Revista do Meio Ambiente 28

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AMBIENTE revista do meio Rebia Rede Brasileira de Informação Ambiental ano IV • janeiro 2010 28 Acesse: www.portaldomeioambiente.org.br Projeto sem fins lucrativos Distribuição gratuita Crise existencial pós-Copenhague Contra a matança de baleias Nuvens negras sobre o réveillon do Rio Offshore Macaé/Campos no indigenismo Duro golpe

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Edição 28 da Revista do Meio Ambiente

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COORDENADOR DO CURSO: Gustavo Berna, biólogo marinho pós-graduado em meio ambiente pela COPPE/UFRJ e especializado em resíduos sólidos. Coordenador da Comissão de Meio Ambiente da ALERJ – Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro

INVESTIMENTO à vista R$ 450,00 ou em três parcelas de R$ 160,00, sendo a primeira no ato da inscrição.

FORMA DE PAGAMENTO depósito na conta do banco ITAÚ ag. 6030 c/c 07794-2 (favorecido Gustavo Berna – CPF 086.571.957-80) ou pagamento em dinheiro ou cheque no ato da inscrição

INSCRIçõES PELO E-MAIL [email protected]

MAIS INFORMAçõES (21) 7826-2326 (11605*1)

Durante o curso, que terá início na Quinta-feira à noite, terminando no Domingo à tarde, teremos dinâmicas, palestras com: • Vilmar Berna (Prêmio Global da ONU)• Prof. Mauro Guimarães da UFRRJ, • Prof. José Mauro Farias da CEDERJ • Prof. Alexandre Pedrini da UERJ• Prof. Ricardo Harduim, da OSCIP PRIMA • Cel. Comandante do Batalhão de Policia Militar Florestal e de Proteção do Meio AmbienteEstão incluídas caminhadas, visitação da cidade e alimentação.

Público-alvo Professores/as da Rede de Ensino do Município, Alunos de Graduação, Técnico de Meio Ambiente, Biólogos, Geógrafos, membros de Organização Não Governamental

IV CursoProfessor-Pesquisador nas asas

da educação ambiental

local Nova Friburgo (RJ)

GESTÃO AMBIENTAL / EDUCAÇÃO AMBIENTAL / COMUNICAÇÃO AMBIENTAL

> Data e hora: aos sábados, de 9h às 17h10min

> Local: CRIAR Oficina de Estudos - Rua Lemos Cunha, 485, Icaraí, Niterói, RJ

> Investimento: R$ 210,00 cada curso (O pagamento poderá ser feito parcelado em até três vezes sem juros

pelo seu cartão; ou através de cheques pré-datados, sendo o primeiro no ato da inscrição)

> Inscrição: (21) 3021-7771 ou 7681-3334 com Márcia Sudano, ou pelo e-mail [email protected]

> O início dos cursos está previsto para quando se completarem as primeiras 25 candidatos que confirmarem pagamento

> Coordenação pedagógica: Inês Santos de Oliveira – bióloga pós-graduada em meio ambiente na COPPE/UFRJ

e especializada em gerenciamento de resíduos sólidos (21) 9994-7634

Cursos em Meio Ambiente e Sustentabilidade – Matrículas abertas/vagas limitadas

Mais informações e conteúdo programático: www.portaldomeioambiente.org.br/cursos-ambientais/cursos-presenciais.html

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dez 2009revista do meio ambiente

Matéria de capaUm duro golpe no indigenismo

por Mércio Gomes

ColunaCrise existencial pós-Copenhague

por Juliana Radler, especial para a Rebia

RedaçãoTv. Gonçalo Ferreira, 777 - casarão da Ponta da Ilha, Jurujuba - 24370-290 Niterói, RJ - Tel.: (21) [email protected]

Para anunciarTel: (21) 2620-2272 Celular: (21) 7883-5913 ID 12*88990 [email protected]

Produção gráfica Projeto gráfico e diagramação: Estúdio Mutum • (11) 3852-5489 [email protected]ário: Rodrigo Oliveira da Silva [email protected]ão: Gráfica MEC (21) 7872-9293 - Maurício Cabral

Os artigos e reportagens assinadas expressam a opinião de seus autores, não representando, necessariamente, o ponto de vista das organizações parceiras e da Rebia.

Fontes MistasA Revista do Meio Ambiente é impressa em papel offset

da Votorantim Celulose e Papel - VCP produzido com florestas plantadas de eucalipto, preservando matas nativas. A Unidade Florestal da VCP Capão Bonito conquistou, em setembro de 2005, o certificado FSC (Forest Stewardship Council), que atesta o manejo ecologicamente correto, socialmente justo e economicamente viável da floresta, bem como o cumprimento das leis vigentes.

Rebia – Rede Brasileira de Informação Ambiental - organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, dedicada à democratização da informação ambiental com a proposta de colaborar na formação e mobilização da Cidadania Socioambiental planetária através da edição e distribuição gratuita da Revista do Meio Ambiente, Portal do Meio Ambiente e do boletim digital Notícias do Meio Ambiente (CNPJ 05.291.019/0001-58)www.portaldomeioambiente.org.br

Fundador da Rebia e EditorVilmar Sidnei Demamam BernaEscritor e jornalista - Prêmio Global 500 da ONU Para o Meio Ambiente e Prêmio Verde das Américas Tel: (21) 2620-2272 • [email protected] www.escritorvilmarberna.com.br

Assessoria técnica ambientalGustavo da S. D. BernaBiólogo marinho pós graduado em meio ambiente na Coppe/UFRJ e especializado em resíduos sólidos(21) 7826-2326 • [email protected]

Pessoa jurídicaA Rebia mantém termo de parceria com OSCIP para a administração financeira de seus veículos de comunicação e projetos. Dados para o cadastro da REBIA: Associação Ecológica Piratingaúna - CNPJ: 03.744.280/0001-30 – Rua Maria Luiza Gonzaga, nº 217 - bairro Ano Bom - Barra Mansa, RJ CEP: 27.323.300 Representante: Presidente Eduardo Augusto Silva Wernech Tels: (24) 3323-4861 (ACIAP) [email protected]

Mudanças climáticasA China dá o seu recado

por Luiz Prado

Cenários de um novo mundo • Espaço do leitor •

Uma empresa diferente •Plantando ideais •

O charme dos telhados verdes •Agenda socioambiental •

Tragédias que se repetem •O uso do óleo de cozinha •

Sancionada, porém com vetos •Miséria na cultura: decepção e depressão •

Empregos verdes no Brasil •Espaço infantil •

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28Cidadania socioambientalContra a matança de baleias

por Redação da Rebia

OpiniãoNuvens negras sobre o réveillon do Rio

por Marcos Sá Correa

EspecialOffshore Macaé/Campos

por César Rogério Demamam Berna

nesta edição

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editorial

Nem todos agem da mesma forma diante dos problemas. Uma boa par-te das pessoas tende a continuar vivendo como se nada estivesse acon-tecendo, como se os problemas só afetassem aos outros, ou como se a responsabilidade pela solução dos problemas fosse dos outros, do vizi-nho, das autoridades, dos empresários. Outros preferem fugir e a maneira mais comum de fazer isso é negando a existência do problema ou minimi-zando sua importância através de piadinhas e ironias que de preferência, por tabela, desqualifiquem os denunciantes! A inteligência humana é bri-lhante para encontrar soluções quando quer fazer algo, mas também pode ser brilhante para encontrar desculpas para não agir quando não quer.

Não é novidade para ninguém que nosso estilo de vida consome mais re-cursos naturais do que a natureza consegue repor e que usamos o Planeta como se fosse uma enorme lixeira para descartar os nossos restos. Entre as muitas consequências desastrosas deste modelo baseado no consumo crescente e ilimitado está o agravamento das mudanças climáticas, que já afetam a vida e os bens de milhões de pessoas em todo o Planeta.

E este é só o começo dos novos tempos. Alguns falam em processo de ex-tinção de nossa espécie. Não acredito. Uma de nossas maiores caracterís-ticas é a de nos adaptar. Estamos presentes desde os desertos às florestas, dos locais mais frios aos mais quentes, dos mais alagados aos mais secos, sobrevivemos a terremotos, vulcões, tsunamis, tigres dente-de-sabre, vírus e bactérias! Nossa espécie está pronta para continuar, doa a quem doer!

Outra característica de nossa espécie é a capacidade de fazer escolhas! Podemos escolher ser solidários ou egoístas, pacíficos ou violentos, amar ou odiar, desperdiçar ou preservar. A história humana tem sido marca-da tanto por gestos de generosidade quanto por violência, inteligência e estupidez, e os resultados podem ser o colapso ou a sobrevivência de ci-vilizações. Dependendo de nossas escolhas, podemos desaparecer como o povo da Ilha de Páscoa ou prosperar como os povos que deram origem hoje ao Japão e à China.

Não deveríamos, mas aprendemos a conviver e a aceitar como naturais uma sociedade organizada na base do consumo crescente e ilimitado, que tanto super-explora a natureza como também a mão de obra huma-na sob o argumento de ser preciso atender às necessidades de muitos, quando na verdade concentra a riqueza e o poder nas mãos de poucos. Quem hoje domina o poder de usar dos recursos naturais para enrique-cer e super-explora aos trabalhadores não irá ceder facilmente quando este domínio for ameaçado por qualquer razão. A tendência será ‘cravar mais fundo os dentes’ para assegurar suas fontes de recursos e poder, como fazem os parasitas quanto o hospedeiro tenta removê-los!

Cenários de um

Com o agravamento das secas e inunda-ções e a intrusão da água salina nos lençóis de água subterrânea, devido o aumento dos oceanos, os prejuízos para a agricultura serão enormes e um dos resultados além da fome será a migração de populações de famintos do campo para a cidade, inchando ainda mais as favelas e pressionando os empregos e sa-lários, demandando serviços de saúde, edu-cação, etc. Se no campo, essas pessoas eram braços e pernas produzindo alimentos, nas cidades serão bocas a mais para serem ali-mentadas. Nossa espécie conhece bem o pro-blema e a tendência é aumentar a vigilância sobre as fronteiras e adotar soluções como a dos EUA para impedir a migração de mexica-nos. Um mundo mais aquecido será também um mundo mais dividido, menos solidário, e com mais conflitos!

Existem outras pessoas que, diante de pro-blemas, tendem a enfrentá-los. Primeiro bus-cando manterem-se bem informadas sobre a real dimensão dos problemas, separando fantasia da realidade. Segundo, capacitando-se para os novos desafios com cursos e trei-namentos adequados. Pessoas com visão em-preendedora saberão identificar oportunida-des na crise e continuarão produzindo rique-zas e gerando empregos, pagando impostos! Em poucos anos, por exemplo, os oceanos es-tarão maiores e invadirão mais terras, pres-sionando as infra-estruturas nas cidades. Os conhecimentos e tecnologias de povos que vivem abaixo do nível do mar, como os ho-landeses, serão importantes nessa nova fase. E a vida continuará do mesmo jeito de sem-pre, mas num mundo diferente deste. * Vilmar é escritor e jornalista, editor da Revista e do Portal do Meio Ambiente. Mais informações: www.escritorvilmarberna.com.br

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Educação AmbientalCaríssimo Vilmar! Venho lendo pela internet há uns anos o que você escreve

e quando começou o Portal do Meio Ambiente transcrevi muitas coisas no nosso folheto de educação ambiental para fazer a divulgação do nosso trabalho de coleta de recicláveis. Saiba que contribuiu e muito para me orientar em meus trabalhos. Hoje, exatamente hoje, conheci um pouco de sua história e estou encantada, emo-cionada e te agradeço muito por existir e isto aumentou ainda mais minha admi-ração por tudo que escreves. Não tive tempo ainda de adquirir e ler uma de suas obras completas. Tudo isso me deu força para continuar trabalhando com meu pessoal humilde e simples da favela. É que está tão difícil com a dupla Serra/ Kassab, (perdão foi só um desabafo), mas vou sempre me lembrar que ser persistente é preciso. Grande abraço irmãozinho! Paz e bem sejam sempre conosco! Eva da Silva ([email protected])

Ao ler sua mensagem não pude evitar algumas lembranças, fossem elas a do trabalho com comunidades de favela, onde iniciei minha atuação em Educação Ambiental (precisamente a favela do Parque Santa Madalena – Zona Leste – SP), ou leitura da obra de Vilmar Berna, que, sem dúvida, é um diferencial marcante. Todavia, a memória que mais se aprofundou, foi a da pessoa inquietante, apesar de serena, marcante, apesar da discrição, sensível, não obstante a formidável competência, e, generosa, a despeito do rigor e determinação. A meu ver, estas virtudes fazem dele alguém notável, cujo empenho é aproveitado inclusive por órgãos como Ministério do Meio Ambiente, entre muitos outros. Dos livros que li Como fazer Educação Ambiental e Os Desafios do Mar, sedimentou um fundamento primordial. Se não for para a população e para o povo humilde e simples, meio ambiente não fará muita diferença, pois, a sabedoria natural deles, o homem urbano terá de viver muito para aprender ou reaprender. Os políticos sempre passam. O povo fica!

Pequenas e médias empresas adequam às normas ambientais Estou fazendo um trabalho de conclusão de curso no qual o meu tema... As peque-

nas e médias empresas adequam às normas ambientais... e gostaria de saber quais livros relacionados a esse assuntos... e artigos e teses relacionados a esse tema. Allan ([email protected])

O melhor livro para sua pesquisa é Gestão Ambiental e Responsabilidade Social corporativa. Estratégias de Negócios Focadas na Realidade Brasileira, autor Takeshy Tachizawa, Editora Atlas, 2009. Já artigos e teses, você pode encontrar excelentes opções em http://www.teses.usp.br, bem como nos sites das grandes universidades há links de depósitos de teses, monografias, entre outros. É só percorrer com atenção. Sobre artigos, pesquise em http://www.scielo.br/scielo.php?lng=pt, é o maior banco de artigos científicos disponíveis em toda internet.

AgradecimentoAgradeço sua atenção em anunciar o projeto Guardiões do Meio Ambiente

da Sociedade Sinhá Laurinha. Ficou excelente! Espero poder um dia retribuir tal delicadeza. Um abraço,Tereza ([email protected])

Tereza, você será sempre bem vinda! Tomara que iniciativas como esta da Slau sejam corriqueiras em todo Brasil e que todas as Unidades de Conservação venham a ter guardiões bem preparados e dispostos à atuação voluntária. Parabéns pelo projeto, e que ele tenha muito sucesso! Abraços e votos de continuidade.

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Cartas

Comentário do artigo no PortalOlá Vilmar, tudo bem? Não sei se vamos sobreviver ou não, mas até acredito que a vida vai arrumar um jeito e que os “mais fortes” conseguirão se adaptar. Coloco entre aspas “mais fortes” porque acho que quem terá mais chances de sobreviver serão os “mais fortes” e poderosos em termos financeiros. Sim, sempre arrumamos um jeito de nos adaptar... Até pelas atuais circunstâncias da vida, sofremos muito ao perder algo que nos é caro ao coração, no entanto o tempo acaba arrumando uma maneira de acostumarmos a enfrentar essa perda.Mas que mundo será esse? Se tantas injustiças e violências já são cometidas agora? Como ficará com todos os problemas que as mudanças climáticas irão acarretar? Por outro lado, vejo muitas pessoas sonhando e tentando fazer algo que mude tudo isso. Não sei se sou utópica demais, mas ainda acredito na capacidade do ser humano de modificar, de reverter essa situação. Diante de uma problema grave, quantas pessoas não se unem em solidariedade para ajudar alguém ou algumas pessoas que muitas vezes não são nem conhecidas? Apesar do consumismo desenfreado que tornou-se a chegada do dia 25 de dezembro, amigos e familiares sempre buscam, sonham e desejam coisas boas no Natal e na virada do ano. Será que isto é feito por mero costume ou porque almejamos de fato todos estes desejos?Quero poder acreditar num mundo melhor e quero fazer parte desta mudança! Quero deixar sementes boas por aqui e, ao fim da vida, quando olhar pra trás, poder dizer que fiz a minha parte, contribui e que, por conta disso, minha vida valeu a pena! Grande abraço!Jaqueline Macedo Gomes, da Rebia [email protected]

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Educação AmbientalSou licenciada em geografia e aluna de uma especialização em educação infan-

til aqui em Natal, RN. Estou escrevendo um artigo sugerindo as possibilidades de se desenvolver de forma sistemática a educação ambiental nas instituições de ed. infantil e quero sugerir para prática do educador o máximo de possibilidades e como aplicá-las na sua prática. Dentre as referências que utilizo está seu livro intitulado Como fazer educação ambiental, mas estou precisando de mais suges-tões para as atividades pedagógicas que colaborem na construção dos conceitos inerentes a preservação ambiental. Peço-lhe então sugestões, as que forem possí-veis, para enriquecer meu trabalho de conclusão de curso.Flávia Karenine ([email protected])

Após a repercussão dos esforços de Al Gore com o filme “Uma Verdade Inconve-niente” (no plano internacional) e muitos outros que se dedicaram nestes dez anos da Política Nacional de Educação Ambiental no Brasil, material de qualidade não falta. Concordo que o texto de Vilmar Berna se consagra como um expoente pela delicadeza e amplitude com que trata o tema. Porém, se o caso é oferecer um olhar mais completo. Creio pela necessidade de optar por uma das práticas da Educa-ção Ambiental. Formal ou não formal? Facilitaria sua busca. Entretanto, e não por isso, Marcos Reigota, Marcos Sorrentino e Rachel Trajber são boas indicações de autores. Em anexo, coloquei uma produção do MEC (http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao3.pdf) que apresenta rica variedade de documentos relacionados ao assunto.

Agradecimento 2Caro Vilmar, bom dia, sou aluno do curso de Tecnólogo em Gestão Ambiental da

UNIPLI e gostaria de registrar aqui o meu sincero agradecimento pela palestra de ontem. Sou entusiasta do tema “Meio Ambiente” e embora não atue profissional-mente nesta área, sou defensor junto a meu circulo de amizades de assuntos volta-dos a sua preservação. Fiquei feliz por conhecê-lo e a seu maravilhoso trabalho, as-sim como pela excelente fonte de consulta que agora sei onde encontrar com faci-lidade. Como disse ontem ao final da palestra, dentro em breve tomarei a liberdade de visitá-lo em Jurujuba, para, quem sabe, adquirir mais conhecimento e conhecer mais a fundo o seu trabalho, buscando participar de alguma forma deste empreen-dimento que considero fundamental para a continuidade da vida humana como a conhecemos hoje. Um abraço fraterno, Marcelo Zamperini ([email protected])

Conhecer a Vilmar Berna é mesmo um privilégio, não só pelo grande profissional que ele é, mas, principalmente, pelo formidável ser humano que nele habita. Esteja certo de que o Portal do Meio Ambiente é fonte de consulta de inegável valor, até porque, sua feitura é livre e independente. Tomara que em breve você possa se incorporar aos trabalhos de meio ambiente, inclusive na vida profissional, pois, o que de primeiro plano interessa, é a boa vontade e isso você tem de modo espontâneo. Parabéns pela clareza de seu texto e volte sempre! Abraços, gratos e sucesso.

AnimaisComandante Vilmar, seu nome está se espalhando como mais uma grande e

importante força a nosso favor, para defesa e salvação destes pobres indefesos filhos de Deus, que ficam a mercê de muitos monstros humanos. Quisera eu ter autoridade e poder! Parabéns e que Deus lhe dê muita luz! Protetora e voluntária que sofre e ama os animais. Rosa Hollmann ([email protected])

Preciso concordar com a luz que rege o coração de Vilmar Berna. Sua luz é espontânea e por isso cada vez mais translúcida. Todavia autoridade e poder todos temos. Uns mais, outros menos, mas, sem dúvida, o poder se encontra em mãos de todos os cidadãos brasileiros. É uma pena que até que se descubram os talentos e as forças se reúnam, muito sofrimento andará à solta por aí. E peço desculpas por discordar. O homem não é um monstro, mas antes, um ser que só se ilustra perante a dor e as perdas. As doces criaturas de Deus sabem ser mais humildes, e no final, são elas que zelam por nós. Parabéns por seu trabalho!

Produtos orgânicosVilmar, somos da Secretaria de Agricultura de

Rio Verde, Goiás, e queremos ajudar à agricultu-ra familiar e assentados da região que são muitos. Precisamos de alguém que venha dar uma pales-tra e mostrar como se produzem produtos orgâ-nicos, quais são suas vantagens e qual a maneira certa de produzí-los e comercializá-los. Aguardo informações. Obrigado, Nicolau ([email protected])

Seguem duas sugestões de nomes, em função de consulta junto ao Grupo [email protected]. São eles: Simone Vieira ([email protected]), por sugestão de Tatiana Carneiro, Dra. em Entomologia Unesp ([email protected]) e Tiago Carpi ([email protected]) por minha sugestão.

Quantas árvores são necessárias para a produção de 1 tonelada de papel?

Boa tarde Vilmar, sou leitora diária da sua página e queria uma informação. Onde posso obter informa-ção segura de quantas árvores são necessárias para a produção de 1 tonelada de papel. Obrigada, Liégia Maciel de Oliveira - Diretoria-Geral do TRT 3ª Região ([email protected])

Ainda que se diga que para se obter uma tonelada de celulose sejam necessárias aproximadamente 16 árvores e que cada árvore produziria 62,5 Kg de celulose, haveria que se calcular o tipo de papel a ser produzido e qual parte das árvores (galhos, folhas, centro dos troncos, etc) seriam utilizados para estes fins. Em razão de maiores pesquisas, sugerem-se os sites www.portaldomeioambiente.win2.k8.com.br/links_ambientais/c.asp; www.suzano.com.br/portal/main.jsp?lumChannelId=2C9080C91BEC59A7011BECC2961A2860; e www.clickarvore.com.br.*Célia Regina Russo é voluntária da REBIA, professora universitária, bióloga, ecologista, mestre em Ciência Ambiental (USP) - Universidade do Grande ABC - Santo André – SP, CRBio 1 23291/01-D SISBIO 2357145 (http://celiarusso.blogspot.com)

Errata

Na edição 27, na matéria “Um veículo para cada dois habitantes”, de Mariana Oliveira, ficou faltando o crédito da foto reproduzida ao lado: Alexandre Caliman

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Reestruturação da Funai trará caos ao indigenismo e às aldeias no Brasil

No dia 28 de dezembro de 2009 o presiden-te Lula assinou o Decreto 7.056 pelo qual reestrutura a Fundação Nacional do Índio. O decreto saiu publicado no dia 29 e estourou que nem uma bomba no meio indigenista. Ao contrário do que foi alardeado pelo atual presidente da Funai, a reestruturação se apre-senta como um retrocesso ao indigenismo bra-sileiro, que estará fazendo 100 anos em 2010.

Em primeiro lugar, ficam extintos todos os postos indígenas do Brasil. Os postos indíge-nas constituem a estrutura mínima que está presente e atuante nas aldeias indígenas. Muitos deles são formados por apenas um chefe de posto, que se desdobra para manter o contato, o relacionamento, a proteção e a assistência mínima aos índios que vivem exclusivamente nas aldeias.

Os postos indígenas sempre foram a ponta do indigenismo brasileiro. São eles que dão su-porte imediato às demandas mais corriquei-ras e também as mais urgentes das aldeias indígenas. Quase todos os postos indígenas estavam localizados nas próprias aldeias in-dígenas, ou perto delas, sem interferir em sua vida cotidiana. Alguns deles já eram mais que centenares, pois, ou foram criados por Rondon, ou vêm ainda desde o Império.

Essa extinção vai dar o que falar e os índios vão sentir terrivelmente esse baque.

A estrutura da Funai-sede em Brasília sofreu algumas modificações negativas. Foi extinta a Coordenação-geral que cuidava do incentivo à produção de artesanato indígena, um dos pila-res econômicos de muitos povos indígenas. Essa coordenação incentivava essa produção pela compra do artesanato por preços bastante razo-áveis, se não justos, o que fazia com que o mer-cado para esses produtos favorecesse economi-camente a produção indígena. Agora os arte-sãos indígenas ficaram à mercê do mercado.

Outra modificação foi a extinção da Coorde-nação-geral de Estudos e Pesquisas, que acu-mulava as funções de intermediar estudos etnológicos de antropólogos, contatando as po-pulações indígenas para obter permissão de visitas de estudiosos, e de publicação de textos oriundos desses estudos. Agora tudo isso será

feito no Museu do Índio, no Rio de Janeiro, lon-ge do contato com os índios e do burburinho da Funai. Como a atual direção do Museu do Índio, junto com a Funai, tem segundas intenções de retirar o Museu do Índio do âmbito da Funai, o distanciamento entre pesquisas, interesses do órgão e os índios vai ficar cada vez maior.

No mais, a presidência da Funai agora acu-mula uma série de DAS como assessores pes-soais, e alguns nomes de algumas coordena-ções gerais e de diretorias, foram mudadas. Nada substantivo. A criação de uma diretoria colegiada formada pelo presidente e os três diretores, com voto qualificado do presidente, é uma filigrana burocrática sem qualquer sen-tido digno de nota. Igualmente um certo Co-mitê Regional, a ser formado pelos coordena-dores regionais que devem se reunir uma vez por semestre para debater seus problemas, não passa de assembleismo tolo.

Junto com a extinção dos postos indígenas, vieram extinções de diversas administrações regionais da Funai, algumas tradicionais, ou-tras criadas mais recentemente. A lógica por trás dessas mudanças escapa ao senso deste que vos escreve, a não ser o interesse em man-ter algumas prerrogativas de amigos.

O presidente da Funai, Márcio Meira, recebe

em Brasília líderes de várias etnias que foram

pedir a volta de postos indígenas que teriam sido

fechados nos estados

Quase todos os postos indígenas

estavam localizados nas próprias aldeias indígenas, ou perto

delas, sem interferir em sua vida

cotidiana. Alguns deles já eram mais

que centenares, pois, ou foram criados

por Rondon, ou vêm ainda desde

o Império

Um duro golpe no

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dez 2009revista do meio ambiente

Fica evidente porque foi mantido tanto segredo sobre essa reestruturação. Ninguém da Funai sabe quem participou desse estratagema. Tampouco os representantes indígenas da CNPI foram informados sobre o teor dessa reestruturação.Alguns devem estar se arrependendo amargamente de ter participado da reunião que aprovou essa reestruturação sem vê-la

Administrações regionais extintasNo Nordeste:

1. Recife, que serve aos índios Xukuru, Fulniô, Kampinawá, Atikum, Pankararu e outros do estado de Pernambuco.2. João Pessoa, que serve aos Potiguara da Baía da Traição.3. São Luís, que assiste aos Guajajara, Guajá, Urubu-Kaapor, Timbira e outros.4. Kanela, na cidade de Barra do Corda, que serve aos Canela Ramkokamekra e Apanyekra.5. Barra do Corda, que serve aos Guajajara.6. Porto Seguro ou Ilhéus, que serve aos Pa-taxó e aos Pataxó Hãhãhãe, respectivamente.Supostamente esses povos indígenas vão passar a ser assistidos por, respectivamente, Fortaleza (Recife e João Pessoa), a qual não tem nenhuma tradição indigenista e foi criada por esse decre-to; Imperatriz, no Maranhão, que também cui-dará dos extintos núcleos localizados em Barra do Corda; e Ilhéus ou Porto Seguro que passará a assistir aos Pataxó da região de Porto Seguro.Prevê-se insatisfação geral entre os índios Po-tiguara, Fulniô, Atikum, Kapinawa, Guajajara, Guajá, Urubu-Kaapor, Canela, Timbira e Pataxó. Ficaram as administrações regionais de Paulo Afonso, que cuida dos povos indígenas do rio São Francisco, e Maceió, que assiste aos índios daquele estado e de Sergipe. A extinção de Recife, São Luís e João Pessoa estarrece a todos, sobretudo pela tradição as duas primeiras, mas também por servir a mais de 50.000 índios.Na Amazônia Oriental e Setentrional, foram extintas as seguintes administrações:7. Oiapoque, no Amapá, onde há uma gran-de concentração de índios na fronteira com a Guiana Francesa. Ficará sob a responsabili-dade de Macapá.8. Parintins, no Amazonas, que provavelmen-te vai depender de Manaus.9. Altamira, no Pará, que, por conta do rebuliço que haverá com a construção da Usina de Belo Monte, ficará ao deus-dará. Com a ausência de uma administração, os povos indígenas que lá habitam – Xikrin, Parakanã, Arara, Araweté, Juruna, Xipaya e Kuruaya – poderão ser assis-tidos pela AER mais próxima, talvez Manaus, a 1.000 km de distância, ou Marabá, a 1.100.10. Redenção, no Pará, que provavelmente vai se contentar com a Administração de Tucumã, ambas para índios Kayapó do Pará.Na Amazônia Ocidental, foi extinto o Núcleo de Apoio de Vilhena (11), em Rondônia, que serve os índios Nambiquara, e as demais ad-ministrações ou núcleos de apoio tiveram seus nomes mudados.No Centro-Oeste, foram extintos, entre núcleos e administrações:

12. São Felix do Araguaia, que serve aos ín-dios Karajá, da Ilha de Bananal.13. Água Boa, que serve aos Xavante de Pi-mentel Barbosa.14. Xavantina, que serve aos Xavante de Parabubure.15. Campinápolis, que serve aos Xavante de Obawawe e Parabubure16. Primavera do Leste, que serve aos Xa-vante de Ronuro e Sangradouro.17. Tangará da Serra, que assiste aos Pareci, Irantxé, Nambiquara.18. Rondonópolis, que assiste aos Bororo.19. Goiânia, uma das mais ativas adminis-trações, que atendia aos Xavante, Tapuio e Avá-Canoeiro.20. Araguaína, em Tocantins, que atendia aos Krahô, Xambioá e Apinajé.21. Gurupi, que atendia aos Karajá e Xerente.No Sudeste e Sul, foram extintas:22. Guarapuava, no Paraná, que serve aos Kaingang23. Londrina, no Paraná, que serve aos Kain-gang e Guarani24. Curitiba, que serve aos Xokleng, Kaingang e Guarani25. Paranaguá, que serve aos Guarani do li-toral, provavelmente a nova sede da nova Administração do Litoral Sul.

Portanto, foram 25 administrações regionais e núcleos de apoio extintos de uma só canetada. Prevê-se que haverá protestos da parte dos po-vos indígenas e dos indigenistas de todas essas partes excluídas da estrutura da Funai. Fica evi-dente porque foi mantido tanto segredo sobre essa reestruturação. Ninguém da Funai sabe quem participou desse estratagema. Tampou-co os representantes indígenas da CNPI foram informados sobre o teor dessa reestruturação. Alguns devem estar se arrependendo amarga-mente de ter participado da reunião que apro-vou essa reestruturação sem vê-la.

Por seu lado, o atual presidente da Funai fez muito alarde sobre a contratação até o ano de 2012 de 3.100 novos funcionários para a Funai. Entretanto, tal proposta não está con-tida no Decreto presidencial nº 7.056 publi-cado no DOU de hoje. Ela vale tanto quanto a sua palavra, não mais.

Portanto, o resultado da reestruturação é esse que aí está. Dizer que isso é bom para a Funai e para o indigenismo, e que nesse segundo man-dato o presidente Lula está fazendo o que não fez no primeiro – é brincar com a graça alheia. A sor-te está lançada. O indigenismo rondoniano está na alça de mira. Agora é esperar como isso será aplicado e qual será a reação dos atingidos. Fonte: Ambiente Já / Blog do Mércio

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Índios de várias etnias fazem protesto na frente do Ministério da Justiça. Eles reivindicam a reabertura de postos indígenas que foram fechados em vários estados

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Uma das peças do projeto Cool Globes, exposta em praça pública no centro de Copenhague, durante a Cop15

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fome. Valores humanitários e democráticos de-vem prevalecer, proclamam os principais líderes mundiais. Porém, o que ainda se vê é uma enor-me distância entre o discurso e a prática. Barack Obama, por exemplo, em sua campanha presi-dencial era defensor do acordo climático e con-trário à política externa bélica do governo Bush.

Como presidente eleito, suas ações são di-ferentes de suas palavras. Enviou mais 30 mil soldados americanos ao Afeganistão e não foi capaz de ocupar um papel de liderança nas negociações climáticas. Mesmo assim, suas boas intenções foram suficientes para lhe ren-der um precoce Nobel da Paz. Os ambienta-listas até usaram o fato para cobrar uma pos-tura mais forte de Obama na conferência de Copenhague. “Você ganhou, agora honre”. Mas, os protestos de pouco adiantaram. A máqui-na dos lobistas das grandes corporações que influenciam no Congresso americano já havia desenhado o papel que Obama faria em Cope-nhague, o de barganhar um compromisso com metas de redução de emissões da China, jo-gando a responsabilidade maior nas mãos dos chineses. Atualmente, a China superou os EUA como maior emissor de gases do efeito estufa.

Alguns ambientalistas e pensadores que previam o fracasso da conferência, o atribuem justamente ao fato dos mecanismos de mer-

É difícil escrever sobre o fracasso das nego-ciações climáticas em Copenhague, ocor-ridas em dezembro passado, sem ceder ao ressentimento em relação à humanidade. Terminamos essa primeira década do novo mi-lênio com o gosto amargo da derrota. Não fo-mos capazes de chegar a um acordo capaz de reduzir as emissões dos gases do efeito estufa a níveis mais seguros e podemos estar conde-nando a nós mesmos a uma dolorosa extinção movida a secas e tempestades. Neste momento de angústia existencial, lembro-me da famosa frase do ex-presidente americano e eterno vi-lão, George Bush, dita para justificar sua ausên-cia na ECO-92, conferência mundial que deu ori-gem à Convenção sobre Mudanças Climáticas: “O modo de vida americano não é negociável”. E me pergunto em seguida: “E a sobrevivência da espécie humana e dos demais seres vivos que habitam esse planeta, é negociável”?

A grande questão que se coloca após esse balde de água fria das negociações da Onu é a seguinte: estamos diante de um grande pro-blema ético humanitário. Para que poucos con-tinuem a viver em condições de bem estar ja-mais usufruídas pelo ser humano, muitos já es-tão pagando a conta com suas vidas.

Adentramos o século 21 e o novo milênio com a esperança de acabarmos com as guerras e com a

Seremos capazes de assistir a esse

genocídio, que afetará primeiro

os mais pobres do mundo, após já

termos vivido os horrores das guerras

do século 20?

pós-Copenhague

O dilema ético que se coloca

diante do fracasso para se

chegar ao acordo climático global

e as soluções mirabolantes

propostas pela tecnociência A crise existencial

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cado terem dominado o tom das negociações. “Enquanto essa transferência do poder de deci-são política para os mercados não for detida, a luta contra a mudança climática será parcial e inoperante”, ressaltou Riccardo Petrella, profes-sor de ecologia humana da Academia de arqui-tetura de Mendrisio, na Suíça, em artigo do Le Monde Diplomatique. Ele cita, por exemplo, que os dirigentes do mundo ocidental injetaram enormes recursos – R$ 20 trilhões – em empre-sas privadas durante a crise financeira global e poderiam, certamente, destinar verbas se-melhantes para conter as mudanças do clima senão estivessem atados pelos interesses do mercado. Estima-se que um montante de R$ 1,7 trilhão em dez anos seria suficiente para con-cretizar os objetivos de médio prazo da luta con-tra o aquecimento da atmosfera. Ou seja, cerca de 12 vezes menos do que foi investido em mui-to menos tempo para salvar bancos e empresas da falência. “Salvar o clima do planeta também sai bem mais em conta do que investir em guer-ra e publicidade. Em 2008, as despesas militares mundiais alcançaram R$ 2,6 trilhões e as verbas para publicidade chegaram a R$ 945,4 bilhões em 2007”, ressaltou Petrella.

O que deveria ser um espaço multilateral, democrático e transparente coordenado pe-las Nações Unidas tornou-se um ambiente de barganha por recursos e direito de emitir carbono na atmosfera. E tudo isso em troca de um crescimento econômico que mais diminui do que promove o bem estar da humanidade. A sensação de frustração que toma muitos especialistas e pesquisadores envolvidos com o tema chega a provocar posições mais drás-ticas em relação ao problema. James Hansen, um dos maiores cientistas dos Estados Unidos e um dos primeiros a tentar conscientizar os políticos norte-americanos sobre o aque-cimento global, se diz totalmente incrédulo no processo das negociações .

Há um erro paradigmático na abordagem do problema, analisa o cientista. Negociar me-tas de redução de emissões de gases do efeito estufa seria como, por exemplo, negociar a re-dução da escravidão de forma gradativa, atra-vés de um sistema de cortes e metas graduais. “Nós não imaginamos alguém dizendo vamos cortar a escravidão em 50%, depois em 40% e assim por diante”, critica Hansen, acrescen-tando que a falta de líderes capazes de coman-dar a verdadeira revolução para a economia verde faz com que os lobbies das empresas “mantenham os negócios como normalmente (business as usual)”. E assim empurrando com a barriga os investimentos necessários para a “descarbonização” do processo produtivo.

Jeffrey Sachs, professor de Economia da Uni-versidade de Columbia, diretor do Earth Insti-tute e assessor especial das Nações Unidas, se-gue na mesma direção. Para ele, há uma enor-me confusão entre negociação e solução de problema. “Governos estão envolvidos em uma negociação maciça, mas não estão engajados em um grande esforço para resolver proble-mas. Cada país parece se perguntar como será possível fazer o mínimo e conseguir com que os outros façam o máximo”. Diante desse cená-rio nos perguntamos: Será que a iniciativa do pequeno Butão, país encravado na cordilheira do Himalaia, de calcular a sua Felicidade In-terna Bruta, em detrimento do Produto Inter-no Bruto, não é muito mais coerente? Se tudo o que buscamos em nossas vidas é o bem estar e a felicidade, por que insistimos em medir tudo através dos gráficos econômicos?

Fazendo um breve retrospecto histórico de ne-gociações internacionais relacionadas a proble-mas ambientais globais, lembramos do comba-te aos CFCs (substâncias que corrompiam a ca-mada de ozônio da atmosfera. O exemplo pode ser considerado o mais bem sucedido acordo internacional já realizado pela ONU, como res-saltou o ex-secretário geral das Nações Unidas, Kofi Anan. O Protocolo de Montreal, ratificado por 150 países, conseguiu que todos os signatá-rios substituíssem gradualmente os chamados CFCs – clorofluorcarbonetos – muito usados em eletrodomésticos e aerossóis, por substân-cias que não afetavam a camada protetora da Terra. Com isso, o buraco da camada de Ozônio vem sendo controlado e, hoje, encontra-se em níveis bem toleráveis. Por que fomos bem su-cedidos em sanar o problema dos CFCs e não conseguimos chegar a um consenso sobre os limites de emissões de gases do efeito estufa? Simplesmente porque o Protocolo de Montreal não precisou estabelecer uma mudança radical no modelo de desenvolvimento e, sim, apenas uma mudança tecnológica. A complexidade da redução dos gases do efeito estufa está justa-mente na necessidade de se repensar por com-pleto o desenvolvimento econômico e o nosso estilo de vida baseado no consumo (desenfrea-do) e no uso de energias não renováveis.

O problema da fome, como exemploNa última reunião da FAO – organização da

Onu para Alimentação e Agricultura – ocorri-da em novembro passado, a instituição propôs o ano de 2025 como data limite para a extinção de famintos no mundo. Contudo, a meta não foi aceita por todos os países e por isso não foi incluída no documento final da reunião. Vale lembrar que pela primeira vez na história da

Ao sermos incapazes de mudar esse modelo de crescimento econômico incessante em um planeta com recursos naturais finitos, condenaremos a humanidade a um futuro de escassez, abrindo caminho para mais guerras e fome. Aliás, o que podemos esperar de líderes mundiais que são incapazes de acabar com o mais imoral dos problemas humanitários, a fome, mesmo diante de tanta fartura nos países ricos?

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humanidade, o número de pessoas com fome no planeta superou a marca de 1 bilhão. Isto é, 1 em cada 7 seres humanos passa fome. E como quem vive nestas condições está agrupado em bolsões de pobreza, nos quais famintos convi-vem com famintos, para a maioria dos outros 6 bilhões de habitantes do mundo, esse é um problema muito silencioso para se dar ouvidos.

A propósito, há muitos paralelos a se traçar en-tre fome e mudanças climáticas. O primeiro de-les é o fato de que com a intensificação das in-tempéries, a produção de alimentos será drasti-camente afetada. Dessa forma, teremos a dimi-nuição crescente das áreas agrícolas do mundo e a redução das colheitas. Esse cenário dá a África um futuro assombroso. Se hoje 40% da popula-ção do continente já vive em condições de mi-séria, o que teremos após a intensificação dos efeitos do aquecimento global? Cerca de 70% dos africanos habitam em áreas rurais e depen-dem diretamente da agricultura familiar como fonte de renda e alimentação. Sabendo que a África contribui com apenas 3,8% das emissões globais de gases do efeito estufa e suas florestas absorvem 20% do que é emitido mundialmen-te, nos defrontamos com essa grande injustiça: o continente que sofrerá mais rapidamente e dramaticamente com o aquecimento global é o que menos contribui para o problema.

Mas, se para alguns, fome significa morte len-ta, para outros, pode representar a oportunida-de de lucros rápidos. A indústria dos transgêni-cos já almeja ser a grande solução para os pro-blemas futuros de abastecimento de alimen-tos em decorrência das mudanças climáticas. No entanto, o uso destas sementes modificadas é dominada por um restrito grupo de corpora-ções (cuja líder é a Monsanto) e que está muito

distante de ser acessível aos mais pobres do mundo, sem entrar no mérito dos riscos para a saúde e para o meio ambiente. A Inglaterra, por exemplo, realizou em janeiro passado (2010) uma Conferência de Agricultura na Universidade de Oxford, no qual declarou que irá fazer uma revolução verde tecnológica baseada em transgênicos e nanotecnologia. “A Inglaterra deve abraçar o cultivo de trans-gênicos e estimular pesquisas em nanotecno-logia para evitar uma catastrófica escassez de alimentos em um cenário futuro de mudanças climáticas”, disse o cientista-chefe do governo britânico, John Beddington, em reportagem do jornal The Guardian. Essa é a primeira sinaliza-ção pública feita pelos ingleses nesse sentido e suscitará grande oposição dos movimentos ambientalistas e de boa parte da opinião pú-blica. A afirmação de Beddington demonstra, acima de tudo, que os países ricos estão dis-postos a pagar caro por essas novas tecnologias baseadas em engenharia genética, nanotecno-logia e biologia sintética como resposta aos danos provocados pelo desequilíbrio climático.

Esse processo de artificialização dos ciclos naturais vem sendo proposto, inclusive, como solução em larga escala para o aquecimento da Terra. É a chamada Geoengenharia, uma espé-cie de “remendo tecnológico para as mudanças climáticas”, como enfatiza Jim Thomas, pes-quisador da Ong ETC Group, do Canadá. Entre as propostas feitas por esses “empreendedores do clima”, está, por exemplo, a de manejar a ra-diação solar através da pulverização de aeros-sóis de enxofre. Essa proposta segue a lógica da emissão de enxofre provocada pela erupção vulcânica, capaz de resfriar significativamente o planeta. No entanto, os efeitos colaterais são imensos, como a acidificação dos oceanos e a intoxicação de seres humanos pelas chuvas áci-das. E a Geoengenharia ainda vai mais longe, propondo o sombreamento do sol no espaço, o branqueamento de nuvens, a fertilização de algas nos oceanos para sequestro de gás carbô-nico, entre outras soluções assombrosas, mas bem lucrativas para algumas poucas empresas.

O futuro é incerto, mas a certeza de que paga-remos um preço alto pela incapacidade de mu-darmos de rota enquanto há tempo, é absoluta. Não resta mais dúvida sobre o impacto mortal das mudanças climáticas para a sobrevivência da espécie humana no planeta. Assim, se qui-sermos ir adiante, precisamos mudar nossos hábitos, promover uma revolução energética e passarmos a viver sem agressões constantes ao nosso planeta azul. Como diziam manifestantes que tomaram as ruas de Copenhague para exi-gir um acordo climático: “Não há Planeta B”.

A partir do momento que optarmos por remendos e consertos no equilíbrio climático do planeta, teremos que fazê-los para sempre. E ainda sob o risco eterno dos efeitos colaterais ou de, simplesmente, tornarmos o problema irreversível após tantos paliativos. Caso algo dê errado no meio do caminho, será impossível voltar atrás, pois o processo de aquecimento já terá ido longe demais

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Criança sofre com a desnutrição em

Vakaga, República Centro-Africana

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especial - Offshore Macaé/Camposte

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CinCo anosUS$ 15 bi em

A Petrobras – Unidade Bacia de Campos investirá U$ 15 bilhões por ano nos próxi-mos cinco anos. Só com o Projeto Aruanã – o maior investimento deste ano – que come-çará a produzir em setembro de 2010, a Pe-trobras-UNBC investirá U$ 227 milhões. Até 2012, serão mais três plataformas entrando em ação na Bacia de Campos. “A Bacia de Campos vai garantir a produção nacional pelos próximos 10 anos. Temos muitos po-ços em desenvolvimento. É balela falar que os investimentos na Bacia de Campos estão diminuindo. Até 2020 teremos uma curva em crescimento de produção”, disse o geren-te geral da Petrobras-UNBC, José Airton de Lacerda Martins.

A apresentação do gerente geral da Petro-bras-UNBC no encerramento das atividades de 2009 da Rede Petro – Bacia de Campos, re-alizada em 9 de dezembro de 2009, no audi-tório do Sesi/Senai, na Riviera Fluminense, jo-gou definitivamente por terra o pessimismo de quem acreditava que o pré-sal deslocaria os investimentos da quinta maior empresa do mundo, deixando a região em segundo plano. De acordo com José Airton, “o pré-sal é um bebê que ainda vai jogar muito basque-te, mas que vai depender da mãe por algum tempo”, comparou.

De acordo com a palestra de José Airton, a Petrobras-UNBC vai garantir a produção na-cional ainda pelos próximos 10 anos. Seja pe-los campos maduros, que com a melhora da tecnologia podem continuar produzindo (dian-te da perenidade dos investimentos), seja pe-las novas descobertas, como é o caso do campo de Papa-Terra, que produzirá o óleo mais pesa-do do mundo (14º apn), com previsão de iní-cio de produção em 2013. Serão utilizados dois tipos de plataformas: navio e TLWP (flutuante, pioneira e totalmente fabricada no Brasil).

A Bacia de Campos possui 100 mil quilô-metros quadrados, iniciando na direção de Cabo Frio e indo até o Espírito Santo. Hoje, é uma bacia considerada madura, mas que ainda tem grande potencial. A produção co-meçou em 1977, com o Campo de Enchova,

O petróleo está no nosso cotidiano:

no pneu do carro, no batom,

no chiclete, no combustível. As empresas do setor precisam

estar sempre preocupadas em agir com

responsabilidade social e

ambiental, como uma garantia

de continuidade do seu próprio

negócio além de ser também

um compromisso com as pessoas

e com o planeta

Plataforma fixa de Namorado 2 na

Bacia de Campos

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CinCo anosUS$ 15 bi em

(22) 2762-0025 / 2770-4634 • [email protected]

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produzindo 10 mil barris/dia. Atualmente, a produção chega a 2,5 milhões de barris/dia, com 42 sondas de perfuração – 41 poços em operação e 14 em desenvolvimento, sendo 11 em parceria entre a Petrobras e empre-sas estrangeiras, como por exemplo, a Shell. Quatorze plataformas são fixas e 15 flutuan-tes, com 40 aeronaves atendendo a Bacia de Campos, transportando 50 mil passageiros por mês. A força de trabalho da Petrobras na Bacia de Campos chega aos 60 mil empregos diretos e 230 mil indiretos.

A descoberta de novas fronteiras faz parte do trabalho da Petrobras, de acordo com o gerente geral da UNBC. “Aconteceu há 17 anos quando estava na Bahia, a produção lá che-gava aos 160 mil barris, hoje, e por quase 20 anos, está estabilizada nos 50 mil. Continua gerando o mesmo número de empregos. Hoje, também buscamos consolidar nossa atuação no exterior, o que nos torna a quinta maior empresa do mundo”, informou.

De acordo com a apresentação de José Airton, a contratação de bens para a Bacia de Campos é feita, em sua maior parte no Brasil, no estado do Rio de Janeiro e, também, em Macaé. São R$ 3,8 bilhões em contratação de serviços no país, dos quais a maior parte é do estado do Rio e Macaé. A contratação de serviços continua sendo maior no exterior: dos U$ 27 bilhões, U$ 16 bilhões são gastos com contratos com empresas estrangeiras, a maioria com sondas e navios fretados e, o restante, no Brasil.

Trabalhadores na plataforma fixa de Garoupa na Bacia de Campos

*César Rogério Demamam Berna é jornalista e gráfico, diretor-presidente da Sulimpress

“Enquanto não tivermos como fazê-lo no Brasil, teremos que alugar esses equipamen-tos no exterior que tem uma diária muito cara. A contratação de serviços é feita com a maio-ria de empresas do estado do Rio de Janeiro, sendo que em 2008, foram R$ 3 bilhões só de contratos de serviço em Macaé”, explicou.

A importância da Rede Petro – Bacia de Campos foi ressaltada pelo gerente geral da Petrobras-UNBC quanto ao desenvolvimen-to de fornecedores. “A Rede Petro pode nos ajudar no sentido de estarmos suprindo a demanda em relação aos itens que chama-mos de críticos. Em 2007/08 tínhamos 91 itens, hoje diminuíram, mas ainda chegam a 46”, informou.

Na sua finalização José Airton frisou nova-mente a importância da Bacia de Campos para a produção nacional: “vamos investir no pré-sal, mas sem deixar as outras bacias. Estamos procurando óleo aqui para nunca diminuir a produção e os empregos, conse-quentemente, também os royalties. A meta do pré-sal também é de duplicar a produção nacional, com previsão de chegar, em 2013, já aos 2,3 bilhões de barris”, completou. >> Fonte: Catarina Brust - Rede Petro-BC Ar

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especial - Offshore Macaé/Campos

O maior pólo petrolífero do BrasilOs números da Bacia de Campos são impres-

sionantes. Neste território, localiza-se uma aglomeração empresarial, ancorada pela Petro-bras, que órbita em torno das atividades de ex-ploração & produção de petróleo. Atualmente, responde por 85% da produção de óleo e 45% da produção de gás natural do país.

As plataformas, com suas usinas termelétri-cas, têm capacidade de gerar energia elétri-ca para iluminar uma cidade de um milhão de habitantes (640 MW). São consumidas por semana 512 toneladas de alimentos e geradas 38,4 toneladas de lixo. O atendimento às pla-taformas é feito por 120 embarcações e na-vios que prestam serviços de apoio. São cerca de mil poços interligados em 4.200 quilôme-tros de dutos no fundo do mar. As instalações em alto-mar incluem campo de futebol, trata-mento de esgoto, enfermaria e até cinema.

Melhoramento tecnológico das empresas é estratégia da Rede

Criada em outubro de 2003, a Rede Petro-BC é uma organização que está sempre atenta ao competitivo mercado do setor de petróleo e gás. A criação da Rede foi conduzida pela Prefeitura de Macaé, pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Rio de Janeiro (Sebrae/RJ) e por um grupo de empresários. Este foi o caminho encontrado para concen-trar esforços na promoção de negócios e aces-so às modernas capacitações em níveis geren-ciais e tecno-profissional.

Formada por 73 empresas e 20 instituições estabelecidas em Macaé, a Rede Petro tem a

missão de articular fornecedores e clientes da cadeia de petróleo, gás e energia e agen-tes de desenvolvimento e pesquisa da Bacia de Campos em uma rede de relacionamentos para gerar oportunidades de negócios para seus associados. Diante deste desafio e com a meta de atender a demanda de seus partici-pantes, a Rede Petro-BC consolida sua marca no mercado com estudos de viabilização para o desenvolvimento de projetos.

“Nossa meta é ser referência nacional na capacidade de propiciar uma ambiência fa-vorável à geração de negócios na cadeia de petróleo, gás e energia, contribuindo para o desenvolvimento regional”, destaca o inte-grante do Comitê Gestor da Rede Petro e pro-prietário da Jevin Comércio e Serviços Ltda, Evandro Cunha.

A Rede Petro é formada por um Comitê Ges-tor, Coordenadoria Executiva e Secretaria Exe-cutiva. Mensalmente, o Comitê Gestor promo-ve reuniões que contam com a participação de gestores de destaque no mercado de petróleo, gás e energia, para discutir assuntos relevan-tes com os participantes da Rede. A Rede Petro-BC conta com a participação de Organizações Instituidoras de peso: Firjan, Sebrae/RJ, Petro-bras, Associação Comercial e Industrial de Ma-caé (ACIM), Prefeitura de Macaé e Organização Nacional da Indústria de Petróleo (ONIP). Maiores informações sobre a Rede Petro-BC: Secretaria Executiva da Rede Petro-BC – (22) 2791-9219 Rua: Alameda Etelvino Gomes, 155 Riviera Fluminense, Macaé (RJ) – Cep: 27937-150 E-mail: [email protected] Site: http:// www.redepetro-bc.com.br

A Cidade FlutuanteHabitantes

40 mil pessoas

PIB da BaciaUS$ 18 bilhões

por ano

Lixo produzido38 toneladas por semana

Alimentos consumidos 512 toneladas

por semana

ProduçãoPlataformas de perfuração e produção

64

Poços / Dutos e gasodutos submarinos

1 mil / 4 milPetróleo

1,25 milhões de barris por dia

(80% da produção nacional)

Gás natural17 milhões

de m³ por dia (42% da produção nacional)

Geração de energia nas plataformas

640megawatts

Embarcações de apoio 120 navios

TransportesPessoas transportadas

44 mil por mês

Voos de helicópteros 6,3 mil por mês

(4o mil pessoas por mês)

Pessoas transportadas por barcos

4 mil por mês

AeroportosMacaé e

São Tomé-Campos dos Goytacazes

Mapa da Bacia de Campos, incluindo a área de Marimbá

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diferenteUma empresa

Conhecer na prática quais são as possibili-dades e necessidades de uma empresa que busca a sustentabilidade social e ambiental. Esse foi o objetivo da visita da 1ª turma do Cur-so Rebia de Gestão Ambiental à fábrica Papel Semente em outubro de 2009. Localizada na co-munidade de Guaxindiba, em São Gonçalo (RJ), a empresa pertence à aluna Andréa Carvalho, que buscou o curso justamente para adquirir mais conhecimento sobre Gestão Ambiental.

Para ela, receber seus colegas na fábrica foi muito importante. “Foi maravilhoso o dia, é bom sair da sala de aula e saber que ninguém foi fazer esse curso por acaso, temos mui-to mais em comum do que a gente pensa, os semelhantes se atraem”, brincou Andréa, re-ferindo-se à turma. “É bom conhecer pessoas que acreditam em sonhos e realizações e que buscam construir um mundo mais justo social e ambientalmente”, completou.

A ideia da visita partiu da professora do Curso Inês Santos de Oliveira, bióloga e pós-graduada em meio ambiente pela COPPE/UFRJ. “Acho importante para os alunos de Ges-tão Ambiental conhecer o dia a dia de uma empresa nova como a Papel Semente, que está buscando se aperfeiçoar e se adequar às nor-mas ambientais”, declarou.

A Papel Semente foi criada em maio de 2009 e possui toda uma preocupação socioambien-tal tanto na sua estrutura como no produto

que oferece: um papel ecológico e artesanal com sementes que pode ser plantado em até 6 meses. Além da parceria com os catadores de papel da ONG Guardiões do Mar, a empre-sa adotou o reaproveitamento de água e pre-tende instalar um painel solar. Outra preocu-pação foi promover a capacitação profissional para moradores da região, oferecendo oportu-nidades de trabalho para Guaxindiba. Atual-mente, a fábrica conta com três funcionários e dois são da comunidade.

Aluno do Curso Rebia, o geógrafo Matheus Rocha acha que a Papel Semente tem um bom potencial para se estruturar dentro da lógica ecoeficiente. O que mais lhe encantou durante a visita foi a simplicidade do proces-so produtivo. “O papel é feito sem a necessi-dade de grandes recursos materiais e depen-de fundamentalmente da força e sensibilida-de do homem”, contou.

Já para a estudante Luana Silva, conhecer a Papel Semente foi uma oportunidade de ver na prática o que aprendeu no curso e aumen-tar seu conhecimento sobre a reciclagem de papel. Para ela, a visita foi incrível e muito pro-dutiva. “Foi uma experiência única, foi muito legal saber realmente como o processo inteiro é feito e compartilhar como a Papel Semente faz tudo com muito amor, tornando tudo mui-to mais fácil e prazeroso, não só para quem visita como para quem trabalha lá”, opinou.

O cliente Papel Semente pode usar o papel de acordo com seu interesse de comunicação e após sua utilização plantá-lo, gerando vida ao invés de lixo. Do papel que se planta, podem brotar lindas flores, deliciosas verduras ou poderosas ervas medicinais

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noneOs alunos e a professora de

Gestão Ambiental ao lado de alguns funcionários

da Papel Semente

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dez 2009revista do meio ambiente

As redes de relacionamento social já con-quistaram adeptos em todo o mundo e são, hoje, valiosas ferramentas para a difusão de informações e compartilhamento de ideias entre pessoas que possuem interesses e ob-jetivos em comum. Atento a isso, o Instituto Brasileiro de Florestas acaba de inaugurar sua rede de relacionamento social Plante Árvore.

O Plante Árvore tem como objetivo reunir membros que têm como interesse comum a preservação do meio ambiente e buscam co-laborar de maneira efetiva com o refl oresta-mento e com a proteção de fl orestas nativas.

De acordo com Wiliam Aquino, diretor de comunicação do IBFlorestas, a ideia surgiu do conceito de web 2.0, ou seja, em tempo real aberto, onde as pessoas podem postar suas ideias e fotos de ações ambientais que con-tribuem para sustentabilidade do planeta. “É muito importante ter um canal onde fi-quem expostos trabalhos, manifestações e ações a favor da natureza”, diz.

A rede social tem como objetivo divulgar ações ambientais, informar as pessoas sobre fatos importantes da área ambiental e des-pertar-las para a proteção das fl orestas com árvores nativas dos seus respectivos biomas.

Aquino explica que a rede de relacionamen-to pode contribuir para a participação efetiva de pessoas, que tem como interesse comum a preservação ambiental, pois a cada cem novos membros cadastrados, uma árvore é plantada. Segundo o diretor de comunicação do IBFlorestas, as áreas degradadas são noti-fi cadas e com o apoio fi nanceiro de empresas parceiras são plantadas as árvores sem custo nenhum para os que são membros da comu-nidade. “Acredito que essa seja uma forma de outras pessoas ao verem nossas ações, tam-

IBFlorestas inova e inaugura a rede de relacionamento Plante

Árvore. A cada cem pessoas cadastradas na rede social, uma

árvore é plantada em homenagem aos seus membros te

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bém possam fazer o mesmo, a ideia é que isto se torne um exemplo para quem queira fazer algo para um futuro melhor”, destaca.

Segundo Wiliam Aquino, o IBFlorestas está desenvolvendo, também, uma enciclopédia digital, onde estudantes e o grupo das comu-nidades poderão ter acesso aos conteúdos relacionados às árvores nativas do Brasil. Essa enciclopédia será Ilustrada, com formas de plantio, nome de espécies, tipos de folhas e áreas de ocorrência. Enfim, um glossário rico e alimentado em tempo real com fotos. “Queremos encontrar amigos que comparti-lhem do desejo de proteger nossas florestas”, finaliza Wiliam.

ideaisPlantando

Se você tem interesse em participar da rede social Plante Árvore, acesse o site http://plantearvore.ning.com.

É muito importante ter um canal onde fi quem expostos trabalhos, manifestações e ações a favor da natureza(Wiliam Aquino, diretor de comunicação do IBFlorestas)

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Meia hora antes da pirotecnia oficial, as nu-vens se ergarçaram sobre a cidade. Primei-ro, destampando as praias, como se ergues-sem a cortina para o show da prefeitura. Depois, sobre a Zona Sul, uma lua cheia, que já ia alta, mas ainda não tinha aparecido, deu o ar de sua graça. Na hora certa, até a está-tua do Redentor saiu da cerração no topo do Corcovado. À meia-noite em ponto, o Rio es-tava pronto para a festa. Tudo nos conformes, como previa o contrato dos poderes públicos municipais com a médium Adelaide Scritori, da Fundação Cacique Cobra Coral – “a luz que ilumina dos fracos e confunde os poderosos”, segundo sua própria definição. Trata-se de uma instituição tipicamente carioca, a Cobra Coral, embora Adelaide Scritori seja parana-ense e preste serviços em outras praças, in-clusive no exterior. Mas foi no Rio que ela se incorporou à administração local, pelo menos desde que o prefeito César Maia inaugurou em 1993 o primeiro de seus três mandatos de-baixo de um temporal que derreteu morros e inundou bairros na cidade inteira.

Na ocasião, embalado pela campanha que acabara de derrubar o presidente Fernando Collor, o sociólogo Betinho propôs o impeach-ment do prefeito. E Cesar Maia nunca mais se descuidou do convênio com a fundação, para fins de prevenção meteorológica.

No ano passado, quando o Eduardo Paes tomou posse na prefeitura, o contrato com a

Quem pôs os olhos no céu do

Rio de Janeiro nesse réveillon

viu mais do que fogos de

artifício. Viu um raro espetáculo

meteorológico

Cobra Coral veio à tona como mais uma ex-centricidade do antecessor, desentranhada de suas contas pelas lupas da troca de comando no município. Mas nesse ponto a mudança du-rou pouco. O sucessor renovou o acordo com a Cobra Coral em 22 de janeiro. E, em seu ré-veillon de estreia, a médium Adelaide Scritori veio expressamente de Buenos Aires para en-corpar o palanque das autoridades.

Deve-se admitir que ela brilhou na festa, fabricando tempo bom sob medida para os fogos. Dois dias depois, meteorólogos de extração mais científica iriam atestar que ocorrera naquela noite um fenômeno raro, instalando na hora certa sistema de baixa pressão sobre a cidade e conjurando ventos que viraram as chuvas para o sul. Ou seja, para os lados da cidade de Angra dos Reis e para a Ilha Grande, onde a mansa praia do Bananal, que as notícias do desastre conti-nuam a chamar de “Paraíso”, amanheceu sob 20 metros de lama e pedra.

Aí o réveillon já estava longe, superado por mais de 50 mortes. E nos jornais, em lugar das incertezas meteorológicas, a catástrofe em Angra dos Reis atravancou os jornais com certezas vindas de todos os lados. Pelo vis-to, todo mundo sabia que o litoral apelidado pelo marqueting turístico de Costa Verde, re-volvido há pelo menos 20 anos pela febre de grilagens que contagiou pobres e ricos, tro-cou a mata de seus morros quase a prumo

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O cacique Cunhambebe, do tempo em que na Costa Verde comia-se gente, mas não se engolia praia nem roía morro

Depois, todo mundo

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dez 2009revista do meio ambiente

pela favelização gritante e privatizando suas enseadas selvagens por condomínios parti-culares. Tudo igualitariamente ilegal.

Agora que, mais uma vez, agora com mais eloquência, o modelo de ocupação predató-ria adotado na Costa Verde disse a que veio, não faltaram autoridades para reconhecer que, carcomido como estava, aquilo lá não poderia dar certo. Geólogos como a secre-tária estadual de Meio Ambiente, Marilene Ramos, explicaram que, naquele trecho da Serra do Mar, toda encosta mais íngreme tende um dia a descer rumo ao mar, decom-pondo-se a rocha íngreme em “solo poroso e instável”. O prefeito de Angra, Tuca Jordão, lembrou-se de que os desabamentos haviam começado três dias antes do réveillon. Mas, pelo visto, nada se fez para evitar as piores consequências, em nome de não assustar os turistas no auge da temporada.

E até o governador Sergio Cabral, quando deu por encerrado seu feriadão de fim de ano em Mangaratiba – ou seja, logo ali ao lado – declarou, sobre o fato consumado, que não se “pode brincar com o solo”, falando de demo-lir até 1500 construções irregulares. Se o cri-tério for mesmo esse, até a casa de praia de Cabral está a perigo, pois se instala num con-domínio que ocupou terrenos da União por onde passava a ferrovia EF 479 para Angra dos Reis que, apesar de invadida, ainda cons-ta do Plano Viário Nacional.

Furacão moralizadorDois anos atrás, a Operação Carta Marcada, um

desses furacões moralizadores da administração pública que dão e passam, andou farejando ras-tros de corrupção política na grilagem que está fazendo o possível para aniquilar o patrimônio natural das oito baías, duas mil praias e 365 ilhas que fizeram a fama de Angra. Da noite para o dia, brotaram na Costa Verde 29 mandados de prisão contra secretários municipais, empreiteiros, fun-cionários da Fundação Estadual do Meio Am-biente e políticos. Ou seja, toda a quadrilha local que traficava com licenças ambientais feitas sob medida para legalizar qualquer espelunca.

Depois, assim como veio a Carta Marcada su-miu nos trâmites legais. E não se falou mais disso. Mas só pode ser de ensaios como esse que vêm a perfeita coordenação das autorida-des, quando se trata de avaliar os estragos das chuvas em Angra. Ninguém precisa de mé-dium para adivinhar o que qualquer um pode enxergar a olho nu, só de trafegar pela Rio-Santos. Quase toda a paisagem às margens da rodovia é um outdoor contínuo do que nunca se deveria fazer com um lugar daqueles.

O problema é que há governos para cumprir religiosamente seus contratos com a Funda-ção Cacique Coral. Mas não para levar a sério as licenças ambientais que eles mesmos pro-duzem e assinam. E as licenças ambientais existem exatamente para prevenir desgraças como a do réveillon.

O prefeito de Angra, Tuca Jordão, lembrou-se de que os desabamentos haviam começado três dias antes do réveillon. Mas, pelo visto, nada se fez para evitar as piores consequências, em nome de não assustar os turistas no auge da temporada

Trabalhos de remoção dos escombros do alto do Morro da Carioca, em Angra, onde pelo menos 21 pessoas morreram soterradas

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telhados verdesO charme dos

O crescimento da densidade demográfica na grandes cidades fez aumentar, ao longo do tempo, a utilização do concreto na arquite-tura, que contribuiu em parte significativa para o aquecimento global. Mesmo em espa-ços pequenos, uma alternativa conhecida desde os nossos ancestrais começa a aparecer nos cen-tros urbanos como meio de ajudar na melhoria do clima e na preservação do meio ambiente: as coberturas vegetais. Os telhados ainda são par-tes das edificações muito pouco exploradas num projeto arquitetônico. Além de sua função básica de proteção, eles também podem ser aproveita-dos como superfície de captação das águas plu-viais, mas agora são usados para se plantar gra-míneas e/ou outras plantas de pequeno porte.

Os ecotelhados ou tetos verdes, assim como as paredes verdes, começam a se espalhar pelo mundo como soluções que utilizam jardins e gramados em substituição às tradicionais co-berturas de telhas, laje, folhas de aço, dentre outras, que geralmente cobrem as edificações. Ainda que em experiências esparsas, os im-pactos conceituais já saltam aos olhos.

Na Europa, por exemplo, alguns países como Alemanha e Suíça adotaram leis para garantir que ao menos uma parte dos telhados das no-vas edificações sejam plantados. Outros exem-plos também aparecem no Japão, no México, na Bolívia, em Cuba, nos EUA, e começam a chegar no Brasil, para citar apenas alguns locais. Isto porque, em cidades muito adensa-das, os tetos verdes acabam por cumprir a fun-ção que antes tinham as superfícies hoje pa-vimentadas, absorvendo parte das águas das chuvas (um teto verde absorve aproximada-mente 70% da água captada, liberando-a aos poucos), evitando enchentes pela saturação das galerias de águas, melhorando a qualidade do ar, reduzindo os níveis de CO2 e de poeira do ar, liberando vapores de água e contribuindo para a redução dos efeitos de ilhas de calor.

O isolamento térmico propiciado pelas ca-madas vegetais permite um ambiente interno mais agradável e diminui a reflexão e absor-ção de calor nas coberturas, baixando assim a temperatura emanada do espaço. As cober-turas verdes funcionam bem tanto em clima quentes como em climas frios, pois a camada

vegetal, além de absorver a radiação, atua como uma manta térmica.

Outras vantagens dos tetos verdes são o iso-lamento acústico, a resistência ao fogo e sua longevidade: eles dificilmente necessitam de manutenção e reparos. Coberturas desse tipo também criam lindos efeitos estéticos e po-dem contribuir para integrar as edificações com a paisagem em áreas menos exploradas.

Para se fazer um teto verde há algumas es-pecificidades técnicas que devem ser obser-vadas: a estrutura do telhado (deve se levar em conta o peso do conjunto saturado pela água), a inclinação, a membrana de imper-meabilização e anti-raiz, o sistema de drena-gem, a espessura e o tipo de substrato, assim como as espécies a serem plantadas.

A escolha das espécies em jardins deste tipo deve ser criteriosa: além da preocupação bási-ca em utilizar plantas que tenham raízes não agressivas, as condições de vida são extrema-mente específicas no que diz respeito à pro-fundidade de solo, umidade, exposição ao sol, ventos, etc. Um bom planejamento, a utilização de novos materiais e tecnologias, o ajuste fino entre os projetistas são condições essenciais para o sucesso destes jardins, que serão cada vez mais frequentes em nossas cidades. Fonte: Bendia - Jornal dos Amigos / O Estado de Minas

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As coberturas vegetais servem para amenizar os efeitos do aquecimento global, além de brindarem a paisagem das cidades com a beleza e o frescor da natureza

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Telhado verde no City Hall, em Chicago, EUA

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dez 2009 revista do meio ambiente

mudanças climáticaste

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Depois de ter sido acusada de contribuir de maneira decisiva para o naufrágio anuncia-do do encontro sobre mudanças climáticas de Copenhague, a China esfregou, dia 26 de dezembro, na cara do mundo a inauguração de mais um trem de alta velocidade unindo duas grandes cidades situadas a 835 quilô-metros uma da outra: Wuhan e Guangzhou. A viagem que antes demandava cerca de 10 ½ horas pôde ser feita em menos de 3 horas, a uma velocidade média de 350 km/hora e uma velocidade máxima de 390 km/h.

A China concluirá a implantação de 42 novas ferrovias de trens de alta velocidade nos próxi-mos três anos, com o total de 12.000 quilôme-tros adicionais, disponibilizando assim esse meio de transporte para cerca de 90% da po-pulação. O tempo de viagem ferroviária entre Hong-Kong e Pequim cairá de 23 para 8 horas.

O programa chinês de investimentos em trens de alta velocidade é ambicioso e quando concluído, em 2020, a China terá o maior, mais rápido e mais avançado tecnologicamente sis-tema de trens do mundo. Em 2009, o país inves-tiu 50 bilhões de dólares nesse tipo de transpor-te e o investimento total previsto até 2020 é de 300 bilhões de dólares. A geração de emprego é imensa e só a ferrovia Xangai-Pequim gerou 110.000 postos de trabalho.

As autoridades chinesas já prevêem uma significativa redução sobre a demanda de transporte rodoviário e, sobretudo, aéreo a partir desses avanços. Foram necessários 23 anos para elevar a velocidade média dos trens na China de 43 km/hora – em 1978 – para 100 km/hora – em 2001, e apenas 9 anos para mais do que triplicar essa velocidade para os atuais

Imagens dos novos trens

chineses e do terminal recém

inaugurado dão uma ideia

dos avanços tecnológicos

do país, em contraste com o

que ocorre nessa área no Brasil

350 km/h. A velocidade média dos trens na Alemanha é de 232 km/h, no Japão é de 243 km/hora no Japão e na França de 272 km/hora.

As diferenças de consumo de energia entre os diferentes meios de transporte foram esti-madas pelo Departamento de Transportes nos EUA em 1995 e os números encontrados ain-da podem servir como referência. Transpor-tar uma tonelada de carga por uma distância de um quilômetro consome 221 quilojoules de energia por via férrea, 225 quilojoules por via aquática, 2.000 quilojoules se utilizados cami-nhões e 13.000 quilojoules por via aérea.

Ou seja, o transporte ferroviário nos EUA (que não são um país avançado em matéria de trens de alta velocidade mas têm padrões estritos para a eficiência de motores auto-vei-culares) consome pouco mais de 10% da ener-gia utilizada para transportar por caminhões a mesma quantidade de carga.

Se alguém quisesse aplicar o critério da re-dução das emissões de dióxido de carbono num programa de implantação de ferrovias desse tipo – que é um programa de eficiência econômica e energética –, os países altamen-te desenvolvidos teriam que pagar um bocado de dinheiro à China. Evidentemente, ninguém quer desembolsar dinheiro para que a China acelere ainda mais o seu avanço científico, tec-nológico, econômico, social e, como se não bas-tasse, na área da redução das emissões de ga-ses causadores de mudanças climáticas.

O impacto das emissões do setor de transpor-tes nas mudanças climáticas e na economia é imenso, o que levou o Parlamento Europeu a de-cidir por elevados investimentos no setor ferro-viário. No caso do Brasil, isso só ocorrerá se for

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dez 2009revista do meio ambiente

superada a fase do samba de uma nota só do desmatamento e a monopolização do assunto pela área ambiental, que termina eximindo ou-tras áreas do governo de suas responsabilidades no campo das mudanças climáticas. Até lá, o go-verno continuará a se render ao lobby das em-preiteiras e da indústria (estrangeira) de cami-nhões, dando prioridade ao transporte rodoviá-rio até mesmo nos investimentos a serem feitos na Amazônia, que afirma querer proteger.

Vale ressaltar: a China está implantando seu sistema de trens de alta velocidade com tec-nologia própria! E o Brasil patinando no lero-lero midiático sobre um trem de alta veloci-dade com tecnologia estrangeira ligando o Rio de Janeiro a São Paulo. Uns, reduzem as emis-sões com grandes avanços tecnológicos; outros, propondo o congelamento da realidade, ainda quando os cientistas prevejam a transforma-ção de 30 a 40% da Amazônia em savanas até 2050 em consequência do aquecimento global, com ou sem a canoa furada da reserva legal.

O mais divertido é que o Brasil exporta miné-rio de ferro para a China e importa o produto sob a forma de trilhos. Como se não bastasse, há alguns meses o governo do Rio de Janeiro anunciou, em junho de 2010, com grande orgu-lho, que importaria da China 30 trens elétricos por US$ 165 milhões. Logo depois, anunciou-se a aquisição de 114 novos vagões do mesmo fa-bricante chinês para o metrô do Rio. O minério sai daqui, a geração de emprego e de valor é fei-ta lá. E a turma ainda celebra.

A China não precisa de bolsa-família porque mesmo com uma população que já supera 1,3 bilhão de habitantes já resolveu os seus pro-blemas de educação em todos os níveis, bem como de habitação e saúde pública.

Comentário do artigoMuito interessante o assunto. Por certo lá também não se paga tantos impostos e o governo emprega bem melhor o que arrecada. Se não me falha a memória, li em algum noticiário que eles tem a pena máxima (eliminação) para dar exemplo aos que tem intenção de não se comportar dentro das normas estabelecidas?! Lá não tem bolsa-família. Quem quiser comer trabalha. Por qual salário é que não se sabe. Quanto aos problemas de educação, habitação e saúde pública estarem resolvidos, tenho minhas dúvidas!Hugo J. Hermes

Resposta do autor ao comentárioSegundo o The New Yorker, um engenheiro chinês que trabalha num projeto desse tipo ganha US$ 100.000/ano, ou seja, algo em torno de US$ 9.000/mes, mais do que a média do engenheiro brasileiro no mesmo ramo.

Fim de 2008, início de 2009, tragédia em Santa Catarina. Fim de 2009, início de 2010, tragédia no Rio. Não bastava um episódio tão doloroso? Não teria sido possível evitar as proporções terríveis do segundo?

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ecologia humana

O mais dramático nesses e em tantos outros casos é a repetição. Sugere inércia e uma irresponsabilidade insuportável que, passado o impacto inicial de vidas perdidas e a devastação de patrimônios tão duramente conquistados, retoma a rotina. E o discurso de que foi o excesso de chuvas a razão do desastre.

Áreas frágeis e não recomendadas para habitação continuam a ser ocupa-das. Medidas preventivas permanecem sendo tomadas de maneira paliati-va, com pouca verba, empenho e prioridade. Há iniciativas como o estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro sobre as vulnerabilidades do lito-ral do Estado às mudanças climáticas, mas sem consequências práticas.

As pessoas atingidas continuam a depender quase que unicamente do heroísmo de bombeiros, de grupos de defesa civil, de voluntários que, não raro, aparecem nos noticiários impotentes diante da desproporção entre suas forças e a enormidade da perda e da dor.

Não sei o que se pode dizer aos familiares e amigos das vítimas das chuvas e deslizamentos, mais do que foi dito às vítimas de Santa Cata-rina. As catástrofes causadas pelo mortífero tripé – chuvas fortes, en-costas instáveis e construção em áreas inadequadas – só mudam de lugar. O que parece não acontecer é uma intervenção no único vetor do qual temos controle: o uso e ocupação das áreas.

Sei por experiência própria o que é a perda radical, como a que acontece quando uma correnteza avassaladora invade a casa, leva as pessoas e desmonta o nosso mundo. Não há nada a fazer, a não ser tentar salvar-se e a quem esteja ao alcance da mão. Tudo tão brutal que muitas vezes nem as lágrimas acodem.

John Owen (1616-1683), pastor e teólogo, dizia que os pregadores precisam “experimentar o poder da verdade que pregam em e sobre suas próprias almas”. Quem não sente a alma incomodada pelo calvário daqueles que são atingidos de maneira frontal – e, na maioria das vezes, evitável – pelos fenômenos naturais não tem sensibilidade suficiente para mitigá-lo.

Não é justo, não é aceitável que a cada ano mais pessoas passem por tal experiência limite, quando se sabe que é possível fazer mais. A me-lhor homenagem às vítimas é lutar para construir e instituir, até por-que a tendência é aumentar a ocorrência dos fenômenos climáticos que agravarão ainda mais esse tipo de catástrofe, o que já deveria ser um pleno e efetivo direito da sociedade: a segurança ambiental. Fonte: Envolverde / a autora

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Trinta e uma organizações da sociedade civil divulgaram no dia 13 de janeiro uma Carta Aberta ao representante do Brasil junto à Comissão Internacional da Baleia, o diplomata Fábio Vaz Pitaluga, exigindo um posicionamento forte contra a continui-dade da matança de baleias na Antártida, que apesar da moratória estabelecida pela Comis-são em 1986 e da declaração de um Santuário Antártico de Baleias em 1994, está em franca escalada sob o pretexto de ‘captura científica’.

Apesar da frequente condenação da maio-ria dos países da CIB, o Japão recusa-se a parar com a matança. O Brasil integra um pequeno grupo de negociação que tem se reunido há varios meses a portas fechadas e que em tese busca uma saída para acabar com a matança, mas informações obtidas pelos ambientalis-tas dão conta de que, frente à intransigência do Japão, a Comissão poderia aceitar a conti-nuidade da caça antártica. “Isso é um absurdo total”, segundo o ex-Vice-comissário do Brasil à CIB e atual Presidente do Conselho Superior da Rede Marinho-Costeira e Hídrica do Brasil, José Truda Palazzo Jr. Segundo o ambientalista, que é o brasileiro com mais longa participação nas atividades da Comissão, “aceitar os termos do Japão e legitimar a continuidade da caça na Antártida vai contra tudo o que o Brasil sem-pre defendeu na conservação dos cetáceos, em particular o direito dos países do hemisfério sul ao uso não-letal desse animais através do turismo de observação, que pode ser seriamen-te afetado pelo roubo de nossas baleias pela indústria baleeira japonesa. Precisamos por um fim a esse crime, e esperamos que nossos diplomatas mantenham a posição firme que fez do Brasil uma liderança positiva na CIB”.

Truda Palazzo também acrescentou que a atividade baleeira do Japão não atende nem a verdadeiros interesses científicos, e nem a nenhuma necessidade alimentar da população daquele país, mas sim ao interesse político da JFA, a agência de pesca japonesa, em manobrar subsídios da ordem de milhões de dólares que mantém as atividades baleeiras mesmo na au-sência de um mercado interessado na carne. “É pura politicagem com dinheiro público, não tem nada a ver com necessidade alimentar, científica ou cultural”, queixa-se Truda Palazzo.

O ‘grupo secreto’ de negociação da CIB no qual o Brasil participa deverá se reunir nova-mente no final de janeiro no Havaí para mais uma rodada de negociação com o Japão.

Segue na próxima página o texto da Carta Aberta das ONGs ao Comissário do Brasil na Co-missão Internacional da Baleia, ministro Fábio Vaz Pitaluga, e sua resposta (quadro ao lado).

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Ongs brasileiras pedem ação do Itamaraty contra caça à baleia

Resposta do ministroPrezado Senhor José Truda Palazzo Jr. Acuso recebimento da Carta Aberta de 13 de janeiro último, firmada por diversas entidades da sociedade civil, na qual são expressadas posições e preocupações com a atual processo de negociação no âmbito da CIB. A complexidade e a sensibilidade política do processo negociador é bem conhecida de todos. Os países conservacionistas têm atuado em perfeita sintonia e têm expressado claramente a preocupação de dotar a CIB de uma agenda mais moderna. As tradicionais posições que vêm sendo defendidas pelo Brasil estão sendo, naturalmente, observadas e tem havido um intenso diálogo entre os órgãos do Governo com responsabilidade no tema.Muito agradeço as reflexões expressadas na Carta Aberta e todas as notícias e estudos sobre baleias que tenho recebido ao longo dos últimos meses, os quais têm sido de extrema utilidade para a formação da posição brasileira nas negociações no âmbito da CIB.Rogo a gentileza de transmitir meus cumprimentos e agradecimentos a todas as entidades que firmaram a Carta Aberta.Muito cordialmente,

Fábio Vaz Pitaluga – Ministro Chefe da Divisão do Mar, da Antártida e do Espaço Comissário do Brasil junto a Comissão Internacional da Baleia Ministério das Relações Exteriores - Tel.: (61) 3411-8619 / 8620 Fax: (61) 3411-8617 e-mail: [email protected]

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Cumprimentando-o, as 31 instituições signatárias da presente Carta Aberta desejam expressar sua preocupação com a situação corrente da caça à baleia no hemisfério sul e oferecer considerações referentes ao posicionamento do Brasil enquanto membro ativo das negociações a portas fechadas com o Japão e outros países ora em curso, e que deverão ter continuidade ainda este mês.A continuação, de parte do Japão, do abuso fl agrante do Artigo VIII da Convenção Baleeira de 1946 (que cria a brecha da famigerada caça “científi ca”) e a continuada violação do Santuário de Baleias do Oceano Austral estão levando não apenas aos atos de violência desmedida como os recentemente registrados na Antártida, com grave ameaça à vida humana E ao ambiente antártico, mas também ao crescente descrédito tanto da CIB como do próprio processo negocial. Cada vez mais se evidencia não apenas o desinteresse do Japão por uma solução diplomática, mas ainda sua atuação fi rme no sentido de consolidar a inaceitável apropriação dos recursos representados pelos cetáceos do hemisfério sul de maneira unilateral e arbitrária.O Brasil, que ao longo das últimas duas décadas, construiu uma política de liderança internacional na conservação dos cetáceos, tanto na CIB como em outros foros, teve também participação proativa e de boa fé em todo o curso do processo de negociação visando encontrar um futuro comum para a CIB, no qual, como condição sine qua non para a acomodação de posições, a truculência dos atos unilaterais, em especial no que tange à caça dita “científi ca” e à violação de Santuários, fosse abandonada. Para tanto, foram oferecidas ao Japão e demais interessados condições extraordinárias de tolerância para com esses atos deploráveis.A tolerância, o diálogo e a distensão, que levaram inter alia a um enfraquecimento da posição brasileira e regional, ao não se condenar aberta e fi rmemente a caça antártica nesta temporada, não estão produzindo quaisquer resultados que se possam considerar aceitáveis. É absolutamente inconcebível que o investimento diplomático feito pelo Brasil e demais países pró-conservação resulte em um acordo que legitime, sob qualquer pretexto, a continuidade da matança de baleias no hemisfério sul.Uma suposta “redução global” do número de baleias caçadas no presente, sem a garantia do fi m da matança antártica e de salvaguardas legais e obrigatórias que restrinjam efetivamente a caça em águas de outras regiões, consiste tão somente em arreglo político que não interessa nem às baleias, nem aos países como o Brasil, onde as garantias para o uso não-letal dos cetáceos no futuro são a chave da gestão adequada do “recurso cetáceos”.Permitir a continuidade da matança pelágica agora é abrir as portas para ameaças diretas a nossos interesses regionais no futuro, e a oferta de um “santuário temporário” no Atlântico Sul como atualmente em negociação, ao mesmo tempo em que o Japão segue violando o Santuário Antártico, não serve como compensação aceitável.Solicitamos, portanto, a Vossa Senhoria, consoante a política brasileira consolidada a favor da conservação dos cetáceos na CIB, NÃO APOIAR, já seja nas negociações secretas nas próximas semanas, na reunião do “Small Working Group” em março próximo ou na próxima Reunião Anual da CIB, quaisquer propostas e/ou iniciativas que não contemplem a CESSAÇÃO DAS ATIVIDADES DE CAÇA À BALEIA NO HEMISFÉRIO SUL. Da mesma forma, solicitamos que o Brasil se posicione contrário à continuação de um processo secreto de negociação, que viola de forma fl agrante os princípios de transparência e “accountability” esperados tanto de um organismo multilateral como dos funcionários de governo que ao mesmo assistem.O Brasil não pode correr o risco de transformar-se, por ação ou omissão, em cúmplice da legitimação da continuidade da matança de baleias em águas internacionais. Confi amos em que a delegação brasileira levará em consideração os comentários supra e atuará de forma a honrar nosso histórico, duramente construído, de liderança conservacionista nesta Comissão que clama por modernidade e não por retrocesso.Atenciosamente,

• Agência Costeira: Antonio Eduardo Poleti• Associação Brasileira de Proteção Ambiental: Ney de Araújo Gastal• Associação Caatinga: João Bosco Priamo Carbogim• Centro de Conservação Cetácea – BrasilRede Costeiro-Marinha e Hídrica do Brasil:José Truda Palazzo Jr.• Centro de Estudos do Mar Onda Azul:Paulo Guilherme Alves Cavalcanti• Centro Golfi nho Rotador: Flávio Silva• Conservação Internacional: Guilherme Fraga Dutra• Ecosul: Halem Guerra Nery• Fundação Brasil Cidadão: Leinad Carbogim• Global Garbage – Projeto Lixo Marinho: Fabiano Prado Barreto• Greenpeace: Leandra Gonçalves• Grupo Ambientalista da Bahia: Renato Pêgas Paes da Cunha• Instituto Amigos da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica: Heloísa Dias• Instituto Aqualung: Marcelo Szpilman• Instituto Baía de Guanabara: Dora Hees de Negreiros• Instituto Baleia Jubarte: Márcia Engel• Instituto Justiça Ambiental: Cristiano Pacheco• Instituto Mamíferos Aquáticos: Maria do Socorro Reis• Instituto Maramar: Fabrício Gandini• Instituto Peabiru: João Meirelles• Instituto Sea Shepherd Brasil – Guardiões do Mar: Daniel Vairo• Mater Natura – Instituto de Estudos Ambientais / Rede de Ongs da Mata Atlântica: Paulo Pizzi• Movimento Ambiental Os Verdes de Tapes: Júlio Wandam• Organização Socioambiental Pró-Mar: José Roberto Caldas Pinto• Projeto Mira-Serra: Kathia Vasconcellos Monteiro• Rede Brasileira de Informação Ambiental – Rebia: Vilmar S. D. Berna• Sociedade Mundial de Proteção Animal - WSPA: Antonio Augusto Silva• Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental – Spvs: Clóvis Schrappe Borges• Sócios da Natureza: Tadeu Santos

Sno Cm áro,13 de janeiro de 2010

Cumprimentando-o, as 31 instituições signatárias da presente Carta Aberta

• Agência Costeira:• Associação Brasileira de Proteção Ambiental:• Associação Caatinga:Sno Cm áro,

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Por que não se preocupam com o óleo que vaza dos motores dos carros e caminhões? Reparem nas vagas de estacionamento quanto óleo vaza do cárter dos veículos. E quanto aos lubrificantes que são descartados no ambiente de qualquer jeito? E os resíduos de óleo (filtros, peças quebradas e estopas encharcadas de óleo) das oficinas mecânicas desovadas em áreas preservadas? Estes resíduos é que poluem para sempre, já que não são bio-degradáveis e afetam gravemente a saúde das pessoas e são cancerígenos.

O óleo de cozinha é um resíduo totalmente biodegradável e se fosse tão terrível assim não poderia ser usado como alimento. O volume que é lançado no esgoto não chega a ser mais do que um litro por 100 mil li-tros de esgoto. A própria água é um bom solvente de óleos vegetais. Por isso, nunca ninguém viu um filme de óleo de cozinha na estação de tra-tamento de esgoto, muito menos nos rios. O impacto de pasta de dente, sabão, xampu, detergentes, produtos de limpeza em geral, resíduos de remédios, hormônios dos humanos é muito maior.

Para as pessoas, apenas um litro de óleo de cozinha usado não vale nada. Mas para quem consegue juntar centenas de litros sem ter custos vale bom dinheiro. Então, tudo o que precisam para conseguir matéria-prima de graça (e faturar) é de uma boa propaganda enganosa de que as pessoas ajudam o meio ambiente se depositarem o óleo de cozinha usado em algum lugar.

Com este lucrativo negócio de obter matéria-prima a baixo custo, ou até de graça, estão proliferando indústrias químicas altamente poluentes para processar óleo de cozinha e transformá-lo em algo altamente nocivo para o planeta, em combustível, tintas e vernizes, substâncias que não degradam nunca mais e que vão poluir mais ainda o planeta e agravar o problema do aquecimento global. Que ajuda para a natureza é essa?

A indústria que processa óleo de cozinha é uma indústria química como qualquer outra e requer, portanto, atenção especial dos órgãos de fiscalização ambiental. A transformação do óleo de cozinha em biodiesel, por exemplo, consome vários insumos (substâncias químicas) e gera resíduos altamente tóxicos e perigosos que necessitam de destinação especial, em locais devida-mente licenciados para receber este tipo de material tóxico, e isso custa caro.

Nada contra as entidades assistenciais coletarem o óleo de cozinha para arrecadar fundos. Mas não é ético apelar para a questão ambiental enga-nando as pessoas ao dizer que elas ajudam o meio ambiente se deposita-rem o óleo usado. Porque, com certeza, não ajudam. Trata-se de um apelo de marketing enganoso. As pessoas ajudariam o meio ambiente se diminuís-sem um pouco o consumo de óleo de cozinha. O impacto considerável que o meio ambiente sofre é para produzir o óleo. Basta ver os índices de desma-tamento batendo recordes sucessivos para plantar soja.

E justamente nessa questão mais crucial, neste momento em que vive-mos, estas campanhas deixam a desejar, porque passam uma falsa ideia de que não há problemas em consumir à vontade o óleo de cozinha. Ou seja, aliviam nossa consciência e podem até estimular as pessoas a consumirem mais óleo de cozinha. Fonte: Blog terevictorino-ea / ClickRBS

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Comentários do artigo no PortalCaro Senhor, primeiro quero dizer que o site da minha ong funciona e que estamos abertos a discussões sadias; em segundo lugar acredito que sempre é melhor fazermos alguma coisa boa do que não fazermos nada. Eu concordo que existem sim empresas ganhando dinheiro com o comércio do óleo, mas também existem outras instituições que se preocupam em criar trabalho a partir da reciclagem desse resíduo. Fica aqui portanto a questão: Recolher o resíduo e gerar empregos ou deixar que ele “polua sim” o meio ambiente? O que me preocupa são os outros comentários...pessoas que nem buscaram conhecimento próprio e escreveram absolutamente crentes no que disse o professor... é de dar pena.Leitores, antes de julgarem uma questão, é de bom senso que se ouça os dois lados; assim fazem os juízes; senão você acaba como um ignorante, falando do que não conhece. Se os “ecochatos”, como dizem, tivessem sido ouvidos há muito tempo atrás, com certeza o Tietê não estaria poluído, a Mata Atlântica ainda existiria em toda a costa brasileira, animais não teriam sido extintos, o nosso ar não causaria doenças respiratórias...Gente, ninguém é dono da verdade, portanto não se comportem como se fossem, busquem primeiro o conhecimento e com base no que você realmente SABE e não no que ouviu dizer; aí sim comece uma discussão.Cláudia Ribeiro

óleo de Cozinha

Por que esta preocupação com óleo de cozinha usado, que é 100% biodegradável? Porque dá dinheiro e tem gente

oportunista se aproveitando da falta de informação das pessoas para obter matéria-prima de graça. Será mesmo

que eles estão preocupados com o meio ambiente?

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou nesta terça-feira (29) a lei que institui a Política Nacional de Mudanças Climáticas. O texto estabelece que a meta brasileira de redução nas emissões de CO2 ficará entre 36,1% a 38,9% até 2020.

O presidente, no entanto, fez três vetos em relação ao texto aprovado pelo Congresso Nacional. O detalhamento de como o país atingirá as metas por setor será fixado por meio de um decreto presidencial. A ex-pectativa do governo é de aprofundar os estudos climáticos ao longo do primeiro mês de 2010 para então publicar o decreto em fevereiro.

A meta de diminuição na emissão de gases de efeito estufa é a mesma apresentada pelo Brasil durante a Conferência do Clima, realizada em de-zembro em Copenhague, capital da Dinamarca. Em entrevista coletiva na segunda-feira (28), o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, comentou a participação brasileira em Copenhague. Para ele, apesar de o encontro não ter levado a uma meta global, o Brasil saiu da Dinamarca em uma po-sição de protagonista. “Não interessa se Copenhague não terminou bem. O Brasil ficou bem na fita, vamos fazer a nossa parte, cumprir as nossas metas. Vamos fazer o dever de casa”, garantiu Minc.

Inicialmente, a lei seria sancionada na segunda-feira, mas a Presidência da República adiou a sanção do projeto para esta terça para ter tempo de fazer ajustes técnicos no texto. A Casa Civil informa que a lei será publica-da em uma edição extra do Diário Oficial da União desta terça-feira.

VetosDentre os dez vetos sugeridos ao projeto original da Política Nacional

de Mudanças Climáticas, três foram acatados por Lula. Um deles retira a palavra “abandono” do artigo que estabelecia o abandono de uso de fontes energéticas que usem combustíveis fósseis.

O veto foi sugerido pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, que teme que o país fique impedido em um futuro próximo de gerar energia a partir de combustíveis fósseis. Outro veto, acatado a pedido da Advo-cacia Geral da União (AGU), diz respeito a um artigo que previa o contin-genciamento de recursos para o enfrentamento das mudanças climáti-cas. “Essa foi uma interpretação técnica, pela qual uma lei ordinária não pode tratar de contingenciamentos ao orçamento”, disse Minc.

Já o veto ao artigo 10º retira do texto o inciso que limitava as políti-cas de estímulo governamentais às usinas hidrelétricas de pequeno porte. “As hidrelétricas de médio e grande porte também são ener-gia renovável. O texto dava a entender que as médias e grandes não seriam estimuladas”, detalhou Minc. Fonte: G1

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Texto prevê redução da emissão de gases entre 36,1% e 38,9% até 2020. Presidente fez três vetos em relação ao projeto aprovado no Congresso

Gostaria muito de um contato para explicar conceitos interessantes sobre sustentabilidade e mobilização ecológica.Consultando quimicos sobre esse seu artigo, obtive respostas um tanto quanto perturbadoras. acredito que esse Sr, está bem equivocado, e fazendo julgamentos completamente inconsistentes, pessoas assim realmente atrapalham aqueles que vislumbram uma sociedade com novos paradigmas. É o tipico cara que sempre tá reclamando e nao se mexe pra nada. Tentei entrar no site do instituto que ele fundou e nao funciona. Fico aguardando contato.Eduardo Shiguemi Maki

Pensei que não iria aparecer ninguém, aqui no Brasil, para desmentir estas baboseiras ecológicas.É claro que, nos países civilizados do terceiro mundo, ninguém mais entra nessa onda de que os gases de efeito estufa são um dos responsáveis pelo aquecimento global. Na verdade, o planeta nem está aquecendo. Já há provas irrefutáveis. Lá fora, duvido que alguém caia nessa balela de que os combustíveis fósseis fazem mal à saúde, nem que vão acabar. Isso é conversa de ecoterrorista.O negócio é que estes caras de “meio ambiente” estão na moda. Fazem tanta pressão que conseguiram arrancar uma declaração do governo dos EUA, nação sempre preocupadíssima em preservar os recursos naturais do planeta, sobre os ditos “malefícios” dos GEE para a saúde.Nestes tempos, em que nações do porte dos nossos inspiradores vizinhos nortistas se rendem ao discurso mentiroso destes ecochatos, é revigorante ouvir uma voz instruída, sábia e sensata por fim a estas maluquices sobre o óleo de cozinha.É claro que o óleo de cozinha é 110% biodegradável. Esses malucos que inventam estas besteiras de atrair vetores, poluir as águas, entupir esgotos, impermeabilizar o solo, etc.. estão, simplesmente querendo aparecer para poder ganhar dinheiro. Eu sempre desconfiei disso !!Ouvir, de um mestre e doutor em Física oriundo de duas das melhores universidades do Brasil que isso não passa de balela me deixa um grande alívio e me poupa muito trabalho, já que venho (como sempre) juntando meus resíduos de óleo para enregar a alguma dessas ONGs exploradoras que, todo fim de mês, tem o trabalho de ir buscar.Agora eu sei que é tudo enganação. Eles querem é grana. Eu estava sendo enganado. Muito obrigado, Doutor! O meu filho, com certeza, vai para a USP ou Unicamp.PS. Entrei no seu site para visitar e conhecer melhor a sua ONG. Estava for do ar. Se, como desconfio, foi obra destes ecoterroristas, por favor, escreva-me. Pretendo colaborar com sua edificante e esclarecedora obra.Eliberto Moreno

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ecologia interior

Em 1930 Sigmund Freud escreveu seu famo-so livro “O mal-estar na cultura”e já na pri-meira linha denunciava: “no lugar dos va-lores da vida se preferiu o poder, o sucesso e a riqueza, buscados por si mesmos”. Hoje tais fatores ganharam tal magnitude que o mal-estar se transformou em miséria na cultura.

A miséria na cultura, melhor, miséria da cultu-ra se revela por dois sintomas verifi cáveis mun-do afora: pela generalizada decepção na socieda-de e por uma profunda depressão nas pessoas. Elas têm razão de ser. São consequência da crise de fé pela qual está passando o sistema mun-dial. De que fé se trata? A fé no progresso ilimi-tado, na onipotência da tecnociência, no siste-ma econômico-financeiro com seu mercado como eixos estruturadores da sociedade. A fé nesses deuses possuía seus credos, seus sumos-sacerdotes, seus profetas, um exército de acóli-tos e uma massa inimaginável de fi éis.

Hoje os fi éis entraram em profunda decep-ção porque tais deuses se revelaram falsos. Agora estão agonizando ou simplesmente morreram. Os G-20 em vão procuram ressusci-tar seus cadáveres. Os professantes desta reli-gião de fetiche, agora constatam: o progresso ilimitado devastou perigosamente a natureza e é a principal causa do aquecimento global; a tecnociência que, por um lado tantos bene-fícios trouxe, criou uma máquina de morte que só no século XX matou 200 milhões de pessoas e hoje é capaz de erradicar toda a es-pécie humana; o sistema-econômico-finan-ceiro e o mercado foram à falência e se não fosse o dinheiro dos contribuintes, via Esta-do, teriam provocado uma catástrofe social. A decepção está estampada nos rostos perple-xos dos líderes políticos, por não saberem mais em quem crer e que novos deuses entronizar. Vigora uma espécie de niilismo doce.

Já Max Weber e Friedrich Nietszche haviam previsto tais efeitos ao anunciarem a secula-rização e a morte de Deus. Não que Deus te-nha morrido, pois um Deus que morre não é “Deus”. Nietszche é claro: Deus não morreu, nós o matamos. Quer dizer, Deus para a so-ciedade secularizada não conta mais para a vida nem para coesão social. Em seu lugar en-trou um panteão de deuses, referidos acima.

miséria na Cultura: Como são ídolos, um dia, vão mostrar o que produzem: decepção e morte.

A solução não reside simplesmente na volta a Deus ou à religião. Mas em resgatar o que eles signifi cam: a conexão com o todo, a percepção de que o centro deve ser ocupado pela vida e não pelo lucro e a afi rmação de valores compar-tidos que podem conferir coesão à sociedade.

A decepção vem acolitada pela depressão. Esta é um fruto tardio da revolução dos jo-vens dos anos 60 do século XX. Aí se tratava de impugnar uma sociedade de repressão, especialmente sexual e cheia de máscaras sociais. Impunha-se uma liberalização gene-ralizada. Experimentou-se de tudo. O lema era: “viver sem tempos mortos; gozar a vida sem entraves”. Isso levou a supressão de qual-quer intervalo entre o desejo e sua realização. Tudo tinha que ser na hora e rápido.

Disso resultou a quebra de todos os tabus, a perda da justa-medida e a completa permissi-vidade. Surgiu uma nova opressão: o ter que ser moderno, rebelde, sexy e o ter que desnu-dar-se por dentro e por fora. O maior castigo é o envelhecimento. Projetou-se a saúde to-tal, padrões de beleza magra até a anorexia. Baniu-se a morte, feita espantalho.

Tal projeto, pós-moderno, também fracas-sou, pois não se pode fazer qualquer coisa com a vida. Ela possui uma sacralidade intrínse-ca e limites. Uma vez rompidos, instaura-se a depressão. Decepção e frustração são receitas para a violência sem objeto, para o consumo elevado de ansiolíticos e até para o suicídio, como vem ocorrendo em muitos países.

Para onde vamos? Ninguém sabe. Somente sabemos que temos que mudar se quisermos continuar. Mas já se notam por todos os cantos, emergências que representam os valores pe-renes da “condição humana”. Precisa-se fazer o certo: o casamento com amor, o sexo com afeto, o cuidado para com a natureza, o ganha- ganha em vez do ganha-perde, a busca do “bem viver”, base para a felicidade que hoje é fruto da simplicidade voluntária e de querer ter menos para ser mais. Isso é esperançador. Nessa direção há que se progressar.

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A COP-15 trouxe a mais cabal

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pessoas e liquidar grande parte da

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decepção e depressão

Leonardo Boff é autor de Virtudes para um outro mundo possível. Vozes 2008Es

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Conforme o relatório Empregos Verdes no Brasil: Quantos São, Onde Estão e Como Evo-luirão nos Próximos Anos, no fim de 2008 o total de empregos verdes no país foi de 2.653.059 e representava 6,73% do total de postos formais de trabalho. Os cálculos da OIT foram baseados em dados ofi ciais federais e classifi ca esses postos de trabalho em: pro-dução e manejo fl orestal; geração e distribui-ção de energias renováveis; saneamento, ges-tão de resíduos e de riscos ambientais; manu-tenção, reparação e recuperação de produtos e materiais; transportes coletivos alternativos ao rodoviário e aeroviário; e telecomunicações e teleatendimento (quadro abaixo).

O crescimento anual da oferta desse tipo de emprego no Brasil tem sido de quase 2%. E a entidade aponta alguns caminhos para am-pliar a geração dessa forma de trabalho. Pro-gramas federais como o Minha Casa, Minha Vida associado a mudanças em políticas para concessão de créditos e estímulo a tecnolo-gias limpas podem elevar o uso de fontes al-ternativas para aquecimento de água e gera-ção de energia, demandando mais mão-de-obra. A redução dos impostos para compra da linha branca de eletrodomésticos com efi ci-ência energética ou sem gases que afetam a camada de ozônio, fortalecimento de cadeias produtivas de produtos fl orestais não-madei-reiros, a ampliação da inspeção contra polui-ção veicular excessiva e a futura aprovação de uma política nacional de resíduos sólidos também contribuirão para mudar a cara do trabalho no país.

“A julgar pelo número de empregos verdes que já podemos identifi car nas estatísticas sobre o mercado de trabalho, a transição para uma economia de baixas emissões de carbono no Brasil não parte da estaca zero. Pelo contrá-rio, os 2.653.059 postos de trabalho formal in-seridos em atividades econômicas que contri-buem para a redução de emissões de carbono ou para a melhoria da qualidade ambiental si-nalizam, por si só, que essa transição já come-çou”, conclui o relatório. “A economia brasileira não vai se desestruturar se continuar gerando empregos verdes”, disse em nota da OIT o au-tor do estudo, Paulo Sérgio Muçouçah. Fonte: www.oeco.com.br

empregos verdesno Brasil

Levantamento inédito da Organização Internacional do Trabalho (OIT) aponta que o Brasil tem 2,6 milhões de empregos verdes e que a transição para uma economia com atividades que emitam menos gases que ampliam o efeito estufa deve aumentar a oferta desses postos de trabalho

A íntegra do relatório pode ser conferida em http://www.oitbrasil.org.br/topic/green_job/news/news_128.php

Atividades econômicas EmpregosProdução e manejo fl orestal 139.768Geração e distribuição de energias renováveis 547.569Saneamento, gestão de resíduos e de riscos ambientais 303.210Manutenção, reparação e recuperação de produtos e materiais 435.737

Transportes coletivos e alternativos ao rodoviário e aeroviário 797.249

Telecomunicações e tele-atendimento 429.526

Total 2.653.059Fonte: OIT

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Transportes menos poluentes, como

os trens, geram muitos postos de trabalho “verdes”

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Antes deCabralPedro Álvares Cabral foi o comandante da primeira expedição portuguesa que che-gou ao território que mais tarde receberia o nome de Brasil. As 13 caravelas lideradas por Cabral chegaram no dia 22 de abril de 1500.

Dizem que este grande território foi desco-berto nesse dia e para muitas pessoas a histó-ria do Brasil começou aí. É assim que muitos livros didáticos ensinam. Mas iremos apren-der que muita história acontecia por aqui an-tes da chegada dos portugueses...

Os portugueses chegaram, ocuparam um território que já existia, fizeram os habitan-tes desse território aceitar seu jeito de viver, de falar, de acreditar em Deus, sem ao menos perguntar se eles estavam interessados nisso.

Você acha mais adequado dizer que os portugueses descobriram ou que eles ocuparam o Brasil?

Você acertou se disse que “Os portugue-ses ocuparam o Brasil”. Se usamos a palavra descobrimento, estamos cometendo um erro e demonstrando desconhecimento sobre as populações indígenas, que já existiam no Brasil, e suas histórias. Esse jeito de falar dá a impressão de que não havia ninguém no imenso território que veio a se chamar Brasil. Ou mostra que achamos que as culturas que existiam aqui antes não valiam nada e que aquela que se instalou depois lhes era supe-rior. Achar isso é demonstrar preconceito!

O que é preconceito?Preconceito é uma ideia já pronta, que al-

guém nos passa e que a gente aceita sem refletir se ela é verdade ou não. É geralmen-te um julgamento de grupos ou pessoas que percebemos como diferentes e essa diferen-ça é vista como algo negativo. O preconceito surge de uma afirmação genérica feita sem nenhum conhecimento. É dizer, por exemplo, que “todos os índios são preguiçosos” ou que “lugar de mulher é na cozinha”. Achar que a cultura de um povo é melhor que a cultura de outro povo também é preconceito. A ideia de que todo mundo tem de ser, pensar, viver de um mesmo jeito leva ao preconceito. Por isso é preciso conhecer as diferenças e respeitá-las!

Outra ideia muito comum e nada adequada: indígenas vivendo em pequenas aldeias isoladas na floresta, sem qualquer contato, mudança ou inovação, como se estivessem parados no tempo. Como se essas po-pulações não tivessem um passado, não tivessem história.

Mas hoje já se sabe, e você pode até ensinar para quem ainda não apren-deu, que os povos indígenas que habitam o continente sul-americano descendem de populações que chegaram aqui e ocuparam toda a exten-são desse continente há dezenas de milhares de anos.

Qual era o número de habitantes à época da chegada dos portugueses?

Não se sabe ao certo, mas muitos estudos indicam que no início do século XVI havia entre 2 e 4 milhões de índios. Se compararmos com o número de indígenas que existem hoje no Brasil, cerca de 600 mil, nota-mos que houve uma enorme diminuição dessa população.

E como o número de indígenas diminuiu tanto?Muitas foram as causas, mas um número enorme de indígenas morreu

por causa das doenças trazidas pelos colonizadores europeus, como por exemplo a gripe, o sarampo, a coqueluche, a varíola e a tuberculose.

O que significa “doenças trazidas pelos colonizadores europeus”?

Significa que essas doenças existiam entre esses colonizadores, mas eram completamente desconhecidas pelos índios. Ao atingirem os in-dígenas, elas o faziam de uma forma muito forte, porque eles ainda não tinham desenvolvido anticorpos. Anticorpos são as defesas que nosso organismo vai criando, ao longo do tempo de convivência com as doenças, para se defender delas. Essas doenças, sem encontrar es-sas defesas, viravam epidemias, isto é, passavam rapidamente de uma pessoa para outra e atingiam populações inteiras.

As primeiras populações indígenas atingidas pelas doenças foram as que viviam nas áreas onde a ocupação teve início: no litoral.

Os indígenas que habitavam o interior estavam livres dessas doenças?

Não, estas populações também foram atingidas, pois os portugueses chegaram nesses lugares mais afastados, através dos rios e dos caminhos abertos na mata. Além disso, as doenças eram transmitidas às popula-ções que não tinham contato direto com os europeus pelas relações de troca e comércio. Essas redes ocupavam grandes áreas. Isso possibilitou a transmissão de doenças.Fonte:http://pibmirim.socioambiental.org/antes-de-cabral

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Cabral

Fontes de informação que o site pibmirim.socioambiental.org utilizou:Museu de Arqueologia e Etnologia-MAE - Brasil 50 mil anos: Uma viagem ao passado pré-colonial (Guia temático para professores).Museu de Arqueologia e Etnologia-MAE - Programa de educação patrimonial do levantamento arqueológico do gasoduto coari-manaus (Guia temático).Eduardo Góes Neves - Os índios antes de Cabral: arqueologia e história indígena no Brasil, do livro A temática indígena na escola: novos subsídios para professores de 1° e 2° graus (1995).Na Internet: Museu de Arqueologia e Etnologia-MAE, Arqueologia Brasileira - Itaú Cultural, Fundação Museu do Homem Americano.

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