revisão 1ªfase-2013-beto

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MATERIAL ESPECIAL REVISÃO 1ª FASE UEL FILOSOFIA – PROFESSOR BETO 1) (UFU-MG 2011) Leia o texto e as assertivas abaixo a respeito das relações entre o nascimento da filosofia e a mitologia. O nascimento da filosofia na Grécia é marcado pela passagem da cosmogonia para cosmologia. A cosmogonia, típica do pensamento mítico, é descritiva e explica como do caos surge o cosmos, a partir da geração dos deuses, identificados às formas da natureza. Na cosmologia, as explicações rompem com a religiosidade: a arché (princípio) não se encontra mais na ordem do tempo mítico, mas significa princípio teórico, enquanto fundamento de todas as coisas. Daí a diversidade das escolas filosóficas, dando origem a fundamentações conceituais (e portanto abstratas) muito diferentes entre si. I – Uma corrente de pensamento afirma que houve ruptura completa entre mito e filosofia, tal corrente é a que defende a tese do milagre grego. II – Outra corrente do pensamento afirma que não houve ruptura completa entre mito e filosofia, mas certa continuidade, é a que defende a tese do mito noético. Assinale a alternativa correta. a) I é falsa e II verdadeira b) I é verdadeira e II é falsa c) I e II são verdadeiras d) I e II são falsas 2) (UEL) Observe a charge e leia o texto a seguir. Animal Político Não alimente Fonte: LAERTE. Classificados. São Paulo: Devir, 2001. p. 25. “É evidente, pois, que a cidade faz parte das coisas da natureza, que o homem é naturalmente um animal político, destinado a viver em sociedade, e que aquele que, por instinto, e não porque qualquer circunstância o inibe, deixa de fazer parte de uma cidade, é um ser vil ou superior ao homem [...].” (ARISTÓTELES. A política. Trad. de Nestor Silveira Chaves. Rio de Janeiro: Ediouro, 1997. p. 13.) Com base no texto de Aristóteles e na charge, é correto afirmar: a) O texto de Aristóteles confirma a ideia exposta pela charge de que a condição humana de ser político é artificial e um obstáculo à liberdade individual. b) A charge apresenta uma interpretação correta do texto de Aristóteles segundo a qual a política é uma atividade nociva à coletividade devendo seus representantes serem afastados do convívio social. c) A charge aborda o ponto de vista aristotélico de que a dimensão política do homem independe da convivência com seus semelhantes, uma vez que o homem bastasse a si próprio. d) A charge, fazendo alusão à afirmação aristotélica de que o homem é um animal político por natureza, sugere uma crítica a um tipo de político que ignora a coletividade privilegiando interesses particulares e que, por isso, deve ser evitado. e) Tanto a charge quanto o texto de Aristóteles apresentam a ideia de que a vida em sociedade degenera o homem, tornando-o um animal. 3) Leia o texto a seguir. Locke divide o poder do governo em três poderes, cada um dos quais origina um ramo de governo: o poder legislativo (que é o fundamental), o executivo (no qual é incluído o judiciário) e o federativo (que é o poder de declarar a guerra, concertar a paz e estabelecer alianças com outras comunidades). Enquanto o governo continuar sendo expressão da vontade livre dos membros da sociedade, a rebelião não é permitida: é injusta a rebelião contra um governo legal. Mas a rebelião é aceita por Locke em caso de dissolução da sociedade e quando o governo deixa de cumprir sua função e se transforma em uma tirania. (LOCKE, John. In: MORA, J. F.Dicionário de Filosofia. São Paulo: Loyola, 2001. V. III. p. 1770.) Com base no texto e nos conhecimentos sobre John Locke, é correto afirmar: I. O direito de rebelião é um direito natural e legítimo de todo cidadão sob a vigência da legalidade.

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MATERIAL ESPECIALREVISÃO 1ª FASE UEL

FILOSOFIA – PROFESSOR BETO

1) (UFU-MG 2011) Leia o texto e as assertivas abaixo a respeito das relações entre o nascimento da filosofia e a mitologia. O nascimento da filosofia na Grécia é marcado pela passagem da cosmogonia para cosmologia. A cosmogonia, típica do pensamento mítico, é descritiva e explica como do caos surge o cosmos, a partir da geração dos deuses, identificados às formas da natureza. Na cosmologia, as explicações rompem com a religiosidade: a arché (princípio) não se encontra mais na ordem do tempo mítico, mas significa princípio teórico, enquanto fundamento de todas as coisas. Daí a diversidade das escolas filosóficas, dando origem a fundamentações conceituais (e portanto abstratas) muito diferentes entre si.

I – Uma corrente de pensamento afirma que houve ruptura completa entre mito e filosofia, tal corrente é a que defende a tese do milagre grego.II – Outra corrente do pensamento afirma que não houve ruptura completa entre mito e filosofia, mas certa continuidade, é a que defende a tese do mito noético.

Assinale a alternativa correta. a) I é falsa e II verdadeirab) I é verdadeira e II é falsac) I e II são verdadeirasd) I e II são falsas

2) (UEL) Observe a charge e leia o texto a seguir.

Animal Político Não alimente

Fonte: LAERTE. Classificados. São Paulo: Devir, 2001. p. 25.

“É evidente, pois, que a cidade faz parte das coisas da natureza, que o homem é naturalmente um animal político, destinado a viver em sociedade, e que aquele que, por instinto, e não porque qualquer circunstância o inibe, deixa de fazer parte de uma cidade, é um ser vil ou superior ao homem [...].” (ARISTÓTELES. A política. Trad. de Nestor Silveira Chaves. Rio de Janeiro: Ediouro, 1997. p. 13.)

Com base no texto de Aristóteles e na charge, é correto afirmar:

a) O texto de Aristóteles confirma a ideia exposta pela charge de que a condição humana de ser político é artificial e um obstáculo à liberdade individual.

b) A charge apresenta uma interpretação correta do texto de Aristóteles segundo a qual a política é uma atividade nociva à coletividade devendo seus representantes serem afastados do convívio social.

c) A charge aborda o ponto de vista aristotélico de que a dimensão política do homem independe da convivência com seus semelhantes, uma vez que o homem bastasse a si próprio.

d) A charge, fazendo alusão à afirmação aristotélica de que o homem é um animal político por natureza, sugere uma crítica a um tipo de político que ignora a coletividade privilegiando interesses particulares e que, por isso, deve ser evitado.

e) Tanto a charge quanto o texto de Aristóteles apresentam a ideia de que a vida em sociedade degenera o homem, tornando-o um animal.

3) Leia o texto a seguir.

Locke divide o poder do governo em três poderes, cada um dos quais origina um ramo de governo: o poder legislativo (que é o fundamental), o executivo (no qual é incluído o judiciário) e o federativo (que é o poder de declarar a guerra, concertar a paz e estabelecer alianças com outras comunidades). Enquanto o governo continuar sendo expressão da vontade livre dos membros da sociedade, a rebelião não é permitida: é injusta a rebelião contra um governo legal. Mas a rebelião é aceita por Locke em caso de dissolução da sociedade e quando o governo deixa de cumprir sua função e se transforma em uma tirania.

(LOCKE, John. In: MORA, J. F.Dicionário de Filosofia. São Paulo: Loyola, 2001. V. III. p. 1770.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre John Locke, é correto afirmar:I. O direito de rebelião é um direito natural e legítimo de todo cidadão sob a vigência da legalidade.II. O Estado deve cuidar do bem-estar material dos cidadãos sem tomar partido em questões de matéria religiosa.III. O poder legislativo ocupa papel preponderante.IV. Na estrutura de poder, dentro de certos limites, o Estado tem o poder de fazer as leis e obrigar que sejam cumpridas.

Assinale a alternativa correta.a) Somente as afirmativas I e II são corretas.b) Somente as afirmativas I e III são corretas.c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.d) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

4) Leia o seguinte texto de Locke:

Aquele que se alimentou com bolotas que colheu sob um carvalho, ou das maçãs que retirou das árvores na floresta, certamente se apropriou deles para si. Ninguém pode negar que a alimentação é sua. Pergunto então: Quando começaram a lhe pertencer? Quando os digeriu? Quando os comeu? Quando os cozinhou? Quando os levou para casa? Ou quando os apanhou?

(LOCKE, J. Segundo Tratado Sobre o Governo Civil. 3 ed. Petrópolis: Vozes, 2001, p. 98)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de John Locke, é correto afirmar que a propriedade:

I. Tem no trabalho a sua origem e fundamento, uma vez que ao acrescentar algo que é seu aos objetos da natureza o homem os transforma em sua propriedade.

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II. A possibilidade que o homem tem de colher os frutos da terra, a exemplo das maçãs, confere a ele um direito sobre eles que gera a possibilidade de acúmulo ilimitado.III. Animais e frutos, quando disponíveis na natureza e sem a intervenção humana, pertencem a um direito comum de todos.IV. Nasce da sociedade como consequência da ação coletiva e solidária das comunidades organizadas com o propósito de formar e dar sustentação ao Estado.

Assinale a alternativa correta.

a) Somente as afirmativas I e II são corretas.b) Somente as afirmativas I e III são corretas.c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.d) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas

Leia o texto seguinte e responda às questões 5 e 6.5) O debate nascido nos anos 80 sobre a crise da modernidade tem como pano de fundo a consciência do esgotamento da razão, no que se refere a sua incapacidade de encontrar perspectivas para o prometido progresso humano. O pensamento de Habermas situa-se no contexto dessa crítica. A racionalidade ocidental, desde Descartes, pretendeu a autonomia da razão, baseada no sujeito que solitariamente representa o mundo. [...] A racionalidade prevalente na modernidade é a instrumental [...].(HERMANN, N. O pensamento de Habermas. In: Filosofia, Sociedade e Educação. Ano I, n. I. Marília: UNESP, 1997. p. 122-123.)

6.A) Com base no texto e nos conhecimentos sobre a Teoria Crítica de Adorno e Horkheimer e sobre o pensamento de Jürgen Habermas, é correto afirmar que a racionalidade instrumental constitui

I. um conhecimento que se processa a partir das condições específicas da objetividade empírica do fato em si.II. o processo de entendimento entre os sujeitos acerca do uso racional dos instrumentos técnicos para o controle da natureza.III. uma forma de uso amplo da razão, que torna o homem livre para compreender a si mesmo a partir do domínio do conhecimento científico. IV. um saber orientado para a dominação e o controle técnico sobre a natureza e sobre o próprio ser humano.

Assinale a alternativa correta.a) Somente as afirmativas I e II são corretas.b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

6.B) Sobre a crítica frankfurtiana à concepção positivista de ciência e técnica, é correto afirmar que a racionalidade técnica

I. dissocia meios e fins e redunda na adoração fetichista de seus próprios meios.II. constitui um saber instrumental cujo critério de verdade é o seu valor operativo na dominação do homem e da natureza.III. aprimora a ação do ser humano sobre a natureza e resgata o sentido da destinação humana.IV. incorpora a reflexão sobre o significado e sobre os fins da ciência no contexto social.

Assinale a alternativa correta.

a) Somente as afirmativas I e II são corretas.b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

7) Leia o seguinte texto de Habermas:

A democracia se adapta a essa formação moderna do Estado territorial, nacional e social, equipado com uma administração efetiva. Isto porque um ente coletivo tem necessidade de se integrar, política e culturalmente, além de ser suficientemente autônomo do ponto de vista espacial, social econômico e militar.[...] Em decorrência da imigração e da segmentação cultural, as tendências subsumidas no termo “globalização” ameaçama composição, mais ou menos homogênea, da população em seu âmago, ou seja, o fundamento pré-político da integração dos cidadãos. No entanto, convém salientar outro fato mais marcante ainda: o Estado, cada vez mais emaranhado nas interdependências da economia e da sociedade mundial, perde, não somente em termos de autonomia e de competência para a ação, mas também em termos de substancia democrática.

(HABERMAS, J. Era das Transições. Tradução e Introdução de Flavio Beno Siebeneichler. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2003,

p.106.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre democracia em Habermas, considere as afirmativas a seguir:

I. A ampliação da economia além das fronteiras dos Estados nacionais revela a integração democrática dos países e, consequentemente, o fortalecimento da cidadania mundial.II. A democracia se amplia à medida que a economia e a imigração se deslocam além das fronteiras dos Estados nacionais, produzindo um intercâmbio social e cultural do ponto de vista global.III. A democracia circunscrita ao âmbito nacional goza de autonomia em segmentos significativos como a economia, a política e a cultura, porém, quando o Estado entra na fase da constelação pós-nacional, sofre uma redução no exercício democrático.IV. Do ponto de vista democrático, os Estados nacionais sofrem restrição em seu fundamento de integração social em decorrência do aumento da imigração, da segmentação cultural e, sobretudo, da ampliação da economia no plano global.

Assinale a alternativa correta.

a) Somente as afirmativas I e IV são corretas.b) Somente as afirmativas II e III são corretas.c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.e) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.

8) A obra mais conhecida de Jean-Jacques Rousseau, Do Contrato Social ou os Princípios do Direito Político, marca uma mudança radical na concepção de soberania. Sobre isso, leia o trecho abaixo e assinale a alternativa correta.

“Essa pessoa pública, que se forma, desse modo, pela união de todas as outras, tomava antigamente o nome de cidade e, hoje, o de república ou de corpo político, (...). Quanto aos associados, recebem eles, coletivamente, o nome de povo e se chamam, em particular, cidadãos, enquanto partícipes da autoridade soberana, e súditos enquanto submetidos às leis do Estado.” (ROUSSEAU, J. J. Do Contrato Social. Col. Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1973.)

A) O povo é, ao mesmo tempo, cidadão e súdito; o primeiro quando é ativo, o segundo quando é passivo.B) Pelo texto acima, fica claro que, para Rousseau, a autoridade soberana pertence ao Estado e não ao povo.C) O povo obedecerá às leis feitas pelo Governo, pois ao Governo pertence a autoridade soberana.D) Para Rousseau, o corpo político é formado pelos cidadãos, e exclui os súditos.

9) Na regulação de matérias culturalmente delicadas, como, por exemplo, a linguagem oficial, os currículos da educação pública, o status das Igrejas e das comunidades religiosas, as normas do direito penal (por exemplo, quanto ao aborto), mas também em assuntos menos chamativos, como, por exemplo, a posição da

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família e dos consórcios semelhantes ao matrimônio, a aceitação de normas de segurança ou a delimitação das esferas pública e privada – em tudo isso refere-se amiúde apenas o autoentendimento ético-político de uma cultura majoritária, dominante por motivos históricos. Por causa de tais regras, implicitamente repressivas, mesmo dentro de uma comunidade republicana que garanta formalmente a igualdade de direitos para todos, pode eclodir um conflito cultural movido pelas minorias desprezadas contra a cultura da maioria. 

HABERMAS, J. A inclusão do outro: estudos de teoria política. São Paulo: Loyola, 2002.

A reivindidação dos direitos culturais das minorias, como exposto por Habermas, encontra amparo nas democracias contemporâneas, na medida em que se alcança 

a) a secessão, pela qual a minoria discriminada obteria a igualdade de direitos na condição da sua concentração espacial, num tipo de independência nacional.

b) a reunificação da sociedade que se encontra fragmentada em grupos de diferentes comunidades étnicas, confissões religiosas e formas de vida, em torno da coesão de uma cultura política nacional.

c) a coexistência das diferenças, considerando a possibilidade de os discursos de autoentendimento sesubmeterem ao debate público, cientes de que estarão vinculados à coerção do melhor argumento.

d) a autonomia dos indivíduos que, ao chegarem à vida adulta, tenham condições de se libertar das tradições de suas origens em nome da harmonia da política nacional.

e) o desaparecimento de quaisquer limitações, tais como lingaguem política ou distintas convenções de comportamento, para compor a arena política a ser compartilhada.

Leia o seguinte texto der Francis Bacon e responda a questão 10

[...] é necessário, ainda, introduzir-se um método completamente novo, uma ordem diferente e um novo processo, para continuar e promover a experiência. Pois a experiência vaga, deixada a si mesma [...] é um mero tateio, e presta-se mais a confundir os homens que a informá-los. Mas quando a experiência proceder de acordo com leis seguras e de forma gradual e constante, poder-se-á esperar algo de melhor da ciência.[...]A infeliz situação em que se encontra a ciência humana transparece até nas manifestações do vulgo. Afirma-se corretamente que o verdadeiro saber é o saber pelas causas. E, não indevidamente, estabelecendo-se quatro causas; a matéria, a forma, a causa eficiente, a causa final. Destas, a causa final longe está de fazer avançar as ciências, pois na verdade as corrompe; mas pode ser de interesse para as ações humanas.(BACON, F. Novo Organum ou verdadeiras indicações acerca da interpretação da natureza. São Paulo: Abril Cultural, 1973. P. 72, 99-100.)

10) Com base no texto e no pensamento de Francis Bacon acerca da verdadeira indução experimental como interpretação da natureza, é correto afirmar.

a) Na busca do conhecimento, não se podem encontrar verdades indubitáveis, sem submeter as hipóteses ao crivo da experimentação e da observação.b) A formulação do novo método científico exige submeter a experiência e a razão ao princípio de autoridade para a conquista do conhecimento.

c) O desacordo entre a experiência e a razão, prevalecendo esta sobre aquela, constitui o fundamento para o novo método científico.d) Bacon admite o finalismo no processo natural, por considerar necessário ao método perguntar para que as coisas são e como são.e) O estabelecimento de um método experimental, baseado na observação e na medida, aprimora o método escolástico.

11) O texto abaixo comenta a correlação entre ideias e impressões em David Hume. Em contrapartida, vemos que qualquer impressão, da mente ou do corpo, é constantemente seguida por uma ideia que a ela se assemelha, e da qual difere apenas nos graus de força e vividez. A conjunção constante de nossas percepções semelhantes é uma prova convincente de que umas são as causas das outras; [...].

HUME, D. Tratado da natureza humana. São Paulo: Editora da Unesp/Imprensa Oficial do Estado, 2001. p.29.

Assinale a alternativa que, de acordo com Hume, indica corretamente o modo como a mente adquire as percepções denominadas ideias.

a) Todas as nossas ideias são formas a priori da mente e, mediante essas ideias, organizamos as respectivas impressões na experiência. b) Todas as nossas ideias advêm das nossas experiências e são cópias das nossas impressões, as quais sempre antecedem nossas ideias. c) Todas as nossas ideias são cópias de percepções inteligíveis, que adquirimos através de uma experiência metafísica, que transcende toda a realidade empírica. d) Todas as nossas ideias já existem de forma inata, e são apenas preenchidas pelas impressões, no momento em que temos algum contato com a experiência.

12)(UFU) O trecho a seguir, do diálogo platônico Fédon, concerne ao modo de aquisição do conhecimento. "É preciso, portanto, que tenhamos conhecido a igualdade antes do tempo em que, vendo pela primeira vez objetos iguais, observamos que todos eles se esforçavam por alcançá-la, porém lhe eram inferiores."                                                          

(PLATÃO. Fédon. Trad. de Carlos Alberto Nunes. Belém: EDUFPA, 2002, p. 275, 75a.)

A partir do fragmento apresentado, marque a alternativa que expressa corretamente o pensamento de Platão sobre o conhecimento.

A) Platão distingue uma realidade inteligível de outra sensível. O conhecimento de todas as coisas só é possível porque as percepções advindas dos sentidos desencadeiam a reminiscência das Formas inteligíveis, apreendidas pela razão antes do nascimento.B) Platão não distingue a realidade inteligível de outra sensível. O conhecimento é o produto das sensações. O conhecimento nada mais é do que a reminiscência dessas sensações.C) Platão distingue duas ordens de realidade: o mundo sensível e a alma. O conhecimento de todas as coisas só é possível porque as sensações informam a alma sobre o mundo sensível e, a partir disso, formam a reminiscência.D) Platão distingue duas ordens de realidade: o mundo sensível e o mundo dos deuses. O conhecimento só é possível porque a alma recebe uma informação divina antes que tenha percebido os objetos sensíveis, pois todo conhecimento vem dos deuses.

13) Leia atentamente o trecho de Aristóteles, citado abaixo, e assinale a alternativa que o interpreta corretamente.

“Como já vimos há duas espécies de excelência: a intelectual e a moral. Em grande parte a excelência intelectual deve tanto o seu

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nascimento quanto o seu crescimento à instrução (por isto ela requer experiência e tempo); quanto à excelência moral, ela é o produto do hábito [...]”.

ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1996.

A) A excelência moral é superior à intelectual porque é resultado do nascimento.B) A excelência intelectual é positiva e a moral negativa.C) As excelências intelectual e moral anulam-se respectivamente.D) As excelências moral e intelectual possuem, respectivamente, origem no hábito e na instrução.

14) No Sofista, Platão faz a seguinte observação sobre a mímesis (imitação): Assim, o homem que se julgasse capaz, por uma única arte, de tudo produzir, como sabemos, não fabricaria, afinal, senão imitações e homônimos das realidades. Hábil, na sua técnica de pintar, ele poderá, exibindo de longe os seus desenhos, aos mais ingênuos meninos, dar-lhes a ilusão de que poderá igualmente criar a verdadeira realidade, e tudo o que quiser fazer. (PLATÃO. Sofista. Coleção “Os pensadores”. São Paulo: Abril Cultural, 1972. p. 159-160.)

Já Aristóteles, na Retórica, salienta o seguinte aspecto da mímesis: E, como aprender e admirar é agradável, necessário é também que o sejam as coisas que possuem estas qualidades; por exemplo, as imitações, como as da pintura, da escultura, da poesia, e em geral todas as boas imitações, mesmo que o original não seja em si mesmo agradável; pois não é o objecto retratado que causa prazer, mas o raciocínio de que ambos são idênticos, de sorte que o resultado é que aprendemos alguma coisa. (ARISTÓTELES. Retórica. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2006. p. 138.)

Com base nos textos e nos conhecimentos sobre o tema da mímesis em Platão e em Aristóteles, assinale a alternativa correta.

a) A pintura, para Platão, se afasta do verdadeiro, por apresentar o mundo inteligível, mas, para Aristóteles, o problema é que ela causa prazer.b) Platão considera que o pintor pode esclarecer as pessoas ingênuas, fazendo-as acreditar que sua pintura é o real, mas Aristóteles considera que o engano está no pintor e não na pintura.c) Para Platão, a mímesis representa a cópia da cópia e o artista não conhece a realidade do imitado em seu grau mais elevado; já para Aristóteles, uma das causas do surgimento da mímesis é o fato de os homens se comprazerem no imitado.d) Para Platão, aprendemos com as imitações, uma vez que elas nos distanciam do engano, enquanto que, para Aristóteles, por causar prazer, a imitação deve ser banida.e) De acordo com Platão, ao imitar, o pintor apresenta a realidade ideal, o que causa admiração; para Aristóteles, a imitação também desvela o mundo ideal, no entanto, por ser ingênua, não permite que os homens contemplem a verdade.

15) Leia os textos a seguir.

[...] seria possível reconstituir a história da arte a partir do confronto de dois pólos, no interior da própria obra de arte, e ver o conteúdo dessa história na variação do peso conferido seja a um pólo, seja a outro. Os dois pólos são o valor de culto da obra e seu valor de exposição. [...] À medida que as obras de arte se emancipam do seu uso ritual, aumentam as ocasiões para que elas sejam expostas. (p. 172).

(BENJAMIN, W. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica - Primeira versão. In:Magia e técnica, arte e política : ensaios sobre literatura e história da cultura. 7. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de Walter Benjamin, é correto afirmar:

a) O resgate da aura artística da obra de arte promovido pela reprodutibilidade técnica amplia sua função potencialmente democratizadora, permitindo o acesso de um número maior de pessoas à sua contemplação.

b) O declínio da aura da obra de arte, decorrente de sua crescente elitização e das novas técnicas de reprodução em série, reforça seu valor tradicional de culto e amplia a percepção estética das coletividades humanas.c) A arte, na sociedade primitiva, tinha por finalidade atender aos rituais religiosos, por isso possuía um caráter aurático vinculado ao valor de culto, o qual se perde com o avanço da reprodutibilidade técnica, na época moderna.d) O cinema manifesta-se como uma obra de arte aurática, pois suscita em cada um dos espectadores uma forma singular e única de se relacionar com o objeto artístico no interior do qual mergulha e nele se distrai.e) O que determina o esvaziamento da aura da obra de arte reproduzida tecnicamente é a sua reclusão e a perda do valor de exposição, o que restringe o acesso das massas, que se tornaram alienadas

16) A obra de Galileu Galilei está indissoluvelmente ligada à revolução científica do século XVII, a qual implicou uma “mutação” intelectual radical, cujo produto e expressão mais genuína foi o desenvolvimento da ciência moderna no pensamento ocidental. Neste sentido, destacam-se dois traços entrelaçados que caracterizam esta revolução inauguradora da modernidade científica: a dissolução da idéia greco-medieval do Cosmos e a geometrização do espaço e do movimento.

(KOYRÉ, A. Estudos Galilaicos. Lisboa: Dom Quixote, 1986. pp. 13-20; KOYRÉ, A. Estudos de História do Pensamento Científico . Brasília, Editora UnB, 1982. pp. 152-154.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre as características que marcam revolução científica no pensamento de Galileu Galilei, assinale a alternativa correta.

a) A dissolução do Cosmos representa a ruptura com a idéia do Universo como sistema imutável, heterogêneo, hierarquicamente ordenado, da física aristotélica.b) A crença na existência do Cosmos, na física aristotélica, se situa na concepção de um Universo aberto, indefinido e até infinito, unificado e governado pelas mesmas leis universais.c) Contrária à concepção tradicional de ciência de orientação aristotélica, a física galilaica distingue e opõe os dois mundos do Céu e da Terra e suas respectivas leis.d) A geometrização do espaço e do movimento, na física galilaica, aprimora a concepção matemática do Universo cósmico qualitativamente diferenciado e concreto da física aristotélica.e) A física galilaica identifica o movimento a partir da concepção de uma totalidade cósmica, em cuja ordem cada coisa possui um lugar próprio conforme sua natureza.

17) Leia o texto a seguir.

Para esclarecer o que seja a imitação, na relação entre poesia e o Ser, no Livro X de A República, Platão parte da hipótese das ideias, as quais designam a unidade na pluralidade, operada pelo pensamento. Ele toma como exemplo o carpinteiro que, por sua arte, cria uma mesa, tendo presente a ideia de mesa, como modelo. Entretanto, o que ele produz é a mesa e não a sua ideia. O poeta pertence à mesma categoria: cria um mundo de mera aparência.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre a teoria das ideias de Platão, é correto afirmar::

a) Deus é o criador último da ideia, e o artífice, enquanto coparticipante da criação divina, alcança a verdadeira causa das coisas a partir do reflexo da ideia ou do simulacro que produz.b) A participação das coisas às ideias permite admitir as realidades sensíveis como as causas verdadeiras acessíveis à razão.c) Os poetas são imitadores de simulacros e por intermédio da imitação não alcançam o conhecimento das ideias como verdadeiras causas de todas as coisas.d) As coisas belas se explicam por seus elementos físicos, como a cor e a figura, e na materialidade deles encontram sua verdade: a beleza em si e por si.

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e) A alma humana possui a mesma natureza das coisas sensíveis, razão pela qual se torna capaz de conhecê-las como tais na percepção de sua aparência.

18) Na obra Discurso sobre o método, René Descartes propôs um novo método de investigação baseado em quatro regras fundamentais, inspiradas na geometria: evidência, análise, síntese, controle. Assinale a alternativa que contenha corretamente a descrição das regras de análise e síntese.

A) A regra da análise orienta a enumerar todos os elementos analisados; a regra da síntese orienta decompor o problema em seus elementos últimos, ou mais simples.B) A regra da análise orienta a decompor cada problema em seus elementos últimos ou mais simples; a regra da síntese orienta ir dos objetos mais simples aos mais complexos.C) A regra da análise orienta a remontar dos objetos mais simples até os mais complexos; a regra da síntese orienta prosseguir dos objetos mais complexos aos mais simples.D) A regra da síntese orienta a acolher como verdadeiro apenas aquilo que é evidente; a regra da análise orienta descartar o que é evidente e só orientar-se, firmemente, pela opinião.

19) Leia o texto a seguir.

Justiça e Estado apresentam-se como elementos indissociáveis na filosofia política hobbesiana. Ao romper com a concepção de justiça defendida pela tradição aristotélico-escolástica. Hobbes propõe uma nova moralidade relacionada ao poder político e sua constituição jurídica. O Estado surge pelo pacto para possibilitar a justiça e, na conformidade com a lei, se sustenta por meio dela. No Leviatã (caps. XIV-XV), a justiça hobbesiana fundamenta-se, em última instância, na lei natural concernente à autoconservação, da qual deriva a segunda lei que impõe a cada um a renúncia de seu direito a todas as coisas, para garantir a paz e a defesa de si mesmo. Desta, por sua vez, implica a terceira lei natural: que os homens cumpram os pactos que celebrarem. Segundo Hobbes, “onde não há poder comum não há lei, e onde não há lei não há injustiça. Na guerra, a força e a fraude são as duas virtudes cardeais”.

(HOBBES, T.Leviatã

. Trad. J. Monteiro e M. B. N. da Silva. São Paulo: Nova Cultural, 1997. Coleção Os Pensadores, cap. XIII.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de Hobbes, é correto afirmar:

a) A humanidade é capaz, sem que haja um poder coercitivo que a mantenha submissa, de consentir na observância da justiça e das outras leis de natureza a partir do pacto constitutivo do Estado.b) A justiça tem sua origem na celebração de pactos de confiança mútua, pelos quais os cidadãos, ao renunciarem sua liberdade em prol de todos, removem o medo de quando se encontravam na condição natural de guerra.c) A justiça é definida como observância das leis naturais e, portanto, a injustiça consiste na submissão ao poder coercitivo que obriga igualmente os homens ao cumprimento dos seus pactos.d) As noções de justiça e de injustiça, como as de bem e de mal, têm lugar a partir do momento em que os homens vivem sob um poder soberano capaz de evitar uma condição de guerra generalizada de todos.e) A justiça torna-se vital para a manutenção do Estado na medida em que as leis que a efetivam sejam criadas, por direito natural, pelos súditos com o objetivo de assegurar solidariamente a paz e a segurança de todos.

20) Jürgen Habermas (1929) pertenceu inicialmente à escola de Frankfurt, também conhecida como Teoria Crítica, antes de fazer seu próprio caminho de investigação filosófica. Sobre o pensamento de Jürgen Habermas, assinale o que for correto.

01) Jürgen Habermas opõe-se ao racionalismo cartesiano, por considerá-lo fundamentado numa filosofia do sujeito e na razão monológica e logocêntrica. 02) Ao afastar-se da Escola de Frankfurt, Jürgen Habermas abandona, ao mesmo tempo, a teoria crítica da sociedade e a crítica da razão instrumental.04) Ao contrário de Max Horkheimer, Theodor W. Adorno e Walter Benjamin, Jürgen Habermas continua fiel ao materialismo histórico, ou seja, à ortodoxia marxista. 08) A relação posta pela Filosofia positivista entre o objeto da investigação científica e o sujeito que investiga é, para Jürgen Habermas, o caminho a ser adotado por uma racionalidade que deseja a emancipação humana. 16) A racionalidade comunicativa, contida na Teoria da ação comunicativa de Jürgen Habermas, elabora-se na interação intersubjetiva, mediatizada pela linguagem de sujeitos que desejam alcançar, por meio do entendimento, um consenso autêntico.

SOMA:_______

21) Leia o texto a seguir.

Francis Bacon, em sua obra Nova Atlântida, imagina uma utopia tecnocrática na qual o sofrimento humano poderia ser removido pelo desenvolvimento e pelo aperfeiçoamento do conhecimento científico, o qual permitiria uma crescente dominação da natureza e um suposto afastamento do mito. Na obra Dialética do Esclarecimento, Adorno e Horkheimer defendem que o projeto iluminista de afastamento do mito foi convertido, ele próprio, em mito, caindo no dogmatismo e em numa forma de mitologia. O progresso técnico-científico consiste, para Adorno e Horkeheimer, no avanço crescente da racionalidade instrumental, a qual é incapaz de frear iniciativas que afrontam a moral, como foram, por exemplo, os campos de concentração nazistas.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o desenvolvimento técnico-científico, é correto afirmar:

a) Bacon pensava que o incremento da racionalidade instrumental aliviaria as causas do sofrimento humano, apesar de a razão, a longo prazo, sucumbir novamente ao mito.b) Adorno e Horkheimer concordavam que o progresso científico não consegue superar o mito, mas se torna um tipo de concepção mítica incapaz de discriminar o que é certo do que é errado moralmente.c) Adorno e Horkheimer sustentavam que o crescente avanço da racionalidade instrumental consistia num incremento da capacidade humana de avaliar moralmente.d) Bacon apontava que o aumento da capacidade de domínio do homem sobre a natureza conduziria os seres humanos a uma forma de dogmatismo.e) Tanto Adorno e Horkheimer quanto Bacon viam o progresso técnico e científico como a solução para os sofrimentos humanos e para as incertezas morais humanas

22) O texto abaixo comenta alguns aspectos da reflexão de Immanuel Kant sobre a ética. E por que realizamos atos contrários ao dever e, portanto, contrários à razão? Kant dirá que é porque nossa vontade é também afetada pelas

Inclinações, que são os desejos, as paixões, os medos, e não apenas pela razão. Por isso afirma que devemos educar a vontade para alcançar a boa vontade, que seria aquela guiada unicamente pela razão.

COTRIM, G.; FERNANDES, M. Fundamentos de Filosofia

. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 301.

Sobre a reflexão ética de Kant, assinale a alternativa INCORRETA. A) A ação por dever é aquela que exclui todas as determinações advindas da sensibilidade, como os desejos, as paixões e os medos. B) A ação por dever está fundada na autonomia, ou seja, na capacidade que todo homem tem de escolher as regras que sua própria razão construiu.

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C) A ação por dever é uma expressão da boa vontade, na medida em que exige que a mesma regra, escolhida para um certo caso, possa ser utilizada por todos os agentes racionais. D) A ação por dever é aquela que reflete um meio termo ou um equilíbrio entre as determinações das inclinações e as determinações da razão

23) “Embora valha a pena atingir esse fim - o sumo bem - para um indivíduo só, é mais belo e mais divino alcançá-lo para uma nação ou para as cidades- Estados.”

Fonte: Aristóteles. Ética a Nicômaco. In: Os Pensadores, São Paulo: Abril Cultural,1973, livro I, p.250).

Tendo em vista o livro Ética a Nicômaco de Aristóteles, é CORRETO afirmar que:

a) Para Aristóteles, os fins coletivos devem sempre estar de acordo com os interesses individuais. b) Para Aristóteles, a ética é indissociável da política.c) Para Aristóteles, a Ética orienta o indivíduo a buscar a sua felicidade independente dos interesses da sociedade.d) Para Aristóteles, os fins éticos são incompatíveis com o exercício da política.e) Para Aristóteles, a ética não se relaciona com a política.

24) Leia atentamente os textos abaixo, respectivamente, de Platão e de Aristóteles:

[...] a admiração é a verdadeira característica do filósofo. Não tem outra origem a filosofia.

(PLATÃO,Teeteto. Tradução de Carlos Alberto Nunes. Belém: Universidade Federal do Pará, 1973. p. 37.)

Com efeito, foi pela admiração que os homens começaram a filosofar tanto no princípio como agora; perplexos, de início, ante as dificuldades mais óbvias, avançaram pouco a pouco e enunciaram problemas a respeito das maiores, como os fenômenos da Lua, do Sol e das estrelas, assim como a gênese do universo. E o homem que é tomado de perplexidade e admiração julga-se ignorante (por isso o amigo dos mitos é, em certo sentido, um filósofo, pois também o mito é tecido de maravilhas); portanto, como filosofavam para fugir à ignorância, é evidente que buscavam a ciência a fim de saber, e não com uma finalidade utilitária.

(ARISTÓTELES. Metafísica . Livro I. Tradução Leonel Vallandro. Porto Alegre: Globo, 1969. p. 40.)

Com base nos textos acima e nos conhecimentos sobre a origem da filosofia, é correto afirmar:a) A filosofia surgiu, como a mitologia, da capacidade humana de admirar-se com o extraordinário e foi pela utilidade do conhecimento que os homens fugiram da ignorância.b) A admiração é a característica primordial do filósofo porque ele se espanta diante do mundo das idéias e percebe que o conhecimento sobre este pode ser vantajoso para a aquisição de novas técnicas.c) Ao se espantarem com o mundo, os homens perceberam os erros inerentes ao mito, além de terem reconhecido a impossibilidade de o conhecimento ser adquirido pela razão.d) Ao se reconhecerem ignorantes e, ao mesmo tempo, se surpreenderem diante do anseio de conhecer o mundo e as coisas nele contidas, os homens foram tomados de espanto, o que deu início à filosofia.e) A admiração e a perplexidade diante da realidade fizeram com que a reflexão racional se restringisse às explicações fornecidas pelos mitos, sendo a filosofia uma forma de pensar intrínseca às elaborações mitológicas.

25) Em primeiro lugar, é claro que, com a expressão “ser segundo a potência e o

ato”, indicam-se dois modos de ser muito diferentes e, em certo sentido, opostos.

Aristóteles, de fato, chama o ser da potência até mesmo de não-ser, no sentido

de que, com relação ao ser-em-ato, o ser-em-potência é não-ser-em-ato.

REALE, Giovanni. História da Filosofia Antiga Vol. II. Trad. de Henrique Cláudio de

Lima Vaz e Marcelo Perine.

São Paulo: Loyola, 1994, p. 349.

A partir da leitura do trecho acima e em conformidade com a Teoria do Ato e Potência de Aristóteles, assinale a alternativa correta.

A) Para Aristóteles, ser-em-ato é o ser em sua capacidade de se transformar em algo diferente dele mesmo, como, por exemplo, o mármore (ser-em-ato) em relação à estátua (ser-em-potência) B) Segundo Aristóteles, a teoria do ato e potência explica o movimento percebido no mundo sensível. Tudo o que possui matéria possui potencialidade (capacidade de assumir ou receber uma forma diferente de si), que tende a se atualizar (assumindo ou recebendo aquela forma). C) Para Aristóteles, a bem da verdade, existe apenas o ser-em-ato. Isto ocorre porque o movimento verificado no mundo material é apenas ilusório, e o que existe é sempre imutável e imóvel. D) Segundo Aristóteles, o ato é próprio do mundo sensível (das coisas materiais) e a potência se encontra tão-somente no mundo inteligível, apreendido apenas com o intelecto.

26) O texto abaixo comenta a correlação entre ideias e impressões em David Hume. Em contrapartida, vemos que qualquer impressão, da mente ou do corpo, é constantemente seguida por uma ideia que a ela se assemelha, e da qual difere apenas nos graus de força e vividez. A conjunção constante de nossas percepções semelhantes é uma prova convincente de que umas são as causas das outras; [...].

HUME, D. Tratado da natureza humana

. São Paulo: Editora da Unesp/Imprensa Oficial do Estado, 2001. p. 29.

Assinale a alternativa que, de acordo com Hume, indica corretamente o modo como a mente adquire as percepções denominadas ideias.

A) Todas as nossas ideias são formas a priori da mente e, mediante essas ideias, organizamos as respectivas impressões na experiência. B) Todas as nossas ideias advêm das nossas experiências e são cópias das nossas impressões, as quais sempre antecedem nossas ideias. C) Todas as nossas ideias são cópias de percepções inteligíveis, que adquirimos através de uma experiência metafísica, que transcende toda a realidade empírica. D) Todas as nossas ideias já existem de forma inata, e são apenas preenchidas pelas impressões, no momento em que temos algum contato com a experiência.

28) (UFU-MG 2011) Leia o texto e as assertivas abaixo a respeito das relações entre o nascimento da filosofia e a mitologia.

O nascimento da filosofia na Grécia é marcado pela passagem da cosmogonia para cosmologia. A cosmogonia, típica do pensamento mítico, é descritiva e explica como do caos surge o cosmos, a partir da geração dos deuses, identificados às formas da natureza. Na cosmologia, as explicações rompem com a religiosidade: a arché (princípio) não se encontra mais na ordem do tempo mítico, mas significa princípio teórico, enquanto fundamento de todas as coisas. Daí a diversidade das escolas filosóficas, dando origem a fundamentações conceituais (e portanto abstratas) muito diferentes entre si.

I – Uma corrente de pensamento afirma que houve ruptura completa entre mito e filosofia, tal corrente é a que defende a tese do milagre grego.

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II – Outra corrente do pensamento afirma que não houve ruptura completa entre mito e filosofia, mas certa continuidade, é a que defende a tese do mito noético.

Assinale a alternativa correta. a) I é falsa e II verdadeirab) I é verdadeira e II é falsac) I e II são verdadeirasd) I e II são falsas

29) O filósofo Immanuel Kant (1724-1804) estabelece uma íntima relação entre a liberdade humana e sua capacidade de pensar autonomamente, ao afirmar: “Esclarecimento é a saída do homem da menoridade pela qual é o próprio culpado. Menoridade é a incapacidade de servir-se do próprio entendimento sem direção alheia. [...] É tão cômodo ser menor. Possuo um livro que faz as vezes do meu entendimento; um guru espiritual, que faz às vezes de minha consciência; um médico, que decide por mim a dieta etc.; assim não preciso eu mesmo dispensar nenhum esforço. Não preciso necessariamente pensar, se posso apenas pagar.” (KANT, I. Resposta à questão: o que é esclarecimento? In: Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED-PR, 2009. p. 407). A partir do texto de Kant, é correto afirmar que

01) liberdade é não precisar de ninguém para nada. 02) riqueza não é sinônimo de liberdade, como pobreza não é sinônimo de escravidão. 04) a justificativa para a falta de liberdade é a pouca idade dos seres humanos. 08) a liberdade é, primeiramente, liberdade de pensamento. 16) a liberdade é resultado de um esforço pessoal incômodo para libertar-se das amarras do pensamento.

Soma: __________

30) A ciência é uma das poucas atividades humanas – talvez a única – em que os erros são criticados sistematicamente (e com frequência corrigidos). Por isso podemos dizer que, no campo da ciência, aprendemos muitas vezes com os nossos erros; por isso podemos falar com clareza e sensatez sobre o progresso científico. Na maior parte dos outros campos de atividade do homem ocorrem mudanças, mas raramente há progresso – a não ser dentro de uma perspectiva muito estreita dos nossos objetivos neste mundo. Quase todos os ganhos são neutralizados por alguma perda – e quase nunca sabemos como avaliar as mudanças. (POPPER, K. R. Conjecturas e refutações. 2 ed. Brasília: Editora da

UNB, 1982, p. 242.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre a concepção de progresso da ciência em Karl R. Popper, é correto afirmar

a) É necessário que todas as consequências de uma teoria científica sejam verificadas a fim de se atingir a verdade em si. b) A descoberta da lei do progresso da ciência permite impulsionar progressiva e linearmente a ciência na orientação da verdade. c) Os cientistas estruturam as informações disponíveis em um dado momento histórico, incorporando saberes anteriores, tendo como base o método paratático.d) O progresso da ciência ocorre quando são suprimidas definitivamente as ideias metafísicas, pois historicamente é nula a sua contribuição para as descobertas científicas.e) A eliminação dos erros das teorias anteriores e a substituição destas por outras mais verossímeis e, portanto, mais próximas da verdade permitem o progresso da ciência.

31) Leia o texto abaixo.

Não me é desconhecido que muitos têm tido e têm a opinião de que as coisas do mundo são governadas pela fortuna e por Deus, de sorte que a prudência dos homens não pode corrigi-las, e mesmo não lhes traz remédio algum. [...] Às vezes, pensando nisso, me tenho inclinado a aceitá-la. Não obstante, e porque o nosso livre arbítrio não desapareça, penso poder ser verdade que a fortuna seja árbitra de metade de nossas ações, mas que, ainda assim, ela nos deixa governar quase outra metade.

(MAQUIAVEL. O príncipe. São Paulo: Abril Cultural, 1973, p. 109.)

O pensamento apresentado acima abre caminho para o conceito de virtú, qualidade indispensável para o êxito do príncipe, pois a fortuna oferece as ocasiões para as ações do governante, que terá de agir com virtú.

Assinale a alternativa que oferece a definição de virtú tal como Maquiavel a concebeu.

A) É a violência indiscriminada e dirigida ao corpo dos cidadãos, somente o emprego da força das armas é capaz de submeter as vontades humanas sob a autoridade impiedosa e avara do príncipe moderno.B) São os valores espirituais que se sobrepõem aos interesses meramente materiais, somente a virtude da humildade permite a realização do bem comum, que é a fonte inesgotável da paz e harmonia entre súditos e governante.C) É a prática da bondade, qualidade indispensável que permite o discernimento da idéia de bem como norteadora das ações políticas, de maneira desinteressada e sempre voltada para a realização dos princípios supremos da religião.D) É o poder, a virilidade humana, capaz de agir e dominar o curso das coisas humanas, imprimindo nos acontecimentos as mudanças necessárias à realização de grandes obras para a conquista e conservação do poder.

32) Em sua obra Ética a Nicômaco, Aristóteles propôs a ideia de que a virtude é a disposição para buscar o meio termo ou a justa medida entre o excesso e a falta em determinada conduta.

Com sabe nessa afirmação e em seus conhecimentos sobre a obra de Aristóteles, assinale a alternativa correta.

a) Coragem é o justo meio entre covardia e temeridade.b) Covardia é o justo meio entre temeridade e coragem. c) Temeridade é o justo meio entre coragem e covardia. d) Coragem, covardia e temeridade não são termos que se relacionam à ética.

33) “O verdadeiro fundador da sociedade civil foi o primeiro que, tendo cercado um terreno, lembrou-se de dizer isto é meu e encontrou pessoas suficientemente simples para acreditá-lo. Quantos crimes, guerras, assassínios, misérias e horrores não pouparia ao gênero humano aquele que, arrancando as estacas ou enchendo o fosso, tivesse gritado a seus semelhantes: ‘Defendei-vos de ouvir esse impostor; estareis perdidos se esquecerdes que os frutos são de todos e que a terra não pertence a ninguém!’”. (ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. Trad. de Lourdes Santos Machado. São Paulo: Nova Cultural, 1997. p. 87.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento político de Rousseau, é correto afirmar:

a) A desigualdade é um fato natural, autorizada pela lei natural, independentemente das condições sociais decorrentes da evolução histórica da humanidade.

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b) A finalidade da instituição da sociedade e do governo é a preservação da individualidade e das diferenças sociais. c) A sociabilidade tira o homem do estado de natureza onde vive em guerra constante com os outros homens. d) Rousseau faz uma crítica ao processo de socialização, por ter corrompido o homem, tornando-o egoísta e mesquinho para com os seus semelhantes. e) Rousseau valoriza a fundação da sociedade civil, que tem como objetivo principal a garantia da posse privada da terra

34) No livro II da Ética a Nicômaco, Aristóteles diz que há duas espécies de virtudes – dianoética e ética. A virtude dianoética requer o ensino, o que exige experiência e tempo. Já a virtude ética é adquirida pelo hábito e não é algo que surge por natureza. Isso não quer dizer que as virtudes são geradas em nós contrariando a natureza. Para Aristóteles, somos naturalmente aptos a receber as virtudes e nos aperfeiçoamos pelo hábito. Com base no enunciado e nos conhecimentos sobre a ética aristotélica, considere as afirmativas a seguir:

I. A virtude dianoética e a virtude ética são adquiridas, respectivamente, pela experiência, tempo e hábito.II. A virtude dianoética e a virtude ética, por serem inatas, são facilmente aprendidas desde a infância. III. Os seres humanos são naturalmente aptos a receber as virtudes éticas, embora não sejam virtuosos por natureza.IV. O hábito, de forma necessária, nos torna melhores eticamente, contudo as virtudes independem da ação para o desenvolvimento moral do indivíduo.

Assinale a alternativa correta.

a) Somente as afirmativas I e II são corretas.b) Somente as afirmativas I e III são corretas.c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.d) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas

35) “A idéia ilusória da vontade livre deriva de percepções inadequadas confusas; a liberdade, entendida corretamente, no entanto não é o estar livre da necessidade, mas sim a consciência da necessidade.” (SCRUTON, Roger. Espinosa. Trad. deAngélica Elisabeth Könke. São Paulo: Unesp, 2000. p. 41.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre liberdade em Espinosa, considere as afirmativas a seguir.

I. A liberdade identifica-se com escolha voluntária.II. A liberdade significa a capacidade de agir espontaneamente, segundo a causalidade interna do sujeitoIII. A liberdade e a necessidade são compatíveis.IV. A liberdade baseia-se na contingência, pois se tudo no universo fosse necessário não haveria espaço para ações livres.

Estão corretas apenas as afirmativas:

a) I e II.b) I e IV.c) II e III.d) I, III e IV.e) II, III e IV.

36)Leia o texto a seguir.

Justiça e Estado apresentam-se como elementos indissociáveis na filosofia política hobbesiana. Ao romper com a concepção de justiça defendida pela tradição aristotélico-escolástica. Hobbes propõe uma nova moralidade relacionada ao poder político e sua constituição jurídica. O Estado surge pelo pacto para possibilitar a justiça e, na conformidade com a lei, se sustenta por meio dela. No Leviatã (caps. XIV-XV), a justiça hobbesiana fundamenta-se, em última instância, na lei natural concernente à autoconservação, da qual deriva a

segunda lei que impõe a cada um a renúncia de seu direito a todas as coisas, para garantir a paz e a defesa de si mesmo. Desta, por sua vez, implica a terceira lei natural: que os homens cumpram os pactos que celebrarem. Segundo Hobbes, “onde não há poder comum não há lei, e onde não há lei não há injustiça. Na guerra, a força e a fraude são as duas virtudes cardeais”.

(HOBBES, T.Leviatã . Trad. J. Monteiro e M. B. N. da Silva. São Paulo: Nova Cultural, 1997. Coleção Os Pensadores, cap. XIII.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de Hobbes, é correto afirmar:

a) A humanidade é capaz, sem que haja um poder coercitivo que a mantenha submissa, de consentir na observância da justiça e das outras leis de natureza a partir do pacto constitutivo do Estado.b) A justiça tem sua origem na celebração de pactos de confiança mútua, pelos quais os cidadãos, ao renunciarem sua liberdade em prol de todos, removem o medo de quando se encontravam na condição natural de guerra.c) A justiça é definida como observância das leis naturais e, portanto, a injustiça consiste na submissão ao poder coercitivo que obriga igualmente os homens ao cumprimento dos seus pactos.d) As noções de justiça e de injustiça, como as de bem e de mal, têm lugar a partir do momento em que os homens vivem sob um poder soberano capaz de evitar uma condição de guerra generalizada de todos.e) A justiça torna-se vital para a manutenção do Estado na medida em que as leis que a efetivam sejam criadas, por direito natural, pelos súditos com o objetivo de assegurar solidariamente a paz e a segurança de todos.

37) (UFU-2004) Até agora se supôs que todo nosso conhecimento tinha que se regular pelos objetos; porém, todas as tentativas de mediante conceitos estabelecer algo a priori sobre os mesmos, através do que nosso conhecimento seria ampliado, fracassaram sob esta pressuposição. Por isso, tente-se ver uma vez se não progredimos melhor nas tarefas da Metafísica admitindo que os objetos têm que se regular pelo nosso conhecimento, o que assim já concorda melhor com a requerida possibilidade de um conhecimento a priori dos mesmos que deve estabelecer algo sobre os objetos antes de nos serem dados. O mesmo aconteceu com os pensamentos de Copérnico que, depois das coisas não quererem andar muito bem com a explicação dos movimentos celestes admitindo-se que todo exército de astros girava em torno do espectador, tentou ver se não seria mais bem-sucedido se deixasse o espectador mover-se e, em contrapartida, os astros em repouso.

                                         KANT, I. Crítica da razão pura. Prefácio à segunda edição. Trad. de Valério Rohden e Udo Baldur Moosburger. São Paulo: Nova

                                         Cultural, 1987, p. 14. (Os Pensadores)

Considerando a leitura do trecho acima, podemos dizer que a revolução copernicana de Kant é

A) uma revolução filosófica e científica segundo a qual o espectador não pode permanecer fixo em sua posição, aprendendo apenas os fenômenos, mas deve considerar que ele mesmo encontra-se em movimento para poder perceber as coisas em si mesmas.B) uma revolução astronômica que pretendeu mudar o curso da Filosofia Moderna, propondo uma reavaliação da física newtoniana.C) uma revolução filosófica que estabeleceu que o conhecimento da coisa em si só pode ser atingido caso haja um cuidadoso estudo dos fenômenos.D) uma revolução filosófica que afirmou a distinção entre fenômeno e coisa em si, qualificando esta última como incognoscível.

38) A Escola de Frankfurt definiu a racionalidade ocidental como instrumentalização da razão. Para Adorno, Marcuse e Horkheimer, a razão instrumental caracteriza-se pela produção de um conhecimento cujo objetivo é dominar e controlar a natureza e os seres humanos. Assinale o que for correto.

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01) A razão instrumental expressa uma ideologia cientificista, pois acredita que é neutra, e identifica as ciências apenas com os resultados de suas aplicações.02) Na medida em que a razão se torna instrumental, a ciência deixa de ser uma forma de acesso aos conhecimentos verdadeiros para tornar-se um instrumento de dominação, de poder e de exploração.04) A ideologia do progresso no modo de produção capitalista fundamenta-se na razão instrumental por acreditar que essa promove o avanço tecnológico que permite a racionalização da produção. 08) Para Marx, o socialismo, ao transformar o trabalho em mercadoria, torna o homem um mero instrumento e aliena-o social e culturalmente. 16) Marx defendeu a razão instrumental por ser mais eficiente que a práxis para realizar a revolução socialista.

Soma: _____________-

39) Leia os textos a seguir.

Aristóteles, no Livro IV da Metafísica, defende o sentido epistêmico do princípio de não contradição como o princípio primário, incondicionado e absolutamente verdadeiro da “ciência das causas primeiras”, ou melhor, o princípio que se apresenta como fundamento último (ou primeiro) de justificação para qualquer enunciado declarativo em sua pretensão de verdade.

“É impossível que o mesmo atributo pertença e não pertença ao mesmo tempo ao mesmo sujeito, e na mesma relação. [...] Não é possível, com efeito, conceber alguma vez que a mesma coisa seja e não seja, como alguns acreditam que Heráclito disse [...]. É por esta razão que toda demonstração se remete a esse princípio como a uma última verdade, pois ela é, por natureza, um ponto de partida, a mesma para os demais axiomas.” (ARISTÓTELES. Metafísica. Livro IV, 3, 1005b apud FARIA, Maria do Carmo B. de. Aristóteles: a plenitude como horizonte do ser. São Paulo: Moderna, 1994. p. 93.)

Com base nos textos e nos conhecimentos sobre Aristóteles, é correto afirmar:

a) Aqueles que sustentam, com Heráclito, conceber verdadeiramente que propriedades contrárias podem subsistir e não subsistir no mesmo sujeito opõem-se ao princípio de não contradição.b) Pelo princípio de não contradição, sustenta-se a tese heracliteana de que, numa enunciação verdadeira, se possa simultaneamente afirmar e negar um mesmo predicado de um mesmo sujeito, em um mesmo sentido.c) Nas demonstrações sobre as realidades suprassensíveis, é possível conceber que propriedades contrárias subsistam simultaneamente no mesmo sujeito, sem que isso incorra em contradição lógica, ontológica e epistêmica.d) Para que se possa fundamentar o estatuto axiomático do princípio de não contradição, exige-se que sua evidência, enquanto princípio primário, seja submetida à demonstração.e) Com o princípio de não contradição, torna-se possível conceber que, se existem duas coisas não idênticas, qualquer predicado que se aplicar a uma delas também poderá ser aplicado necessariamente à outra.

40) A ciência é uma das poucas atividades humanas – talvez a única – em que os erros são criticados sistematicamente (e com frequência corrigidos). Por isso podemos dizer que, no campo da ciência, aprendemos muitas vezes com os nossos erros; por isso podemos falar com clareza e sensatez sobre o progresso científico. Na maior parte dos outros campos de atividade do homem ocorrem mudanças, mas raramente há progresso – a não ser dentro de uma perspectiva muito estreita dos nossos objetivos neste mundo. Quase todos os ganhos são neutralizados por alguma perda – e quase nunca sabemos como avaliar as mudanças. (POPPER, K. R. Conjecturas e refutações. 2 ed. Brasília: Editora da UNB, 1982, p. 242.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre a concepção de progresso da ciência em Karl R. Popper, é correto afirmar

a) É necessário que todas as consequências de uma teoria científica sejam verificadas a fim de se atingir a verdade em si. b) A descoberta da lei do progresso da ciência permite impulsionar progressiva e linearmente a ciência na orientação da verdade. c) Os cientistas estruturam as informações disponíveis em um dado momento histórico, incorporando saberes anteriores, tendo como base o método paratático.d) O progresso da ciência ocorre quando são suprimidas definitivamente as ideias metafísicas, pois historicamente é nula a sua contribuição para as descobertas científicas.e) A eliminação dos erros das teorias anteriores e a substituição destas por outras mais verossímeis e, portanto, mais próximas da verdade permitem o progresso da ciência.

41) Leia atentamente o texto abaixo.“Logo, o que é primeiramente, isto é, não em sentido determinado, mas sem determinações, deve ser a substância. Ora, em vários sentidos se diz que uma coisa é primeira, e em todos eles o é a substância: na definição, na ordem de conhecimento, no tempo.” ARISTÓTELES. Metafísica. (1028a 30-35). Tradução de Leonel Vallandro. Porto Alegre: Globo, 1969. p.147-148.

De acordo com o pensamento de Aristóteles, marque a alternativa INCORRETA.

a) Para Aristóteles, o conhecimento somente é possível tendo por objeto as substâncias, pois dos acidentes não é possível se fazer ciência.b) A substância, ao contrário do acidente, é a categoria por meio da qual sabemos o que uma coisa é, pois é a partir da substância que definimos uma coisa.c) Pode-se dizer que, para a metafísica aristotélica, a substância é a característica necessária de uma coisa, uma vez que nos indica em que sentido uma coisa é. d) Segundo a metafísica aristotélica, a definição de cada ser é apreendida pela ordenação e classificação de suas características acidentais.

42) Leia com atenção o texto abaixo:

“Mas há um enganador, não sei quem, sumamente poderoso, sumamente astucioso que, por indústria, sempre me engana. Não há dúvida, portanto, de que eu, eu sou, também, se me engana: que me engane o quanto possa, nunca poderá fazer, porém, que eu nada seja, enquanto eu pensar que sou algo”.DESCARTES. Meditações sobre Filosofia Primeira.Campinas: Editora da UNICAMP, 2004. p. 45.

Para atingir o processo extremo da dúvida, Descartes lança a hipótese de um gênio maligno, sumamente poderoso e que tudo faz para me enganar. Essa radicalização do processo dubitativo ficou conhecida como dúvida hiperbólica.

Assinale a alternativa que apresenta corretamente a relação estabelecida por Descartes entre a dúvida hiperbólica (exagerada) e o cogito (eu penso).

a) Descartes sustenta que o ato de pensar tem tamanha evidência, que eu jamais posso ser enganado acerca do fato de que existo enquanto penso.b) A dúvida hiperbólica é insuperável, uma vez que todos os conteúdos da mente podem ser imagens falsas produzidas pelo gênio maligno.c) Com o exemplo dos juízos matemáticos, que são sempre indubitáveis, Descartes consegue eliminar a hipótese do gênio maligno.d) Somente a partir da descoberta da ideia de Deus é que Descartes consegue eliminar a dúvida hiperbólica e afirmar a existência do pensante.

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43) Leia o texto de Aristóteles a seguir:

Uma vez que o poeta é um imitador, como um pintor ou qualquer outro criador de imagens, imita sempre necessariamente uma das três coisas possíveis: ou as coisas como eram ou são realmente, ou como dizem e parecem, ou como deviam ser. E isto exprime-se através da elocução em que há palavras raras, metáforas e muitas modificações da linguagem: na verdade, essa é uma concessão que fazemos aos poetas.

(ARISTÓTELES,Poética

. Tradução e Notas de Ana Maria Valente. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 2004. p. 97.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre a estética de Aristóteles, considere as afirmativas a seguir:

I. O poeta pode imitar a realidade como os pintores e, para isso, deve usar o mínimo de metáforas e priorizar o acesso às idéias inteligíveis.

II. O poeta pode imitar tendo as coisas presentes e passadas por referência, mas não precisa se ater a esses fatos apenas.III. O poeta pode imitar as coisas considerando a opinião da maioria e pode também elaborar fatos usando várias formas de linguagem.IV. O poeta pode imitar as coisas ponderando o que as pessoas dizem sobre os fatos, mesmo que não haja certeza sobre eles.Assinale a alternativa correta.

a) Somente as afirmativas I e II são corretas.b) Somente as afirmativas I e III são corretas.c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.d) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas