Revista certa

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O reality show da vida real Você percebeu que so- mos vigiados 24 horas por dia? Sabrina Sato fala sobre sua experiência no Big Brother Brasil Empresas controlam e- mails e ligações de fun- cionários Paparazzo Os famosos que gostam e os que odeiam esses fotógrafos profissionais em super- visionar a vida alheia Liberdade Clandestina O que antes era vigiado e punido e que para muitos ainda é visto como ato de vandalismo, hoje é sinônimo de arte, liberdade e política.

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O reality show da vida realVocê percebeu que so-mos vigiados 24 horas por dia?

Sabrina Sato fala sobre sua experiência no Big Brother Brasil

Empresas controlam e-mails e ligações de fun-cionários

Paparazzo

Os famosos que gostam e os que odeiam esses fotógrafos profissionais em super-visionar a vida alheia

Liberdade Clandestina

O que antes era vigiado e punido e que para muitos ainda é visto como ato de vandalismo, hoje é sinônimo de arte, liberdade e política.

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Você já percebeu que somos vigiados 24 horas por dia?

Qual é a sua finali-dade do Twitter?

Second Life: Saia da realidade e tenha uma vida virtual

Expediente: Coordenadora: Andréia Alevato/ Editor-chefe: Ana Paula Moura Pautas e Reportagem: Ana Paula Moura, Claudia Balint Tavares, Lais Cristina Cardoso, Kamila D’ An-gelo Michele de Barros Pereira, Paula de Castro Garcia/ Diagramação: Ana Paula Moura

Além do público ou privado

A vida pública e privada se funde cada vez mais. Chegando a confundir-se uma com a outra. A auto-exposição a qualquer preço tornou do que era apenas conhecido pela intimidade de alguns, serem exposto para todos. Perdemos a noção do que é público ou privado e dos limites que eles possuem.

É difícil entender hoje em dia o que as pessoas que-rem realmente. Ora processam por sofrerem com abusos de exposição e ao mesmo tempo se inscrevem para participar de realities shows.

A vigilância constante aumenta a cada dia, são: câmeras de trânsito, câmeras de segurança, e claro, no trabalho, no shopping, nas escolas e em muitos outros lugares. Mas qual é o limite desse controle? Estaríamos presos há um sistema de monitoramento constante? Seria o Big Brother invadindo a vida real? Enquanto alguns utilizam as câmeras para proteger contra a violência, outros utilizam para aparecer a qualquer preço. Um exemplo claro e direto dessa ex-posição é o Youtube - um dos sites mais acessados na internet-, são milhares de pessoas anônimas querendo expor sua intimidade de diferentes formas por um motivo comum: aparecer.

Éramos acostumados a acompanhar o “sofrimento” dos famosos em driblar diariamente os paparazzi. Mas hoje, vemos os mesmos famosos expondo a in-timidade nas redes sociais.

Sem perceber, acostumamos com a vigilância con-stante e nos expomos. Chegamos, a era do Grande Irmão. Sim, você é vigiado também!

A Revista Look deste mês desvendará assuntos que vão além do público e do privado.

Leia e espie também.

Boa leitura!Ana Paula MouraEditora-chefe

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Pintura em muros.O que antes era ato de vandalismo, hoje, é cultura

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Sumário

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Em algumas seções desta edição, a lupa será usada para recriar imagens em ta-manho real para que você consiga espiar a vida alheia.

Br inde

Edição oo1

Divirta-se e leia com descontração!

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Cotidiano

Câmeras nas escolas:

Por Paula Garcia

Segurança ou invasão de privacidade?

des centros urbanos, tornou-se uma prática comum o uso de câmeras de segurança em condomínios, ca-sas, bares e até mesmo nas escolas.

É compreensível que as escolas prezem pela segurança de seus alu-nos, mas muitas vezes, o uso indis-criminado acaba se tornando uma invasão de privacidade.

Muitas escolas ao discutir o as-sunto, defendem que o uso das câmeras, além de proporcionar maior segurança aos alunos e fun-cionários, visa também coibir práticas abusivas, como o consu-mo de drogas, atos de vandalismo, agressões entre outros.

Em algumas escolas do estado de São Paulo, desde o ano de 2008, câmeras de segurança vem sendo instaladas para reduzir o furto de equipamentos, principalmente o de computadores. No ano seguinte, o secretário de educação do estado de São Paulo, Paulo Renato Souza, criou um plano de combate à vi-olência nas unidades da rede públi-ca. O projeto contou com o apoio da Secretaria de Segurança pública do estado de São Paulo.

Alguns pais acreditam que o uso das câmeras de segurança são necessárias para a segurança de

Divulgação

segurança são necessárias para a segurança de seus filhos. Mãe de uma criança de seis anos, Jaque-line Pereira Rodrigues, 27 anos, diz que o uso da câmera na escola de sua filha, a deixa mais tranquila, porque as crianças costumam fan-tasiar, e com o uso do aparelho, há como comprovar se o que disseram é realmente é verdade.

Aline Camilo Perez, 24 anos, mãe de Miguel de dois anos, não concorda com uso das câmeras, pois acredita que os pais, antes de matricularem seus filhos em de-terminado colégio, devem antes, conhecer, pesquisar sobre o local, conversar com outros pais que já tenham seus filhos matriculados na instituição.

O fato é que o uso das câmeras gera controvérsias entre pais, au-toridades, educadores e psicóló-gos. Segundo a psicóloga VanessaFascina Valim “A utilização de câmeras nas escolas pode prevenir atos da violência e os furtos, pro-

porcionando as organizações van-tagens em visualizar as imagens, caso ocorra algum ato de violên-cia, facilitando, posteriormente, a adoção de medidas corretivas para o infrator e orientação as outras pessoas do ambiente institucional.

No entanto, apenas a adoção de câmeras nas escolas não é sufi-ciente para inibição de violência se não forem oferecidos outros tra-balhos, como orientação de pais, professores e alunos direcionados as ações sociais e preventivas”.

O deputado Francisco Rossi, do (PMDB-SP), criou um projeto de lei 7000/10 que obriga as escolas particulares e públicas a insta-larem equipamentos de vigilância eletrônica. O projeto tem como objetivo evitar que crianças de até seis anos sofram violência por parte dos professores.

Este projeto tramita em caráter conclusivo e será analisada pelas comissões da Educação e Cultura.

C om os altos índices de crimi-nalidade que atingem os gran-

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Especial

Liberdade Clandestina

O que antes era literalmente vigiado e punido e que para muitos ainda é visto como ato de vandalismo, hoje é sinônimo de arte, cultura, liberdade e política.

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Site

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Por Claudia Balint

ruas das metrópoles: desenhos, frases, pensamentos ou pessoas in-terpretando e chamando a atenção de curiosos pelas ruas.

Intervenções urbanas não são ape-nas desenhos à toa nos muros, mas é realmente difícil entender o que há por detrás daquilo, qual o seu significado ou o que o seu autor quis expressar ao cometer aquele ato. A Arte Urbana, nada mais é do que uma reflexão do individual ou do coletivo que aos poucos sai do gueto para o mundo. E o mais im-portante, sai do anonimato, torna-se algo público e livre!

Sem perder a essência subversiva, as intervenções ganham novos formatos e artistas a cada dia. Um dos mais renomados artistas de rua do mundo mostra esse movimento cultural e, quem sabe, abre a mente

das pessoas para novas ideias, para que possam ver a beleza e a crítica escondida nos pré-conceitos do ser humano.

Ninguém sabe ao certo quem ele é. Ninguém sabe seu nome, sua voz, sua casa, sua origem ou a cor dos seus olhos. Este é Banksy, o artista e grafiteiro de Bristol, que ganhou os olhares do mundo inteiro com suas intervenções urbanas em todo lugar espalhando mensagens irôni-cas contra a autoridade e poder, quando ao mesmo tempo, devoram a alma das pessoas ao questionar seus próprios medos e problemas sociais do mundo. As críticas de Banksy no primeiro momento des-pertam a curiosidade e a risada de seus expectadores, mas logo em seguida tal crítica se torna real e quase sempre todos se identifi-cam com aquela ideia exposta pe-las ruas gerando uma sensação de concordância.

Seus trabalhos são expostos em forma de stencil, grafitti, interven-ções urbanas e obras de arte. O pouco que sabe é que seu talento começou desde muito novo e que hoje tem aproximadamente 35 anos de idade. Seus pais não fazem ideia de sua fama: “Eles pensam que sou um decorador e pintor”, diz ele em uma entrevista para uma revista americana sobre Arte de Rua. Banksy começou a ganhar notoriedade ao grafitar mensagens em muros e prédios ícones de todo o mundo, inclusive o muro da Cis-jordânia, que colocou um boneco inflável em tamanho real de roupa laranja na Disneylândia, em alusão aos detentos da base militar de Guantánamo e mais recentemente colocou um brinquedo infantil, destes que se coloca uma moeda para a criança montar e balançar em forma de um golfinho enrosca-do em redes de pesca e ondas sujas de petróleo.

I ntervenções Urbanas, aquelas vistas a todo o momento nas

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EspecialHoje suas obras são protegidas pelo Conselho Municipal de Bris-tol, sua cidade natal, onde é termi-nantemente proibida a restauração dos locais onde estão suas artes. Um grande mural de sete metros do artista foi coberto de tinta pelos funcionários contratados da pre-feitura que lidam com a pichação britânica despertando a ira de seus admiradores. O muro amanheceu com a mensagem “wot no Bank-sy?” pichada por cima da tinta pre-ta. (que poderia ser traduzida como “O que, sem Banksy?”). Em res-posta, Gary hopkins, do Conselho Municipal afirmou: “Nós teremos que tomar providencias contra a empresa por que o Conselho não deu instruções para a remoção de nenhum trabalho de Banksy. Esta-mos cientes de que ele é bastante valioso e temos instruções especí-ficas para que nenhum mural dele seja removido”.

Algumas obras alcançaram preços muito altos para alguns coleciona-dores. Uma imagem de aposenta-dos jogando boliche com bombas foi vendida por US$200 mil. Para quem quiser apenas conhecer seu trabalho, a galeria Lazarides, em Londres, expõe e vende as ima-gens, porém os administradores acham um erro colocar um preço nas obras, pois seria uma grande tentação aos colecionadores. Re-centemente duas obras de arte de Banksy avaliadas em cerca de R$35 mil foram roubadas da gale-ria Soho em Londres. Câmeras do estabelecimento flagraram no dia 1 de maio de 2010 um casal levando as impressões em stencil montadas em molduras de vidro que medem 90X120 cm que custavam cerca de R$ 40 mil.

Divulgação/ Site Oficial

Hoje, a arte de rua não é mais um crime, não é mais vandalismo, nem algo sem nexo. É preciso ape-nas “enxergar” com a alma e assim teremos outra visão do que está di-ante de nossos olhos. No mês de setembro, a exposição Entre Mei-os, na passagem subterrânea da Consolação com a Avenida Pau-lista, em São Paulo, reuniu todas essas atividades ao público.

Lá, os visitantes tiveram a opor-tunidade de tentar entender o que passou na cabeça de cada artista para fazer aquele desenho nas ruas.

Um pouco mais de Banksy

Banksy Bang: Está em cartaz no SESC Pinheiros e trata-se de um dança-teatro inspirado nas obras controversas de Banksy. Foram resgatados iluminações e desenhos na construção da luz no corpo dos atores no chão, criando dimensões como as vistas nos

outdoors do artista. Além disso tem punk rock, Beastie Boys e Village People na trilha sonora.

Serviço: Todas às quintas-feiras às 19:00 horas - R$ 10,00

Exit Through the Gift Shop: Documentário dirigido pelo próp-rio Banksy em que são capturadas imagens do seu “trabalho noturno e ilegal”. O filme ainda conta uma parte da historia da arte de rua nos anos 90 no Reino Unido, parte da carreira e a maneira de trabalhar adotada por ele. Du-rante o Festival de Berlim, onde o documentário teve sua estreia, Banksy não compareceu como era de se esperar, porem deixou um vídeo gravado, onde sua voz e fisionomia estavam desfiguradas. No vídeo o artista diz: “a arte de rua tem vida curta, então precisa-va ser documentada”.

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Paparazzo: A Sombra dos famososMuitos profissionais fazem de tudo para conseguir um melhor flagra

aparazzo. Esta é a palavra que mais assusta os famosos nos P

dias atuais. Uma profissão que existe há anos e é realizada por repórteres que fotografam celebri-dades sem autorização, expondo em público as atividades que eles fazem em seu cotidiano.

Com câmeras e lentes enormes, os paparazzi tiram a liberdade de muitos atores, atrizes, apresen-tadores, cantores e socialites. Na verdade, basta ser conhecido pelo público, que lá estão eles loucos para soltar o primeiro flash.

Sem contratos fixos, geralmente, os profissionais trabalham por conta própria. Desta forma, eles conseguem vender as fotos para vários veículos e agências de ima-gens.

Por Ana Paula Moura

Suzana Vieira Cauã ReymondAdriane Galisteu Marcos Palmeira

A Busca pelo Melhor FlagraSortudos são os paparazzi que conseguem a melhor imagem. To-dos os dias centenas deles estão nas ruas do mundo para conquistar a grande fotografia.

Gostam de Paparazzi

No Brasil, a Agnews, com sede no Rio de Janeiro e em São Paulo, é líder no segmento e há mais de cinco anos persegue celebridades nas principais capitais brasileiras. Com 30 fotógrafos contratados, a agência tem clientes, entre eles, a revista Contigo! e a Folha Online.

Um dos flagras inesquecíveis para as pessoas aconteceu em 2006 quando o paparazzo espanhol Miguel Temprano clicou Daniella Cicarelli enquanto a apresentado-ra praticava sexo em uma praia

pública da Espanha com seu, até então, namorado, o empresário Re-nato Malzoni Filho.

Mas para conquistar a imagem exclusiva, eles precisam se esfor-çar. “O grande profissional tem as suas fontes. Além disso, algumas vezes, para conseguir informações importantes temos que dinheiro ao porteiro e até garçom”, contou Francisco Silva, paparazzo da Ag-news.

Esta busca incessante pelo melhor furo movimenta mais de R$ 4 mil-hões por ano no Brasil, segundo os números fornecidos pela Agnews, e US$ 40 milhões no mundo.

Para ter uma ideia, de acordo com a lista da Forbes, publicada em 2008, a revista norte-americana

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Entretenimento

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People foi a que mais desembolsou dinheiro por uma foto exclusiva. A publicação pagou US$ 4,1 milhões pela primeira imagem de Shiloh, filha de Brad Pitt e Angelina Jolie, em 2006.

No exterior, Los Angeles, a capi-tal do cinema, é o paraíso desses profissionais. Já no Brasil, o Rio de Janeiro é o lugar onde eles encon-tram bastante trabalho.

Fúria dos Famosos

Quem não se lembra de quando a Britney Spears atacou um pa-parazzo com um guarda-chuva? Com uma vida bem agitada, a cantora é alvo dos profissionais todos os dias e, em 2008, criou uma seção em seu web site para premiar os paparazzi que mais passam vergonha.

Já o fotógrafo atacado leilou o ob-jeto que a cantora usou e o carro que ela quebrou, em feveriro de 2007. O lance mais alto dado até agora foi de US$ 25 mil.

Os interessados, fãs de Britney, ainda chegaram questionar a au-tencidade os produtos, mas o pa-parazzo garantiu que tinha teste-munhas para provar que tudo era verdade.

As celebridades brasileiras tam-bém passam sufoco e ficam irri-tadas. No ano de 2007, Eduardo Moscovis publicou na coluna Gen-te Boa, do jornal carioca O Globo, um desabafo sobre a invasão de privacidade dos paparazzi ao ten-tar fotografar o quarto de sua ter-ceira filha, que, na época, não era nascida. “Devo ainda fechar as cortinas, ficar enclausurado “Devo ainda fechar as cortinas, ficar en-clausurado porque pode ser que haja em algum apartamento próx-imo alguém empenhado em expor minha família?”, escreveu o ator no comunicado.

Britney Spears atacou um paparazzo com um guarda-chuva, após ficar furiosa por ser fotografa pelo profissional.

Entretenimento

“Já passamos por alguns apuros tentando flagrar celebridades no Rio de Janeiro. Uma vez vi um co-lega de trabalho quase apanhando de Fábio Assunção”, revelou Fran-cisco.

Mas não são apenas os mais vel-hos que ficam nervosos com esses fotógrafos. Miley Cyrus, perdeu a paciência com os paparazzi que a esperavam na porta de uma casa próxima ao Runyon Canyon, na Califórnia. Ao sair do local, a atriz disse: “Sai da minha frente”.

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Eduardo Moscovis Fábio Assunção Lindsay Lohan Sean Penn

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Não Gostam de Paparazzi

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Voltamos a era do Grande Irmão?

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O Reality ShowCada dia mais a população perde a privacidade com a invasão de câmeras

magine cidades em que qual--

da vida realNo romance, O Grande Irmão, nome inspirado para o reality show Big Brother – que ganhou várias edições no mundo-, Orwell relata em seu país fictício um regime de “ditadura” em que todos eram vigiados pelo governo. Durante a história, foi desenvolvida exclu-sivamente para o regime ditato-rial uma nova língua, a novilíngua (Uma redução do idioma inglês usado oficialmente e baseado em unir e destruir palavras para que o pensamento fosse cada vez mais igual).

Na publicação, aquele que pen-sasse diferente do partido, cometia crimidéria (crime de ideia, pala-vra criada para a novilingua). Em 1984, todos eram monitorados pelas teletelas, e qualquer atitude suspeita captada pela teletela po-deria significar o fim - não apenas a saída de um participante, como acontece nos realities shows; mas sim, a morte Se reparar aos pequenos detalhes, somos monitorados e vigiados por câmeras de seguranças, pequenas “teletelas”, radares e afins. Já os mais famosos são perseguidos porpaparazzo, jornalistas e entre , jor-nalistas e entre outros. O governo também acompanha a população.

BB – O espião da vida alheia O reality show, Big Brother, no Brasil exibido pela Rede Globo, teve sua inspiração no livro 1984, O Grande Irmão, baseado no con-ceito de vigilância constante de uma pessoa. No livro, em todos os lares dos integrantes do Partido, cafeterias, indústrias e praças, as teletelas transmitiam a ideologia do Partido, mas do que isso, elas captavam todos os movimentos de seus filiados. Foi daí que saiu a ideia do nome do programa, Big Brother (em versão traduzida, O Grande Irmão).

No mundo, o primeiro BBB foi ao ar no ano de 1999, feito pela produtora Endemol. Já no Brasil, teve sua primeira temporada exibi-da em janeiro de 2002. Em 2010, aconteceu a décima edição com recordes de audiência e novo for-mato para atrair o público.

Durante três meses, pessoas anôni-mas têm suas vidas expostas e vi-giadas não somente por câmeras, como por todo o mundo. Até onde esse nível de exposição ajuda e atrapalha a vida dos participantes?

Nos dias de hoje, ser um ex-BBB pode ser considerada uma profis-são instantânea, mas os interessa-dos se inscrevem mais pela fama pós-participação do programa, do que pelo prêmio de R$ 1 milhão.

Iquer atividade da populaçãoé monitorada por câmeras e

microfones? Um mundo sem liber-dade de ir e vir.

Não? Mas este temor pode ser visto no livro 1984, de George Or-well.

Orwell compõe uma distopia (uto-pia negativa) onde os cidadãos são vigiados todo o tempo pelas teletelas (aparelhos que trans-mitem e captam voz e imagem) sob a liderança do Grande Irmão. O Big Brother (em versão traduz-ida, Grande irmão), pode não ser considerado uma pessoa real, pois ninguém o viu pessoalmente, mas seus feitos e liderança constantes no livro transmitido através da tel-etela e por seu slogan “O Grande Irmão Zela por ti”, conduzem a toda população acreditar em sua presença. Alguns orwellianos as-sociam o Grande Irmão ao ditador soviético Joseph Stálin, pela prop-aganda nazi-fascista que se nota durante o decorrer do livro, mas também, pode ser associado às religiões. Através das teletelas, o Grande Irmão está “presente” em todos os lugares e controla a vida de todos; assim, nesta concepção, o Partido controla as emoções e tem a liderança invisível como as que as igrejas possuem.

Por Michele Barros

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Segundo Sabrina Sato, ex-participante do Big Brother 3, participar do reality “foi uma experiência única. Hoje em dia graças a Deus trabalho muito, mas minha vida pessoal não mudou tanto, continuo morando com meus irmãos e tenho minha família como base. Não acredito que atrapalhe essa vigilância constante, pois em nossa vida conseguimos ter momentos de reclusão em que podemos relaxar e ter um momento só nosso”.

Prós e Contras da Realidade Vi-giada

Atualmente, nas ruas, empresas, prédios, supermercados e entre outros lugares públicos e priva-dos, possuem sistemas de câmeras para segurança e controle de seus usuários. Mas, até onde essa segu-rança não interfere na intimidade e liberdade das pessoas? O dire-tor comercial da empresa de Tec-nológica JOB, Daniel Franco, diz que a procura por instalações de câmeras em espaços públicos ain-da não é muito grande e acrescenta que “As pessoas estão cientes de que em determinados locais não é possível colocar vigilância. No caso de limites de onde instalar, quando existem casos assim, colo-camos do lado de fora controlando a entrada e saída das pessoas ness-es locais. Isso é permitido, pois nãoestá invadindo a privacidade”.

O que a lei fala desta “invasão”?

Em novembro de 2009, a Câmara Municipal de São Paulo, decretou a lei que autoriza a instalação de câmeras de vigilância em pontos de descarte irregular de lixo, en-tulhos e demais materiais, segun-do os artigos do decreto, as ima-gens poderão ser cedidas apenas aos órgãos de segurança pública, desde que, seja comprovado que o individuo tenha cometido a in-fração.

Outra lei também, de autoria do vereador de Penha (SC), Cleiby Darossi (PTB), obriga os bancos a criarem um sistema de segu-rança e monitoramento através de câmeras de vídeo. No Rio, o gov-ernador Sérgio Cabral, também optou pelo sistema de monitora-mento, todos os novos carros ad-quiridos pela Polícia Militar terão

câmeras para melhor controle e segurança.

As empresas também se adaptam cada vez mais a esse novo “moni-toramento tecnológico”, além de controlar e-mails e ligações dos funcionários, tem sido alta a procura de câmeras para insta-lações em salas e departamentos. Em seu livro Proteção a intimi-dade do empregado, a Desembar-gadora Alice Monteiro de Barros, afirma que o legislador brasileiro não proibiu em nenhum momento a fiscalização e controle por meio de aparelhos audiovisuais, visto ser uma “decorrência lógica do avanço da tecnologia e poderá consistir em um instrumento pro-batório valioso na avaliação da conduta do empregado” relata a desembargadora no livro.

Segundo a advogada Diana Bea-

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atriz, “faz parte da legislação do empregador, o direito de vigiar seus empregados para observar se o trabalho e o ambiente de trabalho estão de acordo com o contratado. E vigiar pode ser diretamente ou através de equipamentos como câmeras, por exemplo. O que norteia essa vigilância em nossa lei e os tribunais, consequentemente fazem cumprir é que essa vigilân-cia deve ser moderada, impessoal, generalizada e de conhecimento

do empregado, ou seja, é ilegal vi-giar, abrir emails ou fazer revista pessoal em apenas um ou alguns empregados ou fazer isto sem que o empregado tenha sido notificado de que este é um procedimento ad-otado pela empresa. Ou estes atos são rotina da empresa para todos ou não podem ser adotados”, ex-plica Diana.

A videovigilância deve obedecer às regulamentações exigidas pelo ar-tigo 29 do Conselho da Europa que determina as seguintes prioridades: necessidade, finalidade, transpar-ência, legitimidade, proporcionali-dade, rigor e retenção de dados e, por final, segurança.

Vida Real ou Realidade Inventa-da?

Muitas pessoas após participar-em de programas de TV ou real-ity show, justificam certas atitudes ocorridas durante suas partici-pações com explicações de que em sua vida “real” não agem da mes-ma forma, que estavam jogando ou até usam essa reclusão como fuga.

Durante o programa os partici-

pantes possuem uma realidade in-venta (aquela que querem trans-mitir em determinado momento) e ao sair do programa voltam para a realidade (sua vida como real-mente é).

Um exemplo desta fuga da re-alidade no programa A Fazenda, da Record, no começo de 2010, quando a dançarina e apresenta-dora Adriana Bombom, após ser eliminada, disse ao Brito Junior, apresentador da atração, aos pran-tos, que ele sabia não sabia o que estava acontecendo na minha dela. No caminho da saída, Bombom demonstrou que não queria sair do mundo “imaginário” e sem proble-mas pessoais.

Segundo a psicóloga, ex-presi-dente da ABPp - Associação Bra-sileira de Psicopedagogia -, Nívea Fabrício, relata que “As pessoas costumam agir a cada situação de acordo com o vivenciado. Portan-to, podem perfeitamente ser agres-siva com algumas pessoas, gen-tis com outras, displicentes e etc. O individuo naturalmente tenta se adequar ao meio em que vive, tentando se proteger ou se destacar em qualquer situação”.

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Hollywood e seus espiõesEm Hollywood também já foi usada as ideias de vigilância con-stante, como em 1984. O filme Show de Truman, O Show da Vida Real (com Jim Carey) é dos exemplos desse monitoramento da vida real – No filme, o paca-to vendedor de seguros Truman Burbank (Jim Carey), descobre que sua vida se trata de um reality show, produzido em um estúdio gigantesco.

Bombom foia terceira eliminada do reality show

Jim Carrey em O Show de Truman, O Show da Vida RealO

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Olhar no Horizonte

Pensando em Big Brothers, pessoas que vivem vidas reais e realidade inventada, a Revista Look compara es-sas situações com o poema de Fernando Pessoa – Vida Vivida e Vida Pensada:

Tenho tanto sentimento

Que é frequente persuadir-me

De que sou sentimental,

Mas reconheço, ao medir-me,

Que tudo isso é pensamento,

Que não sentí afinal.

Temos, todos que vivemos,

Uma vida que é vivida

E outra vida que é pensada,

E a única vida que temos

É essa que é dividida

Entre a verdadeira e a errada.

Qual porém é verdadeira

E qual errada, ninguém

Nos saberá explicar;

E vivemos de maneira

Que a vida que a gente tem

É a que tem que pensar.

Fernando Pessoa

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ShoppingDigital

As novidades no mundo da tecnologia que ajudarão você a perder a privacidade

Câmera de bolsoR$ 2.999, Sanyo Brasil

Câmera Fotográfica digital

R$ 899, OlympusCaneta Espiã com câmera escondida

RS 440, Asiatronic Eletrônicos

Relógio Espião

R$ 299, InovaMania

Novembro, 2010. Look 14

Smartphone N8

R$ 1.499, Nokia

Webcam Cinema

R$ 459, Microsoft

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Cadê minha Infância?Cotidiano

Divulgação

decorrer dos anos, as mudanças e desigualdades sociais, econômicas e culturais, transformam nossas cri-anças em adultos. A “adultização precoce” como é conhecida pelos especialistas, tira o vínculo infantil que normalmente as crianças deve-riam ter como brincar, dançar, rir, estudar e tantas outras coisas e as tornam adultos precoces que no fu-turo refletirá nos valores morais e sociais de cada indivíduo afetado.

Parece simples, mas não é. To-das as atividades que as pessoas fazem durante a infância, ajudam a desenvolver criatividade, boa relação com os colegas, persever-ança e outros fatores que abrem a criança para a realidade da vida. É isso que traz a maturidade e crescimento dos pequenos para a fase adulta. Quando uma criança ou um adolescente trabalha, pára de estudar ou sofre agressões físi-cas, psicológicas ou morais, esse desenvolvimento é interrompido e acaba lesando a vida social deles. Muitas pessoas na fase adolescente ou até mesmo na fase adulta pos-suem grandes dificuldades de se relacionarem com outras pessoas e até mesmo de viver em sociedade pela infância roubada. Em casos

A falta de controle dos pais pode afetar na formação dos pequenos

mais extremos, podemos ver crian-ças se tornarem jovens infratores.

A vida pública é afetada desde o nascimento, e claro, a convivência com os familiares e amigos fazem parte do crescimento de cada in-divíduo o tempo todo. Podemos exemplificar o assunto com os inúmeros casos de violência do-méstica. Onde meninas e meni-nos são obrigados a terem relações sexuais com parentes próximos ou conhecidos, geralmente dentro da própria moradia, infelizmente.

Essas situações fazem com que crianças pratiquem sexo como se fossem adultas. Perdem sua in-ocência. Perdem sua dignidade, quando ainda nem sabem o que essa palavra significa. Ainda nesse cenário, podemos incluir o uso deferramentas tecnológicas como

celulares e a internet, onde os pequenos conseguem informações inadequadas e até perigosas. A falta de controle dos pais pelo constante crescimento nas horas de trabalho, a falta de tempo para conversas e brincadeiras com os filhos e a fal-ta de pequenas normas familiares podem afetar também nas escolas, onde encontramos cada vez mais casos de bulling entre crianças tão jovens e inexperientes com a vida.

A criança que assiste novelas onde são mostradas cenas de sexo, adultério e tantos outros problemas sociais, além do constante cresci-mento do uso de drogas como cigarro, álcool e maconha, também é preocupante. Enquanto poderiam brincar de boneca ou jogar bola, es-tão nas ruas atrás de entorpecentes ou seguindo personagens fictícios que nada tem a acrescentar na sua

Por Claudia Balint

Cada vez mais as pessoas per-dem sua infância. Com o

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Cotidiano

sua formação educacional. Essas alterações comprometem o com-portamento dessas crianças e ado-lescentes para o convívio social e a vida pública futura.

A conscientização do problema “adultização precoce” deve ser re-fletido por todas as pessoas, inde-pendente se elas têm ou não filhos.

O futuro da sociedade depende de uma infância saudável e feliz. “É no brincar e talvez apenas no brin-car que a criança ou o adulto fluem sua liberdade de criação e podem utilizar sua personalidade integral e é somente sendo criativo que o

individuo descobre o eu” (D. W. Winnicott. O Brincar e a Reali-dade. Imago Editora, 1975).

É fato que atualmente ao invés de brincar, as crianças deslocaram prematuramente seus interesse pa-ra desejos e comportamentos que não fazem parte e não condizem com o sentido de infância. Por decorrência destas mudanças so-ciais no decorrer dos anos, a publi-cidade se dirige diretamente ao público infantil quando o assunto é direcionado a eles, mesmo saben-do que por Lei crianças não podem praticar atos da vida civil. Assim as propagandas tratam as crianças

Crianças brincam no parque e aproveitam a infância

Divulgação

como consumidoras.

O Primeiro Promotor de Justiça de Defesa do Consumidor de São Paulo, João Lopes, questiona ex-atamente isso em uma entrevista ao documentário Criança, a alma do Negócio, de Estela Renner: “Se a criança, pela lei, não pode com-prar nada por ser considerada in-capaz pela legislação, como se ad-mitir uma mensagem publicitária dirigida a ela, e muito menos uma peca publicitária que seja persua-siva?”.

Quando as crianças brincam, a imaginação não tem limites, elas não se preocupam em usar roupas de marca, ou aparelhos celulares, Orkut, ou ver a novela do horário nobre. Não há conflitos com out-ras crianças, não há tristeza. Uma aventura que os adultos também deveriam experimentar de vez em quando para voltarem ao seu mundinho particular e esquecer-se dos problemas do mundo, deixar de lado o que acontece lá fora dos seus sonhos.

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Aniversário de Benício

Benício Ksyvickis Huck, o filho caçula de Angélica e Luciano Huck, comemorou em dose dupla, no domingo (6), três anos de vida completados na quarta-feira (3). Primeiro, aconteceu um almoço em família no Porcão da Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. Depois, a festinha reuniu 50 amiguinhos em sua casa, também na Barra. Muitos famosos levaram seus filhos.

Angélica, Luciano e filhos no Porcão

Cinema Juliana Paes compareceu ao shopping Leblon, zona sul do Rio de Janeiro, na quinta-feira (11), na pré-estreia do filme Amor por Acaso, dirigido por Marcio Garcia.

Grávida de oito meses, no longa a atriz faz par romântico com Dean Cain, conhecido por seu pa-pel como o Super-Homem na séria de televisão Lois & Clark: As Novas Aventuras do Superman.

Amor por Acaso estreia em 26 de novembro nas telonas brasileiras.

Por Michele Barros

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Por trás das CâmerasDean Cain, Juliana Paes e Marcio Garcia

Nívea Stelmann leva o pequeno Miguel Carolina Dieckmann e o marido chegam à festa

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Primeira despedida

Daniel Radcliffe, Emma Watson e Rupert Grint participaram da premi-ère de Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1, penúltimo filme do bruxinho, na quinta-feira (11), em Londres.

No tapete vermelho, a intérprete da Hermione na franquia robou a cena com o vestido transparente.

A estreia mundial do longa acontecerá em 19 de outrubro nos cinemas.

Homenagem com elegância

A cantora Christina Aguilera foi homenageada na segunda-feira (15), em Los Angeles, com uma estrela na Calçada da Fama.

Ela já tem cinco álbuns de estúdios lançados, o último trabalho que chegou às lojas é chamado Bionic (2010).

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Por trás das Câmeras

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Muita música sob a chuva

O rapper americano Eminem se apresentou na sexta-feira (5), no evento F1 Rocks, em São Paulo. Com a abertura de Marcelo D2, o show reuniu muitos famosos, entre eles, Ildi Silva, Deborah Secco e Junior Lima.

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Um dia diferente

De folga no trabalho, Malu Mader e Tony Bellotto aproveitaram o domingo (14) para se exercitar pelas ruas do Rio de Janeiro.

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Crônica

Fico impressionada em como as pessoas se comportam diferente em determinados lugares. Em muitos, são tão educadas e em outros, acho que um cachorro não adestrado se comportaria melhor.

Falo isso pois ao pegar todas as possíveis linhas do metrô consigo identificar qual será o comporta-mento de um mesmo individuo em todas elas, vejam só. Como de costume, acordei nessa manhã já pensando em enfrentar o “in-ferno”, ops... A linha vermelha (é, talvez seja por isso que ten-ham dado essa cor a linha Corin-thians Itaquera – Palmeiras Barra - funda). Enfim, tento não me surpreender mais, porém é indig-nante a maneira como as pessoas entram no metrô nesta linha. Para variar, a plataforma estava LO-TADA, mas tento manter sempre meu bom humor matinal. Sosse-gada tento me encaixar ao meio da multidão tentando encontrar um espaço para os meus pés, en-fim consegui. O metrô chega e meu coração começa a bater acel-erado, pois com os gritos penso:

E se tem um arrastão aqui? Ok, volto ao meu único foco e obje-tivo, sentar. Só que começo a repa-rar em uma cidadã atrás de mim, chamada Carliane (Sei o nome, porque a amiga dela não não parava de gritar: - Empurra Car-liane, empurra!). Não sei por qual motivo ela me empurrava tanto, pois não havia mais para onde ir, a não ser para os trilhos. O metrô se aproxima e Carliane começa a me empurrar tanto, que me senti pior do que no show gratuito no aniversário de São Paulo. As por-tas se abrem e ela é a última, assim com eu, mas quer ser a primeira a entrar (espertinha). Empurra, dá chutes, pontapés, cotoveladas e tudo o que você imaginar. Os gri-tos das pessoas são parecidos com os de alguma guerra no Iraque. Ok, a multidão entra e minha sa-cola cai no chão, todos começam a chutá-la – inclusive, Carliane (claro!). Eu desesperada consigo recuperar a sacola (já rasgada, óbvio) e encontro um espaço em pé. Ao olhar para ela vejo que a mesma está sentada, sorrindo e fe-liz. Não sei sorrindo do que. Tudo bem, já estava me sentindo pior do que em uma lata de sardinha. E o metrô andando mais devagar que uma tartaruga, adivinha por quê?

Porque para variar aguardava a movimentação do trem à frente. Não me estresso mais com a ler-deza do metrô, afinal já é normal, me surpreende sim, quando ele anda rápido.

Foco então a minha atenção à con-versa da tal da Carliane e ouço-a dizer que trabalha na Av. Paulista. Meus olhos enchem de lágrimas só de pensar em ter que ir com Carliane nas linhas azul e verde. Mas enfim, chegamos à estação

Sé – vulgo apocalipse. As pes-soas saem desgovernadas, cor-rendo, chego a pensar que será o último metrô a circular no dia. Eis que entramos no metrô sentido Jabaquara. Carliane, assim como as outras pessoas, correu desgov-ernadamente também, mas não tanto quanto na linha vermelha. E, eu penso claro, só pode estar cansada, já que gastou todas as suas energias na linha vermelha. Começo a reparar que na linha azul o metrô lota e muito, porém as pessoas não gritam como na linha anterior e conversam em um tom de voz tolerável aos ouvidos. Ah, Carliane até abaixou o volume do seu celular que estava tocando um funk que eu tentei, mas não consegui identificar a letra. Ao se aproximar da estação Paraíso, já estava cansada e descabelada com tanto empurra e empurra. Logo que descemos percebi que as mes-mas pessoas que pegaram o trem comigo desde a estação Itaquera estavam andando devagar, conver-sando em tom civilizado e Carli-ane até mesmo desligou o seu ce-lular, pois como a mesma disse a sua amiga, aqui não pode!

Como não pode? Pensei eu. É uma linha do metrô como todas as out-ras, não é? O metrô se aproximou e Carliane deu a vez de entrar para uma senhora de mais idade passar.

E eu já sem entender mais nada desci na estação Consolação, in-dignada por perceber que as pes-soas se comportam bem onde lhes convém e que a educação é deter-minada pelo lugar onde estamos.

Bons eram os tempos que edu-cação vinha de berço. Mas eu não me surpreendo, porque amanhã é outro dia e sei que encontrarei out-ras milhares de Carlianes.

Por Michele Barros

Novembro, 2010. Look 20

Page 21: Revista certa

Qual suaCotidiano

Finalidade?Hoje em dia é comum as pessoas fazerem uso de alguma ferramenta social como: Twitter, MSN, Orkut, entre outros.

O Twitter foi criado por Jack Dorsey em 2006 e tinha o obje-tivo inicial de integrar pessoas próximas – amigos, familiares, colegas de trabalho – num serviço que possibilitasse a comunicação e a conexão entre elas através da troca de mensagens rápidas que respondessem a uma simples per-gunta: O que você está fazendo? Ganhou uma extensa popularidade por todo mundo, algumas vezes é descrito como o “SMS da Inter-net, já que é uma ferramenta uti-lizada para envio de mensagens instantâneas, que podem ser envia-das até mesmo de um celular, ou seja, a possibilidade de enviar e re-ceber atualizações em tempo real.

Segundo Antonio Malzone, técni-co em Tecnologia da Informação, o Twitter nada mais é que uma rede social na internet onde você tem um determinado número de segui-dores, que ao adicionar qualquer comentário é replicado entre as pessoas que fazem parte do grupo. E complementa dizendo: “Na min-ha opinião, o Twitter seria mais útil se fosse utilizado para fins profis-

Por Kamila D’Angelo

sionais, como por exemplo: notí-cias de empresas, pois para o uso pessoal fica sempre a ressalva de que todo cuidado é pouco já que os usuários muitas vezes não medem as palavras e acabam por expor sua vida pessoal no microblog, o que também pode ser aproveitado por usuários mal intencionados.”

Vemos isso acontecer com frequência em sites de entreteni-mento, as “notícias” são postadas no Twitter pelos próprios artistas e que acabam virando pequenas no-tas nesses veículos. Ao invés de di-vulgarem o seu trabalho os artistas acabam falando da vida pessoal e dando sua opinião sobre diversos assuntos e gerando especulações.

Um caso recente que aconteceu no Twitter de grande repercussão foi um comentário postado pela canto-ra Rita Lee. Rita teria feito um co-mentário irônico sobre o local onde será construído o novo estádio do Corinthians, após o comentário ter sido mostrado no Fantástico, Rita entrou no microblog e disse que estava se sentindo ameaçada pelos torcedores do Timão: “O medo de acontecer algo comigo e com min-ha família é real”.

Há também pessoas anônimas que

tiveram seus trabalhos reconheci-dos através do twitter. A ex-BBB Tessália entrou para participar do BBB pelo fato de ter um grande número de seguidores.

O Twitter também tem sido utili-zado por grandes empresas para a divulgação de suas marcas e serviços. Algumas agências de empregos dispõem vagas de todos os tipos no microblog, desde para estagiários até para diretor de con-teúdo. Além disso, o Twitter tem se mostrado um ótimo instrumento para o fortalecimento das marcas no ambiente virtual, pois agrega seguidores que recebem as atual-izações enviadas pelas empresas.

Para que possam entender o Twit-ter e como ele tem influenciado a mídia, os políticos, os artistas, os jornalistas e tudo mais, vamos colocar os mais seguidos do país. A cada postagem de 140 caracteres milhões de pessoas são impacta-das. Podem ser pessoas físicas, re-vistas e jornais, programas de TV, tudo acaba indo para o Twitter. Os presidenciáveis já estão lá, e com equipes contratadas exclusiva-mente para explorar o máximo que o microblog possa oferecer.

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8o - “Eu queria abrir uma peixaria, mas sou preguiçoso demais para isso. E assim nasceu o pesque e pague”. Rafinha Bastos (4/11/2010)

9o- “Jay-Z quer se candidatar à presidência dos EUA - Cada um tem o

Tiririca que merece” Luciano Amaral (5/11/2010)

6o - “Nunca guarde mágoas... Guarde dinheiro...” Evandro Santo (7/11/2010)

5o- “Vin Diesel tá aproveitando sua visita ao Brasil. Já está sendo chamado de Vin

trocar o óleo diesel!” Beto Silva (8/11/2010)

Twitter dos Famosos

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1o -“Pessoal, infelizmente não consegui fechar acordo com

o Silvio Santos pela compra do SBT. Eu não estava em dia com os carnês do Baú” Bruno Mazzeo (12/11/2010)

7o - “O Deputado Tiririca passou no Enem do TRE. O Ministro da Educação será submetido ao teste também?” Cacá Rosset (11/11/2010)

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2o - “Somente as mulheres, as gorilas e as hienas têm hímen. Eu tive duas vezes” Ângela Bismarchi (10/11/2010)

4o - “O desemprego continua estável no Nordeste, mas o nível de vida melhorou. Ou Cris-to andou por lá fazendo milagres ou é o din-din do governo” Aguinaldo Silva (3/11/2010)

3o - “A voz tá estranha por causa do cansaço. Há duas semanas o tio não dorme mais do que 6 horas por noite. Aí, sabe como é... Tô velhinho...” William Bonner (4/11/2010)

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10o - “Amy Winehouse fará show em SP! Foi o jeito que o Denarc arranjou para acabar com a concaína do estado”Oscar FilhO (8/11/2010)

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Entretenimento

Second Life: O simulador da vida real

Pessoas que não conseguem coisas no mundo real vão conquistar sonhos no mundo virtual

Por Laís Cardoso

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Se você está passando por alguma dificuldade ou não tem mais es-perança para a realização de um sonho, que tal ter uma nova vida? Assim, você poderá conquistar tudo o que sempre quis.

Criada com detalhes mínimos que imitam a vida real e muito com-parado ao jogo The Sims, o Sec-ond Life se destaca por ser tam-bém considerada uma rede social, onde as pessoas criam suas contas e convidam outros amigos para participarem também do consid-erado simulador da vida real.

Desenvolvido em 2003, pela em-presa Linden Research Ind, na cidade de São Francisco Esta-dos Unidos, o jogo conquistou o público principalmente no exteri-or, onde as mídias especializadas.

em informática passaram a dar mais atenção, pois o número de usuários cresceu e ainda cresce de forma extraordinária.

Para que tudo seja igual ou ao menos parecido com a vida real, o jogo possui comércio, anúncios em classificados e até a própria moeda.

A moeda chama-se Linden Dollar, (também grafado como L$), o L$ pode ser comprado com dinheiro de verdade ou cartão de crédito. O site converte o valor para dólar.

Nos anúncios no Second Life, têm produtos reais, como, por exemplo, um terreno mediano L$ 5.000 (R$ 38,50), uma textura de pele realista por L$ 3.500 (R$ 27), lambreta, entre muitas outras coisas. Os preços costumam variar de vende-dor para vendedor, o simulador dá o direito de que possamos escolher onde e com quem comprar.

“Mais fácil do que viver de verda-de, não dá vontade de parar nem por um segundo”, comenta Filipe

Leme, 19 anos, estudante de En-genharia do Petróleo e viciado em Second Life.

Como na rede social, é possível também criar grupos no Second Life. Para isso, basta configurar o grupo para receber qualquer um, somente convidados ou até mesmo cobrar a entrada, para participar.

Além disso, grupos podem ser for-mados “informalmente”, ou seja, bastando aproximar um person-agem do outro que já é possível a comunicação através do teclado (e também por voz, mas ainda está em fase de testes).

A comunicação entre as pessoas acontece com emissão de som pré-gravados, gestos, empurrar e olhar (virar a cabeça, olhos e cor-po). Uma outra forma são as ex-pressões corporais e o uso de obje-tos com dois ou mais personagens de uma vez.

“O jogo foi muito bem projetado, como rede social ele é excelente, o ruim é que por ser um software distribuído em massa ele pesa um

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Entretenimento

um pouco mais no computador”, contou Eduardo Leal, de 27 anos, Analista de Sistemas e Criador de jogos.

Além de simulador, rede social e jogo, o Second Life também é muito utilizado como comércio virtual. Devido a possibilidade da conversão através do site de Linden Dollar em dólares, mui-tas empresas estão aproveitando para explorar suas marcas dentro do ambiente virtual. Isso mesmo! A própria exposição da marca dentro do Second Life é uma grande vantagem para a empresa no mundo real.

No Brasil, o jogo chegou no início de 2006 e a primeira ilha brasileia ganhou o nome de Ilha Brasil. Logo depois, outras re-frências foram criadas e surgi-ram mais ambiente como, por exemplo, Ilha Búzios, Ilha Help Brasil, Ilha Brasil Curitiba Batel, Ilha Brasília, Ilha Ribeirão Preto e Ilha RJ City.

De acordo com as estatísticas do site oficial da atração, realizada em abril de 2010, o sistema tinha mais de 4.500 milhões de usuários cadastrados e ativos.

Ilha Brasil, no Second Life

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Literalmente a vida virtual está imitando a real, além de ser até mais interessante.

Cristo Redentor, uma das sete maravilhas do mundo, no Second Life

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Novembro, 2010. Look 24

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Tem um flagra engraçado aí? Não perca tempo e mande para a redação da Look. Quem sabe, na próxima edição, a sua foto não pode estar aqui!

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Sorria!

Adriane Galisteu

Miley Cyrus

Preta Gil

Suri, filha de Tom Cruise

Amy Winehouse

David Beckham

Paul McCartney

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