ORIENTADOR (1948-1952): A LITERATURA, A EDUCAÇÃO E A CIÊNCIA NALIGITIMAÇÃO DE AUTORIDADE DO DISCURSO ESPÍRITA

RESUMO

AUTOR PRINCIPAL:Antônio Augusto Pereira da Silva

E-MAIL:guto_pereira_@hotmail.com

TRABALHO VINCULADO À BOLSA DE IC::Probic Fapergs

CO-AUTORES:Não possui co-autoria.

ORIENTADOR:Gizele Zanotto

ÁREA:Ciências Humanas, Sociais Aplicadas, Letras e Artes

ÁREA DO CONHECIMENTO DO CNPQ:História - 7.05.00.00-2

UNIVERSIDADE:Universidade de Passo Fundo

INTRODUÇÃO:Oriundo do contexto, ciência versus teologia, da metade posterior do século XIX, Allan Kardec, sistematiza a DoutrinaEspírita, uma matriz pretensamente embasada pelos pilares da filosofia, ciência e religião. No Brasil, o Espiritismo chegouaproximadamente em 1865, que posteriormente através de indivíduos como Bezerra de Menezes e Francisco CândidoXavier popularizou-se a nível nacional. No século XIX a circulação de periódicos era vista como um articulador de ideias dedeterminado grupo ou instituição, resultando aos jornais e revistas espíritas função específica na propagação da doutrina econquista de prosélitos.Pautada no papel da literatura, da educação e da ciência no intuito da legitimação do discurso espírita, analisa-se operiódico Orientador, do Centro Espírita de Caridade Dias da Cruz de Passo Fundo/Rio Grande no Sul, entre os anos 1948-1952, servindo como um importante veículo para compreender a articulação, difusão e fortificação do Espiritismo na cidadee região.

METODOLOGIA:Na análise das fontes do periódico Orientador, aplica-se a metodologia da Análise do Discurso na utilização de autoresconsagrados da literatura mundial, tais como Victor-Marie Hugo, Johann Wolfgang von Goethe, Arthur Conan Doyle e LievTolstói; na ligação da ciência com a doutrina, acentuada pelo denominado Espiritismo Científico; e no recursivo incentivo àeducação espiritual e científica, relacionada a pesquisas atuais acerca das matrizes religiosas brasileiras, as quaispossuem indicativas de renda e escolaridade. Na metodologia de análise devemos levar em conta a especificidadediscursiva do discurso religioso ¿ com ênfase na análise de textos psicografados, partindo da pretensa voz do espírito aqual se transmite no médium. Ainda, a discurso religioso difere de outros discursos, pois não possui reversibilidade, mas, ailusão de reversibilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÕES:Apreciados como autores de áreas distintas, mas, frequentemente referenciados na doutrina, podemos destacar noOrientador, referências da literatura mundial. Fazendo uso de autores como o francês Victor Hugo, autor de Os Miseráveis(1862) inúmeras vezes referenciado no periódico; o inglês Arthur Conan Doyle, citado na edição 38, de junho de 1951,como um expoente inglês da doutrina; o alemão Goethe, referenciado na publicação da edição 33, do dia 25 de dezembrode 1950, a qual afirma que o poema Fausto (1806-1832), seria uma ¿obra mediúnica de primeira ordem¿; o russo LievTolstói, o qual aparece na edição 8, do dia 30 de novembro de 1948, com um trecho de seu livro Ressurreição (1899) enovamente citado na edição 49/50, de abril e março de 1952, com o conto Três Amigos. Utilizando-se, de literatasconsagrados como um esforço em estabelecer uma ligação com a literatura lida como um viés do jornal e do Espiritismopara legitimação de autoridade discursiva.Na proposta da doutrina percebe-se a pretensão de fixar determinados princípios espíritas como pretensamente científicos.Por meio de textos como ¿Encarnação dos Espíritos¿ da edição 24, de março de 1950, Kardec descreve cientificamentecomo um espírito encarna no corpo.Reforçando a busca pelo conhecimento espiritual e científico, destacamos a citação do escritor inglês William Shakespeare,da edição 6, de 30 de setembro de 1948: ¿a ignorância é castigo de Deus; o conhecimento é a asa com que voamos para océu¿ abordando a ausência do conhecimento como castigo supremo, encarado nesta perspectiva de forma primordial paraa salvação divina. O jornal publica ainda, o texto ¿Os homens de gênio¿ de Léon Dennis, na edição 33, de 25 de dezembrode 1950, o qual referencia desde pensadores gregos a profetas hebreus, afirmando que Deus ¿comunica-se¿ por este viés.Reforçado a temática educacional destacamos o texto ¿Necessidade da Educação¿ de Kardec, publicado na edição 53-57,agosto/dezembro de 1952.

CONCLUSÃO:Atualmente o Brasil possui 3,8 milhões de espíritas, com o segmento social de maior renda e escolaridade. Observandoque o nexo do Espiritismo com a literatura, educação e ciência reflete de forma significativa nos prosélitos, e que suaaceitação e propagação no país, esta pretensamente ligada à afinidade da classe média culta para com a doutrina.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:ORIENTADOR. Orientador, edição 1-53/57, 1948-1952.KARDEC, Allan. O que é o Espiritismo. Rio de Janeiro: FEB, 2011.ORLANDI, E. P. Análise do Discurso. Campinas: Pontes, 2001.LIMA, Daniel. Censo: o perfil religioso do país. O GLOBO País, Rio. Disponível em:<http://oglobo.globo.com/infograficos/censo-religiao/>. Acesso em 30 de julho de 2013.FERNANDES, Paulo César da C. As Origens do Espiritismo no Brasil: Razão, Cultura e Resistência no início de umaExperiência (1850-1914). Brasília, 2008.

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