Revista Da Gazeta_2013_ Votorantim Meio Seculo de Vida Inteira

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Coordenação:Werinton KermesMônica Marsal

Diretor executivo:Alexandre Hugo de Morais

Jornalista responsável:Jesus Vicente – mtb 48.394

Executivas de negócios:Katerina BerangerMariana Luvison

Auxiliar de vendasJoelma Palmeira

Índice

Parte integrante da 47ª edição da Gazeta de Votorantim | 07/12/2013 Impressão: Mar Mar Gráfica Editora Ltda Tiragem: 10 mil exemplares

32 – Votorantim se consolida como cidade e centro muda de lugar

34 – Abertura dos anos 90 quebra indústria têxtil e desacelera crescimento

36 – Progresso da cidade atrai novos moradores como grande centro

40 – Sonho dos Vanguardeiros se consolida no século 21 com orçamento de R$ 300 milhões

42 – Belezas naturais que atraíram atenção do casal imperial continuam esquecidas

44 – Das vilas operárias de casas geminadas aos condomínios de alto padrão

46 – Shopping Iguatemi muda o paradigma da cidade

48 – Troca de administração muda o rumo geográfico da cidade

50 – Fazer cidade crescer para o lado leste é o sonho do atual prefeito

52 – Votorantim, terra dos Vanguardeiros

53 – Igreja e capelinhas marcam história da cidade

55 - Votorantim chega aos 50 anos se comunicando

57 – Segredo de Alice [Crônica]

10 – Da Chave aos arranha-céus

12 – Os índios, a floresta e a chegada de Paschoal Moreira

14 – O primeiro grande impulso chegou na virada do século 19

16 – Antônio Pereira Ignácio: de Portugal ao Brasil, da mentira ao império

18 – Crash da Bolsa e instabilidade política não impedem crescimento

20 – Distrito vive apogeu e entra na luta pela emancipação

22 – Sim dos Vanguardeiros faz distrito virar cidade

26 – Savóia, primeiro time do interior e segundo do Brasil

28 – Em cinco anos Votoraty nasce, faz sucesso e desaparece do Mapa

30 – Quando o assunto é futebol infantil, tudo passa por aqui

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Expediente

Fotomontagem: Wilson R. Grillo Jr.Altos do Rio Acima

Capa

Projeto gráfico:Wilson Roberto Grillo Júnior

Revisão:Celso Ramos

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V otorantim completa neste 8 de de-zembro meio século de emancipa-ção. Para celebrar esta data, a GA-ZETA arregaçou as mangas e não

mediu esforços para homenagear a cidade e presentear seus leitores com uma revista com passado, presente e futuro.

Foi uma empreitada árdua e audaciosa para um jornal com menos de um ano de vida assumir tamanha responsabilidade. Mas va-leu a pena. O resultado está aqui: VOTORAN-TIM, MEIO SÉCULO DE VIDA INTEIRA.

Nas 60 páginas que compõem esta publi-cação, o leitor terá a oportunidade de reviver a história do nosso município, desde a che-

E D I T O R I A L

Da Chave aos arranha-céus

gada de Paschoal Moreira Cabral, no final do século 17, até os dias de hoje.

VOTORANTIM, MEIO SÉCULO DE VIDA INTEIRA não é, portando, um produto da GAZETA. Ela foi pensada e feita pelo jornal, mas a revista é sua, leitor. E foi pensando em você que recordamos os tempos do bandei-rante Paschoal Moreira Cabral; a admiração das nossas belezas naturais pelo imperador dom Pedro II e a imperatriz Tereza Cristina; o primeiro Impulso econômico no final século 19 e começo do século 20; a construção da barragem da Ligth; a fábrica de cimento San-ta Helena; a luta pelo SIM, que emancipou o município.

A paisagem urbana muda a cada dia e as casinhas da chave já contracenam com arranha-céus.

Você vai passear por uma Votorantim dos bondes até os dias de hoje. E vai saber, também, que a cidade que um dia trocou de centro, está em pleno movimento. A paisagem urbana muda a cada dia e as casinhas da Chave já contracenam com arranha-céus.

E onde Votorantim pode chegar nesse movimento frenético? Ao certo ninguém pode dizer, mas lendo VOTORANTIM, MEIO SÉCULO DE VIDA INTEIRA, você poderá até imaginar, desenhar o jeito que será o presen-te do nosso futuro.

Boa leitura!

Bairro da Barra Funda mantém o jeito da Votorantim do bonde e a cara de antigamente

O Vitrine Esplanada certifica que nossa cidadetambém cresce rumo ao céu

Jesus Vicente

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SAIBA MAIS* O imperador dom Pedro II ganhou o reinado aos 5 anos de idade; governou por 85 anos e fez 3 guerras: do Prata, do Uruguai e do Paraguai.* O imperador e a imperatriz Tereza Cristina estive-ram aqui para ver a beleza da cachoeira da Chave.

8 homens governaram a cidade:Pedro Augusto Rangel

Luiz do PatrocIno FernandesLázaro de Góes Vieira

José de Oliveira Souza (Zeca Padeiro)João Souto

Erinaldo Alves da Silva (2 vezes)Jair Cassola (2 vezes)

Carlos Augusto Pivetta

Jesus Vicente

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SAIBA MAIS

O P R I N C Í P I O

Os índios, a floresta e a chegada de Paschoal Moreira Cabral

No princípio eram a floresta, as formações rochosas, os rios com suas corredeiras, os animais e os índios nas terras

devolutas. O Estado tratava como terras devolutas as glebas sem dono, mesmo ocupadas por indígenas, pois índio nun-ca havia tido direito a nada até a criação do Estatuto do Índio, em 1973, quando o Congresso aprovou a lei 6.001.

E foi somente na metade do século 16 que a região recebeu o primeiro morador branco. Era o bandeirante Paschoal Mo-reira Cabral, parente do também bandei-rante Baltazar Fernandes, fundador de Sorocaba, que se arranchava por aqui.

Primeiro foi construída, no alto da ser-ra de São Francisco, numa paragem de descanso das idas e vindas dos bandei-rantes pelos sertões paulistas, a capela da Penha. Logo depois veio a ocupação definitiva da localidade, quando Paschoal Moreira construiu a Casa Grande e se ins-talou onde hoje está a sede da Fazenda São Francisco.

Ali, com a exploração de mão-de-obra de índios e negros escravos, Paschoal Moreira começou a cultivar cana de açú-car e montou, obviamente, a primeira moenda [engenho] da região.

A localidade começou a ganhar forma de povoado em 1679, quando Paschoal

Moreira construiu, no terreiro da Casa Grande, a capela de Nossa Senhora do Pópulo, que pouco depois ganhou a com-panhia da imagem de São Francisco.

Além da cana de açúcar, o pequeno povoado cultivava, também, lavoura de subsistência, principalmente grãos, e produzia carne e leite, além de ex-plorar a madeira abundante na região. O comércio era rudimentar, quase ine-xistente.

Foram nesses passos lentos e co-bertos de muito verde que Votorantim [ainda batizada pelos índios como Vo-turaty, que quer dizer espuma branca, em referência as espumas formadas pe-las inúmeras cachoeiras da região, em especial a da Chave] permaneceria por mais de dois séculos após a chegada de Paschoal Moreira.

A localidade come-çou a ganhar forma de povoado em 1679, quando Paschoal Moreira construiu, no terreiro da Casa Grande, a capela de Nossa Senhora do Pópulo.

* A lei 6.001/73 dividiu as terras em três categorias: Terras Ocupadas Tradicional-mente, Terras Reservadas e Terras de Domínio dos Índios.* Votorantim foi elevado a distrito em 18 de agosto de 1911* Em 1º de dezembro de 1963 foi realiza-do o plebiscito que a emancipou.* O Município foi criado oficialmente em 27 de março de 1965* O aniversário da cidade é comemora-do em 8 de dezembro.

Étore Marangoni (autorretrato) pintou a cidade em óleo sobre tela.

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P R I M E I R O PA S S O

Em 1911 começou outra grande empreitada em Votorantim: a construção da barragem da Ligth

SAIBA MAIS

* Chita é um tecido de algodão com estampas de cores fortes, geralmente florais. * A estampa é aplicada sobre o tecido conhecido como morim. Uma estampa característica de chita sobre outro pano que não seja morim não é chita.* Comenta-se que na construção da barragem da Ligth foi utilizada até mão-de-obra de indianos.* A qualidade das águas da represa de Itupararanga piora a cada dia de-vido a falta de ações ambientais para protegê-la.* A especulação imobiliária, a irrigação e o despejo de venenos usados nas lavouras cultivadas em sua redondeza são os principais responsáveis pela degradação da represa.* A Itupararanga também é um atrati-vo turístico da cidade.

Depois de mais de 200 anos de uma vida pacata de povoado, Voto-rantim viveu seu primeiro grande impulso econômico na virada do

século 19 para o século 20. Neste período foi erguida a primeira usina hidrelétrica e a primei-ra fábrica de tecidos [de chita].

É neste período, também, atraídos pela oferta abundante de trabalho, que a localida-de começou a receber os imigrantes ingleses e italianos, principalmente.

Em 1890 o Banco União de São Paulo, o novo dono da Fazenda São Francisco, em par-ceria com os ingleses, decidiu construir uma barragem nas corredeiras do rio Sorocaba, até então denominado rio Grande.

Dois anos depois [1892], com a energia gerada pela pequena usina recém construída, começou a funcionar a primeira indústria têx-til de Votorantim; na verdade uma fábrica de chitas, tecido comum e usado em larga escala na época.

Erguida no estilo inglês, onde viria a ser o centro da cidade décadas depois, a Fábrica de Tecidos Votorantim foi o primeiro empreendi-mento a atrair os imigrantes.

Os ingleses vieram para montar a fábrica

e manter as máquinas em funcionamento; os italianos para operar as máquinas, tecer os fios e fazer o pano, a famosa chita.

Votorantim começou, neste período, a vi-ver o seu segundo ciclo econômico e passou, então, a contar com um segmento industrial: o têxtil.

O Reforço

Em 1911 começou outra grande empreita-da em Votorantim: a construção da barragem da Ligth, uma obra gigantesca para época, cuja construção demorou quatro anos. Ergui-da num vão da Serra de São Francisco, sobre o Rio Sorocaba, a hidrelétrica foi inaugurada em 1914 com 50 megawatts de potência.

Com a inauguração da usina, Votorantim passou a ser o principal fornecedor de energia elétrica para capital do Estado, São Paulo.

A barragem, com 415 metros de compri-mento e 38 de altura, formou, também, a re-presa de Itupararanga; hoje, importantíssimo reservatório com 286 bilhões de litros d’água que mata a sede de mais de um milhão de pessoas em Ibiúna, São Roque, Sorocaba e Votorantim.

O primeiro grande impulso chegou na virada do século 19

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SAIBA MAIS

O C A R A

Antônio Pereira Ignácio: de Portugal ao Brasil, da mentira ao império

Antônio Pereira Ignácio nasceu em 29 de março de 1874, na aldeia de Baltar, no Porto, em Portugal. Imigrou-se para So-

rocaba com dez anos de idade juntamen-te com o pai João Pereira Ignácio, um sapateiro. A mãe, Maria Coelho Pereira, ficou em Portugal e morreu pouco tempo depois.

Em Sorocaba ajudava o pai numa sa-pataria e estudava nas horas vagas. O há-bito de economizar o que ganhava para investimentos futuros norteou sua vida desde menino.

Quando moço montou uma sapataria em São Manuel. Depois foi para Botuca-tu, onde abriu um armazém de secos e molhados. Lá, casou-se com Lucinda Ro-drigues Viana.

Inquieto, Pereira Ignácio mudava de cidade sempre que via uma boa oportu-nidade de negócio em outra localidade.

Em Itapetininga nasceram os dois pri-meiros filhos do casal: João e Paulo. Em Boituva, nasceu sua única filha: Helena, que no futuro viria a se casar com José Er-mírio de Moraes e gerar Antônio Ermírio de Moraes, dono do Grupo Votorantim.

Foi em Boituva que Pereira Ignácio montou suas primeiras fábricas: uma descaroçadora de algodão e uma serra-ria, consideradas as pedras fundamentais do império que ele conseguiu erguer ao longo da vida.

De volta a Sorocaba, Pereira Ignácio se associou a João Reinaldo de Faria e montou uma refinaria de óleo vegetal

extraído do caroço do algodão.Em 1906, em busca de conhecimentos

industriais, Pereira Ignácio se utilizou até da mentira. Deixou seus negócios a cargo da mulher e viajou aos Estados Unidos. Lá, se empregou como operário comum na fábrica têxtil Wilson North Carolina. Astuto, foi galgando de posto em posto e rapidamente foi convidado a se tornar chefe de uma seção no complexo fabril americano.

Vida dupla

Pereira Inácio recusou o convite e rele-vou o segredo. Contou que levava vida du-pla. Que após as horas de peão de fábrica, era um homem que vivia como um lorde hospedado em bom hotel e frequentador de teatro e da vida noturna da cidade.

Revelou, também, num jantar pago por ele aos diretores da fábrica, que tinha em-presas no Brasil e que se empregara no com-plexo apenas para obter conhecimentos.

No período em que esteve nos EUA ele economizou todo seu salário e, ao se despedir da fábrica, devolveu o dinheiro que havia ganhado para que fosse repar-

* Antônio Pereira Ignácio dá nome a várias ruas nas cidades da região.* Ele também é patrono da biblioteca pública de Alumínio.* Pereira Ignácio é avô de Antônio Ermírio de Moraes, dono do grupo Votorantim.* Texto produzido com base em redações da bibliotecária Virgínia Martins Coelho e de João dos Santos do IHGGS (Instituto Histórico Geográfico e Genealógico de Sorocaba) publicadas na internet, além de entrevistas com Jesus Rodrigues Filho, César Silva e Erinaldo Alves da Silva.

O hábito de econo-mizar o que ganhava para investimentos futuros norteou sua vida desde menino

tido entre os companheiros de trabalho.De volta ao Brasil, continuou sua labu-

ta em busca de crescimento, até que, em 1.918, comprou a massa falida do Banco União de São Paulo, dono da Fábrica de Tecidos Votorantim, e a reergueu. Nascia ali o Grupo Votorantim, o maior grupo empresarial familiar do Brasil.

Pereira Ignácio foi um homem sábio, astuto e empreendedor. Ele morreu em 14 de fevereiro de 1951, aos 77 anos de idade, em São Paulo.

Antônio Pereira Ignácio [ao centro] em frente a fábrica de tecidos Votorantim

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D A C H I TA A O C I M E N T O

Crash da bolsa e instabilidade política não impedem crescimento de Pereira Ignácio

O primeiro grande impulso eco-nômico de Votorantim começa a perder força em meados da segunda década do século 20,

quando o Bando União de São Paulo, que havia erguido a primeira usina e instalado a Fábrica de Tecidos Votorantim, a fábrica de chitas, decreta falência.

Aí entra em cena talvez a figura mais im-portante pelo desenvolvimento da cidade: o comendador Antônio Pereira Ignácio.

Despois de muitas andanças, o imigrante português de Baltar, que chegara ao Brasil com 10 anos de idade na companhia do pai sapateiro, compra, em 1918, a massa falida do Banco União.

A Fábrica de Tecidos de Votorantim che-ga, portanto, às mãos do comendador, que se alia ao italiano Nicolau Scarpa e a outros sócios menores para comprar o empreendimento.

Com conhecimentos adquiridos na des-caroçadora de algodão que tivera em Boitu-

SAIBA MAIS* O pernambucano José Ermírio de Moraes, formado em engenharia de minas nos EUA, encontra-se com Pereira Ignácio numa viagem pela Europa em 1921.* Pereira Ignácio o convida para trabalhar com ele, em Voto-rantim. Ermírio aceita. Pouco depois casa-se com Helena e em 1925 assume a direção das indústrias do sogro.* José Ermírio morreu em 1.973 aos 73 anos de idade.

brica de cimento Santa Helena.A fábrica foi inaugurada em 1936, tor-

na-se o carro-chefe do Grupo Votorantim e dá o título à cidade de capital nacional do cimento.

va e com os quase dois anos de operário de vida dupla na indústria têxtil Wilson North Califórina, em Charlote, na Carolina do Nor-te (EUA), o comendador começava a erguer seu império.

Habilidoso e com tino aguçado para o comércio e a indústria, Pereira Ignácio recoloca a indústria de chitas em funcio-namento e em pouco tempo a Fábrica de Tecidos Votorantim começa a se destacar no cenário nacional.

Nem mesmo a quebra da bolsa america-na [1929] e as ebulições políticas brasileiras do final dos anos 20 e começo dos anos 30, como a Revolução Constitucionalista de 32, conseguiram desvirar o comendador do ca-minho da consolidação do império que já se desenhava na década de 1930.

Visionário e agora com o envolvimen-to do genro e engenheiro de minas José Ermírio de Moraes, Pereira Ignácio passa a investir em diversos setores produtivos e, em 1933, dá início a construção da fá-

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L I B E R D A D E

Distrito vive apogeu e entra na luta pela emancipação

O distrito de Votorantim vive seu apogeu no final dos anos 50. A localidade já reunia mais de uma dezena de bair-

ros onde moravam aproximadamente 15 mil pessoas.

Trabalho não faltava a ninguém; ho-mens, mulheres e crianças movimenta-vam a economia local sustentada pelas indústrias têxtil, cimenteira e de celulose.

O centro do distrito já estava conso-lidado próximo à Fábrica de Tecidos Vo-torantim, onde hoje está a Fiação Alpina. Ali estava a igreja Matriz de São João Ba-tista, a praça Nélson Bormann, o cinema, o jardim Bolacha, a agência bancária e o bar e pensão dos Arcuri.

Os moradores estavam esparramados pela Vila Amorim, Votocel, Barra Funda, Chave, Santa Helena, Vila da Ligth, Rio Acima, Vila Albertina, Vossoroca, Domin-guinhos e Itapeva.

Era o tempo das ruas de paralelepí-pedos; das mulheres de vestidos longos; dos meninos de calças curtas e suspen-sório e homens de terno e chapéu. Era a Votorantim operária, que importava mão-de-obra de Sorocaba para dar conta da produção frenética de suas máquinas em movimento.

Era a Votorantim do bonde; um dis-trito em ebulição, preste a gerar os Van-guardeiros e na iminência de se desmem-

brar de Sorocaba, se tornar cidade livre, independente.

A briga pela independência

O distrito de Votorantim entra na dé-cada de 60 em ebulição. Os migrantes e imigrantes já nutriam sentimento pela lo-calidade e muitos dos moradores já eram filhos legítimos da terra.

Além disso, Votorantim era, também, um produtor de riquezas [impostos] com suas diversas indústrias, principalmente as de grande porte como as fábricas de tecido Votorantim e Metidieri; a de ce-lulose Votocel e a cimententeira Santa Helena.

Os núcleos habitacionais haviam ex-trapolado os limites das vilas operárias. Já eram aproximadamente 20 bairros es-palhados pelos quatro cantos do distrito que, juntos, compunham uma população que se aproximada dos 18 mil habitantes.

Para temperar ainda mais o desejo de emancipação, Sorocaba dava às costas ao distrito, que padecia com a falta de luz elétrica, de água encanada, de asfalto e de aparatos de saúde e educação. O pou-co que se tinha era provido pelo Grupo Votorantim.

Os votorantinenses estavam cansa-dos de gerar impostos e ficar sem nada. Eles queriam melhorias e acreditavam

que elas só viriam quando o distrito pas-sasse a ser município para gerir a sua pró-pria riqueza em prol dos moradores.

É neste contexto que o sentimento de liberdade floresce e o desejo de se eman-cipar de Sorocaba aumenta até ganhar proporção de uma campanha eleitoral.

Bonde foi o principal meio de transporte entre Sorocaba e Votorantim por mais de quatro décadas

SAIBA MAIS* O bonde entre Sorocaba e Votorantim começou a circular em 1921 e rodou até 1977; nos últimos 10 anos, porém, circu-lou apenas como transporte da fábrica Santa Helena.* Morria em São Paulo, em 1951, aos 77 anos de idade, o comendador Antônio Pereira Ignácio.* A ideia de se constituir um grupo para lutar pela emancipação surgiu no final de 1961.* O desejo pela emancipação se tornou uma ‘onda’ e mobilizou milhares de pessoas.EMPREGOS * Fábrica de Tecido Votorantim - 5 mil funcionários* Fábrica de Tecido Mettidieri - 1,5 mil funcionários* Fábrica de papel Votocel - 800 funcio-nários* Fábrica de Cimento Santa Helena - 700 funcionários

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A H O R A H

O SIM dos Vanguardeiros

Mesmo passados 50 anos, o Movimento dos Vanguardei-ros continua vivo na memória de muita gente, e tido como

a mobilização mais envolvente de todos os tempos em Votorantim.

Nos últimos anos a cidade tem tido o cuidado - com projetos e homenagens - de lembrar daquelas pessoas que se mobiliza-ram, reivindicaram e conseguiram, em 1º de dezembro de 1963, promover o plebiscito do SIM ou NÃO.

Depois de muitas ações de divulgação, debates e comícios acalorados, com direito a marchinha, hino e camisetas, o SIM dos Van-guardeiros, que pedia a emancipação, ven-ceu o NÃO dos resistentes, que defendiam a continuidade de Votorantim como distrito de Sorocaba.

De um total de 4.184 eleitores votantes, 3.099 disseram SIM, 1.008 optaram pelo NÃO; 53 anularam o voto e outros 24 vota-ram em branco.

A goleada de 3 a 1 dava aos Vanguar-deiros a alegria da vitória e a sensação de dever cumprido.

O movimento vencedor era tão envol-vente e organizado que os participantes ti-nham carteirinha de identificação, camisetas estampadas com as palavras SIM dentro de corações e até um hino fora composto para fortalecer o movimento e envolver ainda mais as pessoas.

No dia da votação na Assembleia estadu-al, uma caravana com 17 ônibus invadiu a ca-pital Paulista. No retorno, com a garantia de que em breve Votorantim seria emancipado, os Vanguardeiros promoveram um buzinaço em Sorocaba e passaram a noite festejando em Votorantim.

Reconhecimento

Como forma de imortalizar os Vanguar-deiros, o jornalista e historiador César Silva

desenvolve na TV Votorantim, canal 10, e no jornal GAZETA, o projeto Nossa História Nos-sa Gente. César pretende, em 50 programas, resgatar o passado do povo votorantinense, com destaque, claro, para os Vanguardeiros.

Nos últimos anos a prefeitura de Votoran-tim também homenageia os Vanguardeiros com recadastramento, diplomas e réplicas das carteirinhas e da camiseta do SIM.

“A batalha pelo desmembramento foi, sem dúvida, o movimento mais importante de Votorantim desde a chegada de Paschoal Mo-reira Cabral a esta paragem. Foi um momento único em nossas vidas. O povo se envolveu de uma certa maneira que eu acredito que Vo-torantim não viva mais uma mobilização tão emocionante como aquela”, diz o professor e Vanguardeiro Jesus Rodrigues Filho.

faz distrito virar cidade

SAIBA MAIS* A Fábrica de Tecidos Votorantim também apoiou o movimento de emancipação.* A primeira eleição municipal foi em 7 de março de 1.965.* Pedro Augusto Rangel foi o primeiro prefeito da cidade.* A instalação do município foi em 27 de março de 1.965, dia da posse de Pedro Augusto.CONTRÁRIOS À EMANCIPAÇÃO:Vitor Ciofi de LucasAldo VannucchiOto Wey NetoConceição da Costa Neves (deputada)Juvenal de Campos (deputado)

HINO DOS VANGUARDEIROS

A goleada de 3 a 1 dava aos Vanguardeiros a alegria da vitória e a sensação de dever cumprido

Manuscrito do Hino dos Vanguardeiros composto por Ataíde Júnior faz parte do acervo de Jesus Rodrigues

Jesus Rodrigues Filho, vestido com a camiseta do SIM, mostra diploma dos Vanguardeiros

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Professor Jesus Rodrigues veste réplica da camisa do SIM e mostra diploma de vanguardeiro

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Votorantinense, a 1º de dezembro, lembra-te que:

1º Votar SIM, é dar Independência a teus filhos!2º Votar SIM, é melhor maneira de por um paradeiro à injustiça

e ao ostracismo de que foste vítima por muitos e muitos anos!3º Votar SIM, é imperativo da consciência de um povo oprimido

e humilhado, um povo que viu que vê seus recursos serem mal barateados em panaceias administrativas e orgias orçamentárias!

4º Votar SIM, é mesmo que dizer “basta” a essa Sorocaba in-sensível e ingrata, que nunca proporcionou um momento de ale-gria a este filho que tudo lhe tem dado!

5º Votar SIM, é romper os vínculos por onde teu sangue tem sido sugado indefinidamente, deixando-te fraco e combalido, a míngua de qualquer assistência ou atenção!

6º Votar SIM, é sacudir de uma vez por todas, a poeira da tua indiferença, tomando em tuas mãos, aquilo que por direito te per-tence e, mais do que a ti, pertence aos teus filhos!

7º Votar SIM, é usar a arma que a Democracia colocou em tuas mãos, para que te defendas contra os usurpadores de teus direi-tos, contra o coveiro de teu progresso, contra os carcereiros de tua liberdade!

8º Votar SIM, é afirmação da tua maturidade política, do teu an-seio de progresso, num momento em que os abutres de tua sorte te julgam soterrados sobre uma montanha de ignorância!

9º Votar SIM, enfrentar de peito aberto a monstruosa campa-nha que contra a ti estão movendo, usando de todos os meios e recursos para te subordinar eternamente ao jugo impiedoso de políticos falidos e incompetentes!

10º Votar SIM, é dar a teus filhos aquilo que nunca tivestes: es-colas superiores, hospitais, pronto socorro, ruas asfaltadas, pra-ças ajardinadas, água em abundância, luz em profusão, esgotos e toda uma série enorme de benefícios que a moderna civilização te pode oferecer. E o que é mais importante, votorantinense, terás o respeito das comunidades vizinhas e direito inalienável de dirigir aquilo que te pertencem!

Votorantim espera que cada um de seus filhos cumpra o seu sagrado dever!

J.Cassilo

10 MANDAMENTOS DO SIM

C A M PA N H A

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B E R Ç O D A B O L A

SAIBA MAIS* 1900 - É fundado em 1º de janeiro em Votorantim o Sport Club Savoia. O nome foi em homenagem à Casa Savoia, da família real italiana.* 1919 - Participa da primeira Copa do Interior.* 1924 - O clube inaugura seu estádio, em 28 de setembro. O jogo foi contra o Pau-listano de Fredenreich e o placar foi 4 a 4.* 1942 - Savoia muda de nome e passa a se chamar Clube Atlético Votorantim.* 1948 - Participa pela primeira vez da Se-gunda Divisão do Campeonato Paulista.* 1952 – Última participação na segundo-na Paulista e em seguida desativa o setor profissional do clube.

Savóia, primeiro time do interior e segundo do Brasil

Votorantim é reconhecida nacional-mente como a Capital do Cimento. Mas bem que poderia, também, ser chamada de berço do futebol,

afinal, é daqui o Savóia, o primeiro time de futebol do interior do estado de São Paulo e o segundo de todo o Brasil.

O Savoia só perde para o São Paulo Athle-tic Club, fundado em 13 de maio de 1888, dia da abolição da escravatura no Brasil.

Clubes como Botafogo e Flamengo, am-bos do Rio de Janeiro, são mais velhos que o Savóia, mas quando nasceram, ainda no final do século 19, eles não tinham time de futebol; eram clubes de regatas (remo).

O futebol brasileiro está associado à Abo-lição da Escravatura, à Proclamação da Repú-

blica e à Revolução Industrial que chegava ao País e abria as portas à imigração europeia.

Foi na virada do século 19 para o século 20 que jovens ingleses, filhos de engenheiros que trabalhavam no Brasil, iam para a Ingla-terra estudar e retornavam trazendo o fute-bol como herança esportiva do velho mundo.

Foi nesse contexto que nasceu, em 1º de janeiro de 1900, o Savóia; este, porém, forma-do por imigrantes italianos que chegavam a Votorantim para trabalhar na tecelagem da fábrica de chita.

Na primeira metade do século 20, repre-sentando a Fábrica de Tecidos Votorantim, o

Portuguesa de Desportos chegou a amargar uma sonora goleada por 9 a 2 jogando em Votorantim.

Savóia tornou-se um time respeitado, difícil de ser batido, inclusive pelos grandes da ca-pital paulista. Tal dureza lhe rendeu mais de 200 taças e troféus e o título de Esquadrão de Ferro, tamanha era a sua força.

A Portuguesa de Desportos chegou a amargar uma sonora goleada por 9 a 2 jogan-do em Votorantim.

Novo nome e o fimEm 1944, devido a segunda Guerra Mun-

dial, como aconteceu com o Palestra Itália, o Savóia mudou seu nome para Clube Atlético Votorantim, cujo clube sobrevive até hoje com sua sede na Barra Funda, mas sem futebol.

Mas o bom Savóia mesmo deixou de existir em 1951, quando o comendador An-tônio Pereira Ignácio morreu e seu lugar foi ocupado pelo genro José Ermírio de Moraes. No ano seguinte as Indústrias Votorantim retiraram o apoio ao clube. Sem dinheiro o departamento de futebol profissional foi desativado e os atletas cedidos ao Esporte Clube São Bento.

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Jogo do Votoraty contra o Grêmio no Paolo Domênico Metidieri pela copa do Brasil em 2010

Divulgação

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Em cinco anos Votoraty nasce, faz sucesso e desaparece do mapa

Depois do apagão do Savóia, o fu-tebol votorantinense só voltaria a brilhar no cenário profissional en-tre 2005 e 2010, quando a cidade

ganhou - e logo perdeu - o Votoraty Futebol Clube.

Depois de estampar o nome da metalúrgi-ca Cascadura nas costas da camisa do Esporte Clube São Bento, diretores da empresa soro-cabana foram assediados por cartolas do time do Volta Redonda (RJ), onde a empresa manti-nha contatos comerciais, para que a Cascadura também estampasse sua marca na camisa do time carioca.

Os diretores da Cascadura aceitaram a pro-posta, puseram o nome da empresa na camisa do Voltaço e ficaram entusiasmados ao verem sua marca aparecer várias vezes na tevê, pois o Volta Redonda fez um campeonato impecá-vel, liderou seu grupo no primeiro e no segun-do turno e decidiu o título do Carioca com o poderoso Fluminense.

O sucesso foi tanto que fez com os direto-res da Cascadura se aventurassem no mundo do futebol.

Assim nascia o Votoraty em 12 de maio de 2005. Um ano depois o Tigre já conseguia acesso à Série A-3 do Campeonato Paulista. Nos dois anos seguintes a equipe chegou pró-ximo, mas não conseguiu garantir o acesso para a Série A2.

Após uma crise financeira, o clube e a vaga na Série A-3 foram compradas pelo Olé Brasil FC, clube-empresa pertencente ao grupo Ma-noel Leão S/A com sede em Ribeirão Preto. Em 2009, quatro anos apenas após o nascimento, o time grená sagrava-se campeão da Série A-3 e garantia, também, acesso à Série A-2 do Pau-lista para o ano seguinte.

Ainda em 2009 o Tigre venceu a Copa Pau-lista, com direito a goleada de 5 a 1 no Paulista de Jundiaí, na final, e garantiu vaga na Copa do Brasil de 2010.

Na Copa do Brasil o Votoraty chegou à se-gunda fase, mas foi eliminado pelo Grêmio de Porto Alegre, no Olímpico, ao perder por 3 a 0.

A derrota maior, porém, ainda estava por vir. E ela chegou em 9 de abril de 2010, quando foi publicado na imprensa local que a sede do Votoraty seria transferida para Ribeirão Preto.

Assim nascia o Votoraty em 12 de maio de 2005.Um ano depois, o Tigre já conseguia acesso à Série A-3 do Campeonato Paulista

A partir daquele momento o Votoraty pas-saria a se chamar Ribeirão Futebol Clube e os amantes do futebol em Votorantim estariam viúvos pela segunda vez.

SAIBA MAIS* Marcelo Nicácio chegou ao Votoraty de graça em 2005 e se tornou o jogador mais famoso que passou pelo tigre gre-ná, se transferindo depois para o Atlético Mineiro.* O Votoraty foi campeão paulista da Série B em 2006, campeão paulista da Série A3 em 2007 e campeão da Copa Paulista em 2009.* Marcelo Nicácio foi artilheiro do Paulista B em 2006 com 25 gols e da Série A 3 em 2007 com 19 gols.

Votoraty ganha visibilidade nacional ao disputar a Copa do Brasil e jogar contra o Grêmio de Porto Alegre, em 2010.

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A V E Z D O T I G R E

Sucesso do Voltaço divulgou Cascadura, que montou o Votoraty

Divulgação

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B E R Ç O D O B E R Ç O

Quando o assunto é futebol infantil, tudo passa por aqui

Outro feito esportivo de relevân-cia nacional em Votorantim é a realização da Copa Brasil de Fu-tebol Infantil.

O torneio, realizado desde 1991, é um dos principais da categoria em todo o País e reú-ne no mês de janeiro de cada ano, a nata do futebol sub-15 do Brasil.

Participam da competição os gigantes do futebol brasileiro como Corinthians, Pal-meiras, São Paulo, Santos, Flamengo, Vasco, Fluminense, Cruzeiro, Internacional, Grêmio, Botafogo, Coritiba, Bahia e outras equipes de projeção nacional.

Ao todo o torneio reúne 16 equipes, que durante duas semanas transformam a cidade na capital do esporte infantil do Brasil.

Votorantim, como anfitriã, participa da competição todo ano.

Robinho, Oscar, Davi Luiz, Flávio Concei-ção, Pato, Neymar, Denilson são algumas das crianças que passaram por Votorantim antes de brilharem no cenário mundial do futebol.

Por muito tempo o Savóia foi formado por duas famílias tradi-cionais de Votorantim: os Ferreira e os Imparato. Os irmãos Fazolin e Umbé Imparato chegaram a jogar no Palestra Itália.

Ao todo, dezoito irmãos, nove de cada família, integraram o plan-tel do clube em fases distintas.

Mas o grande nome da bola em Votorantim, dizem os mais velhos, carregava o próprio nome da cida-de: Votorantim, que se chamava, na verdade, Ângelo José Dal Bom.

Dal Bom começou a jogar ainda na capital, no Flor de Belém. Foi lá que um dia, para completar o time, alguém gritou: “coloca o cara de Votorantim”. Ele entrou no time, foi campeão naquele ano [1924] e ainda ganhou o apelido pelo qual ficaria conhecido durante toda a sua vida.

Votorantim estreou no Savóia em 1924 como zagueiro central e ficou no alveceleste por dez anos, quando foi contratado pelo São Bento, time famoso na capital, na década de 20. Considerado um dos melhores zagueiros da época, ao lado de Do-mingos da Guia, Votorantim chegou à seleção paulista de 1932.

Votorantim ainda jogou no Flu-minense (RJ), onde foi vice-cam-peão em 1934. Ele encerrou a car-reira no São Bento [de Sorocaba] e morreu em 1986, aos 81 anos.

Duas famílias de boleiros e um craque desconhecido

O torneio, realizado desde 1991, é um dos principais da categoria em todo o País

SAIBA MAISVotorantim continua se desta-cando dentro dos gramados, mas desta vez com o apito do árbitro Guilherme Ceretta, que neste ano apitou a final do campeonato Pau-lista entre Santos e Corinthians.

Jesus Vicente

Seleção de Votorantim na abertura da Copa do ano passado

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T R A N S F O R M A Ç Ã O

Votorantim se consolida como cidade e centro muda de lugar

As décadas de 70 e 80 foram para Votorantim os anos da consolidação política e econô-mica para que o antigo distrito

se firmasse como cidade. Mas a grande mudança, no entanto, foi geográfica.

O recém-criado município, que ainda não havia completado duas décadas de emancipação, sofreu a maior tragédia na-tural da sua história: a enchente de 1982.

Votorantim já havia sofrido uma en-chente em 1929, mas em proporção bem menor que a de 82, quando seis pessoas morreram.

Com as chuvas de janeiro, açudes construídos na parte alta do município se romperam e as águas inundaram a ci-dade. Parte da igreja Matriz de São João Batista, localizada no centro da cidade, caiu. Era ali, bem pertinho da Fábrica de Tecidos Votorantim, à margem direita do rio Sorocaba, entre a vila Dominguinhos e Barra Funda, que estava a praça central com o tradicional coreto, a agência ban-cária, o cartório, a agência dos Correios.

Era ali, na rua Lacerda Franco e adja-cências, que os votorantinenses iam pa-gar as contas, postar uma carta, rezar na matriz ou simplesmente apreciar o movi-mento do centro da cidade.

A mudança da matriz mudou também a geografia da cidade e o antigo centro, cujo glamour dos bondes e do cinema já não existia mais, foi morrendo aos poucos

Com a igreja destruída pela enchente e a rua do comércio [hoje avenida 31 de Março] já em destaque, decidiu-se que a nova matriz não seria reconstruída no mesmo local. Decidiu-se, então, erguê-la onde ela está atualmente, em frente à praça de eventos Lecy de Campos.

A mudança da matriz mudou também a geografia da cidade e o antigo centro, cujo glamour dos bondes e do cinema já não existia mais, foi morrendo aos pou-cos. Logo a praça, o coreto e o jardim Bolacha definharam; a estação do bonde se arruinou ainda mais e da linha só so-braram os trilhos e os dormentes cober-tos pelo mato; o comércio migrou de vez para a avenida 31 de Março e o centro de Votorantim mudou de lugar definitiva-mente.

O ex-prefeito Carlos Agusto Pivetta chegou a discutir um projeto para revi-

SAIBA MAIS

talizar o velho centro da cidade, mas a revitalização ficou apenas no desejo de alguns e a beleza daquele tempo na lem-brança de quem um dia “bondeou” por aquelas bandas.

* Sueli da Silva Paula, morta na enchen-te, dá nome à escola municipal na Barra Funda.* A avenida 31 de Março, o atual centro da cidade, ja foi caminho de tropas; por ali passavam as mulas, burros e cavalos de carga que faziam a rota Ibiúna, Pieda-de, Sorocaba e Porto Feliz.* A rua Lacerda Franco não existe mais; ela foi engolida pelos muros da fábrica após a enchente.

Avenida 31 de Março é o principal centro comercial a céu aberto da cidade

Jesus Vicente

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R E F L E X O S E C O N Ô M I C O S

Votorantim, que já tinha vivido vá-rios ciclos econômicos, enfrenta mais uma mudança em sua eco-nomia nos anos 90. Outra vez

uma mudança triste, que freou significa-tivamente a arrecadação de impostos do município e, por sua vez, o crescimento da cidade.

A abertura do mercado brasileiro ao mundo, feita pelo governo Collor, fez com que várias empresas quebrassem, princi-palmente as indústrias têxtis, base da eco-nomia votorantinense até então.

Além disso, o grupo Votorantim mudou seu foco de mineração para Salto de Pira-pora, com a compra da cimenteira Santa Rita, e a Minercal, também mineradora de

Os anos 90 foram anos de vacas magras pra muitas cidades, principal-mente àquelas que tinham sua econo-mia sustentada pela indústria têxtil

grande porte, encerrou suas atividades.O resultado da quebradeira pôde ser

medido pelo repasse do ICMS (Imposto sobre circulação de mercadorias e servi-ços) do governo do Estado. Em 1.993 a cidade aparecia na tabela de repasse do governo com o índice de 0,23 pontos. Em 2.003, dez anos depois, o índice era de apenas 0,15 pontos, uma queda significa-tiva na arrecadação.

O ICMS é um dos impostos mais impor-tantes na composição da receita de qual-quer o município.

Mas além da queda do ICMS, a quebra das indústrias têxteis e a desaceleração das empresas do setor de mineração nos anos 90 refletiram diretamente na oferta de mão-de-obra. E sem trabalho, não há di-nheiro; e, sem dinheiro, não há consumo, o que produz um efeito negativo em cascata no comércio e em todos os demais setores da economia local.

Os anos 90 foram anos de vacas magras pra muitas cidades, principalmente àque-las que tinham sua economia sustentada pela indústria têxtil. Este setor foi o mais afetado pela abertura do governo Collor e uma infinidade delas encerraram suas ati-vidades, causando desemprego e afetan-do imediatamente e economia local.

SAIBA MAIS* Fernando Collor foi eleito em novem-bro de 1989 e tomou posse em 15 de março de 1990.* Primeira medida foi confiscar a poupança para reduzir o dinheiro na praça e com isso conter a inflação que beirava 100% ao mês.* Redução da taxa de importação de tecidos quebrou as indústrias têxtis do país.* Em 29 de setembro de 1992, com apenas dois anos e meio no poder, a Câmara Federal cassa o mandato do então presidente Collor de Mello.

Abertura dos anos 90 quebra indústria têxtil e desacelera crescimento da cidade

Jesus Vicente

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Progresso da cidade atrai novos moradores como um grande centro

A taxa anual de crescimento da po-pulação em Votorantim é de 4,5%, índice mais que significante para uma cidade de 115 mil habitantes.

Sorocaba, grande centro com mais de meio milhão de habitantes, cresce apenas 0,25% a mais a cada ano, segundo estatísticas do IBGE divulgada no último mês de agosto.

O que atraí essas pessoas? São as oportu-nidades de trabalho, a localização próximo a

rodovias, a tendência de crescimento e a va-lorização da cidade.

Um dos mais recentes migrantes é o ouri-nhense e gerente comercial Amauri de Carva-lho Lopes, de 46 anos. Desde o mês de julho ele vive em Votorantim, para onde foi atraído por uma oferta de emprego.

“Não sei se um dia mudo de vez para cá porque toda a minha família [mulher e três fi-lhos] moram em Ourinhos, mas confesso que gostei daqui. É uma cidade de gente acolhe-dora e muito promissora”, diz Amauri, que todo final de semana viaja a Ourinhos para ficar com a família.

Pelo progresso

Amauri trabalha na escola de cursos pro-fissionalizantes Cenaic, que mantém uma uni-dade [franquia] em Votorantim há quase dois

O crescimento populacional em Votorantim, também apontado pelo último estudo do IBGE, alcançou um índice de 4,46% no último ano. A cidade chegou a um total de 115.585 habitantes ante os 110.755 do ano passado. Se comparado ao último censo, quando a cidade possuía um total de 108.089 habitantes, o crescimento é de 6,2%.

A população sorocabana cresceu 4,75% num período de apenas um ano, chegando a marca dos 629.231 habitantes. O número é apontado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que no ano passado indicava um total de 600.692 moradores no município vizinho.

Em Votorantim, crescimento é de 4,5%

anos. Ele conta que os donos da escola, Éd-son Machado e Carmem Lúcia, escolheram Votorantim para montar a unidade devido ao progresso pelo qual passa a cidade.

“Eles pesquisaram e descobriram que Votorantim tinha potencial e que estava em franco crescimento, por isso decidiram montar uma franquia do Cenaic aqui”, revela Amauri, que foi convidado pelo casal para ge-renciar a unidade.

Nestes quase dois anos de Votorantim, o Cenaic já formou mais de 300 alunos em di-versos cursos nas áreas de beleza, idiomas, informática, administrativa e logística.

“A gente fica feliz por ter sido bem recebi-do pela cidade e por poder ajudar as pessoas, principalmente os jovens, a se preparar para o mercado de trabalho”, conclui Amauri.

Não sei se um dia mudo de vez para cá porque toda minha família [mulher e três filhos] moram em Ourinhos, mas confesso que gos-tei daqui

SAIBA MAIS* Cenaic existe há dez anos no mercado com matriz em Ourinhos* A marca tem 70 franquias em todo o Brasil, em Votorantim é uma unidade* Empresa escolhe somente cidade com grande potencial para se instalar

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G E N T E N O VA

Amauri Lopes foi atraído para Votorantim por uma oferta de trabalho

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PA I N E L

Parte dos motoristas de Votoran-tim está chamando a atenção dos pedestres que não são da cidade e en-chendo de orgulho os que são daqui.

O motivo da admiração é o novo hábito que muitos motoristas estão ad-quirindo: parar o carro educadamente toda vez que um pedestre se aproxima da faixa para atravessar a rua.

Este belo gesto é visto em poucos lugares do Brasil, como Brasília (DF), Palmas (TO) e Gramados (RS). Na cida-de gaúcha o gesto ganhou destaque na mídia, que tratou o assunto como “ar europeu”.

Uma das maiores dúvidas dos votornatinenses é saber onde está a linha que separa o município de Votorantim com o de Sorocaba. Em alguns casos, a falta de clareza do limite do município causa até embaraço. Em 10 de novembro um rapaz morreu num poço em cons-trução de um condomínio e o corpo teve de esperar horas para ser removido, pois não se sabia em qual município ele estava.

A repartição dos impostos do Esplanada Shopping tam-bém já causou embaraço devi-do a construção estar no limite dos municípios.

Votorantim, como Varginha (MG), carre-ga a fama de ser uma cidade visitada por ex-tras terrestres. A fama rendeu até o nome de um bairro, batizado por Mirante dos Óvnis. Notícias sobre aparição de objetos não identifi-cados nos céus de Voto-rantim são comuns. Em uma rápida busca na internet encontram-se várias publicações. O assunto já foi até tema de programa de televi-são [Revista de Sábado da TV TEM].

Outro item que ajuda a espalhar o nome de Votorantim é o mistério da es-trada da Light, onde muita gente afirma que o carro, desligado, percorre metros e metros de um ligeiro aclive. Esse mis-tério, porém, não é privilégio da nossa cidade. O povo de São Tomé das Letras (MG) gosta de mostrar até Van subindo a íngreme ladeira do Moro do Amendoim. Os catarinenses afirmam que em Urubici o fenômeno também acontece.

Motoristas dão exemplo

Os artistas de rua que buscam as ci-dades grandes para mostrar suas artes e sobreviver já estão chegando por aqui. O argentino Diego Árias, 28 anos, passou a primeira semana de novembro na cidade mostrando seu marabalismo nos cruza-mentos da cidade.

Qual é o limite? Alô seu moço

Como cidade grandeMais um mistério

Jesus Vicente

Cidade em festaA festa junina de Votorantim é um dos principais atrativos da cidade. Prestes a

completar 100 anos, o evento reúne milhares de pessoas de diversas cidades de toda a região. Recentemente ela passou a fazer parte do calendário turístico oficial do estado de São Paulo.

Divulgação

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SAIBA MAIS

R E F L E X O S D O S I M

Sonho dos Vanguardeiros se consolida no século 21 com orçamento de R$ 300 milhões

O velho sonho dos Vanguardei-ros que lutaram pela eman-cipação de Votorantim nos anos 60 para ver uma cidade

próspera está se consolidando agora, 50 anos depois.

Após a tragédia de 1.982, que mudou a geografia da cidade, e da paralisação econômica dos anos 90, o município vive atualmente um novo momento econômi-co de prosperidade.

Com um comércio forte, indústrias di-versificadas e um setor de prestação de serviços consolidado, a cidade se prepara para integrar a futura Região Metropoli-tana de Sorocaba (RMS) como o segundo maior centro depois da cidade-sede: So-rocaba, perdendo apenas para Itu.

Outros 20 municípios vão compor a fu-tura RMS, que deverá ser aprovada pela Assembleia Legislativa e Governo do Es-tado até a metade do ano que vem, mas todos com menor importância econômi-ca que Votorantim.

A avenida 31 de Março se consolidou de vez como a rua do comércio, com es-tabelecimentos de todas as naturezas e abrigando grandes magazines de redes conceituadas que antes não existia.

A cidade deixou de ser comarca de So-rocaba, se prepara para ganhar um novo fórum e discute a construção de um anel viário e um novo parque industrial para atender a demanda empresarial.

Receita crescente

Outro fator relevante que atesta o cres-cimento de Votorantim está na peça orça-mentária que a Câmara aprovou em no-vembro. Para o ano que vem o Orçamento Municipal previsto é de R$ 298,7 milhões; quase 25% maior que o orçamento de 2013, que deverá fechar o ano em R$ 239 milhões.

Se o crescimento orçamentário conti-nuar neste ritmo, Votorantim vai dobrar sua receita e bater a casa dos R$ 600 mi-lhões em apenas quatro anos.

“Temos tudo para crescer muito mais, basta programar e planejar, pois estamos em franco desenvolvimento e não pode-mos perder esse momento”, diz o pro-fessor e vanguardeiro Jesus Rodrigues Filho, que vê a consolidação do sonho da sua geração se realizando.

Para a presidenta da Associação Co-mercial e Empresarial de Votorantim, Francine Ferreira, o crescimento da cida-de está mudando até mesmo a cultura do povo. “No começo, no tempo dos meus avós, qualquer coisa que você ia comprar,

* A associação comercial de Votorantim tem 40 anos de existência.* Mais de 300 estabelecimentos estão filiados a Associação.* Estima-se que a cidade abrigue aproxima-damente 5 mil estabelecimentos comer-ciais, computando os informais.* A avenida 31 de Março é o principal polo comercial de rua da cidade.

Se o crescimento orça-mentário continuar neste ritmo, Votoran-tim vai dobrar sua recei-ta e bater a casa dos R$ 600 milhões em 4 anos.

pegava o bondinho e ia pra Braguinha [em Sorocaba]. Até pouco tempo, mes-mo bem depois do bonde, esse hábito ainda existia. Agora não. Aqui tem tudo. Tudo que você precisa você encontra em Votorantim e o povo está se sentindo or-gulhoso por isso”, narra Francine.

Francine Ferreira presidenta da associação comercial

Jesus Vicente

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T U R I S M O

Belezas naturais que atraíram atenção do casal imperial continuam esquecidas

A cidade de Votorantim tem uma quantidade expressiva de atrativos turísticos, soman-do as belezas naturais e as

obras construídas pelo homem.São capelas, cemitério dos índios, bar-

ragem da Ligth com o grande lago da re-presa Itupararanga, a serra São Francisco e as corredeiras e cachoeiras do rio Soro-caba que formam o patrimônio turístico da cidade.

As belezas naturais chegaram a atrair até mesmo o casal imperial dom Pedro II e sua mulher Tereza Cristina. Conta-se que em

meados do anos 80 do século 19, em uma das suas viagens para região de Itu, o im-perador dom Pedro II e a imperatriz Tereza Cristina fizeram questão de passar por aqui.

Não há relatos históricos dessa passa-gem, mas o pintor Étore Marangoni narra a visita do imperador por Votorantim em óleo sobre tela.

Dom Pedro teria sabido da beleza das cachoeiras que se formavam ao longo do rio Sorocaba, do despenha-deiro da Serra São Francisco até onde hoje está o bairro da Chave, e passou aqui com toda a sua comitiva.

A cachoeira da Chave teria sido o prin-cipal atrativo a encantar o casal real.

Sem perspectiva

Mas o turismo em Votorantim ainda não entrou verdadeiramente na pauta dos governos municipais. O cemitério dos índios do Carafá continua esquecido, as capelinhas existentes na zona rural estão em mau estado de conservação e

a cachoeira da Chave, o cartão postal da cidade, completamente abandonada.

O ex-prefeito Carlos Pivetta (PT) che-gou a pensar na revitalização do velho centro da cidade, mas nenhuma ação foi feita e do Jardim Bolacha e da praça Nél-son Bormann só restam lembranças.

O atual prefeito Erinaldo Alves da Sil-va (PSDB) reconhece que o turismo está esquecido. Ele sabe que o setor tem im-portância econômica para cidade e fala que um dia “o turismo vai ter que aconte-cer”, mas não cita como pretende fazer esse acontecimento se dar, nem estima quando o setor passaria a receber mais atenção.

“A cachoeira da Chave chegou a ga-nhar projeto com estacionamento, ilu-minação, teleférico e demais estruturas, mas nada vingou. Hoje a ideia é manter o local abandonado para não atrair as pes-soas porque o local é perigoso. Se tem medo de que uma pessoa morra lá e pro-cesse o poder público”, revela uma fonte de dentro do Paço.

As belezas natu-rais chegaram atrair até o casal imperial dom Pedro II e sua mulher Tereza Cristina.

Cachoeira que atraiu Dom Pedro II está abandonada

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ulga

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O U T R O C O N C E I T O

Das vilas operárias de casas geminadas aos condomínios de alto padrão

As vilas operárias como Chave, Barra Fun-da, Ligth e Santa Helena marcaram o nas-cimento de Votorantim. Elas reuniram,

por muitos anos, o maior número de moradores da cidade.

Mas a emancipação trouxe o crescimento e junto com o progresso, Votorantim também se rendeu aos condomínios.

Hoje o município abriga diversos empreendi-mentos espalhados por toda a cidade, com des-taque para os condomínios de alto padrão, como Santa Maria e o Alphaville Nova Esplanada, que está em sua terceira fase.

As antigas casas geminadas das vilas operárias deram lugar a um novo conceito de morar com luxo, privacidade, segurança e muito espaço.

A urbanizadora Alphaville, por exemplo, uma das mais conceituadas loteadoras do País em condomínios horizontais, percebeu o futu-ro promissor do município para implantar três projetos na cidade: os condomínios Nova Espla-nada 1, 2 e 3, todos localizados na avenida Gi-sele Constantino, hoje região nobre da cidade.

Além dos condomínios horizontais, as torres de conjuntos de apartamentos também estão mudando a paisagem urbana de Votorantim. O Vi-trine Esplanada, condomínio vertical às margens da Rodovia Raposo Tavares, é um exemplo con-creto, literalmente, de que a Votorantim das ca-sas geminadas mudou definitivamente a sua cara.

Paisagem financeira

Mas o boom de condomínios vivido pela cida-de nos últimos anos não muda apenas a paisa-gem. Ele muda, também, o conceito e a receita da cidade. Os condomínios são geradores de em-pregos, atrativos para novos moradores e, princi-palmente, gerador de receita com o pagamento do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano).

O crescimento significativo de condomínios em Votorantim é um dos principais responsáveis pelo aumento de quase R$ 60 milhões da receita da cidade em 2014, cujo orçamento deverá pular de R$ 239 milhões deste ano para R$ 298 milhões do ano que vem, conforme previsão do setor de arrecadação da prefeitura.

Antigas casas gemina-das das vilas operárias deram lugar a um novo conceito de luxo com privacidade, segurança e muito espaço.

Jesus Vicente

Jesus Vicente

Werinton Kermes

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G R A N D E F O R Ç A

Jesus Vicente

Shopping Iguatemi muda o paradigma da cidade

A chegada do Shopping Igua-temi, que desde o dia 14 de novembro abriu suas portas para os consumidores de Vo-

torantim outras 2,6 milhões de pessoas de toda região, confirma o crescimento da cidade e aponta um futuro ainda mais promissor para Votorantim.

Construído anexo ao Esplanada Sho-pping, que funciona desde os anos 90 no município, o novo empreendimento investiu mais de R$ 360 milhões e colo-cou Votorantim como cidade-sede de um dos maiores shopping centers de todo o Brasil.

São 64 mil metros quadrados de área, um total de 4.2 mil vagas de estaciona-mento e marcas exclusivas de grifes in-ternacionais.

Para se ter uma ideia da importância do novo investimento, basta compará-lo ao orçamento da cidade, que está estima-do em 298 milhões para o ano que vem; R$ 62 milhões inferior ao investimento do shopping.

Além disso, estima-se que o Iguatemi gere mais de 3,5 mil empregos, um nú-mero significativo de mão-de-obra para Votorantim, Sorocaba e toda a região.

Educação

Além do Iguatemi, a cidade tem rece-bido uma série de outros investimentos de menor envergadura, mas de grande importância para a população. Na edu-cação, por exemplo, além da Faculdade Pitágoras, a cidade conta com a Facul-dade Polo Master e com a Universidade Aberta do Brasil (UAB), que oferece 11

tipos de cursos superiores a distância gratuitamente. As faculdades ajudam a elevar o grau de escolaridade dos voto-rantinenses e a prepará-los para a vida e para o mercado do trabalho.

A cidade ainda conta com escolas técnicas profissionalizantes, escolas par-ticulares do ensino médio e secundário, escolas de idioma, além da rede pública municipal e rede estadual de ensino.

São 64 mil metros quadrados de área, um total de 4.2 mil vagas de estacionamento e marcas exclusivas de grifes internacionais

Votorantim começa atrair, também, investimentos na área da educação

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Troca de administração muda o rumo geográfico do crescimento da cidade

P R A C Á . . .

Pivetta, no entanto, não se reelegeu nas eleições de 2012 e a cidade, agora, segue um outro rumo sonhado por Erinaldo

Nem todo o progresso de uma cidade depende ape-nas da vontade do prefeito. A duplicação da rodovia Raposo Tavares, por exemplo, puxou a cidade para perto da estrada, quisesse o administrador ou não.

Mas a administração pública tem grande influência no desen-volvimento da cidade, no jeito que ela deve crescer e se formar

no futuro.A recente troca de administrador – Carlos Augusto

Pivetta, do PT, por Erinaldo Alves da Silva, do PSDB – deve mudar o rumo do crescimento geográfico da cida-de nos próximos anos.

Pivetta, que sonhava governar a cidade por mais quatro anos com a reeleição em 2012, planejava puxar o centro da cidade para a região leste. A intenção era vender o prédio do Paço e transformá-lo num centro comercial; construir uma nova prefeitura próximo à praça de eventos, junto ao futuro fórum da cidade, “e fazer com que o centro se expandisse, subisse a ladeira e ligasse comercialmente com a avenida Gisele Cons-tantino. Com um centro expandido até àquela região, a gente evitaria a separação de uma cidade tida como pobre lá embaixo e um centro rico lá em cima”, diz o ex-prefeito.

Para o crescimento industrial Pivetta queria levar à cidade mais ao sul, com a criação de um amplo distrito industrial às margens da SP-79 “para que pudéssemos integrar o crescimento da cidade com o desenvolvi-mento pelo qual toda a região está passando”.

Com esse planejamento, Pivetta esperava preparar a cidade que, segundo seus cálculos, deverá se conso-lidar e atingir 150 mil habitantes na próxima década. “Daí para frente era simplesmente manter a estrutura, promover o bem-estar das pessoas para que cada dia melhorássemos a qualidade de vida dos moradores e se consolidássemos de vez como uma cidade de grande porte e boa para se viver”, diz o ex-prefeito.

Pivetta, no entanto, não se reelegeu nas eleições de 2012 e a cidade, agora, segue um outro rumo sonhado por Erinaldo (ver página 48).

Pivetta e Erinaldo se cumprimentam durante transmissão de cargo de prefeito em 1º de janeiro de 2013

Divulgação

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. . . P R A L Á

Fazer a cidade crescer para o lado leste é o sonho do atual prefeito

Em sua terceira vez no comando da cidade, o prefeito Erinaldo Alves da Silva (PSDB) não esconde de ninguém que seu maior objetivo nesta administração é audacioso. Ele quer

construir um anel viário com rodovia de 18 quilôme-tros, tirar o trânsito pesado do centro e fazer com que a cidade mude de rumo e cresça para o lado leste, pras bandas do Rio Acima e Vila Garcia.

O prefeito não fala em valores e cronogramas, mas diz que já tem um pré-projeto e que já fez conversas preliminares com o Grupo Votorantim para mostrar o traçado da nova estrada, que deverá passar quase que totalmente pelas terras do Grupo e ligar a SP-79 [es-trada de Piedade] com a Raposo Tavares, próximo ao bairro de Brigadeiro Tobias, em Sorocaba.

“As marginais da Raposo Tavares, a meu ver, já es-tão saturadas; a SP-264 (Sorocaba/Salto de Pirapora), mesmo quando for duplicada, será uma via de muito acesso. O anel viário [que pretendo fazer] vai servir quem vem de Salto de Pirapora, de Pilar do Sul, Pieda-de, Tapiraí e toda aquela região. O motorista vai evitar o centro de Votorantim e as marginais da Raposo e sair lá em Brigadeiro Tobias”, descreve o prefeito.

Erinaldo não fala em prazo para iniciar ou concluir a estrada, mas acredita ser uma obra possível, de grande impacto para a cidade e que ficaria feliz em ao menos deixar a obra adiantada até o fim do seu mandato em 2016.

Para Erinaldo, a região oeste do município está satu-rada e que a cidade precisa expandir para o lado opos-to, cujo crescimento viria com o futuro anel viário.

Além tirar o tráfego do centro da cidade, o prefeito quer construir um novo parque industrial junto às margens da nova rodovia para que o município possa atender a demanda das em-presas que buscam áreas para se instalar na cidade.

“Ainda é sonho, mas eu tenho muita fé”, conclui Erinaldo.

O prefeito não fala em valores e cronogramas, mas diz que já tem um pré--projeto e que já fez con-versas preliminares com o Grupo Votorantim

Jesus Vicente

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As comemorações pelo cinquen-tenário de emancipação do mu-nicípio de Votorantim enaltecem o sentimento cívico e de apego

a uma região que iniciou o povoamento no século XVII, cuja história confunde-se com a própria de vida de cada um de seus cidadãos. O município que tem como marca de nasci-mento o inconformismo com as injustiças e a vontade de crescer, de modo que todos pos-sam se beneficiar desse desenvolvimento. A marca de Votorantim é a vontade!

A vinda de trabalhadores migrantes e imi-grantes na década de 1940 contribuiu para o desenvolvimento cultural de Votorantim, tra-zendo costumes, folclore, a arte musical e o sentimento de criação do novo: uma cultura que pudesse abarcar ao mesmo tempo a tra-dição de cada uma das culturas e a sua misci-genação com outras.

Ao final da década de 1950, a localidade que abrangia o então distrito de Votorantim possuía mais de 15.000 habitantes, concen-trados em bairros pioneiros como Rio Acima, Vila Albertina, Vossoroca e Itapeva. Parte da população também se concentrava nas vilas industriais que se formaram, acompanhando a trajetória do desenvolvimento industrial. O senso crítico dos operários aliado ao sen-timento imigrante de constituição de uma nova terra, fez surgir as primeiras discussões acerca da necessidade de emancipação do distrito para condição de município.

O sentimento de emancipação discutido em pequenos grupos começou a tomar voz forte no início da década de 1960. O descon-tentamento para com a administração de Sorocaba com o município inflou o sentimen-to de desmembramento político. A concen-tração industrial em Votorantim gerava uma carga de impostos à Sorocaba que não eram usufruídos plenamente pelos moradores do distrito. Na época o problema da precarieda-de no fornecimento de água e energia elétrica possuía tratamento desigual em relação aos distritos administrados por Sorocaba. O povo que já se aglomerava em mais de 30 núcleos em regiões distintas no distrito sofria a angús-tia pelo descaso.

Esse sentimento de busca pelo justo foi personificado na ilustre pessoa de Mathias Gianolla, Chefe de Escritório da Fábrica de Tecidos Votorantim, o qual comandou um

A R T I G O

Votorantim, terra de vanguardeiros!

levante da população para emancipação de Votorantim à condição de município. Os mo-vimentos políticos da época colocavam em lados distintos aqueles que lutavam pelo “SIM”, caracterizados como “vanguardei-ros” e outros que desejavam o “NÃO”, re-ceosos pelo ônus que poderia recair sobre a população.

O movimento contrário à emancipação teve na figura do então Deputado Federal Ju-venal de Campos seu principal líder. Apresen-tador de um programa de na Rádio Clube de Sorocaba, difundia a ideia de que não haveria necessidade de emancipação de Votorantim à condição de município, cujas consequências poderiam trazer prejuízos à população. Os convidados trazidos por ele endossavam o discurso do apresentador, repugnando a ideia de admitir Votorantim na condição de municí-pio equiparado à Sorocaba. Era uma afronta!

Os argumentos usados pela “Não” eman-cipação baseavam-se em intimidar o sen-timento de independência: que a partir da emancipação, os operários votorantinenses receberiam menor salário que os sorocaba-nos, uma vez que as regras salariais seriam diferentes por serem de municípios distintos. Todavia a organização do movimento van-guardeiro juntou-se às empresas sediadas no distrito, as quais lavraram em cartório decla-ração pública de que caso Votorantim fosse elevado à condição de município o valor dos salários seriam mantidos nas mesmas condi-ções que os demais trabalhadores de Soroca-ba e outros municípios vizinhos.

A espertisse dos vanguardeiros deixou desesperados os contrários ao movimento, os quais passaram a difundir que as empresas eram a favor da emancipação para terem re-dução de impostos, argumento esse que em nada estremeceu a vontade do povo em cons-truir um novo município.

A movimentação implacável promovida pelos vanguardeiros foi decisiva para a conso-lidação do município de Votorantim. Não ha-via interesse pessoal, mas o simples e altruísta desejo de que todos pudessem se beneficiar igualmente das riquezas produzidas pelos braços de seus trabalhadores. Fornecimento de água potável, energia elétrica, coleta de lixo, melhorias no sistema viário com aber-tura de novas ruas eram objetivos comuns que todos de forma unida lutavam para que

pudessem ser resolvidas por um líder local, participante dessa comunidade, e que pudes-se ouvi-la e atendê-la. Era assim que o movi-mento pelo “SIM” percorria as ruas e batia em cada uma das casas para contaminar com a euforia do novo município a todos, sem que houvesse qualquer medo ou receio frente às dificuldades vivenciadas naquela época.

O ano decisivo na história de Votorantim foi em 1963. Houve um grande plebiscito para consulta popular, cuja questão envolvia um posicionamento pela elevação de Votorantim à condição de município: SIM ou NÃO. Nada naquele fatídico dia 1º de dezembro poderia mudar a história inscrita na vontade de traba-lhadores e trabalhadoras que deixaram suas origens em outras regiões do Brasil e no exte-rior para firmarem sua residência e vida nes-se solo abençoado por uma cultura fruto da miscigenação de vários povos. Venceu o SIM: o sim para a construção de uma nova vida; o sim para a aposta de um novo mundo; o sim para que o futuro dos descendentes pudesse ser melhor amparada em suas causas mais basilares. O SIM para o futuro, com muitos desafios, mas com muita esperança.

É com muita festa e alegria que Votoran-tim comemora seu 50º aniversário de eman-cipação neste dia 8 de dezembro, data con-sagrada à Nossa Senhora da Conceição, que representa a fé e a garra de um povo que não se rende ao NÃO e acredita que possa cons-truir seu futuro presentemente, independen-temente da adversidade imposta. Viva Voto-rantim! Salve povo de Votorantim!

Ailton ScorsolineProfessor, Advogado, JornalistaDiretor da Gazeta de Votorantim

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53 Revista de Aniversário de Votorantim • 2013 | Gazeta de Votorantim

T E R R A D E F É

Igrejas e capelinhas marcam a história da cidade

Estima-se que no estado de São Paulo 60% do povo continua ca-tólica. Percentual pequeno se comparado com os quase 100%

de católicos do início do século passado.Em Votorantim a marca dessa fé está

presente nas inúmeras igrejas espalha-das pelo município. Algumas são verda-deiros ícones e fazem parte do patrimô-nio histórico da cidade.

Outras, porém, adeptas à teologia da prosperidade, surgem e desaparecem todos os dias em qualquer galpão da cidade. Mas essas não reúnem valores arquitetônico ou histórico como as cató-licas e as evangélicas tradicionais.

DestaquesComo templo sagrado, todas igrejas

têm o seu valor, mas ao menos quatro delas merecem destaque. Uma delas é a Capela da Penha, a primeira igreja da locali-dade erguida no século 17.

Outra que merece citação é a capela do Sagrado Coração de Jesus, no bairro Cubatão. Contam historiadores da cidade que um soldado da região foi à Guerra do Paraguai. Com medo da morte, fez pro-messa de construir uma capela se voltasse vivo. Voltou e cumpriu o trato.

Outras duas importantes igrejas da cidade foram erguidas pelo mesmo homem, na déca-da de 1920. Pereira Ignácio, católico, mandou

erguer a igreja de São João Batista, no centro do lugarejo, perto da fábrica de Tecidos Voto-rantim. Para lembrar sua terra, a obra era uma réplica da igreja que existia na aldeia em Baltar, região do Porto, Portugal, onde ele nasceu.

A enchente de 1982 derrubou parte dela e a matriz foi transferida para perto da pra-ça de eventos, mas num outro estilo.

Para contemplar o pensamento evan-gélico que existia em Votorantim desde o começo do século passado, Pereira Igná-cio mandou construir também a igreja dos protestantes, que está erguida até hoje na confluência das avenidas Luiz do Patrocino e reverendo José Manoel da Conceição, no bairro Ângelo Vial. É a igreja presbiteriana.

Jesus Vicente

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PA I N E L

O Savóia se foi. O Votoraty também. Mas o Bela Montanha F.C resiste firme ali na Barra Funda. Fundado em 1944 o clube continua em atividade sob o comando ex-centroavante e agora presidente Josias de Campos, o Gia, que segura a 1ª taça conquistada em 1947.

A descoberta de Votorantim como paraíso “dos residenciais” está mudando a paisagem da região oeste da cidade. Dependendo do ân-gulo, o que se vê é prédio brotando na mata.

Quem passa em frente à delegacia de ensino, na rua 7 de setembro, fica curioso ao ver tantas câmeras de se-gurança voltadas para a calçada. São sete lentes juntas a espreita de quem passa.

Derrubada

O crescimento de Votorantim não apagou, de vez, o jeito caipira de ser do velho distrito. No começo da av. reverendo José Manoel da Conceição, quase no centro da cidade, a horta do seu Benedito Onório muda o tom cinzento da paisagem urbana para um verde-couve-alface-cebolinha.

Urberrural

Bem vigiado

Bela resistência

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55 Revista de Aniversário de Votorantim • 2013 | Gazeta de Votorantim

SAIBA MAIS

A TV Votorantim, Canal 10, faz parte desta história de inde-pendência. Nestes 50 anos, comemoramos com orgulho o

fato de deixarmos de ser Vila, distrito, ou mesmo um lugar sem independência. Mas cabe a nós refletirmos para avaliar se cres-cemos em todos os sentidos, ou se ainda somos muito crianças para alcançarmos algumas conquistas. Fazemos referência à comunicação de Votorantim. Podemos começar a avaliação pelas rádios que se ouvia há 50 anos, e as que são ouvidas hoje. São rádios que falam com um pú-blico de Sorocaba, ou falam com Voto-rantim? Mesmo tendo várias delas con-seguido suas concessões com endereço de Votorantim, estão realmente inseridas na cultura local? Podem ser consideradas como um bem de utilidade pública para o público de Votorantim?

Das tentativas em se estabelecer um jornal impresso nestas cinco décadas, apenas a Folha de Votorantim permane-ceu e permanece até hoje, graças ao em-penho e garra do Jornalista José Antônio Rodrigues (César), mas é o Jornal Cruzeiro do Sul que informa os 3.500 assinantes que possui em terras votorantinenses, e, obviamente, o destaque do Jornal quase nunca retrata o nosso dia a dia.

Chega em Votorantim, nos anos 2000, a Super Mídia, empresa dirigida por um em-presário paulista, que pouca ou nenhuma identidade possuía com a cidade e via aqui apenas a oportunidade de um bom negócio, uma vez que as pessoas teriam que pagar para assistir à televisão. E para isso, buscou ganhar a confiança da população, pois pa-gar para se assistir televisão era um desafio em uma cidade acostumada a receber de graça as imagens e as informações do SBT Sorocaba e da TV TEM, que além de atende-rem a Votorantim, enviam para aproximada-mente 50 cidades o mesmo sinal e o mesmo conteúdo, o que não permitiu a criação de uma identidade com o público daqui.

Blog Notícias Votorantim (noticiasvo-torantim.blogspot.com), no qual se pu-blica diariamente matérias relacionadas à cidade de Votorantim.

Jornal Gazeta de Votorantim, impres-so semanário com distribuição gratuita em condomínios e bancas da cidade.

Rádio jornal Notícias Votorantim, pro-grama de rádio diário, veiculado pela rádio Nova Tropical FM, da cidade de Votoran-tim, pela equipe de jornalismo da TV Voto-rantim canal 10.

A TV Cidade foi a pioneira, e ocupou por alguns anos um espaço na grade de canais da Super Mídia. Mas o espírito jo-vem e a falta de comprometimento com as questões locais fez com que o canal terminasse sua trajetória; mas antes disto, em 2009, os jornalistas Werinton Kermes e Robson Conservani, avaliando de que maneira a cidade de Votorantim se comu-nicava e de que modo as informações re-ferentes ao dia a dia da cidade chegavam para quem mais interessava, os votoranti-nenses, concluíram que estávamos longe de nos considerar uma cidade verdadei-ramente independente, e propuseram à Super Mídia mais um canal local, mas com o diferencial de se ter um espírito comu-nitário e sobretudo que informasse aos

seus assinantes sobre o que aconteces-se em sua cidade. Com mais informação, acreditava-se em mais qualidade de vida, uma vez que pessoas com mais informa-ção têm mais oportunidades.

Mesmo não sendo possível cumprir com tudo aquilo que se sonhou para um canal comunitário, em seu primeiro mo-mento, o votorantinense se identifica de imediato com a TV Votorantim, canal 10, e mais e mais pessoas passam a ade-rir ao serviço de TV acabo na cidade, e com isto, artistas, entidades, políticos e demais representantes que compõem a sociedade da cidade sabem que têm um espaço para se comunicar, e mais do que isto, sabem que esta comunicação vai chegar à comunidade.

A internet é uma aliada, todas as maté-rias jornalísticas fazem parte do acervo do Youtube e podem ser acessadas. A transmis-são é ao vivo, pela rede de computadores (www.tvvotorantim.com.br), dando oportu-nidade para que votorantinsenses que mo-ram em outras cidades, estados e até países possam acompanhar a programação.

* 3000 Matérias Jornalísticas no Youtube, que somam mais de um milhão de acessos.

* A TV Votorantim, canal 10, tem 50% de sua programação ao vivo.

* A TV Votorantim, canal 10, recebe pelo telefone 015 32471010, em média, 300 liga-ções por dia, o que que corresponde a uma média de 2100 por semana.

* A TV Votorantim, canal 10, foi a pionei-ra em transmitir ao vivo debate entre os can-didatos a prefeitos em 2012. Calcula-se que aproximadamente 80 mil votorantinenses acompanharam este debate.

* Na Festa Junina são 15 dias de trans-missão ao vivo, dando condições às pessoas de acompanharem de suas casas tudo que acontece na festa, além de pessoas idosas e acamadas, que não conseguem ir até a praça de eventos nos dias da festa.

* O Debate dos Fatos, programa sema-nal, completou 100 programas e é um dos programas com maior audiência na TV Voto-rantim, canal 10.

* Telespectadores que acompanham a programação e entraram em contato com a TV Votorantim, canal 10, para se manifestar, estão também em países como China, Alemanha, USA, França, Espanha, Chile, Bélgica e Tailândia.

votorantim chega aos 50 anos se comunicando

T V V C A N A L 1 0

TV Votorantim canal 10 na Internet

Mídias criadas a partir da TV Votorantim, canal 10:

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56 Revista de Aniversário de Votorantim • 2013 | Gazeta de Votorantim

SAIBA MAIS

G A Z E TA D E V O T O R A N T I M

Um espaço de todos

N o ano em que a cidade de Votorantim completa 50 anos de emancipação, seus moradores ganharam um

novo meio de comunicação: a Gazeta de Votorantim, que trouxe para Voto-rantim o respeito merecido aos seus cidadãos na medida que se preocupa com tudo aquilo que o rodeia, com sua vida social, com os assuntos comunitá-rios, ou seja, com seu mundo real, coti-diano, em suas várias facetas.

Há tempos que Votorantim, a ter-ceira maior cidade da região, ansiava por algo a mais, por mais opção de acesso à informação local. São 50 anos de uma história de autoafirmação, de independência e a busca contínua da Gazeta de Votorantim é que seus leito-res tenham a sensação, e sobretudo, a certeza de serem tratados como priori-dade. Um jornal que traz informações livres, democráticas, comprometidas com a valorização do cidadão voto-rantinense, acreditando sempre que informação também melhora a quali-dade de vida, já que uma pessoa bem informada tem mais oportunidades.

Ao leitor que busca seu exemplar semanalmente, a Gazeta quer elevar a sua autoestima. O prazer de ver retra-tado em suas páginas tudo aquilo que ele próprio vivencia, as conquistas e as angustias de uma cidade dinâmica, em crescimento, o debate democrático de temas prioritários, ou seja, ser um instrumento para torná-lo mais crítico, respeitando sua opinião e o fazendo acreditar que ele também faz parte dessa dinâmica evolutiva da cidade e de seus moradores.

A semente foi plantada. Perto de completar um ano de existência, a Gazeta de Votorantim firma-se como um jornal independente, e orgulha-se por ter conquistado o respeito dos seus leitores, utilizando como princi-pal adubo para seu crescimento, esse mesmo respeito para com eles.

-A Gazeta de Votorantim foi lançada em 26 de janeiro de 2013. Sua circulação é semanal, aos sábados, com distribuição gratuita em bancas, comércios e condomínios de Votorantim e de Sorocaba.-A redação da Gazeta de Votorantim está localizada na Rua João Walter, 289, 1º andar, Centro, Votorantim.-O departamento comercial da Gazeta de Votorantim está localizado na Rua Paula Ney, 205, Centro, Votorantim.-O conteúdo da Gazeta de Votorantim é diversificado, com temas que vão desde política, até receita culinária, passando por ocorrências policiais e assuntos gerais do dia-a-dia da cidade, entre outros.-Editorialmente, a Gazeta de Votorantim busca diálogo com vários públicos, considerando-se aí, clas-ses sociais e idade. Para isso, conta com a colaboração de colunistas que buscam retratar um pouco da realidade de cada um deles.-Em pesquisas informais de opinião, constatou-se que a coluna denominada “Barbudo da Avenida”,

que traz informações dos bastidores políticos e sociais, com leveza e criatividade, é a mais lida do jornal.-Pela internet, a coluna campeã de acessos é a “Votorantinenses no Facebook”, assinada por Marcelo Soares.-Já os votorantinenses “da gema” não deixam de ler a colu-na “Nossa História Nossa Gente”, assinada pelo pesquisador César Silva.-A página de classificados oferece retorno rápido aos anuncian-tes, sendo assim, um investimento bom e barato.-A Gazeta de Votorantim descende da TV Votorantim, e é gerida pela Provocare Editora e Comunicação, tendo como atual diretores Mônica Marsal e Werinton Kermes, que também é o jornalista responsável. Isabel Telles Marsal (em memória), ex-proprietária da Provocare, foi fundamental em mais essa conquista.Dona Isabel, a matriarca

Políticos das mais diversas siglas partidárias, comerciantes que atuam no mesmo segmento na cidade, religiosos das mais distintas denominações e pessoas de diversas classes sociais e idades participaram do lançamento da Gazeta.

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57 Revista de Aniversário de Votorantim • 2013 | Gazeta de Votorantim

Jesus Vicente

Ariovaldo e Maria Alice sempre estavam juntos. Fosse festa, fosse jogo, fosse velório, fos-se o que fosse, um não saía de

casa sem o outro. Era aquele tipo de casal que dava inveja até nos pares de passa-rinho.

Domingo de manhã lá estavam eles na feira livre; pouco depois estacionavam o Opala azul na praça da Igreja Matriz para assistir à missa do frei Castanho.

Quando ainda existia o Votaraty, o casal se apressava em voltar pra casa, preparava o almoço e meia hora antes do começo da partida deixavam o Parque Jataí, onde moravam, e rumavam para o Paolo Domênico Metidieri.

A missa, o futebol, o jardim e a horta da casa amarela, além do cachorro Car-vão e da gata Cinzona, eram as grandes paixões do casal, que viviam sozinhos desde que Madalena, a única filha, fora para os Estados Unidos realizar o sonho de viver em Orlando.

A distância da filha fez o casal se unir mais ainda. Até na hora de regar a horta no fundo do quintal eles estavam juntos.

Sensíveis, Ariovaldo e Maria Alice cur-tiam e viviam a vida com os olhos sem-pre abertos para as belezas do mundo. Dois espetáculos diários que ambos não perdiam por nada eram o nascer e o pôr--do-sol.

A paixão por esses dois fenômenos

SAIBA MAIS

C R Ô N I C A

Segredo de Alicefez com que o casal abrisse uma clara-boia e deixasse um terço da laje da sala sem cobertura, para que de cima da casa, pudessem apreciar a beleza do sol avermelhando o horizonte ao romper a aurora e ao cair no poente.

Aposentados, casa própria, filha rea-lizando o sonho e com saúde pra dar e vender, os pombinhos, como os vizinhos os batizaram, curtiam a vida sem decep-ções. A única frustação, dizia ela, era mo-rar em Votorantim, a terra dos óvnis, e nunca ter visto um disco voador.

Eis que numa noite nublada e de ga-roa fina, Ariovaldo se levantou e subiu à laje para descer a Cinzona que fora es-quecida no terraço e miava incomodada com frio noturno.

Mas ao olhar para o céu, pra’s bandas do Curtume, Ariovaldo teve um espanto. Uns fachos de luzes dançavam no céu. Era como um balé de cobras iluminadas.

- Alice, Alice, suba aqui. - Que foi,

Val! - Venha, venha!Quando Alice chegou ao terraço teve

uma crise de choro. Era muita emoção pra ela, que tanto sonhava ver um disco voador. Ele não via o disco, só os fachos. Mas ela o descrevia a ele com precisão.

- Veja, Val, veja...olha lá, olha lá.....apa-receu de novo no meio daquelas nuvens ali...é um disco, é um disco....ora azulado, ora quase laranja....é enorme!

O casal voltou para o quarto e Alice dormiu sonhos coloridos, em movimen-tos, como que se navegasse por auroras boreais.

No outro dia, quando Alice foi para o banho, Ariovaldo ligou para a redação do jornal para contar que vira um disco vo-ador. O repórter, que havia recebido ou-tras ligações semelhantes há algumas se-manas, também já havia descoberto que os fachos que dançavam no céu eram canhões de luzes de uma casa noturna da cidade vizinha.

Ariovaldo ficou desapontado com a explicação do repórter, desligou o telefo-ne com semblante entristecido e nunca revelou o segredo à companheira. Não queria vê-la desapontada como ele, sem ETs, sem disco, sem óvnis, sem sonho, sem nada!

-Votorantim tem fama de terra de aparição de ôvnis; tem até um bairro com este nome - Texto construído com recordações de casos da redação do jornal Cruzei-ro do Sul, que recebera ligações nos anos 90 sobre vultos no céu.- Eram canhões de luzes, novidade nas boates sorocabanas.

Ariovaldo ficou despontado com a explicação do repór-ter, desligou o tele-fone com semblante entristecido e nunca revelou o segredo à companheira

Beto

W

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