Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

68
BACALHAU de PARIS ACADEMIA EDIÇÃO N.º 2 - 2º SEMESTRE 2015 55 SOLIDARIEDADE: LES AMIS DU PLATEAU 49 ENTREVISTA: PEDRO LOURTIE 28 OFICIALIZAÇÕES: RIBATEJO E NELSRUIT Durban: Saiba tudo sobre o Congresso de 2015 20

description

Revista semestral da Academia do Bacalhau de Paris. Edição nº 2 - Dez 2015

Transcript of Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

Page 1: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

BACALHAU de PARISACADEMIA

EDIÇÃO N.º 2 - 2º SEMESTRE 2015

55SOLIDARIEDADE:

LES AMIS DU PLATEAU

49ENTREVISTA:

PEDRO LOURTIE

28OFICIALIZAÇÕES:

RIBATEJO E NELSRUIT

Durban: Saiba tudo sobre o

Congresso de 2015 20

Page 2: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

HIN

O

DA

S A

CA

DE

MIA

S D

O B

AC

ALH

AU REFRÃO

Caminhamos confiantesSomos todos tripulantesDa mesma nauQue é vista com simpatiaE se chama AcademiaDo BacalhauVamos compadres, comadresQ'esta nossa AcademiaJá tem raízesLevamos a nau ao portoPara dar algum confortoAos infelizes

VERSO1

Temos por símbolo o badaloQue toca repenicandoQuando alguém quiser falarPõe-se o badalo a tocarFicando o resto caladoTambém temos a gravataC'um bacalhau estampadoSe és amigo de verdadeE quiseres ser compadreCom ela és condecorado REPETE O REFRÃO 

VERSO 2

E quando nos reunimosNum jantar de amizadeTomamos a ocasiãoDe fazer algum tostãoPara dar a caridadeE a meio do repastoVai acima e vai abaixoÉ um acto bem distintoBrindamos com vinho tintoO gavião de penacho REPETE O REFRÃO

Pode entrar em contato com a Academia do Bacalhau de Paris aqui:

9, rue Saint-Florentin, 75008 Paris

www.bacalhau.fr

(0033) 7 81 19 57 10

www.facebook.com/academiabacalhauparis

Twitter: @abacalhauparis

CONTATOS

Page 3: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

3

ÍNDICE

13

20

45

53

36

05. Editorial

06. Histórico Academia do Bacalhau de Paris08. Jantares11. Memórias 13. Eventos18. Apadrinhamentos

20. Congressos24. Academias Afilhadas 26. Outras Academias28. Oficializações

Apoios Recentes . 30O que é feito deles? . 36

45. Depoimentos de compadres49. Entrevista Pedro Lourtie

Entrevista João Costa Ferreira .51Folclore .53

Les Amis du Plateau .55Tempo, Fogo e Memória .57

As Mil e Uma Noites .59Breves .60

Os Judeus portugueses .62

ACADEMIA DO BACALHAU DE PARIS

ACADEMIAS DO BACALHAU

SOLIDARIEDADE

COMPADRES E COMADRES

RECEITA

CULTURA

64. Receita66. Passatempos64

Page 4: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2
Page 5: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

5ACADEMIA DO BACALHAU DE PARIS

uitos pensaram ser um sonho im-possível. Mas aqui está a prova em con-trário. A primeira edição da revista da Academia do Bacalhau de Paris foi um sucesso e, por isso, este segundo nú-mero segue-se como uma manifestação natural de um trabalho sustentado e planeado. A primeira revista da Academia do Ba-calhau de Paris foi lançada no fim de maio, na Festa Franco-Portuguesa de Pontault-Combault. Muitos compadres viram-na pela primeira vez na gala que fizemos no Santuário de Nossa Senhora de Fátima, no início de junho. E a revista ganhou ainda maior dimensão na Festa da Rádio Alfa onde estiveram presentes 25 mil pessoas, entre as quais persona-lidades políticas de destaque, que viram a nossa revista.A revista é a voz da Academia do Ba-calhau de Paris. E a nossa voz tem-se feito ouvir um pouco por todo o lado. À direção chegaram elogios ao trabalho aqui desenvolvido tanto por parte de compadres como de amigos ou até de entidades oficiais e das empresas que apostaram na nossa revista para fazer comunicação publicitária. A opinião ge-ral é positiva e os incentivos são muitos. Tudo isto nos dá a convicção de estar-mos a caminhar no bom sentido. No entanto, e apesar dos comentários positivos, em ambas as edições temo-nos debatido com um problema claro: a pouca motivação de algumas pessoas para colaborar connosco. Esta revista é realizada por uma equipa mas é fei-ta com base naquilo que os compadres têm para dizer – nas suas opiniões, ex-petativas, feitos e ideias. Por isso, deixo o apelo a que, não só respondam positi-

vamente quando forem solicitados a cola-borar, mas que também se voluntariem e contribuam para tornar esta revista cada vez mais uma voz forte de todos os com-padres da Academia do Bacalhau.Esta voz pode fazer a diferença. Numa al-tura em que diariamente nos debatemos com uma crise de valores a nível mundial, as ações de um grupo de amigos reunidos em torno da portugalidade e da solida-riedade podem ser de uma importância considerável na vida de muitas pessoas e instituições que se cruzam connosco.É também por isso que vejo com imensa alegria o crescimento constante do nos-so movimento. Temos duas novas Aca-demias, Ribatejo e Nelspruit, que se vêm enquadrar neste espírito inegualável que é o das Academias do Bacalhau. Um es-pírito bem evidente no último Congres-so Mundial das Academias do Bacalhau, que decorreu em outubro, em Durban. Um evento extraordinário no país que viu nascer este movimento e onde, mais uma vez se comprovou a pujança das nossas Academias. Para o ano há mais. Entretanto, cá por Paris, vamos tentar continuar a desenvol-ver o trabalho que temos feito até agora. Queremos continuar a ser uma Academia de destaque e um farol para outras tertú-lias através de ideias e projetos inovado-res e impactantes. Aproveitando o espírito da época, desejo a todos umas excelentes festas e faço vo-tos de que 2016 vos sorria a todos. Que seja mais um ano em que, todos juntos, façamos a diferença.

Um Gavião de Penacho,Carlos Ferreira

O Sonho continua!CARLOS FERREIRAPRESIDENTE DA ACADEMIA DO BACALHAU DE PARIS

EDIT

OR

IAL

M

Page 6: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

6 ACADEMIA DO BACALHAU DE PARIS

Um belo dia, ou melhor, uma bela noite, a uma sexta-feira, o grupo dos Amigos do Bacalhau juntou-se para conviver e sa-borear mais um repasto, preparado com esmero pelo nosso amigo Albert. Claro, ao aperitivo e ao digestivo nunca faltava o famoso  “gelo”, assim chamado pois ao whiskey servido sempre generosamente nunca faltavam as pedras de gelo! Para alguns de nós servia de argumento para mais um trago... Acontece que nesse jan-tar, o já falecido Albert não esteve pre-sente no momento de pagarmos o repas-to, a conta foi-nos apresentada pela sua colaboradora, uma ainda relativamente jovem francesa desprovida de sensibilida-de comercial alguma, de tal maneira que o montante da fatura, especialmente o whiskey foi debitado a um preço tal que se poderia considerar usurário! A partir daí, fi cou logo decidido e combinado que nun-ca mais lá iríamos jantar enquanto grupo Amigos do Bacalhau! Começámos então a ir jantar a outros restaurantes portu-gueses, mas a maioria dos jantares passa-ram a ter lugar no Beirão, em Saint-Ouen, onde o nosso amigo Alfredo Teixeira, mais tarde nosso compadre e meu afi lhado, nos recebeu e acarinhou sempre com muita amizade e profi ssionalismo. Em determi-nada altura, o agora compadre e grande amigo João Teixeira, na época diretor co-

mercial da Caixa Geral de Depositos em Paris, começou a ser convidado, entre outros, pelo saudoso José Pereira para os nossos jantares.Foi a partir daí que ele nos disse que este grupo Amigos do Bacalhau era pa-recido ou fazia lembrar as Academias do Bacalhau existentes no mundo, so-bretudo a de Lisboa que ele conhecia melhor! Claro, nós nem sonhávamos com essa existencia nem fazíamos ideia dos estatutos, etc.Houve contatos através do João Teixei-ra e de um outro amigo, o Dr. Moreira de Castro, que era compadre da Academia de Lisboa, que se colocou logo à inteira disposição e muita interessado em aju-dar-nos a conhecer as Academias, o seu espírito, regras, etc.

Continua...

Um Gavião de Penacho!

AC

AD

EM

IA D

O B

AC

ALH

AU

DE

PA

RIS

H

IST

ÓR

ICO

A nossa origem foi assim... (continuação)

POR ROGÉRIO VIEIRA

Page 7: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2
Page 8: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

8 ACADEMIA DO BACALHAU DE PARIS

JANTARES

O jantar de maio da Academia do Bacalhau de Paris (ABP) realizou-se em casa de um compadre: no restaurante A Ponte, em Suresnes, de Manuel Moreira. Aí se reuniram mais de 70 compadres, a 20 de maio, para, mais uma vez, por em prática os valores da amizade, portugalidade e solidariedade.Num ambiente intimista, os presen-tes fortaleceram os laços de amizade através do convívio, de anedotas, jo-gos e música. O carrasco do evento, José Dias, contribuiu com o seu bom humor para animar a noite. E José Ho-nório foi oficialmente acolhido no seio da Academia, ao ser apadrinhado pelo anfitrião, Manuel Moreira. Durante o evento, foram ainda apresentadas as contas relativas ao primeiro trimestre de 2015. A refeição começou com pipis do che-fe Moreira e terminou com um pudim caseiro. Pelo meio, os compadres degustaram uma paella da casa e foram convidados a participar num jogo que consistia em completar uma lista com os ingredientes utilizados na confeção do prato. O vencedor conquistou dois almoços gratuitos no restaurante O Lisboa, que pertence a outro compadre da ABP. O restaurante A Ponte nasceu em 2005, pela mão do compadre Manuel Moreira. Inicialmente, tinha um chefe mas ao fim de algum tempo foi o próprio Manuel Moreira que tomou conta da cozinha - «  e ainda bem!  », dirão muitos dos que passam no restaurante. Não tem formação mas tem gosto, muito gos-to por aquilo que faz, e isso sente-se a cada garfada. A repetir num jantar da Academia, mais tarde ou mais cedo.

Compadres reunem-se n’A Ponte

No dia 6 de junho de 2015, a Academia do Bacalhau de Paris (ABP) realizou a sua grande gala anual. O evento teve lugar no Santuário de Nossa Senhora de Fátima, em Paris, e contou com mais de 250 pessoas, que encheram a sala e aju-daram a fazer desta noite um sucesso.A soirée contou com a atuação de Luís Filipe Reis, que durante cerca de uma hora animou o público com uma seleção de temas que percorreram os seus 25 anos de carreira e que incluíram músi-cas mais recentes mas também êxitos como “Minha Santa Mãe” ou ainda o seu primeiro sucesso, “Olé do Cigano”. O ar-tista atuou sem cobrar cachet de forma a, também ele, contribuir paa a vertente solidária das Academias do Bacalhau.O objetivo do jantar era angariar fundos para doar ao Santuário e ajudar na cons-trução de acessos para pessoas com de-ficiência. Assim, um grupo de pessoas ligadas ao Santuário, encabeçado pela também comadre Maria Emília Pinto, disponibilizou-se para organizar a noite. O jantar foi preparado por estes volun-tários e confeccionado com ingredien-tes doados por vários compadres. Na ementa não faltou o bacalhau, desta vez acompanhado de bróculos e batatas. Os fundos angariados no jantar aumen-taram ainda com o leilão de duas cami-solas: uma do Sporting Clube de Portu-gal e outra do US Lusitanos Saint-Maur, ambas assinadas pelos jogadores.O jantar de gala da ABP contou com a presença do reitor do Santuário, Nuno Aurélio, do deputado – e compadre - Carlos Alberto Gonçalves, e da Miss Portugal Zita Oliveira, que veio de Portugal a convite da Caixa Geral de Depósitos.

Gala ABP: sucesso no apoio ao Santuário

Page 9: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

9ACADEMIA DO BACALHAU DE PARIS

O jantar de setembro da Academia do Bacalhau de Paris (ABP) assinalou os 17 anos desta tertúlia. Oficializada em 1998, a ABP tornou-se a 22ª Academia no mun-do e a primeira na Europa fora de Portu-gal. Para festejar a data, cerca de 80 com-padres reuniram-se no restaurante Les Jardins de Montesson (78) na sexta-feira, 18 de setembro.Num ambiente acolhedor e descontraí-do, o convívio contou com a presença de dez compadres da academia afilhada de Rouen, que trouxeram um presente para o aniversário da madrinha: uma máquina de selos brancos que permitirá a oficiali-zação de documentos da Academia.A tertúlia de Rouen trouxe ainda dois re-lógios que se juntaram a uma enorme gar-rafa de vinho oferecida pelo restaurante e que serviram para a realização de uma tômbola, o que permitiu uma maior anga-riação de fundos – recorde-se que os fun-dos recolhidos se destinam ao apoio de ações solidárias.A noite foi animada pela cantora Guada-lupe Conceição que, ao som de músicas tradicionais portuguesas e francesas, pos os compadres a dançar. A cultura esteve também presente através do convidado José Coêlho, mestre escultor, que se en-contrava em Paris para a inauguração da sua exposição “Tempo, Fogo e Memória” no Consulado Geral de Portugal.A noite terminou ao som dos “Parabéns a Você”entoados por Luís Filipe Reis, que marcou presença no jantar. O cantor foi acompanhado pelo coro dos 80 compa-dres presentes. O bolo de aniversário foi gentilmente oferecido pelo restaurante.

ABP comemora 17 anos

Page 10: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

10 ACADEMIA DO BACALHAU DE PARIS

O jantar de outubro da Academia do Bacalhau de Paris aconteceu dia 9 no Le Bistrot de Physalis. Aí, foi anunciada uma novidade aos cerca de 50 compa-dres presentes: a ABP participará numa emissão radiofónica da France Culture, em data ainda a definir.Isto porque o convidado de honra da noite foi Mário de Castro, jornalista e autor de “Portugal: a cozinha da minha mãe”, um livro de receitas que evoca as origens do escritor radicado em França há mais de trinta anos.A representar a ABP nessa emissão estarão os compadres Filipe Alves e Antónia Gonçalves, esta última uma referência da gastronomia portuguesa em França, estando à frente da famosa Pastelaria Canelas. Neste jantar foi também apresenta-da a renovação do projeto Roupa Sem Fronteiras. Organizado pela ABP há três anos consecutivos, com o apoio da Caixa Geral de Depósitos, este ano a iniciativa contará também com a cola-boração da Santa Casa da Misericórdia de Paris. Foi feito um apelo aos compa-dres para que doem roupas e géneros alimentares de longa validade, a ser depois distribuídos a pessoas necessi-tadas em Portugal e em França. Valdemar Francisco, compadre da ABP e líder dos “Amis du Plateau”, movi-mento que está a organizar um monu-mento de homenagem e ao maire Louis Talamoni em Champigny-sur-Marne, convidou os compadres a participar no projeto. O evento serviu ainda para se fazer um balanço da participação da Academia do Bacalhau de Paris na corrida soli-dária organizada pela Santa Casa no passado dia 4 de outubro. Apesar de o evento ter contado com poucos compa-dres, o ambiente foi convivial e muito positivo.Na noite de 9 de outubro, Flávia Rocha foi também apresentada como a nova secretária oficial da Academia do Ba-calhau de Paris, passando a ser remu-nerada pelo seu trabalho na ABP. No entanto, Diana Bernardo continuará encarregue pela revista, como já havia sido anunciado no jantar anterior.

ABP anunciou participação em emissão da France Culture

Os compadres da Academia do Bacalhau de Paris reuniram-se para mais um jantar mensal, a 6 de novembro, no restaurante Le Buçaco, em Saint-Maur-des-Fossés. A noite contou com 90 pessoas presentes, entre as quais se contou Paulo Neves Po-cinho, o novo Cônsul-Geral de Portugal em Paris e também compadre da Acade-mia do Bacalhau de New Jersey.No jantar foi anunciado que a ABP par-

Novembro: 1º jantar após Congresso

ticipará numa emissão da France Cul-ture intitulada “Não se fala com a boca cheia”, emitida dia 15 de novembro. O programa aborda a história do bacalhau ao longo do tempo. O bacalhau está em destaque também no Musée Marine, no Trocadero, até junho de 2016, numa ex-posição que mostra a forma e evolução da pesca do bacalhau. Foi uma noite animada, onde os compa-dres contaram anedotas e adivinhas e jogaram um jogo que consistia em des-cobrir o vinho que estavam a beber à refeição. Filipe Alves foi o vencedor do jogo. O vinho foi, aliás, oferecido pela comadre Élia Bemposta, proprietária do Supermercado Ibérico. Mesmo de-pois de concluída a tertúlia, os compa-dres continuaram a cantar e animaram o restaurante.O jantar de 6 de novembro foi o primei-ro após o 44º Congresso Mundial das Academias do Bacalhau, que teve lugar em Durban, na África do Sul, de 30 de outubro a 1 de novembro. No congresso estiveram presentes cerca de 350 com-padres oriundos de 23 Academias.

Page 11: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

11ACADEMIA DO BACALHAU DE PARIS

MEMÓRIAS

Foi a 5 de abril de 2013 que a Academia do Bacalhau de Paris teve a honra de organizar um dos seus jantares-tertú-lia no Café Grévin, à entrada do célebre Museu Grévin, um dos museus de cera mais antigos da Europa. O Café Grévin é uma porta aberta para os “Grands Boulevards” que, citando Balzac, “estão para Paris como o Grande Canal esteve para Veneza”. O convívio contou com aproximada-mente cem pessoas que se envolveram na magia das máscaras, dos espelhos e das imagens projetadas pelo Café Gré-vin. A ementa contou com um prato de morue precedido de uma salada gulo-sa com foie gras e terminou com um fondant au chocolat. Uma ementa que soube unir a Portugalidade e o caráter francês propor cionado pela localiza-ção central em Paris.Durante o jantar realizou-se o “jogo dos vinhos”, que a Academia do Bacalhau de Paris realizou em diversos jantares nessa altura. O jogo arrecadou 235€, aos quais se juntaram 650€ consegui-dos com uma tômbola e as verbas foram depois dirigidas, como habitualmente, para a vertente solidária da Academia.Este foi um verdadeiro jantar-tertúlia. Dois temas animaram a noite, nomea-damente “Reforma em que país? No de origem ou no de acolhimento?” e “Os

Academia do Bacalhau jantou no Café Grévin

estereótipos no cinema são sempre bem recebidos?”, fazendo eco ao filme que es-treava nessa altura, “La Cage Dorée”. Os compadres presentes foram dando as suas opiniões sobre os temas, gerando um animado debate de ideias.Esta foi também uma noite que contou com o apadrinhamento de dois novos compadres: Claude Pinto (apadrinhado por Fernand Lopes) e Jorge dos Santos, que teve como padrinho Carlos Vinhas Pereira.O Museu Grévin nasceu no final do sécu-lo XIX com uma ideia do jornalista Arthur Meyer, fundador do diário Le Gaulois. Numa época em que as fotografias eram ainda pouco utilizadas na imprensa, Me-yer quis dar aos seus leitores a possibili-dade de atribuirem um rosto às persona-lidades que eram frequentemente citadas no seu jornal. Para isso, solicitou a ajuda de Alfred Grévin, artista, que se investiu de tal forma neste projeto que acabou por lhe dar o nome. Grévin criou estas pes-soas em três dimensões e o museu abriu portas pela primeira vez a 5 de junho de 1882, com sucesso imediato. Em 2013, o Museu Grévin expandiu-se para Montréal (Canadá), em 2014 para Praga (República Checa) e em 2015 para Seul (Coreia do Sul). Adjacente ao museu, em Paris, fica o sumptuoso café onde se realizou o jantar da Academia do Bacalhau.

Nota: Nesta rúbrica lembramos jantares antigos e emblemáticos levados a cabo pela Academia do Bacalhau de Paris.

Page 12: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

12 ACADEMIA DO BACALHAU DE PARIS

Page 13: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

13ACADEMIA DO BACALHAU DE PARIS

EVEN

TO

S

A 40ª Festa Franco-Portuguesa de Pon-tault-Combault, a 23 e 24 de maio, foi ocasião para o lançamento da revista oficial da Academia do Bacalhau de Pa-ris. Pela primeira vez, a revista esteve à disposição de compadres e curiosos, que puderam finalmente ver as 64 pági-nas de conteúdos sobre as atividades da Academia nos últimos anos.A revista serviu como ponto de parti-da para conversas entre os compadres presentes no stand da ABP e as muitas pessoas que se aproximaram do mesmo, com vista a saber mais sobre a associa-ção. “Muitas das pessoas que aqui vêm não sabem o que é a Academia do Ba-calhau”, explica a comadre Maria Emília Pinto, que esteve em permanência no stand. “Mas nós explicamos, falamos do próximo evento (o jantar de gala de 6 de junho), e até já recebemos bastantes inscrições”.Este desconhecimento em relação à Academia do Bacalhau faz-se sentir quando se fala com as pessoas que se aglomeram à volta do stand. “Pensava que era uma espécie de confraria, que as pessoas se juntavam para comer bacalhau”, diz Tânia, 24 anos. Os dois amigos que lhe fazem companhia con-firmam: “Nunca tínhamos ouvido falar mas ao ver o nome pareceu-nos ser uma associação gastronómica”.Os dois dias de festa, que levaram a Pon-tault-Combault cerca de 40 mil pessoas, serviram assim para se por em prática um dos objetivos da presença da Aca-demia do Bacalhau de Paris no evento: divulgar o nome e as atividades da as-sociação junto de um grande número de pessoas. Para isso contribuiram alguns compadres que se disponibilizaram para estar presentes no stand ao longo do fim-de-semana.A festa de Pontault-Combault de 2015 contou com atuações de artistas de renome como Xutos e Pontapés, Tony Carreira, Zé Amaro ou Renan Luce.

Pontault--Combault: lançamento da revista ABP

Page 14: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

14 ACADEMIA DO BACALHAU DE PARIS

Foi a enchente habitual: no domin-go, 14 de junho, reuniram-se na Base de Loisirs de Créteil cerca de 25 mil pessoas para a Festa dos San-tos Populares organizada pela Rádio Alfa. Há 26 anos que se realiza este evento, uma das maiores expressões culturais da comunidade portugue-sa no estrangeiro. A Academia do Bacalhau de Paris marcou presença pelo segundo ano consecutivo, com um stand onde disponibilizava infor-mações sobre a sua história e onde distribuia a revista oficial.Pelo recinto passaram milhares de anónimos mas também algumas figuras destacadas da política por-tuguesa e francesa. António Costa, secretário-geral do PS, chegou à festa ao início da tarde e visitou os stands das empresas e instituições ali presentes, incluindo o da ABP. O político português estava acompa-nhado pelo Secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, pelo Presidente da Assembleia Francesa, Clauda Bartolone, pelo deputado socialista eleito pelo círculo da Eu-ropa, Paulo Pisco, pelo vereador da Câmara de Paris, Hermano Sanches, bem como por outros políticos lo-cais, portugueses e lusodescenden-tes.Ao longo do dia, estiveram no stand da ABP vários compadres que se vo-luntariaram para dar a conhecer as atividades da Academia às muitas pessoas que ali se dirigiram. A festa contou com as atuações de Pedro Abrunhosa, Miguel Ângelo, David Carreira, Augusto Canário e Roberto Leal.

Festa da Rádio Alfa: 25 mil pessoas em Créteil

Page 15: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

15ACADEMIA DO BACALHAU DE PARIS

A Academia do Bacalhau de Paris (ABP) realizou o seu 3º Torneio de Golfe no dia 29 de maio, em Ormes-son-sur-Marne. O evento contou com 50 jogadores, entre compadres e amigos, e desenrolou-se ao longo de uma tarde de céu cinzento que terminou com um animado cocktail e com a entrega de prémios. Como habitualmente, os fundos angaria-dos destinam-se a por em prática a solidariedade.Os jogadores foram divididos em três categorias: senhoras, série 1 homens e série 2 homens. Os vence-dores de cada categoria receberam uma semana de férias no Algarve, os segundos lugares um fim-de-sema-na no mesmo local e os terceiros re-ceberam um voucher de 150 euros válido para green fees em qualquer clube de golfe.O evento foi patrocinado pela Caixa Geral de Depósitos e teve também o apoio da Garvetur e da Fidelidade na atribuição dos prémios.Este terceiro torneio vem na se-quência de um realizado em maio de 2014 também no Golf d’Ormesson e de outro que teve lugar em Vila-moura, em agosto.

50 jogadores no 3º Torneio de Golfe ABP

À semelhança do ano passado, o evento deste ano também se dividiu em duas partes: um torneio de golfe e um jan-tar. O torneio – o quarto realizado pela ABP e o segundo no Oceânico Golf de Vilamoura – começou pelas 8h00, ten-do contado com 28 jogadores, entre compadres e amigos. Realizado no Old Course do Oceânico Golf, um dos mais prestigiados do país, proporcionou aos participantes uma experiência única que aliou o desporto com a natureza.Pelas 20h30 realizou-se o jantar, que contou com cerca de 120 pessoas e teve lugar no Mercado de Loulé. Idea-lizado pelo arquiteto Mota Gomes e projectado no final do século XIX, esta foi a obra arquitetónica mais marcante da primeira década do século XX, no Concelho de Loulé. Construído num estilo neo-árabe inserido na corrente artística da Arte Nova, com quatro pa-vilhões e quatro portões, pretendeu-se que, com a sua magnitude, o mercado simbolizasse a dimensão e prosperida-de do concelho. Hoje em dia, é palco de inúmeras atividades e eventos, entre os quais se destaca a Feira do Chocolate.

ABP: tradicional evento de 15 de agosto no Algarve

LISTA DE VENCEDORES:

Série 1 Homens:1º - Aires DE ABREU MENDES2º - Manuel JORGE3º - Michel DOS SANTOS

Série 2 Homens:1º - Paul LOPES2º - Pedro NORONHA3º - Albano TAVARES

Série Senhoras:1º - Olívia JORGE2º - Célia DOS SANTOS3º - Lucinda DE ABREU MENDES

Melhor drive homem: Carlos GONÇALVESMelhor drive senhora: Olívia JORGEMelhor approche homem: Francisco DA CUNHAMelhor approche senhora: Christina SOARES

Joagador mais honesto: Bruno DA COSTA

Já é tradição. A 15 de agosto, aproveitando as férias de muitos compadres pelo sul de Portugal, a Academia do Bacalhau de Paris organiza aí um evento que une compadres em torno da amizade, solidariedade e, principalmente, da portugalidade

“O torneio realizou-se no Old Course do Oceânico Golf, um dos mais prestigiados do país”

Page 16: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

16 ACADEMIA DO BACALHAU DE PARIS

Pondo em prática a vertente soli-dária das Academias do Bacalhau, o evento serviu também para se apoiar duas associações locais, a Casa da Primeira Infância de Loulé e a ASCA. A primeira foi criada em 1945, com o objetivo de proteger, amparar, alimentar e tratar da saú-de de crianças pobres, enquanto as mães se ausentavam por motivos de trabalho. Já a ASCA – Associação Social e Cultural de Almancil – tem como objetivo a promoção de dife-rentes grupos etários de Almancil no que diz respeito aos aspetos so-ciais, económicos, culturais e des-portivos. A ABP atribuiu a cada uma das associações um donativo de dois mil euros, que as apoiará no desen-volvimento das suas atividades.

O apoio a estas associações só foi possível graças a todas as entidades que apoiaram a ABP na realização deste evento, entre as quais se des-taca a Garvetur, parceira da ABP na organização. A Academia do Baca-lhau de Paris gostaria também de agradecer a todos os compadres que contribuiram em termos financeiros ou com o seu trabalho, assim como a todas as entidades que oferece-ram prémios para os vencedores do torneio de golfe, nomeadamente os hotéis Dona Filipa, Alísios, D. Pedro, Penina, Hilton, Tivoli Victoria, Tivoli Marina, Vila Galé e as empresas Vi-sacar, 7Spa e Lendário Restaurante & Bar.

Foi a 4 de outubro de 2015 que a Santa Casa da Misericórdia de Paris (SCMP) organizou mais uma edição da Corrida da Solidariedade. O even-to decorreu no Domain de la Cour Roland, em Jouy-en-Josas (78) e teve como objetivo angariar fundos para apoiar famílias carenciadas. A Academia do Bacalhau de Paris (ABP) mobilizou-se para levar compa-dres e amigos a participar na corrida e apresentou-se com uma equipa de cerca de 30 pessoas que se junta-ram ao evento pondo em evidência os valores solidários que norteiam as Academias. Os participantes podiam competir numa de três modalidades:

ABP corre pela Santa Casa

4kms de marcha, 4kms de corrida ou 8kms de corrida.Fernanda Ribeiro foi a madrinha da Corrida da Solidariedade. A atleta, campeã olímpica, deslocou-se a Pa-ris para apoiar uma causa que con-sidera nobre: “Honra-me muito ser madrinha deste evento. É muito no-bre estar aqui por uma causa muito importante, para ajudar as pessoas que têm necessidade, e muitas delas até têm vergonha de pedir”, disse a atleta em declarações ao Lusojornal. Já o provedor da SCMP, o também compadre da ABP Joaquim Sousa, agradeceu aos participantes, a Fer-nanda Ribeiro e a todos os que con-tribuíram para que a corrida tivesse lugar. “Gostaríamos sempre de ter mais participantes mas estamos contentes com o ambiente desta corrida”, declarou ao Lusojornal.Após a corrida, houve espaço para atuações musicais de três artistas, folclore e um lanche em conjunto.

“ABP apoiou a Casa da Primeira Infância e a ASCA”

Page 17: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2
Page 18: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

18 ACADEMIA DO BACALHAU DE PARIS

APA

DR

INH

AM

ENTO

SA

PAD

RIN

HA

DO

S R

EC

EN

TE

ME

NT

E

José Honório1 julho 2015Padrinho: Manuel Moreira

“Quatro anos estão volvidos após o meu primeiro jantar no seio da Academia do Bacalhau de Paris. Na altura,   foi esco-lhido  para o encontro  o restraurante “A Ponte”. Criada em 1998, é para nós digno de res-peito e humildade todo o trabalho e pro-jetos levados a cabo pelos membros da di-reção da Academia, pelos seus compadres e comadres.  Foi todo este trabalho já realizado, que vem ao  encontro da minha maneira de ser e de estar na vida, que me levou e incen-tivou a fazer parte da Academia do Baca-lhau de Paris, da qual sou hoje compadre.   Se aqui estou, devo-o igualmente ao meu padrinho e compadre, Manuel Moreira. Os meus agradecimentos. O meu bem haja a Manuel Moreira por ser para nós um exemplo daquilo que deve ser a ma-neira de promover as raízes que nos ligam a Portugal, uma certa ideia da solidarida-de e amizade, pilares fundamentais   da Academia do Bacalhau.É meu proposito promover esta institui-ção, de que me honro fazer parte, assim como conservar o mais possivel este es-pírito.Um Gavião de Penacho”  

Se conhecer algum compadre ou comadre da ABP, entre em contato com ele/a e peça-lhe informações sobre os próximos eventos. Acompanhar essa pessoa num evento é uma boa ideia, de maneira a poder inteirar-se do espíri-to das Academias e perceber o tipo de eventos organizados pela Academia do Bacalhau de Paris.

Se não conhecer nenhum compadre ou comadre da ABP, entre em contato connosco através de nosso telemóvel ou email demonstrando o seu interesse em fazer parte da Academia.

Se há alguém em específico que quer para seu padrinho ou madrinha, fale com essa pessoa. Se não, entre em contato connosco e atribuir-lhe-emos um.

Preencha uma ficha de inscrição (a solicitar num dos eventos).

Compareça em três eventos conse-cutivos ou em cinco eventos não conse-cutivos num espaço de seis meses.

Após a passo anterior, agendaremoso dia do seu apadrinhamento.

Chegou ao fim do processo. Ago-ra prepare a voz porque no dia do seu apadrinhamento vai ser-lhe pedido que lance um Gavião de Penacho!

COMO TORNAR-SE COMPADRE?

Quer tornar-se compadre da Academia do Bacalhau de Paris mas não sabe como o fazer? É simples!

Page 19: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2
Page 20: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

20 ACADEMIAS DO BACALHAU

ao Ushaka Marine World, por exem-plo. Mas foi na sexta-feira, dia 30, ao por-do-sol que se declarou oficial-mente aberto o Congresso. Foi aí que os compadres se juntaram todos pela primeira vez e debateram a agenda do congresso. À noite houve uma re-ceção com jantar volante e demons-tração de danças locais, de maneira a dar a conhecer a cultura do país aos visitantes.

CONGRESSOSCongresso 2015:Amizade Sem Fronteiras

“Congresso Amizade Sem Frontei-ras” – foi este o nome com que foi batizado o XLIV Congresso Mun-dial das Academias do Bacalhau, realizado em Durban, na África do Sul, entre os dias 30 de outubro e 1 de novembro. O evento reuniu cer-ca de 350 compadres e comadres oriundos de 23 Academias de diver-sos continentes. A Academia do Ba-calhau de Paris fez-se representar com 18 compadres.

Os compadres foram chegando nos dias anteriores à abertura oficial. Al-guns já estavam no país para a inau-guração da Academia de Nelspruit e foram participando em jogos de golfe, visitas a reservas de caça ou

O sábado foi dia de debate entre os compadres. Cada compadre presi-dente apresentou aos outros a sua academia e as atividades que desen-volveram desde o último congresso (que, recorde-se, realizou-se em outubro de 2014 em New Jersey, EUA). Após a apresentação, seguiu-se então a apresentação de propos-tas e a votação das mesmas – umas foram aprovadas, outras ideias caí-ram por terra.

As opiniões divergiram nalguns as-petos mas, segundo António Ricota Freire, compadre e embaixador de Portugal na África do Sul, “congres-so onde não haja problemas, não serve para nada”. “Defendo muito a

“A Academia do Bacalhau de Paris fez-se representar com 18 compadres”

Page 21: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

21ACADEMIAS DO BACALHAU

com alguns compadres presidentes. Simplesmente não respondem”.Com o fim do congresso a aproxi-mar-se, o balanço era positivo. “As Academias do Bacalhau têm uma dupla função: os portugueses jun-tam-se em torno de um ambiente português e, ao mesmo tempo, fa-zem-no de forma altruísta, ajudando a comunidade. Acho que desempe-nham um papel fundamental”, asse-gura Ricota Freire.

O congresso terminou no domin-go, 1 de novembro, com uma missa à qual se seguiu a reunião dos con-gressistas. O almoço de despedida foi realizado no Clube Português. Para o ano há mais.

liberdade que deve assistir a cada Academia para viver os valores co-muns. Um congresso é um momen-to de amizade e de partilha mas também é um momento de tensão”, acrescenta, considerando este con-fronto como “muito positivo”.Também Gilberto Martins, presi-dente da direção do Lar de Santa Isabel, na África do Sul, considera que “importante é a troca de ideias e perceber o que se passa nos outros países. É importante vermos, por exemplo, como é que a Academia de Paris consegue angariar fundos para fazer a revista que nos apresentou aqui. Foi a primeira que vi com qua-lidade e deixo já os meus parabéns à ABP”.

Apesar do sucesso, os compadres sul-africanos esperavam uma afluência maior: “estava à espera de mais ade-

rência ao Congresso. Mas entendo que é um destino fora de mão e há a questão de as pessoas considerarem a África do Sul um país pouco segu-ro”, revela em entrevista José Manuel Sampaio, antigo presidente da Acade-mia-Mãe.

De destacar ainda a ausência no con-gresso de Durval Marques devido a questões familiares. Durval Marques é um dos quatro membros fundado-res da Academia-Mãe e compadre honorário de todas as Academias. Es-tiveram também ausentes Academias que, normalmente, se fazem repre-sentar, como as da Venezuela ou do Brasil. A maior parte dos participantes veio de países africanos ou da Europa.

Para Carlos Ahrens Teixeira, presiden-te da Academia do Bacalhau de Durban e anfitrião do congresso, a organização foi relativamente fácil porque come-çou-se por preparar um orçamento. “Esta é uma Academia pequena, com recursos humanos e financeiros limita-dos, pelo que tudo isto requereu muito trabalho”. Mas a parte mais difícil, para este compadre, foi estabelecer con-tato com os outros: “É difícil contatar

“Congresso onde não haja problemas, não serve para nada” Ricota Freire

“É difícil contatar com alguns compadres presidentes. Simplesmente não respondem”

Page 22: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

22 ACADEMIAS DO BACALHAU

1. A partir de 2018, ano em que se come-moram os 50 anos da Academia Mãe, os Congressos deixarão de ser anuais para passarem a ser bienais, intervalados por Congressos Regionais;

2. O próximo Congresso, em 2016, rea-lizar-se-á em Estremoz, em Portugal;

3. Formação de uma secção de juventu-de nas Academias;

4. João Manuel Ramalho Carreira e João das Neves Vieira Pereira foram nomeados compadres honorários;

5. Será feita uma homenagem colegial ao fundador e Presidente honorário das Academias, Durval Marques;

6. Os Congressos Mundiais passarão a ser transmitidos por videoconferência para os compadres que não possam es-tar presentes. A proposta foi aprovada, apesar de se ter salientado que será di-fícil efetuar votos nessas condições;

7. Todas as Academias contribuirão mo-netariamente para a celebração histó-rica do quinquagésimo aniversário da Academia Mãe;

8. Será criado um alojamento informáti-co para a informação referente a todas as Academias.

O Congresso das Academias do Ba-calhau de 2016 será realizado em Estremoz (Portugal), em data ainda a definir.No Congresso de Durban foram apresentadas duas propostas para organizar o Congresso do próximo ano: Estremoz e Porto. Uma vez que o Porto já foi cidade anfitriã há vinte anos e Estremoz nunca o foi e já ti-nha cedido o lugar a Viseu em 2013, a escolha recaiu sobre a localidade alentejana.Uma vez que muitos compadres vi-sitam Portugal no verão, foi suge-rido que o Congresso se realizasse em agosto e não em outubro, como habitualmente. Assim evitar-se-á a

necessidade de fazer os compadres deslocarem-se a Portugal duas ve-zes consecutivas. No entanto, esta proposta ainda não foi aprovada.No Congresso de Durban foi ainda decidido que, a partir de 2018, ano em que a Academia-Mãe completa-rá 50 anos, os Congressos passarão a realizar-se de dois em dois anos, ao invés de anualmente, como até aqui. O objetivo é que os compadres e as Academias se possam preparar me-lhor para cada Congresso, uma vez que um evento anual, muitas vezes a uma grande distância de casa para os compadres, pode ser complicado para algumas pessoas.

PRINCIPAIS DECISÕES APROVADAS NO CONGRESSO:

Page 23: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

23ACADEMIAS DO BACALHAU

Page 24: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

24 ACADEMIAS DO BACALHAU

Em noite de gala, a Academia do Bacalhau de Bruxelas comemorou três anos com muita música e homenagens. O evento aconteceu na Park side Brasserie, em Schuman, Bruxelas, no dia 20 de junho e contou com a presença de personalidades e representantes das comunidades portu-guesas da Bélgica e do Luxemburgo. Nes-te encontro, a verba arrecadada foi rever-tida para a LVB – Legião da Boa Vontade de Portugal, uma instituição educacional, cultural, de solidariedade social e ecu-ménica que foi fundada a 1 de janeiro de 1950, no Brasil, pelo jornalista, radialista e poeta Alziro Zarur (1914 – 1979).Na ocasião, foi exibido um vídeo que evi-denciou as atividades da Legião da Boa Vontade, entidade que ajuda e suporta milhares de portugueses nas áreas da saúde, nutrição e educação. “O nosso terceiro aniversário é colocado sob o signo de ‘Perto vamos ao longe!’. Noutras palavras, estamos firmemente convencidos de que é trabalhando mais de perto com as pessoas que conseguire-mos alcançar coletivamente grandes coi-sas!”enfatizou o presidente José Roxo. A noite serviu também para despedidas e homenagens ao Dr. João Terenas, ex--en-carregado de negócios da Embaixada de Portugal na Bélgica. Terenas recebeu das mãos do presidente José Roxo uma gra-vata oficial da Academia como presente,

e foram-lhe transmitidos os melhores votos de sucesso nos seus novos postos diplomáticos. Na ocasião também foram atribuídos di-plomas da Academia do Bacalhau àque-les que, nesses três anos, têm contri-buído de maneiras variadas em prol do crescimento da associação. Destaque especial para Lina Ferreira, do restau-rante Sainte-Anne, e para o jornalista Horácio Fernandes, gerente da Revista Contato sprl. Como não podia faltar, o fado fez-se pre-sente e muito bem representado pela fadista Cláudia Costa com José Pinto na guitarra e Nuno Esteve na viola. A surpresa da noite ficou mesmo por conta do bacalhau servido pelo chef Donald Loriaux, que abusou do talento criando uma receita belgo-portuguesa que encantou todos os presentes. José Roxo e a secretária da Academia, Isa-bel Rocha, fizeram questão de ir até à cozinha e chamar Monsieur Loriaux ao salão, onde lhe foi erguido um brinde e uma salva de palmas pelo excelente tra-balho realizado.

Texto e fotos: Horácio Fernandes / Keila Barbosa – Revista Contato - BélgicaA

CA

DE

MIA

A

FIL

HA

DA

S Academia do Bacalhau de Bruxelas comemorou 3º aniversário

Page 25: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

25ACADEMIAS DO BACALHAU

BREVES MOMENTOS

Academia do Bacalhaude Rouen

1. A jovem academia foi idealizada em 2010, validada em 2011 no congres-so anual das Academias do Bacalhau no Recife Brasil e oficializada no dia 13/06/2013 a bordo do navio Escola Sagres.

2 e 3. Organização da semana de Portugal na vila de Cany-Barville, importante momento na divulgação da cultura e produtos nacionais, bem como encontro entre portugueses e comunidade local.

4 e 5. Tertúlia na sala da Halle-au-Toil-le, com a brilhante participação da Or-questra Filarmónica de Portugueses de Paris, promovendo sempre a cultu-ra e a música portuguesa.

6. Tertúlia na sala do Mine, onde foi apresentada L’ Armada 2013, impor-tante momento onde a comunidade Francesa informa e convida a partici-par os portugueses nos seus eventos. Noite fantasticamente animada por grupo de dança, bailarinas luso-des-cendentes que encantaram os presen-tes e onde o tempo aparentemente voou...

7 e 8 e 9. Nos nossos jantares existem momentos de grande diversão.E presenças que muito nos honram...E de vez em quando, momentos mais “caseiros” entre comadres comapdres e amigos, onde se disfrutam sardinhas, por exemplo...

Retratados assim os anos de 2011 a 2013 desta nos-sa Academia, e não fugindo à regra, temos nos nossos jantares bem presentes os pilares das Academias do Bacalhau Amizade, Portu-galidade e a Solidariedade. Fica assim partilhado con-vosco um pouquinho de nós. Queremos agradecer em especial a todos os com-

padres da nossa e de todas as academias que nos pre-senteiam com a sua pre-sença, aos meios de comu-nicação que nos facilitam a divulgação, à Academia de Paris (madrinha) pelo seu apoio e a todos os partici-pam de outras formas para fazermos deste mundo um cantinho melhor!!!Bem hajam!

Gavião de Penacho!!!

PS: E a história continua numa próxima edição, claro está...visto que nos aproximamos a passos largos de 2016. Até lá...muita saúde!!!

A Direcção da Academia do Bacalhau de Rouen

1 2

3 4

6

7 8

5

9

“Agarras as palavras, escondes-te no tempo, porque o tempo tem asas...” por isso vejam connosco...“...porque o mundo é um momento” (Pedro Abrunhosa)

Page 26: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

26 ACADEMIAS DO BACALHAU

AB Long Island 2015 recheado de eventos

AB Setúbal 5 anos de história

OUTRAS ACADEMIAS

A Academia do Bacalhau de Long Island é uma das mais recentes, ten-do sido oficializada a 25 de junho de 2011, tornando-se assim a 52ª no mundo. Situada no estado de Nova Iorque, nos Estados Unidos, serve uma grande comunidade portugue-sa, residente na costa leste daquele país.O ano de 2015 foi bastante ocupado para os compadres de Long Island, que se reuniram praticamente uma vez por mês:

15 de fevereiro: Dia dos Namorados

21 de marco:Matança do porco

18 de abril:Tertúlia no Mineola Portuguese Center

9 de maio:Dia das Mães no Clube Português de Jamaica

A Academia do Bacalhau de Setú-bal foi fundada a 23 de outubro de 2010, tornando-se a 49ª do movi-mento. Com um percurso regular, respeitando as normas da portugali-dade, amizade e solidariedade, esta Academia comemorou recentemen-te os seus cinco anos de existência.A ocasião foi assinalada num jantar a 7 de novembro, no Hotel do Sado, na cidade Sadina. A noite foi anima-da com a guitarra clássica e a música celta de John Fletcher e com a TAS-CA (Tuna Académica de Setúbal Ci-dade Amada).O jantar do 5º aniversário serviu também para esta Academia atri-buir o Prémio Sebastião da Gama, em que reconhece o melhor aluno do 12º ano na disciplina de portu-guês no ano letivo 2014/2015. Este é já o quarto ano que a AB Setúbal premeia os jovens estudantes. Os trabalhos de 2015 da Academia do Bacalhau de Setúbal terminaram a 16 de dezembro com um jantar de Natal, também no Hotel do Sado.

31 de maio: Celebração de Portugal numa parada

6 de junho: Fados no Clube Português de Brent-wood

11 de julho: Jantar de aniversário da Academia no restaurante Lusitano

16 de agosto: Passeio de barco e marisco em Brige-port, Connecticut

26 de setembro: Festival de leitão no restaurante Lusi-tano em Mineola

17 de outubro:Tertúlia Alheirense em Mineola

7 de novembro: Festival do Marisco no restaurante Lusitano em Mineola

Page 27: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2
Page 28: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

28 ACADEMIAS DO BACALHAU

OFICIALIZAÇÕES

Para a oficialização da Academia do Bacalhau do Ribatejo a direção organizou um fim-de-semana de co-memorações. Com compadres vin-dos de toda a parte – de Portugal à África do Sul, de França à Suazilân-dia, entre muitos outros – o evento foi um sucesso e, na opinião do pre-sidente da recém-formada Acade-mia, Pedroso Leal, “uma excelente demonstração da vitalidade das Academias e do espírito subjacente”.Num fim-de-semana de confrater-nização, os presentes começaram por visitar o Centro Geodésico de Portugal, em Vila de Rei, seguindo-se depois um passeio em carro de cavalos pela Golegã, onde decorreu também o almoço de sábado. À tar-de, foi a vez da visita à Casa Estúdio Carlos Relvas. À noite aconteceu o tão esperado momento, o jantar de oficialização, na Quinta das Carros-

cas, que tornou a Academia do Baca-lhau do Ribatejo oficialmente parte do movimento das Academias.No domingo, alguns compadres visita-ram o Castelo de Ourém e o Santuário de Fátima e encerraram as festivida-des com um almoço no hotel Santa Rita, em Fátima. Dois dias que percor-reram a região do Ribatejo, tal como tem sido apanágio desta Academia, que tenta estar presente em todas as localidades da sua abrangência. Daqui para a frente, o objetivo é “con-tinuar a privilegiar os objetivos de ori-gem das Academias na busca da exce-lência e fazendo crescer a Academia do Bacalhau do Ribatejo”, segundo Pedroso Leal.Destaque-se também o envolvimento nesta Academia de alguns compadres ribatejanos e pertencentes à tertúlia de Paris, como Rogério Vieira ou Nuno Cabeleira. A ABP tem sido, aliás, uma

grande amiga da ABR e tem acom-panhado de perto os seus passos. No entanto, a Academia Madrinha é a Academia do Bacalhau de Lisboa, até para se respeitar as regras de proximidade que regem os apadri-nhamentos das Academias.

O primeiro evento da Academia do Bacalhau do Ribatejo aconteceu em julho de 2013, em Torres No-vas. Desde aí, tem-se mantido ativa e a crescer e conta atualmente com cerca de 50 compadres. Os primei-ros 50, os outros estão a chegar.

Academia do Bacalhau do Ribatejo - 56ª

Foi no dia 5 de setembro de 2015 que o maior movimento associativo da diáspora voltou a crescer. A Academia do Bacalhau do Ribatejo foi oficializada e tornou-se assim a 56ª tertúlia de um movimento que conta com 47 anos e está espalhado por quatro continentes.

“O evento foi uma demonstração da excelente vitalidade das Academias”Pedroso Leal

Page 29: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

29ACADEMIAS DO BACALHAU

dente e o mesmo mantem-se no cargo até agora, tendo levado a Academia de Nelspruit de projeto a Academia oficial. A oficialização aconteceu a 26 de outubro de 2015 e contou com a a presença de compadres oriundos de diversas academias do mundo, que se encontravam na África do Sul para assistir ao Congresso que se realizou no fim-de-semana seguinte. França, Sualizândia, Angola, Maputo, Namíbia e África do Sul foram os principais paí-ses a estar representados na oficiali-zação desta nova Academia.

A oficialização decorreu num sábado e no dia seguinte os compadres parti-ciparam num torneio de golfe e depois visitaram uma igreja em White River, à qual a Academia de Nelspruit havia doado 5 mil Rand (cerca de 330€).Pela primeira vez na história das Aca-demias do Bacalhau, foi criada uma Academia que terá duas madrinhas: Maputo e Mbabane, que se encon-tram ambas a distâncias idênticas de Nelspruit. O objetivo é contribuir ain-da mais para o sucesso da nova Aca-demia.Agora que os compadres de Nelspruit são, oficialmente, parte do movimento das Academias do Bacalhau, preten-

Academia do Bacalhau de Nelspruit – 57ªNelspruit é uma cidade do nordeste da África do Sul, sendo a capital da província de Mpumalanga. Nelspuit fica situada num ponto estratégi-co entre Maputo (Moçambique), Mbabane (Suazilândia) e Pretória / Joanesburgo (África do Sul). Assim, é ponto de passagem e de paragem das pessoas em trânsito, nomea-damente homens de negócio desta abastada região africana.Devido à sua localização próxima de Moçambique, Nelspruit é também um considerável foco de emigração portuguesa, concentrando entre oito a dez mil cidadãos de origem lusa. No entanto, segundo Luísa Fragoso, Cônsul Geral de Portugal em Joanesburgo e comadre da Aca-demia do Bacalhau dessa mesma ci-dade, a comunidade portuguesa em Nelspruit tinha falta de um espírito comunitário e vivia um pouco dis-persa e afastada da cultura e identi-dade portuguesas.A criação de permanências consula-res contribuiu um pouco para a cria-ção de um sentido de unidade nacio-nal. Mas ainda se podia ir mais além. José Manuel Sampaio, à época pre-sidente da Academia-Mãe, tinha um amigo residente em Nelspruit que se queixava do inexistente convívio entre os membros da comunidade portuguesa. Juntaram-se esforços e foram dados os primeiros passos da-quela que viria a ser a 57ª Academia no mundo. No primeiro evento, em 2013, foi escolhido Victor Picoto como presi-

dem continuar o trabalho que têm desenvolvido até aqui e esperam que o facto de serem oficiais lhes traga também mais-valias. “Até aqui tínhamos o problema de não sermos oficiais mas agora começaremos a ser levados ainda mais a sério”, disse Victor Picoto em entrevista. O presidente da mais recente Aca-demia pretende desenvolver inicia-tivas enquadradas no espírito das Academias do Bacalhau. “Não há cultura portuguesa em Nelspruit mas estamos a tentar mudar a men-talidade das pessoas”. Também na área da solidariedade o empenho da Academia de Nelspruit é já notório. “De 2013 até agora já doámos 72 mil Rand (aproximadamente 4700€). Já ajudámos igrejas e um cidadão por-tuguês paralisado”, explica Victor Pi-coto. Cada cêntimo que a Academia de Nelspruit atribui como donativo é plenamente justificado: “Fazemos uma investigação a 100% antes de dar dinheiro. Só damos a quem pre-cisa mesmo. Já tivemos casos de pessoas que nos pediram e, depois de fazermos a investigação, vimos que essas pessoas apenas não que-riam gastar do bolso delas”.“Penso que esta será uma Academia com muita força”, declarou José Ma-nuel Sampaio em entrevista. Tam-bém Luísa Fragoso fala em aumento dos níveis de união e solidariedade entre a comunidade. Ou não fossem esses mesmos os objetivos da Victor Picoto: “Queremos tornar a comuni-dade mais unida”.

“Foi criada uma Academia que terá duas madrinhas: Maputo e Mbabane”

Page 30: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

30 SOLIDARIEDADE

problemas. A cada ano, no dia do evento, os voluntários são tocados pelas histórias destas crianças.

Quando falam sobre o projeto, recordam, por exemplo, o meni-no que, em pleno voo, começou a falar para o céu porque foi lá que lhe disseram que estava o pai. Ou a criança com “ossos de vidro” que fraturou um osso durante o voo mas só o disse no fim para poder aproveitar a experiência.Estas crianças têm chegado de vários locais, como hospitais,

Há quase uma década, os membros do Rotary Club de Crécy queriam levar a cabo iniciativas diferentes. Um dos seus membros, Fernando da Costa, tinha licença de piloto e tinha comprado recentemente um avião. E foi então que lhe surgiu a ideia: porque não fazer batismos de voos a crianças com deficiência? Propôs a ideia ao clube e recebeu luz verde. Passado pouco tempo estava a voar.

A primeira edição do projeto “En-fants du Ciel”aconteceu em Meaux e foi um sucesso. No ano seguin-te, passaram para Lognes e aí tem repetido, todos os anos, um even-to nos mesmos moldes. A ideia é proporcionar um batismo de voo a crianças que todos os dias lidam com dificuldades e que têm ali uma oportunidade de se abstrair dos

Enfants du Ciel: O sonho de voar mais alto

AP

OIO

S R

EC

EN

TE

S

“A primeira edição do projeto aconteceu em Meaux”

“Alguns compadres da ABP deslocaram-se a Portugal nos dias das ações para poderem partilhar a alegria do momento”

Page 31: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

31SOLIDARIEDADE

prazer ver as crianças satisfeitas e poder dar-lhes um dia total-mente diferente dos outros”, re-velou Chantal da Costa.E porque este cansaço não cansa, o Rotary Club de Crécy espera continuar com a iniciativa. A pri-meira quarta-feira de junho de 2016 será o dia que Lognes verá voar, mais uma vez, os seus “En-fants du Ciel”.

Quanto a Portugal, ainda não está nada definido mas uma coisa é certa: por onde quer que passe, esta iniciativa arranca sorrisos.

centros de apoio ou mesmo atra-vés do passa-palavra. A iniciativa tem crescido e em 2014 os seus impulsionadores decidiram alargá-la também ao seu país de origem, Portugal. As-sim, nesse ano, os “Enfants du Ciel” voaram um dia em Lognes e outro em Fátima. Em 2015 acres-centou-se ainda a cidade de Por-timão, no Algarve.

Naturalmente, fazer voar vários aviões durante três dias intei-ros tem um custo elevado. Este

é suportado pelo Rotary Club de Crécy e pelo Lions Club de Mont-fermeil-Coubron, que entretanto se associou à iniciativa. No entan-to, todas as ajudas são bem-vindas. A Academia do Bacalhau de Paris não quis deixar de contribuir para esta nobre causa e, em março de 2014, realizou um jantar enqua-drado na Semana de Gastronomia Portuguesa promovida pela Rádio Alfa cujos fundos reverteram para os “Enfants du Ciel”. Ao todo, foram angariados pela ABP seis mil euros, que foram en-tregues a Chantal da Costa, esposa de Fernando, no jantar seguinte. Alguns compadres da ABP deslo-caram-se também a Portugal nos dias das ações para poderem parti-lhar da alegria do momento.“É um dia sempre muito cansativo mas é um óptimo cansaço. É um

“O menino que, em pleno voo, começou a falar para o céu porque foi lá que lhe disseram que estava o pai”

“Foram angariados pela Academia do Bacalhau de Paris seis mil euros”

Page 32: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2
Page 33: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

33SOLIDARIEDADE

A casa de Deus está aberta a todosÉ a casa de Deus. E a casa de Deus está aberta a todos, sem exceção. É para incluir toda gente, mesmo as pessoas que têm dificuldades de locomoção e de visão, que o Santuá-rio de Nossa Senhora de Fátima, em Paris, está a fazer obras de remode-lação.

A isto soma-se a instalação de um dispositivo que permite a pessoas com dificuldades auditivas ouvirem

melhor o que se passa nas cerimónias. Tudo junto representa um orçamento, segundo o Santuário, de “várias deze-nas de milhares de euros”. “E quando se vive de esmolas – como é o nosso caso – não é fácil”, confessa o Reitor do Santuário, Nuno Aurélio.Para tornar as coisas mais fáceis, a Academia do Bacalhau de Paris deci-diu apoiar a causa e realizou um jantar de gala cujos lucros reverteram para o Santuário. A noite de 6 de junho foi a escolhida para a já tradicional gala de verão da ABP. O local foi escolhido em sintonia com a causa e o evento aca-bou mesmo por se realizar no Santuá-rio. Mais de 250 pessoas marcaram pre-sença nessa noite. Compadres e co-madres mas também fiéis que costu-

Santário Nossa Senhora de Fátima

mam participar na vida do Santuário. Para servir as pessoas, um grupo de pessoas do Santuário, entre as quais se destaca a também comadre Ma-ria Emília Pinto, coordenou-se de forma a cozinhar e servir a refeição, tudo de forma exemplar. A atração musical da noite, o cantor Luís Filipe Reis – que atuou sem co-brar cachet – também atraíu muitas pessoas ao jantar. Tudo contribuiu para que o evento fosse um sucesso e isso refletiu-se no valor angariado. A Academia do Bacalhau de Paris conseguiu fazer uma doação de sete mil euros ao Santuário. “Na Igreja, todos os donativos são importan-tes, sobretudo se dados por amor e de forma justa, de acordo com os recursos de cada um”, assegura o

“Mais de 250 pessoas marcaram presença nessa noite”

Page 34: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

34 SOLIDARIEDADE

Reitor Nuno Aurélio. À semelhança de muitas outras ca-sas de culto, o Santuário de Nossa Senhora de Fátima, em Paris, não tem outra fonte de rendimento se-não os donativos. “Peditórios de missa, ofertas ocasionais ou caixas de esmolas. Não temos outras fon-tes de receitas. Vivemos do que nos dá quem passa”, diz o Reitor. Uma missão complicada, sobretudo ten-do em conta que para funcionar sete dias por semana, de manhã à noite, o Santuário precisa, em média, de dez a onze mil euros por mês. O donativo da Academia do Baca-lhau de Paris servirá agora para se fundar aos fundos do Santuário com o objetivo de melhorar os acessos a pessoas com dificuldades de loco-moção, visão ou audição. Algumas das obras já estão em curso, outras começarão mais tarde – o Santuário não tem capacidade para abordar todos os aspetos simultaneamente. Mas o objetivo é concluir o máximo possível entre 2015 e 2016. O Santuário tem também em curso um projeto de restauração de um órgão da Igreja. Se quiser colaborar com esta iniciativa, pode contatar

diretamente o Santuário.À ABP, o Reitor Nuno Aurélio deixa uma palavra de agradecimento: “Bem-hajam todos os compadres e coma-dres. Sejam bem-vindos na casa da Igreja, que é Mãe de todos, e que Nos-sa Senhora abençõe os leitores da re-vista e todos quanto integram a ABP”.

A Igreja de Nossa Senhora de Fátima foi construída como forma de agradecer o facto de a cidade de Paris não ter sido destruída no final da Segunda Guerra Mundial, como estava previsto pelos alemães. Feita entre 1951 e 1954, acabou por ser votada ao esquecimento por e esteve mesmo fechada duran-te 14 anos. Reabriu em 1988, al-tura em que foi cedida à comuni-dade portuguesa. Há 27 anos que a comunidade portuguesa de Paris assiste ali a missas semanais em português e tem neste Santuário um local para transmitir a fé a gerações mais novas.

1. Maria Emília Pinto2. Nuno Aurélio, Reitor do Santuário

1.

2.

Page 35: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2
Page 36: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

36 SOLIDARIEDADE

Refúgio Aboím Ascensão

O Q

UE

É F

EIT

O D

ELE

S?Pelo direito a ter um colo!

São mais de 80 as crianças que, atualmente, fazem do Refúgio Aboím Ascensão a sua casa. Têm entre os três dias de vida e os oito anos e encontraram no Refúgio uma alternativa à institucionalização. A Academia do Bacalhau de Paris apoiou a causa duas vezes em 2014 e agora foi conhecer os resultados deste apoio.

A ligação entre o Refúgio Aboím As-censão e a Academia do Bacalhau de Paris (ABP) nasceu em agosto de 2014, quando a Academia realizou o seu habitual evento de verão no Al-garve. Como manda a tradição, de-cidiu atribuir os fundos do evento a uma instituição local e foi assim que se estabeleceu o primeiro contato com o Refúgio, situado em Faro. Nesse 15 de agosto, a ABP entregou à instituição um cheque de 4.500€, que foi utilizado na substituição de algum material informático e na compra de vestuário desportivo para uso escolar das crianças mais velhas.No entanto, a ação da Academia não se ficou por aqui. O primeiro conta-to estabeleceu um laço que se tem provado inquebrável e, sensíveis às necessidades dos meninos e meninas

do Refúgio, os compadres decidiram apoiá-los mais uma vez pela altura do Natal. A gala de 2014, realizada na Sala Vasco da Gama, em Valen-ton, contou com a presença do Dr. Luís Villas Boas, diretor do Refú-gio, que muito agradeceu o apoio já prestado pela ABP e realçou o impacto que este teve na vida das crianças.Com o novo donativo da ABP conse-guido através da realização da gala de Natal, o Refúgio Aboím Ascensão conseguiu comprar uma trituradora industrial para passar a sopa para os meninos, comprar mais material informático e substituir os ares con-dicionados antigos, tanto do edifí-cio onde as crianças vivem como da casa onde costumam passar férias, na Praia de Faro.

Page 37: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

37SOLIDARIEDADE

ao Refúgio na sequência de proble-mas familiares e que encontram ali uma solução temporária (que pode durar dias, meses ou, às vezes, anos) enquanto a sua situação familiar é resolvida.

Este é um tipo de abordagem chamado “emergência infantil” e tem como ob-jetivo a rápida integração da criança

Mas alguns compadres ainda quise-ram ir mais além. Quando passam pelo Algarve, alguns deles visitam o Refúgio e as crianças que ali vivem. Uma prática apoiada e incentivada pela instituição, que está aberta a quem queira ali fazer voluntariado.No verão de 2015 chegou ao Re-fúgio Aboím Ascensão um camião com roupas e brinquedos vindos de França. Dessa vez, não foi por ini-ciativa da ABP mas de uma pessoa amiga da nossa Academia, Chantal da Costa. Presente no antar de de-zembro, Chantal ficou sensibilizada com as necessidades dos meninos e decidiu por mãos à obra. Com auda de vários amigos, angariou um con-junto de bens que fazem a diferença na vida daquelas crianças. Estas são crianças que chegam

na sua família natural, garantindo, entretanto, o “direito a ter um colo”.Este tipo de apoio nasceu em 1985, no Refúgio Aboím Ascensão, estipulando que “nenhuma criança seria admitida para internamento sem que o Estado avaliasse ser o internamento a única solução para a criança”. Mas antes de criar esta abordagem, já o Refúgio fazia a diferença na vida de muitas crianças. Fundado em 1933, primeiro como lactário e centro de apoio a mães solteiras, de-pois como serviço médico de recém-nascidos e prematuros, a instituição foi sofrendo alterações ao longo do tempo, sem nunca deixar de servir o fim para que foi criada: o apoio à primeira infância. “Pelo direito a ter um colo”.

“Nenhuma criança seria admitida para internamento sem que o Estado avaliasse ser a única solução”

Page 38: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2
Page 39: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

39SOLIDARIEDADE

Casa do Gaiato de MaputoDecorria o XLI Congresso Mundial das Academias do Bacalhau, em Maputo, quando a Academia do Ba-calhau de Paris despoletou um mo-vimento solidário para com a Casa do Gaiato daquela cidade. No jantar oficial do congresso, o compadre Padre Zé Maria, da Casa do Gaiato, subiu ao palco e proferiu um discur-so envolvente e comovente sobre as necessidades daquela instituição. Imediatamente, o então presidente da ABP, António Fernandes, saltou da cadeira e ofereceu mil euros em nome da Academia de Paris. Se-guindo o seu exemplo, muitos ou-tros compadres fizeram o mesmo, chegando à soma de onze mil euros, inteiramente destinada à Casa do

Gaiato de Maputo.Já durante o resto do congresso, esta instituição tinha estado presente, nomeadamente no cocktail de boas-vindas, que se realizou na Fortaleza de Maputo. Aí, os rapazes da Casa do Gaiato protagonizaram danças tradi-cionais moçambicanas, nomeadamen-te timbilas e danças guerreiras.

Este apoio veio consolidar uma rela-ção que se iniciou em 1991 – há 14 anos que as Academias do Bacalhau

apoiam a Casa do Gaiato. A Casa do Gaiato, também conhe-cida como “Obra da Rua” ou “Obra do Padre Américo” foi fundada em 1940 pelo Padre Américo e tem como objetivo acolher, educar e in-tegrar na sociedade crianças que se viram privadas de um meio familiar estável e seguro. Aí são acolhidas crianças e jovens até aos 25 anos. Tendo sido fundada em São Pedro de Alva, a instituição foi crescendo e tem casas também em Miranda do Corvo, Paço de Sousa, Loures, Beire e Setúbal, tudo isto em Por-tugal. Fora do país, a Casa do Gaiato tem ainda instalações em Bengue-la e Malange (Angola) e Maputo ( Moçambique).

“Há 14 anos que as Academias do Bacalhau apoiam a Casa do Gaiato”

Page 40: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

40 SOLIDARIEDADE

António Lopes nunca parava em casa. Fazia parte da direção de uma série de associações em Moura, no Alentejo, e estava permanentemen-te ocupado. Inclusivamente, a espo-sa costumava dizer-lhe “ao domin-go, em vez de descansares, ainda te levantas mais cedo”. Havia tanta coi-sa para fazer no mundo associativo!Mas tudo mudou por causa da doen-ça de que António Lopes padecia: a diabetes. Uma das consequências desta doença é a nauropatia diabé-tica, uma condição que começa por afetar os nervos causando falta de sensibilidade nos membros inferio-res. Daí, o quadro clínico pode evo-luir para a criação de feridas muitas vezes não cicatrizadas pelo controlo glicémico. Nos casos mais graves, a consequência pode ser a amputa-ção do pé. Estima-se que 85% dos casos mundiais de amputação dos membros interiores decorram na sequência de complicações relacio-nadas com a diabetes.

No caso de António Lopes, a ampu-tação foi bastante extensa, levando-lhe não só o pé mas também a perna até ao joelho. Para um homem que andava sempre de um lado para o outro, esta foi uma rasteira da vida que o afetou gravemente. A reduzi-da capacidade motora poderia ser

melhorada com uma prótese, que lhe permitiria movimentar-se um pouco mais facilmente.António Lopes era uma pessoa extre-mamente implicada na vida social e comunitária, pelo que o apoio não tar-dou a chegar, vindo de todos os lados. A situação deste homem numa vila alentejana chegou, inclusivamente, a Paris, através do seu amigo de infância e compadre da Academia do Bacalhau de Paris, José Vasques. Sensibilizado

pelas dificuldades enfrentadas por António Lopes, o compadre Vasques propos que se ajudasse este homem a colocar uma prótese e assim acon-teceu. Em 2013, a ABP doou 1900€ a António Lopes, que foram utiliza-dos na colocação de uma prótese. Por outro lado, a comunidade de Moura também quis apoiar o seu conterrâneo, que tanto tinha feito pela vida associativa local. Assim, no dia 2 de março de 2013, foi or-

António LopesA LUTA CONTRA OS DIABETES

“Para um homem que andava sempre de um lado para o outro, esta foi uma rasteira da vida que o afetou gravemente”

Page 41: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

41SOLIDARIEDADE

ganizado um evento em Moura com o objetivo de angariar fundos para apoiar António Lopes. Mais de 700 pessoas (algumas das quais nem pu-deram deslocar-se ao evento mas compraram bilhete na mesma para contribuir para o apoio) juntaram-se e reuniram cerca de 9 mil euros.

Mas mais que um evento de angaria-ção de fundos, esta foi também uma oportunidade de fazer uma justa homenagem a um homem que tan-to se dedicou à vida associativa. Na organização desta jornada estive-ram as associações e coletividades das quais António Lopes fez parte, nomeadamente o Núcleo Sportin-guista de Moura, o Moura Atlético Clube, o Ateneu Mourense, a Asso-ciação de Caça dos Machados e um

grupo de amigos de António.Nessa noite, foi exibido um filme so-bre a vida de António Lopes, nas suas mais variadas vertentes, e depois cada representante das entidades organi-zadores usou da palavra para falar so-bre o homenageado. Foi um António Lopes profundamente emocionado que agradeceu o carinho e a atenção de todos quantos contribuiram para a festa – e a lista de colaborações alar-gou-se, por exemplo, a grupos de mú-sica que atuaram gratuitamente.Infelizmente, a diabetes não teve im-plicações apenas na perna de António. Cerca de três meses após ter coloca-do a prótese, perdeu a visão. As oito cirurgias que fez aos olhos não foram suficientes para solucionar o proble-ma. Fez uma rotura do nervo ótico que é irreversível. Tendo já uma mobilida-de reduzida, esta nova condição veio agravar ainda mais a capacidade de António para se deslocar. Até porque, afirma o próprio, “tem medo de se mo-vimentar”. O homem que outrora não parava quieto, agora não pára de estar quie-to. Deixou de trabalhar e normalmen-te apenas sai à rua com o apoio da família ou amigos. Aos 53 anos, não recebe nenhum apoio estatal para além da sua reforma. As condições financeiras não são as melhores para António Lopes e, por isso, as ajudas são bem-vindas. Dentro em breve, a Câmara Municipal de Moura vai, mais

uma vez agir nesse sentido (já tinha apoiado aquando da organização do evento) e contribuir para a melhoria da sua habitação, de modo a que as divisões da casa permitam uma me-lhor mobilidade da sua cadeira de rodas e um maior conforto.

A diabetes tem-lhe dado luta mas António Lopes não pára de lutar. Nem as pessoas à sua volta deixam de acreditar nele. José Oliveira, fun-cionário da Câmara Municipal de Moura e amigo pessoal de António, elogia a atitude da ABP no apoio a este caso: “queria agradecer a forma pronta, simpática e solidária com que a Academia do Bacalhau de Pa-ris se associou a esta nobre causa. O seu contributo foi generoso e, acima de tudo, revelou a grandeza de que são feitas este tipo de associações, onde a palavra solidariedade ainda faz todo o sentido”.

“Cerca de três meses após ter colocado a prótese, perdeu a visão. As oito cirurgias que fez aos olhos não foram suficientes”

“Queria agradecer a forma como a ABP se associou a este caso”

Page 42: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

42 SOLIDARIEDADE

Apoios da Academia do Bacalhau de Paris

Page 43: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2
Page 44: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2
Page 45: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

45COMPADRES E COMADRES

A primeira Academia do Bacalhau foi inaugurada a 10 de Junho de 1968, em Joanesburgo, na África do Sul, justamente no dia em que se comemora o dia de Portugal. A Aca-demia mãe nasce longe de Portugal, mas no dia Nacional. Não foi certa-mente por acaso. Longe de Portugal surgia a necessidade de se defender a nossa língua, a nossa cultura, a nossa história, os nossos valores. É, frequentemente, uma necessidade imperiosa, um sentimento de tal or-dem importante, forte, telúrico, que acaba sempre por se cristalizar em ações concretas.Naquele preciso momento, um gru-po de homens e de mulheres define um quadro e regras importantes

que vão definir o espírito das Acade-mias. Uma das regras que me agrada, particularmente, é a da Igualdade.Se no seio destas Academias, so-mos todos apelidados de “compa-dres” ou “comadres”, em por intuito materializar este princípio fundamen-tal de IGUALDADE. Estas “tertúlias”, em torno de uma refeição, nascem com bases sólidas e encoradas num espírito de grande hu-manismo. A Comunidade Portuguesa dessa época sentia a necessidade de ser solidária e de se organizar, por for-ma a ter capacidade de intervenção em várias áreas, nomeadamente, na ajuda a compatriotas em dificuldade.As Santas Casas da Misericórdia nas-cem em 1498, ou seja, há mais de cin- D

EP

OIM

EN

TOS

DE

CO

MPA

DR

ES

As Academias do Bacalhau e as Santas Casas da Misericórdia

POR JOAQUIMDE SOUSA

Provedor da SCMP

Page 46: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

46 COMPADRES E COMADRES

co séculos. Já, nessa época, havia necessidade da sociedade civil se mobilizar. O “Estado” da altura, pela mão da Rainha Dona Leonor (de Lencastre), com o apoio do rei D. Manuel I, instituiu uma Irman-dade Católica para apoiar os mais necessitados.

A execução das 14 obras de Miseri-córdia, as sete espirituais e as sete matérias, ficaram a cargo da “Con-fraria e Irmandade de cem homens de boa fama, sã consciência e hones-ta vida, tementes a Deus e guarda-dores dos seus mandamentos, man-sos e humildosos a todo o serviço de Deus e da dita Confraria”. Foi este o critério que norteou a fundação da primeira Misericórdia.

Hoje, existem cerca de 400 Misericór-dias em Portugal, várias centenas no Brasil, uma no Luxemburgo, uma em Macau e uma outra em Paris. Outras haverá, certamente, noutras para-gens. No fundo, é fruto da globaliza-ção e do percurso dos portugueses por esse mundo fora. Assistimos nos nossos “tempos modernos” a um pro-cesso de globalização. De globaliza-ção das economias, dos mercados, da comunicação, das culturas e, sem nos enganarmos, uma grande tendência para a globalização da pobreza e da miséria.As Misericórdias, desde a criação da primeira, enveredaram por uma via humanista da organização colectiva, num espírito de missão social e de de-fesa da dignidade humana. Ser Huma-nista é, no fundo, colocar o Homem e o seu desenvolvimento no centro da sociedade. É construir uma sociedade pelo e para o Homem. Como bem dizia o filósofo Kant, “o Homem tende para a Humanidade”.Mas como nunca existiram socieda-des perfeitas e, provavelmente nunca existirão, existem apenas sociedades em que o Humanismo progride e ou-tras em que notamos, infelizmente, uma regressão.Em França, no seio da nossa Comu-nidade, existem compatriotas nossos que passam por grandes dificuldades:

pessoas de idade avançada, e com reformas baixas, jovens, doentes, reclusos, novos emigrantes, entre outros.Sempre acreditei muito na força contagiante do exemplo. Se cada Português fôr um Embaixador de Portugal, na defesa dos nossos va-lores, da nossa cultura, da nossa his-tória, da Portugalidade no seu todo, todos ganharemos com isso.Em França, existe uma Misericór-dia desde 1994 e uma Academia do Bacalhau desde 1998. Por diversas ocasiões, já agimos juntos. Parece-me, por demais evidente, que estas nossas “Associações”, apesar das singulares diferenças (históricas, es-tatutárias, organizacionais), têm em comum toda uma área de interven-ção em defesa dos mais frágeis, dos mais necessitados, dos mais despro-tegidos dos nossos compatriotas.Acredito que uma reflexão conjunta ajuda, num futuro próximo, a uma maior aproximação destas duas es-truturas. Dessa forma, obteremos uma maior capacidade de interven-ção e eficácia nas ações de ajuda, que, infelizmente, são cada vez mais necessárias, junto dos mais necessi-tados da nossa Comunidade.Sempre temos defendido que uni-dos somos mais fortes. Com um Gavião de Penacho.

“Parece-me que estas nossas “associações”, apesar das singulares diferenças, têm em comum toda uma área de intervenção em defesa dos mais frágeis”

Page 47: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

47COMPADRES E COMADRES

Patrocínio dos jantares da Academia

POR VITALINO D’ASCENSÃO

Tendo estado na origem da Acade-mia do Bacalhau de Paris,   e tendo em conta a atividade altamente me-ritória e o profissionalismo com que a Academia tem sido gerida, penso que chegou a altura de irmos mais longe.Com o objetivo de aumentar os re-cursos disponíveis para ações de solidariedade, e tendo em conta a quantidade e a qualidade de empre-sas criadas e/ou geridas em França por membros ligados à comunidade Portuguesa, permito-me  fazer a se-guinte sugestão:  Cada um dos jantares mensais da Academia seria patrocinado por uma empresa (que dentro do limite do razoável e bom senso, e mesmo

por razões fiscais, teria direito a fa-zer alguma comunicação à volta da operação); Os participantes continuam a pagar normalmente o jantar, nas condições em vigor. No entanto, a empresa pa-trocinadora paga a fatura ao restau-rante e/ou organiza o jantar eventual-mente nas suas instalações; Para um número médio de 100 par-

ticipantes e para um preço médio de 30€/pessoa, a fatura global seria de cerca de 3.000€/ano, montante que muitas empresas podem assumir (se houver mais que 12 participantes, os 3.000€ serão a pagar unicamente todos os 2 ou 3 anos, em função do número de empresas que se queiram associar à iniciativa); Há aspetos práticos a definir/afinar

(é a Academia que paga ao restau-rante e o patrocinador paga à Aca-demia, ou o patrocinador paga dire-tamente ao restaurante, etc. ?), mas tudo isto são detalhes facilmente ultrapassáveis; Cada empresa patrocinadora es-colheria o mês que pretende patro-cinar (no máximo 1 patrocínio por ano). Caso várias empresas queiram optar pelo mesmo mês, seria feito um sorteio. Por uma questão de controlo de custos, penso que se deveria « limi-tar » o máximo de pessoas a patro-cinar (entre 100 a 150) e se o total de participantes ultrapassar esse li-mite, a diferença, que normalmente seria pouco significativa, seria paga pela Academia; Tudo isto são simplesmente algu-mas ideias, a afinar com a colabora-ção de todos, com o único objetivo de tirar o máximo partido dos recur-sos disponíveis para a solidariedade; A Império, que festeja no próximo ano 45 anos de presença em Fran-ça, assume-se já como patrocinador do próximo jantar do mês de março 2016 (mês dos nossos 45 anos de presença em França); Como diz a divisa do nosso Grupo Segurador (A Império faz parte do grande Grupo Mutualista SMABTP, com mais de 155 anos de existência e líder mundial do Seguro de Cons-trução): “JUNTOS VAMOS MAIS LONGE” (Ensemble, allons plus loin)

Na expetativa que outras empresas/compadres se possam associar à iniciativa…  Um Gavião de Penacho!

Page 48: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2
Page 49: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

49COMPADRES E COMADRES

4. Na sua opinião, qual é a impor-tância do meio associativo na diás-pora?Em França pude verificar a força e a importância do meio associativo. Durante os anos 60 e 70 os por-tugueses chegaram a França em condições muito difíceis e uma das formas que encontraram de se pro-tegerem, de se unirem, de fazerem valer as suas reivindicações e de recordarem as suas origens foi atra-vés do movimento associativo, que tem, aliás, uma tradição especial em França. Mais recentemente, as asso-ciações foram também um veículo para a integração dos portugueses na política francesa, para um maior ativismo cívico e para a plena parti-cipação nos vários campos da vida em França.

Hoje em dia continua a existir uma rede verdadeiramente admirável de associações franco-portugue-sas que se contam nas centenas em toda a França. Para além do papel tradicional no folclore, no despor-to, na ação solidária, muitas desem-penham um papel notável ao nível

PEDROLOURTIEEx-cônsul e sempre compadre

ENTREVISTA

Foi Cônsul Geral de Portugal em Pa-ris durante três anos e meio. Aí, to-mou conhecimento do movimento e da força das Academias do Bacalhau e, em especial, da de Paris, tendo-se tornado compadre por convite do atual presidente, Carlos Ferreira. No verão de 2015, trocou a capital francesa pela tunisina, onde passou a exercer funções de embaixador. Entrevista com Pedro Lourtie num duplo papel: cônsul e compadre.

1. Como e quando tomou conheci-mento da existência e atividades da Academia do Bacalhau de Paris?Tomei conhecimento da existência da Academia do Bacalhau antes de assumir o posto de Cônsul Geral em Paris, mas foi em Paris que participei pela primeira vez em iniciativas da Academia. Poucos dias após a minha chegada participei no meu primeiro jantar de solidariedade organizado pela Academia, onde estava pre-sente, para além de largas dezenas de compadres e comadres, Durval Marques, Presidente Honorário das Academias e um dos fundadores em 1968 em Joanesburgo. Foi em conversa com Durval Mar-ques, com António Fernandes, en-tão Presidente da Academia do Bacalhau de Paris, e com outros presentes, que tomei conhecimento das atividades de solidariedade da Academia. E foi nesse jantar que me apercebi da dimensão e da projeção internacional da Academia.

2. O que o motivou a tornar-se com-padre da Academia do Bacalhau de Paris?Recebi um convite muito simpático da parte do Carlos Ferreira, Presidente da Academia do Bacalhau de Paris, e aceitei-o com muito gosto. Nessa altura já tinha acompanhado várias iniciativas da Academia, tinha podido testemunhar as suas ações de soli-dariedade e também perceber que a Academia desempenhava um papel muito importante de ligação entre os portugueses em França, e também de proximidade da nossa comunidade com Portugal. O Carlos Ferreira disse-me que não queria esperar até ao fim do meu pos-to para que me tornasse compadre, que os membros já me olhavam como um compadre, e isso sensibilizou-me. Tive e tenho muito gosto em ser com-padre da Academia do Bacalhau de Paris.

3. Enquanto compadre, considera que as ações da ABP foram de encon-tro às suas expectativas?Absolutamente. A Academia tem tido uma atividade intensa, sempre procu-rando apoiar boas causas em Portu-gal, de solidariedade com os que mais precisam ou apoiando instituições que levam a cabo trabalho de assis-tência e de solidariedade. E, para além desse trabalho, a Academia está pre-sente em muitos outros eventos, pro-movendo e dignificando o nosso país.

“É admirável empenho que encontrei na Academia do Bacalhau”

Page 50: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

50 COMPADRES E COMADRES

da cultura e língua portuguesas e abrangem novas áreas que refletem também a transformação da nossa comunidade.O movimento associativo é também responsável pela forte ligação que se encontra ainda hoje entre muitos lusodescendentes e Portugal, liga-ção que é preciosa para o nosso país. A Academia do Bacalhau é disso um bom exemplo.

5. Enquanto Cônsul de Portugal em Paris, como viu as ações de solida-riedade da Academia no seio da co-munidade?É admirável o empenho que encon-trei na Academia do Bacalhau em ajudar quem mais necessita, tentan-do sempre responder positivamen-te aos apelos que lhe eram dirigidos. Admirável, mas não necessariamen-te surpreendente quando se conhe-ce a capacidade solidária da nossa comunidade.

6. Enquanto Cônsul de Portugal em Paris, sentiu que tinha na ABP um parceiro na promoção da portuga-lidade em França?Claro, e por várias vezes o Consula-do Geral em Paris e a Academia do Bacalhau se associaram em eventos e projetos de promoção de Portu-

gal. Tive na Academia do Bacalhau um excelente parceiro, sempre pronto a responder positivamente a qualquer desafio em prol do nosso país.

7. Estando atualmente a residir na Tunísia, pensa manter a ligação à ABP e à comunidade portuguesa em França de alguma maneira?Sem dúvida. Julgo que não mais deixa-rei de me sentir ligado à comunidade portuguesa em França. Tive uma expe-riência muito marcante, conheço bem a comunidade e fiz muitos amigos. E manter-me-ei compadre da Academia do Bacalhau de Paris e espero poder regressar algumas vezes e participar nos jantares para rever amigos.

8. Considera que na Tunísia existem condições para a criação de uma Aca-demia do Bacalhau?Será difícil. Não vivem muitos por-tugueses na Tunísia, apenas cerca de 150, e não estão concentrados geo-graficamente, para além de que na sua maioria vive na Tunísia apenas duran-te um determinado período.

Passei em Paris 3 anos e meio muito intensos e durante esse período acompanhei de próximo a comunidade portuguesa em França, e designadamente o seu trabalho associativo. Tive opor-tunidade de conhecer muita gen-te, de ouvir muitas histórias de vida. Pude observar o dinamis-mo, a perseverança e, muito em especial, o sentido de solidarie-dade da comunidade, que está na base da consciência que a maioria mantém de pertença a uma dupla cultura e a uma dupla vivência – do país de acolhimento, mas também, e de forma marcada, do país de origem. Aprendi com a co-munidade portuguesa em França muito sobre Portugal e sobre os portugueses e saio de Paris com uma profunda admiração pela capacidade de superação que tantos dos nossos compatriotas demostram. Muitas dessas expe-riências partilhei-as no seio da Academia do Bacalhau de Paris, onde fiz amigos que sei me acom-panharão ao longo da vida.

Pedro Lourtie

“Manter-me-ei compadre na Academia do Bacalhau de Paris”

Page 51: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

51CULTURA

Há uma década, trocou Leiria por Paris. Aí, tem desenvolvido um trabalho notá-vel enquanto pianista, tendo conquista-do diplomas em reputadas instituições francesas. Com uma carreira que se vai afirmando no panorama internacional, João Costa Ferreira permanece relati-vamente desconhecido dentro da co-munidade portuguesa em França. Algo que começa a mudar, nomeadamente a avaliar pela distinção como meilleure ré-vélation artistique pela Cap Magellan no passado mês de outubro.

1. Conta-nos como nasceu o interesse pelo piano e como se deu a vinda para França.Foi quando tinha cerca de onze anos que pedi aos meus pais que me inscre-vessem numa escola de música para aprender piano. A vontade de aprender piano nasceu nas aulas de música do 5º ano, aulas onde os alunos cantavam acompanhados ao piano pela professo-ra. Fascinava-me a ideia de poder manu-sear aquele instrumento musical.Os meus pais inscreveram-me na Esco-la de Música do Orfeão de Leiria onde vim a estudar oito anos com o profes-sor de piano Luís Batalha. Este profes-sor foi essencial para que eu viesse a decidir-me pela carreira de pianista já que foi ele quem, verdadeiramente, me transmitiu a paixão pela música e me fez compreender a importância do trabalho e o valor da disciplina.Cheguei a França há dez anos para pros-seguir os meus estudos de piano na Éco-le Normale de Musique de Paris. Nessa

instituição estudei com os professores Marian Rybicki e Guigla Katsarava, tendo obtido vários diplomas, entre os quais o prestigiado “Diplôme Supérieur d’Exé-cution”. A razão que me levou a França é simples: o professor Luís Batalha conven-ceu-me de que seria essencial para mim, enquanto pianista, estudar no estrangei-ro e, para mais, em Paris já se encontra-vam alguns dos seus anteriores alunos, o que me facilitaria a adaptação.

2. Apresentaste recentemente a tua tese de Mestrado na Sorbonne, intitulada “Une étude pour la compréhension des Rhapsodies portugaises de José Vianna da Motta depuis la filiation lisztienne”. Qual foi a recepção do júri? Porque escolheste este tema?A julgar pela menção “Très bien” que o júri atribuiu ao meu trabalho de investigação diria que a receção do júri foi muito boa. Recebi felicitações e agradecimentos por estudar e dar a conhecer a obra de um compositor que lhes era desconhecido. Elogiaram também o facto de ter revisto e prefaciado as Cinco Rapsódias Portuguesas de Vianna da Motta para uma publicação inédita na editora AvA Musical Editions.Escolhi este tema por duas razões essen-ciais. A primeira razão prende-se com a vontade de estudar a vida e obra de um pianista e compositor português cujo re-conhecimento está ainda longe de refletir a sua real importância no meio musical nacional. A segunda razão prende-se com a paixão pessoal que tenho pela obra de Franz Liszt, pianista e compositor húnga-ro que esteve presente nas análises com-

JOÃO COSTAFERREIRA

parativas do meu estudo.Estas obras, que esperaram cerca de cen-to e vinte anos para serem publicadas, vão agora ser ouvidas pela primeira vez.

3. Concluída a tese de Mestrado, qual consideras ser a importância do tra-balho desenvolvido para os músicos e para o público?A tese está concluída mas o trabalho não. Actualmente, estou a preparar ao piano as Cinco Rapsódias Portuguesas para as tocar em concertos. Estas obras, que esperaram cerca de cento e vinte anos para serem publicadas, vão agora ser ouvidas pela primeira vez. Vianna da Motta chegou a tocar as suas rapsódias, sobretudo a primeira rapsódia. Mas é muito pouco provável que alguém vivo o tenha ouvido tocá-las, já que, segundo os resultados da minha investigação, foi por volta de 1916 que o compositor pôs de lado este repertório. A juntar a isso, não tenho informação de que algum ou-tro pianista as tenha tocado. Julgo, por isso, que a importância do meu trabalho para os músicos e para o público reside essencialmente na divulgação destas obras através de uma publicação inédi-ta, de um estudo analítico e de audições públicas.

4. Planeias continuar a desenvolver o trabalho sobre Vianna da Motta?Tenho planos para continuar a minha investigação sobre a vida e obra de Vianna da Motta no contexto de um Doutoramento em Musicologia ou em Performance. A directora de investi-

Pianista foi distinguido como “Meilleure révélation artistique”

ENTREVISTA

Page 52: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

52 CULTURA

gação que orientou o meu trabalho de Mestrado, a filósofa e musicóloga Da-nielle Cohen-Lévinas, tem, aliás, insisti-do para que continue os meus estudos em Doutoramento. Mas para isso terei de encontrar uma bolsa de estudo que mo permita fazer. Na verdade, durante os últimos cinco anos, fiz uma Licen-ciatura e um Mestrado na Sorbonne ao mesmo tempo que preparava os meus concertos de piano e dava aulas de pia-no para ajudar a pagar as contas da casa. Foram cinco anos muito cansativos mas também muito enriquecedores. O Dou-toramento exigir-me-á tempo que ape-nas uma bolsa me poderá facultar.

5. Na sequência da tua apresentação no TEDxYouth Leiria de 2013, qual consideras ser o papel da música clás-sica hoje em dia?Como o próprio nome indica, o TE-DxYouth@Leiria foi dirigido sobretudo aos jovens. Julgo por isso que a minha intervenção, estando relacionada com o preconceito de que a música clássica é aborrecida, se adaptou perfeitamente ao evento. Como é sabido, o público que, hoje em dia, frequenta concertos de mú-sica clássica é maioritariamente sexa-genário. Infelizmente, a música clássica tem tido dificuldades em conquistar o público mais jovem. Julgo que essa difi-culdade se relaciona com as transforma-ções profundas que a nossa sociedade tem vindo a sofrer, muito graças à dire-ção que o desenvolvimento tecnológico tem tomado a par da necessidade de um consumo desenfreado que nos impele a adquirir e a deitar fora tão depressa quanto possível – no sentido material, é certo, mas acabando por se refletir no modo como apreciamos ou valoriza-mos as coisas a um nível mais abstrato. No meu entender, nunca o fator dura-ção teve tanta importância na distin-ção entre o suportável do insuportável, e talvez essa seja uma das razões pelas

quais se tem observado junto das crianças e dos jovens cada vez mais dificuldades em manter a concentração. A duração de uma Sinfonia de Beethoven ou mesmo de uma Sonata de Mozart ultrapassa largamente os habituais três ou quatro minutos de um Rap, por exemplo. Diria por isso que, hoje em dia, o papel da música clássica é sobre-tudo conquistar novos públicos.Estou a viver em França há dez anos e, deste então, nunca atuei num evento organizado pela comunidade portuguesa que aqui resi-de.

6. O facto de seres português influencia de alguma forma o teu trabalho?Com certeza. Basta ver, por exemplo, que o tema que desenvolvi durante o Mestra-do diz respeito à obra de um compositor português. Julgo que se eu não fosse por-tuguês dificilmente teria pensado realizar um estudo sobre Vianna da Motta. É tam-bém pelo facto de eu ser português que me debruço igualmente sobre o repertó-rio para piano de compositores portugue-ses como António Fragoso ou Luiz Costa. Também posso dizer que isso influencia o meu ensino já que proponho com alguma frequência obras de compositores portu-gueses aos meus alunos.

7. A comunidade portuguesa residente em França apoia, de alguma forma, o teu trabalho? Sentes que há um interesse destas pessoas na tua carreira?Estou a viver em França há dez anos e, deste então, nunca atuei num evento or-ganizado pela comunidade portuguesa que aqui reside. Não consigo encontrar uma explicação sólida para este facto mas julgo que está relacionado com o pouco que tenho trabalhado no sentido de me-lhorar a minha visibilidade junto da co-munidade portuguesa em França. Estes últimos cinco anos de estudos intensivos na Sorbonne foram repletos de concer-tos e de aulas de piano. O tempo chegou para me aperfeiçoar artisticamente mas

não tanto para me empenhar na minha promoção.  Convém, contudo, salientar que, em 2014, a Lusopress reconheceu o valor do meu trabalho nomeando-me “ Português de Valor”.Tenho passado relativamente desper-cebido mas julgo que isso começou, re-centemente, a mudar. No mês de outu-bro, fui galardoado “meilleure révélation artistique” pela Cap Magellan numa gala que decorreu no Hôtel de Ville de Paris e onde se comemorou a implantação da república portuguesa.  Atualmente, es-tou a preparar um concerto na Casa de Portugal – André de Gouveia que terá lugar em abril de 2016 e onde interpre-tarei as Cinco Rapsódias Portuguesas de Vianna da Motta. Tenho boas expe-tativas relativamente à afluência do público, nomeadamente o público por-tuguês, visto tratar-se de obras muito apelativas, inspiradas em fados e temas populares portugueses provenientes de várias localidades de Portugal, melo-dias conhecidas do público português, magistralmente trabalhadas por José Vianna da Motta.

8. Quais são os teus projectos a curto, médio e longo prazo?Já falei de vários projetos, como o Dou-toramento ou a audição inédita das rapsódias de Vianna da Motta. Falta mencionar um projeto de música de câmara que estou a construir com o pia-nista francês Bruno Belthoise. Conhe-ço o Bruno há vários anos, sobretudo pelo trabalho, diria inigualável, que ele tem realizado no sentido de promover a música portuguesa em Portugal e no estrangeiro. Recentemente, decidimos preparar um repertório para piano a quatro mãos, dedicado à música fran-cesa e portuguesa. Como o projeto está ainda em fase de construção, não pode-rei adiantar mais do que isto, mas posso garantir que os meus projetos não ficam pelo caminho.

Page 53: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

53CULTURA

Folclore é o conjunto de tradi-ções e manifestações populares constituído por lendas, mitos, provérbios, danças, cantares e costumes que são passados de geração em geração.O folclore simboliza a cultura po-pular e apresenta grande impor-tância na identidade de um povo, de uma nação. Para não se perder a tradição folclórica, é importan-te que as manifestações culturais sejam transmitidas através das gerações.O folclore é o produto da cultura

de um país e por isso cada país tem elementos únicos de folclore.O folclore português está muito bem representado não só em Por-tugal como nas comunidades por-tuguesas espalhadas pelo mundo, e particularmente em França. Por prova das várias centenas de gru-pos que existem em França, doze são federados (membros da Fede-ração do Folclore Português), isto quer dizer que há qualidade na re-presentação. Nas fotografias pode-se ver a qua-lidade e beleza de trajar do Grupo

Folclórico Dos Atlânticos de Cré-teil, que representam o Alto Mi-nho (Ponte da Barca).Em sentido figurado, a palavra "folclore" é usada com o signi-ficado pejorativo de "mentira", "invenção", designando algo fantasioso. Também se refere a determinadas características pi-torescas relacionadas com uma pessoa, um acontecimento, um lugar, etc.

FOLCLOREPor Manuel Moreira

Page 54: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2
Page 55: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

55CULTURA

Portugueses homenageiam França

Les Amis du Plateau é uma jovem associação encabeçada pelo com-padre Valdemar Francisco e que tem como vice-presidentes Lionel Marques e Gilles Molteni. Criada em 2013, tem como objetivo juntar amigos que frequentaram as escolas públicas de Champigny-sur-Marne nas décadas de 60 e 70, assim como simpatizantes da causa. A ideia é or-ganizar encontros, criar e favorecer laços, desenvolver relações cultu-rais e trocas turísticas e humanitá-rias.

Nas décadas de 60 e 70, Champigny-sur-Marne foi o ponto de chegada para muitos emigrantes portugue-ses, que ali viveram em condições deploráveis naquele que, à época, era o maior bidonville (bairro de lata) em França. Ainda que duras, as condições de vida destas pessoas fo-ram melhoradas pelo entretanto fa-lecido Louis Talamoni, presidente da câmara de Champigny entre 1950 e 1975. O maire viu-se confronta-

do com pressões e boicotes por parte dos moradores e autarcas vizinhos, que se opunham à existência do bair-ro de lata e ao fornecimento de água através de fontes pagas pela Câmara.

Ainda assim, citando Valdemar Fran-cisco, “Louis Talamoni foi um homem de garra, um humanista que nunca esmoreceu e, com o socorro católico, distribuiu várias vezes roupa, calçado, botins e cobertores. Até chegou en-viar professores com grupos de alu-nos aos duches públicos. Ele mandou

fazer as infraestruras básicas, como canalização de água e saneamen-to, eletricidade, recolha do lixo e a construção de escolas”.“Foi devido à sua bondade, generosi-dade, contributo e esforço, que tive a ideia lhe prestar homenagem atra-vés da edificação de um monumento em sua memória”, explica Valdemar Francisco. Este monumento encon-tra-se já em fase de preparação e espera-se que esteja construído até abril de 2016.

“Eu gostaria que a obra represen-tasse Louis Talamoni mas queria muito mais”, diz Valdemar Francisco. Assim, entrou em contato com o seu amigo, o artista Louis Molinari, tam-bém emigrante, oriundo de Itália, e explicou-lhe que pretendia “um mo-numento imponente que também simbolicamente representasse “Les Amis du Plateau”, assim como a me-mória dos nossos antepassados, pais e avós. Molinari pôs-se à disposição e a obra está em curso de realização.

LES AMIS DU PLATEAU

“Um monumento imponente que simboliza “Les Amis du Plateau” assim como a memória dos nossos antepassados, pais e avós”

Page 56: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

56 CULTURA

O monumento vai ser construído precisamente no centro de uma rotunda, que será batizada “Place des Amis du Plateau”. Esta rotunda, onde se encontram a rua Bernau e a rua Ambroise, é simbólica por várias razões: na época do bidonville era um centro importante para os seus habitantes, que a partir daí podiam deslocar-se a locais próximos, como o terminal de autocarros ou o merca-do de Villiers-sur-Marne. Por outro lado, esta rotunda fica a 50 metros do memorial realizado pelo escul-tor português Rui Chafes em 2008, como homenagem aos portugueses.

Na praça em questão serão feitos quatro passeios que representam os quatro pontos cardinais, símbo-lo da orientação do homem. Esses passeios são convergentes para um centro octogonal, com cinco de-graus que representam os cinco de-dos da mão. De cada lado dos quatro

passeios, serão construídas oito colu-nas que serão revestidas com tijolos gravados. Cada tijolo terá o nome de um assinante ou de um familiar pro-fundamente gravado para a eternida-de. Estes tijolos andam a ser assinados há mais de seis meses e a associação Les Amis du Plateau tem andado na estrada à procura d quem queira ter o seu nome inscrito nos mesmos.

No cimo de cada coluna será colo-cada uma esfera que terá uma linha do equador feita de mãos humanas, recordando que foi Fernão de Maga-lhães, um português, o primeiro na-vegador a fazer a volta ao mundo. No perímetro serão plantadas oito olivei-ras, sendo o número oito é símbolo do infinito e a oliveira símbolo de paz e de esperança.

Anualmente, a 11 de novembro, dia de São Martinho, será feito um con-vívio para colher a azeitona, assar castanhas e beber agua pé, ao lado do memorial. O azeite feito por estas azeitonas será posto em garrafas mi-niaturas, para ser oferecido ou vendi-do como recordação.

No centro do patamar octogonal se-rão empilhados sete monumentais livros esculpidos no mármore e cada página contará simbolicamente uma

história de uma pessoa ou de uma família.O sétimo livro será colocado de pé e ficará meio aberto, lembrando que a história nunca acaba.

Numa face deste livro será gravado um rosto genérico do ser humano e do seu destino inscrito entre o Alfa e o Omega, que o situará entre o prin-cípio e o fim de tudo. Na outra face será colocada a epitáfio do Louis Talamoni, esculpida por Louis Moli-nari.

Na base do patamar onde estarão os livros, quatro mãos direitas, símbolo de trabalho e de retidão, serão colo-cadas nos quatro cantos dos livros, como se os estivessem a sustentar, assim ilustrando a retidão e a leal-dade simbólica do número quatro (segundo as definições do arquiteto romano Vitruvio).

Haverá um sistema de iluminação para por em valor este monumento que terá uma base de 81m2 por cin-co metros de altura.

“Este monumento será um sinal, uma mensagem que deverá ser con-siderada como um sítio de reflexão sobre o destino do humano”, remata Louis Molinari.

"Este monumento é um sítio de reflexão sobre o destino do ser humano"

Page 57: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

57CULTURA

“TEMPO, FOGO E MEMÓRIA”Escultor José Coêlho

José Coêlho foi convidado da Aca-demia do Bacalhau de Paris no jan-tar de 18 de setembro de 2015. O escultor português encontrava-se em paris para a inauguração da sua exposição “Tempo, Fogo e Memó-ria”, que esteve patente no Consula-do Geral de Portugal em Paris de 17 de setembro a 8 de outubro. Nascido em Árgea (Olaia – Torres Novas), em 1948, mudou-se para Riachos (Torres Novas) aos onze anos. Fez formação no externato Paulo VI no Laranjeiro, no Instituto Politécnico de Santarém e na Socie-dade Nacional de Belas-Artes, em Lisboa, onde concluiu um mestrado em escultura pública. Foi discípulo do escultor Martins Correia, com quem estudou desenho.

Expõe regularmente em Paris, sen-do o artista português com mais exposições na capital francesa. Em

2003 recebeu o prémio Doutor Gus-tavo Cordeiro Ramos atribuído pela Academia Nacional de Belas Artes.Aquando da sua presença no jantar da ABP, deixou-nos o seguinte texto a propósito da sua exposição “Tempo, Fogo e Memória”:

“Tempo, Fogo e Memória”

Numa linguagem própria, poética e concetual, arte e teoria da arte são uma e a mesma coisa, tal como o con-ceito de arte e verdade. A arte, como se apresenta hoje, em museus, exposi-ções e instalações, procura afastar-se e até mesmo combater a sociedade dos “porcos-espinhos”, metáfora an-tiga da filosofia que se tornou atual e se mantém expoente de ostentações devorando tudo à sua volta, dando lugar à sociedade do medo, do terror, da miséria, da exclusão e do êxodo. É o contrário da unidade social; des-truindo promove a sociedade desigual e precária. A arte está na luta contra todo o conceito que se torna travão do desenvolvimento. Por isso, estar imbuído com o espírito da arte con-cetual é estar com o movimento cul-tural e humanista que contribui para a modernização da sociedade. Porque a atividade artística é sempre uma in-

vestigação e um investimento, que rapidamente se transforma numa ferramenta a propósito da confian-ça no futuro e na natureza. O devir da própria arte procura atingir a ma-terialização do sublime e o sentido espiritual da forma de fazer e exer-cer a própria arte.As ideias e a família de ideias, são a matéria síntese com que se constrói a arte. No novo conceito de obra de arte, a ideia é o aspeto mais im-portante da obra. A ideia pensada e estruturada antecipadamente são a máquina perfeita que se torna a origem da própria obra de arte. A ideia ocupando o lugar da opinião, do olhar comentado, é tão impor-tante como a própria obra de arte. Quer seja contra ou a favor, dão ao Homem a oportunidade de usufruir de um lugar de partilha, de discus-são descomprometida e livre. Sem-pre desde a idade das cavernas, o Homem sentiu a necessidade de conviver e se familiarizar com a pró-pria obra de arte, por isso ela é tão valiosa e decisiva na vida dos seres humanos; obriga e ajuda a pensar, a formatar memórias, num esforço de herança ancestral. É fogo, tempo e humanidade, viva mesmo fisicamen-te ausente.

“A arte dá ao homem a oportunidade de usufruir de um lugar de partilha”

Page 58: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2
Page 59: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

59CULTURA

AS MIL E UMA NOITES CINEASTA MIGUEL GOMES

Xariar, rei da Pérsia, descobre que a sua mulher é infiel. Dececionado e furioso, manda matar a esposa e decide que, dai em diante, dormi-rá com uma mulher diferente cada noite, mandando matá-la na manhã seguinte: assim nunca será traído de novo. Ao fim de três anos, Xerazade é escolhida por Xariar mas na sua noite com ele decide contar-lhe uma história. O tempo passa e Xerazade promete continuar a história na noi-te seguinte. Intrigado, o rei decide poupá-la e assim se passam mil e uma noites. Esta é a premissa da fa-mosa coleção de histórias do médio oriente, que serve de base à mais re-cente obra do realizador português Miguel Gomes.“As Mil e Uma Noites é relativa-mente conhecido e contamos com o facto de fazer parte do imaginário popular coletivo para nos concen-trarmos sobretudo nas histórias que Xerazade conta. E essas serão dife-

rentes daquelas que conhecemos do livro”, explica o realizador na página oficial d’As Mil e Uma Noites.Com a ação situada em Portugal, nos anos de 2013 e 2014 – em que o país cumpria um pesado programa de ajus-tamento imposto pela Troika – As Mil e Uma Noites de Miguel Gomes cons-troem ficções a partir da realidade. Baseado em reportagens de jornalis-tas portugueses, o realizador traça a história de um país mergulhado numa crise económica onde a austeridade e o desemprego são os elementos mais marcantes da identidade coletiva. Miguel Gomes quis dar à obra um es-tilo de ficção quase delirante. “Para contrapor à má ficção, que é a mentira dos políticos que fazem de conta que está tudo bem. E essa é a má ficção porque é a ficção que se finge real, que tenta passar por real”, atesta.Com um total de seis horas, “As Mil e Uma Noites” estão divididas em três volumes: “O Inquieto”, “O Desolado” e

“O Encantado”, que estrearam entre agosto e outubro de 2015. Os filmes têm também estreia garantida em mais de trinta países e têm partici-pado em diversos festivais de cine-ma, tendo conquistado prémios, por exemplo, em Sydney e na Polónia.

Do elenco, que conta com atores profissionais e amadores, fazem parte Adriano Luz, Carloto Cotta, Gonçalo Waddington, Joana Vero-na, Rogério Samora, Margarida Car-pinteiro e Cristina Carvalhal, entre outros. Esta é a obra de Miguel Gomes que sucede a “Tabu”, que venceu mais de uma dezena de prémios. Na filmo-grafia do cineasta figura ainda “Na-quele Querido Mês de Agosto” e “A Cara que Mereces”.

“Constrói ficções a partir da realidade”

Page 60: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

60 CULTURA

“Pode uma ideia mudar o mundo?”. É esta a pergunta que serve de premissa ao novo romance de José Rodrigues dos Santos, “As Flores de Lótus”. Editado a 24 de ou-tubro, é o 14º livro de ficção do autor e jornalista português.Deixando de lado Tomás Noronha, o his-toriador que protagoniza a maioria das suas obras, José Rodrigues dos Santos reparte “As Flores de Lótus” entre quatro histórias de quatro famílias, nos anos 20 do século passado. Portugal, Rússia, Chi-na e Japão são os quatro palcos da ação que aborda os temas dos regimes comu-nistas e fascistas autoritários, as ditadu-ras que começaram a florescer no início do século XX. O livro é descrito pela editora Gradiva como “uma das mais ambiciosas obras da literatura portuguesa contemporânea” e pelo próprio autor como “um livro per-tencente a um género inexistente em Portugal”. Para o redigir, José Rodrigues dos Santos precisou de três anos e de um extenso e detalhado processo de investigação.Com 50 mil exemplares na primeira edição, é expetável que “As Flores de Lótus” alcan-cem o sucesso das obras predecessoras do autor e cheguem aos 100 mil junto do público português. No entanto, José Rodrigues dos Santos pretende fazer chegar a obra também à China e ao Japão, para além dos já tradicionais mercados internacionais onde estão disseminadas em vinte línguas.

BREVES

António Zambujo, uma das maiores sen-sações da música portuguesa dos últimos tempos, passará por França em janeiro de 2016 para um concerto em Pontault-Combault dia 15, um em Avignon dia 22 e outro em Grenoble dia 23. Isto depois de ter passado pelo Casino de Paris em novembro de 2015 e de ter esgotado dez datas nos Coliseus de Lis-boa e Porto, onde atuou lado a lado com Miguel Araújo. Nascido em 1975, em Beja, Zambujo cresceu com uma forte influência do cante alentejano, que procura transpor para as suas composições. O fado es-teve também sempre presente na sua vida e é da combinação destas duas tra-dições musicais portuguesas, aliadas a uma inovação e originalidade próprias que nascem as músicas do artista.Tendo lançado o primeiro álbum em 2002 (“O Mesmo Fado”), António Zam-bujo conta já com sete discos, sendo o mais recente “Rua da Emenda”, com o qual tem estado numa digressão inten-sa por Portugal e pela Europa.

ANTÓNIOZAMBUJOACTUAÇÕESEM FRANÇAEM 2016

JOSÉ LUÍSPEIXOTOABORDA APARIÇÕES DE FÁTIMA

JOSÉ RODRIGUES DOS SANTOSPODE UMA IDEA MUDAR O MUNDO?

O mais recente romance de José Luís Peixoto, “Em Teu Ventre” foi publica-do no final de outubro e nele o autor aborda o tema das aparições de Fátima, entre maio e outubro de 1917, tendo a Irmã Lúcia como protagonista. Considerado por Peixoto como um dos livros mais exigentes que escreveu, com ele o autor pretende contribuir modestamente para um esclarecimen-to e reflexão coletiva sobre Fátima. “Este é um tema novo para mim mas que se relaciona com outros que tenho aprofundado em diversos livros”, disse o autor em entrevista.Com uma narrativa que cruza a dimen-são histórica com a riqueza de perso-nagens surpreendentes, esta é também uma reflexão acerca de Portugal e de alguns dos seus traços mais subtis e profundos.“Em Teu Ventre” é ainda um espaço de reflexão sobre as mães e o seu papel na vida de todos nós, apresentando a maternidade em múltiplas dimensões. “Mãe, atravessas a vida e a morte como a verdade atravessa o tempo, como os no-mes atravessam aquilo que nomeiam”.

Page 61: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2
Page 62: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

62 CULTURA

OS

JUD

EUS

PO

RT

UG

UES

ES

FOI A PRIMEIRA GRANDE VAGA DE EMIGRAÇÃO PORTUGUESA

POR CARLOS PEREIRA

Diretor do Lusojornal

QU

E D

ER

AM

VID

A À

FR

AN

ÇA

Na altura Portugal era um país multi-re-ligioso. É verdade que os primeiros Reis de Portugal combateram os Mouros que ocuparam o sul do país, mas muitos deles permaneceram em Portugal, onde tam-bém havia muitos judeus.Há cidades que ainda hoje preservam as suas Mourarias e as suas Judiarias, bair-ros onde viviam maioritariamente pes-soas dessas religiões. O bairro da Mou-raria, em Lisboa, hoje na moda, tem este nome porque aí residiam muitos Mouros.Estávamos no ano de 1474 quando D. Fer-nando II de Aragão e D. Isabel I de Castela passaram a ocupar o Trono de Castela e mais tarde o de Aragão. Conhecidos pelo cognome de Reis Católicos, decidiram ex-pulsar os Judeus do território espanhol.D. Manuel I, Rei de Portugal, homem de bom coração, aceitou acolher os Judeus expulsos de Espanha. Não se esquecen-do, claro, de lhes pedir um “imposto” de entrada no país, mas deu-lhes vantagens fiscais para se instalarem em Portugal.A situação parecia normalizada. Mas du-rou pouco tempo.D. Manuel I era solteiro quando acedeu ao trono e casou com D. Isabel de Aragão, fi-lha dos Reis de Espanha. Das negociações dos Diplomatas resultou um acordo que impunha ao Rei português que expulsasse os Judeus do país.Dizem que D. Manuel I não gostou da ideia mas as relações com o país vizinho eram demasiado importantes para que não aceitasse a proposta. Disse então aos Judeus que podiam ficar no país, mas... teriam que se converter ao Catolicismo. Prometeu-lhes que não haveria inqué-ritos sobre a vida privada das famílias, o que lhes dava a garantia de poderem pra-ticar a sua religião... em segredo!

Mas milhares de Judeus deixaram o país. Atravessaram a Espanha e fixa-ram-se nas primeiras cidades francesas: Bayonne, Saint Jean-de-Luz, Guéthary... até Bordeaux. Milhares de refugiados portugueses - muitos com ascendência espanhola - passaram então a residir em França. Foi a primeira grande vaga de “emigração” portuguesa para França. Naquela região do sudoeste da França ainda há muitos nomes portugueses, por vezes afrancesados, é certo. Mui-tos continuaram viagem até à Holanda. A imponente Sinagoga Portuguesa de Amesterdão é hoje um monumento a visitar e vem referenciada em todos os guias turísticos da capital da Holanda. E o filósofo holandês mais conhecido do mundo, Baruch Spinoza, era descen-dente de uma dessas famílias de Judeus portugueses. Outros foram para os Es-tado Unidos. Mas a grande parte ficou em França. De entre os Judeus expulsos de Portugal, havia famílias riquíssimas. Em Bordeaux é possível visitar algumas dessas casas, imponentes, devidamente identificadas. O grupo de contadores de histórias da associação O Sol de Por-tugal, de Bordeaux, organiza, pontual-mente, passeios pela cidade para visitar algumas dessas casas e em cada uma delas contam contos lusófonos.Sabe-se, por exemplo, que Jacob Ro-drigues Pereire, que morou na cidade, abriu uma das primeiras escolas de lin-guagem gestual para os surdos mudos. Foi um grande defensor da teoria dita da Oralidade, que o opôs fortemente ao abade Charles Michel de l’Épée, que ainda hoje é dado como o inventor da linguagem gestual em França.A família Pereira, originária de Macedo

Primeira vaga de emigração para França

Page 63: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

63CULTURA

de Cavaleiros, passou por Peniche an-tes de vir para França. Aqui passou a ser Pereire ou Péreire. Os filhos de Jacob Rodrigues Pereire, os irmãos Pereire - Jacob Rodrigue Émile Pereire e Isaac Rodrigue Pereire - foram empresários reputados, primeiros no domínio dos transportes marítimos, estabelecendo a ligação entre a França e os Estados Unidos, depois ferroviários. Abriram es-taleiros navais em Saint Nazaire e a eles também se deve a primeira linha de ca-minhos de ferro entre Paris e Saint Ger-main-en-Laye ou a linha de caminhos de ferro entre Bayonne e Bordeaux. Cria-ram a Compagnie des Chemins de Fer du Midi e também estiveram implicados no concurso de concessão da primeira linha do metropolitano de Paris, per-dendo o negócio para Fulgence Bien-venüe.Os irmãos Pereire foram os grandes construtores dos “Grand Boulevards” mandados construir por Haussmann em Paris. “Eles eram o Bouygues daque-le tempo” disse-me uma vez um francês que comentava a grandeza das empre-sas dos Pereire.Bastante ricos, criaram o Crédit Mobi-lier que mais tarde faliu, deixando bases à fundação do atual Crédit Lyonnais. Criaram e geriram a empresa termal de Vichy, fundaram a “cidade nova” em Arcachon, frequentada por Napoleão, compraram castelos e palacetes. Mais ainda: foram os Pereire que financiaram o primeiro voo de Clément Ader, naque-le que veio a ser o primeiro avião fran-cês: a Éole. Os dois acabaram por ser eleitos Deputados e têm vários livros publicados.Um dos edifícios do atual Consulado Geral de Portugal em Paris foi manda-do construir pelos irmãos Pereire. Não muito longe dali, ainda hoje dão o nome a uma avenida da capital - o boulevard Pereire - e até uma estação de metro, em Paris 17.Um outro descendente de Judeus por-tugueses foi Pierre Isaac Isidore Men-dès France, que chegou a ser Primeiro

Ministro de França, depois de ter sido Mi-nistro da Economia de Charles de Gaulle, e o grande refundador do Partido Socia-lista francês do pós II Guerra Mundial. Foi resistente durante a ocupação Nazi e enquanto Primeiro Ministro assinou os acordos de paz com a Indochina, descolo-nizou a Tunísia, iniciou a descolonização de Marrocos e só falhou na descoloniza-ção da Algéria.Quem passear por Paris, para além do boulevard Pereire, ainda pode visitar a Sinagoga Portuguesa de Paris, na rue Buf-faut, entre a Gare de Saint Lazare e a Gare du Nord. São raros os Judeus portugueses que hoje frequentam a Sinagoga Portu-guesa (ainda se chama assim) mas ela foi construída porque os Judeus de origem portuguesa discordavam dos rituais pra-ticados na Sinagoga da rue de la Victoire - que se tornou a Grande Sinagoga de Pa-ris. Na Sinagoga Portuguesa ainda hoje se ouve o Ladino nos atos religiosos daque-le espaço religioso, esta língua inventada pelos rabinos espanhóis para ensinar os textos sagrados hebraicos.Em Paris 17, quem passar pela rue de Flandres pode nem se aperceber de uma placa da Ville de Paris, com a história do Cemitério dos Judeus Portugueses, ainda com meia dúzia de campas. Para as visitar é necessário pedir autorização ao Consis-toire de Paris.Trata-se de um terreno comprado por Ja-cob Rodrigues Pereira para aí enterrar os judeus sefarditas. O rei autorizou, desde que os funerais fossem organizados “ao cair da noite, e sem escândalo”!

E os Judeus que ficaram em Portugal?Muitos Judeus decidiram ficar em Portu-gal, argumentando uma reconversão ao catolicismo. Tinham de passar a ir à missa ao domingo, mas diziam uma reza ao en-trar na igreja, como que para descargo de consciência, para dizerem que a religião deles era outra. Deixaram da fazer shabat ao sábado, mas sim ao domingo e passa-ram a fazer de conta que comiam carne de porco.As Brigadas da Inquisição, que andavam de terra em terra, nomeadamente no in-terior beirão e transmontano, passavam pelas casas para verificar se as pessoas co-miam carne de porco. Os Judeus inventa-ram então as alheiras, que mais não eram do que chouriços, só que trocaram a carne de porco pela carne de aves. Hoje a alheira também leva carne de porco (e continua a levar carne de aves) mas naquela altura salvou muitos Judeus das fogueiras da In-quisição.Pouco a pouco, milhares de famílias fo-

ram-se efetivamente convertendo ao cristianismo. Mas muitos continuavam a praticar, às escondidas, a religião judaica.

Nos anos 40, o Capitão Barros Basto criou um movimento em Portugal para que os “Marranos” - como são conhe-cidos os Judeus que escondiam a sua religião - pudessem assumir sem pro-blemas que eram Judeus. O movimento trabalhou muito na região da Guarda, Viseu, Vila Real e Bragança, mas o Ca-pitão acabou por ser condenado por pe-dofilia, no seguimento de uma denúncia anónima. Sem provas e sem julgamento!Com medo, os “Marranos” continuaram a praticar a sua religião às escondidas.Até que um engenheiro polaco, Stan Neumann, que trabalhava numas minas em Portugal, ouviu uns cânticos hebrai-cos, cantados em português. Comparou a letra e diziam exatamente a mesma coisa que os originais. Com um realiza-dor francês, François Brenner, fizeram um livro e um documentário intitulado “Les Derniers des Marranes”, com ima-gens até então secretas de atos religio-sos praticados às escondidas há cerca de 500 anos.O filme foi difundido no canal francês France 3 pela primeira vez em 1992, com a promessa de François Brenner que as imagens não seriam difundidas em Portugal. No dia seguinte, as casse-tes VHS já estavam a circular pelo país, levadas pelos emigrantes que gravaram o programa.Poucos meses depois, falei com Fran-çois Brenner que me disse não querer mais ouvir falar dos Judeus portugue-ses, mas também eu me desloquei a Bel-monte, com um grupo de jovens que fez uma visita de estudo sobre os Judeus de Belmonte, do qual resultou uma exposi-ção, propriedade da Associação France-Portugal de Oloron Sainte Marie e da Coordenação das Coletividades Portu-guesas de França (CCPF).Hoje, em Belmonte existe um Centro cultural israelita com uma Sinagoga, um cemitério judaico, e uma importante co-munidade de judeus.Mas diz quem sabe que, em Portugal, ainda há quem diga que não é Judeu, mas pratique rituais judaicos em segre-do. Será?

Os Marranos

“Com medo, os Marranos continuaram a praticar a sua religião às escondidas”

Page 64: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

64 RECEITA

O “Cabillaud”POR VICTOR FERREIRA

Não é necessário lembrar-vos que o cabillaud é uma das cinco espé-cies existentes do peixe com o qual se prepara o bacalhau - nunca é de mais recordar que o bacalhau não é o nome do peixe mas a técnica de salga e seca do mesmo. Sabia que a morue, ou cabillaud, é um nome que designa em francês peixes de várias espécies, que vivem em águas muito frias. Outrora muito popular, mesmo um pouco desprezado, este enorme peixe está agora presente nas car-tas dos restaurantes mais refinados, onde não só é apreciado pelo seu sa-bor inconfundível mas também pe-las várias formas de o preparar.

O termo cabillaud apareceu na língua francesa por volta de 1278 e vem do holandês kabeljau. É hoje um dos pei-xes mais apreciados dos franceses, que nunca aderiram ao bacalhau pelo seu cheiro ser muito forte e ter um gosto muito iodado. Desta enorme caldeirada e ambígua apelação das várias espécies misturadas na família dos Gadus, nos nossos dias as coisas foram vistas mais racionalmente e só três espécies são reconhecidas:

- Morue do Atlântico - Gadus Morhua - Morue do Pacífico - Gadus Macroce-phalus- Morue da Gronelândia - Gadus Ogac

O cabillaud do Atlântico, derivado a uma pesca intensiva e por vezes desorganizada, deixou de ser abun-dante e a sua pesca teve mesmo que ser regulamentada, o que teve como consequência imediata o facto de a indústria pesqueira achar útil dar o mesmo nome a outras espécies "para enganar o consumidor". Estas espécies encontram-se no hemisfé-rio sul e podem ser cozinhadas da mesma forma mas não têm o mesmo sabor nem a mesma riqueza nutriti-va do verdadeiro cabillaud.

Este mês vou falhar-lhes do cabillaud ou bacalhau fresco

Page 65: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

65RECEITA

“Cabillaud ao Pesto à Vilafranquense”

1,800 kgs de lombo de cabillaud alto e com a pele, cortado em postas de 300gr.2 cebolas 50 gr. de pinhões 1 ramo de manjericão1 ramo de salsa 50 gr. de queijo ralado parmesão 12 batatas médias 0,50 gr. de sal grosso de faro ou outro0,3 l. de azeite extra virgem 2 dl. de vinho branco 4 tomates médios bem maduros e encarnados 100 gr. de azeitonas pretas2 dentes de alho

Receita para 6 pessoas:

Preparação: Preparação dos tomates:

Apresentação:

Num prato ou tabuleiro, dispor as cebolas cortadas em rodelas e colocar os lombos do cabillaud com a pele para baixo sobre as cebolas.Regar ligeiramente com azeite, por alguns grãos de sal em cima, à sua conveniência, e um pouco de vinho branco sobre as cebolas.Levar ao forno (220graus) durante 15 a 20 minutos até ficar aloirado.

Preparação com pesto:Juntar os pinhões, as folhas de manjericão sem os talos, um pouco de folhas de salsa, o queijo, o alho e o resto do azeite.Misturar bem até o pesto apresentar um aspeto de pasta líquida e aromática.

Numa caçarola colocar um pouco de azeite e cebola migada, aloirar e juntar-lhe a polpa do tomate e o resto do vinho branco. Em lume brando deixe reduzir até obter um molho de tomate coulis. Cortar em dados o que ficou do tomate. Cozer as batatas.

Colocar uma colher de molho de tomate no centro do prato.Por o lombo do cabillaud, com a pele para baixo, em cima do molho de tomate. Cortar as batatas em rode-las e dispor em toda a volta do prato.Uma azeitona entre as batatas. Dispor o pesto à volta do molho de tomate. Decorar com os dados de tomate e um ramo de salsa.

- Em matéria de pesca, o nome de cabillaud é reservado aos morues adultos e o termo morue aos juvenis.

- No Canadá, região de grande pesca, o nome de cabillaud é desconhecido. É o termo morue que agrupa todas as espécies.

- No que respeita a culinária, a palavra cabillaud designa peixe fresco ou congelado e o termo morue peixe salgado. Bacalhau verde ou salgado e seco é bacalhau.

- Sabia que o óleo de cabillaud ajuda ao crescimento das crianças e melhora as suas capacidades inteletuais. É muito rico em Ómega-3 e é muito recomendado nos casos de osteoporose ou fraturas ósseas.

- Os franceses consideravam o cabillaud como um peixe popular, conhecido pela sua abundância e pela grandes campanhas para a sua pesca, “les morutiers". Nunca foram amadores do bacalhau por o considerarem mal cheiroso e ser peixe de pobre, criando à sua volta uma fama pouco gloriosa, com registo na língua familiar de termos tais como morue designando uma prostituta ou uma mulher desprezível.

CURIOSIDADES:

Page 66: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

66 PASSATEMPOS

Editora: Academia do Bacalhau de Paris 9, Rue Saint-Florentin 75008 Paris

Tel: 07 81 19 57 10Mail: [email protected]

Coordenação editorial: Christelle Rebelo Redação: Diana Bernardo Colaboradores: Carlos Ferreira, Alfredo Lima, Rogé-rio Vieira, José Honório, Glória Silva (Academia do Bacalhau de Rouen), Horácio Fernandes, Keila Barbosa, Joaquim Sousa, Vitalino d’Ascensão, José Manuel Sampaio, Pedro Lour-tie, Carlos Pereira, Manuel Moreira, Valdemar Francisco, José Coêlho e Victor Ferreira.

A direção editorial desta revista agradece a todos aqueles que, de uma forma ou de outra, colaboraram na realização deste segundo número. Seja através de textos, fotografi as ou envio de informação, a vossa ajuda foi essencial para a criação desta revista. Agradecemos também a todas as empresas que apoiaram este proje-to através da inserção de conteúdos publicitários e que permitiram a via-bilidade económica deste projeto da Academia do Bacalhau de Paris.

Outras colaborações: José Dias, Carlos Silva, Pedroso Leal, Chantal da Costa, Reitor Nuno Aurélio, Refúgio Aboím Ascensão, António Lopes, José Oliveira (Câmara Municipal de Moura) e João Costa Ferreira.

Produção gráfi ca e paginação: Killbeek - www.killbeek.comImpressão e encadernação: Lisgráfi ca – Impressão e Artes Gráfi cas, S.A.Periodicidade: SemestralTiragem: 3 mil exemplares Propriedade: Academia do Bacalhau de ParisDISTRIBUIÇÃO GRATUITA

FICHA TÉCNICA AGRADECIMENTO

PASSATEMPOS PALAVRAS CRUZADAS

ANEDOTAS

1. Apelido do primeiro Presidente da ABP2. Nome do Presidente Honorário de todas as Academias3. Academia afi lhada da ABP4. Cidade onde nasceu a Academia do Bacalhau5. Um dos símbolos das Academias do Bacalhau6. Em 2014, a ABP organizou dois torneios deste desporto7. Todos os compromissos precisam de um para entrar na Academia8. Única Academia a ser ofi cializada em 19989. Fiel amigo10. Os membros das Academias tratam-se por este nome11. Cidade que acolheu o Congresso de 201312. Um dos pilares das Academias13. O Gavião de Penacho foi inspirado no Orfeão desta cidade14. Uma das Academias mais recentes15. A Academia-Mãe foi criada em 196_

Na escola: - Diga lá o menino porque é salgada a água do mar... Resposta: - Porque tem bacalhau lá dentro. 

O bacalhau é o peixe mais erótico do mundo...A cabeça chupa-se,O rabo come-se,O resto do corpo dá para fazer umas belas punhetas.

Pergunta um maluco a outro:- O que é que está escrito nessa folha de papel que levas na mão?- É uma receita de bacalhau.- E onde vais com ela?- Ora, vou à farmácia para me aviarem a receita…

Page 67: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2
Page 68: Revista Academia Bacalhau Paris - Nº2

Pode entrar em contato com a Academia do Bacalhau de Paris através de:

9, rue Saint-Florentin, 75008 ParisTelemóvel: (+33) 7 81 19 57 10Email: [email protected]/academiabacalhauparis

Para apoiar a Academia do Bacalhau de Paris pode fazer doações para a seguinte conta:

IBAN: FR76 1261 9000 0742 6003 0101 570