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Dificuldades não impediram fechamento de uma boa Convenção Coletiva Ano XXI nº 297 Novembro / 2014 Metalúrgicos de Canoas e Nova Santa Rita Dificuldades não impediram fechamento de uma boa Convenção Coletiva RETROSPECTIVA DA CAMPANHA SALARIAL 2014 Nesta edição, queremos fazer uma retrospectiva desta que talvez tenha sido a mais difícil e longa campanha salarial da história dos metalúrgicos de Canoas e Nova Santa Rita. Foram seis meses de negociações e tentativas de negociações, incluindo as duas audiências no Tribunal Regional do Trabalho (TRT). Se considerarmos as reuniões e plenárias que antecederam a campanha salarial, o período ultrapassa os sete meses. Normalmente, entre plenárias, assembleias de definição de pauta, assembléias de avaliação de propostas e assembleias decisivas, as campanhas salariais duram três, no máximo quatro meses. Felizmente, o desfecho foi considerado muito bom para a categoria, levando-se em conta a conjuntura do ano, os resultados conquistados por outros sindicatos no Estado e as dificuldades impostas pelo sindicato patronal, que, pela intransigência, falta de democracia e diálogo com as empresas metalúrgicas, saiu desgastado e desmoralizado desta campanha salarial. Os 8% conquistados, mesmo parcelados, ficaram na média daquilo que vem sendo conquistado por outros sindicatos metalúrgicos combativos no país. E, na Região Metropolitana, a base de Canoas e Nova Santa Rita teve um dos melhores reajustes da categoria. Veja mais informações nas páginas seguintes deste jornal. Metalúrgicos aprovam pauta de reivindicações

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Dificuldades não impediramfechamento de uma boa

Convenção Coletiva

Ano XXI nº 297 Novembro / 2014

Metalúrgicos de Canoas e Nova Santa Rita

Dificuldades não impediramfechamento de uma boa

Convenção Coletiva

RETROSPECTIVA DA CAMPANHA SALARIAL 2014

Nesta edição, queremos fazer uma retrospectiva desta que talvez tenha sido a mais difícil e longa campanha salarial da história dos metalúrgicos de Canoas e Nova Santa Rita.

Foram seis meses de negociações e tentativas de negociações, incluindo as duas audiências no Tribunal Regional do Trabalho (TRT).

Se considerarmos as reuniões e plenárias que antecederam a campanha salarial, o período ultrapassa os sete meses. Normalmente, entre plenárias, assembleias de definição de pauta, assembléias de avaliação de propostas e assembleias decisivas, as campanhas salariais duram três, no máximo quatro meses.

Felizmente, o desfecho foi considerado muito bom para a categoria, levando-se em conta a conjuntura do ano, os resultados conquistados por outros sindicatos no Estado e as dificuldades impostas pelo sindicato patronal, que, pela intransigência, falta de democracia e diálogo com as empresas metalúrgicas, saiu desgastado e desmoralizado desta campanha salarial.

Os 8% conquistados, mesmo parcelados, ficaram na média daquilo que vem sendo conquistado por outros sindicatos metalúrgicos combativos no país. E, na Região Metropolitana, a base de Canoas e Nova Santa Rita teve um dos melhores reajustes da categoria.

Veja mais informações nas páginas seguintes deste jornal.

Metalúrgicos aprovam pauta de reivindicações

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CAMPANHA SALARIAL 2014

Uma grande jornadade desafios e lutas

A campanha salarial deste ano pode ser resumida da seguinte forma: uma grande jornada de desafios e lutas que, passo a passo, foram sendo vencidas na base de muito trabalho e dedicação por parte de todos os atores envolvidos, no caso os/as trabalhadores/as mobilizando-se nas fábricas, e o sindicato, seus dirigentes e assessores, promovendo as ações necessárias para se chegar ao objetivo principal, que era conquistar um reajuste digno nos salários da categoria.

Nossa campanha salarial iniciou em abril, quando dirigentes sindicais e outras lideranças nas fábricas se reuniram para avaliar a conjuntura, fazer um levantamento da realidade das empresas metalúrgicas e definir um

conjunto de reivindicações a ser encaminhada aos patrões.

As empresas vinham de um 2013 muito bom, com o Rio Grande do Sul crescendo acima da média nacional. A política industrial executada pelos governo estadual e federal contemplava 23 setores estratégicos da economia. O Estado ampliou a abrangência do Fundopem, consolidou o Polo Naval de Rio Grande, implantou outros dois pólos navais (Jacuí / Charqueadas e Guaíba / Porto Alegre) e potencializou o parque eólico gaúcho. Em 2013, o RS superou a média nacional em praticamente todos os indicadores. O PIB acumulado mostrava um crescimento bastante positivo da economia gaúcha, assim como a produção industrial medida pelo IBGE. Nas exportações, o RS recuperou a terceira posição no ranking nacional. A Região Metropolitana de Porto Alegre apresentou a menor taxa de desemprego em relação à população economicamente ativa do país e a pesquisa de emprego/desemprego na Região Metropolitana apurou uma taxa de desemprego total de 6,4% em 2013, a mais baixa de sua série histórica. O conjunto de informações econômicas e sociais davam a certeza de que o RS seguia o rumo de um desenvolvimento consistente, amparado em uma sólida política industrial, que, além do estímulo à produção e ao emprego e à consolidação de novos setores, agregava tecnologia e valor ao parque produtivo e contemplava ações de combate às desigualdades regionais. Era, portanto, hora de buscar um bom reajuste para a categoria metalúrgica.

Por outro lado, sabíamos que 2014 seria um ano atípico e de que enfrentaríamos uma das mais difíceis e complicadas negociações. Além da costumeira intransigência do sindicato patronal, a conjuntura econômica nacional mostrava um quadro de retração. No meio disso tudo ainda teríamos a Copa do Mundo e as eleições no sindicato, que certamente iriam atrapalhar as negociações e mobilizações, o que acabou acontecendo. Considerando tudo isso, as plenárias realizadas pela Federação dos Metalúrgicos e pelo sindicato definiram que reivindicar a reposição da inflação, mais um aumento real de 4% nos salários, algo em torno dos 10%, seria uma pedida justa.

O sindicato convocou e realizou assembleia geral para avaliar e aprovar a pauta de reivindicações. Em seguida encaminhou esta pauta para o Sindicato Patronal tomar conhecimento e estabelecer uma agenda de negociações. Logo no início da campanha salarial, alegando “crise”, o sindicato patronal desconsiderou a pedida inicial e ofereceu um reajuste de apenas 6%. A contraproposta foi considerada uma afronta, pois mal recuperava as perdas inflacionárias entre maio/2013 e abril/2014 (5,82%). O aumento real de 0,18% oferecido pelos patrões foi considerado algo como uma “esmola”. Em seguida, sem dar tempo para que o nosso sindicato tivesse a oportunidade de convocar e realizar uma assembleia geral para avaliar aquela proposta, os patrões encerraram unilateralmente as negociações e buscaram a Justiça do Trabalho pra ajuizar um dissídio.

O nosso sindicato não aceitou a proposta patronal e o rompimento do tradicional processo de negociação da

Harman

Full Gauge

Urano

Projeto Metalúrgica

Sulpol

Liess

Siemens

Bulk, Master e Reflex

Forjasul

Alstom

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Convenção Coletiva, e decidiu lutar por um reajuste maior nas fábricas que se mostraram dispostas a negociar. Grande parte das médias e grandes empresas, contrapondo o próprio sindicato patronal, concordaram em reajustar os salários de seus funcionários em 8%. O parâmetro adotado na ocasião considerava o fechamento das convenções coletivas dos setores de Máquinas Agrícolas e Reparação de Veículos, com reajustes de 8%.

O período entre junho e agosto foi o mais complicado. Os patrões apostaram na desmobilização dos trabalhadores/as e, mais uma vez, foram vencidos. O sindicato manteve as negociações e mobilizações por fábrica em meio à realização dos jogos da Copa do Mundo, o início das eleições gerais no país e à eleição no sindicato, que teve uma chapa de oposição que, além de não mover uma palha pra contribuir com as lutas da campanha salarial, mentia descaradamente para os/as trabalhadores/as. Entre as mentiras, dizia nas fábricas que se negavam a negociar fora do dissídio que o sindicato já havia fechado “acordinho de 6% com o patrão”. Felizmente, a grande maioria dos/as companheiros/as, cientes do trabalho sério da direção cutista, não levou à sério a caranguejada, tanto que a Chapa 1, da CUT, acabou vencendo de lavada, com extraordinários 75% dos votos válidos.

Em setembro, o sindicato buscava a mobilização e os acordos de 8% por fábricas. Como a maioria das médias e grandes empresas já haviam concordado com o reajuste, um levantamento feito pelo sindicato mostrou que mais de 70% da categoria já tinha assegurado o reajuste de 8%. Porém, algumas poucas empresas de médio e grande porte, e muitas micro e pequenas empresas da categoria seguiram a orientação do sindicato patronal e não deram um reajuste maior. Era preciso continuar a luta e criar novas formas de mobilização, como os acampamentos que foram realizados na frente de importantes fábricas e que muito incomodaram a patrãozada.

Enquanto o nosso sindicato negociava e fechava acordos

com reajuste de 8% em muitas fábricas, rejeitava no TRT as propostas apresentadas pelo sindicato patronal. No tribunal, apresentava os vários acordos com reajuste de 8% e declarava não aceitar a proposta patronal, mantendo o impasse. Isso forçou o TRT a apresentar na reunião de mediação realizada no dia 6 de outubro uma proposta salarial com avanços, que foi considerada satisfatória porque, mesmo de forma parcelada, atingia a meta dos 8%.

Alguns dias depois, 13 de outubro, em assembleia geral decisiva, os trabalhadores e trabalhadoras presentes avaliaram a porposta do TRT como satisfatória e a aprovaram por unanimidade. A partir daí, nenhum trabalhador ou trabalhadora metalúrgica de Canoas e Nova Santa Rita ficaria sem o reajuste de 8%, sendo 6% retroativos a 1º/05/2014 (data-base) para todos os salários e 2% em 1º/11/2014, limitado este índice complementar à parcela de salários de até R$ 4.390,24 (limitador imposto pelo sindicato patronal). Outra boa conquista foi a valorização do piso salarial da categoria: A partir de 1º/11/2014, o piso salarial passa a valer R$ 990,00 (reajuste de 8,93% sobre maio/2013) e, em 1º/02/2015, passa a valer R$ 1.034,00 (reajuste de 13,77% sobre maio/2013). Os reajustes nos salários e no piso salarial repõem as perdas causadas pela inflação entre maio/2013 e abril/2014 (5,82%) e garantem um bom aumento real nos salários.

“O sindicato patronal criou o impasse, achava que a gente não teria fôlego para tocar a campanha durante todo este conturbado ano e presumiu que a gente iria desistir no meio do caminho. Isso jamais esteve nos nossos planos. Nosso sindicato sempre esteve aberto ao diálogo e à negociação, e ia lutar o tempo que fosse necessário para atingir a meta de conquistar o reajuste de 8%”, resumiu o presidente do sindicato, Paulo Chitolina.

A direção do Sindicato dos Metalúrgicos de Canoas e Nova Santa Rita agradece a todos que colaboraram para a conquista de uma boa Convenção Coletiva, especialmente os trabalhadores e trabalhadoras que contribuíram participando das assembleias e mobilizações nas fábricas, e os companheiros dirigentes de outros sindicatos metalúrgicos ou não que contribuíram para dar sustentação às lutas e mobilizações.Raisman

Beretta

Agco

Edlo

Biometal

Metalmolas

Pampa

CEL

Maxiforja

Harman

Midea Carrier

MWM International

Mangels

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O jornal A Vez e a Voz do Peão é uma publicação do Sindicato dos Metalúrgicos de Canoas e Nova Santa Rita - STIMMMEC - Endereço: Rua Caramuru, 330 - Centro - Canoas/RS - Fone DDG: 0800.6024955 - Site: www.sindimetalcanoas.org.br - Email: [email protected] -

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CAMPANHA SALARIAL 2014

Reajuste dos metalúrgicos deCanoas e Nova Santa Rita acima

da média da categoria no RS Em razão das dificuldades impostas pelos patrões e pela conjuntura de um ano atípico e bastante agitado por causa da Copa do Mundo e das eleições gerais e no sindicato, o resultado da campanha salarial foi considerado muito bom para a categoria.

Essa avaliação feita pela diretoria do sindicato é compartilhada por grande parte dos trabalhadores e trabalhadoras consultados nas

fábricas.

Se levarmos ainda em consideração a alegada crise no ano e os resultados conquistados por outras categorias e bases metalúrgicas, podemos afirmar que a conquista do reajuste de 8%, mesmo parcelada em duas vezes (6% em maio e 2% em novembro), trouxe satisfação para todos.

Outro dado importante: entre as bases metalúrgicas do Estado, a de Canoas e Nova Santa Rita é a que teve um dos melhores reajustes.

Salário Mínimo Nacional: R$ 724,00

Piso Regional do RS: R$ 943,98

Pisos salariaisMetalúrgicos / Máquinas Agrícolas:

R$ 990,00 a partir de 1º de novembroReparação de Veículos:

R$ 1.016,40 (piso normativo)R$ 908,60 (para aprendiz e borracheiro)

Perda inflacionária - INPC/IBGEMaio/2014 a Setembro/2014: 1,67%

Adicional de InsalubridadeGrau Médio / 20% do SM: R$ 144,80

Grau Máximo / 40% do SM: R$ 289,60Metalúrgicos de Canoas e Nova Santa Rita

EXPEDIENTE

Assembleia define reivindicações

Plenária da Campanha Salarial em Esteio

Assembleia aprova proposta do TRT