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Sumário2 PALAVRA DO DIRETOR PRESIDENTE
4 ACONTECE
12 CULTURA
16 MURAL DE NOTÍCIAS
ARTIGOS18 Interdisciplinaridade com humanismo20 Por uma verdadeira liderança do Brasil no enfrentamento das mudanças climáticas22 Ensino religioso: perspectivas metodológicas24 A indústria de software no Brasil26 Resolução de conflitos e educação em valores30 Telhado Branco: uma alternativa contra o aquecimento global
INOVAÇÃO31 Inovar é fazer conexões
POLÍTICA32 Entrevista: Deputado Antonio José Castelo Branco Medeiros34 Entrevista: Senadora Fátima Cleide36 Entrevista: Senadora Marisa Serrano37 A importância da Universidade
GESTÃO38 Unificação pela diversidade40 Marketing a serviço das Instituições de Ensino42 Valorização profissional: só depende de você44 Consumo consciente de alimentos se aprende na escola46 Assistência educacional gratuita: uma questão de (des)igualdade48 Ex-alunos e o futuro das universidades
CAPA50 Conectando-se ao futuro
EDUCAÇÃO SUPERIOR56 De portas abertas para o ensino médio58 PUC-PR abre portas para o mercado de trabalho60 Brasília ganha centro avançado de sequenciamento de genomas62 Pesquisa da UCDB usa derivado da mandioca contra células cancerígenas64 Reitor da Católica assina contrato de parceria com centro de pesquisa chinês66 Saúde no Brasil: promoção e sustentabilidade
EDUCAÇÃO BÁSICA69 Alunos do Colégio Fátima aprendem astronomia70 Colégio Mãe de Deus: Com o ouvido no coração de Deus e a mão no pulso do tempo72 Polo de formação tecnológica amplia a inclusão de jovens73 Colégio Madre Carmen Sallés realiza abertura da Campanha da Fraternidade74 Equipe de Handebol representa o Estado em Campeonato Brasileiro75 Colégio Salvatoriano Bom Conselho: 60 anos de tradição em educar76 Encontro reúne escolas católicas de Belo Horizonte77 Colégio de Educação Católica participa de Mundial Escolar em Portugal78 Colégio Marista Nossa Senhora da Penha realiza Semana Pastoral
79 CONVERSA COM MANTENEDORAS
80 SERVIÇOS
82 PLANO DE AULA
84 REFLEXÃO
30
34
40
50
56
78
Nesta edição da Revista Informativa Educacional a palavra-cha-
ve é inovação. Depois de ter passado por uma reforma completa,
agora chega o momento de criar. Isso significa abrir espaço para as
informações que têm valor, destinadas à gestão de nossas institui-
ções. Conhecimento que pode aumentar o poder de decisão de quem en-
frenta a aventura de ensinar.
A meta da ANEC é dispor cada vez mais de inovação para levar a informa-
ção a quem precisa. Para isso, mostramos aqui as iniciativas de nossas insti-
tuições associadas que estão mudando o perfil da educação no Brasil. Abri-
mos também espaço para soluções em gestão, sustentabilidade, relações hu-
manas, programas culturais e até roteiros turísticos.
A Informativa Educacional apresenta novidades em duas editorias: Plano
de Aula e Turismo Pedagógico. Em plano de aula, os educadores vão contar
com sugestões importantes sobre a atuação em sala de aula. Didáticas inova-
doras e exemplos de sucesso de alguns profissionais que aplicam na prática
técnicas eficientes para transmitir o conteúdo aos alunos. Em Cultura, ago-
ra temos dicas sobre Turismo Pedagógico, roteiros criativos para uma via-
gem divertida pelo mundo do conhecimento e oportunidades para mostrar
lugares novos aos alunos.
A segunda edição deste ano também faz uma chamada para o Congres-
so Nacional de Educação Católica. O maior encontro de educadores católi-
cos de 2010 deve reunir mais de 3 mil participantes em Brasília. Uma edi-
ção especial da revista vai ser preparada para contar cada detalhe desse im-
portante evento que tem como tema: Educação, Inovação e Empreendedo-
rismo Global.
Boa leitura!
DIRETORIA NACIONAL
Diretor PresiDente
Reitor Pe. José Marinoni, SDB
Diretor 1º Vice-PresiDente
Reitor Pe. Marcelo Fernandes de Aquino, SJ
Diretor 2º Vice-PresiDente
Reitor Ir. Clemente Ivo Juliatto, FMS
Diretora 1º secretária
Ir. Ana Maria Paes
Diretor 2º secretário
Reitor Pe. Christian de Paul de Barchifontaine, MI
Diretor 1º tesoureiro
Ir. Joaquim Juraci de Oliveira, FMS
Diretor 2º tesoureiro
Pe. Guido Aloys Johanes Kuhn, S.J
secretário executiVo
Prof. Dr. Dilnei Lorenzi
CONSELHO SUPERIOR
PresiDente
Reitor Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães
Vice-PresiDente
Reitor Prof. Wolmir Therezio Amado
secretário
Reitor Pedro Rubens Ferreira Oliveira
CONSELHEIROSIr. Teresinha Maria de Sousa, MCIr. Nelso Antônio Bordignon, FSCPe. Wilson DenadaiProfessor Roberto PradoPe. Nivaldo Luiz Pessinatti, SDBPe. Mieczyslaw Smyda, SJ
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DEEDUCAÇÃO CATÓLICA DO BRASIL
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE EDUCAÇÃO CATÓLICA DO BRASIL - ANECSRTV/Sul Quadra 701 Bloco O Sala 135Ed. MultiempresarialCEP: 70340-000 - Brasília-DFFone: 61 3226-5655 - Fax: 61 3322-5539E-mail: [email protected]
DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃOLuciene Lopes PereiraNelismar de Souza
JORNALISTALana Canepa
PROJETO GRÁFICO E EDITORAÇÃO
www. zeppelini.com.brFone: 11 2978-6686
IMPRESSÃOParque Gráfico da Editora FTDFone: 11 2412-8099
As ilustrações foram cedidas pelas instituições
Palavra do Diretor-Presidente
Pe. José MarinoniDiretor-presidente da ANEC
2 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
www.anec.org.br/congressoanecINSCRIÇÕES ONLINE
PatrocínioPatrocínio Master
Tecnologia
Planeta
EmpresasEducacao
Faz tempo que a sala de aula ficou pequena para os nos-
sos alunos. E diante de tal realidade nem sempre sa-
bemos o que fazer. Na maioria das vezes, o que é fei-
to para remediar as necessidades torna-se obsoleto ou pouco
eficiente. Fatos como esses podem estar presentes no cotidia-
no educativo. A consequência é o desconforto de uma lacuna
existente entre a estrutura convencional das instituições de en-
sino e os anseios da sociedade contemporânea.
Como é possível que as instituições de ensino, os educado-
res, os gestores, enfim, todos aqueles que estão envolvidos ou
são responsáveis pela condução do processo educativo, traba-
lhem com os anseios da sociedade contemporânea na forma-
ção da nossa juventude? Na preparação e no processo forma-
tivo dos nossos alunos para o futuro próximo? Qual é o papel
do ambiente educacional em proporcionar o despertar dos va-
lores decisivos para a garantia de um futuro que almejamos?
Tais preocupações darão o tom dos debates no Congresso
Nacional de Educação Católica, promovido pela ANEC. Acre-
ditar no futuro é investir na educação, pensar em inovação tec-
nológica é possibilitar a formação de cidadãos empreendedores
que visualizam o mundo a partir de novos modelos e fomen-
tam a esperança no espírito da humanidade e de suas virtudes.
O maior evento sobre Educação Católica realizado no
Brasil tem como tema: Educação, Inovação e Empreen-
dedorismo Global. A iniciativa, promovida pela ANEC,
acontece em Brasília entre os dias 21 e 23 de julho. As-
suntos como a formação de cidadãos, ética, os no-
vos perfis profissionais do Brasil e as inovações tec-
nológicas disponíveis no mercado serão algumas
das diretrizes do encontro.
O Congresso Nacional de Educação Cató-
lica contará com a participação de um rol de
especialistas, como o presidente do Conse-
lho Superior da ANEC e reitor da Universi-
dade Católica de Minas Gerais (PUC-MG),
prof. Dom Joaquim Giovani Moll Guima-
rães; o secretário de Ciências e Tecnologias
do Estado de Santa Catarina, dr. Diomá-
rio Queiroz; o representante da Fundação
de Centros de Referência em Tecnologias
Inovadoras (CERTI), dr. José Carlos Azeve-
do Fiates; a coordenadora de pesquisa no Laboratório de Es-
tudos Cognitivos (LEC/UFRGS); a assessora do Ministério da
Educação, Drª. Léa Fagundes, entre outros.
ANEC realiza o maior evento do Brasil sobre Educação Católica
Congresso Nacional de Educação Católica
21 a 23 de julho
Centro de Convenções Ulysses Guimarães – Brasilia/DF
Informações: [email protected]
4 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Acontece
48ª Assembleia Geral dos Bispos do BrasilForam dez dias de debates sediados na capital
federal durante a 48ª Assembleia Geral dos Bispos
do Brasil. O evento foi realizado pela Confederação
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e cerca de
300 bispos participaram do encontro, debatendo
vários temas, entre eles: o novo Plano Nacional
de Direitos Humanos, a questão agrária no Brasil,
o acordo Brasil Santa Sé, o trabalho escravo,
as questões de abuso sexual, as comunidades
eclesiais de base e as diretrizes para a formação
sacerdotal.
ExpoCatólica 2010Mais de 150 expositores e 40 mil pessoas de
diversos Estados brasileiros participaram da
ExpoCatólica, realizada entre os dias 8 e 11 de abril
no Expo Center Norte, em São Paulo.
A Associação Nacional de Educação Católica do
Brasil (ANEC) participou do evento com um stand
para apresentar seus serviços prestados e com
um espaço de debates: o Salão ANEC. O ambiente
reuniu especialistas para a realização de palestras
sobre vários assuntos, como a recuperação de
créditos de educação nas instituições, o Sistema
de Avaliação Educacional da ANEC, o uso da
tecnologia em sala de aula, a certificação digital
e a importância da leitura em todas as áreas do
conhecimento.
Projeto AVALIAEscolas inscritas no projeto AVALIA, da Associação
Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC),
recebem resultados em todo o Brasil. O projeto
é uma iniciativa da ANEC para facilitar e baratear
o acesso das escolas associadas a um sistema de
avaliação institucional confiável e que apresente
resultados também sobre os diferenciais da
educação católica. A ação é uma forma de
descobrir qual é o efeito do ensino baseado em
princípios e valores.
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 5
O Senado Federal realizou uma sessão solene
para homenagear os 15 anos de transformação
das Faculdades Integradas na Universidade
Católica de Brasília (UCB) e homenagear a
Associação Nacional de Educação Católica do
Brasil (ANEC), representando todo o conjunto de
Senado federal homenageia Educação Católica e 15 anos da UCB
instituições de educação católica.
Conforme proposto pela ANEC, mediante
requerimento apresentado pelo senador
Cristovam Buarque (PDT-DF), a sessão contou com
a participação de parlamentares e representantes
dos diferentes Estados da federação.
Sistema de Avaliação da Educação Básica em SPA Associação Nacional de Educação Católica
do Brasil (ANEC) apresentou, em São Paulo,
os resultados do Sistema de Avaliação da
Educação Básica. As informações foram
debatidas entre a coordenação da Associação
e cerca de 30 representantes de escolas
católicas. O sistema é uma iniciativa da ANEC
para colaborar com a avaliação institucional das
associadas.
Encontro Estadual da Pastoral Escolar“Palavra de Deus: Fonte Inspiradora da Escola
em Pastoral” foi o tema do Encontro Estadual da
Pastoral Escolar, realizado no dia 28 de abril de
2010. A iniciativa teve como objetivo promover
a formação continuada dos agentes da pastoral
escolar, destacando o lugar da Palavra de Deus
como fonte inspiradora que, juntamente com o
carisma institucional, inspira os critérios, valores
e linhas de pensamento para um novo modo de
vida e ação pastoral.
O encontro foi realizado na sede da Associação
Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC)
em Porto Alegre (RS), e contou com assessoria do
padre Rodinei Balbinot.
ANEC e FIESP debatem oportunidades de negócios Esse ano, as instituições de ensino católicas
vão movimentar cerca de R$ 10 bilhões. A
estimativa foi anunciada, em São Paulo, durante
um seminário entre vários segmentos da igreja e
empresários da Federação das Indústrias do Estado
de São Paulo (FIESP). O presidente da Associação
Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC),
Pe. José Marinoni, participou do encontro e
ressalta que as oportunidades de bons negócios
podem ser também positivas para as associadas.
“A demanda das instituições envolve produtos de
inúmeras áreas industriais, considerando os gastos
com gestão e educação, transporte, construção,
serviços e telefonia”, afirma Marinoni.
Ficha LimpaO Plenário concluiu a votação do Ficha Limpa
(projeto de lei complementar 168/93, 518/09,
entre outros) e rejeitou todos os destaques
apresentados. O substitutivo mantido impede
as candidaturas de pessoas condenadas pela
Justiça em decisão colegiada por crimes de
maior gravidade, como corrupção, abuso
de poder econômico, homicídio e tráfico de
drogas.
O texto também amplia os casos de
inelegibilidade e unifica em oito anos o
período no qual o candidato não poderá
se candidatar. Atualmente, a lei prevê
inelegibilidade somente para as condenações
finais (transitadas em julgado), e os prazos
variam de três a oito anos.
O projeto de iniciativa popular, com mais de
1,5 milhão de assinaturas, contou com o apoio
incondicional de movimentos organizados da
sociedade civil, como a Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil (CNBB) e a Associação Nacional de
Educação Católica do Brasil (ANEC).
Diretrizes e metas 2010No mês de março, os integrantes do Conselho
Superior e da Diretoria da Associação Nacional da
Educação Católica do Brasil (ANEC) se reuniram,
em Brasília, para discutir as metas e a programação
das ações para este ano.
O programa das atividades foi submetido e
aprovado pela votação do Conselho. Agora, a
associação segue com as ações planejadas. Entre
elas está o Congresso Nacional da Educação
Católica.
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UCB recebe homenagem do Senado Federal
6 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Acontece
Dr. Daladier Rodrigues de Alcântara Júnior
Informativa – Um dos temas centrais do seminário de Gestão das Mantenedoras foi a inadimplência em instituições católicas de ensino. Gostaria que o senhor explicasse de forma introdutória como acontece hoje, de forma prática, a inadimplência, e que peso ela tem nas finanças das instituições.A inadimplência ocorre, atualmente, por dois
motivos básicos: falta de condições financeiras e
falta de vontade. Esses dois motivos devem ser
muito bem medidos e identificados pela instituição
para que ela possa conduzir, de maneira menos
conflitante, a sua “recuperação de crédito”. Crises
econômicas, desemprego involuntário e problemas
de saúde na família são alguns exemplos do
primeiro motivo aqui citado. Já o segundo motivo
é incentivado, infelizmente, pelos preceitos da
lei no 9.870/99, que proíbe a rescisão do contrato
de prestação de serviços educacionais durante o
ano/semestre letivo por motivo de inadimplência.
Assim, o devedor não prioriza o pagamento da
mensalidade escolar, deixando para fazê-lo próximo
à matrícula, o que tende a comprometer as contas
daquela instituição.
Nesse cenário, o peso da inadimplência nas
finanças de uma instituição varia de acordo com
as medidas e procedimentos ali adotados. Quando
bem controlada, não compromete as contas do
estabelecimento de ensino, sua sustentabilidade
e crescimento. Ao contrário, pode ocasionar um
rombo financeiro cuja consequência é a inviabilidade
da atividade educacional ali ministrada.
Qual o perfil do devedor moderno e quais as soluções apresentadas para reverter essa situação?
Sob os fundamentos de que a inadimplência
escolar pode ser ocasionada pela falta de
recursos financeiros ou pela falta de vontade do
devedor podemos, também, traçar o perfil desses
inadimplentes. Com base nessas assertivas podemos
ter os chamados “devedores ocasionais” e os
“devedores contumazes”. A diferença entre eles é que
o primeiro, geralmente, não pagou sua dívida por
impossibilidade financeira ou por descuido, do tipo:
esqueceu de quitar o boleto na data do pagamento.
Já o segundo (devedor contumaz) é aquele que se
escora na “falta de vontade” de pagar sua dívida.
Por conhecer os ditames da lei no 9.870/99, que
impede a rescisão do contrato de prestação
de serviços educacionais por inadimplência no
decorrer do ano/semestre letivo, ele suspende
os pagamentos das mensalidades escolares
até chegar próximo ao período de rematrícula.
Ainda com relação aos ditames da lei n° 9.870/99,
esses devedores não priorizam o pagamento das
mensalidades escolares, deixando-as atrás da
prestação imobiliária, plano de saúde, do lazer
e até mesmo da prestação do carro novo ou
daquela viagem de férias. O primeiro passo para
tentar solucionar esse problema é não fomentar
o senso de impunidade neste último de tipo de
devedor. A cobrança, nesses casos, deve ser rápida
e legal, assim como as atitudes da instituição.
Ressaltamos também que os devedores
contumazes são incentivados a agir assim pela
inércia do estabelecimento de ensino em lhes
cobrar, de maneira eficiente, aquele débito.
Terceirizar o serviço de cobrança pode ser uma saída para não se indispor com pais e responsáveis no momento em que o mais importante é tratar dos resultados educacionais para os alunos? Entendo que essa indisposição sempre existirá,
seja na cobrança terceirizada ou não – pode ser
até mesmo no trato pedagógico. A vantagem da
terceirização, a meu ver, é desonerar a instituição,
principalmente em seu setor administrativo,
desse tipo de serviço, para que ela possa se
dedicar melhor e exclusivamente às suas
atividades-fim. Afinal, uma cobrança eficaz requer
profissionalismo, controle e dedicação, o que,
em alguns casos, requer uma reestruturação
interna, com disponibilização ou contratação
de profissionais gabaritados. A terceirização, em
determinados casos, pode ser a ferramenta capaz
de fornecer esses requisitos a um custo accessível.
Seguindo de forma consciente os deveres e direitos previstos, é possível garantir que a inadimplência não tenha efeito negativo a ponto de reduzir o potencial de concorrência das instituições? Ou seja, boas práticas podem até se reverter em vantagens mercadológicas quando se trata de inadimplência? Entendo que as boas práticas de controle e
monitoramento da inadimplência podem, sim,
refletir em vantagens mercadológicas e, inclusive,
no potencial de concorrência da instituição. Isso
porque a infraestrutura oferecida, o quadro de
professores altamente capacitados e um eficiente
projeto pedagógico ainda são, no meu modo
de ver, fatores que influenciam o contratante a
escolher esta ou aquela instituição para cuidar
de sua educação ou de seus dependentes. No
entanto, para se alcançar e/ou manter tudo isso
é preciso que as contas da instituição estejam
em dia ou, no mínimo, sob controle. Uma vez
descontrolada, a inadimplência compromete
a sustentabilidade daquela instituição que,
desprovida de recursos para manter ou ampliar
seus serviços, se sucumbe às práticas marqueteiras
e incentivos financeiros de suas concorrentes.
Uma iniciativa inovadora da Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC) marcou o trabalho de mantenedoras que atuam em cinco Estados brasileiros. O seminário Gestão de Mantenedoras, promovido pela Câmara de Mantenedoras da ANEC, percorreu o Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Ceará e Rio de Janeiro no mês de março.Os eventos contaram com a participação de dois especialistas, Dr. Napoleão Alves Coelho e Dr. Daladier Rodrigues de Alcântara Júnior, que debateram temas como o direito público e social, a área trabalhista, as normas voltadas às instituições de ensino, bem como a certificação de entidades. Para falar sobre caravana de palestras, a ANEC entrevistou os dois especialistas que vivenciaram as peculiaridades das diferentes regiões durante o evento.
ANEC promove seminário sobre gestão em cinco Estados brasileiros
Conheça os palestrantes:
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 7
Dr. Napoleão Alves Coelho
Informativa – O senhor foi um dos palestrantes do seminário de Gestão das Mantenedoras, realizado pela ANEC. O tema central foi a lei no 12.101 (a Nova Lei da Filantropia). Gostaria que o senhor explicasse o que mudou com a nova lei e o que as instituições precisam fazer para se adequarem?É importante anotarmos que foram muitas
as mudanças: na estrutura do cômputo da
gratuidade praticada pelas instituições, no
processo de apuração dessa mesma gratuidade e
também, radicalmente, na base de apuração das
gratuidades, já que, a partir de marco normativo,
no que tange às instituições de educação, o
universo de receitas para fins de aplicação do
percentual de gratuidade está restrito às receitas
efetivamente recebidas oriundas dos contratos de
prestação de serviço de ensino. Em relação a essas
questões ligadas ao universo de apuração das
gratuidades, entendo que as instituições saberão
se adequar. Já cumprem com normas aparentes
desde o ano de 1994.
O que tem gerado grande desconforto nas
entidades é a ausência de regulamentação da lei.
Nesse sentido, muitas instituições têm se sentido
um pouco perdidas. Porém, nossa sugestão é que
todos que lidam com esse cenário continuem
fazendo uma releitura do universo normativo. A
partir dessa releitura, podemos extrair as obrigações
e direitos que são autoaplicáveis, ou seja, que não
dependem necessariamente de regulamentação
para serem exigidas, aplicadas e/ou defendidas.
Mas, para nós, a grande preocupação advinda
da lei n° 12.101/09 diz respeito à segregação
promovida entre as atividades exercidas pelas
instituições. Essa segregação entre educação,
assistência social e saúde, no nosso entendimento,
tem como objetivo ferir a imunidade tributária
da qual as instituições gozam em relação
às contribuições sociais, especialmente a
previdenciária. Sabemos de antemão que há
um esforço concentrado por parte da auditoria
fiscal da Secretaria da Receita Federal do Brasil
visando à descaracterização das entidades que
têm a educação e o ensino como preponderância
de receitas, tendo como tese que esse tipo de
atividade não faz parte do universo imunitário
pretendido pelo constituinte, ao prever a
imunidade das contribuições sociais para as
entidades beneficentes de assistência social (art.
195, § 7°, CF/88).
Outro ponto preocupante diz respeito à
manutenção de um conjunto de obrigações
tributárias de natureza acessória para que as
instituições possam fazer juz à titulação conferida
pela lei. Questões como a exigência de certidão
negativa, contabilidade segregada e controle de
custos por atividade demandarão das instituições
uma maior capacitação de seus profissionais, para
que a entidade não fique refém dessas exigências.
No nosso entendimento, algumas delas estão
maculadas pela desproporcionalidade de sua
exigência em relação à sanção promovida, ou seja,
a perda e/ou suspensão da titulação.
Enfim, novamente as entidades do Terceiro
Setor, assim como as afiliadas da ANEC, estão
às voltas com essa lei que, como todas as
outras que a antecederam, tem claro em seus
objetivos um fundo tributário, para não dizer
arrecadatório, muito intenso. Daí a necessidade de
implementação e aperfeiçoamento dos sistemas
de controle interno e governança tributária da
entidade. Ou seja, cabe às instituições promover
o papel preventivo buscando evitar a zona de
desconforto gerada por um processo fiscalizatório.
O senhor considera que as instituições que não se renovam para acompanhar as inovações e mudanças nas exigências apresentadas estão fadadas a que consequências?Essa resposta surge até como consequência direta
de nossas ponderações no questionamento
anterior. A cada dia surgem novos desafios para as
instituições. Alguns têm origem no mercado, em
que a concorrência vem forjando novos padrões
de atuação. Outros, que dizem respeito ao nosso
contexto, são imputados pela presença do Estado,
que se faz sócio sem, contudo, assumir o ônus da
atividade.
Atualmente, os setores de controladoria,
contabilidade, gestão financeira, orçamento, entre
outros, têm como grande parte de sua carga de
trabalho eventos provocados por leis, decretos,
instruções normativas etc. Isso implica dizer que para
atingirmos um nível de proficiência que garanta a
estabilidade do negócio, é necessário agir adiante ou,
no mínimo, em compasso com esses eventos. Daí
que surge a necessidade de capacitação das equipes
e profissionalização da gestão.
Que dicas apresentadas durante a sua palestra podem ser valiosas para as instituições católicas? Em nossa trajetória profissional sempre fomos
controversos à ideia de receitas prontas.
Muito embora as afiliadas da ANEC guardem a
identidade da Educação Católica, bem como do
universo de problemas que as afligem, as formas
de atuação e cultura organizacional são muito
distintas. Assim, os enfrentamentos e a busca de
soluções tomam rumos diversos. Nesse sentido,
nossa indicação é o planejamento do trabalho,
a execução da prevenção, o monitoramento das
atividades, a reavaliação contínua, ou seja, prevenir
sempre. O custo benefício tem se mostrado muito
mais interessante do os custos do contencioso.
Além disso, o trabalho preventivo gera a
segurança jurídica, necessária nos momentos de
enfrentamento, caso ocorram.
Qual é o papel da sociedade civil nessas mudanças da lei das filantrópicas? Acreditamos que dois papéis são reservados
às instituições, devidamente organizadas em
fóruns, associações, seminários etc. O primeiro
deles é a voz política, que deve vir com a união,
para não ecoar de forma dissimulada. Cabe às
instituições se movimentarem em torno de seus
relacionamentos, mostrando a força do conjunto
e cobrando efetivamente que o Estado exerça
o papel que lhe é reservado: o da fiscalização.
Devemos continuar lutando para o que governo
abandone seu propósito descabido de intervir nas
entidades, por via reflexa, através de imposições
e exigências absurdas, em constante desrespeito
à ordem constitucional vigente. O segundo papel
é o de se reunirem em torno de processos de
discussão que possam trazer luz à execução e
enfretamento das imposições advindas do arsenal
tributário colocado em pauta pelo governo.
Esses dois papéis não podem ser vistos de forma
negativa, mas como um processo de construção
e de luta por direitos inalienáveis, dos quais as
entidades não podem e não devem abrir mão, sob
pena de colocar em risco todo o conjunto.
Mas, para nós, a grande preocupação advinda da lei n° 12.101/09 diz respeito à segregação promovida entre as atividades exercidas pelas instituições. Essa segregação entre educação, assistência social e saúde, no nosso entendimento, tem como objetivo ferir a imunidade tributária da qual as instituições gozam em relação às contribuições sociais, especialmente a previdenciária
8 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Acontece
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Concurso Cultural
a Assembleia Geral das Nações Unidas decla-rou 2010 como o Ano Internacional da Biodi-versidade. Trata-se de uma oportunidade para promovermos uma reflexão mais ampla a res-peito do tema, o que nos inspirou a desenvolver a CAMPANHA DA BIODIVERSIDADE, com o objetivo de potencializar os esforços coletivos para a conscientização e a mobilização social.
Uma das etapas da Campanha da Biodiver-sidade é o concurso cultural Ano Internacional da Biodiversidade: refletir, agir e preservar!, que tem como principal objetivo incentivar, va-lorizar e divulgar experiências educativas de qualidade – planejadas e executadas por pro-fessores – que cumpram o objetivo de desen-volver o senso crítico e o compromisso so-cioambiental em seus alunos, estimulando-os para que se tornem cidadãos participativos e capazes de formular soluções para as questões que os cercam.
Participe!
Acesse no site o
Guia de Preservação
da Biodiversidade na
Escola e contribua com
novas ideias!
www.campanhadabiodiversidade.com.br
O filme A Corrente do Bem conta a história do professor de
Estudos Sociais, Eugene Simonet (Kevin Spacey), que em
seu primeiro dia de aula lança uma proposta de trabalho
para seus alunos. O que seria uma simples atividade
acaba se tornando um desafio para Trevor (Haley Joel Osmet).
O garoto cria a corrente do bem, em que cada pessoa ajuda
outras três a realizar algo muito importante. Assim, elas devem
fazer uma boa ação a pelo menos outras três pessoas, e con-
tinuar a corrente. Surpreendentemente, a ideia funciona e ajuda
o próprio Eugene a se desvencilhar de segredos do passado, e
também a mãe de Trevor, Arlene (Helen Hunt), a encontrar um
novo sentido em sua vida.
No enredo, há referências das disciplinas de Psicologia, Matemáti-
ca, Português, Religião, Filosofia, História e Geografia. Portanto,
pode ser um instrumento de discussão interdisciplinar. O filme
Ficha técnica
A Corrente do Bem (Pay it Forward)
País/Ano de produção: EUA, 2000
Duração/Gênero: 122 min., drama
Direção: Mimi Leder
Elenco: Kevin Spacey, Haley Joel Osment, Helen Hunt, Jon Bon Jovi, James Caviezel, Angie Dickinson, Shawn Pyfrom, Jay Mohr.
A Corrente do Bem
ainda promove debates sobre respeito às diferenças e dificul-
dades de relacionamento.
A história também traz mensagens sobre a necessidade de uma
construção da consciência social, ao mostrar o quanto nossas
vidas estão ligadas às de outras pessoas. A Corrente do Bem é uma
obra baseada no romance homônimo da escritora Catherine
Ryan Hyde, e se destaca ao transmitir a prática da caridade entre
os indivíduos.
12 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Cultura
Em Educação Sem Distância – as
tecnologias interativas na redução de
distâncias em ensino e aprendizagem,
o autor Romero Tori mostra como a
aprendizagem a distância pode aproximar
alunos e professores por meio de tecno-
logias interativas. O livro também discute
os conceitos de presença e interatividade.
Segundo o autor, a educação deve convergir
no futuro para uma única forma de ensino
que combine interação virtual, encontros
pessoais e uso de tecnologias, como reali-
dade aumentada e jogos, as quais poderão
ser aplicadas em qualquer tipo de curso.
Ao analisar as possibilidades do ensino
virtual, o livro mostra a importância de
oferecer diferentes linguagens, como
conteúdos criados pelos próprios usuários
(blogs, vídeos, wikis); redes sociais (Orkut,
Facebook, Twitter); dispositivos móveis (tele-
fones celulares); mundos virtuais (ambien-
tes de realidades alternativas, simuladores)
e novas formas de publicação (vídeos,
áudios, animação). Games e ambientes em
3D também são outros meios que benefi-
ciam o aprendizado moderno.
A obra dedica um capítulo especialmente
ao blended learning, conceito que busca
a harmonia entre as atividades virtuais e
presenciais. Segundo o autor, essa é uma
tendência mundial que pode aumentar a
sensação de proximidade do ensino a dis-
tância. Uma vídeoconferência, por exemplo,
pode integrar aluno e professor, e um chat
pode promover mais interação entre os
alunos. Tori destaca ainda que a American
Society for Training & Development, a mais
importante associação do mundo destinada
ao treinamento profissional, coloca o blended
learning como uma das tendências da indús-
tria do conhecimento.
Ficha técnica
Educação Sem Distância – as tecnologias interativas na redução de distâncias em ensino e aprendizagem
Autor: Romero Tori
Editoras: Senac São Paulo e Escola do Futuro
Número de páginas: 256
Educação sem distância
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 13
Promover conhecimento, conscientização e valorização da iden-
tidade cultural. Essas são algumas das características do turismo
pedagógico. O ramo, relativamente recente no Brasil, preocupa-se
em aliar atividades educativas a experiências turísticas. De acordo
com o diretor da Quíron Turismo Educacional, Paulo Marcos, esse tipo
de viagem é um importante recurso para trabalhar temas universais,
pois contempla assuntos de diferentes disciplinas.
“As viagens ainda possibilitam incorporar conhecimentos sobre
a realidade local, além de permitir a observação, documentação,
elaboração de inter-relações, assim como a expressão em diferentes
formas. Ao analisar as características do meio, o aluno formula hipóte-
ses e tenta verificá-las no local, raciocinando sobre dados concretos e
desenvolvendo o pensamento em busca da abstração. Quanto mais
próximo for o contato com o objeto de estudo, mais rapidamente o
aluno assimilará um novo conhecimento”, conclui Paulo Marcos.
O turismo pedagógico pode ser realizado por estudantes e univer-
sitários e os roteiros são adequados à grade de cada ano letivo ou
curso. Normalmente, as viagens incluem uma preparação anterior
em classe para que o assunto seja explorado no local. Os destinos
mais procurados são as cidades históricas de Minas Gerais, Paraty (RJ),
Santos (SP), São Luiz do Paraitinga (SP), Petar (SP), Ilha do Cardoso (SP)
e Barra Bonita (SP). A viagem dura de três a cinco dias, e os valores
variam de acordo com o padrão de hospedagem e transporte –
geralmente custam entre R$ 650 e R$ 900.
Para o sócio-diretor da Desvendar.com Viagens e Turismo, José
Américo Ranna, o turismo pedagógico se apresenta como uma pos-
sibilidade de tornar o conhecimento pertinente, contextualizado e
real. “A viagem é o elemento motivador para dar encanto à educação,
favorecendo mudanças de atitude, postura diante da vida, assim
como melhoria nas relações interpessoais”, diz.
Por Juliana Fernandes Barra Bonita Em Barra Bonita a observação e a discussão centralizam-se em energia, impacto ambiental, poluição e navegabilidade do rio Tietê. O estudo inclui atividades realizadas na barragem do rio, em fazendas, eclusas e olarias.
Petar O Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (Petar) abriga centenas de cavernas dos mais variados tipos e tamanhos, além de uma grande porção intacta de mata atlântica. O local propicia a abordagem de diversos temas como biodiversidade, preservação ambiental e sucessão ecológica.
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Turismo Pedagógico alia conhecimento e lazer em uma mesma experiênciaViagem Educativa
14 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Cultura
Santos A cidade de Santos é ideal para o estudo de disciplinas como Geografia, História, Ciências e Artes. O Museu de Pesca e o Aquário de Santos são sugestões no roteiro. A programação também deve incluir passeios pelo centro histórico e pelo porto.
ParatyConsiderada um Patrimônio Histórico Nacional, em Paraty podem ser desenvolvidas atividades ligadas à Biologia, Ecologia, Geografia, Artes e História. Os roteiros para essa região ainda podem incluir uma visita à Usina Nuclear de Angra dos Reis.
Ilha do CardosoO Parque Estadual da Ilha do Cardoso é um dos importantes locais de preservação da mata atlântica e de seus diversos ecossistemas. Nesse roteiro, o estudante observa diferentes ambientes como manguezais, praias arenosas, mata de restinga etc.
Cidades históricas de Minas GeraisO eixo principal desse roteiro é o estudo de História, Artes e Geografia com enfoque na arte barroca mineira e o período colonial brasileiro. As principais cidades a serem visitadas são Ouro Preto, Mariana, Congonhas, São João Del Rey e Tiradentes.
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Viagem Educativa
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 15
Professores terão exame para ingressar na carreiraO Ministério da Educação anunciou a criação do
Exame Nacional do Ingresso na Carreira Docente.
De acordo com o texto publicado no Diário Oficial
da União, o objetivo é avaliar os “conhecimentos,
competências e habilidades imprescindíveis
à vida docente, ao mundo do trabalho e ao
exercício da cidadania”. A avaliação será usada
como critério de contratação em escolas públicas
de ensino básico. Cada Secretaria Estadual de
Educação ficará responsável pelos critérios de
contratação dos novos docentes. O MEC ainda
não definiu prazos e procedimentos de inscrição
para a primeira prova.
www.mec.gov.br
Escolas da rede pública começam a receber laptopsAs escolas da rede pública que participam do
programa Um Computador por Aluno (UCA)
já começaram a receber os laptops. De acordo
com o Ministério da Educação, até o final de
2010 serão entregues 150 mil computadores.
As escolas foram escolhidas pelas Secretarias
Estaduais de Educação e pela União Nacional dos
Dirigentes Municipais de Educação. Cabe a elas
definir, de acordo com seu projeto pedagógico,
como os computadores serão utilizados em
sala de aula. Segundo o MEC, os equipamentos
possuem um sistema de segurança que desativa
o computador caso ele permaneça muito tempo
fora da escola.
http://pilotosdoprojetouca.blogspot.com/
Jornada de trabalhoA Comissão de Trabalho, de Administração e
Serviço Público rejeitou o projeto de lei que
estabelece novas regras para a jornada de
trabalho de professores, instrutores e monitores de
estabelecimentos de ensino. Entre outras medidas,
o projeto proíbe os professores de ministrar, na
mesma escola, mais de seis aulas seguidas por
turno, devendo haver entre elas um intervalo
não remunerado de pelo menos 15 minutos. De
acordo com a Agência Câmara, atualmente, a
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) estabelece
limite de quatro aulas consecutivas por dia ou seis
intercaladas em um mesmo estabelecimento.
www2.camara.gov.br/agencia
Conae sugere 50% de cotas em escolas públicasA Conferência Nacional de Educação (Conae)
aprovou a sugestão que implementa cotas de 50%
para estudantes de escolas públicas em instituições
de ensino superior, respeitando a proporção de
negros e indígenas em cada estado. De acordo com
o texto aprovado na sessão plenária, a proposta
teria um prazo mínimo de vigência de 10 anos.
Outras sugestões discutidas na Conae devem servir
de base na elaboração do novo Plano de Educação,
como é o caso da proposta que destina 50% do
fundo social do pré-sal para a educação.
http://conae.mec.gov.br
Banda larga nas escolas brasileirasO secretário de Educação a Distância do Ministério
da Educação (MEC), Carlos Bielshowsky, disse que,
até o final deste ano, 92% das escolas brasileiras
terão acesso à internet. Ele apresentou as ações
do governo brasileiro, que promove o acesso à
inclusão digital e capacita professores na área de
tecnologia, durante a Conferência Internacional –
O Impacto das Tecnologias da Informação e da
Comunicação na Educação. Segundo o secretário,
o trabalho desenvolvido pelo MEC busca a
“alfabetização digital” de professores e alunos. Além
disso, ainda estimula a autonomia dos estudantes
na formação do conhecimento por meio dos
laboratórios de informática. A proposta também
é promover novas estratégias pedagógicas com o
uso de conteúdos digitais na sala de aula.
www.mec.gov.br
O Programa Universidade para Todos selecionou dez alunos para um curso de graduação na
Universidade de Salamanca. Antes da viagem, os universitários foram recebidos pelo presidente Lula
em Brasília. O ministro da Educação, Fernando Haddad, esteve presente no encontro e afirmou que
o desempenho dos estudantes selecionados é semelhante ao de países desenvolvidos. Para Lula e
Haddad, a partir desse convênio novas parcerias podem ser fechadas. O Ministério da Educação (MEC) e
a universidade espanhola vão beneficiar até 40 estudantes. O ProUni é responsável anualmente por dez
dessas bolsas. Entre os cursos estão o de Biologia, Biotecnologia, Estatística, Farmácia, Física, Informação e
Documentação, Engenharia de Edificações, Engenharia de Materiais, Matemática e Sociologia.
prouni.mec.gov.br
ProUni seleciona alunos para graduação na Espanha
Agên
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Presidente Lula recebe alunos beneficiados pelo ProUni
16 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Mural de notícias
Educador socialTramita na Câmara dos Deputados uma proposta
de projeto de lei para regularizar a profissão
de educador social, profissional da educação
responsável por realizar atividades socioeducativas
fora do ambiente escolar. Se aprovada, a legislação
prevê um plano de carreira, a elaboração de uma
Política Nacional de Formação em Educação Social
e ainda determina o ensino médio como nível
mínimo de escolaridade para exercer a profissão.
Os educadores sociais devem, segundo a
proposta, promover educação ambiental, elaborar
projetos de arte-educação, estimular atividades
folclóricas e de promoção de cidadania. O texto
estabelece que os profissionais devem atuar
em comunidades de risco, povos tradicionais,
presídios e em centros de atendimento a pessoas
com deficiência e dependentes.
Nova data do EnemAs provas do Exame Nacional do Ensino Médio
2010 serão realizadas nos dias 6 e 7 de novembro.
O Enem geralmente acontece em outubro, mas,
por causa do primeiro e do segundo turnos das
eleições, o calendário teve de ser alterado para
novembro. Com essa data, o resultado das provas
deve estar disponível na primeira semana de
janeiro. A expectativa do Ministério da Educação
é que a edição tenha 6 milhões de inscritos. No
ano passado, o Enem recebeu 4,2 milhões de
inscrições, mas cerca de 2,5 milhões fizeram a
prova. Em 2009, o exame deixou de ser apenas
um instrumento de avaliação do ensino para ser
utilizado como seleção para 47,9 mil vagas em 51
instituições públicas de Ensino Superior, por meio
do Sistema de Seleção Unificada (Sisu).
www.enem.inep.gov.br
No quadro negro, as imagens se movimentam
com o toque das mãos. Nas tradicionais carteiras,
além de cadernos e lápis, as crianças podem
acessar a internet. A cena que parece ser de um
filme de ficção científica está mais real do que
se imagina. Essas e várias outras tecnologias já
estão sendo utilizadas em escolas brasileiras. Em
Pelotas, no Rio Grande do Sul, a escola de ensino
fundamental e médio Mário Quintana já aderiu
às lousas digitais. O programa utilizado nessa
lousa é o software em três dimensões. Com ele,
os professores podem elaborar aulas interativas,
revelando o interior de uma célula, o relevo de
um mapa, ou até mesmo os músculos do corpo
humano. Basta, por exemplo, tocar o dedo na tela
para o sistema solar aparecer e se movimentar.
http://portaldoprofessor.mec.gov.br
Professor ministra aula a partir do método interativo de ensinoAg
ênci
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asil
Novas tecnologias na Educação
O Ministério da Educação pretende acabar com o
pedido de fiador para o Fundo de Financiamento
ao Estudante do Ensino Superior (Fies). O governo
quer criar uma espécie de fundo para o programa.
A intenção do ministro Fernando Haddad é que as
mudanças sejam implementadas até o fim deste ano.
As informações foram confirmadas pela assessoria
de imprensa do MEC. Um dos objetivos do projeto
é acabar com as dificuldades que os estudantes,
especialmente os de baixa renda, têm para conseguir
um fiador. A princípio, a nova poupança receberia
incentivos do governo federal.
www3.caixa.gov.br/fies
Fies sem fiador
Fernando Haddad, ministro da Educação, fala sobre o Fies
Agên
cia
Bras
il
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a lei nº 1.244/2010, que determina a instalação de
bibliotecas em todas as instituições públicas e privadas de ensino do país. O texto, publicado no
Diário Oficial da União, determina que cada biblioteca deve ter, no mínimo, um título para cada aluno
matriculado. Cabe à instituição adaptar o acervo, promover a divulgação, preservação e o funcionamento
desses espaços. As escolas terão até dez anos para realizar as instalações e ainda incluir no acervo
material videográfico, documentos para consulta, pesquisa e leitura.
www.cfb.org.br www.portal.mec.gov.br
Lei determina a instalação de bibliotecas em todas as escolas
Agên
cia
Bras
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Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 17
O Ministério da Educação (MEC)
está implantando a interdisci-
plinaridade em algumas esco-
las de nosso país, o que deve-
rá atingir a escola em que você trabalha.
Essa pode ser uma oportunidade de mu-
dança fundamental na função do profes-
sor dentro da sociedade.
Sabemos que a escola é um apare-
lho do Estado e que nós somos huma-
namente rebaixados enquanto peças des-
se aparelho. Como reação a isso, o que
se pode fazer é funcionar como filtros,
meros adaptadores das armadilhas desu-
manizadoras dos programas curriculares
ou, por falta de conhecimento, repetir-
mos integralmente o que nos mandam
os programas.
Sabemos que nenhuma das duas ati-
tudes é satisfatória, nem para a boa for-
mação dos alunos nem para a autoes-
tima dos professores. O ideal é que te-
nhamos conhecimento suficiente para
julgar os sistemas educativos enquan-
to eles ainda estão sendo gestados, para
que não cheguem a ser implantados
com todos os vícios advindos do siste-
ma social que provocam protestos tar-
dios e vãos.
Interdisciplinaridade com
Prof. José Valter O. de Castro
Artigo
18 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Como prova de que nossos protes-
tos deixam a desejar, temos a implan-
tação crescente de interdisciplinarida-
de em escolas brasileiras. Não somos
contra a interdisciplinaridade, pois ela
é uma decorrência do amadurecimento
das ciências. O que lamentamos é que
o ser humano não ocupa, novamente,
o locus central na reorganização da es-
trutura curricular. Os quatro eixos pre-
vistos (Trabalho, Ciência, Tecnologia e
Cultura) demonstram claramente que
o que interessa são as atividades huma-
nas, em outras palavras, o que o homem
faz. Afinal, são elas que geram lucro, o
objetivo desnudado do novo currículo
interdisciplinar que poderemos trans-
mitir aos nossos alunos dentro de pou-
co tempo.
Não somos contra as realizações hu-
manas, mas somos contra a educação se
organizar tendo em vista o objeto em lu-
gar do sujeito.
A fundamentação da educação no su-
jeito visa a eleger o homem como origem
e finalidade dela. Quanto a isso, um fa-
moso educador disse que se conseguir-
mos formar bons seres humanos, tere-
mos bons advogados, bons governan-
tes, bons cidadãos... Trata-se do enfoque
humanista que precisamos para formar
cidadãos de uma cidade justa. Qual é a
vantagem em ser cidadão de uma cida-
de injusta?
As diversas ciências descobrem algu-
ma lógica no mundo e nós o transmiti-
mos aos jovens. Os alunos protestam de
alguma forma, mas acabam aprendendo
essa lógica como sendo o padrão e o ob-
jetivo da educação escolar. Finalmente,
ele se forma e repete a mesma lógica que
aprendeu na escola: aquela da sociedade
desumana que o formou.
De que forma podemos organizar o
conhecimento para tornar o homem o
centro de uma educação interdiscipli-
nar que se organiza a partir do sujeito
em vez do objeto?
O homem é o sujeito que alguns fi-
lósofos tentaram matar (Nietzsche, Fou-
calt). Como demonstraremos, no entan-
to, não se pode negar o homem com pa-
lavras, pois, ao fazê-lo, nós o estamos re-
afirmando, pois ele se revela na lingua-
gem, e é aí que podemos conhecê-lo.
A linguagem foi analisada no século
XVIII por Immanuel Kant, que enfocou
os juízos. Esse termo significa o ato de
atribuir um predicado a um sujeito. Des-
sa forma, o ser humano é um animal que
julga interiormente e se expressa exter-
namente por meio de proposições.
Continuando a pesquisar, nosso filó-
sofo descobriu que, dentre os juízos, há
12 tipos:
Afirmativos Universais
Negativos Particulares
Indefinidos Singulares
Categóricos Problemáticos
Hipotéticos Assertóricos
Disjuntivos Apodíticos
Apesar desses nomes estranhos, são
juízos que se expressam em nossa fala
cotidiana de tal maneira que quando di-
zemos “vai chover”, ou “é possível que
chova”, estamos expressando um juí-
zo apodítico e um juízo problemático,
respectivamente.
O que importa para o tema da educa-
ção humanista não é tanto como nos ex-
pressamos, mas o que se expressa – vale
dizer o fundamento íntimo, a matriz ge-
radora da linguagem, que o é também
de toda a cultura humana: a alma ou o
intelecto.
Podemos dizer que esse é o funda-
mento humanista que buscamos, não fo-
cado nos produtos da sociedade injusta,
mas na alma que julga a justiça – é o in-
telecto no íntimo humano.
A partir da porta aberta aos juí-
zos, nosso filósofo iniciou um mergu-
lho diretamente para o interior. Ele pro-
pôs que, se há 12 tipos de juízos, exis-*Bíblia Sagrada. Introdução ao Livro da Sabedoria - Ed. Paulus.
te, para cada um deles, uma categoria
na alma. Vale dizer que há algo mais bá-
sico por trás dos juízos que não só é os
gera, mas organiza todo o intelecto e a
cultura:
Unidade Realidade
Pluralidade Negação
Totalidade Limitação
Substância e AcidentePossibilidade – Impossibilidade
Causa e EfeitoExistência –
Não-existência
ComunidadeNecessidade – Contingência
O mais animador é que esses concei-
tos não são entidades inacessíveis, mas
podem ser observados na linguagem co-
tidiana e até serem propostos novamen-
te. Assim, como o filósofo passou da lin-
guagem à alma, podemos, com critério,
passar daí às faculdades mentais, à éti-
ca, às ciências e, enfim, à interdisciplina-
ridade com humanismo que queremos.
Esses conceitos formam um sistema per-
feito, pois cada um se define pela sua re-
lação com os outros.
A primeira categoria do “entendi-
mento” – na linguagem kantiana – é a da
unidade. Ela torna possível pensar a co-
municação entre as disciplinas de forma
que se aproximem umas das outras. A
última categoria é a da comunidade (co-
mum-unidade), que nos faz crer que as
diversas disciplinas partilham uma reali-
dade que é única. Quanto aos juízos, são
causa formal da justiça, que é a própria
sabedoria. Toda sabedoria implica exercí-
cio da justiça que, quando verdadeiro, pro-
duz libertação.
Nosso objetivo é uma educação que
leve a uma vida justa e à felicidade. Não
se trata da cultura que se conquista pelo
pensamento, mas da sabedoria que vem de
Deus, opondo-se à idolatria e à vida injusta
que nasce dela.*
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 19
A Conferência da Organização das
Nações Unidas sobre Mudanças
Climáticas em Copenhague mo-
bilizou o mundo inteiro. O aque-
cimento global vem ameaçando ilhas e ci-
dades litorâneas, além de ter mudado todo
o clima com tufões, grandes períodos de
seca ou de chuva, deixando a humanida-
de em alerta para ver o que a cúpula do
clima faria.
O que se viu, no entanto, foi o fracas-
so total de um acordo para o bem do pla-
neta e dos seres humanos. A Conferência
de Copenhague foi a maior da história das
Nações Unidas, com 193 chefes de Estado
e mais de 46 mil participantes. Mas o de-
bate não tinha relação alguma com a redu-
ção de emissão de gases de efeito estufa ou
com o socorro às comunidades que já so-
frem com os resultados das mudanças cli-
máticas. O evento representou uma gran-
de feira do capitalismo verde, assim como
essas que acontecem de carros ou de com-
putadores. Os gigantes transnacionais es-
tavam presentes em peso, já que, ainda
afundados em uma crise, muitos busca-
vam novo fôlego para sua expansão.
As falsas soluções apresentadas para
a questão climática não disfarçam o inte-
resse do capital: agrocombustíveis, que es-
traçados até agora pelas negociações ofi-
ciais, com o intuito de debater os direitos
da Mãe Terra e dos Povos. Com o fracasso
da conferência da ONU, a proposta boli-
viana ganhou maior legitimidade. A união
dessas duas frentes promete ser o ponto di-
ferencial – e um dos polos de embate – da
próxima conferência a ser realizada no Mé-
xico no final de 2010.
Problemas de coerência entre o dizer e
o fazer: por que tantos elogios e títulos
internacionais?
É sempre bom se orientar pela sabedo-
ria popular, mesmo com variantes. O di-
tado “dize-me quem te elogia e eu te direi
de quem tu és” serve como uma luva para
tentar entender a atuação do presiden-
te Lula e seu governo em relação às mu-
danças climáticas. Até a chegada do presi-
dente em Copenhague, a participação bra-
sileira na Conferência da ONU foi, no mí-
nimo, apagada e contraditória. Uma vez
mais, por exemplo, a coordenadora da de-
legação, Dilma Roussef, reafirmou sua vi-
são de que o meio ambiente atrapalha o
desenvolvimento.
O fato é que a numerosa delegação ofi-
cial brasileira fez parte do que Lula defi-
niu, em seu último discurso, como “falta
tão destruindo os camponeses na América
Latina e na África; monocultivo de euca-
lipto e pinus, que avançam em todo o he-
misfério sul; pagamento para os latifundi-
ários que reduzirem o desmatamento e vá-
rias “alternativas”. Na verdade, nada resol-
ve o problema.
Por outro lado, as organizações sociais
que construíram o fórum paralelo em Co-
penhague deram um grande salto de quali-
dade. Para além da leitura de que a questão
climática será solucionada com ações indi-
viduais, o KlimaFórum definiu um lema
enfático: mudar o sistema, e não mudar o
clima. As falsas soluções foram denuncia-
das, principalmente os impactos que cau-
sam nos países africanos, latino-america-
nos e asiáticos.
As soluções corretas, baseadas na sobe-
rania dos povos, foram apontadas por esse
fórum: agricultura camponesa no lugar de
agricultura industrial; transporte de massas
em vez de carros supostamente ecológicos;
reforma agrária e urbana para enfrentar o
caos das megalópoles; e integração produ-
tiva entre ser humano e natureza.
Essa construção popular e democráti-
ca se uniu ao chamamento do governo bo-
liviano, que lançou em Copenhague a tese
de que devemos abandonar os caminhos
Por uma verdadeira liderança do Brasil no enfrentamento das mudanças climáticas
Ivo Poletto, filósofo e educador popular, assessor de pastorais e movimentos sociais e do Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social; Luiz Zarref Henrique Gomes de Moura, engenheiro florestal, membro da via campesina e do Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social
20 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Artigo
de inteligência” para construir um acordo.
O presidente fez um discurso duro, críti-
co e desafiador, muito aplaudido, mas as-
sumiu a corresponsabilidade de tentar im-
por a todos os países um texto de “acordo”.
Com isso, completou-se o fiasco da confe-
rência de chefes de Estado, a partir de uma
crítica do procedimento e da proposta de
que o documento não fosse aceito por não
expressar o debate e as exigências, parti-
cularmente dos países mais empobrecidos
e prejudicados pelas mudanças climáticas
causadas pelos mais ricos. A maioria reti-
rou-se da plenária e apenas 29 países assi-
naram a proposta.
É estranho que, a partir daí, Lula não
pare de receber títulos de órgãos da gran-
de mídia e do próprio Fórum Econômico
Mundial, que se reúne em Davos, na Suí-
ça. Qual o motivo para tanto agrado e re-
conhecimento? No geral, afirma-se que ele
patrocinou no Brasil um “caminho exem-
plar” para “sair da crise econômica mun-
dial”; mas também sua atuação em Cope-
nhague foi muito valorizada. Afinal, para
quem serviu a atuação de Lula? Os sinais
indicam ter servido aos que estavam (e
continuam) interessados em que os países
não sejam obrigados a ter metas e prazos
para o enfrentamento das causas do aque-
cimento global; em que seja abandonado o
Tratado de Kyoto e exista com um “acor-
do” assentado em boas intenções e na de-
fesa incondicional da liberdade de iniciati-
va de cada país. Pela homenagem de Da-
vos, pode-se concluir: estão satisfeitos exa-
tamente os setores empresariais que não
aceitam nada além do uso da “sustentabi-
lidade” para promover ainda mais seus ne-
gócios e seus lucros por meio da expan-
são permanente do consumo, provocando,
com isso, desequilíbrios cada vez maiores
nas energias da Terra.
Incoerência ou coerência nas políticas
internas
Avalizando mais um ditado popular – “isso
é para inglês ver” –, a prática do governo
Lula no Brasil confirmou as dúvidas em re-
lação à atuação externa: pouco depois de
aterrissar em Brasília, Lula emplacou três
vetos à lei que institui a Política Nacio-
nal sobre Mudanças Climáticas, aprova-
da pelo Congresso Nacional. Foram veta-
das as propostas presentes no art. 10, que
indicavam passos para “a substituição gra-
dativa dos combustíveis fósseis”. Em ou-
tras palavras, o governo não aceita superar
a dependência da hidroeletricidade e, mui-
to menos, que haja normas legais que rela-
tivizem o uso do etanol e do petróleo como
fontes que “garantam a segurança energéti-
ca necessária para o desenvolvimento”.
É incrível que o governo federal conti-
nue mais cego do que o congresso em re-
lação à imensa oferta gratuita de sol e de
vento como fontes de energia elétrica. Paí-
ses da Europa e da Ásia, com muito menos
sol aberto que o Brasil, avançam em novas
tecnologias para contar cada vez mais com
as energias solar e eólica. A teimosia brasi-
leira só pode ser entendida como depen-
dência governamental das grandes empre-
sas empreiteiras, interessadas nas grandes
obras das usinas hidrelétricas, na trans-
posição das águas do rio São Francisco e
na transformação da água e da energia em
mercadoria.
Além disso, os vetos retiraram da lei
a promoção de estudos e pesquisas cien-
tíficas e de inovação tecnológica de fon-
tes renováveis de energia em substituição
aos combustíveis fósseis, feitos por orga-
nismos públicos de pesquisa e desenvol-
vimento científico-tecnológico, bem como
a promoção da educação ambiental, for-
mal ou não formal, a respeito das vanta-
gens e desvantagens e da crescente necessi-
dade de utilização de fontes renováveis de
energia em substituição aos combustíveis
fósseis. Em outras palavras, nada que re-
lativize os combustíveis fósseis pode fazer
parte da Política Nacional sobre Mudanças
Climáticas.
A proposta dos movimentos sociais le-
vada ao governo é a única que interessa à
sociedade brasileira e ao meio ambiente:
Entre elas estão os incentivos para a recu-
peração das áreas, com tecnologias viáveis
e com geração de renda, baseando o de-
senvolvimento no campo na agroecologia
e na cooperação, na soberania energética,
alimentar e hídrica das comunidades. Po-
rém, essas alternativas também foram des-
cartadas pelo governo federal.
Compromissos assumidos no Fórum
Mudanças Climáticas e Justiça Social:
1) Junto com outras redes, movimentos
e pastorais sociais, devem pressionar o
governo brasileiro a retirar sua assina-
tura do “acordo” elaborado às pressas
em Copenhague;
2) Mobilizar a sociedade em favor de mu-
danças profundas da matriz energética
brasileira, reduzindo progressivamen-
te a dependência das fontes fósseis, do
etanol e da hidroeletricidade;
3) Reforçar as iniciativas que visam levar
informação, gerar consciência crítica e
mobilizar a sociedade a mudar a po-
lítica de distribuição e uso da energia
elétrica, que até agora privilegia as in-
dústrias eletrointensivas, como a Vale,
a CSN e a Votorantim, priorizando a
promoção de um modelo de desenvol-
vimento centrado no direito de bem vi-
ver de toda a população e nos direitos
da Mãe Terra.
4) Apoiar as mobilizações dos povos in-
dígenas e das demais pessoas de todo
o país contra o projeto de constru-
ção da Hidrelétrica do Xingu, insistin-
do que há outras fontes para a geração
da energia elétrica e que é urgente de-
finir outro modelo de desenvolvimen-
to, centrado na vida das pessoas e da
própria Terra, como é proposto pela
Campanha da Fraternidade Ecumêni-
ca deste ano;
5) Denunciar as falsas soluções para as
Mudanças Climáticas, desmascarando
sua pretensa “sustentabilidade” e des-
tacando seus impactos nas comunida-
des de todo o Brasil;
6) Mobilizar as forças sociais em favor
da Conferência dos Povos da Terra,
convocada pelo Presidente da Bolívia,
Evo Morales, a ser realizada em Co-
chabamba por ocasião do Dia da Ter-
ra, 22 de abril.
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 21
Nesta reflexão, preferimos elu-
cidar o recorte metodológi-
co como uma das ferramentas
úteis à compreensão e à prática
da Educação Religiosa no Sistema Esco-
lar e deslizar sobre dois trilhos: o método
indutivo e o dedutivo, tendo presentes,
na confluência de ambos, aspectos da
pliado pela Educação Religiosa enquanto
área de conhecimento no conjunto das
demais áreas do currículo escolar.
Em tal confluência, a relação conte-
údo-método com o sujeito e objeto do
conhecimento tem como meta o ensi-
no-aprendizagem que envolve estrutu-
ras cognitivas, aspectos sociais, predis-
posições inatas e motivos pessoais. Des-
de então, procura encaminhar a refe-
rida disciplina à função pedagógica na
demarcação da própria área de conheci-
mento a qual integra, justificando a sua
condição assegurada no conjunto curri-
cular, segundo a resolução CNE/CEB n.º
02/1998, como Educação Religiosa.
Não se perdem de vista aspectos vol-
tados para o tipo de ser humano que se
propõe a envolver como sujeito da for-
mação, para daí se pensar no currículo
como valioso recurso na proposta peda-
gógica da escola. “O currículo propor-
ciona informações sobre: o que ensinar,
quando ensinar, como ensinar, – o que,
como e quando avaliar” (Coll, 1996).
dialética reflexão-ação-reflexão intensifi-
cada nos anos 1980 e chegando aos dias
atuais, apontando para a busca de equi-
líbrio entre teoria e prática em um pro-
cesso integrador de toda ação educativa.
É um bom espaço no qual se pode alojar
a disciplina Ensino Religioso como ins-
trumento pedagógico, absorvido e am-
Ensino religioso: perspectivas metodológicas
Anísia de Paulo Figueiredo, autora de vários títulos sobre Educação, Educação Religiosa e Catequese. É consultora de Educação e Educação Religiosa, pedagoga e pós-graduada em Metodologia Catequética. É mestra em Ciências da Religião e em Filosofia e doutora em Filosofia.
Artigo
Considerando a Educação Religiosa como área de conhecimento, não se pode perder de vista a compreensão do ser humano enquanto portador de potencialidades inatas, entre elas, sua condição transcendente...
22 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
O que ensinar?
De início, é preciso se ter clareza quan-
to às intenções educativas: Para que en-
sinar? A formulação das intenções prece-
de ao projeto pedagógico. Daí os objeti-
vos gerais e específicos de área, ciclo ou
etapa. Os primeiros explicitam as capaci-
dades que os educandos devem ter con-
seguido alcançar, em sua possível abran-
gência, considerando, obviamente, as
diferenças individuais, aptidões, interes-
ses, contextualização, propostas concre-
tas do que fazer em curto, médio e longo
prazo; incluem também os conteúdos.
Os segundos supõem os resultados espe-
rados, observados sob vários ângulos das
potencialidades humanas, em processo
de desenvolvimento, demonstrados com
habilidades, sentimentos, atitudes e ou-
tros aspectos cognitivos e afetivos.
Quando ensinar?
De antemão, há de se considerar os in-
teresses e aptidões dos educandos, além
do seu nível de desenvolvimento, para
que os conteúdos sejam agrupados em
uma sequência lógica, sistematizada
com organicidade e interatividade de as-
pectos, tópicos de áreas afins, especiali-
dades e outros, até mesmo para além da
sala de aula. A maturidade alcançada em
uma determinada idade ou desenvolvi-
mento evolutivo é condição para a se-
leção e dosagem dos conteúdos. Como
consequência, a escolha por uma meto-
dologia adequada no curso do desenvol-
vimento possível, sem queimar etapas
ou permanecer estagnado, ocasiona de-
sinteresse e perda de tempo. Se há cri-
térios estabelecidos para o agrupamen-
to de conteúdos em eixos temáticos, há
de se estabelecer proporcionalmente os
possíveis caminhos ou métodos para o
aproveitamento das categorias elucida-
das. A participação de educandos, edu-
cadores, pais e outros grupos sociais no
levantamento de temas de interesse são
oportunos e bem-vindos em qualquer
área de conhecimento que vise a uma
educação completa e eficaz.
Como ensinar
As estratégias para eficiência do ensino-
aprendizagem são propostas, conside-
rando-se: os conceitos e princípios im-
plícitos nos conjuntos de conteúdos or-
ganizados de forma participativa, reco-
lhendo as contribuições das entidades,
dos órgãos especializados e dos envol-
vidos no processo educativo, definidos
para cada nível ou ciclo; os procedimen-
tos didáticos mais adequados às caracte-
rísticas dos educandos; os valores, sen-
timentos, atitudes, critérios implícitos
nas respectivas unidades ou conjuntos
de temas de interesse próprios da idade
evolutiva.
Considerando a Educação Religio-
sa como área de conhecimento, não se
pode perder de vista a compreensão do
ser humano enquanto portador de po-
tencialidades inatas, entre elas, sua con-
dição transcendente; e as contribuições
que o ensino, a cultura, as manifestações
observadas e interpretadas lhe oferecem,
ou seja, o que é dado, transmitido ou ex-
plicado, principalmente em se tratan-
do das respostas que normalmente bus-
ca na Religião, ou que se sente impelido
a compreender nas várias Religiões, Es-
piritualidades e outros grupos religiosos,
mesmo estando fora deles.
Não se perde de vista a criativida-
de, os aspectos significativos de oca-
sião que encaminham para a necessida-
de de adaptações, tendo como referência
o projeto pedagógico da escola, que não
é isolado dos demais, sejam eles locais,
regionais, nacionais ou mundiais.
Avaliar o que, para que e como?
Um conjunto de questões pode auxiliar
na busca sobre o que incluir na avaliação
e como compreendê-la melhor em ou-
tros parâmetros: avaliar a proposta peda-
gógica como um todo; avaliar cada etapa
de trabalho orientada pelo conjunto de
intenções iniciais; avaliar o desempenho
das partes envolvidas desde o planeja-
mento até a sua execução; avaliar aspec-
tos ou situações em que se desenvolve-
ram as atividades; Avaliar quem? Somen-
te os educandos e educadores, a infra-
estrutura com que contaram no decor-
rer das ações? Avaliar o que, para quê?
Quem avalia? Com que papéis? Com que
instrumentos? Com que modalidade de
diagnóstico? E outros aspectos mais.
E a interdisciplinaridade como media-
ção para a dialética da interatividade?
Segundo Ivani Fazenda, 1993, em uma
de suas palestras sobre Ensino Religioso:
“a interdisciplinaridade é olhar o mun-
do, primeiro de si, depois ao redor, e em
seguida na totalidade. Esse é um exer-
cício de ampliação de leitura do mun-
do, ampliação do olhar. Esse movimen-
to é gradativo, começa com olhares para
dentro e vai se transformando com olha-
res para fora. Assim, o professor de Edu-
cação Física terá um profundo sentido
do corpo. Teremos professores de Ge-
ografia com profundo sentido do espa-
ço. O professor de Física, com profun-
do sentido da relatividade. E o professor
de Ensino Religioso? Por certo o olhar
de quem busca e propõe buscar o mais
profundo sentido da vida. Será um bom
professor interdisciplinar aquele que ti-
ver claro para si o objeto de seu estudo”.
Assim, há diferentes caminhos para
a reflexão-ação-reflexão, se há planeja-
mento participativo, ações interativas, in-
terdisciplinares, avaliativas, partindo do
concreto para o abstrato e sua volta para
a ação (transformação de si e da realida-
de); dos interesses para as necessidades,
com a mesma dialética; das partes para o
todo e vice-versa; da relação teoria e prá-
tica como duas faces de uma mesma moe-
da; da conexão inseparável entre sujeito e
objeto do ensino-aprendizagem; da con-
cepção de ser humano na sua condição
imanente e transcendente a um só tempo,
que na sede de infinito e no desenvolvi-
mento da sensibilidade religiosa busca o
sempre mais; e, enfim, dá maior sentido à
sua busca: o Outro Absoluto, o Transcen-
dente, que nas Religiões reconhece como
Deus, o “totalmente Outro” (R. Otto).
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 23
Os primeiros softwares surgiram
no início da década de 1950,
com o desenvolvimento de téc-
nicas que permitiam a progra-
mação armazenável nos computadores.
A primeira empresa de software que se
tem notícia foi fundada em 1955, por
dois ex-funcionários da IBM. O sur-
gimento dos computadores pessoais
(PCs), no início da década de 1980, pro-
moveu uma revolução na indústria de
computadores e, consequentemente, na
de softwares. A indústria ganhou escala
internacional, tendo as empresas norte-
americanas como os principais players
do mercado.
No Brasil, a evolução da indústria de
software pode ser separada em dois pe-
ríodos: antes e após a década de 1990.
Após 1990, com o fim da reserva de
mercado e a abertura econômica, a cria-
ção de instituições da área começou a
acontecer. Pequenas e médias empresas
surgiam das antigas empresas de hardwa-
re ou de grandes usuários que desenvol-
viam softwares in-house. Com uma de-
manda pouco sofisticada e pulverizada,
a indústria se desenvolveu fragmenta-
da regionalmente, desorganizada em seu
a) Softwares de pacote: também deno-
minados produtos de software, tradi-
cionalmente, têm sido divididos em
três categorias: infraestrutura (sis-
tema operacional, gerenciadores de
rede, segurança etc.), ferramentas
(plataformas de desenvolvimento,
editores de texto, ferramentas de in-
ternet, Business Intelligence, data-wa-
rehouse etc.) e aplicativos (softwares
especializados destinados à execução
de determinadas tarefas, como ERP,
RH, contabilidade etc.).
b) Software embarcado: é o tipo que não
é percebido ou tratado fora do hard-
ware para o qual foi concebido. Atu-
almente, praticamente todos os pro-
dutos eletrônicos, ou que usam a ele-
trônica para seus controles, possuem
softwares incorporados. Essa catego-
ria é muitas vezes desconsiderada
por estar tão integrada ao hardware,
que com ele se confunde.
c) Serviços de software: tradicionalmen-
te, referem-se aos serviços de desen-
volvimento “sob encomenda” para os
clientes, além de atividades de ma-
nutenção, treinamento, integração,
entre outras. Em função da crescen-
processo de crescimento e com pouca
especialização e foco estratégico.
Estima-se que atuem no mercado bra-
sileiro de software, atualmente, cerca de
10 mil empresas. Dessas, de 3 a 5 mil tra-
balham diretamente com o desenvolvi-
mento de programas. A grande fragmen-
tação impede uma visão única do merca-
do, mas é possível a identificação de al-
guns agrupamentos importantes. Um
desses agrupamentos é formado por mi-
cro e pequenas empresas de capital nacio-
nal, as quais representam 96% do merca-
do e, apesar de inúmeras peculiaridades,
possuem várias características comuns.
São normalmente formadas por técnicos
(recém-graduados ou egressos de empre-
sas), possuem baixa capacidade geren-
cial e mercadológica e apresentam mode-
los imprecisos de negócio. São empresas
avessas à cooperação e com dificuldades
de se mobilizar para a exportação.
Modelos de negócio na indústria de
software
Ao longo de sua recente história, foram
desenvolvidos diferentes modelos de ne-
gócio para a indústria de software, sendo
os principais:
Prof. Sandro Cortezia, diretor executivo do Polo de Informática de São Leopoldo e professor da Universidade do Vale do Rio do Sinos
A indústria de software no BrasilDificuldades e oportunidades em um ambiente de competição global
24 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Artigo
te utilização desse modelo no merca-
do global, principalmente no que diz
respeito ao outsourcing e offshoring, al-
guns autores têm proposto conceitu-
ações complementares. O relatório
do MIT-SOFTEX (2002), por exem-
plo, propõe a distinção de serviços
de alto e baixo valor agregado, além
de acrescentar a categoria de produto
customizável.
Os serviços de baixo valor agrega-
do são aqueles que demandam conheci-
mentos mais básicos de programação e
que dizem respeito, normalmente, a ati-
vidades como manutenção de programas
e geração de código. Sendo tarefas sim-
ples, são bem especificadas pelo cliente e
podem ser facilmente divididas entre vá-
rios programadores e gerenciadas a dis-
tância. Assim, as empresas que desen-
volvem essas atividades competem basi-
camente por preço, sendo os requisitos
mínimos de qualidade dados pelo histó-
rico da empresa ou pela certificação de
processos.
Cabe destacar aqui o conceito de fá-
brica de software. A expressão é usa-
da para explicar a tentativa de simular
o processo fabril na atividade de desen-
volvimento de software, cuja ideia é a de
se usar um conjunto de melhores prá-
ticas, avaliando indicadores de qualida-
de e produtividade em cada etapa do ci-
clo. A busca pela redução de custos le-
vou muitas empresas a terceirizar a co-
dificação de seus programas, principal-
mente na Índia, onde o conceito passou
a ser adotado. Como resultado, o país
transformou-se em referência nesse tipo
de atividade.
Já os serviços de alto valor agregado
envolvem o domínio de conhecimentos
e capacidades mais abrangentes. É o tipo
de serviço, por exemplo, dos desenvolvi-
mentos de software sob encomenda, em
que o fornecedor se envolve desde a aná-
lise de requisitos até a implantação, ne-
cessitando conhecer as regras do negó-
cio. Esse tipo de serviço envolve incerte-
za e/ou compartilhamento de responsa-
bilidades com o cliente. A reputação do
fornecedor é um critério bastante consi-
derado, tanto que o mercado de servi-
ços de alto valor é praticamente domi-
nado pelas multinacionais de consulto-
ria de sistemas.
A categoria de produto (software)
customizável está situada na frontei-
ra entre produtos e serviços de software.
O exemplo clássico é o dos Sistemas de
ERP (Enterprise Resource Planning), em
que existe um produto básico desenvol-
vido que pode ser personalizado confor-
me as necessidades e o modelo de negó-
cios do cliente.
A indústria de software no Brasil e a
competição global
No início da década de 1990, foi lança-
do pelo Ministério da Ciência e Tecno-
logia o Programa SOFTEX 2000 (Pro-
grama Nacional de Software para Expor-
tação). O principal objetivo do progra-
ma era aumentar as exportações brasilei-
ras de software com o intuito de atingir
1% do mercado mundial no ano 2000,
mas até hoje, dez anos depois, essa meta
ainda está longe de ser atingida. Um va-
lor considerável de recursos foi investi-
do (cerca de US$ 200 milhões) em vá-
rias ações para estruturação do progra-
ma, capacitação e mobilização das em-
presas e promoção no exterior.
Há uma percepção quase generali-
zada de que o mercado internacional
de software é dominado por empresas
de maior porte. Parcialmente, isso é
um fato, visto que os principais forne-
cedores, tanto em soluções de produ-
to de software quanto em serviços, são
empresas de grande porte e abrangên-
cia global. Aliás, aparentemente, está
ocorrendo – atualmente – um proces-
so de concentração da indústria de sof-
tware em decorrência dos ganhos de
escala, maior capacidade de atendi-
mento de grandes projetos, maior se-
gurança no cumprimento dos requisi-
tos estabelecidos pelos clientes, entre
outros fatores.
No entanto, existem muitas oportu-
nidades também para as pequenas em-
presas brasileiras, especialmente em ati-
vidades de nicho, na atuação em merca-
dos emergentes ou pouco explorados,
no atendimento de clientes de menor
porte, no estabelecimento de parcerias
ou no investimento em inovações.
Existem algumas restrições ao tema
da internacionalização da indústria de
software brasileira baseadas nos argu-
mentos de que ainda existe um enorme
mercado interno a ser explorado e, tam-
bém, de que as empresas não estariam
prontas para acessarem os mercados ex-
ternos. Ambas as afirmações são corre-
tas. Para muitas empresas, talvez seja in-
dicado inicialmente à expansão comer-
cial no próprio território nacional, an-
tes da tentativa de ingresso em mercados
externos. Algumas empresas necessitam
aprimorar seus produtos e seus proces-
sos de gestão, expandindo sua atuação
regional e nacionalmente.
O mais importante, porém, é que a
empresa não perca de vista a necessida-
de de ser competitiva globalmente. Seus
gestores devem conhecer o mercado in-
ternacional; seus concorrentes, avaliar
suas competências e suas condições de
concorrer globalmente, mesmo que, por
opção, escolham concentrar suas ativi-
dades no mercado local.
A competição internacional é ine-
vitável. Cedo ou tarde, as empresas
brasileiras da indústria de software te-
rão que enfrentar os concorrentes glo-
bais. Uma alternativa é pensar global-
mente mesmo atuando localmente. As
empresas devem estar preparadas para
aprender como competir com os con-
correntes internacionais adaptando e
respondendo às ações dos competido-
res à medida que esses entram em seus
mercados domésticos “... no atual mer-
cado global, você não necessita ir para
o exterior para experimentar a com-
petição internacional. Cedo ou tar-
de o mundo vem até você” (Bartlett e
Ghoshal, 2000).
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 25
O desenvolvimento da autonomia e de relações mais
justas e solidárias são algumas das metas encontradas
na maioria dos projetos pedagógicos das instituições
escolares. Diversos estudos têm confirmado que o de-
senvolvimento moral está relacionado à qualidade das relações
que se apresentam nos ambientes sociais nos quais a crian-
ça interage e, obviamente, essas relações não ocorrem apenas
em família. Aliás, é preciso que a criança possa ter experiên-
cias de vida social para aprender a viver em grupo, e a escola é
um local muito apropriado para essa vivência. Pesquisas in-
dicam que as escolas influenciam de modo significativo a
formação moral das crianças e jovens, quer queiram ou
não. Quanto mais o ambiente oferecido for cooperati-
vo, maior o desenvolvimento da autonomia, e quanto
mais autoritário, maiores os níveis de heteronomia.
Nos objetivos dos projetos pedagógicos de dife-
rentes escolas analisados em nossas pesquisas não
encontramos, de maneira explícita, a formação de
pessoas obedientes, acríticas, submissas ou he-
terônomas. Nenhum educador pretende formar
pessoas que sejam reguladas por mecanismos
exteriores, seguindo ou não determinado prin-
cípio moral ou regra dependendo do contexto
(contudo, se os valores morais não estiverem ali-
cerçados em uma convicção pessoal, os alunos
não estarão prontos para seguirem as regras e os
princípios, especialmente na ausência de uma
autoridade).
O que ocorre frequentemente é que, no co-
tidiano da escola, os adultos utilizam procedi-
mentos que levam as crianças e jovens a se sub-
meterem a essas normas porque uma autorida-
de (diretor, professores etc.) assim o quer ou
“sabe o que é melhor para elas e para a institui-
ção”. Na prática, valorizam a obediência às nor-
mas e regras definidas previamente, e nem sem-
pre se preocupam em explicar às crianças e jovens
Resolução de conflitos e educação em valoresTelma Pileggi Vinha, doutora em Psicologia, Desenvolvimento Humano e Educação e professora da Faculdade de Educação da Unicamp
26 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Artigo
Resolução de conflitos e educação em valoresas razões destas, nem consultá-las acer-
ca do assunto, atuando, por conseguin-
te, em caminhos que promovem mais a
obediência do que a autonomia.
Nessa complexa rede de interações há
um fenômeno que está sempre presen-
te e interfere significativamente na cons-
trução dos valores: os conflitos interpes-
soais. Atualmente, muitos professores se
sentem impotentes e inseguros ao se de-
parar com problemas de indisciplina ou
de conflitos, tais como agressões físicas
e verbais, furtos, insultos, desobediên-
cia às normas, bullying, entre outros. Um
exemplo dessa constatação está presen-
te em uma pesquisa realizada com base
em questionários respondidos por direto-
res de todo o Brasil, durante a realização
do Sistema de Avaliação da Educação Bá-
sica (Saeb). Os dados apontam que a in-
disciplina por parte dos alunos é relata-
da como problema por 64% dos diretores
das escolas estaduais, 54% das muni-
cipais e 47% das institui-
ções particulares.
Apesar des-
sas informações,
alguns educadores
parecem acreditar que
os conflitos são ocorrên-
cias atípicas e não fazem parte
do seu trabalho. Basta observar a for-
ma como são resolvidos para perceber
indícios dessa insegurança; um exem-
plo é quando um aluno comunica que
alguém furtou algo diferente do mate-
rial escolar, como suas figurinhas. Al-
guns professores acabam por respon-
sabilizar a vítima, alegando que a
culpa é dela por trazer “material es-
tranho à aula”. Os educadores cons-
tatam, angustiados, que as brigas es-
Atualmente, muitos professores se sentem impotentes e inseguros ao se deparar com problemas de indisciplina ou de conflitos, tais como agressões físicas e verbais, furtos, insultos, desobediência às normas, bullying, entre outros
tão sendo resolvidas de forma cada vez
mais violenta, mas sentem-se desprepa-
rados para realizar intervenções.
Grande parte dos professores de-
dica entre 21 e 40% do seu dia escolar
aos problemas de indisciplina e de con-
flitos entre alunos, segundo a publica-
ção Fenômeno Bullying: estratégias de in-
tervenção da violência entre escolares. Ape-
sar do tempo significativo dispensado a
tais fenômenos, raramente os cursos de
formação estudam essas questões prepa-
rando o futuro profissional para ter mais
segurança ao se defrontar com situações
de conflito. Assim, acabam por ter rea-
ções impulsivas que, não raro, somente
pioram o problema ou apenas contém o
conflito no espaço escolar.
A concepção sobre os conflitos do
professor e, consequentemente, o tipo
de intervenção realizada por ele, interfe-
re nas interações entre os alunos e no de-
senvolvimento socioafetivo dos mesmos.
Em uma visão tradicional, os conflitos são
vistos como negativos e danosos ao bom
andamento das relações entre os alunos.
Tal concepção evidencia-se porque os es-
forços são, em geral, apontados para duas
direções: a primeira delas seria evitá-los.
A segunda, ainda bastante prezada pela
escola, é a resolução rápida.
São mecanismos de controle utiliza-
dos cotidianamente na escola, que “fun-
cionam” temporariamente, mas que,
além de reforçar a heteronomia, até con-
tribuem para agravar o problema. Em
longo prazo, também colaboram para
formar jovens que possuem baixo índi-
ce de habilidade social, apresentando di-
ficuldades para: emitir opiniões, argu-
mentar e ouvir perspectivas diferentes
sem se sentir ameaçado; tomar decisões,
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 27
expor e discutir seus sentimentos; e co-
ordenar perspectivas em ações efetivas.
Como são privados de entender
as justificativas para os valores e nor-
mas nas relações, esses jovens tendem a
orientar suas ações de modo a receberem
gratificações, evitarem castigos ou por
mero conformismo, demonstrando que
os valores morais foram pobremente in-
teriorizados. O fato de fazer com que um
comportamento não seja mais apresenta-
do não significa que a criança ou jovem
tenha percebido as consequências de tal
ato e esteja aprendendo outras formas
mais elaboradas de proceder; pode sig-
nificar simplesmente que está sob con-
trole por temor ou interesse.
Para o professor que possui uma
perspectiva construtivista, os conflitos
são compreendidos como naturais em
qualquer relação e necessários ao desen-
volvimento. São vistos como oportuni-
dades para que os valores e as regras se-
jam trabalhados, oferecendo “pistas” so-
bre o que precisam aprender. Por con-
aproveitadas para trabalhar o reconheci-
mento dos sentimentos e a resolução das
desavenças de forma não violenta e mais
eficaz, por meio do diálogo.
Quando se tem a ideia de que har-
monia não significa ausência de con-
flitos, pois estes são necessários para a
aprendizagem, e que lidar com eles não
é algo “que desvia” da função de educa-
dor, modificam-se, inclusive, os senti-
mentos diante dos mesmos. Compreen-
de-se que os problemas, por serem na-
turais em qualquer relação, devem ser
administrados, não sofridos. A angústia
ou a insegurança levam o sujeito a resol-
vê-los rapidamente, de forma improvisa-
da, para “livrar-se” daquilo que gera es-
ses sentimentos. Assim, muitas vezes as
intervenções são autoritárias e, não raro,
desastrosas. Concebendo-os como ine-
rentes às relações, é possível lidar com
os conflitos de forma mais serena, perce-
bendo a necessidade de planejar o pro-
cesso de resolução dos mesmos (“O que
o conflito está indicando? O que os alu-
nos precisam aprender? Como trabalhar
essa questão?”), compreendendo que os
procedimentos que serão empregados,
as situações promovidas ou as regras a
serem elaboradas não devem apenas atu-
ar sobre as consequências de um proble-
ma, mas sobre as causas.
A obtenção de relações equilibradas
e satisfatórias (o que não significa que os
conflitos estarão ausentes) não são fruto
de um dom gratuito ou de desenvolvi-
mento maturacional; são decorrentes de
um processo de construção e aprendiza-
gem. A criança ou jovem não aprenderá
por si só uma questão que é muito com-
plexa e para a qual não foram previs-
tas boas intervenções. Porém, raramen-
te se percebe a preocupação das institui-
ções escolares com as possibilidades pe-
dagógicas dos conflitos, sendo que seus
esforços estão mais voltados para conse-
guir um “bom comportamento” do alu-
no (muitas vezes por medo ou confor-
mismo) e para a contenção do conflito
do que para a aprendizagem.
seguinte, suas intervenções não enfa-
tizam a resolução do conflito em si, o
produto (como resolver?), mas o proces-
so, ou seja, a forma com que os proble-
mas serão enfrentados (o que eles pode-
rão aprender com o ocorrido?).
De acordo com essa perspectiva,
em vez de o professor gastar seu tem-
po e energia tentando preveni-los, os en-
xerga como oportunidades para auxi-
liar os alunos a reconhecer as perspec-
tivas próprias e as dos outros e apren-
der, aos poucos, como buscar soluções
aceitáveis e respeitosas para todas as par-
tes envolvidas. Ao agir assim, o educa-
dor demonstra reconhecer a importân-
cia de desenvolver nas crianças habilida-
des que as auxiliem na resolução de con-
flitos interpessoais e, consequentemente,
favorecer a formação de pessoas autôno-
mas. Por exemplo: situações de menti-
ra são oportunidades para refletir sobre
a necessidade da veracidade e manter o
elo de confiança; circunstâncias em que
há agressões físicas ou verbais podem ser
Quando se tem a ideia de que harmonia não significa ausência de conflitos, pois estes são necessários para a aprendizagem, e que lidar com eles não é algo “que desvia” da função de educador, modificam-se, inclusive, os sentimentos diante dos mesmos
28 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
REV ISTA
&
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1 a 3 de Setembro
de 2010
O mundo está voltado para as altas
temperaturas do planeta e suas
consequências desastrosas. Dis-
cussões se realizam como forma
de minimizar o impacto ambiental decor-
rente das ações antrópicas. Quando dis-
cutimos o aquecimento global, automa-
ticamente fazemos referência às emissões
provenientes das queimadas, da derru-
bada de florestas, da emissão dos esca-
pamentos dos carros, da utilização dos
combustíveis fósseis, enfim, das ativida-
des humanas sobre a natureza, e quais
condutas devem ser adotadas como for-
ma de proteção a todas as espécies que
compõem este grande universo.
Hoje, já se sabe que as áreas urba-
nas, através de suas edificações, tam-
bém formam verdadeiras ilhas de calor.
Se comparadas às áreas rurais, as regi-
ões urbanas retêm a temperatura e a ra-
diação da luz solar não só porque des-
matam suas áreas verdes, mas também
pelo uso da energia elétrica.
Segundo pesquisador do Lawrence
Berkeley National Laboratory, cerca de
25% da superfície de uma cidade é cons-
tituída de telhados. Como a maioria dos
tipos são planos e escuros, refletem so-
Existem campanhas internacionais
para que as construções ou reformas
utilizem material reflexivo nos telha-
dos das edificações em países localiza-
dos nas regiões temperadas e tropicais.
Isso reduziria o uso do ar-condiciona-
do, a formação das ilhas de calor que se
formam no verão, as emissões de CO2,
as doenças decorrentes das mudanças
climáticas e, consequentemente, a tem-
peratura global.
Alguns monitoramentos realizados
nos Estados Unidos demonstram que
a energia de resfriamento proporciona
aos usuários desse tipo de pintura uma
economia de 20 a 70% do seu consu-
mo. Isso acontece porque parte da ra-
diação do sol, quando atinge o telhado,
é absorvida e transferida para o prédio
inferior, e a outra parte, pela pintura
branca reflexiva, é irradiada para fora.
Essa é uma ação simples que pode
ser adotada por todos aqueles que bus-
cam uma melhor qualidade de vida, po-
dendo não só ser utilizada pelos parti-
culares, mas também ser aplicada pelos
países comprometidos com a responsa-
bilidade social por meio de incentivos
disponibilizados pelos governos.
mente 20% da luz solar, proporcionan-
do uma concentração de calor maior do
que os telhados pintados de branco.
A pintura branca ou em cor cla-
ra proporciona uma reflexão de 0,60
ou mais, o que implica uma incidên-
cia menor e, consequentemente, uma
reflexão solar de maior intensidade.
Calcula-se que cada 100m² pintados
de branco compensam 10 toneladas
de carbono (CO2). Os tetos inclinados,
por sua vez, deveriam receber uma cor
fria, o que representa uma reflexão so-
lar de 0,20, gerando uma compensação
de 5 toneladas de CO2 para cada 100m²
(metade dos tetos brancos).
Telhado Branco: uma alternativa contra o aquecimento global
Ana Maria Benavides Kotlinski, professora de Direito Ambiental e Filosofia do Direito da UCB
A pintura branca ou em cor clara proporciona uma reflexão de 0,60 ou mais, o que implica uma incidência menor e, consequentemente, uma reflexão solar de maior intensidade
Artigo
30 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Inovar é fazer conexões
Por Clemente Nóbrega
A inovação depende do acesso a uma base de conheci-
mento acumulado; uma ideia abre caminho para mui-
tas outras. Esse processo é o que gera mudanças em
grande escala na ciência, na economia e na cultura.
Esse é o tema de um livro que tem repercutido nos meios em-
presariais: The nature of technology: what it is and how it evolves
(A natureza da tecnologia: o que é e como se desenvolve, em
tradução livre), de Brian Arthur, especialista em inovação. A
implicação disso (não tratada explicitamente no livro) é que, se
o novo vem sempre do conhecido, podemos “fabricar” inova-
ção se houver um método para recombinar as ideias existentes
na base de conhecimento. Está acontecendo.
Descobrir regras para fazer rearranjos criativos de forma
consciente e deliberada é a tarefa que a nascente disciplina da
inovação sistemática se propõe a realizar. Para se ter uma ideia,
há 10 mil anos o Produto Interno Bruto (PIB) do mundo era
zero. Então, uma tecnologia – a agricultura – habilitou o pro-
cesso de geração de riqueza. A agricultura veio de elemen-
tos que já existiam na paisagem dos humanos da época (terra,
plantas e animais) e possibilitou uma explosão de novos arran-
jos. O PIB passou de zero ao que é hoje graças ao rearranjo de
coisas que já estavam aqui.
O microchip é feito de sílica – areia da praia, ou seja, é areia
rearranjada (assim como o cimento). A matéria-prima desses
“rearranjos” não são novos materiais, nem pessoas especiais
ou novos processos fabris. São processos mentais: ideias ca-
nalizadas na direção certa. Entendendo as operações mentais
que produziram soluções inovadoras no passado, pode-se criar
inovação. Por exemplo: o best seller Estratégia do Oceano Azul
diz o seguinte: “quer inovar? Pegue os atributos das ofertas
existentes e ‘tire, ponha, aumente, diminua’ um ou mais deles.
Assim, sua oferta estará num ‘oceano azul’” – livre da competi-
ção entre as ofertas com os mesmos atributos.
No caso do Cirque du Soleil, exemplo do livro, eliminaram-
se os animais e artistas famosos, mas introduziram-se música,
dança, temas e estética apurada; diminuiu-se o número de pi-
cadeiros e aumentou-se o conforto da plateia. Mas como nós
(que não somos gênios como os fundadores do Cirque) poderí-
amos ter concebido algo parecido?
O problema era criar um circo com menos custo e mais va-
lor que os já existentes. Uma contradição – inovar é resolver
contradições. Quem resolveu a contradição “cortar custo e au-
mentar valor” o fez de que maneira? A base de conhecimento
diz que problemas análogos foram resolvidos usando como di-
recionador um princípio que a inovação sistemática chama de
“atmosfera enriquecida”.
Adicione elementos sensoriais que tornem o ambiente mais
estimulante. Pode ser cor, música, dança, descontração e odores
– o importante é enriquecer a atmosfera. Esse é um dos princí-
pios usados pela empresa SouthWest Airlines para criar um clima
agradável em seus voos: utiliza jogos e brincadeiras com os passa-
geiros. É o que está por trás do que chamam experiência de com-
pra. É o que o varejo usa em modelos como Starbucks e Victoria’s
Secret. Um circo, uma loja de café, uma loja de roupas íntimas e
uma linha aérea. Base de conhecimento compartilhado, certo?
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 31
Inovação
Licenciado em Filosofia pela Facul-
dade Católica de Filosofia do Piauí,
mestre em Sociologia pela Pontifí-
cia Universidade Católica de São
Paulo (PUC/SP) e doutor em Sociologia
pela Universidade de São Paulo (USP),
Antonio José Castelo Branco Medeiros
(PT/PI) iniciou a vida política como ve-
reador pelo Partido dos Trabalhadores
(PT) em Teresina (PI), no ano de 1988.
Em 2003, quando ainda era deputado
estadual, José Medeiros assumiu a pasta
da Secretária Estadual de Educação.
A Associação Nacional de Educação
Católica do Brasil (ANEC) entrevistou o
deputado federal e ex-secretário de Edu-
cação do Estado do Piauí, José Castelo
Branco Medeiros.
Há poucos meses o senhor ocupava
o cargo de secretário de Educação do
Estado do Piauí. Hoje, exerce o cargo
de deputado federal. Qual a experi-
ência adquirida que pode servir de
contribuição para o parlamento nessa
transição da gestão estadual para o
Congresso Nacional?
Eu tive experiência mais como gestor do
que como parlamentar. Fui deputado es-
tadual no primeiro mandato do governa-
dor Welington Dias e ele me convocou
para ser o secretário de Educação entre
2003 e 2006. Afastei-me, fui eleito de-
putado federal e recebi um novo convi-
leira, em relação à mudança que está
acontecendo nas escolas?
Nós tivemos uma grande parceria com as
igrejas no Piauí – em especial com a Igre-
ja Católica. Eu tenho uma trajetória que
veio de uma militância na igreja, embora
hoje tenha uma atuação política mais lai-
ca. Nós resolvemos a questão do ensino
religioso dentro dos princípios da legis-
lação, que é mais uma questão de infor-
mação e sensibilização para a problemá-
tica religiosa. O nosso Conselho Estadual
de Educação regulamentou a habilitação
necessária para quem já é licenciado po-
der se qualificar para ser professor de en-
sino religioso. Nós oferecemos um curso
de 400 horas para 600 professores, com o
conteúdo definido pelo Conselho Nacio-
nal de Educação (CNE) e pela primeira
vez na história do Piauí fizemos concurso
público para professor de ensino religio-
so. Hoje, nós temos 50 professores con-
vocados. Isso cria uma estabilidade e va-
loriza o profissional e também a matéria.
Isso significa que, como secretário, o
senhor valorizava a educação de valo-
res e princípios?
Exatamente. Eu li as diretrizes curricu-
lares e acho muito bem elaboradas. Você
vê desde o aspecto histórico e cultural
da experiência religiosa, mas também
analisa os vários livros sagrados de cada
religião, a questão da relação entre fé e
te, uma vez que o governador foi reelei-
to, para continuar na Secretaria de Edu-
cação. Eu sou professor da universida-
de, sociólogo, e sempre me interessei por
educação. Portanto, a experiência como
secretário, e também no Conselho de
Secretários da Educação, foi muito rica
para ter um debate mais completo aqui
no congresso, em especial na Comissão
de Educação. Na Comissão de Educação
e Cultura da Câmara temos os interes-
ses de vários grupos sociais representa-
dos, o que é muito legítimo. É para isso
que existe a democracia. Nós temos uma
pressão forte dos movimentos sociais na
área da educação e, hoje, o municipalis-
mo também é muito articulado nos de-
bates. Então sempre achei que a minha
função no debate era apresentar a ques-
tão do ponto de vista da gestão estadual.
Qual o papel da rede estadual nesse sis-
tema, que agora a nova Conferência de
Educação (Conae) está definindo como
Sistema Nacional Articulado de Edu-
cação? Foi esse olhar, estadual, que me
enriqueceu bastante. Sobretudo em um
Estado pobre como o Piauí, onde mui-
tos municípios são pequenos e não têm
uma estrutura administrativa, a media-
ção da Secretaria Estadual ajuda muito
na eficiência das políticas públicas.
Qual a avaliação do senhor quanto ao
cenário da Educação Católica Brasi-
Entrevista:Deputado Antonio José Castelo Branco Medeiros
32 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Política
ética, bem como a questão dos símbo-
los, dos rituais, da mística, da espiritua-
lidade. Eu acho que são aspectos muito
importantes para uma visão integral da
pessoal humana. Evidentemente que em
uma sociedade pluralista como a nossa,
a gente tem de fato um currículo que é
muito valorizado para as habilidades in-
telectuais e técnicas, mas que não discu-
te muito as questões dos valores éticos,
das atitudes, dos comportamentos. Por-
que a questão ética não é apenas de co-
nhecimento intelectual, mas uma ques-
tão de prática, vivência e também sen-
sibilização. Nesse sentido, eu até tenho
conversado muito com os nossos pro-
fessores de ensino religioso que talvez
a nossa aula formal, dentro da sala, não
seja o melhor instrumento para se fazer
a educação dessas dimensões.
O senhor foi educado em Escola Ca-
tólica?
Eu fui seminarista, mas muito jovem.
Entrei no seminário com 10 anos e saí
com 17 para ser um bom padre. Eu
achava que o padre deveria se formar
no meio do povo, mas depois me afastei
da parte da prática religiosa e, hoje, te-
nho uma boa interação mais com a ques-
tão do trabalho social da igreja, da de-
fesa dos direitos humanos, da questão
da sensibilidade para certos problemas
que precisam de compaixão humana, no
bom sentido da palavra. Na minha for-
mação eu nunca deixei de ter essa marca.
Mas queria aproveitar esse espaço para
falar sobre uma experiência que é mui-
ta rica para mim. Vários colégios religio-
sos no Piauí, sobretudo no interior, esta-
vam enfrentando uma crise muito gran-
de de manutenção e índices muito altos
de inadimplência. Nós conseguimos fa-
zer um convênio no qual o Estado assu-
me todas as despesas, inclusive de pesso-
al, mas a proposta pedagógica e a direção
da escola continuam com a congregação
ou grupo que a dirige. Isso tem dado um
efeito muito positivo. Nós temos essa ex-
periência na escola Nossa Senhora da
Deputado Antonio José Castelo Branco Medeiros
Agen
cia
Bras
il
Paz, em Teresina, com o ensino médio,
com o patronato Nossa Senhora de Lur-
des, em Campo Maior, com o patronato
Irmãos em Piracuruca e com o Instituto
São José, em Santa Filomena. O patrona-
to Nossa Senhora de Lurdes, em Campo
Maior, é o melhor IDEB (Índice de De-
senvolvimento da Educação Básica) da
escola pública. Hoje, ela é uma escola es-
tadualizada e que mantém a sua propos-
ta pedagógica – inclusive, tem uma carga
horária maior de ensino religioso do que
as outras escolas oficiais, porque a gen-
te respeita a proposta pedagógica. As ir-
mãs que dirigiam antes mantêm um bom
nível, uma boa participação dos profes-
sores. O que eu vivi em algumas escolas
foi emocionante, como o depoimento de
uma professora: “secretário, eu acredito
tanto nessa escola que meus filhos estu-
dam aqui’. Eu acho que a escola pública
vai ser boa quando os filhos dos profes-
sores estudarem na escola pública, quan-
do os filhos do secretário de Educação
estudarem na escola pública.
Eu acho que a escola pública vai ser boa quando os filhos dos professores estudarem na escola pública, quando os filhos do secretário de Educação estudarem na escola pública
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 33
gulamentação de fundos para a educa-
ção e decisões sobre programas essenciais
como o Financiamento ao Estudante de
Ensino Superior (FIES). Já quando o tema
é cultura, outras contribuições importan-
tes podem ser citadas – como a lei que
obriga as instituições públicas a incluírem
a música na grade de ensino ou o projeto
que isenta de impostos os instrumentos
musicais importados pelo Brasil.
A ANEC conversou com a presiden-
te da Comissão, senadora Fátima Cleide,
sobre os projetos mais importantes e di-
ficuldades enfrentadas no parlamento.
Informativa – Dentre os projetos que
tramitam na comissão, quais a senho-
ra considera que podem contribuir
para uma melhora no cenário nacional
da educação?
Não posso, a priori, definir que este ou
aquele projeto seja mais importante para
a educação brasileira. Todos os proposi-
tores, seja da Câmara, do Senado ou do
Poder Executivo, buscam melhorar as
condições e garantir o desenvolvimento
Conheça os projetos que estão sendo analisados pela Comissão de Educação do Senado
Um dos motivos para que essa ano-
malia persista é que cerca de 80% das
matérias aprovadas pelo Congresso Na-
cional são de iniciativa do Poder Exe-
cutivo. Então, para não ter uma partici-
pação tão insignificante, os legisladores
apresentam projetos como o que cria o
Dia Nacional do Macarrão, ou mesmo o
Dia do Feijão e Arroz, ou ainda, o Dia
Nacional do Motorista de Ambulância.
Os exemplos são muitos, mas não
podemos menosprezar a atuação da co-
missão devido a iniciativas como essas.
Outras propostas que tramitam na casa
hoje podem demonstrar uma tentati-
va de modificar o cenário da educação
nacional.
Uma proposta que se repete em vá-
rias páginas é a que alerta para a necessi-
dade de informar, de várias formas, sobre
as consequências do uso de drogas ilegais
e do abuso de drogas lícitas. Outras ma-
térias importantes estão na pauta, como
a que dispõe sobre as garantias e direitos
fundamentais ao livre exercício da cren-
ça e dos cultos religiosos, a criação e re-
Quais assuntos e projetos estão
tomando espaço nos debates da
Comissão de Educação, Cultu-
ra e Esporte do Senado Fede-
ral (CE) e que podem, ainda em 2010,
virar lei? Para responder a essa per-
gunta a equipe de jornalismo da Asso-
ciação Nacional de Educação Católica
do Brasil (ANEC) acompanhou a pauta
de votações dos projetos que estão em
tramitação.
A Comissão de Educação do Sena-
do é composta por 27 senadores titula-
res e 27 suplentes. Na atual legislatura,
é presidida pela senadora Fátima Cleide
(PT/RO). Hoje, mais de 320 projetos de
lei tramitam apenas na CE. Em um le-
vantamento sobre as matérias que estão
sendo analisadas, propostas por deputa-
dos e senadores, fica claro que um ter-
ço dos projetos, cerca de 100 matérias,
não tem relevância determinante para a
sociedade brasileira. Os parlamentares
usam essas propostas para dar nomes a
ruas, pontes e estradas e criar datas co-
memorativas, por exemplo.
Entrevista:Senadora Fátima Cleide
34 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Política
da educação nacional em seus projetos.
As casas legislativas discutem à exaustão
cada tema e projeto para garantir o con-
senso político, técnico e social das leis.
Em cada sessão da Comissão de Educa-
ção, Cultura e Esportes do Senado que
presido, renovo meus sentimentos de
confiança e esperança no Brasil, ao ver se-
nadores e senadoras de todos os partidos
atuarem em defesa dos interesses da edu-
cação, com sinceridade de propósitos.
No ano passado, a Comissão recebeu
uma enxurrada de propostas para cria-
ção de datas especiais, nomeação de
localidades, entre outras proposições
semelhantes. A que se deve esse fato?
As propostas que homenageiam vultos
históricos são importantes iniciativas
para que a população reconheça a im-
portância daqueles que influenciaram
os destinos de sua comunidade. Quan-
tas vezes a curiosidade nos é despertada
quando ouvimos o nome de um logra-
douro ou uma data que será comemora-
da? Embora para muitos isso seja irre-
levante, a memória da nação brasileira é
reafirmada num gesto singelo que reper-
cute de maneira positiva.
Quais são as dificuldades enfrentadas
no parlamento para a votação de pro-
jetos importantes, como a regulamen-
tação da 12.101, das filantrópicas, que
agora começa a ser apreciada?
É óbvio que o objeto de que trata a lei
nº 12101/09 é muito complexo para que
ela seja regulamentada com rapidez. A
definição de marcos regulatórios feita
pela lei é importante para construirmos
uma regulamentação eficaz na defesa do
interesse público, que garanta a justiça
na relação entre o Estado e as entidades
filantrópicas. Para isso, precisamos su-
perar qualquer discussão fundamentalis-
ta e procurar um caminho que incenti-
ve as iniciativas da cidadania, garantin-
do os instrumentos de controle e fisca-
lização do Estado. De qualquer modo, o
poder executivo anunciou que será pu-
blicado um decreto federal com esta re-
gulamentação até o final deste semestre.
Senadora Fátima Cleide
Quais são as principais metas para
2010?
Nossa principal meta é conseguir elabo-
rar o Plano Nacional de Educação para o
próximo decênio, aproveitando as con-
quistas objetivas da educação no gover-
no do presidente Lula. Estamos inician-
do um debate em uma situação muito
melhor do que no ano de 2000. Tivemos
uma grande expansão na rede federal
de educação tecnológica e nas universi-
dades. Amplos investimentos na educa-
ção básica com o Fundo de Manutenção
e Desenvolvimento da Educação Básica e
de Valorização dos Profissionais de Edu-
cação (fundeb) e na valorização dos ser-
vidores, como os programas de formação
e o Piso Salarial Nacional. Esses avanços
são os marcos iniciais que, combinados
com o fim da Desvinculação das Recei-
tas da União (DRU) na educação e a de-
finição de investimentos vinculados ao
PIB nacional, deverão garantir que, em
2020, tenhamos um país onde o cres-
cimento econômico será consolidado
como desenvolvimento social.
As propostas que homenageiam vultos históricos são importantes iniciativas para que a população reconheça a importância daqueles que influenciaram os destinos de sua comunidade
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 35
A Associação Nacional de Educa-
ção Católica do Brasil (ANEC)
entrevista a primeira mulher elei-
ta senadora pelo Estado de Mato
Grosso do Sul, Marisa Joaquina Monteiro
Serrano (PSDB/MS).
Formada em Letras e Pedagogia, a se-
nadora ocupou os cargos de professora,
supervisora, diretora de escola, coorde-
nadora da Secretaria Municipal de Edu-
cação de Campo Grande (MS) e Secretá-
ria Estadual de Educação. Autora de duas
coleções de livros didáticos, Marisa iniciou
sua carreira política em 1977 como a ve-
readora mais votada na capital. Em 1994,
elegeu-se deputada federal, sendo reeleita
em 1998. Nesse período, participou da re-
dação final da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação e da elaboração do Plano Nacio-
nal de Educação (PNE) vigente. Em 2006,
Marisa foi eleita senadora com mandato
até o ano de 2015.
Informativa – Com a modernização pre-
sente no sistema educacional, a senhora
acredita que a família passa a ocupar
um papel diferente na educação de seus
filhos?
A educação começa na família, em casa. A
família nunca se abdicou e não deve ab-
dicar-se desse papel de educadora. É cla-
ro que a educação formal está nas escolas,
mas mesmo assim a presença da família é
fundamental. É por isso que as pesquisas
indicam que os alunos cuja família partici-
pa das atividades escolares têm muito mais
chances de crescer e se desenvolver na área
educacional e cultural. Evidente que a fa-
mília vai ter de estar sempre junto.
Qual a opinião da senhora em relação às
punições nas escolas?
Eu sempre fui contra a punição. A esco-
la tem de ter organização, defender limi-
tes e, principalmente, ter uma maior ri-
gidez nos procedimentos escolares. Se os
alunos aprendem a entrar na hora certa e a
escola obedece isso, se os jovens cantam o
hino nacional, o hino do Estado ou do mu-
nicípio todos os dias, se a criança apren-
de a respeitar os seus professores e direto-
res, se os pais estão juntos e também de-
Entrevista:Senadora Marisa Serrano
monstram respeito pela escola, certamen-
te a criança cria uma ideia de que ela tem
de ser educada e respeitar aquelas pesso-
as. Parece uma utopia falar sobre isso hoje
em dia, com as gangues que nós vemos,
alunos mal educados que desrespeitam os
professores e diretores, pais que não res-
peitam os professores e dão mal exemplo
aos seus filhos, diminuem os outros. Essa é
uma época muito difícil, em que os valores
estão colocados em segundo plano. Acre-
dito que seja fundamental que a escola dê
essa diretriz, esse rumo, e a família ajude a
criar, sempre, no seio dos seus integrantes,
a questão de manter a crença nos valores.
Como a senhora avalia a importância da
Educação Católica?
Acredito muito que a fé, a formação mo-
ral, é fundamental para que as pessoas se
tornem mais éticas, mais comprometidas
com o que é decente, sério, lícito. Isso não
quer dizer que todos sigam as mesmas di-
retrizes, mas é claro que se a gente apren-
de os bons valores e costumes, leva para o
resto da vida.
Senadora Marisa Serrano
36 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Política
É incontestável a importância de al-
fabetizar e oferecer educação básica
para todos. É a educação que capa-
cita as pessoas para viverem melhor
e para desempenharem os seus papéis na
sociedade.
Porém, com a globalização, o mun-
do interconectado em que vivemos vem
promovendo cada vez mais o intercam-
bio tecnológico, econômico, social e cul-
tural, fazendo com que haja uma neces-
sidade cada vez maior de aumentar a ca-
pacidade de adquirir, processar, divulgar e
aplicar o conhecimento. E é a universida-
de que tem esse papel, de criar e transmi-
tir conhecimento.
As universidades atuam basicamente
de três maneiras na comunidade mundial.
Uma delas é por meio da pesquisa: criam
novos modelos, práticas e saberes que con-
tribuem para o desenvolvimento social. É
também a instituição capaz de impulsio-
nar o crescimento das cidades de forma
sustentável, fazendo do conhecimento um
bem público. São elas que, através da in-
vestigação e do ensino, podem estabelecer
modelos de vida que respeitem mais o ser
humano e a natureza. Também estimulam
porem os novos meios de comunicação e
tecnologias de informação que permitam
melhorar a aquisição de conhecimentos
durante toda a vida.
Por isso, acompanho e apoio a ação
da Organização das Nações Unidas para
a Educação, a Ciência e a Cultura (Unes-
co) e de outras organizações que defendem
a educação como elemento de mudança.
Por isso, defendo tanto a oportunidade das
instituições de ensino, sejam elas públicas
ou privadas, de contribuírem para a demo-
cratização do ensino superior. Defendo a
educação a distância e o fortalecimento da
nossa Unitins.
Não podemos aceitar que menos de
15% da população brasileira tenha acesso
ao ensino superior. Para que o país alcance
o desenvolvimento econômico e social que
todos desejamos, é preciso que cada vez
mais pessoas se qualifiquem e cheguem às
universidades. Temos o exemplo de vários
países pelo mundo que investiram na edu-
cação continuada da população e, hoje,
colhem resultados positivos. O Brasil pre-
cisa seguir esses exemplos e construir ali-
cerces fortes para sustentar o desenvolvi-
mento que a sociedade merece.
uma atitude mais positiva em relação à di-
versidade cultural e ambiental, que pode
difundir os processos de defesa do meio
ambiente e fazer com que se utilize o co-
nhecimento de forma responsável, contri-
buindo para a prosperidade e o bem-estar
da sociedade e do planeta.
Em segundo lugar, as universidades
também contribuem ativamente para o de-
senvolvimento social, graças ao fortaleci-
mento e à interação do meio universitário
com os agentes externos, em particular as
comunidades e empresas locais. Além dis-
so, é a universidade que qualifica as pes-
soas para o mercado de trabalho, prepara
os responsáveis para as decisões vindouras
e forma os professores que atuarão em to-
dos os graus de ensino, sendo responsáveis
pelo alicerce da mudança que queremos e
precisamos para um futuro melhor.
As instituições de ensino superior po-
dem intervir na reorientação dos planos
de ensino da educação básica e da pro-
fissional. Elas não só podem questio-
nar de forma crítica o sistema educativo
como também devem desempenhar um
importante papel na criação de processos
de aprendizagem inovadores, que incor-
Nilmar Ruiz, deputado federal (PR/TO)
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 37
Política
A criação de um Projeto Político Pedagógico
(PPP) já é algo complexo por si só, e tor-
na-se ainda mais intrincado com as enor-
mes diferenças culturais existentes no
Brasil, país de dimensões continentais e de diver-
sidade incomparável que, ao mesmo tempo, con-
vive com uma forte presença do regionalismo den-
tro da sala de aula.
Tais características são destacadas
até pela Constituição Federal que, em
seu artigo 210, diz que “serão fixados
conteúdos mínimos para o ensino fun-
damental, de maneira a assegurar for-
mação básica comum e respeito aos va-
lores culturais e artísticos, nacionais e
regionais”. A Carta Magna segue, no ar-
tigo 211, afirmado que “a União, os Es-
tados, o Distrito Federal e os municípios
organizarão em regime de colaboração
seus sistemas de ensino”.
Um dos mais bem-sucedidos exem-
plos de que o pleno investimento em
educação é fator preponderante de de-
senvolvimento, a Coreia do Sul é o mo-
delo a ser seguido, apesar das mudanças
radicais realizadas ainda nos anos 1980,
que tornaram a nação asiática uma das
mais competitivas do mundo.
Por lá, os alunos ficam em média 8 horas por
dia na escola e todos têm notas acima de oito. Na
Coreia do Sul, diferente do que acontece por aqui,
a disciplina é estrita. Os professores são instruídos
a nunca permitir que o aluno passe um dia sem en-
tender o que está sendo ensinado.
Lá, além de respeitados, os professores precisam
ter curso superior e passar por avaliações a cada
dois anos. Além disso, ganham em tor-
no de R$ 10,5 mil por mês, o que dei-
xa qualquer colega brasileiro que lecio-
na no ensino superior bem para trás nes-
se quesito.
É claro que a realidade brasileira está
muito longe do imaginado como ideal.
Por aqui, ainda temos problemas de in-
fraestrutura em diversos prédios, falta
de merenda, déficit de salas de aulas, ex-
cesso de alunos por sala, professores, em
muitos casos, despreparados, desmotiva-
dos e mal remunerados, além de uma sé-
rie de acertos a serem feitos na grade cur-
ricular e até mesmo na segurança interna
e no entorno das escolas.
Em 2008, o Ministério da Educação
(MEC) divulgou uma pesquisa segundo a
qual 91% dos estudantes brasileiros termi-
nam o ensino fundamental abaixo do ní-
Unificação pela
Por Luciano Guimarães
Um dos grandes desafios do Brasil, o desenvolvimento de um Projeto Político Pedagógico (PPP) é a chave contra o histórico atraso na educação pública
diversidade
Tal visão fragmentada
partiu de princípios
gerencialistas e fiscalistas, que trataram os recursos
educacionais como
gastos, e não como um
investimento38 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Administração
vel adequado, apresentando dificuldades
para reter ou compreender textos básicos.
“Em primeiro lugar, é preciso desta-
car que nenhum país que realizou refor-
mas radicais no seu modelo de educação
o fez em curto prazo”, argumenta a secre-
tária de Educação Básica do MEC, Maria
do Pilar. Segundo ela, mudanças educa-
cionais são geracionais, e medidas simpli-
ficadas ou imediatistas podem gerar bons
retratos, mas não mudanças estruturais.
“O projeto estruturante de melhoria
da educação pública brasileira está de-
senhado a partir do Plano de Desenvol-
vimento da Educação (PDE) e da sua vi-
são sistêmica da educação, que pode ser
traduzida em uma frase: da creche à pós-
graduação”, afirma Pilar.
Para a secretária, o PDE procura su-
perar as falsas oposições que até mui-
to recentemente predominaram no Bra-
sil, como se níveis, etapas e modalidades
não fossem momentos de um processo,
cada qual com um objetivo particular,
integrados em uma unidade geral; como
se não fossem elos que deveriam se re-
forçar mutuamente. “Tal visão fragmen-
tada partiu de princípios gerencialistas e
fiscalistas, que trataram os recursos edu-
cacionais como gastos, e não como um
investimento.”
De acordo a secretária, nos últimos
20 anos o Brasil passou por um amadu-
recimento em relação à avaliação institu-
cional, ao envolvimento da sociedade ci-
vil e ao fortalecimento da escola públi-
ca como um espaço para todos. “A mais
importante mudança foi a aprovação, em
2009, da Emenda Constitucional 59, que
extinguiu a Desvinculação das Receitas
da União (DRU) sobre a educação, o que
aumentará em 2011 em R$ 11 bilhões o
orçamento do MEC e a obrigatoriedade
da matrícula, que passará a ser dos 4 aos
17 anos a partir de 2016”, afirma a secre-
tária do Ministério da Educação.
Levando todas as explicações em
consideração, fica claro que a própria
complexidade para o desenvolvimento
de um PPP transforma-o em um gran-
de desafio. O projeto deve ser elabora-
do pelo grupo de profissionais da escola,
e estes devem se apoderar dele e tomá-lo
como guia. As escolas que efetivamente
construíram coletiva e democraticamen-
te o seu PPP sempre dão continuidade
aos seus objetivos.
“No PPP devem constar o objetivo da
escola, o currículo, as formas de avalia-
ção, os caminhos da participação da co-
munidade, a garantia de que todos ali
vão aprender. E, caso algum não apren-
da, o PPP deve ter claro os caminhos do
acompanhamento, do reforço, do traba-
lho profissional para que cada um pos-
sa ter assegurado o seu direito de apren-
der”, ressalta Pilar.
Além de todas as alterações já reali-
zadas pelo país, uma das mais significati-
vas é a transição para o novo ensino fun-
damental de nove anos, cujo prazo para
adequação das redes municipais e esta-
duais terminou neste ano.
Apesar de se tratar de um esforço
para que as crianças de 6 anos de ida-
de possam ficar mais tempo na escola,
podendo ser matriculadas já no primei-
ro ano, é necessário atenção para o im-
pacto na aprendizagem, pois quantidade
não significa qualidade.
* Texto fragmentado do material didático - Projeto Político Pedagógico / A Identidade da Escola - Sistema de Ensino Portal Educação e Sites Associados.
O que é e para que serve um PPP?Toda escola deve ter definida uma identidade e um conjunto orientador de princípios e de normas que direcionem a ação pedagógica cotidiana.O Projeto Político Pedagógico vê a escola como um todo em sua perspectiva estratégica, não apenas em sua dimensão pedagógica. É uma ferramenta gerencial que auxilia a instituição a definir suas prioridades estratégicas, a convertê-las em metas educacionais e outras concretas, a decidir o que fazer para alcançar os objetivos de aprendizagem, a medir se os resultados foram atingidos e a avaliar o próprio desempenho.O PPP é um conjunto de princípios que norteiam a elaboração e a execução dos planejamentos, por isso, envolve diretrizes mais permanentes, que abarcam conceitos subjacentes à educação: conceitos antropológicos (relativos à existência humana); conceitos epistemológicos (aquisição do conhecimento); conceitos sobre valores pessoais, morais e étnicos; e conceitos políticos (direcionamento hierárquico, regras etc.)
Importância de um projeto para a escola
A relevância de um projeto escolar consiste no planejamento. Escolhem-se as melhores estratégias, o que facilita o trabalho da escola, pois o mesmo está fundamentado no projeto que norteia toda a instituição. Isso se faz imprescindível para se ter um rumo e visar à obtenção de resultados de forma mais eficiente, intensa, rápida e segura.A escola deve buscar um ideal comum: fazer com que todos os alunos aprendam. Uma boa sugestão é nomear comissões de pais e encarregá-las de organizar campeonatos esportivos nos finais de semana, cuidar dos banheiros ou da biblioteca.
Maria do Pilar, secretária de Educação Básica do MEC: medidas simplificadas ou imediatistas podem gerar bons retratos, mas não mudanças estruturais
Julio
Cés
ar
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 39
A importância do marketing educacional é algo rela-
tivamente novo para boa parte do meio acadêmico.
Mas, em muitos casos, a utilização dessa ferramenta
tornou-se questão de sobrevivência. Em todo o país,
instituições de ensino utilizam estratégias de marketing para se
manterem vivas no mercado. O problema é que a maioria ain-
da não investe em um plano estratégico, e promovem apenas
ações de divulgação.
“Normalmente, as instituições limitam o marketing à rea-
lização das campanhas de matrículas, e o resultado é pífio. O
marketing não é propaganda. A propaganda é uma das ferra-
mentas do marketing e deve ser usada de forma competente,
ou então perde-se tempo e dinheiro”, afirma o prof. André Pes-
tana, especialista em marketing educacional.
Além do investimento em propaganda, o plano de marke-
ting também inclui: promoção, fidelização, apresentação de
novos serviços e cursos, pesquisas, fortalecimento da marca,
prospecção, divulgação e comunicação em geral. Vale ressal-
tar que um dos principais pontos a serem explorados é o po-
sicionamento da marca. Ou seja, estabelecer na mente do pú-
blico os benefícios e conceitos que diferem uma instituição das
demais.
Para o consultor educacional Ryon Braga, “o marketing é
um trabalho que se faz com dados, números, pesquisas e cole-
ta de informações. Marketing não é feeling, e sim a análise des-
ses dados e a tomada de decisão acertada diante dos resulta-
dos obtidos”. As informações coletadas também “sinalizam de
quais ações e ferramentas de comunicação lançar mão em cada
momento do ano”.
Ryon ainda destaca que “a instituição deve trabalhar com
uma boa assessoria de imprensa, uma agência de publicidade e
propaganda, uma agência de mídia digital, e ainda alguém que
possa desenvolver o relacionamento com diferentes públicos
(escolas, cursinhos, entidades de classe, empresas da região).
De acordo com o consultor, “essas são as estratégias mais bá-
Por Juliana Fernandes
Como se destacar no mercado utilizando estratégias de comunicação
sicas, que nenhuma instituição deveria se omitir a fazer, para
pelo menos conseguir se posicionar no seu mercado e ter um
mínimo de exposição”.
Comunicação eficiente
No caso de produtos e serviços ligados à educação, a decisão
de compra é ainda mais complexa. Por isso, não basta se expor
na mídia. É preciso agregar valor à comunicação.
O livro Marketing Educacional: Ferramentas de Gestão para
Instituições de Ensino afirma que “não há como atrair clientes di-
zendo coisas do tipo: excelência na arte de ensinar; tradição e
qualidade na educação; melhor corpo docente da região...”. Es-
ses slogans, tipicamente usados pelas instituições, não ajudam
a consolidar a marca.
Segundo o especialista André Pestana, “quem assegura va-
lor é exatamente quem compra, e não quem oferece. Nesse
momento estamos fazendo exatamente o contrário. Comuni-
Marketing a serviço das Instituições de Ensino
40 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Comunicação
Marketing não é feeling, e sim a análise desses dados e a tomada de decisão acertada diante dos resultados obtidos
Marketing a serviço das Instituições de Ensino
camos que temos qualidade, que forma-
mos integralmente etc., mas esquecemos
que a percepção, identificação e confir-
mação disso é prerrogativa das famílias e
dos nossos destinatários”.
Uma solução viável é integrar ao pla-
no de marketing os próprios funcioná-
rios da instituição. Desde que incentiva-
dos e informados, eles são capazes de in-
fluenciar positivamente o público inter-
no. Na sala de aula, por exemplo, o pro-
fessor pode divulgar as diversas ações
que o marketing realiza e ainda ser um
importante aliado na construção da ima-
gem institucional.
“De início, os educadores têm cer-
to preconceito com o marketing. Acham
Aposte no Marketing
De acordo com os consultores e especia-
listas ouvidos na matéria, o marketing
educacional proporciona inúmeros bene-
fícios às instituições de ensino. Entre eles
estão a melhora da relação com o público,
a construção de uma imagem sólida e au-
mento na captação e retenção de alunos.
“Agora, se com tudo isso alguma ins-
tituição de ensino ainda não se sentir
motivada a aderir a um trabalho eficiente
de marketing, eu diria a essa instituição
apenas uma coisa: a concorrência está lá
fora e ganhando eficiência cada vez mais
rápido. O mercado está se profissiona-
lizando e não existirão lugares para os
amadores”, finaliza Ryon Braga.
Principais conceitos para a adoção do marketing educacional:Distinção: Apesar da concorrência, há uma variedade de pessoas com diferentes necessidades. Procure detectar o seu público-alvo e trabalhe para que ele conheça sua instituição.Pesquisa de marketing: Elas servem para mensurar os impactos das estratégias mercadológicas, e também para identificar as necessidades e preferências do seu público.Segmentação: Direcione a mensagem. Para isso, saiba quais são as características dos estudantes, em que locais eles estão e de que forma captá-los. Marketing de serviços: Torne os serviços tangíveis. Eles são percebidos por meio de experiências, resultados obtidos e status que oferecem. Marketing de relacionamento: Trabalhe o relacionamento com o cliente, pois é ele quem determina o que quer encontrar em sua instituição de ensino. Contato pessoal: Promova visitas à instituição e tenha contato com o seu público. Uma das melhores formas de se atingir resultados positivos é através do marketing boca-a-boca. Tecnologia e comunicação: Utilize os recursos tecnológicos como um aliado. Eles proporcionam múltiplas formas de contato e interação.
Fonte: Marketing para Instituições de Ensino (Philip Kotler, coautoria Karen Fox)
que vai interferir na educação, o que não
ocorre. Quando os educadores percebem
que ele é um aliado e que sua atuação dá
frutos, a aceitação acontece naturalmen-
te", diz o especialista em marketing edu-
cacional, Claudio Gonçalves. Ele também
destaca as melhorias na relação das esco-
las com seus vários públicos: alunos, pro-
fessores, funcionários, pais e sociedade.
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 41
Estudar, cursar uma faculdade, pegar o diploma, arrumar
um bom emprego, trabalhar por algumas décadas, apo-
sentar-se e descansar. Há alguns anos, esse era o cenário
profissional desejado e vivido pela maioria dos trabalha-
dores. Entretanto, muitas coisas mudaram e o mercado de tra-
balho continua em constante evolução.
Atualmente, para entrar e se manter competitivo na carrei-
ra é preciso estar sempre estudando e se atualizando. Muitas
vezes, a velocidade das mudanças é surpreendente, mas a re-
alidade é que já não basta mais ser especialista em uma única
área, é preciso entender de muitos assuntos.
Essas exigências não são exclusivas para executivos ou pro-
fissionais que atuam em grandes empresas. Qualquer que seja
a profissão ou carreira escolhida, estar atualizado é essencial.
“Um professor também precisa sempre se renovar por meio de
cursos de especialização em sua área de atuação, cursos de re-
ciclagem e outros que ampliem e aprimorem seu nível de co-
nhecimento. É fundamental, ainda, dispor de informações ge-
rais e rápidas sobre os mais importantes fatos da atualidade”,
explica Dirce Vassimon, consultora e profissional de Recursos
Humanos há mais de 30 anos.
Além disso, um profissional considerado moderno deve
possuir em seu perfil: iniciativa própria, criatividade, lideran-
ça, boa comunicação, agilidade e flexibilidade, habilidade para
lidar com pessoas, saber trabalhar em equipe e ser “digital”, ou
seja, possuir conhecimentos e habilidades para trabalhar com
tecnologias.
“Para contratar um professor, observamos as experiências e
recomendações anteriores. Além disso, submetemos todos os
Valorização profissional: só depende de você
Cinthia de Paula
42 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Recursos Humanos
candidatos a uma aula prática. O profes-
sor precisa ter domínio do conteúdo apre-
sentado, didática, postura, comando de
uma sala de aula e saber se posicionar”,
descreve o professor Lauro Spaggiari, di-
retor geral pedagógico do Colégio Dante
Alighieri, de São Paulo, escola que conta
com 250 professores em seu quadro fun-
cional e mais de 4 mil alunos matricula-
dos, do maternal ao ensino médio.
“Nós apresentamos ainda, durante
as entrevistas, questões atuais para ava-
liar quais são os argumentos do profis-
sional, se ele tem conhecimentos e po-
sicionamento frente a determinado as-
sunto. Buscamos reproduzir uma situa-
ção de sala de aula, para saber se ele tem
embasamento, posição”, completa o pro-
fessor Spaggiari.
Para um educador, ter domínio da
sala de aula significa estar atento às ferra-
mentas de trabalho e aos questionamen-
tos dos estudantes. Conhecer tecnologias
é importante e é outro diferencial, pois
os alunos têm acesso às informações ra-
pidamente e o professor precisa acompa-
nhá-las. “As novas tecnologias vêm pro-
vocando uma transformação no mundo
e ter a dimensão dessa realidade é qua-
se obrigatório para um professor”, assi-
nala Dirce.
Obrigatório é também ter o domínio
da classe e, para isso, Dirce orienta: “em
primeiro lugar é preciso ter muita didáti-
ca e identificar os alunos e suas caracte-
rísticas, mantendo alto astral, capacidade
de dialogar em qualquer circunstância e
sempre demonstrar firmeza e segurança
nas intervenções e argumentações”.
O professor Spaggiari concorda: “É
importante saber dosar tudo isso e, dia-
riamente, ir às aulas com ânimo renova-
do, aberto a novas situações e propon-
do desafios ao aluno também. O profes-
sor precisa estar atualizado para fazer
o aluno entender aonde o conteúdo irá
levá-lo e seus benefícios. É preciso es-
tar aberto, ele não é mais somente um
professor que ‘joga’ o conteúdo para a
classe”.
Sinal amarelo
Fique atento às eventuais referências
negativas de conduta em trabalho an-
terior, pois isso pode ser determinante
para barrar uma contratação. Além dis-
so, falta de controle na condução da sala
de aula e dificuldade de relacionamento
com as pessoas, sejam os próprios alu-
nos, seus pais ou colegas professores,
são pontos negativos para os profissio-
nais. “Certa acomodação em relação à
missão de lecionar e, consequentemen-
te, crescente incapacidade de motivar os
alunos e mantê-los interessados na aula
também dão descrédito ao professor”,
alerta Dirce.
Situações surpreendentes de dúvi-
das ou colocações de alunos também
são pontos a serem levados em conside-
ração por um professor e deve ser aceso
um sinal de alerta e respeito à questão.
“Não há maneira de os professores evi-
tarem alunos com perguntas ou coloca-
ções indesejadas. Ensinar é uma arte e a
reação do estudante, desde que respei-
tosa, demonstra seu interesse na aula e
pode ser uma forma de o professor se
autoavaliar. Quando um educador tem
a maturidade, boa formação e atualiza-
ção didática, ele terá habilidade para li-
dar com qualquer situação ou imprevis-
Características essenciais para valorização profissional• Experiência no domínio de classes• Bom português e vocabulário• Dinamismo• Proatividade• Boa capacidade de comunicação• Didática• Postura• Conhecimentos de informática• Hábito de leitura específica e de cultura geral• Atualização constante• Conhecimento de outras línguas• Não perder o foco de seu trabalho• Ter maturidade profissional• Ser verdadeiro ao formular o currículo profissional
Um professor também precisa sempre se renovar por meio de cursos de especialização em sua área de atuação, cursos de reciclagem e outros que ampliem e aprimorem seu nível de conhecimento. É fundamental, ainda, dispor de informações gerais e rápidas sobre os mais importantes fatos da atualidade
to, até para dizer: ‘não sei, mas vou pes-
quisar’. Se o convívio com a classe é de
respeito mútuo a relação aluno e pro-
fessor será sempre de aprendizado”, ex-
plica Dirce.
Para o professor Lauro Spaggiari, o
educador precisa ainda demonstrar que
gosta do que faz, tem amor pela profis-
são. “Ele tem de demonstrar convicção
no desejo de estar ali, que tem envolvi-
mento com o trabalho e com os alunos.
É preciso que ele deixe claro que o que
ele quer é lecionar, não é simplesmen-
te só mais um emprego, pois ele traba-
lhará com pessoas e cada dia se apresen-
tará uma situação diferente em relação
ao aluno e à família, e ele precisa estar
aberto às adaptações. Aí, é preciso mui-
ta criatividade, saber motivar e perceber
o aluno”, conclui o diretor.
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 43
Todos os dias vitaminas, fibras e
nutrientes presentes nos alimen-
tos são destinados ao lixo duran-
te a preparação das refeições. O
aproveitamento integral de alimentos e o
reaproveitamento das sobras são duas al-
ternativas para evitar o desperdício e re-
forçar o cardápio com alimentos saudá-
veis e saborosos.
“O desperdício é um sério problema a
ser resolvido na produção e distribuição
de alimentos, principalmente em países
em desenvolvimento. O crescimento da
população mundial, mesmo que ampara-
cia do consumo consciente de alimen-
tos, muitas escolas públicas e particula-
res têm dedicado parte de sua grade cur-
ricular para esse fim.
Por meio de orientações simples e di-
retas pode-se promover a mudança de
hábitos e ensinar aos alunos como utili-
zar melhor os alimentos a que têm mais
acesso; como evitar ou, pelo menos, re-
duzir o desperdício em casa e reciclar os
alimentos.
A ideia de reaproveitamento consis-
te no consumo consciente de alimentos
e suas sobras. Nesse quesito, a educação
do pelos rápidos avanços da tecnologia,
nos faz crer que o desperdício de alimen-
tos é uma atitude injustificável. Por isso,
não podemos mais fazer isso”, ressalta a
introdução de Aproveitamento Integral dos
Alimentos, guia desenvolvido pelo proje-
to Mesa Brasil, do Sesc Nacional, em par-
ceria com o Programa Alimentos Seguros.
Mas como repassar essa lição aos
pequenos?
Transmissão de conhecimento
Diante da necessidade de orientar crian-
ças e adolescentes sobre a importân-
Consumo consciente de alimentos se
aprende na escola
Por Paula Craveiro
De maneira lúdica e divertida, professores ensinam aos
alunos como evitar o desperdício e reaproveitar
alimentos
44 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Sustentabilidade
dentro de sala de aula exerce fator essen-
cial, pois é nesse período da vida que
crianças e adolescentes estão mais aber-
tos a novos conceitos e práticas.
Mas repassar esse conceito exige do
professor atenção especial. “Na educa-
ção infantil, os conteúdos de conheci-
mento devem ser abordados de manei-
ra lúdica. O brinquedo e o jogo são as
maneiras que uma criança tem para li-
dar e pensar o mundo”, afirma Ana Ma-
ria Miranda, sócia do Centro de Educa-
ção Infantil Catavento, de Curitiba. “É
preciso que elas tenham contato com o
lúdico por meio de atividades que en-
volvam música, artes plásticas, dan-
ça, culinária. Vivenciando essas ativi-
dades, elas elaborarão e incorporarão
os mais diversos conteúdos, inclusive
aqueles relacionados ao não desperdí-
cio de alimentos”.
Além disso, é preciso que se tenha
em mente as variações culturais e so-
ciais existentes entre os alunos. Para a
nutricionista Elana Almeida, o professor
deve considerar não somente a necessi-
dade de não desperdiçar, mas, também,
o tipo de alimento que ele apresentará
ao aluno. “Ao trabalhar essa questão, é
de suma importância que se analise bem
o tipo de alimento a ser trabalhado. Não
adianta pegar uma fruta exótica ou qual-
quer outro tipo de alimento que não seja
acessível a todos os alunos e usá-lo como
exemplo. É preciso utilizar um alimento
que faça parte de seu cotidiano, para que
haja identificação com o mesmo”.
Na sala de aula
Como já mencionado, um dos fatores
que facilitam o aproveitamento alimen-
tar é seu ensino para os alunos que ainda
não consolidaram seus hábitos alimen-
tares e tabus, sendo mais suscetíveis às
mudanças.
“Ao tomar conhecimento da impor-
tância dessa atitude e aprender como
praticá-la, as crianças e adolescentes tor-
nam-se automaticamente multiplicado-
res do conhecimento adquirido, trans-
mitindo a mensagem para seus pais, fa-
miliares e amigos que, posteriormente,
podem vir a adotá-la em seu dia-a-dia”,
destaca a professora Edith Maria Vargas.
Desenvolver metodologias, criar no-
vas possibilidades e tornar o assunto
atraente aos olhos de alunos são os prin-
cipais desafios que professores e dirigen-
tes de escolas devem enfrentar.
Projetos e metodologias
Para levar esse conhecimento aos es-
tudantes, algumas instituições de ensi-
no adotaram a culinária como manei-
ra de despertar o interesse de seus alu-
nos. Por meio de aulas práticas, eles
têm a oportunidade de conhecer mais
sobre cada um dos alimentos seleciona-
dos, como frutas, legumes e verduras;
suas propriedades naturais; e como uti-
lizá-los de forma integral no preparo de
cada refeição.
Com o objetivo de conscientizar seus
alunos sobre nutrição, desperdício/rea-
proveitamento e benefícios da alimenta-
ção saudável, o Colégio São Luís, em São
Paulo, desenvolve uma série de projetos
para diferentes idades. “São receitas de
reaproveitamento de alimentos, culiná-
ria com produtos variados e saudáveis,
receitas da vovó, leitura de rótulos de ali-
mentos, entre outros”, afirma Ana Cristi-
na Marra, coordenadora pedagógica do
curso integral.
No curso integral, os alunos da
quarta série aprendem a reaproveitar os
alimentos, criando receitas com sobras
e cascas de frutas e vegetais. “Além de
criarmos receitas muito saborosas, en-
Por meio de orientações simples e diretas pode-se promover a mudança de hábitos e ensinar aos alunos como utilizar melhor os alimentos a que têm mais acesso
sinamos os pequenos a não desperdiça-
rem e a serem criativos na hora de cozi-
nhar”, completa.
Em Rondonópolis, no Mato Grosso,
a Escola Estadual Silvestre Gomes Jar-
dim adotou uma nova maneira de abor-
dar o assunto. Em março passado, a es-
cola promoveu uma exposição de lan-
ches feitos pelos próprios alunos à base
de reaproveitamento de alimentos. “A
ideia surgiu a partir de uma discussão
a respeito da primeira revolução indus-
trial, ocorrida durante uma aula de his-
tória, que acabou fazendo uma ponte
com a questão ambiental e, consequen-
temente, com o desperdício de alimen-
tos”, comenta a professora Márcia Re-
gina Brito. Segundo ela, a participação
dos alunos foi bastante expressiva.
Já o Colégio Magno/Mágico de Oz,
de São Paulo, encontrou outra for-
ma interessante de trabalhar o assun-
to. “Durante as aulas, além das infor-
mações passadas pelos professores,
que orientam sobre como utilizar in-
tegralmente alimentos e aproveitar as
sobras, os estudantes também desen-
volvem trabalhos de pesquisa, testam
algumas receitas, muitas vezes trazi-
das por eles próprios, e produzem de-
senhos, o que contribui para a memo-
rização dos conceitos abordados”, ex-
plica a direção do colégio.
Enfim, existem inúmeras maneiras
de levar esse assunto às crianças e ado-
lescentes. Mas, segundo os entrevista-
dos, não basta entrar em sala de aula
e falar sobre não desperdiçar alimen-
tos. “Somente isso não é o suficiente
para conquistar o interesse das crian-
ças. É preciso envolvê-los”, garante
Edith Maria.
Antes de chegar ao tema propriamen-
te dito, é preciso cativar o aluno, mostrar
que aquele alimento é gostoso e faz bem
à saúde, incentivar o consumo daquele
item e, a partir daí, quando o aluno já es-
tiver familiarizado, explicar que existem
diversas maneiras de aproveitá-lo inte-
gralmente e de forma saborosa.
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 45
Muito embora a ausência de re-
gulamentação possa servir
como justificativa, o cenário de
incertezas que permeia as ins-
tituições de educação e assistência social
no que tange ao cumprimento das dispo-
sições contidas na lei n° 12.101/09 tem
como motivação os desencontros de exi-
gências normativas ali impostas, estampa-
das como normas autoaplicáveis, ou seja,
que não carecem de regulamentação para
sua aplicabilidade, com contornos consti-
tucionais já estabelecidos, em detrimento
de restrições inseridas no novo cenário.
Nesse sentido, queremos destacar a
imposição advinda da aplicação do § 3°
do art. 13 da lei n° 12.101/09, com o se-
guinte comando:
gulamento, até o montante de 25% da
gratuidade prevista no caput. (grifos
nosso)
Estratificamos desse conjunto a ques-
tão relacionada ao tratamento distinto
imposto à assistência educacional reali-
zada por meio de unidades específicas,
limitada em seu universo como se fosse
uma ação distinta das demais, inerentes
à política pública de educação.
Essa ação ou projeto realizado atra-
vés do viés da gratuidade, seja em uni-
dades onde as bolsas são concedidas a
um grupo específico de alunos ou mes-
mo através de unidades criadas especifi-
camente para atenderem a uma deman-
da localizada, não perde a sua natureza
Art. 13. Para os fins de concessão da
certificação de que trata esta Lei, a enti-
dade de educação deverá aplicar anual-
mente em gratuidade, na forma do § 1°,
pelo menos 20% da receita anual efeti-
vamente recebida nos termos da lei n°
9.870, de 23 de novembro de 1999.
(...)
§ 3° Complementarmente, para o
cumprimento das proporções previs-
tas no inciso III do § 1°, a entidade po-
derá contabilizar o montante destina-
do a ações assistenciais, bem como o
ensino gratuito da educação básica
em unidades específicas, programas
de apoio a alunos bolsistas, tais como
transporte, uniforme, material didá-
tico, além de outros, definidos em re-
Assistência educacional gratuita:uma questão de (des)igualdade
Dr. Napoleão Alves Coelho
46 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Legislação
por essa distinção de cobrança ou con-
tratação. É e será sempre assistência edu-
cacional realizada com o intuito de uni-
versalização do direito à educação.
Não podemos desconsiderar que
muitas entidades de educação, buscando
uma melhor adequação entre a oferta da
atividade de ensino e o perfil de seu pú-
blico-alvo, utilizam-se da instalação de
unidades educacionais específicas jun-
to às comunidades carentes identificadas
pela demanda. Essas entidades reconhe-
cem que se não promoverem a aproxi-
mação da unidade de ensino e os bolsões
de pobreza, não conseguirão efetivar o
projeto de alavancagem da cidadania. E
a par dessa estratégia, a aproximação das
unidades de ensino com as comunida-
des que demandam a disponibilização
da vaga não implica na redução e/ou dis-
tinção de estrutura física no desenvolvi-
mento do projeto pedagógico aplicado.
Mesmo porque o fato de estar caracteri-
zada como unidade específica de ensino
gratuito não a distingue das demais obri-
gações relacionadas à “...adequação às di-
retrizes e metas estabelecidas no Plano Na-
cional de Educação – PNE”, conforme de-
termina o inc. I - § 1°, do art. 13 da lei
em comento.
Sem querer entrar na questão da (in)
constitucionalidade do conteúdo nor-
mativo ora analisado, não podemos dei-
xar de concluir que tal norma, na for-
ma expressa, irá trazer como resultado
direto a redução de um número de va-
gas ofertado pelas entidades de educação
para o cumprimento das questões rela-
cionadas à gratuidade.
Isso porque um sem número de enti-
dades de educação têm como programa
permanente a manutenção de unidades
específicas para o atendimento de co-
munidades carentes, como forma de am-
pliar o número de vagas e buscar uma
maior adequação à realidade de seus be-
neficiários. Essas vagas ofertadas, em sua
grande maioria, ultrapassam o custo dos
e saneia as diferenças que a desigualdade
natural oferece e que poderia comprome-
ter a convivência numa sociedade política.
Por isso, reconhece-se a desigualdade na-
tural entre as pessoas, naquilo que, con-
tudo, desimporta para o Direito. A este
apenas interessam aquelas diferenças
que se refiram às finalidades objetiva-
das no sistema jurídico e que se voltam
para o bem de todos os cidadãos. Todas
as diferenças pessoais são desconsideradas e
vedadas como bases de comportamento só-
ciopolítico pelo Direito, quando não sejam
objetivamente verificadas como pertinentes
a situação descrita no próprio sistema jurí-
dico-normativo e nele tomado, validamen-
te, como referencial para a distinção”. (gri-
fo nosso)
Diante do contexto apresentado, fi-
cam os nossos questionamentos como
forma de registrar a falta de razoabilida-
de com que a matéria foi tratada pelo po-
der legislativo:
• Comovalidar,diantedoprincípio da
igualdade, o conteúdo normativo ob-
jeto de nossas ponderações, ante a
possibilidade de lesão aos interesses
do destinatário da ação promovida
pelas entidades, quando da conces-
são de gratuidades em unidades es-
pecíficas de ensino?
• Comodiferenciaraeducaçãopromo-
vida pelas unidades de ensino espe-
cíficas daquelas caracterizadas pela
total gratuidade em relação ao servi-
ço prestado aos seus alunos, ou da-
quelas realizadas em estabelecimen-
tos com prestação de serviços cobra-
da de parte dos seus clientes e outra
parte conferida em gratuidades?
• Será que atende aos reclames da
igualdade e da justiça, bem como à
intenção do legislador constituinte,
estabelecer limites para a assistên-
cia educacional realizada de forma
inteiramente gratuita, como a que
ocorre nas denominadas unidades es-
pecíficas?
1 ROCHA, Carmem Lúcia Antunes. Princípios Constitucionais da Administração Pública. Belo Horizonte: Del Rey, 1994.
possíveis 25% previstos para ações não
caracterizadas como atividade de educa-
ção. Isso implica dizer que o excesso a
esse percentual não poderá ser conside-
rado como gratuidade.
Analisando de maneira racional o
comando normativo extraído do § 3°
- art. 13, da lei n° 12.101/09, pode-se
chegar à conclusão de que a mesma é
extremamente prejudicial ao público-
alvo da política pública. Isso porque
uma entidade, ainda que realize pro-
gramas de educação com todas as pecu-
liaridades e exigências próprias, caso o
faça em unidades específicas totalmen-
te gratuitas, não poderá se apropriar de
todos os custos dessa gratuidade, se os
mesmos excederem a ¼ de toda a gra-
tuidade realizada.
Em uma das mais belas expressões
do Ordenamento Constitucional, tra-
zemos a lição da jurista Carmem Lú-
cia Antunes Rocha1, acerca do princípio
da igualdade: “A igualdade jurídica recria
Sem querer entrar na questão da (in)constitucionalidade do conteúdo normativo ora analisado, não podemos deixar de concluir que tal norma, na forma expressa, irá trazer como resultado direto a redução de um número de vagas ofertados pelas entidades de educação para o cumprimento das questões relacionadas à gratuidade
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 47
O papel dos ex-alunos é relevan-
te em toda atividade de desen-
volvimento, estabelecimento de
parcerias e, especialmente, na
captação de recursos para campanhas de
capital ou manutenção das instituições
de ensino superior. Essa prática é mais
presente e tradicional na cultura norte-
americana, mas, recentemente, observa-
se, de modo gradual, na América Cen-
tral, América do Sul, Europa e Ásia, com
resultados positivos.
Muitas vezes, pode-se pensar que a
diferença cultural histórica entre o Bra-
sil e os Estados Unidos inviabilizaria téc-
nicas e experiências bem-sucedidas no
país quanto à sustentabilidade das fa-
culdades e escolas em geral. No entan-
to, há soluções práticas e eficazes. Aqui,
temos de solicitar e estimular as doações
e o envolvimento dos antigos alunos. À
medida que tentamos métodos e técni-
cas para desenvolver e fortalecer esse re-
lacionamento, adquirimos conhecimen-
to específico e aprimoramento em captar
recursos e fortalecer os estabelecimentos
de ensino superior.
A primeira associação de antigos alu-
nos foi criada na América do Norte, nos
primórdios de 1800. Inicialmente, esta-
va mais preocupada com interesses inte-
lectuais e perpetuação de memórias. Ofi-
blicas — os que pagaram, os que não
pagaram para obter sua formação e tam-
bém os bolsistas — devem reconhecer
que a instituição foi vital para sua vida
e sua carreira. Qual ex-aluno recusaria
contribuir para sua faculdade caso fos-
se adequadamente abordado? Universi-
dades do Canadá contatam anualmente
seus ex-alunos onde quer que estejam,
até em outro continente. Todo ano eles
recebem uma carta e também são con-
vidados a fazer suas contribuições. E fa-
zem, podem acreditar.
Todo ex-aluno tem interesse de que
a imagem de sua faculdade esteja bem.
Assim, podem doar para financiar atu-
ais bolsistas, prédios, reformas e melho-
rias. Dentre todos os doadores no mun-
do, só 12% o fazem por conta de incenti-
vos fiscais. Além desse aspecto, há outras
motivações. Um ex-aluno que tem pos-
ses certamente não recusaria reformar ou
até construir uma biblioteca que levaria
seu nome.
O cadastro do ex-aluno é vital. Ele
tem de voltar à universidade e ser loca-
lizado. O desenvolvimento dessa cultura
é muito importante para o Brasil, consi-
derando que a perenidade e a constante
evolução das instituições de ensino su-
perior são fundamentais ao desenvolvi-
mento e competitividade do país.
cialmente, os primeiros fundos formados
por antigos alunos também apareceram
no início desse período, com frequência
promovendo o conceito de estabelecer
em vida um capital específico para gerar
uma renda destinada a ajudar os progra-
mas de uma faculdade ou universidade.
Os ex-alunos são a primeira e princi-
pal vanguarda para o suporte do desen-
volvimento da faculdade ou universidade.
Em 1913, houve um encontro de 23 dife-
rentes escolas públicas e privadas, repre-
sentando grande área geográfica dos Esta-
dos Unidos. Foi uma resposta a um con-
vite da Universidade do Estado de Ohio
para se encontrarem e trocarem experiên-
cias em atividades com os ex-alunos.
No Brasil, o contato com ex-alunos é
praticamente inexistente nas instituições
de ensino superior. As universidades não
fazem ideia de onde se encontram seus
antigos alunos. Muitos deles podem es-
tar ocupando posições altas na sociedade
por conta da formação que receberam. É
a partir daí que tudo se inicia. Um dos
principais fatores de sucesso em um pro-
grama de captação de recursos é o acom-
panhamento de ex-alunos.
Saber onde estão e estabelecer con-
tato periódico com eles, seja por cartas,
eventos, e-mails ou mala direta é essen-
cial. Os ex-alunos de universidades pú-
Ex-alunos e o futuro das universidades
Custódio Pereira, diretor geral das Faculdades Integradas Rio Branco, especialista em Ensino Superior e Gestão Universitária e autor do livro Sustentabilidade e Captação de Recursos na Educação Superior no Brasil.
48 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
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50 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Capa
“Até 2012, o número de internautas no
mundo ultrapassará os 800 milhões e a
previsão é que 90% do consumo de banda
larga do tráfego da internet seja direciona-
do para as redes sociais no mesmo período”, de acordo com o
estudo Transformando o Papel da Indústria de Telecomunicação,
realizado pelo Institute for Business Value (IBV) em 2009.
Números como esses impressionam e mostram que a rede
virtual invadiu a realidade, mesmo que ainda exista certa resis-
tência a esse fato. Por isso, adaptar esse mundo das redes como
Orkut, Facebook e microblogs como o Twitter a atividades em
sala de aula pode ser uma boa estratégia para incentivar os es-
tudantes, que, em sua maioria, são muito familiarizados com a
internet, e ampliar o mundo do conhecimento. Claro que nem
tudo que se encontra na rede é positivo, mas, no momento atu-
al, não há mais como ignorar a existência dessa ferramenta e
sua forte presença na vida dos estudantes. O importante é sa-
ber como utilizá-las extraindo seu lado bom, sem cair no con-
ceito de que as redes sociais só servem para bater papo, encon-
trar amigos ou informações sem importância.
Por Thaís Iannarelli
Redes sociais promovem fácil contato entre pessoas do mundo todo. Se bem utilizadas,
podem ser interessante ferramenta educacional
Conectando-se ao
futuro
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 51
A nova “cara” da internetQuando a rede mundial de computadores (World Wide
Web) começou a se popularizar, nos anos 1990, era vista
somente como uma fonte de informação “de dentro para
fora”, ou seja, o internauta só acessava, mas não tinha um
espaço para postar comentários ou opiniões. Essa é a cha-
mada web 1.0. Mesmo dessa forma, o advento da internet
foi um divisor de águas na história da comunicação e um
fator importante para as novas gerações, que já nasciam
tendo contato com essa realidade, considerando, portanto,
tudo muito natural.
No final dos anos 1990 e início do século 21, no entan-
to, a face da internet começou a mudar, trazendo à tona a
web 2.0, que de fato deu nova “cara” e até alterou um pou-
co as funções da rede. O termo é usado para descrever a se-
gunda geração da web, que reforça a ideia de troca de in-
formações e colaboração dos internautas com sites e servi-
ços virtuais. Ou seja, o ambiente se torna mais dinâmico e
participativo. “A razão do sucesso das mídias sociais é em
função de que, na web 2.0, as pessoas conversam, escre-
vem, leem, dialogam e encontram as outras. Elas podem
realmente fazer conexões humanas”, explica Volney Faus-
tini, consultor da Faustini, Inovação e Tecnologia (FIT) e
professor da Associação de Dirigentes de Vendas do Bra-
sil (ADVB).
Há alguns anos, antes do crescimento da internet, o
professor era basicamente a única fonte de informação que
o aluno tinha para adquirir conhecimento, além da família.
Agora, depois de assistir a uma aula interessante, ele pode
pesquisar na internet para descobrir mais sobre o mesmo
tema, trazer novas dúvidas e abrir outras discussões em
sala. O fato de existir essa facilidade hoje em dia deve ser
explorado de forma positiva pelo educador.
Assim, muito além de fazer pesquisas escolares e uti-
lizar o famoso “copiar e colar”, os alunos podem cons-
truir relações e trocar informações sobre temas voltados à
educação. Nesse caso, eles fazem parte da discussão e po-
dem comentar fatos que tenham aprendido, além de captar
mais conhecimento. Em sites como o Orkut, o Facebook
e o MySpace, além de encontrar os amigos, as pessoas po-
dem conhecer outras que se interessam pelos mesmos as-
suntos e também fazer parte de comunidades que discu-
tem temas variados. “O educador tem o desafio de primei-
ro entender o que é a web 2.0, e também de fomentar de-
safios nos quais os alunos não possam fazer pesquisas com
cópia e cola, mas sim por meio de suas conexões”, comple-
menta Faustini.
52 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Colaborando com conteúdoSegundo o estudo Educação a distância: algumas considerações,
de Claudia Maria das Mercês Paes Ferreira Landim, “aprende-
se 83% em função do que se vê, e menos em função de outros
sentidos, tais como paladar (1%), tato (1,5%), olfato (3,5%) e
audição (11%). Além disso, retém-se mais conhecimento do
que se diz e, logo em seguida, se faz (90%)”. Ou seja, o fato
de discutir algum tema em sala e, em seguida, comentar e pes-
quisar outras fontes sobre ele contribui para o processo de
aprendizagem.
A partir desse princípio surgiu a ideia do conteúdo colabo-
rativo, ou seja, de proporcionar a troca de opiniões entre di-
versas pessoas. Blogs, fóruns de discussões, redes sociais e os
Wikis são alguns dos recursos a serem utilizados. Qualquer
pessoa pode criar um blog para postar seus pensamentos e no-
tícias interessantes. Depois, recebe comentários dos leitores.
O Wiki (do inglês, What I Know Is, ou “o que eu sei é”), por sua
vez, tem como objetivo produzir informação de forma colabo-
rativa, ou seja, os textos são aperfeiçoados nas páginas abertas
do sistema. Daí surgiu a Wikipedia, cujas informações são dis-
ponibilizadas e editadas pelos próprios internautas.
Mesmo com todas essas opções participativas, o uso da in-
ternet e, especialmente, dessas ferramentas, ainda não é mui-
to difundido nas escolas do país. “Os educadores sentem di-
ficuldade em entender a internet, porque olham para ela de
um âmbito 1.0, com a ideia do copiar e colar. Essa é a gran-
de preocupação deles, prezando a importância de as crianças
e adolescentes aprenderem a pensar, responder, desenvolver
seus textos. Porém, a verdadeira web 2.0 permite muito mais
que copiar e colar, porque ela vai levar a caminhos e conexões
com outras pessoas, coisa que um simples colar não traz”, ex-
plica Volney.
Descobrindo caminhosA popularidade das redes sociais no Brasil não é novidade e
vem crescendo com o passar dos anos. Em janeiro de 2009, o
Orkut completou cinco anos e, de acordo com uma pesqui-
sa da Nielsen, 80% dos internautas brasileiros navegam por
esse tipo de site, média superior à dos Estados Unidos (67%).
Além disso, os brasileiros passam um quarto do tempo on-line
em sites de relacionamento, três vezes mais que os britânicos.
Para aproveitar esse fato, confira algumas dicas de como
utilizar esses espaços em sala de aula:
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 53
Redes sociais como fonte de pesquisaComunidades e grupos que se interessam por temas de determinada área, como idio-
mas, exatas, ciências ou literatura, por exemplo, trazem informações atualizadas, novi-
dades e também abrem espaço para a comunicação entre as pessoas. Além disso, blogs
de profissionais dessas áreas estão disponíveis para consulta. Assim, é possível sugerir
que os alunos façam pesquisas sobre como esses temas são abordados nas redes, quais
são os especialistas no assunto (muitas vezes, encontrados nas próprias comunidades)
que possuem sites próprios, por exemplo, e podem servir de fonte.
EnquetesPor meio das redes, é possível descobrir opiniões de diversas
pessoas de todo o mundo sobre um determinado assunto, fato
que seria impossível há alguns anos, sem a internet. Para isso,
existem ferramentas específicas e gratuitas, como o Tweet Opi-
nião e o Enquetes.com.br, nos quais é possível postar pergun-
tas sobre qualquer assunto. Isso pode ser uma atividade a ser
feita na escola ou como dever de casa. Determine um tema e
peça para que os estudantes façam uma pesquisa de opinião e
um prazo para que os internautas respondam. Depois, basta
analisar as respostas e trabalhar em cima disso.
Aulas de gestão O Orkut e o Facebook disponibilizam duas ferramentas muito
interessantes para avaliar a capacidade dos alunos de gerir re-
cursos, casos da Colheita Feliz e do Farmville, respectivamen-
te. Nesses jogos, é preciso gerenciar uma fazenda com poucos
recursos da melhor maneira possível. Caso a escola possua um
laboratório de informática, pode-se até formar grupos para dis-
cutir as melhores formas de solucionar problemas.
Dicas de como utilizar as redes sociais em sala de aula
54 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Análise da repercussão de situações em tempo realO Twitter, espaço que começou com o objetivo de que o usu-
ário dissesse em 140 caracteres o que estava fazendo no mo-
mento, atualmente mudou seu foco e é percebido como a ma-
neira mais rápida de saber o que acontece no mundo todo, por
meio da dinâmica troca de notícias e links entre os usuários.
Com isso, uma atividade interessante é analisar a repercussão
de situações de grande importância histórica, como um evento
político importante ou algum desastre natural, o que abre es-
paço para discussões do tipo: por que pessoas do Chile veem
essa situação de uma forma e moradores dos Estados Unidos a
enxergam de outra, por exemplo.
Redação e concisão O hábito de postar mensagens nessas redes desperta nos alu-
nos um maior senso crítico do que devem escrever, sabendo
que outras pessoas de fato vão ler e comentar esse conteúdo.
Outro ponto a ser explorado aqui é a própria língua portugue-
sa, que aos poucos vai se transformando também na internet.
É importante despertar nos alunos a vontade de escrever corre-
tamente e de forma concisa para atrair mais leitores e também
trazer mais credibilidade para seu texto.
Bom senso e cuidadosHoje em dia, é importante perceber que o mundo da internet e mundo real estão se
tornando um só. Navegar na rede faz parte da rotina de muitos brasileiros, inclusive
das crianças e jovens, e unir essa atividade à educação de forma responsável, apesar
de ser algo ainda muito novo, traz muitas oportunidades.
Toda essa nova tecnologia é ideal para abrir novas discussões e inovação em sala
de aula. Porém, é importante colocar em prática o bom senso para não correr ris-
cos. Incentivar os alunos a trocarem informações sobre os assuntos discutidos em
sala é um ponto importante, assim como conversar sobre a superexposição na rede,
que pode acabar se tornando um problema. Manter sigilo sobre algumas informa-
ções, que fiquem abertas somente aos amigos, é recomendável. Porém, mergulhar na
rede é inevitável nos dias de hoje, inclusive para se formar profissionais qualificados.
“Qualquer ambiente, seja ele virtual ou não, tem seus riscos e perigos. Então acho
muito mais importante transmitir princípios do que uma recomendação muito pon-
tual. Se a criança ou o jovem tiver valores e princípios, vai se dar bem tanto na inter-
net como em qualquer outro lugar”, complementa Volney.
Mais informaçõeswww.enquetes.com.brwww.facebook.comwww.ibm.com.brwww.orkut.comwww.tweetopiniao.com.brwww.twitter.com
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 55
Pública ou particular? Quando se
trata dos programas de relacio-
namento da PUC Minas, não im-
porta a escola. A cada ano, mais
estudantes do ensino médio do Estado
de Minas Gerais vivenciam experiências
acadêmicas em todas as áreas de estudo.
Gincanas, simulação de eventos interna-
cionais, visitas guiadas e torneios espor-
tra redigida por vereadores e deputa-
dos. Eram selecionados cerca de 20
alunos, em oito escolas do ensino mé-
dio de Belo Horizonte, para cada edi-
ção do projeto, e as escolas participan-
tes atuavam em até duas edições, sem
passar por novo processo seletivo. A
partir deste ano, o programa ganha
maior dimensão.
Agora, o Parlamento Jovem, antes
de ser estadual, vai ser municipal. A
seleção de escolas será ampliada para
30 e as propostas vão primeiro para
a Câmara Municipal corresponden-
te. O encaminhamento para a Assem-
bleia Legislativa continua valendo, mas
irá ocorrer após aprovação municipal.
Segundo o gerente geral da Escola do
Legislativo, Alaor Messias, 12 câmaras
municipais já confirmaram a participa-
ção na nova modalidade do programa.
Para a coordenadora do projeto na
PUC Minas, professora Regina Medei-
ros, a ampliação em plena sétima edi-
ção é uma vitória. “Já conseguimos que
o projeto seja executado 50% nas es-
colas públicas e 50% nas particulares.
Isso também é uma conquista”, disse.
O tema deste ano é “Resíduos Sólidos”.
O professor Elair Sanches Dias,
coordenador de projetos no Colégio
tivos levam conhecimento aos alunos por
meio de palestras ou de entretenimento.
Desenvolvido pelo curso de Ciên-
cias Sociais, em parceria com a Escola
do Legislativo da Assembleia Legisla-
tiva de Minas Gerais (ALMG), o Parla-
mento Jovem encaminha propostas de
lei ao Plenário Legislativo. Se aprova-
das, tornam-se lei como qualquer ou-
De portas abertas para o ensino médio
Por Patrícia Brum
Universidade oferece aos jovens programas acadêmicos e de relacionamento que antecipam a vida na academia para muitos que não fizeram a escolha da profissão
56 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Ensino Superior
Batista Mineiro, está na torcida. “Por
dois anos o Batista participou com
alunos da primeira e segunda séries.
Mesmo sendo pouco mais jovens do
que outros estudantes das escolas en-
volvidas, nossos alunos estavam sem-
pre atentos ao cronograma de encon-
tros. A cada atividade, os estudan-
tes tinham sugestões a apresentar.
Outros levaram informações e ideias
para o professor de Filosofia. A práti-
ca dos direitos e da cidadania propo-
sitiva foi um dos saldos pedagógicos
de muito valor para eles e para o Co-
légio Batista Mineiro”, afirmou.
Os resultados são confirmados pela
coordenadora do projeto na Escola Es-
tadual Sagrada Família, Vera Cabral. “O
retorno foi imenso. Em muitos deles, o
desconhecimento sobre o tema era to-
tal. Hoje, temos casos de participantes
que saíram da nossa escola e estão cur-
sando Ciências Sociais na PUC”, disse.
No MiniONU, estudantes do ensino médio experimentam simulação de situações em pauta na agenda mundial.
Div
ulga
ção
Realizado pelo Departamento de
Relações Internacionais, o programa
Modelo Intercolegial das Nações Uni-
das, MiniONU, prepara os universitá-
rios para receberem mais de mil estu-
dantes de escolas do ensino médio do
Brasil. No projeto desenvolvido pela
PUC Minas, os alunos se aproximam
dos acontecimentos internacionais,
tornando-se mais conscientes sobre os
efeitos que as relações exteriores po-
dem desencadear sobre suas vidas.
Essa aproximação é feita durante
quatro dias de simulação do funciona-
mento de organizações internacionais.
Em cada sala, os alunos se reúnem para
apreciar um tema previamente informa-
do aos participantes do MiniONU.
Segundo o coordenador geral do
programa na PUC Minas, professor
Dawisson Elvécio Belém Lopes, a com-
plexidade das questões internacionais
foram adaptadas para que os secunda-
ristas se sintam à vontade, opinem e
construam saídas para os problemas
apresentados. “Esses alunos passam
a se interessar mais pelo entorno re-
gional, pelo noticiário internacional,
pela sociedade dos Estados. Há indí-
cios consistentes de que os participan-
tes do MiniONU tornam-se mais parti-
cipativos, falantes e ativos em suas ro-
tinas escolares. Isso é muito importan-
te para nós”, comenta o professor.
O MiniONU completou dez anos
em 2009, e para a 11ª edição, a ten-
dência é de internacionalização. Serão
quatro comitês em língua estrangeira
– dois em inglês e dois em espanhol,
além de outros 11 em língua portu-
guesa. A PUC Minas já está em con-
tato com delegações de vários países
da América Latina, Europa e América
do Norte. Pela primeira vez na história
do MiniONU, poderá haver a partici-
pação de estrangeiros na simulação.
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 57
A parceria firmada entre a PUC-
PR, campus Toledo, e o gru-
po farmacêutico Prati Donadu-
zzi tem criado oportunidades de
emprego e desenvolvimento profissional
para estudantes de Engenharia de Produ-
ção, Administração, Ciências Biológicas,
Esta oportunidade foi aproveitada
pelos estudantes do quinto período de
Engenharia de Produção, Andréia Mon-
teiro Alves, 30 anos, e Pedro Lopes Mu-
niz Filho, 19. Eles entraram na empre-
sa no fim de 2009 e, hoje, contrata-
dos, respondem pelas áreas de produ-
Enfermagem e Psicologia. Desde 2007,
o programa de estágios já beneficiou 34
alunos. “A parceria é uma forma de ver-
mos nosso aluno mostrando o que apren-
deu, e de a empresa encontrar mão de
obra qualificada”, analisa a coordenadora
do curso, Cláudia Dell Agnolo Petry.
PUC-PR abre portas para o mercado de trabalho
Por Camila Castro, assessora de Comunicação da Associação Paranaense de Cultura (APC)/PUC-PR
Parcerias entre PUC-PR, campus Toledo, e o grupo farmacêutico Prati Donaduzzi já beneficiou 34 estudantes. Para a gerente da empresa, Rubia Fabiana Porsch, aprendizado na universidade faz a diferença
58 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Ensino Superior
ção e de desenvolvimento de processos,
respectivamente.
Andréia foi efetivada um mês depois
de começar o estágio, em novembro do
ano passado. Hoje, supervisora de cin-
co linhas de produção, ela afirma que o
curso, o apoio dos professores e a estru-
tura da universidade foram, e ainda são,
fundamentais para seu sucesso profis-
sional. “A PUC-PR dá o direcionamen-
to, mas cabe a cada pessoa ir atrás do seu
crescimento. Ainda tenho muito a des-
cobrir até terminar o curso, e isso vai
ajudar meu desenvolvimento profissio-
nal”, avalia.
Já Pedro começou a estagiar na Pra-
ti em setembro de 2009, sendo efetivado
seis meses depois. Atualmente, ele traba-
lha como analista no setor de desenvolvi-
mento de processos. Segundo ele, ser es-
tudante da PUC-PR “foi primordial” para
conseguir o emprego. “Nunca havia tra-
balhado antes e consegui este emprego.
Isso mostra que o aprendizado na PUC-
PR abre portas no mercado”, afirma.
Demanda
Estes exemplos mostram que as empre-
sas têm procurado na PUC-PR, campus
Toledo, mão de obra qualificada. A ge-
rente de desenvolvimento de processo
de líquidos e semisólidos da Prati, Ru-
bia Porsch, conta que ainda há vagas
para engenheiros de produção na em-
presa. “Os alunos da PUC-PR são pro-
fissionais que dão resultado, porque
têm conhecimento abrangente, mes-
mo não sendo formados ainda. Eles tra-
zem boas ideias e se desenvolvem rapi-
damente, além de se destacarem em pa-
péis de liderança, que ajudamos a de-
senvolver aqui dentro”, avalia Rubia.
Visita técnica complementa ensino da
sala de aula
Fruto dessa parceria, os alunos do cur-
so de Engenharia de Produção tiveram
dois dias de aulas práticas, em mar-
ço, na Prati Donaduzzi. Eles conhece-
ram toda a linha de produção da em-
presa – o processo de produção de sóli-
dos, incluindo a moldagem e a colora-
ção de comprimidos, de semisólidos e
de líquidos, desde a mistura dos com-
ponentes até o envase da medicação.
Para Cláudia, a ação foi importante por-
que permitiu aos alunos vivenciarem o
aprendizado de sala de aula. Para mui-
tos, foi o primeiro contato com a linha
de produção.
Funcionários da Prati fazem MBA no
campus Toledo
A parceria entre o campus Toledo e a Prati
beneficia também os funcionários da em-
presa, que começaram, em fevereiro, a pri-
meira turma de MBA em Gestão Industrial.
O curso é fechado para a Prati e atende 44
funcionários da produção, farmacêuticos,
biólogos e administradores. O MBA tem
duração de um ano e seis meses, com pre-
visão de término em agosto de 2011.
Apesar de os funcionários terem ape-
nas alguns meses de curso, Rubia conta
que já nota resultados. “Eles estão mo-
tivados, querendo aprender cada vez
mais. Isso faz toda a diferença”, conta. E
a gerente acrescenta: “o curso agrega co-
nhecimento e eles trazem este aprendi-
zado para o dia a dia do trabalho, com
ideias que trarão retorno a médio e lon-
go prazos”, diz.
Alunos de cursos como engenharia de produção, administração, enfermagem e ciências biológicas, ganham uma oportunidade no mercado de trabalho
Div
ulga
ção
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 59
60 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Brasília ganha centro avançado de sequenciamento de genomas
Tathiane Mesquita, jornalista da UCB
Universidade Católica de Brasília inaugura laboratório de alto desempenho, referência para o país
Um presente aos 50 anos de Bra-
sília. O Genômica-DF, Centro de
Alto Desempenho de Sequencia-
mento de Genomas, foi inaugu-
rado no dia 31 de março, na Universida-
de Católica de Brasília, no campus da Asa
Norte. A expectativa é de que, com o cen-
tro, a capital se torne referência em Bio-
tecnologia no país.
“Este laboratório será um centro de
referência para o Brasil”, salienta Ruy Cal-
das, diretor da pós-graduação em Ciên-
cias Genômicas e Biotecnologia da Uni-
versidade Católica de Brasília. Ele explica
que o diferencial do Genômica-DF será a
capacidade de sequenciar DNA em gran-
de escala, como nunca ocorreu antes no
país. “Em 2001, no projeto Genoma Na-
cional, para sequenciar uma bactéria fo-
ram necessários 2 anos, 25 sequencia-
dores e 100 pessoas atuando. Com este
novo laboratório, usando as novas tecno-
logias de alto desempenho, em 20 dias
é possível sequenciar oito bactérias com
apenas uma pessoa”, explica a gerente do
Genômica-DF, Alessandra Reis.
A ideia é tornar o centro um local
onde várias instituições do DF e do país
possam contratar os serviços de sequen-
ciamento de DNA em várias aplicações,
desde o estudo do genoma humano até a
identificação de genes. A equipe do Ge-
nômica-DF já sequenciou, no Brasil, os
primeiros genomas de eucalipto, duas
variedades de arroz tolerantes à seca e à
bactéria do Cerrado (Paenibacillus ourofi-
nensis). Com a realização desse trabalho,
será possível compreender melhor as ca-
racterísticas genéticas do material anali-
sado e, então, propor alterações que fa-
voreçam seu desenvolvimento. “Instalar
laboratórios como esses é fundamental
para o crescimento do país. O Brasil não
pode ficar aquém dos avanços tecnológi-
cos, e o investimento em ciência e tecno-
logia deveria ser prioridade”, destacou o
Ensino Superior
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 61
Padre Décio Batista Teixeira, presidente
da União Brasiliense de Educação e Cul-
tura (UBEC), mantenedora da UCB, no
dia da inauguração do Centro.
A instalação do Genômica foi possí-
vel por meio de uma forte parceria téc-
nico-científica entre a Universidade Ca-
tólica de Brasília (UCB), a Embrapa Re-
cursos Genéticos e Biotecnologia, a Em-
brapa Agroenergia, a Universidade de
Brasília (UnB), a Polícia Civil do Distri-
to Federal (PCDF) e o Laboratório Cen-
tral de Saúde do Distrito Federal (Lacen-
DF), com apoio financeiro da Fundação
de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal
(FAP-DF).
A estrutura
Os recursos disponibilizados pela FAP-
DF, em torno de R$ 3 milhões, propi-
ciaram a aquisição de duas plataformas
de sequenciamento de última geração:
o Genome Analyzer, da Illumina® e o
454 Titanium, da Roche, além de outros
equipamentos e da infraestrutura labo-
ratorial adequada para o funcionamento
do Centro. “O Genômica-DF está insta-
lado na Universidade Católica de Brasí-
lia, sendo o único centro que conta com
ambas as plataformas em toda a América
do Sul”, anunciou o pesquisador da Em-
Inauguração do Centro de Alto Desempenho de Sequenciamento de Genomas
brapa Recursos Genéticos e Biotecnolo-
gia, Dario Grattapaglia.
O centro funcionará com um novo
modelo de gestão, com plataformas de
uso compartilhado entre as instituições.
O sucesso do centro também se deve à
atuação de uma equipe multidisciplinar,
incluindo especialistas de várias áreas,
como a Genética, Biologia Molecular, Bio-
química, Metagenômica, Bioestatística e
Bioinformática.
Instalar laboratórios como esses é fundamental para o crescimento do país. O Brasil não pode ficar aquém dos avanços tecnológicos, e o investimento em ciência e tecnologia deveria ser prioridade
A mandioca pode ajudar no trata-
mento contra o câncer. Estudos
desenvolvidos in vitro pelo pes-
quisador e médico Rondon Tos-
ta Ramalho, orientado pela professora
dra. Marney Pascoli Cereda, demonstra-
ram resultados promissores com o uso
da substância acetona cianidrina, deriva-
da da linamarina e extraída da mandio-
ca, contra células tumorais cancerígenas
retiradas de camundongos. A pesqui-
sa foi tema de dissertação de mestrado
em Biotecnologia da Universidade Ca-
tólica Dom Bosco (UCDB), em Campo
Grande (MS). Como resultado, foi pos-
sível depositar uma patente no Institu-
to Nacional da Propriedade Intelectu-
vo de continuar as pesquisas em condi-
ções in vivo e em clínica. Estudos mun-
diais tinham avaliado o cianeto no tra-
tamento de tumores, mas com resulta-
dos muitas vezes controversos quando
o princípio era a amigdalina. A amig-
dalina chegou a ser aprovada para uso
antitumoral, mas foi retirada pelo efei-
to tóxico colateral sobre as células ‘sa-
dias’. A forma como foi proposta a libe-
ração de cianeto abre um novo campo
de pesquisa para a aplicação da aceto-
na cianidrina. Todas as plantas de man-
dioca possuem linamarina distribuída
de forma desigual, e esse composto li-
bera cianeto, mas sua ação sobre célu-
las tumorais é pouco pesquisada”, afir-
mou Marney. “A pesquisa nas condições
em que foi realizada comprova a hipó-
tese de que podemos liberar cianeto so-
bre células tumorais usando um mode-
lo diferente daquele que vem sendo re-
latado na literatura”.
De acordo com os pesquisadores, o
uso da acetona cianidrina causou a mor-
te das células tumorais de 84,9 e 100%,
nas doses de 20 e 30 µg/mL, respectiva-
mente, em apenas 2 horas de incubação.
Nas concentrações baixas de 0,5, 1 e 2
µg/mL, observaram-se valores acima de
90% de morte celular após 24 horas, o
que evidencia a capacidade da célula tu-
al (INPI) para exploração do potencial
da substância. O depósito de número
01090027566 foi feito em 27 de maio de
2009 e é a primeira patente da Católica.
A substância em estudo é natural,
mas pode ser sintetizada em laborató-
rio para produção em grande quantida-
de, segundo os pesquisadores. Rondon
é farmacêutico e bioquímico e, confor-
me explicou, a linamarina age com efei-
to alvo, isto é, consegue distinguir célu-
las saudáveis e cancerígenas e mata a cé-
lula doente por asfixia. A pesquisa come-
çou a ser feita em São Paulo e foi conclu-
ída na UCDB.
“Estamos buscando parcerias com
empresas e instituições, com o objeti-
Pesquisa da UCDB usa derivado da mandioca contra células cancerígenas
Assessoria de Comunicação
Ensino Superior
62 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
moral de se intoxicar de maneira irrever-
sível e acumulativa, com o cianeto libe-
rado pela acetona cianidrina, como es-
clarece o texto da patente.
“A pesquisa com a acetona cianidri-
na pode seguir por vários caminhos, to-
dos eles com um produto que tem um
efeito diferenciado sobre células tumo-
rais em relação ao seu efeito sobre cé-
lulas normais. Um dos caminhos pode-
ria ser a utilização da substância em na-
noterapias, o que poderia minimizar os
riscos de intoxicação”, explicaram os
pesquisadores.
A vantagem, como detalhou o autor
da pesquisa, é que a “acetona cianidri-
na pode ser extraída de plantas. Assim,
poderia ser testado o extrato, mas tam-
bém seria possível usar o ativo que já é
comercializado. Por ser um produto co-
mum na indústria de acrilato, sua pro-
dução poderá ser muito vantajosa em
termos econômicos”.
Pesquisas
O uso de compostos cianogênicos no
tratamento do câncer tem sido há mui-
to estudado e chegou a ser adotado pelo
Food and Drug Administration (FDA), dos
Estados Unidos, por curto período de
tempo.
A pesquisa da UCDB avaliou a efici-
ência de uma rota alternativa àquela usa-
da pelos pesquisadores europeus, com o
teste da acetona cianidrina, um metabó-
lico da linamarina sobre cultura de célu-
las tumorais in vitro, dispensando o uso
da enzima linamarase, como explicam os
autores. Para os testes, foi utilizada como
fonte a acetona cianidrina da marca Sig-
ma-Aldrich, com 99% de pureza. Os
animais foram camundongos swiss ma-
chos, portadores de Tumor Ascítico de
Ehrlich (TAE). Os camundongos foram
mantidos e multiplicados no biotério da
UCDB. Todos os procedimentos foram
realizados em concordância com o Co-
mitê de Ética em Pesquisa da Instituição.
Os resultados apresentados foram
comparados a outros, obtidos por meio
do uso de substâncias cianogênicas. A
pesquisa, nas condições em que foi reali-
zada, confirma a hipótese de que é pos-
sível avaliar o efeito do cianeto sobre cé-
lulas tumorais utilizando-se um mode-
lo de liberação diferente daquele relata-
do na literatura, o qual usa a terapia gê-
nica para produzir cianeto livre, a partir
de linamarina.
O método de avaliação foi disponi-
bilizado pela dra. Denise Fecchio, da
Faculdade de Medicina da Universida-
de Estadual Paulista “Júlio de Mesquita
Filho” (Unesp), mas o experimento foi
todo realizado na UCDB. “Conseguimos
um efeito citotóxico similar ao de outras
pesquisas, mas com um custo que pos-
sivelmente será bem inferior, o que esta-
belecerá custo-benefício favorável com o
uso da acetona cianidrina. Em pesquisa
anterior, era necessário usar a linamarina
e, neste caso, o grama da substância che-
gava a custar US$ 2 mil”, destacou Mar-
ney Cereda.
Diante dos resultados parciais, po-
rém conclusivos, uma nova fase de pes-
quisa deverá ser iniciada, com a busca
de uma empresa parceira para experi-
mentos mais complexos. O uso da ace-
tona cianidrina como antitumoral de-
monstrou ser de grande eficiência, e no-
vos trabalhos para melhor evidenciar seu
uso como quimioterápico se fazem ne-
cessários, uma vez que praticamente ine-
xistem trabalhos a esse respeito.
Sucesso
Para o pró-reitor de pesquisa e pós-gra-
duação da UCDB, professor dr. Hemer-
son Pistori, “esse trabalho atesta o altís-
simo padrão de qualidade atingido pela
UCDB nas áreas tecnológicas, comple-
mentando a sua já reconhecida contri-
buição para o avanço científico nas áre-
as das ciências humanas e sociais”. Con-
forme ressaltou, a UCDB é uma das ins-
tituições privadas que mais têm investi-
do em pesquisa científica e tecnológica
no Estado do Mato Grosso do Sul. “Esse
investimento se reflete na qualidade de
seus programas de pós-graduação, além
da contribuição direta para o desenvol-
vimento da região, através dos resulta-
dos das centenas de projetos de pesqui-
sa conduzidos por nossos investigadores
e acadêmicos”.
Substância extraída da mandioca em laboratório é usada contra células tumorais cancerígenas
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 63
O reitor da Universidade Católi-
ca de Pernambuco (Unicap),
padre Pedro Rubens, recebeu,
em abril, o diretor do The Bei-
jing Center for Chinese Studies (TBC), pa-
dre Roberto Mesquita Ribeiro. A reunião
teve o objetivo de apresentar aos docen-
tes da universidade os programas de in-
tercâmbio desenvolvidos pelo centro de
estudos chineses.
O TBC é uma entidade de estudo so-
bre a cultura chinesa criada, a princípio,
para estudantes americanos. Agora, ofe-
rece seus cursos também a estudantes la-
tino-americanos. O centro atende, prin-
cipalmente, alunos de universidades je-
suítas, mas também recebe estudantes de
outras instituições.
O interesse pela China deve aumen-
tar, pois o país, que tem 1,5 bilhão de
habitantes, é o principal parceiro co-
mercial do Brasil e maior exportador do
mundo. No âmbito local, negócios reali-
zados em torno do complexo portuário
de Suape são um exemplo da importân-
cia que a China terá de agora em diante.
“Todo lugar que a gente vai tem um
elemento da China, mas ainda é um país
alienígena para a gente. É extremamente
Reitor da Católica assina contrato de parceria com centro de pesquisa chinês
Alan Vinícius e Emanuele Carvalho, jornalistas da Unicap
necessário conhecê-la”, disse padre Ro-
berto. O reitor da Unicap percebe um
interesse das pessoas pelo país asiático,
mas sem um rumo bem definido.
É para divulgar a cultura desse país,
ao mesmo tempo importante e desco-
nhecido, que o TBC vem desenvolvendo
programas de estudo da cultura chine-
sa. Os principais são o China Voice, Chi-
na Contact e China Green, cuja duração
varia de poucas semanas até um semes-
tre inteiro. As atividades envolvem estu-
dos linguísticos, culturais e excursões.
As primeiras turmas eram compostas,
em sua maioria, por alunos de cursos li-
gados ao comércio, mas, atualmente, há
estudantes de outras áreas, como jorna-
lismo, arquitetura e ciências políticas.
Segundo o padre Pedro, a participa-
ção dos alunos nesses programas de in-
tercâmbio é importante não só pelo con-
teúdo acadêmico, mas também pela vi-
vência social. “Não podemos negligen-
ciar a experiência humana, que vai ser a
mais forte”, disse o Reitor.
Ainda nesse encontro, o reitor da
Unicap assinou um acordo com o The
Beijing Center for Chinese Studies. O con-
vênio dará oportunidade para que pro-
As atividades envolvem estudos linguísticos, culturais e excursões. As primeiras turmas eram compostas, em sua maioria, por alunos de cursos ligados ao comércio, mas, atualmente, há estudantes de outras áreas, como jornalismo, arquitetura e ciências políticas
64 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Ensino Superior
fessores, alunos e pesquisadores apren-
dam a língua, a cultura e os negócios
chineses, a fim de ampliar os conheci-
mentos e a rede de relacionamentos com
o país.
Após a assinatura do acordo, o padre
Roberto fez uma palestra com o título “O
meu amigo é o outro de mim mesmo:
ensaio de fundamentação da estratégia
de ‘adaptação’ adotada por Matteo Ric-
ci na China”. Ele iniciou a palestra fazen-
do uma explanação sobre os séculos XVI
e XVII, nos quais o país vivia sob o regi-
me das dinastias Ming e Qing, respecti-
vamente. Atrelado a isso, narrou a traje-
tória de Matteo Ricci, sacerdote italiano
jesuíta que levou anos até chegar à capi-
tal chinesa e se estabelecer como evange-
lizador, sendo considerado o introdutor
do cristianismo na China.
Matteo Ricci dividia o processo de
evangelização em dois modelos: o pri-
meiro era o modelo de Batismo, no qual
era feita uma evangelização mais direta;
o segundo consistia no modelo de Adap-
tação e se dividia em seis elementos: o
primeiro elemento de adaptação versa-
va sobre a aprendizagem da língua lo-
cal, sendo o idioma, para ele, um instru-
mento de relação com o povo; o segun-
do elemento tratava da imersão na cultu-
ra; o terceiro elemento era o apreço mú-
tuo para alcançar o reconhecimento, no
caso de Ricci, como missionário; o quar-
to tratava do conhecimento científico;
o quinto rezava sobre comunicar valo-
res e aprender; por fim, o sexto elemen-
to versava sobre entrar numa verdadei-
ra amizade.
Como prova disso, no ano de 1603,
o imperador sugeriu a Ricci que confec-
cionasse um mapa para presentear os
príncipes à época, nomeado por ele de
MapaMundi. O mapa tinha uma carac-
terística bem peculiar – a China era co-
locada no centro dele, e é assim repre-
sentada no país atualmente. Esse pedido
para confecção do mapa só foi feito por
conta da relação amigável que os dois
mantinham.
Matteo Ricci escreveu vários tex-
tos sobre a cultura chinesa; inclusive,
em um deles, ressaltou a dificuldade
em aprender a língua do país. Sua gran-
de questão era como inserir no mundo
uma cultura tão enriquecedora como a
da China. Ele escreveu seu primeiro li-
vro em chinês em 1595, intitulado Tra-
tado da Amizade, reforçando a ideia de
que “o meu amigo é como um outro de
mim mesmo”.
O padre Roberto Mesquita finalizou
a palestra justificando a atitude de Ric-
ci e reforçando que podemos evangelizar
por meio da amizade. “A reflexão é de
como a atitude dele pode inspirar o in-
tercâmbio, até porque o mundo foi cria-
do pelo mesmo Deus”.
Matteo Ricci escreveu vários textos sobre a cultura chinesa; inclusive, em um deles, ressaltou a dificuldade em aprender a língua do país. Sua grande questão era como inserir no mundo uma cultura tão enriquecedora como a da China
Momento da assinatura do contrato
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 65
No período de 25 a 28 de maio,
no Expo Center Norte, em
São Paulo, o Centro Universi-
tário São Camilo-SP, mantido
pela União Social Camiliana, realizou
o ADH–2010 – São Camilo, junto com
a Sociedade Beneficente São Camilo, o
Instituto Brasileiro de Controle do Cân-
cer (IBCC), a Federação Brasileira de Ad-
ministradores Hospitalares, o Conselho
Regional de Enfermagem de São Paulo e
parceria com destacadas empresas do
segmento hospitalar, com o objetivo de
capacitar e atualizar profissionais da saú-
de nos âmbitos técnico, humano e ético.
Na ocasião, o Centro Universitário
São Camilo-SP realizou 16 eventos, que
visaram à promoção e à atualização de
conhecimento do estudante ou profissio-
nal da saúde.
O tema central “Saúde no Brasil: pro-
moção e sustentabilidade” represen-
tou uma oportunidade ímpar para a re-
flexão sobre os grandes problemas da
saúde brasileira, além do comprometi-
mento com a sociedade em relação ao
atendimento com qualidade de toda a
população.
“De fato, este ano, refletimos mais
especialmente sobre a promoção: aces-
so do cidadão aos serviços de saúde, o
valor do ‘bem’ saúde, a educação para
a saúde como prevenção, formação do
RH e, ainda, o comportamento das di-
ferentes gerações, o tema sustentabilida-
de, financiamento da saúde, a responsa-
bilidade ambiental e a participação pú-
blico-privado”, segundo o padre Chris-
tian de Paul de Barchifontaine, presiden-
te do ADH’2010 – São Camilo e Reitor
do Centro Universitário São Camilo-SP.
Mais uma vez, as entidades camilia-
nas orgulham-se dessa parceria com a
Feira+Fórum Hospitalar, 17ª Feira In-
ternacional de Produtos, Equipamentos,
Serviços e Tecnologia para Hospitais, La-
boratórios, Clínicas e Consultórios, que
contribui para o êxito dos congressos do
ADH – São Camilo.
o Compromisso com a Qualidade Hos-
pitalar (CQH).
Há 34 anos, o ADH – São Camilo
promove eventos científicos nas áreas
hospitalar e da saúde. Neste ano, o gran-
de evento foi constituído por um con-
junto de nove congressos, três jornadas,
um simpósio e cinco sessões de pôste-
res, que foram apresentados por 190 pa-
lestrantes – renomados especialistas em
suas respectivas áreas de atuação – em
Saúde no Brasil: promoção e sustentabilidade
Assessoria de Comunicação
Christian de Paul, presidente do ADH 2010
66 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Ensino Superior
O Colégio Fátima de Santa Ma-
ria/RS desenvolve durante o
ano diferentes ações para es-
timular a criatividade dos alu-
nos. Entre elas está o projeto “Astrono-
mia na escola”, realizado com os alunos
das quartas séries.
A brincadeira que vira aprendiza-
gem acontece desde 2004 e é uma ini-
ciativa da professora Laura Maria Mar-
tins Azambuja e do Observatório Bioas-
tronômico Cosmos de Itaara/Santa Ma-
ria/RS, sob a coordenação do professor
Hernan Mostajo.
Por meio de palestras e atividades
lúdicas e interativas, os alunos apren-
dem noções de astronomia.
De aprendizes, eles passam a ser jo-
vens cientistas construindo telescó-
pios com tubos de PVC, foguetes de
água com garrafas PET, além de faze-
rem observações astronômicas com te-
lescópios newtonianos de alta resolu-
ção com a participação da família.
Por meio de palestras e atividades lúdicas e interativas, os alunos aprendem noções de astronomia
Alunos do Colégio Fátima aprendem
Por Nilva Gasparetto Flach, coordenadora pedagógica do ensino médio
astron mia
Educação Básica
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 69
Localizado no centro de Londri-
na, no Estado do Paraná, o Colé-
gio Mãe de Deus (CMD) tem sua
história compartilhada com o iní-
cio da cidade. Fundado em 1936, nas-
ceu com o intuito de atender as famílias
pioneiras, proporcionando a seus filhos
uma educação científica, cultural e reli-
giosa. As irmãs de Maria de Schoenstatt,
enviadas ao Brasil em 1935, sempre es-
tiveram à frente na direção do trabalho
pedagógico desenvolvido.
O lema “Passado importante, futu-
ro brilhante” é o portal do CMD no seu
jubileu de 75 anos. O passado se em-
basou nos objetivos sólidos da educa-
ção da personalidade, numa socieda-
de em constante evolução. No presente,
abrem-se as portas para a discussão de
temas relevantes que possam ser inseri-
dos no ensino da atualidade, visando a
um aprimoramento.
Algumas constatações são de tal evi-
dência que representam o melhor mo-
mento para buscar mudanças, em meio à
solidez que esses 75 anos confirmaram.
Trata-se de mudar conservando a essên-
cia na educação integral.
A Pedagogia de Schoenstatt permane-
ce como base para a construção da pro-
posta pedagógica de todos os graus e as
modalidades de ensino, entendendo a
educação como a formação de um ho-
cacional do CMD, desde a educação in-
fantil até o ensino médio, com projetos
culturais, científicos, artísticos, esporti-
vos e sociais inseridos em sua proposta
pedagógica.
O Colégio Mãe de Deus trabalha com
uma proposta de conscientização e Res-
ponsabilidade Social perante a cidade de
Londrina e passa a assumir inteiramen-
te o Centro de Educação Infantil Mara-
bá, atendendo 135 crianças de um a cin-
co anos de idade. Para isso, empreende
todo o seu esforço contribuindo com o
desenvolvimento das crianças e a inclu-
são social de seus familiares.
O CMD também colabora com o
Centro de Educação Infantil ABAC, que
atua no atendimento às crianças e ado-
lescentes desde 1985. São atendidas 150
crianças com idade de 2 a 14 anos, em
situação de risco, provenientes dos bair-
ros próximos à entidade.
Vislumbrando a inclusão e a intera-
ção social por meio do desenvolvimento
da aprendizagem e socialização, o CMD
oportuniza mais uma forma de intera-
ção com a sociedade, proporcionando a
crianças em situação de vulnerabilidade
social o acesso à cultura, arte e lazer por
meio de aulas de violino ou artes.
A atualidade da Pedagogia, a preocu-
pação com o momento histórico e o res-
peito pelo indivíduo livre faz da escola
mem novo, orientado para nobres ideais,
pautados nos valores da dignidade, da
confiança e da verdadeira liberdade.
Ao se construir uma nova proposta
curricular, a expectativa é que toda a co-
munidade escolar (pais, alunos, funcio-
nários e professores) colabore com ideias
e sugestões, sem pretender impor linhas
de ação, mas buscando uma gestão de-
mocrática em que as partes sejam ouvi-
das, e as parcerias estabelecidas.
Pedagogia de Schoenstatt
O CMD faz parte da Obra Internacio-
nal de Schoenstatt, fundada na Alema-
nha em 1914 pelo padre José Kenteni-
ch – que alicerça o Sistema Pedagógico
de Schoenstatt no princípio fundamental
do amor, base de toda educação.
A Aliança de Amor com a Mãe, Rai-
nha e Vencedora Três Vezes Admirável de
Schoenstatt, selada em seu Santuário, é
fundamento da espiritualidade dessa obra.
Visando à formação integral do ho-
mem, a Pedagogia de Schoenstatt se fun-
damenta em três princípios básicos: a or-
dem do ser determina a ordem do agir;
a graça pressupõe a natureza, não a des-
troi, mas a eleva, (Tomás de Aquino); e o
amor, como lei fundamental do mundo
(São Francisco de Sales).
Com base nesses fundamentos filo-
sóficos, estrutura-se todo o edifício edu-
Colégio Mãe de Deus
Irmã M. Nelly Mendes, diretora geral, e Silvana Barbosa de Oliveira, diretora pedagógica do Colégio Mãe de Deus
Com o ouvido no coração de Deus e a mão no pulso do tempo
70 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Educação Básica
A interpretação dos sinais do tempo é essencial para a compreensão desse movimento de definição de uma proposta pedagógica, pois, na sua concretização, mobiliza um conjunto de métodos, procedimentos e noções que se aplicam a todos os graus
uma proposta atual e conectada com as
expectativas educacionais, respondendo
adequadamente à inserção da iniciação à
pesquisa científica. Nesse quadro de mu-
danças, em meio ao dinamismo da vida
de nosso século, está inserida nossa pro-
posta pedagógica.
História
Diversos são os caminhos para adequar
as propostas à educação do ser humano
do século 21. A opção feita baseia-se na
essência e toma a formação do indivíduo
em sua totalidade. Nesse sentido o CMD
inaugura mudanças em sua estrutura de
atendimento.
Se o diferencial de uma educação fe-
minina foi alterado, na mesma medida
o CMD avançou para que essas mudan-
ças resultassem no aprimoramento da
gestão do processo pedagógico e admi-
nistrativo. A preocupação com a essên-
cia e a qualidade não subtraíram do tra-
balho pedagógico a qualidade desenvol-
vida de forma integrada, pois a educação
feminina havia se consolidado ao longo
dos seus 75 anos. A inserção do gêne-
ro masculino, a mudança do uniforme e
a complementação da proposta pedagó-
gica conferem ao CMD um cunho espe-
cial, por sua opção de formação integral,
sempre se traduzindo em novos desafios.
Pedagogia
A meta para os próximos anos é am-
pliar o campo de ação do CMD, aumen-
tando o número de alunos matricula-
dos atualmente, além de atingir as fa-
mílias que escolheram a proposta peda-
gógica de Schoenstatt para a educação
de seus filhos. Para tanto, optamos pela
complementação curricular que integra
novas pesquisas na dinâmica de objeti-
vos, não criando ruptura com o passa-
do, mas crescendo com ele na perspec-
tiva do futuro.
Enveredando para a pesquisa, defi-
niu-se a inclusão da disciplina inicia-
ção à pesquisa científica para o ensi-
no fundamental e médio. Para a educa-
ção infantil e séries iniciais, a propos-
ta contempla a alfabetização científica.
Para realizar tal intento, o CMD buscou
o projeto ABC na Educação Científica
– Mão na Massa, da Universidade Es-
tadual de São Paulo/USP, e o Centro de
Divulgação Científica e Cultural de São
Carlos/CDCC.
No tratamento das questões curricu-
lares, objetiva-se a possibilidade de al-
cançar resultados concretos. Destaca-
se, ainda, a necessidade de superar uma
concepção fragmentada entre teoria e
prática, ampliando de modo substantivo
a visão de educação integral como pro-
cesso possível de desenvolvimento, na
iniciação à pesquisa científica.
O ensino médio reorienta seu currí-
culo e tem sua carga horária semanal ex-
pandida, visando à integração da teoria
e da prática por meio da articulação de
projetos propostos pelos próprios alu-
nos nas mais diversas áreas do conheci-
mento com aprofundamento gradativo,
ao longo dos três anos, e com aulas prá-
ticas no período vespertino, finalizando
com a produção de um artigo científico.
Essa proposta oportuniza a apropria-
ção dos conceitos científicos, de forma
integrada, e propicia, concomitantemen-
te, condições sólidas de acesso ao ensino
superior. Ainda, esse trabalho aproxima
os alunos das experiências de uma deter-
minada profissão, o que facilita a escolha
de um curso superior.
A interpretação dos sinais do tem-
po é essencial para a compreensão des-
se movimento de definição de uma pro-
posta pedagógica, pois, na sua concre-
tização, mobiliza um conjunto de mé-
todos, procedimentos e noções que se
aplicam a todos os graus. É importante
também a especialização do corpo do-
cente, a formação continuada, a valori-
zação profissional e a interação perma-
nente. O desafio é formar uma equipe
pedagógica e administrativa que seja ca-
paz de revisar suas ideias para incorpo-
rar as mudanças e avaliar, em conjunto,
os objetivos propostos.
A preocupação com a essência e a qualidade não subtraíram do trabalho pedagógico a qualidade desenvolvida de forma integrada, pois a educação feminina havia se consolidado ao longo dos seus 75 anos
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 71
O Polo de Formação Tecnológi-
ca, localizado no bairro Má-
rio Quintana, na periferia de
Porto Alegre, é uma das re-
ferências nacionais de articulação e
intervenção social em busca da pro-
moção humana, do crescimento eco-
nômico, da justiça social e da proteção
ambiental por meio do acesso, da pes-
quisa e do desenvolvimento em torno
Polo de formação tecnológica amplia a inclusão de jovens
Assessoria de Comunicação e Marketing da Província Marista do Rio Grande do Sul
das novas tecnologias. O empreendi-
mento alia geração de renda, emprego,
inclusão digital, inclusão social, cons-
ciência ecológica e cidadania.
O prédio começou a ser construí-
do em julho de 2008 e foi uma arti-
culação de conselheiros do orçamento
participativo com a Prefeitura de Por-
to Alegre, contando com o apoio das
empresas Vonpar, Gerdau e Funda-
ção Maurício Sirotsky Sobrinho, além
de órgãos públicos, como o Ministé-
rio Público do Estado do Rio Grande
do Sul e o Governo Federal. A união
dos setores público e privado foi fun-
damental para a realização desse im-
portante empreendimento.
O espaço abriga dois projetos de-
senvolvidos no Cesmar: o Alquimia,
que consiste em ensinar os jovens a
recondicionar máquinas caça-níqueis
apreendidas, transformando-as em
móveis, cadeiras e em outros obje-
tos; e o Centro de Recondicionamen-
to de Computadores (CRC), o primei-
ro centro da América Latina e a pri-
meira unidade do Programa Computa-
dores para Inclusão, coordenado pela
Secretaria de Logística e Tecnologia da
Informação, do Ministério do Planeja-
mento. Com o Polo de Formação Tec-
nológica será possível atender mais jo-
vens aprendizes e ampliar o serviço
prestado.
Desde que foi criado, em 2006, já
passaram pelo CRC aproximadamen-
te 300 jovens e foram recondiciona-
dos mais de 2 mil equipamentos de
informática doados para entidades e
telecentros do Amazonas, Bahia, Cea-
rá, Goiás, Mato Grosso, Paraíba, Para-
ná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janei-
ro, Rio Grande do Norte, Santa Catari-
na, São Paulo, Sergipe, Tocantins e Rio
Grande do Sul.
Div
ulga
ção
Aluno no Centro de Recondicionamento de computadores
72 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Educação Básica
Apresentações de teatro e mon-
tagens audiovisuais marcaram a
abertura da Campanha da Fra-
ternidade (CF) no Colégio Madre
Carmen Sallés, em Brasília, nos dias 24 e
26 de fevereiro. Antes da abertura foram
realizadas atividades em sala de aula vol-
tadas ao tema Economia e Vida. A produ-
ção de redações e de desenhos também fez
parte da programação do mês de fevereiro.
Outro destaque foi a apresentação
teatral para o ensino médio, que teve
como cenário um curioso barraco cober-
to de notas e moedas. “Dois jovens bus-
cam compreender a melhor maneira de
administrar a grande casa que é o nos-
so planeta, a fim de que todas as pessoas
participem do sonho de Deus: a vida em
plenitude para todos”, conta a irmã He-
lizangela Goes, coordenadora da Pasto-
ral no Colégio Madre Carmen Sallés. Ela
acrescenta que a interação com o públi-
co “foi um convite para que todos se en-
Colégio Madre Carmen Sallés realiza abertura da Campanha da Fraternidade
Carla L. M. Fagundes, jornalista
CampanhaTodos os anos, a Igreja do Brasil, por meio da Campanha da Fraternidade Ecumênica (CF), que reúne as organizações cristãs do país, conclama toda a sociedade a refletir e fazer um exame de consciência sobre as posturas assumidas diante de uma realidade social que favorece a opressão, a exclusão e a não-valorização da dignidade humana. Este ano, a campanha, que tem como tema a economia e a vida, apresenta o lema: Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro. “Isso provoca a sociedade brasileira ao afirmar que a economia deve estar a serviço da vida e da pessoa humana, e não o contrário”, ressalta a coordenadora.
Abertura da Campanha da Fraternidade com o tema Economia e Vida
Jorn
alist
a do
col
égio
Mad
re C
arm
en S
alle
s
volvessem nesta proposta: fazer do nosso
mundo um lugar melhor para se viver”.
A linguagem e o cenário da apresen-
tação teatral modificam-se conforme o
segmento – infantil, ensino fundamental
e ensino médio – explica a irmã Adria-
na Maia, coordenadora da Pastoral. Para
o infantil e ensino fundamental foi ence-
nada uma peça de Jesus com Zaqueu por
professoras e alunos. “Adaptado à lingua-
gem infantil, as crianças gostaram; com
simplicidade, tratamos da importân-
cia do cuidado com a natureza, da im-
portância de partilhar o que temos com
crianças carentes”, comenta a irmã Adria-
na Maia que, juntamente com a irmã An-
gelita Alves, coordenou as atividades de
abertura da Campanha da Fraternidade
para o Infantil e Ensino Fundamental.
Com a abertura da Campanha da Fra-
ternidade, o Colégio Madre Carmen Sallés
deu início ao projeto Agenda – programa
de ações voltadas à prática da solidariedade
e à defesa da vida. Entre as atividades que
acontecem durante todo o ano estão os en-
contros Semear e Despertar, nos quais será
trabalhado o tema da sustentabilidade alia-
do à espiritualidade. “Cada aluno vai rece-
ber um envelope com uma semente de ár-
vore que será cultivada na escola e, quando
essa semente for transformada em muda,
será plantada em local da cidade a ser defi-
nido”, explica a irmã Wanilda, diretora ge-
ral do Colégio Madre Carmen Sallés.
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 73
Educação Básica
Foto da equipe Cadete (até 16 anos) do Colégio Santa Catarina com o professor Matheus André Arena
Div
ulga
ção
A equipe feminina de handebol
do Colégio Santa Catarina de
Novo Hamburgo intensificou os
treinamentos para representar o
Rio Grande do Sul no Campeonato Bra-
sileiro Cadete, disputado na cidade de
Sinop (MT) entre 24 e 30 de maio.
A equipe de handebol do Colégio
Santa Catarina foi representante do Rio
Grande do Sul na fase final da primeira
edição da Copa Petrobras de Handebol
Escolar, o maior campeonato estudantil
nacional da modalidade. Disputado en-
tre os dias 13 e 17 de abril, na cidade
Professor Renato Arena, coordenador de Educação Física do Colégio Santa Catarina de Novo Hamburgo/RS e técnico da equipe de handebol da categoria adulta do Colégio Santa Catarina
de Itajaí (SC), o evento reuniu aproxima-
damente 9 mil estudantes, entre 11 e 14
anos, de 695 escolas de todo o país.
O professor de Educação Física do Colé-
gio e técnico da equipe, Matheus André Are-
na, selecionou as seguintes atletas para re-
presentar o Colégio Santa Catarina no cam-
peonato brasileiro: goleiras – Bianca Frei-
tas, Franciele Guedes e Camila Novelo. Ata-
cantes – Caroline Nerbas, Diandra Andrade,
Geórgia Rodrigues, Jéssica Prado, Monalisa
Gambim, Natália Hoffmann de Freitas, Na-
tália Conoratto, Poliana Schneider, Veyda
Pilger e Eduarda Mazzanti Machado.
Os treinos da equipe são realizados
no Ginásio de Esportes do Colégio Santa
Catarina. Para participar dos eventos na-
cionais, o colégio conta com a parceria
da Universidade Feevale e da Prefeitura
Municipal de Novo Hamburgo.
A iniciativa de realizar o Campeona-
to Brasileiro foi da Confederação Brasi-
leira de Handebol (CBHb) e o objetivo
foi incentivar a prática da modalidade.
Além da difusão do esporte no Brasil,
a competição teve o intuito de contri-
buir para o intercâmbio cultural entre
os participantes.
Equipe de Handebol representa o Estado em Campeonato Brasileiro
74 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Educação Básica
O Colégio Salvatoriano Bom
Conselho é dirigido e orienta-
do pelas irmãs salvatorianas.
As primeiras irmãs chegaram
a Passo Fundo no dia 25 de janeiro de
1950, e no dia 19 de março fundaram
a Escola Doméstica Santa Isabel, no
prédio do Círculo Operário. Iniciaram
um trabalho educativo fundamentado
nos princípios e ideais da fé, na forma-
ção de valores e no respeito à vida. Em
1969, teve início o Curso Normal de
Férias de Grau Colegial, que trouxe ao
Bom Conselho uma marca muito espe-
cial, pois formou inúmeros educado-
res do curso Supletivo de Ensino de 2º
Grau para titular professores no exercí-
cio do Magistério.
Acompanhando a evolução dos
tempos, o colégio vivenciou diferentes
tendências e teorias educativas, pas-
sando do Ensino Tradicional Compor-
tamentalista às tendências Humanísti-
cas, Tecnicista, Crítica Social dos Con-
teúdos até a atual tendência Libertado-
ra, concretizada pela Teoria da Modifi-
cabilidade Cognitiva Estrutural.
Atualmente, o Colégio Bom Conse-
lho oferece os cursos de educação in-
fantil, ensino fundamental e ensino
Colégio Salvatoriano Bom Conselho: 60 anos de tradição em educar
Assessoria de Comunicação
médio. Com 60 anos de tradição na ci-
dade, mantém a solidez de seus princí-
pios norteadores, buscando a excelên-
cia na educação por meio de um ensi-
no de qualidade, que faz da escola um
centro de referência em termos de cul-
tura, inovação e humanização.
Considerada uma escola viva e de-
safiadora, o Bom Conselho é coeso na
vontade de propor e realizar novos fei-
tos e se superar nas realizações, no cul-
tivo de princípios humanos e cristãos.
O sucesso da escola foi construído por
várias gerações de alunos, professores,
funcionários e irmãs. Hoje, passados
60 anos, o Colégio Salvatoriano Bom
Conselho alimenta seus primeiros ob-
jetivos, continuando a missão de cul-
tivar valores humanos e cristãos entre
crianças, adolescentes e jovens, tor-
nando Jesus Cristo o Salvador, conhe-
cido e amado.
O Colégio completou 60 anos de
vida e história no dia 26 de abril. A ce-
lebração dessa data teve vários even-
tos, entre eles uma missa de Ação de
Graças, na Catedral Nossa Senhora
Aparecida, que reuniu alunos, ex-alu-
nos, famílias, professores, funcionários
e irmãs para celebrar e agradecer.
Com 60 anos de tradição na cidade, mantém a solidez de seus princípios norteadores, buscando a excelência na educação por meio de um ensino de qualidade, que faz da escola um centro de referência em termos de cultura, inovação e humanização
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 75
Educação Básica
O Colégio Santa Maria realizou,
no dia 6 de março, o 1º Encon-
tro das Escolas Católicas da
Arquidiocese de Belo Horizon-
te, organizado pela comissão Arquidio-
cesana de Escolas Católicas.
O encontro contou com a presença
de dom Mol, bispo auxiliar da Arqui-
diocese de Belo Horizonte, Frei Luiz,
Vigário episcopal para a Pastoral, além
da participação de 32 escolas represen-
tadas por 120 pessoas.
Padre Manoel Godoy palestrou so-
bre o tema: “Os desafios da Educação
Católica à luz do documento de Apa-
recida.” Já o colégio Arnaldo apresen-
tou o momento cultural sobre a Cam-
panha da Fraternidade 2010. Também
foram apresentadas informações sobre
momentos anteriores ao encontro pelo
professor Jonas Santana. O evento foi
concluído pelo padre Luiz Cezar apre-
sentando as propostas de ação pastoral
conjunta para 2010.
Foram estudados o documento de
Aparecida, os documentos da Arqui-
diocese de BH e o tema da CF 2011,
“Fraternidade e a vida no planeta”. As
escolas representadas também inte-
gram a comissão Arquidiocesana de Es-
colas Católicas, criada pelo Arcebispo
Metropolitano de Belo Horizonte, Dom
Walmor Oliveira de Azevedo, pelo De-
creto n.º 08G/ 2009, datado de 15 de
outubro de 2009.
A equipe se reunia desde 2008, co-
ordenada pelo Vicariato Episcopal para
a Pastoral. A partir do decreto, seus
membros se organizaram para dinami-
zar a ação pastoral da equipe. A comis-
são é composta por 62 Escolas Católicas
da Arquidiocese de Belo Horizonte.
Encontro reúne escolas católicas de
Por padre Luiz Cezar Antunes da Silva, diretor geral religioso do Colégio Santa Maria e coordenador da Comissão Arquidiocesana de Escolas Católicas
O encontro contou com a presença de dom Mol, bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte, Frei Luiz, Vigário episcopal para a Pastoral, além da participação de 32 escolas representadas por 120 pessoas
Belo Horizonte
Educação Básica
76 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Tudo começou no ano de 2009,
quando o Colégio São José de
Itajaí representou a Federação
Catarinense de Desporto Escolar
com participação na Seletiva Brasileira
de 9 a 12 de outubro de 2009, na cida-
de de Vila Velha (ES). Com recursos pró-
prios, a escola enviou uma delegação de
14 alunos e 2 professores ao evento, que
tinha como finalidade apenas selecio-
nar a melhor equipe que representaria o
Brasil no Campeonato Mundial Escolar
em 2010. A escola conquistou a seleti-
va e garantiu a vaga tão esperada para o
mundial nas cidades de Braga/Fafe/Gui-
marães – Portugal, que aconteceu no pe-
ríodo de 19 a 27 de março de 2010.
A equipe abriu mão das férias escola-
res de final de ano para desenvolver um
programa de treinamento monitorado
por técnicos de handebol, preparador fí-
sico e nutricionista. No mês de feverei-
ro aconteceu o sorteio das chaves para
o mundial e o Brasil caiu na chave mais
equilibrada.
A organização do Mundial de Han-
debol Escolar de Portugal é realizada
pela International School Sport Federa-
tion, que nessa edição juntou cerca de
900 atletas de 26 países de todo o mun-
do. As 24 equipes masculinas e 24 fe-
mininas, em clima de convívio inter-
cultural, fizeram desse torneio a maior
tre o TOP 10 do mundo. “Temos mui-
to do que nos orgulhar e muitas razões
para recebermos os atletas e a comissão
técnica como vencedores. Aliás, o sim-
ples fato de terem obtido a vaga para re-
presentar o Brasil já nos encheu de orgu-
lho. O sentimento comum dos que estão
em Portugal é de que a nossa equipe foi
a grande surpresa da competição, consi-
derando o retrospecto das equipes brasi-
leiras em competições mundiais de alto
nível. E uma certeza: nossos meninos fi-
zeram o maior sucesso, distribuindo au-
tógrafos, simplicidade e alegria”, reve-
la Jorge Henrique, pai de um dos atletas
que acompanhou a Delegação Brasileira
em Portugal.
Agora, os alunos voltarão à rotina,
tendo de recuperar as aulas e provas per-
didas, mas certamente guardando na sua
memória momentos inesquecíveis. “Es-
peramos que fique o exemplo dado por
esses nossos jovens atletas, que com de-
dicação e superação atravessaram fron-
teiras e conquistaram seus sonhos, e que
as pessoas compreendam que esporte e
educação andam juntos. Portanto, com
um pouco mais de atenção e investimen-
to no esporte, principalmente o escolar, o
resultado positivo será expressivo. Para-
béns alunos, professores e escolas”, pu-
blica a Associação Nacional de Educação
Católica de Santa Catarina (ANEC-SC).
manifestação desportiva em torno da
modalidade.
A equipe brasileira, chefiada pela
Confederação Brasileira de Desporto Es-
colar, embarcou para Braga no dia 18
de março e não suportou o porte físi-
co dos jogadores alemães, perdendo de
31 a 14. Na segunda partida, os adversá-
rios foram os belgas e o time se recupe-
rou da derrota na estreia, vencendo por
27 a 21. Na terceira rodada da primei-
ra fase, o Brasil jogou contra a Polônia
e venceu por 30 a 26. Diante dos rome-
nos, a partida foi muito disputada; po-
rém, a equipe europeia foi mais constan-
te e venceu por 31 a 26. Na última par-
tida da primeira fase, o Brasil derrotou a
Grécia por 22 a 13. Porém, com a vitória
da Romênia sobre a Bélgica por 27 a 24,
nossos representantes terminaram a pri-
meira fase na terceira colocação do gru-
po C, saindo da briga pelo troféu.
Depois de passar toda a primeira fase
em Braga, os catarinenses foram para a
cidade de Guimarães. Na abertura da se-
gunda fase, a equipe enfrentou a Áustria,
quarta colocada do grupo D, e venceu
por 25 a 24.
No último dia do evento, os atle-
tas brasileiros disputaram contra a for-
te equipe da Suécia, 9ª colocada, e per-
deram por 22 a 15. Mesmo com a derro-
ta, o Colégio São José de Itajaí ficou en-
Colégio de Educação Católica participa de Mundial Escolar em Portugal
Professor Marcus Karam, superintendente da Federação Catarinense de Desporto Escolar (FCDE)
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 77
Educação Básica
O Colégio Marista Nossa Senho-
ra da Penha, em Vila Velha,
no Espírito Santo, em comu-
nhão com a Comissão Provin-
cial de Evangelização, realizou entre os
dias 15 e 19 de março a Semana Pastoral.
O evento teve como objetivos a divulga-
ção dos projetos e das iniciativas pasto-
rais realizados na unidade e a motivação
da participação pastoral da comunidade
educativa. Aquela semana se constituiu
em um momento fecundo para fortale-
cer a identidade Marista e para abraçar
com afinco a missão, com o olhar volta-
do para o horizonte de uma educação in-
tegral e humanizadora.
celebrações litúrgicas. É, sobretudo, ques-
tão de se veicular um processo educativo
humano amplo, inspirado na visão integral
da pessoa humana explicitada nos princí-
pios da Educação Marista. Uma Escola em
Pastoral supõe uma ação pedagógico-evan-
gelizadora que contemple três dimensões:
a pastoral com os pastores, a pastoral com
o educando e a pastoral com a instituição.
Com os pastores, todos os educado-
res buscam ser apóstolos da juventude,
evangelizando pelo testemunho junto às
crianças e aos jovens. A instituição é aber-
ta a educandos, independentemente de
suas crenças religiosas, pois oferece for-
mação moral e espiritual a todos.
O evento contou com uma progra-
mação diversificada, abrangendo desde
a educação infantil até o ensino médio.
Entre as atividades estavam a capacitação
de professores do fundamental I e ensi-
no médio; recreios interativos; visitas em
sala com a mascote da Pastoral; café da
manhã interativo junto aos funcionários,
além do Espaço Pastoral, com fotos e ex-
plicações sobre as diversas frentes de tra-
balho no colégio.
A comunidade educativa também foi
chamada a refletir sobre a evangelização
na perspectiva da escola em pastoral. A Es-
cola em Pastoral não é uma questão de En-
sino Religioso, nem de Catequese, nem de
Colégio Marista Nossa Senhora da Penha realiza Semana Pastoral
Jorge Luis Vargas dos Santos, coordenador da Pastoral
78 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Educação Básica
Informativa – Conte um pouco sobre
a história da Congregação e o trabalho
desenvolvido pela senhora hoje, com
as Irmãs da Divina Providência.
A Congregação das Irmãs da Divina Pro-
vidência teve início em Münster, na Ale-
manha, no dia 3 de novembro de 1842.
Seu fundador foi o padre Eduardo Miche-
lis, sacerdote de rara inteligência e profun-
da piedade. Em pouco tempo estendeu
suas obras e ações para outras localidades
do país, deslocando-se também para a Ho-
landa, África, Indonésia, Paraguai e Brasil.
O objetivo era trabalhar com os me-
nos favorecidos, os jovens e as crianças
abandonados. Desde sua fundação, as ir-
mãs se dedicam à educação de crianças
e jovens e a outras obras assistenciais em
diversos países. Exercem sua ação bene-
ficente em creches, escolas, centros mis-
sionários, paróquias, hospitais, e comu-
nidades eclesiais de base.
Em 1895 vieram para o Brasil seis ir-
mãs, que iniciaram com muita renúncia e
espírito de sacrifício suas atividades, prin-
cipalmente em escolas e hospitais. Em
1895, surgiram os colégios: São José, de
Tubarão; Sagrada Família, de Blumenau;
dos Santos Anjos, em Joinville; Coração
de Jesus, de Florianópolis; Divina Provi-
dência, de Jaraguá do Sul; e Stella Maris,
de Laguna, e os hospitais: Nossa Senhora
da Conceição, em Tubarão, Santa Isabel e
Blumenau; e o São José, em Tijucas e Jara-
guá do Sul. Também mantemos diversos
projetos sociais e assistenciais. Nossa fun-
ção enquanto coordenação é acompanhar
todo esse trabalho.
Quais foram as conquistas que marca-
ram os trabalhos nos últimos anos?
O trabalho em rede, o planejamen-
to estratégico, a tecnologia da informa-
ção centralizada, a competência e credi-
bilidade que sempre nos acompanhou
e a fidelização do número de alunos.
Contamos também com profissionais
comprometidos.
E as dificuldades?
Ultimamente temos nos deparado com
leis que dificultam nosso trabalho. Na
educação, mais especificamente, a lei
nº 12.101 e as poucas vocações à vida
religiosa.
Um dos colégios da Congregação com-
pletou cem anos em 2010. Como foram
as comemorações e quais são as suges-
tões para que outras instituições te-
nham também essa mesma conquista?
O Colégio Stella Maris, em Laguna (SC),
teve início em 3 de maio de 1911, por
isso estamos no ano do centenário. Ini-
Irmã Rita FambomelNesta edição da Informativa Educacional, a ANEC entrevista a Irmã Rita Fambomel, atual vice-presidente da Sociedade Divina Providência. Com licenciatura em Pedagogia e pós-graduação em Gestão Educacional, a irmã conta um pouco sobre a comemoração do centenário do Colégio Stella Maris, em Laguna (SC), comemorado no mês de abril
ciou suas atividades em um prédio ce-
dido pela prefeitura, sob a responsabili-
dade das professoras irmãs Benvenuta,
Cupertine e Heraldine. Em 1926, as ir-
mãs adquiriram área própria, na qual foi
construído o atual colégio, colocado sob
a proteção materna de Maria, a Estrela
do Mar.
O Colégio contempla na sua ação
educativa: a educação infantil, o ensino
fundamental e médio com “Terceirão”
pré-vestibular e atividades extracurricu-
lares. O Colégio Stella Maris, que com-
põe a Rede Sociedade Divina Providên-
cia, tem como diretora a irmã Bernade-
te Rech, e seus colaboradores se sentem
comprometidos com a missão de dar res-
postas adequadas aos apelos da realida-
de, de forma concreta e consistente, vi-
sando à excelência humana e acadêmi-
ca, ressignificando suas ações, propostas
e projetos. Diversas comemorações de-
verão ocorrer durante o ano, entre elas a
religiosa, a esportiva e a social.
"De tudo ficaram três coisas: a cer-
teza de que estava sempre começando,
a certeza de que era preciso continuar e
a certeza de que seria interrompido an-
tes de terminar. Fazer da interrupção
um caminho, fazer da queda um passo
de dança, do medo, uma escada, do so-
nho, uma ponte, da procura, um encon-
tro” (Fernando Pessoa).
É assim que se chega a um centenário
de existência.
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 79
Conversa com mantenedoras
3º Prêmio Varejo Sustentável Walmart BrasilJá consolidada no meio acadêmico, a premiação, que nos dois primeiros anos
foi direcionada a estudantes de nível técnico e universitário, este ano amplia
suas inscrições também para pesquisadores. O Prêmio Varejo Sustentável tem
como objetivo promover a discussão de sustentabilidade no meio acadêmico
de todas as áreas. Entre os temas estão a ecoeficiência, redução e reciclagem
de resíduos; produtos e embalagens mais sustentáveis; processos e métodos
de avaliação; medição; minimização dos impactos ambientais; e ações sociais
no negócio. Os projetos participantes devem contemplar os três pilares da
sustentabilidade, benefícios ambientais, sociais e econômicos. As inscrições
são feitas pelo site e estão abertas até dia 16 de agosto.
www.premiovarejosustentavel.com.br
Curso ensina professor a lidar com violência em aulaO Ministério da Educação, em parceria com o Centro Latino-Americano
de Estudos de Violência e Saúde Jorge Carelli, da Fundação Oswaldo Cruz,
criou um curso de atualização destinado a professores da rede pública. O
curso prepara os docentes para o enfrentamento da violência e defesa dos
direitos na escola. São três meses de aulas presenciais e a distância, que dará
suporte para que o professor saiba identificar e prevenir possíveis casos de
violência em sala de aula, pátio ou nos corredores das instituições. A primeira
turma teve a participação de 700 profissionais do Rio de Janeiro. Em agosto,
a Fundação Oswaldo Cruz vai lançar edital para mais sete ou oito turmas
interessadas no projeto.
www.ensp.fiocruz.br
Primeira biblioteca-parque do paísO governo federal inaugurou no dia 29 de abril a primeira biblioteca-parque
do Brasil. Localizado em Manguinhos, no Rio de Janeiro, o espaço tem local
para jogos, filmoteca, sala de leitura para pessoas com deficiência visual,
acervo digital de música, cineteatro, cafeteria e computadores com acesso
gratuito à internet. O ministro da Cultura, Juca Ferreira, declarou que o
projeto é baseado na experiência colombiana, que investe na construção de
equipamentos culturais como forma de promover a inclusão social. No Rio,
ainda estão previstas mais três bibliotecas-parque para serem inauguradas
este ano. Duas já estão em construção: uma na Rocinha, favela da zona sul da
cidade; outra no Complexo do Alemão, zona norte.
www.cultura.gov.br
Projeto de teatro para estudantesEm São Paulo, o projeto Conexões incentiva e propicia a formação cultural
de estudantes. Este ano a quarta edição irá beneficiar cerca de 300 jovens
de 12 a 19 anos, que estudam em escolas públicas e particulares. Após o
processo de aprendizagem é realizada a mostra Conexões de Teatro Jovem,
que acontece do dia 31 de outubro a 13 de novembro. Durante o evento
serão apresentadas peças de autores nacionais e internacionais. A versão do
programa é baseada no projeto New Connections, realizado em Londres. A
iniciativa ainda tem como objetivo estimular a interação entre profissionais
de teatro e educadores. No site há informações, notícias e fotos sobre o
Conexões.
www.conexoes.org.br
80 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Serviços
MEC lançará o Portal do AlunoO secretário de Educação a Distância, Carlos Bielshowsky, informou que o
Ministério da Educação deverá lançar, no final de junho, o Portal do Aluno.
O anúncio foi feito durante apresentação na Conferência Internacional – O
Impacto sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação na Educação.
A nova ferramenta é destinada a alunos a partir de 12 anos e será conectado
ao Portal do Professor. A ação do MEC tem o intuito de promover a inclusão
digital dos estudantes do ensino fundamental e médio. Foram criados
instrumentos para atrair os internautas, como uma comunidade virtual nos
moldes do Orkut. No portal, o aluno também terá acesso a uma série de
objetos educacionais.
www.mec.gov.br
Prêmio Professores do BrasilAs inscrições para o Prêmio Professores do Brasil, iniciativa do Ministério da
Educação, estão abertas até o dia 30 de setembro. O objetivo é reconhecer
o trabalho de educadores das redes públicas de ensino. Serão premiadas
as experiências pedagógicas mais bem-sucedidas, criativas e inovadoras
que tenham contribuído para a melhoria da qualidade da educação básica.
Os autores dos projetos selecionados pela Comissão Julgadora Nacional
receberão o valor de R$ 5 mil. Já as escolas em que as iniciativas foram
realizadas recebem equipamentos audiovisuais ou multimídia no valor de
R$ 2 mil. Podem participar do prêmio professores de todas as etapas da
Educação Básica (educação infantil, ensino fundamental e ensino médio).
http://premioprofessoresdobrasil.mec.gov.br/
Especialização a distância para docentesO governo do Estado de São Paulo assinou um convênio com a Universidade
de São Paulo (USP), Unicamp e Unesp para oferecer cursos de especialização
a distância para professores e gestores da rede estadual. Ao total serão 30
mil vagas entre o segundo semestre deste ano e 2012. A especialização terá
16 cursos de diversas disciplinas para os docentes do ensino fundamental II
(da 5ª à 8ª série) e ensino médio. A participação dos professores é voluntária
e os critérios de seleção serão divulgados no Diário Oficial. A escolha vai
privilegiar os profissionais que realizarem os cadastros em equipes. Para
incentivar as inscrições, os cursos contarão pontos na carreira do professor.
www.sp.gov.br
Inscrições para o Fies estão liberadasAs inscrições para o novo Financiamento ao Estudante do Ensino Superior já
podem ser realizadas no site do Ministério da Educação. Os cadastros devem
ser feitos exclusivamente pela internet e as bolsas podem ser de até 100%.
Este ano, o Fies sofreu algumas alterações; uma delas é que o estudante
poderá solicitar o financiamento em qualquer período do ano. Outra novidade
é que, a partir de 2011, somente os estudantes que tiverem participado do
Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) poderão solicitar o financiamento. O
programa é uma iniciativa federal que financia a graduação de estudantes no
ensino superior que não têm condições de arcar com os custos da mensalidade.
Os alunos devem estar regularmente matriculados em instituições particulares,
cadastradas no programa e com avaliação positiva no MEC.
www.mec.gov.br
Lista de filmes para EducadoresO site Lendo elaborou uma lista com 21 filmes relacionados à educação e
professores criativos. A maioria das dicas se refere a obras recentes, baseadas
em livros e indicadas principalmente para os futuros docentes. Entre as
indicações estão: Uma mente brilhante, Ana e o Rei e o Clube do Imperador.
Destaque para Meu Mestre Minha Vida, que conta a história do professor Joe
Clark. Ao assumir o cargo de diretor na problemática escola em Patterson,
New Jersey, Joe se propõe a fazer uma verdadeira revolução no colégio
marcado pelo consumo de drogas e disputas entre gangues. Com isso, ele
ao mesmo tempo coleciona admiradores e também muitos inimigos. A lista
completa pode ser conferida no portal.
www.lendo.org
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 81
Sabemos que o trabalho com a
produção de textos é primordial
no processo de ensino-aprendi-
zagem da língua materna, pois
favorece o desenvolvimento da relação
significativa entre habilidades de escri-
ta e leitura e, consequentemente, im-
pulsiona a formação de um escritor
competente.
Mas o que vem a ser um escritor
competente na atualidade?
É aquele que escolhe o gênero tex-
tual mais apropriado aos seus objetivos
na produção de um discurso; que con-
segue planejá-lo em função do destinatá-
rio considerando as características do gê-
nero; que elabora resumos, faz anotações
no decorrer de uma exposição oral e ex-
pressa seus sentimentos, experiências ou
opiniões, além de ser capaz de revisar e
reescrever o texto até torná-lo satisfató-
rio a seus objetivos.
Para tanto, na educação básica, o tra-
balho eficaz com produção de textos exi-
ge que o professor: proporcione aos alu-
nos o contato com grande diversidade de
gêneros desde seu ingresso na escola; de-
termine o foco de cada série, preferencial-
mente o estilo que circula entre as pessoas
para ler e discutir em sala de aula e, a par-
tir das escolhas feitas, definir modelos es-
pecíficos, com referências teóricas, deter-
minando as dimensões que serão aborda-
das com os alunos.
Segundo Bakhtin1, “é de acordo com
nosso domínio dos gêneros que usamos
com desembaraço, que descobrimos
de de ter algo a dizer que vale a pena. É
um procedimento e depende de exercí-
cio: o talento da escrita nasce da frequên-
cia com que ela é experimentada.
No processo de produção de textos,
o professor deve orientar seus alunos no
entendimento de que todo texto é provi-
sório, seja na intenção de quem escreve,
seja na compreensão de quem lê.
Para o desenvolvimento dessa postu-
ra mais crítica e estruturada, o professor
deve adotar estratégias que ajudem os
alunos nessa construção, tratando toda
produção como rascunho. Essa proviso-
riedade permite que se façam revisões e
alterações sem afetar a autoestima dos
escritores iniciantes.
Revisar exige distanciamento do tex-
to, exige orientação e objetivos claros
para que não haja desmotivação. Por-
tanto, para a atividade de revisão ser
produtiva é preciso definir o objetivo
que se pretende alterar em um texto:
elementos de coesão (roteiros), pontu-
ação, adequação ortográfica, clareza de
ideias, emprego de linguagem adequada
ao destinatário etc., escolhendo um dos
aspectos de cada vez e orientando clara-
mente os alunos no tratamento dessas
características. Tratar de todos os ele-
mentos para serem revisados ao mesmo
tempo não só confunde, mas também
cansa os alunos.
Ao ler os textos produzidos, o profes-
sor deve ter como foco detectar os pon-
tos nos quais o que está dito não é o que
se pretendia, identificando os problemas
O trabalho com a produção e a revisão de textos no Ensino Fundamental I
mais depressa e melhor nossa individu-
alidade neles (quando isso é possível e
útil), que refletimos, com maior agilida-
de, a situação irreproduzível da comu-
nicação verbal, que realizamos, com o
máximo de perfeição, o intuito discursi-
vo que livremente recebemos”. Daí des-
taca-se a importância do trabalho com
gêneros desde as primeiras séries do en-
sino fundamental, considerando que o
objetivo máximo do ensino da Língua
Portuguesa é o desenvolvimento da ex-
pressão oral e escrita. Nessa perspectiva,
desenvolvemos uma proposta pedagógi-
ca com o objetivo de conduzir os alu-
nos à percepção da estrutura da escri-
ta e da relação de sentidos das palavras
no contexto, para que possam ampliar
os recursos de elaboração de seu pró-
prio discurso, produzindo e revisando
os textos.
A produção de texto pressupõe a re-
organização de uma experiência anterior
(uma discussão em grupo, uma leitura,
uma situação vivida, uma história co-
nhecida etc.).
Para ser significativa e atender o ob-
jetivo proposto, a produção deve ser pla-
nejada com o aluno para que ele tenha
conhecimento das expectativas sobre seu
texto e os parâmetros de revisão e avalia-
ção que serão adotados. O aluno precisa
ter claro para quem ele escreverá, o que,
como e o que se espera dessa produção.
Escrever não depende de dom, mas
de empenho, dedicação, compromisso,
seriedade, desejo e crença na possibilida-
82 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Plano de Aula
1 Mikhail Mikhailovich Bakhtin (1895 - 1975) linguista russo. Seu trabalho é considerado influente na área de teoria literária, crítica literária, sociolinguística, análise do discurso e semiótica. Bakhtin foi um filósofo da linguagem e sua linguística é considerada uma “trans-linguística” porque ultrapassa a visão de língua como sistema. Para Bakhtin, não se pode entender a língua isoladamente, sem considerar o contexto de fala, a relação do falante com o ouvinte, o momento histórico etc.
1º momentoPlanejamento da produção (roteiro, definição de objetivo, destinatário e suporte)• Antes do momento da produção é essencial
que os alunos tenham lido e escutado textos dos gêneros escolhidos.
• As produções, com objetivo de produto final, podem ser feitas em duplas.
• Combinar o formato e a organização do produto final: serão repetidos textos (história, fatos, personagens)? Cada dupla fará um texto diferente? Faremos uma ilustração?
• Estabelecer um roteiro que sirva de orientação para a produção dos textos, a partir de um texto do gênero que tenha sido estudado.
2º momentoProdução escrita• Redação do texto a partir do roteiro pré-
estabelecido.• Retomada do roteiro, do objetivo final e dos
combinados do trabalho.
3º momentoLeitura da primeira produção retomando o planejamento / anotações de revisão• O professor lê os textos, faz anotações e
devolve aos alunos indicando o que deve ser alterado (coerência e coesão).
4º momentoReescrita do texto a partir das anotações de revisão• A partir das alterações sugeridas na revisão,
o texto será reescrito de acordo com a necessidade.
5º momentoLeitura da segunda produção a partir de objetivo definido (coesão, coerência, ortografia)• O professor realiza uma segunda leitura,
verificando se as questões de coesão e coerência foram solucionadas, e indica as correções ortográficas necessárias.
• Como há produto final, a redação precisa ser a mais próxima possível do convencional.
6º momentoFinalização da produção (passar o texto a limpo, elaborar cartaz, montagem do livro)• Passar o texto a limpo no suporte definido
(folha padronizada, papel para exposição no mural etc.).
• Promover momento de exposição do trabalho. No caso de livro ou álbum, os alunos poderão levar para casa acrescentando, no final, uma página para comentários dos leitores.
Etapas de produção e revisão adotadas na organização do trabalho:
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e ajudando os alunos a aplicar os conhecimentos sobre a língua
para resolvê-los. É preciso investir em situações coletivas de re-
visão, bem como atividades em parceria, sempre sob orienta-
ção do professor. As situações de produção devem propor ex-
periências reais de comunicação, tanto para a produção quan-
to para a recepção de textos.
Em nossa experiência, destacamos atividades significativas
de produção de texto para o Ensino Fundamental I:
• Muraisepainéisdetextos;
• Cartazes;
• Produçãode livros:poemas, contospreferidosda turma,
canções, brincadeiras, receitas etc.;
• Históriasemquadrinhos;
• Jornalmural;
• Campanhasdeconscientização.
Se o objetivo do trabalho é tornar o aluno um proficiente
escritor, possibilitando-lhe produzir diferentes gêneros textu-
ais, é necessário esclarecer que:
• Quandoescreve,eleéoautordotexto;
• Essetextopossuiumobjetivo;
• Essetextopossuiumdestinatário.
A produção deve supor revisão, ligada inicialmente ao con-
teúdo (respeito às expectativas planejadas, coerência) e, a se-
guir, à forma (no 1º e 2 º anos, mais voltada à aquisição do re-
gistro alfabético; nas demais séries, não só ao registro ortográ-
fico, mas às escolhas vocabulares, pontuação etc.).
As revisões devem ser feitas uma vez por bimestre ou tri-
mestre, para não sobrecarregar o aluno com demasiadas orien-
tações, favorecendo também o trabalho com situações mais in-
formais de escrita.
O processo de produção e revisão ainda proporciona
uma excelente oportunidade de trabalho com a normati-
zação ortográfica, pois estará contextualizado em situações
nas quais os alunos tenham razões para escrever correta-
mente, pois, de fato, existem leitores para a escrita que pro-
duzem. Deve estar voltado para o desenvolvimento de uma
atitude crítica em relação à própria escrita, ou seja, de pre-
ocupação com a adequação e correção dos textos, e deve
ter um forte apelo à memória. A aprendizagem da ortogra-
fia não é um processo passivo: trata-se de uma construção
individual, para a qual a intervenção pedagógica tem mui-
to a contribuir.
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 83
Apesar de cansado com a dificuldade de mudar a trá-
gica realidade que caracteriza o Brasil, despertei. Des-
pertei para a percepção de que a solução não está na
simples manutenção da democracia e do crescimen-
to econômico, nem em uma revolução social e econômica que
desfaça tantas coisas boas que o Brasil conquistou nas últimas
décadas: liberdade democrática, infraestrutura econômica, es-
tabilidade monetária.
Despertei para o sentimento de que
só a escola transforma a população em
povo e de que o amanhã de um país tem
a cara da sua escola de hoje. O caminho
para a construção do futuro da nação está
na educação da sua população. E sem ga-
rantir o acesso de todos à educação com
a mesma qualidade, estamos condenan-
do milhões de brasileiros à marginalida-
de, e desperdiçando o potencial de cada
um deles. E essa revolução só ocorre-
rá se for tratada como questão nacional.
Não teremos futuro se o futuro de nossas
crianças depender da sorte da família em
que nascerem e da cidade em que viverem.
Despertei para o fato de que nosso papel é despertar o povo
brasileiro e todas as suas classes, não só para o cansaço com a
realidade, mas para a esperança, e para a necessidade de uma
revolução educacional: garantir escolas com a mesma qualida-
de em todo o país, para todas as classes e em todas as cidades.
Escolas tão boas quanto as melhores do mundo.
Despertei também para a necessidade da paciência, porque
essa revolução levará algumas décadas para ser realizada. Mas,
angustiado, despertei para a urgência de iniciar imediatamen-
te essa doce revolução.
Importância doDespertar
Despertei para o fato de que nosso papel é despertar o povo brasileiro e todas as suas classes...
Cristovam Buarque, senador (PDT/DF) e professor da Universidade de Brasília
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Reflexão