Resumo - Educar Para a Sustentabilidade

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  • 263

    GADOTTI, Moacir. Educar para Sustentabilidade: Uma contribuio Dcada da Educao para o

    Desenvolvimento Sustentvel. So Paulo: Ed, L, 2008. 127 p. (Srie Unifreire, 2).

    Gilma Iale C. da Cunha Jhose Iale C. da Cunha

    O livro Educar para sustentabilidade

    do autor Moacir Gadotti, nos trs

    grandes ensinamentos de como viver

    bem e nos educar diante da valorizao

    da sustentabilidade em oposio

    cultura da globalizao capitalista. Pois

    entre capitalismo e sustentabilidade, h

    uma incompatibilidade de princpios.

    Moacir Gadotti o atual diretor

    do Instituto Paulo Freire, em So Paulo,

    professor titular da USP, licenciado em

    Pedagogia e Filosofia, mestre em

    Filosofia da Educao pela PUC-SP,

    doutor em Cincias da Educao pela

    Universidade de Genebra (Sua) e livre

    docente na Unicamp. Possui uma

    variedade de publicaes na rea da

    educao, dentre elas se

    destacam: Educao e poder. (Cortez,

    1988), Paulo Freire: Uma bibliografia

    (Cortez, 1996), Pedagogia da Terra

    (Petrpolis, 2000) e Educar para um Outro

    Mundo Possvel (Publisher Brasil, 2007).

    A obra, ao longo de suas 127

    pginas, apresenta o conceito de

    sustentabilidade, demonstrando

    compromisso com o futuro, na

    perspectiva do bem viver e da

    harmonizao do ser humano com a

    natureza, opondo-se significativamente a

    tudo que diz respeito a egosmo e

    injustia, levando em considerao os

    princpios ticos de igualdade e

    solidariedade na promoo de uma

    educao transformadora na luta pela

    planetariedade, enquanto terra como

    organismo vivo e em evoluo. Como

    na bem colocada frase de Francisco

    Gutirrez (apud GADOTTI, 2000, p.

    57): O planeta minha casa e a terra o

    meu endereo, o qual analisa como

    morar em uma casa cheia de problemas,

    suja e doente.

    O livro Educar para sustentabilidade

    dividida em quatro captulos.

    Inicialmente o autor expe como se deu

    a Aliana mundial pela

    sustentabilidade, em seguida mostra a

    polissemia do conceito de

    desenvolvimento sustentvel, em

    Sustentabilidade e bem viver. No

    terceiro captulo Educar para uma vida

    sustentvel expe a relevncia da

    questo econmica para esse

    desenvolvimento, acreditando na

    educao como princpio norteador para

    uma cultura de paz, baseado em

    princpios como a da ecopedagogia,

    relacionando educao ambiental com

    desenvolvimento sustentvel. Por fim,

    apresenta os grandes desafios da

  • 264 Dcada, em Sustentabilidade e modelo

    econmico, que nos instiga a uma ao

    transformadora para a nossa nica Terra.

    Enquanto proprietrios desta

    Terra, temos o dever e o poder de

    transformao e atravs da

    ecopedagogia que acreditamos na

    promoo da aprendizagem de uma

    educao ambiental baseada no

    desenvolvimento sustentvel atravs de

    uma conscientizao ecolgica no modo

    de como pensamos e agirmos no nosso

    planeta. pertinente essa discusso

    tendo em vista a urgncia sobre as

    solues de problemas relacionados aos

    desequilbrios ambientais que

    vivenciamos nos dias atuais.

    No entanto, j passamos por

    inmeros movimentos para solucionar o

    problema planetrio que nos afronta

    diariamente, aquecimento global,

    desertificao e desflorestamento, so

    apenas algumas consequncias que

    enfrentamos devido a falta de ao junto

    poltica e ao estado diante de como

    nos comportamos para com a nossa to

    acolhedora casa que o planeta Terra.

    As alianas mundiais para

    sustentabilidade como a Agenda 21, a

    Carta da Terra, o Tratado da Educao

    Ambiental para as Sociedades Sustentveis e a

    Dcada da Educao para o Desenvolvimento

    Sustentvel (2005-2014), a ltima lanada

    pelas Naes Unidas, demonstram

    mobilizao e desejo por mudana,

    tendo em vista que atravs de debates

    como estes que iremos transformar

    nosso sistema educacional, pois a

    educao fator crtico para

    desenvolvermos com sustentabilidade.

    Contudo, grandes desafios viro e como

    ns educadores podemos interferir nesse

    contexto?

    O princpio da sustentabilidade

    est interligada ao da ecopedagogia, em

    que levamos em considerao o respeito

    pela diversidade, pela cultura, pela

    identidade, enfim a pedagogia centrada

    na vida, em que o educador deve acolher

    e cuidar do educando, pois este cuidado

    a base da educao para

    sustentabilidade. Segundo Freire (2000

    apud GADOTTI, 2008, p. 15):

    A ecologia ganha uma importncia fundamental neste fim de sculo. Ela tem que estar presente em qualquer prtica educativa de carter radical, crtico ou libertador (...). Nesse sentido, me parece uma contradio lamentvel fazer um discurso progressista, revolucionrio e ter uma prtica negadora de vida. Prtica poluidora do mar, das guas, dos campos, devastadoras das matas, destruidora das rvores ameaadora dos animais e das aves.

    Precisamos ser sujeitos de uma

    histria e no apenas expectadores.

    Diante de um mundo globalizado,

    precisamos ter discernimento de como

    interferir de maneira correta e produtiva

    na sociedade, uma vez que somos

    impulsionados por uma globalizao

    capitalista, onde a intensificao entre as

    diferenas sociais so enormes, muitos

    tem pouco e poucos tem demais. O

    desemprego, a falta de autonomia de

    alguns Estados so efeitos desse tipo de

    globalizao, todavia, a sustentabilidade

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  • 265 tem a ver com igualdade, harmonia,

    liberdade, solidariedade para com o

    prximo so essas exigncias que

    necessitamos para transformar

    sustentavelmente os ambientes aos quais

    vivemos. Devemos interferir com

    afinco, pois terrqueos na Terra o que

    somos.

    Gadotti (2008) explica a

    diferena entre a globalizao econmica

    e a globalizao para cidadania, as duas

    tm como base a tecnolgica, mas com

    lgicas diferentes. A primeira submete

    Estados e naes a interesse capitalista,

    isto , est subordinada a leis de

    mercado. J a segunda, realizada pelas

    organizaes da sociedade civil global e

    elas so responsveis pelos importantes

    eventos j citados. Nestes debates, so

    discutidos temas como cidadania

    planetria, em que a terra vista numa

    nova percepo que estar voltada para

    valores ticos e espirituais da

    humanidade.

    Entendemos a cidadania

    planetria como uma cidadania integral,

    ativa, plena, relacionadas aos direitos

    sociais, polticos, econmicos, culturais,

    institucionais, enfim nos dando base

    para uma democracia planetria. Essa

    cidadania planetria requer justia e paz,

    isto , eliminao das catastrficas

    diferenas econmicas e sociais, como

    tambm uma integrao intercultural da

    humanidade.

    Como Gadotti (2008) orienta,

    necessrio olhar para dentro de ns

    mesmos e de nossos padres de

    consumo insustentveis, essa educao

    para sustentabilidade depende do nosso

    comportamento enquanto cidados.

    Contudo, no suficiente mudarmos

    apenas os nossos comportamentos e no

    compartilharmos de apoio poltico nessa

    penosa tarefa que a mudana de

    atitude de todos os terrqueos, enquanto

    cidados de uma nica nao.

    Precisamos reeducar o sistema

    para introduzirmos uma cultura de

    sustentabilidade no nosso processo

    educacional, em que possamos contar

    mais com comunidades escolares

    cooperativas e menos competitivas, e

    que a educao para o desenvolvimento

    sustentvel seja um conceito integrado e

    interativo, uma vez que atravs de atos

    de educao que vivenciaremos um

    desenvolvimento sustentvel humano,

    abrangendo no apenas no que diz

    respeito a aes ambientais e

    econmicas, mas sim na erradicao da

    pobreza, na promoo da equidade, da

    incluso social e assim compactuaremos

    com um modo de vida mais sustentvel.

    Os princpios a serem adotados

    para termos uma economia para o

    desenvolvimento sustentvel so os de

    uma economia solidria que diz respeito

    solidariedade, sustentabilidade,

    incluso e emancipao social, uma vez

    que sustentabilidade e solidariedade so

    temas convergentes e emergentes,

    trazendo-nos esperana de vivenciamos

    um ecodesenvolvimento o qual

    remete um bem estar pessoal e

    ambiental, onde crescemos de maneira

    construtiva com prticas solidria, em

    que h necessidade de

    autodeterminao, uma economia que

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  • 266 no coloque o mercado livre e o lucro

    como o centro de tudo.

    O Relatrio de Brundland

    define desenvolvimento sustentvel como

    aquele que atende s necessidades do

    presente sem comprometer a

    possibilidade das geraes futuras

    atenderem a suas prprias necessidades

    (CMMAD apud GADOTTI, 2008, p.

    56).

    Viver com sustentabilidade

    desenvolvermos uma sociedade justa,

    onde sejamos ambientalmente corretos,

    com uma cultura economicamente vivel

    e respeitosa das diferenas. A

    ecopedagogia se apresenta de maneira

    relevante como um projeto alternativo

    global, que implica uma mudana nas

    estruturas econmicas, sociais e

    culturais, como tambm nas relaes

    humanas tornando-o utpico como

    afirma o autor em seu livro Pedagogia da

    Terra (2001).

    Gadotti analisa a sustentabilidade

    do ponto de vista de uma nova

    globalizao em dois eixos: um relativo

    natureza e o outro sociedade. O

    primeiro, sustentabilidade ecolgica,

    ambiental e demogrfica, se refere

    base fsica do processo de

    desenvolvimento em que a natureza

    suporta a ao humana, tendo em vista

    os limites das taxas de crescimento

    populacional. J o segundo, se refere

    sustentabilidade cultural, social e

    poltica, em que a qualidade de vida das

    pessoas est intimamente ligada s

    questes da manuteno das identidades

    e diversidades, onde a participao

    popular est ligada ao desenvolvimento

    sustentvel.

    Essa nova globalizao exige

    mudanas de atitudes, novos princpios

    ticos, apropriados da cultura da

    sustentabilidade e da paz, que no haja a

    excluso social, a explorao econmica

    e nem a dominao poltica, precisamos

    de novos paradigmas sustentveis para

    reger nosso planeta.

    O autor, baseado nessa nova

    cultura de sustentabilidade e paz,

    descreve alguns princpios pedaggicos

    para uma educao voltada para um

    futuro sustentvel. Educar para pensar

    globalmente trata de vermos a Terra

    como uma nica casa, onde somos

    responsveis pela sua manuteno e

    sobrevivncia, educarmos para no

    sermos omissos diante dos problemas

    que nela h, lutarmos como

    proprietrios cientes dos nossos direitos

    e obrigaes.

    Outros princpios adotados por

    Gadotti (2008) so Educar os

    sentimentos na perspectiva de uma

    construo conjunta para um nico fim,

    viver com sustentabilidade, a arte do

    bem viver, dando sentido a cada minuto

    vivido. Ensinar a identidade terrena

    amar a terra acima de nossos desejos

    exploratrios. Formar para uma

    conscincia planetria ver a Terra

    como nossa casa, somos terrqueos e,

    assim sendo, no devemos fazer

    separaes entre pas rico, em

    desenvolvimento ou pobre, somos

    interdependentes no processo de

    planetarizao.

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    Formar para a compreenso

    tambm um dos princpios abordados

    pelo autor, uma vez que esse defende

    uma educao para comunicao, para

    entender o prximo, tendo uma vida

    solidria, pois esta condio de

    sobrevivncia humana. Educar para

    simplicidade e para a quietude a

    conquista de novos valores como

    simplicidade, austeridade, quietude, paz,

    serenidade, unio, enfim praticar a

    sustentabilidade na vida diria, familiar,

    escolar, no trabalho, em todos os

    ambientes a qual se faa parte, pois essa

    prtica nos leva a uma vida saudvel e

    feliz, pois sustentabilidade tem a ver

    com a relao de bem estar com nos

    mesmos, com os outros e com a

    natureza.

    E s podemos ter uma relao

    harmnica se mudarmos nosso estilo de

    vida, necessitamos policiarmos quanto

    as nossas prticas dirias, precisamos

    produzir e reproduzir com

    responsabilidade, para no pormos

    nossa prpria vida em perigo, a

    educao faz a diferena, devemos

    refletir onde nos encontramos na luta

    por um mundo sustentvel, qual a

    nossa postura diante da vida? Como

    dizia Gandhi, o mundo tem o suficiente

    para atender as necessidades de todos,

    mas no para a ganncia de cada um.

    (GADOTTI, 2008, p. 86).

    Precisamos rever nosso conceito

    de educao cvica, que est intimamente

    ligada Educao para o

    Desenvolvimento Sustentvel (EDS),

    como tambm educao ambiental,

    ambas tratam de educao de valores. O

    conceito de desenvolvimento sustentvel

    est atrelado questo de bom senso,

    contudo demasiadamente complexo e

    controvertido quando aplicado nas

    nossas aes dirias, h extrema

    necessidade de um olhar diferenciado

    para nossas prticas enquanto autores de

    nossa prpria histria.

    A educao est mais vinculada

    ao problema do que a soluo, tendo em

    vista as inmeras crises existentes a

    partir de um modelo educacional

    fracassado, pois este surgiu baseado em

    princpios insustentveis de

    desenvolvimento. O desenvolvimento

    sustentvel deve ser entendido a partir

    de uma viso holstica, interdisciplinar,

    em que na unio de nossas cincias surja

    comprometimento a um modo de vida

    mais sustentvel, mais saudvel, em que

    todos os docentes possam integrar aos

    seus contedos, aes que estejam

    ligadas a sustentabilidade, da rea

    humana exata, do ensino primrio ao

    universitrio, todos so essncias na

    transformao por uma cultura tica

    baseada numa educao socioambiental,

    que nos tragam resultados positivos na

    luta por um novo mundo sustentvel.

    Gadotti (2008) finaliza

    afirmando que o planeta Terra nosso

    primeiro grande educador. E que

    devemos educar para termos o nosso

    lugar registrado no universo, tendo paz e

    gozando de nossos direitos humanos,

    afim de uma justia social com

    diversidade cultural, contra toda ordem

    de sexismo e racismo. Educando assim

    para a conscincia planetria.

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  • 268

    insuportvel vivenciarmos a

    crise de paradigmas da civilizatrios,

    arrogantemente antropocntrico, em que

    a globalizao se sustenta na acumulao

    de capital cada vez mais insustentvel,

    que resulta na misria, no analfabetismo,

    na dominao poltica e explorao sem

    limite da economia. Enfim, o planeta

    passa pela rota do extermnio e ns,

    como educadores, temos a obrigao de

    orientar nossos alunos na luta por uma

    conscientizao planetria, a partir de

    uma formao crtica, no formar apenas

    para o mercado, para a explorao de

    capitais e sim para produzir formas

    cooperativas de produo e reproduo

    da existncia humana, uma educao

    baseada na autodeterminao, onde

    possamos re-humanizar a educao, a

    partir de ns mesmo.

    Esse livro nos trs boas

    contribuies acerca de como devemos

    viver com sustentabilidade, ele nos alerta

    da importncia das nossas prticas para

    com o nosso planeta. Ns, enquanto

    educadores, temos o poder de

    transformao em mos, de nossa

    responsabilidade instigar o aluno a

    refletir sobre as prticas ambientais a

    partir de discusses em salas de aula e

    nos mais diversos meio de comunicao,

    s assim teremos uma ressignificao

    positiva quanto ao to desejado

    desenvolvimento sustentvel.

    autoras Gilma Iale C. da Cunha Mestranda em Cincias da Educao - Universidade Lusfona de Humanidades e Tecnologias/ULHT

    Jhose Iale C. da Cunha

    Mestranda em Cincias da Educao - Universidade Lusfona de Humanidades e Tecnologias/ULHT Professora da Universidade Potiguar/UnP

    Recebido em 30/10/2010 Aceito para publicao em 30/06/2011

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