Revista Cibernética - Edição 15 de Dezembro de 2014

36
EDIÇÃO DEZEMBRO 2014 Eu Sou a Laurinda Cibernética vista T e c l a n d o p a r a a m u d a n ç a Ano 2 | Edição 7

description

Juntos teclando para a mudança

Transcript of Revista Cibernética - Edição 15 de Dezembro de 2014

Page 1: Revista Cibernética - Edição 15 de Dezembro de 2014

EDIÇÃO DEZEMBRO 2014

EuSou aLaurinda

CibernéticarevistaT e c l a n d o p a r a a m u d a n ç a

Ano 2 | Edição 7

Page 2: Revista Cibernética - Edição 15 de Dezembro de 2014

revistacibernética

15.DEZ.2014Cibernéticarevista

T e c l a n d o p a r a a m u d a n ç a

A REVISTA CIBERNÉTICA é uma publicação elec-trónica de distribuição e acesso grátis, lançada na internet aos 15 de Janeiro de 2012 a partir da capital da Namíbia, Windhoek. Ela surge como contributo na diversificação de platafor-mas cibernéticas de informação, debates, ed-ucação e entretenimento no seio da comuni-dade de expressão da língua portuguesa com interesses em assuntos concernentes a Angola. É uma revista mensal, publicada normalmente nos dias 15.

* * *DIRECTOR:

Pedrowski Teca

GRANDE REPÓRTER: Vaga

COLABORADORES: Maurílio Luiele

Al FélizAmândio Pedro

Izilda BejeTony Domingos

Nuno Álvaro Dala

PUBLICIDADE & MARKETING: Vaga

PAGINAÇÃO & DESIGN: Revista Cibernética

DIRECTOR DE DISTRIBUIÇÃO & MARKETING: Vicente Paxtomás

(República da África do Sul)

CONTACTOS: [email protected]

Telefone: +244 946 877 016

© COPYRIGHT 2014 Revista Cibernética

PROPRIEDADE: Pedrowski Teca

* * *AS OPINIÕES EXPRESSAS PELOS COLABORADORES, ENTREVISTADOS E COLUNISTAS NESTA PUBLICAÇÃO

NÃO ENGAJAM A REVISTA CIBERNÉTICA.

Leia todas as edições em http://issuu.com/revistacibernetica

Page 3: Revista Cibernética - Edição 15 de Dezembro de 2014

revistacibernética

15.DEZ.2014Cibernéticarevista

T e c l a n d o p a r a a m u d a n ç a

A REVISTA CIBERNÉTICA é uma publicação elec-trónica de distribuição e acesso grátis, lançada na internet aos 15 de Janeiro de 2012 a partir da capital da Namíbia, Windhoek. Ela surge como contributo na diversificação de platafor-mas cibernéticas de informação, debates, ed-ucação e entretenimento no seio da comuni-dade de expressão da língua portuguesa com interesses em assuntos concernentes a Angola. É uma revista mensal, publicada normalmente nos dias 15.

* * *DIRECTOR:

Pedrowski Teca

GRANDE REPÓRTER: Vaga

COLABORADORES: Maurílio Luiele

Al FélizAmândio Pedro

Izilda BejeTony Domingos

Nuno Álvaro Dala

PUBLICIDADE & MARKETING: Vaga

PAGINAÇÃO & DESIGN: Revista Cibernética

DIRECTOR DE DISTRIBUIÇÃO & MARKETING: Vicente Paxtomás

(República da África do Sul)

CONTACTOS: [email protected]

Telefone: +244 946 877 016

© COPYRIGHT 2014 Revista Cibernética

PROPRIEDADE: Pedrowski Teca

* * *AS OPINIÕES EXPRESSAS PELOS COLABORADORES, ENTREVISTADOS E COLUNISTAS NESTA PUBLICAÇÃO

NÃO ENGAJAM A REVISTA CIBERNÉTICA.

Leia todas as edições em http://issuu.com/revistacibernetica

Page 4: Revista Cibernética - Edição 15 de Dezembro de 2014
Page 5: Revista Cibernética - Edição 15 de Dezembro de 2014

mês do feriado do Maio, o ano lectivo 2014 terminará em Janeiro de 2015, mês em que foram transferidos os exames especiais, que também deverão ser pagos.O ano de 2014 também caracterizou-se por crimes cada vez mais crueis, por exemplo: a bancária que foi assassinada pela amiga, a jovem bonita que pediu boleia e com o namorado roubaram e assassinaram um outro jovem solidário; Houve o caso do “Samy” que ressuscitou no Soyo, Zaire, e que agora encontra-se detido por acusação de imigração ilegal. Os acontecimentos não pararam em “petit” crimes, por vezes passionais, pois o 2014 foi também marcado por grandes fugas de capitais, roubo do erário público, tráfico de influência e impunidade, dentre os casos consta o “BESA”, onde sumiram 5,7 mil milhões e que o presidente angolano, José Eduardo dos Santos socorreu sem prender ninguém obviamente porque na lista dos deveredores contam membros do bureau político do seu próprio partido, MPLA; E um outro caso de confisco de milhões de dólares e outros bens, que abalou a sociedade angolana, ocorreu com o conflituoso general angolano Bento dos Santos Kangamba pela Polícia Judicial portuguesa.Em 2014, a desgovernação de Angola não cingiu-se apenas ao roubo do erário público e impunidade dos autores, mas o país também retrocedeu no índice de desenvolvimento humano, destacando-se dentre os mais corruptos do mundo.Houve um grande défice e declíneo quanto a protecção e garantia dos direitos fundamentais dos cidadãos, não apenas sócio-económicos e culturais, como também o direito de reunião e manifestação, de imprensa, de opinião crítica ao “status quo”, que sofreram graves violações constitucionais, destacando-se o caso da jovem universitária Laurinda Manuel Gouveia, espancada impiedosamente até a exaustão, por sete coman-dantes da Polícia Nacional de Angola.O ano de 2014, foi período de crescente insatisfação dos governados angolanos, e destapou-se mais a care-ca do regime do MPLA, que mostrou-se uma vez mais abalado e medroso com as críticas e intervenções sociais anti-regime, após acompanhar o derrube popular do ditador do Burkina Faso.Tal como termina mais um ano, aumenta cada vez mais a experiência e conhecimento dos governantes e governados, numa luta em prol de uma Angola melhor, e a Revista Cibernética estará presente em 2015, para “juntos teclarmos para a mudança”.

Pedrowski Teca, Director

Termina mais um ano: um ano lectivo, um ano laboral, um ano orçamental, um ano de mandato governamental, um ano que pode ser visto e definido em di-versas maneiras.Pela primeira vez, o país conseguiu realizar um censo populacional que preliminar-mente nos posiciona em 24.300.000 de habitantes no território nacional, restando ainda ao Instituto Nacional de Estatísticas esclarecer-nos as estimativas definitivas, sobre tudo de quantos angolanos somos, quantos estrangeiros vivem conosco, etc, afim de traçarmos planos concretos e realistas sobre as nossas necessidades, dentre outras: empregos, escolas, habitação, hospitais que precisamos de acordo ao êxodo populacional de cada localidade.O parlamento aprovou um Orçamento Geral do Estado (OGE), que de acordo aos partidos da oposição, “saiu conforme entrou” de acordo aos caprichos do poder instituido. Um dos aspectos positivos do censo populacional é que devia influenciar e ser a base da elaboração do OGE. Foi o caso?Para os alunos e estudantes, o mês do censo, Maio, não apenas foi de férias pro-longadas mas também tiveram de pagar as propinas, diante da incompetência dos ministérios da Educação e do Ensino Superior, que hora diziam que os alunos e estudantes não deviam pagar, hora deviam pagar, e finalmente os educandos e seus encarregados de educação tiveram mesmo que pagar. Por causa do

Carta do Director05

revistacibernética

Page 6: Revista Cibernética - Edição 15 de Dezembro de 2014

Tópicos

Análise

08O pensamento político dos jovens revús

O professor Alvara Nuno Dalas analisou, num

texto interessante, o pensamento político dos jo-

vens revolucionários, que desde Março de 2011

têm realizado inúmeras intervenções sociais em

Angola.

Campanha

10Eu sou GangaExijo justiça

O caso Manuel Hilbert Ganga continua nas

mentes dos angolanos, e nesta campanha,

várias personalidades deram o rosto exigindo

que a justiça seja feita incondicionalmente.

revistacibernética

Análise

12A mulher angolana no sector da educação: Vitórias e desafios

Nesta análise, a professora Izilda Beje compartil-

ha conosco a sua visão e experiência sobre as

mulheres no sistema de educação na Repúbli-

ca de Angola.

Page 7: Revista Cibernética - Edição 15 de Dezembro de 2014

07

Em Foco

16EuSou aLaurinda

A jovem universitária que foi barbaramente es-

pancada por 7 comandantes da polícia nacio-

nal, partilha conosco numa entrevista exclusiva,

as suas ideias sobre Angola e os seu vários inter-

venientes e aspectos cruciais.

revistacibernética

Conto

26Mila

No conto “Mila”, o autor Tony Domingos narra

a estória do funeral de uma jovem, tal como

tem acontecido várias vezes na nossa socie-

dade, em que se envolvia com vários parceiros,

e que a descoberta apenas foi feita no dia da

sua morte.

Saúde

28Hábitos sexuais para seabandonar em 2014

Ajudando os seus leitores a elaborarem as suas

resoluções para o ano 2015, a Revista Ciberné-

tica trouxe à tona, uma lista de 7 hábitos sexuais

que o(a) leitor(a) poderá evitar exercer no ano

novo.

Page 8: Revista Cibernética - Edição 15 de Dezembro de 2014

revistacibernética

Nuno Álvaro Dala

O pensamento político dos

jovens Revús“Se quem tem poder nega a tua liberdade,

então o único caminho para a liberdade é o poder.” (Nelson Mandela)

Há três anos surgiram no cenário político ango-lano novos actores: os jovens revús, assim chama-dos no linguajar angolano para designar/definir os jovens activistas cívicos que têm realizado várias actividades cívico-sociais, como as mani-festações no sentido da mudança do quadro político e social em Angola. As mesmas – a título de exemplo – têm consistido em exigir que o Presi-dente da República abandone o cargo, que haja efectiva liberdade de expressão e de imp-rensa em Angola, que as autoridades respeitem a dignidade de cidadãos como os vendedores de rua e zungueiros e que os direitos dos profes-sores sejam salvaguardados ao contrário do que tem ocorrido em províncias como a Huila, em

que o Governo Provincial tem reagido desastro-samente mal à greve dos professores.

Possuidores de uma coragem que a maioria dos angolanos não tem, os jovens revús – ao contrário de observações crítico-destrutivistas, que os reme-tem a meros instrumentos de agentes internos e externos que alegadamente conspiram contra Angola – tais jovens demonstram afinal possuírem um pensamento politico próprio segundo o qual – entre outras coisas -: (1) O Presidente da República, no poder a caminho de 35 anos, [já] é o principal obstáculo à realização política, social e cultural dos angolanos e, como tal, DEVE ABANDONAR O CARGO; (2) Há em Angola uma ditadura traduzida numa governação mafiosa assente na adulação/idolatria do PR, na depredação do erário publico, no nepotismo, na violação grosseira da Constitu-ição, na corrupção e no assassinato de cidadãos

contestatários ao regime, etc.; (3) A mudança em Angola já não é possível por meio de eleições, mas SIM PELA CONTÍNUA CONTESTAÇÃO POLÍTICA NAS RUAS e PELA DESOBEDIÊNCIA CIVIL, pois – além de não haver oposição política credível em Angola – as eleições são uma encenação politica “para inglês ver”, um mero instrumento de manutenção do regime de José Eduardo dos Santos…etc.

Este quadro de percepção política repousa sobre uma conjuntura em que as exigências dos jovens são essencialmente sociais. Mas as mes-mas abarcam o campo político pela politização de que o estado angolano é também vitima. A falta de separação de poderes e a sobreposição do poder político a todos outros poderes fê-los en-veredar para este campo também. No primeiro draft elaborado por eles (mas ainda não publi-cado) para tentar colocar por escrito o que são

Page 9: Revista Cibernética - Edição 15 de Dezembro de 2014

09

revistacibernética

ANÁLISEou o que eles pretendem, eis o que se pode ler nalgumas passagens do documento: “Somos uma diversidade de jovens de vários estratos sociais, cores e credos, unidos em torno de uma causa, luta e propósito, o mesmo que é alegado por movimentos análogos por este mundo fora e que se pode resumir no discurso populista com a frase: ‘queremos deixar o mundo um sítio mel-hor para se viver do que aquele que encontra-mos’. Vemo-nos como parte integrante de um movimento social global, um movimento con-stituído por uma multitude de campos e formas de acção que, não sendo sempre compatíveis e concordantes, apontam, regra geral, no mesmo sentido: resgate do poder das mãos da classe política cada vez mais desconectada dos gover-nados, para estruturas a nível mais local que pos-sam tomar parte das decisões de como gerir os seus próprios problemas. A nossa humilde parcela nesse movimento escolheu deliberadamente ser apócrifa, desburocratizada, sem regras explícitas, obrigações, estrutura hierárquica, firme no credo de que existe ordem no caos se nos dermos ao trabalho de organizá-lo com carinho. (…). As nos-sas acções orientam-se fundamentalmente no seguinte: a) Promoção de uma cidadania activa, participativa e atuante. – Combate às injustiças e assimetrias sociais; b) Construção do estado mais próximo do ideal democrático; c) Eleva-ção da consciência social critica; d) Combate à ditaduras, tiranias e outras formas de governos repressivos; e) Promoção e defesa das liberdades e direitos fundamentais; g) Informação, Forma-ção e Participação; h) Independência política, económica e governativa; i) Estudos, pesquisa cientifica e tecnologias de informação; j) Ensino libertador. Regemo-nos pela lógica ‘Vários povos, uma só nação’”.

Estas posições nos permitem inferir que os jovens revús são cidadãos cuja acçao política é regida por um pensamento político próprio que se pau-ta pela “salvação de Angola”. Consideram que Angola está sequestrada pelo regime que a tem (des)governado desde 1975 e que, cientes da realidade actual, é necessário que os próprios an-golanos levem à cabo toda uma luta política que resulte no fim do regime eduardino e no estabe-lecimento de um verdadeiro estado democráti-co e de direito, de realização do cidadão.

Embora sejam frequentemente designados como “jovens do Movimento Revolucionário”, a verdade, porém, há actualmente duas gru-pos. Por um lado temos aqueles continuam sem aparato estrutural organizacional – estes não estão num tal movimento revolucionário estru-turado e organizado, no qual os jovens estejam integrados e sigam uma lógica de militante de partido ou organização política que visa o poder.

Por outro lado – porém – em Maio de 2013, um grupo de jovens decidiu oficializar-se como Mo-vimento Revolucionário, com uma estrutura cole-gial, estatuto e outros aspectos próprios de movi-mentos estruturados.

Os jovens revús da outra franja têm mantido a visão que foi espelhada anteriormente e – como já explicado -, o que fazem é na verdade parte de um movimento global, é a nova visão social para as políticas governativas e participação do cidadão. Estes jovens – de ambos os “lados” -, porém, nãos nos se vêm como rivais; antes pelo contrário, se vêm como complementares, sendo que estão apenas em plataformas de actuação diferentes.

De facto, há várias tendências na juventude revú, desde as mais radicais até aquelas que con-sideram que pouco a pouco, fruto de constantes movimentações contestatárias, as mudanças acabarão por ocorrer em Angola. Num extremo, há aqueles que consideram que o caminho para libertar Angola do regime eduardino é a insur-reição popular, ao estilo da Primavera Árabe; no outro extremo há aqueles que consideram que o regime deve chegar ao fim pelos meios con-sagrados na Constituição, mas com recurso a pressão popular constante.

Ora, neste texto não pretendemos fazer juízo de valor no sentido de aprovar esta ou aquela posição. Nosso propósito discursivo visa trazer à luz do dia o facto indesmentível de que – indepen-dentemente das diversas opiniões – OS JOVENS REVÚS POSSUEM UM PENSAMENTO POLÍTICO PRÓPRIO, que evidencia o facto de que SÃO JOVENS PREOCUPADOS COM O PAÍS, que não se limitam a observar e queixar-se do estado do país, mas que vão à luta, tal como o fizeram os jo-vens angolanos que há várias décadas entraram na luta política e militar de libertação de Angola do regime colonial português, o qual tratava os angolanos como seres humanos de quinta cat-egoria, em sua própria terra. A leitura política dos jovens revús é de que, se no passado, jovens de diversos estratos sociais deram o seu melhor pela independência de Angola – muitos dos quais tendo morrido por via disso -, então hoje os filhos e netos de tais nacionalistas devem agora libertar Angola do regime mafioso que transformou An-gola na sua quinta e remeteu os seus cidadãos no debalde geral. De acordo ainda com esta leitura, há 60 ou 50 anos, parecia praticamente impossível Angola estar livre do colonialismo por-tuguês. E os jovens que entravam na luta, uns por sua conta e risco e outros por via dos vários mo-vimentos pró-independência, sabiam que não seria fácil tal empreitada de libertar Angola do regime colonial.

Ora, Angola finalmente se tornou independente em 1975, mas – fruto da imposição de uma agen-da diferente daquela pela qual os angolanos se

construiriam como Nação e como estado, veio a guerra. As narrativas do regime do MPLA pas-saram a inculcar nos angolanos que o único cul-pado pela guerra e “inimigo do povo” era Jonas Savimbi, retratado na música de David Zé como “Kifumbe”, palavra Kimbundu que significa “as-sassino”, “homicida”, etc. Servindo-se do sistema educativo e de outras estruturas de poder, o re-gime inculcou na mente de milhões de angola-nos a ideia de que Savimbi era o tal “Kifumbe”, o delinquente e único responsável pela guerra e outros males. Cerca de vinte e sete anos depois, em Fevereiro de 2002 Savimbi morreu em com-bate, e sua morte foi celebrada efusivamente por milhões de angolanos. Afinal, o “Kifumbe”, o suposto culpado por todos os males de Angola, estava morto!

Se é verdade que um país não é totalmente re-construível em 10 ou 12 anos, também é verdade que durante este tempo de paz, milhões de an-golanos passaram a perceber a realidade que a lavagem cerebral de muitos anos escondia: afinal, em primeiro lugar, para haver guerra tem de haver no mínimo duas partes em conflito; as-sim sendo, “a culpa é de todos nós” e a guerra não foi o único mal da Angola independente. A opção marxista-leninista do regime que tomou o poder em 1975 assim como o seu nepotismo, a depredação do erário publico, a violação gros-seira da Constituição e a corrupção não eram da responsabilidade de Jonas Savimbi. Aliás, nem Jonas Savimbi nem Holden Roberto tiveram algo a ver com o assassinato de milhares e milhares de angolanos nos fatídicos acontecimentos de 27 de Maio de 1977. Nem foram eles que assassinaram Ricardo de Melo, Simão Roberto, Mfulupinga Lan-du Víctor ou Isaías Cassule e Alves Kamulingue!

Os angolanos lúcidos agora sabem que é o re-gime no poder que é responsável pela situação actual. E se quisermos apenas contar o período pós-2002, fica impossível enxergar outro culpado responsável pelo estado em que Angola se en-contra. É preciso salvar Angola!

Quem salvará Angola? Ora, os jovens revús consideram que são os próprios angolanos que devem salvar sua pátria, e que “ficar só a ver” é cobardia do maior tamanho. Compreendem que, tal como diz um ditado: “Se o teu chefe ergue sua mão e enfia seu dedo no teu olho, tu também és cúmplice dele em fazer mal a ti mesmo”!

Os jovens revús demonstram ser verdadeiros patriotas, angolanos lúcidos que se recusam a aceitar os termos desta Pax Eduardensis. Assim, numa altura em que milhões de angolanos ain-da continuam sob anestesia geral, é necessário perceber que “O Menino Deve Sim Falar Política” – deve ajudar a salvar Angola!

Page 10: Revista Cibernética - Edição 15 de Dezembro de 2014

revistacibernética

CAMPANHA

Page 11: Revista Cibernética - Edição 15 de Dezembro de 2014

revistacibernética

11

Page 12: Revista Cibernética - Edição 15 de Dezembro de 2014

ANÁLISE

A mulherangolana no sector

da educação:Vitórias e desafios

Page 13: Revista Cibernética - Edição 15 de Dezembro de 2014

13

revistacibernética

A mulher angolana é mãe, esposa, trabalha-dora… levanta-se cedo para a labuta, sem preguiça ou descanso, lá vai ela sempre es-banjando sorriso pelo mundo cheio de graça por cima de um salto, para educar com amor os filhos dos outros, e no fim do dia os seus, depois de uma longa jornada.Actualmente cerca de 80% dos trabalhadores da educação, um dos sectores mais impor-tantes de qualquer sociedade, pois sem este não há desenvolvimento, são mulheres.Um dos grandes triunfos da mulher do meio ur-bano e rural é a formação. Se recuarmos no tempo e no espaço lembrar-nos-emos que a mulher era preparada para ser uma boa dona de casa e analfabeta.Hoje com o decorrer dos anos, ela não se limita a esta situação mas almeja patamares mais elevados. Com o desenvolvimento da ciência e das tecnologias, a autoformação é um dos objectivos primordiais para a qualidade do pro-cesso de ensino e aprendizagem, bem como a especialidade do seu trabalho.Com a profissionalização, ela tem a capaci-dade e a habilidade de formar e instruir todas as gerações, pois assegura a formação tanto no ensino primário, secundário e universitário.Sendo assim, muitas delas exercem cargos à nível da super estrutura educacional com muita dignidade e profissionalismo.Um dos grandes desafios concernentes a profis-são é não ficar alheia ao combate a corrupção que afecta e mancha este sector, ofuscando o esforço em prol da valorização desta profissão.O que devemos fazer?Lutar para a melhoria da qualidade de ensino no ranking de África com a auto formação con-stante, diminuindo a discrepância entre quanti-dade e qualidade, elevando a formação profis-sional de talentos nas escolas de formação de professores para emendar o quadro já débil.Debater para melhorar as condições de tra-balho nas zonas urbanas e rurais com acom-panhamento de tecnologias nas salas de aula, criando inovações pedagógicas e o gosto pela reflexão crítica e pesquisa.Melhoraria das condições de trabalho no inte-rior de Angola, com aumento de salas de aulas, material didáctico e científico, o número de pro-fessores para evitar um professor para todas as classes do ensino primário em simultâneo.A mulher não esta isenta ao assédio sexual e o fenómeno “gasosa” da corrupção, estas prácti-cas maléficas que perigam este sector. Logo de-vem ser banidas à nível do país. Estes são desafi-os que afectam a mulher que chora em silêncio face a estas situações, sendo o seu maior desejo, a victória de ver estes entraves resolvidos.

Izilda Beje

A mulher não esta isenta ao

assédio sexual e o fenómeno

“gasosa” da corrupção,

estas prácti-cas maléficas que aperigam

este sector. Logo devem ser banidas à nível

do país

Page 14: Revista Cibernética - Edição 15 de Dezembro de 2014

14

revistacibernética

16

revistacibernética revistacibernética

CAMPANHA

Page 15: Revista Cibernética - Edição 15 de Dezembro de 2014

revistacibernética

16

revistacibernética revistacibernética

CAMPANHA

Page 16: Revista Cibernética - Edição 15 de Dezembro de 2014

revistacibernética

EM FOCO

Page 17: Revista Cibernética - Edição 15 de Dezembro de 2014

19

revistacibernética

O MPLA vai cair um dia, e é preciso que eles também se juntem às pessoas que quer-

em o bem desse país. Nós queremos cidadania para

todos. Não queremos MPLA, nem partidos”, é nessa ver-tente que a jovem activista

cívica de 26 de idade, Laurin-da Manuel Gouveia, conce-deu uma entrevista exclusiva

à Revista Cibernética.A estudante do segundo ano

de Filosofia na Universidade Católica de Angola, defen-

deu durante a entrevista que os angolanos devem fazer

uma profunda introspecção e ganhar consciência daquilo

que realmente importa para a concretização de mudan-

ças profundas em Angola.Tendo começado o activ-ismo cívico em 2010, a ac-

tivista foi vítima de um caso de violência policial que chocou

a comunidade nacional e internacional, tendo sido bar-

baramente espancada por 7 comandantes da polícia

nacional por cerca de duas horas no dia 23 de Novembro de 2014, tendo sido abando-

na à beira da morte.Confira na íntegra, nas pági-

nas seguinte, a entrevista com a jovem revolucionária

angolana.

Page 18: Revista Cibernética - Edição 15 de Dezembro de 2014

QUEM É A LAURINDA?

Laurinda Manuel Gouveia é o meu nome. Nasci no Kwanza Sul, no mu-nicípio da Gabela, bairro Matador, no dia 18 de Outubro de 1988.No ensino médio fiz ciências sociais. Na faculdade estou a fazer Filosofia.

Mas anteriormente estava a fazer Serviços Sociais. Troquei, e agora estou a fazer o segundo ano de filosofia. Vivia com os meus tios que me criaram. A princípio, a minha tia, prima do

meu pai, viu-me. Isso ainda vivia com o meu pai no Morro Bento, quando o bairro ainda estava em construção. A tia pediu ao meu pai para eu ir viver com a filha dela. E a filha dela practicamente viveu conosco até 2002, e depois separou-se do esposo, e eu e os meus primos, que são os filhos dela, ficamos em casa com a tia Luisa, que deu seguimento no nosso cresci-mento.O meu pai já é falecido, faleceu em 2001, vítima de doença. A minha

mãe ainda vive, mas já estavam separados enquanto o meu pai estava vivo. O meu pai teve a ideia de me trazer para Luanda, mas a minha mãe continua na província. É camponesa e sobrevive de produtos do campo. Os contactos com ela têm sido muito pouco. Agora que estou um pouco mais crescida, tenho ido lá, mas em raras ocasiões porque acredito que falta-me um pouco mais de sentimento para com ela, porque não cresci com ela. Tenho mais sentimento para a pessoa que me criou, do que para ela.

EuSou aLaurinda

revistacibernética

18

Por: Pedrowski Teca

COMO SE ENVOLVEU NO ACTIVISMO CÍVICO?O meu envolvimento no activismo cívico começou a partir de 2010, não

é simplesmente com as manifestações porque eu faço parte do grupo coral da igreja, e desde sempre fui uma pessoa muito simples, mesmo na maneira de estar e de falar. Então eu via algumas indiferenças contra as pessoas, e isso questionava-me muito. Eu comecei a reflectir mais acerca da nossa existência, da existência do mundo e das coisas, e tudo mais. Em 2011, aquando do show do Bob da Range Sense. Sendo que eu gosto

muito de música RAP, estive no show e lá apareceu o rapper Brigadeiro Matafrakuxz (Ikonoklasta). Não o conhecia. Então ele cantou, com mais um outro, anunciou a manifestação, que ele também não sabia quem convocou a mesma, mas anunciou a dizer que temos que estar lá, se queremos uma Angola melhor. Vamos tirar o Zé Dú do poder e tudo mais. E eu como já estava a reflectir sobre os aspectos sociais de Angola, então eu vi aquilo como uma maneira de participar, visto que também, mesmo nessa altura estava a cuidar de uma senhora no hospital. Que estava su-per debilitada, e as médicas infelizmente iam para lá e vinham a senhora daquela maneira, apenas lhe davam os comprimidos, deixavam a co-mida aí e mais nada. E a família dessa senhora dificilmente aparecia. Eu vi isso durante três dias. Vi que a senhora estava muito debilitada e não tinha forças para levantar, para pegar um copo, então eu comecei a me dedicar à senhora. Ia para lá, dava-lhe banho, dava-lhe de comer. Orava com ela e via que ela estava a melhorar consideravelmente.

Page 19: Revista Cibernética - Edição 15 de Dezembro de 2014

EuSou aLaurinda

revistacibernética

Page 20: Revista Cibernética - Edição 15 de Dezembro de 2014

20

revistacibernética

Depois quando surgiu mais este show a pedir condições sociais melhor, eu disse “então prontos, é um motivo para eu também participar e talvez mudar essa situação”. E foi alí. A manifestação estava marcada para o dia 7 de Março, mas antes disso

eu até disse ao meu primo sobre a manifestação e ele disse “não vale apena estar a se meter com o Ikonoklasta porque alí matam. Ikonoklasta já lhe conhecem, e se você ir lá ainda te matam”. Mas eu não liguei ao que ele disse. Fui, mas o que houve é uma dispersão de horário, eu estava a pensar que seria às uma hora da tarde, afinal seria à uma hora da madru-gada. E fui para lá a pensar que ia acontecer alguma coisa. Como eu treino alí ao lado, no Primeiro de Maio, saía e observava se aparecesse pes-soas, mas ninguém apareceu. Só mais tarde é que eu vi na TPA a dizerem que apareceram alguns jovens tentando passar como grupo da igreja, e a dizer que queriam fazer uma vigília no Largo da Independência. Então reconheci os jovens, e também assisti na SIC Notícias, onde a informação foi apresentada de uma outra maneira.Desde então fui participando nas manifestações, como a do dia 2 de

Abril de 2011, a do dia 25 de Maio e eu estava feliz ouvindo os manos a falar de que vamos conseguir mudar Angola, que Deus está conosco e aquilo me motivava mais porque acreditava mesmo que Deus estava conosco e que nós iriamos fazer mudança. Era naquela altura que Angola poderia mudar. Assim fui me envolvendo mas sem participar em grupos ou reuniões. Quando havia manifestações eu participava e depois ia para casa.Comecei a me envolver em grupos em 2012, e quando organizou-se um

encontro de jovens da LAASP para abordar sobre as eleições, também participei e assim fui conhecendo mais manos. Também participei na re-alização de observação paralela de eleições através do jovem Pimpom que me apresentou ao Luaty e ao outros. Conheci os manos do Cazenga e de Viana, conheci o Cavaleca de Belas, a quem afirmei que eu não queria fazer parte de um grupo porque o importante era que eu fizesse alguma coisa.

FALE-NOS SOBRE AS MULHERES NO GRUPO DOS REVOLUCIONÁRIOS?

A aderência de mulheres tem sido muito pouca. Acredito que muita das vezes nós também somos culpados disso, deveriamos estar a mobilizar mais. Digo enquanto nós jovens, activistas do nosso grupo, sem enquadrar as mulheres que estão nas organizações não governamentais. Eu penso que devemos mobilizar mais, mas também elas devem se sentir motivadas em fazer alguma coisa. Dentre as mulheres, destaco algumas que estão assim na retranca e outras mais activas, como é o caso da Rosa Conde, da Diana Pereira, Diana António, Dionilde Costa, Elisabete, Rosa Mendes, Elsa Luvualo que deu muito para o activismo, da tia Ermelinda Freitas que é a minha inspiração: Tiro o chapéu porque apesar da idade e das difi-culdades, está sempre a sonhar com uma Angola melhor. Somos muito poucas. Também é o caso da minha tia São Martins, que me criou. Ela também tem uma história sobre a luta para o país, infelizmente sente-se frsutrada porque não tem apoio de ninguém, mas ela também é uma fonte de inspiração para mim, apesar de ela me desincentivar cada vez mais. Mas ela sabe o porquê que está a me desincentivar pois já viveu na pele, aquilo que talvés eu poderia ou poderei passar. A minha tia São é também uma fonte de inspiração para mim.

EM FOCO

Page 21: Revista Cibernética - Edição 15 de Dezembro de 2014

revistacibernética

Page 22: Revista Cibernética - Edição 15 de Dezembro de 2014

22

revistacibernética

COMO VÊS ANGOLA?

Eu neste preciso momento defino Angolano como um país que está em fase de crescimento, porque desenvolvimento como tal não existe aqui. Crescimento mais ou menos porque temos visto algumas fábricas, temos visto o presidente a inaugurar algumas fábricas, escolas e hospitais mas que infelizmente não têm profissionais capacitados como tal.Então, Angola está em vias de crescimento e ainda não se atingiu o que

se quer, e nós enquanto cidadãos no geral, independentemente de ser-mos activistas, podemos fazer com que Angola possa desenvolver.Eu apelo às pessoas que têm mais conhecimento, e nós sermos mais hu-

mildades a ponto de chegarmos às pessoas que detêm o conhecimento, para que nos possam passar o conhecimento, para então juntos levarmos Angola para frente. Eu penso que Angola está mesmo a precisar de nós. Não é a UNITA, não é a FNLA, não é a CASA-CE, nem o Bloco Democrático que vão libertar Angola, mas somos todos nós, independentemente da cor partidária. Aquele que se sente que é Angolano, que sente no sangue e no coração a pátria em si, somos nós que vamos libertar Angola. Nós todos somos oposição, então deveriamos estar mais unidos para que jun-tos possamos libertar Angola, por mais que nós não usufruamos dela, mas para o benefício das crianças e as futuras gerações.Temos de libertar Angola dessas mazelas que a gente vive, como a falta

de água, luz, falta de liberdade de expressão, de reunião, de religião. São coisas tão básicas que nós precisamos. O respeito pela pessoa humana, em Angola não existe. Fala-se de direitos humanos, mas em Angola não existe direitos humanos. São direitos que estão intimamente ligados à nós, mas nos são banidos. É preciso que todos estejamos unidos para uma An-gola melhor, uma Angola mais livre, onde eu posso sair e falar: presidente está assim e assim. O presidente tem de ter aquela sensibilidade de ouvir as pessoas. Não é fazer como ele faz. Quando sai há muito aparato militar e todo mundo tem de parar para ele passar, parecendo que está a passar um ser de outro mundo. Não pode! Ele é pessoa como nós e não pode ter medo de nós. Ele está a nos governar, então que governe bem, como deve ser, e Angola não está a ser bem governada.

O QUE DIZES SOBRE OS JOVENS ACTIVISTAS CÍVICOS ANGOLANOS?

Eu peço aos meus manos que paremos e reflictamos o que é que a gente quer para Angola. Qual é a Angola que a gente quer, e isso começa pelas nossas consciências. Eu devo me sentir livre de fazer uma crítica ao Ped-rowski, e o Pedrowski não deve me ver como inimiga pelo facto de fazer uma crítica simplesmente. Então, é para dizer aos meus manos que a críti-ca faz parte da vida, e é com as críticas que nós crescemos. É normal que eu duvide do fulano e do sicrano, é muito normal porque eu quero chegar

EM FOCO

Page 23: Revista Cibernética - Edição 15 de Dezembro de 2014

revistacibernética

à verdade e para tal eu devo duvidar e criticar. Eu peço aos activistas para reflectirmos as nossas dimensões. Não vamos bajular sempre, se alguém falou mal, vamos lá humildemente e chamar atenção, porque é com críti-cas que crescemos e ninguém é perfeito no mundo. Todos erramos mas não podemos continuar no erro. É preciso mudança de consciência.

QUE CONSELHO DEIXAS PARA AS JOVENS MULHERES ANGOLANAS?

Tal como os homens, nós também somos pessoas, e como pessoas, nós também sentimos. É preciso que cada um de nós reclame os seus direitos. Muitas mulheres se acomodam e acham que é normal que o homem as trate assim ou diga ou faça algumas coisas anormais. Não é normal! Exigir os direitos cabe à elas mesmo. As mulheres precisam reconhecer o seu val-or. Somos pessoas e perante a lei somos todos iguais e queremos o mesmo tratamento que dão aos homens.

E AOS PARTIDOS POLÍTICOS DA OPOSIÇÃO?

Para os partidos, sinceramente falando eu tenho, horror até não diria porque estaria a ser muito radical, mas perdi o respeito pelos partidos, porque muita das vezes o que se vê na práctica até faz chorar. Parece que estão alí simplesmente para cumprir formalidades e receberem o que querem: os seus dinheiros e outras coisas mais, e não estão pelo povo,

porque se estivessem pelo povo, deveriam ser mais coerentes, parar e re-flectirem e unirem-se todos os partidos, e tentar libertar Angola do MPLA.

O QUE TENS A DIZER SOBRE AS ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS (ONG)?

As ONGs precisam fazer os seus trabalhos. O ser humano, por natureza, tem medo mas precisamos nos libertar deste medo. Se estão dentro des-tas ONGs é preciso fazerem o papel que lhes é incumbido. Eles devem estar mais abertos para a população. Por exemplo, há muita população com problemas de interpretação, e acho que cabe às próprias ONGs começarem a criar grupos para que passem em bairros e juntamente com os activistas para começarem a sensibilizar a população. É o caso do Orçamento Geral do Estado, que pouca gente tem o conhecimento, então seria o trabalho dessas organizações e os activistas. Por isso é que eu continuo a dizer que é preciso união, e que devem parar de olhar para as caras, por exemplo favorecendo pessoas conhecidas por eles, e mostrando-se indiferentes a pessoas desconhecidas. Elas não estão alí para ajudarem só as pessoas visíveis, mas sim ajudarem a população. Nós queremos que a população em si, tome conhecimento que pode resolver os seus problemas. E os nossos problemas só vão terminar quando cada um ter consciência que nós próprios que metemos alí o presidente,é que podemos lhe tirar. Só assim é que teremos um crescimento e quem sabe

Page 24: Revista Cibernética - Edição 15 de Dezembro de 2014

24

revistacibernética

um desenvolvimento porque o desenvolvimento está na linha de estar bem economicamente, não ter tanto mas o básico, e nós não temos luz, água, comida na arca. O crescimento actual é exterior, na construção de casas e tudo mais, inaugurando fábricas de cervejas e tudo mais, isso não é importante, isso é para destruir mais a população.

QUE CONSELHO DEIXAS PARA O MPLA E PARA O PRESIDENTE DA REPÚBLICA?

Meus irmãos, o MPLA também é nosso irmão e não os temos como inimi-gos. São partes natos dessa Angola. E como eles são parte nato dessa An-gola, o meu conselho é o seguinte: É verdade que eles defendem o pão deles porque muita gente que está lá dentro, está insatisfeito, mas é pre-ciso também que tomem consciência que o homem não vive só de pão. Eles estão alí e vão vendo as coisas acontecendo. Hoje têm o pão, a arca está cheia, têm os carros na garagem, amanhã o MPLA cai, como é que vão ficar os teus netos? Como ficam os teus sobrinhos? O que há entre nós, muita das vezes, é o egoísmo. São egoístas porque nada é eterno nesse mundo. Tudo acaba, e quando acabar, você que nem o essencial con-seguiste dar ao teu filho, porque os membros não têm as mesmas regalias que os filhos do presidente têm, então é preciso que esses nossos irmãos tomem consciência e interiorizem que Angola também é deles, porque Angola não é o MPLA. O MPLA vai cair um dia, e é preciso que eles tam-bém se juntem às pessoas que querem o bem desse país. Nós queremos cidadania para todos. Não queremos MPLA, nem partidos. O partido está alí, sim senhora, deve existir como em qualquer estado, mas as pessoas devem ter consciência da sua cidadania, e é isso que falta. É por isso que retomo que os meus irmãos do MPLA, pensem e repensem Angola. É hoje, e amanhã o que é que será?Para o presidente da República. Senhor Zé Dú, nada é eterno. O sen-

hor entrou aí, tomou o poder com 36 anos, e agora vai com os seus 72 anos... é muito tempo. Mas já se questionaste: será que és o único cidadão nesse país que tem a capacidade de governar? E os outros? Isso até põe em causa o poder de Deus. Deus te deu todos os dotes, nós é que que não soubemos fazer nada, só ele é que sabe. Ele é o arquitecto, o chefe dos exércitos, ele é tudo. Mas até quando? Será que até isso vais levar no caixão? O poder corrompe e eu acredito que isso é uma doença, e essa doença está em África principalmente porque as pessoas entram no poder e quando estão lá, não querem mais sair, vem pedra, vem chuva, e quando saem, é um desastre que acontece porque já estão apegados à matéria. Mas a vida não é só isso. Então o senhor presidente é já mais velho. A morte está alí. É visível. O senhor presidente vai morrer daqui a tempo. En-tão, se ele deixar o poder enquanto é cedo, seria melhor parar um pouco, vai aos campos, e se der vem viver a nossa experiência de vida no “mabu-lulo”. Compra uma casa de chapa e vive lá para sentir na pele o que nós estamos a passar. Isso porque ele pensa que ele é o único que é pessoa. Os outros são animais irracionais. Então a ele eu aconselho, a morte está a vir aí, acredito que é para todos, mas para ele já está próximo, então é preciso que ele reflecta. Abandona o poder enquanto é cedo.

UM DICA PARA OS ANGOLANOS EM GERAL?

Irmãos angolanos, é necessário que nós façamos alguma coisa, e todos unidos. Há aquele ditado que diz: quem não vive para servir, não serve para viver, então por isso devemos fazer alguma coisa por esta Angola, para que todos nós possamos viver bem como pessoas. Zé Dú fora!

Page 25: Revista Cibernética - Edição 15 de Dezembro de 2014
Page 26: Revista Cibernética - Edição 15 de Dezembro de 2014

CONTO

Deu-se que Mila acabou por morrer devido aos ferimentos do acidente. Ela era uma das quatro passageiras do carro que embateu contra o camião parado quando iam a caminho de San-gano, uma praia a sul de Luanda.O óbito estava na casa da sua avô, pois a casa em que viviam era alugada e não ficava bem ter lá coisas deste tipo... Mas em fim, a Mila morreu e este é que era o assunto, o resto era só mesmo resto.Dadão o namorado dela, já conhecido e apre-sentado de forma informal a família, estava lá como o viúvo, e era cumprimentado por aqueles que sabiam quem ele era. Mas tal como Dadão, também estava lá Zé que era o outro namorado dela, de igual forma conhecido pela família... Sim, ela tinha dois namorados devidamente conheci-dos e aceites em casa e pelo resto da família. Zé sabia de Dadão, mas Dadão só desconfiava que podia ter havido algo entre o gajo do Zé e a Mila. A família dela sabia separar bem as águas e nun-ca deixava os dois se encontrarem, sabiam que podia dar problemas sérios. Mas pronto... Aqui tratava-se de óbito e ninguém tinha mas cabeça para pensar nas bestarias que a Mila fazia, era óbito e tinham só já que chorar até enterrar e pas-sar tudo. Falando em chorar, aqui é onde estava a maka. Tanto Dadão quanto o Zé eram de Ca-

Tony Domingostete, e como bons Catetes tinham que chorar de acordo as regras, e as regras dizem que homem de verdade põe “mulála” quando a mulher (...ou namorada) morre.Zé foi já o primeiro. Pediu a uma tia da Mila que o desse um pano, colocaram-no a mulála, pegou nalgumas roupas da Mila e foi lá fora chorar.De camisola branca, descanso e com aquela mulála de pano vermelho ia pelo quintal cho-rando:- Aiué Miléeeee, Miléeee, Miléeeee.... Aiué, nossa mulher morreu! Aí Miiiiila!Dadão que também não quiz se deixar, fez o mesmo:- Mila sua gaja de merda, aiiii minha Mila. Só no óbito é que estou a conhecer os teus homens. Afinal éramos quantos Miiiiiila..... Aiué Mila.O povo no óbito começou a ver que alguma coi-sa não estava certa, aqueles dois jovens estavam a fazer o que afinal? Os dois eram o quê dela?Não imaginam o silêncio que aqueles dois causaram. Até a família da Mila parou de chorar. O obtido ficou só deles os dois.- Mila sua gaja p**a de merda! afinal eras uma vadia minha Mila.... Aiiiiiiiii, até dói Mila. - este era o Dadão o principal.Zé que começou com o show rebenta também:- Aiuéeeee Miléeeee, morreste com quem Mila?

Aquele carro mesmo onde morreste era de quem? Éramos quantos afinal Mila?A tia Zita, uma espécie de mais velha da família, é que teve que por ordem naquela bagunça. Chamou os dois jovens e depois de dar um par de bofetadas a cada um, mandou-os vestir e retirarem-se já do óbito o mais rápido possível, tin-ha que haver respeito, um óbito não é uma rave nem um lugar qualquer onde as pessoas ficam a chorar palhaçadamente. E estavam já proibidos os dois de atenderem o funeral. Caramba! Calaram os dois e foram se recompor. Passados alguns minutos chega um jovem senhor num V8, com ar de homem maduro e fino. De ócu-los escuros e lenço de bolso na mão direita, não escondia os soluços e as muitas lágrimas que ca-iam. Acompanhado da sua mãe, olhou para um lado e depois para outro e foi ter com alguém a quem pareceu estar a fazer ideias.- Boa tarde - disse ele- Boa tarde - A mãe da falecida posso encontrá-la aonde?- Eu posso chamar, digo que quem é o moço?- O namorado da falecida.Sim, eu também disse “outro mais?”.... como po-dem imaginar este foi um dos melhores óbitos que já aconteceram, pena vocês não terem estado lá para ver como terminou.

MilaAiuéeeee Miléeeee,

morreste com quem Mila? Aquele carro mesmo onde

morreste era de quem? Éramos quantos afinal, Mila?“

26

revistacibernética

Page 27: Revista Cibernética - Edição 15 de Dezembro de 2014

CONTO

Deu-se que Mila acabou por morrer devido aos ferimentos do acidente. Ela era uma das quatro passageiras do carro que embateu contra o camião parado quando iam a caminho de San-gano, uma praia a sul de Luanda.O óbito estava na casa da sua avô, pois a casa em que viviam era alugada e não ficava bem ter lá coisas deste tipo... Mas em fim, a Mila morreu e este é que era o assunto, o resto era só mesmo resto.Dadão o namorado dela, já conhecido e apre-sentado de forma informal a família, estava lá como o viúvo, e era cumprimentado por aqueles que sabiam quem ele era. Mas tal como Dadão, também estava lá Zé que era o outro namorado dela, de igual forma conhecido pela família... Sim, ela tinha dois namorados devidamente conheci-dos e aceites em casa e pelo resto da família. Zé sabia de Dadão, mas Dadão só desconfiava que podia ter havido algo entre o gajo do Zé e a Mila. A família dela sabia separar bem as águas e nun-ca deixava os dois se encontrarem, sabiam que podia dar problemas sérios. Mas pronto... Aqui tratava-se de óbito e ninguém tinha mas cabeça para pensar nas bestarias que a Mila fazia, era óbito e tinham só já que chorar até enterrar e pas-sar tudo. Falando em chorar, aqui é onde estava a maka. Tanto Dadão quanto o Zé eram de Ca-

Tony Domingostete, e como bons Catetes tinham que chorar de acordo as regras, e as regras dizem que homem de verdade põe “mulála” quando a mulher (...ou namorada) morre.Zé foi já o primeiro. Pediu a uma tia da Mila que o desse um pano, colocaram-no a mulála, pegou nalgumas roupas da Mila e foi lá fora chorar.De camisola branca, descanso e com aquela mulála de pano vermelho ia pelo quintal cho-rando:- Aiué Miléeeee, Miléeee, Miléeeee.... Aiué, nossa mulher morreu! Aí Miiiiila!Dadão que também não quiz se deixar, fez o mesmo:- Mila sua gaja de merda, aiiii minha Mila. Só no óbito é que estou a conhecer os teus homens. Afinal éramos quantos Miiiiiila..... Aiué Mila.O povo no óbito começou a ver que alguma coi-sa não estava certa, aqueles dois jovens estavam a fazer o que afinal? Os dois eram o quê dela?Não imaginam o silêncio que aqueles dois causaram. Até a família da Mila parou de chorar. O obtido ficou só deles os dois.- Mila sua gaja p**a de merda! afinal eras uma vadia minha Mila.... Aiiiiiiiii, até dói Mila. - este era o Dadão o principal.Zé que começou com o show rebenta também:- Aiuéeeee Miléeeee, morreste com quem Mila?

Aquele carro mesmo onde morreste era de quem? Éramos quantos afinal Mila?A tia Zita, uma espécie de mais velha da família, é que teve que por ordem naquela bagunça. Chamou os dois jovens e depois de dar um par de bofetadas a cada um, mandou-os vestir e retirarem-se já do óbito o mais rápido possível, tin-ha que haver respeito, um óbito não é uma rave nem um lugar qualquer onde as pessoas ficam a chorar palhaçadamente. E estavam já proibidos os dois de atenderem o funeral. Caramba! Calaram os dois e foram se recompor. Passados alguns minutos chega um jovem senhor num V8, com ar de homem maduro e fino. De ócu-los escuros e lenço de bolso na mão direita, não escondia os soluços e as muitas lágrimas que ca-iam. Acompanhado da sua mãe, olhou para um lado e depois para outro e foi ter com alguém a quem pareceu estar a fazer ideias.- Boa tarde - disse ele- Boa tarde - A mãe da falecida posso encontrá-la aonde?- Eu posso chamar, digo que quem é o moço?- O namorado da falecida.Sim, eu também disse “outro mais?”.... como po-dem imaginar este foi um dos melhores óbitos que já aconteceram, pena vocês não terem estado lá para ver como terminou.

MilaAiuéeeee Miléeeee,

morreste com quem Mila? Aquele carro mesmo onde

morreste era de quem? Éramos quantos afinal, Mila?“

revistacibernética

Page 28: Revista Cibernética - Edição 15 de Dezembro de 2014

28

revistacibernética

SAÚDE

Hábitos sexuais para se abandonar em 20141 - Deixe de fazer posições sexuais que assististes em filmes pornôs, principal-mente exigindo uma posição em cada 2 minutos.

2 - Nunca mais puxe o cabelo dela se não sabes como fazer.

3 - Não dê tapinhas no tra-seiro, se continua a resultar em “violência doméstica.

4 - Pare de pedi-la para meter a camisinha em ti.

5 - Pare de querer serviço completo quando estás em casa dela, onde pode apenas rolar uma rapidinha.

6 - Pare de perguntar se ela se veio.

7 - Podes te vir na boca dela, se ela consentir, mas não no cabelo ou no olho.

Page 29: Revista Cibernética - Edição 15 de Dezembro de 2014

revistacibernética

Page 30: Revista Cibernética - Edição 15 de Dezembro de 2014

30

revistacibernética

TECNOLOGIAS

As 7 marcas de telefones que mais impacto tiveram em 2014

Por: Vicente Paxtomás

Page 31: Revista Cibernética - Edição 15 de Dezembro de 2014

Nesta quadra festiva, em que o gesto de dar e receber pre-

sentes é uma tradição mun-dial, a Revista Cibernética trás

em abordagem as marcas de telefones celulares que

fizeram sucesso durante o ano que está a findar.

Para a sua apreciação, descrevemos em ordem

classificativa, nas páginas seguintes, as 7 marcas de telemóveis para os nossos leitores, nomeadamente:

Applea iPhone 6, Blackberry Passport, HTC One (M8), Hua-

wei Aascend P7, LG G3, Nokia Lumia 930, e a Sony Xperia Z2.

Page 32: Revista Cibernética - Edição 15 de Dezembro de 2014

revistacibernética

32

APPLE IPHONE6

Finalmente foi lançado o telefone mais esperado no mundo em 2014, o iPhone 6. O telemóvel que a muito era aguardado com muitas especulaões, é uma actualização eficiente do iPhone 5. Ele é difer-ente por ser um pouco mais largo, medindo 4.7 polegadas. A Apple veio com o seu mais recen-te model com as especificidades de 64 bit, A8 de processador e 1GB de RAM. O iPhone 6 é mais rápido para as coisas do dia-à-dia, espe-cialmente para suporte de jogos, tornando o seu uso mais prazeroso e divertido. Para os amanantes do “selfy”, saibam que o iPhone 6 conta com 8 megapixels de res-olução da sua câmera fotográfica, que dá para fazer fotografias com mas qualidade.E um dos aspectos mais importantes é o tempo de duração da bateria, que também foi melhorado nest versão, apesar de continuar a ser um assunto intrigante para os smart-phones, devido ao uso constante de seus aplicativos e na interação pela internet.

TECNOLOGIAS

Page 33: Revista Cibernética - Edição 15 de Dezembro de 2014
Page 34: Revista Cibernética - Edição 15 de Dezembro de 2014

revistacibernética

34

BLACKBERRY PASSPORTSem sombras de dúvidas, o Blackberry Passport é um dos melhores smartphones que o mundo já tivera vistos. O telemóvel foi especial-mente feito para professionais, ideial para pessoas que viajam e podem ler os e-mails, fazer apresentações e carregar documentos a serem enviados ou recebidos por via da internet.Com um ecrã de 4.5 polegadas ao quadrado, faz com que o usuário tenha uma experiência única ao ver vídeos e filmes.

HTC ONE (M8)É um telemóvel Android, que foi classificado como um dos melhores smart-phones do ano. Em 2013, o HTC ONE (M8) foi eleito o melhor Android e este ano foi eleito como um dos melhores telemóveis do ano, sendo comparado com a SamSung e Apple.Com 5 polegadas de ecrã, o HTC ONE (M8) usa a tecnologia LCD 3, e conta com alta definição de 1080 pixels de resolução de ecrã. Este telemóvel é tam-bém considerado como um dos melhores Android smartphones em termos de qualidade fotográfica.

HUAWEI ASCEND P7Com lentes atrás e a frente, é um pouco luminoso. O HUAWEI ASCEND P7 não parece ser um smartphone muito sofisticado e nem deslumbrante, mas a reali-dade nos prova o contrário.O seu tempo de duração de bateria é a melhor em relação à vários smartphones.

TECNOLOGIAS

Page 35: Revista Cibernética - Edição 15 de Dezembro de 2014

LG G3Grande, rápido e com a resoluçãoo de ecrã que intriga no mente, o LG G3 até ao momento foi um dos smartphones mais aplaudidos do ano de 2014.A marca tem um dos melhores ecrãs, com 5.5 polegadas, maior de todos os smarthphones, com 13 megapixel res-olução de câmera, e já tem uma versão actualizada prestes a ser lançada ao mercado.

NOKIA LUMIA 930É o melhor telemóvel que a empresa Windows já manufacturou na sua história.Com o mesmo software da Lumia 1520, este telemóvel tem um sistema completa de alta definição. O Lumia 930 não tem histórico de applicativos mas os críticos e analistas defendem que poderá ser um grande adversário do sistema operativo IOS.

SONY XPERIA Z2É o smartphone que posteriormente foi dado a conhecer ao mundoa, que a empresa Sony iria fazer.Quando a SONY XPERIA Z2 foi lançada, a empresa fez a questão de explicar as acerca das melhorias que o telemóv-el suporta. Com as lentes atrás e em frente, a aparência deste telemóvel pode dar uma sensação de medo, mas depois de alguns meses de uso, podemos afirmar honesta-mente que é um bom telemóvel para o uso diário, tendo como o seu forte a resistência em casos de acidentes, onde dificilmente quebra.

Page 36: Revista Cibernética - Edição 15 de Dezembro de 2014

revistacibernética

CibernéticarevistaT e c l a n d o p a r a a m u d a n ç a

Desejamos-te Feliz Natal

e Próspero Ano Novo