resumo texto José Luiz Fiorin

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A nacionalidade é uma identidade, que nasce de um postulado e de uma invenção, uma criação moderna que começa a ser construída no século VXIII, e desenvolve-se plenamente no século XIX. , antes desta época, não se poderia falar em em nações, nem na Europa, nem em qualquer outra parte do mundo. Renan mostra que uma nação é feita de “um rico legado de lembranças”, que é aceito por todos. Ela é uma herança, simbólica e material. Assim, pertencer a uma nação é ser um dos herdeiros desse patrimônio comum, reconhecê-- lo, reverenciá-lo” O processo de formação identitária consistiu,então, na “determinação do patrimônio de cada nação, que precisa ser inventado, por exemplo, quais seriam os ancestrais comuns de fluminenses e pernambucanos? Para criar de fato uma nação, era necessário buscar algo que pudesse ser o vivo testemunho de seu passado prestigioso, tarefa que é longa e coletiva, tendo como seus principais elementos em comum, uma história que estabeleça continuidade com seus ancestrais antigos, heróis, língua, folclore, lugares importantes, paisagens típicas, e as representações oficiais , como hino, bandeira etc. logo, o autor coloca que a identidade nacional, é um discurso que como qualquer outro, precisa ser construído ideologicamente. O Brasil representa uma as experiências bem sucedidas de construção de nação fora da Europa. O Autor descreve que devido a nossa grande diversidade nós tivemos que usar dois princípios de identificação. Baseado nos conceitos de ZILBERG e FONTAINE, para nos mostrar como os valores tomam

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resenha para trabalho de linguistica para relções internacionais

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A nacionalidade é uma identidade, que nasce de um postulado e de uma invenção, uma

criação moderna que começa a ser construída no século VXIII, e desenvolve-se

plenamente no século XIX. , antes desta época, não se poderia falar em em nações, nem

na Europa, nem em qualquer outra parte do mundo. Renan mostra que uma nação é feita

de “um rico legado de lembranças”, que é aceito por todos. Ela é uma herança,

simbólica e material. Assim, pertencer a uma nação é ser um dos herdeiros desse

patrimônio comum, reconhecê--lo, reverenciá-lo” O processo de formação identitária

consistiu,então, na “determinação do patrimônio de cada nação, que precisa ser

inventado, por exemplo, quais seriam os ancestrais comuns de fluminenses e

pernambucanos? Para criar de fato uma nação, era necessário buscar algo que pudesse

ser o vivo testemunho de seu passado prestigioso, tarefa que é longa e coletiva, tendo

como seus principais elementos em comum, uma história que estabeleça continuidade

com seus ancestrais antigos, heróis, língua, folclore, lugares importantes, paisagens

típicas, e as representações oficiais , como hino, bandeira etc. logo, o autor coloca que a

identidade nacional, é um discurso que como qualquer outro, precisa ser construído

ideologicamente.

O Brasil representa uma as experiências bem sucedidas de construção de nação fora da

Europa. O Autor descreve que devido a nossa grande diversidade nós tivemos que usar

dois princípios de identificação. Baseado nos conceitos de ZILBERG e FONTAINE,

para nos mostrar como os valores tomam forma, pode se dizer que há culturas que se

veem como unidades, e outras como mistura, resultando em processos de participação

ou exclusão, criando assim dois grandes regimes de funcionamento cultural.

Respectivamente, o 1º conceito, cria valores absolutos, mais fechados, tendendo a

concentrar os valores desejáveis e a excluir os indesejáveis; as segundas são mais

abertas, procurando a expansão e a participação. Pode se dizer que o Brasil, neste

processo usou o principio de exclusão para se diferenciar da colônia portuguesa, e ao

mesmo tempo o principio da participação que integrou povos e costumes de outras

culturas que agora aqui viviam para construir uma identidade brasileira.

No trabalho de constituição de nacionalidade, a literatura teve um papel fundamental, os

autores românticos, com especial destaque para Alencar, estiveram na linha de frente da

construção da identidade nacional. A obra O guarani, por exemplo, é muito importante,

porque determina não somente a paisagem típica do brasil (o espaço da eterna

primavera, onde não ocorrem cataclismos naturais, como furacões, tornados, terremotos

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etc.), mas concebe o mito da origem do povo, da fundação da nacionalidade e língua.

No livro, o índio Peri aceita por cecilia os valores cristãos, e Cecilia, as crenças da

floresta, representando o primeiro casal brasileiro, o que daria a nação um caráter luso-

tupi, unindo valores indígenas e europeus, uma síntese entre o velho e o novo mundo.

Ao mesmo tempo traz um que de afastamento, quando ilustra a fundação da língua, em

que a identidade deste é correlata ao homem brasileiro, único, diferente do falado na

colônia, pois independência linguística dos padrões portugueses era tão importante

quanto a independência política. Além disso, começa-se a elaborar um modelo

explicativo da singularidade da cultura brasileira, pois é essa especificidade que

constituiria o Brasil como uma nação. Nota-se que o livro trata de apenas uma descrição

da cultura, que é parcial, mas serve para explica-la, e , como dito por Marx: quando uma

ideia se apodera da consciência das massas, ela se torna uma força material.

Começa no romantismo, a noção de que a cultura brasileira se assenta a mistura, e na

primeira metade do século XX, há outro movimento de construção identitaria pela

mestiçagem, pois a considera como característica de brasileiros que se distinguem pela

assimilação. no texto o autor descreve outros exemplos de clássicos que contribuíram

para a construção da cultura brasileira como Casa Grande e Senzala, de Gilberto Freire.

Dona Flor e seus Dois Maridos, de Jorge Amado. Do nosso ponto de vista, o misturado

é completo, enquanto o puro não. A concepção de que a mistura rege nossa cultura e,

portanto, de que o brasileiro é simpático, acolhedor, tolerante, naturaliza-se pouco a

pouco, e o jeito brasileiro, constituído pela mistura apodera-se da consciência das

massas através do futebol e da música. Porém é valido lembrar que a miscigenação não

era indiscriminada, limitando se somente a índios e portugueses. Mais tarde proliferou

a ideologia do branqueamento, com grande onda de imigração de europeus para o brasil.

Uma obra importante que trabalhou a aceitação do negro foi O Mulato de Aluisio de

Azevedo, dizendo que a mistura era uma melhora do indivíduo, e não uma piora. o

romance também considerava a escravidão um mal, fonte dos defeitos dos indivíduos e

da sociedade brasileira, trabalhando a forte questão do racismo no Brasil. Ademas, as

coisas no interior da cultura não são regidas por um único princípio. Fora dos períodos

de construção identitária e mesmo na primeira metade do século XX, segundo momento

de constituição da identidade nacional, a literatura brasileira nunca deixou de mostrar

que, em nossa formação social, vige o princípio da exclusão. Citemos alguns exemplos.

Antônio de Alcântara Machado, em Brás, Bexiga e Barra Funda, que fala sobre o

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preconceito aos imigrantes italianos, dentre outros exemplos para descrever o

preconceito a imigrantes de vários países da europa. A cultura brasileira euforizou de tal

maneira a miscigenação, que passou a desconsiderar o principio de exclusão nas

relações raciais de gênero, tendo sua identidade auto descrita como de participação e

mistura, nos caracterizando como pessoas abertas, cordiais, acolhedoras e sempre

pronto a dar um jeitinho, ocultando a face violenta, o preconceito nas relações

cotidianas.

a noção de “literatura nacional” originou-se na virada deste para o século XIX, se define

pela sua afiliação nacional, e pelo fato de que deve incorporar o que se entendia como

as características específicas de uma nação. A premissa que subjaz a esta visão é a de

que a humanidade se divide em grupos homogêneos, embora distintos entre si, e

marcados por um conjunto único de valores e preocupações, que constituem o “caráter

nacional”.