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Revista de Medicina Tradicional Chinesa Escola Superior de Medicina Tradicional Chinesa Número 3 Novembro 2005 Psicoterapia por Acupunctura segundo o método de Soulié de Morant José Faro Síntesis de trabajos sobre la acción biomoduladora de la fitoterapia oriental y sobre las reacciones inmunológicas (3ª parte) Alfredo Embid Massagem Pediátrica Chinesa Maria Amaral Colite Crónica Ana Rita Espada Tratamento da Asma em MTC Paula Martins

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Revista de Medicina Tradicional Chinesa

Escola Superior de Medicina Tradicional Chinesa

Número 3 Novembro 2005

Psicoterapia por Acupunctura segundo o método de Soulié de MorantJosé Faro

Síntesis de trabajos sobre la acción biomoduladora de la fitoterapia orientaly sobre las reacciones inmunológicas (3ª parte)

Alfredo Embid

Massagem Pediátrica ChinesaMaria Amaral

Colite CrónicaAna Rita Espada

Tratamento da Asma em MTC Paula Martins

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Revista de Medicina Tradicional Chinesa nº 3 Novembro 2005

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Psicoterapia por Acupunctura segundo o método de Soulié de MorantJosé Faro

(Co-Director da ESMTC e Presidente da APAMTC)

As concepções chinesas tradicionais acerca da constituição global do homem contêm a solução de um problema que vem desde há séculos causando as maiores dificuldades ao pensamento ocidental.Trata-se da natureza das relações entre o espírito e a matéria, entre a alma e o corpo, entre a psique e a soma.Nos seus esforços para esclarecer esta questão, o ocidente vem oscilando entre duas perspectivas antagónicas extremas. Por um lado, um transcendentalismo dualista, que afirma o espíritocomo algo de existente para além do corpo, sendo completamente distinto dele. Por outro lado, negando este ponto de vista, existe uma corrente reducionista e materialista, que recusa aceitar a existência de quaisquer funções psíquicas ou espirituais distintas das meras funções orgânicas.No primeiro caso, fica por explicar a efectivaunião entre corpo e espírito e qual o veículo de comunicação entre eles. No segundo caso, fica-sesem compreender como podem a matéria e os seus processos gerar a consciência. Por fim, de comum àsduas teorias, encontramos a mesma falta de segurança e perspectivas claras na actividade terapêutica, quer se trate de psiquiatria química, agindo mais ou menos grosseiramente sobre o metabolismo orgânico com o intuito de conseguir alterações dos estados de consciência, quer se trate das diversas correntes psicanalíticas e psicoterapêuticas, que incitam os seus pacientes a uma reorganização dos quadros de pensamento e de sensibilidade, esquecendo o papel fundamental que as condições orgânicas podem, de facto, desempenhar na cura.

Para as concepções tradicionais chinesas a resolução deste problema não apresenta qualquer dificuldadedeespecial, quer do ponto de vista teórico, quer do ponto de vista prático, apesar de um natural cepticismo quanto às possibilidades de remissão de certas patologias psicológicas particularmente graves.Segundo o pensamento taoísta, na base da medicina extremo-oriental, uma energia primordial única, através dum processo de sucessivas diferenciações, realizadas sempre no interior de si mesma, vem a

constituir e a dinamizar todos os seres e processos do universo, que se apresentem sob facetas ditas espirituais, quer sob facetas ditas materiais.Assim, espírito e matéria, alma e corpo, são uma e a mesma coisa, dependendo a sua distinção recíproca do ponto de vista de que são captados ou do estado de aparente diferenciação em que se apresentam. A relação entre eles não é, no fundo, um problema a ser resolvido, mas sim um dado de base, um ponto de partida, uma vez que se considera que mantêm uma mesma substância e partilham uma mesma inalterada identidade no âmago das miríades de formas que a sua manifestação pode assumir.

Inspirando-se neste ponto de vista filosófico, a medicina tradicional chinesa considera o ser humano global como um sistema único, em cujo seio energias duma mesma natureza fundamental, mas em diferentes estados de diferenciação, se interligam num todo orgânico unificado. Entre elas não há verdadeiraruptura ou descontinuidade, uma vez que, mesmo as mais subtis energias psicológicas ou espirituais derivam, por um processo de sublimação ou refinamento, das energias, mais materiais, absorvidasatravés da respiração e dos processos digestivos. Entre todos os níveis existem interacções específicas, quesão conhecidas e descritas com abundante pormenor, sendo essa a base do diagnóstico e das condutas terapêuticas.Materializando-se na rede dos meridianos, esse sistema energético torna-se, através dos pontos de acupunctura e de alterações de conduta específicas, acessível à acção humana. Psicoterapia eterapêutica somática são no essencial, semelhantes. Em ambos os casos trata-se de detectar eventuais desequilíbrios energéticos, normalmente sob a forma de síndromes mistos, com componentes psicológicos e orgânicos e de, em seguida, os corrigir.

As teorias psicológicas no campo da acupunctura têm conhecido, nos últimos anos, uma importante evolução, sobretudo graças aos esforços que a China tem vindo a fazer no sentido de adoptar

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um estilo de investigação de tipo ocidental, caracterizada por um maior rigor na sistematização e na verificação experimental dos dados tradicionais.Apesar de muito importantes, pela sua solidez e credibilidade do ponto de vista científico,osresultadosassim obtidos são por vezes, no entanto, um pouco decepcionantes. O facto destas investigações estarem ainda no seu início, bem como as exigências e rigor do método científico, levam a uma grande cautela nadivulgação dos dados, que se apresentam, em geral, duma forma muito genérica e tecnicista. Além disso, os textos tradicionais a que actualmente se reconhece maior autoridade são bastante lacónicos no que toca a referências neste domínio. Ora a ciência e os conhecimentos científicos nãosurgem nunca a partir do nada. Pelo contrário, existe um solo onde se alimentam as suas raízes: a mentalidade do povo que lhes dá origem, a ideologia que domina a mentalidade dos cientistas, as noções filosóficas que, muitas vezes inconscientemente,orientam a sua acção.

Nesta pesquisa, pareceu-nos interessante conferir especial relevo não à apresentação de inventários de conhecimentos técnicos do tipo, atrás referida, mas a uma forma de apresentação menos sistemática, menos rigorosa, mas muita mais viva, que é a que faz Soulié de Morant da psicologia tradicional chinesa.Em contacto com a cultura da China desde a juventude, este genial e pioneiro divulgador da acupunctura no ocidente viveu longos anos nesse distante país, tendo possibilidade de mergulhar profundamente nas próprias raízes dessa civilização tão exótica e tão rica. Profundo conhecedor da língua e escrita chinesas, familiarizado com a sua tradição filosófica e literária,soube integrar-se na mentalidade, nos usos e nos costumes do homem chinês.A sua obra magistral sobre acupunctura, se vale pela transmissão de conhecimentos técnicos, vale também pelo ambiente que consegue transmitir, pelo horizonte de referências éticas e morais que deixa entrever, por um estilo de vida bem concreto e real que faz adivinhar.Desta forma, as teorias que apresenta adquirem uma pulsação e uma vida quase reais, transportando-nos para o contexto social e cultural em que nasceram.Dada a distância, no espaço e na história, que separa

as nossas culturas, é da maior importância que os esforços para aprender o sentido exacto de cada conceito passem pela sua reinserção no conceito que lhes deu origem. Reinterpretando-os a essa luz, é então possível encontrar as conecções lógicas e factuais que mostram o seu significado e as suasimplicações.Esta questão transcende, aliás, o mero domínio da psicologia, e explica o interesse generalizado que os profissionais e estudiosos da medicina extremo-oriental têm vindo a manifestar pelo conhecimento da filosofia taoísta e pela cultura chinesa de umamaneira geral.Quanto a Soulié de Morant e suas teorias neste domínio, resta fazer uma observação: a sua familiaridade com a cultura do extremo-oriente fazem-no por vezes ignorar a necessidade de referir com exactidão as fontes que utilizou, incluindo por vezes no texto as suas próprias conjecturas, e os resultados, frequentemente provisórios, das investigações a que se entregou.Considerações éticas, citações de textos chineses, descrições de formulários e técnicas específicas,tentativas arrojadas de aproximação entre a energética oriental e a fisiologia do ocidente, sucedem-se numatorrente fascinante cujas limitações não obscurecem, no entanto, o poder evocativo.A sua apresentação de psicologia oriental difere, nalguns aspectos, das teorias que ultimamente têm conhecido maior divulgação: os elementos constituintes do psiquismo são apresentados não tanto como energias, mas antes como planos ou funções; cada um deles se define mais por umaunidade funcional do que por uma identidade energética própria; a atribuição de cada um deles a um órgão é menos clara, aparecendo por vezes o seu funcionamento como dependendo de vários orgãos, vísceras ou meridianos; estabelece todo um sistema de correspondências, nem sempre convincente, entre os elementos do psiquismo, segundo as teorias orientais e as várias zonas do sistema nervoso, bem como entre aqueles e conceitos de sistemas psicológicos ocidentais, como a psicanálise (inconsciente, sub-consciente, etc.).Feitas estas considerações preliminares, passamos a expor.A psicologia chinesa concebe o psiquismo como

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funcionando simultâneamente em três planos diferenciados, que valoriza hierarquicamente, considerando um inferior, um intermédio e um superior, que correspondem genericamente ao Po, ao Hun e ao Shen.

O plano inferior, ou Po, é a sede dos instintos e dinamismos mais primitivos, já presentes no reino vegetal e amplamente manifestados no reino animal. Constituem, no seu conjunto, o núcleo básico dos impulsos de sobrevivência, face ao meio ambiente e à custa do meio ambiente, presentes em todos os seres vivos.Aquisição, agressão, destruição, construção, são os termos da equação que permite a preservação e desenvolvimento de qualquer indivíduo ou espécie.A palavra chinesa designando este plano é desenhada com dois elementos: branco e espectro. O seu significado é assim apresentado: “Aquilo que não se vêe nos influencia durante a Lua Nova”. Vários aspectosdeste simbolismo se oferecem a uma interpretação.Neste período a Lua não recebe a luz do Sol. É a fase mais yin dum astro que, enquanto elemento celeste, é de natureza yang, tal como o Po é a faceta mais yin do psiquismo, que, no seu conjunto, é yang relativamente ao corpo.Sendo o Sol universalmente relacionado com o Bem, o facto de não receber a sua luz poderá simbolizar a ausência de qualquer princípio ético na actividade do Po.A Lua Nova não se vê, o que poderá apontar para o carácter inconsciente do seu funcionamento.O facto de nos influenciar, ainda que ocultamente,acentua a sua grande importância no dinamismo global da personalidade humana, o que autoriza que esse plano seja também designado como “plano motor”.De facto, o desejo e a repulsão, apresentados como sendo as suas polaridades básicas, são o factor dinâmico que impulsiona todo o sentimento e toda a actividade do ser humano.O Po é ainda curiosamente designado como “o primata”, talvez pela semelhança qualitativa que o homem apresenta com aquele animal quando age unicamente a partir deste tipo de impulsos.Quanto à patologia deste nível psíquico, ela divide-se, duma maneira bem chinesa, em duas formas: excesso e insuficiência.

No primeiro caso, os fortes impulsos de desejo ou de repulsão podem levar, para assegurarem a sua concretização, à destruição dos obstáculos que se apresentarem. É a agressividade.

No segundo caso, a falta de desejo por aquilo que é necessário, ou a aceitação passiva daquilo que é prejudicial, podem levar aos estados de angústia.A presença acentuada de um destes tipos de desequilíbrio manifesta-se por um conjunto de traços físicos e tipológicos.

Assim, a insuficiência do Po é marcada por:- Pele de aspecto farinhento, seca, sem vida; - Generosidade, desinteresse, altruísmo indo até ao complexo de inferioridade e à aceitação do insucesso pessoal;- Indecisão, falta de força de vontade;- Ingenuidade, sugestionabilidade, desapego;- O agravamento deste desequilíbrio pode levar à esquizofrenia.

Quanto aos excessos caracterizam-se por:- Pele maleável e de aspecto gorduroso;- Avidez, inveja, avareza;- Egoísmo com grande admiração por si mesmo;- Excesso de auto-confiança, sempre na “posse” darazão;- Manha e astúcia, sem sentimentos de equidade ou reciprocidade;- Contradição, difamação, perseguição;- Servilismo perante os mais fortes, sadismo perante os mais fracos;- O seu agravamento pode levar à paranóia.

Apesar de, em geral, se acentuar a relação do Po com o elemento Metal e com o órgão que lhe corresponde, a análise das suas relações orgânicas, aqui apresentadas, mostra que estas são antes um conjunto complexo de inter-relações. A sua sede situar-se-ia nos Pulmões, pelo que o ponto 17 do Vaso de Concepção, Heraldo da energia e das funções respiratórias, estaria com ele relacionado. Mas ele está também sediado juntamenete com o Hun, no ponto 25 do Estômago.No aspecto terapêutico verifica-se que, quando háinsuficiência de Po, ou seja, estados de angústia, osmeridianos do Coração e do Mestre do Coração têm a acção mais eficaz. Enquanto que nos casos de

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excesso, ou seja, de agressividade, são os meridianos do Fígado e do Baço que permitem obter uma acção terapêutica mais eficaz. Finalmente, traduzindo-se oPo, no âmbito da actividade mental consciente, pela manha e pela astúcia sem escrúpulos, entramos na esfera de influência dos rins, uma vez que são estesórgãos que regem aquelas características.Quanto à sua localização neurológica, este autor afirma uma relação entre este elemento psíquico e oslobos occipitais superiores, uma vez que, segundo o método de análise pulsológica que desenvolveu, o Po e esta zona cortical dão sinais de reacção simultânea à estimulação de certos pontos de acupunctura: 37 do Estômago, Bai Hui e Reou Ting do Vaso Governador.O plano médio do psiquismo é designado pela pala-vra chinesa Hun, composta pelos elementos “espec-tro” e “palavra”. A “palavra” representaria as ordens e proibições proferidas pelos “espectros”, representan-do estes a linhagem ancestral do indivíduo a partir dos seus pais. Duas outras explicações são apresenta-das quanto ao significativo termo Hun.Ele é definido como: “aquilo que permanece quan-do as faculdades mais elevadas, o Evoluído, estão ausentes”. Por outro é dito que “tendo a consciência penetrado na energia, forma o Hun”.

A energia caracteriza-se pela capacidade de originar existências dotadas de forma. Uma vez penetrada pela consciência, ela torna-se capaz de perceber realidades exteriores a ela, de as conhecer. Ou seja, fica capaz deassumir formas específicas – as componentes formaisdo próprio acto de consciência – que são função da natureza da realidade percepcionada. Tratando-se de uma energia psíquica, é plausível considerar-se que se trata, então, do processo de formação de imagens mentais da realidade.Essas imagens traduzem-se e transmitem-se por palavras. Voltando a uma das explicações tradicionais apresentadas, as palavras ou imagens de que aqui se trata são palavras e imagens dos “espectros”, de algo que existiu e já não existe senão enquanto traço ou vestígio de si mesmo.Trata-se, portanto, de memórias, que parecem ser o elemento fundamental deste plano intermédio do psiquismo humano, o Hun.O âmbito abrangido por esta secção é, no entanto, muito vasto, uma vez que as memórias registadas

podem ter origem não só na experiência vivida pelo indivíduo, mas também na experiência dos seu ancestrais que, em última análise, é a da própria espécie.A transmissão deste último tipo de memória processar-se-ia por via hereditária, o que nos faz, naturalmente, pensar nos modernos conhecimentos relativos ao código genético.Do ponto de vista das possíveis localizações cerebrais, estes dois tipos de memória estariam relacionados com duas zonas diferentes.Os lobos parietais do lado direito relacionam-se com a memória hereditária, traduzida nos dons naturais do indivíduo. Esta memória é inteiramente inconsciente. É a sede dos comportamentos automáticos. Cria um campo mental limitado por propensões inatas que arrastam para determinadas crenças e concepções enquanto que inibem outras, podendo a sua falta de flexibilidade, em caso de contradição com outrasinstâncias psíquicas, levar a neuroses ou, mesmo, a psicoses. Uma designação aplicada a esta zona é de “Autómato”.Os lobos parietais esquerdos parecem relacionar-se principalmente com a memória de imagens e palavras registadas pelo próprio indivíduo ao longo da sua experiência, e que podem substituir duma forma consciente ou semi-consciente. Esta zona é designada “O Papagaio”.As características tipológicas dos estados de insuficiência e excesso são apresentadasseparadamente para cada uma das zonas referidas.

Insuficiência do Hun “hereditário”:- Comportamento inconformista;- Atracção por iniciativas inesperadas;- Falta de respeito pela tradição;- Tendência a ser surpreendido pelas ocasiões, sendo obrigado a reflectir antes de agir.

Excesso:- Conformismo;- Arrastado pela tradição a família e do meio em que vive;- Age sem pensar, por mera rotina.

Insuficiência de Hun “pessoal”:- Reduzida memória ou de palavras e datas ou de imagens e sons;

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- Não consegue aprender, tem de compreender;- Apenas consegue raciocinar sobre factos, não sobre palavras;- Temperamento independente, investigador;- Origina executantes medíocres, distraídos, mas com grandes capacidades de chefia, em caso de crise.

Excesso:- Conversação à base de citações, abundante, segura, relativa a qualquer tema;- Boa memória das palavras e das datas;- Muitas vezes as palavras substituem e escondem os factos;- Tendência para se aproveitar do trabalho dos outros;- Bons executantes de segundo plano, mas incapazes como chefes em situação de crise.

Segundo a tradição, o Hun tem a sua sede no Fígado. No entanto, a memória depende do Coração. É sobretudo através da tonificação do meridiano doCoração que se pode obviar à amnésia.O meridiano do Mestre do Coração tem também um efeito poderoso.Os lobos parietais parecem responder à acção dos pontos bilaterais actuando sobre o lado oposto. Trata-se sobretudo dos pontos do Mestre do Coração e do ponto 39 do meridiano do Estômago.O terceiro plano do psiquismo, o plano superior é o Shen.Nele estão representadas todas as faculdades que caracterizam o homem evoluído em relação aos animais, nos quais apenas o Po e o Hun estão presentes.Assim, ele engloba uma consciência moral feita de compreensão das consequências reais dos actos que se praticam, e não de memorização de regras ou códigos.Permite uma percepção rigorosa e directa da realidade, além dos preconceitos, noções e palavras que mascaram e deformam o real que a consciência capta.Ou seja: a capacidade de observação, capacidade de síntese, capacidade de discernir entre aquilo que é real e aquilo que é imaginário. Graças ao Shen, é possível confrontar os dados imediatos do momento real com as memórias hereditárias e pessoais, no sentido de encontrar

sínteses que levem os projectos e acções do indivíduo a harmonizar-se com as possibilidades objectivas.Parece-nos especialmente elucidativa a referência à importância do Shen numa corrente budista dedicada essencialmente à meditação, que tendo representantes indianos e tibetanos, é representada na China pela seita Tchan, ou Tchran, e no Japão, pelo budismo Zen.Solicitando constantes e prolongados esforços de atenção e consciência, estas escolas ascéticas usam correntemente o paradoxo, a crítica, e situações de absurdo, de forma a provocar uma verdadeira paralisia do pensamento racional baseado em memórias anteriores.

Os esforços de atenção directa, dirigidos a si mesmo e à realidade, seriam uma forma de desenvolver o Shen, destinando-se as situações racionalmente irresolúveis a provocar um bloqueio do funcionamento involuntário e automático das memórias contidas no Hun, as quais deformariam a visão da realidade.Depois de um período de crise interior mais ou menos intensa, haveria um retorno à normalidade, com as memórias voltando a desempenhar o seu papel na vida psíquica do indivíduo mas, desta vez, conhecendo-se as suas limitações e sob a supervisão critica do discernimento exercido pelo Shen.O ideograma chinês relativo a este elemento psíquico é composto pelos seguintes elementos: “aquilo que cai do céu e atravessa o corpo”. O significado é precisadono seguinte comentário: “elemento imaterial da energia astral, a força cósmica, as ondas que animam a forma e lhe dão a razão”.Estas ideias apresentam um paralelo quase perfeito com a noção budista em particular, mas difundida sob várias formas em todo o oriente, de que há uma sabedoria pré-existente a todas as formas do universo. Ou nos termos do budismo Tchan, da China, um “mental cósmico” que, feito da sabedoria e beatitude, constitui e unifica todas as coisas existentes,permitindo, além disso, compreendê-las.Também neste caso são apresentadas as tipologias características do excesso e da insuficiência.

Insuficiência do Shen:- Inconsciência, amoralidade;- Incapacidade de ver os aspectos profundos da realidade e suas relações;

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- Incapacidade de síntese;- Obediência sem compreensão;- Imprevidência, despreocupação;- Sociabilidade frívola;- Falseamento constante da realidade ;- Incapacidade de conceber planos vários;- Dificuldade de concentração prolongada;- Tendência para dispersão de espírito.

Quanto à tipologia do excesso, os traços são apresentados não representam propriamente desequilíbrios da personalidade. São todos eles traços positivos, pelo que o Shen em excesso nunca representaria um estado humano verdadeiramente patológico:

- Consciência moral, moralidade;- Rápida sobreposição dos dados dum problema e sua consequente resolução;- Espírito de síntese;- Distinção imediata do verdadeiro e do falso;- Fácil compreensão de qualquer questão;- Previdência, preocupação com o futuro;- Seriedade;- Imagens adequadas da realidade;- Dons de organização;- Fácil concentração durante períodos prolongados.

Conjecturalmente relacionado, do ponto de vista da sua localização, com os lobos frontais do cérebro, segundo a tradição chinesa o Shen tem a sua sede no Coração.No entanto, verifica-se que as suas característicasrespondem à estimulação de vários meridianos, nomeadamente o do Baço-Pâncreas, sobretudo no seu ponto número 2, o do Coração, sobretudo no seu ponto número 9 e, também, o do Estômago, sobretudo no seu ponto número 40.Mas também o meridiano dos Rins, pela sua acção sobre os estados de indecisão e dúvida e capacidade de as superar, o Vaso de Governo e o Vaso de Concepção pela sua influência sobre as ideias falsas, etc.Apesar desta teoria representar uma concepção muito geral do psiquismo humano, a organização em três planos diferenciados e os traços tipológicos apresentados permitem a realização dum diagnóstico relativamente fácil e acessível da situação psicológica de cada indivíduo.

Nesse diagnóstico há que detectar o predomínio ou a secundarização de cada um dos planos relativamente aos outros, bem como o equilíbrio dentro de cada um deles.Em seguida, é possível utilizar medidas terapêuticas, nomeadamente através dos pontos de acupunctura assinalados.

Soulié de Morant refere ter realizado inumeráveis experiências de correcção de traços de carácter, em assuntos tão especiais como a capacidade de resolver problemas de matemática, a possibilidade de eliminar os efeitos nocivos de choques e emoções traumáticas, o aumento da consciência moral e da capacidade de reflexão, incremento da memória, correcção do maufuncionamento da vontade, etc.

A intensidade do funcionamento psíquico, tanto do ponto de vista geral como do de cada plano separadamente considerado, é outra questão a ter em consideração.Depende de uma energia especial, designada “Cor”, pelo facto da sua presença se manifestar pelo colorido do rosto e pela vivacidade do olhar.Sendo inata no indivíduo, ela vai animar sucessivamente os três planos, começando pelo Po, passando pelo Hun e chegando, por fim, ao Shen.Nesta fase, e voltamos à questão da ascese oriental, ela pode faltar temporariamente nos dois planos inferiores. No entanto é possível, posteriormente, graças a um esforço voluntário, orientá-la novamente para os planos parcialmente abandonados, de forma a reconstituir a harmonia global.

Não é apresentada qualquer terapêutica específicarelativa a esta energia, uma vez que as formas de acção sobre o psiquismo anteriormente apresentadas agiriam, precisamente, sobre ela.Bastante mais claras são as referências ao papel energético dos meridianos do Baço-Pâncreas e do Rim, as quais correspondem os dois elementos psíquicos tradicionais ainda não analisados: o Yi e o Zhi.Ao meridiano do Baço-Pâncreas é reconhecida a capacidade de desenvolver a concentração prolongada, a atenção sustentada sem esforço, permitindo uma actividade intelectual rigorosa, profunda e de longa duração.

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Por hipótese, a maior responsabilidade neste processo caberia ao Pâncreas, através do aumento da quantidade de açúcar no sangue, o qual produziria uma activação cerebral recaindo sobretudo nos lobos frontais.Por seu lado, os Rins comandariam o “poder” geral da personalidade.A sua insuficiência é caracterizada por complexo deinferioridade, medo do insucesso, falta de autoridade, misantropia, falta de decisão, falta de vontade, emotividade, medo, falta de astúcia.Em excesso, os Rins produziriam a manha, a astúcia que de imediato vê os pontos fracos dos outros, a audácia que não recua perante regras e obstáculos, a exacerbação da autoridade, da auto-confiança, dainfluência pessoal.A acção desta energia, do ponto de vista psíquico centrar-se-ia principalmente no plano inferior, o Po, no qual a hereditariedade é dominante, sendo os Rins, em medicina chinesa, a sede da energia ancestral.Por fim, e ainda relativamente à questão da energização do psiquismo, as suas deficiências ouexcesso gerais são muitas vezes reflexo de problemasao nível da vitalidade física geral, casos em que se impõe uma terapêutica centrada no aspecto somático.

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Síntesis de trabajos sobre la acción biomoduladora de la fitoterapia orientaly sobre las reacciones inmunológicas (3ª parte)

Alfredo Embid(Naturopata e Director da Revista Medicina Holistica)

Apêndices sobre estúdios concretos

Incluyo a continuación algunos ejemplos de los protocolos más detallados de algunos estúdios concretos. He escogido en especial los modelos de inmunodeficiencias en animales y los estudiosexperimentales sobre cultivos celulares. Resaltemos que en estos modelos el factor sugestión está excluido y por eso insisto en citarlos. La “sugestión” es uno de los estúpidos (y tendenciosos) argumentos utilizados para intentar desacreditar las evidencias de resultados positivos que resultan incómodos para algunos…

Ejemplos de estudios de componentes del ginseng

El ginsenósido Rb2 tiene efectos beneficiosos sobreratas diabéticas (inducida com estreptozotocina).Reduce la sobre alimentación, poliuria y otros síntomas.Incrementa el peso corporal de los animales tartados aunque hayan consumido menos comida que los controles.Produce también un descenso de urea en sangre e hígado, un incremento del número de ribossomas y una normalización de las concentraciones de aminoácidos en hígado (55).

Chen y su equipo encontraron un efecto protector de los ginsenósidos Rb y Ro (pero no del Rh) contra el daño por deficiencia de oxígeno en el músculocardíaco causado por peroxidación de lípidos, contra anoxia y contra el daño por reoxigenación.Estos componentes activos del ginseng incrementan la enzima superóxidodismutasa (SOD) en el músculo cardíaco e inhiben la producción de radicales libres.Un extracto de Panax notoginseng (saponinas en su totalidad) tuvo efectos contra la arritmia en cuarto ensayos sobre ratones, ratas y conejos (56).

Osamu Tanaka y su grupo del instituto de Ciencias Farmacéuticas de la Facultad de Medicina de la

Universidad de Hiroshima en 1987, informaron de la presencia de polisacáridos inmunoestimulantes en el Sanchi ginseng (Panax notoginseng).

En octubre de 1989, los investigadores K. Othani y colaboradores, informaron de la acción estimulante demostrada sobre el sistema inmune de los ratones de dos polisacáridos procedentes del Panax japonicus (una variedad de Ginseng cultivada en Japón).

Los extractos estudiados fueron tratados para eliminar las saponinas (ginsenósidos) que, desde hace mucho tiempo, se consideran los constituyentes más activos de los distintos tipos de ginsengs y que son la base de la mayoria de los estudios farmacoloógicos sobre el ginseng.Los dos polisacaridos se estrajeron con agua caliente y se analizó exhaustivamente su identidad química que se identificó.

Un de los nombres del ginseng japonés es “tochiba-ninjin”. De este nombre se derivaron los de los dos polisacáridos: tochibano A y B, el primero con un peso mulecular de 23.000 (magnitud similar a de los polisacáridos activos del astrágalo), y el segundo y más activo compuesto B, con peso molecular de 40.000.La estimulación inmunológica se estudió mediante el conocido test de eliminación de carbono, que mide la velocidad con la que un ratón es capaz de eliminar de su sangre partículas del tóxico tetracloruno de carbono que le han sido inyectadas.

Resultados: Los de los polisacáridos incrementaron significativamente la velocidad de eliminacióny ambos superaron los resultados del grupo de control (que se trató con el fármaco de zimosán).Esto demuestra que los componentes de la planta actúan en sinergia: saponinas (ginsenósidos) – polisacáridos (57).

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Ejemplos de estudios de componentes del astragalus

Se piensa que una parte de los polisacáridos (llamada APS) es la responsable de los principales efectos inmunoestimulantes.Esta fracción, inyectada en ratas, aumenta la cantidad de macrófagos intraperitoneales, aumenta la transformación en células T y aumenta la fagocitosis (58).

Investigaciones de la Facultad de Medicina de Nanjing, en China, han demostrado que dos saponinas del astragalus, aplicadas de forma oral, inhiben la supresión del sistema inmunológico causada por ciclofosfamida y también protegen al sistema inmunológico de lesión por rayos gamma.Además, los ratones a los que se proporcionaban esas dos saponinas del astragalus duante diez dias (por via oral) tenían un mejor rendimiento en la prueba de natación, que evalúa el periodo de tiempo que un ratón puede nadar antes de lo agotamiento, y también aumentaban su resistencia a las bajas temperaturas.

Las mismas saponinas inyectadas intraperitonealmente elevaban drásticamente el nivel de ácido ascórbico en las glándulas adrenales (59).Análisis químicos de la planta han aislado dos sustancias activas, una de las cuales es facilitadora y otra supresora. “Se han aislado dos componentes activos en los análisis químicos del Astragalus: un polisacárido capaz de provocar o de favorecer las funciones inmunológicas humorales y un precipitado capaz de suprimir las funciones inmunológicas, obtenido mediante la centrifugación del extracto en polvo del Astragalus flotante en agua” (60).

Al comenzar nuestro estudio (61) sobre la inmunofarmacología de los medicamentos chinos, nos impresionó el hecho de que los polisacáridos de varios ellos, como la Radix Astragali (o sus polisacáridos, PSA), aumentaran la respuesta inmunológica, mediada por células, más que las respuestas inmunológicas humorales.Estos resultados han llevado a investigar el efecto de los fármacos sobre los linfocitos T y el papel esencial del timo en las respuestas inmunológicas a los medicamentos investigados.En uno de los experimentos sobre los PSA del

Radix Astragali, se encontró que el nivel de IgM e IgG en suero en ratones normales aumentaba significativamente tras ser inmunizados con unadosis de hematíes de oveja (HO) y administrarles repetidamente PSA. Este efecto confirmaba ininforme anterior de otro laboratorio de Shangai (Li Xiaoyu). Se repitió el mismo experimento en ratones timectomizados y el resultado fue una respuesta insignificante al antígeno de los HO, que esindependiente de las células T, y ninguna respuesta a los PSA. Sin embargo, cuando se substituía el antígeno empleado por lipopolisacáridos de HO, que dependen de las células T, se producía la respuesta inmunológica normal al antígeno y una respuesta intensificada a la administración de PSA. Era unaevidencia clara del papel indispensable del timo en la respuesta mediada por células ante determinados antígenos. Los PSA pueden actuar tanto a través del timo en la respuesta mediada por células como también directamente sobre las células B para producir la respuesta con anticuerpos.

Astragalus y enfermedad cardiaca vírica

En una serie de artículos en el Chinese Medicine Journal, médicos del Instituto de Enfermedades Cardiovasculares de Shangai describieron los efectos significativos del Astragalus Membranaceus contrael virus puede ocasionar una infección cardiaca denominada miocarditis vírica por Coxsackie B. Entre otras cosas, este virus puede ocasionar una infección cardiaca denominada miocarditis vírica por Coxsackie B. En los últimos tiempos esta enfermedad se ha vuelto frecuente en China, y en la actualidad no se conoce ningún medicamento para su prevención o tratamiento. En 1987, algunos investigadores chinos mostraron los efectos beneficiosos del Astragalus en cultivos de célulascardíacas infectadas por el virus de Coxsackie B2 (62).

Continuando esta investigación, el mismo grupo ha divulgado los resultados de sus últimos experimentos. En otro experimento con cultivos de células cardíacas, Yuan Wei-Iong y col. demostraron que el astragalus podía reducir el daño de las células cardíacas y los cambios en la actividad eléctrica de las células cardíacas. Las células infectadas que fueron tratadas con el extracto de astragalus

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mantenían un ritmo, frecuencia de latido y porcentaje de latido más regulares y mostraban un menor daño celular debido a la infección vírica (63).Los resultados del experimento in vitro fueron confirmados en otro estudio con ratones infectadospor el virus de Coxsackie B. En comparación con los controles, los ratones a los que se había aplicado el extracto de Astragalus quedaban significativamenteprotegidos contra los efectos de la afección cardiaca provocada por el virus. El extracto de astragalus redujo tanto el tamaño como la gravedad de las lesiones del músculo cardiaco, al igual que el título o cantidad de virus presente en el tejido cardiaco eficaz. El grado de protección resultabaimpresionante. En los controles sin tratamiento, el 20% del músculo cardiaco estaba lesionado por la infección vírica, mientras que en el grupo tratado con Astragalus se producía una lesión de menos de 3% como consecuencia de la infección vírica. Dicho de otra forma, el extracto de astragalus era eficaz enmás de un 85% para la prevención de las lesiones cardíacas provocadas por infección vírica (64).

Finalmente se llevaron a cabo experimentos clínicos con pacientes humanos que padecían miocarditis vírica por Coxsackie B, todos los cuales mostraban sistemas inmunológicos debilitados, como se comprobaba por la reducida actividad de las células natural killers (NK). Se asignaron diez pacientes al grupo con astragalus, que fueron tratados con inyecciones intramusculares de extracto de astragalus en una dosis de ocho gramos al día durante tres-cuatro meses. A otros seis pacientes se les aplicó un “tratamiento convencional”, que consistía en vitamina C, coenzima A, ADN y un medicamento compuesto por hierbas chinas llamado Sheng Mai Chong Ji. Tras la terapia, la actividad de las NK estaba triplicada en el grupo con astragalus, de un 15,6% a un 44,9%.

También, de acuerdo con los autores, “el estado general de estos pacientes mejoraba notablemente. Tres pacientes quedaron prácticamente libres de ataques de resfriado común y siete padecían sólo ataques ocasionales”. En el grupo con terapia convencional “no se producían cambios significativosen laactividadde las NK y el estado clínico mostraba mejorías. En el grupo con Astragalus también se redujeron las arritmias, pero no obstante no se sacan conclusiones

acerca de esta observación, puesto que se estaban tomando también fármacos antiarritmia. Durante el experimento se evaluaron y registraron también los niveles de interferón. Resulta interesante el hecho de que estos niveles aumentaron significativamente a losdías de tratamiento, pero que después descendieran hasta el nivel original y que tras tres semanas de terapia, los niveles de interferón fueran básicamente los mismos que antes del tratamiento”. Los autores señalan que en este experimento los pacientes no se encontraban en un estado de infección aguda.

Los resultados de estos estudios vuelven a mostrar que el astragalus puede tener un papel significativoen el control de las infecciones víricas. En los experimentos con ratones, la mayor protección se alcanzaba cuando se usaba el astragalus inmediatamente después de la infección con e virus. Este experimento mostró también el posible uso del astragalus para la prevención de miocarditis infantil. Los experimentos clínicos en humanos mostraron que, incluso meses o años después de la infección, el astragalus puede mejorar el funcionamiento inmunológico, medido por la actividad de las células natural killer, y también puede reducir síntomas como arritmias (65).

Astragalus para proteger el hígado

La investigación reciente se ha centrado en los efectos protectores del hígado y las aplicaciones en China contra la hepatitis crónica. Los experimentos llevados a cabo en 1986 demostraron que el astragalus puede proteger el hígado de los animales contra la toxicidad de la toxina hepática estandarizada: tetracloruno de carbono. En la misma referencia se discute su eficaciacontra la hepatitis cuando se utiliza clínicamente (66).Un nuevo artículo recalca aún más la utilidad del astragalus para proteger al hígado contra los fármacos hepatotóxicos, demostrando su efecto protector contra el daño hepático producido por stilbenemide, un compuesto anticancerígeno que es tóxico para el hígado.

Se elaboró un extracto de astragalus en etanol al 95% durante seis horas, y después se eliminó el etanol, obteniéndose un extracto seco libre del alcohol. En un grupo de animales que recibían sólo la sustancia

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quimioterapéutica, aumentaba notablemente la actividad enzimática del hígado (GPT), lo que indicaba toxicidad hepática. El grupo que recibía la sustancia quimioterapéutica y el extracto de astragalus mostraba valores de GPT que no eran significativamente distintos del grupo controlnormal. El daño hepático visible en el grupo que sólo recibía quimioterapia incluía degeneración grasa y muerte de algunas células hepáticas. En los animales de control no se encontraron cambios de ese tipo, mientras que los cambios que aparecían en los animales a los que se aplicaba tanto la quimioterapia como el extracto de astragalus eran “menores de los observados” sin el extracto de astragalus (67).

El astragalus inhibe las metástasis pulmonares

El alcaloide swaisonina, procedente de Astragalus oxyphysus, ha sido probado experimentalmente como un inhibidor de la metástasis pulmonares de células de melanoma en ratones.La dosis fue oral, disuelta en agua, alcanzó su máximo rendimiento rápidamente y se distribuyó por el organismo enseguida: 24 horas de exposición al alcaloide indolicidina produjeron inhibición de la colonización de los pulmones por el tumor en un 80%.La administración del alcaloide durante largos periodos de prueba conduce a similares resultados, y “al menos siete diferentes remesas de swainsonia procedentes de cuatro fuentes independientes han sido probadas con idénticos resultados”.

Los investigadores M. J. Humphries y otros (Centro del Cáncer Howard U.), demostraron el mecanismo de acción realizando el mismo experimento con ratones NK-deficientes.Sin células NK sanas, el alcaloide perdió totalmente su efecto. En un ensayo de citotoxicidad de células NK estándar, se demostró que las células NK tratadas no fueron más activas que los controles, pero el número de células en el bazo se incrementó 2 ó 3 veces. La “swainsonia puede ser un estimulante de la proliferación de las células antimetastásicas (68).

Los autores suponen 2 mecanismos de acción:1–Incremento de reactividad de la célula antitumoral. Acción a través de la estimulación de las células NK, como lo demuestra el experimento anterior.

2–Pero también producción de alteraciones estructurales en los oligosacáridos de la superficieexterna de la célula tumoral viva, lo que conduce a su vez a un incremento en su sensibilidad ante la lisis producida por la célula asesina (NK)”. El alcaloide podría convertir las células tumorales en reconocibles para las células NK.Recordemos que las células cancerosas se protegen del sistema inmunitario desarrollando una capa de glocoproteinas, antígenos de superficie y emitiendo“señuelos” a distancia que son antígenos solubles, péptidos inmunorepulsores e inhibidores del complemento (69).Recordemos también que cuando los tumores cancerosos son diagnosticados tienen 1 cm. Como mínimo y las metástasis generalmente se han producido antes (70). De ahi la importancia de ese estudio.

Conclusión

Os invito a haceros una pregunta sencilla. Si la fitoterapia podría ser una terapéutica barata eincluso accesible a los países “pobres” (de hecho muchos es lo único que tienen, aunque se podría mejorar con fórmulas galénicas modernas).Si las pruebas científicas de la eficacia de las plantasestán evidentemente documentadas (y tened en cuenta que solo he hecho una revisión superficial deesa documentación, ya que no soy un especialista en fitoterapia):Como es que no se nos enseña su uso?Como es que se no aplican?Como es que incluso legalmente los organismos oficiales que todos pagamos para cuidar de nuestrasalud bloquean la importación de plantas cuya eficacia y seguridad están más que demostradas,científicamente?

Referencias:

55. Yokozawa et al., Chem. Pharm. Bull. 35 (10), 4208-14, 1987.56. Liu & Chen, Acta Pharmacologica Sinica 5 (2), 6/1984, 100-3.57. Chem. Pharm. Bull., 37 (10), 2587-2591 (1989).58. Dr. Mei Fang Chen “Medicina tradicional china e inmunidad”. Instituto de Artes Curativas Orientales. Long Beach, Califórnia.59. Zhang Y., Q. Xu. Liu, S. Wang J. Shen, and L. You. The anti-

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leucocytopenic and anti-stress effects of astragalus saponis (ASI,SK) on mice. (Dep. Pharmacol., Nanjing Med. Coll., Nanjing, Peop. Rep. China) Nanjing Yixueyuan Xuebao 1992, 12(3): 244-8. Resumido en el nº 35 de la revista de Medicina Holística.60. Op. cit. nota nº 4061. Zhou Jinhuan “Inmunopharmalogical effects of Yin Yangmodulatory. Recent advances in chinese herbal drugs. Ed. Satas.Bélgica.62. Yang YZ y col., Chinese Medical Journal, 1987, 107(7):595.63. Chinese Medical Journal, 1990, 103(3): 177-182.64. Chinese Medical Journal, 1990, 103(1): 14-18.65. Chinese Medical Journal, 1990, 103(4): 304-307.66. J.-W. Jiang y Q.-S. Xiao (1986) Handbook of Planta Medica, People’s Health Publishers, Beijing, pp. 127-128.67. Z.-L. Zhang, Q.-Z. Wen y C.-X Liu, Journal of Ethnopharmacology. Sept. 1990. 30(2): 145-14968. Cancer Research, 48, Mar.15,’88, 1410-5. Resumido en la Revista de Medicina Holística nº 45.69. Ver artículo del Dr. Lagarde “La génesis del cáncer” Revista de Medicina Holística nº 32.70. Ver artículo sobre el cáncer de mama del Dr. Philippe Lagarde en el nº 58 de la revista de medicinas complementarias

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A massagem pediátrica chinesa (MPC) é uma especialidade da massagem Tuina, na Medicina Tradicional Chinesa. A MPC é utilizada em crianças desde o nascimento até aos 12 anos, sendo a idade limite algo controversa. A maioria das autoridades afirma que a MPC é útil e eficaz até aos 6 anos. Depoisdesta idade, o terapeuta terá de avaliar cada criança para determinar a relativa maturidade energética. Nalguns casos, os terapeutas combinam técnicas de pediatria com a massagem Tuina para adultos.A MPC é uma simples extensão dos conceitos comuns da MTC, mas aplicada às crianças, por isso considerada uma parte valiosa para o terapeuta de MTC. Podemos até afirmar que a MPC é umaespecialidade distinta da MTC, isto porque, apresenta algumas diferenças que vão desde um sistema energético diferente do dos adultos (que engloba a energia anatómica e psicológica), até ao diagnóstico, aos pontos e ao tratamento.

Na prática clínica, o terapeuta tem que ser sensível à idade dos seus pacientes. É importante ter em conta a apresentação especial energética das crianças, havendo uma orientação das diferenças para a avaliação e tratamento.As técnicas de massagem são uma alternativa valiosa aos terapeutas de Fitoterapia e Acupunctura. Em muitos casos, as agulhas e as plantas são contra-indicadas, por serem muito fortes, muito invasivas e com muitos efeitos secundários desnecessários para as crianças. As técnicas de massagem de MPC oferecem métodos para manipular Qi e o sangue da criança sem haver a invasão das agulhas e ervas. A terapia aplicada é a mais tolerada pela criança, mais fácil para os pais e muito eficaz a longo prazo.

Na China, a prática da MPC varia muito e depende de localidade para localidade dos recursos de saúde. A maioria dos hospitais e escolas de MTC possuem um departamento de Tuina que inclui Pediatria.Na China, existe uma tradição antiga de massagem pediátrica, verifica-se, no entanto, que as teorias de

MPC têm vindo a evoluir mas de uma forma esporádica e irregular. Ainda assim ressalve-se que a MPC, na China, faz parte do contexto holístico da MTC.

História

As referências à MTC remontam de há 3/5 mil anos, havendo, no entanto, pouca matéria escrita devido às muitas mudanças sociais ocorridas na China ao longo destes anos, que levaram a uma perda de material importante.Não existe uma data precisa para o início da MPC; sabe-se que esta passou por diversas fases, tal como a MTC, umas florescentes outras de quase extinção,mas desenvolvendo-se lenta e continuamente até hoje.O primeiro trabalho escrito de MPC Prescriptions worth a thousand Gold, de Sun Si Miao, data da dinastia Sui/Tang (581-907). Já na dinastia Song (960- 1279), o Dr. Qian Zhong Yang diferencia síndromes pediátricos, energias, diagnóstico e tratamento em 3 volumes Key to the treatment of Children’s diseases.

Na dinastia Yuan (1279-1368), foi criado o departamento de MPC, no Instituto de Médicos Imperiais, altura na qual a Tuina se encontrava dividida em dois ramos: o de reposicionamento de ossos e a pediatria.Durante a dinastia Ming (1368-1644), deu-se uma grande desenvolvimento na MPC. Foi reconhecida como uma prática especializada dentro do ramo de massagem, com avanços na área clínica e teórica. Existem várias referências bibliográficas desteperíodo: Secrets of Infantile TuiNa Therapy, Guide to Infantile TuiNa Therapy, The Canon of Massage for Children, etc.Antes da mudança política que ocorreu na dinastia Qing (1644- 1911), que se tornou opressiva para com a Medicina Chinesa, foram escritos vários tratados e alguns dos clássicos. Após a mudança política, a Medicina Chinesa era ensinada de pais

Massagem Pediátrica ChinesaCompilado por Maria Amaral

(Estudante de MTC)

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para filhos como uma tradição. Muitas das práticasde MPC ficaram dispersas e desorganizadas. Só apósa Revolução Comunista (1949) o governo decidiu reorganizar e promover o uso da Medicina Chinesa, altura em que a MPC se tornou popular com o seu desenvolvimento.Contudo, o avanço dos anos 50 foi seguido de um declínio durante a Revolução Cultural dos anos 60 e 70. Muitos livros foram destruidos, professores e terapeutas foram impedidos de trabalhar e as publicações cessaram.Em 1979, os efeitos da Revolução Cultural começaram a desvanecer-se e lentamente a MTC começou a recompor-se. A MPC continua actualmente a ser um aspecto significativodo sistema completo apresentado pela MTC.

Indicações e contra-indicações

“Em primeiro lugar, não prejudicar ainda mais”. A primeira decisão do terapeuta é optar se vai utilizar MPC ou não. Esta deve ser uma abordagem lógica na avaliação da condição da criança e o efeito do tratamento. Em qualquer condição em que o terapeuta sente que não está apto para tratar deve aderir a este princípio. Há sempre um conjunto de contra-indicações gerais, no entanto, cada caso é um caso e cada criança deverá ser avaliada individualmente. As seguintes contra-indicações tanto são indicadas para a MPC, como para a massagem geral:

-diagnóstico desconhecido;-na existência de tumores, doenças de pele agudas, feridas abertas ou queimaduras;-doenças infecciosas agudas (hepatite, tuberculose, difteria e febre tifóide);-hemorragia interna;-crianças medicadas (principalmente com analgésicos);-traumas da coluna vertebral.

Prática de Massagem Pediátrica Chinesa

Relativamente ao tratamento com MPC é indispensável considerar alguns factores:

a) Tratamento e o meio ambiente

O ambiente para a prática de MPC deve ser morno, limpo e apto para os tratamentos. O ideal será ter presente uma marquesa com altura adequada às técnicas e massagem, almofadas para a criança se deitar, cobertores para a tapar e uma cadeira para os pais, a fim de participarem da melhor forma no tratamento.

b) Roupa

A criança deve-se manter vestida, excepto a área imediata a tratar.

c) Higiene

O terapeuta deve conservar uma boa higiene, tendo em conta lavar as mãos antes e depois dos tratamentos e manter as unhas cortadas, a fim de não intervir com as técnicas.

d) Instrumentos para a massagem

Estes devem estar facilmente acessíveis no decorrer do tratamento.

e) Toque

É essencial que o terapeuta pratique um toque apropriado. Deve ter em conta a idade e a patologia da criança. A força da técnica deve ser firme, mas suportável para a criança.

f) Posicionamento

O terapeuta terá que posicionar a criança de uma forma confortável e propícia à execução da técnica. Durante o tratamento poderá ser necessário alterar a posição da criança, de um modo firmee suave. A ajuda dos pais poderá ser necessária, ou até mesmo aconselhável para segurarem na criança ao colo, enquanto a técnica é executada.

g) Comportamento

O comportamento do terapeuta perante a criança é muito importante. É indispensável ganhar a confiançada criança, falando com ela e tratando-a com respeito. Só assim a resposta será positiva. Quando a criança já tem idade de compreender, deverá ser-lhe explicado

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o que vai acontecer e porquê. O terapeuta terá que ser sensível às reacções da criança à massagem, fazendo perguntas, respeitando as suas respostas. Durante a execução das técnicas, poderá mesmo ser necessário cantar, contar histórias ou mesmo anedotas para relaxar a criança.

h) Cuidados após o tratamento

Após o tratamento de MPC é importante saber se os pais ou a criança têm alguma questão a colocar. É nesta altura que o terapeuta deve frisar as recomendações sobre a dieta, prevenção, estilo de vida, ou qualquer outra sugestão que possa melhorar a sua condição. Se possível, o terapeuta deverá ensinar técnicas básicas de MPC e alguns pontos que os pais poderão executar em casa. Por fim, o terapeuta deverá verificar se a criança está bem protegida do frio, vento e humidade, antes de sair do consultório.

i) Prevenção

A MTC centra-se muito num aspecto essencial: o trabalho a nível energético, que por ser muito subtil, pode trabalhar-se a priori da manifestação de um sintoma ou doença. O terapeuta deverá falar com as crianças e pais, aconselhando comportamentos, sugestões realistas e práticas, que previnam a repetição da condição em causa.

j) Dieta

A dieta em pediatria, na prevenção e cuidados terapêuticos, é essencial. Isto devido à deficiênciainerente das funções do baço e estômago na criança. Esta deve evitar os extremos, como os alimentos quentes e frios, fritos, e deve também moderar a ingestão de açúcares e lacticínios. Verifica-semuitas vezes que há uma associação entre os hábitos alimentares e o surgimento de problemas crónicos (corrimento nasal, dores de ouvidos, etc).

l) Modo de vida

O modo de vida inclui todos os elementos na vida das crianças que têm impacto nas funções energéticas. No interrogatório feito à criança, o terapeuta deve

perguntar acerca dos modos de vida, ou seja, fazer perguntas sobre a escola, pais, amigos, família e acontecimentos marcantes. Todos estes dados devem ser tomados em conta no diagnóstico e tratamento. É importante o terapeuta aprender a ver o mundo pelos olhos da criança.

m) Os pais

É necessária uma boa comunicação com os pais para o sucesso do tratamento. Será preciso ganhar a confiança e concordância dos pais pelo facto dacriança poder ficar menos cooperativa. Cada umdos pais terá a necessidade de colocar diferentes perguntas ao terapeuta. Geralmente, os pais entregam a criança ao terapeuta, por isso a base do relacionamento terá que passar, obrigatoriamente, pela confiança. Educar os pais é tão importantecomo o tratamento da criança. A maioria dos pais participa activamente na assistência ao tratamento ou em casa. O terapeuta deverá ajudar a encontrar um modo de atrair a atenção dos pais, de forma a detectarem efeitos negativos ou positivos na criança.

n) Tratar da mãe para tratar da criança

Parte de um princípio básico da Medicina Tradicional Chinesa, que evidencia a importância da ligação entre a mãe e a criança. Literalmente, isto acontece com os recém-nascidos, que são amamentados pelas mães, ou seja, o alimento da mãe passa directamente à criança. Isto também acontece a um nível energético, que se mantém presente ao longo de toda a vida. Deve-se ter em consideração a dinâmica da base de energia congénita, passada dos pais para a criança, portanto, é óbvio que certos pais (especialmente mães), que tenham padrões energéticos muito fortes serão importantes para essa criança. Nesses casos a forma mais directa e eficaz de tratar a criança étratar a mãe.

o) Treino do terapeuta

A eficácia do terapeuta depende da própriacompetência técnica desenvolvida na MPC. Um terapeuta especializado deve estar atento às práticas de desenvolvimento de Qi interno. É importante

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referir a diferença entre a compreensão do conceito intelectual de Qi e a prática directa de uma dada situação clínica, tendo por finalidade influenciar umpadrão energético. Para isso, a prática de Qigong será importante no aperfeiçoamento da educação do terapeuta.

Fisiologia energética da criança

Quando a criança nasce, cada um dos sistemas é imaturo, porém funcional, a um termo necessário à devida continuação do crescimento e desenvolvimento. Quanto mais nova a criança é mais imaturo é o seu sistema energético, comparado com o de um adulto. Portanto, o terapeuta terá de ter em mente que uma criança não é apenas uma pequena versão de um adulto.

Nem todas as crianças apresentam uma única fisiologia energética, portanto, o termo “crianças”abrange um conjunto de diferenças energéticas. Como vimos anteriormente, a aplicação da MPC terá de ser adaptada à sua idade, contudo o terapeuta terá de ter em conta diferenças pediátricas fisiológicas e patológicas, associando-as na avaliaçãoe tratamento.A criança começa a vida com bases “moles”: insuficiência de Qi e de sangue, tendões, vasossanguíneos e meridianos ainda não formados, o Shen instável, Qi defensivo fraco, e Qi dos órgãos essenciais imaturos.

Segundo a teoria do Yin e Yang, a criança apresenta uma insuficiência de Yang, enquanto o Yin ainda nãoestá totalmente desenvolvido. Podemos afirmar queo Yin se refere à matéria corporal (essência, sangue, fluídos) enquanto o Yang se refere às funções dosórgãos internos. Resumindo, devido à imaturidade do Yin e do Yang, a base material e funções energéticas das crianças não estão desenvolvidas na sua totalidade.

Vitalidade e crescimento

Geralmente, as crianças têm um bom crescimento se o Jing congénito for bom e se existiram os devidos cuidados após o nascimento. A constituição e funções energéticas da criança desenvolvem-se rapidamente.

Durante o primeiro ano de vida, o desenvolvimento das crianças é mais rápido do que nos anos seguintes. Este seu rápido crescimento explica-se pela predominância do Yang Qi.

Patologia em Pediatria

Deficiências dos órgãos

Os órgãos internos Baço, Pulmões e Rins são os mais delicados após o nascimento. Estes órgãos não apresentam nenhumas condições patológicas endógenas, no entanto, cuidados incorrectos podem lesá-los.

Baço

“O baço da criança é frequentemente insuficiente”.

O funcionamento normal do baço produz Qi, sangue, músculos enriquecidos e o crescimento. As crianças necessitam de grandes quantidades de Yang Qi para o seu crescimento e desenvolvimento, levando a um trabalho mais intenso por parte do baço. Este é responsável pelo transporte e transformação da comida em Qi. Assim, uma alimentação pobre pode facilitar o aparecimento de uma doença. Antes do nascimento, é o baço da mãe que assume a função de produzir a essência da comida para o bebé. Concluindo, o início da função deste órgão acontece após o nascimento da criança.

Pulmão

Os pulmões controlam o Qi do corpo. Estes dependem das funções do estômago e baço para ter força e resistência aos factores patogénicos. Como no estádio inicial das crianças as funções do estômago e baço são fracas, os pulmões serão, por conseguinte, fracos. O nascimento marca o princípio do funcionamento deste órgão.

Rim

O rim, logo após o nascimento, influencia ocrescimento e desenvolvimento da criança, a resistência à doença, os ossos, medula, o cabelo,

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ouvidos e dentes. Por esta razão, o Qi do rim encontra-se muitas vezes insuficiente.

Excessos

Poderão ser observados vários excessos como o Qi do coração, o Yang Qi, e o Yang Qi do fígado, associados às deficiências dos órgãos acima mencionados.

Coração

Um excesso de fogo no coração é um dos factores contribuintes para a natureza instável do Shen da criança. O Shen é definido como sendo o espírito queguia e forma a base para os aspectos físicos da criança. A instabilidade do Shen é facilmente observável nas manifestações emocionais da criança. Esta condição não deve ser considerada como patológica, como exemplo de instabilidade temos a curta duração da atenção e autocentrismo.

Outro grande factor associado à instabilidade do Shen é a facilidade da criança se assustar. O medo, no seu grau mais elevado, é nocivo ao Shen. A Pediatria Chinesa clássica considera o medo um factor patológico a minimizar, mas perante a consulta e tratamento um factor a ter em conta. Quando o Shen é perturbado, devido a um susto, a estabilidade emocional é perturbada, o que pode levar a uma condição patológica, manifestando-se de várias formas.

Yang Qi

Nas crianças a qualidade excessiva do Yang Qi observa-se nas suas necessidades fisiológicas básicasde transformação. Isto acontece porque desde o nascimento, a criança se encontra em permanente transformação da estrutura física energética. Para que o Yin se desenvolva a função do Yang de transformação do Qi terá de ser consistente. O desenvolvimento físico e energético da criança é um processo exaustivo, tendo como força de origem o excesso de Yang Qi.

Yang Qi do fígado

O Yang Qi do fígado está relacionado com os processos

de crescimento e transformação. Assim como o Yang Qi, também este é considerado um excesso inerente nas crianças. Como sabemos, a função do fígado de armazenar e regular o sangue contribui para a assimilação do alimento no corpo, como o corpo da criança se encontra em constante crescimento necessitará do “alimento” do sangue. Para além disso, o fígado assiste na digestão do estômago e baço na função de assimilação dos nutrientes dos alimentos, e controla os tendões e regula a sua capacidade motora. Um bom funcionamento do fígado ajuda a manter um nível elevado de actividade física e desenvolvimento motor (movimentos de coordenação e actividade do corpo).

Como referência, sabemos que o Yang Qi do fígado corresponde ao elemento madeira, que simboliza o crescimento. Então, o fígado dá à criança a determinação para continuar para a frente, dando-lhe força para caminhar e velocidade de crescimento e desenvolvimento.

Patologia energética

As condições patológicas das crianças resultam da sensibilidade interna dos órgãos, o Qi defensivo fraco, insuficiência de Qi e sangue, meridianos, pelee músculos fracos. Quanto mais nova a criança é, devido à imaturidade dos órgãos e suas funções, mais susceptível ela é à doença. As crianças apresentam uma base de energia de Yang pura, daí que estas condições possam rapidamente mudar, sendo imprevisíveis: padrões de deficiênciadosórgãos, padrões de excesso, síndromes de deficiência– excesso, frio-calor e desordens provocadas pelas estações do ano. Esta transmutação ocorre devido à imaturidade do Yin e Yang.

Padrões de deficiência

As deficiências energéticas do baço, pulmões e rinsdão origem às seguintes patologias gerais:

Baço/Estômago

Como já foi referido, após o nascimento, o corpo da

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criança necessita de grandes quantidades de Qi do baço e estômago. Devido ao estado imaturo destes órgãos e ao facto do baço ter de produzir a essência dos alimentos em condições pouco favoráveis, poderão surgir desordens digestivas. Com a devida cautela e manutenção, o crescimento e desenvolvimento da criança evolui rapidamente. Porém, uma dieta imprópria, alimentos quentes ou frios, ou invasão de agentes patogénicos externos irão desequilibrar este processo delicado (o Yang não sobe, o Yin não desce, o Qi do estômago estagna), manifestando-se em problemas digestivos e de eliminação, assim como dificuldadesgastrointestinais,dores abdominais, distensão, arrotos, vómitos, diarreia e má nutrição.

Pulmão

A insuficiência do Qi do pulmão e Qi defensivofraco é uma porta aberta para a invasão de factores patológicos externos, o que dificulta a função dopulmão de dispersar e fazer descer. Como o pulmão controla a pele e o pêlo, a deficiência subjacenteàs crianças leva a um enfraquecimento da pele e músculos. Podemos verificar ataques aos pulmões,especialmente na mudança das estações. Como resultado, temos a impossibilidade do pulmão poder realizar as suas funções, dando origem a casos de calor, sensação de peito cheio, tosse e dispneia.

Rim

Uma deficiência congénita do rim, aliada a cuidadosimpróprios após o nascimento pode originar uma insuficiência do rim e consequente impedimentoda nutrição dos ossos, medula e tendões. Uma deficiência conjunta do Yin do rim e fígado podelevar à atrofia, desenvolvimento atrasado e flacidez.Contudo, uma tal deficiência ou um excesso doYang do fígado poderá provocar vento. O vento do fígado sobe devido ao calor ou ao fogo e como consequência poderão surgir convulsões, espasmos, ou opistótonos.

Padrões de excesso

Os excessos do coração, do Yang Qi e Qi do fígado, dão origem às seguintes patologias:

Coração

O excesso do Qi do coração é constatado pela natureza instável do Shen, onde podemos incluir as emoções, o espírito, ou desequilíbrios físicos. Esta instabilidade pode contribuir para a origem das emoções extremas, que irão desequilibrar a função energética de qualquer órgão. Como exemplo, um susto pode provocar um desequilíbrio a nível do Shen (que já se encontrava instável), lesando o coração e provocando o choro à noite.

Yang Qi

O excesso do Yang Qi é geral, não se incluindo em nenhuma patologia específica. A rapidez e aintensidade do aparecimento das patologias deve-se ao excesso do Yang Qi. A transformação rápida das síndromes de um excesso para o seu oposto, recai sobre a exaustão do excesso do Yang Qi e ausência do Yin correspondente, que se deveria encontrar em equilíbrio.

Qi do fígado

O excesso do Qi do fígado é semelhante às patologias do excesso do Yang Qi, podendo provocar alterações rápidas no equilíbrio energético da criança. Os comportamentos emocionais fortes e rápidos, como a raiva e os gritos, são uma condição do Qi do fígado.Como já é do nosso conhecimento, as emoções são governadas pelo fígado e a livre circulação do Qi é sinal que o Qi do fígado está equilibrado.

A subida do Yang do fígado pode-se manifestar sob a forma de dores de cabeça, comportamento incontrolável, raiva, distúrbios de sono ou irritabilidade. O vento do fígado interno pode provocar tiques nervosos ou convulsões. O Qi do fígado que invade o estômago ou baço produz irritabilidade, sintomas abdominais, prisão de ventre e, ou diarreia, cansaço, gases ou vómitos.

Síndromes de deficiência, excesso, frio ou calor

A natureza das doenças das crianças muda rapidamente de frio para calor, e de excesso para deficiência. Isto acontece devido à instabilidade

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entre os órgãos e suas funções, devido ao seu desenvolvimento imaturo.

Excesso/deficiência

Uma condição de deficiência significa umainsuficiência saudável de Qi vital. Por outro lado, umacondição de excesso significa uma predominância depatogenias. A mudança do excesso para a deficiência poderáocorrer rapidamente, ou poderá surgir uma evolução combinada das duas.

Frio/calor

Quando se observa uma manifestação de uma invasão patogénica externa, as crianças apresentam uma síndrome de excesso de calor. Com a diminuição do Qi vital, o síndrome muda para uma deficiência denatureza fria.

Desordens das estações

Dado a imaturidade do Qi e do Yang nas crianças, os factores patogénicos externos podem rapidamente invadir o sistema. As diferenças ambientais das estações do ano podem ter um forte impacto nas crianças, devido à imaturidade dos órgãos para fortalecer o Qi defensivo.

Nota :

O presente artigo resulta de uma recolha de apontamentos das aulas de Pediatria com o Professor Juvenal Branco, leccionadas na ESMTC. Poderá existir omissão de algumas fontes bibliográficas, facto pelo qual pedimos as nossas desculpas, salvaguardando a sua provável existência.

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Colite CrónicaAna Rita Espada

(Especialista de MTC)

Descrição geral da patologia, segundo a Medicina Convencional

A colite crónica é uma doença inflamatória dosintestinos. A lesão encontra-se principalmente no recto, mucosa e submucosa sigmoidal, mas também pode abranger todo o cólon.A maioria dos casos de colite crónica resultam de enterites agudas que não são curadas e são frequentemente recorrentes.As principais manifestações clínicas incluem ataques repetidos de dores abdominais, diarreia e fezes com muco ou com sangue.

A Doença de Crohn’s e a colite ulcerosa, duas das condições mais frequentes da doença inflamatóriados intestinos, são extremamente comuns e tendem a aumentar. Existe evidência relativamente a um processo auto-imune que causa a inflamação emambos os casos.

A colite ulcerosa observa-se sobretudo em pessoas dos 20-40 anos, enquanto a doença de Crohn’s surge num grupo ligeiramente mais novo, próximo dos 20 anos e até aos 25 anos) esta última doença afecta sobretudo o intestino delgado (ileum) embora possa envolver qualquer parte do tracto gastro-intestinal desde a boca ao ânus. Afecta o cólon em 15-20% dos casos. A colite ulcerosa afecta sobretudo o cólon como o próprio nome indica, primeiro afecta o cólon e particularmente o recto.

Sintomas

Os sintomas da colite ulcerosa são diarreia, muco, sangue, e tenesmus, associados a sintomas sistémicos como anorexia e cansaço. A condição apresenta remissões e exarcebações relacionadas com a dieta e com o stress emocional.

Os sintomas da doença de Crohn’s são similares. Dor abdominal mais frequente na fossa ilíaca direita, enquanto os sintomas sistémicos são mais severos

tais como febre, anemia e perda de peso mais severa.

Diagnóstico

O diagnóstico da doença inflamatória do intestinoé feito primeiramente pela história clínica. Contudo existem traços típicos que podem ser observados no exame de Raio-X com Bário. A refeição de bário e o seu seguimento revela também traços típicos no caso da doença de Crohn’s. Um enema de Bário realiza-se nos casos de colite ulcerosa em que a colonoscopia detecta a inflamação. Testes sanguíneos evidenciam assituações de anemia. Pode haver também deficiênciade ferro e àcido fólico.

Tratamento

O tratamento convencional das duas condições é semelhante: agentes antidiarreicos para as diarreias, corticosteróides nas situações mais severas, agentes imunosupressores ou mesmo cirurgia nas complicações mais severas da doença de Crohn’s.

Colite Crónica em Medicina Tradicional Chinesa

De acordo com a Medicina Tradicional Chinesa a inflamação crónica do intestino pertence àscategorias: Xie Xie – DiarreiaLi Ji – Disenteria Fu Tong – Dor Abdominal

Deve-se principalmente à humidade com disfunção do Baço Pâncreas e do Rim envolvendo também os Intestinos e o Fígado

Os principais factores etiológicos são:

. Invasão de factores patogénicos externos, sobretudo da humidade. Dieta imprópria. Distúrbios emocionais

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. Doenças prolongadas que causam diminuição da energia correcta do organismo que, por sua vez, causam perturbação das funções do Baço Pâncreas (BP) e do Estômago (E), perturbação da função do Intestino Delgado (ID) na recepção dos alimentos e do Intestino Grosso no seu transporte (IG). Neste caso, o puro e o impuro misturam-se em vez de separem primeiro ao nível do BP e descendo para os intestinos.

Diagnóstico

Sintomas específicos

Ataques repetidos de dor abdominal, diarreia e lassitude são os sintomas principais desta doença. A diarreia é predominante com sangue, pus, muco, acompanhada de cólicas espásticas paroxísticas. Diferentes graus de sensibilidade estão presentes no abdómen inferior com hiperactividade dos sons intestinais. A diarreia prolongada causa emagrecimento e anemia.

Sintomas gerais

Sintomas relativos aos desequilíbrios energéticos gerais dependendo da sindrome em presença. Ver nos quadro específicos.

Sintomas específicos de órgão

Sintomas relativos aos desequilíbrios energéticos específicos dependendo da sindroma de órgão empresença. Ver quadros específicos.

Diferenciação das síndromes e tratamento

As síndromes desta patologia incluem plenitude e vazio.

As síndromes de Plenitute são causadas por:- Frio e Humidade que bloqueiam o Aquecedor Médio (AM)- Humidade-Calor que danifica o Aquecedor Médio- Qi do Figado que domina o Baço Pâncreas

As síndromes de Vazio são causadas por:- Deficiência do Baço Pâncreas e Estômago

- Declínio do Yang do Rim- Deficiência de Qi e Yin

O princípio de tratamento é fortalecer o BP e expelir a humidade, suplementado com os métodos de aquecer o AM, expulsar o frio, clarificar o calor e humidade,mover o Qi do F estagnado e aquecer o Yang do R.

Para a diarreia persistente, o método de aliviar a diarreia com adstringentes é muito usado.

Frio e Humidade que bloqueiam o Aquecedor Médio

Manifestações principais: Fezes soltasDor abdominal BorborigmosRigidez gástrica AnorexiaFebre e arrepiosObstrução nasal Dor de cabeçaDor muscularCapa da língua fina e branca ou branca e pegajosaPulso superficial e deslizante (soft) ou apenasdeslizante.

Métodos terapêuticos: Aliviar a superfície, expulsar o frio e remover a humidade com plantas aromáticas.

Prescrição: Huo Xiang Zhen Qi San modificada.

1. Huo Xiang (Herba Agastaches) – 10g 2. Hou Po (Cortex Magnoliae officinalis) – 6g3.Zi Su Ye (Folium Periccae) – 10g 4. Chen Pi (Pericarpium Citri Reticulatae) – 6g5. Fu Ling (Poria) – 10g6. Bai Zhu (Rhizoma Atractylodis Macrocephalae) – 10g7. Da Fu Pi (Pericardium Arecae) – 10g8. Ban Xiaque (Massa Fermentata Rhizomatis Pinelliae) – 10g9. Jie Geng (Radix Platycodi) – 6g10. Bai Zhi (Radix Angelicae Dahuricae) – 10g

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11. Zhi Gan Cao (Radix Glycyrrhizae Tostada) – 3g

Modificações:

Para síndromas exteriores severos: Jing Jie (Herba Schizonepetae) – 6gFang Feng (Radix Saposhnikoviae) – 6g

Para plenitude no peito, distensão abdominal, lassitude e capa da língua gordurosa:Bai Kou Ren (Fructus Amomi Rotundus) – 3g Para dor abdominal “distendida” e borborigmos:Sha Ren (Fructus Amomi) – 3gPao Jiang (Rhizoma Zingiberis) – 5g Acupunctura:

VG14, B20, B21, B22, B23VC12, VC6, VC8 (moxa), E25, TA5E36, E37, E40, BP9, BP6 Dietética:

Evitar alimentos crus, frios, doces comidas ricas, consumo excessivo de fluidos.

Usar métodos quentes para preparar a comida e alimentos de natureza quente e pungente para eliminar o frio.

- Exemplos de alimentos adequados ao tratamento desta síndrome: gengibre, alho, cebola, óleo de soja, arroz integral, vinho, galinha, rim de borrego, leite de coco, daikon, chá verde, chá de jasmim, kelp, sardinhas. Humidade-Calor que danifica o AM

Manifestações principais: Diarreia aguada urgenteFezes amarelas – castanhas com odor forteDor abdominalDificuldade em defecarSensação de ardor no ânusUrina amarela escuraAgitação

Febre, SedeCapa da língua amarela e gordurosaPulso superficial, suave e rápido ou deslizante erápido

Métodos terapêuticos: Aclarar o calor e promover a diurese.

Prescrição: Ge Gen Qin Lian Tang modificada.

1. Ge Gen (Radix Puerariae) – 15g2. Huang Qin (Radix Scutellariae) – 10g3. Huang Lian (Rhizoma Coptidis) – 6g4. Yi Ti Ren (Semen Coicis) – 20g5. Hou Po (Cortex Magnoliae officinalis) – 10g6. Jin Yi Hua (Cortex Magnoliae officinalis) –10g7. Pu Gong Ying (Herba Taraxaci) – 20g8. Lian Qiao (Fructus Forsythiae) – 15g9. Gan Cao (Radix Glycyrrhizae) – 6g

Modificações:

Para Humidade predominante com plenitude no peito e abdómen: Shi Chang Pu (Rhizoma Acori Tatarinowii) – 10gFu Ling (Poria) – 15g

Para retenção de alimentos:Shen Qu (Massa Medicata Fermentata) – 12gMaiya (Fructus Hordei Germinatus) – 12gShanzha (Fructus Crataegi) – 10g

Para dor abdominal severa:Yan Hu Suo (Rhizoma Corydalis) – 10gZhi Shi (Fructus Aurantii Immaturus) – 10g

Para fezes com sangue:Di Yu (Radix Sanguisorbae) – 15gCe Bai Tan (Cacumen Platycladi) – 15g

Acupunctura: VG14, B20, B21, B22, B23 IG4, IG11, TA5 E36, E37, E40, BP6, BP9,F3, F2E25

Dietética:

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- Evitar alimentos de natureza quente e usar métodos mais frescos/frios para a preparação dos alimentos. Alimentos que provoquem humidade também deverão ser evitados, tais como: lacticínios, crus, açúcar.

- Quando a causa do calor é uma invasão de FPE, o sabor picante deverá ser utilizado para conduzir o “invasor” até à superfície do corpo, de modo a ser expulso. Contudo, a sua utilização deverá ser vigiada e contrabalançada, pois este sabor tem a propriedade de aquecer. Logo, deverão ser utilizados picantes-frescos como a hortelã pimenta.

- Alguns alimentos contribuem para aclarar o calor: banana, alface, sal, clara do ovo, millet, tofú, menta, limão, melancia.

Qi do F a atacar o BP

Manifestações principais: Esta síndrome é agravada pela depressão, raiva ou stress e os sintomas incluem:

BorborigmosDor “distendida”Dor abdominal antes da diarreia que alivia após evacuaçãoRigidez no PeitoDistensão no hipocôndrioAnorexiaArrotosLíngua vermelha claraPulso em corda

Métodos terapêuticos: Acalmar o F e fortalecer o BP, regular o AM e aliviar a diarreia.

Prescrição: Tong Xie Yao Fang modificada.

1. Bai Shao Yao (radix Paeoriae alba) – 10g2. Bai Zhu (Rhizoma Atractylodis Macrocephalae) – 10g3. Chen Pi (Pericarpium Citri Reticulatae) – 6g4. Fang Feng (Radix Saposhnikoviae) – 10g5. Chai Hu (Radix Bupleuri) – 6g6. Dang Shen (Radix Codonopsis) – 10g7. Yi Yi Ren (Semen Coicis) – 15g

8. Jiao Shan Zha (Fructus Crataegi) – 10g9. Wu Mei (Fructus Mume) – 5g

Modificações:

Para Deficiência do BP com lassitude e fezes soltas:Fu Ling (Poria) – 15gShan Yao (Rhizoma Dioscoreae) – 10g Para diarreia recorrente:Mu Gua (Fructus Chaenomelis) – 10gHe Zi (Fructus Chebulae) – 10g

Acupunctura:

VC17, VC12, VC6, MC6, F14, F13 E36, E37, E39, BP6, BP2, F3 E25

Dietética:

- Evitar comer demasiado, comidas pesadas e muito ricas em gorduras, açúcar e estimulantes.

- Mastigar bem os alimentos ajuda a sua passagem pelo sistema digestivo.

- Alimentos que ajudam a resolver a Estase de Qi do F: alho, casca de laranja e tangerina, cardamomo, pimenta cayena, folha de mostarda.

- Alimentos que ajudam a tonificar o Qi do BP: arrozintegral, batata, cenoura, millet, beterraba (através da tonificação do sangue). Deficiência do BP e E

Manifestações principais: Fezes soltas ou diarreia com alimentos não digeridosAumento dos movimentos intestinais depois de comer alimentos gordurososApetite reduzidoFlatulência abdominal e epigástricaCompleição pálidaLassitudeLíngua pálida com capa branca

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Pulso fraco e fino

Métodos terapêuticos: Fortalecer o BP e beneficiar oQi, promover o transporte e aliviar a diarreia.

Prescrição: Shen Ling Bai Zhu San modificada.

1. Dang Shen (Radix Codonopsis) – 10g2. Bai Zhu (Rhizoma Atractylodis Macrocephalae) – 10g3. Fu Ling (Poria) – 15g4. Shan Yao (Rhizoma Dioscoreae) – 10g5. Bian Dou (Semen Nelumbinis) – 10g6. Yi Yi Ren (Semen Coicis) – 15g7. Lian Zi Rou (Semen Nelumbinis) – 10g8. Sha Ren (Fructus amommi) – 5g9. Chen Pi (Pericarpium Citri Reticulatae) – 6g10. Gu Ya (Fructus Oryzae Germinatus) – 15g

Modificações:

Para declínio do Yang do BP com dor fria no abdómen e membros frios:Shu Fu Zi (Radix Aconiti Lateralis Preparata) – 6gGan Jiang (Rhizoma Zingiberis) – 5g

Para diarreia prolongada:Ying Su Ke (Pericarpium Papaveris) – 10gHe Zi (Fructus Chebulae) – 10g

Para indigestão:Mai Ya (Fructus Hordei Germinatus) – 12gJian Que (Massa Medicata Fermentata) – 12g

Acupunctura:

VC12, VC6, VC8 (moxa), F13, MC6B20, B21, B25, B57E25, E36, E37, E41, BP2

Dietética:

- Evitar comer alimentos que possam causar estagnação do Qi e ingerir alimentos cujo Qi tenha sido danificado/diminuído o menos possível com oprocessamento, transporte, radiação.

- Para tonificar o Qi são utilizados, principalmente,

alimentos doces e mornos: lentilhas, figos, batatadoce, cerejas, ginseng, arroz, pato, galinha, bife, geleia real.

Declínio do Yang do Rim

Manifestações principais: Dor abdominal e borborigmos ao amanhecer seguidos de diarreiaDor aliviada após evacuaçãoCorpo e membros friosPulso e joelhos doridosLíngua pálidaPulso profundo e fino

Métodos terapêuticos: Aquecer o Rim, fortalecer o BP, induzir a adstringência e aliviar a diarreia.

Prescrição: Si Shen Wan Jia Wei.

1. Wu Zhu Yu ( fructus evodiae) – 6g2. Bu Gu Zhi (Fructus Psoraleae) – 10g3. Wu Wei Zi (Fructus Schisandrae) – 5g4. Rou Dou Kou (Semen myristicae) – 10g 5. Shu Fu Zi (Radix Aconiti Lateralis Preparata) – 10g6. Chi Shi Zhi (Halloysitum Rubrum) – 20g7. Dang Shen (Radix codonopsis) – 10g8. Huang Qi (Radix Astragali) – 15g

Modificação:

Para diarreia prolongada:

Yu Yu Liang (Limonitum) – 10gYing Su Ke (Pericarpium Papaveris) – 10gHe Zi (Fructus Chebulae) – 10g

Acupunctura: VC12, VC8 (moxa), VC4, E25, E36, E37VG14, VG4, B23, B25 , B57

Tuina: Ca Fa na área que compreende B23, B25, VG4, VG3 e Baliao.

Dietética:

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- Evitar alimentos de temperatura e natureza frias e evitar beber em excesso. - Alguns dos alimentos indicados para esta síndrome são os seguintes: alho, cenoura, sésamo, aveia, pato, borrego, camarão, soja preta, alcaparras, cebola, vinho, cominhos, canela, gengibre, salmão. - Receita: vinho tinto quente, canela, pimenta e mel tonifica muito o Yang do Rim.

Deficiência de Qi e Yin

Manifestações principais: Diarreia prolongada com pus ou sangue nas fezesDor abdominalFebre baixa à tardeTonturasInsóniaSuores nocturnosAgitaçãoIrritabilidadeEmagrecimento Língua vermelha com pouca capaPulso rápido e fino

Métodos terapêuticos: Nutrir o Yin, clarificar ocalor, tonificar o Qi e aliviar a diarreia.

Prescrição: Sheng Mai San modificada e Liu Jun ZiTang

1. Dang Shen (Rdaix codonopsis) – 10g2. Bai Zhu (Rhizoma Atractylodis Macrocephalae) – 10g3. Fu Ling (Poria) – 15g4. Chen Pi (Pericarpium Citri Reticulatae) – 6g5. Zhi Ban Xia (Rhizoma Pinelliae Preparata) – 10g6. Huang Qi (Radix Astragali) – 15g7. Wu Mei (Fructus Mume) – 10g8. Wu Wei Zi (Fructus Schisandrae) – 5g9. Mai Men Dong (Radix Ophiopogonis) – 10g10.Qian Shi – (Semen Euryales) – 15g 11. Zhi Mu (Rhizoma Anemarrhenae) – 12g12. Shan Yao (Rhizoma Dioscoreae) – 30g

Modificações:

Para sensação febril no peito, palmas e solas:Qing Hao (Herba Artemisia Annuae) – 10gYin Chai Hu (Radix Stellaride) – 10g

Para agitação e insónia:Chao Suan Zao Ren (Semen Ziziphi Spinosae) – 15gHuang Lian (Rhizoma Coptidis) – 3gDan Shen (Radix Salviae Miltiorrhizae) – 15g

Para tonturas:Tian Ma (Rhizoma Gastrodiae) – 10gZhen Zhu Um (Concha Margaritifera Usta) – 30g

Deficiência de Qi e YinPara diarreia severa:Chi Shi Zhi (Halloysitum Rubrum) – 10gYu Yu Liang (Limonitum) – 10g

Para muco vermelho e branco nas fezes:Bai Hua She She Cao (Herba Hedyotis Diffusae) –30gMa Chi Xian (Herba Portulacae) – 30g

Acupunctura: VG23,VC12, VC6, VC3 , E25, E36, E37BP6, R7, R3VG13, B23, B43, B52

Dietética:

- Evitar alimentos que estimulem a energia que, de facto, não temos: álcool, café, açúcar e excesso de alimentos picantes e quentes. - Para tonificar o Yin utilizam-se, maioritariamente,alimentos doces e frios. Contudo, nesta síndrome, não podemos utilizar em demasia alimentos frios pois poderão danificar o Qi que se encontra deficiente. - Alguns dos alimentos seleccionados para o tratamento desta síndrome são os seguintes: ovo, chocos, tomate, coelho, pato,queijo*, leite*, limão, tofú, mel, lentilhas, arroz integral.

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Auriculoterapia

Pontos principais:Recto, Intestino Grosso, Shenmen, Occiput, Endócrino, BP, Nervo simpático

Pontos suplementares:

Para deficiência do Yang do Rim que falha noaquecimento do BP:- Adicionar o ponto do Rim

Para dor no Estômago e Intestino:- Adicionar Intestino Delgado e Estômago

Referências Bibliográficas:

Internal Medicine of Traditional Chinese Medicine, Publishing House of Shangai University of TCM (trad. livre)

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28 Revista MTC, nº 3

A asma é definida como uma doença inflamatóriadas vias aéreas que é caracterizada por uma resposta exagerada dos brônquios a diversos estímulos (hiperactividade brônquica). Esta resposta, ao variar em intensidade e gravidade, permite-nos classificara asma como reversível ou irreversível, em relação ao grau de obstrução das vias respiratórias.

A asma integra um grupo de doenças classificadascomo DPOC (Doenças Pulmonares Obstrutivas Crónicas) juntamente com outras, como o enfisemapulmonar e a bronquite crónica.

A asma é também uma enfermidade de predisposição genética, isto é, vai-se transmitindo de geração em geração, entre pessoas que tenham um historial alérgico que se herda. Se esta patologia for de origem hereditária, certos processos acelerarão o acesso das crises no asmático. Estes são:

1) Alergénicos (pólen, ácaros, poeira, fungos, pelos de gato, cão , etc.). 2) Asma Profissional (é a que está relacionadaa diversas profissões: mineiros, empregados defábricas - em geral, as pessoas que estão em contacto permanente com substâncias alérgicas em função das suas actividades profissionais).3) Exercício físico (por hiperventilação e esforço)4) Infecções (bacterianas como pneumonia, anginas, etc.) 5) Emoções e Personalidade (stress) 6) Fármacos (aspirina, bloqueadores Beta, etc.)7) Refluxo Gastresofagiano (acidez).8) Poluição9) Mudanças de clima

O alergénio ou agente causador ingressa por via respiratória até chegar aos brônquios onde induz uma resposta inflamatória. Esta respostainflamatória consiste na libertação, pelo organismo,de substâncias químicas (histamina, leucotrienos, etc.) que irão originar uma reacção em cadeia , tal

como a constrição bronquial (os brônquios ficammais fechados). Essa reacção será responsável pelos sintomas de dificuldade respiratória que o asmáticosentirá. Durante uma crise de asma, o peito do doente começa a chiar e fica cada vez mais difícil conseguirrespirar. O fôlego fica curto e o peito pode contrairquando o ar não chega aos pulmões na quantidade necessária ao corpo. A contracção do peito é mais comum em crianças, pois as suas caixas torácicas são mais flexíveis.

Qual a relação entre asma e alergias?

Em muitos casos é fácil encontrar ligação entre alergias e asma alérgica. Às vezes, os sintomas das doenças são causados pelas mesmas substâncias (encontradas dentro e fora de casa ou no trabalho). Muitos estudos mostram que os portadores de rinite alérgica correm um grande risco de desenvolver asma – 80% a 90% das pessoas que têm asma também têm rinite. Alguns especialistas acreditam que a maior exposição aos alergénios presentes no ar é a principal causa do aumento de ocorrência de asma nos últimos anos.

Mas quais alergénios são mais nocivos? As evidências apontam para aqueles que estão dentro de casa (animais de estimação, baratas e ácaros) como os responsáveis pelo desenvolvimento da maioria dos casos de asma na infância.

As alergias também podem se tornar asma nos adultos. Existem três evidências:

1. Estudos mostram que a sensibilidade a fungos externos é um factor de risco para a asma. 2. Outros estudos afirmam que a gravidade da asmamuitas vezes depende da duração do contacto com esses alergénios. 3.Reduzir a exposição da pessoa ao alergénio diminui significativamente os sintomas da asma.

Quais os sinais da asma ?

O Tratamento da Asma em MTCPaula Martins

(Especialista de MTC)

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29 Revista MTC, nº 3

1.Barulho ( chiadeira ) que começa como um pequeno sibilo e aumenta até se tornar um barulho estridente a cada respiração. 2.Tosse que piora em minutos ou horas.3.A pele do peito fica afundada – fenómeno chamadode retracção. O peito pode parecer côncavo e as costelas aparecem a cada respiração. 4.A expiração é mais demorada que a inspiração. 5.A respiração fica mais rápida à medida que a pessoatenta conseguir ar suficiente.6.As unhas e os lábios ficam azulados (especialmenteem crianças). 7.Ansiedade e inquietação repentinas (especialmente em crianças). 8.Fôlego curto.

Não é necessário que todos os sintomas acima apareçam juntos para caracterizar uma crise de asma.

Segundo a Medicina Tradicional Chinesa , a causa da asma consiste essencialmente no acúmulo de mucosidade. Pode no entanto, ser causada também pela fraqueza do Baço / Pâncreas e do Estômago, embora os alimentos salgados e gordurosos também possam provocar a acumulação de Humidade no Pulmão. Além disso, o Vento – Frio e outros factores (já aqui referidos) constituem também as causas que incitam à acumulação de Mucosidade, fazendo com que se obstrua a circulação de Qi e provocando a disfunção de subida e descida do Pulmão.

A asma pode ser dividida em dois tipos: excesso (Shi) e deficiência (Shu).

O tipo excesso apresenta-se com síndromes de estagnação de Qi. O tipo deficiência manifesta-se em síndromes aose repetir a crise, consumindo o Yin do Pulmão e posteriormente lesa o Baço/Pâncreas e os Rins, observando-se por isso os síndromes Shu durante o intervalo de tempo entre 2 ataques. Sintomas de acordo com a causa :

A asma devido ao tipo excesso é causada pelo ataque de Vento-Frio perverso que se manifesta por : tosse, catarro claro e aquoso, temor ao frio, sem sudorese,

dor de cabeça, sem sede, pulso superficial e tenso,saburra delgada e branca. Se for causada por Humidade-Calor observa-se catarro amarelo, pegajoso e purulento, sensação sufocante no peito, dor no tórax ao tossir, febre, sede, obstipação, pulso superficial e rápido, saburraamarela e pegajosa.

A asma devido ao tipo deficiência aparece depois deuma doença prolongada, com sintomas tais como: falta de ar, acompanhada de respiração curta e rápida, fala baixa e fraca, transpiração espontânea, língua pálida ou pouco rosada, pulso fino e rápidoou fino e fraco.Se a afecção se prolongar, leva a debilidade dos Rins que se manifesta na disfunção de controle do Qi, observando-se as manifestações de lassidão, dispneia por um esforço leve, sudorese excessiva, membros frios, pulso profundo e filiforme.

A asma do tipo alérgico, é devida a uma deficiênciade um só aspecto dos Rins,ou seja , na sua ligação com o Qi de defesa, pois os Rins influenciam osistema imunitário não apenas através da ligação entre yang do Rim e Qi de defesa, mas também porque a essência do Rim , através dos meridianos Vaso Governador, Vaso Penetração e Vaso de Concepção é parcialmente responsável pela protecção dos factores patogénicos externos.

Como factor patogénico externo, considera-se o Vento como o principal. Uma vez que os Pulmões são os órgãos Yin mais exteriores, pois controlam a pele, a mucosa brônquica poderá ser vista como uma extensão da pele. Assim, quando o Vento invade a pele, pode invadir os brônquios, alojando-se e causando broncospasmo.

Tratamento

Acupunctura e Moxa

Tipo excesso

Seleccionam-se pontos do canal Taiyin da mão e usa-se o método dispersante. Aplica-se moxa para tratar a asma devido ao Vento-Frio e seleccionam-

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se também pontos do canal Yangming do pé, para tratar a asma devido a Humidade-Calor (neste caso não se aplica moxa).

7P e 5P – Activam o Qi do canal Taiyin da mão;12B e 13B – Activam o Pulmão e eliminam o Vento;17VC – Controla o Qi ;40 E – Elimina Humidade (em caso de Humidade - Calor)22VC e Dingchuan – Fazem descer o Qi e acalmam a asma (em caso de dispneia grave)

Tipo deficiência

São feitos estímulos para tonificar o Qi do Pulmão edo Rim e são usadas agulhas em método tonificante;também se pode aplicar moxa.

9P e 3R – Pontos fonte do Pulmão e do Rim que quando são tonificados, recuperam o Qi vital;13B e 43B – Quando usados com moxa, aumentam o Qi dos Rins ;36E – Normaliza o Qi do Estômago para nutrir a fonte de digestão e fazer com que suba a Essência dos alimentos para o Pulmão.

Qualquer que seja a origem da asma, pode-se fazer também acupunctura auricular e usar o martelo de 7 pontas.

Exemplo de um caso clínico e respectivo tratamento

Senhora de 33 anos, queixava-se já há algum tempo de cansaço, dificuldade em respirar, quandoexpirava, ouvia-se um ligeiro “chiar”, tinha sempre sensação de frio, aperto no tórax, não transpirava, tinha alguma rinorreia de cor clara e fluida, por vezestinha broncospasmos e sensação de falta de ar; a sua face tinha pouca cor, não tinha habitualmente sede; estava tensa e cheia de frio, tinha alguns arrepios, ombros muito rígidos e tinha alguma dor na zona cervical. Desde há uns tempos para cá que se irritava com mais facilidade e não dormia tão bem, pois custava a respirar. O pulso estava tenso, lento e um pouco profundo. A língua apresentava-se com capa fina e branca, corpo um pouco arroxeado,trémula, varicosidades sublinguais normais.

Diagnóstico

Trata-se de um caso de asma por invasão de Vento – Frio.

Tratamento

Trata-se de um caso de asma aguda.Neste caso, há que expelir o Vento – Frio, acalmar a asma, acalmar a Mente.

Acupunctura

Dingchuan – Óptimo para parar asma aguda;12B – Expele o Vento;13B , 22VC, 7P - Promovem a descida do Qi do Pulmão ;6P – Ponto de acúmulo, pára a asma aguda;;7C e 15VC – Acalmam a Mente, 7C também promove a descida do Qi e 15VC alivia a plenitude do tórax;20VB 21VB – Relaxam o pescoço e os ombros e 21VB também promove a descida do Qi.

Também se pode usar ventosa, especialmente nos pontos : 12 e 13B .Moxa também é aconselhada neste caso.

A paciente deve ser aconselhada a tomar bebidas quentes e a manter-se quente. Não deve frequentar ambientes que lhe possam agravar o problema, nomeadamente ambientes com muito pó, fumo ou locais onde existam animais.

Quanto à fitoterapia, devem usar-se plantas queaqueçam os Pulmões e eliminem o Vento, como por exemplo, uma fórmula que englobe as plantas Ma Huang e Gui Zhi que eliminam o frio, aliviam o exterior, restabelecem a descida e a dispersão do Qi do Pulmão .

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FICHA TÉCNICA

Revista de Medicina Tradicional Chinesa

Propriedade e Administração: Escola Superior de Medicina Tradicional Chinesa

Direcção: Deolinda Fernandes, José Faro

Edição: Filomena Serrano

Redacção: Cláudia Santos, Filipa Ribeiro, Filomena Serrano, Maria Amaral

Capa: Pormenor de um quadro de Manuela Gandra

Design e Grafismo: Filomena Serrano

Parcerias: Revista Medicina Holistica

Colaboram neste número: Alfredo Embid, Ana Rita Espada, José Faro, Maria Amaral, Paula Martins

Periodicidade: Trimestral

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