se-

guintes descritores, a) perfil da propriedade, b) pro-

dução, c) manejo, d) marketing, e) hábito alimentar, f)

certificação e g) capacitação.

Estes surgiram por meio de observações sobre a ca-deia produtiva apícola do estado de Sergipe, e a dificul-

dade que esta encontra em desenvolver-se de maneira

produtiva e sustentável, apesar de toda a sua estruturação.

Os indicadores desenvolvidos com bases nessas

observações estão diretamente relacionado com cadadescritor, mediante elemento que compõe esse siste-

ma (quadro 1).

No quadro 2, estão expostos os indicadores na

Matriz PEI/ER, (Pressão, Estado, Impacto/Efeito e Res-

posta), distribuídos de acordo com a atribuição decada indicador, buscando evidenciar possíveis alter-

nativas e soluções para a cadeia produtiva apícola

neste estado.

São propostos 25 indicadores de sustentabilidade,

com o intuito de estimular o estudo dessesagroecossistemas, norteando todo o seu universo,

numa visão sistêmica, saindo simplesmente dos estu-

dos de mercados que geralmente são os mais encon-

trados. A escassez de trabalhos sobre a utilização de

indicadores mostra que esse estudo é recente e neces-

sário na tentativa de compreender a sustentabilidade,não possuindo fórmulas prontas, nem soluções para

todos os problemas, servindo apenas de parâmetros

para a idealização e a busca de possíveis soluções para

a sustentabilidade dos agroecossistemas. Os indica-

dores desenvolvidos permitem a avaliação do poten-

cial de produção e necessidade do mercado apícola,constituindo uma ferramenta de grande importância

para a implantação da apicultura sustentável.

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Revista da Fapese, v.3, n.1, p. 79-86, jul./dez. 2006

Maria Emilene C. de Oliveira; Francisco Sandro R. Holanda; Genésio Tâmara Ribeiro; Evelyne Costa Carvalho

Quadro 1 - Esquema usado para a definição dos indicadores de sustentabilidade da produção apícola no estado de Sergipe.

AVALIAÇÃO DE SUSTENTABILIDADE EM AGROECOSSISTEMAS APÍCOLAS DE SERGIPE

Categoria Elemento Descritores Indicadores

Operaçãodo Sistema

Produção

Mercado

Incentivos aoCrescimento

Organizaçãodo Setor

Perfil da propriedadeProdução (custo, quantidade, origem)Manejo

MarketingHábito alimentarCertificaçãoCapacitaçãoFormas de comercialização

Aplicação de recursos financeirosLinha de CréditoCooperativas e Associações

Ações do Senar, Sebrae

Perfil do produtor (nº enxames);

Custo do produto (R$, US$);Quantificação da produção (kg/ano, t/ano);Origem (nº de propriedades);

Perda de Enxames (R$)Produção (Kg)Vendas (R$)Consumo diário (g)Modernização da produção (R$)Capacitações (nº)Cursos especializados (hs)Tipos de embalagens (nº)Financiamento (R$)Cooperativas e associações (nº)Diversidade de Produtos (nº)

Produção (Kg)Preços no mercado (R$)Qualidade da produção (R$)Escoamento dos produtos (Kg/ano, t/ano)Apoio técnico (nº de visitas)

Quadro 2 - Indicadores de Avaliação de Sustentabilidade em Agroecossistemas Apícolas de Sergipe na Matriz Pressão/Estado/Impacto/Efeito/Resposta – (PEI/ER).

Indicadores dePressão (P)

Pasto apícola (Km2)Diversidade de produtos (nº)Preço (US$)

Potencial de Produção (Kg/ano, t/ano)

Consumo interno (kg/ano)

Indicadores deEstado (E)

Perfil do produtor (nºenxames);

Custo do produto (R$, US$)Quantificação da produção(kg/ano, t/ano)Origem (nº depropriedades)

Consumo diário (g)Modernização da produção(R$)

Cursos especializados (hs)

Indicadores de Impacto/Efeito (I/E)

Perda de Enxames (R$)

Diversidade de Produtos (nº)

Produção (Kg)

Tipos de embalagens (nº)

Organização (nº decooperativas e associações)

Indicadores deResposta (R)

Capacitação (nº de cursos)

Apoio técnico (nº de visitas)

Financiamento (R$)

Vendas (R$)

Preços no mercado (R$)

Qualidade da produção(R$)

Escoamento dos produtos(Kg/ano, t/ano)

83A Criação de Indicadores para Avaliação de Sustentabilidade em Agroecossistemas Apícolas de Sergipe

Revista da Fapese, v.3, n.1, p. 79-86, jan./jun. 2007

Dos indicadores relacionados foram escolhidos em

cada componente da Matriz PEI/ER, os que contribu-em fundamentalmente para o entendimento da

sustentabilidade no agroecossistemas estudado.

Indicadores de pressão

a) Pasto apícola (Km2)

A abundância e qualidade da flora, que as abelhas

retiram a matéria prima para confecção de seus produ-

tos, é fundamental para a valorização destes, a utiliza-

ção de insumos agrícolas em lavouras, e o

desmatamento, causa o envenenamento e reduz o vo-lume de pasto desses animais, esse indicador avalia a

possibilidade de implantação desse agronegócio em

regiões específicas, visto a dependência direta destes

com a vegetação.

b) Diversidade de produtos (n°)

A apicultura possui uma gama de produtos que

podem ser comercializados tais como, pólen, mel,

própoles, geléia real, cera, produção de toxina, pro-

dução de rainhas, enxames e etc.

O indicador avalia a possibilidade de

comercialização de cada produto de acordo com o

mercado específico e a aptidão de cada região.

c) Consumo interno (Kg/ano)

O consumo de mel no país é em torno de 60g/

ano, em países europeus essa média chega a 1,5kg/

ano, ou seja, o Brasil possui um grande potencial

como possível consumidor deste produto, que se-

gundo pesquisas é consumido na maioria das vezes

apenas como medicamento, sendo essa a função des-te indicador, mensurar o potencial de consumo de

uma dada região, estimando esse valor em percentual

anual.

Indicadores de Estado

a) Perfil do produtor (nº enxames)

Este indicador avalia o nível do apicultor através

do número de colméias povoadas que este possui,

caracterizando-o como pequeno, médio e grande. Ser-

vindo de referência para caracterização do quadro atu-al de produção adotado por cada nível, e as influênci-

as existentes entre estes e os fatores que os norteiam.

b) Quantificação da produção (kg/ano, t/ano)

Uma monitoração regular da produção evidenciariaos reais valores destas, que muitas vezes ficam masca-

rados em função da informalidade e de outros aspec-

tos. Esse indicador geraria dados para avaliação da pro-

dutividade desse agroecossistemas, cujos dados atual-

mente são insuficientes para realização de uma averi-

guação científica, não refletindo a realidade deste.

c) Modernização da produção (R$)

A padronização da produção torna-se uma exigên-

cia para facilitar a comercialização, atualmente o con-

trole da qualidade sobre a produção do produto destea fabricação pelas abelhas até o seu envase, torna-se

cada vez mais imprescindível. Esse indicador serve

para avaliar o investimento realizado pelo produtor

em padronização e qualidade, mostra a sua intenção

em se profissionalizar.

Indicadores de Impacto/Efeito

a) Perda de Enxames (R$)

Um dos grandes problemas atuais neste setor é a

perda de enxames, acarretando em perda de produ-ção. Esse indicador analisa diretamente o nível de in-

vestimento que o produtor insere em seu apiário, tan-

to em tempo, manejo e controle de qualidade.

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Revista da Fapese, v.3, n.1, p. 79-86, jul./dez. 2006

Maria Emilene C. de Oliveira; Francisco Sandro R. Holanda; Genésio Tâmara Ribeiro; Evelyne Costa Carvalho

b) Tipos de embalagens (nº)

A maneira como o produto se apresenta para o con-

sumidor final, pode ser fundamental para um melhor

escoamento do produto. Esse indicador avalia a forma

mais fácil de comercialização de acordo com as neces-

sidades do consumidor.

c) Organização (nº de cooperativas e associações)

A organização deste setor facilita a obtenção de re-

cursos financeiros e melhores condições de

comercialização dos produtos. Este indicador serve

para analisar como a organização pode facilitar, qual onível desta neste setor e como ele atua diretamente na

produção.

Indicadores de Respostas

a) Financiamento (R$)

O nível de investimento de setores privados e pú-

blicos no desenvolvimento desse agronegócio e com

que intensidade e condições estes chegam aos apicul-

tores de acordo com a sua tipificação, ou seja, se épequeno, médio ou grande produtor, avaliando ainda

a real aplicação destes recursos pelos apicultores. Pos-

sibilitando o crescimento deste agronegócio.

b) Preços no mercado (R$)

A flutuação dos preços, alcançada pelos produtos

apícolas sofre influência direta do mercado,

atravessadores, da demanda do produto e do controle

de qualidade, influenciando no interesse de produzir

determinados produtos, podendo acarretar em escas-

sez de outros, influenciando diretamente na produti-vidade do sistema.

c) Qualidade da produção (R$)

O controle de qualidade deve existir em todas as

etapas da produção, porém atualmente, o embargoeuropeu ao mel brasileiro demonstra que, infelizmen-

te no nosso país ainda precisamos melhorar muito

nesse quesito. Esse indicador mostra quanto se estar

investido nesse quesito, devido a real necessidade de

atender aos padrões de comercialização externos e in-

ternos.

4. Conclusões

1. A identificação destes indicadores possibilitou

uma melhor avaliação da sustentabilidade doagroecossistema apícola, contribuindo para o

crescimento e organização deste setor.

2. Os indicadores possibilitam a analise sistêmica

do universo apícola, possibilitando a identifi-

cação de aspectos que podem influenciar nega-tivamente o setor, diversificando as alternativas

de possíveis soluções.

3. A apicultura como agroecossistema, pode atuar

dentro dos parâmetros do desenvolvimento sus-

tentável, já que está diretamente relacionada comas questões ambientais, podendo contribuir para

a melhoria da qualidade de vida dos produto-

res, sendo os indicadores chaves fundamentais

para essas análises.

85A Criação de Indicadores para Avaliação de Sustentabilidade em Agroecossistemas Apícolas de Sergipe

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