Revista Do Professor Contacao
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Revista do Professor v. 28 · n° 109 · jan./mar. 2012
EDUCAÇÃO INFANTIL
Gustave Doré. Ilustração do livro Contos de Perrault, de Charles Perrault (Editora Itatiaia Ltda.)
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O
Um convite à imaginação que contribui
para o desenvolvimento da criança
Ana Letícia Accorsi Thomson*
Ouvir histórias com emoção, curiosidade e inte-
resse pode desencadear na criança alguns processos
mentais que vão levá-la à formação de novos concei-
tos, enriquecer suas experiências e ampliar seu co-
nhecimento de mundo. Para Abramovich (2005, p. 17),
a contação de histórias “é uma possibilidade de des-
cobrir o mundo imenso dos confl itos, dos impasses,
das soluções que todos vivemos e atravessamos – de
um jeito ou de outro – através dos problemas que vão
sendo defrontados, enfrentados (ou não), resolvidos (ou
não) pelas personagens de cada história”.
Essa possibilidade se concretiza principalmente
por meio dos contos de fadas, pois esse é o gênero tex-
tual que mais trabalha com a emoção da criança. Cada
uma extrai deles signifi cados diferentes, interpreta-os à
sua maneira, de acordo com as suas necessidades do
momento. Os contos de fadas tradicionais apresentam
situações complexas vividas pelos personagens, mas
sempre apresentam soluções para os confl itos:
As histórias modernas escritas para as crianças pe-
quenas evitam estes problemas existenciais, embora
elas sejam questões cruciais para todos nós. A crian-
ça necessita muito particularmente que lhe sejam
dadas sugestões em forma simbólica sobre a forma
como ela pode lidar com estas questões e crescer a
salvo para a maturidade (BETTELHEIM, 2006, p. 14).
Uma das principais características dos contos de
fadas é a luta do bem contra o mal, em que sempre há
um dilema na história. A maioria dos contos apresenta
um fi nal feliz, pois o herói resolve o dilema ao vencer o
CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS
Contação de histórias
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mal. Isso para a criança é confortante e desperta senti-
mentos de alívio e uma profunda confiança interior.
Ao ouvir uma história, a criança se identifica com
os personagens e projeta nos conflitos por eles viven-
ciados alguns de seus próprios conflitos. À medida que
a história vai sendo contada, seu envolvimento cresce
e ela acaba por se sentir um dos personagens. Mas,
para que essa identificação aconteça, é necessário que
haja concentração e interesse. As crianças irrequietas,
que não conseguem ficar sentadas muito tempo, são
as que mais precisam ouvir histórias. Essa atividade
permite que elas vivenciem o silêncio e a concentração.
Isso se torna possível se a história for bem conta-
da e impressionar a criança. Uma boa técnica é esti-
mular a curiosidade logo no início, com a utilização de
algum recurso, como um tapete para contar história,
um fantoche, uma caixa mágica ou até mesmo uma
música. Com esses recursos, a criança, aos poucos,
vai se acostumando com o momento de contação de
história, que requer silêncio, concentração e disciplina.
É importante que a leitura seja uma atividade de
rotina em sala de aula, de preferência realizada todos
os dias. Um dos papéis fundamentais do professor é
oferecer leituras diversificadas, como poesias, contos
de fadas, gibis etc. Cabe também aos professores
estimular a família para que em casa haja contação
de histórias. É sempre bom lembrar que não adianta
o pai ou responsável somente falar para a criança da
importância da leitura, se ela não o vir lendo. Afinal,
a criança tem o adulto como modelo e copia o que
ele faz. Portanto, um adulto que não gosta de ler e
que não tem o hábito da leitura dificilmente consegue
ensinar à criança a gostar de ler.
A contação de histórias no ambiente familiar,
além de desenvolver o gosto pela leitura, pode se
tornar um hábito muito prazeroso, tanto para a crian-
ça como para os pais. Esse é um momento em que
todos podem expressar seus sentimentos, fantasiar
sobre os personagens e viajar juntos no mundo da
imaginação.
EDUCAÇÃO INFANTIL
Professoras com dedoches e aventais de contar histórias
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Para escolher a história
É necessário conhecer os níveis de desenvol-
vimento da criança para escolher a história que será
contada. Coelho (2006) sugere alguns indicadores que
podem orientar a escolha de uma história e a forma
como contá-la de acordo com a faixa etária da criança:
até 2 anos – a criança nessa fase não tem ainda
a noção de sequência lógica. Para ela, a história
pode começar ou terminar em qualquer parte do
livro. A criança precisa tocar e sentir o livro e, para
isso, o livro de pano é ideal. Como o tempo de con-
centração da criança é pequeno, as histórias de-
vem ser curtas. Ela fica mais centrada na ação do
contador e por isso é conveniente que ele imite os
movimentos e as vozes dos personagens;
de 3 a 5 anos – nessa fase, a criança gosta de
ouvir a mesma história várias vezes para apreciar
os detalhes e por isso costuma pedir: “conta de
novo”. Isso pode indicar uma identificação com
algum personagem. A criança já possui uma no-
ção de sequência lógica. Para ela, é como se to-
dos os personagens fossem reais, por isso, mui-
tas vezes, demonstra medo. As histórias devem
ser curtas e conter fatos repetitivos. A ação do
contador ainda é fundamental para crianças des-
sa faixa etária;
de 5 a 7 anos – a criança já está entrando na fase
do faz de conta, em que já sabe que o lobo e a
bruxa não existem, mas quer fazer de conta que
existem. Ela ainda deseja fazer parte desse mun-
do encantado. Gosta de histórias de terror, de
humor e de príncipes e princesas, em que tudo
acaba com um final feliz.
Conhecer bem o que será contado
É fundamental que o professor conheça bem as
partes da história que vai contar. Segundo Coelho
(2006), é necessário estudar a história, familiarizando-
-se com sua estrutura:
introdução – é a parte da história que apresenta
os personagens principais, o ambiente e a época
em que se passa a história;
enredo – refere-se às ações e aos conflitos dos
personagens;
ponto culminante – é o momento da história que
merece mais atenção, pois o que vai acontecer deve
emocionar e despertar a curiosidade na criança;
desfecho: é o final da história, que deve ser sim-
ples e sem explicações.
O professor pode também fazer adaptações, de
acordo com a faixa etária das crianças. Uma história
muito longa pode ser adaptada para crianças menores
com o tapete de histórias, avental de histórias, luvas
ou fantoches. Adaptar uma história não significa mo-
dificar o texto aleatoriamente, mas tornar a linguagem
mais espontânea, utilizando um vocabulário adequado
à faixa etária, tomando o cuidado para não alterar a
integridade do texto.
Deve-se sempre respeitar o que é essencial na
história, como o ponto culminante, que deve ser pre-
servado em seus detalhes. Esse ponto é o que mais
vai chamar a atenção da criança e deve ser sempre
acompanhado por um suspense ou uma surpresa. O
final da história não deve sofrer alterações e, principal-
mente, não deve ser explicado para a criança. É impor-
tante que seja interpretado pela criança de acordo com
a sua vivência.
Ao finalizar uma história, às vezes, o professor per-
cebe que a criança fica muito quieta, com o olhar para-
do e fixo. Então, imagina que ela não entendeu a histó-
ria ou que está esperando que ele continue ou mesmo
finalize a história. O olhar da criança revela que ela está
no mundo da imaginação, provavelmente imaginando o
final da história que lhe foi contada.
Contar: com e sem o livro
É interessante que a criança vá, aos poucos, se
apropriando das normas da língua escrita seguidas
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pelo livro. A utilização do livro é importante, princi-
palmente para crianças que estão em fase de alfa-
betização. Enquanto faz a leitura, o professor pode
ir apontando no livro a frase que está lendo e, dessa
forma, a criança percebe que a palavra escrita tem
significados. As gravuras podem auxiliar as crian-
ças na organização do pensamento. Elas fazem uma
correspondência do texto lido com a gravura. Para
Coelho (2006, p. 39), “as gravuras favorecem, so-
bretudo, as crianças pequenas: permitem que elas
observem detalhes e contribuem para a organização
de seu pensamento. Isso lhes facilitará mais tarde a
identificação da ideia central, fatos principais, fatos
secundários etc.”.
Quando o adulto lê um livro com entusiasmo, ele
estimula na criança o interesse pela leitura e proporcio-
na também um bom modelo de leitor. Segundo Costa
(2007, p. 102), “é preciso lembrar que mais importante
do que todas as atividades é o exemplo do professor,
que estabelece uma imagem e uma atitude a serem
observadas e seguidas”.
Na contação sem o apoio dos livros, a performan-
ce do contador fica mais flexível. Além disso, sem o re-
curso das ilustrações, a criança cria imagens e cenas
de acordo com suas vivências e com a maneira como
a narração é feita. O contador deve saber fazer o uso
da voz, do olhar e do corpo como um todo. Na narra-
tiva, segundo Coelho (2006), os episódios e as ações
dos personagens da história devem ser apresentados
em uma sequência bem ordenada.
Uso da voz
A voz é a ferramenta principal do contador, pois
dramatiza as situações e dá emoção à história. Segun-
do Dohme (2000), alguns cuidados devem ser observa-
dos no uso da voz:
dicção – pronunciar corretamente as palavras
para que haja um bom entendimento das frases;
volume – variar de acordo com o tamanho da
sala, observar se há ruídos externos;
velocidade – saber utilizar as pausas para causar
suspense e curiosidade, variar conforme a ne-
cessidade de emoção;
tonalidade – saber utilizar diferentes tonalidades
(mais graves ou mais agudas) para diferentes per-
sonagens da história;
vocabulário – ser adequado à faixa etária.
Para Abramovich (2005, p. 21), é importante que
o contador “saiba dar as pausas, criar os intervalos,
respeitar o tempo para o imaginário de cada criança
construir seu cenário”. Sabendo fazer uso da voz para
evocar os diferentes personagens da história – uma
voz mais grossa para o lobo, a famosa risada da bruxa,
uma fala rapidinha como a do coelho de Alice –, o con-
tador transmite emoção e desperta admiração.
Manipulação de bonecos
Uma mesma história pode ser contada para a criança
mais de uma vez, e o ideal é que se utilizem diferentes
recursos. Se ela foi contada com o livro, por exemplo, po-
derá ser contada novamente com o auxílio de fantoches.
Quando se utiliza um boneco ou fantoche para
contar uma história, é normal acontecerem erros duran-
te a manipulação. Esquecer o boneco de boca aberta,
não movimentá-lo adequadamente, não direcionar seu
olhar para o ouvinte é muito comum no início. O pro-
fessor de sala de aula não precisa ser um profissional
na manipulação dos bonecos, mas deve tomar alguns
cuidados, como:
trabalhar com diálogos simples e objetivos;
dar características específicas para cada perso-
nagem: uma voz diferente, formas de andar, de
correr, trabalhar as emoções com o boneco;
manter a cabeça do boneco levemente para fren-
te, de forma que seus olhos fiquem direcionados
para os ouvintes;
movimentar a boca do boneco de acordo com a
fala: abrir a boca do boneco ao falar uma vogal,
por exemplo;
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terminar o diálogo com a boca fechada;
não colocar muitos bonecos em cena, pois isso
difi culta a manipulação;
praticar movimentos básicos de sim e não, princi-
palmente quando houver dois bonecos.
Os fantoches podem ser usados também pela
criança e contribuem para seu desenvolvimento em
diversos aspectos. A manipulação dos bonecos é um
ótimo recurso para a socialização das crianças tímidas.
Atuando como se fosse aquele personagem, elas re-
laxam as tensões emocionais, deixam de lado a sua
timidez e se integram com os colegas de turma.
Os bonecos também favorecem o poder da imagi-
nação. Enquanto os manipula, a criança imagina a voz
do personagem, seu jeito de andar etc. Isso a ajuda
a recriar histórias e imaginar situações para vivenciar
com o boneco.
Para a sala de aula
As crianças vão gostar das atividades aqui propos-
tas, que podem ser adaptadas conforme os objetivos
pretendidos pelo professor.
1 Dinâmica para a criação de histórias
Objetivos: desenvolver a oralidade, a socialização,
a imaginação e a sequência lógica.
Material: um tapete de contação de histórias e
uma “caixa mágica” com objetos variados, que serão
elementos mágicos.
Aplicação: com a turma sentada em volta do tape-
te, escolher uma criança e entregar a ela a caixa, dizen-
do se tratar de uma caixa mágica onde todos os objetos
ali guardados têm vida. Ela, então, escolhe um objeto e
inicia uma história. A seguir, escolhe um amigo e passa
a caixa. Ele deve escolher outro elemento mágico da
caixa e dar continuidade à história. Assim segue até que
o professor diga que o próximo deve fi nalizar a história.
2 História enlatada
Objetivo: desenvolver a oralidade e a imaginação.
Material: uma lata vazia com tampa, rolinho de
papel higiênico e sulfi te.
Aplicação: cada criança deve enfeitar sua pró-
pria lata. Em seguida, escreve uma história na folha
de sulfi te, que deve ser presa, enrolada no rolinho e
enlatada. A história pode ser uma carta para o Papai
Noel, um texto para a mãe etc. Essa atividade pode
ser feita no início do ano, mantendo-se a lata fechada
até o fi nal do ano, quando as crianças vão reabri-la.
Assim, poderão observar os avanços que fi zeram na
escrita durante o ano.
3 Sacola viajante ou caixa viajante
Objetivo: despertar o gosto pela leitura com a família.
Material: uma sacola enfeitada ou uma caixa en-
capada, um caderno, um livro e fantoches.
Aplicação: a criança leva para casa a sacola ou
a caixa com um livro de história, um caderno e algum Gu
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outro recurso para a contação da história em casa (fan-
toches, tapete de histórias etc.).
O material deve ser devolvido após três ou qua-
tro dias. O professor estabelece um rodízio entre as
crianças, de forma que todos possam levar para casa
a sacola ou a caixa. Em casa, o pai faz a leitura da his-
tória com a criança e, em seguida, relata no caderno
como foi aquele momento em família. Outra sugestão
é que a criança também faça o desenho da história no
caderno.
4 Saci na garrafa
Objetivo: desenvolver a imaginação. Essa ativida-
de pode ser feita também durante a semana do folclore.
Material: uma garrafa PET e um Saci que caiba
dentro da garrafa.
Aplicação: o professor conta a história do Saci.
Em seguida, mostra o Saci preso na garrafa. Cada dia
da semana uma criança fica responsável por cuidar do
Saci e não deixá-lo escapar. Para dar mais emoção, o
professor pode deixar que o Saci escape em alguns
momentos e, então, pode inseri-lo em algumas brinca-
deiras, como esconde-esconde.
5 Avental de história
Objetivo: desenvolver a imaginação.
Material: um avental e material em E.V.A. para a
confecção do cenário.
Aplicação: o professor confecciona o cenário da
história que deseja contar e cola no avental. Os perso-
nagens podem ser “dedoches” (fantoches de dedos).
A contação da história é feita com o professor vestido
com o avental, de onde retira o cenário em que vão atu-
ar os personagens. Esse é um excelente recurso visual
para a adaptação de histórias muito longas.
6 Caixa dos Três Porquinhos
Objetivo: desenvolver a imaginação.
Material: três caixas (de forma que uma caiba
dentro da outra) e fantoches da história.
Aplicação: o professor encapa as caixas e pinta
a casa dos Três Porquinhos, uma em cada caixa. Em
seguida, faz a contação da história dos Três Porqui-
nhos, tirando as caixas uma de dentro da outra, con-
forme a sequência da história. As caixas (ou casinhas)
podem ser sopradas e derrubadas com a ajuda das
crianças.
Tapete e caixa mágica usadas em dinânima para criação de histórias
EDUCAÇÃO INFANTIL
Fotos: Ana Letícia Accorsi Thomson
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Algumas atividades
propostas por Costa (2007):
Salada de contos: produzir uma narrativa em que
entrem partes de três ou quatro histórias diferentes. Ler
o resultado para os demais alunos.
Diário de leituras: escolher um caderno ou arqui-
vo para registrar ocorrências de leitura da turma (livros
lidos, comentários etc.). Pedir aos alunos que ilustrem.
Manter esse diário em lugar visível de forma que todos
possam ler.
Sopa de letras: misturar em uma caixa diversos
livros, levar para a sala e deixar que os alunos manu-
seiem à vontade. Ler com as crianças alguns trechos e
deixar que escolham um livro para ler em casa.
Suposições sobre o final: refazer a história com
outro final, escolher alguns textos e ler em voz alta.
*Ana Letícia Accorsi Thomson é especialista em educação infantil
e séries iniciais do ensino fundamental pela Universidade Norte do
Paraná (Unopar) e professora de educação infantil da rede pública
de Londrina, PR.
Considerações finais
A análise dos temas abordados permite perceber a
importância da contação de histórias para as crianças.
Os objetivos dessa atividade vão muito além da mera
diversão: as histórias têm o poder de estimular a imagi-
nação, desenvolver o senso crítico, instruir, desenvolver
o gosto literário, desenvolver a linguagem oral etc.
Ao se trabalhar com os contos de fadas, esses ob-
jetivos são ainda mais abrangentes. Por meio dos con-
tos, a criança vivencia situações e resolve conflitos in-
ternos. Os contos contribuem para o desenvolvimento
da personalidade da criança, que, inconscientemente,
busca nas histórias o conhecimento do mundo.
Alguns professores ainda acreditam que é neces-
sário ter talento para contar histórias ou que precisam
ser profissionais para manipular bonecos. Mas os cui-
dados aqui apresentados mostram que qualquer um
pode trabalhar com essa ferramenta e que seu uso é
um convite à imaginação criadora do adulto e da crian-
ça. Os pequenos, quando se veem com um fantoche
em mãos, são levados a experimentar e inventar diver-
sos personagens, utilizar a voz e criar diálogos para
seus personagens.
Truques para um bom contador de história
Assegurar-se de que as crianças estão devida-
mente acomodadas no ambiente.
Antes de começar a história, aguçar o interesse
e curiosidade da turma.
Narrar a história com naturalidade e com clareza,
vivenciar com emoção o que está sendo narrado.
Para isso, é necessário conhecer bem a história.
Se durante a contação algum trecho for esqueci-
do, improvisar com criatividade.
Estar atento à postura e aos vícios de linguagem
(“né?”, “aí”, “tá?”).
Buscar formas de despertar o interesse das
crianças, utilizando diferentes recursos para a
contação.
Passar emoção através do olhar.
Se a história for lida, a narrativa deve ser tão
emocionante como se fosse contada.
Ao utilizar um recurso ilustrativo, estar seguro da
sequência correta dos acontecimentos.
Não obrigar a criança a ouvir uma história que
ela não quer.
Deixar que a criança interprete o final do seu jeito.
Evitar dar explicações no desfecho da história.
CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS
Referências e sugestões de leitura
ABRAMOVICH, F. Literatura infantil: Gostosuras e bobi-ces. São Paulo: Editora Scipione, 2005.
BETTELHEIM, B. A psicanálise dos contos de fadas. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 2006.
COELHO, B. Contar histórias: uma arte sem idade. São Paulo: Editora Ática, 2006.
COSTA, M. M. da. Metodologia do ensino da literatura
infantil. Curitiba: Editora IBPEX, 2007.
DOHME, V. Técnicas de contar histórias. São Paulo: Editora Informal, 2000.
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