Revista Eficiência Energética2 2015

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Agosto 2015 | 2ª Edição EFICI  NCIA NERGÉTICA NESTA EDIÇÃO Chamada de Projeto de Eciência Energética Priorit ário Treinamento sobre Medição e Vericação – M&V Cooperação internacional Brasil-Alemanha

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O Programa de E ciência Energética (PEE) regula-do pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL)foi criado a partir de obrigação xada nos contratos deconcessão rmados, em 1998, entre as concessionáriasdo serviço público de distribuição de energia elétrica e aAgência. Com o advento da Lei nº. 9.991, de 24 de julhode 2000, cometeu-se às concessionárias e permissioná-rias de distribuição o dever de aplicar montante anualmínimo de 0,5% de sua receita operacional líquida emações de combate ao desperdício de energia elétrica.

Desde então, embora muitas mudanças tenhamocorrido, a essência do programa permanece inal-terada: a promoção da e ciência energética. Ocor-re que, apesar dos vários avanços para a obtençãode projetos mais robustos e estratégicos, aindaexistem lacunas e de ciências. E é para colmataressas lacunas e sanar essas de ciências que a ANE-EL tem trabalhado, buscando, inclusive, altera-ções na legislação que impõe o dever de destina-ção de pelo menos 60% dos recursos do PEE paraprojetos voltados a consumidores de baixa renda.O objetivo da Agência é discutir melhor o assuntopara alocar da forma mais e caz os recursos, comvistas a viabilizar o desenvolvimento de projetosde e ciência energética dedicados com equidadeàs diferentes classes de consumo. Na prática, emum ambiente em que a tendência é de priorizar aoferta, são as ações equilibradas do regulador que

Mensagem da Diretoriadevem, no mínimo, não deixar o lado da demandadesprezado, ganhando-se espaços relevantes paraa redução do custo da energia.

Neste segundo número da Revista de E ciênciaEnergética, são apresentados resultados relevan-

tes de projetos executados no âmbito do programaregulado pela ANEEL, além de entrevistas sobre oGuia de M&V e sobre a Chamada de Projeto de E -ciência Energética Prioritário, e, ainda, de um arti-go da GIZ sobre medidas de conservação de ener-gia elétrica e combate ao desperdício.

Com esta publicação, rea rma-se a enorme res-ponsabilidade e o compromisso da ANEEL, não sócom sua missão de zelar pela qualidade, pela con-tinuidade e pela modicidade dos serviços de ener-gia elétrica, mas também com o futuro do setor e,mais ainda, com toda a sociedade brasileira.

Boa Leitura!

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Expediente

Chamada de Projeto de E ciência Energética Prioritário

Conservação de energia e combate ao desperdícioMedição e veri cação em projeto de E ciência Energética

Cogeração através de Turbo Gerador a Parafuso Helicoidal Vapor Saturado

Bônus para troca de eletrodomésticos

Projeto Piloto de E ciência Energética Light Recicla

Contenção de perdas em sistemas de distribuição de água

E ciência Energética em Indústria - Case 3M Ribeirão Preto

Iluminação de túnéis utilizando tecnologia LED (Light Emitting Diode)

Logística Reversa de Refrigeradores no Programa de E ciência Energética Baixo Poder Aquisitivo

Procel nas Escolas do Paraná

DiretoriaRomeu Donizete Ru no (Diretor-geral)

Diretores André Pepitone da NóbregaReive Barros dos SantosJosé Jurhosa JúniorTiago De Barros Correia

Supervisão técnicaMáximo Luiz Pompermayer Superintendente (SPE)

Aurélio Calheiros de Melo Junior Assessor (SPE)

Produção André Melo Bacellar (SPE)Carmen Silvia Sanches (SPE)Lucas Dantas Xavier Ribeiro (SPE)

EdiçãoEverton Luiz Antoni (SCR)

Designer Alessandra Lins (SCR)

RevisãoEverton Luiz Antoni (SCR)Sheyla Maria das Neves Damasceno (SPE)

Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL)SGAN 603 Módulos I e JBrasília (DF) - CEP: 70.830-110CNPJ 02.270.669/0001-29

Dúvidas, sugestões e comentários:[email protected]

Read the articles in English at ANEEL websitewww.aneel.gov.br

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O objetivo do Programa de E ciência Energé-tica (PEE) é promover o uso e ciente e racionalde energia elétrica em todos os setores da eco-nomia, por meio de projetos que demonstrem aimportância e a viabilidade econômica de açõesde combate ao desperdício e de melhoria da e -

ciência energética de equipamentos, processose usos nais de energia.

De 2008 até o nal do ano de 2014, a AgênciaNacional de Energia Elétrica (ANEEL) contabi-lizou 1.412 projetos de eficiência energéticaapresentados pelas concessionárias, com in-vestimentos da ordem de R$ 4,04 bilhões. Em2014, o valor investido foi de R$ 342,8 milhões.Esses projetos envolvem iniciativas relaciona-

das a aquecimento solar, baixa renda, a gestãoenergética municipal e cogeração, entre ou-tros temas. Ao todo, houve uma economia deenergia da ordem de 3.616 GWh no acumuladodesse período.

A execução dos projetos possibilitou a reduçãoda demanda no horário de ponta da ordem de1.171 MW, o que contribuiu para reduzir a neces-sidade de investimentos na expansão da oferta.

No mesmo período, também foram realizadassubstituições ou implantação de equipamentos

Editorialpara combater o desperdício de energia.

Nesse sentido, destaca-se a troca de 1.101.291geladeiras e de 48.875 aparelhos condicionado-res de ar, além da instalação de 105.118 sistemasde aquecimento solar em substituição ao chu-veiro elétrico. Houve, ainda, a substituição de

29.228.914 lâmpadas por modelos mais e cien-tes, e a troca de 1.084.912 lâmpadas por lâmpa-das LED, que são mais econômicas.

Tais números reforçam, uma vez mais, ocompromisso constante e inarredável da ANE-EL em fomentar uma cultura de economia deenergia, combate ao desperdício e de mudançade hábitos de consumo.

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Chamada de Projeto de Efici-ência Energética Prioritário

Qual a regulação vigente para o Programa deE ciência Energética Regulado pela ANEEL - PEE?E quais são os objetivos? Sheyla Damasceno - Em 02 de julho de 2013,foi publicada a Resolução Normativa nº 556, que

aprovou os Procedimentos do Programa de E ci-ência Energética – PROPEE. O Programa de E ci-ência Energética Regulado Pela ANEEL - PEE temcomo principal objetivo promover o uso e cientee racional de energia elétrica em todos os setoresda economia, por meio de projetos que demons-trem não somente a importância e a viabilidadeeconômica de ações de combate ao desperdício,mas também a melhoria da e ciência energéticade equipamentos, processos e usos nais de ener-gia, por meio da troca de equipamentos existen-tes por outros energeticamente mais e cientes emudança de hábitos do consumidor nal.

Quando falamos do PEE, qual o montante de recursos/ano envolvidos? E qual a capilaridade do Programa?

Sheyla Damasceno - Hoje, o PEE representa amaior fonte de recursos disponível para açõesde e ciência energética no país. São aproxima-

damente R$ 420 milhões por ano, que são utili-zados por cerca de 100 distribuidoras na execuçãodos seus projetos. A operacionalização do PEE nãoacontece mediante a existência de um fundo espe-cí co, mas mantém o recurso na distribuidora deenergia elétrica. Esta condição, estabelecida pelaLei nº 9.991/2000, conferiu ao PEE um maior es-pectro de atuação e melhor adesão às diferentesrealidades dos mercados das distribuidoras. O PEEexecuta projetos em todos os estados brasileiros,bene ciando desde consumidores residenciais comtarifa social até grandes consumidores.

Existem exemplos históricosque, no âmbito do setor elétri-co, denotam a possibilidade deserem promovidas mudançasde comportamento por parte doconsumidor nal?

Sheyla Damasceno - Existem,claro. E, em termos exemplifica-tivos, podemos lembrar do racio-namento de energia elétrica de2001, ainda recente na memóriade todos. Naquela ocasião, ficoumuito evidente a capacidadede reação do setor elétrico pelolado da demanda, por meio damudança de comportamentodo consumidor final. E é inte-ressante observar que, além deuma redução do consumo deenergia elétrica muito signi-

ficativa durante o período deracionamento, houve impac-to também no consumo dosanos subsequentes.

Sheyla Maria das Neves Damasceno, coordenadora do Programa de Eficiência Ener-gética da SPE/ANEEL, compartilha com os leitores as suas impressões sobre o Pro-grama de Eficiência Energética Regulado pela ANEEL – PEE e sobre a Chamada deProjeto de Eficiência Energética Prioritário nº 001/2014.

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Atitudes orientadas para e ciência energéticadevem ser adotadas como reação a um momen-to de crise ou, por outro lado, devem constituiruma prática constante?

Sheyla Damasceno - Esta é uma questão mui-to importante, pois há quem associe ações dee ciência energética a eventuais momentos decrise. Na verdade, porém, isso é um erro, porqueações voltadas à e ciência energética devem seruma prática constante do consumidor. É precisoincutir, na sociedade, uma cultura de e ciênciaenergética, pois isso resulta num círculo virtuo-so: além dos benefícios individuais para o consu-midor, essa cultura de e ciência energética, umavez disseminada, pode funcionar como um fatorredutor da possibilidade de crises no sistema.

Qual foi a intenção do regulador quando crioua modalidade de projeto prioritário?

Sheyla Damasceno - Desde que obedeçam àlegislação e regulamentação vigente, as distri-buidoras de energia elétrica têm liberdade parade nir sua carteira de projetos que serão exe-cutados com os recursos do PEE. O projeto dee ciência energética considerado prioritário noPEE, consiste em uma iniciativa da ANEEL, pormeio da publicação de Chamada com caracte-rísticas e critérios especí cos aprovados peladiretoria da Agência. São projetos de granderelevância e/ou abrangência, cuja nalidade étestar, incentivar ou de nir ações de destaquecomo política pública para incrementar a e ci-ência energética no país. Os projetos prioritá-rios visam possibilitar a execução de políticas

públicas de e ciência energética. Podem serde nidos no âmbito de programas governa-mentais de promoção da e ciência energética.Apenas ações educativas são su cientes, ou há

outros estímulos possíveis para instigar o consu-midor a adotar hábitos de e ciência energética?

Sheyla Damasceno - As ações educativas são in-dispensáveis, mas não suficientes. Portanto, além des-sas ações educativas, são implementadas a troca deequipamentos existentes por outros energeticamentemais eficientes, mudanças em processos de consumi-dores industriais, troca de resíduos urbanos por bônusem conta de luz, visando promover a reciclagem de lixourbano e, consequentemente, a economia de energiaobtida com a produção a partir do material recicla-do em vez de matérias-primas virgens. Além destasações, considerando que a geração de energia elétricapróxima à unidade consumidora é uma ação de efici-ência energética, pois evita as perdas referentes aotransporte da energia, a partir da Resolução Normativa

nº 556/2013, o PEE contempla projetos com geraçãodistribuída de energia elétrica, com fontes incentivadas(hidráulica, solar, eólica, biomassa ou cogeração quali-ficada) com potência instalada de até 1 MW.

Qual o objetivo da Proposta de Chamadade Projeto de E ciência Energética Prioritárionº 001/2014: “AÇÕES DE COMUNICAÇÃO EMARKETING PARA MELHORIA DA EFICIÊN-CIA ENERGÉTICA NO USO FINAL DE ENER-GIA ELÉTRICA”?

Sheyla Damasceno - Este projeto prioritá-rio visa estimular a mudança de comporta-mento do consumidor de energia elétrica,e, para tanto, considera-se a proposição demecanismos de comunicação e marketingpara a melhoria da e ciência energética nouso nal de energia elétrica, tendo em vista

as seguintes perspectivas:• Possibilidade de redução signi cativa do consu-mo de energia elétrica e/ou retirada de demandano horário de ponta do sistema por meio da cria-ção de hábitos mais e cientes e racionais de usoe manutenção dos equipamentos elétricos e dasubstituição de aparelhos obsoletos e ine cientespor outros de menor consumo e maior e ciência;• Divulgar o Programa de E ciência EnergéticaRegulado pela ANEEL – PEE e ampliar o seu es-copo de atuação, incluindo novos atores e me-lhorando a e ciência e a efetividade na aplica-ção dos recursos previstos em lei;• Divulgar a existência de modalidades tarifáriasque incentivam o uso e ciente das redes de dis-

tribuição, como a Tarifa Branca, e o consumo deenergia, como o Sistema de Bandeiras Tarifáriase do sistema de pré-pagamento;• Reduzir o valor da fatura de energia elétrica

“ações voltadas à e ciênciaenergética devem ser umaprática constante do consu-midor. É preciso incutir, nasociedade, uma cultura dee ciência energética.”

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dos consumidores nais e os índices de inadim-plência e de perdas comerciais.Visando aumentar os resultados dos projetos,além das ações educativas acima descritas, se-rão implementados mecanismo de concessãode bônus para a compra de equipamentos maise cientes e substituição/descarte dos antigos,incluindo critérios que aperfeiçoem a aplicaçãodos recursos, de modo que a sinalização eco-nômica seja a mais e ciente e racional possível.Deverá ser dada prioridade aos seguintes usosnais: ar condicionado, geladeira, lavadora deroupas e chuveiro elétrico. Essa ação busca in-centivar a fabricação e a compra de equipamen-tos energeticamente mais e cientes, tomando

como referência o Selo Procel de E ciência Ener-gética e a Categoria A da Etiqueta do INMETRO,o que estimula a produção industrial, o crescimentoda economia e o desenvolvimento sustentável.A sinergia entre as diversas iniciativas voltadas à efici-ência energética no país, tais como o Procel e Progra-ma Brasileiro de Etiquetagem – PBE, possibilita somaresforços, propiciando alocar os recursos disponíveis deforma que os benefícios obtidos, ou seja, a economiade energia e a retirada de demanda no horário de pon-ta do sistema elétrico, sejam maximizados.

Quais foram os requisitos mínimos de nidos naChamada para submissão de projetos à ANEEL?

Sheyla Damasceno - Para submetê-lo à ANE-EL, o projeto da empresa proponente deveriaconter: campanhas educativas em escolas, co-munidades, associações e demais entidadespúblicas e/ou da sociedade civil organizada;concessão de bônus para a compra de ele-trodomésticos mais eficientes; elaboração de

metodologia para avaliar os impactos de re-dução do consumo e da fatura de energia elé-trica, e demanda evitada no horário de ponta;divulgação da logomarca do PEE; e, ainda, a

divulgação das tarifas horárias, das bandeirastarifárias e do pré-pagamento.

Quem são as entidades participantes do projeto?

Sheyla Damasceno - Participa da elaboração doprojeto, na condição de proponente, qualquer em-presa de distribuição de energia elétrica que tenhacontrato de concessão ou permissão. A elaboraçãoe posterior execução do projeto propriamente ditoconta com a participação de empresa de comunica-ção e marketing contratada pela empresa proponen-te, comprovadamente capacitada para desenvolver omaterial de divulgação, as estratégias de comunica-ção, a de nição das mídias, das formas e quantitati-vos de veiculação, do público-alvo a ser atingido, daspesquisas prévias e posteriores para a avaliação dos

resultados e efetividade das ações.

Quantas propostas foram submetidas à avaliação ini-cial da Agência? E qual o investimento correspondente?

Sheyla Damasceno - Foram submetidas à avaliação8 (oito) propostas de projetos cooperados, com aparticipação de 27 distribuidoras de energia elétri-ca, correspondendo a um investimento de maisde R$ 163 milhões, dos quais R$ 117 milhões pro-venientes do PEE, e R$ 46 milhões diretamentedos consumidores bene ciados pelo bônus.

Qual o prazo de execução dos projetos aprovados?

Sheyla Damasceno - O prazo para execução do(s)projeto(s) deverá ser de até 12 meses, prorrogávelpor igual período a critério da ANEEL. Esse prazo,no entanto, poderá ser prorrogado, desde que anecessidade seja devidamente justi cada.

Como serão mensurados os resultados dos projetos?

Sheyla Damasceno - Os resultados dos projetosdeverão ser apresentados em relatórios técnicos,nos quais deverão constar: ações e mecanismosde comunicação e marketing e respectivos meiosutilizados, campanhas educativas, entidades en-volvidas, público-alvo e resultados em termosde energia economizada, demanda evitada nohorário de ponta do sistema, impactos na fatura/tarifa de energia, redução de perdas comerciaise inadimplência, mudanças nos hábitos de con-sumo e alterações no mercado, bem como pos-

síveis impactos em termos sociais e ambientais;metodologia de cálculo ou estimativa da energiaeconomizada, da demanda evitada e dos demaisimpactos das ações implementadas.

“O que o regulador estábuscando, em últimaanálise, é estimular umamudança de comporta-mento do consumidor...”

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Conservação de energia e com-bate ao desperdício

Jan Köpke, José Henrique Zloccowick, Sebastian Schreier (GIZ)

Segundo um estudo atual da AssociaçãoBrasileira das Empresas de Serviços de Conserva-ção de Energia (ABESCO) sobre a e ciência ener-gética, o Brasil desperdiçou 250 mil GWh de ener-

gia elétrica em seis anos, o que equivale a maisde R$ 62 bilhões. O alto nível de desperdício deenergia elétrica não só aumenta o preço de ener-gia, como também reduz a competividade do se-tor industrial e comercial. Em muitos casos, porém,implementar medidas de E ciência Energética é bemsimples, evita o desperdiço e aumenta a competivida-de econômica das empresas. No Plano Nacional deE ciência Energética (PNEf), o Ministério de Minas eEnergia (MME) projeta um potencial de conservaçãode energia elétrica de 0,6 % por ano, chegando a umaredução de 106 mil GWh no ano de 2030.

A E ciência Energética faz bem a seu bolso eao meio ambiente

A energia mais barata e menos poluente éaquela que não se consome. Por isso, o aumentoda E ciência Energética é considerado, interna-cionalmente, uma ferramenta poderosa na imple-mentação de políticas de energia sustentável. Ouso racional de energia tem importante contribui-ção para satisfazer a demanda futura de energia,garantir a segurança do fornecimento energético emelhorar a modicidade tarifária da energia elétrica,bem como para reduzir os impactos ambientais.

Você, leitor, também tem um papel im-portante para a conservação energia elétrica– e ainda se bene cia pela redução dos seuscustos pelo consumo energético! Está com-

provado que, para aproveitar as oportunidadesde E ciência Energética, é preciso uma visãointegrada, tanto da oferta e da demanda ener-gética quanto dos diversos agentes envolvidos(governo, setor privado e sociedade em geral).

Como empresa federal de utilidade pú-blica, a Deutsche Gesellschaft für InternationaleZusammenarbeit (GIZ) GmbH apoia o GovernoFederal da Alemanha em seus objetivos na áreade cooperação internacional. O Brasil e a Alema-nha, em conjunto, enfrentam os desa os globaisde preservação da biodiversidade e o combateàs mudanças climáticas. No Brasil, a CooperaçãoAlemã para o Desenvolvimento Sustentável atuaprincipalmente em duas áreas temáticas: Ener-gias Renováveis e E ciência Energética, além deProteção e Uso Sustentável das Florestas Tropi-cais. A GIZ apoia os seus parceiros nos planos lo-cal, regional, nacional e internacional, tanto emquestões estratégicas e conceituais quanto naimplementação de suas metas políticas.

Tudo começa identi cando medidas de con-servação de energia elétrica

Estima-se que ainda existem, em pratica-

Parcerias com o setor empresarial promovem Eficiência Energética no âmbito da Cooperação Brasil-Alema-nha para o Desenvolvimento Sustentável

Projeto Planetário no Rio de Janeiro.Parceiros: Prefeitura do Rio, Light e GIZ

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mente todos os setores, grandes potenciais deconservação de energia, e, consequentemente,de redução de custos pelo consumo energético.Os primeiros resultados das análises feitas pelaEmpresa de Pesquisa Energética (EPE) para a

construção de Curvas de Custo e Potencial (CCP)de conservação de energia con rmam a exis-tência dos potenciais no setor industrial. A GIZapoia, entre outros parceiros, a EPE para aprimo-rar alguns métodos de planejamento energéticoe de aquisição e organização de dados na áreade E ciência Energética. Dentro das atividadesconjuntas com a EPE, destacam-se a elabora-ção de um banco de dados para a construção deCCPs (cfe. Nota Técnica DEA 10/14).

As CCPs têm se mostrado, a nível inter-nacional, instrumentos úteis para apresentar deforma clara e de fácil entendimento o potencialde MEE e os seus benefícios econômicos. A EPEvem aplicando a metodologia de cálculo de CCPcom o intuito de indicar quais os potenciais deE ciência Energética nos diversos setores brasi-leiros. Atualmente, a metodologia está sendo le-vada à prática com uma primeira série de CCPs,em dez segmentos industriais: alimentos, alumi-na, bebidas, cerâmica, cimento, ferro-ligas, mi-neração, papel e celulose, química e siderurgia.

Os resultados das CCPs podem servir àsdistribuidoras e empresas privadas dos diversossetores como ponto de partida para a concepçãode projetos de conservação de energia elétrica.

Da teoria à práticaProjetos demonstrativos que demonstram

o potencial e a viabilidade econômica de MEEquebram as barreiras de mercado que impedema consideração e realização de projetos de E ci-

ência Energética. Para tanto, a GIZ busca realizarprojetos piloto em parceria com o setor empresa-rial. O objetivo desses projetos é justamente de-monstrar, em casos concretos, o valor adicional eos benefícios econômicos das MEE. Esses projetostornam-se, dessa forma, exemplos que podem serreplicados. Tais projetos, como requisito, devemcontribuir para atingir o objetivo comum no âmbi-to da cooperação Brasil-Alemanha: o combate àsmudanças climáticas (por meio da conservação deenergia elétrica, no caso em questão).

Para as empresas, uma parceria no âmbitodesses projetos piloto pode trazer, como benefícios,assessoria técnica e acesso ao conhecimento sobre

melhores práticas para a conservação de energia. Atítulo de benefícios relacionados com a realizaçãode projetos de E ciência Energética em geral, po-dem ser listados: o aumento da sua competividadeno mercado, a inovação tecnológica e a melhora daimagem pública como empresa/instituição que con-tribui para o cuidado com o meio ambiente.

O apoio da GIZ é variável conforme a na-tureza do projeto, podendo abranger desde arealização de estudos de identi cação do custoe do potencial de MEE concretas de conservaçãode energia até a concepção dos projetos. A GIZfornece o apoio através dos trabalhadores pró-prios da agência e por meio de consultores inter-nacionais e nacionais, trazendo desse modo asexperiências e metodologias da GIZ da Alema-nha e as experiências em outros países.

A parceria entre a Prefeitura do Rio de Ja-neiro, a distribuidora de energia elétrica Lighte GIZ, que visa realizar medidas de E ciênciaEnergética e gerar energia elétrica com placasfotovoltaicas no Planetário do Rio de Janeiro,exempli ca bem o arranjo institucional necessá-rio e as vantagens de uma parceria com o setorempresarial. O projeto reúne o interesse da Pre-feitura em tornar o Planetário uma referência nouso e ciente e na geração limpa de energia, osrecursos da Light para realizar projetos de E ci-

ência Energética e a experiência alemã da GIZ noassessoramento dos seus parceiros para melho-rar a E ciência Energética e aumentar o uso dasfontes renováveis de energia. Dessa forma, osparceiros combinam suas capacidades e juntostrabalham para alcançar o objetivo em comum– que, neste caso, consiste em reduzir o consumoenergético do Planetário em aproximadamente20% e gerar energia limpa a partir da energia do sol.A GIZ apoiou os parceiros em diversas fases do pro- jeto, merecendo destaque a realização do diagnós-tico energético do Planetário por peritos alemães ea concepção do projeto executivo para instalação desistema fotovoltaico na fachada do prédio. O proje-to encontra-se ainda em fase de implementação.

Durante os projetos, o acesso e contato comprodutos alemães de inovação tecnológica de E ci-ência Energética pode ser facilitado pela GIZ para aempresa parceira. Para tal m, a GIZ organiza visitastécnicas a outros projetos de E ciência Energéticano Brasil ou até mesmo na Alemanha para mostraros avanços tecnológicos no setor correspondente.

Para mais informações sobre a GIZ, acessewww.giz.de ou entre em contato com o respon-sável pelas parcerias com o setor empresarial noBrasil [email protected].

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Medição e Verificação em Pro-

jeto de Eficiência Energética

Qual a sua formação? E a sua experiênciaprofissional?

Agenor Garcia - Sou formado em EngenhariaElétrica pela UFBA, com mestrado e doutoradoem Planejamento Energético pela COPPE/UFRJ.Trabalhei cerca de 25 anos em indústrias, prin-cipalmente no Pólo Petroquímico de Camaçari,em manutenção e projetos. Desde 1997 tenho

atuado em e ciência energética, tendo traba-lhado em Empresas de Serviços de Conservaçãode Energia (ESCOs), na minha própria ESCO, naEmpresa de Pesquisa Energética (EPE), com pes-

Durante o ano de 2014, a SPE/ANEEL, em parceria com a GIZ Brasil, promoveu diversasedições do “Treinamento sobre Medição e Verificação em Projeto de Eficiência Energética”.O objetivo da capacitação foi treinar os técnicos das concessionárias e permissionárias nanova sistematização das metodologias de apuração dos resultados no âmbito do Progra-ma de Eficiência Energética (PEE). As metodologias, baseadas no protocolo internacionalde Medição e Verificação (M&V), representam uma iniciativa relevante para a avaliaçãomais criteriosa dos resultados dos projetos desenvolvidos no âmbito do PEE e na sua uni-formização pelas diversas distribuidoras. Na entrevista abaixo, o professor Agenor GomesPinto Garcia, que ministrou o treinamento, compartilha com os leitores a sua experiência emprojetos de M&V e as suas impressões sobre os objetivos, desafios e resultados do curso.

quisas na Universidade e com consultoria em e -ciência energética, inclusive para a ANEEL, sob opatrocínio da GIZ – Agência de Cooperação Alemã.

Qual o seu histórico anterior com instrumentos/atividades de Medicação & Veri cação (M&V)?

Agenor Garcia - Quando atuava em ESCOs,participei de alguns projetos de M&V. Em 2011,

tive a oportunidade de fazer, no Chile, o curso deCMVP (Certi ed Measurement and Veri cationProfessional), a convite da Fundación Chile, paraquem tinha prestado alguns serviços. Este curso

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de CMVP, da EVO – E ciency Valuation Organi-zation, certi ca, da mesma forma, pro ssionaisde todo o mundo em M&V, só alterando a línguaem que é ministrado o curso. Depois da minhaaprovação no curso, como a EVO estava queren-do atuar no Brasil, convidou-me para ser instru-tor desses cursos. Desde então, ministrei 7 cursosCMVP no Brasil, 4 no Chile e 2 no Uruguai, alémde outros cursos em M&V não ligados à EVO.

É possível listar os principais objetivos e a im-portância da M&V nos dias atuais?

Agenor Garcia - O objetivo da M&V é apurar osresultados de ações de e ciência energética, que éa energia que NÃO se consumiu com a ação após aimplementação. Ou seja, como é a energia que não

se consumiu, não existe sicamente, não pode sermedida diretamente, como no caso de fontes reno-váveis, por exemplo. Assim, dizemos que a e ciênciaenergética é a energia consumida depois da imple-mentação de uma ação (troca de equipamento ouação gerencial) subtraída da energia que teria sidoconsumida se não houvesse existido a ação. Já quea instalação antiga não existe mais, também não sepode medir diretamente essa energia. É preciso, an-tes da ação, elaborar um modelo matemático do usoda energia pela instalação antiga, para que este mo-delo possa estimar quanta energia seria consumidadepois da ação. Um exemplo prático: troca-se um arcondicionado e mede-se o seu consumo em um mêsde julho. Se formos comparar diretamente este con-sumo com o aparelho novo no mês de dezembro, pormais e ciente que seja, o novo vai consumir mais. Istoé: há que se corrigir o efeito da temperatura ambien-te no uso da energia do ar condicionado antigo, paraestimar quanto ele consumiria no mês de dezembro,nas mesmas condições do novo.

Somente as técnicas de M&V podem apurarcom exatidão os resultados da e ciência energética.Assim, a sua aplicação é de fundamental importânciapara dar credibilidade e valorar as ações de e ciência.E, é claro, a e ciência energética nos dias atuais, comseveras e crescentes restrições no uso da energia,precisa cada vez mais ser praticada e incentivada.

Resumidamente, qual a finalidade do Guia de M&V?

Agenor Garcia -Um programa de política públicacomo o PEE, que faz uso do dinheiro do consumi-dor de energia elétrica, necessita demonstrar que

tais recursos são bem aplicados. Nesse sentido,portanto, somente uma M&V bem feita pode darcredibilidade aos resultados das ações de e ciên-cia energética. As ações do PEE, mormente em

pequenos aparelhos e em comunidades de baixarenda, representam um desa o adicional para asmedições necessárias ao projeto de M&V. Assim,o Guia pretende ser uma ferramenta que todasas distribuidoras possam usar, fazendo a M&V demodo semelhante, de modo a somar resultados.Com a aplicação do Guia, teremos um excelentebanco de dados do uso da energia e das ações dee ciência energética, que servirá para aprimoraressas ações e o próprio processo de M&V.

Quais os conceitos básicos de M&V que foramobjeto de estudo no treinamento?

Agenor Garcia - Os conceitos básicos de M&Vsão os que permitem formular o modelo do usoda energia descrito anteriormente e calcular os

resultados de ações de e ciência energética,pois é preciso entendê-los e aplicá-los criativa-mente a cada projeto. Por exemplo: o conceitode variável independente (da energia) é o que seaplica ao referido caso do ar condicionado para atemperatura ambiente. A temperatura ambien-te modi ca decisivamente o uso da energia doar condicionado, razão pela qual dizemos quetrata-se de uma variável independente. Em cadaprojeto, devemos identi car as variáveis inde-pendentes e fazer um modelo matemático decomo a energia varia em função dessas variáveis.

Existem passos/fases sequenciais de M&V a se-rem observadas num projeto inserido no âmbi-to do Programa de E ciência Energética (PEE)?

Agenor Garcia -Sim, e esse encadeamento estábem detalhado no PROPEE (módulo 8), que trataexclusivamente de M&V no PEE. A M&V acompa-nha todo o projeto, desde a de nição das ações,quando já se deve antever como serão feitas asmedições e qual vai ser o gasto com M&V. Antes daimplementação, é necessário fazer as medições dainstalação antiga (energia e variáveis independen-tes) e formular o modelo da energia, escrevendoum Plano de M&V, no qual se descreve como serãocalculados os resultados das ações de e ciência.Depois de feita a implementação, mede-se nova-mente a energia e as variáveis independentes, eé feito o cálculo de quanta energia foi gasta e dequanta seria gasta pela instalação antiga, utilizan-do-se o modelo. Os resultados devem compor umoutro documento, denominado Relatório de M&V.

Em termos práticos, e considerando a aplicabi-lidade das ações de M&V, quais os temas maisfrequentes do PEE?

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Agenor Garcia -Há uma determinação legal de que60% da receita do PEE deve ser aplicada em açõescom comunidades de baixa renda. E isso é feito, nosdias de hoje, principalmente com troca de lâmpa-das, geladeiras e ações no aquecimento d’água, me-lhorando o uso do chuveiro elétrico. Para cada umadessas ações, há uma metodologia de M&V implan-tada no Guia. Pode-se, também, analisar a reduçãodo consumo pela fatura da unidade consumidora, oque envolve um desafio adicional, mas acredito queserá uma tendência futura no PEE, devido ao seu baixocusto e praticidade. Além disso, o PEE tem feito outrasações, relacionadas, por exemplo, à iluminação e a arcondicionado. Também os bônus para eletrodomésti-cos (mediante os quais o PEE paga uma parte de umequipamento eficiente comprado na rede varejista)vêm sendo cada vez mais usados, e têm desafios de

M&V incorporados. Em tese, porém, qualquer açãoque economize energia pode ser incentivada pelo PEE.

De que forma foi construído o treinamento?Quais as etapas do curso?

Agenor Garcia -O treinamento foi construído em con- junto com a equipe da SPE. Foram feitos cursos prepara-tórios (três com a equipe da SPE, e um com representan-tes das distribuidoras que mais participaram do processode elaboração do Guia) antes de disseminá-lo, com todoo cuidado e critério para ter um bom resultado. Quanto aocurso propriamente dito, o conteúdo contempla, basica-mente, a revisão dos conceitos e a aplicação de exercí-cios práticos de preenchimento das planilhas do Guia.

Houve oportunidade para os alunos aplica-rem, em exercícios simulatórios, os conceitosteóricos trabalhados?

Agenor Garcia -Sim. Após a revisão dos concei-tos, houve a realização de trabalhos em grupo,cada qual escolhendo uma ação de e ciênciaenergética e discutindo como fazer a M&V na-quela situação. Depois, o resultado era compar-tilhado e debatido em plenário com os demaisgrupos, sendo que essa troca de informações eimpressões propiciou uma oportunidade ímparde esclarecer a aplicabilidade da M&V.

O grau de assimilação do conteúdo duranteesses exercícios era mensurável?Agenor Garcia -Sim, porque além da exposiçãodo trabalho em grupo, no nal do curso foi feita

uma avaliação nos moldes da prova da EVO (em-bora com um número reduzido de questões).

Quais os principais desa os/di culdades en-

frentados durante o processo de treinamento? Agenor Garcia - Além dos conceitos de M&V,que exigem uma certa experiência em e ciên-cia energética, há também necessidade de rea-lização de alguns cálculos estatísticos e de usodo Excel, conhecimentos esses que nem sempresão homogêneos nas turmas.

Qual a sua impressão geral sobre o evento?

Agenor Garcia -Fiquei muito satisfeito ao constataro interesse das pessoas em aprender os conceitos deM&V e o comprometimento para fazer um bom traba-lho de apuração dos resultados das ações de eficiência.

E, para nalizar: qual a sua avaliação sobre a

importância de eventos como esse no atualcontexto do setor elétrico?

Agenor Garcia - A realidade está mostrando, deforma inequívoca, o quanto as práticas de e ciênciaenergética são absolutamente indispensáveis nosdias de hoje. Não faz nenhum sentido o mau uso daenergia quando a sua geração é cara e representasempre um forte impacto ambiental. Incentivar açõesde e ciência energética não signi ca incapacidade deatender à demanda; ao contrário, é uma ação inteli-gente de melhor atender à demanda realmente ne-cessária, otimizando os recursos disponíveis. A M&V,sob esse prisma, ajuda a dar credibilidade ao PEE e àsações de e ciência energética, além de difundi-las,uma vez que constituem a única forma de medir comprecisão o gasto de energia evitado. Dessa forma, apartir da compreensão da M&V, é possível aumentara e ciência energética no país e evitar o uso de re-cursos naturais escassos, com vistas a preservar aqualidade de vida das novas gerações.

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Cogeração através de TuboGerador a Parafuso Helicoidalutilizando Vapor Saturado.

Alex Percio Leandro, Davidson Andreoni Rocha (CEMIG)

ResumoEste artigo abordará alguns obstáculos en-

contrados e superados durante a instalação e parti-da de um Turbo Gerador a Parafuso Helicoidal queutiliza vapor saturado para cogeração de energia.Os entraves encontrados se concentravam princi-palmente nos parâmetros de coordenação e pro-teção do sistema. Após estudos detalhados de me-dições elétricas, foi possível avaliar as variáveis decontrole e propor soluções tangíveis para adaptaro sistema chinês à realidade do sistema elétrico daplanta local. A principal novidade dessa tecnologiadiz respeito à forma de utilização do vapor (que sedá em seu estado saturado), pois grande parte dasindústrias brasileiras possui esse potencial aindanão explorado. Essa tecnologia permite gerar ener-gia na faixa de potência entre 50 e 1.500 kW, compreços bastante competitivos.

IntroduçãoA implantação de projetos de e ciênciaenergética em grandes consumidores é realizadano regime de contrato de desempenho, median-te o qual a concessionaria investe 100% do valornecessário à implantação do projeto, e o cliente

Quadro resumo do projeto

Título do projeto

Empresa

ESCO

Cliente

Valor invertido

Modalidade

Tipo

RCB

Cogeração - EMPRESA LTDA.

CEMIG Distribuição S.A.

Eficientia S.A.

Empresa Ltda.

R$ 2.300.000,00

Contrato de performance

Cogeração

0,786%

amortiza esse investimento mensalmente com aeconomia de energia elétrica proporcionada.

Amortizado o investimento, a empresa começaa usufruir do benefício econômico da redução do consu-mo resultante do projeto de eficiência energética.

A Efficientia, que já atua nesse mercado há maisde dez anos, com desenvolvimento de projetos que utili-zam contratos de desempenho, possui ampla experiên-cia em viabilizar projetos em todos os segmentos.

Quando o projeto é considerado viável, aE cientia, junto à concessionaria de energia queatende a empresa, viabiliza o aporte de até 100%dos recursos nanceiros para sua realização. Res-salte-se, ainda, que a E cientia faz toda a trami-tação com Cemig e ANEEL, além do acompanha-mento da implantação e medição dos resultados.

A forma mais rápida de se fazer um proje-to de e ciência energética utilizando os recur-sos das concessionárias de energia é através

da prospecção de usos nais, sendo que, paratodos os segmentos, a Ef cientia realiza análisestécnicas para os clientes localizados na área de con-cessão da Cemig.As premissas adotadas para a im-plementação da cogeração através do turbo gerador aparafuso helicoidal estão descritas conforme Tabela 1.

Objetivos

O projeto em questão foi concebido visando oaproveitamento, para a geração de eletricidade,de parte da energia contida no vapor utilizadono processo produtivo da empresa, sendo utili-

zada, de forma inédita no Brasil, uma tecnologia

prospectada pela empresa E cientia na China,denominada “Turbo Gerador a Parafuso Helicoi-dal”. Para o projeto, foi concebida uma potênciamédia instalada de 250 kW e uma geração de

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1.664,4 MWh/ano que representa um valor mé-dio de 13,85% do consumo da empresa, comuma relação custo-benefício (RCB) de 0,786.

Justi cativasEmpresas que investem em projetos de e -

ciência energética podem economizar recursos,ganhar competitividade e amenizar a pressão so-bre o aumento da oferta de energia. Para se garan-tir no atual mercado global, é preciso apostar eminovação e perseguir a e ciência em todos os seto-res, incluindo o consumo de energia.

Mesmo com alterações tarifárias e varia-ções nos modelos energéticos, projetos de co-geração de energia e e ciência energética con-tinuam a ser imprescindíveis para as empresas.Potenciais de e ciência energética estão pre-

sentes na maior parte das empresas [2].Uma boa saída para indústrias e comer-cio nacional manterem a competitividade emrelação ao mercado internacional e a outrasempresas do mesmo setor, está nos progra-mas de eficiência energética disponibilizadospelas empresas de serviços de conservaçãode energia e concessionárias.

Diante desse cenário, a aplicação de um“Turbo Gerador a Parafuso Helicoidal” representauma grande novidade no que diz respeito à formade utilização do vapor, que se dá em seu estadosaturado, tornando a empresa mais e ciente ecompetitiva com outras do mesmo setor.

Resultados AlcançadosOs componentes básicos do gerador são

um par de parafusos helicoidais e uma carcaça.O vapor saturado, em sua expansão volumétrica,provoca a movimentação dos dois elementos he-licoidais, convertendo a sua energia em força mo-triz, que por sua vez aciona um gerador elétrico.

Para aferição do funcionamento do sistema,foram realizadas medições através de um analisadorde rede Embrasul modelo RE6000. Durante as me-

dições, percebeu-se que o gerador não apresentavauma geração satisfatória dentro das premissas ini-ciais do projeto, uma vez que a geração era iniciadae, após alguns segundos, a proteção era atuada e re-tirava toda a planta e o gerador de funcionamento.

Diante de todos os dados apresentados nasmedições do painel de proteção e no gerador, che-gou-se à conclusão de que não existia apenas uma

condicionante para os problemas de atuação da prote-ção ao acionar a geração, uma vez que houve retirada doredutor de velocidade e alterações nas características doequipamento para adaptá-lo às condições da empresa.

Tendo em vista que existia um per l anormalde resposta das correntes ao iniciar o processo degeração, fez-se necessário realizar teste do equi-pamento de modo mais minucioso, sendo que em

tal caso foram encontrados os per s de corrente deacordo com a Figura 1.De acordo com a Figura 1, ocorreu um surto

de corrente às 16h17, que se amorteceu em aproxi-

madamente 0,5 segundos; ou seja, houve um surtomuito rápido de 0,31 ciclo. Todavia, existe no perío-do entre 16h18 e 16h22 um afundamento e desequi-líbrio de duas correntes em relação à corrente “ A”.

Esse desequilíbrio, detectado no painel deproteção e cronometrado em 1min e 20seg apósentrada do gerador no sistema, culminou na atu-ação do relé, acarretando o TRIP.

A atuação do relé é uma evidência dascausas pelas quais o gerador não pode ser ope-rado em toda sua potência, enfatizando-se que,nesse momento, o gerador esta com uma carga

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aproximada de 95kW – com tal carga, e tendoem vista as características da rede Cemig, ape-nas o sistema interno na Empresa foi afetado,sendo que os des-balanceamentos das correntesnão afetaram a rede.

No que tange aos valores de corrente,nos piores casos de afundamento houve umavariação de 13,4% da fase C com relação à faseA, e de 11,13% da fase B em relação à fase A,circunstância que se mantém nos instantes se-guintes até a atuação dos relés de proteção dasubestação (SE).

Na ocasião da instalação do gerador, odisjuntor principal, localizado na subestaçãointerna da empresa, apresentava uma série deproblemas mecânicos e elétricos, o que impe-diu, no comissionamento do gerador, que fos-

se detectada a incompatibilidade do sistemade geração com o sistema elétrico existentena indústria.

Tal incompatibilidade, inicialmente, cau-sou certa confusão, uma vez que, o disjuntorlocal não atuando, foi cogitada a existência deproblemas na subestação da Cemig, hipótese to-talmente descartada ao analisar-se os sistemasde proteção da SE.

Resultados de medições realizadas nessaocasião, foram avaliados os parâmetros de ten-são, corrente, taxa de distorção harmônica decorrente, taxa de distorção harmônica de tensãoe potência gerada, para os quais, de acordo comrelatório disponibilizado pela E cientia, foramencontrados os seguintes resultados:

• O banco de capacitor da Empresa paracorreção de fator de potência não estava funcio-nando, sendo que por algum período o geradordesempenhou a função do equipamento paracorreção do fator de potência.

• A planta estava operando com umatensão superior aos valores recomendados pe-los procedimentos de distribuição – PRODISTMODULO 8.

• Existia um afundamento anormal dascorrentes que eram enxergadas pelo sistemaelétrico existente, como um curto circuito faseneutro acarretando a atuação da proteção 50/51Sobrecorrente de Neutro e, consequentemente,a atuação dos disjuntores.

Em última análise, foi constatado o queocasionava o afundamento de corrente e aconsequente atuação da proteção da empre-

sa e, posteriormente, a atuação da subesta-ção da Cemig.O problema estava em uma chave seccio-

nadora da SE da empresa, sendo que tal incon-

formidade foi corrigida e possibilitou a utilizaçãodo Turbo Gerador a Parafuso Helicoidal sem res-trições elétricas. A partir desse momento, a ge-ração ocorreu normalmente, conforme premis-sas iniciais do projeto.

ConclusõesA aplicação de uma nova tecnologia em

sistema elétrico de potência – SEP, diferente dosistema para o qual o equipamento foi fabricado,deve ser realizado com uma série de cuidados,para que a nacionalização não se torne um en-trave para o bom resultado do projeto.

O projeto apresentado neste artigo com-prova tal assertiva, uma vez que, inicialmente,foi necessário um grande espaço de tempo paraa engenharia da E cientia entender os proble-

mas apresentados na fase de ajuste da geração.Se por um lado existe a di culdade emcompatibilizar novas tecnologias de cogeraçãode energia ao sistema, por outro, ao serem sa-nadas todas as pendências existentes relativasà geração, percebe-se que, com os devidos cui-dados nas etapas inicias do projeto, é possívelexecutar diversas modalidades de projetos semtemer as diferenças entre sistemas.

Tendo a E cientia, graças a este proje-to, adquirido uma grande experiência nestamodalidade, recomenda-se que, para outrosempreendimentos similares, sejam tomados osseguintes cuidados:

• Realização de toda uma reanálise dacoordenação e proteção do sistema de gera-ção, na ocasião de sua implantação, de modoque o comissionamento seja realizado comtodos os equipamentos em perfeito estadode funcionamento.

• Análise dos relés, ajustes das curvas deabertura, atuação do TRIP e o tempo de atu-ação dos equipamentos de proteção, que emexperiências anteriores com outros sistemas degeração se mostraram muito e cazes – atentan-do para o fato de que ajustes nos de proteçãoforçam a atuação de relés desnecessariamente,adicionando um índice de con abilidade e sele-tividade pior ao processo.

• Os níveis de tensão de alimentação dasubestação devem ser colocados restritamentedentro daqueles preconizados pelos procedi-mentos de rede.

• Sugere-se, por m, uma revisão de to-

dos os equipamentos de proteção como relés,TCs, TPs e disjuntores, para que, ao realizar opré-comissionamento, sejam evitados proble-mas impeditivos de geração.

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Bônus para troca de eletrodo-mésticos

Nara Cardoso Marambaia, Ana Christina R. Mascarenhas (COELBA)Resumo

O Projeto Nova Geladeira Venda, desen-volvido pela Companhia de Eletricidade do Es-tado da Bahia - Coelba com recursos do Progra-ma de E ciência Energética, tem como objetivosubstituir refrigeradores e lâmpadas ine cientesde consumidores residenciais moradores de co-munidades populares que se inscrevam no Ca-dÚnico do Governo Federal. Essa substituição derefrigeradores é realizada em parceria com lojasvarejistas e a preços subsidiados.

Além de promover a redução do consumoe adequação da fatura de energia à capacidadede pagamento do cliente, o projeto colaborapara a conservação do meio ambiente atravésda regeneração do gás CFC-R12 retirado e da re-ciclagem das sucatas dos refrigeradores antigos.O recurso oriundo da venda da sucata é desti-nado à manutenção de projetos de geração deemprego e renda em comunidades populares,principalmente o Vale Luz Coelba.

IntroduçãoO Projeto Nova Geladeira Venda, desen-

volvido pela Companhia de Eletricidade do Esta-do da Bahia - Coelba com recursos do Programade E ciência Energética, tem como objetivo subs-tituir 1.500 refrigeradores (1.000 unidades de mo-delo simples e 500 unidades de modelo duplex) e6.000 lâmpadas ine cientes de consumidores re-

sidenciais moradores de comunidades popularesque se inscrevam no CadÚnico do Governo Fede-ral ou que já estejam inscritos (possuam NIS).

Essa substituição de refrigeradores é rea-lizada em diversas etapas, em parceria com lojasvarejistas e a preços subsidiados. O cliente depo-sita o cupom de inscrição em uma Loja Parceiraou Agência Coelba e aguarda o contato da equi-pe do projeto, que irá agendar uma visita à casado cliente. Em seguida, o cliente será orientadoa procurar o atendimento da Prefeitura para seinscrever no CadÚnico do Governo Federal. So-mente após essa inscrição o cliente está apto air à loja parceira e realizar a compra de um dosequipamentos predeterminados. A loja parceiraé responsável pela entrega do novo refrigeradore pelo recolhimento do equipamento antigo, oqual a concessionária enviará para a reciclagem.

O projeto foi iniciado em julho de 2012,mas a primeira venda foi registrada em outu-bro de 2012. Os bônus sofreram alteração em

função da grande procura por refrigeradoresduplex, passando para 100 unidades de modelosimples e 1.400 unidades de modelo duplex. Nom de janeiro de 2013, os 1.400 bônus dos refri-geradores duplex já estavam esgotados. Comoo projeto ainda não foi encerrado, a redução deeconomia de energia ainda não foi calculada,mas outros resultados já podem ser observadoscom a execução do projeto.

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Quadro resumo do projetoTítulo do projeto

Concessionária

Cliente

Valor investidoValor da contrapartida

Modalidade

Tipo

RCB

Projeto de Venda Subsidiada de Refrigeradores para Consumidores de Baixo Poder Aquisitivo

Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (COELBA)Residenciais com Baixo Poder Aquisitivo

R$ 1.750.000,00 (hum milhão e setecentos e cinquenta mil reais)R$ 200.000,00 (duzentos mil reais)

A realização do projeto foi com recursos da distribuidora com oferta de bemResidencial0,558 (previsto)

ObjetivosAs principais motivações para criar o “Pro-

jeto Nova Geladeira - Venda” foram a redução doconsumo das famílias atendidas, a adequação do

valor da conta de energia à sua capacidade de pa-gamento e a inscrição de consumidores no CadÚ-nico do Governo Federal. Espera-se uma reduçãoanual de energia de 1.451,07 MWh e a retirada de325,75 kW de demanda na ponta. A relação custo--benefício prevista para o projeto foi de 0,558.

Justi cativasA inserção da população com baixo poder

aquisitivo como cliente de uma empresa conces-sionária de energia elétrica não pode ser consi-derada concluída tão somente com a construçãode redes e ligação das unidades e a consequenteemissão de faturas de energia, pois esses clientes,que sofrem os efeitos dos desequilíbrios sociais eeconômicos mais intensamente, precisam ter umapolítica de comercialização diferenciada por partedas concessionárias. (MASCARENHAS, 2003).

As principais causas do consumo elevadosão o uso inadequado de energia elétrica gera-do pela falta de informação sobre o uso racional,o uso de instalações elétricas precárias, a utili-zação de refrigeradores em péssimo estado de

conservação e as construções sem ventilação eiluminação natural. (MASCARENHAS, 2003).Com base na Pesquisa de Orçamentos Fa-

miliares (POF) do IBGE, o consumo sustentávelde energia elétrica é aquele que corresponde aum valor de até 5% da renda familiar – mas essarealidade é praticamente inexistente nas cama-das de renda até 3 (três) salários mínimos.

De acordo com a pesquisa realizada em1999 pela Coelba, pelo Procel e pela Diagonal, em3.700 domicílios de três comunidades populares daCidade de Salvador, o consumo médio em comuni-dades populares varia de 96 a 139 kWh/mês; toda-via, poderia ser reduzido para o intervalo de 81 a 121kWh/mês, caso fossem adotados hábitos e cientes.

Desenvolvimento do ProjetoO Projeto Nova Geladeira Venda é realiza-

do, até o momento, na Coelba, concessionáriade energia do estado da Bahia, e atende famílias

moradoras de comunidades populares em Sal-vador, com o intuito de inscrever os clientes debaixo poder aquisitivo na Tarifa Social de Ener-gia Elétrica (TSEE) através da indução de que ocliente procure o atendimento da Prefeitura Mu-nicipal de Salvador para se inscrever no CadÚni-co do Governo Federal.

Os principais desa os são relacionados àlogística, incluindo desde a distribuição da equi-pe nas lojas varejistas parceiras, o recolhimentodos cupons de pré-inscrição nas urnas localiza-das nas lojas e agências da Coelba, a triagem dosdados informados pelos clientes no cupom depré-inscrição, o contato com o cliente via telefo-ne para agendamento de visita domiciliar, a rea-lização de visita domiciliar, o controle de vendanas lojas varejistas, o controle de entrega da ge-ladeira antiga pela loja varejista até o processode reciclagem do equipamento antigo.

O projeto está diretamente relacionado àstrês dimensões da sustentabilidade: i) ambiental- através da destinação adequada dos resíduosdos equipamentos antigos; ii) social – melho-

ria da qualidade de vida dos consumidores quepodem refrigerar seus alimentos, adequação daconta à capacidade de pagamento, aumento dopoder de compra e nanciamento de projetos degeração de renda; iii) econômico – com a redu-ção da inadimplência dos consumidores bene -ciados, além da redução da demanda de energiano horário de ponta, postergando a necessidadede investimentos no sistema elétrico.

Etapas de desenvolvimentoOs critérios para inscrição no Projeto Nova

Geladeira Venda estão de nidos no folder/ chade inscrição:• Ser titular de contrato de energia elétrica de

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unidade consumidora residencial em comunida-des populares (baixo poder aquisitivo) localiza-das no município de Salvador;• Possuir CPF coincidente com o constante na fa-tura de energia elétrica;• Ter mais de 18 anos;• Estar adimplente com a Coelba (podendo qui-tar os débitos para participar do projeto);• Estar com fornecimento regular de energia;• Apresentar média de consumo mensal dos 3(três) maiores meses dos últimos 12 (doze) me-ses igual ou maior que 80 kWh/mês;• Ter refrigerador antigo para entregar;• Não estar participando de outro projeto de e -cientização da Coelba;• Depositar cupom de intenção de participaçãono projeto nas urnas localizadas nas lojas conve-

niadas e agências Coelba participantes;• Procurar o órgão da Prefeitura responsávelpelo Cadastro Único para programas sociais doGoverno Federal e solicitar inscrição;• Adquirir apenas os equipamentos predeterminados.

A) Informação sobre o projeto nas AgênciasCoelba e Lojas Credenciadas, e inscrição atra-vés de urnas instaladas

Nas lojas conveniadas e agências Coelbaparticipantes foram disponibilizados bannerde divulgação do projeto, folder/ cha de pré--inscrição e urna para depósito da cha. Alémdisso, nas lojas conveniadas, os equipamentosdo mostruário são sinalizados com um adesivodo projeto, indicando o valor a ser pago pelocliente, e há atendentes do projeto que tiramdúvidas e orientam os clientes. Após o clientese informar sobre o projeto e veri car que seenquadra nos critérios constantes na cha depré-inscrição, ele deverá preencher a cha comseus dados e depositar o cupom na urna emuma das lojas e/ou agências.

B) Triagem dos dados dos clientesAs chas são periodicamente recolhidas

em todos os pontos de inscrição e levadas parao escritório. A equipe de back o ce irá veri cara validade dos dados informados pelos clientes,identi cando aqueles que realmente atendemaos critérios do projeto ou não. Os clientes ap-tos a participarem do projeto são contatadospor telefone para agendamento de visita do-miciliar. Nessa etapa, porém, surge um grande

entrave, pois muitos clientes informam núme-ros de telefones inválidos e/ou incorretos, quenão atendem. Com isso, fica impossibilitado ocontatos com muitos dos clientes inscritos.

C) Visita domiciliarDurante a visita domiciliar, o supervisor do

projeto valida o endereço do cliente (área de co-munidade popular) e confere os seus dados. Feitoisso, a geladeira em uso do cliente é selada comum adesivo inviolável, e, então, o cliente recebeum cartão de acompanhamento no projeto.

Esse cartão é o acesso do cliente à compra dorefrigerador através do projeto. Durante a visita, o su-pervisor preencherá os dados do cliente no cartão, co-locará a data e horário da realização da visita e irá ca-rimbar e assinar o cartão no espaço da visita técnica.

D) Inscrição no CadÚnico nos postos da prefei-tura instalados nas Agências da Coelba

Após a visita domiciliar, o cliente precisase dirigir a um dos postos de atendimento daprefeitura, indicados pelo supervisor do ProjetoNova Geladeira Venda, para realizar a inscriçãono CadÚnico. O cliente precisa atender aos crité-rios da inscrição no CadÚnico, e, ao efetivá-la, aatendente da prefeitura preencherá, carimbará

e assinará o cartão de acompanhamento com osdados do atendimento CadÚnico.

E) Aquisição do bônus para compra do equipa-mento nas lojas credenciadas

Com o cartão de acompanhamento com ca-rimbo nos dois espaços (visita técnica e atendimentoCadÚnico), o cliente pode se dirigir às lojas parceirase realizar a compra do equipamento. Chegando emuma das lojas conveniadas, o cliente deve procurar asatendentes do projeto e se informar sobre o procedi-mento da compra.

Nesse momento, o cliente assinará o con-trato de participação no projeto e receberá o bô-nus no ato da compra do equipamento escolhido.

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F) Entrega do refrigerador novo e recolhimen-to da sucata

A entrega do refrigerador novo ao cliente éde responsabilidade da loja varejista parceira, as-sim como o recolhimento do refrigerador usado. Assucatas de refrigeradores recolhidas dos clientessão entregues à concessionária. O valor dos bônussó é repassado para a loja quando o quantitativodas vendas e a entrega das sucatas são conferidos.

Resultados AlcançadosO Projeto de Nova Geladeira Venda Coel-

ba foi iniciado em julho de 2012, com a dispo-nibilidade de 1.500 bônus, sendo inicialmente

Tópicos out/12 nov/12 d e z /1 2 jan/13 fev/13* TOTAL

Tabela 1. Quadro de Resultados Operacionais do Projeto Nova Geladeira Venda

Fichas recolhidasClientes inaptos

Clientes visitadosVendas efetuadas

Refrigerador 1 portaRefrigerador 2 portas

1.44898154783

75

1.6801728964499

440

1.661164772531

9522

351234772418

8410

133312611913

188

4.273699

2.8661.667

1.63532

1.000 bônus para refrigerador de 1 (uma) portae 500 bônus para refrigerador de 2 (duas) portas.No nal de novembro de 2012, os bônus de refrige-rador de 2 (duas) portas já estavam terminando e osbônus de refrigerador de 1 (uma) porta quase nãotinham saído. Por conta disso, os bônus foram alte-rados: 100 bônus para refrigerador de 1 (uma) portae 1.400 bônus para refrigerador de 2 (duas) portas.

Em 15 janeiro de 2013, já tinham sido recolhidas3.959 fichas de inscrição. Hoje, esse quantitativo já ul-trapassou as 4.000 fichas. No final de janeiro de 2013,os 1.400 bônus de refrigerador de 2 (duas) portas termi-naram e uma 2ª edição do projeto foi iniciada coma inserção de novos bônus, conforme Tabela 1.

Além disso, em torno de 50% dos clientesinscritos no projeto estavam sendo cadastra-dos na TSEE, conforme mostra a Tabela 2.

Tópicos Qtde.

Tabela 2. Quadro de Resultados do Projeto Nova Geladeira Venda.

Clientes incritos no projeto vendaClientes com NISContratos com TSEE (B13)

Contrato sem TSEE (B11)

Contratos não identi cados

Clientes sem NIS

Clientes com NIS enviadospela SETAD/PMS

Clientes ainda sem NIS

4.1472.5272.263

242

22

1.620

272

1.348

100%61%

Percentual100%

90%

10%

1%

39%

17%

83%

Observação100%

Esses clientes estão sendo cadastrados quando efetuam acompra do refrigerador.Esses clientes devem ter trocado titularidade e alterou o nú-mero da conta contrato.

Esses clientes estão sendo cadastrados na TSEE.

Esses clientes se enquadram em duas situações:1. Clientes com NIS ainda não enviado pela SETAD/PMS (prazo de 15a 30 dias para recebimento do Nº do NIS e posterior envio a Coelba)2. Clientes que ainda não procuraram o atendimento da SETAD/PMS.

O Plano de M&V está sendo realizadoconsiderando a metodologia de Retro t Isola-do, onde todos os parâmetros de in uência do

consumo são medidos. São feitas medições pré--retro t. As medições pré-retro t são realizadaspor um período de 3 (três) dias consecutivos, emfunção do limitado tempo entre a aquisição do

equipamento na loja e o seu recebimento na resi-dência, com registradores eletrônicos, com memó-ria de massa e período de integralização de 15 (quin-

ze) minutos. As medições pós-retro t são similares.Os resultados em relação à reciclagem desucatas, arrecadação da venda de sucatas e re-dução de consumo de famílias bene ciadas pelo

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projeto ainda estão sendo fechados, visto que oprojeto é recente e encontra-se em andamento.O projeto está sendo fechado com a venda de1.400 refrigeradores de 2 (duas) portas e 41 refri-geradores de 1 (uma) porta, com um investimen-to em torno de R$1,45 milhão, e uma economiade energia esperada em torno de 1.000 MWh/ano, além da retirada na ponta de 250kW.

ConclusõesO projeto apresentou uma grande aceita-

ção junto aos clientes de baixo poder aquisitivo. Osbônus previstos para durar os 12 (doze) meses doprojeto foram praticamente esgotados em 4 (qua-tro) meses de venda de equipamento. Essa rápidavenda dos equipamentos gerou a inserção de uma2ª edição do projeto para inclusão de novos bônus.

Projeto Piloto de EficiênciaEnergética Light Recicla

Antonio Raad, Fernanda Mayrink e Vicente Guimarães (LIGHT SESA)

de 554,14 kW, além da coleta de 4.329 litros deóleo e 871,43 toneladas de resíduos recicláveis(papel, metal, plástico e vidro).

IntroduçãoNos 31 municípios da área de concessão

da Light existem mais de mil comunidades, comcerca de um milhão de moradores de baixo po-der aquisitivo. Nos últimos anos houve mudan-ças importantes na realidade dessa parcela dapopulação com as obras do PAC e, principalmen-te, com a instalação de Unidades de Polícia Paci-cadora, que têm garantido a ocupação e paci -cação dessas comunidades.

A paci cação tem signi cado o resgate dacidadania das pessoas que vivem nessas comu-nidades, com liberdade e acesso a direitos bási-cos. A paci cação implicou na normalização demuitos serviços, como o de água, telefonia, TV a

ResumoEste trabalho apresenta os resultados

parciais obtidos no âmbito do projeto piloto deE ciência Energética Light Recicla, desenvolvi-do em comunidades paci cadas do municípiodo Rio de Janeiro. O projeto é focado em co-munidades de baixa renda e consiste na trocade resíduos recicláveis por créditos na conta deenergia. O projeto adota a premissa de que cadatonelada de lixo reciclado, ao retornar ao cicloprodutivo, possibilita uma economia de energia.Inicialmente, o projeto contempla 6 comunida-des e bene cia diretamente 3.092 clientes, quetrocam resíduos regularmente nos Ecopontos,com um bônus médio de R$ 40,00. O valor in-vestido desde o inicio do projeto até o momen-to (jan/2013) foi de aproximadamente R$ 1,5milhão, alcançando uma economia de 3.070,78MWh/ano e uma redução de demanda na ponta

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cabo e energia. Assim, os moradores passarama ter novas responsabilidades, e, consequen-temente, novas contas para pagar – a conta deluz, por exemplo. Geralmente a conta de energiaestava in acionada pela cultura do desperdício,uma vez que grande parte desses moradores vi-veu durante anos sem pagar pela energia consu-mida. As contas de energia com valores elevadosgeram um impacto considerável nos orçamen-tos domésticos das pessoas das comunidadespaci cadas, e tal fator representava um cenáriode risco para a Companhia, no que se refere àinadimplência e ao furto de energia.

Para reduzir esse risco, a Light começoua desenvolver, a partir de 2003, ações educativassobre o uso e ciente da energia e a troca de equi-pamentos obsoletos por novos e mais e cientes,

com Selo Procel, dentro do “Projeto ComunidadeE ciente”. Entretanto, vislumbrou-se a possibili-dade de se fazer ainda mais, pois foi constatadoque, mesmo após a paci cação, o problema dacoleta e destinação do lixo persistia nessas comu-nidades, criando um ambiente de falta de higienee propício à proliferação de doenças.

Assim, a Light iniciou, em 2011, o pilotodo projeto de e ciência energética “LIGHT RE-CICLA”, inicialmente implantado na Comunida-de Santa Marta e bairros vizinhos. O projeto tevesua primeira etapa concluída, e deverá ter a fasepiloto totalmente concluída no 1ª semestre docorrente ano (2013). O projeto já investiu cercade R$ 1.5 milhão e alcançou uma economia deenergia de 3.070,78 MWh/ano e reduziu 554,14kW de demanda na ponta. Houve a coleta de871,43 toneladas de resíduos recicláveis (papel,metal, plástico e vidro) e 4.329 litros de óleo. Onúmero de participantes atingiu, em fevereirode 2013, um quantitativo de 3.092 clientes queregularmente trocam resíduos por bônus naconta de energia. O quadro I resume as princi-pais informações do projeto.

ObjetivosO objetivo principal do projeto é adaptar

e validar uma metodologia de troca de resíduospor bônus na conta de energia, aplicável à reali-dade dos consumidores da LIGHT, em sua áreade concessão, considerando: processos educa-tivos, software de controle, acompanhamento,desenvolvimento de parcerias e logística de co-leta de descarte de resíduos. O objetivo secun-dário é organizar um programa de coleta seletivade resíduos sólidos com valor de mercado e, as-sim, gerar renda para facilitar o pagamento dascontas de energia da população, principalmentede baixa renda (mas não exclusivamente).

A abordagem social do projeto visa con-tribuir para uma mudança cultural e de atitudesno modo de vida da população, favorecendo o uso

racional dos recursos, colaborando com práticas decidadania e sustentabilidade. Também promove aintegração “morro-asfalto”, uma vez que os bô-nus dos resíduos coletados em bairros vizinhos, demaior poder aquisitivo, podem ser doados às insti-tuições sociais ou para outras pessoas cadastradas.

O projeto está sustentado em uma solu-ção inovadora de e ciência energética. A pre-missa adotada é que cada tonelada de lixo reci-clado, ao retornar ao ciclo produtivo, possibilitauma considerável economia de energia. Estetrabalho apresenta o desenvolvimento e os re-sultados parciais deste projeto. Os principaisresultados do projeto piloto estão baseados emdados recolhidos pelo sistema informatizado decontrole e em uma pesquisa de opinião realizadaem março de 2012. Nas 6 (seis) comunidades be-ne ciadas, foram recolhidos aproximadamente871 toneladas de resíduos, gerando uma econo-mia de energia elétrica anual de 3.071 MWh.

Justi cativaEntre as justi cativas do projeto estão: i)

a redução das perdas e da inadimplência nas co-munidades paci cadas, em função do aumento

Quadro resumo do projetoTítulo do projeto

Empresa

ESCO

Cliente

Valor investido

ModalidadeTipo

RCB

Projeto Piloto de E ciência Energética Light Recicla

Light SESA3E Engenharia em E ciência Energética Ltda.

Moradores de Comunidades de baixa renda do município do Rio de JaneiroR$ 1,5 milhão (até jan/2013)

Recursos não reembolsáveisPiloto (Residencial/Baixa renda)Prevista: 0,97 / Realizada: 0,90 (projetada)

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Resíduo

Energia elétricaeconomizada por

tonelada de produ-to (MWh/ton)*

TotalResíduos

(ton)

Tabela 1- Síntese dos Resultados Energéticos do Projeto

MetalVidroPapelPlásticoÓleo (litros)Total/Média

5,300,643,515,060,003,63

50,8898,88

589,56132,114329

871,43

269,6663,28

2.069,36668,48

-3.070,78

0,370,490,350,340,000,39

45,588,18

374,53125,85

-554,14

EnergiaEconomizada

(MWh)

Fator de cargamédio na pon-ta por classede resíduos

Demanda naPonta(KW)

da capacidade de pagamento dos clientes com oscréditos na conta de luz obtidos pelos participan-tes; ii) a disseminação de conceitos sustentáveisde consumo racional de energia e de reciclagemde resíduos sólidos; iii) colaboração para a retira-da dos resíduos das ruas e vielas das comunida-des o que contribui para a saúde e bem estar dosmoradores. Um dos objetivos especí cos do LightRecicla é gerar visibilidade para que o projeto ga-nhe escala, possibilite a formação de novas par-cerias e seja estendido para outras comunidades.

Assim os benefícios esperados do projetosão: gerar renda em áreas de baixa renda; diminuiro impacto ambiental provocado pelos resíduossólidos; contribuir com a minimização da inadim-plência e furtos de energia; elevar o índice de re-ciclagem dos resíduos sólidos; diminuir as doençascausadas pela poluição gerada pelo descarte ina-dequado do lixo; proporcionar uma mudança cul-tural na população em relação ao uso da energia eà destinação de resíduos sólidos; contribuir para odesenvolvimento e sustentação das UPP´s.

Resultados AlcançadosA implantação do projeto demandou o for-

talecimento da relação com as entidades repre-

sentativas das comunidades, para dar suporte aorelacionamento com a população. O trabalho desensibilização dos moradores buscou esclareceros benefícios em separar o material reciclável, re-conhecer quais resíduos têm valor de mercado eorganizar a troca por bônus na conta de energia.

No projeto Light Recicla clientes se cadas-tram nos postos de atendimento e recebem umcartão personalizado. A partir de então, o clientepode separar seus resíduos sólidos descartáveis(papel, papelão, metal, vidro, plástico e óleo ve-getal) e levá-los a um posto de coleta. No postoos resíduos são pesados e é calculado o valor dobônus, que é inserido no seu cartão. Cada resí-duo dá direito a um valor de bônus, com base

no seu valor no mercado de reciclagem. Em fe-vereiro 2013, por exemplo, os valores dos bônuseram: 1kg de plástico PET = R$ 1,00 de bônus;1kg de latinha = bônus de R$ 1,70; e 1 litro deóleo usado de cozinha = bônus de R$ 0,45.

O cliente pode dar três destinações aosbônus gerados: i) pode ser registrado no cartãopessoal, gerando os créditos na sua conta deenergia; ii) pode ser doado, como crédito para aconta de luz de alguma instituição social lantró-pica cadastrada no projeto; ou, iii) pode ser do-ado para outro consumidor cadastrado no sis-tema. Os resíduos são destinados à indústria dereciclagem e o valor arrecadado é repassado aosconsumidores que entregaram seus resíduos, ouàs instituições que receberam doações.

A Reciclagem de Resíduos e a Economia daEnergia

O projeto Light Recicla tem como baseum moderno conceito em projetos de e ciênciaenergética: a reciclagem é um processo que pou-pa energia elétrica. Em suma, produzir um bema partir de produtos reciclados é energeticamen-te mais e ciente do que produzir o mesmo bemem cadeias produtivas tradicionais com maté-

rias primas primárias. Os dados apresentadosna Tabela 1 consolidam os resultados energéti-cos do projeto até a presente data, e tem comobase a pesquisa do Dr. Sabetai Calderoni (1997),apresentada no seu livro “Os Bilhões Perdidos noLixo”, que apresenta, para cada tipo de resíduo,a economia de energia possibilitada pelo proces-so de reciclagem. Por exemplo: produzir uma to-nelada de metal a partir de materiais recicladospossibilita uma economia de 5,3 MWh em rela-ção à produção da mesma quantidade de metalcom processos convencionais.

Para estimar a economia de energia elé-trica resultante do projeto Light Recicla foi utili-zada como base a pesquisa de Produção de Re-

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síduos e Lixo Urbano, para o município do Rio deJaneiro, publicada pela Companhia Municipal deLimpeza Urbana – COMLURB. Também foi reali-zada uma pesquisa de hábito e geração de resí-duos recicláveis realizada em uma amostra de re-sidências da Comunidade Santa Marta, Humaitáe Botafogo. Com base nesses dados adotou-se,como referência, o valor 15 kg/hab/mês para asimulação dos resultados energéticos. A energiaelétrica economizada foi estimada consideran-do-se, dentre os clientes para as duas áreas, ummínimo de 27.500 unidades cadastradas no LightRecicla com 27,5% de aderência ao projeto, ouseja, 7.500 clientes participando efetivamente doprojeto. Assim, a expectativa de coleta até o naldo 1º semestre de 2013 era de 1.387 toneladas deresíduos nos 21 meses de operação da fase piloto.

Tal montante geraria uma economia de energiaanual de 5.102 MWh e redução de demanda na

ponta estimada em 1.088 kW.4.2 A Reciclagem de Resíduos e Redução

de Demanda na Ponta.O cálculo da Demanda Retirada na Ponta

traz uma abordagem nova, introduzida por par-te da LIGHT, para a avaliação dos resultados doLight Recicla como vetor de e ciência energé-tica. O cálculo utiliza a fórmula básica de Fatorde Carga, ou seja, Demanda Média dividida pelaDemanda Máxima multiplicada pelo tempo depermanência na ponta. Para cada uma das variá-veis foram adotados parâmetros conservadoresque, durante o projeto, estão sendo acompa-nhados e ajustados quando necessário.

A premissa utilizada no processo de cálcu-lo tem como base os consumidores que seguema tarifação horo-sazonal, na qual o cálculo do fa-

tor de carga é de nido de acordo com o horáriode ponta, sendo:

Fc ponta = consumo mensal ponta KWh

demanda ponta KW x horas ponta

• Tempo de Permanência na Ponta (hpon-ta): pela legislação, estipulam-se 3 horas comosendo o período efetivo. É de conhecimento geral

que as empresas do Grupo A trabalham em turnosdiretos, e que a redução ou parada de processos émuito mais onerosa do que o custo da energia naponta (pela legislação ter-se-á 3h x 22dias/mês x12 meses, num total de 792 horas/ ano).

• Fator de Carga (FCponta): para de ni-ção do Fator de Carga, foi feito levantamentona base de dados da LIGHT do Fator de Cargados Clientes Grupo A - Grandes Clientes, queproduzem Metal, Vidro, Papel e Plástico, tendosido possível de nir um Fator de Carga Médiopor setor produtivo. Dessa forma, pode-se acre-ditar que a energia consumida por setor terá oseu peso relativo garantido no cômputo geral daeconomia produzida pelo projeto.

A energia economizada apresentada é anu-alizada, utilizando-se no cálculo somente a parcelaque deveria ser consumida na ponta e foi economi-

zada. Tem-se, assim, 8.760 horas/ano de consumo,das quais 792h horas estariam na ponta.

O Fator de Redução a ser aplicado é de

aproximadamente 9% sobre o valor da energiaeconomizada (9% = 792/8760). Considerandoque algumas empresas podem ter executadoações de redução de demanda na ponta, foi de-nido, de forma conservadora, o fator de 1/20para o cálculo da Energia Economizada na Pon-ta; ou seja, será utilizado somente 5% da energiaeconomizada, conforme metodologia do Prof.Dr. Sabetai Calderoni.

• Demanda Reduzida na Ponta (kW): o va-lor de demanda reduzida na ponta (kW), por clas-se de resíduo, foi baseado no cálculo da EnergiaEconomizada versus o Fator de Demanda Médiona Ponta para cada tipo de classe de cadeia pro-dutiva, tendo-se como base os clientes da Lighte o fator médio nos últimos 12 meses.

A equação que de ne o cálculo da reduçãode demanda na ponta é apresentada a seguir:

RDP (kW) = (EE(MWh)*1000*5%) / (FC médio*792h) para 12 meses

Resultados do Light Recicla

O Projeto Light Recicla vem sendo exe-cutado desde agosto de 2011, tendo seu iníciona Comunidade Santa Marta e no seu entorno.O projeto conta com 8 (oito) pontos de coleta

que bene ciam 6 (seis) comunidades. Até o nal

de janeiro de 2013, o Projeto Light Recicla tinha3.585 clientes cadastrados e 2.972 clientes ati-vos (que são aqueles clientes que já realizarama troca de resíduos por bônus), correspondendo

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Contenção de perdas em sis-temas de distribuição de água

Cristian Sippel, Diogo Angelo Stradioto e Cássio C. Miszewski (RGE)

ResumoEste documento apresenta os resultados

do projeto “E cientização no Setor de ServiçosPúblicos”, realizado junto ao Serviço AutônomoMunicipal de Água e Esgoto (SAMAE) de Caxiasdo Sul, através do Programa de E ciência Ener-gética da Rio Grande Energia (RGE). Este projeto

teve como objetivo a redução de perdas no sis-tema de distribuição de água tratada da região,cujo índice de perdas é um dos maiores do Bra-sil. Foi realizada uma busca por vazamentos visí-

veis e por vazamentos subterrâneos, através detécnicas de geofonização, em 350 quilômetrosda rede de distribuição. O conserto desses va-zamentos resultou em uma redução 913.138,55m³/ano de água e 1.521,36 MWh/ano de energiaelétrica para bombeamento. Para perpetuar aconscientização do SAMAE para a importância

do gerenciamento das perdas, fez parte do pro- jeto um sistema de medição e controle em 40pontos da rede de distribuição interligados como centro de supervisão e operação de água.

Quadro resumo do projetoTítulo do projeto

Empresa

ESCOCliente

Valor investido

Modalidade

Tipo

RCB

E cientização no Setor de Serviços Públicos - SAMAE

Rio Grande Energia S.A. (RGE)

APS Soluções em Energia S/AServiço Autônomo Municipal de Água e Esgoto - CaxiasR$ 1.328.789,73Programa de E ciência Energética

Serviço PúblicoPrevisto: 0,29 Realizado: 0,22

IntroduçãoAs perdas nas redes de distribuição de

água tratada sempre foram um dos maiores de-sa os para as empresas de saneamento, pois emmuitas delas o volume de perdas ultrapassa ovalor realmente consumido. O projeto realizadovisou à redução de boa parte dessas perdas na re-gião de Caxias do Sul, que está entre os líderes emperdas de água dos municípios brasileiros, com61,3% de desperdício da água captada, segundo aRevista Saneamento Ambiental (2009). O desen-volvimento do trabalho foi dividido em 4 etapas:

• Estudo de Setorização: procedimento

inicial para controlar o sistema, possibilitandoum trabalho especí co em cada área por meiode manobras e intervenções, sem atuar em todaa rede. Assim, foi possível selecionar a região de

abastecimento a ser pesquisada, resultando naescolha das regiões onde as pressões do sistemade distribuição eram mais elevadas e com regis-tro histórico de consertos corretivos frequentes.

• Pesquisa de Vazamentos: após a se-torização do sistema, iniciou-se a busca por va-zamentos visíveis e não visíveis, mediante uti-lização de equipamentos especiais (geofoneseletrônicos, mecânicos, hastes de escuta, cor-relacionadores de ruído) para a detecção, con-templando 350 km de tubulações. As perdas sãoclassi cadas em dois tipos: perdas reais (perdasfísicas como vazamentos e transbordamento

dos reservatórios) e perdas aparentes (perdascomerciais como erros de medição e fraudes). Aação de contenção de perdas focou apenas nasperdas reais, caracterizadas pelos vazamentos

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visíveis e não visíveis nas tubulações.• Conserto de Vazamentos: consistiu na

identi cação e no rápido atendimento para oconserto de vazamentos em tubulações, instala-ções e equipamentos dani cados, que foi realiza-

do pela equipe do SAMAE que já possuía mão-de--obra quali cada e empresa contratada para essaatividade. Assim, só aconteceram escavaçõesonde realmente eram necessárias, causando omínimo de transtorno possível para a população.As atividades de setorização, localização de va-zamentos e conserto dos mesmos iniciaram em21/06/2010 e foram concluídas em 09/01/2012.

• Monitoramento: para a prevenção de per-

das de água no sistema de bombeamento, foi im-plantado um sistema de monitoramento de gran-dezas elétricas e hidráulicas em pontos estratégicosdo sistema de distribuição de água através de umCentro de Controle de Operações (Figura 1). A auto-

mação e supervisão dos principais sistemas de bom-beamento do SAMAE visam à redução da pressãode distribuição, que é uma das principais causas devazamentos e rupturas nas tubulações. O sistemade monitoramento também possibilitou a criaçãode indicadores e alarmes, sempre que a vazão mí-nima noturna (VMN) ultrapassar 40% da vazão má-xima diurna (VMD), podendo acionar as equipes depesquisa das perdas para deslocar-se para a região.

ObjetivosO projeto teve como objetivo a criação de

um sistema de contenção de perdas de água trata-da no município de Caxias do Sul. O programa prevêo monitoramento das regiões mais críticas da redee o conserto de vazamentos, visando à redução dodesperdício de água tratada, à redução dos níveis depressão nas tubulações e à redução de energia elé-trica utilizada pelas bombas de recalque.

Justi cativasA última pesquisa divulgada pela Revista

Saneamento Ambiental, referente ao ano basede 2009, apontou Caxias do Sul como uma daslíderes em perdas de água entre os municípiosbrasileiros, com 61,3% de desperdício de águacaptada, e que, supostamente, não é aprovei-

tada. Enquanto que São Paulo apresentou 32%,Florianópolis apresentou 17% e Curitiba 21%.O alto índice de perdas não causa apenas

desperdício de insumos para a realização do tra-

tamento da água bruta, mas também exige umagrande infraestrutura para abastecer a populaçãoe os vazamentos existentes, que causam uma“carga virtual” que não é utilizada e nem tarifada.

O monitoramento de pressões, vazões e oconserto de vazamentos trazem grandes benefí-cios para a população e para o município, pois al-tos índices de perdas não são mais toleráveis emuma época onde a sustentabilidade é essencialtanto no setor público quanto no privado.

Resultados AlcançadosA perda da água desde a produção (quan-

do retirada das fontes) até o consumo é calcula-da pela diferença entra a macro-medição (águadisponibilizada) e a micro-medição (água consu-mida). Para quanti car os resultados dos conser-

tos realizados, foram monitorados, através deum macro-medidor, 70 km de tubulações per-tencentes ao bairro Conde D’eu, correspondentea 20% da área geofonizada. Houve monitora-

Figura 1. Fluxograma da rede de distribuição

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mento das vazões antes e depois das ações decontenção, para que fosse possível comparar osresultados dessa etapa, e foram encontrados 97vazamentos visíveis e 46 vazamentos não-visí-veis nesse trecho. Com o conserto dos vazamen-tos, o volume de água disponibilizado diminuiu,

Figura 2 - Vazão macromedida antes e depois da performance no bairro Conde Deu.

reduzindo assim o percentual de perdas. Os re-sultados das medições são exibidos na Figura 2.

No projeto também foi contemplada acapacitação de duas equipes do SAMAE, possi-bilitando a criação de um setor responsável peladetecção e contenção das perdas de água.

Com base nos dados do grá co anterior,houve uma redução de 17,69% do volume deágua disponibilizado para esse trecho e uma re-dução de 23,78% da VMN. Com os valores de vo-lume de água recuperado após a performance,foi possível fazer uma projeção mensal e anualdo volume de água tratada que era perdida na

região do Conde D’eu. Com o volume recupera-do, multiplicado pelo custo do metro cúbico deR$ 3,58, chegou-se a incríveis R$ 1.370.886,42anuais de economia, somente nos 70 km quan-ti cados, do total de 350 km veri cados. O qua-dro seguinte resume os cálculos realizados paraquanti car os benefícios das ações realizadas.

Estimativa do volume recuperado

Tabela 1 - cálculo das economias alcançadas com o conserto dos vazamentos na Conde D’eu.

Volume disponibilizado antes da performanceVolume disponibilizado após a performanceVolume RecuperadoRedução do Volume em percentualValor Recuperado (3,58 R$/litro)

Volume Diário Projeção Mensal Projeção Anual

6.012,09 180.362,55 2.164.350,604.948,39 148.451,79 1.781.421,431.063,70 31.910,76 382.929,17

R$ 3.808,05 R$ 114.240,52 R$ 1.370.886,4317,69%

Somando a procura por vazamentos nos70 km do bairro Conde D’eu com os 230 km res-tantes de outras áreas, foram localizados 221 va-zamentos visíveis e 120 vazamentos não-visíveis.Com o conserto desses vazamentos, foi possí-vel evitar um volume de água desperdiçado de913.138,55 m³ por ano, resultando em um gasto

evitado de R$ 3.269.036,62 relativo à produçãode água que seria desperdiçada. Em termos deenergia elétrica, houve a possibilidade do desli-gamento de um grupo moto bomba de 2000 CV

da Estação de Bombeamento de Água Bruta Faxinalpor 456 horas em função da redução de demandaobtida. O resultado desse desligamento é a econo-mia de energia de 1.521,36 MWh ao ano, e uma de-manda evitada em horário de ponta de 304,38 kW.

Conclusões

Grande parte do esforço das bombas queabastecem as tubulações de Caxias do Sul ocor-re para suprir a alta quantidade de perdas devi-do a grande quantidade de vazamentos. Com a

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contenção de vazamentos, o monitoramento econtrole do sistema, foi possível desligar umadas três bombas que operam em horário de pon-ta na Estação de Bombeamento de Água Bru-ta Faxinal. O desligamento dessas bombas (de2.000 CV cada), em horários de ponta, nos quaisa energia é mais cara, resulta em grande econo-mia de energia elétrica e de água.

A contenção de vazamentos é de funda-mental importância para o bom desempenhoe efetividade do sistema de bombeamentode água de uma região. A existência dessesvazamentos acaba criando uma “carga virtu-al” de consumo que é atendida pelo sistema,mas não é tarifada, gerando enormes pre- juízos para as empresas de saneamento. O

processo de geofonização é trabalhoso, masnecessário para esse tipo de situação, a fimde corrigir erros de infraestrutura e controlede pressão que causaram esses vazamentos.Além disso, o monitoramento que está sendorealizado nos diversos pontos da rede de dis-tribuição de água do SAMAE é fundamentalpara que os vazamentos não ocorram nova-mente, e que todo o trabalho realizado nãoseja perdido. Além do sistema de monitora-mento on line, foram capacitadas duas equi-pes do SAMAE para continuidade do traba-lho. A geofonização foi realizada em 350 kmdos 1.400 km totais de tubulações, e, com osbons resultados apresentados, está sendo es-tendida para mais trechos da cidade.

Eficiência Energética em Indús-tria – Case 3M Ribeirão Preto

Gabriela Ferreira da Silva (CPFL Paulista)

ResumoO foco do projeto foi a redução de consu-

mo de energia e de demanda no horário de pon-ta na unidade fabril da 3M do Brasil, localizada nomunicípio de Ribeirão Preto/SP, através do Pro-grama de E ciência Energética (PEE) da CPFL –PAULISTA. Foram priorizados os sistemas de arcondicionado do recinto fabril, substituindo-seos antigos equipamentos de produção de águafria com base em compressores a pistão por no-vos equipamentos (Chiller Turbocor Tosi) com

condensação a ar; instalação de Recuperadorde Calor Entálpico em setor que, pelo processo

desenvolvido, necessita de eliminação de ar in-terno frequente e temperatura de no máximo22ºС. Também foram contemplados sistemas de ilu-minação, exaustão, bombeamento para refrigeraçãoe automação da caldeira. Os resultados atingidos sãode aproximadamente 280kW de demanda retiradana ponta e 1.560MWh/ano de economia de energia,sendo que as duas primeiras ações apresentadas aci-ma são responsáveis por 45% do resultado obtido.

IntroduçãoO projeto foi rea-

lizado dentro do PEE, eseguiu rigorosamente asdiretrizes e orientaçõesdo Manual para Elabo-ração do Programa deE ciência Energéticada ANEEL. Na Tabela 1,temos um resumo doprojeto, apresentando oRCB e o valor investido.

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Título do projeto

Empresa

Cliente

Valor investidoValor da contrapartida (se houver)ModalidadeTipo

Quadro resumo do projeto

ESCO

RCB

E cientização na Indústria

Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL Paulista)

3M - Ribeirão Preto

R$ 1.870.704,60Não háContrato de Performance celebrado com o cliente.Industrial

GCE do Brasil

0,766

Através de levantamento técnico emcampo e informações dadas pelo cliente, foramidenti cados os sistemas que seriam bene cia-dos pelo projeto de EE e posteriormente as solu-ções tecnológicas mais e cientes e viáveis, comas seguintes características:

• Sistemas de ar condicionado - Moderni-zação do sistema de ar condicionado através desubstituição do sistema antigo constituído portorres de resfriamento a pistão por Chiller Turbo-cor. Instalação do recuperador de calor entálpico.

• Refrigeração de equipamentos – Otimi-

zação do desempenho do sistema de bombas deágua para refrigeração através de substituiçãode equipamentos e melhorias no desempenhodos sistemas existentes.

• Equipamentos da casa de caldeiras -Substituição da bomba de alimentação da cal-deira e automação do ventilador de fornecimen-to de ar para queimação.

• Sistemas de iluminação - Modernizaçãodo sistema de iluminação.

• Sistemas de Exaustão - Instalação deexaustores eólicos em prédio do recinto fabril.

Melhorias

Sistema Chiller 180TR

Recuperador de Calor

Sistemas de refrigeração de equipamentos

Equipamentos da casa de caldeirasIluminação

Exaustores Eólicos

Sistema Chiller 20TR

585,97

142,97

101,53

184,28457,34

42,60

48,29

1.562,98

Redução deenergia (MWh)

Redução dedemanda (kW)

90,37

31,14

11,79

24,1687,50

27,30

8,14

280,40Tabela 1 - Resumo Resultados Obtidos

Todas as informações para constru-ção das economias geradas pelo projetoforam obtidas através de medições ante-riores e posteriores ao retrofit, de acordocom o Protocolo Internacional para Medi-

ção e Verificação de Performance (PIMVP),tipologias A e B. O período de execução doprojeto, desde sua elaboração até a medi-ção final, foi de 2 anos.

ObjetivosRedução de consumo de energia e de de-

manda no horário de ponta por meio de imple-mentação de projeto de e ciência energética.Foram considerados, no estudo de viabilidade eelaboração do Diagnóstico Energético, sistemas

de ar condicionado, refrigeração de equipamen-tos, equipamentos da casa de caldeiras, ilumina-ção e exaustão. O resumo das previsões conside-radas para o projeto consta da Tabela 2.

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Justi cativasO trabalho foi baseado na crescente ne-

cessidade da indústria de estar sempre à frenteem tecnologia e desempenho nos seus proces-sos, para que possa produzir da forma mais se-gura, limpa e e ciente possível. A escolha dossistemas abrangidos neste projeto decorreu dasua importância na contribuição da formaçãodos custos que a indústria possui com energia

elétrica, além de serem pontos onde a moderni-zação dos sistemas se fazia necessária.

Resultados Alcançados• Sistemas de Ar Condicionado

Chiller 180TR: Este sistema de ar condiciona-do está destinado à aclimatação. Foram substituí-dos os antigos equipamentos de produção de águafria, que funcionavam com base em compressoresa pistão (obsoletos), por equipamentos modernos(o Chiller Turbocor Tosi), que possui condensação aar e capacidade de refrigeração de 160 TR, sendoformado por duas unidades de 80 TR cada.

Com a instalação do novo equipamento,foi possível a desativação e retirada de duas tor-res de resfriamento e de todo o sistema de refri-geração à água da parte da condensação, umavez que agora ela é feita a ar, eliminando-se tam-

bém as bombas de circulação de água e os venti-ladores das torres. Não se utiliza mais água parao processo de condensação, e houve um ganhoespacial para a indústria, sendo que toda umasala de equipamentos foi desocupada.

O desempenho ideal é obtido através docontrole de velocidade variável contínuo. Oscompressores são ligados e desligados individu-almente, de forma a atingir o melhor Coe ciente

de Performance (COP). Uma ampla capacidadede modulação permite que pequenas cargas tér-micas sejam atendidas, o que reduz o númerode partidas do motor. O motor de compressãopossui mancais magnéticos ( gura 1), ou seja,não são mais necessários componentes para cir-culação, resfriamento e ltragem do óleo, e nãohá desgaste no mancal magnético, pois não hácontato entre as peças móveis, o que faz com queo grau de e ciência permaneça otimizado e oscustos de manutenção e serviço sejam reduzidos.

Também foram alvos do projeto os equi-pamentos auxiliares desse sistema, em especialas bombas de circulação de água gelada: foraminstalados em substituições 3 novos conjuntosmotobomba, cada um deles equipado com mo-tor de potência de 10 CV, que entram em opera-ção conforme a demanda.

Sistema AntigoSistema Atual

1.175,58

589,62

Consumo (MWH/ano) Demanda (kW)

178,33

87,96

Redução 585,97 90,37

Situação

Tabela 3 – Informações da Ação – Chiller Turbocor

Recuperador de Calor Entálpico: em deter -minado setor fabril, é necessário que se mantenhauma temperatura de até 22oС. Além disso, existemelementos tóxicos que são dispersos no ar atravésdo processo tecnológico desenvolvido no local, o

que faz com que frequentemente seja necessárioeliminar o ar do interior do recinto (resfriado e comimpurezas). Nesse ponto do sistema é que foi ins-talado um recuperador de calor entálpico.

Tal equipamento permite a recuperaçãoda energia do ar frio que estava sendo rejeita-do ( gura 1), e, dessa forma, o ar lançado para osistema de ar condicionado local é previamenteresfriado, podendo-se diminuir a carga desses

equipamentos. A troca de energia se dá por con-vecção através de placas especialmente desen-volvidas, sendo que não há contato do ar de saí-da (com impurezas) e o ar de entrada.

Previsto

Realizado

2.273,59

1.562,98

EE [MWh/ano] RDP [kW]

272,10

280,40

RCB

0,629

0,766Tabela 2 - Resumo da economia e RCB previstas

Situação

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Figura 1 - Reaproveitamento do ar resfriado.

Sistema Antigo

Sistema Atual

353,25

210,28

Consumo (MWH/ano) Demanda (kW)

66,28

35,14

Redução 142,97 31,14

Situação

Tabela 4 - Informações da Ação - Recuperador Entálpico

• Outros SistemasChiller 20TR: substituição de um Chillerantigo, de 20TR, por um Tosi modelo DigitalScroll, com a mesma capacidade. Através de au-tomação foi possível alterar o regime de opera-ção do sistema auxiliar de fornecimento de águafria. O tempo total de funcionamento do sistemadiminuiu, ainda que inalterado o regime de tra-balho e o processo fabril desenvolvido no local.

Refrigeração de equipamentos: atravésde substituição de bombas e automação do sis-tema, foi possível controlar o funcionamentodos equipamentos.

Casa de caldeiras: uma das bombas de ali-mentação de água foi substituída por uma bom-ba de alta pressão, melhor. O fornecimento dear dos queimadores das caldeiras é realizado por

ventiladores com potência de 20CV, e o controleda quantidade de ar fornecida para os queima-dores era realizado através de comporta na en-trada de ar, com o ventilador trabalhando comcarga total. Foi instalado, depois da caldeira, umanalisador de gás xo que proporcionará o con-trole da correlação (combustível – ar) e a regu-lagem do funcionamento do ventilador com uminversor de frequência, através do coe ciente deexcesso de ar nos gases de exaustão.

Sistemas de iluminação: foi realizada amodernização de 1.350 pontos do sistema de ilu-minação da planta, tanto de ambientes internosquanto externos.

Sistemas de ventilação: ventiladoresaxiais (de 1,5kW cada) foram substituídos porexaustores eólicos.

Sistema Antigo

Sistema Atual

1.354,67

520,63

Consumo (MWH/ano) Demanda (kW)

Redução 834,04

Situação

256,27

97,38158,89

Tabela 5 - Informações da Ação – Outros Sistemas

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Título do projeto Modernização dos sistemas de iluminação

Empresa AES Eletropaulo

ESCO MGD Engenharia, Alper Energia, Construtora Senal e ConectaempreendimentosCliente Prefeitura do Município de São PauloValor investido R$ 31.907.121,93Valor da contrapartida Não houve contrapartida do Município.Modalidade A realização do projeto foi com recursos não reembolsáveis.

Tipo Poder público

RCB Relação custo-benefício prevista: 0,799 e realizada: 0,774

Quadro resumo do projeto

ObjetivosO principal objetivo relacionado ao proje-to é a promoção da modernização do sistema deiluminação dos túneis de São Paulo, adequandoos níveis de iluminância estabelecidos pela NBR5181, utilizando um sistema de iluminação delonga durabilidade, com alto índice de reprodu-ção de cores e resistente, devendo apresentarconstrução robusta instalada de forma a di cul-tar furtos e vandalismo, preparado para limpezacom utilização de jatos fortes de água, exigindoum grau de proteção IP66.

De acordo com a NBR 5181, a iluminaçãode túneis possui níveis de iluminância diferencia-dos para os diferentes períodos do dia, devendoser observada a velocidade máxima permitidapara a passagem dos veículos e a necessidadede que, no período diurno, haja uma iluminaçãomais forte na entrada do túnel, a qual, à medi-

da em que se avança para dentro do túnel, sejagradativamente reduzida, adequando-se à aco-modação visual no restante do túnel. Durante anoite, o nível de iluminância é reduzido, de for-ma uniforme em toda sua extensão.

Objetivou-se também avaliar a viabilida-de de implementação através da metodologia decorreção da linha de base, a qual permite igualar,para comparar de forma justa, as potências reaisnecessárias para obtenção dos mesmos índices deiluminância do sistema antigo no novo proposto.

Através da metodologia de cálculo paracorreção de linha de base, foi prevista uma eco-nomia entre o sistema projetado e o sistema an-tigo, com reduções da ordem de 18.216 MWh/ano no consumo de energia e 2.946 kW de redu-ção de demanda em horário de ponta, medianteum investimento de, aproximadamente, R$ 32milhões, com uma RCB prevista de 0,799.

Figura 1: Níveis de iluminância nos diferentes períodos do dia implementados nos túneis de São Paulo

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Justi cativasA iluminação urbana possui signi cativa

in uência na rotina das grandes cidades, poisvaloriza os espaços públicos, empreendimentoscomerciais e vias de circulação, além de contri-buir para redução da criminalidade.

A iluminação de túneis, com sua regula-mentação diferenciada, desempenha esse im-portante papel social, razão pela qual deve serfoco de atenção do poder público para manu-tenção de seus índices de iluminância e continui-dade em seu funcionamento, mantendo um altonível de segurança para quem lá transita. Adicio-nalmente, muitos desses túneis possuem umacon guração arquitetônica que pode ser desta-cada, de modo a torná-los, além de uma passa-gem viária, um marco de referência na cidade.

Após a implementação das obras, ob-servou-se que diversas montadoras de veículosutilizaram o interior dos túneis como cenário defundo em cenas de propaganda de seus veículos– e isso demonstra, de forma inequívoca, comoesses locais caram atrativos, e com alto índicede reprodução de cores.

Principais benefícios do sistema implementado:

• Redução da potência e consumo em82% com a elevação do nível de iluminamento;• Redução de custos relativos à manuten-

ção (serviços de reparos e substituição);

• Redução signi cativa de furtos de cabose vandalismo, através da reestruturação do sis-

tema de cabeamento, com a troca da posiçãodas luminárias e cabos de alimentação elétricadas laterais para o eixo central do túnel;

• Aumento de segurança e visibilidade;• Elevação do Índice de Reprodução de

Cores (IRC), de 25 Ra para acima de 80 Ra nasluminárias de LED;

• Valorização arquitetônica dos túneiscom a implementação de iluminação de destaquenos emboques e desemboques dos túneis Tribu-nal de Justiça, Anhangabaú e Maria Maluf, e emvários pontos do túnel sob à Praça Roosevelt, uti-lizando luminárias LED nas cores azul e branca;

• Reduzida depreciação do uxo luminosodurante a sua vida útil;

• Fator de potência superior a 0,92;• Acendimento imediato em interrupções

transitórias no fornecimento de energia, melho-rando as condições de segurança dos usuários.

Adicionalmente, o novo sistema imple-mentado está alinhado ao desenvolvimento datecnologia tida como “futuro da iluminação”;porém, foi cuidadosamente avaliado quanto a

sua qualidade antes da contratação e aquisiçãodos equipamentos, tendo como base a experi-ência anterior obtida com a aplicação através doPrograma de E ciência Energética da ANEEL,

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utilizando a tecnologia LED no Túnel Ayrton Senna,o qual, após 2 anos de implantação, mantém umaótima performance e qualidade da iluminação.

Resultados AlcançadosO sistema antigo possuía 15.557 luminárias

com lâmpadas de vapor de sódio instaladas naslaterais da pista de forma direta, e encontrava-sebastante depreciado, com constantes problemasde furto de cabos devido à localização de sua insta-lação, além de uma condição de falhas frequentes.

O novo sistema conta com 6.913 luminá-rias de LED de 93W branco, de forma direta, ins-taladas, em sua grande maioria, no teto dos tú-neis. A iluminação decorativa foi constituída por380 luminárias de formato e focos diferentes dasconvencionais, visando melhor adequação nos tú-

neis escolhidos para recebê-las, sendo predomi-nantemente na cor azul e branca, instaladas nosemboques, trecho interno e desemboques daspistas. Além disso, 34 luminárias LED de 300Wforam instaladas no viário externo entre 2 túneis.

Para avaliação inicial da situação de ilu-minância, potência das luminárias, forma defuncionamento e consumo, foi realizado um le-vantamento detalhado em cada túnel envolvidono programa. Com base nos dados coletados, foipossível realizar o cálculo da correção de linha debase. Feito isso, foram elaborados projetos lumi-notécnicos básicos utilizando arquivos eletrôni-cos de luminárias LED, resultando na visualizali-zação da potência necessária para atendimentodos níveis adequados de iluminância estabeleci-dos na NBR 5181.

Para avaliação da viabilidade, foi conside-rada a redução prevista de demanda e consumodo sistema utilizando luminárias LED, e os cus-tos previstos de elaboração de projetos, geren-ciamento, construção de rede e de aquisição demateriais. Após os cálculos, veri cou-se que seriapossível viabilizar a implantação desse importan-te projeto para os usuários das vias contempladas.

A metodologia utilizada para correção dalinha de base foi encaminhada para análise daANEEL, que, após avaliá-la, indicou concordân-cia para implementação.

Para elaboração nal dos projetos lumi-notécnico e elétrico, houve necessidade de umlevantamento topográ co detalhado utilizandoteodolito digital e avaliação da parte estrutural,com testes de resistência em toda extensão do

túnel, para ns de de nir os tipos de xações dasluminárias e dos suportes, além do encaminha-mento das eletrocalhas.

A implementação do sistema ocorreu ex-

clusivamente durante o período da madrugada,entre 23h30 e 04h30, de domingo à quinta-feira,em razão da necessidade de fechamento dostúneis e desvio do tráfego. A atividade tambémlevou em consideração o monitoramento cons-tante do índice de CO2 e O2 existentes no inte-rior do túnel, visto que o sistema de exaustãodas pistas, em alguns túneis, apresentava falhasno período de execução do projeto.

Nos túneis Anhangabaú e Roosevelt, a im-plementação ocorreu no período da madrugada,e com as pistas apenas parcialmente fechadas,pois, por se tratarem de vias de ligação extrema-mente movimentadas, não era possível seu blo-queio total em nenhum momento.

Para evitar desconforto e risco aos moto-ristas, foi necessária a construção da nova rede

sem desativar a antiga, sendo esta retirada so-mente após a conclusão, testes e aprovação donovo sistema.

Para locação e furação das lajes, foramutilizados equipamentos que facilitassem a mo-bilidade e não gerassem poluição, tais como an-daimes e plataformas elétricas.

Para avaliação nal das economias, utili-zou-se a metodologia A do protocolo internacio-nal de medição, realizando de forma amostralmedições instantâneas nos circuitos e utilizadoo período médio de funcionamento de circuitosde iluminação avançados de nidos na ResoluçãoANEEL nº 414, na qual se considera 11h52m paracircuitos com funcionamento noturno, 12h08mpara circuitos diurnos e 24 horas para circuitosdiuturnos.Como resultado nal, foram obtidosos seguintes resultados:Energia Economizada: 18.883,43 MWh/anoDemanda Evitada: 3.104,89 kWRelação Custo Benefício – RCB: 0,7739Custo da demanda evitada (R$/kW): 529,42Custo da energia economizada (R$/kWh): 179,24

ConclusõesOs investimentos aportados neste projeto

de inovação tecnológica e melhoria do sistema deiluminação dos túneis traduziram-se em elevadosganhos à população que utiliza essas vias, devidoà qualidade da iluminação implementada, ao ele-vado índice de reprodução de cores e à con abi-lidade no funcionamento do sistema. Para a Pre-feitura, houve a valorização do espaço público eredução de gastos com a manutenção, pois o novo

sistema possui garantia de 5 anos para os materiais(luminárias e a rede do sistema elétrico), e a issosoma-se a redução de consumo e de demanda,principalmente durante o horário de ponta.

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Logística Reversa de Refrigera-dores no Programa de EficienciaEnergética Baixo Poder Aquisitivo

Rodrigo Costa (CPFL Paulista)

ResumoO programa “Substituição de Refrigera-

dores” consiste na adoção de processos ambien-talmente sustentáveis para a logística reversa derefrigeradores. O projeto está voltado ao descartedos refrigeradores antigos, com média de uso de10 anos, que são substituídos por modelos maise cientes, com selo PROCEL, dentro do “Progra-ma Rede Comunidade”, da CPFL Paulista.

IntroduçãoA substituição dos refrigeradores envolve

um processo de logística, iniciado com a retiradado equipamento antigo da casa do cliente, porum transporte feito por uma empresa contrata-da pela CPFL Paulista e de uma planta industrialpreparada para efetuar a manufatura reversa.Na planta, o equipamento é 100% destruído,

obedecendo a um processo que permite captu-rar e processar devidamenteO projeto é voltado a atender clientes de

baixo poder aquisitivo, e visa promover, tam-bém, a inclusão social dos bene ciados.

Justi cativasUm refrigerador representa, em média,

30% do consumo de energia elétrica nas residên-cias. A substituição desse equipamento por outro,mais e ciente e moderno, reverte-se em ganhospara o consumidor e para o meio ambiente, poispromove o uso racional e e ciente de energia.

Porém, a simples troca do equipamen-to, sem o descarte ambientalmente correto doantigo, poderia causar danos ao meio ambien-te. Nesse sentido, a CPFL Paulista desenvolveuum programa que compreende a destruição de100% do equipamento, e tal processo permiteque os gases nocivos ao meio ambiente sejamdevidamente capturados e processados. Tam-bém transforma os agentes químicos, permitin-do que sejam reutilizados como matéria primaem várias indústrias, e recicla materiais, como

cobre, alumínio, plásticos, vidros e outros.Aos benefícios gerados ao meio ambien-te por meio deste projeto, inclui-se a diminuiçãodo consumo de energia, que resulta em menordemanda do sistema elétrico. Adicionalmente, a

Título do projeto E cientização em Clientes de Baixo Poder Aquisitivo - 2011/2012

Empresa Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL Paulista)

ESCO (se houver) MGD Engenharia, Alper Energia, Construtora Senal e Conecta In-dústria e Comercio Fox de Reciclagem e Proteção ao Clima Ltda.

Cliente

Consumidor Residencial Baixa Renda, nas cidades de: Araraquara,Barretos, Barrinha, Descalvado, Ibate, Pirangi. Pitangueiras, Ribei-rao Preto, Sao Carlos, Sertaozinho, Taquaritinga, Aracatuba, Bal-samo, Bauru, Botucatu, Cedral, Guapiacu, Guaraci, Ibira, Jau, Lins,Mirassol, Mirassolandia, Neves Paulista, Palestina, Penapolis, Poti-rendaba, São Jose do Rio Preto, Uchoa, Americana, Hortolândia,Monte Mor e Nova Odessa.

Valor investido R$ 8,9 milhões refrigeradores e 16,88 milhões globalValor da contrapartida Não houve

Modalidade Projeto executado com recursos não reembolsáveisTipo 2-Baixa Renda

RCB 1,47 refrigeradores e 0,25 global

Quadro resumo do projeto

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dos (H)(C)FCsA fábrica de reciclagem tem diversos pon-

tos de sucção equilibrada, para onde seguem osuxos de ar, que incluem gases de efeito estufa.Esse transporte se dá por meio de um sistemade tubulação, que conta com um ponto em queé feita a medição do volume de ar e a concen-tração de gases dos tipos CFC-11, CFC-12, HFC--134a, HCFC-141b. Isso permite o contínuo mo-nitoramento e a documentação dos gases deefeito estufa capturados e processados.

Os uxos de ar passam por ltros, que re-movem as partículas de poliuretano. Depois, o arentra no processo térmico, onde são quebradasas moléculas dos diversos gases para, depois,serem recombinados em forma de ácidos. Me-diante o processo térmico, a fase III produz uma

solução de ácidos diluídos, que pode substituirmatéria prima em várias indústrias.Na saída do processo, é liberado um uxo

de ar e vapor limpo, monitorado por um ponto demedição do volume do uxo de ar e da concentra-ção de gases. O objetivo dessa etapa é determi-nar continuamente o uxo de saída de massa dostipos de gás relevantes ao meio ambiente.

Dessa forma, o refrigerador é totalmentedestruído e transformado, e são reciclados qua-se 100% dos materiais retirados, como aço, co-bre, alumínio, plásticos, vidros e outros.

O ponto de maior atenção em todo pro-cesso é a manipulação do uído refrigerante. Deacordo com a norma da ABNT, o uído refrige-rante pode ser destinado à regeneração, o queatende às legislações ambientais vigentes e aoestipulado pelo protocolo de Montreal, tratadointernacional em vigor desde 1989, em que os150 países signatários – dentre eles o Brasil – secomprometem a não emitir substâncias que em-pobrecem a camada de ozônio. Por essa razão, ogrupo CPFL Energia só contrata empresas que,ao tratarem o uído refrigerante, gerem resí-duos que causem o menor impacto ambiental,de forma a contribuir para a redução do aqueci-mento global.

A logística reversa de refrigeradores, comdestruição e transformação do uído refrigeran-te, vai além das recomendações da NBR 15833, daABNT. Nessa norma, está previsto que o uído re-frigerante pode ser regenerado e reaproveitado.A CPFL optou por destruir completamente os uí-dos refrigerantes que causam danos ao meio am-

biente, prática aderente ao princípio de sustenta-bilidade nos negócios, adotado pela Companhia.Os processos adotados não só atendem

às legislações ambientais vigentes e às previ-

sões do protocolo de Montreal, como a elas seantecipam. É que a Política Nacional de ResíduosSólidos (Lei nº 12.305/10), apesar de regulamen-tada, ainda não está plenamente em vigor. Oprotocolo de Montreal, por sua vez, estipula queos hidrocloro uorcarbonos (HCFCs), gases usa-dos como uídos refrigerantes em geladeiras,tenham seu consumo estabilizado até 2016, etotalmente erradicado até 2040. Ao destruí-los,portanto, a CPFL Paulista já atende, de formaantecipada, a essa previsão.

O projeto também se diferencia pelo fatode a CPFL Energia contratar apenas as empresasque adotem, em seus processos de implantaçãode projetos e obras de concessionárias, práticasvoltadas à preservação ambiental, incluindo ocorreto tratamento do uído refrigerante, de

forma a gerarem resíduos que causem o menorimpacto ambiental. Essa decisão está alinhadacom a visão ambiental e de sustentabilidade,que norteia os negócios da Companhia.

Os clientes, por sua vez, são in uencia-dos, de forma positiva, por passarem a ter umeletrodoméstico novo e por terem suas contasde energia reduzidas. Ao multiplicar a economiade energia gerada por cada equipamento subs-tituído, há uma redução expressiva de consumoe de demanda de energia ao sistema nacional, oque adia a necessidade de construção de novasusinas geradoras de energia, diminuindo os im-pactos socioambientais causados por elas.

Resultados AlcançadosEsse projeto demandou recursos na or-

dem de R$ 8,9 milhões, em 11.100 refrigeradoressubstituídos. Tais valores foram custeados pelo

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P rograma de E ciência Energética, que utiliza 0,5%da Receita Operacional Líquida (ROL) da concessio-nária para ações voltadas à e ciência energética.

O consumo de energia do refrigeradordoado é 57,14% menor, em média, do observa-

do nos aparelhos antigos. Com isso, a menordemanda de energia dos aparelhos novos, nosanos 2010/2011, resultou em uma economiade 5.728 MWh/ano e redução de 817 kW de de-manda em horário de ponta.

Esse menor consumo de energia evitouque fossem emitidas 236 toneladas de CO2. Afase seguinte à substituição dos aparelhos, queé o processo de destruição e transformação to-tal dos uídos refrigerantes, também bene -cia o meio ambiente, pois evitou a emissão de14.000 toneladas de CO2 equivalentes no perí-odo. Em relação aos gases que causam danosà camada de ozônio, todo o processo evitou aemissão de 1.951 Kg de CFC-11 equivalentes.

Esses ganhos ambientais, gerados tantopela substituição dos refrigeradores quantopela logística reversa do projeto, são informa-dos aos clientes beneficiados, ação que ajudaa disseminar uma nova cultura energético--ambiental. Tal fator, somado à economia gera-da, a cada um deles, de 17% em média na contade energia, reverte-se em grande satisfação porparticiparem e serem bene ciados pelo projeto.

ConclusõesO Projeto de “Substituição de Refrige-

radores” já é consagrado entre os programasde Eficiencia Energética em várias conces-sionárias do país, e a destruição e destina-

ção dos refrigeradores também já faz parteda maioria desses projetos. A CPFL Energia,através da CPFL Paulista e posteriormentedas suas outras 7 (sete) distribuidoras, foiuma das pioneiras ao adotar o processo deacordo com a norma NBR 15833, e, comodiferencial, optou pelo processo no qual osfluidos refrigerantes contendo (H)(C)FCsfossem completamente eliminados. Dessaforma, contribui-se para a redução do efeitoestufa no presente e no futuro.

Nesse processo, também, todos os ma-teriais são passiveis de reaproveitamento, oque contribui para o meio ambiente e está ali-nhado com a nova politica nacional de resídu-os sólidos. Indiretamente, ainda, proporcionaeconomia de energia nas indústrias produto-ras de matérias primas e redução no consumode matéria prima virgem.

Os resultados alcançados foram acimadas expectativas, reforçando a ideia de que nofuturo a logística reversa possa ser difundidapara todas as tipologias de projetos do manualde Eficiencia Energética.

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Procel nas Escolas do ParanáRodrigo Costa (COPEL)

ResumoO presente artigo tem por objetivo avaliar

os resultados obtidos e as di culdades encontra-das no projeto de e ciência energética “Procelnas Escolas”, executado pela Companhia Pa-ranaense de Energia (COPEL) em parceria coma Secretaria de Estado da Educação (SEED). Oprojeto em questão orientou professores e alu-nos sobre a importância de usar da melhor formaa energia elétrica, divulgou amplamente bonsexemplos com tal nalidade, visando à postura

cidadã e à prática de atitudes sustentáveis. Osresultados obtidos foram coletados e analisadossegundo a metodologia Procel, e pioneiramenteavaliados conforme os conceitos preconizadospela avaliação econômica de projetos sociais,con rmando a plena viabilidade do projeto eservindo de experiência real para a melhoriados projetos futuros similares. Foram instruídos140.000 alunos em 180 escolas espalhadas peloEstado, sendo economizados 5.821,20 MWh/ano,

e retirados 1.661,30 kW de demanda na ponta,conforme os critérios do Procel Educação.

IntroduçãoO investimento em educação traz benefí-

cios econômicos que viabilizam nanceiramen-te os projetos sociais. Considerando tambémos benefícios indiretos, que via de regra são osmaiores benefícios, os projetos educacionais sãoopções preferenciais para a aplicação de recur-sos. Orientada a aplicar recursos com sabedoria,a Companhia Paranaense de Energia (COPEL) ea Secretaria de Estado da Educação (SEED) r-maram um convênio para a execução do projetoProcel nas Escolas.

Foi utilizada a metodologia recomendada(Procel Educação) visando instruir, conscientizar,demonstrar, criar hábitos e combater o desper-dício de energia elétrica através de conceitos dee ciência energética, além de efetivar benefíciospúblicos através da melhor utilização da energia

Título do projeto Procel nas Escolas - Copel

Empresa Copel Distribuição S.A. (COPEL)

Cliente SEED – Secretaria de Estado da Educação

Valor investido R$ 302.243,00

Valor da contrapartida Não houveModalidade Recursos não reembolsáveis

Tipo Projeto Educacional.

Quadro resumo do projeto

elétrica. O programa agrega ao processo educa-tivo informações complementares, com vistas àdifusão das medidas de conservação de ener-gia, meio ambiente, cidadania e ética entre pro-fessores e estudantes dos três níveis de ensino.

Para a execução do projeto, foram crite-riosamente selecionadas pela Secretaria de Edu-cação 180 escolas públicas espalhadas por todo

o Estado do Paraná, difundindo dessa forma oPrograma em muitos municípios e instruindo140.000 alunos durante o ano letivo de 2012.

Os resultados obtidos foram coletados

e analisados segundo a metodologia Procel, eavaliados conforme os conceitos preconizadospela avaliação e gestão de projetos sociais [2,3 e 4], con rmando então a plena viabilidadedo projeto e servindo de experiência real para amelhoria de projetos futuros.

O efeito multiplicador da educação per-petua o conhecimento adquirido para além

das comunidades escolares e perdura duran-te um prazo muito maior do que o período deavaliação do projeto, gerando benefícios adi-cionais às metas almejadas.

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Objetivos e MetodologiaOs objetivos para a execução do projetoforam: difusão de conhecimento especí co atra-vés da capacitação de professores e da instruçãode grande quantidade de estudantes em todasas regiões do Estado, disseminação dos concei-tos de sustentabilidade, conservação de energia,preservação ambiental, cidadania e ética.

As metas de e ciência energética foram:economia de energia de 5.821,20 MWh/ano eretirada de 1.661,30 kW de demanda na ponta,conforme os critérios do Programa de E ciênciaEnergética – Procel Educação.

Para reforçar o critério de viabilidade, fo-ram feitos estudos pioneiros e enriquecedorescom avaliações conforme os conceitos reco-mendados pela “avaliação econômica de proje-tos sociais” [2], con rmando a plena viabilidadedo projeto e a garantia do retorno do investi-mento feito, com benefícios produzidos a cur-to, médio e longo prazo.

O estudo econômico foi desenvolvido emduas etapas. Na primeira etapa foi realizada aavaliação de impacto, com análise e tratamen-to dos dados e dos resultados. Em virtude desteestudo foram selecionadas escolas em várias ediferentes regiões do Estado, “pulverizando” aomáximo o projeto e buscando atender a maiordiversidade possível de regiões, alunos e condi-ções sociais. A grande quantidade de alunos e agrande diversidade atendida trouxeram infor-mações e dados seguros, que foram analisadosnanceira e estatisticamente, representando aomáximo a realidade do Estado. Na segunda eta-pa do estudo foi analisado o retorno econômico

do projeto, os benefícios econômicos do proje-to social, o custo do projeto, o retorno espera-do e a razão custo-benefício.O custo do projetofoi conseguido com o acompanhamento admi-nistrativo e nanceiro, porém os benefícios sãoinúmeros e apenas o benefício da economia deenergia e retirada da demanda na ponta, que sãodados mais fáceis de mensurar e valorar, já tor-nam o projeto muito viável (RCB < 0,2). Os bene-fícios indiretos de projetos sociais, mais difíceisde mensurar, via de regra são os maiores e maisimportantes benefícios, contribuindo ainda maispara a plena viabilidade do projeto.

O estudo de “gestão de projetos sociais”[3] orientou para assuntos de gestão adminis-trativa e nanceira do projeto, e a realização dearticulações de apoio e complementaridade deexpertises. O convênio com a Secretaria de Es-tado da Educação (SEED) foi fundamental para osucesso do projeto, pois somou esforços, acres-centou uma complementaridade de expertise,

de mão de obra e, principalmente, coube à SEEDa realização da tarefa de instruir os alunos de di-versas partes do Estado, conforme a metodolo-gia Procel Educação – E ciência nas Escolas.

Ressalvamos que nenhuma das metodo-logias citadas e que foram aplicadas ao projetosubstituiu alguma parte da metodologia do Pro-cel Educação – E ciência nas Escolas. Tais meto-dologias, encontradas nas literaturas citadas [2,3 e 4] das referências bibliográ cas deste infor-me técnico, foram utilizadas como complemen-tação na busca de maior sucesso do projeto.

As avaliações dos professores sobre o cur-so também foram analisadas e arquivadas, ser-

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vindo como sugestão de melhorias para os pro- jetos futuros. O feedback dos professores e dosenvolvidos com o projeto é fundamental para amelhoria contínua do processo.

Justi cativasOs maiores benefícios oriundos de pro- jetos sociais são os benefícios indiretos obtidosprincipalmente pelo efeito multiplicador que aeducação proporciona. Analisando apenas os da-dos de energia economizada (EE) e retirada dedemanda da ponta (RDP), calculados pelo totalde alunos atingidos (140.000) e segundo a meto-dologia Procel, pode-se calcular a relação custobenefício (RCB) analogamente aos cálculos sosRCBs de projetos industriais, comércio e serviços,etc. Assim, calculando o RCB desta forma:

RCB = (Valor Presente dos Custos / ValorPresente dos Benefícios) ou, aproximadamente,RCB = Custo/Benefício.

Benefício = EE x CEE + RDP x CED, sendo:EE = energia economizada = 5.821,20

[MWh/ano] e RDP = redução de demanda naponta = 1.661,30 [kW]

CEE = R$ 190,80 por [MWh] e CED = R$387,48 por [kW]; (valores da baixa tensão na vi-gência do projeto)

Calculando, obtém-se o valor aproximadodo RCB do projeto:

RCB = 302.243,00 / 1.754.405,48 => RCB = 0,172O RCB = 0,17 alcançado com este projeto

é incomparável com a quase totalidade dos de-mais projetos de outras tipologias (comércio eserviços, industrial, baixa renda, poder público,rural, etc.), sendo muito mais vantajoso.

Mencionamos “RCB aproximado” pois nãoforam adicionados os benefícios indiretos, que

em projetos sociais são, via de regra, os maioresbenefícios dos projetos.

Além dos benefícios diretos, como a re-dução da demanda no horário de ponta (kW) e a

economia de energia (MWh/ano), outros benefí-cios também podem ser destacados:

• a conscientização dos usuários com rela-ção ao combate ao desperdício de energia;

• promoção do uso e ciente de energia

servindo como exemplo de ação a ser seguida;• redução de demanda que possibilita àconcessionária de energia atender novos consu-midores sem investimentos adicionais;

• otimização do sistema elétrico com con-sequente redução de custos;

• redução da geração térmica e conse-quente redução nas emissões de gases causado-res do efeito estufa;

• contribuição para o sucesso do paísquanto ao cumprimento das metas acordadasem protocolos internacionais sobre emissões degases causadores do efeito estufa;

• disseminação dos conceitos de susten-tabilidade, cidadania e meio ambiente;

• aproximação da concessionária de ener-gia com a população do estado;

• melhoria da qualidade de vida da população.Os conceitos preconizados pela “avalia-

ção de projetos sociais”[2], nos indicam a viabi-lidade de projetos com RCB menor ou igual a 1(um), ou seja, o custo equivalente ao benefíciodireto, pois os benefícios indiretos são difíceis (equase impossíveis) de mensurar com precisão,mas contribuem para a diminuição signi cativado RCB, tornando os projetos viáveis do pontode vista nanceiro.

Concluiu-se, então, que um RCB menorque 0,2 calculado levando em consideração ape-nas os benefícios econômicos de energia econo-mizada e redução de demanda na ponta, torna oprojeto muito viável e comprova a excelência da

metodologia empregada no projeto – metodolo-gia Procel Educação.

Ações aplicadas em educação ainda apre-sentam efeitos multiplicadores, que perpetuam o

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conhecimento adquirido para além das comuni-dades escolares e perduram durante prazos muitomaiores do que o período de avaliação do projeto,gerando benefícios adicionais às metas almejadas.

Os temas abordados com os alunos são

relacionados ao meio ambiente, conservação deenergia, responsabilidade social, cidadania, éticae sustentabilidade, entre outros, auxiliando na for-mação de cidadãos mais conscientes e melhorespreparados às necessidades do mundo moderno.

Resultados AlcançadosForam capacitados 2.000 professores, que

serão multiplicadores do conhecimento, e ins-truídos 140.000 alunos em 180 escolas espalha-das pelo Estado, sendo economizados cerca de5.821,20 MWh/ano e retirados aproximadamen-te 1.661,30 kW de demanda na ponta, conformeos critérios do Procel Educação.

A viabilidade do projeto utilizando a me-todologia Procel é assegurada pela obtençãodas metas estipuladas no projeto, sendo con r-mada e reforçada pela “avaliação econômica deprojetos sociais” [2], demonstrando plena viabi-lidade econômica.

Do ponto de vista apenas dos benefíciosdiretos, alcançamos um RCB = 0,17. Para efeitode comparação o RCB aceito pela ANEEL em seuPEE – Programa de E ciência Energética, deveser igual ou menor que 0,8.

A metodologia utilizada foi testada e,durante o projeto, foram recebidas muitas su-gestões dos professores e anotadas todas asdivergências e di culdades encontradas, de for-ma que tais dados e informações servirão para amelhoria dos projetos futuros.

Entre as di culdades encontradas, po-dem ser destacadas: o envolvimento de grandenúmero de pro ssionais da concessionária deenergia (que não possuem formação nem expe-riência na área pedagógica), a falta de tempo edisponibilidade dos professores escolares, o em-penho da equipe de técnicos e educadores paradesenvolver o projeto (discutir, planejar, pro- jetar, orçar, licitar, treinar, capacitar, gastar re-cursos, administrar, avaliar, supervisionar, gerir,etc.). Sem envolvimento maciço de pro ssionaisda empresa concessionária de energia, não seconsegue executar um projeto educacional emnível estadual. Para as concessionárias de ener-

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gia, é muito mais fácil “gastar” recursos de e ci-

ência energética em outras tipologias de proje-to, praticamente todos menos viáveis.

A viabilidade do projeto foi con rmadae reforçada com a aplicação dos conceitos da“avaliação econômica de projetos sociais” [2], eo estudo desenvolvido, muito útil e largamenteempregado em projetos governamentais, auxi-liará em novos projetos similares.

ConclusõesUtilizando a metodologia e os critérios de-

nidos pelo programa Procel Educação (E ciên-cia nas Escolas), é possível assegurar que a via-bilidade de projetos educacionais aplicados eme ciência energética é notória, pois são grandesos benefícios gerados e o retorno do investimen-to é obtido. Aplicando tradicional metodologiada área nanceira, “avaliação econômica de pro- jetos sociais” [2], também é demonstrada a ple-na viabilidade econômica do projeto executadoProcel nas Escolas. Ainda, comparando a relação

entre o valor gasto [R$] e os benefícios alcança-

dos (redução de energia [MWh/ano] e redução

de demanda na ponta [kW]), podemos a rmarque a relação custo / benefício em projetos edu-cacionais de e ciência energética é muito maisatrativa do que a de muitos projetos convencio-nais de e ciência energética, como aqueles quevisam a substituição de equipamentos elétricosnos ramos de comércio e serviço, indústria, etc.

Foram recebidas muitas sugestões porparte dos instrutores e professores, que pre-encheram guia de avaliação sobre o curso, in-teragiram de forma muito positiva durante aspalestras e treinamentos, e debateram em altonível sobre a metodologia que tiveram conta-to, sendo as informações colhidas de grandeimportância para o maior sucesso de projetosfuturos. Os projetos baseados na metodologiaProcel Educação, por serem projetos educa-cionais, deverão estar em melhoria contínuapara sempre se adequarem e permaneceremcompatíveis com os temas atuais da socie-dade, despertando a curiosidade e o interes-

se dos alunos.

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