Revista clube da luta junho 2014

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Revista produzida por alunos do 3º Ano de Jornalismo do Centro Universitário Adventista de São Paulo.

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ClubIndexFALTA DE AUXÍLIO

Mais uma vítima...Queixas relativas à falta de incentivo financeiro no esporte são frequentes. A situação se repete tanto em âmbito nacional quanto regional. O lutador Caio Furlan é outra vítima deste contexto. ....................................................10

CAPOEIRA

Luta ou dança?A capoeira, um marco da cultura brasileira, traz a conotação de dança mesclada com golpes e levanta o questionamento: afinal, o que é isso?........................................................................03

PAPO CAMPEÃO

Jornalista e lutadorConfira a história de Pascoal e suas duas paixões: luta e jornalismo.......................09

O caminho para a glóriaCampeã em tudo no taekwondo, Suelen abandona os estudos para se dedicar ao esporte..........................................................17

Só tiro, porrada e bombaOs tiros de cocaína e as porradas da vida perderam por nocaute para o lutador Guilherme “Bomba” Gomes....................25

SUPLEMENTOS

Salvação?O intuito de ter o corpo perfeito criou uma geração dependente dos suplementos. Mas o que há por trás do uso deles?.............................................22

ESPECIAL UFC

Responsabilidade ocultaFigura quase oculta no octógono, é ele quem começa os embates com a frase “Pronto? Pronto? Lutem!”Esse é Mário Yamasaki, árbitro brasileiro do UFC.....14

MAIS...Menino de ouro....................................26Carreira nas artes marciais................20Dicas de suplementos.........................24

ESPECIAL UFCHistória...................................................12Regras...............................................................15

CALENDÁRIO (06)FILMES (07)

CHARGE (08)EDITORIAL (04)|

Editor-chefe: Edmilson Ribeiro

Projeto gráfico e diagramação: Guilherme Cavalcante

Revisão: Guilherme Cavalcante

Articulista: Giselly Abdala

Repórteres:Oseias OliveiraPatrícia Mattos

Maria Caroline ZimermannJéssica Nascimento

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Editorial“NiNguém

vai batER

mais foRtE do quE a vida”

perado. Como não lembrar a luta épica entre Minotouro, 1,90cm e 104 quilos contra o gigante Bob Sapp de 1,96 cm e 171 quilos. Uma vitória digna de campeão, um ex-emplo claro de superação.

Assim também foi George Fore-man, que aos 46 anos nocauteou o então campeão Michael Moorer, 20 anos mais novo. Independente da idade, do peso, da forma física, o espirito de um campeão está além do que podemos ver exteriormente.

O Clube da Luta é assim. Carrega por trás de uma capa, histórias de campeões nacionais, mundiais e, principalmente, campeões da vida. Feito para um público digno de cin-turão. Escrito por repórteres, far-dados com câmeras, papel e caneta. Que lutam, lutam para finalizar com perfeição aquela matéria digna de um título que a represente.

todos nós somos lutado-res! Lutamos pela famíl-ia, pelos sonhos, por nós

mesmos e por Deus. Um lutador de verdade não precisar es-tar trajado com seu uniforme de batalha, ele pode dispensar quimono, luvas e faixas. O que é, então, indispensável para um lutador? A vontade. Vontade de vencer, de seguir em frente e “en-frente”. Sim, encarando os medos, superando obstáculos, dando o melhor de si a cada round, ou mel-hor, dia de vida.

Não precisamos ter um cinturão dourado pendurado na cintura para sermos campeões. Um campeão de verdade é aquele que se supera a cada dia e tem como adversário a si mesmo. Por mais duro que seja o desafio, com determinação, força, foco e inteligência ele pode ser su-

Essa primeira edição chega às bancas, desafiando os gigantes, pronta para conquistar o público. Com reportagens fortes dignas de um cruzado de direita, certeiras como um Ippon. Do começo forte e postura imponente a uma finali-zação precisa, como um mata leão, o Clube da Luta busca matar o seu leão de cada dia.

E do cinema o lutador Rocky Bal-boa, através de uma frase se faz presente no lema do Clube da Luta. “Ninguém vai bater mais forte do que a vida. Não importa o quanto você vai bater e sim o quanto aguen-ta apanhar e continuar lutando”. E assim com muita luta, dedicação e força de vontade a primeira edição chega a suas mãos. E o responsável por decidir esse resultado é você lutador, leitor e apaixonado pelo mundo das lutas.

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Editorial

Na roda, os movimentos parecem ensaiados, sin-crônicos. A música de fundo e o batuque do ber-

imbau ditam o ritmo da pulsação. A capoeira, um marco da cultura brasileira, traz a conotação de dan-ça mesclada com golpes e levanta o questionamento: afinal, o que é isso?

Apesar de fazer gringo “sambar”, da roda regada a palmas e sorrisos, e de se espalhar por aí em forma de berim-bau –o pesadelo das aeromoças- por quem nada entende da ginga, a capoe-ira não tem raízes populares. Ela nas-ceu de baixo, da subversão, do clan-destino. Não nasceu pra ser dança, nasceu pra ser luta, uma luta pesada. Como já dizia o mestre Pastinha, “Ca-poeira Angola é, antes de tudo, luta, e luta violenta”.

Oriunda de solos brasileiros, surgiu no berço da senzala. Começou a ser praticada por negros e escravos como forma de defesa e resistência aos maus tratos da época. Obviamente, era tida

como ilegal. Isso porque não era van-tagem para os senhores de engenho ter escravos ágeis e perigosos. Tam-bém não era lucrativo que os mesmos se machucassem lutando (mas chic-oteados, pode). Sendo assim, passou a ser praticada disfarçadamente. Como forma de ludibriar seus senhores, os praticantes aderiram aos golpes violen-tos a sutileza efervescente dos batuques africanos e fez tudo virar dança.

E assim a capoeira se fez da forma como é vista hoje: um esporte que in-tegra a luta, o ritmo, a força e, claro, a malandragem. Seus adeptos se intit-ulam apenas de “capoeiras” pois, de acordo com a cultura, capoeira é um estilo de vida, um estado de espírito tão interligado com seus praticantes que transcende nomenclaturas como capoeirista ou lutador.

Ainda que carregada de estigmas, nas últimas duas décadas deixou de ser praticada somente no Brasil e ganhou o mundo. Se por aqui exis-tem brasileiros que ainda têm o es-porte como um gingado pra turista

ver, lá fora já é reconhecido e res-peitado como uma das lutas mais técnicas e perigosas entre as artes marciais. Sim, artes marciais. A ca-poeira, neste conjunto, após 500 anos, é reconhecida como a arte marcial brasileira.

Atraídos pelo ritmo ou pela gar-antia de fortalecimento do corpo, a capoeira ganha milhares de adep-tos a cada ano. Ainda há, de fato, um fluxo de quem não entende o seu significado e ameaçam extinguir a memória das raízes revolucionárias do esporte. Porém, em grande parte são lutadores profissionais que en-tendem a capoeira como a luta que ela é e representa.

Ouso dizer, por final, que capoei-ra vai além do ritmo, da dança, dos movimentos. Capoeira é a essência da cultura brasileira. Há um pedaço da nossa história sendo contada em cada roda, em cada ginga. Uma história de, perdoem-me o clichê, superação. Capoeira, meus amigos, é o símbolo dançante da resistência.

Opinião

Luta ou dança?A capoeira, um marco da cultura brasileira, traz a conotação de dança mesclada com golpes e levanta o questionamento: afinal, o que é isso?

Por Giselly Abdala

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GeralZone #ClubedaLutao que vem aí quando se trata de

combate

14 | JUNHOUFC 174Vancouver/Canadá

O UFC 174 será no dia 14 de junho na Rogers Arena em Vancouver, Canada e terá como luta principal a quarta defesa de Cinturão dos moscas (até 57 kg) do americano Demetrious John-son. O desafiante será o perigo-síssimo russo Ali Bagautinov.O campeão carrega 19 vitórias, 2 der-rotas e um empate. Já Bagautinov tem 13 vitórias e 2 derrotas, tentando a 12º triunfo consecutivo no MMA.

26 | OUTUBROO EVENTOCampinas/São Paulo

Em outubro, Campinas será palco de um dos maiores eventos de MMA Amador do estado de São Paulo: o Campinas Fight GP. Além das dispu-tas na categoria Adulta, nos pesos do UFC, teremos também as cat-egorias Juvenil (atletas de 16 e 17 anos) e Máster (atletas acima de 30 anos). Começa às 09h, no Ginásio do Guarani FC.

05 | JULHOUFC 175

Las Vegas/Estados Unidos

A organização do UFC 175 divulgou oficialmente a data do evento. Ele será

realizado no dia 05 de julho em Las Vegas (EUA) e contará com a dis-

puta de dois cinturões, além de um dos duelos mais esperados do MMA.A luta principal terá a defesa de título docampeão dos médios Chris Weidman contra Lyoto Machi-

da. No outro grande duelo da noite, a campeã do peso galo Ron-

da Rousey defenderá o seu cinturão pela terceira vez contra a canadense Alexis Davis.O evento terá, ainda, o esperado con-fronto entre Wanderlei Silva e Chael Sonnen.

28 | JUNHOUFC: TE HUNA x MARQUARDT

Auckland/Nova Zelândia

No último sábado deste mês, a Nova Zelândia rece-berá seu primeiro evento do UFC ao sediar o em-bate entre o norte-americano Nate Marquardt e o neozelandês James Te-Huna, pela categoria dos pe-

sos médios. Além deste duelo, outra atração será a briga dos penas entre o japônes Hatsu Hioki e o brasileiro Charles Oliveira.

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Por Jéssica Nascimento

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GUERREIRO:Filme rendeu indicação ao

Oscar para Nick Nolte

sinopse: Dois irmãos que não se falam se encontram em um octógono para uma luta final do campeonato de MMA. Um é Tommy Conlon (Tom Har-dy) é o filho mais novo de Paddy (Nick Nolte), que voltou a pouco tempo do Afeganistão, o outro é Brendan Conlon (Joel Edgerton), um professor que con-

O drama da LutaApesar de falar sobre MMA, torneios e competições diversas, Guerreiro atrai pelo seu roteiro melodramático impecável

sinopse: Frankie Dunn (Clint Eastwood) é um treinador de boxe que sempre passou para seus lu-tadores uma lição que segue para sua vida: “Antes de tudo se proteja”. Afastado de sua família, seu único

Menina de Ouro amigo é Scrap ( Morgan Freeman), responsável por cuidar de sua aca-demia. Um dia aparece um sua vida Maggie Fitzgeral (Hilary Swank), uma talentosa boxeadora ainda não lapidada e com desejo de ser treinada por Frankie, que no ini-cio se recusa. Mesmo com a recusa Maggie treina diariamente no giná-sio, recendo o apoio e incentivo de Scrap. Com força de vontade Mag-gie convence Frankie a treiná-la.

Prêmios: Vencedor de 4 Estatuetas do Oscar 2005: Melhor Filme, Melhor Diretor (Clint Eastwood), Melhor Atriz (Hilary Swank) e Melhor Ator Coadjuvante(Morgan Freeman).

Avaliação CLUBE DA LUTA:

Mais uma obra-prima sobre a vida disfarçada de filme sobre o boxe

Karate Kid - A Hora da Verdade (1984)

sinopse: Daniel Larusso (Ralph Macchio) e sua mãe (Randee Hel-ler), acabam de mudar de cidade. No começo ele não se adapta ao novo ambiente, até conhecer a bela Ali Mills (Elisabeth Shue).

Entretanto, o ex-namorado de Ali, Johnny Lawrence (William Zabka), e sua gangue começam a perseguir Daniel. Uma noite ele é cercado pelo

grupo, e acaba sendo salvo pelo veterano Sr. Miaygi (Pat Morita), mestre de karatê, que através de

atividades do cotidiano treina Daniel para um torneio de karatê

contra Johnny e sua turma da academia Cobra Kay.

Rocky Um Lutador (1976)sinopse: Rocky (Silvester Stallone)

é um boxeador da Filadélfia que trabalha como cobrador de um

agiota. Conhecido como Garanhão Italiano, Rocky recebe a oportuni-dade de enfrentar o Campeão peso pesado Apollo Doutrinador (Carl

Weathers), como um golpe publici-tário para dar a oportunidade a um desconhecido. Porém, Rocky treina de modo intenso com Mickey Gold-mil (Burgess Meredith), inclusive dentro de um frigorifico. O único desejo de Rocky é terminar os 15

rounds da luta sem ser nocauteado pelo campeão.

#ClubedaLuta

cilia as aulas com o universo das lutas.

Prêmios: Indicado ao Oscar 2012 como Melhor Ator Coadjuvante (Nick Nolte)

Avaliação CLUBE DA LUTA:

Péssimo| Fraco| Mediano| Bom| Excelente|

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Jornalista e lutador“Só é vencedor quem quer ser vencedor. Para vencer é preciso abrir mão. Para um vencedor não existe absolutamente nada que o tire do seu alvo”.

Pascoal Junior Monteiro de Castro, 35, é jornalista, pós-graduado em marketing e comunicação, faixa

marrom no judô e preta 4º grau no Jiu-Jítsu. Começou sua carreira como lutador aos quatro anos de idade quando conhe-ceu o judô. Aos oito, conheceu o jiu-jitsu e conciliou os dois esportes até optar por se dedicar somente ao último. Chegado o momento de fazer o vestibular e sua escolha profissional, Pascoal tomou um rumo inesperado: o jornalismo. A partir de então, luta e jornalismo fazem parte de suas paixões e de sua vida. “Ao entrar na faculdade o jiu-jitsu me ajudou e mui-to, pois foi através do meu esporte que eu consegui uma bolsa atleta. Eu estudei e praticamente não paguei nada! A luta e o jornalismo andam juntos na minha vida desde essa época”, conta o atleta. “SãO AS DUAS COiSAS qUE EU AmO fAzER E nãO TEm COmO ABRiR mãO dE um ou dE outRo”.

Atualmente, além de competir nacion-al e internacionalmente pelo jiu-jistu, Pascoal exerce a função de jornalista como diretor de comunicação da Liga Brasileira de Jiu-Jitsu (LBJJ), onde fica responsável pela divulgação geral das competições no site e nas redes sociais. “Tentamos fazer o nosso papel dando to-das as informações possíveis aos veícu-los que cobrem os nossos eventos, mas ainda esbarramos na insistência da mí-dia em valorizar só o futebol no nosso país“. Para ele, de forma geral, a mídia ainda não aprendeu que a arte marcial levada a sério pode formar pessoas do bem. “Falta divulgar e valorizar a filoso-fia de vida que esportes como o Jiu-Jitsu, o Judô e outros conseguem incutir nas pessoas, afirma.

O Jiu-Jitsu apresenta benefícios tanto físicos como psicológicos, entre eles é possível notar a melhor capacitação vas-cular e o aumento do condicionamento físico, mas o professor acrescenta, “é preciso muita determinação nos trei-nos”. Pascoal conta que o Jiu-Jitsu mudou

PAPO CAMPEÃO: confira a história de Pascoal e suas duas paixões: luta e jornalismo

Por Patrícia Mattos

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sua postura e seu jeito de ver as pessoas e as coisas. “Hoje sei que possuo um au-tocontrole e uma autoestima boa. Sou uma pessoa saudável e tranquila, durmo bem, como bem, e enfrento todas as situ-ações com confiança e determinação”, acrescenta.

Por outro lado, o esporte e seus atletas enfrentam algumas dificuldades como a falta de patrocínio e incentivo por parte do governo e dos empresários. “Infe-lizmente o jiu-jitsu não é um esporte olímpico. Se fosse, com certeza o Brasil teria muitas medalhas de ouro, afinal de contas, somos os melhores do mundo

nesse esporte. O problema é que para se tornar um esporte olímpico, muita coisa teria que mudar no jiu-jitsu, prin-cipalmente a mente dos presidentes de confederações, federações e outras enti-dades do esporte”, desabafa.

Pascoal conclui apontando semelhan-ças entre a preparação e a função de um jornalista com a de um lutador. “um BOm JORnALiSTA é BOm LUTADOR, qUE BUSCA AS infORmAçõES, qUE TEm DETERminAçãO E fOCO PARA SER imPARCiAL E PRECiSO Em SUA matéRia”, finaliza o jornalista.

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Mais uma

vítimaapós ter conquis-

tado o título de campeão nacional de Kung Fu, em sua

categoria (Sanda, até 65 kg, juvenil.) em 2012, ele teve de abandonar a carreira quando percebeu que não poderia mais custear os treinos e com-petições.

Caio dividia as despesas das viagens e equipamentos com os pais. Além disso, angariou patrocínio de uma empresa limeirense para disputar o campeonato que lhe rendeu

o título. Mas o incentivo parou por aí.

No mo-mento,

Caio faz treinos esporádi-cos e passou a investir tempo, esforço e dinheiro em uma carreira universitária. No terceiro ano de engenharia, o Kung Fu há muito deixou de ser prioridade em sua vida.

Infelizmente, o esporte per-de mais um talento por falta de incentivos. “É muito difícil hoje em dia se tornar um atle-ta de destaque. São poucos os que apoiam os esportistas. Acredito que na faculdade posso alcançar a estabilidade, a qual não obtive no esporte”, confessa.

O Clube da Luta entrou em contato com a Confeder-ação Brasileira de Kung Fu/ Wushu (CBKW) a respeito do episódio com Caio, mas não

obteve respostas até o fechamento desta

edição.

queixas relativas à falta de incentivo financeiro no esporte

são frequentes. A situação se repete tanto em âmbito nacional quanto regional. O lutador Caio

furlan é outra vítima deste contexto.

Por Maria Caroline Zimermann

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espeCIal uFC Por Edmilson Ribeiro

Conheça a história da maiororganização de artes marciais mistas do planeta

quem são os detentores dos cinturões mais cobiçados do universo da luta?

Vale tudo no UfC? Calma lá! Conheça algumas das

regras dos combates

Entrevista exclusiva com um dos árbitros brasileiros

do UfC, mário Yamasaki

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HISTÓRIA

o Ultimate Fighting Championship, conhecido como UFC é a franquia mais bem sucedida do mundo da luta. Ela é almeja-da por todos os lutadores de artes marciais mistas. A marca é dirigida por Dana White e tem sua sede em Las Vegas, nos

Estados Unidos. O UFC conta com 527 lutadores das mais diversas na-cionalidades, divididos em oito categorias masculinas e uma feminina.

Tudo começou com um torneio in-titulado “War of the Worlds” (Guerra dos Mundos), em 1993. Organizado pelo empresário Art Davie, cuja in-spiração veio de vídeos produzidos pela família Gracie no Brasil. A com-petição foi composta com oito luta-dores, dos mais variados estilos de luta e no formato mata-mata. Difer-ente de hoje, a primeira edição não contava com categoria por peso. A ideia do torneio era determinar a melhor arte marcial.Juntamente com vinte e oito inves-tidores entre eles Rorion Gracie co-fundador da franquia, Davie iniciou a WOW Promotions, que em parce-ria com a SEG, até então pioneira no

pay-per-view, para televisionar o que seria a primeira edição do UFC. A emissora então contratou o dire-tor de arte de vídeos e filmes Jason Cusson, responsável pela criação do Octógono.O evento aconteceu em Denver, nos Estados Unidos, com uma premi-ação de 50.000 mil dólares. Com for-mato em Round único e sem limite de tempo as lutas só poderiam ser encerradas por submissão ou no-caute. Apesar de não possuir muitas regras, não era permitido acertar com o dedo o olho do adversário nem golpes na região genital. O tor-neio terminou com a vitória de Ro-rion Gracie, faixa preta de Jiu-jitsu e

anthony Pettis (Eua) 27 anos, 1,77cm e 70kg

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Demetrious Johnson (EUA) - 27 Anos, 1,60cm e 58 kg.

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TJ Dillashaw (EUA) 28 anos, 1,67cm e 61 kg.

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José Aldo (Brasil) 27 anos, 1,70cm e 65 kg

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Atualmente a franquia de lutas mais popular do mundo está divida em oito categorias masculinas:

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irmão mais novo de Rorion, venceu suas três lutas por finalização. Com direito a transmissão ao vivo, a fran-

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Johny Hendricks (EUA) 30 anos, 1,75cm e 77kg

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Chris Weidman (EUA) 29 anos, 1,87cm e 84 kg

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Jon Jones (EUA) 26 anos, 1.93cm e 93 kg (20v-1d-

0e) (melhor peso por peso do mundo)

Cain Velasquez (EUA) 31 anos, 1,85cm e 109 kg

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CampeõesAtualmente a franquia de lutas mais popular do mundo está divida em oito categorias masculinas:

quia registrou 86.592 compras no pay-per-view e um público de 2.800 pessoas na primeira edição.

Ascensão Um dos grandes responsáveis pela ascensão do esporte foi o promotor de boxe Dana White que em 2001, juntamente com Frank e Lorenzo Fertitta, compraram a franquia por dois milhões de dólares, na época a franquia se encontrava à beira da

pesO pesadOpesO meIO-pesadOpesO médIOpesO meIO-médIO

falência. O evento é rebatizado para UFC, marca que ganhou o mundo.O Ultimate com o decorrer dos anos foi se expandindo. Emissoras ad-quirirão os direitos de transmissão das lutas. Estima-se que atualmente o valor de mercado do UFC está em torno de um bilhão de dólares.

Ao lado: Árbitro declara gracie como o grande vencedor da primeira disputa do ufc, em 12 de novembro de 1993.

ACimA: a campanha do lutador brasileiro, um dos pioneiros no esporte

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ENTREVISTA

Como iniciou nas artes marciais e atualmente você é mestre em quais estilos de luta?

A minha relação com as artes marciais vem de família, desde a infância. Sou fil-ho de Shigueru Yamasaki, faixa coral 8° Dan de judô e um dos primeiros árbitros internacionais desse esporte. Influen-ciado meu pai me levou a ter contato com o tatame muito cedo, com apenas quatro anos de idade, já frequentava os treinos com ele, e aos 15 anos, conhecei o jiu-jitsu e hoje sou faixa preta 4 Dan nas duas modalidades. E como se tornou árbitro? Existe al-gum curso específico?

Na época em que me tornei árbitro não existia curso específico. Aprendi com meu pai a arte da arbitragem. Ele dava cursos no Brasil, e, eu, frequentador

Responsabilidade ocultaVocê pode não perceber, mas, ele está lá no octógono. não é

protagonista, mas tem a responsabilidade de iniciar o combate com a célebre frase “Pronto? Pronto? Lutem!”. Esse é

mário Yamasaki, árbitro brasileiro do UfC.

“minha relação é profis-

sional. Tenho bons amigos, mas dentro do octógono não tenho nenhum”

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assíduo das aulas, aprendi logo cedo as movimentações e posicionamentos. Montei um curso específico para for-mação de novos árbitros e juízes lat-erais em 2012 e hoje sou o único que pode ministrá-los no Brasil.

E como entrou no UfC? Existe al-gum tipo de licença para arbitrar lu-tas nos Estados Unidos?

Fui responsável pela organização da primeira luta de UFC no Brasil e, após esse evento, ganhei de “Big” John Mc-Carthy - segundo árbitro da história do UFC - a chance de também me tornar um árbitro, o que me tornou reconhe-cido mundialmente. Todos os árbitros hoje necessitam de uma licença para atuar e ela é conseguida através do curso dado pela Comissão Atlética e após isso uma aplicação para a mesma. Para se chegar no UFC é necessário um know-how de lutas, uma carreira sólida e muito estudo e esforço. Hoje tenho dois árbitros que se formaram no meu curso atuando no UFC. Como um árbitro deve se posicion-ar dentro do octógono sem atrapal-har o combate e conseguir uma boa visualização?

Existe toda uma mecânica de movi-mentação que é passada dentro do curso que ensina os futuros árbitros a se posicionar da melhor maneira.

quais golpes não são permiti-dos no UfC? Caso eles acon-teçam durante a luta, existe uma punição?

Temos 27 regras unificadas pela comis-são e que devem ser seguidas, caso isso não aconteça existem as advertências verbais ou a retirada de pontos. Como é sua relação com os bra-sileiros e os outros lutadores do UfC?

Minha relação é profissional. Tenho

bons amigos, mas dentro do octógono não tenho nenhum. Você tem uma preparação difer-ente quando vai arbitrar uma luta, chega a estudar os lutadores?

Costumo meditar, ficar em silêncio para me concentrar no dia da luta, conheço bem o estilo de luta dos lutadores já es-tudei muito eles. Além da arbitragem, você exerce al-guma outra atividade?

Sou empresário e dono de uma rede de 15 academias de luta nos EUA. qual a melhor, ou a luta mais equilibrada que você arbitrou?

A melhor luta que arbitrei foi entre Randy Couture x Minotauro.

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ESPECIAL UFC

RegRas

- Dar cabeçada- Aplicar qualquer tipo de golpe que coloque o dedo no olho- Morder- Cuspir no adversário- Puxar os cabelos- Agarrar pela boca- Atacar a região genital- Manipular as juntas pequenas- Golpear com o cotovelo de cima para baixo- Golpear a espinha ou a parte de trás da cabeça- Bater nos rins com os calcanhares- Golpear ou segurar a garganta- Agarrar, beliscar ou torcer a pele ou a carne

- Agarrar a clavícula- Chutar a cabeça de um adversário caído- Aplicar joelhadas na cabeça de um rival caído- Pisar em um oponente caído- Segurar a grade- Segurar as luvas ou os shorts do adversário- Usar linguagem abusiva na área de luta- Usar conduta antidesportiva que possa causar danos ao adversário- Atacar um oponente no intervalo- Atacar um adversário quando ele está sob cuidados do árbitro- Atacar um oponente depois de o

gongo ter tocado no fim do round- Timidez, incluindo, sem limitação, evitar contato ou deixar cair o protetor bucal intencionalmente e consistentemente, ou simular contusão- Arremessar um rival para fora da área de luta- Desrespeitar as instruções dadas pelo árbitro- Arremessar o oponente contra a lona sobre sua cabeça ou coluna- Ter ajuda de membros da equipe- Aplicar qualquer substância es-tranha no cabelo ou no corpo para obter vantagem- Pisar em um oponente caído

AchA que vAle tudo no uFc? não é bem Assim...

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SUELEN BASTOS

o cAminho pArA A glóriA

Por Maria Caroline Zimermann

Campeã em tOdOs Os níVeIs nO taekwOndO, suelen abandOna Os

estudOs para se dedICar aO espOrte

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SUELEN BASTOS

NO iníCiO DESTE AnO A ATLETA SUELEn BASTOS, finALmEnTE, tomou a decisão mais difícil e desafiadora em sua vida: abandonou o 4º ano do curso de direito para se dedicar integralmente a sua verda-deira paixão, o taekwondo.

Suelen iniciou suas atividades no esporte aos 14 anos, influenciada pelo pai. De acordo com ela, sua primeira luta foi um grande fracasso, mas sinônimo de superação. “Perdi de 7 a 0. Fiquei bem triste e resolvi me dedicar ainda mais. Com isso, no próximo campeonato ganhei também de 7 a 0”, comemora.

A alfenense tem perseguido esses valores por toda sua trajetória no esporte. Ela conta que, quando iniciou a faixa verde da categoria seu professores deix-aram de dar aula, por isso teve de aprender sozinha. “Fiz o exame para a faixa preta treinando apenas pelo que via no computador, sem nenhum professor pra me orientar”, explica.

Os treinos árduos e o talento inconfundível levaram Suelen para a Argentina em 2009, onde se sagrou campeã mundial de taekwondo na categoria faixa preta, até 55 kg, adulto. Além deste, ela ostenta outros importantes méritos, como: campeã sul-americana em 2010, tricampeã do maior combate da América Latina, o Brasil games, dezoito vezes campeã regional e pentacampeã mineira.

Apesar de possuir autonomia para continuar competindo, a atleta se sente inteiramente realizada ao passar seu conhecimento adiante. Hoje, Suelen leva seus alunos para competir e oferece total apoio aos iniciantes.

Feliz com a escolha, a atleta revela ainda que seu verdadeiro incentivo para continuar no esporte veio somente deles. “Quando dei aulas na Apae, um menino de aproximadamente 8 anos, com muita dificuldade de enxergar, chegou em mim e falou : ‘Oh professora, aqui no taekwondo é a hora que eu fico mais feliz, porque a senhora é o meu olho’. Aquilo bastou, sempre soube o que queria fazer, mas nessa hora eu tive a certeza”, esclarece.

Apesar de ter assegurado lugar de honra dentro do esporte, Suelen Bastos não tem pretensão de continuar a competir. Ela contou tudo para o clube da luta em entrevista exclusiva, confira:

O que você busca no esporte? Eu busco felicidade própria, é algo que me faz bem. E a satisfação de poder ensinar o taekwondo aos alunos é única.

qual é a sua rotina de treinos?Treino só nos fins de semana. No restante fico somente como profes-sora.

De onde vem a sua motivação?Dos alunos, totalmente deles. Sem-pre me agradecem, mandam mensa-gens, presentes. A gratidão que eles têm por mim é a minha motivação.

qual foi a maior dificuldade que você enfrentou no esporte? No começo, a falta de patrocínio foi uma grande dificuldade, não só para mim, mas para os alunos. Como só dou aula para crianças e adultos com baixa renda, eu só ia pra algum campeonato se os meus alunos também tivessem condições de ir. E sem dinheiro era difícil.

O que faz quando não está en-volvida com o taekwondo? Descanso (risos). Não tenho tempo pra nada, o que eu tenho tiro pra descansar.

quais são suas expectativas para os próximos anos?Pretendo trabalhar bastante ou tentar algum patrocinador que ar-rume um lugar com os equipamen-tos para que eu possa dar aulas de graça. Sonho em um dia poder viver apenas do taekwondo, dar aulas pra crianças especiais. Seria uma satisfação enorme também ter al-gum aluno reconhecido pelo que eu ensinei. Creio ser o sonho de toda professora.

Você acredita que o taekwondo tem sido bem valorizado no Brasil?

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Infelizmente o Brasil é o país do futebol, isso faz com que os outros esportes não sejam tão valorizados quanto merecem.

Como você controla a ansiedade pré-competição? Por incrível que pareça eu não fico nenhum pouco ansiosa quando vou lutar. Mas, quando levo meus alu-nos para competir, fico a semana inteira sem dormir direito.

qual luta considera inesquecível?No campeonato brasileiro em Per-nambuco, estava perdendo por seis pontos de diferença. Mas consegui acertar dois chutes na cabeça da ad-versária e virei a luta. Em poucos se-gundos consegui marcar doze pontos. Essa vai ficar marcada para sempre.

Como funciona o tratamento ime-diatamente após as lutas. A máqui-na não enferruja?Depois de uma competição, você sempre quer outra. E isso requer mais treino. No fim, o corpo se acostuma ao ritmo.

Como era a sua preparação após ter uma luta anunciada? Acho que sou a atleta mais calma do mundo. Sempre antes das com-petições eu dormia. Todos ficavam aquecendo e se alongando, mas eu gostava de ficar dormindo na ar-quibancada.

O preparo é diferente depend-endo do adversário? Sim. Um bom atleta sabe lutar de várias maneiras. Dependendo do

adversário você tem que ter um cuidado maior, mais calma, mais rapidez ou defesa. quando você pisa no tatame qual é o seu primeiro pensamento? Que lá é o meu lugar preferido no mundo.

O que o esporte representa na sua vida hoje?O esporte é a minha vida.

Alguma sugestão para os inici-antes no esporte?Sugiro que eles não pensem na próxima faixa. Façam bem feito a faixa atual e, quando chegarem na faixa preta, tenham a mesma humil-dade de um faixa branca.

“Perdi de 7 a 0. Fiquei bem triste e resolvi me dedicar ainda mais. com

isso, no Próximo camPeonato ganhei também de 7 a 0”

1. À esquerda, a lutadora com os seus alunos na academia. Ela os coloca até mesmo à frente de seus próprios torneios (Foto: Arquivo)

2. “Quando levo meus alunos para competir, fico a semana inteira sem dormir direito”, revela suelen (Foto: Arquivo)

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FIGHT CLUB

Carreira nas artes marciais

“Eu tenho 42 anos de idade e comecei o Judô aos quatro. Com quatorze eu já era faixa marrom na categoria. Há dez anos sou faixa preta no Jiu-Jitsu e a mais de 20 sou faixa

preta no Karate”. Com essas palavras, Márcio Mercatti, que há nove anos possui uma academia em Limeira, se apresentou. Com 36 anos de carreira no mundo da luta, atualmente ele é terceiro grau pela Confederação Bra-sileira de Jiu-Jitsu (CBJJ).

Por Oseias Oliveira

Comentando o crescimento do mmA, Mercatti atribui, em função disso, a difusão de

estilos como jiu-jitsu, muay thay e boxe. “Ao mesmo tempo estão surgindo muitas academias e a con-corrência é alta, tanto para quem já trabalha na área, quanto para quem está começando”, explica. Para ele, em função desse crescimento mui-tos ‘charlatões’ surgiram na praça e, com isso, todo cuidado é pouco. “É importante saber a quem o mes-tre ou professor da academia já treinou e ainda conferir se a mesma esta cadastrada na confederação. Estas medidas ajudarão na escolha de um bom profissional”, aconselha.

Mercatti opina também que o MMA tem sido uma grande influên-cia para os que começam a praticar a arte marcial. Segundo ele, para ter êxito nas artes marciais mistas, é preciso ter um fundamento ou conhecimento específico em outros estilos de lutas. “Quanto mais mo-

dalidades o atleta souber, melhor ele será. É duro à pessoa vir direto para o MMA sem ter algum conheci-mento de alguma arte marcial es-pecífica”, adverte.

Em meio a um apoio do governo federal ainda insipiente, Mercatti, na experiência de atleta e professor, ressalta que a situação é melhor para atletas com título sulameri-cano ou mundial. Já para os inici-antes, o cenário é de luta constante até o alcance dos benefícios do pa-trocínio. O preço da derrota? a falta de continuidade na área. Um dos últimos conselhos dados por ele é que os atletas evitem anabolizantes e procurem uma boa suplemen-tação e, se possível, o acompanha-mento de um nutricionista.

Em sua academia, a Fight Club, localizada em Limeira, no interior paulista, Mercatti disse que muitos alunos participam regularmente de eventos e ligas de jiu-jitsu na região. Dentre os membros da equipe exis-

tem campeões paulistas, brasilei-ros, sulamericanos e mundiais.

Contribuição para a vidaO mundo do esporte é repleto de

exemplos e superação. No universo da luta ou da arte marcial não é diferente. Sem dúvida, você deve conhecer a história de algum luta-dor famoso da atualidade que, para chegar ao topo, precisou superar diversos obstáculos. Exemplos de atletas que nem sequer tinham din-heiro para a mensalidade da aca-demia e precisavam fazer a limpeza

1. Equipe de lutadores da academia Fight Club, de Limeira. (Foto: Arquivo)

2. Fábio se prepara para entrar no tatame em uma competição de JIU-JITSU” (Foto: Arquivo)

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da mesma para treinarem gratuita-mente. E uma dessas histórias mar-cantes é do lutador Fábio de Melo, de 24 anos. Além da disciplina, Melo viu no jiu-jitsu uma forma excelente em adquirir hábitos saudáveis. Ele sempre gostou da arte da luta e conta que no início foi incentivado pelos professores, da academia que frequentava, a treinar a arte marcial para participar das competições.

Segundo Melo, para o atleta che-gar ao pódio é preciso estar em um nível de treinamento muito alto e cumprir com as rotinas de treinos.

No início de sua carreira, esse era seu principal erro. “Eu não dormia certo e nem me alimentava correta-mente. Frequentava muitas festas e bebia muito. Depois de algum tem-po percebi que meus treinos não rendiam e vi que essa combinação e estilo de vida estavam totalmente errados”, confessa. Ele comemora por ter superado este obstáculo inicial dentro da luta. “Hoje eu me considero mel-hor e me sinto bem vivendo assim, quero me superar a cada dia mais e adquirir mais disciplina”. Atual-

mente Fábio possui alguns títulos no jiu-jitsu, seguindo a determi-nação de vários de seus atletas preferidos. Sobre os seus ídolos, ele afirma que vive e treina com eles diariamente. Ele ressaltou que a sua admiração reside sobre aque-les que, além de lutarem, têm out-ras funções no trabalho, cuidam da família e ainda buscam tempo para ganharem destaque nos torneios e competições de combate. “Os meus maiores ídolos e incentivadores estão aqui dentro da minha casa, a academia”.

“Eu não dormia certo e nem me alimentava corretamente. frequentava muitas festas e bebia muito. Depois de algum tempo percebi

que meus treinos não rendiam e vi que essa combinação e estilo de vida estavam totalmente errados”

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APROVADO

NEGADO

SALVAÇÃO?

quaNdo sE tRata dE

SUPLEmEnTOS, TODO CUiDADO

é POUCO

muitos começam a academia com um intuito. O estereotipo do corpo perfeito, além da malhação o uso de suplementos passa a fazer parte da rotina desses “novos atletas”.

Por Edmilson Ribeiro

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a combinação de treina-mento físico, regrado a uma alimentação equili-brada acarreta em ben-

efícios cardiovasculares e melhora a composição corporal (aumento de massa magra e perda de tecido adiposo). Entretanto, alguns atle-tas de alto nível, possuem uma ne-cessidade energética e nutricional elevada devido à intensa rotina de treinos, nesse caso, os suplementos alimentares são recomendados para suprir o que com alimentação seria inviável. É o que orienta a nutricion-ista Ludmila Bueno de Toledo, que também alerta os riscos da utili-zação indiscriminada desses suple-mentos e às consequências à saúde futura.

Outra recomendação é de que ativ-

idades físicas não devem ser realiza-das em jejum, para evitar episódios hipoglicêmicos (queda da glicemia) ou hipotensão (queda de pressão). Nesse caso a nutricionista reco-menda o uso de suplementos. “Para aquelas pessoas que devido a sua rotina, não conseguem alimentar-se antes do treino, é preferível o uso de suplementos a ficar em jejum”.

Alguns suplementos auxiliam na reposição necessária para os prati-cantes de atividades físicas, como o BCAA, responsável por aumen-tar a síntese, reduzirem a degra-dação muscular e, assim, promover a hipertrofia. Temos a creatina, um composto nitrogenado obtido na alimentação pelo consumo de car-nes. Excelente para treinamentos de força. “A suplementação de creatina

promove um aumento de massa muscular por melhorar a resistên-cia ao exercício, uma vez que ela aumenta a sensibilidade à insulina (hormônio responsável pela cap-tação de glicose na célula)”, explica.

Tanto alimentos quanto a suple-mentação de aminoácidos são efi-cientes para o ganho de massa. En-tretanto, a nutricionista pondera que a suplementação deve ser pen-sada individualmente e orientada por profissionais habilitados, já que atingida a quantidade recomen-dada de proteínas a suplementação torna-se desnecessária. “Conhecer os hábitos e rotina do praticante de atividade física e sua frequência de treinamento é fundamental para avaliação e recomendação correta do uso de suplementos”, conclui.

diferençasUm estudo realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estátisca) aponta que 98% da população brasileira não ingere a quantidade ideal de vitaminas por dia. Fator que aumenta o número de usuários de

suplementos proteicos.

não-atletas

É recomendado ingerir a quanti-dade de 0,8 por 1 kg peso/dia de proteína. Ou seja, um homem de 70 quilos, precisa de 56 gramas de proteína por dia para atingir resultados favoráveis ao ganho

de massa magra. Quantidade essa atingida facilmente pela

alimentação.

fisiculturistas

É recomendado ingerir a quantidade de proteínas de 1,2

gramas por 1 kg peso/dia. A recomendação para ingestão proteica para ganho de massa

muscular é de 20 gramas, após um treinamento de força (o ideal é até no máximo uma

hora após o treino).

Nós ELES

4/5 colher de suplemento

em pó

1 colher e 200g de suplemento

em pó

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Whey Protein (Outras preoteínas): Principal fonte de leucina, aminoácido obtido através do soro do leite, efetivo no ganho de massa (hipertrofia).Prós: Permite construção de massa muscular mais rápida. Contribui para a manutenção e crescimento muscular.Contras: Diversificação de tipos de Whey, cada um possui sua peculiaridade e preço.

Creatina: Composto nitrogenado obtido na alimentação pelo consumo de carnes. Fontes de energia rápida, ideal para atividades de alta intensidade e curta duração.Prós: Aumento de força, explosão muscular e ganho de massa muscular.Contras: Pode provocar problemas gastrointestinais.

SUPLEMENTOS Recomendado para atletas de alto nível, muito outros praticantes de atividades físicas, principalmente lutadores, fazem uso de suplementos alimentares, com intuito de melhorar o desempenho. O Clube da Luta fez uma lista com o “TOP 10 Suplementos Alimentares”, mostrando os prós e contras de cada um deles.

Hipercalóricos: São uma combinação de carboidratos de alto índice glicêmico, proteínas, vitaminas, minerais e aminoácidos.Prós: Ótimo para ganho de peso e massa muscular.Contras: Devido ao grande valor calórico, pode ocasionar o acúmulo de gordura, se for ingerido em excesso.

Substitutos de Refeição: Devem conter vitaminas, aminoácidos, minerais, proteínas e carboidratos.Prós: Possuem grande quantidade de proteínas e carboidratos de baixo índice glicêmico além de vitaminas, minerais e fibras.Contras: Exatamente a imensa quantidade de proteínas e carboidratos.

nO2, Óxido nítrico: É molécula gasosa que atua como um vasodilator.Prós: Aumenta os vasos sanguíneos, gerando um aumento de explosão e força muscular.Contras: Pode causar retenção de líquidos, náuseas e dores de cabeça.

multivitaminicos: São complexos minerais essenciais, com capacidade de suprir as necessidades de micronutrientes.Prós: Responsáveis por acelerar a recuperação muscular.Contras: Essas vitaminas podem ser obtidas através de uma dieta balanceada.

BCAAs: São compostos de três nutrientes não produzidos pelo organismo, sendo eles: A L-Valina, L-Leucina e L-Isoleucina.Prós: Auxiliam na recuperação Muscular.Contras: Consumo em excesso pode gerar sobrecarga no funcionamento do fígado e rins.

Double Packs: Possui na sua fórmula, cafeína, minerais quelatos e creatina.Prós: Contém um alto índice de vitaminas e minerais que auxiliam na recuperação muscular.Contras: Resultados em longo prazo.

Zma: Composto por zinco, vitamina B6 e magnésio, ajudam a aumentar a força.Prós: Estimula a liberação da testosterona, gerando um aumento de massa muscular e força.Contras: Resultado aparece em longo prazo.

Glutamina: É um aminoácido que atua como nutriente energético e promove o crescimento muscular.Prós: Produzido em grande escala e naturalmente pelo corpo humano.Contras: O consumo pode se tornar desnecessário caso o corpo já produza a quantidade suficiente.

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só TiRo, PoRRada e BomBaOs tiros de cocaína e as porradas da vida perderam por nocaute para o lutador

Guilherme “Bomba” Gomes.

as lutas entraram muito cedo na vida de Guilherme - pre-cisamente aos seis anos de idade. “Eu apanhava muito na

escola, na rua e dos meus amigos, então meus pais resolveram me colocar na ca-poeira”, relembra.

Depois de cinco anos praticando ca-poeira, o jiu-jitsu entrou em sua vida e em seguida o Muay thai, totalizando 20 anos no esporte. Guilherme afir-ma que o universo na luta o ajudou a ter mais disciplina, além de torná-lo mais calmo e concentrado.

Assim como uma luta, a vida acertou um golpe em cheio no atleta, que quase o levou a nocaute. Aos 17 anos de idade, “Bomba” perdeu sua avó e acusou o golpe. “Por más influências comecei a usar drogas”. Tornou-se dependente de cocaína, ficando dois anos sem poder competir. “ Droga é igual esposa, quando está com você é só alegria,

mas quando você pede divórcio, faz da sua vida um inferno”. Foi quando decid-iu frequentar os Narcóticos Anônimos,

após perder vários ami-

gos para as drogas.

A p ó s isso, o atleta

decidiu voltar a treinar forte e hoje é professor de jiu-jitsu em Mogi-Mirim. Ele aconselha os que desejam praticar um estilo de luta a começar no jiu-jitsu ,para evitar “trocação”. “É mais difícil se machucar e desenvolve o físico e o in-telecto também”, concretiza.

Como lutador, “Bomba” conquis-tou cinco campeonatos paulistas, dois brasileiros, dois sul-americanos e dois vices campeonatos mundiais com o jiu-jitsu, além de duas lutas como profis-sional no MMA com 100% de aprovei-tamento. Ao todo são 94 títulos.

Guilherme é um exemplo de super-ação no mundo do esporte e tem Jesus como seu espelho para superar todas as dificuldades. “Jesus pode escrever a sua história de novo, olha o que ele fez comigo, no olhar eu carregava um pou-

co de morte, e a minha festa era tão vazia de sorriso

e quando pensei que o rio ia secar olha

o que ele fez comigo”, conclui emocionado.

fORçA BRUTA: O Apelido bomba vem do porte físico

do atleta

Por Edmilson Ribeiro

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Menino Ourode

gaRoto quE REsPiRa Jiu-Jitsu dEsfRuta do suoR dERRamado DESDE CEDO E COnqUiSTA O muNdo. ELE é COnSiDERADO uma das maioREs REVELAçõES do EsPoRtE No PaÍs

Por Patrícia Mattos

João Gabriel Batista de Sousa tem apenas 17

anos, mas já treina como gente grande. Gabriel sempre gostou de es-portes. Aos sete anos iniciou no atletismo em um projeto chamado Es-porte e Ação, o qual inte-grou por dois anos. Em se-guida começou a praticar futsal e capoeira, alter-nando a rotina de treinos também por dois anos. Logo depois, conheceu o jiu-jitsu através de seu irmão. “Meu irmão foi convidado por um amigo que já praticava o esporte. Depois de três me-ses treinando, ele me chamou para ir ao Projeto Jiu-Jitsu em Boa Companhia, do qual ele fazia parte, como sempre gos-tei de esportes, aceitei. Fui a academia, fiz meu primeiro treino já pensando no próximo (risos), peguei realmente o gos-to por treinar jiu-jitsu”, relembra o atleta.

Apesar da pouca idade, Gabriel é con-siderado uma das revelações do Jiu-Jit-su. Em 2012 veio de Fortaleza para São Paulo disputar o Campeonato Mundial de Jiu-Jitsu, organizado pela Confeder-ação Brasileira de Jiu-Jitsu Esportivo (CBJJE), no qual disputou três lutas e se consagrou campeão. Em outubro do mesmo ano voltou para disputar o Campeonato Brasileiro da CBJJE e após três duras lutas, foi campeão nova-mente. Ao decorrer dos anos seguintes continuou viajando para lutar e con-seguiu alguns títulos estaduais em Na-tal, Teresina e outras regiões. Mas nem

só de conquistas é feita a carreira do lutador revelação, que admite trei-nar ainda mais quando perde. “Não gosto de cometer o mesmo erro duas vezes”, ar-gumenta.

Para chegar nesse nível, Ga-

briel treina de se-gunda a sábado e

comenta que ser con-siderado revelação é um

resultado de uma camin-hada um pouco longa, de

muita dedicação, empenho e per-sistência. Seus títulos mais importantes até hoje foram: campeão da seletiva do Abu Dhabi (2011), campeão mundial - CBJJE (2012), campeão pan-americano – CBJJE (2012), campeão da seletiva World Abu Dhabi (2012), campeão brasileiro – CBLP (2013), campeão da seletiva World Pro Abu Dhabi (2014), Terceiro lugar no brasileiro da CBJJE e campeão brasileiro da CBLP (2014). Mesmo com tantos títulos, ele não quer parar por aí. “Futuramente quero poder ter a oportunidade de ir para o exterior lutar os maiores eventos do mundo, me tor-nar campeão e ser um educador físico”, acrescenta. Seus maiores incentivadores são os familiares, professores, compan-heiros de treinos, amigos, colegas e pa-trocinadores. Pessoas que estão sempre com ele e o ajudam a buscar a evolução. O atleta parece estar no caminho de al-cançar seus ídolos: Bruno Malfacine, Ro-dolfo Vieira e Marcus Almeida.

“não gosto de cometer o mesmo

erro duas vezes”

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