Revista A Bordo - Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho - 2ª Edição

28
Mortes de peixes-bois marinhos são investigadas no litoral paraibano Barra de Mamanguape tem Oficina de Desenvol- vimento Comunitário Pesquisa mapeia área de alimentação da espécie na Paraíba EDIÇÃO 2 Fundação Mamíferos Aquáticos | Patrocínio: Petrobras PROJETO VIVA O PEIXE-BOI MARINHO LANÇA CAMPANHA PARA CONSERVAÇÃO DA ESPÉCIE FOTO EDSON ACIOLI

description

Periódico de comunicação e pesquisa sobre o Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, uma estratégia da Fundação Mamíferos Aquáticos em prol da conservação da espécie no Nordeste do Brasil. O projeto é patrocinado pela Petrobras, através do Programa Petrobras Socioambiental.

Transcript of Revista A Bordo - Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho - 2ª Edição

Page 1: Revista A Bordo - Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho - 2ª Edição

Mortes de peixes-bois marinhos são investigadas no litoral paraibano

Barra de Mamanguape tem Oficina de Desenvol-vimento Comunitário

Pesquisa mapeia área de alimentação da espécie na Paraíba

E D I Ç Ã O 2Fundação Mamíferos Aquáticos | Patrocínio: Petrobras

PROJETO VIVA O PEIXE-BOI MARINHO LANÇA CAMPANHA PARA CONSERVAÇÃO DA ESPÉCIE

FOTO

ED

SO

N A

CIO

LI

Page 2: Revista A Bordo - Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho - 2ª Edição

Há 17 anos investindo esforços em prol da conservação do peixe-boi marinho.

FOTO LUCIANO CANDISANI

Page 3: Revista A Bordo - Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho - 2ª Edição

E D I Ç Ã O 2

Page 4: Revista A Bordo - Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho - 2ª Edição

EQUIPE PROJETO VIVA O PEIXE-BOIMARINHOJoão Carlos Gomes Borges (Coordenador executivo do Projeto/ Diretor-presidente da FMA)Maria Elisa Pitanga (Coordenadora técnica do Projeto)Jociery Vergara-Parente (Coordenadora científica eDiretora vice-presidente da FMA)Daniela Araújo (Técnica de Inclusão Social)Maíra Braga (Assessora técnica de Inclusão Social)Gisela Sertório (Educadora ambiental)Jaqueline Said Said (Oceanógrafa)Larissa Molinari Jung (Médica veterinária do Projeto)Karlilian Magalhães (Jornalista)Giovanna Monteiro (Estagiária - Design Gráfico)Patrícia Menezes (Gerente Administrativa e Financeira)Genilson Geraldo (Agente de campo)Sebastião Silva (Colaborador - Ecólogo Universitário)

REVISTA A BORDOJornalista responsável Karlilian MagalhãesDesign gráfico Giovanna MonteiroRevisão técnica João Carlos Gomes Borges e Maria Elisa Pitanga

TAMBÉM COLABORARAM PARA ESTA EDIÇÃO:

Jornalismo Raquel PassosColuna Científica Bruno AlmeidaDiário de Bordo Jaqueline Said SaidResumo Científico Maria Elisa PitangaGPS Jaqueline Said Said e Maria Elisa Pitanga

CAPACampanha Ajude a Preservar oPeixe-Boi Marinho

ESPECIALMorte de peixes-bois marinhos naParaíba

SUSTENTABILIDADESOCIOAMBIENTALOficina de DesenvolvimentoComunitário

8

6

14

16

18

22

24

26

13

12 FOTO REFLEXÃO

COLUNA CIENTÍFICAInterconectividade entre ambientes – Um olhar a partir das aves.

PESQUISALevantamento preliminar das espécies vegetais com potencial para alimentação do peixe-boi marinho (Trichechus manatus manatus) na APA da Barra do Rio Mamanguape

DIÁRIO DE BORDOJaqueline Said Said

FMAFundação Mamíferos Aquáticosfecha parceria com ITP

GPS

ILUSTRAÇÃO

4 www.vivaopeixeboimarinho.org

Page 5: Revista A Bordo - Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho - 2ª Edição

www.mamiferosaquaticos.org.br 5

João Carlos Borges Gomes, Diretor-presidente da Fundação Mamíferos Aquáticos.

EDITORIAL

Após o lançamento da primeira edição da Revista A Bordo, fruto das atividades do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, recebemos elogios por esta iniciativa, bem como o pedido de exemplares impressos, novas maté-rias e mais informações sobre as atividades desenvolvidas pelo Projeto.

Reconhecendo que esta publicação é uma importante ferramenta de conexão entre o Projeto, os diversos colaboradores da Fundação Mamíferos Aquáticos, parceiros Institucionais e a sociedade, estamos lançando a segunda edição.

No conteúdo desta edição, apresentamos estudos relacionados com as causas de mortalidade dos peixes-bois marinhos; o desenvolvimento das campanhas de conservação da espécie realizada no litoral da Paraíba; resultados das pesquisas desenvolvidas; apresentação das ações socioambientais; “diário de bordo” com pesquisadores da equipe técnica; indicações de livros e eventos científicos.

Esperamos que vocês possam gostar ainda mais desta edição e desejamos desde já tê-los compartilhando as informações com outros possíveis interessados em contribuir com a conservação ambiental. Boa leitura!

FOTO

LU

CIA

NO

CA

ND

ISA

NI

Page 6: Revista A Bordo - Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho - 2ª Edição

ESPECIAL

6 www.vivaopeixeboimarinho.org

Somente este ano, o Projeto Viva o Peixe-Boi Ma-rinho - realizado pela Fundação Mamíferos Aquá-ticos e patrocinado pela PETROBRAS, através do Programa Petrobras Socioambiental - registrou duas mortes de animais da espécie Trichechus manatus manatus na Paraíba. O primeiro caso aconteceu em fevereiro e se tratava de uma fêmea, de 2,81 metros de comprimento, encontrada na zona de arrebenta-ção da Baía da Traição. O segundo caso foi registrado no mês de julho e se tratava de uma fêmea, de 3,20 metros, encontrada às margens do Rio Miriri. Am-bas as regiões estão localizadas na Área de Proteção Ambiental (APA) da Barra do Rio Mamanguape,

PROJETO INVESTIGA MORTES DE PEIXES-BOIS MARINHOS NA PARAÍBA

litoral norte do Estado. A equipe do Projeto, em conjunto com os analistas ambientais da APA, rea-lizaram o resgate dos animais e, posteriormente, a necropsia, para avaliar as possíveis causas de morta-lidade. Como suporte requerido nestas pesquisas, as amostras biológicas coletadas foram submetidas a análises laboratoriais na Universidade Federal Rural de Pernambuco. O resultado dos exames do pri-meiro caso aponta morte por um quadro de imuno-depressão e intensa anemia. O segundo caso ainda está sendo analisado.

FOTO APA/ICMBIO

Page 7: Revista A Bordo - Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho - 2ª Edição

www.mamiferosaquaticos.org.br 7

Larissa Molinari Jung, médica veterinária do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, destaca a importância do diagnóstico: “O quadro de depressão imunológica pode acontecer com qualquer indivíduo da espécie, numa situação de doença ou dependendo da idade que possui. O que podemos destacar é que essa in-formação é muito importante para compreender a morte do animal, eliminando a possibilidade desse óbito ter sido ocasionado por ação humana”.

De acordo com informações repassadas pela APA da Barra do Rio Mamanguape, os animais eram na-tivos da região e foram avistados mortos por pesca-dores e moradores locais. Neste contexto, a equipe do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho ressalta que os pescadores e as pessoas da comunidade têm um papel fundamental na luta pela conservação da es-pécie, atuando como colaboradores e agentes fisca-lizadores. É importante ter em mente que em casos de encalhe de peixe-boi marinho e de qualquer ma-mífero aquático vivo ou morto, o primeiro procedi-mento é comunicar ao órgão ambiental atuante na região ou entrar em contato com a própria equipe do Projeto, pelos telefones: (83) 9961-1338/ (83) 9961-1352/ (81) 3304-1443.

Para a equipe do Projeto, as ocorrências em ques-tão merecem atenção especial por se tratarem de peixes-bois marinhos, espécie que ocupa, atualmen-te, o status de criticamente ameaçada de extinção no Brasil. “Esses dois óbitos nos pedem esforços complementares para saber o quantitativo de ani-mais desta espécie existente no litoral paraibano. É preciso compreender de maneira mais efetiva a estimativa populacional na Paraíba para saber a re-presentatividade dessas mortes, o quanto isso está impactando”, diz João Carlos Gomes Borges, dire-tor-presidente da Fundação Mamíferos Aquáticos e coordenador executivo do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho. Recentemente, a FMA - em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco e a Univer-sidade Federal do Rio Grande - realizou um estudo que estimou a quantidade de peixes-bois marinhos existentes numa área compreendida de Alagoas até o Piauí. Os pesquisadores fizeram um mapeamento aéreo que identificou um número aproximado de apenas 1000 indivíduos da espécie neste trecho do litoral nordestino.

FOTO APA/ICMBIO

FOTO ELISA PITANGA

Page 8: Revista A Bordo - Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho - 2ª Edição

CAPA

8 www.vivaopeixeboimarinho.org

PROJETO VIVA O PEIXE-BOI MARINHO LANÇA CAMPANHAITINERANTE PELA PRESERVAÇÃODA ESPéCIE

FOTO GENILSON GERALDO

Page 9: Revista A Bordo - Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho - 2ª Edição

www.mamiferosaquaticos.org.br 9

O peixe-boi marinho (Trichechus manatus manatus) é, atualmente, o mamífero aquático mais ameaçado de extinção no Brasil. De fevereiro a junho deste ano, a Fundação Mamíferos Aquáticos (FMA) percorreu todo o litoral da Paraíba, local onde está atuando com o Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho - patroci-nado pela PETROBRAS, através do Programa Petro-bras Socioambiental – para sensibilizar a população sobre a importância da conservação da espécie no Nordeste do Brasil. A campanha itinerante de sen-sibilização e informação intitulada “Ajude a preservar o peixe-boi marinho” aportou em 37 praias de nove municípios da região.

Sabe-se que um dos principais motivos para que o peixe-boi marinho ocupe o status de criticamen-te ameaçado de extinção no país são os impactos ambientais provocados pelo homem. Lixo, esgoto e substâncias tóxicas lançadas nos mares e nos rios, circulação intensa de embarcações motorizadas nos locais de ocorrência da espécie, degradação dos manguezais, destruição da mata ciliar, construções desordenadas em praias e estuários, perda de ha-bitat (estuários e áreas costeiras), captura acidental em redes de pesca. Todos estes fatores colocam em risco o ambiente, a saúde e a vida da espécie. “A falta de conhecimento sobre o assunto pode tra-zer uma série de consequências negativas ao animal e ao seu habitat. A campanha percorreu o litoral paraibano com uma equipe especializada - formada por profissionais das áreas de Oceanografia, Biologia e Medicina Veterinária - para trocar informações so-

bre o peixe-boi marinho com o público. Abordamos colônias de pesca, pescadores, moradores locais, do-nos de pousada e estabelecimentos comerciais, ges-tores ambientais, turistas, professores e estudantes”, diz João Carlos Gomes Borges, diretor-presidente da FMA e coordenador executivo do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho.

O cronograma de visitas da campanha “Ajude a preservar o peixe-boi marinho” incluiu praias dos municípios de Rio Tinto, Baía da Traição, Marcação, Lucena, Mataracá, Cabedelo, Conde, João Pessoa e Pitimbu. “Acredito que este movimento foi muito válido. Nas nossas visitas, percebemos que muitas pessoas não tinham informações suficientes sobre o peixe-boi marinho. Diziam que ele era dócil, aproxi-mava-se com facilidade, mas achavam que poderiam tocá-lo, alimentá-lo. Elas não tinham a consciência de que isso traz problemas ao animal e nem que ele está ameaçado de extinção”, diz Gisela Sertório, educadora ambiental do Projeto Viva o Peixe-boi Marinho.

FOTO GENILSON GERALDO FOTO

AC

ER

VO

FM

A

Page 10: Revista A Bordo - Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho - 2ª Edição

10 www.vivaopeixeboimarinho.org

Se o animal estiver vivo, siga as seguintes recomendações:1. Se estiver exposto ao sol, proteja-o fazendo uma sombra;2. Não o alimente e nem tente devolvê-lo à água;3. Evite aglomeração a sua volta.

A educadora ambiental diz que, de forma geral, o pú-blico abordado se mostrou receptivo e teve interes-se em ajudar, sobretudo os pescadores, os diretores das escolas, gerentes de restaurantes. “As pessoas que mais interagiram foram as de localidades peque-nas que lidam diretamente com o mar, a exemplo de colônias de pesca e comunidades indígenas litorâne-as. Elas compartilharam histórias e observações so-bre comportamentos dos peixes-bois marinhos. Em todas as comunidades, distribuímos camisas e bonés com o tema da campanha para quem tivesse inte-resse em ser um colaborador e quisesse divulgar a mensagem de preservação”, complementou Gisela.

A campanha também orientou a população sobre como proceder em casos de encalhe. Para tanto, cartazes foram distribuídos em locais estratégicos (colônias de pesca, restaurantes, pousadas, postos de saúde, postos de polícia, mercados, escolas e etc.). A orientação para caso alguém encontre um peixe-boi marinho ou qualquer mamífero aquático encalhado (vivo ou morto), é comunicar primeira-mente ao órgão ambiental atuante na região ou en-trar em contato com a própria FMA, pelos telefones:(83) 9961-1338/ (83) 9961-1352/ (81) 3304-1443.

FOTO

GE

NIL

SO

N G

ER

AL

DO

FOTO GENILSON GERALDO

Page 11: Revista A Bordo - Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho - 2ª Edição

www.mamiferosaquaticos.org.br 11

Saiba mais sobre o símbolo da Campanha

Um círculo em aquarela verde e azul e um peixe-boi marinho ao centro é o símbolo da campanha “Ajude a preservar o peixe-boi marinho”. O objetivo é sensibilizar o público para a preservação do mamífero aquático mais ameaça-do de extinção do Brasil. A arte, que já está circulando pelo litoral paraibano, estampa as peças de divulgação da campanha. São camisas, bonés, cartazes, canecas, cadernos, agendas e calendários temáticos. Quem assina a marca é a designer pernambucana Maiara Lizandra.

De acordo com a simbologia das formas, o círculo relaciona-se ao natural, à criação da vida, à renovação. Representa a flexibilidade, o infinito, o ilimitado. A forma circular também transmite a ideia de totalidade, união, movimento, inovação. Não foi a toa que este símbolo foi escolhido para representar a cam-panha de sensibilização do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho.

A ideia é que o peixe-boi marinho seja respeitado e preservado em seu am-biente natural e que tenha condições de perpetuar a espécie em um ambiente conservado. O verde e o azul da aquarela vêm reforçar a ideia da conservação de seu habitat (o mar, o rio e o estuário). “Desenvolvi o projeto me baseando na ‘personalidade’ do peixe-boi marinho, que é a delicadeza e ao mesmo tem-po a robustez, e a forte ligação com a natureza. Por isso criei uma estética que é bastante orgânica”, diz Maiara Lizandra.

ILU

STR

ÃO

MA

IAR

A L

IZA

ND

RA

Page 12: Revista A Bordo - Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho - 2ª Edição

12 www.vivaopeixeboimarinho.org

FOTO REFLEXÃO

Uma sacola plástica demora mais de 100 anos para se decompor. Os resíduos deixados nas praias, nos mares e nos rios representam uma grande ameaça para as espé-cies aquáticas, além de provocarem uma série de doen-ças e transtornos para a vida humana e o meio ambien-te. Grande parte dos animais atendidos pela Fundação Mamíferos Aquáticos apresentam problemas por terem interagido com o lixo. Alguns se machucam, outros con-fundem com comida e, ao ingerir, acabam ficando doen-tes e até morrendo. Não deixe que as pessoas poluam o meio ambiente. Vamos dar ao lixo o destino adequado: reaproveite, reutilize, transforme!

No detalhe, um golfinhoem alto mar interage comuma sacola plástica.

FOTO CLARENCIO BARACHO

Page 13: Revista A Bordo - Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho - 2ª Edição

COLUNA CIENTÍFICA

www.mamiferosaquaticos.org.br 13

A conectividade entre ambientes pode ser traduzi-da, de forma simples, como a potencialidade de liga-ção geográfica expressa por organismos, através dos deslocamentos, de indivíduos ou de populações, de acordo com a fase do ciclo biológico. Como a mo-vimentação dos organismos pode envolver diversos tipos de hábitats e condições ambientais, fica evi-dente a importância de se reconhecer as interações e relações ecológicas expressas em cada localidade, não apenas para se entender as adaptações e sobre-vivência dos organismos, mas principalmente para contribuir com subsídios e estratégias interligadas para a conservação.

A interface ecológica da zona costeira abriga am-bientes distintos, tais como os variados tipos de praias, estuários e manguezais, os quais constituem habitats comuns a mamíferos aquáticos, a exemplo do peixe-boi marinho, mas também contemplam condições favoráveis para a movimentação de orga-nismos, compondo uma diversidade regularmente sazonal de acordo com ciclo de vida.

Essas conexões se apresentam mais evidentes ao se tratar de organismos migratórios. A migração é caracterizada pelo deslocamento regular e/ou sazo-nal entre ambientes distintos, resultante da resposta evolutiva à exploração de recursos. Dentre os orga-nismos migratórios, destacam-se as aves, já que estas apresentam naturalmente um grande potencial de deslocamento, decorrente da habilidade de voo.

Algumas espécies de aves passam mais da metade do ciclo biológico em migração, percorrendo às ve-

zes longos trechos. Por exemplo, o maçarico-rastei-rinho (Calidris pusilla), uma espécie com uma massa corporal média de cerca de 30 gramas, executa umdeslocamento anual que envolve mais de 15.000km, entre a tundra ártica canadense e os ambientes cos-teiros do Brasil. Para efetuar esses deslocamentos a espécie necessita parar em áreas de alimentação e descanso, de maneira a manter condições fisio-lógicas e energéticas para viabilizar os longos voos. Nesse contexto, a presença de áreas costeiras ín-tegras ou delimitadas por unidades de conservação, possibilitam a manutenção de condições ambientais favoráveis, não apenas para as espécies residentes ou localmente protegidas (tais áreas de proteção para os peixes-boi marinhos), mas contribuem para que a conectividade entre espécies migratórias possam ser favorecidas.

Muitas espécies de aves migratórias estão apresen-tando declínio populacional. Naturalmente, essas aves sofrem com as adversidades, sejam decorren-tes de intempéries climáticas, condições fisiológicas; mas cada vez mais, sofrem com as alterações am-bientais e perdas de hábitats, provocados pela ação humana e potencial mudanças climáticas.

Dessa forma, a conectividade ambiental deve ser vislumbrada não apenas como uma temática de es-tudos da ecologia de migração e ocorrências geo-gráficas. Deve considerar o entendimento de inte-gridade ecológica, abrangendo a complexidade das relações e necessidades dos organismos em todas as fases do ciclo de vida.

CONECTIVIDADE ENTRE AMBIENTES: UMA ABORDAGEMA PARTIR DAS AVESPOR BRUNO JACKSON MELO DE ALMEIDABiólogo, mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente.

FOTO ARQUIVO PESSOAL

Page 14: Revista A Bordo - Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho - 2ª Edição

SUSTENTABILIDADE SOCIOAMBIENTAL

14 www.vivaopeixeboimarinho.org

MORADORES DA BARRA DO RIO MAMANGUAPE PARTICIPAM DE OFICINA DE DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO

FOTO KARLILIAN MAGALHÃES

Page 15: Revista A Bordo - Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho - 2ª Edição

www.mamiferosaquaticos.org.br 15

No primeiro semestre de 2014, moradores da Bar-ra de Mamanguape (PB) e comunidades do entorno que realizam atividades produtivas participaram da Oficina de Desenvolvimento Comunitário. Na oca-sião, foram abordados temas como desenvolvimen-to pessoal, liderança, economia solidária, gestão de negócios sociais e trabalhos em grupo. O objetivo desta iniciativa foi articular a comunidade para o de-senvolvimento local, reunindo os moradores num processo de reconhecimento e resgate da identida-de e valorização das potencialidades da região.

A partir da identificação das atividades produtivas, características da localidade e desejos da comunida-de, de forma participativa, foi elaborado um plano de desenvolvimento local, buscando ampliar as oportu-nidades de trabalho e renda de forma sustentável e o fortalecimento da comunidade. A oficina foi mi-nistrada pelo consultor socioambiental Alexandre Botelho em três etapas, com atividades lúdicas e de construções coletivas.

Em um dos encontros, os participantes exercitaram as etapas de planejamento, organização, propaganda, monitoramento, avaliação e comemoração por meio da vivência de uma feira de troca. Cada morador levou para a oficina produtos ou ofereceu serviços para serem trocados no encontro. Na oportunida-de, os alunos praticaram o exercício de levantamen-to de custo de cada serviço ou produto que estava sendo oferecido, além da performance comercial e do contato com o público. Os participantes avalia-ram o exercício como sendo positivo e destacaram a confiança, negociação, criatividade e união na ava-liação do encontro. “A gente viu aqui uma gama de produtos e serviços existentes na região. Na feira, além de trocarmos produto por outro produto ou produto por um serviço, trocamos também conhe-cimentos e experiências e resgatamos uma prática que existia na comunidade” disse Chico, pescador e artesão da Barra de Mamanguape.

“A oficina está clareando muitas ideias. Espero que a gente possa fincar o pé no chão para que o nosso trabalho fique mais forte e tenha resultado”, disse Dona Maria José Luiz, costureira e artesã da Praia de Campina. “Nós todos aqui temos um objetivo, cada

um sabe fazer alguma coisa, e, se formarmos um grupo, fica tudo mais fácil: um ajuda o outro, passa a sua experiência para o outro e assim vai levando”, complementou a artesã Ednalva Santos, moradora da Barra de Mamanguape.

Para Adriano Felipe, artesão e agente ambiental da Praia de Campina, a oficina trouxe novidades: “O tema ‘economia solidária’ foi novo pra mim e eu aprendi aqui no curso. É bom saber que a Fundação está com essa ideia, com a intenção de ajudar, de contribuir e colaborar para que estas atividades se desenvolvam. E se eles estão querendo colaborar, a gente também tem que querer se ajudar, querer crescer. A gente tem que fazer a nossa parte”. O consultor Alexandre Botelho avaliou os encontros de forma positiva: “Eu vejo um momento de reno-vação. Pessoas interessadas em construir juntos em benefício da comunidade. Isso para mim é o que dá a diferença. Essa experiência aqui na comunidade foi para mim uma experiência de que é possível sonhar e construir um outro jeito de se organizar, estar jun-to se satisfazendo e satisfazendo o outro, sem ex-ploração”.

Esta foi a segunda oficina que a Fundação Mamífe-ros Aquáticos, por meio do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, promoveu na região no âmbito da susten-tabilidade, cidadania e inclusão social. A primeira teve como tema “Mulher Empreendedora - Fortalecen-do a Identidade Feminina para os Negócios” e acon-teceu em outubro, numa parceria com o SEBRAE da Paraíba, reunindo 25 mulheres da região. A Fun-dação Mamíferos Aquáticos é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos que, desde 1989, trabalha com a missão de promover a conservação dos mamíferos aquáticos, visando a sustentabilidade socioambiental.

FOTO KARLILIAN MAGALHÃES

Page 16: Revista A Bordo - Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho - 2ª Edição

16 www.vivaopeixeboimarinho.org

POR JAQUELINE SAID SAIDOceanógrafa e Técnica de Pesquisa do PVPBMMestra em Aquicultura

DIÁRIO DE BORDO

Durante toda a minha vida profissional, atuei nas áreas de oceanografia, aquicultura, monitoramento e qualidade da água e mamíferos aquáticos. Traba-lhei em projetos de pesquisa com lontras, leões- marinhos, elefantes-marinhos e contaminação de ambientes aquáticos, e também como monitora da disciplina de Fisiologia de Animais Marinhos, do curso de Oceanologia da FURG. Paralelamente às ativida-des acadêmicas, participei de diversos cruzeiros de pesquisa e expedições, entre elas ao Arquipélago de São Pedro e São Paulo, como pesquisadora em um projeto com as aves que habitam aqueles rochedos.

FOTO

KA

RL

ILIA

N M

AG

AL

ES

Page 17: Revista A Bordo - Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho - 2ª Edição

www.mamiferosaquaticos.org.br 17

O contato com o peixe-boi marinho veio em 1997, quando fui estagiária do Projeto Peixe-Boi, em Ala-goas, onde conheci o incrível trabalho que vinha sen-do realizado em prol de sua preservação. Em 2013 me candidatei à vaga de pesquisadora do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, da Fundação Mamíferos Aquáticos, e fui selecionada. Desde então, faço par-te da equipe desempenhando diversas atividades - principalmente as de pesquisa - no litoral paraibano, com ênfase na APA da Barra do Rio Mamanguape.

Eu conheci a Barra em 1997, em uma rápida pas-sagem durante meu estágio no Projeto Peixe-Boi. Lembrava que era um local distante, isolado e de rara beleza. Hoje, a Barra segue mantendo estas ca-racterísticas, mas algumas mudanças vieram com o tempo. Fiquei muito feliz por voltar à Barra, desta vez trazendo uma filha no colo, e ter a oportunidade de morar neste lugar de características tão ímpares. Conviver com a simplicidade e ao mesmo tempo grandiosidade do local, e com as pessoas da comuni-dade, realmente me tornaram uma pessoa melhor. É um lugar que já faz parte da minha história, onde minha filha deu seus primeiros passos, tomou seu primeiro banho de mar, fez seus primeiros amigos de infância, onde também fiz amigos que me aco-lheram como parte da família. Levarei comigo por toda a vida.

Tenho um respeito e um carinho imensos pelo pei-xe-boi marinho e trabalhar em prol da proteção dele é um privilégio e um grande prazer. Quem vê um peixe-boi jamais esquece aquela expressão afável, bem peculiar à espécie. É, realmente, surpreendente encontrar tanta docilidade em um animal de dimen-sões tão grandes. Estas características já fazem do peixe-boi uma espécie extremamente carismática, que somadas aos problemas que vem enfrentando ao longo de tantos anos de caça e ameaças antrópi-cas aos seus habitats, os torna ainda mais carentes de proteção. Cada vez que tenho a sorte de avistar algum, durante alguma atividade de trabalho, meu encantamento é como se fosse a primeira vez.

Quem estudou os oceanos e os ambientes que os cercam sempre desejou trabalhar dentro da água mergulhando, coletando material de pesquisa, rea-lizando medições e avistagens, enfim, vivenciando o ambiente como um todo, e tudo isto próximo des-

tes animais tão especiais. Eu diria que esse trabalho é o sonho de qualquer oceanógrafo. Claro que temos também as atividades de planejamento e pesquisa, dentro de um laboratório ou em frente ao compu-tador, pois fazem parte da dinâmica do meu traba-lho, mas são igualmente compensadoras.

Não possuo uma rotina fixa. Há dias que temos que estar no mar às 4h30 da manhã, e outros em que passo o dia na Base do PVPBM realizando atividades burocráticas. Minhas atividades se dividem entre sa-ídas de campo para coleta de amostras, análises físi-co-químicas dos ambientes em estudo, manutenção de equipamentos, confecção de relatórios técnicos e textos técnico-científicos, atividades de educação ambiental, entre outras. Eu diria que são atividades bem dinâmicas e que exigem um alto grau de con-centração e, por vezes, força física. Toda esta mescla de funções torna o meu dia a dia de trabalho bas-tante interessante.

Sempre me interessei e busquei trabalhar em prol da preservação do meio ambiente, e o peixe-boi marinho sempre esteve presente na minha vida, desde minha época de estagiária. O interessante deste trabalho do PVPBM, é que além de buscar um equilíbrio no ambiente onde vivem os peixes-bois, há uma forte questão socioambiental, que procura trabalhar e desenvolver as comunidades que vivem nas áreas do entorno da Barra de Mamanguape. Deve haver sempre o entendimento de que é im-possível dissociar o homem do meio ambiente, este deve ser o mote de qualquer trabalho que busca reequilibrar um ecossistema, a inserção do homem como parte essencial deste todo, é de suma impor-tância em qualquer ambiente natural, seja ele ter-restre ou aquático. Estes pilares estão sempre pre-sentes em nossas atividades no PVPBM, o que acaba por torná-las muito gratificantes.

É sempre um grande desafio distanciar-se das pesso-as que são importantes em nossas vidas, mas minha família e amigos já se acostumaram com meu jeito desprendido de viver. “A distância não separa, só a falta de amor”. Sempre fui em busca de novos lu-gares e desafios. Com certeza, vir morar na Barra de Mamanguape foi o maior de todos, mas posso afirmar que a recompensa tem sido diretamente proporcional ao desafio.

Page 18: Revista A Bordo - Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho - 2ª Edição

PESQUISA

18 www.vivaopeixeboimarinho.org

A cada edição, a Revista A Bordo trará artigos e resumos científicos relacionados à conservação do peixe-boi marinho e seus habitats. Confira agora o resumo científico elaborado por Maria Elisa Pitanga, coordenadora técnica do Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, bióloga e mestra em Oceoanografia pela Universidade Federal de Pernambuco.

LEVANTAMENTO PRELIMINAR DASESPÉCIES VEGETAIS COM POTENCIAL PARA ALIMENTAÇÃO DO PEIXE-BOIMARINHO (Trichechus manatus manatus)NA APA DA BARRA DO RIO MAMANGUAPE

Maria E. Pitanga¹; Thiago N. V. Reis²; João C. Borges¹ ³; Janayna Bouzon¹; Karine M. Magalhães 1. Fundação Mamíferos Aquáticos;2. Departamento de Oceanografia, Universidade Federal de Pernambuco - UFPE;3. Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal Tropical, Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE;4. Departamento de Biologia, Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE.

, 4

INTRODUÇÃOO peixe-boi marinho (Trichechus manatus manatus Linneaus 1758), é o único mamífero aquático her-bívoro (HARTMAN, 1979) que, do início da vida até os dois anos, têm sua dieta constituída por leite materno. Após esse período passam a ter uma dieta alimentar herbívora generalista e oportunista, com-posta por uma variedade de algas, angiospermas marinhas, folhas de mangue e macrófitas de água doce (HARTMAN, 1979, LEFEBVRE et al., 2000, COURBIS; WORTHY, 2003, BORGES et al., 2008, CASTELBLANCO-MARTÍNEZ et al., 2009) e, oca-sionalmente, consomem uma ampla variedade de animais perifíticos associados à vegetação aquática (HARTMAN, 1979, O’SHEA et al., 1991).

Na natureza, os peixes-bois selecionam locais de alimentação de acordo com a disponibilidade no ambiente (MORALES-VELA et al., 2000, OLIVERA-GÓMEZ; MELLINK, 2005, PALUDO; LANGGUTH, 2002, LACOMMARE et al., 2008) e preferência

por uma espécie vegetal (LIMA 1999). No entanto, quando há uma grande disponibilidade de espécies de plantas, aparentemente, os animais não apresen-tam uma particularidade na escolha do sítio de ali-mentação (HARTMAN, 1979; BEST, 1981).

Um outro fator que contribui para uma elevada densidade desses animais em uma determinada área, são as características ambientais propícias para a ocorrência dos mesmos (ALVES et al., 2013). O que pode ser verificado na Área de Proteção Am-biental da Barra do Rio Mamanguape (PARAÍBA, 1993), protegida pela importância ecológica e con-siderada um dos principais locais de ocorrência do peixe-boi marinho (Trichechus manatus manatus) no Brasil. Apesar disso, até o momento não há estudo referente ao levantamento florístico das espécies que compõem a dieta desses animais nessa região.

Com o intuito de avaliar o estoque de alimento dis-ponível para os animais que frequentam a APA está

Page 19: Revista A Bordo - Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho - 2ª Edição

sendo desenvolvido um mapeamento e caracteri-zação das áreas de forrageio do peixe-boi marinho, pesquisa que faz parte do projeto intitulado “Viva o Peixe-Boi Marinho” executado pela Fundação Ma-miferos Aquáticos com recursos do Programa Pe-trobrás Ambiental. A identificação das espécies ve-getais com potencial para alimentação do peixe-boi marinho (Trichechus manatus manatus) para a APA da Barra do Rio Mamanguape faz parte da primeira etapa do projeto, e está sendo apresentada como resultados no presente trabalho.

MATERIAL E MÉTODOSO reconhecimento da área de ocorrência da vege-tação aquática (macroalgas, angiospermas marinhas e macrófita de água doce) foi realizado no mês de junho de 2013, durante o período da baixa-mar, na Barra do Rio Mamanguape (6º47’41.814” S; 35º03’15.733” W), situada no município de Rio Tinto, litoral norte da Paraíba (Figura 1). A área de estudo está inserida dentro da Área de Proteção Ambien-tal (APA) da Barra do Rio Mamanguape (PARAÍBA, 1993), uma área de grande relevância ecológica para a conservação de espécies da fauna e da flora, que estão ameaçadas de extinção, tais como o peixe-boi marinho (Trichechus manatus manatus) (DEUTSCH et al., 2008), o cavalo-marinho (Hippocampus reidi)

(Project Seahorse 2003), tartaruga-verde (Chelonia mydas) (SEMINOFF, 2004), e espécies vegetais, a exemplo das angiospermas marinhas Halodule wrigh-tii e Halophila decipiens (SHORT et al., 2011). Na Barra do Rio Mamanguape estão presentes am-bientes estuarinos com manguezal, remanescente de Mata Atlântica, mata de restinga, dunas, falésias e formações recifais (PALUDO; KLONOWSKI, 1999). A região apresenta um clima tropical chu-voso, com temperatura média anual variando entre 24° e 27ºC, umidade elevada com cerca de 80% e precipitação média anual de 1.634,2mm. O período chuvoso compreende entre março a agosto e o pe-ríodo de estiagem de setembro a fevereiro (PEREI-RA; ALVES, 2006).

O levantamento preliminar das espécies foi realiza-do através da compilação de informações obtidas dos Monitores do Projeto Peixe-Boi/ICMBio, e das coletas (Figura 2) realizadas durante o período cita-do. Além desses dados os pontos foram georeferen-ciados com auxílio de GPS.

RESULTADOSMacroalgasNas áreas de ocorrência do peixe-boi nos recifes da APA da Barra de Mamanguape foram identificadas 25 espécies de macroalgas como potenciais compo-nentes para a dieta alimentar dos mesmos, sendo quatro pertencente à Divisão Chlorophyta (Anadyo-mene stellata, Bryopsis plumosa, Caulerpa mexicana, Caulerpa sertularioides), quatro Ocrophyra (Dictyota sp., Dictyopteris delicatula, Lobophora variegata, Padina sp.) e 17 Rhodophyta (Acanthophora spicifera, Aman-sia multifida, Botryocladia pyriformis, Bryothamnion se-aforthii, Bryothamnion triquetrum, Corallina officinalis, Corynomorpha clavata, Cryptonemia crenulata, Crypto-nemia seminervis, Dichotomaria dichotoma, Gelidiopsis planicaulis, Gracilaria caudata, Gracilaria cervicornis, Gracilaria mammillaris, Hypnea musciformes, Lauren-cia sp., Palisada perforata).

Figura 1. Localização da área de estudo inserida na Área de Prote-ção Ambiental (APA) da Barra do Rio Mamanguape, município de Rio Tinto, litoral norte da Paraíba.

www.mamiferosaquaticos.org.br 19

Page 20: Revista A Bordo - Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho - 2ª Edição

20 www.vivaopeixeboimarinho.org

Angiospermas marinhasAs angiospermas marinhas foram registradas em 10 dos 15 pontos visitados ao longo do estuário do Rio Mamanguape (Figura 3) e nas croas localizadas em paralelo ao recife da APA, correspondentes às es-pécies Halodule wrightii (Ascherson 1868), Halophila decipiens (Ostenf 1902) e Halophila sp. (Figura 4). Os outros cinco pontos tinham registro histórico da planta, mas estas não foram observadas no presente estudo. Também foi possível verificar manchas for-madas por H. wrightii (n = 7), por H. wrightii e H. decipiens em associação (n = 2), e ainda H. wrightii e Halophila sp., também em associação (n = 1).

Macrófita de água doceNo estuário do rio Mamanguape foram coletadas amostras de uma vegetação identificada como per-tencente à Família Aizoaceae, cientificamente deno-minada de Sesuvium portulacastrum. Conhecida pela comunidade por Bredo (Figura 5) que, segundo co-munidade local, é um dos itens alimentares do peixe-boi marinho quando a vegetação está em fase inicial de desenvolvimento (“indivíduos jovens”).

Outras duas espécies de macrófitas, indicadas como parte da dieta dos animais da área foram coletadas também no estuário. Contudo, devido ao material botânico coletado não estar em período reproduti-vo, só foi possível identificar a nível de Família através das características morfológicas. São elas, Poaceae (Capim) e Cyperaceae (Tiririca).

DISCUSSÃOAssim como em todo o litoral tropical brasileiro as macroalgas pertencentes a divisão Rhodophyta apresentaram um maior número de espécies na área estudada. Borges et al., (2008) ao realizar um levantamento de espécies que constituem a dieta alimentar do peixe-boi marinho (Trichechus manatus manatus) na região Nordeste do Brasil, identificou uma maior quantidade de espécies de Rhodophyta em amostras de conteúdos estomacais e fezes des-ses animais.

Os autores acima citados afirmam ainda que o pre-domínio destas algas encontradas nos estômagos e nas fezes dos animais pode estar associado à pre-ferência alimentar dos peixes-bois marinhos, como observado em estudos realizados em cativeiro (PALUDO, 1997; RÊGO, 1998), mas, sobretudo, a disponibilidade existente nas áreas de alimentação, tendo em vista o seu comportamento de herbivoria diversificada e oportunista (HARTMAN, 1979). A predominância de espécies de Rhodophyta em áreas de potencial forrageio de peixes- bois do Nordeste brasileiro também foi descrita por Reis et al. (2012), que afirmam ainda que a predominância de algas da Divisão Rodophyta nessas áreas é indicativo de am-bientes propícios para a ocorrência desses animais.A presença dessas espécies de algas vermelhas na região da APA da Barra do Rio Mamanguape reitera a hipótese de que a região é visitada frequentemen-

Figura 2. Coleta de angiospermas marinhas no estuário do rio Ma-manguape.

Figura 3. Vista do estuário do rio Mamanguape, litoral norte da Pa-raíba.

FOTO

MA

RIA

EL

ISA

PIT

AN

GA

FOTO

JA

CK

SA

ID

Page 21: Revista A Bordo - Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho - 2ª Edição

www.mamiferosaquaticos.org.br 21

te por esses mamíferos aquáticos pelo fato de en-contrarem no local diversas espécies vegetais atra-tivas para sua alimentação, o que faz da região uma área de grande importância para a espécie (Alves et al. 2013).

A presença de bancos de angiospermas marinhas na área de estudo, além de fonte de alimento di-reta também podem servir como substrato para a fixação de macroalgas (Dawes, 1998). A importân-cia dessas extensas pradarias como potenciais sítios de forrageio para o animal na região da Barra de Mamanguape é descrita por Borodia e Lodia (1992) e, alguns autores referenciam estas plantas como o principal item da dieta alimentar dos peixes-bois marinhos em outras regiões do Brasil e do mundo (LEFEBVRE et al., 1989, BOSSART, 2001).Apesar dos peixes-bois marinhos serem avistados na região ingerindo macrófitas de água doce (comu-nicação pessoal), não existe até o momento um es-tudo de identificação e caracterização dessas espé-cies vegetais como potenciais recursos para a dieta de T. manatus manatus.

A presente riqueza de itens alimentares observados, associada a uma alta frequência dos peixes-bois ma-rinhos na região, faz da área um interessante objeto de estudo e direcionamento para subsidiar esforços para conservação, tendo em vista que a área en-contra-se categoricamente protegida como área de

proteção ambiental. Atualmente sabe-se que UCs mais restritivas, tais como reservas biológicas mari-nhas, tem comprovadamente aumento de riqueza e abundância de espécies, e que, algumas restrições dependendo do ambiente podem ser favoráveis ao aumento da frequência de ocorrência dos animais e ainda em prol da conservação da biodiversidade.

CONSIDERAÇÕES FINAISOs resultados desta pesquisa sugerem que a APA da Barra do Rio Mamanguape é uma área com grande potencial para ocorrência e conservação dos peixes-bois marinhos, e, dessa forma, tendem a contribuir no direcionamento de esforços que visem à redução de perdas dessas áreas consideradas como poten-ciais habitats de forrageio da espécie T. m. manatus, em especial nas áreas com ocorrência simultânea dos peixes-bois, justificando os esforços de mape-amento.

AGRADECIMENTOSO presente trabalho é resultado dos esforços de um projeto da Fundação Mamíferos Aquáticos intitulado Projeto Viva o Peixe-Boi, patrocinado pela PETRO-BRAS, através do Programa Petrobras SocioAm-biental.

Figura 4. Destaque para espécie de angiosperma marinha Halodule wrightii que ocorre na APA da Barra do Rio Mamanguape/PB.

Figura 5. Destaque para a ocorrência da espécie de macrófita de água doce Sesuvium portulacastrum (Bredo) citada pela comunidade como um dos itens alimentares do peixe-boi marinho.

FOTO

AC

ER

VO

FM

A

FOTO

MA

RIA

EL

ISA

PIT

AN

GA

Page 22: Revista A Bordo - Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho - 2ª Edição

22 www.vivaopeixeboimarinho.org

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASALVES, M. D. O.; SCHWAMBORN. R.; BORGES, J. C.G.; MAR-MONTEL, M.; COSTA, A. F.; SCHETTINI, C. A. F.; ARAÚJO, M. E. Aerial survey of manatees, dolphins and sea turtles off northeastern Brazil: Correlations with coastal features and human activities. Biolo-gical Conservation, v. 161, 91–100, 2013.

BORGES, J. C. G.; ARAÚJO, P. G.; ANZOLIN, D. G.; MIRANDA, G. E. C. Identificação de itens alimentares constituintes da dieta dos peixes-boi marinhos (Trichechus manatus) na região Nordeste do Brasil. Biotemas, v.21, p.77–81, 2008. BOSSART, G. D.. Manatees. In: DIERAUF, L. A., GULLAND, F. M. D.. CRC handbook of marine mammal medicine. CRC Press, 2nd ed., Boca Raton, 2001. p.939-960. CASTELBLANCO-MARTÍNEZ, D. N.; MORALES-VELA, B.; HER-NÁNDEZ-ARANA, H.A.; PADILLA-SALDIVAR, J. Diet of the ma-natees (Trichechus manatus manatus) in Chetumal Bay, Mexico. Latin American Journal of Aquatic Mammals, v.7, p.39–46, 2009. COURBIS, S. S.; WORTHY, G. A. J. Opportunistic rather than inci-dental carnivory by Florida manatee (Trichechus manatus latirostris)? Aquatic Mammals, v.29, p.104-107, 2003. DEUTSCH, C. J., SELF-SULLIVAN, C., MIGNUCCI-GIANNONI, A. 2008. Trichechus manatus. In: IUCN 2013. IUCN Red List of Thre-atened Species. Version 2013.1. <www.iucnredlist.org>. Downloa-ded on 14 October 2013. HARTMAN, D. S. Ecology and behavior of the manatee (Trichechus manatus) in Florida. American Society of Mammalogists, Special Pu-blication, v.5, p.153, 1979. LACOMMARE, K. S.; SELF-SULLIVAN, C.; BRAULT, S. Distribution and Habitat Use of Antillean Manatees (Trichechus manatus mana-tus) in the Drowned Cayes Area of Belize, Central America. Aquatic Mammals, v.34, p.35–43, 2008. LEFEBVRE, L. W., O’SHEA, T. J., RATHBUN, G. B., BEST, R. C..Dis-tribution, status and biogegraphy of the West Indian manatee, In: Woods, C. A. Biogegraphy of the West Indies, Past, Present and Future, Gainesville, Florida, 1989. p. 567-610. LEFEBVRE, L. W.; REID, J.P.; KENWORTHY, W.J.; POWELL, J.A. Characterizing manatee habitat use and seagrass grazing in Florida and Puerto Rico: implications for conservation and management. Pacific Conservation Biology, v.5, p.289–298, 2000.

MORALES-VELA, B.; OLIVERA-GÓMEZ, D.; REYNOLDS III, J. E.; RATHBUN, G. B. Distribution and habit use by manatees (Triche-chus manatus manatus) in Belize and Chetumal Bay, Mexico. Biologi-cal Conservation, v.95, n.67–75, 2000.

OLIVERA-GÓMEZ, L. D.; MELLINK, E. Distribution of the Antillean manatee (Trichechus manatus manatus) as a function of habitat cha-racteristics, in Bahía de Chetumal, Mexico. Biological Conservation, v.121, p.127–133, 2005. O’SHEA, T. J., RATHBUN, G. B., BONDE, R. K., BUERGELT, C. D., ODELL, D. K.. An epizootic of Florida manatees associated with a dinoflagellate bloom. Marine Mammal Science, v.7, p.165-179, 1991.

PALUDO, D. Estudos sobre a ecologia e a conservação do peixe-boi marinho Trichechus manatus manatus no Nordeste do Brasil. Disser-tação de Mestrado, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 1997.

PALUDO, D.; KLONOWSKI, V. S. Estudo do impacto do uso de madeira de manguezal pela população extrativista e da possibilidade de reflorestamento e manejo dos recursos madeireiros. São Paulo, 1999. Série Cadernos da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, Barra de Mamanguape – PB, n. 16. PALUDO, D.; LANGGUTH, A. Use of space and temporal distribu-tion of Trichechus manatus manatus Linnaeus in the region of Sagi, Rio Grande do Norte State, Brazil (Sirenia, Trichechidae). Revista Brasileira de Zoologia, v.19, p.205–215, 2002. PARAÍBA. Decreto nº 924 de 10 de setembro de 1993. Institui a criação da Área de Proteção Ambiental da Barra do Rio Maman-guape. Paraíba, 10 de setembro de 1993. PEREIRA, M. S.; ALVES, R. R. N. Composição Florística de um rema-nescente de Mata Atlântica na Área de Proteção Ambiental Barra do Rio Mamanguape, Paraíba, Brasil. Revista de Biologia e Ciências da Terra, v.6, n.1, p.357-366, 2006. Project Seahorse 2003. Hippocampus reidi. In: IUCN 2013. IUCN Red List of Threatened Species. Version 2013.1. <www.iucnredlist.org>. Downloaded on 14 October 2013. RÊGO, A. P. F. Estudo da alimentação do peixe-boi (Trichechus ma-natus manatus) em semi-cativeiro no estuário do Rio Mamanguape, PB. Monografia (Bacharelado em Ciências biológicas) - Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 1998.

SEMINOFF, J. A. Chelonia mydas. 2004. In: IUCN 2013. IUCN Red List of Threatened Species. Version 2013.1. <www.iucnredlist.org>. Downloaded on 14 October 2013. SHORT, F. T; POLIDORO, B.; LIVINGSTONE, S. R.; CARPENTER, K. E.; BANDEIRA, S.; BUJANG, J. S.; CALUMPONG, H. P.; CARRU-THERS, T. J. B.; COLES, R. G.; DENNISON, W. C.; ERFTEMEIJER, P. L. A.; FORTES, M. D.; FREEMAN, A. S.; JAGTAP, T. G.; KAMAL, A. H. M.; KENDRICK, G. A.; KENWORTHY, W. J.; LA NAFIE, Y. A.; NASUTION, I. M.; ORTH, R. J.; PRATHEP, A.; SANCIANGCO, J. C.; VAN TUSSENBROEK, B.; VERGARA, S. G.; WAYCOTT, M.; ZIE-MAN, J. C. 2011. Extinction risk assessment of the world’s seagrass species. Biological Conservation, v.144, p.1961-1971, 2011.

Page 23: Revista A Bordo - Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho - 2ª Edição

www.mamiferosaquaticos.org.br 23

Com o objetivo de ampliar sua rede de parcerias no desenvolvimento de projetos em prol da con-servação ambiental no Brasil, a Fundação Mamíferos Aquáticos (FMA) firmou convênio de cooperação técnica, científica e financeira com o Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP), localizado em Aracaju (SE). Este convênio, representado pelo selo MAR, vem fomentar projetos voltados para o monitora-mento de biota. O ITP é uma instituição de referên-cia no Nordeste que trabalha com ciência, tecno-logia e inovação, por meio de desenvolvimento de pesquisa e prestação de serviços técnicos nas áreas de Engenharia de Processos, Saúde, Ambiente, Bio-tecnologia e Educação.

O desenvolvimento de iniciativas – pioneiras, em sua maioria – voltadas à conservação dos mamíferos aquáticos e de seus habitats, é realizado pela FMA decorrente do conhecimento adquirido com suas atividades desde 1989. Assim, a FMA tem investido esforços em ações que promovem a conservação da espécie marinha e, neste contexto, em articulações com segmentos da sociedade civil, governo e setor produtivo.

Em busca do constante aprimoramento e desenvol-vimento institucional em prol da conservação dos mamíferos aquáticos, o diretor-presidente da FMA, João Carlos Borges, entende como fundamental o compromisso firmado com uma instituição de alcan-ce científico e tecnológico como o ITP. “É um avan-ço para a FMA possuir uma parceria tão importante como o ITP, por se tratar de uma associação que incentiva, fomenta e acompanha atividades de pes-quisa, gerando desenvolvimento e inovação da Ciên-cia e Tecnologia em Sergipe e no Nordeste”, avalia.De acordo com o diretor-presidente do ITP, Leo-nardo Maestri Teixeira, esta parceria amplia canais e

recursos diferenciados para a pesquisa em Aracaju e região, por haver alinhamento de gestão. “A parceria firmada com a Fundação Mamíferos Aquáticos segue a filosofia colaborativa do ITP, que é a de sempre buscar grupos ou entidades de destaque no cenário nacional e mundial, para que juntos possam desen-volver soluções inovadoras e que gerem resultados de interesse comum e de impacto regional”, consi-dera.

Ainda segundo Teixeira, o desejo é somar esforços em busca da excelência, de forma sustentável. “Ape-sar do pouco tempo de convênio firmado, a parceria ITP-FMA já acumula diversas conquistas, que vem ocorrendo em um ritmo surpreendente. Tais resul-tados demonstram o grande alinhamento de fun-damentos existente entre as duas entidades, assim como a complementariedade e ensejo comum de busca pela excelência”, finaliza o diretor-presidente do ITP.

FUNDAÇÃO MAMÍFEROS AQUÁTICOS FECHA PARCERIA COM O INSTITUTO DE TECNOLOGIA E PESQUISAPOR RAQUEL PASSOS

FMA

Page 24: Revista A Bordo - Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho - 2ª Edição

GPS

24 www.vivaopeixeboimarinho.org

Obra de uma das maiores autoridades em Ecologia, onde os te-mas são abordados didaticamente, do todo para as partes, sele-cionando novos exemplos relacionados com as atividades huma-nas. É uma versão atualizada e extensamente reescrita do clássico Fundamentals of Ecology, tendo em vista as novas descobertas e o aumento da consciência ambiental do público. Idealmente estruturado para cursos básicos de um semestre ou trimestre. A ecologia populacional recebeu uma cobertura extensa nos dois capítulos que tratam de populações e comunidades. Apêndice com a descrição dos principais tipos de ecossistemas naturais da biosfera. Destinado a estudantes de biologia, engenharia florestal, sociologia, e profissionais interessados nos problemas ambientais. Autores: Eugene P. Odum

Fisiologia Animal é indicado para todos os cursos de graduação e pós-graduação que abordem fisiologia. O livro é utilizado em todo o mundo e proporciona uma leitura compreensiva e um estilo claro. Os textos enfatizam os princípios fisiológicos funda-mentais. Cada capítulo apresenta uma breve sinopse e os tópicos são dispostos segundo as características principais do meio: oxi-gênio, alimento, energia, temperatura e água.Autores: Knut Schmidt-Nielsen

ODUM / ECOLOGIA

FISIOLOGIA ANIMAL : ADAPTAÇÃO E MEIO AMBIENTE

INDICAÇÕES

Page 25: Revista A Bordo - Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho - 2ª Edição

SIMPÓSIO INTERNACIONAL DEECOLOGIA E CONSERVAÇÃOData: de 25 a 27 de agostoLocal: Universidade Federal de Minas Geraiswww.simposioecmvs2014.wordpress.com

III ENCONTRO PERNAMBUCANODE RESÍDUOS SÓLIDOS (III EPERSOL)Data: 27 e 28 de agosto de 2014Local: Universidade Federal Rural de Pernambucowww.eventioz.com.br/e/iii-encontro-pernambucano-de-residuos-solidos

II SIMPÓSIO DE ZOOLOGIA DA UFPB Data: 25 a 29 de agosto de 2014Local: João Pessoa (PB)www.simpzoo.wix.com/2014

AQUACIÊNCIAData: 01 a 05 de setembro de 2014Local: Foz do Iguaçu (PR)www.aquaciencia.aquabio.com.br

12º ENCONTRO DE BIOLOGIAData: 01 a 05 de setembro de 2014Local: Universidade Tiradentes – UNIT (SE)ww3.unit.br/encontrodebiologia/

XIII ENBRAPOA - ENCONTRO BRASILEIRO DE PATOLOGISTAS DE ORGANISMOS AQUÁTICOSData: 15 a 18 de setembro de 2014Local: Universidade Tiradentes – UNIT (SE)www.octeventos.com/xiiienbrapoa/

IV SIMPÓSIO DE ANIMAIS SILVESTRES:ECOTURISMO E PRESERVAÇÃO DABIODIVERSIDADE (IV SIMAS)Data: 29 de setembro a 01 de outubro de 2014Local: Universidade Federal Rural de Pernambucowww.ivsimas.webnode.com

X CONGRESSO DE FICOLOGÍA DE LATINO-AMÉRICA Y EL CARIBE / VIII REUNIÓNIBERAMERICANA DE FICOLOGÍAData: 05 a 10 de outubro de 2014 Local: Méxicowww.congreso.sofilac.com/1ercircular.pdf

ADVANCED TOPICS IN ETHNOBIOLOGYData: 06 a 10 de outubro de 2014 Local: Universidade Federal Rural de Pernambucowww.ateschool.com

XI CONGRESO LATINOAMERICANODE BOTÁNICA /LXV CONGRESSONACIONAL DE BOTÂNICAData: 19 a 24 de outubro de 2014Local: Salvador (BA)www.65cnbot.com.br

IV CONGRESSO BRASILEIRO DEOCEANOGRAFIA (CBO)Data: 25 a 29 de outubro de 2014Local: Itajaí (SC)www.cbo2014.com/site

A CONFERÊNCIA DA TERRA:FÓRUM INTERNACIONAL DOMEIO AMBIENTEData: 12 a 15 de novembro de 2014Local: João Pessoa (PB)www.conferenciadaterra.com

IV CONGRESSO COLOMBIANODE ZOOLOGIAData: 01 a 05 de dezembro de 2014Local: Colômbiawww.congresocolombianozoologia.org/

Programe-se para os eventos técnico-científicos previstos para 2014 nas áreas de Medi-cina Veterinária, Biologia, Ciências Biológicas, Ecologia e campos afins:

www.mamiferosaquaticos.org.br 25

EVENTOS

Page 26: Revista A Bordo - Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho - 2ª Edição

26 www.vivaopeixeboimarinho.org

ILUSTRAÇÃO

A cada edição, a Revista A Bordo trará ilustrações que abordem o universo do peixe-boi marinho e de seu habitat, como forma de reflexão sobre a importância da conservação do meio ambiente. Aproveite!

A GarçaPor Giovanna Monteiro

Page 27: Revista A Bordo - Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho - 2ª Edição

FUNDAÇÃO MAMÍFEROS AQUÁTICOS

Av. 17 de Agosto - 2001/1º andarCasa Forte - Recife - PE

+55 (81) 3304 1443 | [email protected] | www.vivaopeixeboimarinho.org

Page 28: Revista A Bordo - Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho - 2ª Edição

Para saber mais sobre o Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho, acesse:www.vivaopeixeboimarinho.org

Realização: Patrocínio:

Realização: Patrocínio: