Revista + Social 3
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Revista Mais Social
Propriedade:
Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro
Rua Ramiro Ferrão n.º 38 - 2805 Cova de Piedade
Tel.: 212 720 140 - Tlm.: 93 943 09 40
E-mail: [email protected]
Diretor:
Padre José Gil de Borja Pinheiro Ribeiro
Coordenação:
Ana Luisa Caixas
Ana Teresa Costa
Colaboradores desta edição:
Pe. José Pereira de Almeida
Prof. Dra. Ana Clara Birrento
Pe. Fernando Belo
Dra. Paula Brito
Dr. José Morgado
Filipa Direito
Redação:
Anabela Sousa
Filipa Branco
Revisão:
Ramiro Rodrigues
Fotografia:
Paulo Imagens
Vítor Fernandes
Edição e Paginação:
Miguel Almeida
Isabel Sebastião
Impressão:
Tipografia Lobão, Lda.
Tiragem:
1500 ex.
Depósito Legal:
367956/13
O Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro Está Certificado:
- Pelo Referêncial da Norma ISO 9001:2008
- Nível A, nas Respostas Sociais Ativas, onde sejam aplicáveis os modelos de avaliação do ISS (Instituto da Segurança Social)
Editorial
Ao Serviço do Amor
Apoio Domiciliário
Doutrina Social da Igreja
Padre José Pereira de Almeida
Artigo de Opinião
Prof. Dra. Ana Clara Birrento
Construir para os Outros
Equipamento Renascer
Equipamento do Bairro
Equipamento Centro Comunitário
Entrevista
Padre Fernando Belo
Equipamento da Romeira
Equipamento da Ramalha
À Conversa com...
As Crianças
Ação Social
Cultura Aberta
Aconteceu...
Vai Acontecer...
Despertar para a Fé
Traços de Recordação
Padre Ricardo Gameiro Lopes
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Saúde
Centro de Documentação30
Índice Ficha Técnica
Dra. Paula Brito
EDITORIALEditorial
3Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro
A indiferença tira-nos a capacidade de chorar
Estamos a chegar ao fim de mais um ano letivo. É tempo de colheita é tempo de balanço: que desafios e resposta provoca em nós a realidade difícil em que vivem mergulhados tantos nossos irmãos?
No tempo presente é fácil o acesso às boas e más notícias. Por vezes até parece que já vimos acontecer tudo aos outros. Àqueles que vivem na Síria, na Nigéria mas também aos que estão mais perto, que moram no nosso país, na nossa cidade na nossa rua. Estes acontecimentos dramáticos carregados de sofrimento quase que surgem como momentos de “distração” na nossa dura rotina do dia. Perante o sentimento de impotência a tentação é rendermo-nos à indiferença.
Neste terceiro número da nossa revista + Social queremos partilhar com os nossos leitores mais uma página bonita da história da nossa instituição: o nascimento do equipamento “Renascer”. Uma resposta que surge do coração atento e inquieto do Padre Ricardo que com a sua equipa, indignados com as condições de exclusão social em que viviam tantas famílias desprotegidas não conseguiram ficar indiferentes. A aventura foi de “duplo risco”, ao estilo da equipa do Padre Ricardo: por um lado denunciar esta realidade, mas ao mesmo tempo angariar fundos para organizar uma resposta de grande qualidade. Porque o objetivo é prover os mais excluídos daquilo que temos de melhor e não apenas do que nos sobra.
Estas memórias felizes que fazem a história da nossa obra continuam a dar frutos e a marcar o nosso dia-a-dia. Nesta edição convidamos o leitor a conhecer o trabalho dedicado e delicado das nossas colegas do Apoio Domiciliário. O sofrimento, a solidão, a saudade, a falta de recursos com que se deparam diariamente alguns dos nossos utentes não são capazes de apagar a esperança e a alegria diária que sustenta esta “família alargada”.
A Pastoral da Saúde é um dos “ramos” mais jovens da Pastoral Social, e uma aposta importante na Nova Evangelização. Durante muitos anos (que foram pioneiros) habituámo-nos à presença e aos ensinamentos do Padre Victor Feytor Pinto, atualmente temos a graça de contar com o Padre José Manuel Pereira de Almeida como Coordenador Nacional, que nos recorda que a Pastoral da Saúde torna visível uma “Igreja que se preocupa com a saúde, mais do que com a doença e com os doentes por causa da saúde”.
A nossa obra cumpre-se também na nossa capacidade de estabelecer redes de parceiros que se identificam com as nossas inquietações e iniciativas sociais. A Segurança Social
é naturalmente um parceiro importante. A Diretora do Centro Distrital de Segurança Social de Setúbal, Dra. Ana Birrento, aceitou o convite de partilhar connosco o seu olhar sobre a realidade social no que diz respeito às necessidades e respostas atuais com especial preocupação quanto à sustentabilidade das instituições.
O Padre Fernando Belo, Pároco de Almada, nosso colega na Vigararia de Almada, faz 50 anos de sacerdote. Quisemos assinalar esta data. É importante para nós porque o sacerdócio é um dom de Deus para a Igreja e por isso para toda a humanidade, pois torna presente o dom de amor total e pessoal de Jesus Cristo. Louvamos os “sins” do Pe. Fernando ao longo de todo este seu percurso de fé “recheado” de obras. Um exemplo da sua disponibilidade para servir a Igreja de Setúbal, foi a sua passagem pela Direção deste Centro Paroquial. O Pe. Fernando foi nomeado pelo Bispo de Setúbal para a Direção deste Centro logo após a morte do Padre Ricardo Gameiro, a 19 de Dezembro de 2011, tendo permanecido até à minha tomada de posse, em Agosto de 2012. Em nome de todos, obrigado Pe. Fernando!
O nível de sustentabilidade desta obra mede-se pela nossa capacidade de comunicarmos e envolvermos todos na sua missão. E a obra realiza-se sempre que, com firmeza de discípulos, testemunharmos a nossa fé com as palavras e os gestos de Jesus Cristo juntos dos mais excluídos.
O Papa Francisco em Lampeduza, Itália, denunciou que a sociedade está insensível aos dramas do mundo e que por isso perdeu a capacidade de chorar. Não foi assim com o Padre Ricardo nem com todos os que o acompanharam na aventura desta obra social e por isso queremos continuar hoje a chorar, a denunciar e a construir para os outros.
O Presidente da Instituição
Pe. José Pinheiro
AO SERVIÇO
Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro
Ao Serviço do Amortexto: Filipa Branco
44
São 8h00 e estou a caminho de descobrir como funciona o
apoio domiciliário da nossa Instituição. O ponto de
encontro é na Residência de Nossa Senhora da Esperança,
donde partem, diariamente, a pé ou em duas carrinhas, um
total de 15 mulheres, cuja missão é prestar assistência aos
cerca de 80 utentes que atualmente usufruem deste
serviço, na Cova da Piedade. Confirmadas as escalas,
recolhidas as chaves de quem não pode abrir a porta e
ativado o equipamento electrónico de registo individual de
atividade, é tempo de dar início a uma experiência que
jamais esquecerei. A conduzir-me nesta aventura está a
ajudante de ação direta Fátima Figueira, uma profissional
com 20 anos de dedicação, com quem vou descobrindo
histórias e lições de vida, em cada casa, em cada caso...
Desde logo, percebo que o apoio domiciliário não se
destina apenas a pessoas muito velhinhas, que precisam de
ajuda em virtude das restrições naturalmente impostas pela
idade avançada. É certo que há situações como a da D.
Catarina - que passou a ter apoio de higiene pessoal e
alimentar já na casa dos 90, na sequência de um ligeiro AVC
- mas a condição aqui é haver algum tipo de limitação,
temporária ou permanente. Mesmo jovem, o corpo às
vezes prega partidas...
Maria Helena Melo
Um simpático “quem vem lá” que escuto ainda antes de sair
do elevador faz-me antecipar o sorriso com que D. Helena
nos recebe, numa sala que a rádio comercial vai enchendo
de música. De cadeira de rodas, segue para a sua rotina
diária, antes de falarmos um pouco. Apaixonada pela leitura
e dotada de um espírito curioso, desde cedo desconfiou da
doença, “pois os sintomas não eram lá grande coisa e, volta e
meia, não me sentia bem”. A confirmação chegou aos 38
anos, através de uma ressonância magnética: esclerose
múltipla e “logo a pior, a progressiva, que vai andando,
andando, andando”...
A Dependência
Quando a cadeira de rodas passou a fazer parte da sua vida,
ganhou de novo autonomia, mas há três anos, quando fez
60, teve de recorrer ao apoio domiciliário, pois embora o
filho esteja sempre presente e disponível, era preciso ajuda
especializada. “Ao princípio, sempre colaborava um pouco,
agora é que não me posso mesmo pôr em pé e elas, coitadas,
têm que pegar em mim ao colo”
entristecidos.
Mas rapidamente ganha novo ânimo e vai dizendo, próprio
de quem tem fé, “Deus dá-me muita força, é verdade, e fico
sempre à espera que venham dar-me a comunhão. Já vou é
pouco à missa, custa-me e nunca me apetece sair, fico aqui
no meu canto.”
A importância da leitura
Embora já não escreva, os livros fazem parte da sua vida, de
tal modo que teve o sonho de abrir um café com biblioteca,
onde as pessoas pudessem ficar confortavelmente a ler.
Hoje, o seu grande entretém são os tablets e a internet e
quando desafiada a deixar-nos uma mensagem, não hesita:
“Leiam, porque a ler aprende-se muita coisa, e tenham muita
força porque isto a vida são dois dias e o carnaval são três.
Não podemos baixar os braços, porque se os baixarmos
então é que estamos arrumados”.
, explica, com olhos
Serviço de Apoio Domiciliário: O desejo de permanecer em casa
As Técnicas de SAD encontram-se regulamente com os utentes
Ana Carvalho com a D. Helena
Serviço de Apoio Domiciliário em Números
Saída da Residência:
2 carrinhas
15 funcionárias
80 utentes
Saída do Renascer:
1 carrinhas
2 funcionárias
15 utentes
DO AMOR
Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro 5
Fernanda Amorim
A paragem seguinte é na casa de D. Natália, cuja filha
Fernandinha, 57 anos, epiléptica e acamada há oito anos,
só quer ser tratada pela funcionária Fátima, a “carinha
laroca”.
É que normalmente há rotatividade do serviço de três em
três meses, mas dada a dificuldade de adaptação a outra
pessoa, a Instituição optou por respeitar esta ligação
sempre que possível. “Ela é muito querida e é minha amiga”,
explica Fernandinha, com uma sinceridade inocente que
enternece.
Família Alargada
Inicialmente, era a mãe e o pai que tratavam dela, mas um
dia caiu da cama, o fémur esquerdo fraturou. A fisioterapia
não resultou e o casal já não tinha forças para aguentar. Há
quatro anos, o senhor faleceu e, desde então, a mãe
tornou-se única cuidadora da filha, com a ajuda de uma
equipa que considera “família”. “É assim que vejo as
meninas. Fazem falta à comunidade e ao mundo inteiro,
porque têm a disponibilidade humana que se vê na prática,
que é tudo”.
A conversa é interrompida por um pequeno ataque que,
sem aviso, faz Fernandinha estremecer, assustada. Sempre
calma, a ajudante de ação direta sossega-a. “Já passou meu
amor, tens aí a tua querida ao pé de ti” diz-lhe a mãe. E
retomando o fio à meada, acrescenta: “As pessoas têm que
dignificar essa profissão, é um bem humano, quem é que
fazia isto? Eu não posso, não tenho forças”, sobretudo agora
que também precisa de ajuda para entrar e sair do banho,
devido a um problema num braço. “Mas carreguei muito
com ela, corri hospitais à procura de saber o que tinha e só
aos 10 anos lhe detetaram a epilepsia”, recorda esta
professora reformada de 74 anos, natural de S. Miguel.
“Esteve internada na Cruz Vermelha um mês, em coma, já
partiu a cabeça e esteve no São José, foi lá operada ao osso na
perna esquerda. Mas está aqui! É a minha companhia, o meu
amor, é tudo, é a minha vida”.
A Força da Fé
Ao lado da cómoda com a televisão, onde gostam de
assistir à missa, numa mesa com vários objetos, está uma
imagem de Nossa Senhora e outra de Santo António com o
menino ao colo. “Quem não tem fé não tem nada!”, exclama
com convicção.
Sem dar conta, o banho terminou, o pijama lavado está
vestido e a cama mudada. Depois de penteada,
Fernandinha é ainda perfumada com uma suave colónia
que a ajudante de ação direta lhe coloca no pescoço.
Dina Morais
Antes da manhã chegar ao fim, conheço a D. Dina, 80 anos,
a usufruir do apoio domiciliário desde há dois anos, pela
segunda vez, pois da primeira recuperou bem de uma
operação.
O medo de cair e não ser capaz de se levantar fá-la sair
pouco e uma vez que não tem rede familiar próxima, conta
com todos os serviços disponíveis. Isto significa que dispõe
de ajuda na higiene pessoal; alimentação; administração de
medicação; higiene ambiental; tratamento de roupas; e
transporte ocasional.
“Tratam-me bem”, garante esta devota de N. Srª de Fátima.
Para fugir ao silêncio e enganar a timidez, arrisco perguntar
“Então não tem reclamações?”, brinco. “Bem, a comida traz
muito arroz... é muito!”.
D. Natália e a filha, Fernandinha, apoiam-se mutuamente Fátima Figueira com a D. Dina
AO SERVIÇO
Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro6
Desejo de permanecer em casa
Cada utente tem, portanto, gostos próprios, percursos
distintos e necessidades diferenciadas, embora partilhem
uma vontade comum: a de permanecerem em casa, onde
habitam as suas memórias. É no respeito por este desejo e
na dignificação da pessoa humana que o apoio domiciliário
baseia a sua ação, com a equipa a procurar abstrair-se
daquilo que não consegue alterar, de modo a poder fazer a
diferença naquilo que está ao seu alcance.
Neste capítulo, a ligação à família é de suma importância,
pois embora o serviço seja para o utente, existe um respeito
comum e uma vontade partilhada de proporcionarem o
maior bem estar possível a quem está dependente. É por
isso que, mesmo quando a morte chega, este laço não é
imediatamente quebrado, continuando a haver contato
com os cuidadores, para saber como estão a lidar com o
luto e garantir que ficam bem.
O testemunho de quem cuida
Por norma, as situações mais tristes são aquelas que
envolvem pessoas muito novas ou totalmente sós e não há
dúvida que para fazer este trabalho é preciso ter perfil,
gosto, capacidade mental e física e boa formação pessoal e
profissional. “É preciso gostar mesmo”, explica Fátima
Figueira.
que fui útil a uma pessoa, que a deixei ficar bem. Sinto-me
bem assim e vejo-me a fazer isso sempre. O carinho com que
as pessoas me recebem é muito gratificante, cria-se uma
ligação de amizade. Darem-me valor e reconhecerem o que
faço por elas é uma mais-valia para a minha vida. Vêem-se
situações muito complicadas, sim, mas já temos tanto calo
que vamos superando e tentando ajudar da maneira que
somos capazes. Um dia de cada vez”.~
Cuidar com amor
Cuidar assim é uma vocação, um dom de Deus, penso para
comigo, já no regresso à Residência, onde as marmitas
vermelhas com os almoços quentes estão prontas para
serem entregues. Enquanto me despeço e afasto, sei que
para estas mulheres ainda há muito trabalho pela frente,
pois os acamados, têm que ser tratados três vezes ao dia,
para higiene, posicionamentos para evitar as úlceras de
pressão (escaras) e muda de fralda.
Apesar do choque, provocado pela visão da dura realidade
que é lidar de perto com o sofrimento, sinto-me
deslumbrada pelas manifestações de coragem, humildade
e dedicação que testemunhei.
Num tempo pautado por tantas dúvidas e incertezas, levo
no regresso a casa o consolo de saber que, qualquer que
seja o amanhã, há uma Instituição de rosto humano, cuja
missão é a de testemunhar o Evangelho na pessoa de Jesus:
‘’Amai-vos uns aos outros...’’
“O que me dá mais prazer é fechar a porta e saber
Visita das crianças a uma utente durante a Caminhada Quaresmal 2014
Para mais informações sobre o
Serviço de Apoio Domiciliário contacte-nos:
Residência Nossa Senhora da Esperança
Rua Ramiro Ferrão, 38 | 2805-348 Cova da Piedade
Tel| 212 720 149 Telm| 939 430 940
DOUTRINADoutrina Social da Igreja
Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro8
Pe. José Pereira de Almeida | Conferência Quaresmal, RNSE
3 de Abril de 2014
Desafios permanentes na Pastoral da Saúde
Uma igreja que se preocupa com a saúde, mais do que com a
doença
Depois de passar pelo Centro Social Paroquial Padre Ricardo
Gameiro já por duas vezes, e ter conhecido a realidade das diversas
valências dos equipamentos, fomos falar com o atual coordenador
da Comissão Nacional da Pastoral da Saúde, Padre José Manuel
Pereira de Almeida. O sofrimento humano, a eutanásia, o
voluntariado formado e responsável, o acompanhamento a quem
sofre e os desafios da Pastoral da Saúde em Portugal, foram alguns
dos temas sobre os quais conversámos.
O Padre Vítor Feytor Pinto esteve à frente dos destinos da Pastoral
da Saúde em Portugal durante trinta anos. Recentemente, sucedeu-
lhe o Padre José Manuel Pereira de Almeida. Pároco de Santa Isabel,
em Lisboa, é também médico e professor na Universidade Católica
Portuguesa. Diz-nos que a Pastoral da Saúde, no nosso país, enfrenta
hoje diversos desafios, quer a nível interno, quer a nível externo.
Uma presença sacramental e não sacramentalista
‘’A nível interno, temos a luminosa herança do Padre Vítor Feytor Pinto
que aqui esteve durante três décadas e construiu a Pastoral da Saúde.
Se antigamente apenas se ‘visitavam doentes’, hoje a forma de
perspetivar a presença da Igreja nesta área mudou completamente’’,
afirma o sacerdote. Com o Concílio Vaticano II a ser o protagonista
da mudança, na saúde as coisas demoraram até serem assumidas
de forma diferente.
‘’Foi o meu antecessor, de espírito aberto e dinâmico que conseguiu,
nos contactos internacionais que teve, trazer para Portugal essa
perspetiva de uma Igreja que se preocupa com a saúde, mais do que
com a doença e com os doentes por causa da saúde. Na perspetiva da
presença da Igreja, que ela seja uma presença sacramental e não
sacramentalista’’, esclarece ainda o atual coordenador da Comissão
Nacional da Pastoral da Saúde.
Na verdade, se antes existia uma Pastoral da Saúde apenas virada
para os sacramentos, como a santa unção e o viático, hoje o desafio
é que nas várias áreas onde a Igreja atua, quer nas paróquias e
movimentos, quer nas capelanias hospitalares, o faça como um todo.
‘’A Igreja como um todo em cada diocese é um desafio para cada
Bispo e para os diferentes agentes da pastoral. Por exemplo, quando a
Paróquia era a da vila e o hospital era da Misericórdia, sabia-se onde
estavam as pessoas. Agora não, e nas grandes cidades é pior’’, indica o
Padre José Manuel Almeida.
Igreja não pode calar as aflições das pessoas
Por outro lado, a nível externo, a saúde em Portugal sofre mudanças
por causa da crise e por causa dos envolvimentos políticos, sociais e
económicos. ‘’As três décadas passadas acompanharam-se, sob o
ponto de vista das políticas de saúde e das políticas sociais, de grandes
mudanças e grandes melhorias – diz o sacerdote – o melhor
indicador é a baixa de mortalidade infantil. Nós tínhamos das mais
altas e ficámos das mais baixas e melhores do mundo. É
extraordinário’’.
No entanto, tais melhorias só foram possíveis devido a uma rede de
saúde pública que se construiu na década de setenta, e ao Serviço
Nacional de Saúde que se foi edificando. ‘’E agora? – interroga-se o
Padre José Manuel – O que é feito do Serviço Nacional de Saúde?
Qual é a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde? Costumamos
dizer que a saúde não tem preço, mas de facto, tem custos e quando
há que cortar, saúde, educação e cultura são as primeiras a sofrer. E eu
temo que seja cortar no futuro porque saúde, educação e cultura
marcam o futuro de gerações’’.
E destaca: ‘’A Pastoral da Saúde, com os governos socialistas e sociais-
democratas, teve sempre uma posição de diálogo e de colaboração. A
Igreja não está cá para ser do contra mas não pode calar as aflições
das pessoas. Os desafios e as frentes são muitas, mas a Pastoral da
Saúde tem que procurar responder, adequadamente, às múltiplas e
complexas questões em que se envolve’’.
Cuidar de quem sofre é viver em Deus
Quando se fala de sofrimento humano e da forma como a
sociedade portuguesa olha para ele, o Padre José Manuel diz que,
também aí, houve evoluções. Nos últimos quinze anos houve um
avanço nos cuidados paliativos e hoje as pessoas são salvas em
situações que antes, seguramente, morreriam.
‘’Não é para esticar o sofrimento nem para um encarniçamento
terapêutico. Contra isso a Igreja sempre se manifestou – garante. É
bom que as pessoas possam viver a sua morte e não a morte dos
médicos, dos tubos e das máquinas. Esticar o sofrimento sem
qualidade de vida, sem a pessoa ter uma vida de relação com os
outros é utilizar inadequadamente meios extraordinários. A medicina
nunca serviu só para tratar, serve, também, para aliviar o sofrimento.
Tratar a dor, aliviar o sofrimento e acompanhar a todos é uma tríade
texto: Anabela Sousa
DA IGREJA
Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro 9
importante na medicina e nos cuidados de saúde’’.
Ainda que, globalmente, o sofrimento não seja bem visto e que a
tendência seja para uma alienação deste tipo de situações, o
coordenador da Comissão Nacional da Pastoral da Saúde diz que é
importante admitir que não há vida sem sofrimento: ‘’Não estou a
dizer que é bom sofrer. Não somos, nem masoquistas, nem sádicos.
Mas facilmente, em sociedade, creio eu, vivemos melhor a fazer de
conta que o sofrimento não existe, relegando para algumas
instituições dizendo que 'eles tratam ou eles cuidam' e isso não nos
faz bem como humanidade’’.
Cuidar de quem sofre não é fácil mas é algo característico do
Homem: ‘’Nós sabemos cuidar. Não quer dizer que outras espécies
não o saibam e não nos deem lições. Digo é que se revela no amor
cuidado, aproximando-nos dos outros e cuidando deles, a imagem
que somos de Deus e a tendencial semelhança que somos chamados
a viver de Deus. Deus é Amor e quem vive no Amor, vive em Deus. O
cuidado é um amor muito especial exatamente porque é um Amor
que dá, sem esperar recompensa. E nós também sabemos que, afinal,
vemos muita recompensa nesse cuidado’’.
Eutanásia: Um pedido de ajuda para viver
Numa altura que, na sociedade portuguesa, a possibilidade da
eutanásia vai subindo de tom, o sacerdote médico diz: ‘’Em geral, o
pedido de eutanásia é o pedido de alguém que está convicto de que
viver não faz sentido e quer a morte para si, naquele momento.
Muitas vezes, o que a pessoa diz ao dizer isso é: 'ajuda-me a viver
porque eu não quero viver assim'. E, se calhar, tem razão porque
assim ninguém quer, nem ninguém pode viver’’.
Considera ainda o Padre José Manuel que este ‘assim’ é uma
circunstância passível de mudança: ‘’Às vezes são pequenas metas. É
o diminuir a dor, é o casamento do neto, alguma coisa que dê uma
alegria ou luz nessa situação difícil. Isto não tem nada que ver com o
demorar o sofrimento estupidamente, desproporcionadamente’’ –
sublinha, destacando que o tratamento da dor é hoje muito mais
eficaz do que ontem – ‘’A dor é tratável. O sofrimento é
tendencialmente minorável e ninguém pode aboli-lo, mas a dor, se for
bem acompanhada, quase sempre sim. A dor oncológica, por
exemplo, pode ser muito dura e é preciso quem saiba cuidar. É alta-
costura, não é pronto-a-vestir’’.
Esta missão de um acompanhamento que os agentes da Pastoral
da Saúde são chamados a fazer neste tipo de situações, é uma
forma de ‘dar vida’. ‘’Não quer dizer que os católicos acompanhem
melhor que os outros, longe de mim’’ – afirma categoricamente o
Padre José Pereira de Almeida – ‘’mas há uma maneira de
testemunhar a fé que não é com palavras, é com a vida. E isso a
Pastoral da Saúde espera poder facilitar, aprendermos uns com os
outros o modo de dar esperança, ânimo, um sorriso, proximidade,
numa palavra, dar vida’’.
Ser comunidade e apostar na formação dos voluntários
De forma prática, no dia-a-dia das Paróquias e das instituições
sociais e paroquiais, o responsável da Pastoral da Saúde nacional diz
que o grande desafio é que sejam, de facto, uma comunidade: ‘’Se
nos lugares mais pequenos é mais fácil, nos outros, em que o vizinho
do 5ºA não sabe quem é o vizinho do 5ºD, é torná-los lugares
pequenos, em que as pessoas têm rosto e não são massa, em que se
luta contra o anonimato, se sabe a história de cada um, os sonhos, as
esperanças, as angústias e as tristezas’’.
‘’Acompanhar, que ninguém esteja sozinho’’ – declara o Padre José
Manuel – ‘’se nós conseguíssemos isso, era uma vitória civilizacional e
era um grande salto em frente porque, se eu acompanho alguém
numa situação de fragilidade, eu interesso-me, claramente por essa
situação e luto para que essa pessoa seja bem acompanhada de
acordo com a sua dignidade e com a complexidade do seu mundo.
Temo situações em que as pessoas vivem menos em casas e mais em
armazéns e isso corresponda a uma desumanização da nossa
sociedade enquanto tal’’.
Para que esta qualidade humana do acompanhamento ao outro na
sua dignidade, possa ser cada vez mais melhorada, a formação
adequada e permanente dos voluntários é essencial. ‘’Ser voluntário
não quer dizer que se seja estúpido’’ – refere o Padre José Manuel
Almeida – ‘’Há uma formação competente que pode ser feita a
voluntários que se disponham a dar do seu tempo, a dar da sua vida
nesse sentido. Nem sempre os apoios técnicos estão acessíveis a todos
mas era importante que os apoios voluntários fossem cada vez mais
qualificados. Não basta a boa vontade nem ter jeito para. É preciso
querer saber como se faz melhor’’.
Um bom exemplo
Esteve no Centro Social e Paroquial Padre Ricardo Gameiro em duas
ocasiões: a primeira aquando das III Jornadas Diocesanas da Pastoral
da Saúde, e a segunda para uma conferência quaresmal, onde teve
oportunidade de visitar, com mais profundidade, os equipamentos.
Salientando o importante e inovador trabalho, a nível paroquial, que
é feito no Centro de Documentação, com esmero e qualidade, diz-
nos ainda:
‘’Guardo uma grata memória dessa minha segunda visita de facto, é
um belo exemplo que podemos dar em relação à variedade de
valências e qualidade dos serviços prestados. É exemplar. Ganha-se
nessa visita de estudo, perceber como estão as pessoas, e como são
acompanhadas na sua diversidade, com qualidade técnica e com
amor verdadeiro’’.
ARTIGOArtigo de Opinião
Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro10
Uma nova consciência social
A realidade que somos permite-nos ver hoje a realidade
social em que nos situamos e na qual vivemos, como uma
realidade em mudança. Uma mudança que nos apresenta
desafios e oportunidades. Para que consigamos ultrapassar
os desafios e aproveitar as oportunidades, necessitamos de
conhecer a realidade social no seu conjunto, para nos
situarmos e podermos conhecer o meio onde vivemos,
onde convivemos e onde intervimos, numa perspetiva
participativa, construindo um novo tipo de paradigma. São
desafios e oportunidades que exigem uma nova
consciência social. E se este momento de mudanças e de
transformações profundas nos coloca perante situações
para as quais não estávamos preparados, o desafio que se
coloca às IPSS e ao Estado é o de sustentabilidade e o de
encontrar novas estratégias para (re)inventar a
solidariedade.
As transformações verificadas na sociedade tornaram
imperativa a conceção de novas formas de intervenção e o
ajustamento das respostas sociais já existentes, de modo a
que privilegiem a flexibilidade necessária para atender à
mutação constante e à crescente complexidade da
realidade social. O incentivo à expansão e qualificação da
rede de serviços e equipamentos sociais, dirigidos aos
diversos grupos de população, é uma das vertentes onde a
ação social tem tido maior intervenção. A ênfase tem sido
colocada no reforço do papel das famílias, na conciliação
do trabalho familiar com a vida profissional, no
desenvolvimento do apoio domiciliário, na dinamização de
estruturas de convívio e de combate ao isolamento e
insegurança, e numa maior e melhor prevenção e cobertura
das situações de dependência.
Intervir no âmbito do desenvolvimento local requer um
conhecimento prévio das problemáticas existentes num
território. Conhecer os valores, as práticas e as
necessidades de uma comunidade é um passo
fundamental para a planificação de programas e
organização da sua implementação, orientando a tomada
de decisão no sentido da otimização de recursos. Assim, a
conceção, a construção e a atualização da Carta Social é um
instrumento de extrema importância no domínio da
informação social e no suporte ao planeamento e à tomada
de decisão.
A condição de sucesso do desenvolvimento local prende-
se com a articulação entre desenvolvimento económico,
social e cultural, numa lógica transversal, assente numa
visão integrada e integradora das diferentes forças e
setores presentes. Criar condições para que os atores de
uma comunidade se comportem como agentes de
mudança, promover parcerias e fomentar a emergência de
redes sociais locais, sustentadas no conhecimento
profundo e próximo da comunidade, são fatores de sucesso
de uma intervenção social local.
Trabalho em rede
É preciso apostar no trabalho em rede, apoiando a
economia social e solidária a partir de paradigmas como a
cooperação, a participação ativa de cidadania, a iniciativa
voluntária ou a sustentabilidade financeira da gestão. Este
desafio representa um estímulo para as IPSS e para a
consolidação da rede social, desafio que deverá passar pela
mudança de mentalidade, de procura de apoios financeiros
e outros fora do sistema de financiamento público. A
abertura à sociedade civil, a partilha de experiências e de
recursos entre instituições congéneres significarão uma
racionalização eficaz dos meios e uma melhor distribuição
pelo território.
A operacionalização da Rede Social é uma condição
necessária para um efetivo funcionamento em rede das
inst i tuições de apoio socia l . As Plataformas
Supraconcelhias, os Conselhos Locais de Ação Social e as
Comissões Sociais de Freguesia, bem como outros níveis de
cooperação, constituem formas privilegiadas para
intensificar o diálogo e a cooperação entre IPSS, autarquias,
poder central e muitos parceiros intervenientes no
território, como as forças policiais, a educação, a saúde, a
proteção civil, os centros de emprego, a agricultura,
organizações e associações da sociedade civil, etc. A
multiplicidade de atores que intervêm no apoio prestado
aos indivíduos e famílias é uma dimensão essencial desta
rede.
A intervenção das IPSS na comunidade:
desafios presentes e futuros
Prof. Dra. Ana Clara Birrento
11Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro
ARTIGO DE OPINIÃOA ação das IPSS
As IPSS são a mão invisível da Segurança Social, como o
senhor ministro já teve oportunidade de afirmar. Esta mão
invisível, a resposta de proximidade que são capazes de dar,
faz com que, para além de as considerarmos nossas
parceiras em todo o tipo de iniciativas, as consideremos
capazes de ombrear com a Segurança Social na criação de
respostas para a comunidade. A efetivação de uma rede
nacional de solidariedade vai ter de contar com todos,
numa aposta real na proximidade e na experiência de
todos, onde os conselhos locais de ação social, presididos
pelas autarquias, são um ponto focal, bem como as IPSSs,
as Misericórdias e as Mutualidades, que em permanência
garantem uma resposta social.
Não nos podemos esquecer, de igual modo, que as IPSS
representam 6% do emprego no distrito; é um dos setores
que mais tem crescido nos últimos anos e tem, entre outras,
características únicas: emprega pessoas com idades mais
avançadas, não se deslocaliza, trabalha primordialmente
ligada à economia local, ao mesmo tempo que dá respostas
sociais localizadas. As IPSS são, de facto, um fator de
desenvolvimento da atividade económica no distrito.
As instituições particulares de solidariedade social e a
segurança social encontram em verdadeiro espírito de
parceria e de cooperação respostas sociais, estruturas e
serviços que apoiam o cidadão, as famílias e a comunidade,
num atendimento ou acompanhamento desenvolvido
através de um serviço que visa apoiar na prevenção e ou na
reparação de problemas geradores ou gerados por
situações de exclusão social e, em certos casos, atuar em
situações de emergência. Procuram informar, orientar e
encaminhar, assegurando o acompanhamento social dos
indivíduos e famílias no desenvolvimento das suas
potencialidades, contribuindo para a promoção da sua
autonomia, autoestima e gestão do seu projeto de vida,
prevenindo situações de exclusão, dotando as
pessoas/famílias dos meios e recursos que possibilitem a
construção de um projeto de vida estruturado e autónomo.
Se os desafios do presente são os da sustentabilidade, os
desafios do futuro passam por entender que temos de
encontrar sinergias, trabalho honesto e transparente, em
rede. Sem medo do outro, sem medo de perder influência
no território, porque em conjunto fazemos, como é sabido,
mais e melhor.
Ana Clara Birrento
Diretora do Centro Distrital
de Segurança Social de Setúbal
Passeio de alguns utentes de ERPI à praia | Maio 2014
CONSTRUIRCasa de S. Paulo | Inauguração prevista a 25 de Janeiro de 2015
Construir para os Outros
Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro12
O nossa casa começa a ganhar forma...
9 de Abril de 2014, visita de D. Gilberto à Casa de S. Paulo
30 Abril 2014
21 Maio 2014
O caminho feito...
A construção da Casa de S. Paulo continua a avançar dentro
dos prazos estabelecidos. A estrutura está concluída e as
paredes erguidas, todas as especialidades estão a cumprir
os tempos definidos.
Quanto ao equipamento e mobiliário geriátrico, uma parte
já foi adjudicado, embora, devido à falta de verbas estatais,
lançámos o desafio para a criação de parcerias, aos amigos,
mecenas, empresas e restante comunidade, para poderem
contribuir na compra dos diversos equipamentos e, assim,
deixarem o seu contributo neste equipamento tão
importante no concelho.
A evolução na concretização dos trabalhos, dá-nos a
certeza de que a data de inauguração prevista irá ser
cumprida.
Equipamento Renascer
Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro14
Começar de novo
Empenhado no Combate à Pobreza, em Novembro de 1998
o Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro inicia um
ambicioso trabalho de campo junto da população da
Quinta do Chegadinho, que poucos anos mais tarde
culmina numa metamorfose profunda do espaço, tanto ao
nível urbanístico como social.
É nesta zona que se ergue, desde o ano 2000, o Renascer -
equipamento que viu nascer a construção da escola
primária contígua e do Bairro Camarário Novo, bem como a
candidatura do AGIR ao Programa Escolhas.
A Casinha Branca
O início desta história remete para um pequeno contentor
pré-fabricado com uma casa de banho e duas salas apenas
(colocado num terreiro onde existe hoje a escola EB1 do
Chegadinho), logo apelidado pelos miúdos de “casinha
branca”. É aqui que uma equipa de quatro elementos-
composta por uma assistente social, uma educadora social,
uma animadora sociocultural e uma irmã - começa a lançar
novas sementes de esperança através de um trabalho
apostado no ensino informal e na formação de uma
população maioritariamente proveniente de países dos
PALOP, que vive em condições bastante precárias e em
regime de exclusão social.
Os primeiros destinatários desta intervenção são famílias
que ocupam “esqueletos” de prédios inacabados,
degradados, sem canalização e infestados por pragas como
moscas e ratos, onde a insegurança se nota até nas escadas
escuras e sem corrimão. É, aliás, a instituição quem celebra
um primeiro contrato com a EDP para assegurar o
fornecimento legal à zona, com cada qual a ir pagar
mensalmente a sua quota-parte à “casinha branca”.
O envolvimento da Comunidade
A capacidade de integração e aceitação pela comunidade
das técnicas destacadas para o terreno permite desenvolver
uma série de iniciativas em diversas vertentes, destinadas a
colmatar as necessidades mais prementes - da saúde e
planeamento familiar à alimentação, higiene e segurança,
gestão doméstica e outros. Mais tarde, estas ações
estendem-se a toda a população local, que dotada de um
espírito crente e festivo adere em massa a eventos como a
Procissão dos Ramos.
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Chegadinho antes da construção do Centro Comunitário
A Casinha Branca e o futuro Centro Comunitário Renascer
A Instituição legalizou a distribuição de energia com a EDP
Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro 15
A vontade de se criar no Chegadinho um centro
comunitário conta, entretanto, com a cedência de um
terreno pela autarquia.
A inauguração em pleno Ano Jubilar | 1 Junho 2000
A assinalar a data, o Padre Ricardo Gameiro planta uma
oliveira que trouxe de propósito da Cidade Santa de
Jerusalém e que ainda hoje cresce no espaço exterior do
piso térreo, imbuída de todo um simbolismo ligado à paz e
à purificação, mas também à sabedoria, abundância, força e
recompensa.
No início, o Renascer reserva o piso superior para ateliers de
formação destinados a mulheres do bairro, através do
projeto FORMIN, cujos filhos ficam entregues na sala de um
ano, a primeira a abrir portas.
Dois anos mais tarde, as construções devolutas são
demolidas e as famílias realojadas no bairro de Santo
António. Registam-se então momentos muito positivos,
junto com alguns dissabores, pois ao invés de serem
dirigidas à câmara, as reclamações são endereçadas à
instituição, no fundo a grande referência da população.
No mesmo local, posteriormente foi construído um novo
bairro camarário para realojar a população proveniente das
terras da Costa.
As estruturas de vida, além de difíceis de alterar, são
geracionais no sentido em que são transmitidas aos
descendentes, mas ao longo do tempo somam-se alguns
casos de sucesso - desde um rapaz que se conseguiu
formar em advocacia, a uma jovem que tirou o curso de
ajudante de acção educativa, ou a mulheres que apostaram
no seu valor e acabaram integradas nos serviços do Centro,
da cozinha ao apoio domiciliário e à secretaria. Ao recordar,
sentimos que todo o esforço valeu a pena e, por isso,
continuamos a trabalhar estas famílias.
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Inauguração do Centro Comunitário Renascer, 1998
Equipamento em construção
Alfabetização de Adultos
Partilha entre a Instituição e os moradores da Quinta do Chegadinho
Benção do Equipamento, 1998
Equipamento Renascer
Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro16 Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro
Equipamento
Gradualmente, abrem novas respostas sociais: pré-escolar
e espaço lúdico pedagógico para 150 crianças. O Renascer
é sobretudo um local de encontro de várias realidades, que
permite às crianças contactarem com uma diversidade
enriquecedora de etnias, famílias, costumes e tradições.
Numa resposta natural às necessidades manifestadas pela
população mais dependente ou envelhecida, em 2001 o
Renascer amplia a sua oferta com uma sala de Centro de
Dia, cujo primeiro utente foi o Sr. Dimas uma figura bem
conhecida que, ainda hoje, abre a porta, cumprimenta e
que já faz parte da história da nossa casa. Em 2004 a
resposta sénior aumenta, através do serviço de apoio
domiciliário.
Resposta aos Jovens
No âmbito da formação informal e prevenção de abandono
escolar, os jovens do bairro beneficiam ainda do Projecto
Agir, a funcionar desde 2006 na rua Almada Negreiros, com
financiamento do Programa Escolhas. A sua missão é
promover a inclusão social de crianças e jovens de
contextos socioeconómicos vulneráveis, visando a
igualdade de oportunidades e o reforço da coesão social.
Espaço Lúdico Pedagógico - Mestres Mochos
Sala dos Ouriços | Área do Faz de Conta
Sala das Raposas | Área da Escrita
Sala dos Caracóis | Jogos de Chão
Sala dos Passarinhos
Sala dos Ouriços
Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro 17Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro
Sala das Raposas
Sala dos Coelhinhos | Reunião de GrupoSala dos Caracóis
Sala das Raposas | Área de Leitura
Atividades Desenvolvidas
As atividades realizadas com as crianças enquadram-se nos
projetos curriculares e pedagógicos de sala, onde as
crianças exploram as diferentes áreas de conteúdo: área da
escrita, da leitura, do faz de conta, dos jogos, entre outros.
O momento da reunião de grupo (aqui demonstrado pelas
fotografias) é muito importante, pois as crianças partilham
as suas experiências e criam consciência da realidade
através do momento lúdico.
Este ano conseguimos atingir os objetivos propostos, o que
originou o desenvolvimento global e harmonioso de cada
criança, respeitando sempre o seu ritmo, e criando
oportunidades de aprendizagem enquadradas nas
estratégias programadas.
Equipamento Renascer
Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro18
Mês da Prevenção Dos Maus-Tratos Infantis
Há já vários anos que o Projeto Agir A Fazer O Futuro- E5G,
projeto financiado pelo Programa Escolhas, vem a realizar
atividades e formações no âmbito da prevenção dos maus
tratos infantis, desafio lançado pelo Programa Escolhas aos
dinamizadores comunitários dos projetos Escolhas. Estas
ações servem para que as nossas crianças e jovens vejam o
mundo numa perspetiva real, tomando consciência dos
seus direitos e deveres.
Neste sentido, tivemos a presença dos nossos parceiros da
PSP que alertaram os jovens de várias situações que podem
suceder nas suas vidas e como podem fazer para resolve-
las, destacando aqui a problemática do bullying. Contámos
com a presença de vários jovens o que foi muito positivo
para esta campanha.
Tertúlia de Pais
Ainda dentro do tema deste mês contámos com a presença
da Dr.ª Leonor Araújo na atividade Tertúlia de Pais, onde se
falou sobre o relacionamento positivo entre pais e filhos e a
sua importância para o desenvolvimento saudável das
crianças. Reuniram-se alguns pais e avós dos jovens
participantes do projeto, refletindo sobre a importância da
relação afetiva entre adultos e crianças, e a partilha de
momentos lúdicos para o bom desenvolvimento destas
relações. Sublinhou-se ainda a importância da educação
para os direitos humanos, incluindo a prevenção dos maus
tratos infantis.
Campanha dos laços azuis
Realizámos ainda uma campanha de sensibilização que
consistiu na entrega de pequenos laços azuis que
simbolizam a prevenção dos maus tratos infantis e
contámos com a participação de alguns jovens, mães e
professores que ajudaram na causa. Causou um impacto
positivo pelas ruas e muitas pessoas da comunidade
aceitaram o pequeno laço de bom agrado.
Seminário ‘’Maus Tratos à criança na Família’’
O projeto Agir a Fazer o Futuro – E5G esteve também
presente no Seminário “Maus Tratos à Criança na Família”,
promovido pela CPCJ de Almada no passado dia 30 de
Abril. Foi aqui apresentado o vídeo realizado pelas nossas
crianças e jovens relativamente à temática dos maus tratos,
vídeo este que pretende sensibilizar para esta
problemática. O vídeo surgiu após um trabalho de
sensibilização levado a cabo junto das nossas crianças e
jovens onde são apresentadas várias situações de maus
tratos que, embora fictícias, sabemos que são vivenciadas
por muitas crianças e jovens em todo o mundo.
(link do vídeo: http://youtu.be/S1zFxzIMM3Y)
Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro
Participação no Seminário ‘’Maus Tratos à Criança na Família’’
Tertúlia de Pais
Ação de sensibilização realizada pela PSP
As Aventuras do VerdocasAs Aventuras do Verdocas
19Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro
As Aventuras do Verdocasra uma vez um
rapaz i t o qu e
gostava muito de Ep a s s e a r n a
natureza. Um dia num dos
seus agradáveis passeios no
seu sítio favorito, o campo,
encontrou um monte de
lixo gigantesco e entrou em
pânico:
- Oh não! Como é possível
isto ter acontecido? Quem foi capaz de fazer uma
maldade destas!
Naquele momento, passou um pequeno javali que
disse sem demoras:
- Foi o Dr. Lixo! O terrível Dr. Lixo! Foi ele que andou
a poluir o nosso lindo campo!
De repente, reuniram-se todos os animais do campo:
os passarinhos, os caracóis, os coelhinhos, os ouriços,
as raposas e até os mochos e decidiram que a melhor
forma de acabar com as maldades do Dr. Lixo seria
chamar o incrível Verdocas, o super herói do
ambiente.
Foram, então, procurar a Sra Árvore Falante (era
uma árvore muito antiga, tinha mais de 200 anos).
Bateram três vezes ao tronco e ela acordou:
- O que querem pequenos animais? E quem és tu
rapazito?
- Olá Senhora Árvore, eu sou o Tonito e encontrei o
campo cheio de lixo e os animais disseram que a culpa
era do Dr. Lixo. Então, decidimos chamar o Verdocas,
o que acha?
- Boa ideia, disse a árvore. O Dr. Lixo é mesmo
terrível, está a tentar destruir a natureza. Quer
transformar o mundo num monte de lixo.
VERDOCASSSSSSS! Gritou a árvore.
Num ápice, o Verdocas apareceu e o rapazito, os
animais e a árvore descreveram a situação. O
Verdocas ficou furioso queria mesmo acabar com
aquilo!!! O Dr. Lixo tinha de aprender uma lição…
Decidiram, então, segui-lo para saber o que ele
andava a tramar.
No dia seguinte, logo de manhazinha, estava o Dr.
Lixo a preparar-se para espalhar outro monte de lixo
pelo campo. Então, o Verdocas apareceu e gritou
bem alto:
- Alto lá não podes sujar a Natureza
Todos os animais acordaram e vieram a correr ver o
que se passava. O Dr. Lixo apanhou um grande susto
quando viu todos a gritar à sua volta. Fugiu a sete pés
e nunca mais se viu por
aquelas bandas.
O Verdocas, o rapazito
Tonito, os passarinhos, os
caracóis, os coelhinhos, os
ouriços, as raposas e os
mochos, juntaram-se e
apanharam o lixo e foram
coloca-lo nos ecopontos.
Equipamento do Bairro
Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro2020
Creche
Um espaço de afeto e de aprendizagem
Ao longo dos últimos anos, a perspetiva sobre a Creche e a
1ª Infância tem sido alterada, dando-lhe a importância que
merece. Apoiando-se em documentos orientadores da
Segurança social e modelos educativos, a creche passou a
ser um espaço organizado e onde tudo tem uma
intencionalidade pedagógica, de forma a desenvolver as
competências das crianças em todas as áreas de
desenvolvimento.
Pelos Educadores
Os bebés e as crianças muito pequenas precisam de
atenção, de uma relação com alguém em quem confiem, de
um ambiente seguro, saudável e adequado ao seu
desenvolvimento.
A creche deve sustentar-se na perspetiva e interesses das
crianças e focalizar-se nas respostas às necessidades, à
curiosidade, aos cuidados (rotina) e em experiências
significativas do dia-a-dia.
O equilíbrio permanente entre o que a criança necessita, o
que a Educadora sabe que é necessário, bem como o
diálogo com a família, serão sempre uma prioridade de
atuação.
Caminhada Quaresmal, Semana do Abraço | Creche: O Berço
Um dia especial, com adereços dos pais | A Nossa Creche
Os meninos da sala dos 2 anos, ‘’O Berço’’, demonstram
grande interesse por histórias, como tal a equipa e
famílias proporcionam diversos momentos de Hora do
Conto. Assim, através das histórias, é criado um
ambiente favorável à aprendizagem, que reflete a
interação entre crianças e adultos.
Exploração de Histórias | Creche: o Berço
Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro 21
Pelos Pais
Enche-me o coração quando, de manhã, chego à creche e o
Salvador faz um grande sorriso e quer ‘’saltar’’ do meu colo
para o das amigas crescidas.
À sua espera está um espaço divertido com muitos
materiais, cores e brinquedos adaptados. A partilha com
outras crianças fá-lo desenvolver num ritmo fantástico.
Tenho a certeza que aqui ele cresce feliz e isso, para nós
pais, é o mais importante.
(Vanda, mãe do Salvador)
Sinto tranquilidade... o meu filho aprende muito enquanto
está na creche e isso nota-se no seu crescimento.
Come melhor, começou a andar com mais facilidade e teve
uma grande evolução na linguagem.
É uma criança que vai satisfeita para a creche, sente-se pela
alegria à chegada e pela tristeza em deixar os amigos ao
final do dia.
(Célia, mãe do Gonçalo)
Caminhada Quaresmal, Semana do Abraço| A Nossa Creche
Foi contada a história ‘’Come a Sopa, Marta!’’, a qual nos
levou a conversar sobre a importância de comer sopa:
‘’ficamos fortes’’, ‘’somos crescidos’’, ‘’faz bem à
barriga’’, ‘’somos grandes’’...
Hora do Conto | Creche: o Berço
Caixinhas de Amor, Atividade do dia 14 de Fevereiro| Creche: O Berço
Equipamento Centro Comunitário
Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro22
Sala Mil Cores | Cooperação
Sala Amarela - 1 Ano | Amizade
“É bom crescer com os pés na Terra… e com a cabeça na lua, com projetos e com sonhos sensíveis e sensatos, mas
crianças… para sempre”
Eduardo Sá (psicólogo)
Sala Rosa - Berço | Amor ao próximo
Este ano letivo foi o culminar do trabalho que tem vindo a
ser desenvolvido ao longo dos últimos três anos, no qual se
pretende fortalecer os valores de solidariedade, partilha,
entre-ajuda, integridade, respeito, cooperação, entre
outros.
Além das atividades propostas no nosso Plano Anual de
Atividades, cada sala delineou o seu projeto em articulação
com o Projeto Curricular de Equipamento: ‘’Educação para
os valores’’. A temática deste ano letivo: ‘’Educação por uma
causa’’ enquadrou as atividades nos vários valores
trabalhados.
Tendo em conta as diferentes faixas etárias, e de uma forma
lúdica-pedagógica, foi-se conseguindo ao longo do ano
que se apercebessem dos valores e da sua importância para
o dia-a-dia.
A equipa pedagógica fez um balanço muito positivo do
cumprimento dos objetivos propostos no projeto: Incutir
valores humanos e cívicos às crianças, num ambiente de
articulação Instituição/Família, e promover uma inter-
relação entre as respostas sociais com vista a um trabalho
de educação para os valores de forma contínua e coerente.
Foi um ano muito rico em experiências, vivenciadas tanto
pelas crianças como pelos pais e restante comunidade
educativa.
Agradecemos a todos os que nos acompanharam na
feliz concretização deste projeto.
COMUNITÁRIO
Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro 23
Visita ao Centro de Documentação | Partilha
Yeah, Brincar com a ciência | Participação
Visita à Tipografia Lobão | Liberdade
Equipa do Regaço Materno
Regaço Materno
A equipa do Regaço Materno é constituída por elementos
fundamentais e cruciais, no acolhimento destas crianças
que passam uma parte da sua vida nesta família constituída
há dezasseis anos. Todos os colaboradores que tiveram a
oportunidade de trabalhar nesta vertente social jamais vão
esquecer rostos, palavras e gestos das crianças com que se
cruzaram. Elas são a principal motivação para que todos os
dias se encare este lado mais “insensível” do ser humano. É
com dedicação, esperança, carinho, amor e ternura que se
estabelecem laços na constante aspiração de transformar
este lar num espaço harmonioso; protegendo os mais
vulneráveis, promovendo a resiliência dos demais, com
base no modelo sistémico, crendo que o fruto deste
empenho se traduza no final mais feliz. Obrigada a todos os
que se envolvem com dedicação a esta realidade e um
especial apreço à equipa que mergulha quando em causa
está o bem-estar das “nossas” crianças.
Feira Inter-Escolas de Teatro | Respeito
As crianças do Regaço Materno
ENTREVISTA
24
texto: Anabela Sousa
Entrevista
Bodas de ouro sacerdotais
Vida de entrega, desde o berço
No dia 15 de Agosto deste ano, o , pároco de
Almada, celebrará as bodas de ouro sacerdotais. Cinquenta anos de
uma vida configurada com Jesus, entregue à Igreja, a cuidar do seu
povo. À beira de um acontecimento tão importante, fomos falar
com este sacerdote que se diz grato a Nosso Senhor por tudo o
que operou na sua vida.
Nasceu na Benedita, por ali cresceu até aos catorze anos, altura que
decidiu ir para o Seminário. Os seus pais educaram dez filhos, oito
rapazes e duas raparigas. ‘’Já vivi muitos segundos, muitos minutos,
muitas horas, muitos dias. E cada segundo da minha vida é um
motivo para eu dar graças a Deus’’, diz-nos. Conta que, na sua casa,
em criança, havia sempre alegria, pão e oração e que ainda hoje fala
disso com os irmãos.
‘’Os meus pais eram muito piedosos – recorda – a minha mãe,
enquanto rezava o terço e lavava a loiça, a cada mistério, ela punha
quatro ou cinco jaculatórias que eram assim: ‘está quieto Fernando,
apanhas um estalo oh Luís’. Ia lavando a loiça, ia rezando e ia-nos
chamando à atenção porque queria que estivéssemos a rezar com ela’’.
Depois de ter concluído a escola primária na Benedita, seguiu o
trabalho dos seus pais, até lhe surgir no espírito o chamamento ao
seminário.
‘’Na 'oficina' do meu pai trabalhavam quinze ou dezasseis homens a
fazer calçado, e eu colaborava lá com eles. Um dia, de repente, veio-
me esta ideia: ‘gostava de ir para o Seminário’. Nem sabia como
haveria de dizer isto ao meu pai e então – diz o Padre Fernando –
contei primeiro à minha mãe e nunca mais me esqueci do que ela me
disse: ‘Pensa bem, filho, porque é melhor um bom cristão do que um
mau Padre’. Foi depois a minha mãe que contou ao meu pai e ele,
homem sereno e de poucas palavras, pouco reagiu, mas acho que
interiormente ficou contente’’.
Os tempos de seminário: Santarém, Almada e Lisboa
É assim que chega ao Seminário de Santarém, o primeiro que o
acolheu no início da sua formação e no discernimento da sua
vocação. ‘’Recordo-me que tive muito boas notas a tudo, menos a
matemática, e o célebre professor daquela disciplina chegou ao pé de
mim e disse-me: ‘oh Fernando, o teu pai e a tua mãe andam a
trabalhar com tanto sacrifício e tu com uma nota negativa?’. Aquilo
fez-me tão bem, a forma como ele falou que a partir daí nunca mais
fui a exame de Matemática e fiquei sempre dispensado’’.
É já com dezassete anos que chega ao Seminário de Almada, na
época, ainda pertença do Patriarcado. Diz-nos que o tempo que por
ali passou marcou, profundamente, a sua vida: ‘’Criou-se ali um bom
Padre Fernando Belo
convívio entre todos os seminaristas, era sempre uma animação e
uma amizade extraordinária. Foram ali que me surgiram as grandes
as dúvidas: ‘Vou para frente, não vou. Quero ser Padre, não quero".
Depois de três anos em Santarém e três anos em Almada, Fernando
Belo chega, então, a Lisboa, onde esteve seis anos. ‘’O Seminário dos
Olivais era outro mundo – relata o sacerdote – os colegas de curso,
tínhamos uma grande relação uns com os outros, mas também já nos
relacionávamos com aqueles mais velhos que estavam uns anos à
nossa frente, como o D. José Policarpo, o Padre Resina ou o Cónego
Leitão. Foram tempos fortes de formação e aprofundamento da fé’’’.
A carta do pai e o Concílio Vaticano II
É já durante o tempo de seminário nos Olivais que o pai de
Fernando lhe escreve pela primeira vez: ‘’Houve uma terça-feira que
recebi uma carta do meu pai, e foi a única carta que ele me escreveu
durante o tempo de seminário. Dizia, mais ou menos isto: ‘Hoje é
Missa Nova na Benedita, 1964
Domingo à tarde e estou em casa. Acabei
de rezar o terço por ti e penso que para um
rapaz da tua idade não é fácil num
Domingo à tarde estar fechado no
Seminário. Tem coragem que Deus há-de
ajudar-te’ ‘’.
O na altura seminarista
Fernando, termina o seu
tempo de seminário em
pleno Concílio Vaticano II e
foi ‘bebendo por dentro’
aquilo que se passava, não
só pelas notícias que iam
chegando através dos
j o r n a i s , m a s p e l a
proximidade com os Bispos
da Conferência Episcopal
Portuguesa que, na altura,
se reuniam ali mesmo ao
lado.
Pe. Fernando Belo durante a procissão em honra de S. João Baptista, Junho 2014
ENTREVISTA
Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro 25
‘’Esta proximidade com o Convívio foi encantadora
de Almada – O Seminário dos Olivais é dos grandes focos da
renovação litúrgica e nós, de certo modo, já íamos realizando aquilo
que o Concílio foi anunciando, como por exemplo, as leituras em
português. Estávamos sempre a ver se o que vinha de lá ia de
encontro ao que nós já fazíamos’’.
O Padre nos primeiros anos de funções pastorais
Ordenado presbítero a 15 de Agosto de 1964, o Padre Fernando
Belo conta que não se dava às ordenações a mesma importância
que nos nossos dias. A ordenação diaconal foi na capela do
seminário e a ordenação sacerdotal, em conjunto com outros vinte e
quatro colegas, foi em São Vicente de Fora porque não caberiam
todos na Sé. É por isso que a grande festa onde se juntavam todos
os familiares e amigos acabou por ser a Missa Nova que celebrou,
uma semana depois, na Benedita, a sua terra natal.
Chega, então, a altura de assumir funções pastorais. Fica três anos
em Lisboa, na Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, mas pede ao
Patriarca para sair. ‘’As pessoas tratavam-me bem demais, sabe –
conta-me – eram famílias muito ricas que disponibilizavam motoristas
para me levar à terra e aquilo não me fazia sentir bem’’. Ao sair de
Lisboa, onde tinha já algum trabalho desenvolvido com jovens,
segue para o Externato Frei Luís de Sousa.
Ali, durante cinco anos, foi diretor espiritual, professor de Religião e
Moral, e coordenador das aulas desta disciplina nas escolas de
Almada. ‘’Foram tempos encantadores – narra o Padre Fernando – As
minhas férias eram ir com os alunos passear para a Serra da Estrela
ou para a Arrábida e ainda hoje encontro aqui meus alunos dessa
época que me falam desses acontecimentos. Eu tinha uma relação
muito simpática com todos e depois conseguia trabalhar mais
facilmente a nível espiritual com os alunos’’.
Quebrar barreiras, acolher a todos, com o Povo de Deus
É já depois dos trinta anos de idade que chega à Paróquia da Moita,
onde ficou durante vinte e sete anos. Sentindo um clima frio por
parte das pessoas à sua chegada, o Padre Fernando Belo diz que foi
desafiante constituir comunidade e fazer com que as pessoas o
vissem como pastor. Para procurar a proximidade com as pessoas, ia
muitas vezes às lojas comprar coisas de que não precisava, para ter o
– diz o atual prior
pretexto de ‘meter conversa’ com as pessoas. –
conta – casei o filho de uma senhora que tinha uma loja e ela, já na
altura da refeição, perguntou-me: ‘Você ia lá todos os dias comprar
fósforos. O que é que fazia com tantos fósforos?’. São situações
engraçadas de que as pessoas ainda se lembram’’.
Na Moita, viveu a revolução do 25 de Abril, sem ter quaisquer
constrangimentos com o regime instalado. Quebrou barreiras,
acolheu a todos sem diferenças, criou um jardim infantil chamado
«O Ninho» que ainda hoje existe e o Centro Paroquial. Trabalhou,
também, como servente a dois pedreiros quando a Igreja precisou
de ser restaurada e serviu ao balcão nos arraiais populares. ‘’Tudo isto
foi muito bom para mim porque senti as dores dos trabalhadores, mas
também fez bem à comunidade. Sobretudo aqueles que nem sequer
iam à Igreja e criavam uma relação diferente comigo’’, destaca o
Padre Fernando.
É preciso desinstalar e desinstalar-se
Apesar de terem sido anos muito bons, o Padre Fernando Belo diz
que foi um erro ter ficado lá tanto tempo: ‘’Eu pedia para sair mas o
D. Manuel Martins nunca tomou essa atitude. Foi já com D. Gilberto,
em 1999, que vim aqui para Almada. Não é bom estar tanto tempo
numa paróquia porque uma pessoa começa-se a instalar e é preciso
renovação. Dói muito mas faz bem. Uma mudança é sempre muito
boa para o pároco, que procura, para a paróquia onde vai, não fazer
os mesmos erros do passado, e para a comunidade que aprende a
acolher um pastor e cresce com ele’’.
Foi há quinze anos que regressou à cidade de Almada, onde tinha já
estado no Seminário e no Externato Frei Luís de Sousa. ‘’Eu era já
muito amigo do Padre Jaime e, enquanto ele cá esteve como pároco
emérito, ele vinha aqui muitas vezes. Foi uma mudança simpática e
carinhosa. O facto de a Paróquia o acolher a ele, não senti que me
tivesse tirado nada a mim. Gosto de estar onde estou. Foram duas
paróquias muito diferentes, mas a minha preocupação é pedir
desculpa do mal que fiz e do bem que não consegui fazer’’, sublinha.
Outra das funções que teve foi assumir, por curtos períodos e em
fases de transição, a direção de alguns Centros Paroquiais. Aconteceu
com Cacilhas e também com o Centro Paroquial da Cova da
Piedade, logo após a morte do Padre Ricardo Gameiro. ‘’Às vezes sou
chamado tipo bombeiro – desabafa sorridente o sacerdote – não
ignoro que para algumas pessoas não tenha sido simpático eu ir para
lá, mas pus isso tudo de parte e fiz de conta que não sabia de nada.
Gostei imenso de trabalhar com aquela direção, com a D. Ana Luísa
que é uma senhora de garra. Dá gosto trabalhar com ela porque tem
uma visão muito alargada das coisas. Para ela não é 'vai-se pensar
em fazer', é 'faz-se' ‘’.
Ao completar os cinquenta anos de sacerdócio, o Padre Fernando
Belo diz esperar que D. Gilberto dos Reis o retire da função de
pároco e responsável de Centros Paroquiais. ‘’No ano passado já lhe
escrevi e já lhe disse que estou disponível para tudo, menos para ser
prior numa paróquia. Há Padres com menos idade, e outras
perspetivas. Dar lugar ao outro no momento certo é muito
importante’’.
‘’Anos mais tarde
Lançamento da 1ª Pedra Centro Paroquial da Moita
ROMEIRABrincar é aprender
Nas duas respostas sociais (creche e jardim de infância) do
Jardim Infantil da Romeira, o brincar tem um papel
fundamental no dia-a-dia das crianças. É através da
atividade lúdica que a criança representa situações
vivenciadas na sua vida diária, imita o adulto, recorre a
diferentes materiais e utiliza as variadas capacidades
expressivas do seu corpo.
A atividade lúdica permite estabelecer um elo de ligação
entre as crianças, sendo um poderoso auxiliar na
construção da relação com os outros e com o meio que a
rodeia. Detentora de um papel fundamental no
desenvolvimento emocional, cognitivo e social, a atividade
lúdica possibilita a estimulação da criatividade e o
desenvolvimento da autonomia da linguagem e de papéis
sociais. Brincar permite que a criança se mantenha
fisicamente ativa, que desenvolva a personalidade e as
competências sociais, ajudando-a a lidar com emoções e
sentimentos.
Desta forma considerámos pertinente solicitar ao Dr. José
Morgado, professor do Departamento de Psicologia de
Educação do Instituto Superior de Psicologia Aplicada-
Instituto Universitário que, gentilmente se disponibilizou a
escrever um artigo para a Revista +Social.
“Brincar é a actividade mais séria que as crianças fazem”
Uma das razões que me l e v o u a a c e i t a r imediatamente o gentil convite que me foi endereçado para estas notas sobre o "brincar", prende-se com curiosa situação de que há cerca de 30 anos o meu filho começou a sua viagem educativa fora da família pelas mãos competentes e cheias de afecto da Educadora Lúcia Silva, justamente, no Jardim Infantil da Ro m e i r a , u m d o s actuais equipamentos d o C e n t r o S o c i a l Paroquial Padre Ricardo Gameiro.
Um tardio agradecimento pelo excelente trabalho que a equipa realizou.
Também há muitos anos, lembro-me bem, ainda brincávamos na rua, melhor dizendo, ainda brincávamos. É certo que muitos de nós não tiveram muito tempo para brincar, logo de pequenos ficaram grandes. Não tínhamos muitos brinquedos, mas tínhamos um tempo e um espaço onde cabiam todas as brincadeiras.
Entretanto, chegaram outros tempos. Tempos que, para além das mudanças muito significativas nos estilos de vida das famílias também parecem estar a criar outras ideias sobre o brincar e as brincadeiras. As questões da segurança, obviamente importantes não chegam para explicar a razão pela qual, por exemplo, espaços como o Parque da Paz são tão pouco usados pelas famílias para brincadeiras com os miúdos.
Embora consciente, repito, das questões como risco, segurança e estilos de vida das famílias, creio que seria possível tentar “devolver” os miúdos ao circular e brincar na rua, talvez com a colaboração de tantos velhos que estão sozinhos, alguns morrem mesmo de "sozinhismo", as comunidades e as famílias conseguissem algumas oportunidades para ter as crianças por algum tempo fora das paredes de uma casa, escola, centro comercial, automóvel, ecrã ou dos “espaços estereotipados” que o mercado criou.
No imperdível “O MUNDO, o mundo é a rua da tua infância”, Juan José Millás recorda-nos como a rua, a nossa
Equipamento da Romeira
Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro26
Dr. José [email protected]
http://atentainquietude.blogspot.com
Carnaval 2014
ROMEIRA
Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro 27
rua foi o princípio do nosso mundo e nos marca. Quantas histórias e experiências muitos de nós carregam vindas do brincar e andar na rua e que contribuíram de formas diferentes para aquilo que somos e de que gostamos.
Como muitas vezes tenho escrito e afirmado, o eixo central da acção educativa, escolar ou familiar, é a autonomia, a capacidade e a competência para “tomar conta de si” como fala Almada Negreiros. A rua, a abertura, o espaço, o risco (controlado obviamente), os desafios, os limites, as experiências , são ferramentas for t íss imas de desenvolvimento e promoção dessa autonomia.
Curiosamente, se olharmos às nossas condições climatéricas, Portugal é um dos países com valores mais baixos no tempo dedicado a actividades de ar livre, situação com implicações menos positivas na qualidade de vida, nas suas várias dimensões, de miúdos e crescidos.
Talvez, devagarinho e com os riscos controlados, valesse a pena trazer os miúdos para a rua, mesmo que por pouco tempo e não todos os dias. Eles iriam gostar e far-lhes-ia bem.
Por outro lado, ao que parece, afirmam alguns que não percebem de miúdos, os tempos não são de brincar, são de trabalhar, muito, em nome da competitividade e da produtividade, condição para a felicidade, entendem. Roubaram aos miúdos o tempo e o espaço que nós tínhamos e empregam-nos horas sem fim nas fábricas de pessoas, escolas, chamam-lhes. Aí os miúdos trabalham a sério, a tempo inteiro, dizem, pois, só assim, serão grandes a sério, evidentemente.
Às vezes, alguns miúdos ainda brincam de forma escondida, é que brincar passou a uma actividade quase clandestina que só pais, educadores ou professores “românticos” e “incompetentes” acham importante.
Muitos outros miúdos vão para umas coisas a que chamam “tempos livres”, que de livres têm pouco, onde, frequentemente, se confunde brincar com entreter e, outras vezes, acontece a continuação do trabalho que se faz na fábrica de pessoas, a escola.
Também são encaixados em dezenas de actividades fantásticas, com nomes fantásticos, que promovem competências fantásticas e fazem um bem fantástico a tudo e mais alguma coisa. A vida de alguns miúdos transforma-se numa espécie de sobrecarregada agenda cujas vantagens serão poucas e os riscos são de considerar.
Era bom escutar os miúdos.
Na verdade, se perguntarem aos miúdos, vão ficar a saber que brincar é a actividade mais séria que eles fazem, em que põem tudo o que são, sendo ainda a base de tudo o que virão a ser.
Sala das Gotinhas
As Nossas Atividades
Em jeito de balanço do ano lectivo 13/14, damos a conhecer
alguns momentos de interacção entre as crianças e os
adultos do equipamento. Alguns deles foram passados
também com as famílias, chamando as mesmas a participar
em actividades privilegiando a interacção entre os agentes
educativos e as crianças.
A equipa considera que estes momentos comuns são uma
mais-valia para as crianças uma vez que a interacção entre
as diferentes salas e respostas sociais é notória,
acontecendo no decorrer na própria actividade, mas
também na sua planificação e avaliação.
A equipa do Jardim Infantil da Romeira deseja a todas
as famílias umas boas férias!
Inter-Escolas de Teatro de Almada
Feira da Primavera
Caminhada Quaresmal
RAMALHAEquipamento da Ramalha
Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro28
A participação das famílias na vida escolar
Esta nossa reflexão inicia-se pela premissa base de que a
participação das famílias na vida escolar das crianças é
fundamental desde cedo e não só com o início da
escolaridade básica. Já na creche ou jardim-de-infância
pressupõem-se benefícios para as crianças face aos
pais/família como agentes educadores nas atividades
dinamizadas no espaço escolar. Acredita-se existirem como
resultados base desta articulação um maior clima de
segurança, maior entendimento entre os adultos de
referência na vida das crianças, maior respeito e
compreensão pelas caraterísticas familiares (como sejam as
culturais ou os seus credos), essencialmente maior partilha
e proximidade, assistindo-se, deste modo a uma educação
participada.
No dia-a-dia, esta premissa regista-se na procura da
manutenção de uma boa relação com os pais/famílias,
tendo um contato afável, informal e diário, onde se trocam
informações acerca das crianças, se partilham saberes,
comunicam novidades e/ou acontecimentos e se convida à
permanente participação escolar.
Tratando-se do Equipamento mais recente da nossa
Instituição, foi simples implicar os pais como agentes
educativos diretos; desde o primeiro Projeto Curricular de
Equipamento que as atenções da nossa equipa pedagógica
se dirigiram muito para a participação familiar.
Creche e Jardim de Infância da Ramalha
Feira de São Martinho
Seniores em visita à Ramalha
Afectos Sonoros | Atividade em Família
“A família e a instituição de educação pré-escolar são
dois contextos sociais que contribuem para a educação
da mesma criança; importa por isso, que haja uma
relação entre os dois sistemas.”
(ME – Orientações Curriculares
para a Educação Pré-Escolar. 1997. p. 42)
RAMALHAEm todas as salas das diferentes respostas sociais as
famílias são convidadas, no início do ano e no seu decorrer,
a inscreverem-se para dinamizarem algum momento com o
grande grupo. Para além desta proposta a auto-iniciativa,
os pais são também convidados a participar noutras
atividades a eles dirigidas:
Festa de Natal, Dia da Família, Feira de
São Martinho, Dia da mãe, do pai e dos avós;
animações
da feira do livro, dia do pijama;
Missas comemorativas – Dia da Criança, Missa da
Grávida, Celebração de Páscoa; Caminhada do Advento e
da Quaresma;
visitas/actividades
dirigidas a seniores e Cantar as Janeiras;
Festa
Verde, Carnaval e Marchas das Escolas.
Mais recentemente temos também apostado em algumas
iniciativas de cariz lúdico para toda a família, que
procuramos que conciliem uma atenção dirigida ao bem
estar das nossas famílias e à angariação de verbas para
aumentarmos as nossas respostas sociais como seja
“Afectos sonoros” ou a dinamização de Workshops.
À semelhança dos anos transatos, este foi mais um ano de
louvar com o elevado número de famílias a participaram em
diferentes momentos de sala. Para além das atividades
dinamizadas pelos pais, houve uma grande participação no
envio de materiais para a realização de projetos que
estavam a decorrer (histórias, imagens, vídeos…).
Mas, como a vida e participação dos pais na escola não deve
ser só dentro de portas, também nós saímos do nosso
espaço e fomos procurar a família das nossas crianças. No
presente ano letivo, registámos a ida dos grupos de jardim-
de-infância a locais de emprego de familiares e de visitas de
estudo planeadas com a colaboração destes.
Com cheirinho de agradecimento, em nome de toda a
Equipa… Um grande Bem-haja a todas as Famílias
(passadas, presentes e futuras) da Ramalha.
Atividades gerais:
Atividades dinamizadas a nível do Equipamento com foco
na criança, mas que os pais podem presenciar:
Atividades com cariz mais evangelizador para toda a
família:
Atividades com a comunidade direta:
Atividades com outras Entidades da comunidade:
Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro 29
Sala Arco-Íris (2 anos)
As Nossas Atividades
DOCUMENTACentro de Documentação
Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro30
CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO
I - História da Arquivística Religiosa:
das Origens a Trento
Desde as mais remotas origens, que a Igreja se preocupa
em recolher a documentação relativa às suas atividades.
Neste sentido, partilhamos, ao longo de vários artigos da +
Social, a importância que a Igreja demonstrou em
salvaguardar os seus arquivos religiosos.
A Igreja, desde sempre, foi consciente em guardar a
documentação decorrente dos seus atos e funções, tais
como: textos doutrinais e catequéticos; textos para as
assembleias litúrgicas; textos relativos ao serviço, ao
ministério, à administração do património temporal, textos
relacionados com o culto dos mártires “Gesta Mártir” ou
“Gesta Martyrium” e registo de batismo e óbitos.
Nos primeiros séculos, a prática arquivística inspirava-se na
organização romana dos “Gesta Municipalia”, seguindo as
prescrições da lei romana.
No séc. IV, Diocleciano, imperador romano, ciente da
relevância dos registos documentais ordenou aos cristãos
que entregassem os seus livros, com o objetivo de os privar
das suas memórias e fontes doutrinais litúrgicas.
Primeiro grande arquivo eclesiático
Mais tarde, por disposição do Papa Dâmaso, surgiu o
primeiro grande arquivo eclesiástico. Este estava sediado
na Basílica de São Lourenço, intitulado “Charterium
Ecclésiae Romanae”, o qual viria a ser transferido no séc. VII
para a Basílica Lateranense. Foi então, que as igrejas locais
passaram a criar os seus arquivos, não respeitando
quaisquer normas eclesiásticas. Nessa época, surgiu um
outro arquivo, junto da Confissão da Basílica de São Pedro
onde se guardavam os documentos de doações feitas ao
papado por Pepino “o Breve” e Carlos Magno.
Ainda no séc. VI, o “Liber Pontificalis”, para além de referir os
cuidados da Igreja na conservação dos “Gesta Martyrium”
entre os anos de 88 e 250, refere que o Papa Júlio I ordenou
a recolha e conservação de todos os documentos
relacionados com doações e legados feitos à Igreja. Este
livro faz o registo da Atividade do Estado Pontifício.
Foi no pontificado do Papa Gregório Magno (séc. VI), que se
organizou a Chancelaria Pontifícia, sendo os documentos
redigidos e organizados segundo o modelo dos
formulários oficiais que os notários utilizavam no exercício
da sua atividade. De todos os formulários, o mais conhecido
foi o “Liber Diurnus” que vai de Gregório Magno até Urbano
II. Este é, posteriormente, substituído pelas “Artes Dictandi”
e pelas “Summas Dictandi” até Gregório VII e inspirado nos
“Registos Vaticanos”, que vieram a desenvolver-se e
estruturar-se no século XIII, com o Papa Inocêncio III.
No início do séc. XI, surge o arquivo conhecido por “Turris
Chartularia”, conservando-se, simultaneamente, os
documentos dos arquivos das colegiadas, cabidos,
paróquias, mosteiros, irmandades, lugares pios, entre
outros.
A partir do séc. XI
No entanto, continuava a não haver legislação canónica
que os regulasse e ordenasse os arquivos, existindo apenas
algumas normas particulares, sobre aspetos bem definidos.
Denotava-se em algumas Constituições e Decretos de
capítulos gerais, a referência à necessidade de guardar os
documentos, tais como: elenco de monges e religiosos,
crónicas, lista dos benfeitores, inventários dos bens.
Também, se fazia referência aos guardiões ou depositários
dos documentos e modalidades de uso dos mesmos. No
séc. VI, muito antes de Portugal existir como nação, já a
Igreja implementara normas para se elaborarem
inventários dos bens eclesiásticos. Nos finais do séc. VII, no
II.º Concílio de Braga, foi declarado que [...] para que se
Monge Copista
DOCUMENTAÇÃO
Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro 31
conheçam os bens pertencentes à Igreja, se devem fazer
inventários. Os documentos eram vistos pela Igreja como
verdadeiros tesouros, como tal eram guardados em
segurança junto das pratas, paramentos e livros sagrados.
Depositados em original ou cópia, no Tesouro da Sé,
registava-se a cópia no “Liber Fidei” ou no célebre “Livro das
Cadeias”, por estes se encontrarem presos por correntes na
biblioteca, a fim de não ser roubados.
No decurso do séc. XIII, nas Constituições Sinodais de D.
Frei Telo, realizadas em Braga, prescreve-se que [...] cada
pároco que chegue à paróquia ou benefício, reúna o povo,
chame o clérigo anteriormente incumbido do benefício
paroquial ou outro e, diante do notário, chamado para o
efeito, elabore o inventário dos bens, devendo ficar uma
cópia desse inventário em poder da paróquia ou benefício e
outra em poder do notário. Durante o séc. XIV alguns
Bispos ordenaram aos abades, priores e reitores dos
mosteiros e igrejas, que pusessem em prática as
disposições das Constituições de D. Frei Telo e as fizessem
transcrever em seus livros, o que significa que já existiam
alguns arquivos paroquiais.
No séc. XV, a Igreja ordenou que a prata fosse pesada e
marcada, medidos os bens de raiz e determinadas as
confrontações ou limites, registando tudo num livro que se
devia atualizar de oito em oito meses. No final desse século,
várias Constituições Sinodais vieram a debruçar-se sobre a
problemática da recolha, preservação e organização dos
documentos eclesiásticos e dos Arquivos.
Registos de Casamentos e Batismos
Em meados do séc. XVI, D. Afonso Nogueira, arcebispo de
Lisboa, ordenou que se fizesse registo dos casamentos.
Porém, em Coimbra, desde 1510 já se faziam registos dos
batismos na freguesia de Santiago.
Curiosamente um recibo assinado pelo Pároco de Caparica,
José Joaquim Marques, datado de 2 de outubro de 1913,
refere que nos termos do Decreto do Diário do Governo de
25 de Agosto do mesmo ano, entregou ao Oficial do
Registo Civil de Almada, um livro de batismos datado de
1505, ou seja, cinco anos mais antigo que o livro que se
conserva em Coimbra (este documento, pertencente à
Paróquia do Monte de Caparica, encontra-se digitalizado
no CDIRF).
É desse modo que, em 1536 o Cardeal – Infante D. Afonso,
arcebispo de Lisboa, determinou que se fizessem registos
de batismos e de óbitos.
Não admira, pois que, estes passos da Igreja na arquivística
viessem a ser consagrados no edifício legislativo
eclesiástico, com a realização do “Concílio de Trento”, ainda
no séc. XVI (de 1545 a 1563).
António Policarpo
CONVERSA COMÀ Conversa com...texto: Filipa Branco
32
O que é para ti ser criança?
É bom poder “brincar ao faz de conta sempre que
apetecer”. E foi assim que, no Dia Mundial da Criança,
a 1 de Junho, a Matilde Branco - 6 anos, da Sala dos
Ouriços, Renascer - se tornou jornalista por
momentos e foi saber junto de alguns colegas que
encontrou no salão do Centro Comunitário “O que é
para ti ser criança?”.
Entre fugas, sorrisos tímidos e si lêncios
envergonhados, a tarefa lá se cumpriu! Enquanto
isso, irmãos, pais e avós aproveitaram para
contemplar uma série de criações artísticas
provenientes dos diversos equipamentos que
integram a Instituição e procederam à votação nos
seus favoritos.
Os resultados foram depois anunciados pelo Padre
José Pinheiro, no final da celebração dominical que se
seguiu e na qual miúdos e graúdos experimentaram
esse encontro com Deus onde é possível alcançar a
“verdadeira alegria”...
“É gostar de coisas fofinhas,
brincar com brinquedos.
Gosto do meu pai e da mãe
e da mana. E gosto de dançar.”
Sala Raposas, Renascer
Marizia Baptista, 4 anos
“É gostar da família e brincar
às casinhas e à Dra Brinquedos”
Sala Raposas, Renascer
Jéssica Baptista, 4 anos
“É ser feliz. Fazer trabalhos manuais,
brincar, dançar ballet”
Sala Laranja, Bairro
Joana Gonçalves, 6 anos
“É brincar. Sorrir muito, ir à escola
fazer amigos, jogar à bola,
basket e andar de bicicleta”
Sala Azul, Comunitário
Gabriel Ferreira, 4 anos
“É bom. É brincar, jogar à bola,
ir à piscina, ser feliz”
ATL Bairro
Guilherme Comba 6 anos
“É bom. Podemos receber muitas prendas,
brincar com bonecas e fazer desenhos”
Leonor Antunes, 7 anos
ATL Centro Comunitário
Matilde Branco, 6 anos
Sala dos Ouriços, Renascer
“É poder sorrir e brincar feliz.
É pintar com as mãos”
Sala Sol, Ramalha
Íris Mota, 4 anos
CONVERSA COM
33
“É ter avós. É brincar, dançar,
sorrir e ser feliz”
Sala Laranja, Bairro
Ana Luísa Domingos, 5 anos
“É brincar e tratar bem os amigos.
Gosto de nadar e fazer exercício
e andar de cavalo”
Sala Gotinhas, Romeira
João Barradas, 4 anos
“É muito bom. Brinco,
faço desenhos...
gosto de cantar”
Sala Jardim, Ramalha
Sara Louro, 3 anos
“É bom. Recebo presentes
e posso brincar à apanhada
e às escondidas”
Sala Azul, Comunitário
Sara Semedo, 5 anos
“Nem sei... Gosto de
brincar com os legos,
fazer desenhos e jogar
PS, às vezes com o mano”
Sala Amarela, Bairro.
Afonso Morais, 4 anos
“É podermos brincar e
sermos livre de escolher
o que queremos e devemos fazer;
estudar. E quando for grande conseguir
ser bom homem, um grande adulto.
O que mais gosto de fazer é brincar
aqui com os meus colegas do ATL”
João Mendes, 11 anos
ATL Centro Comunitário
“É especial. É brincar, ajudar os pais...
Gosto de dançar, fazer ginástica,
cantar e comer”
ATL, Renascer
Fabiana Teixeira, 9 anos
AÇÃO SOCIALAção Socialtexto: Filipa Branco
Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro34
uma opção que além da assistência leve a formação,
devemos fazê-la”. A ideia é, conforme exorta o Papa
Francisco na sua carta aos fiéis, “integrar plenamente os
pobres” - um dos grandes desafios atuais da Igreja, ao qual
todos somos chamados a participar.
Fortalecer a Palavra
Á + Social, D. Gilberto destacou que “é preciso continuar a
trabalhar numa rede cada vez mais fortalecida e
aprofundada e, numa segunda dimensão, envolver mais
pessoas, porque há gente com coração para isso”, apostando
num bom plano de formação que tenha em conta “a
espiritualidade e a dimensão técnica, humana e social.
Somos chamados a mostrar com a nossa vida que Cristo
continua a ser resposta, continua a estar sempre atual. A
Palavra é clara, mas é preciso que a Palavra seja fortalecida
com a nossa vida de cristãos. Quando um jovem, um idoso,
um doente, um trabalhador cristão vive uma situação difícil,
vive na esperança do Evangelho e não pode deixar de ser
uma provocação dizer aos outros que Cristo é atual e que
vale a pena caminhar com Ele”.
Novos Projetos
Porque existem vários tipos de pobreza e muito está ainda
por fazer, a paróquia da Cova da Piedade já tem novos
projetos na área da pastoral social, na continuidade de uma
longa tradição de evangelização pelo testemunho da fé
através da ação. “Levo daqui a melhor impressão e louvo a
Deus por ter suscitado tanta generosidade, tanto amor, pelo
esforço que tem sido feito ao longo de décadas, de congregar
e organizar as pessoas, pelos padres que aqui têm estado e
também pelos vários leigos, pelos vários grupos e não posso
deixar de encorajar e de admirar tanta gente tão jovem e tão
dedicada neste serviço dos pobres”, concluiu.
Avaliar como é que a população está a sentir a crise, quais as
respostas avançadas pelas instituições e de que forma se
pode melhorar o serviço ao próximo são os grandes
objetivos de uma série de visitas às paróquias da diocese de
Setúbal pelo Bispo D. Gilberto, que no último dia 14 de
Maio reuniu com dezenas de elementos dos diversos
grupos que promovem a ação sócio-caritativa na nossa
comunidade.
Para além do Padre José Pinheiro e de diversos elementos
da direção do CSPPRG, participaram neste encontro do
secretariado vicarial da pastoral social, no salão do Centro
Comunitário, membros da Mensagem de Fátima, Ministros
da Comunhão, Vicentinas, Banco Alimentar, Cantina Social,
GIAS, Loja Solidária, Projeto Agir, Regaço Materno e Apoio
Domiciliário, que falaram sobre o seu funcionamento
quotidiano, perfil dos destinatários e realidades
experienciadas no terreno, esclarecendo questões que
foram sendo colocadas pelo Bispo.
Envolver a Comunidade
Segundo D. Gilberto, é necessário envolver cada vez mais a
paróquia inteira, preparar bem os agentes da ação social e
caritativa e fortalecer redes de comunicação entre todos, de
modo a que a nossa intervenção seja cada vez mais
adequada e consiga crescer, tanto em termos de
quantidade como de qualidade. Importa também conhecer
a Doutrina Social da Igreja e aprender a ver no Outro o rosto
de Cristo, lidando com o pobre tendo sempre presente a
dignidade da pessoa humana. “As pessoas que pedem têm
que levar uma alma nova junto com o pão”, defende o Bispo,
referindo que “é preciso dar sem exigir que acreditem em
Deus, mas lembrando que é Deus quem as visita. Deus
revela-se no amor.” Por outro lado, “sempre que possa haver
D. Gilberto atento à crise e à comunidade Encontro do Secretariado Vicarial da Pastoral Social | 14 Maio
O encontrou com D. Gilberto reuniu representantes de todos os grupos sócio-caritativos da paróquia
CULTURACultura Aberta
Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro 35
O Atelier de Fado acontece semanalmente, às 4ªas Feiras
Atividades Centro de ConvívioFado
Das atividades que constituem o projeto Cultura Aberta, o
Fado é, sem dúvida, uma das que tem tido maior adesão.
Iniciada há vários anos, tem sido dirigida com competência
pelo fadista António Cruz, se não um natural, podemos com
certeza, tratá-lo com um filho de Almada, pois que veio
morar, ainda muito jovem, para o nosso concelho. Nas aulas
que ministra não podemos deixar de relevar a importância
dos músicos que de há longa data vêm acarinhando esta
atividade, Orlando Ferreira e Avelino Correia nas violas e,
atualmente, o guitarrista Manuel Gonçalves.
Com aulas semanais de cerca de duas horas e meia de
duração, que por norma têm como cenário a bela sala
panorâmica da Residência Nª Sª da Esperança, contou no
presente ano letivo com vinte e cinco instruendos, alguns
dos quais presentes desde a primeira hora em que esta
atividade se iniciou, outros porém, mas não menos
entusiastas, "jovens" caloiros.
O sucesso da atividade tem sido tal que alguns dos seus
alunos, já se afoitam a cantar fora de portas, tendo por
vezes abrilhantado eventos de fado, nomeadamente em
restaurantes e coletividades de cultura e recreio, tendo
mesmo participado num concurso de fados que se realizou
no Almada e Figueirinhas, com a obtenção de dois,
honrosos, 3º lugares. Também alguns dos alunos da Aula de
Fado, são interpretes de um fado por semana durante a
Eucaristia Dominical na Igreja Matriz da Cova da Piedade.
Por ser uma atividade muito apreciada dentro da
Instituição, o Fado, é com frequência solicitado para as
atividades do CSPPRG, nomeadamente nas festas de final
de ano, realizando-se também anualmente uma gala ou um
sarau, como este ano mesmo aconteceu. Com uma sala
Alguns dos fadistas que abrilhantaram a noite de fados, no dia 4 Junho
com assistência esgotada, honrada com a presença da alta
direção do CSPPRG, após um jantar volante ofertado na
maioria pelos alunos da própria atividade, cuja receita
reverteu para a Casa de S. Paulo, escutou-se em silêncio e
aplaudiu-se com carinho a participação brilhante dos
nossos alunos.
Vítor Fernandes
O fadista António Cruz é o dedicado monitor da atividade
SAÚDESaúde
Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro36
Para mais, ao contrário do que sucedia no passado, o
“respeito pelas gerações anteriores” tornou-se menos
profundo, desvalorizando-se a experiência em detrimento
da “juventude” e “atualização tecnológica”.
A solidão é o estado de quem se sente só
A solidão não é uma doença mas faz adoecer, o isolamento
não é uma epidemia mas destrói.
A solidão é o estado de quem se sente só. Ela provoca um
sentimento de vazio interior, que pode estar presente em
diferentes fases da vida do ser humano, tendendo
frequentemente acompanhar o envelhecimento. Com o
avançar da idade a maioria das pessoas idosas reduz a sua
participação na comunidade, promovendo o surgimento
de sentimentos de isolamento e desvalorização. Estes
refletem-se a nível da sua integração a nível social, familiar e
da saúde tanto física como psíquica.
Com efeito, a reforma, a viuvez, a saída de casa dos
netos/filhos e a diminuição da saúde, privam os idosos dos
seus papéis habituais podendo condicionar o isolamento.
Este isolamento social também tem sido associado a uma
série de doenças mentais e físicas, tais como a demência,
depressão, doenças da personalidade, dependências de
medicamentos e suicídio.
As famílias e as instituições
Por vezes este ocorre à porta fechada e pode passar
despercebido inclusive por médicos, familiares e amigos.
Quando as pessoas vivem isoladas é mais fácil deprimirem
acabando por ficarem com menos energia condicionando
um ciclo vicioso de solidão.
As famílias, sem tempo e condições para tratar o idoso,
frequentemente dão essa responsabilidade às instituições,
mas nem sempre o idoso reconhece esta situação de forma
positiva, pois deixa de ter a atenção e apoio familiar
podendo ficar frustrado com sentimentos de insegurança,
O Isolamento na Pessoa Idosa
Foi-me hoje proposto a elaboração de um texto sobre o
isolamento e o idoso. Atrevo-me a escreve-lo com base na
perceção e pensamentos dos idosos que me rodeiam,
adicionando argumentos vindos de outros autores e
pensadores neste assunto.
O envelhecimento da população mundial é presentemente
reconhecido como um problema concreto e do
conhecimento público. A OMS prevê que em 2025 existirão
1,2 biliões de pessoas com mais de 60 anos. Portugal não é
exceção neste panorama: de acordo com os dados recentes
do Instituto Nacional de Estatística (INE), o índice de
envelhecimento em Portugal também aumentará
passando de cerca de 17% para 32%, tendo em conta as
projeções para daqui a 50 anos.
O conceito de velhice
Para além de todas as classificações que definem limites
etários, o conceito de velhice é, mais do que tudo, uma
vivência em que ocorre uma transformação física própria de
um organismo que envelhece. Também é uma
transformação social, em função de perdas e limitações que
advêm do avançar da idade que, por vezes, pode levar o ser
humano ao isolamento social e solidão.
O processo de envelhecimento delimita mudanças de
ordem individual, familiar e social, cada uma com seus
significados e relevâncias. É um momento em que a pessoa
idosa percebe que alcançou muitos objetivos, mas também
sofreu muitas perdas, das quais a saúde se destaca como
um dos aspetos mais afetados.
A preocupação da sociedade com o processo de
envelhecimento deve-se, sem dúvida, ao facto da
população idosa corresponder a uma parcela da população
cada vez mais representativa do ponto de vista numérico.
A marginalização social
A marginalização social do idoso pode ser vista como uma
segregação social, porque os idosos não participam no
processo produtivo sendo, consequentemente,
marginalizados pela sociedade.
O sistema económico atual baseia-se na produtividade e
lucro, ao qual está subordinado toda uma civilização. Assim,
o homem interessa enquanto tiver condições para produzir.
O idoso, incapaz de criar tanto como no passado acabando
por ser desvalorizado e passando a ser uma “carga”, um
“fardo” para a sociedade.
Dra. Paula Brito, médica voluntária
na Residência Nossa Senhora da Esperança
SAÚDE
37
experiências vividas e os saberes acumulados são
elementos que oferecem oportunidades de explorar novos
caminhos, realizar projetos abandonados em outras etapas
e estabelecer relações profícuas com o mundo dos mais
jovens e mais velhos.
Dar significado à vida
Descobrir ou criar razões que deem significado à vida dos
idosos deverá ser uma questão sempre presente nos
profissionais que se dedicam a este assunto,
independentemente do contexto em que se inserem.
É importante não estereotipar o idoso como sempre
isolado e desamparado, pois muitos estão bem
relacionados e ativos nas suas comunidades através de
grupos de voluntariado ou grupos culturais, sociais ou
religiosos. Para que o envelhecimento seja uma experiência
positiva deve ser acompanhada de oportunidades
contínuas de saúde, participação na comunidade e
segurança.
É importante apoiar a terceira idade, devendo existir uma
interação contínua com a família, para que permaneça no
seu meio mais tempo, estimulando o idoso com reforços
positivos para assim ultrapassar as barreiras que a terceira
idade lhe apresenta. Só assim se abrandará solidão,
sentimento que tanto afeta os idosos da nossa sociedade,
que entristece o seu rosto, apaga a alma e invade o
pensamento.
Como escreveu o Padre Lourenço Fontes um dia,
…”O velho e o menino vão para onde lhe fizerem
carinho…”
Dra. Paula Brito
instabilidade e solidão. Os idosos submetidos a
tratamentos prolongados e/ou institucionalizados, têm
níveis mais elevados de solidão comparativamente aqueles
que residem na comunidade pois, ao receberem menos
visitas, têm menos oportunidade de falar e ter estímulos
exteriores. Estes últimos tendem a sentir-se mais
insatisfeitos, afastados das redes sociais, com dias
monótonos e sem esperança ou investimento no futuro. Já
os idosos residentes na comunidade mas, sem o apoio
adequado para a realização das tarefas quotidianas e afeto,
também acabam por ser invadidos pela solidão.
Os maus tratos
Outra questão, não menos importante nos dias de hoje, é a
definição de violência/maus tratos para com o idoso. A
OMS define-a como abuso que pode ser de natureza física
ou psíquica, ou ainda envolver maus tratos de ordem
financeira ou material, que levam ao sofrimento
desnecessário, perda de direitos humanos e redução da
qualidade de vida do idoso.
Este ponto, pela sua importância, é um problema de saúde
pública. Os maus tratos e a negligência dos idosos, se
ignorada, provocará o fim das “histórias passadas" e um
triste futuro para o envelhecimento mundial. Importa
alertar a comunidade para este problema, reportando os
casos conhecidos ou suspeitos, dada a sua importância.
Dizer que na velhice acontecem mais perdas do que
ganhos, não significa dizer que ela é sinónimo de doença.
Também não indica que as pessoas ficam impedidas de se
envolverem em outras atividades. Viver representa
adaptação ou possibilidade de constante autorregulação,
quer em termos biológicos, quer psíquicos ou sociais. As
ACONTECEUAconteceu...
38
Conferências Quaresmais
Residência Nossa Senhora da Esperança
A Residência Nossa Senhora da Esperança acolheu um ciclo
de Conferências Quaresmais subordinadas ao tema ‘’Com
São Paulo ao Encontro de Cristo Ressuscitado’’.
Participaram, como oradores, o Frei Fernando Ventura (14
de Março), Pe. Marco Luís (19 de Março), Dra. Graça
Pacheco (26 de Março), Pe. José Manuel Pereira de Almeida
(3 de Abril) e D. Gilberto Canavarro (9 de Abril).
’’Conto convosco para que a Igreja de Setúbal seja a
Igreja bela de Cristo’’
Foi este um dos pedidos de D. Gilberto Canavarro dos Reis,
Bispo de Setúbal, quando nos falou sobre o tema: A Igreja
esposa de Cristo. Ao aprofundar esta realidade que é a
Igreja, fala-nos de uma comunidade que se constrói a partir
da fé, vive da fé e atua a partir da fé.
Neste tempo de quaresma, convidou-nos a refletir como
cada um de nós está empenhado em ser Igreja de Cristo, e a
forma como aderimos à proposta de Jesus, esta opção que
dá força à nossa vida.
Ana Teresa
D. Gilberto Canavarro, Bispo de Setúbal | 9 de Abril de 2014
Pe. Marco Luís, Pároco do Seixal | 19 de Março de 2014
Um grupo de 160 pessoas, das várias respostas sociais do
Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro e também
da Paróquia da Cova da Piedade, encheu uma das sala de
cinema do Almada Fórum para assistir ao filme ‘’O Filho de
Deus’’, cujo protagonista é o ator português Diogo
Morgado.
Este filme, que alcançou um enorme sucesso em todo o
Mundo, surge da adaptação da série televisiva ‘’A Bíblia’’,
contando a história de Jesus Cristo, desde o seu
nascimento, à morte na cruz e posterior ressurreição.
O evento foi do agrado de todos, pelo que prometemos,
em breve, novas iniciativas cinematográficas.
Ida ao Cinema | 7 de Abril
Zon Lusomundo - Almada Fórum | ‘’O Filho de Deus’’
ACONTECEUDia Paroquial do Doente | 27 de Abril
Residência Nossa Senhora da Esperança
Eucaristia celebrada pelo Pe. José Pinheiro e acompanhada pelo Coro de funcionários da Instituição
A Tuna Sol e Dó animou a tarde
“Senhor, aqui nos tendes, juntos para Te amar”
o coro, constituído por trabalhadores dos vários
equipamentos do nosso Centro Paroquial, com a
consciência de que também os irmãos doentes e idosos
fazem parte da nossa família paroquial.
Este dia foi preparado entre os vários grupos da paróquia,
nomeadamente, Grupo da Mensagem de Fátima, Grupo de
Visitadores de Doentes e o nosso Centro Paroquial. Foi
visível, no decorrer da celebração da Eucaristia neste
Domingo da Divina Misericórdia, e pela administração da
Santa Unção, a alegria e a comoção de muitos dos que
estiveram presentes.
Depois de alimentada a Alma, porque a Palavra e a
Comunhão também curam, foi oferecido um lanche, que foi
possível, pela partilha e pela dedicação de todos que
contribuíram para a celebração deste dia. No decorrer do
lanche, contámos com a atuação da Tuna Sol e Dó, do nosso
Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro, que nos
presenteou com os seus cantares.
Entre sorrisos, lágrimas e palavras de gratidão, acabámos o
nosso dia com consciência de que ser Cristão é estar ao
lado dos que mais sofrem.
Ana Teresa
cantava
ACONTECEU
Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro40
Aconteceu...
Visita da Mãe Peregrina | Maio 2014
Os meninos da Cova da Piedade esperam ansiosamente o
mês de Maio e a Visita da Mãe Peregrina de Schoenstatt às
suas casas e às suas famílias. Durante todo o mês, Nossa
Senhora acompanha-os numa visita muito especial. Eles
sabem que podem contar-lhe os seus segredos, rezar,
agradecer, pedir, partilhar, oferecer-lhe desenhos e todas as
coisas boas e menos boas do seu dia a dia. Orientados pelas
educadoras, levam a imagem de graças de Nossa Senhora a
visitar os avós e os vizinhos, aprendem a rezar em família,
convidam os amigos e festejam estes momentos de
maneira muito especial. Acima de tudo, sentem-se
responsáveis e importantes! A Mãe do Céu confia neles
para a ajudarem a fazer do mundo um lugar melhor.
Faz já 8 anos que a Mãe Peregrina de Schoenstatt visita os
meninos da Cova da Piedade e que os meninos devolvem a
visita indo ao encontro de Nossa Senhora. É uma alegria no
Restelo ver os chapéus amarelos, junto com centenas de
outros chapéus de crianças vindas de várias instituições,
descer em procissão com o andor da Mãe Peregrina desde a
capela de São Jerónimo até chegar à capelinha de
Schoenstatt. Aí passamos sempre uma manhã de festa e
oração, em que o coração dos pequeninos se vai abrindo
cada vez mais para receber Nossa Senhora e o seu Filho
Jesus.
Luisa Roquette
Testemunhos de famílias que receberam em
suas casas a Imagem de Nossa Senhora de
Shoenstatt:
“Obrigado Maria por teres ficado junto de mim, na minha
humilde casa, pois assim, protegeste e cuidaste de mim e da
minha família, com a nossa pequena oração te pedimos que
fiques sempre connosco.”
Pais da Mariana ( Sala dos Peixinhos do J.I. Romeira )
“É um apostolado Mariano, uma visita de Maria às nossas
famílias, ao nosso Povo, a todo o Mundo.
É como se Nossa Senhora quisesse sair do seu Santuário,
caminhar e visitar os seus filhos.
A Mãe Peregrina é portadora de Cristo.
O desafio está em perceber o que são realmente estas
graças e como nos podem ajudar a rezar, entregar, aliviar,
confiar e agradecer.
A Imagem da Mãe Peregrina foi trazida a nossa casa para
momentos de oração e de conforto.
Querida Mãe, Rainha e Vencedora Admirável de
Shoenstatt! Com iluminada confiança, me aproximo de ti,
para receber o teu auxílio em minha grande aflição…”
Pais do João ( Sala das Gotinhas do J.I. Romeira )
“ Gostamos muito de ter a Mãe Peregrina na nossa casa.
Assim, aprendemos a rezar e a pedir a sua protecção para a
nossa família e para cada um de nós.”
Pais da Beatriz ( Sala dos Peixinhos do J.I .Romeira )
“Explicar a uma criança o quanto é importante acreditar
sem ver, é difícil. E por isso trazer a imagem de Nossa
Senhora Shoenstatt para casa foi muito útil.
Mostrar ao Matias aquela imagem ( que para ele é a
fotografia da mãe de Jesus ) e explicar-lhe que também
Jesus teve uma família e que foi uma criança como ele, fez
com que ele percebesse melhor quem foi Jesus.
Acreditar é o mais importante e é com pequenos passos
que ele vai percebendo que nunca estará sozinho, terá
sempre Deus a seu lado, basta acreditar que há mais para
além daquilo que conseguimos ver! “
Pais do Matias ( Sala dos Peixinhos do J.I.Romeira )
ACONTECEU
Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro 41
Concerto Solidário com o Rão Kyao | 30 Maio
Num espectáculo mágico, Rão Kyao atuou para perto de
duas centenas de pessoas, que se reuniram a 30 de Maio, no
Salão do Centro Comunitário, no âmbito de um jantar de
angariação de fundos para a construção da Casa de S.
Paulo.
O conhecido artista tocou temas da sua autoria e diversas
melodias litúrgicas bem conhecidas de todos os presentes,
que ninguém hesitou em trautear.
Festa da Maia, Cova da Piedade | 1 Maio
CSPPRG em ‘’A Tarde é Sua’’ | 20 Junho
Em jeito de surpresa, os padrinhos da Casa de S. Paulo,
Mónica Jardim e Nuno Eiró, convidaram a D. Ana Luísa
Caixas, diretora da Instituição, para uma pequena conversa
no programa ‘’A Tarde é Sua’’ na TVI.
Apresentado por uma amiga de longa data da Instituição,
também ela madrinha do nosso Regaço Materno, Fátima
Lopes falou com a nossa diretora durante alguns minutos,
afim de promover e divulgar a nova residência sénior Casa
de S. Paulo.
Leandro Ramos
ACONTECEU
Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro42
Aconteceu...
Gala Solidária
11 Junho
Foi uma noite memorável, para todos os que tiveram a
possibilidade de estar presentes no Teatro Municipal
Joaquim Benite na noite do passado dia 11 de Junho. Com
a solidária participação dos apresentadores, Mónica Jardim
e Nuno Eiró, a gala ‘’Somos São Paulo’’ foi animada com a
presença de diversos artistas, alguns dos quais bem
conhecidos da nossa praça.
Na primeira parte, num registo mais popular, contámos
com as atuações de Emília Cabrita, Jorge Guerreiro, Adriana
Lua e Emanuel. Já na segunda parte, Irina Furtado, União
das Tribos, Karpe Diem e os UHF, presentearam-nos com
alguns temas bem conhecidos de todos.
Com esta Gala Solidária, através dos patrocínios e venda de
bilhetes, conseguimos angariar quatro mil e seiscentos
euros (4.600,00€) para a Casa de S. Paulo. Com a ajuda de
todos continuamos a servir o nosso ideal: ‘’Amar é Construir
para os Outros’’.
Durante a atuação do Emanuel até o público subiu ao palco
União das Tribos tem como vocalista Sérgio Lucas, vencedor dos Ídolos
Os UHF brindaram o público com alguns dos seus êxitosPe. José Pinheiro agradeceu a todos a participação
Adriana Lua e os seus bailarinos, Jorge Guerreiro, Mónica Jardim e o público animado durante todo o espetáculo
ACONTECEU
Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro 343
Participação nas Marchas Populares
com “Cais das Flores” | 12 de Junho
Animadas marchas populares protagonizadas por crianças
das escolas e Instituições Particulares de Solidariedade
Social (IPSS) do nosso concelho, encheram de alegria a
Praça da Liberdade, na manhã do dia 12 de Junho.
Em representação do CSPPRG desfilaram, logo na abertura,
dezenas de marinheiros e vendedoras de flores, cuja
exibição intitulada “Cais das Flores” abrilhantou um
certame que contou com uma vasta assistência, composta
por avós, pais, irmãos e amigos.
Trajado a rigor, o grupo voltou a encantar dias mais tarde,
no âmbito do programa das Festas de São João.
São João da Ramalha Cumpre Tradição | 23 e 24 de Junho
Cumpriu-se a tradição. A 23 de Junho, a imagem de São João - padroeiro de Almada - veio em procissão até à Capela da
Ramalha. Aqui permaneceu, tendo no dia seguinte regressado à Igreja de São Tiago, após a celebração de missa solene
presidida pelo Padre José Pinheiro, e acompanhada pelo coro de funcionários da Instituição.
Aquela que é a mais antiga manifestação
religiosa do nosso concelho contou com a
participação de numerosos crentes, que tiveram
a oportunidade de vivenciar a fé em diversos
Participação nas Marchas Populares da cidade de Almada
As nossas crianças também aprresentaram a sua marcha no arraial que decorreu no dia 23 de Junho, no equipamento da Ramalha
momentos de oração e reflexão,
guiados por grupos da paróquia da
Cova da Piedade.
O programa incluiu ainda duas
novidades: apresentação das
marchas infantis e arraial, na noite
do dia 23 de Junho.
Prestamos serviços de decoração de interiores a clientes
residenciais, comerciais e institucionais que vão desde o
conceito inicial à conclusão do projecto. De um simples
quarto a toda a casa, somos especialistas e garantimos que o
seu projecto será acabado a tempo e dentro do seu
orçamento.
Entendemos as necessidades dos nossos clientes, para que
cada design seja um verdadeiro reflexo do estilo de vida do
cliente. Neste quadro, ajudamo-lo com a nossa experiência a
combinar estilos, mobílias, tecidos e cores. Os nossos
serviços variam entre uma consulta básica à gestão
completa de um projecto. Por isso, se não tem a certeza da
cor da tinta, do tipo de sofá, dos tapetes ou do papel de
parede, podemos dar-lhe aconselhamento e criar o visual
desejado.
Quer procure um interior moderno, algo mais eclético ou um
ambiente clássico, iremos ajudá-lo a conseguir o interior que
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VAI ACONTECERVai Acontecer...
Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro 45
O QUE VAI ACONTECER NOS NOSSOS EQUIPAMENTOS
Soluções - Revista nº2
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Chinelos, Reflexão
Festa de Encerramento da
Cultura Aberta | Resid. Nossa Sª. da Esperança
Festa de Encerramento dos Equipamentos de
Infância | Equipamento do Bairro
Colónia de Férias | Equipamentos de Infância
Questionários de Satisfação dos Serviços |
Infância e Seniores
Julho
Prolongamento das Respostas
S o c i a i s d e I n f â n c i a n o
Equipamento Renascer | 1 a 15
Abertura do Ano Letivo
Reunião Geral de Trabalhadores
Inscrições para a Catequese
Festas de Nossa Senhora da Piedade
A p r e s e n t a ç ã o d o s P r o j e t o s
Curriculares dos Equipamentos de
Infância
Setembro
Início das Atividades da Cultura Aberta
Colónia de Férias Sénior
Festa do Anjo da Guarda
Peregrinação a Fátima | Cultura Aberta
Reuniões de Pais | Equipamentos de Infância
Mês do Idoso
Procissão de Velas | Romeira
Outubro Agosto
Envio da Mãe Peregrina
Festejos de São Martinho
Caminhada Advento | Despertar da Fé
Gala Solidária
Novembro
Férias Escolares
DESPERTAR PARA A FÉDespertar para a Fé
Centro Social Paroquial Padre Ricardo Gameiro46
Naquela quente manhã, dois passarinhos andavam
atarefados a fazer o ninho.
Um sonhava com um grande ninho no mais alto ramo, da
mais alta copa.
Queria que todos os outros passarinhos reparassem e
comentassem o seu ninho.
No entanto não o preparou com ramos fortes, mas sim
com belas flores, folhas e até penas coloridas.
Ao contrário do outro passarinho que desejava um ninho
mais simples, mais acolhedor, no meio dos ramos. Pois
dizia que estaria protegido e seria feliz. Preparou-o com
ramos fortes e com a sua própria penugem.
O tempo passou e os ninhos foram construídos e os
sonhos realizados.
Porém chegou o frio, o vento e a chuva. As adversidades
pareciam não ter fim.
O ninho do passarinho na copa da árvore cedeu, não
resistiu, mas o ninho simples e protegido, esse manteve-
se.
Nem sempre o que é belo à vista é forte e resistente. Nem
sempre o que os outros pensam nos evita das
dificuldades.
Devemos construir um “ninho” forte e seguro, acima do
tudo, pois as adversidades e as dificuldades põem à
prova a solidez do nosso carácter, a força da nossa fé e a
verdade do nosso coração.
Filipa Direito
A simplicidade do ter e do ser
Aproximam-se as férias; no campo do trabalho, estas
surgem como o merecido descanso no fim de mais um
período de intensa atividade; no ano escolar, as férias
aparecem como o retempero para quem faz do cérebro, o
centro da sua forma intelectual.
Com o ritmo de trabalho mais ou menos variável, a verdade
é que o homem precisa dum período de tempo para
descansar.
O autor sagrado deixou-nos na Bíblia o descanso como
fazendo parte do preceito divino ao dizer, no final dos dias
da Criação: “… e ao sétimo dia, Deus descansou.”
Sendo o homem, por natureza, um ser limitado cujas forças
se vão enfraquecendo ao longo dos anos, precisa,
necessariamente, de retemperar e recuperar as forças
desgostadas com o tempo e o trabalho; e não se diga ser
dispensável o descanso, porque, a proceder assim, o
homem acabará prematuramente, por apressar o fim das
suas forças e da sua existência. O descanso é uma
necessidade vital.
Mas se o descanso é uma exigência física, não é menos uma
necessidade de ordem familiar e social.
As férias devem levar os membros da família a um maior
reencontro, a uma mais dupla partilha numa abertura de
corações que se querem mais próximos para mais se
amarem.
Não podemos aceitar como forma de gozar as férias,
encontrando os membros da família o seu modo e estilo de
passá-las, independentemente uns dos outros, como se as
férias fossem só para mudar de ares, das férias há-de
resultar uma maior coesão familiar, maior diálogo dos
Esposos, Pais e Filhos; das férias deverá resultar uma
descoberta gratificante das capacidades dos membros da
família.
Num clima de abertura, de paz, de carinho e de amor, urge
recriar toda a riqueza afetiva que, por vezes, se esconde no
coração dos membros da família, ao mesmo tempo que o
diálogo sereno e cativante reacende a chama da
solidariedade afetuosa.
Apetecia-me deixar aqui um desafio: VIVAMOS E
GOZEMOS AS FÉRIAS EM FAMÍLIA, de modo que delas
resulte uma Família mais unida e feliz.
Padre Ricardo Gameiro
(in GAMEIRO, Ricardo. Férias: um direito,
uma necessidade para uma melhor vida de família.
Passo a Passo, Cova Piedade, nº34, p.14, junho 1996)
FÉRIAS: UM DIREITO, UMA NECESSIDADE PARA UMA MELHOR VIDA DE FAMÍLIA
Traços de Recordação