Revista F5

20
F5 1 f’5| Contemporânea Namoro a distância Longe do corpo mas próximo do coração Crimes na Web Professor da FGV acredita que código autoral caducou ENTRE EM FORMA JOGANDO SEU VÍDEO GAME! Além do Cidadão Kane O perfil do brasileiro por trás do documentário que a direção da Globo vetou! Confira: Jornalistas falam sobre o trabalho em diferentes meios de comunicação O futuro ao alcance do seu dedo

description

A nova F5 veio para manter todos vocês sempre atualizados sobre as novidades das Tecnologias da Informação (TI) e Novas Tecnologias (NT). A proposta é demonstrar como a revolução tecnológica está influenciando o cotidiano das pessoas com temas bem diversificados, que mostram que a tecnologia veio para ajudar o ser humano e que o homem nunca deve adotar um pensamento pessimista em relação a ela, seja porque acha que irá substituí-lo, seja porque acredita que nunca vai compreendê-la.

Transcript of Revista F5

Page 1: Revista F5

F5 1

f’5|Contemporânea

Namoro a distância

Longe do corpo mas próximo do coração

Crimes na Web

Professor da FGV acredita que código autoral caducou

ENTRE EM FORMA JOGANDO SEU VÍDEO GAME!

Além do Cidadão Kane

O perfil do brasileiro por

trás do documentário que a

direção da Globo vetou!Confira: Jornalistas falam sobre o trabalho em diferentes meios de comunicação

O futuro ao alcance do seu dedo

Page 2: Revista F5

2 F5

f’5|Sumário

NAMORO NA PONTADOS DEDOS

comportamento08

COMO É A VIDA DE UM REPÓRTER

14profissão&tecnologia

4

16

18

SÉRGIO BRANCO, ESPECIALISTA EM DIREITO AUTORAL

entrevista

ANTÔNIO BRASIL, O PROFESSOR QUE TRAVOU UMA GUERRA

perfil

VOCÊ MALHARIA NO VDEO GAME?O POVO RESPONDE A QUESTÃO

enqueteDIA-A-DIA Clima intenso nas redações dos jornais diários de grande circulação

10esportePERCA PESO SE DIVERTINDOQuem convive com o drama de

namorar a distância sabe o que passa. Com as Novas Tecnologias vieram facilitar a vida de quem vive assim. Nessa matéria, veja o relato de pessoas que usando MSN, Chat e Mirc e estão diminuindo o espaço físico. Confira!

Ed. 01 DEZEMBRO

Formato: 20,2 x 26,6cm Páginas: 16 + 4 de capa Tiragem: 1 exemplar (em PDF)

FOTO: AFFONSO ANDRADE

FOTO: INTERNET

GOVERNO IMPLANTA CHIPSEM IDOSOS NA EUROPA

12artigo

Page 3: Revista F5

F5 3

A nova F5 veio para manter todos vocês sempre atualizados sobre as novidades das Tecnologias da Informação (TI) e Novas Tecnologias (NT). Contudo, nessa revista não vamos mostrar o mais novo palm de mil doláres ou o cachorro-japonês-robô que cabe na palma da sua mão e pode até fazer xixi. Nossa proposta é demonstrar como a revolução tecnológica à nossa volta está influenciando o cotidiano das pessoas.

Dessa forma procuraremos temas bem diversificados, que mostrem que a tecnologia veio para ajudar o ser humano e que o homem nunca deve adotar um pensamento pessimista em relação a ela, seja porque acha que irá substituí-lo, seja porque acredita que nunca vai compreendê-la.

Em uma linguagem simples, mas sem abandonar o jargão técnico, o leitor irá ficar por dentro de tudo que acontece de moderno no nosso século e que a gente nem parou para pensar. A F5 veio para criar uma consciência educativa, social, mostrando a importância da convergência e antecipando uma tendência: que uma nova nação está surgindo, a que vai estar tão acostumada com as NT’s quanto nós com as tecnologias tradicionais. Como prova disso, você irá curtir

nessa edição uma reportagem especial, feita numa academia do Flamengo que usa um vídeo game como forma de queimar calorias, não é um máximo? E não pára por aí!

Entre as novidades apresentamos, em primeira mão, uma exclusiva entrevista com o homem que produziu o vídeo Muito Além do Cidadão Kane, único documentário a mostrar uma das ‘faces’ negras da Rede Globo. Você sabia que para realizar esse filme, devido às dificuldades na produção, o diretor teve que adotar a Guerrilha Tecnológica. Você sabe o que é isso?

Além disso, preparamos uma matéria sobre uma profissão que lida direto com as Tecnologias: o jornalismo. É difícil imaginar, mas o repórter sempre está ligado a algum tipo de tecnologia: do tipógrafo à internet.

Não deixe de conferir também uma a entrevista com o professor Sérgio Branco. Ele é um dos maiores nomes em direito autoral no Brasil e tem ponto de vista bastante crítico em relação ao assunto pirataria. Se informe!

Andressa Fernandes Editora e Repórter [email protected]

Affonso Andrade Fotógrafo e Repórter [email protected]

Sidmar Jr. Diagramador e Repóter [email protected]

FOTO: AFFONSO ANDRADE

f’5|Contemporânea

Redação

carta ao leitor

FOTO: AFFONSO ANDRADE

Editorial

A RedaçãoAtenciosamente.

Page 4: Revista F5

4 F5

Entrevista: Prof. Sérgio Branco

NAS ONDAS DE UMA INTERNETTÃO LEGAL QUANTO CRIATIVA Ex-procurador-chefe do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI), o professor de graduação e de pós-graduação da Escola de Direito da Fundação Getulio Vargas (FGV) do Rio de Janeiro, Sérgio Branco, é um dos maiores nomes em direito autoral na internet e especialista em Creative Commons, uma licença na qual vem indicado para o usuário o que ele pode fazer com a obra, independentemente da autorização específica do autor. Nessa entrevista, o professor explica por que a atual lei de direitos autorais brasileira não está adequada aos novos tempos – é extremamente restritiva e não autoriza a cópia para arquivo nem de obra fora de circulação comercial –, qual a implicação disso na sociedade e de que forma ela pode ser mudada.

TEXTO E FOTO: SIDMAR JR.REVISÃO: RENATA CUNHA

As ilegalidades na internet são as mesmas do mundo real ou a conver-gência digital gerou novos crimes? Creio que sejam as mesmas, efetivadas por outros meios. Ameaça, difamação, calúnia, estelionato, violação de direitos autorais e pedofilia são crimes fora do am-biente virtual e que encontraram na inter-net novas formas de serem executados.

Alguns livros, CDs e DVDs têm sua edição esgotada nas lojas, seja pelo número limitado de exemplares ou cópias, seja porque a época em que foram produzidos é tão remota que nenhuma empresa se arrisca a reedi-tá-los. Nesses casos, digitalizar esse conteúdo e dispor em rede se carac-teriza como crime?Não podemos falar em crime. Ainda as-sim, a lei de direitos autorais não prevê

essa possibilidade. Aliás, a lei de direitos autorais brasileira é extremamente restri-tiva e não autoriza a cópia para arquivo nem de obra fora de circulação comercial. No entanto, a lei de direitos autorais pre-cisa estar em conformidade com alguns princípios constitucionais, que são hie-rarquicamente superiores à própria lei. A Constituição prevê o acesso à cultura, à liberdade de expressão e a função so-cial da propriedade. Por isso, os atos de copiar obra esgotada, mudar a mídia ou copiar obra para sua preservação podem ser considerados lícitos de acordo com a Constituição. É importante mencionar, entretanto, que essa solução decorre de interpretação de princípios jurídicos e não de um artigo específico que a autorize.

O direito autoral nesses casos esbarra com o direito à informação?

4 F5

Page 5: Revista F5

F5 5

Essa questão é bastante polêmica. A ri-gor, a lei de direitos autorais não autoriza esses usos das obras fora de circulação comercial ou de difícil acesso. Entretan-to, é possível que a lei seja interpretada a partir de alguns princípios constitucionais (acesso à educação e ao conhecimento e função social da propriedade, por exem-plo). Essa interpretação provavelmente não será unânime e cada caso deve ser analisado em separado.

Como a maior parte das ilegalidades envolvendo direitos autorais é pratica-da por jovens e até crianças, existe o risco de a nova geração, a do século XXI, nascer criminalizada? Não dá para processar todo mundo. Hoje se estima que 30 milhões de pessoas aces-sem internet no Brasil, de casa. Então, como a gente vai processar pelo menos 30

milhões de pessoas? Não dá. Então, essa lei ou está fadada a não ser aplicada, ou você entende que é uma lei que vai servir para bodes expiatórios: “Vamos proces-sar alguém para mostrar à sociedade que isso não se faz”. Mas isso não adianta, as pessoas vão continuar fazendo. Todas as vezes que o direito brigou com a tecno-logia o direito perdeu.

Por que a Fundação Getulio Vargas critica o Projeto de Lei Nº 76/2000, do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), que tipifica os crimes praticados na internet?Esse projeto de lei tem uma redação am-pla demais e ruim. Ela, a pretexto de per-seguir quem comete crimes de pedofilia, abriu tanto a sua redação que qualquer pessoa que faça praticamente qualquer coisa na internet, como baixar música,

F5 5

Page 6: Revista F5

6 F5

estaria cometendo crime. O maior pro-blema é que nós não temos no Brasil uma lei que trate da responsabilidade civil an-tes de tratar da responsabilidade penal. Transformar alguma coisa em crime é um passo muito largo, muito sério. O direi-to penal é um direito punitivo, o direito civil é um direito indenizatório. Todos os países do mundo criam primeiro uma lei que disciplina as matérias no âmbito civil, não o contrário. A gente quer ir di-reto para o âmbito penal... então, sabe o que vai acontecer? Pelo projeto de lei do senador, todo mundo no Brasil vai passar a ser criminoso.

Há fundamento legal para impedir esse pro-jeto de lei?Quando a gente começa a estudar direito, a gente vê que ele existe para dar base àquilo que a socie-dade entende ser justo, entende ser razoável. É totalmente injusto e nada razoável você ter uma lei tão restritiva quanto é a nossa, que não permite nada. Essa lei (N° 76/2000) vai continuar sendo injusta e contrária aos interesses da sociedade, tentando proteger um modelo de negócios que foi criado nos anos 70, mas que não funciona mais.

Os freewares e as obras com Creative Commons podem vir a ser a solução nesse embate?Não serão solução absoluta, na medida em que competirá aos autores usarem ou não as licenças para fazer suas obras circularem. Mas certamente representam avanços no grande problema que causa a nossa lei, que é o de acesso.

O que é Creative Commons?Uma licença na qual você indica o que as pessoas podem fazer com sua obra

independentemente de uma autorização específica. Você está dando a autorização previamente.

E qual a briga do Creative Commons com o Tratado de Radiofusão da Or-ganização Mundial de Propriedade Intelectual?Imagine que eu tenha uma emissora de televisão e proíba as pessoas de gravarem o que eu transmito. Dentro desse sinal eu poderia estar transmitindo programas de domínio público, não poderia? Um filme de 1920 ou um programa licencia-

do pelo Creative Commons, desde que estipulado pelo autor. Mas se eu estou trans-mitindo um programa que foi licenciado pelo Creative Commons ou que está em domínio público, eu não pos-so impedir as pessoas de gra-varem, mesmo que seja dono do sinal. Essa é a questão: se você atribui propriedade ao sinal e proíbe as pessoas de gravarem o que você trans-mite, você estará, em última análise, proibindo as pessoas de terem acesso, entre outras obras, àquelas que estão em domínio público ou licencia-das com Creative Commons. Eu não posso tirar das pesso-as um direito que o autor deu

para sociedade. Eu estaria restringindo o uso de uma obra que está em domínio público e que, portanto, deveria ser usado por todo mundo.

Teria como exemplificar?Quando você cria uma música, ela nasce automaticamente com a proteção dos di-reitos autorais. Isso significa que se você colocá-la na internet ninguém poderá fazer cópia dela sem autorização. Então, mesmo que eu goste da sua música, eu não posso baixá-la no meu computador porque nossa lei proíbe cópia integral de qualquer obra, em qualquer circunstan-cia, exceto em casos específicos. No caso

“O direito existe para dar base àquilo que a sociedade entende ser justo, entende ser razoável. É totalmente injusto e nada razoável você ter uma lei tão restritiva quanto é a nossa”

6 F5

Page 7: Revista F5

F5 7

da música, em regra, enquanto não se pas-sarem 70 anos, a obra estará protegida e se eu quiser baixá-la ou fazer uma cópia na íntegra, vou ter que pedir uma auto-rização sua, do autor. Mas pode ser que você queira que todo mundo ouça a sua música para depois comprar seu CD, ou ir no seu show. Uma forma de você fazer isso é por meio de uma licença pública e o Creative Commons é justamente uma licença pública em que você, autor, diz em que termos sua obra pode ser usada pela sociedade. Então você estipula em que circunstâncias as pessoas podem bai-xar suas músicas: usando ou não para fins comer-ciais, modificando ou não a forma original da música, usando em ou-tras obras ou não.

Essa lei é brasileira? Em que se aplica?Essa é uma lei criada nos EUA mas de acordo com o nosso ordenamento ju-rídico, porque o nosso Código Civil, no arti-go 425 diz que as par-tes contratantes podem celebrar contratos não previstos em lei, desde que não violem princí-pios legais. O Creative Commons se aplica a toda obra protegida por direito autoral, inclusive softwares.

Existem críticas ao Creative Com-mons?Muitas. As pessoas parecem não enten-der. Em palestras que dou elas pergun-tam: “Mas do que o autor vai viver?” Quem decide isso é o autor, ele criou a obra. Se ele quer liberar o direito é deci-são dele, não compete às outras pessoas. Quem não aceita o Creative Commons, basta não licenciar suas obras assim. Use a lei dos direitos autorais. Eu lancei meu livro em Creative Commons e não tenho o menor problema com isso, eu acho óti-

mo. Posso enviar para quem eu quiser, podem tirar Xerox na íntegra, a escolha é minha.

Existe retorno financeiro para quem adere ao Creative Commons?Claro que existe. Se eu faço uma música e atribuo a ela a licença CC [Creative Com-mons], eu digo o que as pessoas vão fazer com ela. Então, se você for usá-la com fim comercial você pode, mas aí você en-tra em contrato comigo, que sou o autor, e a gente negocia o valor. Além disso, eu posso distribuir minhas músicas pelo

Creative Commons e depois receber fazendo show.

Você acha que está ha-vendo algum interesse das grandes corporações por alguns dos disposi-tivos do Creative Com-mons?As empresas estão perce-bendo que as obras têm valor econômico até certo prazo, e depois perdem. Por exemplo, a novela. Salvo em casos especiais, ela é feita para passar uma vez na vida, depois nunca mais. Depois, se torna um conteúdo perdido, sem valor econômico. Então é melhor liberar o acesso a informa-

ção, do que guardar.

Você acha que a internet irá mudar a forma como a Lei trata os direitos autorais?Tem que mudar. Há dez anos os direi-tos autorais só interessavam àqueles que produziam cultura, como gravadoras, editoras e produtoras. Hoje, qualquer pessoa com conexão à internet pode acessar obras de terceiros, modificá-las, distribuí-las ou inserir suas próprias obras (fotos, textos, músicas, vídeos) na internet. A lei brasileira não se encontra adequada às novas tecnologias nem aos desejos sociais.

“O maior problema é que nós não temos no Brasil uma lei que trate da responsabilidade civil antes de tratar da penal. Transformar algo em crime é um passo largo, muito sério”

F5 7

Page 8: Revista F5

8 F5

TEXTO: ANDRESSA FERNANDES.FOTO: CORBIST TÍTULO: 35 CARACT.TEXTO: 2.800 CARAC.RETRANCA: 950 CARAC.

Reportagem

8 F5

Repo

rtag

em: C

ompo

rtam

ento

Fotomontagem. Modelo: Pedro Henrique.

NAMORO NA PONTADOS DEDOS

Page 9: Revista F5

F5 9

Tudo está a mil maravilhas. Você e seu namorado estão apaixona-dos, não se desgrudam um segun-do, adoram curtir um cineminha

juntos, jantar a dois, mas uma simples palavra pode mudar toda esta rotina: a distância.

Encontrar um par pela internet se tornou comum nos últimos anos. Flávia Prado, de 22 anos, estudante de jorna-lismo, e Marcelo Garcia, de 24, estu-dante de educação física, estavam em um bate-papo virtual sobre séries de TV quando resolveram trocar idéias. Eles perceberam que tinham muitas coisas em comum e desde setembro de 2005 passaram a conversar diariamente pelo MSN, ou Windows Messenger, modali-dade de comunicação em tempo real de imagem e voz.

Ela é de São Paulo e ele de Santa Ca-tarina, e nunca se conheceram pessoal-mente. Os dois acabaram se apaixonando e desde então se relacionam como um casal comum.

“Foi engraçado o modo como a gen-te se conheceu. Eu gostei dele de cara, vi que ele tinha um papo bem legal, e tinha muita coisa em comum comigo. E estamos assim até hoje”, diz Flávia que declara não ter pressa para conhecer seu amado.

Quando o assunto é o tão esperado encontro, ela prefere não estipular uma data, e diz que pretende deixar acontecer quando for o momento certo. “A gente trabalha muito, estuda, não tem tempo. Talvez nas próximas férias de fim de ano a gente consiga”.

Saudade?Namorar alguém que mora a quilôme-

tros de distância é sempre difícil, ainda mais quando bate aquela saudade ou a desconfiança. Mas como fazer para não deixar que isto se torne um empecilho?

O carioca Bernardo Sanches, de 21 anos, namora a gaúcha Gabriela Lopes, de 23, há quase três anos. Eles se conhe-ceram no Rio de Janeiro quando ela via-jou um tempo a trabalho. Pois é, mas a

hora da partida da garota chegou, e agora eles só se vêem nas férias e feriados.

“Claro que a saudade é grande”, de-clara Bernardo, “por um lado é bom, não fica aquele namoro grudento, que acaba enjoando”, conclui.

Fora do mundo virtualEstá certo que namoro “chiclete” é

ruim, mas pior mesmo é ficar longe de quem se ama. A solução encontrada por Bernado foi simples: a web. “Não usa-mos muito o telefone porque senão a conta vem cara. Mas graças a Deus que existe a internet. Nos falamos pelo MSN e Skype todos os dias” diz ele, que revela que, às vezes, foge da rotina usando um outro modo de namorar a distância bem conhecido: a correspondência.

“Mandamos cartas um para o outro para dar uma fugida do mundo virtual”, revela o carioca.

Ciúmes Bernardo e Gabriela vivem vidas bem

separadas. Cada um tendo que trabalhar, estudar e, por que não, se divertir. Aí en-tra a questão da desconfiança e do ciúme. Para Gabriela, só um relacionamento sin-cero e honesto pode conquistar a fidelida-de e a confiança do parceiro.

“É difícil quando ele [Bernardo] sai com os amigos. Não tem como controlar esse tipo de coisa, o ciúme. Mas a gente confia muito um no outro. Isso é o mais importante”, explica.

Nos Estados Unidos, um namoro virtual não teve um final feliz. Kimberly Jernigan, de 33 anos, moradora no estado da Carolina do Norte, conheceu um homem com o apelido de “Lion”, residen-te em Claymont, Delaware, no Second Life, ambiente virtual e tridimensional que simula em alguns aspectos a vida real e social do ser humano.

Depois de manter o relacionamento com o homem de 52 anos pela internet, Jernigan não se conformou com o fim do namoro quando eles se conheceram pessoalmente e tentou seqüestrá-lo. Por sorte, a tentativa fracassou.

quAnDo A exPeRiênciA Dá eRRADo

F5 9

TEXTO: ANDRESSA FERNANDESFOTO E ARTE: SIDMAR JR.

NAMORO NA PONTA

Page 10: Revista F5

10 F5

NO VÍDEOGAMEO relógio marca 9h da noite na academia Upper, no Flamengo, e Alexandre, de 35 anos, pára a sua série de exercícios e se dirige à sala de fitness. Lá ele se encontra com o professor Márcio Galiazzi, de 26 anos, que calmamente arruma o aparelho aeróbico do dia. Da sua bolsa, ele retira algo semelhante a um leitor de DVD, só que branco, e, na mesma cor, um controle remoto que à primeira vista parece ser de televisão e o aponta para um telão de 1,80m de altura e a mesma extensão de largura.

Capa

MALHANDO PARA O VERÃO

10 F5

ESPECIAL: Esportes

Page 11: Revista F5

F5 11

Projetado por um data show, aparece na tela, rodopiando e girando, nada mais nada menos que um dos per-sonagens mais famosos dos games,

o Super Mario Bross, segurando uma ra-quete de tênis. Esta era a aula do dia: uma partida de tênis no Wii, o mais novo vídeo game da Nintendo, lançado no Japão em dezembro de 2007.

A inovação deste vídeo game está na interatividade. Quem joga deve se movi-mentar para que seu personagem na tela se movimente. Na esteira dessa novidade, veio à tona o conceito de “games ativos”, ou seja, vídeo games que, ao contrário do normal, não trazem sedentarismo às pes-soas. Um bom exemplo disso é o Dance, Dance Revolution, flipper que exige que o jogador dance de acordo com os comandos da tela. Outras alternativas que consolida-ram esse conceito foram: o lançamento do Wii Fit, jogo desenvolvido em 2006 pela Nintendo, visando exercitar a forma física; a presença do conceito de “games ativos” na 27ª Conferência da IHRSA, Internatio-nal Health, Racquet & Sportsclub Asso-ciation, e a implementação, no Brasil, da modalidade Fit Game, presente há quatro meses em algumas academias daqui.

A idéia do professor Márcio era juntar entretenimento com a prática de esportes. Além dos costumeiros “ratos de acade-mia”, o Wii Fit despertou o interesse de pessoas que não gostam muito de malhar, pegar pesado e ficar como corpo dolorido. Grande parte dos praticantes é apaixonada por jogos e encontrou no Wii Fit a pos-sibilidade de se divertir enquanto perde algumas calorias. Segundo Márcio, uma pesquisa realizada nos EUA aponta que a prática do vídeo game proporciona perda de apenas três calorias a menos que se praticado na vida real.

Com o vídeo game Wii, os alunos pra-ticam esportes como tênis, boxe, corrida, natação, vôlei, entre outros.

InterativoE entre os praticantes, a nova tendência

é sucesso total. Luiz Henrique, de 40 anos,

freqüenta academia há 20 e começou a fazer aulas de Wii Fit há dois meses. Ele acredita que o esporte ajuda a relaxar e aprimorar a coordenação motora.

— Ele consegue simular bastante o es-porte real — diz.

No dia em que a equipe da F5 esteve na academia, pôde presenciar a primeira aula da estudante de administração Maria Clara, de 21 anos. E, para quem não conhecia, a novidade foi muito bem recebida.

— Nunca tinha jogado antes, sou um horror em vídeo game. Achei muito legal porque você queima calorias e se distrai. É muito gostoso, cada jogo é uma atividade diferente — revela a estudante.

O personal trainer Luiz Carlos de Mo-raes, que presenciou uma modalidade de ginástica via vídeo game em um Encontro de Fitness, considera a experiência muito interessante.

Há 29 anos no mercado, ministrando aulas de step, ginástica localizada, ciclismo indoor, aerojump, alongamento e relaxa-mento, Luiz Carlos assegura que essa é uma boa oportunidade de tirar as pessoas do ostracismo sem exageros.

— Eu enxergo benefícios que qualquer movimento corporal proporciona princi-palmente em nível cardiovascular e racio-cínio rápido, aponta o professor.

PesquisasAntes do lançamento do Nintendo Wii,

em 2006, pesquisadores da clínica Mayo, nos Estados Unidos, constataram que o ritmo cardiovascular de quem usa vídeo games como Dance Dance Revolution, que obriga o jogador a simular passos de dança, é 40% maior do que o nível normal de uma pessoa que joga vídeo game de forma passiva.

Outro dado positivo foi obtido pelos pesquisadores Robin R. Mellecker e Alison M. McManus, do Instituto de Performance Humana da Universidade de Hong Kong. Eles analisaram o batimento cardiáco e mediram as calorias gastas por crianças de seis a 12 anos enquanto jogavam o vídeo game ativo Xavix, do Japão. Em compara-ção com a situação de repouso, as crianças

F5 11

TEXTO: ANDRESSA FERNANDES, AFFONSO ANDRADE e SIDMAR JR.FOTOS: AFFONSO ANDRADE

Page 12: Revista F5

12 F5

gastaram 39% calorias a mais quando esta-vam jogando um vídeo game ativo.

No entanto, um estudo financiado pela fabricante de vídeo games Nintendo, da Inglaterra, costatou que os jogos do Wii Sports queimam apenas 2% de calorias a mais que o Xbox 360, vídeo game passivo da Microsoft.

O professor Márcio Galiazzi explica que, além de obrigar o aluno a fazer os movimentos reais do esporte que está jo-gando, o Fit Game não veio substituir a academia, mas atuar como uma aliança, visando trazer as pessoas para se diverti-rem, se sociabilizarem, complementando mesmo a atividade física.

— Quem está em casa jogando o tê-nis, sentado na cadeira, não vai queimar calorias como se estivesse na vida real, mas aqui a gente prioriza os movimentos reais — declara.

Para o professor Luis Carlos, a modali-dade queima calorias sim, porque estimula as pessoas a se movimentarem. Mas ele salienta que a presença do profissional é fundamental, para que se pontencializem os resultados.

Experiências pessoaisO jornalista, Ben Kuchera, do site de

vídeo games ArsTechnica, passou dois meses se exercitando com o vídeo game por meia hora diária, alternando quatro jogos. Entre eles estavam Dance Dance

Dinamarca. Ruas limpas, violência zero, pessoas lou-ras e rosadas andando pelas ruas. No meio desse ce-nário idílico, um senhor de meia-idade subitamente

cai ao chão com a mão sobre o peito. Transeuntes as-sustados, alguns se abaixam para ajudar, outros passam apressados mal lançando um olhar sobre a vítima de mal súbito. O máximo de tecnologia aplicada à situação que podemos imaginar seria alguém sacar o celular e ligar rapidamente para uma emergência médica, certo? Não lá. Provavelmente, em poucos minutos, paramédicos es-tarão no local sem terem sido contatados por nenhum dos transeuntes e, melhor, ao chegar ao local, já terão todos os equipamentos e informações médicas do paciente.

Em outra cidade européia, um escapamento de gás começa na cozinha enquanto o inocente morador assiste a televisão na sala. Um sensor remoto imediatamente irá desligar o gás, as janelas serão automaticamente abertas e um alarme alertará a companhia de gás sobre o problema.

Ao mesmo tempo, uma voz eletrônica soará informando o habitante da casa sobre o ocorrido, aconselhando-o a permanecer fora da cozinha e avisando que a empresa de gás está a caminho, para resolver a situação.

Século XXII? Não, é apenas a prática do Projeto Per-sona iniciado em janeiro de 2007, em uma reunião na Dinamarca sob o patrocínio do Comitê Dinamarquês de Tecnologia. O objetivo era discutir como as novas tecno-logias poderiam ser utilizadas no cuidado e bem-estar de idosos. Frente a frente com o problema de uma popula-ção de terceira idade cada vez maior na União Européia, a preocupação da Comissão Européia, um dos patrocina-dores do projeto, era garantir independência e segurança para esses idosos. Daí nasceu a idéia do Perceptive Spa-ces Promoting Independent Aging (Persona), que pode ser traduzido literalmente como “Espaços perceptivos promovendo um envelhecimento com independência”, que deverá estar totalmente operacional em 2010.

Persona: tecnologias a baixo custo ajudando os idosos da europa

12 F5

EQUIPE Nova modalidade permite que os alunes joguem partidas em grupo, promovendo uma que maior sociabilização entre as pessoas que frequentam a academia.

Por Luiza Cruz

Page 13: Revista F5

F5 13

Revolution, EyeToy e Yourself Fitness, que exigem maior movimentação.

Com uma alimentação balanceada, ele perdeu 10 quilos no período da atividade e constatou que o Wii não conduz a exer-cícios rigorosos porque, a menos que você deseje mesmo se exercitar, o controle res-ponde a movimentos sutis do pulso.

O americano Mickey DeLorenzo, ado-tou o Wii Fit em sua rotina diária e perdeu nove quilos em 41 dias de experiência. Ele não abriu mão de comer, beber, e fazer o que sempre fez. Além do peso, ele também perdeu 7.62 cm de cintura.

O futuroSerá que ele veio ou não para ficar?

Enquanto o professor Galiazzi aposta no sim, seu colega, o professor Luis Carlos, é mais cauteloso.

— A tendência é haver uma corrida inicial por conta da novidade, como tudo o que acontece com as supostas novidades de época em academia, mas nem todas ficam, diz ele. E você, acredita nos vídeo games ativos? ENQUETE NA PÁGINA 18.

DINAMISMO Novo vídeo game da Nintendo obriga os jogadores a fazerem movimentos, quemando calorias

O Persona é apenas um exemplo de como as no-vas tecnologias estão sendo aplicadas no processo de inclusão social. O carro-chefe do projeto é o modelo de “casas inteligentes” totalmente operadas por com-putador, tipo “abrir janelas”, “acender luzes” e de comandos enviados por uma dona-de-casa apressada diretamente do trabalho para seus eletrodomésticos em casa. A questão é que essas e outras tecnologias já disponíveis têm um alto custo, o que as torna um item de luxo.

Mas, o que a Comissão Européia quer é patrocinar casas inteligentes totalmente linkadas com os serviços públicos através de um middleware especialmente de-senvolvido e garantir a segurança e saúde dos seus ido-sos a baixo custo.

Claro que temos que ver o outro lado. O mesmo chip que fez disparar o sinal de emergência médica do nosso idoso dinamarquês lá de cima também pode servir para monitorá-lo caso o sapeca velhinho queira dar suas esca-padas. E o que dizer do cidadão que porventura resolva se suicidar na casa inteligente da cena 2? Os apocalíp-

ticos de Umberto Eco já devem estar de cabelos em pé após ler esse artigo. “Inserir um chip em você é como ter um panóptico de Foucault dentro de si”, posso ouvi-los declamando.

A questão é: nossa segurança e conforto, em todos os níveis, têm um preço? E é esse a nossa privacidade? Em situações de risco como as descritas acima, quem somos nós? Apocalípticos ou integrados em relação às novas tecnologias.

LUIZA CRUZ é jornalista, relações públicas e pesquisadora na área de novas tecnologias e mediações. É mestre em Ciências Políticas pela The University of Manchester, Inglaterra e doutora pela ECO-UFRJ. Já trabalhou

na grande imprensa nacional e internacional e em empresas do setor público e privado. É

membro do GT de Comunicação Audiovisual da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares de Comunicação (Intercom) e do GT de Comunicação, Desenvolvimento e Tecnologia da Associação Latino-Americana de Pesquisadores em Comunicação.

Page 14: Revista F5

14 F5

VIDA DE REPÓRTERUMA PROFISSÃO EM DIFERENTES TECNOLOGIASTodo mundo que faz faculdade de jornalismo passa por um momento de indecisão sobre em qual tipo de veículo iniciar sua carreira: televisão, rádio ou jornal. Cada opção tem seus pontos positivos e negativos. Alguns mais positivos, outros mais negativos, mas todos esses pontos passam o prazer da profissão e o sentimento de orgulho em ajudar na popularização dos fatos importantes.

O rádio é o veículo mais dinâmico que existe. Em relação ao jornal e à televisão, existe uma certa fa-cilidade de se trabalhar no rádio,

levando em conta os textos, que são mais curtos e mais objetivos. Pode-se entrar no ar com o próprio celular, sem precisar de equipamentos pesados, maquiagem, pro-dução, ou seja, no rádio a notícia quase sempre é dada em primeira mão. Mas as dificuldades também são grandes, como explica Márcia Medeiros, ex-jornalista da Rádio Carioca.

— Trabalhar no rádio é muito corri-do. O programa tem que estar totalmente pronto com uma hora de antecedência, com o convidado confirmado, com uma segunda opção caso o convidado se atra-se ou falte para não ter buracos — afirma Márcia.

Como muita gente no Brasil ainda não possui televisão e o índice de analfabe-tismo é muito grande, o rádio é o meio de comunicação que consegue atingir o maior número de pessoas das mais di-ferentes idades e classes sociais. É uma das vantagens e satisfações de trabalhar no rádio.

TEXTO: AFFONSO ANDRADEFOTOS: INTERNET

— O rádio tem a vantagem de acres-centar dados da notícia minutos depois de ela ser dada, coisa que o impresso, por exemplo, não tem, só no dia seguinte. Os desdobramentos são acompanhados ao vivo. O rádio atinge todas as camadas so-ciais. Nas regiões mais pobres, onde não chega o jornal, o rádio fica ligado o dia inteiro — conclui Márcia.

ImpressoO jornal é hoje um veículo com uma

credibilidade enorme. Quando alguma coisa sai no jornal é porque de fato acon-teceu.

— A desvantagem de se trabalhar em jornal é que as pessoas já sabem das no-tícias, pois as viram na TV ou ficaram sabendo pelo rádio — afirma a jornalista Vera Lucas, que trabalhou no jornal O Globo.

A dedicação do jornalista para o im-presso é muito grande. Apuração da maté-ria pela manhã, buscando fontes e colhen-do informações, para estar tudo pronto, com entrevistas, fontes, edição até o fim da tarde. Mas esse envolvimento é, de cer-ta forma, prazeroso ao jornalista.

14 F5

Reportagem: Profissão & Tecnologia

Page 15: Revista F5

F5 15

— O fato de poder trabalhar bem o tex-to, escrever e se envolver com a matéria é gratificante. É o dia inteiro de convivência com o fato — cita Vera como uma vanta-gem de se trabalhar com o jornal

Televisão Já a televisão é o sonho de consu-

mo de todo jornalista e estudante de jornalismo. Trabalhar na televisão é o auge de uma carreira, já que é o veícu-lo em que se tem os melhores salários e reconhecimento. Mas para tudo há um preço, e o preço de trabalhar na TV é a dificuldade.

— Na TV se trabalha sobre grande pressão. Não dá pra aprontar a matéria como gostaríamos, devido ao pouquíssi-mo tempo. É muito trabalho, o que acaba deixando nossa vida pessoal em segundo plano — conta Vera Lucas, que também trabalhou na Rede Globo.

O jornalista de TV vira um ícone, às vezes até um pop star. Mas para agüen-tar as dificuldades e ter sucesso é preciso estar preparado.

— Tem que gostar de adrenalina. Mas é muito bom para ver o resultado, pois é imediato. Além, é claro, do bom salário — completa Vera.

Por onde começar?O estudante de jornalismo sempre

busca dicas e conselhos sobre os veícu-los, mas o certo é que, hoje em dia, não se pode escolher muito o lugar onde se vai trabalhar. Agarrar as oportunidades é importante para entrar em um mercado de trabalho tão concorrido.

— Para quem está começando eu aconselho a não esperar o diploma. É preciso correr atrás desde cedo e pegar o que aparece — acrdita Vera Lucas.

Márcia Medeiros afirma que, para quem começa, o rádio é um ótimo lugar para se aperfeiçoar na profissão.

— Eu, particularmente, acho melhor começar no rádio. Tem-se um contato direto com as pessoas, tanto do público, quanto dos participantes. É apaixonante — arremata Márcia.

F5 15

TECNOLOGIA Estúdios de rádio cada vez mais modernos continuam sendo opção para quem quer seguir a carreira

TELEVISÃO Adrenalina e bom salário podem deixar vida pessoal em segundo plano

Page 16: Revista F5

16 F5

E NÃO DEU OUTRA. Aos 17 anos de idade, fascinado pelos documen-tários exibidos pelo programa Globo Shell, ele quis cursar cinema e pres-

tou vestibular de comunicação visual para a PUC-Rio. Foi aprovado, mas a felicidade durou pouco: na primeira aula descobriu que comunicação visual era, na verdade, desenho industrial e não cinema.

Com apenas duas cartas na manga, ten-tar o vestibular em outra universidade ou mudar de curso, Brasil optou pelo caminho “por onde vão os desgarrados”, como ele mesmo diz. Foi fazer comunicação social, logo se apaixonando pelo tal do “jorna-lismo em TV”, que emergia no país sob o nome de telejornalismo.

Um ano mais tarde, aos 18, cansado das teorias das aulas de jornalismo, Brasil bateu à porta da Rede Globo e se candida-tou a uma vaga de cinegrafista. No início, sem receber nada, foi assistente de câmera de programas como o Globo 2 minutos e o Fantástico, semanal do qual fez parte desde o início, em 1973.

Aos poucos, Brasil já filmava, cuidava da técnica, produzia e editava reportagens.

Nesse ritmo, em 1976, aos 21 anos, ingres-sou na primeira equipe de correspondentes da Rede Globo na Inglaterra.

Nos anos 80, depois de sair da Globo e trabalhar como frila no exterior, deci-diu voltar ao Brasil e criar uma produtora profissional de vídeos, a RTV Produções. Foi através dela que conheceu o cineasta britânico Simon Hartog, de quem sempre foi grande fã. Hartog tinha vindo ao Brasil produzir um vídeo sobre o poder de influ-ência do dono das Organizações Globo, Roberto Marinho.

Hartog ficou cliente da RTV, que pro-duziu o que anos depois, em 1983, se chamaria Muito além do Cidadão Kane, documentário cuja exibição foi proibida pela Justiça brasileira em todo o território nacional por exibir imagens de programas da Globo sem autorização da emissora.

Brasil trabalhou nesse documentário em segredo, pois a Globo era uma das clientes da RTV na época. Sua agência cuidou da produção, mediando as entrevistas com personalidades como Chico Buarque, Le-onel Brizola, entre outras que aparecem no vídeo “apócrifo”. Brasil revela que partici-

TEXTO: SIDMAR JR. FOTO: AFFONSO A.

O TELEJORNALISTA

GUERREIROPe

rfil: P

rof.

Antô

nio

Bras

il

Em agosto de 2003 a BBC News convocou três especialistas em televisão e fez uma matéria para discutir a influência da Rede Globo no Brasil. Apenas um brasileiro apareceu entre os estudiosos convidados: Antônio Brasil. Nascido em 1954, Brasil, como é mais conhecido, registrou o surgimento em preto e branco daquilo que mais tarde viria a colorir seus pensamentos: a TV.

16 F5

Page 17: Revista F5

F5 17

pou da produção em virtude da insistência de Hartog em fazer o filme. A Globo teve acesso ao projeto antes da produção, mas se recusou a ceder qualquer material infor-mativo para compor a obra. Esse, segundo Antônio Brasil, foi um dos motivos que levaram Hartog a piratear imagens do do-cumentário. Em A revolução das imagens (Ciência Moderna, 2003), Brasil aborda essa questão, analisando a importância de existirem, assim como no exterior, arqui-vos públicos de televisão. “Eu acho um absurdo que eu não possa assistir a um Jor-nal Nacional de 10 anos atrás. Os jornais impressos tem na Biblioteca Nacional, os telejornais são acervos exclusivos da emis-sora”, reclama.

Em 1993, quando o filme completava uma década de existência, Brasil revelou a sua participação na iniciativa, em artigo de protesto escrito para o portal Comuni-que-se, intitulado “Documentário proibido completa 10 anos”.

Fase GuerrilheiraEm 1996, Brasil foi convidado pelo

professor e amigo de Rede Globo, Mano-el Wambier, a dar aulas de telejornalismo na PUC. Era o início da fase guerreira do jornalista.“Quando fui dar aulas, uma das perguntas que fiz foi: ‘cadê a televisão, cadê os equipamentos?’”. Foi a partir da consta-tação da falta de recursos tecnológicos na Universidade, devido ao custo, que Brasil lançou o conceito Guerrilha Tecnológica, que aprofundaria no livro Telejornalismo, internet e guerrilha tecnológica (Moderna, 2002), que basicamente se resume à frase “Faça com o que você tem”.

Foi a partir desse conceito que Antônio Brasil criou na Universidade Estácio de Sá (Unesa) seu primeiro grande projeto: A TV do Poste. “A gente começou a experimentar televisão ao vivo. Pegava um cabo longo e ligava o estúdio ao monitor da praça de alimentação”. A experiência lhe rendeu um prêmio da Sociedade Brasileira de Es-tudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom).

Com o aparecimento da TV Universitá-ria, Brasil vislumbrou uma ótima oportuni-

dade de seus alunos trabalharem em uma TV ao vivo, e criou o programa Caderno U. Mas a politicagem reinante no canal, que até hoje não faz televisão ao vivo, vetou a criatividade dos alunos. “A UTV é uma das maiores dececpções que tive na minha vida e continua sendo. Ninguém assiste, é uma porcaria”.

Como há males que vêm para bem, Bra-sil logo procurou uma saída e anos mais tarde criou, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), a TV Uerj, a primei-ra televisão ao vivo produzida por alunos. Esse projeto lhe rendeu outro prêmio na InterCom, em 2002, e um TopCom Awar-ds. Depois disso, a rede norte-americana de notícias CNN permitiu que os estudantes de jornalismo da Uerj produzissem repor-tagens em inglês para serem exibidas no exterior.

Hoje Antônio Brasil não se satisfaz com as conquistas e se declara um eterno críti-co do telejornalismo, procurando sempre mais. Ele se prepara para o pós-doutorado em antropologia no Museu Nacional da UFRJ, é freelancer de canais internacionais e colunista do portal Comunique-se.

“A UTV é uma das maiores dececpções que tive na minha vida e continua sendo. Ninguém assiste, é uma porcaria ”

F5 17

Page 18: Revista F5

18 F5

Enquete

VOCÊ USARIA UM VÍDEO GAME PARA MALHAR?

Leonardo Pellegrini Vieira, 33 anos, publicitário e cineasta— Não sei se essa nova modalidade é eficaz na queima de calorias, mas qualquer atividade que tire as pessoas do sedentarismo é bem-vinda. Para quem curte é um estímulo.

Sheila Rodrigues, 30, estudante de AdministraçãoSim. Além de queimar calorias,

Monique Guimarães, 23 anos, estudante de Comunicação— Não usaria como meio de manter a forma. A proposta de utilizar o vídeo game é divertida, mas não acho que funcione da mesma forma que um exercício tradicional ou um esporte praticado ao ar livre. A vida já está virtualizada demais.

Bruno Costa, 22 anos, estudante de Publicidade A novidade é ousada mas não usaria um vídeo game para cuidar da saúde, ainda que ativo. Acredito que ele possa complementar, mas aliado a outras atividades físicas.

Rafael Braz, 21 anos, estudante de PublicidadeAdoro jogar Nintendo Wii e

Priscila Quintino, 22 anos, estudante de Tecnologia e SistemasCom toda certeza. Eu já amo vídeo game e também amo academia, então, acho que seria ideal juntar duas coisas que gosto de fazer para perder calorias, pois precisa de esforço. Apóio e acredito no sucesso da idéia.

TEXTOE FOTOS: REDAçÃO

Na Página 10 mostramos que praticar exercícios com um vídeo game já é realidade. Claro que isso está sendo alvo de muita polêmica, uns acham a novidade interessante, outros pura besteira. Mas, e você?

18 F5

acho muito massa essa novidade. Eu sempre joguei vídeo game e faria, sim, uma aula dessas para ver como é. Jogar e ao mesmo tempo se exercitar deve ser muito legal.

essa nova modalidade de atividade física traz integrado o entretenimento de um jogo de vídeo game. O bom é que você se diverte e faz exercícios físicos ao mesmo tempo.

Page 19: Revista F5

F5 19Essa publicidade de caráter experimental tem o objetivo de promover a consciêntização de jovens e adultos sobre a importância do uso de preservativos. Modelo: Vitor Tavares.

Protegido até no escuro

Essa publicidade de caráter experimental tem o objetivo de promover a consciêntização de jovens e adultos sobre a importância do uso de preservativos. Modelo: Vitor Tavares.

Page 20: Revista F5

20 F5 Essa publicidade de caráter experimental. Modelo: Amanda Ribeiro. Essa publicidade de caráter experimental. Modelo: Amanda Ribeiro.

EU TE CHAMODE

NÃO FAÇA BICO

CAMPANHA