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  • 7/31/2019 Retendo Conhecimento de Consultoria

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    GESTO ESTRATGICA DE TECNOLOGIA DA INFORMAO

    RETENDO CONHECIMENTO DE CONSULTORIA DE

    TIEric Gleizer Ribeiro, RM 39895

    [email protected] Kim Maeda, RM 39870

    [email protected]

    Orientador:

    RESUMO

    A Gesto do Conhecimento (GC) vem se mostrando cada vez mais presente em empresascom maturidade e viso de futuro. Muitos profissionais j conhecem o assunto ou estocientes deste modelo de gesto, mas alguns se deparam com a seguinte questo: Comoaplicar a gesto do conhecimento? Neste artigo ser abordado alguns aspectos da gestodo conhecimento com foco em consultoria de TI (Tecnologia da Informao). importanteque na contratao da prestao de servio o conhecimento do consultor seja transferidopara alguns dos profissionais da empresa contratante, diminuindo a necessidade desuporte ganhando agilidade nos processos. Documentao, reunies, participao ativadurante o projeto, so alguns fatores bsicos na gesto do conhecimento. Atitudes simples

    e aes do cotidiano visto de uma maneira mais analtica se mostrar importante nestagesto que tem como alguns de seus objetivos, agregar valor e reduzir custos.

    Palavras-chave: Gesto, Conhecimento, Consultoria, Projeto, TI.

    ABSTRACTThe Knowledge Management (KM) is becoming more present in companies with maturityand future view. Many managers already know the subject or are aware about thismanagement model, but some are faced with the question: How to implement theKnowledge Management? This article will address some aspects of knowledge

    management with focus on IT (Information Technology) consulting. It is important that in themoment of the service provision, the knowledge of the consultant to be transferred to someprofessional contractor, reducing the need for support gaining speed in the processes.Documentation, meetings, participation active during the project, is some basic factors inthe knowledge management. Simple attitudes and actions of everyday life detailed with ananalytical view will show up important is this management model, which has as some ofyour goals, add value and reduce costs.

    Keywords: Management, Knowledge, Consulting, Project, IT.

    INTRODUO

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    Como reter o conhecimento que as consultorias de Tecnologia da

    Informao (TI) deixam em nossas empresas? Esta uma pergunta que

    aflige especialmente as grandes corporaes, em um cotidiano que h

    muita mudana, sendo difcil de acompanh-la, portanto tendo pouca

    gente especializada e sendo necessria a contratao de pessoas com

    conhecimento especfico. E como garantir que o conhecimento trazido por

    estes especialistas continuem na empresa e permeiem pelas reas e

    todos os colaboradores?

    Com base, principalmente, em pesquisas de literaturas j consagradas

    em Gesto do Conhecimento (GC), como Nonaka e Takeuchi (1997 e

    2008), e experincias dos autores em diversos projetos, especialmente de

    implementaes de Enterprise Resource Planning (ERP) e Governana

    de TI, sero apresentadas prticas j conhecidas de mercado com

    enfoque em Gesto do Conhecimento, e que muitas vezes esquecidas ou

    so utilizadas de maneira pouco efetiva.

    Na Era do Conhecimento, principalmente na rea de Tecnologia da

    Informao, a utilizao de consultoria muito comum. Muitos projetos

    conduzidos por consultorias no so aproveitados, absorvidos,compartilhados ou replicados. Diferentes consultorias podem efetuar

    projetos idnticos em reas diferentes. Ou um mesmo projeto pode ser

    contratado novamente porque o conhecimento foi perdido junto com os

    funcionrios. Sendo assim importante conhecer ou mesmo saber da

    existncia de metodologias e prticas que colaborem com a gesto de

    tanta informao e conhecimento dentro de uma organizao.

    Para analisar a reteno de conhecimento de consultorias, circunscrito rea de Tecnologia da Informao, a presente pesquisa se organizou em

    torno de cinco tpicos. O primeiro item apresenta os projetos de

    consultoria de TI, fazendo uma avaliao da qualidade dos servios

    entregues olhando sob a vista da Gesto do Conhecimento. Em segundo

    lugar, destacada a importncia da conscincia organizacional em torno

    do tema. Num terceiro momento, apresentado o papel do Project

    Management Office (PMO) e a importncia de adotar uma metodologiaque apoiam fortemente a Gesto do Conhecimento. Ento, sero

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    apresentadas as melhores prticas de gesto para reteno do

    conhecimento e, em seguida, como mantemos e criamos conhecimento,

    obtendo vantagem competitiva.

    1. Projetos de Consultoria de TI

    A complexidade e variedade dos negcios em um contexto de constantes

    mudanas fazem com que as empresas procurem por especialistas em

    determinados assuntos. Especialmente na rea de Tecnologia da

    Informao (TI), onde a mo-de-obra profundamente tcnica e muito

    escassa, surgem novas tecnologias e produtos a todo instante, torna-se

    comum a contratao de fornecedores que prestam servio de consultoriaem TI.

    O cuidado que se deve tomar em relao a contratar uma consultoria a

    transferncia de responsabilidade para o fornecedor, podendo ficar

    totalmente dependente dos seus servios. Ao solucionar um problema, o

    conhecimento adquirido no processo deve permanecer na corporao, a

    fim de ficar independente dos servios exclusivos de consultores e ganhar

    a habilidade de solucionar outros problemas que surjam.Os rudos na entrega de projetos de TI ocorrem principalmente na fase de

    transio do projeto para a operao, onde se acaba perdendo

    conhecimento. E os analistas de suporte reclamam continuamente da falta

    de tempo e das solues implementadas cheio de erros, e, infelizmente,

    observa-se uma rixa entre operaes e projetos, o que torna a transio

    mais difcil. Necessrio enxergar a integrao e sinergia que deve existir

    entre as reas, para que o conhecimento gerado durante o projeto seja

    repassado completamente para a operao, e que a operao se

    comprometa com o projeto tambm. Comprometer-se no interesse, no

    tempo dedicado, etc. e evitar a alegao que precisa manter o dia-a-dia

    da companhia em detrimento do projeto. Cria-se uma bola de neve, onde

    sempre se visa solucionar o problema de agora em vez de evitar os

    diversos problemas que viro a ocorrer e corrigir o problema pela raiz.

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    Inclusive, os analistas de suporte podem contribuir para o projeto com o

    conhecimento j adquirido, acelerando e dando melhores solues a

    entrega final do projeto.

    Os envolvidos ou usurios das reas de negcio so altamente

    requisitados, especialmente na fase de desenho de um projeto e na fase

    de testes e homologao. No entanto, muitas vezes o servio fica

    comprometido pela falta de recursos disponveis.

    Deve-se ter claro os marcos e momentos de decises durante o projeto,

    envolver as pessoas certas no momento certo e a passagem de

    informao dos consultores para os usurios.

    Importante destacar que hoje em dia a posio de consultor de TI tem sido

    banalizada, pois em muitos momentos eles funcionam apenas como fora

    de trabalho em vez de apoio intelecto estratgico decisrio.

    Normalmente, a entrega desses servios ocorre em forma de projetos e

    so realizadas por equipes com conhecimento tcnico e de negcio sob a

    gesto do gerente de projeto.

    O modelo de entrega como projeto facilita o controle de custos, escopo e

    tempo e agiliza a implantao de uma dada soluo.

    A principal questo levantada neste momento quanto qualidade do

    servio que est sendo entregue, pois dado um escopo, quando o custo e

    prazo so agressivos, a qualidade tende a cair. E o custo e prazo so

    valores mais facilmente mensurveis, enquanto isso a qualidade, como

    documentao, transferncia de conhecimento, treinamento, so

    penalizados. E estes so importantes itens para reteno do

    conhecimento.

    Se os envolvidos (stakeholders) do cliente que participam do projeto nopossuem dedicao e comprometimento e precisam lidar com as

    operaes da empresa, deixam de participar do dia-a-dia do projeto, como

    participar de todas as reunies que ocorrem acerca de um determinado

    tema, os treinamentos e workshops, as conversas no caf e o bate-papo

    dia-a-dia com o consultor especialista, entre outros, que aparentemente

    no so importantes, mas so detalhes que fazem diferena na

    aprendizagem organizacional.

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    2. Importncia do Lder e da Conscincia Organizacional

    Senge (1996) j dizia que na organizao de aprendizagem, os dirigentes

    tm funes de projetista, guia e professor. Eles tm a responsabilidade

    de construir organizaes nas quais as pessoas expandam continuamente

    sua capacidade de entender a complexidade, definir objetivos e

    aperfeioar modelos mentais - ou seja, eles so responsveis pela

    aprendizagem.

    Vilela & Mendes (2004) salientam a necessidade em estabelecer ncleos

    coordenadores do processo de aprendizagem e gesto das competnciasdo projeto, tal qual o papel do escritrio de projetos enquanto setor de

    articulao e catalisao de aes eficientes em gesto do conhecimento

    organizacional. Ento, destaca-se tambm a importncia do Gerente de

    Projetos (GP). Assim como Nonaka e Takeuchi (1997), reforam a

    importncia do papel do gerente mdio em uma empresa, cuja estrutura

    organizacional e a estratgia de criao do conhecimento deve seguir o

    modelo middle-up-down, partindo de iniciativas do nvel ttico eexpandindo para os demais nveis, operacional e estratgico, onde

    explora os benefcios tanto do top-down como do bottom-up.

    A estrutura organizacional tambm pode beneficiar a reteno do

    conhecimento. Geralmente, as empresas mais maduras j utilizam o

    modelo matricial, onde existe uma estrutura hierarquizada e em momentos

    de projetos so criadas estruturas de equipes especficas para a

    demanda, onde a pessoa conduz as atividades do dia-a-dia e em paralelo

    participa ativamente do projeto. No entanto, Nonaka e Takeuchi (1997),

    propem o uso do modelo hypertexto, onde as pessoas ficam focadas

    exclusivamente nos projetos que esto envolvidas. Quando o projeto

    termina, retornam para a rotina. Isso muito eficaz no sentido de tentar

    reter o mximo de conhecimento que foi criado durante o projeto. A

    conscincia existente neste momento a importncia da dedicao que o

    membro da equipe do projeto deve ter, e, portanto, ser mantido

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    integralmente no projeto, no tratando de outros assuntos que no sejam

    objetivo do projeto.

    Montar clulas ou grupos menores no projeto para descentralizao de

    poder, especialmente relacionadas s decises tcnicas do projeto,

    tambm eficiente para a reteno do conhecimento e aprendizado

    organizacional. Por exemplo, frente de trabalho por reas de negcio,

    mdulos, macroprocessos ou cenrio empresariais, podem definir lderes

    tcnicos ou de negcio, por parte do cliente, que atuam com mais

    independncia dentro do seu escopo de trabalho. O gerente de projeto

    tem o importante papel de controlar e monitorar as interfaces, os conflitos

    e os relacionamentos entre estas clulas, mantendo a viso sobre a

    floresta.

    3. PMO e a Utilizao de Metodologia de Projetos

    Atualmente, segundo Prado (2000), as principais funes do Project

    Management Office (PMO) so: assessorar a alta administrao e os

    gerentes de projetos; auditar projetos; envolver-se com outros setores

    visando agilizar processos; criar e manter metodologias, regulamentos epadres; treinar os participantes de projetos; garantir a qualidade dos

    projetos; dar suporte na elaborao de propostas; registrar e divulgar

    melhores prticas, emitir relatrios de status, desempenho e tendncias;

    praticar a gerncia vista, exibindo graficamente a evoluo dos projetos

    e a comunicao do projeto filtrando e enviando as informaes

    adequadas aos participantes dos projetos.

    Dinsmore e Cavalieri (2003:8) destacam as seguintes funes dos PMOs:

    suporte administrativo, mtodos e padres, consultoria e aconselhamento,

    treinamento em procedimentos, gesto de projetos e ferramentas e

    acompanhamento dos profissionais em gerncia de projetos.

    Vilela & Mendes (2004) enfatizem o papel do escritrio de projetos, que

    tem sua funo ampliada com a incluso dos processos essenciais de

    Gesto do Conhecimento (GC) s demandas dos projetos.

    Dessa forma, toda iniciativa em gerenciar o conhecimento de equipes de

    projetos reside na formulao prvia de estratgias de conhecimento a

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    serem monitoradas pelo PMO na gesto dos conhecimentos gerados no

    desenvolvimento dos projetos (Vilela & Mendes, 2004).

    4. Prticas para Reteno do Conhecimento

    O trip crtico processos, ferramentas e pessoas sempre servem de base

    para explicaes sobre estratgia e gesto. E no ser diferente. Para

    implementar a Gesto do Conhecimento na empresa, necessrio

    tambm ter processos bem definidos e compartilhados com todas as

    pessoas, e que todos tenham internalizado a cultura organizacional. Eexistem diversas ferramentas que apoiam na Gesto do Conhecimento

    para entrega e manuteno dos servios de consultoria de Tecnologia da

    Informao, como por exemplo, Microsoft SharePoint e SAP Solution

    Manager.

    A empresa que inova e se adapta mais rapidamente consegue liderar.

    Para inovar necessrio conhecimento. Para criar o conhecimento e

    manter a empresa gil necessria a gesto por processos, e gesto porcompetncia para extrair o melhor das pessoas.

    A empresa que utiliza BPM (Business Process Management) consegue

    criar uma linguagem nica e global em todas as reas, pois todos

    entendem e falam processos. E uma maneira lgica, estruturada e fcil de

    utilizar os processos em Gesto do Conhecimento criar uma taxonomia

    baseado nos cenrios, processos e atividades de negcio. Por exemplo:

    VDS - Vendas

    VDS-01 - Vendas Diretas

    001 - Criar ordem de venda

    002 - Criar documento de faturamento

    003 - Criar documento de remessa

    004 - Emitir nota fiscal

    VDS-02 - Vendas Indiretas

    VDS-03 - Venda de Produto Acabado

    SUP - Suprimentos

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    SUP-01 - Compra de Matria-Prima

    SUP-02 - Compra de Embalagem

    E no exemplo acima, j nota-se a adoo de uma nomenclatura, o que

    facilita a comunicao, a administrao, a classificao e a categorizao

    de contedo.

    A identificao de processos crticos pelo negcio ajuda na priorizao

    dos servios de TI e na importncia que deve ser dada ao conhecimento

    relacionado quele processo, ou seja, quanto mais crtico o negcio, mais

    se deve conhec-lo.

    Glossrios ou dicionrios so utilizados para descrever conceitos e

    significados dentro de um contexto, formando um dicionrio corporativo.

    Portanto, como todo idioma possui um dicionrio, a lngua prpria da

    empresa tambm deve possuir um local com definio dos termos de

    negcio.

    Melhorar o processo de recuperao de informao por meio de filtros que

    so apresentados atravs de buscas multifacetadas, criando vocabulrios

    controlados, palavras-chave e tags clouds para ajudar na classificao e

    agrupamento do conhecimento, como um meio de facilitar o encontro do

    contedo apropriado com o colaborador, alm de destacar os assuntos

    mais procurados, e portanto, direcionar e disseminar os assuntos mais

    relevantes para todos.

    importante ter um ambiente nico do projeto, onde os gestores,

    consultores especialistas e os usurios convivem em um mesmo local

    fsico, pois alm de facilitar a logstica, tambm colaboram na

    comunicao e, principalmente, a socializao do conhecimento.

    De acordo com Nonaka e Takeuchi o conhecimento necessita de umcontexto fsico para que seja criado. O conhecimento no existe apenas

    na cognio de uma pessoa. Ao contrrio, criado em aes localizadas

    (Suchman, 1987). O conhecimento no pode ser criado no vcuo, e

    necessita de um lugar onde a informao receba significado atravs da

    interpretao para tornar-se conhecimento.

    SENGE (1996) ressaltou a importncia do aprendizado em grupo no

    raciocnio sistmico, e destacou a utilizao do dilogo como principal

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    ferramenta para criao de conhecimento. E para haver dilogo so

    necessrios trs itens bsicos:

    1. levantar suposies, ou seja, entender que todas as ideias so vlidas,

    abrindo espao para qualquer ideia ou opinio, sem prender-se a modelos

    mentais.

    2. ver os outros como colegas, ou seja, as pessoas so formadas por

    experincias diferentes e possuem opinies divergentes, importante saber

    ouvi-las e respeit-las, sem encar-lo como inimigo.

    3. deve haver um orientador, ou seja, enquanto os interlocutores so

    estiverem maduros o suficiente, o mediador deve manter o dilogo no

    contexto e impedir que transforme-se em uma discusso, que deve ser

    utilizada quando se precisa tomar uma deciso.

    O intermediador representado pelo Gerente de Projeto, o que retoma

    sua importncia na Gesto do Conhecimento. Esse papel pode ser feito

    por um lder de equipe que tenha essa habilidade de conduzir um dilogo.

    Nos dilogos, o intermediador e os interlocutores precisam ficar atentados

    com as rotinas defensivas que costumam ser invisveis, mas que

    bloqueiam o aprendizado em grupo. Por exemplo, um diretor que sempre

    se considerou um lder exemplar e excelente comunicador, no entendia

    porque as pessoas no davam sugestes nas suas reunies. No entanto,

    ele no enxergava que era autoritrio e passava com firmeza seus

    objetivos, intimidando a participao de todos.

    Ao participar de um dilogo deve haver sinceridade (com ateno no

    modo como se expressa), para evitar tambm o Paradoxo de Abilene,

    onde todos aceitam uma determinada deciso ou estratgia porm

    ningum quer ou concorda!Kruglianskas & Terra (2003) propem algumas prticas listadas na tabela

    1 comuns em gerenciamento de projetos, que se aderem tanto a

    pequenas e mdias empresas, como tambm s grandes, que podem ser

    amplamente utilizadas e documentadas para a reteno do conhecimento.

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    Tabela 1 - Converso do conhecimento

    Mtodos mais conhecidos e tradicionais como os treinamentos formais

    (conceitual) e simulaes (jogos, ambiente virtual, exerccios) devem ser

    mantidos para a reteno do conhecimento.

    Vilela & Mendes (2004) descrevem o papel da gesto no processo de

    reteno do conhecimento como de grande relevncia para selecionar,

    armazenar e atualizar, sistematicamente, os conhecimentos gerados no

    decorrer do processo. Destaca-se tambm, a formao memria da

    organizao e o suporte que as TI&C (Tecnologias de Informao e

    Comunicaes) podem conferir a essa etapa da gesto de projeto do

    conhecimento.

    Ikujiro Nonaka e Hirotaka Takeuchi (Gesto do Conhecimento: Bookman,

    2008) apontam cinco promotores do conhecimento como os mais

    importantes. So eles: 1 - Incutir uma viso de conhecimento, 2 - Gesto

    de Conversaes, 3 - A mobilizao de ativistas do conhecimento, 4 - A

    criao do contexto correto e 5 - A Globalizao do conhecimento local.

    Incutir uma viso de conhecimento enfatiza a necessidade de passar da

    mecnica da estratgia de negcios importncia de se criar uma viso

    geral do conhecimento em qualquer organizao. Incutir a viso implica

    comunicar a viso organizacional at que os membros comecem a

    execut-la.

    As vises do conhecimento podem tambm possibilitar a criao de

    conceitos e a construo de prottipos.

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    Ainda de acordo com Nonaka e Takeuchi, em termos estratgicos a viso

    do conhecimento de uma empresa proporciona aos seus planos de

    negcio um corao e uma alma; a razo de ser de uma estratgia de

    avano.

    A gesto de conversaes facilita a comunicao entre os membros da

    organizao, internos e externos: por exemplo, fornecedores,

    intermedirios e clientes. Descobrir como facilitar a comunicao em

    relao s atividades organizacionais um promotor-chave para a criao

    do conhecimento - por exemplo, utilizando uma linguagem comum,

    esclarecendo e evitando qualquer mal entendido ou m interpretao,

    encorajando a comunicao ativa entre os membros da organizao.

    importante ressaltar que enquanto os executivos e as autoridades do

    conhecimento persistem em concentrar-se nos caros sistemas de

    tecnologia da informao, bases de dados quantificveis e ferramentas de

    mensurao, algumas das melhores maneiras de compartilhamento e de

    criao do conhecimento j existem dentro de suas empresas.

    A mobilizao de ativistas do conhecimento discute o que os agentes

    ativos de mudanas organizacionais podem fazer para desencadear a

    criao do conhecimento.

    Eles so responsveis por facilitar o caminho para criao e a justificao

    dos conceitos, assim como para construo de um prottipo.

    Em outras palavras, os ativistas do conhecimento so os divulgadores do

    conhecimento na empresa, espalhando a mensagem a todos. O ativismo

    pode residir em um departamento ou pessoa. Os administradores

    intermedirios tambm podem ser ativistas do conhecimento.

    A criao do contexto correto examina as conexes prximas entre aestrutura organizacional, a estratgia e a promoo do conhecimento.

    As empresas devem ter estruturas organizacionais que facilitem a criao

    do conhecimento. A chave estruturar uma organizao de forma que a

    criao do conhecimento prossiga mais efetiva e eficientemente,

    desmontando tantas barreiras individuais e organizacionais quanto

    possvel, todo o processo de criao do conhecimento depende de

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    administradores sensveis e conscientes, que encorajem um ambiente

    social no qual o conhecimento continue a crescer.

    Globalizao do conhecimento local considera o aspecto complicado

    desta disseminao. As empresas distribuem cada vez mais tarefas sobre

    uma maior rea geogrfica, sociopoltica, demogrfica e cultural, sendo

    que essas tarefas tornam-se dispersas de duas maneiras. Primeiramente,

    elas se distribuem uniformemente sobre uma grande rea geogrfica,

    levando formao paralela de conhecimento local e diferentes lugares.

    Em segundo, as tarefas podem ser dispersas por todo o sistema de

    operaes de negcios.

    A globalizao do conhecimento local uma das responsabilidades mais

    importantes do administrador da sede corporativa e dos administradores

    locais que devem cooperar para faz-la acontecer. Sendo assim, os

    executivos devem abordar inmeros aspectos: Como o conhecimento

    deveria ser globalizado? O conhecimento pode ser transferido como

    qualquer outra mercadoria? O conhecimento pode ser embalado? Quem

    mantm o conhecimento na nova localizao?

    5. Criao da Espiral do Conhecimento

    Nonaka e Takeuchi (2003) conceituam conhecimento como tipo explcito etcito, resumidamente sendo o conhecimento tcito o conhecimentoindividual, difcil de formalizar e o conhecimento explicito sendo aqueleque pode ser formalizado ou documentado.Existem 4 (quatro) modos para realizar a converso de um para o outroconforme apresentado na tabela 2. So elas:

    Socializao - De tcito para tcito, o compartilhamento dasexperincias entre os indivduos. Externalizao - de tcito para explicito, a tentativa de formalizar o"know-how", que pode ser feito com a utilizao de metforas, analogias,conceitos, hipteses ou modelos. Combinao - explicito para explicito: a propagao dos conhecimentosformalizados, como por exemplo, documentos, reunies ou sistemas decomunicao computadorizados. Internalizao - Explicito para tcito, a incorporao do conhecimento

    formal para conhecimento individual, est muito ligado ao "aprenderfazendo".

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    Tabela 2 Gerenciamento do Conhecimento

    Com este conceito em mente a organizao tem de mobilizar oconhecimento tcito criado e acumulado no nvel individual. Esteconhecimento tcito mobilizado amplificado atravs destes quatro

    modos de converso. Chamamos isso de "espiral do conhecimento"conforme a tabela 3.

    Tabela 3 - Espiral do conhecimento

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    Nonaka e Takeuchi (2003) citam um exemplo onde membros de umdepartamento de Pesquisa e Desenvolvimento concentram-se no

    potencial tecnolgico enquanto membros do departamento de produo emarketing esto interessados em outros aspectos. Com isso, apenasalgumas dessas experincias diferentes, modelos mentais, motivaes eintenes podem ser expressa em linguagem explcita. Assim, exigido oprocesso de socializao no compartilhamento do conhecimento tcito.Ainda de acordo com Nonaka e Takeuchi, algumas empresas adotaram oBrainstorming Camps, reunies para discutir-se diversas ideias, comoinstrumento para tal finalidade.Podemos associar facilmente essa ideia com servios de consultoria,

    onde pode-se utilizar a socializao para colocar o consultor em harmonia

    com as necessidades da empresa e posteriormente direcionar os esforos

    para a externalizao do capital intelectual do consultor.

    O projeto como sendo algo temporrio e nico, portanto, necessrio

    compartilhar as lies aprendidas, disseminando e criando conhecimento,

    pois como um projeto no exatamente igual ao outro, no se pode

    utilizar um conhecimento de um projeto e aplic-lo exatamente igual em

    outro, mas com a espiral do conhecimento podemos ter projetos melhores,

    tanto no sentido da criao/inovao de projeto como na conduo.

    Vilela & Mendes referenciam o PMI (2000:49), onde destacam que lies

    aprendidas devem ser documentadas gerando uma base de dados.

    Segundo Heldman (2003), as lies aprendidas servem para documentar

    sucessos e fracassos durante o projeto e deve conter registros para

    utilizao no prprio projeto ou em projetos futuros. Informaes histricasso teis para os envolvidos no projeto. Informaes de projetos

    anteriores podem ajudar inicialmente a decidir sobre a aceitao e incio

    de um projeto.

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    CONCLUSO

    Conhecimento tcito e explicito, este o primeiro e mais importante item

    que qualquer organizao que queira implementar uma Gesto voltada

    ao conhecimento deve ter em mente.

    Conhecimento explicito, aquele que temos documentado ou mesmo

    formalizado entre os colaboradores, que podemos expressar em

    palavras ou nmeros.

    Conhecimento tcito, aquele que est na cabea de cada colaborador,

    a experincia e vivncia de cada um, como por exemplo a resoluo de

    forma quase automtica de um problema que uma pessoa realiza pelo

    fato de conhecer muito bem e a muito tempo o assunto, o "know-how" de

    cada um.

    O grande desafio da Gesto do Conhecimento justamente transformar

    o conhecimento explicito de uma organizao em tcito para cada

    colaborador e o conhecimento tcito de cada um em conhecimento

    explicito para a empresa.

    O primeiro passo para esta transformao o comprometimento e viso

    da alta direo da organizao. O investimento em softwares etecnologias para propagao e reteno do conhecimento sero os

    ltimos itens a serem avaliados na Gesto do Conhecimento.

    Reconhecer e valorizar o capital intelectual fundamental neste modelo

    de Gesto. O consultor uma fonte rica de conhecimento, pois o mesmo

    traz consigo a experincia de diversos cenrios e principalmente o tempo

    dedicado especializao de um determinado produto, processo ou

    servio. Captar essa experincia e externaliza-la para a Organizaotrar resultados que vo impactar diretamente o modo e a agilidade com

    a qual a empresa lida com um novo produto ou servio implementado.

    Durante o artigo foi possvel ver que aes aparentemente simples

    possuem grande relevncia na Gesto do Conhecimento, como por

    exemplo, o desenvolvimento, organizao e disponibilizao de

    documentos para aes e solues desenvolvidas durante a prestao

    de servio, a socializao do consultor com colaboradores chave daorganizao, a disponibilidade de um local adequado para a propagao

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    e desenvolvimento do conhecimento, uso eficiente da comunicao,

    como por exemplo, o uso de siglas para fazer referncia a determinados

    assuntos, at a utilizao de ferramentas mais complexas para

    distribuio de interao das informaes. Possuindo o foco de que o

    mais importante que a informao seja de fcil acesso aos

    colaboradores e que os mesmos tenham a cultura de visualizar, interagir

    e compartilhar os novos conhecimentos adquiridos.

    Profissionais ou at mesmo departamentos dedicados responsveis por

    gerir o conhecimento so fundamentais para estabelecer essa cultura de

    comunicao e compartilhamento do conhecimento.

    Sendo assim no h receitas ou guias para a implementao da Gesto

    do Conhecimento, mas existem sim prticas e processos que podem

    melhorar o fluxo das informaes e interaes dos colaboradores dentro

    de uma organizao permitindo que a empresa saia da Sociedade

    Industrial e passe a fazer parte da Sociedade do Conhecimento.

    REFERNCIAS

    BERTOLIN, Ana Paula Guzela. A gesto do conhecimento e a gesto deprojetos.

    Disponvel em:

    http://www.ici.curitiba.org.br/Multimidia/Documento/Artigos/ArtigoMBA_AnaPaul

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    SMIT, J. W.. Como eleborar vocabulrio controlado para aplicao em

    arquivos - volume 10. So Paulo: Imprensa Oficial, 2003.

    VILELA JR., D. C.; MENDES, C. C. O papel do escritrio de

    gerenciamento de projetos na disseminao do conhecimento

    organizacional. ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE

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