Revista Abranet 11

32
01 abranet.org.br novembro . 2014 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE INTERNET abranet.org.br ano III . edição 11 . novembro . 2014 CIDADES DIGITAIS: Governo convoca provedores Múltipla ESCOLHA Na discussão sobre o que vai prevalecer — fibra óptica ou rádio — na construção das infraestruturas, vence quem souber explorar o que cada tecnologia tem de melhor a oferecer Ministério das Comunicações lamenta a ausência da iniciativa privada e reclama do pouco interesse dos ISPs. “Esperávamos que eles procurassem os prefeitos. Não vimos isso ainda”, diz o diretor de Infraestrutura para Inclusão Digital, Américo Bernardes

description

Na discussão sobre o que vai prevalecer - fibra óptica ou rádio - na construção das infraestruturas, vence quem souber explorar o que cada tecnologia tem de melhor a oferecer.

Transcript of Revista Abranet 11

01abranet.org.br

novembro . 2014

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE INTERNET abranet.org.br ano III . edição 11 . novembro . 2014

CIDADES DIGITAIS: Governo convoca provedores

Múltipla ESCOLHANa discussão sobre o que vai prevalecer — fi bra óptica ou rádio — na construção das infraestruturas, vence quem souber explorar o que cada tecnologia tem de melhor a oferecer

Ministério das Comunicações lamenta a ausência da iniciativa privada e reclama do pouco interesse dos ISPs. “Esperávamos que eles

procurassem os prefeitos. Não vimos isso ainda”, diz o diretor de Infraestrutura para Inclusão Digital, Américo Bernardes

02abranet.org.brnovembro . 2014

03abranet.org.br

novembro . 2014

editorialEduardo NegerPresidente da Abranet

A Internet em debAteO maiOr EvENtO dE tElEcOmuNicaçõEs da América Latina foi palco de interessantes debates sobre os rumos da Rede Mundial. Como não poderia deixar de ser, a Abranet esteve presente no Futurecom, realizado de 13 a 16 de outu-bro, em São Paulo, tendo sido responsável pela organização de um concorrido pré-evento exclusivo sobre o setor, o Futurenet, cuja adesão nos trouxe grande satisfação e uma oportunidade única para atualizar o momento da Internet no Brasil. Também marcamos presença na área de exposição e em dois painéis do congresso internacional.

Em um desses painéis, foi discutido o futuro da TV por Assinatura com o crescimento da Internet e dos serviços OTTs. A conclusão foi que o crescimento do consumo de vídeo na Internet é inevitável e, claro, desafia tanto os provedores de conexão, uma vez que eles têm de investir na construção de redes cada vez mais robustas, quanto os pro-vedores de aplicações e conteúdo, que disputam parcerias estratégicas para rentabilizar os conteúdos OTT e ganhar a preferência do consumidor.

No outro painel, o Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014) foi colocado à mesa para discussão e avaliou-se que seus im-pactos serão decisivos para a segurança e a privacidade das aplicações em nuvem. E a melhoria da infraestrutura de tele-comunicações, que dá suporte aos serviços de valor adicionado no interior do país, foi mencionada como fator determinante para aumentar a adoção desse tipo de tecnologia.

Nosso estande – com 184 m2, o maior espaço da área de exposição – foi mais uma vez ponto de encontro para provedores e empresas do setor. Durante todo o evento,

institucionalmente, a Abranet divulgou fortemente seu trabalho. Estivemos presentes na mesa de abertura e em importantes reuniões setoriais.

Enquanto no Brasil o Futurecom mobilizava o setor de TICs, na mesma semana, acontecia o ICANN 51 em Los Angeles, nos Estados Unidos. O presidente do Conselho Consultivo da Abranet, Eduardo Parajo, esteve lá e con-tribuiu para destacar nesta edição da Revista Abranet os principais assuntos abordados.

Este ano ainda teremos outro importante encontro do setor – a IV Semana da Infraestrutura da Internet no Bra-sil, de 24 a 28 de novembro, em São Paulo. Em um único local, três importantes eventos paralelos discutirão temas

relevantes: PTT Fó-rum 8 (Encontro dos Sistemas Autônomos de Internet no Brasil), V Fórum Brasileiro de Implementadores de IPV6 e GTER 38 (Grupo de Trabalho de Engenharia de Redes)

/ GTS 24 (Grupo de Trabalho em Segurança de Redes).Tais eventos abrigarão discussões de alto nível técnico

organizadas pelo NIC.br e contarão mais uma vez com o apoio especial da Abranet. Os debates serão objeto de reportagens no site da Abranet – www.abranet.org.br – e também na próxima edição da Revista Abranet.

Por mais que a nossa rotina de trabalho como profis-sionais de Internet seja intensa, a participação em debates técnicos e mercadológicos é essencial para fomentar novas ideias e, principalmente, desenvolver novos negócios. É com este objetivo que a Abranet organiza, participa ou apoia os principais eventos da Internet brasileira. Boa leitura!

04abranet.org.brnovembro . 2014

ÍNdiCe

conseLHo eDitoriaLEduardo Neger

[email protected]

José Janone [email protected]

Eduardo [email protected]

GerÊncia eXecUtiVaroseli ruiz vazquez

[email protected]

ProJeto, ProDUÇão e eDiÇãoEditora convergência digital

[email protected]: 011-3045-3481

DireÇão eDitoriaL

ana Paula [email protected]

luiz [email protected]

eDitora-cHeFe

ana Paula [email protected]

eDiÇão

Bia [email protected]

rePortaGeM / reDaÇão

roberta [email protected]

luís Osvaldo [email protected]

eDiÇão De arte e DiaGraMaÇão

Pedro [email protected]

iMPressão

Grafinew

Rua da Quitanda, 96 / Cj.31 - Centro - São Paulo / SP CEP: 01012-010 Fone: (11) 3078-3866

www.abranet.org.br

facebook.com/abranetoficial

Linkedin.com/abranet

@abranet_brasil

a transição da iaNa foi destaque no icaNN#51. fique por dentro das discussões mais importantes que ocorreram durante o 51º encontro público da corporação da internet para Atribuição de nomes e números

Linkedin.com/abranet

@abranet_brasil

16 | teNdÊNCiaS

tom coff een, evangelista-chefe para o iPv6 na infoblox, avalia como está ocorrendo a migração para este novo protocolo nos estados unidos, que segue a passos bem mais avançados que no brasil

18 | eNtreViSta

em que pesem os atrasos de até 10 meses, 34 redes metropolitanas de fi bras ópticas já foram entregues e estão ‘iluminadas’, mas a ausência mais notável no programa cidades digitais foi da iniciativa privada

12 | eStratÉGia

Em sua sétima participação no Futurecom, a Abranet promoveu o futurenet, com o objetivo de trocar experiências e apresentar soluções ao público visitante

22 | eCoSSiSteMa

incentivos fi scais para isPs no Paraná. consumidores preferem mídias sociais. governo quer acelerar migração para o iPv6. o gargalo da banda larga fi xa. sensores inteligentes levarão internet a 100 bilhões de conexões em 2025. financiamento com taxas de 4% em são Paulo. furukawa amplia nacionalização de olho no finame e no cartão bndes

26 | CoNeXÃo

Billing das coisas: quando cobrar certo será o diferencial Por Sandra Lis Granado

20 | oPiNiÃo

no site da Abranet – www.abranet.org.br –, uma das perguntas mais frequentes é sobre cOmO mONtar um NEGÓciO dE PrOvimENtO À iNtErNEt. se este é o seu caso, saiba como deve agir. e boa sorte!

05 | aBraNet reSPoNde

06 | CaPa

Múltipla ESCOLHAna discussão sobre o que vai prevalecer — fi bra óptica ou rádio — na construção das

infraestruturas, vence quem souber explorar o que cada tecnologia tem de melhor a oferecer

05abranet.org.br

novembro . 2014

A Abranet oferece um serviço de apoio aos associados que trata das dúvidas e questões mais frequentes sobre o tema. Não hesite em nos procurar! Escreva para o aBraNEt rEsPONdE. O e-mail é [email protected]

aBraNet reSPoNdeno site da Abranet – www.abranet.org.br –, uma das perguntas mais frequentes é sobre COMO MONTAR UM NEGÓCIO DE PROVIMENTO À INTERNET. Saiba como você deve agir. e boa sorte!

QUerO mOntAr Um PrOVedOr de ACeSSO. O QUe deVO FAZer?

Para a atuaçÃO Em amBas as atividadEs, o empreen-dedor precisa entender quantas e quais obrigações deverá cumprir, inclusive as de ordem tributária. Se a decisão for prestar o serviço de telecomunicações (última milha) via rádio, fi bra ou cabo, é necessário que uma empresa seja constituída com o objetivo de obter licença para tal. Um ponto de atenção importante é o correto enquadramento na CNAE — Classifi cação Nacional de Atividades Eco-nômicas. A CNAE é o instrumento de padronização nacio-nal dos códigos de atividade econômica e dos critérios de enquadramento utilizados pelos diversos órgãos da admi-nistração tributária do País.

Em geral, a licença é a de Serviço de Comunicação Multimídia (SCM). No entanto, qualquer que seja a de-cisão, o empreendedor deve buscar auxílio para tramitar o processo de obtenção e a operação da outorga junto à

Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) de for-ma adequada, com suporte regulatório. Também é preciso ter na estrutura da empresa um engenheiro que possa atuar como responsável técnico perante o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA) e a Anatel, preparando--se para atender a todas as obrigações em consequência da licença a ser obtida.

Como a atividade de provedor de conectividade In-ternet é classificada como serviço de valor adicionado aos serviços de telecomunicações, não há necessidade de nenhum tipo de licença da Anatel ou outro órgão. É im-portante ressaltar que o provedor de conectividade deve buscar oferecer outros serviços de valor adicionado, além da conectividade, tais como hospedagem de sites, provi-mento de e-mails, entre outros, para aumentar sua oferta de serviços para seu cliente final.

Vale ressaltar ainda que as duas atividades devem ser objeto de contratação pelo usuário final (contratos distin-tos), assim como os documentos fiscais e de cobrança de-vem atender às exigências de cada atividade.

A interligação à Internet deve utilizar o modelo reco-mendado pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), que pode ser encontrado nas páginas http://ptt.br/docs/ e http://ptt.br/mix.txt.

Antes de tudo, é importante entender qual trabalho o provedor vai querer realizar, pois o acesso à internet pode incluir duas atividades: a prestação de serviço de telecomunicações (última milha) e o serviço de valor adicionado (conectividade internet).

06abranet.org.brnovembro . 2014

Roberta PrescottCaPa

FiBra ÓPtica Ou rÁdiO? Eis um dilema que os prove-dores de Internet enfrentam ao avaliar que tecnologia escolher ao implantar, expandir ou trocar suas redes. De um lado, está uma capacidade maior de banda e a possibilidade de incluir serviços adicionais, como TV por assinatura. De outro, a facilidade de se chegar a lugares remotos a um custo menor. Há ISPs e fornecedores que defendem uma em detrimento da outra; e há aqueles que advogam a coexistência.

Para embasar a decisão, os especialistas orientam os provedores de Internet a entender quais necessidades precisam atender e que objetivos têm. Somente assim vão conseguir planejar e escolher a rede mais adequada. Por exemplo, se for para cobrir uma área densa, como uma metrópole, a melhor opção está na fi bra óptica. Já para levar a Internet a regiões mais afastadas, o rádio ainda prevalece.

06abranet.org.brnovembro . 2014

MúltiplaESCOLHA

07abranet.org.br

novembro . 2014

Na discussão sobre o que vai prevalecer — fibra óptica ou rádio —

na construção das infraestruturas, vence quem souber explorar o que cada

tecnologia tem de melhor a oferecer

07abranet.org.br

novembro . 2014

Além disto, outras variantes têm de ser contabilizadas, como o retorno do investimento e a possibilidade de prover mais servi-

ços. Ou seja, tudo vai depender da estratégia de cada provedor. Com 20 anos de atuação, a Fortalnet aposta no rádio para for-

necer acesso à Internet a 12 mil clientes, entre empresas (link de-dicado) e consumidores residenciais (serviço de banda larga). “A tecnologia vem evoluindo e as antenas melhoraram muito. Não enfrentamos problemas de interferência ou queda da Internet por causa de chuvas”, comenta Frank Frazão Pereira, gerente de Novos Negócios da Fortalnet.

Uma das vantagens, de acordo com ele, é que Fortaleza, onde o provedor tem mais foco, é plana. “Temos várias antenas distribuídas na cidade. O rádio ainda nos atende bem.” Além da capital, a Fortal-net chega a outros 12 municípios da região metropolitana e mais 20

08abranet.org.brnovembro . 2014 divulgação

do interior do Ceará, tudo com a mesma tecnologia. O uso de rádio, contudo, não signifi ca a exclusão da fi bra. Dentro

dos exemplos corporativos, Pereira conta que a Fortalnet está forne-cendo acesso à Internet para 15 lojas de um recém-inaugurado outlet de Fortaleza. O sinal chega por rádio, mas a distribuição interna no estabelecimento é feita por fi bra óptica. Em outros casos, quando o cliente exige ser atendido por fi bra, a opção é usar infraestrutu-ra terceirizada. A Fortalnet pensa em incluir voz em seus serviços futuramente. Uma inovação recente da empresa foi colocar placas de energia solar em seus equipamentos e, assim, levar a Internet a locais sem eletricidade.

não É UM FLa X FLUMárcio Romano, gerente regional de Vendas da Cambium Net-

works, acredita que o rádio ainda será utilizado por muitos anos, principalmente, para atender ao desafi o de fazer chegar a Internet às pessoas que hoje estão desconectadas. “Os provedores de Internet vêm sentindo crescimento bastante acentuado em função da deman-da por dados, e isto está se refl etindo em todo o mercado brasileiro. Mas ainda há muita gente desconectada.”

Romano aposta numa convivência das tecnologias. “Acredito na coexistência de fi bra óptica e rádio, porque para passar fi bra existe uma série de exigências que muitas vezes não podem ser atendidas. Já o rádio continua sendo a forma mais fácil de ligar pontos exata-

“Acredito nA coeXistênciA de fibrA ÓPticA e rádio, Porque PArA PAssAr fibrA eXiste umA sÉrie de eXigênciAs que muitAs veZes não Podem ser AtendidAs”

MÁrcio roMano | Cambium Networks

“o cAminho É A fibrA. hoJe, o brAsil está neste mercAdo como estAvA há 50 Anos em energiA elÉtricA, quAndo o serviÇo

não chegAvA A todos os lugAres”

aLair FraGoso | life

09abranet.org.br

novembro . 2014

mente quando não é possível passar cabos ou fibras; ou quando eles ficam mais caros ou complexos de serem instalados”, justifica.

De fato, há vantagens e desvantagens em cada uma das opções. Alair Fragoso, fundador da Life, decidiu migrar de rádio para fibra óptica para incorporar mais serviços e, assim, aumentar suas recei-tas e se diferenciar no mercado. A empresa, que começou a atuar com acesso discado em 1998 em Pompéia, interior de São Paulo, foi pioneira na implantação da rede FTTH (fibra para o lar, na tradução para o português) na cidade de Garça, em 2010.

A estratégia foi desenhada aos poucos. Em 2002, a Life come-çou a trabalhar com conexão via rádio e em 2005 já fazia testes em redes cabeadas. “Sempre pesquisamos novos meios porque acháva-mos o rádio limitado”, relata Fragoso. Dois anos depois, em 2007, a empresa concebeu seu primeiro projeto de fibra óptica e no ano seguinte passou a implantar rede mista (fibra e cabo metálico) em Pompéia, que tem 20 mil habitantes. “Vimos que aquele era o cami-nho, porque oferecia uma capacidade de banda maior.”

Prós e contrasO projeto de fibra óptica em Garça foi um marco para a empresa,

que hoje conta com 750 quilômetros de fibras passadas nas cidades onde tem presença. Ainda assim, mesmo que não seja o foco, a Life conta com rádio para atender lugares mais remotos. “Não instalamos novos assinantes no rádio”, aponta Fragoso.

Atrelado à passagem de fibra óptica, o provedor elaborou, du-rante alguns anos, um estudo para o fornecimento de TV paga. A empresa buscava entender como o mercado funciona e como deve-ria ser a sua oferta. A Life lançou o serviço de TV paga em meados deste ano. A meta é alta: passar dos atuais 12 mil clientes para 25 mil nos próximos cinco anos, um salto que será impulsionado pelo triple play. “O caminho é a fibra. Hoje, o Brasil está neste mercado como estava há 50 anos em energia elétrica, quando o serviço não chegava a todos os lugares.”

Ainda que o cenário vislumbrado por Fragoso se concretize, o rádio não deve morrer. Em um País com dimensões continentais, a solução sem fio é essencial para chegar aos rincões. Para Frank Frazão Pereira, da Fortalnet, a vantagem do rádio ainda é o custo de instalação, bastante inferior quando comparado ao da fibra. Já com relação a possíveis instabilidades do sinal e interferências, ele conta que o índice de satisfação de seus clientes está na casa dos 85%, o que demonstra que a solução tem atendido às expectativas.

Fragoso, da Life, reconhece que o custo inicial de passar fibra óptica é mais alto que o do rádio, mas diz que compensa porque per-mite incorporar outros serviços. Em 2011, o provedor obteve licença

“A tecnologiA [rádio] vem evoluindo

e As AntenAs melhorArAm muito.

não enfrentAmos ProblemAs de

interferênciA ou quedA dA internet

Por cAusA de chuvAs” Frank Frazão Pereira | Fortalnet

10abranet.org.brnovembro . 2014

para entrar no mercado de TV paga. “Quando começamos a passar a fi bra, a ideia era ir para o triple play. Ficar somente com a Internet é um mercado difícil, com a concorrência das grandes operadoras. É mais interessante ter os três produtos”, explica, referindo-se a voz, Internet e televisão.

Evair Gallardo, diretor da Kerax Telecom, acredita que já não é mais tendência, mas realidade, os provedores de Internet migrarem de rádio para fi bra óptica. A justifi cativa, segundo ele, é a necessi-dade de banda. “Os provedores estão colocando fi bra para aumentar a banda de atendimento ao cliente e compartilhar mais clientes na mesma fi bra óptica; o transporte fi ca mais efi ciente com mais banda para todo mundo.” O executivo argumenta ainda que o preço bai-xou. “Um cabo hoje é mais barato que há cinco anos, cerca de um terço do preço; e o custo da passagem de fi bra óptica, com o conhe-cimento das empresas de instalação, também caiu.”

Ainda assim, há muita difi culdade para aluguel de postes e para chegar à casa do cliente com a fi bra. “Há desafi os a percorrer. Mas é uma tendência em que os provedores de Internet têm de investir, não tem como”, enfatiza Evair Gallardo.

Além de o preço, segundo os fabricantes e integradores, ter caí-do, a tecnologia da fi bra evoluiu, principalmente, no que se refere a seu manejo. Os cabos estão mais fl exíveis e os materiais mais re-sidentes, na opinião de Jay Hu, que responde pela FiberHome no Brasil. A empresa tem 150 ISPs como clientes e considera que este número vai aumentar, impulsionado pela maior necessidade de ban-da com a entrada de tecnologias como a defi nição 4K.

“há desAfios A Percorrer. mAs É umA tendênciA em que os Provedores de internet têm de investir, não tem como”

eVair GaLLarDo | Kerax telecom

“o que este novo equiPAmento [nA cAsA dos usuários] tem de diferente É suA

definiÇão Por softWAre”

HÉLio saLLes | CPqd

divulgação

11abranet.org.br

novembro . 2014

Vanderlei Rigatieri, diretor geral da WDC Networks, diz que mapeou 500 provedores de Internet — dos cerca de quatro mil que atuam no Brasil — que têm algum projeto de fi bra. A barreira de entrada para incorporar fi bra óptica na rede é capital. “A maioria não tem capacidade para investir”, relata.

Outra preocupação de quem decide pelo rádio é a velocidade da Internet. Márcio Romano, da Cambium Networks, garante que este não deve ser um entrave. “Para o atendimento ao usuário, os rádios estão acompanhando a demanda por capacidade sem muitos pro-blemas. Ainda tem muito espaço para crescer. Mas, obviamente, os rádios não vão chegar às mesmas velocidades da fi bra óptica; e acho que nem é o objetivo, porque a fi bra acaba se tornando o meio para levar o sinal para alguns pontos e destes pode-se fazer conexão por rádio, sem fi o, para atingir os usuários”, explica.

aVanÇos tecnoLóGicos A evolução dos rádios ajuda a prolongar a vida útil dessa tecnolo-

gia. Hélio Salles, diretor de Redes Convergentes do CPqD, reconhe-ce que hoje o rádio não está no mesmo patamar de banda que a fi bra, mas acredita que um dia chegará. “Em poucos anos, conectividade por fi bra óptica ou rádio será igual. E qual serviço hoje demanda 100 Mbps?”, pergunta. A combinação de rádios em multifrequên-cias, como os MIMO (multiple input multiple output), melhora a qualidade do sinal.

A maior mudança, diz Salles, está nos equipamentos usados nas casas dos usuários. Com a evolução tecnológica em um ritmo cada vez maior, emerge a necessidade de atualização constante da antena no cliente. “Existe um movimento hoje na direção da ‘caixa pé de boi’ ou caixa simplifi cada”, destaca. O que este novo equipamento tem de diferente é sua defi nição por software. Ou seja, em vez de ser um hardware com a inteligência do sistema, todas as funcionalida-des fi cam no ambiente do provedor e são programadas remotamente. É o conceito de virtual customer premises equipment (vCPE).

“Esta tem sido uma tendência forte, que fabricantes e integra-doras estão começando a adotar. Mas ainda não existe um padrão vencedor”, diz Salles. Sem a padronização, cada fornecedor está tra-balhando de um jeito, propondo soluções de acordo com a sua con-veniência. “Esse tipo de tecnologia também vai facilitar a migração do IPv4 para a versão 6.”

Se fi bra óptica e rádio irão coexistir, a recomendação para os pro-vedores é continuar antenados nas tecnologias que surgem, princi-palmente, as de virtualização dos equipamentos na casa dos clientes. Redes heterogêneas são tendência em todo o mercado de telecomu-nicações e não vai ser diferente com os provedores de Internet.

“A mAioriA [dos Provedores] não tem cAPAcidAde

PArA investir [em fibrA]”

VanDerLei riGatieriWdC Networks

12abranet.org.brnovembro . 2014

GoVerno conVoca ProVeDoresem que pesem os atrasos de até 10 meses, 34 redes metropolitanas de fi bras ópticas já foram entregues e estão ‘iluminadas’, mas a ausência

mais notável no programa cidades digitais foi da iniciativa privada. “esPerávAmos umA PosiÇão mAis AgressivA dos Provedores. esPerávAmos que eles ProcurAssem os Prefeitos, tivessem

interesse. não vimos isso AindA”, lamenta o diretor de infraestrutura para inclusão digital do ministério das comunicações, Américo bernardes.

Luís Osvaldo GrossmanneStratÉGia

ciDaDes DiGitais:

13abranet.org.br

novembro . 2014

laNçadO Em 2012, o programa Cidades Di-gitais do Ministério das Comunicações co-meçou a ganhar forma em maio deste ano, com a inauguração da rede em Vitória da Conquista, na Bahia. Desde então, 34 das 80 cidades desta fase ‘piloto’ já contam com fi-bras ópticas entregues e ‘iluminadas’. Mas em que pese a identificação de problemas que atrasaram o cronogra-ma em pelo menos oito meses, há uma clara surpresa: o desinteresse dos provedores de acesso.

“Esperávamos uma posição mais agressiva dos prove-dores. Esperávamos que eles fossem às cidades, procuras-sem os prefeitos, tivessem interesse. Mas não vimos isso ainda”, lamenta o diretor de Infraestrutura para Inclusão Di-gital do Ministério das Comunicações, Américo Bernardes.

Não foi por falta de convite. Segundo Bernardes, desde 2011, quando o programa ainda estava sendo desenhado, a secretária de Inclusão Digital da pasta, Lygia Pupatto, se reúne com associações de provedores na tentativa de despertar o interesse das empresas em participar do pro-grama. Tarefa que começou pela própria desmitificação do conceito de Cidades Digitais.

“Durante a década de 2000, quando começou aquela coi-sa de Cidades Digitais, lá com Piraí Digital, houve uma certa

construção de uma ideia de que cidade digital era Internet de graça para todo mundo. Toda vez que a gente falava em cidade digital, os prove-dores se assustavam e entendiam que ‘lá vem o governo querer dar Internet grátis para todo mundo’”, lembra o diretor de Infraestrutura.

A expectativa do governo era que a continuidade do projeto seria garantida com contratos entre as prefeituras e provedores. Em essência, o programa funciona com o Ministério das Comunicações pagando pela implantação de redes metropolitanas de fibras ópticas. Quando essa infraestrutura fica pronta, a titularidade dos ativos passa para as prefeituras, que, a partir daí, escolhem o caminho para a operação e manutenção da rede.

Na prática, são três as opções: financiamento a partir de recursos próprios do município; parcerias com instituições como universidades, institutos de pesquisa, ONGs ou asso-ciações; ou a concessão do uso da infraestrutura para a inicia-tiva privada. Neste último caso, imaginou-se que provedores locais ou regionais garantiriam os links para a administração municipal e um ponto de acesso gratuito. E também pode-riam se valer da rede implantada para vender conexões.

Essa era a saída preferida. “Estamos falando em cida-des pequenas, com menos de 50 mil habitantes, onde as

14abranet.org.brnovembro . 2014

soluções de sustentabilidade com recursos da prefeitura são complicadas, porque as cidades têm baixo orçamen-to, vivem fundamentalmen-te do Fundo de Participação dos Municípios e do Fundeb [Fundo de Manutenção e De-senvolvimento da Educação Básica]”, ressalta Bernardes.

Sem interesse do setor pri-vado, o custeio via orçamento tem sido a regra. Nas 34 cida-des já entregues, as prefeituras estão bancando a operação, claramente limitando o po-tencial das Cidades Digitais como idealizadas. “O que es-tamos vendo é que os menores provedores não têm ‘pernas’. Se você chegar lá e disser que quer comprar 5 Mbps, não tem para entregar. Em algumas ci-dades o cara vende 30 Kbps, 50 Kbps. Fui em cidade onde se vendia link de 34 Kbps por R$ 50”, conta.

É justamente neste ponto que o Ministério sente a falta de interesse. Afinal, a infraestrutura é entregue pronta e, mesmo nas cidades mais carentes, a demanda é óbvia, visto que negócios absolutamente informais – como a revenda de conexões – sobrevivem com mensa-lidades que chegam a R$ 50 por acessos em velocida-des baixíssimas. Ou seja, há consumidores dispostos a comprar conexões à Internet.

“São regiões pobres, mas tem gente que paga R$ 30, R$ 40, R$ 50. Com a nossa infraestrutura, se tivesse um avanço mínimo, a partir dessa rede se poderia vender algo melhor, se poderia ampliar a qualidade do serviço presta-do. Quem sabe na hora que os pontos públicos forem aber-tos se crie uma demanda que vai querer ser atendida. Na hora que uma pessoa for na praça e perceber que pode ver um vídeo, e na conexão dele em casa não baixa nem uma fotografia, que comece a provocar e arrancar esses prove-dores dessa zona de conforto”, avalia Bernardes.

SÃO AS SEGUINTES AS CIDADES DIGITAIS JÁ ENTREGUES PELO MINICOM:

Coari - AM Manacapuru - AM

Serra do Navio - AP

Guanambi - BAItaberaba - BAItabuna - BAJuazeiro - BANilo Peçanha - BAPiraí do Norte - BAUruçuca - BAVitória da Conquista - BA

Araripe - CEBarreira - CEBrejo Santo - CEJaguaruana - CEMaracanaú - CEQuixeramobim - CESão Gonçalo do Amarante - CEVarjota - CEViçosa do Ceará - CE

São José do Ribamar - MA

Rio Acima - MG

Conceição do Araguaia - PACuruçá - PAGoianésia do Pará - PA

Assis Chateaubriand - PRIbiporã - PRToledo - PR

Jari - RSNão-Me-Toque - RSSanto Ângelo - RSSão Miguel das Missões - RS

Presidente Epitário - SPSocorro - SP

“na hora que uma pessoa for na praça

e perceber que pode ver um vídeo, e na

conexão dele em casa não baixa nem uma fotografia, que comece a provocar

e arrancar esses provedores dessa zona de conforto”

aMÉrico BernarDesMinistério das Comunicações

Herivelto Batista

15abranet.org.br

novembro . 2014

16abranet.org.brnovembro . 2014

teNdÊNCiaS

icann #51fique por dentro das discussões mais

importantes que ocorreram durante o 51º encontro público da corporação

da internet para Atribuição de nomes e números. os novos gtlds

mobilizam a comunidade.

a traNsiçÃO da custÓdia das funções da IANA (sigla em inglês de Autoridade para Atribuição de Números da Internet), a governança da Internet, os novos gTLDs (no-mes de domínios de topo genéricos, na sigla em inglês) e a prestação de contas da Corporação da Internet para Atribuição de Nomes e Números (ICANN, na sigla em in-glês) foram os principais temas debatidos no 51º encontro público da entidade, que ocorreu de 12 a 16 de outubro em Los Angeles, Califórnia, nos Estados Unidos.

Ainda que não tenha havido uma decisão sobre a futura custódia da IANA, as discussões, na visão de Rodrigo de la Parra, vice-presidente para América Latina e Caribe da ICANN, foram importantes para esse momento de transi-ção. “Os processos são um pouco lentos, porque todos os lados são ouvidos, tudo passa por consulta, é muito trans-parente”, disse à Revista Abranet.

O contrato da ICANN com a agência norte-america-na NTIA (National Telecommunications and Information Administration), que atualmente faz a custódia da IANA, vence em 15 de setembro de 2015. Até lá, é preciso deci-dir quem assumirá este papel. Para isto, foi criado um grupo multidisciplinar, batizado de ICG, composto por 30 pessoas, representando 13 comunidades, incluindo os intervenientes diretos e indiretos. Dois brasileiros integram o grupo: Demi Getschko, do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC. br) e Hartmut Richard Glaser, secretário-executivo do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br).

Presente à reunião, Eduardo Parajo, presidente do Conselho Consultivo da Abranet, contou que gran-

“Os processos são um pouco lentos, porque todos os lados são ouvidos, tudo passa por consulta, é muito transparente”

divulgação

Roberta Prescott

“A transição da IANA é um debate aberto. Temos até

o fi m de janeiro para enviar as

propostas do modelo ideal”

eDUarDo ParaJoabranet

roDriGo De La ParraiCaNN

17abranet.org.br

novembro . 2014

dos Unidos provoca em alguns a sensação de que a ICANN é subordinada àquele país, o que não é verdade.

Além disto, a agenda incluiu debate sobre a entrada em vigor de novos nomes de gTLDs. Quase dois mil gTLDs foram apresentados e até o momento cerca de 400 domí-nios foram avaliados pela ICANN, que está fi rmando con-tratos com empresas que vão gerenciar esses nomes.

Quando todas as propostas tiverem sido avaliadas, é possível que a ICANN abra uma segunda rodada de soli-citações, cujas regras poderão ser revistas. “As regras da primeira rodada foram boas, mas sempre tem algo para se melhorar”, diz Rodrigo de la Parra. Algumas solicitações de domínios, como “. gay”, foram negadas. Conforme Pa-rajo explicou, a ICANN entendeu que o solicitante não representava toda a comunidade e, portanto, não poderia fazer uso da terminação. “Agora, deve ir a leilão”, disse.

Parajo lembrou que no Brasil está em discussão como o domínio “.Rio” vai funcionar. Quem solicitou foi a em-presa de processamento de dados do Rio de Janeiro, mas a requisição foi para uso como “brand” (marca), o que impede a comercialização do registro. Contudo, existe o desejo de vendê-lo e essa questão será ainda avaliada.

Target Nov 2014 Jan 2015 Mar 2015 May 2015 Jun 2015 Jul 2015 Sept 2015

Communities Develop Proposals

ICG Develops Draft Response

Review of the Draft Response

ICG Develops Final Response

Final Response Review

Final Response Delivery

Testing

NTIA Review

de parte da agenda do #51 foi relativa à transição da IANA. Parajo foi ao encontro junto com o Comitê Ges-tor da Internet, que está acompanhando de perto todo este processo e colaborando com ideias. “É um debate aberto. O ICG publicou um calendário com os prazos para se submeter as propostas.”

Segundo Parajo, a comunidade da Internet, com todos os seus diversos atores, “tem até o fi m de janeiro para enviar ideias para se chegar ao modelo ideal.” Até março de 2015, o ICG fi cará responsável por fazer um documento rascunho com a proposta para o futuro da IANA. Rodrigo de la Parra conta que o prazo para a entrega da proposta fi nal sobre como se dará a custódia da IANA termina em 31 de julho.

oUtros assUntosA questão da prestação de contas (accountability) da

própria ICANN também esteve na pauta da 51ª reunião. A ICANN não responde a nenhum país ou organismo, é regi-da e tem de prestar contas à própria comunidade. Durante o evento, a comunidade discutiu o desenvolvimento de políti-cas para a instituição, como a eleição de novos membros. O fato de a IANA ser até agora gerida por um órgão dos Esta-

Communities ICG NTIA

http://la51.icann.org/en/schedule/thu-icg-community/presentation-icg-16oct14-en.pdfapresentação do iCG - outubro 2014

18abranet.org.brnovembro . 2014

Roberta Prescott

eNtreViStatom coffeenevangelista-chefe para o IPv6 na Infoblox

“O USO de nAt É Um BAND-AID ”tom coffeen é o evangelista-chefe para o iPv6 na infoblox. o nome rebuscado do cargo tem a ver com o passado deste norte-americano. desde que trabalhava na limelight networks, ele vem liderando projetos de adoção da nova versão do protocolo internet e é autor de livro sobre o assunto, o IP Address Planning. em passagem pelo brasil, coffeen falou com a Revista Abranet sobre como está ocorrendo a migração nos estados unidos, que segue a passos bem mais avançados que no brasil. É a segunda vez que o especialista vem ao País. na primeira, achou que ambos os países estavam em estágio semelhante de adoção.

REVISTA ABRANET - Como está a adoção e a migração para o IPv6 nos Estados Unidos?TOM COFFEEN - Tanto os provedores de Internet (ISPs) quanto as operadoras estão migrando. O que eu vejo são as empresas, a parte corporativa, em geral, apre-sentando alguma resistência para adotar o IPv6.

Por quê?Há algumas razões para isto: as companhias usam endereços privados em suas redes e por isto não veem a necessidade, e exis-te falta de entendimento e conhecimento sobre o IPv6. Elas reconhecem que é algo importante, mas não enxergam como algo crítico.

Por que as empresas deveriam se engajar, já que para elas retardar a adoção do IPv6 não é tão crítico?A pergunta correta é: por que as empresas não estão

adotando o IPv6? Se eu fosse CIO e olhasse os núme-ros, iria me perguntar isto. Dados mostram que 55% dos sites nos Estados Unidos estão em IPv6; e no Bra-sil são 30%. Quase 10% [9,6%] dos acessos feitos ao Google partem de conexões em IPv6 nos EUA e 0,08%

no Brasil — e a Cisco estima que nos EUA pas-se para 25% até o fi m de 2015. Com relação às

operadoras, a Verizon diz que 54% de seu trá-fego é feito em IPv6, enquanto a Comcast

fala em 30%, a AT&T, em 21% e a Time Warner Cable, em 10%. Os dados são de julho deste ano.

São porcentagens altas. Qual é a razão?

Os maiores sites, mais acessados, como Google e Facebook, usam IPv6. Vemos um aumento exponen-cial em comparação à metade do ano passado. Então, a questão para as empresas não é se devem adotar o IPv6, mas, sim, por que não adotariam. Ou seja, como

sentando alguma resistência para adotar o IPv6. no Brasil — e a Cisco estima que nos EUA pas-se para 25% até o fi m de 2015. Com relação às

operadoras, a Verizon diz que 54% de seu trá-

Qual é a razão?

19abranet.org.br

novembro . 2014

podem olhar para todos estes números e não fazer nada. Ou elas estão ignorando [os números] sabendo do risco que estão correndo.

Algumas empresas estão prolongando a vida do IPv4 fazendo uso de carrier-grade NAT?O IPv4 não tem futuro. É um desperdício mantê-lo. Não faz sentido usar carrier-grade NAT em vez de adotar IPv6; são milhares de usuários atrás de um endereço. É preciso aumentar a capacidade de armazenamento, tem as questões legais e de geolocalização até para pre-zar acordos de distribuição de conteúdo por região, por exemplo. Além das portas de TCP.

Você desaconselha veementemente o uso de NAT?Pense nas grandes operadoras. Elas estão migrando para IPv6 em vez de usar carrier-grade NAT. Por que, então, ir para NAT se as telcos não viram vantagem e rentabilidade nisto?

Muitos provedores de Internet têm optado por NAT.O uso de NAT é um band-aid. Quem optar por adotá-lo precisa avaliar muito bem o custo-benefício tendo em vis-ta o período que pretende usar, porque há um investimen-to. Vai usar NAT por cinco anos ou 18 meses? Mas quem conseguir migrar, vá para o IPv6 direto.

O que vai acontecer com o IPv4?Quando o IPv4 virar um sistema legado terá uma margem muito pequena, e as empresas [fornecedores de produtos]não vão querer mais dar suporte às aplicações em IPv4. Elas vão fazer o que for preciso para tirar o IPv4 do siste-ma. É apenas uma questão de tempo para os fornecedores começarem a cobrar para dar suporte [às aplicações em] IPv4. Rodar os dois protocolos (dual stack IPv4/IPv6) é uma dor de cabeça.

Por mais quantos anos devemos conviver com o IPv4?É difícil prever. Dez anos provavelmente seja uma boa es-timativa.

Esta é a sua segunda visita ao Brasil para falar justamente sobre IPv6. O que mudou neste intervalo de dois anos?Dois anos atrás, as coisas estavam mais ou menos iguais entre os Estados Unidos, o Brasil e a Europa em relação à adoção de IPv6. Mas, neste período, vi um crescimento muito grande nos EUA, houve muito mais desenvolvimento.

O fato de o IPv6 operar de maneira diferente da versão 4 e de não serem interoperáveis difi culta a implantação? É preciso ter outras capacidades técnicas? São diferentes, mas não que o IPv6 seja complicado. Quem entende de rede e de IPv4 não deve ter difi culda-des. É fácil.

Quanto tempo o IPv6 durará? Uns 40, 50 anos, acho. Mas isto depende também da evolução de tecnologias disruptivas e do surgimento de novas.

divulgação

20abranet.org.brnovembro . 2014 divulgação

NO uNivErsO da tEcNOlOGia é comum o surgimento de grandes ondas disruptivas, que provocam transformações e fortes mudanças de comportamento e de costumes. Foi o que aconteceu com a disseminação da Internet e a ex-plosão do uso do celular em todo o mundo – apenas para citar dois exemplos recentes. Agora, uma nova onda está chegando, trazendo a promessa de uma revolução que vai facilitar a vida das pessoas: a Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês). E o que significa isso? A IoT consiste em um exército de sensores, medidores, dispositivos, ves-timentas e acessórios (wearables) conectados à Internet, permitindo que pessoas e objetos interajam uns com os outros, criando ambientes inteligentes capazes de tomar decisões por meio da análise e correlação de informações.

Vestimentas e acessórios, por exemplo, serão capazes de coletar informações como batimentos cardíacos, pres-são sanguínea, taxa de glicemia, localização, etc. Dis-positivos instalados em veículos permitirão monitorar a velocidade, o consumo de combustível, o uso dos freios

oPiNiÃo

Sandra Lis GranadoGerente de Produto da diretoria de Soluções em billing do CPqd

bILLInG dAS COISAS: QUAndO CObrAr CertO SerÁ O dIFerenCIAL

e o desgaste das peças. Sensores espalhados pelo meio ambiente poderão medir a temperatura, umidade, pressão e luminosidade, entre outros indicadores. Além disso, me-didores de consumo coletarão dados referentes ao uso de recursos como energia, água e gás.

Todas essas informações, de diversos tipos, serão transmitidas para sistemas onde serão analisadas, ganhan-do inteligência para a tomada de decisões, e ficarão dis-poníveis para uso em diferentes serviços e aplicações. A tendência é que muitos desses serviços sejam oferecidos por meio de parcerias entre empresas, muitas vezes de segmentos distintos, de modo a trazer mais qualidade de vida, segurança, redução de custos ou outro benefício ao cidadão. Por exemplo, o dono de um carro conectado po-derá obter descontos no seguro do veículo, se aceitar o seu monitoramento (via sensores de velocidade, de aceleração e frenagem, de consumo de combustível, de desgaste de peças), e ao mesmo tempo usufruir de comodidades de entretenimento e de consulta à Internet – para encontrar o

os novos serviços originados pelos objetos conectados envolvem várias parcerias, entre companhias de seguros, montadoras ou autopeças, empresas de entretenimento e de serviços em geral, além de operadoras de telecomunicações. vale lembrar que cada uma dessas empresas tem regras próprias de remuneração e comissionamento. tudo será novo. mas uma questão não muda: como monetizar essas oportunidades e fazer a cobrança adequada ao consumidor?

21abranet.org.br

novembro . 2014

restaurante ou posto de combustível mais próximo.Nesse caso, são serviços que envolvem várias parce-

rias, entre companhias de seguros, montadoras ou autope-ças, empresas de entretenimento e de serviços em geral, além de operadoras de telecomunicações. Vale lembrar que cada uma dessas empresas tem regras próprias de remune-ração e comissionamento. Além disso, a oferta do serviço poderá incluir promo-ções e descontos cru-zados entre produtos de parceiros (B2B2C). Trata-se de um novo cenário, que vai tra-zer novos modelos de negócios e novas for-mas de relacionamento com o consumidor - e, também, entre os pres-tadores de serviços. Mas como monetizar as novas oportunidades geradas pela Internet das Coisas e fazer a tarifação e cobrança adequada desses serviços?

Pois esse é o grande desafio do billing da IoT - ou Billing das Coisas. Para atender esses novos cenários e modelos de negócios, os sistemas de billing terão de evoluir e ganhar mais flexibilidade, de modo a permitir a remuneração adequada dos vários players da cadeia de valor. Isso requer capacidade de tarifar qualquer tipo de transação, em tempo real e com controle de saldo, de pro-piciar atendimento ao cliente com a visão de todo o ecos-

sistema do serviço e, principalmente, de fazer a gestão das parcerias – o que envolve o controle das regras de remu-neração e comissionamento dos contratos firmados entre os vários prestadores de serviços.

É um novo mundo de oportunidades para empresas dos mais diversos segmentos, que, até 2020, poderão compar-tilhar uma receita global gerada pelos novos serviços da

ordem de US$ 3,7 tri-lhões/ano. No Brasil, a estimativa é que o mercado de novos ser-viços de IoT alcance US$ 102 bilhões/ano, no mesmo período. Se-gundo o Gartner, 50% das soluções (produto combinado com servi-ço) virão de startups, empresas com menos de três anos de idade, e

mais de 80% das receitas serão de serviços – muitos deles com receita recorrente.

Para dar suporte a esses novos negócios, serviços e parcerias, o mercado de sistemas de billing também deve-rá crescer, podendo atingir, no país, a marca de US$ 1,5 bilhão/ano (estimativa), dentro de seis anos. É claro que, para isso, os fornecedores de sistemas de suporte a ope-rações e aos negócios (OSS/BSS) precisam adequar seus produtos de maneira a atender às necessidades desse novo mundo hyperconectado.

“Para atender esses novos cenários e modelos de negócios, os sistemas de billing terão de evoluir e ganhar

mais fl exibilidade, de modo a permitir a remuneração adequada dos vários players da cadeia de valor. Isso requer capacidade de tarifar qualquer tipo de transação, em tempo real e com controle de saldo, e de propiciar atendimento ao

cliente com a visão de todo o ecossistema do serviço”

22abranet.org.brnovembro . 2014

eCoSSiSteMa

FUtUrenet: o ponto de encontro dos provedoresEm sua sÉtima ParticiPaçÃO NO FuturEcOm, a Abranet promoveu, no dia 13 de outubro, o Futurenet, evento no qual especialistas debateram os rumos da Rede Mundial no Brasil. O diretor de Projetos Especiais e de Desenvolvimento do NIC.br, Milton Kaoru Kashiwakura, revelou, por exemplo, que os Jogos Olímpicos de 2016 terão preparação semelhante à adotada na Copa do Mundo. “Não tivemos qualquer problema com o escoamento do tráfego, mesmo com o forte incremento”, disse.Outro tema importante foi a entrada em vigor de novos nomes de domínios de topo genéricos (gTLDs, na sigla em inglês), que representa uma oportunidade para os provedores de Internet, apontou Daniel Oppermann, CEO da Domain Robot. Esses novos domínios oferecem chances a comunidades, marcas e quaisquer interessados em serem reconhecidos na Internet com seus próprios domínios, tais como “.hotel” e “.esporte”. Foi destacado também que, com o acesso à Internet se tornando commodity, os provedores buscam diversas soluções para integrarem seu combo de produtos, com ofertas de telefonia e de TV por assinatura. E investir em infraestrutura passou a ser ponto crítico para o sucesso dos negócios. Escolher a melhor tecnologia a ser aplicada é um desafio dos gestores dos provedores de Internet. Em uma área de 184 metros quadrados, a Abranet reuniu 12 empresas do setor de Internet no Futurecom. O objetivo foi trocar experiências e apresentar soluções ao público visitante do maior evento de Telecomunicações da América Latina.

Leia mais sobre a participação da Abranet no Futurecom na cobertura especial no site da Abranet - www.abranet.org.br

22abranet.org.brnovembro . 2014

23abranet.org.br

novembro . 2014divulgação 23abranet.org.br

novembro . 2014

24abranet.org.brnovembro . 201424abranet.org.brnovembro . 2014

25abranet.org.br

novembro . 2014divulgação 25abranet.org.br

novembro . 2014

26abranet.org.brnovembro . 2014

CoNeXÃo

laNçadO Em dEZEmBrO dE 2013, o programa do governo do Paraná Rede399 visa, por meio de de-soneração fi scal, incentivar pe-quenos provedores de Internet a construírem e expandirem suas infraestruturas de telecomunica-ções. O objetivo é disseminar o uso de Internet banda larga nas cidades do Estado.

A meta é conectar 120 municípios e ter cem provedores engajados à Rede399. Atualmente, 140 provedores estão pré-inscritos, mas somente dez assinaram os termos de cooperação.

incentivos fiscais para isPs Do ParanÁ

Para participar, o provedor deve apresentar seu plano de trabalho à Secretaria Especial para As-suntos Estratégicos - SEAE e, se aprovado, poderá comprar produtos para a implantação da rede com 95% de diferimento do ICMS. É necessário que os produtos utilizados sejam fabricados no Paraná.

“A Rede399 abre uma janela de oportunidade para o pequeno provedor crescer onde as grandes operadoras, como GVT e Oi, não chegam”, desta-

cou o coordenador do programa Jeferson Pereira da Costa.

Além disto, os municípios estão abrindo processos licita-tórios para contratação de redes de comunicação. É uma chan-ce para provedores de Internet

criarem redes MPLS e fornecerem infraestrutu-ra de telecom às prefeituras. Estima-se que cada município gaste de R$ 1 a R$ 2 por mês por habi-tante com telecomunicações.

uma PEsQuisa patrocinada pela Amdocs e condu-zida pela Ovum e pela Coleman Parkes mostrou que as pessoas têm dado preferência a acionar as empre-sas por meio das redes sociais. Metade dos consumi-

dores entrevistados disseram que preferem usar plataformas como Twitter e Facebook para chegar ao seu prestador de serviços, em vez de ligar para a central de atendi-mento. Uma das justifi cativas é a falta de disponibilidade para falar com um atendente por telefone.

A necessidade de as empresas prestarem mais atenção à interação por meio das mídias sociais também fi ca evidente ao observar que 50% dos clientes afi rmaram que já tentaram

Consumidores preferem as MÍDias sociaisse comunicar com o seu prestador de serviços via mídias sociais, porém três quartos deles nunca receberam uma resposta ou resolução, deixando 80% deles frustrados e sem escolha, a não ser li-gar para o call center.

Com relação ao tempo de resposta nas redes so-ciais, 52% dos consumidores esperam um retorno dentro de 30 minutos após o contato, mas apenas 24% dos prestadores de serviços conseguem res-ponder às solicitações dentro desse período. Por fi m, 64% dos clientes afi rmam que estariam dis-postos a compartilhar sua identidade nas redes so-ciais com o prestador de serviços, em troca de um melhor atendimento, e 48% gostariam de receber ofertas personalizadas e relevantes via mídias so-ciais das empresas das quais eles são clientes.

27abranet.org.br

novembro . 2014

O GOvErNO aNuNciOu um PlaNO para garantir a migração total dos sistemas da administração pública para o IPv6, o novo protocolo de endereçamen-to na Internet, até setembro de 2018. A proposta prevê metas se-mestrais intermediárias, a começar em março do próximo ano, quando se espera a primeira conexão ativa à Internet com IPv6.

Para chegar ao Plano de Disseminação do Uso do IPv6, a Secretaria de Logística e TI (SLTI) do Ministério do Planejamento fez um levantamento em 55 órgãos — ministérios, agências reguladoras, institutos e fundações — e concluiu existirem avan-ços em infraestrutura, mas carência de expertise.

“Mesmo tendo estruturas físicas e lógicas internamente preparadas em suas redes locais e aplicações, poucos órgãos têm qualquer tipo de implementação do IPv6. O conhecimento e a qualifi cação dos profi ssionais para tratar com o protocolo são incipientes. Quase 90% dos órgãos participantes indicaram não possuir ações con-cretas”, apontou o estudo.

Nesse sentido, a primeira etapa consiste no acor-do de cooperação técnica com o NIC.br. Pelo menos quatro turmas, em um total de 160 servidores, serão treinadas até o fi m de 2014. A partir de então, eles atuarão como multiplicadores dentro da administra-ção federal, a fi m de assegurar “conhecimento téc-nico que garanta a tranquilidade dos gestores em TI em implementar as metas propostas.”

Mas há o que fazer em infraestrutura também. O plano destaca a adequação de equipamentos de

borda, switches, roteadores, fi rewalls, além da es-trutura lógica: aplicações, servidores e ferramen-tas de gerência e monitoramento da rede. Mesmo os contratos com provedores de acesso à Internet precisarão ser adaptados.

“Alguns órgãos necessitarão realizar contratações de links com a Internet com a exi-gência de entrega de blocos de endereçamento em IPv6 ou te-rão que realizar a adequação aos seus contratos para que contem-plem a mesma exigência. Como

muitos órgãos utilizam banda cor-porativa de Internet de empresas esta-

tais, tal atividade poderá ser feita de uma maneira mais tranquila e direta.”

Segundo as estimativas da SLTI, “mesmo com o porcentual reduzido de

implementações em IPv6, mais de um ter-ço dos órgãos já tem previsto em suas contra-

tações do serviço de link de acesso à Internet cor-porativa a entrega de endereços IPv6 válidos”. O plano também destaca o papel das estatais Serpro, Telebras e Dataprev, indicando que “as empresas parceiras no provimento de serviços de TI para o governo participarão mais ativamente nas três pri-meiras fases do processo de transição”.

Mesmo tendo estruturas físicas e lógicas internamente

preparadas em suas redes locais e aplicações, poucos órgãos têm qualquer tipo de implementação

do IPv6. O conhecimento e a qualifi cação dos profi ssionais

para tratar com o protocolo são incipientes. Quase 90% dos

órgãos participantes indicaram não possuir ações concretas

Governo quer acelerar migraçãoPara o iPv6

O GOvErNO aNuNciOu um PlaNOO GOvErNO aNuNciOu um PlaNO para garantir a migração total dos sistemas da

se espera a primeira conexão ativa à

porativa de Internet de empresas esta-tais, tal atividade poderá ser feita de uma

maneira mais tranquila e direta.”Segundo as estimativas da SLTI,

“mesmo com o porcentual reduzido de implementações em IPv6, mais de um ter-

28abranet.org.brnovembro . 2014

O Brasil EstÁ Em 73º luGar no ranking de conec-tividade com 198 países, com penetração de banda larga fi xa a cada grupo de cem habitantes de 10,1%, atrás do México (70º, com 11,1%), China (59º, com 13,6%), Rússia (50º, com 16,6%) e Uruguai (43ª, com 21,1%), revelou o estudo State of Broadband da União Internacional de Telecomunicações (UIT).

O levantamento mostrou que, apesar de o bra-sileiro ter mais acesso à banda larga móvel, na fi xa ainda há um grande gargalo. O estudo apontou ain-da que, apesar de o mercado brasileiro estar ligei-ramente acima da média de 9,4% entre 190 países, encontra-se muito distante de economias desenvol-vidas no topo da lista. Na primeira posição aparece Mônaco, com penetração de 44,7%, seguido de Suí-ça, com 43%, e Dinamarca, com 40,2%.

No recorte de penetração por residências so-

o gargalo da BanDa LarGa FiXamente de países em desenvolvimento, o Brasil fi cou em 34º, com 42,4%, logo atrás da China (43,9%), na 33ª posição. Nesse ranking, Argentina (53,9%) e Uruguai (52,7%) estão em 21º e 22º, respectiva-mente, enquanto o Chile está em 25º, com 49,6%.

O percentual de pessoas que utilizam a Internet (incluindo qualquer tipo de conexão) coloca o Bra-sil na 74ª posição, com 51,6%, índice semelhante ao de brasileiros conectados com a banda larga móvel. Aqui, o Brasil aparece, mais uma vez, atrás da Rús-sia (56º, com 61,4%), Argentina (60º, com 59,9%), Uruguai (65º, com 58,1%), Venezuela (68º, com 54,9%) e Colômbia (73º, com 51,7%).

A UIT estima que a região da América Latina e Caribe precisará de US$ 340 milhões para instalar redes de próxima geração, que deverão promover a expansão dos serviços de telecom.

NO aNO dE 2025, o mundo terá 100 bilhões de conexões, sendo que sensores inteligentes representarão 90% de-las. A projeção foi apresentada pela Huawei em seu estudo chamado Índice Global de Conectividade, que avaliou 25 países e dez indústrias, responsáveis por 78% do PIB global e por 68% da população mundial.

O aumento considerável no número de conexões até 2015 está diretamente ligado ao fato de mais empresas estarem na Internet. Ao impulsionar a conectividade, as companhias deixam seus processos mais ágeis, redu-zem custos e melhoram a efi ciência. É um gatilho para a inovação e faz com que elas movam o foco de uma In-

Sensores inteligentes levarão internet a 100 BiLHÕes De coneXÕes eM 2025

ternet de consumo dirigida para uma Internet industrial.“Estar conectado é o novo normal”, enfatizou

William Xu, chefe de Estratégia e Marketing da Huawei, durante sua apresentação no evento Hua-wei Cloud Congress 2014. Ele explicou que a Inter-net industrial é a base para a conexão entre pessoas e coisas. No entanto, este avanço traz desafi os. Do lado de quem demanda a conectividade, há necessi-dade de uma maior penetração de banda larga mó-vel e mais aplicativos. Já do lado dos fornecedores, os pontos críticos são a largura de banda e prover acesso a preços acessíveis.

29abranet.org.br

novembro . 2014

Abranet: Como funciona esta linha de crédito? Quais são as regras?> O objetivo da linha é apoiar MPMEs (Micro, Pequenas e Médias empresas com faturamento inferior a R$ 90 milhões no ano) inovadoras.> Para que a empresa seja entendida como inovadora, será exigido que ela ou tenha MPS.BR, ou esteja em um Parque Tecnológico, ou tenha recebido investimento de um fundo voltado para empresas inovadoras, ou participe do Sibratec, entre outras alternativas listadas no edital http://www.bndes.gov.br/mpmeinovadora> A taxa de juros é de 4% ao ano até dezembro de 2014.> O prazo de carência está acima do habitual das linhas do BNDES, podendo alcançar 48 meses.> A participação básica é de 90% dos itens fi nanciáveis.> Seu limite máximo é de R$ 10 milhões.> Quanto às garantias reais, demonstramos ao BNDES e ao banco/parceiro regional (no Sul, o BRDE e em São Paulo, a agência Desenvolve SP) a importância deste tema para empresas de base tecnológica. Este assunto será tratado caso a caso pelo banco/parceiro regional. O BNDES está disponibilizando o FGI (Fundo Garantidor para Investimentos) para fl exibilizar as garantias reais.> O fi nanciamento é para a empresa e não para um projeto específi co.> Um dos itens fi nanciáveis é a própria folha de pagamento voltada à pesquisa e desenvolvimento.

Abranet: A linha vale para qual porte de provedor de acesso à Internet (ISP)?Para empresas que faturam até 90 milhões. É importante observar que, caso a empresa pertença a um grupo, será considerado o faturamento do grupo.

Abranet: O que o provedor deve fazer para conseguir esta linha?Caso o provedor cumpra as exigências da linha e seja uma empresa inovadora, deve procurar o Desenvolve SP (parceiro regional em São Paulo) para iniciar o processo.

Abranet: Vale somente para São Paulo?A linha MPME Inovadora com estas condições é válida para o Estado de São Paulo e para a região Sul do País: Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

a assOciaçÃO BrasilEira das Empresas de Softwa-re (Abes) fi rmou parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a

Financiamento com taXas De 4% em São Paulo

Agência de Desenvolvimento Paulista (Desenvolve SP) para oferecer a linha de crédito MPME Inovado-ra, criada para apoiar o aumento da competitividade das micro, pequenas e médias empresas que inovam no setor de Tecnologia da Informação em São Paulo.

O objetivo é apoiar empresas com caracterís-ticas inovadoras e faturamento inferior a R$ 90 milhões no ano.

Para entender um pouco mais sobre como esta linha vai funcionar, a Abranet pediu a Jamile Saba-tini, diretora de Inovação e Fomento da Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES), para responder a algumas questões. Confi ra abaixo.

30abranet.org.brnovembro . 2014

a FuruKaWa EstÁ traBalHaNdO para aumentar o escopo de equipamentos nacionalizados, com o ob-jetivo de permitir que seus clientes tenham acesso a incentivos governamentais, como o Finame e o cartão BNDES. “As operadoras pequenas precisam de recursos. Com tecnologia nacional, nossos pro-dutos são elegíveis às linhas de fi nanciamento do governo”, explicou o presidente da companhia para a América Latina, Foad Shaikhzadeh.

A linha de crédito Finame já contempla cabos de fi bra óptica da Furukawa, ofere-cendo fi nanciamento com taxa de 4% e prazo de 96 meses no limite máximo de R$ 1,5 milhão por benefi ciário. De acordo com a empresa, cerca de 150 projetos foram apresentados no BNDES, tendo sido aprovados pouco mais de 40, totali-zando 4 mil km de cabos fornecidos.

Além dos cabos e componentes já fabricados no Brasil, a Furukawa anunciou que, até o fi m de 2015, pretende nacionalizar equipamentos de G-PON e E-PON. Já a produção de cabos multipar (cabo te-lefônico convencional) será interrompida. A expli-cação foi o alto número de fabricantes para pouca demanda. “Precisamos de espaço na fábrica para expansão. Nossa aposta é no mundo todo ‘fi brado´.”

O grupo japonês também escolheu a América Latina para começar a trabalhar a integração de suas várias tecnologias, com os componentes que asseguram maior velocidade na instalação de fi bra óptica. “No Brasil, as condições são estáveis e o vo-lume está crescendo, então, será o primeiro merca-do”, destacou o presidente.

Sobre a expansão para os países vizinhos, o exe-cutivo adiantou que a fábrica na Colômbia, que hoje

Furukawa amplia nacionalização de olhono FinaMe e no cartão BnDes

só produz cabos, passará a fabricar acessórios. A Ar-gentina também está em avaliação, mas Shaikhza-deh salientou que o atual momento daquele país não permite fazer investimentos desta natureza.

eXPectatiVasA Furukawa planeja fechar este ano com vendas

líquidas de R$ 638 milhões, graças principalmente à exportação. Em 2013, o montante foi de R$ 610

milhões. No plano trienal, con-tando com a operação plena na Colômbia, a meta é chegar à casa dos R$ 800 milhões com venda líquida no fi m de 2017.

“Imaginamos que o merca-do brasileiro vai voltar a crescer e que a demanda que se repri-

miu neste ano vai acontecer no ano que vem, porque ela existe”, comentou Foad Shaikhzadeh. Entre os mercados mais atingidos dentro da Furukawa está o setor elétrico, que representava 15% do volume de cabos ópticos e caiu para 5% em 2014. Mas a expec-tativa da empresa é que volte ao patamar anterior.

a jornalista roberta Prescott viajou a Foz de iguaçu para cobrir o Broadband Conference trade Show a convite da Furukawa.

“No Brasil, as condições são

estáveis e o volume está

crescendo, então, será o primeiro

mercado”

FoaD sHaikHzaDeHFurukawa

31abranet.org.br

novembro . 2014

32abranet.org.brnovembro . 2014