revisão Ocimum gratissimum

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Breve revisão sobre a fitoquímica, farmacodinâmica e ação antimicrobiana de Ocimum gratissimum L. SANTOS, Anderson R.¹; VELOZO, Eudes.S.² Universidade Federal da Bahia-UFBA, Departamento do Medicamento, Salvador-BA, Brasil. ¹ Aluno de graduação do curso de Farmácia, Faculdade de Farmácia, UFBA, Salvador-BA. ² Professor Dr., Faculdade de Farmácia, Departamento do Medicamento, UFBA, Salvador-BA.  A espécia Ocimum gratissimum L, conhecida popularmente como alfavaca cravo ou manjericão, é um subarbusto aromático com até 1 m de altura, seu cultivo é praticado subespontaneamente em todo o Brasil e tem sua origem no Oriente (MATOS, 2007). Essa espécie é utilizada tradicionalmente pela comunidade, tanto no preparo de condimentos para alimentos como na medicina popular onde suas folhas e caules são aromáticos, estimulantes, carminativos, sudoríficos e diuréticos e ainda é muito recomendada pra tosse e no preparo de banhos para combater moléstias nervosas e paralisias. O óleo essencial que é obtido por destilação das folhas e flores é empregado como anti-cefálico e febrífugo (CORRÊA, 1931 apud CORTEZ et al, 1998). Pesquisas objetivando realizar a análise fitoquímica do Ocimum  g ratis s imu m L alcançaram os seguintes resultados: Rosset, M. et al. (2005) em estudos químicos da fração diclorometânica do extrato de O. gratissimum L, através da purificação em coluna cromatográfica de sílica gel das frações eluídas com diclorometano resultou na obtenção de quatro constituintes: uma mistura de hidrocarbonetos de cadeia longa, eugenol, oxido de cariofileno e uma mistura de estigmasterol-sitosterol. Cortez et al. (1998) através da análise do óleo essencial do O. gratissimum L acharam um a quantidade alta de eug enol (67%) e concluíram q ue o O. gratissimum pode ser utilizado como fonte de eugenol na industria farmacêutica e de cosméticos. Zoghbi et al. (2007) estudaram a variação dos óleos voláteis de Ocimum campechianum Mill  e Ocimum gratissimum L, cultivados no norte do Brasil, através de GC e GC-MS e acharam que os componentes mais abundantes nas amostras do

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Breve revisão sobre a fitoquímica, farmacodinâmica e ação

antimicrobiana de Ocimum gratissimum L.

SANTOS, Anderson R.¹; VELOZO, Eudes.S.²

Universidade Federal da Bahia-UFBA, Departamento do Medicamento, Salvador-BA, Brasil.

¹ Aluno de graduação do curso de Farmácia, Faculdade de Farmácia, UFBA, Salvador-BA.

² Professor Dr., Faculdade de Farmácia, Departamento do Medicamento, UFBA, Salvador-BA.

A espécia Ocimum gratissimum  L, conhecida popularmente como alfavaca

cravo ou manjericão, é um subarbusto aromático com até 1 m de altura, seu cultivo épraticado subespontaneamente em todo o Brasil e tem sua origem no Oriente

(MATOS, 2007). Essa espécie é utilizada tradicionalmente pela comunidade, tanto

no preparo de condimentos para alimentos como na medicina popular onde suas

folhas e caules são aromáticos, estimulantes, carminativos, sudoríficos e diuréticos e

ainda é muito recomendada pra tosse e no preparo de banhos para combater

moléstias nervosas e paralisias. O óleo essencial que é obtido por destilação das

folhas e flores é empregado como anti-cefálico e febrífugo (CORRÊA, 1931 apud

CORTEZ et al, 1998).

Pesquisas objetivando realizar a análise fitoquímica do Ocimum 

gratissimum L alcançaram os seguintes resultados:

Rosset, M. et al. (2005) em estudos químicos da fração diclorometânica do

extrato de O. gratissimum  L, através da purificação em coluna cromatográfica de

sílica gel das frações eluídas com diclorometano resultou na obtenção de quatro

constituintes: uma mistura de hidrocarbonetos de cadeia longa, eugenol, oxido de

cariofileno e uma mistura de estigmasterol-sitosterol.

Cortez et al. (1998) através da análise do óleo essencial do O. gratissimum L

acharam uma quantidade alta de eugenol (67%) e concluíram que o O. gratissimum  

pode ser utilizado como fonte de eugenol na industria farmacêutica e de cosméticos.

Zoghbi et al. (2007) estudaram a variação dos óleos voláteis de Ocimum 

campechianum Mill e Ocimum gratissimum L, cultivados no norte do Brasil, através

de GC e GC-MS e acharam que os componentes mais abundantes nas amostras do

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óleo essencial de O. gratissimum foram: timol (13,1% - 36,2%), gama.-terpineno

(0,2% - 28,1%), 1,8-cineol (0,0-25,2%) e p-cimeno (4,4% - 19,9%).

De acordo Matos (2007) a composição do óleo essencial de O. gratissimum  

cultivados em Fortaleza mostrou-se variável ao longo do dia sendo que o eugenol

aparece com maior teor entre 11 e 13 horas do dia e o cineol tem seu teor zero ao

meio-dia e teores bem mais altos antes das 9 horas e, principalmente depois das 16

horas. Comparando-se os dados da literatura vê-se necessário uma busca maior de

informações e estudos sobre O. gratissimum  para poder padronizar sua forma de

coleta e a melhor forma de preparo para fins medicinais.

Pesquisas objetivando realizar estudos pré-clínicos farmacodinâmicos e

toxicológicos do Ocimum gratissimum alcançaram os seguintes resultados:

Tanko et al (2008) investigaram a atividade anti-inflamatória e anti-nociceptiva

do extrato aquoso de O. gratissimum  em ratos e camundongos. Seus achados

concluíram que a planta contém princípios ativos farmacologicamente, e apóiam a

aplicação local da planta em processos dolorosos e inflamatórios. A dose letal

encontrada foi de 1264,9 mg/kg do peso corporal em ratos e seus achados revelamainda, através de uma triagem fitoquímica preliminar, a presença de alcalóides,

saponinas, taninos e flavonóides.

Iteraminense et al (2007) observaram um efeito hipotensor através do

bloqueio dos canais de cálcio com óleo essencial de Ocimum gratissimum  e seu

principal constituinte, eugenol, em anéis de aorta isolados de ratos DOCA-sal pré-

hipertensos.

Galindo et al (2010) fizeram um estudo avaliando que os efeitos biológicos deOcimum gratissimum  L. são devido à ação sinérgica entre os vários compostos

presentes no seu óleo essencial.

Pesquisas objetivando avaliar o potencial anti-microbiano do Ocimum 

gratissimum L. encontraram os seguintes resultados:

Faria et al (2006) estudaram a atividade antifúngica de óleos essenciais

isolados de O. gratissimum L. (quimiotipo eugenol) contra fungos fitopatogênicos. Os

resultados revelaram que o óleo essencial inibiu fungos fitopatogênicos como

Botryosphaeria rhodina , Rhizoctonia sp  e duas linhagens de Alternaria sp.

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Braga et al (2007) estudaram as atividades leishmanicida e antifúngica de

plantas utilizadas na medicina tradicional do Brasil. Dentre os achados, o extrato

metanólico de O. gratissimo teve atividades expressivas contra Leishmania chagasi  

IC (50) de 71 microg/ml, Candida albicans ( CIM de 1,25 mg/ml) e contra

Cryptococcos neoformans (CIM de 0,078 mg/ml).

Conclusão:

A breve revisão dos trabalhos mais recentes sobre O. gratissimum

envolvendo sua fitoquímica, farmacodinâmica e ação antimicrobiana revela seupotencial terapêutico, justificando assim seu grande uso pela medicina tradicional.

Apesar disso observa-se também que ainda necessita-se de mais estudo para poder

comprovar suas propriedades terapêuticas e padronizar seu uso como medicamento

fitoterápico.

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Referências: 

BRAGA, F.G. et al. Atividade antifúngica e leishmanicida de plantas utilizadas na medicina

tradicionalnoBrasil.JuizdeFora,2007.Disponívelem:<HTTP://www.ncbi.nml.nih.gov/pubmed/ 

17234373> . Acesso em: 20. Agosto. 2010.

CORTEZ, D.A.G. et al. Análise do óleo essencial da alfavaca Ocimum gratissimum L.

(Labiatae). Arq. Ciênc. Saúde Unipar. 2(2): 125-127, 1998.

FARIA, Teresinha de Jesus. et al. Atividade antifúngica de óleos essenciais isolados a partir

de Ocimum gratissimum L (quimiotipo eugenol) contra fungos fitopatogênicos. Revista

Brasileira de Biologia e Tecnologia. Paraná: Instituto de Tecnologia do Paraná, 2006.p.867-

871.

GALINDO, L.A. et al. Efeitos biológicos de Ocimum gratissimum L. são devido a ação

sinérgica entre os vários compostos presentes no óleo essencial. Botucatu-SP, 2010.

Disponível em: <HTTP://www.ncbi.nlm.gov/pubmed/20559750>. Acessado em:

19.agosto.2010.

INTERAMINENSE, L.F. et al. Evidência Farmacológica do bloqueio dos canais de cálciocom óleo essencial de Ocimum gratissimum e seu principal constituinte, eugenol, em anéis de

aorta isolada de ratos DOCA-sal pré-hipertensos. Recife-PE, 2007. Disponível em:

<HTTP://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17868202>. Acessado em: 19. Agosto.2010.

MATOS, F.J de Abreu. Plantas Medicinais: Guia de Seleção e Emprego de Plantas Usadas

em Fitoterapia no Nordeste do Brasil.3.ed.Fortaleza: UFC, 2007.p.116-117.

ROSSET, Michele. et al. Estudo químico da fração diclorometânica do extrado de Ocimum

gratissimum L. Ciências Agrárias, Londrina, v. 26, n.4, p.515-520, out./dez.2005.

TANKO, Y. et al. Atividade anti-nociceptiva e anti-inflamatória do extrato aquoso de

Ocimum gratissimum (labiado) em roedores.Nigéria, 2008. Disponível em:

<HTTP://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2816535/>. Acesso em: 19. Agosto.2010.

ZOGHBI, Maria das Graças B. et al. Variation in volatiles of Ocimum campechianum Mill.

and Ocimum gratissimum L. cultivated in the north of Brazil. Journal of Essential Oil-Bearing

Plants (2007), 10(3), 229-240. Publisher: Har Krishan Bhalla & Sons, CODEN: JEOPFB

ISSN: 0972-060X. Journal written in English. CAN 148:187139 AN 2007:1009236

CAPLUS.