Revista Compulsão

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Revista Portfolio sobre performances na Belas Artes da artista Sandra Almeida Godinho

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Sandra Almeida Godinho, artista, especificamente gosto de pintura e da área de performance, busco a liberdade no universo feminino e naquilo que tento representar.Sou estudante de Graduação no curso de Artes Visuais do Centro Universitário de Belas Artes, onde me preparo para seguir profissionalmente no ramo de Artes Visuais.

A ação que faço na performance com a limpeza de alfaces repetidas vezes tento definir compor-tamentos ligados a compulsão em questões tam-bém do universo feminino que são cuidadosas com a limpeza da casa e com sua família que se preocupa com a saúde e também com o bem estar , é um comportamento decorrente da elevação da ansiedade em níveis acima do nor-mal, porém aceitável.

#Limpeza

compulsao

#1

~

Quanto a performance da obsessão com a beleza, quero dizer que não sou contra à ciru-rgias plásticas e cuidados com a beleza desde que segue de uma necessidade intima e não como um padronização de beleza uma ditadura, mas de forma natural, e não por uma admiração do outro. Existem limites para busca da beleza?

#Beleza

#Limpeza

“...definir comportamentosligados a compulsão em questões também do universo feminino...”

Sinopse Compulsão a limpezaA ação consiste em limpar as folhas de alface com detergente, papel toalha, cotonetes e escova de dente ao ponto de repetir a ação e em seguida coloca sobre as mesas e cria volumes dessas folhas de alfaces nas mesas da sala.

SOBRE A COMPULSÃO A LIMPEZAEsta ação aconteceu em uma sala com mesas e paredes brancas da Unidade I do Centro Univer-sitário Belas Artes de São Paulo, no dia seis de maio de 2014, a ação durou duas horas. O ele-mento principal era a verdura “alface” e a limpeza das folhas foram realizadas com detergente, papel toalha, cotonete e escova de dente sendo colocada uma a uma nas mesas desta sala e ao lado da persona havia uma bacia e balde de alumínio. Após a ação as folhas ficaram nas mesas dando um visual de plasticidade no ambiente.

Na performance realizada ao vivo consegui me transportar ao mundo que emerge a obsessão ao limpar folhas por folhas de alface com detergente ora com papel toalha, ora com cotonetes ora com escova de dentes, limpava e voltava a limpar as folhas que já estavam limpas, as vezes as folhas chegavam a murchar e quebrar.

...limpo, limpo o que já esta devidamente limpo ou que tento limpar uma sujeira que só eu enxergo ou penso que vejo.

A obra tem uma relação com extremo o exagero a perfeição controlada por uma obsessão de controle abusivo de estar tudo perfeitamente limpo e organizado, no final da performance a sala da uma sensação de beleza por uma plasticidade visual.

“Desde o Renascimento as mulheres já buscavam padrões de beleza, usavam

espartilhos para apertar seus corpos, hoje é a vez das lipoaspirações”

Sinopse Obsessão com a belezaBeleza e obsessão a persona anda com uma malha cirúrgica muito apertada segurando dois drenos hospitalar usa-do em cirurgias cada dreno cheio de um liquido aver-melhado dando a ideia de sangue com uma Mangueira cirúrgica presos dentro da malha e um espelho na mão.

SOBRE A OBSESSÃO COM A BELEZAPara realizar essa ação frequentei um consultório de cirurgia plástica, tentei me focar somente em momentos pós cirúrgicos de pacientes operados. Fui orientada por fisioterapeutas que me apoia-ram e também me ajudaram a entender como é os procedimentos de recuperação após uma cirurgia exagerada de plástica corporal.

Foi feito pela própria clinica uma malha pós ci-rurgia feita sob total medida que aperta o corpo inteiro tipo macacão, além dos drenos fornecido pelos mesmos, através deles fui orientada como uma pessoa operada fica após a cirurgia.

A performance tenta transmitir esse momento em que a pessoa fica após rea-lizar esse tipo de cirurgia.

. Nesta ação visto a malha cirúrgica muito aperta-da, a malha só é possível ser colocada com ajuda de outra pessoa, na malha existem detalhes bem femininos como rendinhas de acabamento nos pulsos e nas barrinhas da malha, atrás tem um exagero de colchetes que tem que ser abotoados um a um e faz memória ao espartilhos muito di-fíceis de serem colocados.Os drenos mostram um liquido meio avermelha-do que significam a saída de líquidos tipo resíduos internos do corpo pós operatórios, a malha fica toda manchada desse liquido não só pela dre-nagem dos líquidos mas também dos cortes da própria cirurgia. Também foi usada uma meia branca de cirurgia orientada pelos mesmos, que dizem ser para controlar a circulação do sangue nas pernas.No momento da performance estive absoluta-mente concentrada percebendo sensações de uma pessoa que passa por isso, a ação durou quarenta minutos onde me coloco andar encurvada muito devagar em alguns momentos passo a sentar e ou-tros se admirando no espelho segundo os orien-tadores clínicos a paciente tem essa ansiedade de saber o resultado da cirurgia.

[“ Se quisermos congelar o tempo e nos en-cerrarmos nesse casulo, estaremos liquidados antes mesmo que a juventude acabe. Seremos

a nossa ficção. A realidade continuará, em nossa volta, e um dia vamos perceber que

estamos fora dela.” Lya Luft]

Universo Feminino, Corpo, pensamento, ação. As performances que rea-lizei foram geradas em pensamentos poéticos visuais por um processo artísticos de performance com a intensão das reflexões e experimentações da própria ação. A partir disso originou-se a produção de performance ba-seada em questões que se relacionam com o universo feminino envolvendo a ação do meu corpo. Toda a performance apresentada foi fundamental a presença do corpo e foi um pleno domínio de estado de presença.

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As performances de Sandra Almeida Godinho vão além da compulsão pela limpeza e da obsessão beleza, suas perfor-mances mostram o cárcere em que as mulheres sobrevive em meios as ideológicas que infiltram o ideal de uma mu-lher perfeita.É depreciativo a imagem que a persona demostra em re-

lação ao extremo deste ideal de perfeição, o exagero desta busca causa repulsa e tormento. Com essas duas ações da limpeza das alfaces e do pós operatório, se torna nítido a prisão feita para mulheres construídas por um mundo ma-chista, que faz da mulher um objeto.

Por Paula Isabela Rosa Campos