Revista Parada Certa

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anos de história! Usina Hidrelétrica de Itatinga completa um século de existência e, até hoje, faz parte da vida de muitas famílias Nós fomos! Nesta edição, visitamos o Museu de Arte Sacra, em Santos Meca Santista Saiba tudo sobre a criação do prato que é sucesso na cozinha caiçara. E aprenda a prepará-lo em casa! 100 Antigos moradores Visita ao subterrâneo da cidade de São Vicente revela vestígios dos nossos antepassados N° 02 | novembro 2010 | R$ 8,90 1486389

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Produzida por alunos do terceiro ano de Jornalismo da Unisanta em 2010

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anosde história!Usina Hidrelétrica de Itatinga

completa um século de existência e, até hoje, faz parte

da vida de muitas famílias

Nós fomos!Nesta edição, visitamos o Museu de Arte Sacra, em Santos

Meca SantistaSaiba tudo sobre a criação do prato que é sucesso na cozinha caiçara. E aprenda

a prepará-lo em casa!

100

Antigos moradoresVisita ao subterrâneo da

cidade de São Vicente revela vestígios dos

nossos antepassados

N° 02 | novembro 2010 | R$ 8,90

1486389

Page 2: Revista Parada Certa

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Anda perdido por aí?

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Page 5: Revista Parada Certa

Editorial E

Imagine passar toda a sua vida cercado por um local que mais parece um cenário

retirado de um filme. Essa poderia ser a definição perfeita para os moradores da Vila

de Itatinga. Situada aos pés da Serra do Mar, conserva a essência de cidade do interior.

Lá, gerações de várias famílias ajudaram a construir a história da Usina Hidrelétrica de

Itatinga.

Nesta edição, Parada Certa traz uma reportagem especial sobre a usina que, no

mês de outubro, comemorou um século de existência. Construída em 1910, é responsável

por fornecer energia para o maior porto da América Latina, o Porto de Santos. Para

comemorar o centenário, uma festa com a participação de mais de mil pessoas, entre

antigos e atuais funcionários e seus familiares.

Na editoria Família, a repórter Aline Porfírio se aventurou no mundo subterrâneo da

primeira cidade do Brasil. A fim de descobrir um pouco mais dos nossos antepassados, ela

visitou um sítio arqueológico que reconta a história da colonização no país. Descoberto

recentemente o sítio fica dentro da Casa Martim Afonso, um centro de documentação e

pesquisa da cidade de São Vicente.

Além disso, você vai conhecer um prato típico de Santos que faz sucesso entre dez de

cada dez pessoas que experimentam.

Então, que tal aproveitar as férias de verão e visitar o litoral?

Um lugar onde todos sabem seu nome

São as lembranças registradas na memória o bem mais valioso que

um ser humano pode ter? Para as famílias de Itatinga, sim

Arucha Fernandes, editora

Parada Certa é uma publicação dos alunos da Disciplina de Laboratório de Texto, 6° Semestre de Jornalismo, da Universidade Santa Cecília, UNISANTA.

equiPe

Professores Responsáveis:

Márcia Okida e Elaine Saboya.

Editora-chefe: Arucha Fernandes

Editor Multimídia: Gabriel Martins

Planejamento Visual: Danilo Netto

Diagramação: Ivan De Stefano

rePórteres

Alexandre Alves, Aline Porfírio,

Arucha Fernandes, Carina Seles,

Danilo Netto, Gabriel Martins,

Ivan De Stefano, Leandro Aiello,

Letícia Schumann, Mariana Aquila,

Maurílio Carvalho

Page 6: Revista Parada Certa

Guia

Nós fomos!Nesta edição, nossos repórteres visitaram o Museu de Arte Sacra, em Santos

E mais...

PÁG. 76

Venha a Santos e conheça o maior jardim do mundo!

Teleférico e voo de asa delta são atrações em São Vicente

Seleção das melhores baladas para agitar a sua noite

Imagem de Iemanjá encanta turistas em Praia Grande

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PÁG. 20

PÁG. 48

PÁG. 70

FamíliaSítio arqueológico em São Vicente é aberto para a visitação do público PÁG. 54

Bom apetiteAprenda a fazer a Meca Santista, prato que é sucesso na cozinha da região litorânea PÁG. 28

Page 7: Revista Parada Certa

De pai para f ilho

Uma história centenária vista pelos olhos daqueles que

ajudaram a construir a Usina Hidrelétrica de ItatingaPÁG. 36

Page 8: Revista Parada Certa

Nosso Litoral

Page 9: Revista Parada Certa

"Pra não dizer que não falei das flores"

Quem disse que Santos só coleciona títulos no

Futebol? O maior jardim em orla de praia do

mundo está na cidadeTexto e Fotos: Gabriel Martins

Page 10: Revista Parada Certa

Provavelmente boa parte dos habitantes e turistas de

Santos já passaram pelo jardim da praia, porém, quem já parou

para observá-lo? Tudo bem, é difícil parar para vê-lo tendo a

praia bem na frente, já que, em comparação às belezas naturais

do litoral (sol, areia, mar e pessoas tomando sol) o jardim fica

muito aquém dela.

“Para que ficar lá se tem a praia bem em frente?” é o que

diz Heitor Gimenez, morador de Rio Claro, que vem sempre

passar o feriado na Baixada.

Esta é a resposta de oito a cada dez entrevistados. As

outras três disseram que gostam de passar um tempo fora

da praia para relaxar, porque não gostam de areia ou porque

ficar perto das flores e árvores é um bom meio de fugir dos

carros. Curiosamente estas pessoas estavam nos quiosques

e praças.

Se estes lugares fazem parte do jardim já é outra discussão,

mas segundo a prefeitura fazem. Provavelmente quem passa

perto das flores à noite não vai ter a mesma opinião, já que é

impossível ficar relaxado com os gatos ou pior, ratos passando

livremente entre as plantas.

O surgimento dos ratos ninguém sabe ao certo como

ocorreu, mas segundo um artigo publicado no jornal de Santos

A Tribuna de 17 de maio de 1988, os gatos foram colocados

lá por conta de uma solução muito curiosa da Prefeitura. No

melhor estilo Tom & Jerry, o Prefeito da época, Oswaldo Justo,

incentivou a colocação de gatos no jardim do José Menino

para espantar os ratos.

Não preciso nem dizer no que deu, né?! Ao invés de liquidar

os ratos, surgiu outro problema, os gatos, que não pararam de

se reproduzir. Outra curiosidade sobre o Jardim de Santos é

que em 2002 ele foi reconhecido pelo Guinness book (livro dos

recordes) como o maior jardim praiano do Mundo, com quase

5.400 metros de comprimento.

Porém, para Daniel Oliveira, morador da Baixada, este lugar

continua sendo só um enfeite para a praia, “o fato de está no

Guinness não quer dizer nada, prefiro a praia”.

Segundo Paulo Araujo, Secretário de Meio Ambiente,

muitas pessoas o adotam como primeiro lugar em seu

passatempo devido às atividades dos postos de salvamento

localizados nos canais.

Estes postos estão situados cada um em um canal,

totalizando seis, cada qual com uma atração. Neles você pode

encontrar Biblioteca/Gibiteca, (Posto 5), Cinearte (4), Escola

Pública de Surf (2), Guarda Municipal (5) e Laboratório de

Controle Ambiental (Posto 3, Gonzaga).

Renato Pinheiro Araujo, morador de São Paulo, diz que

apesar de gostar muito de praia não consegue ficar longe da

Gibiteca. “Adoro ler um gibi ou ver um jornal e só aqui eu

tenho essa oportunidade, em São Paulo eu nem

sei onde posso encontrar isto”.

O Jardim tem 719 canteiros, 77 espécies de flores

e um pouco mais de 1.745 árvores, sendo que

945 são palmeiras de pequeno e médio porte, de

21 espécies diferentes. Mas vamos às “atrações”

que se encontram por sua extensão:

Praças

Estes locais atraem uma grande quantidade

de pessoas, com uma variada faixa etária, tudo

depende de onde e que horas você prefere ir

conhecer.

Lagoa do Sapo (nome dado por causa da

enorme escultura de um sapo no meio de

uma piscina), no período da manhã até o

início da noite é tomada por crianças.

Uma delas, Alice da Silva, seis anos, considera a Lagoa sua

Disneylândia. “É o lugar mais legal do mundo, eu posso brincar

com os meus primos de bicicleta”.

O Jardim tem 719 canteiros, 77 espécies de flores e um pouco mais de 1.745 árvores

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Além de centro de

primeiros socorros, cada

posto (seis ao todo) abriga

alguma atração diferente

Page 12: Revista Parada Certa

O jardim se estende por toda a orla de Santos, nas Avenidas Presidente Wilson, Vicente de Carvalho, Bartolomeu de Gusmão e Saldanha da Gama.

QUER CONHECER?

Page 13: Revista Parada Certa

3

Os pais Jair e Rosângela, por sua vez, acham outra

qualidade na praça, a segurança. “Por ser um local pequeno

e com muitas crianças, elas se divertem com outras crianças

e podem sair da frente da TV e do computador”, conta um

dos pais.

Já depois das 22h, o local vira um deserto, apenas casais

apaixonados se aventuram. A outra praça, popularmente

chamada Praça das Bandeiras, fica em frente ao Gonzaga,

centro comercial de Santos, onde estão todas as bandeiras

dos estados brasileiros mais a bandeira do Brasil e do Distrito

Federal. Ela conta com a boa e velha fonte (que não pode

faltar) e também há um bondinho inativo que atrai muitos

turistas para fotos.

Assim como a Lagoa do Sapo, é dividida em quatro

públicos distintos. No período do dia, os turistas e os

jogadores de futebol de areia, também conhecidos como

peladeiros, que marcam este local para se encontrar com os

companheiros de time.

No período da noite, os casais românticos tomam conta

de todo o lugar, porém, aqui, quem predomina é a tribo dos

emos, apesar de ser em número menor do que há três ou

quatro anos.

E, por fim, temos a Praça do Surfista que, como o próprio

nome já diz, conta com um público bem jovem que tem como

passatempo surfar.

Inclusive, nesta praça, há o posto com a primeira escola

pública de surf do Brasil. “É uma oportunidade única para

todos os surfistas da região poder ter uma escola como

essa, eu e meus brothers só surfamos aqui, vejo muita a

“mulecadinha aprendendo a surfar”, conta Renato Tavares,

surfista há oito anos.

quiosques

Ao lado de um canal sempre há os quiosques de lanche,

mas é o do canal 3 onde ficam as tradicionalíssimas mesas de

pedra para público jogar xadrez, dominó e carteado.

Um dos personagens dessas mesas é Fernando

Montovani, 55 anos, freqüentador do local há não menos de

20 anos. Segundo ele, ali é sua segunda casa, “venho aqui

de segunda à quinta. Para mim só em lugares assim que eu

me sinto bem”.

E este é o público do local. São vários Fernandos Montovanis

que têm, como um dos únicos passatempos, gastar umas

poucas horas sentado à uma mesa de pedra jogando.

Page 14: Revista Parada Certa

Viagem no azul do mar

Texto: Leandro Aiello

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Page 15: Revista Parada Certa

Viajar em um cruzeiro está virando febre. A forte divulgação

das agências de viagens e o esclarecimento dos tripulantes

têm surtido efeito e cada vez mais os cruzeiros marítimos

ganham adeptos. Caos aéreo, acidentes nas rodovias que

causam mortes nas estradas em todos os feriados e finais de

semana e de ano, fizeram do transporte marítimo uma opção

segura e confortável.

Dentro de um navio, há piscina, banho de sol, shows,

festas temáticas, salão de jogos e a cabine onde o tripulante

descansa no momento que desejar. Enquanto que, dentro

de um automóvel, trem, ônibus, avião ou outro veículo, a

viagem é mais cansativa e não oferece tantas atrações como

os navios.

Durante o mês de outubro, 50% das cabines promocionais

das grandes agências CVC e MSC já tinham sido vendidas,

mas muitos ainda corriam para embarcar nas mordomias em

alto mar. Promoções do tipo, segundo passageiro com 50%

de desconto ou terceiro isento, são bem mais procuradas,

contudo, o tempo é um grande aliado de quem quer

economizar.

Comprando com antecedência, os pacotes podem chegar

à metade do preço e com parcelamento de até 10 vezes.

Quem comprar no início do ano pagará menos e irá viajar

sem dívida alguma.

No entanto, para a agente de viagens Leticia Spataro da

Agência de Viagens e Turismo, Doce Ilha, conforme os navios

vão chegando ao país, a população se anima e vai à procura

das agências. Segundo ela, muitas pessoas deixam para

comprar as suas passagens em cima da hora, logo após a

chegada do navio.

Foto: cruzeirosmaritimos.nippontour.com.br

15

Page 16: Revista Parada Certa

a esColha

Muitas dúvidas surgem antes da escolha de qual cruzeiro

é o mais adequado para cada pessoa. Valores, atrações, festas,

shows, entre outras. Há cruzeiros universitários, shows de

cantores famosos, mas nem sempre agradam a todos.

Portanto, consultar um agente de viagens é a forma

adequada para ampliar os horizontes dos interessados e

embarcar numa conversa na qual todas as dúvidas sejam

esclarecidas e o passageiro tenha uma viagem tranqüila e sem

tempestades.

O perfil do tripulante é traçado pelo agente especializado.

De acordo com Leticia Spataro, as primeiras informações que

o agente precisa saber do cliente são: os dias e o mês em que

há o interesse de embarque, pois, com esses dados a agência

apresentará os possíveis cruzeiros.

Com as datas pré definidas, o próximo passo é direcionar a

viagem entre familiar, amigos ou trabalho. Se for uma pessoa

que goste de beber, os navios da empresa CVC têm tudo

incluso e 24 horas por dia. Todavia, é interessante perguntar as

marcas das bebidas oferecidas a bordo.

Pode parecer bobagem ou exigência demais, porém,

segundo a corretora de imóveis Camila Bobbio, que viajou

na temporada passada, o gosto de certas bebidas não eram

agradáveis e as marcas não eram conhecidas, o que deixou ela

e o marido desapontados.

Na hora de escolher a cabine, alguns cuidados precisam ser

tomados. Para quem tem claustrofobia, as cabines externas são

recomendadas, apesar de fechadas, elas possuem vista para o

mar. As cabines internas não têm vista para o mar, porém os

preços normalmente são mais baixos em relação às outras.

E as cabines com varanda são ideais para fumantes, para

quem tem claustrofobia e necessita de um local aberto e para

os que desejam apreciar a paisagem e estão dispostos a gastar

um pouco mais por isso, explica Spataro.

Por dentro

Saber das mordomias e atrações as quais os tripulantes

estão acostumados é fácil, mas e os funcionários do navio,

como seria a vida dessas pessoas confinadas durante meses?

Segundo Marcelo de Freitas Souza, 21, formado em

Ciências Econômicas e Administração, “morar em um navio,

é bem diferente, pois não temos o conforto dos passageiros;

as cabines têm poucos metros quadrados, e você sempre vai

dividi-la com mais uma pessoa, você gostando ou não dela”.

16

FOTO!

Page 17: Revista Parada Certa

FOTO!

Foto: 4.bp.blogspot.com

As embarcações estão cada

vez mais luxuosas e completas

para satisfazer todas as

necessidades dos turistas

Page 18: Revista Parada Certa

Foto: 2.bp.blogspot.com

Page 19: Revista Parada Certa

Marcelo embarcou pela primeira vez em 2007, levado

pelo sonho de viajar pelo mundo, ganhar dinheiro fácil e sem

despesas. No começo os familiares foram contra, mas com o

decorrer do contrato foram cedendo.

Um dos maiores problemas de morar e trabalhar em

um navio longe de toda a família é a questão da solidão e

dos medos. “Acho que não existe como não sentir medo, é

um mundo completamente diferente e camuflado, onde as

pessoas estão felizes e tristes ao mesmo tempo, você acaba

não sabendo quem é seu amigo e quem é inimigo”.

Freitas diz que em 2011 entrará em vigor uma lei que

protegerá o tripulante de nacionalidade brasileira, “isso foi

muito bom, pois é o reconhecimento do governo brasileiro

sobre todos aqueles que trabalham a bordo de navios

cruzeiros”. Marcelo quase ficou um ano a bordo, normalmente

são 9 meses, sempre trabalhando para a mesma empresa,

MSC Cruzeiros. Hoje ele trabalha como Sr Garçom ou Primeiro

Garçom, no restaurante do navio.

Mesmo com os prós e contras da profissão, Marcelo

garante que o trabalho no navio é passageiro, apenas um meio

rápido para guardar dinheiro e viajar pelo mundo.

emPresas

CVC - Período de seis anos de operação própria de cruzeiros

em que a empresa tem fretado transatlânticos para o país. “A

sua grande vantagem são as bebidas e alimentação inclusas 24

horas por dia. Empresa recomendada ao público jovem, que

estão na faixa dos que bebem mais”, indica.

MSC - Abriu a temporada brasileira com o navio MSC

Armonia. “Seus navios são bons e a decoração é clean e

discreta”, argumenta a agente.

Costa Cruzeiros e Royal Caribbean - Ambas as empresas

são recomendadas para viajar com familiares. A Costa

Cruzeiros possui um toboágua para as crianças e “mimos”

diferenciados ao longo da viagem, como por exemplo: cestas

de frutas espalhadas por todo o navio, para assim, agradar os

tripulantes, ressalva.

A Royal tem uma espécie de “bandejão” caso os tripulantes

não estejam à vontade para uma noite de gala, existe essa

opção para uma refeição mais simples.

Íbero Cruzeiros - Estreou na última temporada no Brasil.

A Íbero possui navios menores, com preços mais acessíveis.

Durante as refeições as bebidas são de graça, o que atrai o

público, indica.

Ao desembarcar no terminal de passageiros, muitos

turistas estão perdidos e sem destino do que fazer e para

onde ir. A associação mundial presente também em Santos

chamada Convention & Visitors Bureau, auxilia os passageiros

no reconhecimento da cidade.

A entidade está em Santos há oito anos e durante esse

tempo, criou a Costa da Mata Atlântica, projeto que une as

nove cidades da Baixada Santista em apenas um destino.

O turista recebe no terminal de passageiros, um roteiro

gastronômico com 19 opções de locais para comer. São

estabelecimentos credenciados no Convention & Visitors

Bureau, e têm a missão de receber bem os turistas.

Os clientes recebidos nesses estabelecimentos criam um

vínculo com a cidade e podem se tornar investidores. Além do

roteiro gastronômico que amplia as possibilidades de visitação

dos turistas, há também a entrega do Mapa Turístico da Mata

Atlântica, que apresenta a disposição geográfica das nove

cidades da Baixada Santista bem como suas principais atrações.

Com todo o respaldo dado aos turistas que desembarcam

em Santos, as chances de crescimento e investimento na

cidade, aumentam. De acordo com Aristides Faria, Assessor de

Eventos e Novos Negócios do Convention & Visitors Bureau, a

divulgação da cidade não só na região do porto como também

para os eventos na mesma, devem ser feitos em conjunto com

os demais municípios. “O turista deve receber um guia no

terminal de passageiros e com este guia, poder comer e passear

em locais agradáveis em toda a região”, explica Aristides.

As cabines externas são recomendadas para os que

preferem uma vista para o mar

19

Foto: cruzeiromaritimo.net

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Page 21: Revista Parada Certa

Adrenalinanas alturas

Para os mais corajosos, o litoral oferece um passeio de

tirar o fôlego. Inaugurado em 2002, o teleférico de São

Vicente nos leva até o alto do morro do Voturuá, onde

alguns descem "pulando"

Texto e fotos: Ivan De Stefano

Aventura

Quem disse que o ser humano não pode voar? Seja em

cadeiras ou em tecidos que nos levam às alturas, o homem foi

aperfeiçoando a cada dia a sua maneira de viver e de expor

sua liberdade. E nada melhor para representar um momento

livre do que voando. No litoral da Baixada Santista, a cidade

de São Vicente é uma das que oferece a oportunidade de

sentir esta sensação de liberdade nas alturas. E tudo em um

só percurso. Se você é um desses que está procurando por

adrenalina ou somente um passeio em família com friozinho

na barriga, siga esta dica da Parada Certa.

O passeio rumo às alturas começa pelo Teleférico de São

Vicente, localizado na Avenida Ayrton Senna, nº 500, na Praia

do Itararé. Inaugurado em 2002, é um dos pontos turísticos

mais visitados da Baixada Santista. Neste ano, completa o total

de 500 mil visitas. O percurso, de 700 metros de extensão e

180 metros de altura, liga a Praia do Itararé ao Morro Voturuá,

mais conhecido na região por Morro da Asa Delta, pois é de

lá que os apaixonados por voo fazem suas decolagens de asa

delta e parapente.

Mas não se preocupe. Se você tem medo de altura e não

quer arriscar uma carona ao Morro pelo Teleférico, o acesso

também pode ser feito de carro pelo Morro José Menino, em

Santos. Frio na barriga é sem dúvida o principal sentimento

causado para quem for desfrutar deste passeio no Teleférico.

Por apenas R$ 12 e com 11 minutos de percurso (11

minutos na ida, mais 11 minutos na volta), senti na pele a

sensação de estar nas alturas, por mais que estivesse sentado.

A placa “Prepare-se para uma linda aventura” pouco descreve

a sensação que se tem ao “decolar” por meio de cadeiras

fixadas em cabos de aço. Apesar de o trajeto parecer lento,

o Teleférico foi o primeiro no país com controle eletrônico

de quatro velocidades. Talvez a “baixa velocidade” seja para

apreciar melhor o visual.

A vista começa a tomar uma outra forma. Pessoas viram

formigas, carros se transformam em miniaturas e o vento se

torna mais forte à medida que se chega mais perto do Morro.

Na primeira parte, é indescritível a sensação que se tem ao

passar “por cima” dos carros. O único momento que dá medo

durante todo o percurso. Após passada a tensão dos carros,

as cadeiras nos levam por entre a vegetação do Morro, local

onde o silêncio só disputa com os sons dos pássaros e o

corpo relaxa.

21

Page 22: Revista Parada Certa

O passeio pelo Teleférico pode ser feito de segunda

à sexta, das 13 às 18 horas e aos sábados, domingos e

feriados, das 10 às 18 horas. Maiores de 60 anos pagam

meia entrada e crianças até oito anos não pagam. “Senti

um pouco de medo no começo, mas depois dos primeiros

minutos de tensão o corpo se acostuma com a adrenalina e

você acaba se entregando às sensações”, resume a santista

Cláudia Moreira, de 28 anos, que me fez companhia

durante o percurso de ida.

Após o passeio, instrutores nos ajudam a descer das

cadeiras, tanto no início do percurso, como lá em cima, na

chegada ao Morro. Quando se pensa que a belíssima vista

havia terminado, me deparo com uma imensa plataforma,

por onde “uns malucos” pulam em direção à praia, se

entregando ao vento nas alturas.

No lugar, há estacionamento para os “turistas menos

encorajados” que subiram ao Morro pela estrada de terra,

banheiros, internet via Wi-fii e um “restaurante para

enganar a fome”. Mas só para enganar mesmo, nada de

muito luxo além de alguns salgados e refrigerantes.

No alto do Morro também está localizado o Clube de

Vôo Livre do Litoral Paulista (CVLLP). Fundado em 25 de

julho de 1978, é o primeiro clube oficializado no Brasil, que

agrega pilotos de asa delta e parapente. No Clube, além

dos praticantes profissionais do esporte, aulas teóricas e

práticas também são dadas para os interessados em iniciar

nessa “carreira de aventura”.

O curso todo custa por volta de R$ 8.500, dependendo

dos equipamentos que cada piloto comprar. O tempo do

curso depende do preparo do aluno e da sua freqüência às

aulas. Mas se você está sem grana e também quer disputar

espaço junto aos pássaros, não se entristeça.

O Clube oferece a prática de vôos duplos. Por R$ 120, é

possível decolar junto com um piloto profissional do lugar

e fazer parte da sensação que eles sentem ao estarem nas

alturas. O instrutor é quem controla toda a decolagem. A

nós, só resta curtir a sensação, sem se preocupar muito

com “o que fazer para não cair”. O tempo de decolagem

depende da disposição do piloto e do clima que a natureza

nos oferecer.

Para pular, são necessários quatro objetos principais: o

selete - funciona como um casulo onde o atleta fica durante

todo o voo -, acoplado a ele fica o paraquedas reserva,

22

Page 23: Revista Parada Certa

O teleférico de São Vicente atingiu a marca

de 500 mil visitas este ano. Inaugurado

em 2002, é um dos pontos turísticos mais

procurados da Baixada Santista

O Morro do Voturuá oferece uma vista única

de toda a extensão da praia vicentina

23

Foto: Mariana Beda

Page 24: Revista Parada Certa

Para se aventurar nas alturas é preciso desembolsar R$ 120, por um passeio duplo de asa delta com piloto profissional

24

Page 25: Revista Parada Certa

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Page 26: Revista Parada Certa

telefériCo são ViCente

:: De segunda à sexta, das 13 às 18 horas.Sábados, domingos e feriados, das 10 às 18h:: Avenida Ayrton Senna, nº 500 Praia do Itararé – R$12 por pessoa :: Idosos até 60 anos pagam meia entrada Crianças até 8 anos não pagam:: Tel.: 3469-7755 ou 3568-2899Clube de Vôo liVre do litoral Paulista (CVllP):: www.cvllp.com.br:: Morro do Voturuá – R$ 120 voo duplo / R$ 8.500 curso completo:: Tel.: 3568-8043

QUER CONHECER?

Foto: Mariana Beda

Page 27: Revista Parada Certa

27

utilizado em casos de emergência, um par de mosquetões

e o velame, maior parte do equipamento dividido em

três partes: vela, linha e tirantes. Todos esses nomes são

explicados nos cursos oferecidos pelo Clube. Nas aulas

práticas, os profissionais expõem os assuntos necessários

para a decolagem: como abrir o parapente, conectar-se ao

vizinho, fazer a checagem, inflar com segurança e realizar

uma boa aproximação e voo.

Na parte teórica, os alunos e futuros pilotos aprendem

as condições de como comprar o equipamento, o que é um

parapente e como funciona, mecânica de voo, meteorologia

(vento, nuvens e micrometeorologia), manobras de

emergência, térmica entre outras. Tudo com um linguajar

especificado que só os mais conhecidos do esporte

entendem.

Carlinhos Tuchai, instrutor de voo e praticante do esporte

há 18 anos, conta que sua primeira experiência com o

esporte foi em um voo duplo que durou 40 minutos. “Desde

então me apaixonei pelo esporte, pois foi nele que passei

a me sentir livre”, complementa Tuchai. Os visitantes mais

frequentes são os turistas, já que os moradores da região

pouco usufruem desta adrenalina.

Na baixa temporada, os finais de semana são os dias

preferidos das famílias e grupos de idosos do Litoral, mas

o lugar recebe ainda mais visitas em alta temporada – nos

meses de dezembro à março – e em época de cruzeiros

que trazem junto a eles, turistas de todas as partes à região

litorânea.

O sítio de voo de São Vicente foi inaugurado pelos irmãos

Haroldo e Celso Dias e pelo piloto Djalma Vieira. É na rampa

Cleber Talarico que o piloto Tuchai faz suas decolagens e

onde recordes de voo são batidos.

O recorde de distância de Asa Delta foi realizado pelo

piloto Beethoven, em 2006, que alcançou uma distância

de 48,6 km. Em relação ao parapente, Ângelo Santos de

Oliveira, mais conhecido como Caboclinho, foi o responsável

por quebrar o recorde de parapente em abril deste ano, ao

alcançar 1636 metros de altura. “Essa sensação de liberdade

tornou-se meu maior vício”, completa o piloto Carlinhos

Tuchai. Atualmente, mais de 100 mil pessoas praticam o

esporte em todo o Brasil.

Além de ver os navios em alto mar e os pontinhos

nos quais os banhistas se transformam quando vistos lá

do alto, também é possível visualizar do alto do morro as

cidades Santos, Guarujá, Praia Grande e Cubatão. É como se

entrássemos em um outro mundo.

Lá em cima, inúmeras pessoas conversam de altura,

velocidade, tempo de voo, e “se jogam” do alto do morro

na maior naturalidade. Rádios são usados para fazer a

comunicação com o piloto e passar as instruções necessárias

para se obter uma decolagem segura.

Tuchai diz que nunca houve um acidente grave, mas

que muitos cuidados são necessários para garantir um voo

com segurança, como os ensinamentos que são passados

durante o curso, o qual proporciona um maior conhecimento

do piloto antes de sair “se jogando” por aí. Uma bandeira

instalada no local faz a medição do vento para que os pilotos

saibam as melhores horas e um bom clima para praticar o

voo. Sem contar outros cuidados em relação ao tempo que

passam a ser analisados pelos atletas como a preocupação

com a velocidade do vento e a neblina, o que pode causar

uma maior dificuldade para enxergar durante o voo.

Se você tiver a coragem de pular junto com o instrutor,

deixo aqui minha admiração. O convite até foi feito, mas

meu medo de altura falou mais alto e resolvi descer do

Morro pelo percurso de volta no Teleférico. Mas mesmo

assim, não foi um passeio perdido.

A sensação que senti ao subir e descer pelo Teleférico

e poder desfrutar do belo visual que o Morro Voturuá nos

proporciona já me fez sentir um pouco do gostinho que

todas aquelas gaivotas que vi lá de cima sentem ao estarem

lá, de asas abertas, se equilibrando por entre o vento e

deslizando no meio das nuvens.

o esPorte

Os primeiros modelos de parapente foram feitos

especialmente para as espaçonaves. Foi o norte-americano,

David Barish quem se dedicou a criar um novo paraquedas

destinado ao projeto Apolo, da NASA.

Em 1973, Barish foi o responsável por escrever o primeiro

manual de Paraglider, mostrando o esporte como uma

variante do voo livre. No Brasil, o primeiro voo de Paraglider

que se tem registro foi realizado em 1988, no Rio de Janeiro,

por dois suíços que decolaram na rampa da Pedra Bonita, já

utilizada por praticantes de asa delta.

Atualmente, o Brasil ocupa a 7ª colocação do ranking

mundial em prática do esporte.

Page 28: Revista Parada Certa

Garçom, anotaum pedido?Prato típico de Santos, a Meca,

conquista turistas de todas as regiões

Texto e Fotos: Alexandre Alves

Bom apetite

Foto: Santos e Região Convention & Visitors Bureau

Page 29: Revista Parada Certa

Ao contrário da maioria dos pratos típicos, a Meca Santista

não foi uma ideia que saiu das cozinhas do povo local. Criada

especialmente para ser o prato turístico de Santos, ela foi

desenvolvida pelo chef Rodrigo Anunciato Alvarez em 2005

e disseminada, por ele mesmo, para cozinheiros de diversos

restaurantes da cidade, no laboratório de culinária da Universidade

Católica de Santos (UniSantos). Bem diferente do que acontece

com outros pratos regionais, que geralmente são passados de

geração para geração. Mesmo assim, a Meca Santista não nega

a sua origem caiçara.

O curioso é que a Meca Santista é o prato turístico da

Cidade, mas não o prato oficial, conta Anunciato. “Ele é turístico

porque o turista vem para cá, vai comer e vai se apaixonar. E vai

querer voltar aqui por causa do prato. Essa é a ideia”. Segundo

ele, recentemente, algumas publicações fizeram essa confusão,

considerando a Meca como o prato oficial de Santos, o que

é um grande engano. O prato oficial é a Pescada Amarela ao

molho de Café, escolhido em 2003 em concurso, vencido por

um cozinheiro de Camburi. Mas quem se lembra dele? “Estava

muito francês, grande centro, talvez cosmopolita demais. Aqui

em Santos, somos um povo simples e de alimentação simples

também”, comenta o chef.

A Secretaria de Turismo de Santos (Setur) queria colocar a

gastronomia da Cidade no cenário nacional da gastronomia, em

2005, e chamou o chef Anunciato para elaborar o prato turístico

local. A base foi escolhida através de uma pesquisa feita com

moradores e turistas para saber qual o sabor lembra mais Santos.

A partir daí, surgiram três nomes: meca, pupunha e banana.

Para o chef, que também leciona no curso de Gastronomia

da UniSantos, tudo isso faz parte de uma tentativa de resgatar os

chamados sabores da terra, no caso, a culinária caiçara. “Hoje, o

que pega em Santos é pizza. Mas até mesmo alguns restaurantes

de São Paulo tentam, mesmo que timidamente, copiar a receita

da Meca, que não é mistério para ninguém. Ela está no site da

Setur e qualquer pessoa pode fazer”, diz.

A escolha dos ingredientes é justificada pelo conceito

apresentado pelo chef, de que a gastronomia caiçara é, entre

outras coisas, a mistura dos elementos da terra com os do mar.

Ele destaca a grande quantidade de plantações de banana e

pupunha que existem na região, não na Cidade de Santos, mas

em lugares não muito distantes como Peruíbe e Vale do Ribeira.

“Só em Itariri, há dois milhões de pés de pupunha plantados. São

cidades produtoras que ficam próximas daqui. Por causa disso,

puxamos esses ingredientes”.

Page 30: Revista Parada Certa

Além da preocupação de usar ingredientes típicos da região,

Anunciato fez questão de homenagear os imigrantes que vieram

aqui. A meca é grelhada e seu acompanhamento inclui, além da

farofa e risoto. A intenção dele foi mostrar como Santos recebe

bem os povos que aqui aportam. “Tenho 36 anos, conheço 33

países, e não há lugar como Santos. Eu quis mostrar isso para as

pessoas que comem esse prato”.

Exemplo disso é a utilização do bacon na farofa e do arroz

arbóreo no risoto. Ele explica que o bacon é uma homenagem

aos portugueses, que quando vieram para cá, nos tempos das

grandes navegações, tinham as carnes salgadas como base da

alimentação. Já o arroz arbóreo é típico italiano, em referência

aos imigrantes que vieram aqui séculos depois dos lusitanos. Ele

lembra ainda que todo risoto deve ser feito com arroz arbóreo, ou

suas variações, como o grão carnarolli ou, um tipo mais específico,

que é o caso do vialone nano. Segundo ele, se não houver alguns

desses grãos, não pode ser considerado risoto.

Já em relação à meca, Anunciato diz que ela ficou cinco

vezes mais cara do que era antes da criação do prato, devido ao

aumento da procura. “Eu costumo dizer que, por causa disso, os

peixeiros me adoram e a população me odeia”. Ele explica que se

trata de um peixe difícil de se pescar, que é de alto-mar, onde a

água é mais fria, e que sua carne é gordurosa, o que justamente a

deixa mais firme e densa.

A meca é uma variação maior do peixe-espada e alguns de

seus exemplares chegam facilmente a 150kg. Para o chef de

cozinha, quanto maior o peixe, menor deveria ser o preço, porque

um pescado dá para servir muitas pessoas, mas devido à procura,

isso não acontece. “Mas isso não é só aqui. No Japão, o atum

vermelho também é um peixe enorme, mas devido à delicadeza

da carne e, principalmente, da procura, uma unidade dele chega a

US$10 mil”, o que daria cerca de US$66 por quilo.

A peixeira do tradicional mercado de peixes da Ponta da Praia,

em Santos, Francisca Alexandra da Silva, admite a valorização da

meca devido ao aumento de sua procura, e diz que é um dos peixes

que mais vende, entretanto, a maioria da clientela vai atrás desse

pescado para fazer churrasco. Ela alerta ainda dizendo que esse

peixe não é recomendado para refogar ou fazer moqueca porque

se espatifa devido à sua gordura. A média de preço da meca no

mercado de peixes varia de R$14 a R$18, o quilo. Praticamente o

mesmo preço do linguado e do abadejo (ou badejo). Para efeito

comparativo, ela não é tão cara como o salmão, que custa cerca

de R$30/kg, e o camarão rosa, que chega a R$40/kg.

30

Page 31: Revista Parada Certa

A Meca é um dos peixes mais

vendidos em Santos. O preço da

iguaria varia de R$14 a R$18, o quilo

Page 32: Revista Parada Certa

No restaurante Point 44, a Meca Santista é vendida, no modo

à la carte, a R$89 e serve de três a quatro pessoas. O dono do

local, Salvatore Antonio Politano, diz que o preço do prato se

justifica por não ser um peixe fácil de se pescar, apesar de ser

encontrado na região. “Independentemente disso, é uma receita

muito bem elaborada que acompanha camarões grandes. Além

disso, todas às quintas, a meca é servida em modo de self-service

no almoço, por R$22,90”, diz ele.

Devido a isso, o sr. Salvatore, como é chamado, diz que a

Meca Santista é um dos pratos mais vendidos no à la carte e a

considera, apesar de sofisticada, não cara. “Não é um prato muito

barato, mas não é nada absurdo. Aqui apesar do preço, serve até

quatro pessoas. Um pouco mais de R$20 por pessoa. Além disso,

é um prato muito saboroso e muitíssimo bem feito”, explica.

Salvatore, no entanto, critica a falta de divulgação do prato.

Ele diz reconhecer os esforços da Setur nesse quesito, mas que

falta algo mais, sobretudo, uma exposição maior na imprensa. Ele

diz que, com exceção aos paulistas que costumam vir aos finais de

semana, o turista, de modo geral, não conhece o prato. “A gente

acaba informando. Ele quer saber por que é o prato turístico e

acabamos dando uma explicadinha”.

A turista Mariana Almeida, de Uberlândia-MG, na sua segunda

vez que visita Santos, diz nunca ter ouvido falar da Meca Santista e

nem do peixe que a é base do prato turístico da Cidade. “Quando

viajo com a minha família para cidades litorâneas, na maioria das

vezes, nós procuramos experimentar os pratos locais. Mas daqui,

não conheço nenhum”.

Além da falta de informação sobre o prato, outra coisa a

se lamentar é o fato da receita original não ser respeitada por

parte dos restaurantes. O chef Rodrigo Anunciato lembra que

quando a Meca Santista foi lançada, representantes de diversos

restaurantes foram até o laboratório de culinária da UniSantos

para aprender como se faz o prato. Porém, segundo Anunciato, a

mão de obra gastronômica gira muito, e parte desses cozinheiros

não trabalham mais no mesmo lugar de cinco anos atrás e não

passaram a informação adiante.

Ele diz que o desconhecimento a respeito de alguns

ingredientes como o arroz arbóreo, por exemplo, é outro fator.

Mas a grande causa dessas variações da Meca Santista de

restaurante para restaurante, segundo ele, é a falta de respeito

para com a nomenclatura dos pratos. Isso vale tanto para o prato

turístico da Cidade, como para pratos clássicos. “Infelizmente no

Brasil, com a nossa cultura de variedade e versatilidade, o famoso

‘jeitinho brasileiro’, acabou fazendo com que alguns quisessem

colocar o seu próprio toque em um prato que é típico, o que é

lamentável”, diz ele.

Para justificar isso, ele cita outro exemplo e ainda faz um convite:

“Convido o leitor para fazer esse teste. Vá em três restaurantes,

mesmo que você já conheça, e peça um filé ao molho madeira.

Tenho certeza que você vai comer três pratos diferentes”. Ele diz

que isso não acontece em um país como a França, porque se trata

de um prato clássico, e isso não se muda e nem se adapta. Ele diz

que tem gente que chega a trocar o abacaxi pela cereja, na receita

da farofa. “Isso é absurdo. Enquanto a cereja é doce, o abacaxi é

mais cítrico, ácido, é justamente o que dá contraste com a gordura

do bacon e da linguiça, que também vão na farofa. A cereja, não”.

Existe um trabalho feito pela Setur para fiscalizar se o prato

está sendo feito como se deve, caso contrário, o estabelecimento

perde o selo com o nome de Meca Santista. Segundo Anunciato,

antes havia 64 restaurantes autorizados a vender o prato, e hoje são

apenas 18. Porém, mesmo em restaurantes que detêm este selo,

é possível encontrar esse tipo de variação. “Falta uma fiscalização

mais séria. Mas é muito difícil coibir esse tipo de prática porque

isso já está intrínseco ao modo brasileiro de cozinhar”.

O Chef Rodrigo Anunciato desenvolveu a receita em 2005, a intenção era criar um prato tipicamente caiçara

32

Page 33: Revista Parada Certa

A Limite Radical Rappel Jump SP

é uma das equipes que

comparecem com freqüência

31

QUER CONHECER?restaurantes que serVem a meCa santista

:: Armazém 29Tel: 3289-4629 - Rua Pindorama, 29 - Boqueirão:: Atlântico HotelTel: 3289-4500 - Av. Presidente Wilson, 01 - Gonzaga:: El GalloTel: 3223-5401 - Praça República, 43 - Centro:: Hélio’sTel: 3239-2444 - Av. Barão de Penedo, 6 - J. Menino:: LilianaTel: 3284-5999 - Av. Ana Costa, 404 - GonzagaVeja a lista ComPleta em: paradacerta.webnode.com.br

O restaurante Point 44 é um dos dezoito

estabelecimentos com o selo que autoriza a

venda da legítima Meca Santista

Page 34: Revista Parada Certa

Como fazer?ingredientes

1 posta de meca de 500g 1 dente de alho amassado

1 colher de sopa de azeite 1 colher de sopa de manteiga

½ limão sal e pimenta branca a gosto

2 camarões pistola limpos salsinha picada a gosto

Retire o osso da meca e separe a posta em filés. Tempere com alho, sal e

limão. Em uma frigideira quente, coloque azeite e manteiga, apenas para grelhar.

Separe. Corte os camarões ao meio, mas sem separar da cauda. Tempere com sal

e pimenta, frite levemente e coloque sobre o filé da Meca.

risoto de PuPunha

2 colheres de sopa de cebola picada 2 colheres de sopa de azeite

1 xícara de chá de arroz 3 xícaras de chá de água fervente

2 cubos de caldo de legumes ½ xícara de chá de cenoura ralada

300g de pupunha em cubos 2 colheres de sopa de manteiga

100g de queijo parmesão (ralado) sal a gosto

Dissolva os cubos de caldo de legumes nas 3 xícaras de água fervente e

reserve, mantendo quente. Refogue a cebola picada no azeite. Quando estiver

transparente,acrescente o arroz. Despeje um terço do caldo de legumes e, com o

fogo baixo, deixe cozinhar destampado. Quando estiver quase seco, acrescente

metade do caldo e mexa algumas vezes, para não grudar no fundo da panela.

Quando secar novamente, adicione o resto do caldo à cenoura e mexa. Assim

que estiver quase sem água, retire a panela do fogo, acrescente a pupunha, a

manteiga, que deve estar gelada, e o parmesão. Mexa e sirva imediatamente.

farofa de banana

2 colheres (sopa) de cebola ralada 1 dente de alho amassado

½ xícara de bacon ½ lingüiça calabresa em cubinhos

1 banana nanica cortada em cubinhos 1 xícara de farinha de mandioca grossa

1 ovo cozido em cubinhos Sal, salsinha e cebolinha verde a gosto

Azeite e manteiga para refogar ½ fatia de abacaxi em conserva

PreParo

Refogue o bacon e a lingüiça em azeite e manteiga, Junte a cebola e o alho.

Quando estiverem dourados, coloque a banana. Esquente, tomando cuidado para

não desmanchar. Em seguida, adicione a farinha e mexa até dourar. Desligue o fogo

e junte a salsa, o sal, o ovo, a cebolinha e o abacaxi.

meCa santista

Font

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Page 35: Revista Parada Certa

Foto: Prefeitura de Santos

Page 36: Revista Parada Certa

Especial

Foto: Assessoria das Docas - Codesp

Page 37: Revista Parada Certa

De pai para filhoCentenária a Hidrelétrica de Itatinga fornece

energia para o maior porto da America Latina. Na

vila de trabalhadores formada ao redor da usina

histórias de várias gerações de famílias

Texto e fotos: Danilo NettoFoto da capa: Sérgio Coelho/Codesp

Page 38: Revista Parada Certa

34

Visionários os engenheiros envolvidos no

projeto da usina já previram o crescimento

do Porto santista em meados de 1904

Page 39: Revista Parada Certa

Atualmente, seria relativamente fácil um grupo de

empresários com capital erguer uma usina hidrelétrica com

núcleo residencial para abrigar os funcionários e seus familiares

em um local afastado e com dificuldade de acesso. Mesmo com

o objetivo de mandar energia para um porto a trinta quilômetros

de distância, com o avanço da tecnologia que temos hoje não

haveria grandes problemas. Mas e há 100 anos?

Pois é, mas foi exatamente o que aconteceu com a Usina

Hidrelétrica de Itatinga que fornece energia desde 10 de

outubro de 1910 para o maior porto da America Latina, o Porto

de Santos. Em 1902, a empresa Docas comprou a Fazenda Pelaes

com um manancial na bacia onde nasce o rio Itatinga.

Local escolhido. Em 1904 começam a erguer a usina.

Porém, para a construção aparecem dois desafios: como levar

os equipamentos e mão de obra que vinham pelo mar para

o ponto da construção? E como criar um núcleo habitacional

para os funcionários e familiares? Para isso, implementaram

uma linha férrea de oito quilômetros e criaram uma vila ao

redor da usina com casas, posto médico, escola, cinema, área

de lazer e armazéns, assim surgiu a Vila de Itatinga.

Para o atual administrador da usina Itamar Barbosa

Gonçalves, os engenheiros tiveram uma visão do futuro,

planejaram a hidrelétrica prevendo um crescimento do Porto

de Santos e uma produção de baixo impacto ambiental.

“Atualmente 85% da energia do porto é gerada pela Hidrelétrica

de Itatinga. Após 100 anos fazemos apenas a manutenção e

conservação desse projeto grandioso”, afirma Gonçalves.

Da queda d’água ao porto - A água é captada na Serra do

Mar à 640 metros de altura do Rio Itatinga e desce por meio de

cinco linhas de tubos paralelos, de aço fundido, cada um com

seis metros de comprimento, totalizando 2.034 metros. Os

tubos ficam estreitos quanto mais se aproximam das turbinas,

na Casa de Força. Isto é feito para aumentar a pressão da água.

A vazão é de 3.200 litros por segundo – 640 l/s por tubulação,

que são presas umas as outras por meio de 2.200 juntas

vedadas com chumbo derretido. No primeiro trecho, próximo

à câmara d‘água, os tubos têm 900 milímetros de diâmetro e

chagam à casa de força com 110 mm.

Já na Casa de Força, maior estrutura de Itatinga, seu formato

é em letra “T”, quem nos acompanha com exclusividade é

o operador de máquinas, Nelson Candido de Souza, mais

conhecido como Nelsão. Nascido em Bertioga há 60 anos,

37 anos de Docas, 27 desses anos na Usina de Itatinga e

aposentado há dez anos, continua trabalhando no local por

falta de mão de obra qualificada no setor dele.

O operador explica que a velocidade e a pressão da água

aplicada fazem com que as turbinas pelton e os hidrogeradores

da Casa de Força girem, assim gerando energia elétrica.

A Casa de Força da usina possui cinco geradores e cinco

turbinas. Os equipamentos hidráulicos e mecânicos (turbinas)

são de fabricação alemã e os elétricos são americanos. Juntos

formam um equipamento só, responsável pela geração de

15MW de energia.

Toda esse energia gerada segue por torres e cabos por 30

quilômetros divididos em três postos de apoio (Caiubura, a

13km de Intatinga; Caeté, a 17km e Monte Cabrão, a 25km)

até chegar ao Porto de Santos. Um serviço nada simples nos

dias de hoje, imagine há 100 anos atrás.

A Companhia Docas do Estado de São Paulo (CODESP) é a responsável pela construção e manutenção da usina

A água que abastece a hidrelétrica é captada do Rio Itatinga,

localizado na Serra do Mar

39

Page 40: Revista Parada Certa

A Usina Hidrelétrica de Itatinga gera 85% da energia do Porto de Santos. E mesmo depois de cem anos, ainda não sofreu nenhuma alteração no projeto original

Um trator substituiu a locomotiva instalada para ajudar no transporte dos funcionários

40

Page 41: Revista Parada Certa

historias da Vila

“Chuva, chuva e mais chuva, não parecia acabar, de

repente o morro da Serra do Mar começa a desbarrancar”,

conta Anadir Alves, conhecida como Lora. Isso ocorreu no

ano de 1969, a preocupação tomou conta da comunidade.

Com tanta chuva acabou alagando todo o local, inclusive

a usina.

O desastre foi tanto que foi a única vez que a

hidrelétrica teve de parar de funcionar para escoar toda

a água do local. Moradores contam que o deslizamento

veio desde o topo do morro e só parou porque existiam

casas de alvenaria. “Se o deslizamento fosse mais ao lado,

nas casas de madeira, viria tudo abaixo”, afirma Lora.

Mesmo com todo o desastre, a Companhia Docas

do Estado de São Paulo (CODESP) conseguiu reverter a

situação, contratou empreiteira para remover o barro que

parou na parede das casas, fez o escoamento da água e

tudo se normalizou.

Esse desmoronamento ocorreu de repente, diferente do

que houve em 1967. Nesse ano, um dos transformadores

da frente da usina estourou e começou a pegar fogo.

Como continha óleo dentro, o fogo se propagou rápido

e a labareda cobriu a frente da usina, cortando a energia

da Vila. “Para quem olhava da vila parecia que a usina que

estava pegando fogo, todos ficaram preocupadoa com

os funcionários que estavam trabalhando no momento”,

conta Nelsão.

Porém tudo foi resolvido pela operação de brigada

da usina, que conseguiu controlar o fogo, e não chegou

à hidrelétrica. “Se o fogo chegasse à usina o desastre

seria de proporções irreversíveis”, supõe o operador de

maquinas.

41

Siga pela Rio-Santos até o km 224. Ao chegar, vá pela Rua Vasco da Gama e siga até o final, onde há um pequeno portinho. Lá, "pegue carona" no barco da Codesp. A travessia do Rio Itapanhaú dura cerca de três minutos. Depois, siga de trem por mais 7 km para chegar até a Vila de Itatinga.

QUER CONHECER?

Page 42: Revista Parada Certa

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Page 43: Revista Parada Certa

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Page 44: Revista Parada Certa

O esporte que é paixão nacional, não poderia faltar na vila. O Itatinga Atlético Clube é o time do coração dos moradores

De camisa amarela (terceiro da dir. p/ esq), José Alberto Alves Netto jogou durante

quinze anos no clube

Os títulos são exibidos com orgulho na sede do time junto com fotos antigas

44

Page 45: Revista Parada Certa

Comemoração O centenário foi celebrado em uma festa na Vila de Itatinga

com mais de mil pessoas. Os olhos cheios de lágrimas de muitos

dos que foram à vila evidenciam que a emoção não é à toa. São

lembranças de tempos passados que vêm à mente de cada um.

A CODESP convidou antigos e atuais funcionários da usina e

seus familiares. A festa contou com visita a toda vila, queima de

fogos, churrasco, bebidas e um bolo gigante para os parabéns do

centenário da hidrelétrica.

Além de moradores, autoridades participaram da festa de

Itatinga. Estiveram presentes o prefeito de Bertioga, Mauro

Orlandini, o secretário de Infraestrutura de Guarujá, Duíno

Fernandes e vereadores. O deputado estadual Bruno Covas

também participou. A Codesp foi representada pelos diretores

Carlos Kopittke e Renato Barco. Eles afirmaram que a intenção da

estatal é otimizar a geração de energia e preservar a vila.

45

Page 46: Revista Parada Certa

um Passeio inesqueCíVel

Localizada na altura do quilometro 224 da rodovia Rio-

Santos. Do outro lado da margem, a Vila de Itatinga parece

parada no tempo, cercada por uma imensidão verde que vai

até onde os olhos podem enxergar.

Nosso acompanhante para esse incrível passeio é José

Alberto Alves Netto, mais conhecido na região como Mim,

51 anos, filho de um falecido funcionário da usina. Ele, que

passou a infância e adolescência no local nos conta que todos

se conheciam, era uma comunidade que se ajudava. “Era uma

grande família. Entre a Serra, a Vila e fazenda, havia cerca de

420 moradores, entre crianças e adultos. Víamos as pessoas

crescer, casar, formar suas famílias. Parecia vida de cinema, era

mágico”, relembra Netto.

A travessia de barco pelo rio Itapanhau dura tão pouco que

nem dá tempo de apreciar toda a beleza da natureza. Quando

chegamos do outro lado da margem nos deparamos com

um trator, substituto da locomotiva, que puxa os vagões para

levar turistas e os funcionários da hidrelétrica até a vila. Nesse

momento, percebemos o que o antigo morador falou. Mesmo

depois de vários anos, ele mal sentou no vagão e reconheceu dois

amigos de infância e o guarda do local é o mesmo de anos atrás.

Em um trajeto de oito quilômetros de extensão que dura em

media vinte minutos, os antigos amigos não pararam de recordar

casos que aconteceram na infância. Esse tempo de trem passa

despercebido, perante a mistura de belezas construídas pelo

homem e natureza como casas históricas, ruínas de igreja, rios,

pontes e a diversidade da fauna e flora do local.

Assim que o trem aponta na reta da vila já podemos

perceber a história preservada no local, como as casas no estilo

vitoriano. Mais adiante vemos as peças antigas da usina e a

maria fumaça que está desativada há seis anos em exposição.

Locomotiva que por sinal é mais antiga que a própria

hidrelétrica (1906).

Chegando a vila, há três pontos de parada: em frente à

padaria, fácil, única no local, na igreja e, a ultima parada, na

parte lateral da usina, apenas para funcionários.

Descemos no primeiro ponto, em frente à padaria. “Mudou

muita coisa”, disse nosso acompanhante. “As casas estão em

bom estado, porém viraram alojamentos. Com o crescimento

das cidades vizinhas os moradores se mudaram, atualmente

só moram alguns funcionários, outros vêm de ônibus até a

margem do rio, perdeu aquele encanto familiar”.

Quando começamos a andar pela vila, Netto começou a

comentar as mudanças que ocorreram. Com o fácil acesso

à cidade, a escola perdeu alunos, pois todos passaram a

estudar em Bertioga. Por isso, a escolinha virou um centro de

treinamento onde acontecem reuniões e palestras de estudo.

O cinema virou um anfiteatro, para qualquer atividade ou

evento que ajude a comunidade local. A igreja é mantida pelas

pessoas do local.

Já o Itatinga Atlético Clube é uma historia à parte na vida do

nosso acompanhante. Seu pai marcou história no clube jogando

durante anos. Para seguir a brilhantismo do pai começou a

jogar quinze anos no time de juniores, porém jogava no gol.

Não demorou muito tempo para ir ao profissional, jogou

no clube ate seus trinta anos, ganhou diversos títulos, ficou

marcado na memória dos moradores da vila. Tanto que tem

um espaço reservado na parede da sala de troféus do clube.

Algumas das fotos na sala e troféu estão envelhecidas,

por isso o clube deu uma recauchutada nelas e logo estarão

disponíveis ao público. Alves não vê a hora de ver essas

relíquias. Motivo? Seu falecido pai está em uma delas, fazendo

parte do que dizem ser o melhor time do Itatinga Atlético

Clube de todos os tempos.

“Não vejo a hora de ver essas fotos. Claro que já as vi, mas

quando estavam envelhecidas, não dava para notar os detalhes

daquele time que os mais antigos comentam. Meu maior

prazer vai ver a foto do meu pai, ao lado da minha na história

não só do clube, mas da vila”, diz, emocionado.

Na volta da vila, Netto me convenceu a irmos a pé os oito

quilômetros de volta até a margem para pegarmos o barco,

aproveitando a natureza e os detalhes escondidos, os quais de

bonde não se vê. “A pé conseguimos ver detalhes das pontes, a

data de construção que fica abaixo delas, os pássaros da região,

a diversidade da flora, como bananais, bicos de papagaios,

palmito e muito mais”. Dessa forma que ele me convenceu.

Não é exagero, é realmente fantástico o caminho pelos trilhos,

mas cansativo, precisa de um bom preparo físico.

Quando pegamos o barco para voltar à urbanização, percebo

um olhar de satisfação em ter a minha companhia nessa viagem

no passado, juntando o passado, presente e futuro.

Para mim foi uma satisfação maior ainda. Por quê? Percebi

cada detalhe dessa história, mas o principal foi passar o dia em

um local fantástico com esse antigo morador que uns chamam

de Alberto, outros de Mim, eu simplesmente chamo de pai.

46

Page 47: Revista Parada Certa

O operador de máquinas, Nelson Candido de Souza,

(blusa azul) relembra os “bons tempos” com o amigo Netto

A Igreja ainda é mantida pelos moradores da vila

A escola agora desativada

serve como centro de

treinamento onde acontecem

reuniões e palestras de estudo

Page 48: Revista Parada Certa

“All night long”Imagine: passar o dia inteiro se divertindo em praias,

shoppings e pontos turísticos. E quando chega a noite

você não tem para onde ir? Nesta edição, a Parada Certa

apresenta opções de baladas e barzinhos!

Texto e fotos: Mariana Aquila

Vida Noturna

Page 49: Revista Parada Certa

studio roCk Café Para os amantes do Rock, essa é a pedida! Possui um

estúdio a prova de som, para as bandas que curtem mandar

um som alto, e não atrapalham as outras pessoas que estão

no café. Todos os estilos de rock’s são tocados, portanto,

agrada a todos os visitantes.

O público frequentador são os adultos e o local

possui área para fumantes. Pelo site é possível conferir a

programação da semana e algumas fotos do local.

O horário de funcionamento é a partir das 21h, de

quarta a domingo. O Studio Rock Café fica na rua Marechal

Deodoro da Fonseca, 110 – Gonzaga, Santos e não possui

estacionamento. Telefone para contato: 3877-0110 ou

3323-0465.

Page 50: Revista Parada Certa

Todos os cartões de crédito e débito são aceitos. A cada dia os preços são diferentes:Quarta – R$ 10,00Quinta – R$ 20,00, sendo que 10 reais são consumíveisSexta e Sábado – Homem: R$ 30,00, consome R$ 15,00. Mulher: R$ 20, consome 10. Domingo – R$ 20, consome 10.

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Page 51: Revista Parada Certa

A decoração é um show à parte. O clima rock n’ roll fica evidente

até nas paredes do bar

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Page 52: Revista Parada Certa

tabooUma balada que está na moda. É toda decorada com sofás

dourados, lustres de cristais e de vidros que vão do teto ao chão.

Equipada com banheiros para deficientes, chapelaria e um bar. O

público alvo são os jovens que não exitam em gastar um pouco

mais de dinheiro e conhecer gente bonita. Os drinks em alta são as

caipirinhas de fruta e os coquetéis feitos à base de champanhe. O

valor para as mulheres é de R$ 40, e para os homens, é de R$ 80.

O número limite de pessoas é de 500, portanto, não é preciso se

preocupar!

Para quem aprecia Black Music e música eletrônica, esse é um

bom lugar para se divertir! A casa funciona de quinta a sábado e

abre às 22h. As formas de pagamento são em dinheiro ou cartão.

O estacionamento custa R$ 20, mas é possível deixar o carro na rua

também. A Taboo fica na Rua Marjory da Silva Prado, 1100 – Praia

de Pernambuco, Guarujá, junt com o Resort Jequitimar. Telefone é:

3353-5827 ou pelo site www.tabooclub.com.br.

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Page 53: Revista Parada Certa

bar do toninhoUm dos mais visitados de Santos. O bolinho de bacalhau e os

pasteizinhos de carne, queijo, siri, carne seca e calabresa com

queijo fazem sucesso. O preço dos salgados é R$ 2,50.

O bar vive cheio de gente, de todas as idades. Possui um telão,

que atrai muitos apreciadores do futebol. Não paga nada para

entrar e funciona todos os dias, tanto de dia, quanto de noite.

Aceita cartões de crédito e de débito. Não possui estacionamento

e, por isso, é aconselhável chegar cedo. Caso o bar esteja lotado,

é preciso ter paciência e esperar alguma mesa ficar livre para ser

utilizada. O local fica na Avenida Epitácio Pessoa, 241 – Embaré,

Santos. Telefone para contato é: 3227-8269.

53

Page 54: Revista Parada Certa
Page 55: Revista Parada Certa

Os primeiros passos

Bem no meio da cidade de São Vicente foram encontradas

marcas de homens que viveram ali há quase 3000 anos. São

fragmentos de ossos, vasos, botões, colheres que nos remetem

a entender um pouco do passado, com os pés no futuro

Texto e fotos: Aline Porfírio

Você já pensou que seus hábitos e ações cotidianas

podem ser revelados e estudados no futuro? E isso não se

trata de reality show, câmeras de monitoramento ou satélites

que fotografam. Tudo faz parte da história, o tempo passa

e deixa marcas que evidenciam a vida humana. E a primeira

cidade do Brasil faz parte desse contexto, apresentando ao

mundo um importante sítio arqueológico que reconta a

história da colonização nacional.

O sítio fica dentro da Casa Martim Afonso, um centro de

documentação e pesquisa da Cidade de São Vicente. Dois

dias após o resgate dos 33 mineiros que estavam soterrados

há 69 dias no Chile, confesso que fica difícil ter um contato

maior com a terra ou estar, literalmente, debaixo dela. Porém,

o sítio arqueológico Bacharel provoca uma curiosidade

incontrolável de ver de perto os vestígios da pré-história, e

tudo isso me convenceu a descer dois metros abaixo do nível

das escavações.

Por meio de uma abertura bem estreita no chão, de

aproximadamente 1m x 70cm, eu desci por uma escada

móvel. O acesso é restrito a pesquisadores. Os visitantes

podem acompanhar os trabalhos de cima. Lá embaixo é

possível ver uma linha histórica.

Primeiro, os vestígios de Sambaquis embrenhados em

terra preta, que nos remetem a um passado muito distante.

Depois, as marcas nas rochas mostram a ação da maré

durante o tempo. Também passamos pelo período indígena,

com restos de cerâmica e artefatos. Logo mais, a um período

posterior, com garrafas de vidro e materiais de bronze, quem

sabe estes não são dos piratas que invadiram a Ilha? E por

final, as louças e botões que demonstram o Brasil colonial.

Toda essa aula de história ao ar livre leva qualquer

visitante a repensar suas ações, para que no futuro trabalhos

como esses possam continuar existindo, e que as próximas

gerações descubram, em nossos atos cotidianos, mais uma

parte de sua própria história.

Antes de ser erguida, a Casa era uma antiga construção

em ruínas, que em 1997 seria demolida para dar lugar a um

grande edifício. Por ser uma das últimas residências do século

XIX na Cidade, o Conselho e a Prefeitura pediram análises

da parede dos fundos do local, que, segundo historiadores

e pesquisadores, seria a antiga Casa de Pedra, habitada pelo

Bacharel de Cananéia e que também abrigou Martim Afonso.

55

Família

Page 56: Revista Parada Certa

56

Os estudos da Universidade de São Paulo (USP) revelaram

que a parede datava de aproximadamente 420 anos, e seria,

provavelmente, a primeira em alvenaria do País. Foi erguida

por meio da técnica de alvenaria de pedra, que consiste

em cal de sambaqui, óleo de baleia, barro e pedras. Após

a revelação, a construtora doou o terreno à prefeitura e

restaurou o imóvel, dando origem à Casa Martim Afonso.

Mas, as pesquisas sobre a datação da parede não foram

adiante. Até que a curiosidade do historiador e presidente do

Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arquitetônico,

Cultural e Turístico de São Vicente, Marcos Braga, falou mais

alto. Ele é responsável pela Casa Martim Afonso desde 2005,

e já sabendo dos antecedentes do imóvel, não ficou parado.

Primeiro Marcos abriu um pequeno buraco nos fundo

da Casa e próximo à parede, que desde a descoberta ficou

exposta aos visitantes. Pela profundidade, percebeu que os

estudos ainda teriam grande base de aprofundamento. “Era

tentador saber de tantas histórias e não revirar esse passado.

O papel do Conselho é garantir que não se percam mais essas

memórias, como muito já foi desperdiçado. Eu não poderia

ficar parado”, explica o historiador.

Em 2009, Braga entrou em contato com a Cerpa (Centro

Regional de Pesquisas Arqueológicas) e firmou uma parceria

com o Professor Doutor Manoel Gonzalez. “Eu aceitei na hora.

Sabia que encontraríamos muita coisa debaixo daquele chão.

E eu não estava enganado”, explica o arqueólogo.

Bem abaixo da parede histórica, os profissionais abriram

um buraco de dois metros de profundidade por 13 de

largura. Com um olhar minucioso, de pincelada em pincelada

foram surgindo as primeiras surpresas. Na primeira camada,

Gonzalez encontrou parte da vida de moradores bem antigos.

Garrafas quebradas, colheres de bronze, louças pintadas à

mão e materiais à base de ferro indicam parte da colonização

da Primeira Vila do Brasil.

Logo depois, ele identificou quatro sítios arqueológicos.

Na segunda camada de escavação, foram encontradas peças

de cerâmica Tupi, algumas com marcas de dedos e unhas,

que exemplificam o artesanato indígena que data em cerca

de 800 anos. Mas, a grande surpresa para Gonzalez e Braga,

foi o vestígio de sambaquis, que são restos de conchas, terra

preta, fragmentos de ossos humanos e de animais. Estima-se

que essa ocupação ocorreu por volta de 3000 A.P. Tudo indica

que esses grupos eram formados de caçadores-coletores,

Page 57: Revista Parada Certa

A Casa Martim Afonso funciona como um centro de documentação

e pesquisa da cidade de São Vicente

Page 58: Revista Parada Certa

58

Essa escada conduz a dois metros abaixo do nível das escavações, onde está o sítio arqueológico. Lá, o acesso é restrito aos pesquisadores

Nossa repórter corajosa recebeu carta branca para descer e conferiu de perto todas as descobertas

Page 59: Revista Parada Certa

59

que se alimentavam de moluscos, frutos silvestres e caça

de pequenos animais. Tinham o costume de acumular

restos de alimentos em volta de suas moradias, enfeites

no corpo e colocar artefatos pela localidade. Além disso,

usavam os sambaquis no sepultamento dos membros do

grupo, cobrindo o corpo com conchas e outros elementos.

Além dos sítios arqueológicos, foi encontrada também

a provável confirmação que Marcos Braga tanto procura

saber. Atrás do talude de escavação, foi evidenciada

a base da parede que é exposta na Casa, que devido às

modificações na estrutura conforme o tempo, não está

completa. Descobriu-se que ela segue em direção à Rua

Martim Afonso, medindo mais ou menos 25 metros de

comprimento. E essa descoberta confirma a ideia de

vários pesquisadores, que afirmam que a Casa de Pedra

teria provavelmente 25 x 20 metros de base antes de sua

demolição.

Após o processo, o sítio foi equipado para receber

visitantes. Atualmente, mais de seis mil pessoas já

passaram pelo local. Manuel Gonzalez reforça que o sítio

Bacharel é diferente e merece atenção. “Em todo o estado

de São Paulo não há nada parecido com isso. É o maior

sítio em visitação do estado, e ao mesmo tempo, o único

que permite acompanhar os processos de estudos ao vivo”.

O que aconteceu com a Casa de Pedra? – A tão famosa

casa aparece primeiramente citada em um texto de

1530, escrito por Alonso Santa Cruz, no qual ele cita uma

povoação de 10 ou 12 casas, sendo uma feita de pedra,

com seus telhados e uma torre para se defender dos

índios em tempos de necessidade.

A mesma casa teria abrigado, além do Bacharel de

Cananéia, Martim Afonso de Sousa, fundador da Vila de

São Vicente, no período em que esteve no Brasil. O local

seria equivalente a um forte, tendo aproximadamente

400 m².

Com a partida de Martim Afonso, a edificação foi

perdendo a importância e acompanhando a decadência

da Vila. Outro fato que ajudou na degradação da Casa de

Pedra foram os ataques dos piratas Thomas Cavendish,

em 1590 e Joris van Spilberg, em 1615. No início do século

XVIII tem-se notícias de que o local havia se tornado

residência. A edificação foi demolida por volta de 1880

para dar lugar, em 1889, a um sobrado de estilo eclético.

Page 60: Revista Parada Certa

Em 1885, a Casa recebeu a vista de Dom Pedro II, que

quis ver de perto o local em que Martim Afonso se instalou.

Na década de 1940, o imóvel pertenceu à família Riggios

Verrones, de São Paulo. Em 1958, São Vicente ficou eufórica

com a visita do ex-presidente da república, Washignton

Luiz, que reconheceu a importância histórica da Casa. Por

vários anos, a Câmara Municipal e alguns prefeitos iniciaram

projetos de preservação do local e a criação de um centro

de documentação, mas nenhum foi adiante. Em 1977 foi

demolida após um incêndio, e somente 20 anos depois

ganhou seu devido espaço na história da cidade.

Futuro – Os trabalhos no sítio do Bacharel continuam. A

meta agora é escavar a área do estacionamento, que fica ao

lado da Casa. Lá, os pesquisadores acreditam haver evidências

da Casa de Pedra e mais fragmentos de ossos, objetos e

indícios pré-históricos.

As obras ainda não começaram devido à outra descoberta

arqueológica na cidade. Foi ao som de britadeiras, tratores

e marretas que operários da obra Boulevard Anna Pimentel

encontraram ossos humanos e vestígios indígenas abaixo do solo.

A obra pretende fazer da Rua Anna Pimentel, no centro da Cidade,

um local cheio de opções para lazer, gastronomia e negócios.

Manoel Gonzalez e Marcos Braga foram chamados para

verificar o achado, e constataram que junto ao corpo havia

restos de cerâmica indígena e material que provém do carvão,

o que indica fogueira e um possível ritual de sepultamento.

As peças vão ser encaminhadas para análise para que se

saiba sua datação. Braga explica que ele e Gonzalez optaram

por não retirar o corpo do local. “Preferimos deixá-lo lá, na

posição em que está. Temos um projeto junto ao prefeito para

a construção de um vitral onde as pessoas possam passar e

vê-lo”, explica o historiador.

Serviço – A Casa Martim Afonso guarda toda a parte de

documentação e memória de São Vicente. No local, também

são realizadas exposições permanentes e temporárias, todas

visando à história brasileira e São Vicente em seu contexto. O

sítio arqueológico Bacharel está aberto à visitação desde 20

de janeiro de 2010, e permanece por tempo indeterminado.

Responsável pela Casa Martim Afonso, o historiador Marcos Braga foi um dos primeiros a se interessar pelas escavações

O arqueólogo Manoel Gonzalez reforça o fato que este é o maior sítio em visitação do Estado. E o único que permite acompanhar

os processos de estudos ao vivo

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Page 61: Revista Parada Certa

Aberto à visitação desde

janeiro deste ano, o

local já recebeu mais de

seis mil pessoas

A Casa Martim Afonso fica na Praça 22 de Janeiro, 469 – Gonzaguinha. Funciona de terça a domingo, das 10 às 18 horas. A entrada é gratuita.

QUER CONHECER?

Page 62: Revista Parada Certa

Por trás das cortinas

Texto e Fotos: Carina Seles

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Page 63: Revista Parada Certa

No esquecido centro de Santos, um grandioso lugar,

cheio de luxo que remete aos tempos antigos, à época

onde o glamour falava mais alto. Colunas romanas seguram

a estrutura destinada a interagir, compartilhar e divertir o

público. O teatro Coliseu é um dos teatros de Santos que mais

chamam a atenção pela beleza e manutenção, cuja restauração

fora realizada em 2006.

Quem vê do palco, sente que está esperando o sinal para

começar a cantar a ópera, dos tempos de Mozart, olhando

pelos três grandes camarotes em forma oval, repletos de gente

se abanando em leques de plumas de avestruz. Imaginação à

parte, o local apresenta espetáculos de dança, teatro e shows

de música todos os finais de semana, quando seus ingressos

acabam bem antes da cortina abrir. O próprio local já é uma

atração. Segundo a Secretaria de Cultura de Santos, o Coliseu

possui visitas monitoradas pela Secretaria de Turismo da

cidade. Durante a semana, a revista Parada Certa tentou visitar

o local, que estava fechado. Apenas a bilheteria funcionava.

Outra construção que enche os olhos de quem passa

em frente à Cadeia Velha, também no centro da cidade, é o

primeiro teatro da cidade, o Guarany. Com menos luxo e em

menor tamanho, o local também passou por restauração e foi

reinaugurado em 2008, após 20 anos de abandono.

O Teatro Guarany possui um clima aconchegante, com

uma linda pintura no teto, sob a assinatura do artista Paulo

Von Poser. O teatro abriga a escola de artes cênicas municipal

Wilson Geraldo, que ministra aulas de expressão corporal

dentre outros aspectos da interpretação. Diferentemente do

Coliseu, o Guarany mostra um ambiente mais simples, familiar.

Outra diferença são os preços.

Foto: Prefeitura de Santos

63

Page 64: Revista Parada Certa

No Guarany, a maioria dos espetáculos são gratuitos.

Já no Coliseu, que recebe grandes artistas, como por

exemplo, comédias em gênero stand-up como os

televisivos Danilo Gentilli, ou Marco Luque do CQC -

Custe o que Custar, programa da Rede Bandeirantes,

custam em média de R$ 30 a R$ 60.

Foto: Prefeitura de Santos

QUER CONHECER?teatro Coliseu :: Rua Amador Bueno, 237, Centro – Santos/SP. :: Atrações aos finais de semana e especiais ao longo da semana. :: Informações 3226-8000.

Page 65: Revista Parada Certa

O cantor Tom Zé se apresentou

no Coliseu durante a semana da

Tarrafa Literária em setembro

Foto: Nara Assunção - Jornal Boqueirão News

QUER CONHECER?teatro guarany :: Praça dos Andradas, 100, Centro – Santos/SP. :: Atrações de segunda a sábado. :: Informações 3226-8000.

Page 66: Revista Parada Certa

joVem e esqueCido Descendo em direção à praia santista, vemos construções mais

ricas em detalhes, prédios novos e mais conservados. Ou quase.

A simples e cinza entrada do Centro Cultural Patrícia Galvão, mais

novo do que os anteriores – da época de 1920 – dá a impressão de

um local esquecido, assim como o centro da cidade. As luzes do

grande teatro que compõem o centro dificilmente ficam acesas.

De segunda a sexta, o local composto pelo Teatro Municipal

Brás Cubas, o teatro Rosinha Mastrângelo, o renovado Miss

(Museu da Imagem e do Som), que frequentemente recebe as

oficinas Querô, a hemeroteca Roldão Mendes Rosa – Espaço

Lydia Federici, que arquiva mais de 150 mil recortes de jornais e

revistas do século passado, oferece à população santista cursos

de dança e cinema. Seu teatro não possui luxo. É perceptível que

suas cadeiras e paredes precisam de uma restauração. O palco,

frequentemente dá rangidos e estalidos quando os atores andam

com um pouco mais de vigor. Parece cansado.

Porém, ao olhar nos andares acima do centro cultural, vemos

vida. No terceiro andar, funciona o Rolidei Teatro Café, que abriga

a Associação Projeto Tam Tam, e, às sextas e sábados, o único

espaço que abre as portas para os jovens dançarem e refletirem

sobre a vida, pois o dinheiro arrecadado com a balada alternativa

é encaminhado ao projeto que busca agregar pessoas com

necessidades especiais à cultura e à arte.

No Rolidei, além das pessoas se divertirem com música ao vivo

regada ao som de MPB de qualidade, os atores que trabalham

no pequeno espaço fazem curtas cenas teatrais, atraindo mais de

200 pessoas por final de semana. Com textos vindos do gênero

Teatro do Absurdo, eles conseguem implantar uma interrogação

na cabeça de cada um.

As cenas geram reflexão, pois – assim como a arte moderna

– instiga a pensar. Pensar que cada R$ 10 de entrada pagos são

direcionados a pessoas portadoras da Síndrome de Down, por

exemplo. Pessoas especiais que vivem sua vida com alegria, pois

também atuam nas cenas e peças com maestria, diferente de

tudo o pensado para uma balada comum. Um andar acima, aulas

de ballet clássico são ministradas diariamente a meninas de sete

a 14 anos. Os pés cheios de calos e talco denotam que a aula é

cansativa, porém prazerosa.

O Teatro Municipal parece respirar com dificuldade, mas há

pessoas que admiram o local por sua história. O professor de

dança de rua e atualmente de expressão corporal, Cláudio Rubens,

afirma que a cada dia há uma nova lição aprendida. “É uma honra

trabalhar aqui. Eu já fui aluno, agora posso passar o que aprendi

para as crianças, tanto na área de dança de rua, quanto na área de

expressão corporal para o teatro”, afirma.

Sobre a restauração do Teatro Brás Cubas, a prefeitura de

Santos ainda não nos respondeu, até o fechamento desta edição.

O Centro Cultural Patrícia Galvão é responsável pela formação de várias gerações de artistas da região

66

Page 67: Revista Parada Certa

O projeto Tam Tam usa o espaço

Rolidei para diversos eventos que

ajudam a manter a associação

QUER CONHECER?teatro brás Cubas :: Avenida Senador Pinheiro Machado, 48, Vila Mathias – Santos/SP. :: Aberto de segunda a sexta, das 9h às 17h. Informações 3226-8000.

Page 68: Revista Parada Certa

O lustre é uma das peças

que mais impressionam os

visitantes. A decoração é

uma referência ao filme

O Fantasma da Ópera

Foto: Aline Porfírio

QUER CONHECER?PaláCio das artes :: Avenida Costa e Silva, 1.600, bairro Boqueirão – Praia Grande/SP. :: Funcionamento ao público de terça a sábado, das 14h às 18h.

Page 69: Revista Parada Certa

beleza na Praia

Longe do centro santista, Praia Grande abriga um

palácio com fervor cultural. O Teatro Serafim Gonzalez, em

homenagem ao ator santista que faleceu em 2007, situa-se

no Palácio das Artes, um complexo cultural construído no final

de 2008. Com seis mil metros quadrados, o local possui um

amplo espaço, com a sede da Secretaria de Cultura da cidade,

espaço para eventos com 943 metros quadrados, o Museu da

Cidade, a Galeria de Arte Nilton Zanotti e o próprio teatro, com

capacidade de 530 assentos.

A estrutura do espaço possui uma bela fachada, com ares

neoclássicos e contemporâneos. O destaque, logo de entrada,

é o lustre, igual ao dos castelos luxuosos, com mais de dez

mil imitações de diamantes cravados em sua estrutura, além

de 120 lâmpadas. Segundo a chefe de Ação Cultural, Lourdes

Marzolek Bueno, o adorno homenageia o famoso filme O

Fantasma da Ópera.

No andar superior, o Museu da Cidade apresenta um mix

de atrações multimídia, com televisores com informações da

cidade, computadores interativos, documentos e fotos antigas

da Seção de Arquivo e Memória da cidade. Logo à frente, a

galeria de arte realiza mostras itinerantes, de artistas nacionais

e internacionais, dos mais variados tipos de artes visuais.

O Foyer Graziela Diaz Sterque é a passagem utilizada

para a chegada à platéia da sala de espetáculos. O local,

com uma de suas paredes compostas de vidro, nos dá a

vista da Mata Atlântica. Há uma exposição permanente de

cerâmica marajoara, pertencente ao acervo de Graziela, figura

importante para a cultura da cidade.

A natureza em volta do teatro é evidenciada

pelas paredes de vidro que permitem a visão da Mata Atlântica presente

no local

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Foto: Aline Porfírio

Page 70: Revista Parada Certa

Iemanjá, odoiá... Com o fim do ano se aproximando,

os devotos da rainha do mar preparam

as oferendas para o novo ano. Em Praia

Grande, um lugar especial é reservado

para as homenagens

Texto: Letícia Schumann

Fotos: Ivan De Stefano

Religião

Page 71: Revista Parada Certa

Todos os anos, na primeira quinzena de dezembro, a festa

se repete. Centenas de imagens da Rainha do Mar, Iemanjá,

tomam conta da praia da Vila Mirim em Praia Grande. Junto

com elas, milhares de pessoas movidas pela fé se apresentam.

Todos de branco e descalços entoam hinos e revelam sua

devoção à Santa.

A imagem localizada à Avenida Castelo Branco (Avenida

da Praia) foi reformada em 2006, agora ela fica sobre dois

espelhos d’água: um suspenso e outro junto à areia, na altura

da orla. A sensação de quem olha é de que Iemanjá está sobre

o mar.

Os fiéis podem depositar suas velas em um espaço

protegido. Durante a noite, luminárias submersas na lâmina

d’água focam a imagem que se sobressai em meio à paisagem

da orla da praia. Ao lado da Rainha do Mar estão 16 coqueiros,

cada um representando um orixá (deuses) da Umbanda.

A enorme festa comove e emociona até aqueles que não

seguem a crença da Umbanda. Como é o caso de Cristiane Santos.

A professora diz que gosta de ver as pessoas unidas para o bem.

“Não importa qual seja a religião, ver tantas pessoas reunidas em

prol de uma boa causa é impressionante e comovente”.

Durante os dois dias de festa, podemos perceber a intensa

movimentação em torno da estátua de Iemanjá, de oito metros

de altura e construída há mais de 30 anos. Um palanque é

utilizado para apresentar os inúmeros terreiros que fazem da

homenagem um marco na história da cidade. Na estréia dos

festejos, os participantes são anunciados ao som das músicas

e cantos típicos de seus terreiros e apresentam ao público o

que virá ao longo do fim de semana.

A infra-estrutura da festa depende não só dos terreiros,

mas também da prefeitura que disponibiliza serviços como

segurança e higiene aos turistas e moradores. No último ano,

foram instalados 11 pontos de energia e 32 chuveiros para

aqueles que acamparam na areia. Além disso, o policiamento

também foi reforçado com 160 homens da Polícia Militar e da

Guarda Civil municipal.

De acordo com o Sargento Figueroa, do grupo de Guarda

Vidas, o efetivo foi dobrado e houve escala noturna. “Não

houve ocorrências sérias, apenas cinco crianças se perderam

dos pais e foram encaminhadas aos postos de bombeiros e às

escolas municipais, onde seus pais os encontraram”.

Mais de 25 mil pessoas freqüentam, anualmente, as

festividades de Iemanjá. A maioria é motivada pela fé, que as

Page 72: Revista Parada Certa

FOTO!

72

Mais de 25 mil pessoas visitam,

anualmente, a estátua de oito

metros de altura

72

Page 73: Revista Parada Certa

FOTO!

73

Em um espaço protegido os fiéis podem depositar

suas velas

73

Page 74: Revista Parada Certa

fazem enfrentar longas distâncias para chegar perto do mar

e agradecer as graças alcançadas. O analista de qualidade,

Luiz Antônio Nunes Correia, viajou de Bragança Paulista

ao litoral para participar da noite de vigília. “Participo da

festa há mais de 20 anos, viemos em mais de trinta pessoas

para homenagear nossa Mãe”.

As tendas são outra atração, elas se distribuem na

areia, com decorações que remetem à cultura africana

e homenageiam Iemanjá com velas, flores e imagens. É

preciso cuidado para andar na areia em meio a tantas velas

em reverência à Rainha do Mar.

Luiza dos Santos Silva faz parte da tenda do “Caboclo

Pena Verde e Zé Baiano”, do Jardim Guarujá, SP, e freqüenta

Ao lado da imagem estão 16 coqueiros, cada um representando um orixá (deuses) da Umbanda

74

a festa há 17 anos. “Passamos o ano inteiro planejando vir

à praia e homenagear nossa mãe Iemanjá. Demoramos

cinco horas para montar nossa tenda, que é sagrada”.

Os comerciantes têm motivos para comemorar também.

É nessa época que aumentam as vendas e eles põem em dia

o orçamento do ano inteiro. José Rodrigues é um deles,

ele tem uma barraquinha na praia e trabalhou na festa

por duas vezes. “A festa de Iemanjá é ótima para vender.

Pretendo vir mais vezes e aproveitar a temporada”.

A cada ano as taxas para a participação dos terreiros e

locação de espaços na areia são renovadas, os interessados

podem procurar a Secretaria de Turismo, pelo telefone:

3496-5722, para obterem mais informações.

OGUM

OXUMOXALÁ

XANGÔ

Page 75: Revista Parada Certa

QUER CONHECER?A Estátua de Iemanja fica na Avenida Castelo Branco (Avenida da Praia), na Vila Mirim, em Praia Grande.

75

Page 76: Revista Parada Certa

Nós Fomos!

Page 77: Revista Parada Certa

O silênciosagrado

Com paredes construídas para serem

impenetráveis, o Museu de Arte Sacra de Santos

guarda relíquias preciosas

Texto: Arucha Fernandes

Fotos: Ivan De Stefano

Page 78: Revista Parada Certa

Construído em forma de forte, o antigo Mosteiro ainda guarda toda a arquitetura original

78

Page 79: Revista Parada Certa

No alto do morro o barulho dos automóveis já não fere

mais meus ouvidos e as nuvens que antes deixavam o domingo

cinzento e preguiçoso, agora se mesclam perfeitamente com

a nostalgia transmitida pelo local. Estamos no Morro do

São Bento, que em meados de 1650 ainda tinha o nome de

Morro de Nossa Senhora do Desterro. E foi neste mesmo ano

erguido o Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro da Ordem

de São Bento.

O mosteiro foi construído pelos freis beneditinos em

forma de forte para evitar ataques de piratas. O prédio

foi erguido com areia, pedra, sambaqui (restos de ostras

e mariscos) e óleo de baleia. A importância histórica do

mosteiro foi reconhecida em 1968, foi tombado pelo Instituto

do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) junto a

Cúria Diocesana. Em julho de 1981 na mesma edificação foi

instalado o Museu de Arte Sacra de Santos.

Em reportagem especial para esta editoria, nós, da equipe

da Parada Certa, visitamos o local, que guarda um acervo

valioso para história da cidade.

79

Page 80: Revista Parada Certa

80

Como combinado nos encontramos em frente da escadaria

de acesso ao Museu, por volta das 15 horas. Na equipe, os

repórteres Aline Porfírio, Alexandre Alves, Maurílio Carvalho, o

editor multimídia Gabriel Martins, os editores de planejamento

visual e diagramação Ivan Stefano e Danilo Neto, e eu, editora-

chefe.

A subida é feita sem dificuldades, apesar dos lances de

escada um pouco cansativos. Do alto é possível enxergar

parte do Porto de Santos, e do outro lado, apenas casas morro

acima. A primeira vista, um jardim com flores amarelas indica

o caminho até a entrada principal. A arquitetura antiga está

totalmente preservada com edificações retangulares que

apresentam três janelas azuis, com grades. Acima três arcos,

além de uma torre onde é possível ver duas aberturas que

guardam os sinos.

Na recepção é preciso que os visitantes se identifiquem

por meio do número do RG e nome completo, além do

pagamento de R$ 5 reais (vale meia entrada para estudantes e

idosos acima de 65 anos). A única decepção é o fato de não ser

permitido o registro de fotos dentro do Museu, sob a alegação

de preservação do acervo. Para melhor entender a história, o

passeio é conduzido por uma monitora. A nossa mini expedição

começa pelo claustro, uma área aberta de circulação e lazer.

Localizado no centro da construção, o chão agora coberto

por concreto já abrigou uma horta. Os antigos moradores, os

beneditinos, costumavam plantar o alimento que consumiam.

Uma grande sala na frente com pouca iluminação cria uma

atmosfera mística e até um pouco intimidadora. Espalhadas

estão imagens de vários santos, todos de terracota e madeira

policromada que datam do século XVI ao XVIII.

Dentro de caixas de vidro estão as imagens de Santo Amaro,

São Bento, São Paulo Apostolo, São João Evangelista, Nossa

Senhora do Rosário e Santana Mestra. Um fato curioso é que

está última possui duas representações em sua homenagem,

na primeira está sentada, e na outra, de pé.

Além dessas, existem mais duas imagens consideradas

as mais preciosas, por serem as mais antigas, do século XV.

São elas, Nossa Senhora da Conceição e Santa Catarina de

Alexandria, esta inclusive esteve por mais de 70 anos perdida

no fundo do mar. Em seguida, podemos ver a sacristia, o único

lugar que ainda está “ativo”. Lá, as batinas usadas pelo padre

que reza as missas na capela ao lado se misturam com outras

relíquias e utensílios cerimoniais.

Mais à frente, uma sala reservada com dois quadros de

Benedicto Calixto, a Santa Ceia, do século XX e Cristo do horto,

de XIX. Há também a Santa Ceia, do pintor Gentil Garcez. Calixto

nasceu em Itanhaém com um talento nato para a pintura era

considerado um dos grandes artistas paulistas do século XX.

Ainda jovem mudou-se para Santos e depois São Vicente. A

arte do pintor também pode ser apreciada no corredor central.

Todos os quadros são de pintura a óleo e estão conservados

em ótimas condições.

Obras do artista colombiano Gonzalo Fonseca Torres são

parte da primeira mostra de arte moderna trazida para o Museu

Fotos: Divulgação

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Com um ambiente temático, a

Cachaçaria é a novidade da área rural

A Capela de Nossa Senhora do

Desterro recebe fiéis para celebração

da tradicional missa dominical

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Um dos aspectos que mais me chamou a atenção foi o

silêncio. Não que eu esperasse música ou pessoas falando sem

parar, afinal é um lugar estruturado para apreciação das artes e

aprendizado da história. Mas o silêncio soa diferente naquelas

salas. Como se realmente estivéssemos enclausurados naquele

que um dia foi mosteiro.

“Sanctifica eos in veritate”. Na próxima sala, essa frase em

latim escrita em uma placa, indica a Cátedra do Bispo de Santos.

Bem ao lado, o bacro que é uma espécie de cajado usado

pelo religioso. Podemos observar também as conversadeiras

em baixo das janelas, uma espécie de banco de concreto que

servia para conversas informais.

Em outro cômodo está representada a cela dos beneditinos.

Esses quartos têm uma estrutura simples e pouca mobília, apenas

uma cama e uma mesa com cadeira. Na sala ao lado encontram-

se imagens feitas de madeira policromada de Nossa Senhora das

Dores, Senhor Morto e o Senhor Bom Jesus. Estas eram usadas

em procissões e permanecem intactas. Toda a riqueza de detalhes

destas imagens chega a causar um arrepio na espinha. Isso

porque os olhos são feitos de vidro, o que resulta na impressão

de que elas estão olhando diretamente para você.

O último espaço abrigava naquele momento a exposição

Urbanas na América Latina - Almas Nuas, do artista colombiano

Gonzalo Fonseca Torres. Os quadros ficaram expostos até o dia

23 de novembro. Esta é a primeira mostra trazida para o Museu,

a ideia é continuar essa iniciativa com a exposição das obras

de outros artistas modernos. Mas essa visita ainda guardava

uma agradável surpresa. Por uma escada em forma de caracol

chegamos a topo da torre. A escuridão logo é afastada com a

abertura de uma janela e lá pude avistar os dois sinos.

Quem quiser estender o passeio pode ainda visitar a Capela

de Nossa Senhora do Desterro, localizada ao lado do Museu.

Todos os domingos são rezadas missas às 15h30, é só esperar

o soar do sino que anuncia o inicio da celebração. Outro

aspecto torna a pequena capela especial, ali estão enterrados

duas importantes figuras da história da região. A inscrição da

frase “Paz a sua alma e honra a sua memória” indica a sepultura

de Frei Gaspar da Madre de Deus, morto em 1800. Além

dele, o Frei Manoel de Santa Gertrudes Lustosa, sepultado

em 1754. Essa prática era comum antigamente, dentro das

igrejas e capelas ficavam os chamados campos sagrados onde

eram enterrados não só religiosos, mas também pessoas da

comunidade em geral.

Page 83: Revista Parada Certa

Toda a decoração externa e interna do local foi

criada pelos próprios donos, que demoraram

menos de um ano para concluí-la

QUER CONHECER?:: Rua Santa Joana D’Arc, 795 – Morro São Bento:: Funciona de terça a domingo, das 11 às 17 horas. (13) 3219-1111:: Missa todos os domingos, às 15h30

Nossa equipe posa para a foto que

registra nossa passagem por mais

um ponto turístico do litoral paulista

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Um dos passeios mais bonitos que já fiz foi em um

lugar bem próximo à capital paulista, em São Vicente. Na

praia do Gonzaguinha tive a oportunidade de fazer um

passeio de escuna que durou por volta de uma hora.

Durante o percurso, os condutores do barco foram

apontando pontos importantes da Cidade, como o

Marco Padrão, a Plataforma do pescador, a tão famosa

Ponte Pênsil e a magnífica Ilha Porchat.

Com um clima literalmente de alto mar, a

embarcação seguiu pela baía de São Vicente e parou

bem longe da margem da praia, para que os visitantes

pudessem aproveitar o maravilhoso pôr do sol com

um mergulho no mar.

Um passeio delicioso, que nos faz relaxar e

apreciar as belezas mais distantes que existem na

Cidade, como por exemplo, a Praia dos Índios, que

fica do outro lado da Ilhar Porchat e da qual é restrita

a visitantes.

Se forem a São Vicente, eu recomendo esse tipo de

passeio. Sem dúvidas, será inesquecível!

Praia do GonzaguinhaSão Vicente - SP

Conte sua viagem pra gente! [email protected]

Texto e fotos: Bernadete Ribeiro (relações públicas)

Sua viagem

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