Revista Floresta Brasil Amazônia – 07

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EDIÇÃO ESPECIAL

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Quarenta anos da Expoagro. Uma história do desenvolvimento regional do setor primário do Amazonas, que começou com Eurípedes Ferreira Lins, o fundador da Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas (FAEA).

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EDIÇÃO ESPECIAL

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4 | DEZEMBRO 2013 / JANEIRO/FEVEREIRO 2014 – Floresta Brasil Amazônia

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Floresta Brasil Amazônia - DEZEMBRO 2013 / JANEIRO/FEVEREIRO 2014 | 5 )))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))45 85105 61

))))))))))))))))))))))))Sumário

101 6280 51

7 Editorial

8 REGISTRO O que acontece na região

9 Notas Fique por dentro

10FEira agropEcuária Expoagro movimenta R$ 42 milhões em sua 40ª edição no Amazonas

22 Bacia lEitEira Festival do Leite de Autazes tem ordenha mecanizada

26 carauari Calha do Juruá se reúne para celebrar a Festa do Açaí

28 MauésFesta do Guaraná incorpora agronegócio

34 rodEio E culturaEnvira realiza sua exposição agropecuária

37artigoPresidente da FAEA, Muni Lourenço, comenta cursos do SENAR Amazonas

38 Exposição E FEiraParintins realiza feira agropecuária e escolhe rainha

40 VaquEjadaEsporte comemora 25 anos no AM

45 artigoSenador Eduardo Braga faz balanço de 2013

46 EMprEsário do aNo Augusto Salla é destaque nos negócios

51 artigoUlisses Girardi e a sustentabilidade

52sucEssoEmpresário Juscelino Salla é pioneiro na fabricação de ração animal em RO

56 parlaMENto Paulo César Quartiero apoia Forças Armadas na Amazônia

58 EducaçãoEncontro PRONATEC

61 artigoValdir Raupp comenta cenário de prosperidade para Rondônia

62 ENtrEVista Confúcio Moura, governador de RO, concede entrevista exclusiva

67 artigo Virgílio Viana – arquearia e os povos tradicionais

68 MErENda EscolarProdutores recebem parcela do PREME

70 EMprEsa FaMiliarNatucarne há 13 anos no mercado de Manaus

75 artigoPetrúcio Magalhães comenta prioridades para 2014

76 puBlicaçõEs wEgaEditora Wega publica livros sobre agricultura familiar

80 sEtor priMárioJosé Melo é um profundo conhecedor do produtor rural

83 artigo Domingos Nogueira comenta importância das hidrovias

84 rEFlorEstaMENto Omar Aziz inicia reflorestamento no sul do Amazonas

85 artigo Senadora Vanessa Grazziotin luta na defesa do planeta

86 coopEratiVasCooperativas se fortalecem em Rondônia

88 artigo/dEsaFioLogística na Amazônia

90 sustENtaBilidadE Líderes comunitários debatem o Bolsa Floresta

92 artigo Valdelino Cavalcante escreve sobre os 10 anos da ADS

94 tEcNologiaFeira Internacional da Amazônia chega à sua 7ª edição

100 statusAmazonas avança no combate à Febre Aftosa

101 artigo General Villas Bôas comenta parceria do CMA

102 MaNEjoRibeirinhos lucram com o abate de jacaré

105 dEstaquE NacioNal 2013Pesquisa IBOPE aponta Omar Aziz como o melhor governador

107 artigoMarco Antonio Carballo Perez comenta missão do 7º Comar

108 caças da FaBBrasil aposenta Mirage e anuncia Gripen

110 pErsoNalidadE rEgioNal Prefeitura de Apuí apresenta balanço de gestão

112 artigoEdimar Vizolli escreve sobre extensão rural

114 poEsiaNora Prado – Risonho rio tristonho

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EDITORIAl

PRODuTORES DE AlImEnTOS

Quarenta anos da Expoagro. Uma história do desenvolvimento regio-nal do setor primário do Amazonas, que começou com Eurípedes Ferreira Lins, o fundador da Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas (FAEA).

Hoje, depois de quatro décadas, a memória deste visionário está pre-servada com o nome do parque de exposições que será construído na Ci-dade Universitária de Iranduba, depois de ter sido transferido da Avenida Torquato Tapajós e que, este ano, funcionou, provisoriamente, na Pista de Arrancada no quilômetro 6,5 da Rodovia Manuel Urbano (AM-070), do outro lado da Ponte Rio Negro.

O Amazonas é dependente do modelo do Polo Industrial de Manaus, onde a isenção tributária permite que as mais de 600 empresas existen-tes nele faturem acima de US$ 40 bilhões, uma riqueza que gera aproxi-madamente 125 mil empregos diretos.

O que parece ser uma potência de sustentabilidade econômica não é, porque mesmo que a base governista no Congresso consiga estender por mais 50 anos este benefício em 2014, como quer a presidente Dilma Rousseff, o risco da volta dos anos de decadência, à exemplo do fim do ciclo da borracha, na primeira década do século vinte, permanece como uma sombra.

Dito desta forma,o setor primário, que hoje responde por apenas 7% do PIB do Amazonas, é a saída definitiva para o crescimento econômico em bases concreta e ambientalmente correta da maior unidade federati-va do Estado brasileiro.

Daí a importância histórica das iniciativas como o Terceiro Ciclo de Amazonino Mendes, Zona Franca Verde de Eduardo Braga e Amazonas Rural de Omar Aziz. Todas com acertos e erros, mas, conceitualmente avançadas em suas épocas. Feito que a base delas é o fortalecimento dos produtores rurais, dentre eles os extrativistas e os ribeirinhos, que repre-sentam a força motriz do Amazonas Profundo.

Os mestres Samuel Benchimol e Leandro Tocantins estavam certos quando escreveram que a Amazônia tem todas as condições de surpre-ender o mundo com o que existe na floresta, nos rios e no povo que vive nesta região do planeta.

Pois bem, é nela, na floresta, no campo e na sabedoria do caboclo que reside a redenção econômica dos amazônidas. O sucesso do açaí; do melhoramento genético do rebanho bovino; do plantio de plantas nati-vas para reflorestar o sul do Amazonas; o acervo científico do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA); a exploração da silvinita/po-tássio; do calcário; da piscicultura em grande escala; dos biocosméticos; provam que além do PIM, a terra do genial poeta Luiz Bacelar, tem muito mais do que crédito de carbono e de beleza arrebatadora. O Amazonas tem respostas para o seu desenvolvimento e elas passam pela agricultura, pecuária, mineração responsável, preservação ambiental, mas, sobretudo, pelas mulheres e homens que vivem na maior floresta tropical do planeta. Essas pessoas, a maioria anônimas, estão muito além do Polo Industrial de Manaus. São os heróis da resistência, os produtores rurais.

)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))

Antonio Ximenes

Diretor de Redação

Jornalista Responsável

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registro da floresta

GOvERnO FEDERAl InvESTE nA TIláPIA

O Ministério da Pesca e Aquicul-tura (MPA) anunciou investimentos de R$ 252 mil em ações voltadas ao melhoramento genético da tilápia, uma das principais espécies de peixe atualmente cultivadas no País. Os recursos vão apoiar o projeto “Im-plementação de estratégias gené-ticas e reprodutivas para selecionar reprodutores de tilápias”, vencedor de um concurso realizado pelo Con-selho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/Mi-nistério da Ciência e Tecnologia).

De acordo com dados do MPA, a produção de tilápia cresce, em mé-dia, 17% ao ano, no Brasil. Segundo dados do mais recente boletim esta-tístico do MPA, a produção oficial de tilápia ultrapassou 253 mil toneladas em 2011, mostrando crescimento sustentado: 155 mil toneladas em 2010; 133 mil, em 2009; e 111 mil toneladas, em 2008.

CADASTRO AmBIEnTAl RuRAl COmEçA nO AC

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) lançou no final de dezembro o Sistema de Cadastro Ambiental Rural (SiCAR) no Acre. O Cadastro Ambiental Rural (CAR) faz parte do processo de implantação do novo Código Florestal. Entre os seus ob-jetivos está a regularização ambien-tal dos imóveis rurais. Esse cadastro eletrônico permitirá ao proprietário ou possuidor do imóvel rural exercer suas atividades de forma legal, com segurança jurídica e sustentabilida-de ambiental.

nOvA SEDE DA POuPEx

Inaugurada a nova sede da POU-PEX em Manaus, localizada na Av. Djalma Batista. Na ocasião, o Gen. Villas Bôas, comandante do CMA, prestigiou o evento com a participa-ção no corte da fita inaugural.

lEI DA AnATER

A presidente Dilma Rousseff sancionou, em dezembro, a lei que autoriza o Executivo a criar a Agên-cia Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater). O principal objetivo da instituição é qualificar e ampliar os serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) no Brasil.

PASSAGEm DE COmAnDO

No dia 19 de dezembro, no Co-mando Militar da Amazônia, houve a passagem de comando do Esta-do Maior da instituição. Assumiu o general de brigada Paulo Sérgio Nogueira da Silva no lugar do hoje general de Divisão, Jaborandy, que está no comando da 8ª Região Mili-tar de Belém. No mesmo dia e lugar aconteceu a passagem do cargo de Chefe do Centro de Operações do Comando Militar da Amazônia, do Cel. Pedro Aurélio de Pessoa para o General de Brigada Ubiratan Poty.

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O Governo do Estado de Ron-

dônia, por meio da Emater-RO,

continua o projeto de ampliar a

quantidade de agroindustrias fa-

miliares no interior do Estado. Em

dezembro, foi inaugurada a mais

recente unidade, no município de

Monte Negro, localizado a 250 qui-

lômetros de Porto Velho e a 50 qui-

lômetros de Ariquemes, no Vale do

Rio Jamari.

De acordo com o secretário de

Estado de Agricultura e Pecuária

de Rondônia, Eduardo Padovani, a

meta é fechar 2013 com pelo me-

nos mil novas agroindustras fami-

liares inauguradas no interior de

Rondônia.

Notas

EmATER InAuGuRA AGROInDuSTRIAS Em ROnDônIAFAS PARTICIPA DA ClInTOn GlOBAl InITIATIvE

A Fundação Amazonas Sustentá-

vel (FAS) participou do encontro

da Clinton Global Initiative para a

América Latina realizado em de-

zembro no Rio de Janeiro. O en-

contro, um dos principais fóruns

não-governamentais para a discus-

são de problemas globais, chegou

à América Latina para debater solu-

ções para os problemas da região.

Entre os participantes, estavam

o ex-presidente norte-americano

Bill Clinton, a presidente brasileira

Dilma Rousseff, empresários, aca-

dêmicos e representantes de or-

ganizações não-governamentais. O

representante da FAS no encontro

foi o superintendente geral da enti-

dade, Virgílio Viana.

nOvA ESPéCIE DE AnTA é DESCOBERTA

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

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ção

Uma nova espécie de anta foi descoberta na divisa dos Estados do Amazonas e Rondônia e catalo-gada por cientistas. A Tapirus kabo-mani é a primeira espécie da ordem Perissodactyla, que inclui cavalos e rinocerontes, encontrada nos úl-timos cem anos, e a primeira anta dos últimos 150 anos.

Em comparação com a Tapirus terrestris, conhecida como anta

brasileira, a nova espécie tem as patas curtas, cor mais escura e cris-ta menos proeminente.

CAmPEãO nACIOnAl DE lAçO COmPRIDO

O atleta paraense Eduardo Dornelles da Rocha se sa-

grou campeão nacional na modalidade Laço Comprido,

em competição realizada em dezembro no Estado de

Mato Grosso do Sul. Eduardo vive no município de Novo

Progresso e sua participação na competição nacional

contou com o apoio do Governo do Estado do Pará. Edu-

ardo recebeu o título das mãos do Ministro dos Espor-

tes, Aldo Rebello.

ESTuDO mAPEIA lEIS DE muDAnçAS ClImáTICAS

Uma pesquisa feita pelo Núcleo de Economia Socioam-

biental da Universidade de São Paulo (USP) divulgou um

estudo constatando que apenas 15 dos 26 Estados e

Distrito Federal possuem uma lei estadual voltada para

enfrentar as mudanças climáticas.

O levantamento foi lançado pelo Fórum Clima, que reú-

ne o Fórum Amazônia Sustentável, o Instituto Ethos e a

União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).

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10 | OUTUBRO / NOVEMBRO / DEZEMBRO 2013 – Floresta Brasil Amazônia

Edição histórica da principal Feira Agropecuária do Estado movimenta R$ 42 milhões

REPORTAGEm: Antonio Parente Melo, Diárcara Ribeiro, Lineize Leal, Omar Gusmão F0TOS: Alexandre Fonseca, Antonio Ximenes, Diárcara Ribeiro, Antonio Parente Melo, Lineize Leal e Divulgação Sepror

Feira agropecuária

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Floresta Brasil Amazônia – OUTUBRO / NOVEMBRO / DEZEMBRO 2013 | 11

A abertura da 40ª Exposição Agropecuária do Amazonas (EXPOAGRO) foi marcada pela comemo-ração da data histórica e pelos avanços conquistados no setor primário. Entre os dias 06 e 15 de dezem-bro, os visitantes participaram de diversas atrações, como rodeio em touros, torneio leiteiro; cavalgada; bicicleta; desfile das rainhas e show musicais de ban-das locais e nacionais.

Pela primeira vez a EXPOAGRO ocorreu fora da capital Manaus, sendo realizada na Pista de Arran-cada, localizada no Km 6,5 da Rodovia Manuel Ur-bano no município de Iranduba. Após a cavalgada, ciclistas atravessara a ponte do Rio Negro em dire-ção ao parque de exposição onde houve confrater-nização entre eles.

Outra notícia comemorada na abertura foi que o Estado do Amazonas recebeu nas últimas semanas do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) o sta-tus de médio risco de febre aftosa. “Provavelmente até junho do próximo ano, vamos ser um estado livre de febre aftosa, o que garante mais segurança para os produtores e população, além da possibilidade de melhorar geneticamente o rebanho amazonense com a vinda de matrizes”, afirmou o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas (FAEA), Muni Lourenço.

A expectativa da Secretaria de Produção Rural (SEPROR) foi de dobrar os negócios realizados no parque. “Um decreto assinado pelo governador, Omar Aziz, garantiu a redução de Imposto sobre Cir-culação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para os ne-gócios realizados dentro da feira, essa foi mais uma iniciativa de incentivo. O produtor rural que com-prou maquinário, por exemplo, recebeu descontos significativos”, disse o secretário de produção rural, Eron Bezerra.

Sobre o novo local, o vice-governador, José Me-lodeclarou: “o governo teve que tomar a decisão de montar um grande hospital em Manaus, e tomou a decisão também de construir um novo local para a re-alização das feiras, como nós temos uma área grande aqui em Iranduba (se referindo à Cidade Universitá-ria), então, vamos preparar para que, no próximo ano, já aconteça em um local definitivo. Ganham a popula-ção e os produtores rurais”, disse.

“Nosso município sempre teve uma economia baseada no setor, e essa feira vem estimular e bene-ficiar a cidade e os produtores rurais que aqui resi-dem, é um estímulo para nossa economia”, celebrou o prefeito do município, Xinaik Medeiros.

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Feira agropecuária

» vice-governador José melo afirmou durante a abertura da Feira que o novo parque será construído na Cidade universitária em Iranduba

» Secretário de Produção Rural, Eron Bezerra e vice-governador José melo durante a visita aos estandes » Empresário José Azevedo, presidente da

FAEA, muni lourenço, e criador de ovinos Demilço vivian (Alemão)

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O primeiro dia da 40ª edição da Exposição Agropecu-ária do Amazonas (Expoagro), começou em grande estilo. Em uma bela tarde de sol na capital amazonense, cerca de 25 cavaleiros e apaixonados pela montaria, e mais 18 mil veículos atravessaram a ponte do Rio Negro, em direção à grande arena montada na Pista de Arrancada.

O deputado estadual Chico Preto (PMN/AM), e o Dire-tor-presidente do Instituto de Desenvolvimento Agrope-cuário e Florestal Sustentável do Amazonas (IDAM), Edi-mar Vizolli, estiveram à frente da caminhada. Apaixonado por cavalos e um grande amante do esporte, o deputado Chico Preto falou da importância da EXPOAGRO para o desenvolvimento do setor primário do Estado.

“Assim como a Zona Franca tem a Feira Internacional da Amazônia, onde são divulgados os produtos do Polo Industrial de Manaus, os trabalhadores do setor primário têm a EXPOAGRO como vitrine para os seus negócios. Ain-da que em um ambiente improvisado, o evento é o fruto da ousadia de pessoas que investem no setor e em nosso Estado. Ali é a reunião de ações, onde se tem uma clara noção da importância do setor que traz perspectiva socio-econômica para o Estado junto com o conjunto de ativida-des que os caracteriza. A EXPOAGRO é a concentração dos sonhos e possibilidades de nós criarmos e consolidarmos alternativas para o pequeno produtor”.

“Perspectivas, renda e sonhos para o pequeno produtor”Chico Preto, deputado estadual

Cavalgada na travessia da ponte sobre o Rio negro

» Deputado estadual Chico Preto (PMN/AM) e o Diretor-presidente do IDAM, Edimar Vizolli

» Cavalgada deu início à 40ª Expoagro

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14 | DEZEMBRO 2013 / JANEIRO/FEVEREIRO 2014 – Floresta Brasil Amazônia

A forte chuva que caiu não foi capaz de apagar os âni-mos dos apaixonados pelo hipismo. Oito cavaleiros entu-siasmados duelaram dentro da arena de rodeio, dando um verdadeiro show de habilidade e emoção para as 200 pes-soas que estavam presentes prestigiando a competição. A arena molhada e escorregadia foi um obstáculo a mais para os guerreiros da montaria.

A competição foi difícil e exigiu muita técnica. A har-monia entre o cavalo e os cavaleiros tinha que estar sin-tonizada, para ambos alcançarem o grande objetivo: a passada perfeita. Por ser uma arena de espaço pequeno, a organização resolveu reduzir a quantidade de obstáculos e diminuir o tamanho deles, para que os cavaleiros pudes-sem realizar de forma eficaz suas apresentações.

A competição foi dividida em três: a primeira foi a cate-goria escola, destinada a jovens cavaleiros de idade entre 10 e 18 anos, onde os obstáculos eram de 80 centímetros de altura. A segunda era a categoria aberta, onde cavalei-ros de qualquer idade poderiam participar, e enfrentaram obstáculos de 1 metro, a terceira tinha o grau de dificulda-de mais elevado, obrigando os cavaleiros a fazer a série em menor tempo possível, enfrentando obstáculos de 1,10 m.

Na categoria escola, a arena ficou pequena para os três cavaleiros que disputavam a premiação: Bruno Machado, de 14 anos; Laysa Ketlen, 16; e Leandro Abraão, de apenas 10 anos de idade. O pequeno cavaleiro foi um verdadeiro gigan-te dentro da arena, e não se intimidou com a habilidade dos seus concorrentes e deu um verdadeiro show de técnica.

Campeonato de hipismoFeira agropecuária

» Bruno machado levou para casa o prêmio » Familiares comemoram a dedicação e o esforço que levaram à vitória

» Competidores celebram o título

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Floresta Brasil Amazônia - DEZEMBRO 2013 / JANEIRO/FEVEREIRO 2014 | 15

Bruno Machado levou a melhor, e fez uma série quase que inquestionável, em menor tempo, com apenas uma infração, levando para a casa o prêmio de R$ 500. Anima-do com o bom desempenho na grande arena, Bruno Ma-chado, destacou a importância de vencer a competição.

“Estou muito feliz de vencer a disputa, agradeço aos meus pais que me dão apoio e coragem no esporte, e nun-ca deixaram de me incentivar. Agradeço aos meus profes-sores Pedro Paulo e a Taís, pois o pouco que sei veio deles. Essa competição é uma grande chance de eu crescer e aprender mais. Ganhar é sempre bom, mas poder conhe-cer e aprender com outros competidores é melhor ainda”.

A segunda colocação só deu ânimo e coragem para o pequeno cavaleiro Leandro Abraão, que na mesma tarde, além de ter conquistado a vice-colocação na categoria es-cola, disputou a etapa com obstáculos de 1 metro e levou para casa o primeiro lugar e o prêmio de R$ 1 mil.

“Estou muito feliz com o hipismo e com essa conquis-ta. Minha mãe sempre me incentivou a praticar esse es-porte. Antes eu tinha muito medo de tudo. Quando come-cei a praticar hipismo e a ter mais contato com os animais, eu perdi esse medo. Hoje sei que sou capaz de fazer muita coisa”, disse o animado cavaleiro.

Feliz com a conquista do filho, a mãe Ana Cristina Abraão, não escondeu a satisfação de ver seu filho con-quistar um título concorrendo com grandes competidores e resumiu de forma alegre e emocionada, que o esporte tem trazido de benefícios para o seu filho.

“Sou muito grata a Deus e ao esporte. Ele sempre foi apaixonado por cavalo desde pequeno. Ele é extre-mamente disciplinado e comprometido por causa do es-porte, e sou uma mãe feliz e realizada de ver meu filho crescendo fazendo o que ele mais gosta, que é o hipismo”.

“O hipismo é um esporte que mantém o adolescente com a cabeça ocupada e longe de coisas ruins. Ensina os adolescentes a ter responsabilidade e os ajuda a focar nos objetivos que se tem na vida. Além da convivência com o animal é um esporte que se trabalha em dupla, o condutor e o animal, e isso exige concentração”Claudia Guakueta

FAmÍlIA GuAKuETA

Natural do Rio Grande do Sul, o trio de irmãs foi

acostumado desde cedo a enfrentar dificuldades.

Animada e feliz com as três filhas, a colombiana,

Claudia Guakueta, contou animada como suas filhas

entraram no hipismo e deixou claro a sua paixão pela

cavalgada. Gabriela e Isabela ficaram com o segundo

e terceiro lugares na categoria com obstáculos de 1

metro

“A Caroline e Isabela são irmãs gêmeas, e quan-

do elas tinham 8 anos de idade o ortopedista detec-

tou nelas um problema na coluna e nos orientou a

procurar a montaria que ajudaria elas a se desen-

volverem e terem uma vida mais saudável. A partir

de então, elas gostaram e começaram a praticar o

esporte, participando de várias competições e con-

quistando muitos troféus. Hoje temos em casa cerca

de 50 troféus e sou grata a esse esporte fantástico.

Foi a Gabriela, que é a mais nova, com 12 anos de ida-

de, que deu realmente o primeiro passo para iniciar-

mos na prática do hipismo. O meu tio fazia hipismo

e o meu pai achava que cavalo era só para montar

na fazenda. Então eu montava na fazenda, e quan-

do tivemos que enfrentar o fato de elas terem que

montar em cavalo, eu pensei, vamos fazer bem feito.

Vou colocar elas primeiro para fazer aula de hipismo.

E lá em casa, no café da manhã, almoço e jantar, só

se fala em cavalo.

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16 | DEZEMBRO 2013 / JANEIRO/FEVEREIRO 2014 – Floresta Brasil Amazônia

O Estado do Amazonas lançou o Plano Estadual de

Agricultura de Baixo Carbono (ABC) durante a EXPOA-

GRO. Instituições estaduais assinaram a elaboração do

Plano que visa a reduzir a emissão de gases de efeito es-

tufa na agricultura e na pecuária.

Representantes do município de Autazes participa-

ram da cerimônia. Algumas das ações que estão no plano

já são praticadas no município, como ressaltou o enge-

nheiro agrônomo Francisco Braga, que é coordenador

do Programa Pecuária Verde. “O objetivo do programa

é buscar uma alternativa para pecuária, onde tínhamos

uma demanda muito grande. Entre as ações realizadas

está a recuperação de áreas degradadas, tornando-as

férteis, além de melhorar o manejo e a produção”.

Segundo o agrônomo, a parceria das instituições en-

volvidas e o empenho da prefeitura municipal foram es-

senciais para o sucesso. “Hoje o projeto completou dois

anos e atualmente já são cinco unidades demonstrativas

financiadas pelo Banco do Brasil”.

O Plano Estadual do ABC prevê que sejam realizadas

ações como atividades agropecuárias sustentáveis e de

baixa emissão de gases de efeito estufa, recuperação

de pastagens degradadas, Integração Lavoura-Pecuária-

-Floresta (iLPF) entre outras. As metas do Plano Estadual

de Agricultura de Baixo Carbono estão divididas em duas

etapas que compreendem o período de 2013 a 2015 e a

segunda etapa, de 2016 a 2020.

Para que essas tecnologias cheguem até o produtor,

as instituições de pesquisa e educação são primordiais.

O chefe de pesquisas e desenvolvimento da Embrapa

Amazônia Ocidental, Celso Azevedo, destaca: “esse é um

momento muito especial, uma vez que os Estados tem

que ter o compromisso de desenvolver um plano que

seja adequado com sua realidade. O papel da Embrapa

é de disponibilizar as tecnologias, e temos as que vão de

encontro com as que estão estabelecidas no plano, como

o plantio direto”.

Através do Programa ABC, os agricultores têm crédi-

to disponível para desenvolverem seus projetos, para o

ano-safra 2013/2014 o valor e de R$ 4,5 bilhões. Durante

o lançamento do plano estadual, o Banco do Brasil, Ban-

co da Amazônia e Caixa Econômica Federal, participaram

e palestraram para os agricultores e pecuaristas; exem-

plificando taxas de juros e como fazer um financiamento.

O presidente da FAEA, Muni Lourenço, enfatizou que

o Plano vai ser um divisor de águas para o setor agrope-

cuário do Amazonas. “Nós mais que todos os produtores

rurais brasileiros, que estamos no coração da Amazônia,

não podemos abrir mão de acessar o dinheiro que está

disponível dentro da linha do ABC, com juros atrativos

para que o produtor rural possa colocar em prática em

sua propriedade tecnologias conciliando produção com

preservação. Porque estamos convencidos de que não há

nenhum tipo de antagonismo entre produzir e preservar.

Nós temos todas as condições de triplicar a produção

agrícola e o rebanho sem desmatar novas frentes; isso

tudo graças às tecnologias, mas para isso precisamos de

crédito”.

Para o secretário, Eron Bezerra, “Não há sustentabili-

dade sem desenvolvimento. O Plano vai de encontro com

as politicas que se deseja praticar em nossa agricultura e

pecuária; são medidas eficazes que auxiliam no processo

produtivo”.

PlAnO ESTADuAl DE AGRICulTuRA DE BAIxO CARBOnO ABC

Feira agropecuária

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Floresta Brasil Amazônia - DEZEMBRO 2013 / JANEIRO/FEVEREIRO 2014 | 17

O paraense Raidouglas Pereira foi o peão mais valente da 40ª Expoagro e levou o título do rodeio, ao desafiar o touro Megaton, da Companhia de Pedro Arruda. Pereira acumulou 245 pontos durante as três noites de desafio e foi o grande vencedor da prova.

A disputa foi transmitida pela TV Rodeio, em rede nacio-nal, e acompanhada por representantes de entidades pro-tetoras dos animais.

Eron Bezerra, fez a abertura do evento e enalteceu a grandeza da festa, lembrando que a feira já faz parte do ca-lendário cultural do Estado e, consequentemente, do setor primário.

O boiadeiro, que já vinha competindo há seis edições da Expoagro, levou a melhor na edição histórica da maior feira de agronegócios do Norte do país. Ele agora acumula mais um título em sua carreira, que já inclui prêmios em São Paulo, Pará e aqui mesmo no Amazonas, em Autazes e no Careiro Castanho, onde é bicampeão.

O vencedor ganhou uma moto. Os demais finalistas receberam uma importância em dinheiro. O amazonense Gedeão Martins, do município de Apuí, foi o terceiro colo-cado com 237 pontos. A final do rodeio atraiu uma grande multidão que começou a chegar à arena por volta das para assegurar um lugar e conferir a final da festa de peão, além do show de Amado Batista.

montaria profissional em touros agita o público

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Vacas das raças Jersolando e Girolando disputaram o Concurso Leiteiro, realizado nos dias 12 e 13, durante a 40ª EXPOAGRO. O vencedor da ordenha leiteira foi o pecuarista Nilmar de Miranda Peixoto de Azevedo, 38, proprietário da vaca “Vitória”, da raça Jersolando, que veio do Mato Grosso exclusivamente para participar da EXPOAGRO e do concurso. “Essa festa está de parabéns. Para mim é orgulho participar. Ano que vem estarei aqui, com certeza, trazendo bastante gado e disputando nova-mente esse torneio leiteiro”, afirmou.

Para transportar os animais trazidos para a feira, Nil-mar utilizou caminhão, da fazenda Dois Irmãos-MT até Itai-tuba-PA, e mais um percurso que durou seis dias, de balsa, até chegar a Iranduba.

Foi a primeira vez que o campeão participou do con-curso leiteiro no Amazonas. Natural do Piauí, Nilmar che-gou ao Mato Grosso em 2012 e sempre trabalhou com a criação e compra e venda de gado na fazenda Dois Irmãos, ele chega a comercializar cerca de 200 cabeças ao mês, todos da raça Jersolando. As vacas alimentam-se de casca da soja e farelo de trigo. Elas produzem, diariamente, de 14 a 15 litros por tirada. Durante a EXPOAGRO, “Vitória” chegou a produzir 22 kg de leite por dia. Após ser anuncia-do como o vencedor do concurso, o criador de gado falou

sobre a vitória. “Estávamos disputando e a briga estava acirrada, mas vamos levar o prêmio para o Mato Grosso”, comemorou.

Antonio Edineudo Pinheiro é cearense e há 20 anos está no Amazonas. Desde a época que morava no Ceará trabalha com a criação e comercialização de gado. O pecu-arista ficou com o segundo e o terceiro lugares do Concur-so Leiteiro. As vacas “Carinhosa” e “231” chegaram a pro-duzir 21 kg e 20,5 kg por dia, respectivamente. Os animais vieram do Sítio União, quilômetro 11 no ramal do Janauari, município de Iranduba.

Para disputar o concurso, o fazendeiro levou vacas da raça Girolando, que é a mistura do GIR com o Holandês. “No próximo ano será melhor, com mais estrutura para os animais e os visitantes”, disse. Os animais são alimentados com cevada, casca de farelo de milho e capim.

Segundo o zootecnista Paulo César de Sena Costa, que é organizador do Concurso Leiteiro há 11 anos, o critério básico para esse torneio leiteiro é a produtividade de lei-te. “O objetivo é ver a vaca que dá maior produtividade. No primeiro dia do concurso fazemos um procedimento chamado de “secagem”que é uma ordenha feita às 18h. E a partir do segundo é feita a ordenha oficial às 6h e, às 18h, faz-se a somatória é dá o resultado final do torneio”.

Raça Jersolando produz vinte e dois quilos de leite por dia

Feira agropecuária

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Amado Batista reúne 10 mil fãs em noite inspirada

Com show do cantor Amado Batista e realização das fi-nais e semifinais do rodeio, o encerramento da 40 ª EXPOA-GRO foi um sucesso de público. Moradores de Manaus, Iran-duba, Manacapuru e Novo Airão, além de visitantes de várias outras localidades do Estado, garantiram uma arena lotada e um vaivém constante na pista de arrancada, em Iranduba.

Um congestionamento que se estendia até alguns quilô-metros antes e depois do local também denunciava que o pú-blico compareceu maciçamente. A mudança de local, aposta incerta após décadas em que a feira foi realizada no mesmo lugar, em Manaus, afinal, não tinha afetado tanto a frequên-cia da mais importante feira agropecuária do Estado.

Satisfeito com o resultado, o secretário de Estado da Produção Rural, Eron Bezerra, comemorava no último dia

de feira. “Superamos em muito a nossa expectativa por-que trabalhamos com a ideia de uma EXPOAGRO lá, como sempre foi realizada, mas houve problema com o espaço. O terreno aqui em Iranduba também deu problema. Não chegamos a um acordo. Muita gente achava que a EXPO-AGRO sequer aconteceria. Mas quem dizia isso não me co-nhece. Eu não desisto de nada”, disse.

Eron Bezerra conta que teve que encontrar uma so-lução rápida para que a 40ª EXPOAGRO fosse realizada. “Conversei com o governador Omar Aziz. Disse a ele que haveria uma nova alternativa, um novo espaço para a gen-te realizar a EXPOAGRO, que era aqui na Pista de Arran-cada. Não preciso falar mais nada. Quem veio pôde ver a quantidade de gente que passou por aqui”, comemorou.

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dado

s 600 mil visitantes

42 milhões em negócios

100 mil veículos passarram pela ponte

PEDAlADA

A exemplo do que aconteceu na abertura da 40ª Feira Agropecuária do Amazonas (EXPOAGRO), no dia 6 de de-zembro, o encerramento da maior feira agropecuária do Norte do País, foi marcado por uma pedalada. Sessenta ciclistas do Pedala Manaus, comandados pela secretária Executiva Adjunta de Planejamento da Sepror, Tatiana Schor, e pelo Prefeito do município de Iranduba, Xinaik Medeiros, saíram em pedalada da cabeça da Ponte Rio Ne-gro até a Pista de Arrancada no km 6,5 da Rodovia Manoel Urbano (AM-070).

BAlAnçO

A 40ª Feira de Exposição Agropecuária do Amazonas (EXPOAGRO), realizada entre os dias 6 e 15 de dezem-bro registrou um crescimento de 20% nos negócios fi-nanciados em relação à edição passada. “Batemos todos os recordes da EXPOAGRO, seja em público ou em volu-me de negócios. Agradecemos o incentivo dado pelo go-vernador Omar Aziz, que isentou a cobrança de ICMS em negócios firmados na feira, ao município de Iranduba, agradecemos também à Secretaria de Segurança Públi-ca e todos os parceiros que fizeram a festa acontecer”, avaliou Eron Bezerra.

Durante dez dias, passaram pelo Parque de Exposi-ção, instalado na Pista de Arrancada, localizada no km 6,5 da Rodovia Manuel Urbano (AM-070), 600 mil pessoas. De acordo com o Centro Integrado de Operações de Se-gurança (Ciops), mais de 100 mil veículos trafegaram pela ponte Rio Negro em direção ao Parque de Exposição.

Em volume de negócios, foram financiados R$ 30 milhões em equipamentos. “Diante disso, sabemos que cada visitante consumiu cerca de R$ 20, corresponden-do ao montante de R$ 12 milhões. Logo, o volume de ne-gócios desta edição supera a ordem de R$ 42 milhões”, calcula Eron.

A isenção do ICMS este ano foi um dos maiores atra-tivos da EXPOAGRO e refletiu no financiamento de equi-pamentos agrícolas beneficiando o diretamente produtor rural. A empresa Sotreq S/A, sozinha atingiu um volume de negócios de R$ 7.270.000,00.

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A feira Agropecuária, que acontece simultaneamen-te com o Festival do Leite, vem se revelando como uma oportunidade para que pequenos produtores possam ad-quirir mais conhecimento e investir na propriedade com compra de matrizes e financiamentos.

O público presente pôde prestigiar novas ferramen-tas que têm alavancado o setor primário do município. Com bastante entusiasmo, o secretário de produção de Autazes, Elias Reis, destacou que “o Festival do Leite e a Exposição Agropecuária representam o resultado da principal atividade econômica do município. Na criação

Bacia leiteira

Localizado na margem direita do rio Amazonas, o município de Autazes (a 120 km de Manaus), é co-nhecido como “Terra do Leite”. Os produtores estão vivenciando uma nova fase do agronegócio; com investimentos em novas tecnologias para a recu-peração de pastagens e melhoramento genético.

De 3 a 10 de novembro ocorreu na cidade o 21o Festival do Leite e 20ª Feira Agropecuária, no Parque de Exposição do município. Segun-do a organização do evento, passaram pelo local cerca de 60 mil pessoas.

Produtores do município vivem uma nova fase com investimentos em novas tecnologias e melhoramento genético

Ordenha mecanizada no Festival do leite em REPORTAGEm: Antonio Parente e Diárcara Ribeiro F0TOS: Antonio Parente

» Ordenha mecanizada diminui o risco de contaminação provocado pelo tradicional contato com as mãos do ordenhador

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de animais temos cerca de 1.500 pecuaristas, envolven-do aproximadamente 3.000 famílias. Somente o frigorí-fico de carne da cidade produziu, em 2012, cerca de 506 toneladas de carne equivalente a 3.000 cabeças. Além da criação de animais para leite e carne, também temos agricultura familiar, agricultores indígenas e pescadores artesanais. O município está trabalhando com informa-ções e tecnologia”.

Segundo dados da Secretária de Produção Rural de Autazes, este ano, a feira movimentou cerca de R$ 838 mil em financiamentos. O Banco do Brasil aprovou qua-tro projetos no valor de R$ 100 mil cada. A Agência de Fomento do Estado do Amazonas (AFEAM), R$ 208 mil negócios efetuados e o Banco da Amazônia (BASA), com o projeto Amazônia Florescer R$ 230 mil. No total foram beneficiadas 87 famílias.

Para ajudar os pequenos produtores a acompanhar o crescimento da agricultura e pecuária e auxiliá-los a in-vestir, foram disponibilizados também, no amplo espaço do parque, estandes que ofereceram uma infinidade de ideias e novas oportunidades de crescimento. É o caso do estante do Sistema FAEA-SENAR, bastante movimen-tado. Durante o evento, os visitantes conheceram os cur-sos que a instituição oferece, como o de Promoção Social e Formação Profissional Rural. Também foram distribuí-das cartilhas para as boas práticas de derivados do leite, bovinocultura e informações atualizadas.

O presidente do Sistema Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas (FAEA) e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR-AR/AM), Muni Lourenço, que também é pecuarista do município, en-fatizou que a feira vai além do entretenimento. “Este é um espaço para superarmos os desafios e mostrar as potencialidades de Autazes, que está cada vez mais com uma bacia leiteira fortalecida, setor primário aquecido com investimentos na qualidade do rebanho. O resulta-do é a diversificação da economia e melhoria da qualida-de de vida de quem tira seu sustento do campo”.

Para o prefeito Wanderlan Sampaio, este é o real objetivo deste evento. “O município passou a ter inú-meras conquistas no setor primário e uma delas é a visi-bilidade para a cidade. Passamos a ser mais observados

"Hoje estamos vivenciando uma nova realidade quando se fala em produção rural, Autazes produz com tecnologia"Wanderlan Sampaio, prefeito de Autazes[

» Alguns peões que participaram do rodeio do Festival do leite de Autazes

» Corrida rústica de cavalos é tradição no Festival do leite

» valdelino Cavalcante, presidente da ADS com o prefeito Wanderlan Sampaio

» A beleza das mulheres de Autazes foi destaque na principal festa do leite do Estado

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e prestigiado, tanto pelos investidores, quanto pelos órgãos do nosso Estado. Podemos observar a melhoria que está acontecendo nas propriedades, e melhoria da qualidade do rebanho. Hoje, Autazes se destaca como um dos melhores rebanhos na produção leiteira, com todo o controle veterinário e medidas que cuidam da saúde dos animais”, disse.

De acordo com o prefeito, fora a estrutura perma-nente do parque, foram investidos no festival uma re-ceita de R$ 100 mil, levando-se em consideração a recei-ta anual do município que é de R$ 35 milhões.

O festival foi realizado pela Prefeitura Municipal de Autazes, Governo do Estado do Amazonas, Secretária de Estado de Produção Rural do Estado do Amazonas (SEPROR) e a Secretária de Estado da Cultura (SEC).

DIvERSãO E EnTRETEnImEnTO

O festival contou com várias atrações artísticas, entre elas a cantora gospel Ludimila Ferber e o cantor Latino. Os cavaleiros do rodeio duelaram em plena arena contra fortes touros de aço, e levaram ao delírio todo o público que lotou as arquibancadas.

A beleza interiorana de nove beldades abrilhantou ain-da mais o festival, desfilando encanto e simpatia no con-curso da Rainha do Leite. Quem levou o título foi Agatha Dantas, de 18 anos. “Essa é uma sensação única de alegria, de missão cumprida, pois nos preparamos muito para esse desfile. E ganhar o título de rainha da cidade, onde cresci e tanto amo foi um sonho realizado”, discursou.

Entre os rapazes que duelaram na passarela pelo título do Rei do Leite, Hugo Chaves, 17, foi o escolhido pelos ju-rados. “Fico muito feliz por ter vencido esse desfile. Ainda mais porque é tradição nessa cidade que amo tanto”.

PROGRAmA BAlDE ChEIO

O Programa Balde Cheio, que é sucesso em outros estados do País, já vem dando alegrias aos produtores de Autazes. O programa utiliza tecnologia e melhora-mento genético para aumentar a produção com qua-lidade e estimula o pecuarista a trabalhar com conhe-

cimento, pastejo rotacionado e novas práticas. Para gerenciar o programa, um comitê técnico foi formado.

São 46 unidades demonstrativas na região conheci-da como Autaz Açu e Autaz Mirim, todas identificadas com placas que leva o nome das entidades parceiras envolvidas. As famílias do projeto estão cumprindo o rigoroso cronograma de execução das ações, que envol-ve visita do técnico na propriedade, estando em fase de irrigação.

O sucesso do programa desenvolvido pela EMBRA-PA é tanto que, durante este ano, o programa foi am-pliado para o município de Presidente Figueiredo.

ORDEnhA mECAnIzADA

Uma das novidades da feira foi o concurso do gado leiteiro, no qual a ordenha foi feita de forma mecaniza-da. Segundo o veterinário Jeferson Lidijusse, o processo é realizado por um aparelho que extrai o leite de forma mecânica e leva o líquido por meio de uma mangueira a um reservatório, onde ele é armazenado e fica livre de impurezas externas.

De acordo com Jeferson, a ordenha mecânica é o processo de automação. “Nós não olhamos a máquina em si, e sim uma automatização do processo na extração do leite da vaca. Ele é um processo eficaz porque o ho-mem não tem o esforço físico de tirar o leite da vaca. A ideia é tirar o leite de forma mecânica e econômica. E se não olharmos o lado econômico passa a ser um problema e não uma solução”.

Para o pequeno produtor José Sena, terceiro coloca-do no concurso de gado leiteiro, a feira é uma oportuni-dade de crescer e aprender.

“Com o conhecimento que aprendemos nós vamos aprimorando e somando. E o projeto Balde Cheio é uma chance enorme de desenvolvermos um trabalho melhor. Porque com o apoio de técnicos podemos fazer a coisa certa e vamos melhorando a qualidade do leite cada vez mais”, conta o animado pecuarista.

As vacas do concurso leiteiro são todas do município e participam do Programa Balde Cheio.

» Apresentação do rodeio de montaria em touros » Presidente da FAEA, muni lourenço, com pecuaristas vencedores do concurso leiteiro

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Durante dois dias, mais de cinco mil pessoas participaram do evento, que mobilizou comunitários do interior

Festa do Açaí REPORTAGEm: Antonio Ximenes F0TOS: Divulgação

carauari

A 1ª Festa do Açaí de Carauari reuniu representantes de 20 comunidades do interior do município e mais de cinco mil pessoas participaram do evento nos dias 29 e 30 de novembro, na sede do município, na calha do rio Juruá.

Organizada pela Prefeitura em parceria com a Agroindústria Açaí Tupã e colaboração da Agência de

Desenvolvimento Sustentável (ADS), a festa mobilizou os produtores rurais extrativistas, especialmente de açaí, a fruta que tem movimentado a economia local, depois que a Coca-Cola passou a comprar o produto diretamen-te da agroindústria do município.

O carauairense Miberwal Jucá disse que a festa re-presenta a valorização dos trabalhadores da floresta que,

valoriza o povo da floresta em Carauari

» Rainha da Festa do Açaí, Poliana lopes, com o prefeito de Carauari, Chico Costa

» Apresentação de artistas regionais foi o ponto alto da festa

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historicamente, têm abastecido o mercado regional e, agora, nacional, com açaí.

“Nós realizamos a festa para dar visibilidade à cidade e ao seu povo”, disse Jucá, uma das lideranças mais res-peitadas da região e diretor e o coordenador da festa.

RAInhA

Com atrações que fizeram a alegria dos participan-tes, como a banda Bagaceiros do Forró, e o concurso de rainha da Festa do Açaí, que foi vencido por Poliana Lo-pes. Em segundo e terceiro lugares ficaram as belas Indra Oliveira e Nayrrana Alves, respectivamente. O evento mobilizou a cidade.

“Carauari precisa ter mais festas como estas, onde a gente pode se divertir e mostrar a nossa beleza e cultu-ra”, disse Poliana Lopes, que recebeu um banho de suco de açaí por ter sido escolhida rainha.

CAlEnDáRIO

O prefeito Chico Costa disse que a Festa do Açaí vai fazer parte do calendário oficial da Prefeitura e que em 2014 vai buscar mais apoios e patrocínios para o evento, pela importância que ele tem para as comunidades locais. “O açaí é uma nova esperança e nós vamos aproveitar esta força econômica do nosso município”, comentou.

PRêmIO

Na condição de maior colhedor de açaí da região, o produtor Sebastião Amaral, da comunidade Providência, ganhou como prêmio um forno de farinha por ter conse-guido, pela segunda vez, sagrar-se o maior colhedor da fruta na região.

“A gente faz o que sabe e rápido, porque a fruta não pode esperar muito tempo fora do pé, ela tem que ir para a indústria senão perde qualidade”, disse Amaral.

» Produtor rural Sebastião Amaral, bi-campeão na coleta de açaí, com miberwal Jucá, incentivador do plantio do açaí no município

» Rainha da festa, toma banho com o suco de açaí

» Rainha da festa com miberwal Jucá e candidatas melhor classificadas » Candidatas a rainha visitam agroindústria Açaí Tupã

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Feira de Agronegócios e shows musicais de Cidade Negra e Latino marcaram a 34ª edição da já tradicional Festa do Guaraná, realizada anualmente no município de Maués

Celebrando o REPORTAGEm: Omar Gusmão F0TOS: Divulgação

Maués

Maués é uma cidade que mora na praia. Não por aca-so, durante os três dias da tradicional Festa do Guaraná, a cidade praticamente se muda para a praia da Maresia, onde acontecem diversas atividades de dia e à noite. Não foi diferente neste ano, na 34ª Festa do Guaraná, que reuniu um público de aproximadamente 30 mil pessoas nos dias 28, 29 e 30 de novembro.

Durante o dia, a praia era tomada por disputas de tor-neios desportivos e pelos banhistas, que, em Maués, fre-quentam as areias durante todo o ano. À noite, apresen-tações de grupos musicais como a banda Cidade Negra, que se apresentou na segunda noite, e o cantor Latino, que levou o público ao delírio na noite de encerramento.

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“Esse momento é o ápice. Nós encerramos o ano com o Natal e o Ano Novo, mas a Festa do Guaraná em Maués tem uma importância muito grande porque ela reúne tu-ristas, o guaranacultor que vem do campo, os filhos de Maués que moram em Manaus e voltam nessa época, a imprensa, os parceiros, como Ambev, Embrapa, o Gover-no do Estado. Enfim, é um momento muito significativo para Maués”, afirmou o prefeito, Padre Carlos Góes.

AGROnEGÓCIOS

Uma das novidades da festa deste ano foi a realiza-ção da I Feira de Agronegócios, que promete render in-vestimentos de R$ 3 milhões em 2014 na agricultura de Maués. “Temos a possiblidade, com a Feira de Agronegó-cios, de trazer os investidores para Maués. A gente sabe que um dos nossos desafios é o desemprego e a gente precisa desvendar os caminhos para que haja esse atra-tivo para os investidores, para que isso possa trazer em-prego e renda para a nossa população”, disse o prefeito.

A realização da feira durante a Festa do Guaraná foi também uma forma de fortalecer ainda mais a agricultu-ra familiar, um dos pilares econômicos do município.  “A feira veio para quebrar o paradigma de que a cidade só produz guaraná. Vamos investir em parceria com o Banco do Brasil, em outros segmentos como o manejo do pira-rucu, a produção dos derivados do guaraná os doces, o caldo e tantas outras atividades que precisam ser explo-radas a partir da feira”, declarou o prefeito.

A feira foi realizada pela Prefeitura de Maués por meio da Secretaria de Estado da Produção Rural (Sepror), com a parceria da Empresa Brasileira de Pesquisa Agro-pecuária (Embrapa), Instituto de Desenvolvimento Agro-

“O guaraná tem ganhado muito mercado no País inteiro. Estamos no nosso melhor momento de venda de guaraná. E cada vez mais vamos contar com a produção daqui de Maués”Márcio Fróes, vice-presidente da Ambev[

» O prefeito entre o deputado estadual Arthur Bisneto e o secretário municipal de educação de manaus, humberto michiles

» Autoridades visitantes são recebidas nos estandes da feira de agronegócios na Festa do Guaraná

» Prefeito de maués, Padre Carlos Góes, discursa durante abertura da I Feira de Agronegócio

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pecuário e Florestal Sustentável (Idam), Servico de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Amazonas (Sebrae--AM), Senar, Governo do Estado do Amazonas e OCB/AM.

PREmIAçãO

A última noite da Festa do Guaraná foi marcada pela homenagem aos guaranacultores. Foi o ponto mais alto dos festejos e teve o objetivo de valorizar quem produz o melhor guaraná da região. O prefeito, Padre Carlos Góes, premiou os guaranacultores nas categorias melhor bas-tão do guaraná artesanal, artesanato de guaraná, maior área em produção, mulher produtora e o mais antigo produtor, o senhor Luiz Neves (84). 

Na opinião do secretário de Cultura e Turismo, Be-nedito Teixeira, a festa resgatou a identidade cultural do povo de Maués. “Vamos fortalecer essa festa porque queremos que ela volte a ser a segunda maior festa cul-tural do Norte, depois dos bois de Parintins”, ressaltou. 

O simbolismo contido nos festejos também não é esquecido pelos mauesenses. Para o padre Carlos Góes, prefeito da cidade, nos três dias da Festa do Guaraná, Maués celebra um grande ritual, uma liturgia, com a junção de sentimentos, valores, esperanças e expecta-tivas do povo de Maués. “É uma verdadeira festa tribal no meio da floresta. Moderna, com atrações nacionais, locais, as mulheres belas de Maués, o ritual tradicional que conta a lenda do guaraná. É um espetáculo que se agiganta com essa beleza natural que a gente tem em Maués. É um apogeu que a cidade vive antes do Natal”, tesificou o padre-prefeito.

PARCERIA

Patrocinadora máster da Festa do Guaraná e compra-dora de 80% da produção do fruto naquela região, a Am-

bev leva anualmente uma comitiva para conhecer Maués, a Festa do Guaraná e as plantações. Neste ano, o vice--presidente da empresa, Márcio Froes, fez sua estreia nos festejos. “Fisicamente é a primeira vez que estou aqui, mas tenho participado da vida desta cidade há muito tempo. Afinal, daqui sai a matéria-prima do carro-chefe de não-alcoólicos da nossa companhia”, disse.

Froes ressaltou que em 2014, mais parcerias de in-centivo   ao produtor rural   serão implementadas na região. “Nossa parceria é antiga com a população de

Maués

» Cantor latino com o prefeito Padre Carlos Góes

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Maués. Vamos duplicar nossa produção a longo prazo. Isso é muito importante para a região porque incentiva o produtor rural”, frisou. 

O vice-presidente da Ambev afirmou que interessa para empresa o aumento de produtividade dos guarana-cultores de Maués. “O guaraná tem ganhado muito mer-cado no País inteiro. Estamos no nosso melhor momento de venda de guaraná. E cada vez mais vamos contar com a produção daqui de Maués. Vai ter mercado para que se produza mais”, disse.

A RAInhA DO GuARAná

Ovacionada pelo público presente na última noite da Festa do Guaraná, a representante do bairro Ramalho Jr., Raiane Pereira (21), conquistou o título de Rainha do Guaraná versão 2013. O concurso, que existe desde o iní-

cio da festa, é tradicionalíssimo e super disputado, já que é o título máximo da beleza mauesense. Várias rainhas do Guaraná já disputaram outros concursos de beleza, como o Miss Amazonas Oficial.

Raiane, de 21 anos, que era uma das favoritas ao títu-lo foi anunciada como Rainha após a soma das notas do traje típico e maiô. Em segundo lugar ficou Jéssica Serra, do Centro, como a 1ª Princesa do concurso, e a candida-ta Karini Almeida, da Maresia e Santa Tereza, faturou o terceiro lugar.

Raiane ganhou o premio de R$ 5 mil. Ela foi coroa-da pela rainha do Guaraná 2012, Iatrice Guimarães, uma das rainhas mais atuantes na área da cultura na história do concurso. Raiane Pereira disse estar muito feliz em representar a beleza máxima da mulher mauesense. Ela elogiou a beleza das concorrentes e disse que o clima

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que antecipou a disputa foi harmonioso e que o relacio-namento entre candidatas, coordenadores de bairro e comissão organizadora foi satisfatório.

lEnDA DO GuARAná

O Festival de Lendas, espécie de espetáculo teatral em três atos montado pelos grupos de dança de Maués, marcou a segunda noite da 34ª Festa do Guaraná. Em três versões diferentes, os grupos contaram a Lenda do Guaraná. Com o “Mito do Guaraná”, o grupo Maraguás apresentou a versão ancestral da origem do guaraná.  Al-cinei Pimentel, coordenador do grupo, desse que a mon-tagem levou dois meses de ensaios.

Na versão da Lenda do Curumim, o grupo Companhia de Dança de Maués-CDM se baseou na história do folclo-rista Simão Assayag. Segundo Marquinho Moreira, core-ógrafo e coordenador do grupo, o trabalho foi voltado para o estilo tribal. O grupo tem participação direta nas apresentações do Boi Caprichoso, no Festival de Parintins. Baseado no conto de Homero de Miranda Leão, o gru-po de dança Porantim revelou a Lenda Cereçaporanga, o romance proibido entre uma índia Sateré-mawé e um

índio Munducuru. Djalma Cardoso, coordenador do gru-po, ressaltou a criatividade para interpretar a Lenda do Guaraná. O grupo também tem relação com Parintins, atuando no Boi Garantido.

Maúes

» Grupos de dança folclórica apresentaram três versões da lenda do Guaraná

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O prefeito de Maués, Padre Carlos Góes (PT) comemorou a aprovação no Senado, de projeto autorizando o Governo do Amazonas a contratar o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para fazer o empréstimo de US$ 24,5 milhões, equivalente a R$ 53 milhões, para o Prosaí-Maués.

O projeto piloto criado em Maués, visa a solucio-nar os problemas de saneamento básico, urbanístico e socioambiental atendendo na área urbana 25.832 habitantes e 400 na área indígena.

Padre Carlos destacou o compromisso do Gover-nador Omar Aziz (PSD) que na semana passada en-viou o projeto ao Senado e aos senadores Eduardo Braga (PMDB) e Vanessa Gazziotin (PC do B). “Todos compartilharam esse projeto e demonstraram o com-promisso com o Amazonas e, principalmente, com Maués”, disse Góes.

A partir de agora, o Governo do Estado e BID for-malizarão o acordo de empréstimo que tornará pos-sível o repasse de recursos da instituição financeira para o Governo do Estado e a prefeitura de Maués.

Segundo o prefeito, está sendo executada a pri-meira etapa do projeto realizado com adiantamento de recursos do Governo do Estado e envolve a cons-trução de cinco poços tubulares nas comunidades

indígenas, dois reservatórios elevados na área urba-na e desocupação da área. As próximas etapas serão discutidas com a equipe técnica do projeto.

São prioridades a urbanização da Lagoa da Ma-resia, otimização do Sistema de Abastecimento de Água, Ampliação do Sistema de esgotamento, Abas-tecimento de água potável para 13 comunidades indígenas, Urbanização da Lagoa do Prata, e Donga Michiles. As famílias que residem em área de risco ou em trechos de intervenções de obras serão reassen-tadas em moradias instaladas em áreas de seguras e dotadas de infraestrutura.  A proposta foi aprovada primeiro na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).

O relator do pedido de autorização, de autoria da Presidência da República, foi o senador José Pimen-tel (PT/CE). Segundo o líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB/AM), o programa, conhecido como Prosai de Maués, vai proporcionar melhor qua-lidade de vida para os moradores, a exemplo do que ocorre na capital, com o Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus (Prosamim). A proposta foi aprovada em regime de urgência, conforme requeri-mento apresentado pela senadora Vanessa Grazzio-tin (PCdoB/AM).

PROSAI-mAuéS

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A VI ExpoEnvira de 2013 foi um sucesso. Durante oito dias, de 9 a 16 de novembro, atrações como a ban-da nacional Falamansa, rodeio de montaria em touros, paraquedismo, moto cross, concurso de rainhas e uma diversificada praça da alimentação mobilizaram mais de quarenta mil pessoas.

“Nós organizamos a festa com apoio da Secretaria de Cultura do Estado, do Sebrae, do 7º Comando Aéreo Re-gional, Associação Amazonense de Municípios e do gover-nador Omar Aziz diretamente e conseguimos oferecer às pessoas uma festa muito bonita”, disse o prefeito de Envira, Ivon Rates, ele mesmo um cowboy, como costuma dizer.

O Centro de Exposição e Negócios Agropecuários (CENA) recebeu moradores de Ipixuna, Itamarati, Juruá, Eirunepé, Carauari, Feijó (Acre) durante a VI ExpoEnvira.

De Manaus, a banda da Base Aérea compareceu com mais de 50 músicos. O 7º Comar montou uma exposição militar para a população no CENA.

“Nós fomos a Envira, através de um convite do pre-feito Rates, que nos ofereceu todas as condições para a nossa apresentação.

Foi muito bom levar a Aeronáutica para uma feira do interior”, disse o Major Brigadeiro do Ar, Perez, coman-dante do 7º Comar.

Os prefeitos de Eirunepé, Itamarati, Ipixuna,Guajará, o vice-prefeito do Juruá e autoridades do governo esta-dual, como o presidente da Agência de Desenvolvimento Sustentável (ADS), Valdelino Cavalcante, e José Ramo-nilson Gomes, diretor de Assistência Técnica e Extensão Rural do IDAM, compareceram à feira.

Eventos de cultura e educação, bem como um animado rodeio animaram mais de 10 mil pessoas no município

vI ExpoEnviramobiliza calha do Juruá

REPORTAGEm E FOTOS: Antonio Ximenes

rodeio e cultura

» Peões na apresentação para o público antes de começar o rodeio » Peão aguenta a força bruta do touro indomável

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“Eu não perco uma festa como esta, por nada deste mundo, principalmente porque tem rodeio”, disse o pre-feito de Eirunepé, Joaquim Neto Monteiro, conhecido como “Bara”, que, entusiasmado, aproveitou para montar em um touro bravo na arena, o que agradou ao público.

A médica Kátia Regina Rates disse que a festa tem tradição e que as novas instalações ajudaram. “O povo gosta de coisa bonita e bem organizada e a gente fez tudo para agradá-lo”, comentou.

PADRE ThEO

O convidado especial e na ocasião representando o governador Omar Aziz e o vice-governador José Melo, Valdelino Cavalcante, que já foi secretário de Agricultura de Envira, emocionou centenas de pessoas quando, no centro da arena de rodeio, fez uma homenagem ao pa-dre Theo, que havia falecido durante a VI ExpoEnvira.

“Conheci e convivi com padre Theo. Ele contribuiu muito para a felicidade de muitas famílias de Envira. Sua

partida nos tocou a todos, mas o povo soube homena-geá-lo orando e fazendo uma exposição mais linda ain-da”, disse Cavalcante.

AnImAIS

O prefeito de Itamarati, João Campelo, gostou do que viu em Envira.”A exposição está bem organizada com animais bem tratados e bons preços para o produtor. A piscicultura está em alta também”, destacou.

"Conheci e convivi com padre Theo. Ele contribuiu muito para a felicidade de muitas famílias de Envira. Sua partida nos tocou a todos"Valdelino Cavalcante, presidente da ADS[

» Estátua do peão de rodeio no “touro de ouro” com “chaplin”, pai e filho

» Apresentação de Carimbó

» Apresentação de maculelê (capoeira) » A festa de Emília do Sítio do Pica-Pau Amarelo

» Praça da alimentação

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EDuCAçãO

A prefeita de Ipixuna, Aguiomar Silvério, foi outra que teve boa acolhida da população pela sua espontanei-dade e jeito simples de ser. “Eu sou uma administradora que valorizo a Educação e vim aqui para me reunir com os outros prefeitos da Calha do Juruá, mas também para ver as escolas estaduais apresentarem seus resultados”, disse após assistir a apresentação de quatro escolas.

» Trabalhador deficiente auditivo com o amigo valdelino Cavalcante

» A oração para nossa Senhora Aparecida é sagrada para os peões de rodeio

» Presidente da ADS, valdelino Cavalcante com Big, apresentador do rodeio

» Trabalhador rural acompanhado pelo prefeito de Eirunepé, Bara (boné branco), prefeito de Envira, Ivon Rates (chapéu), José Ramonilson (IDAm), valdelino Cavalcante (ADS) e prefeito de Itamarati João Campelo

» Juiz do rodeio, mineiro

rodeio e cultura

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PROnATEC, COnhECImEnTO DOS PRODuTORES DA FlORESTA

O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC)

pactuado com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) tem sido

para o Estado do Amazonas um divisor de águas. Os cursos não se restringiram

somente às cidades, nossos instrutores foram até às comunidades rurais mais

distantes. Segundo depoimento dos próprios participantes, houve comunidades

em que nenhuma instituição em tempo algum tinha ofertado treinamentos. Isso

para nós é mais um motivo para continuarmos cumprindo nossa missão de reali-

zar cursos de Formação Profissional Rural para os jovens, produtores e trabalha-

dores rurais.

Estamos convencidos que a educação é fator chave para o desenvolvimen-

to e para que possamos continuar produzindo e respeitando o meio ambiente.

Neste mês de dezembro realizamos o 1˚ Encontro Pronatec Amazonas, evento

que reuniu em Manaus mais de 200 participantes, entre eles os instrutores dos

cursos, alunos da região metropolitana que representaram os demais e os funcio-

nários da instituição. No decorrer da solenidade o renomado palestrante, Omar

Hennemann, envolveu a todos com palavras de estímulo e esperança.

Sem dúvida, foi um momento para celebrar as conquistas – de 2011 a 2012

o SENAR Amazonas aumentou 294% o número de alunos treinados pelo PRO-

NATEC. O que significa recursos humanos qualificados para o setor primário. E

dando aos nossos jovens uma oportunidade ímpar de continuar no campo; po-

rém, produzindo com novas técnicas e gestão da propriedade rural. Segundo o

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 276 mil pessoas têm como

atividade o nosso setor primário. O Estado tem demonstrado claramente que

preserva e produz com sustentabilidade.

O SENAR Amazonas atende o programa com uma cartilha de cursos, ofer-

tados gratuitamente. Entre eles, Horticultura, Preparador de pescado, Doces

e Compotas, Bovinocultura de Corte, Bovinocultura de Leite, Cultivo e Benefi-

ciamento da Mandioca, Fruticultura e Piscicultura. Para o próximo ano temos a

perspectiva de avançarmos 54% a mais; serão atendidos cerca de 2.115 alunos,

iremos dobrar o número de municípios beneficiados.

No sentindo de oferecer cada dia mais cursos e serviços para nosso públi-

co alvo, outra conquista neste ano, se deu através do Programa Sindicato Forte,

conseguimos ser o segundo estado brasileiro a realizar o Índice de Desenvolvi-

mento Sindical (IDS) em todas as bases filiadas à Federação da Agricultura e Pecu-

ária do Estado do Amazonas (FAEA). O IDS funciona como uma “radiografia” das

atividades que estão sendo realizadas pelo Sindicato, como também da gestão

de seus dirigentes, podendo ser comparado com o Índice de Desenvolvimento

Humano (IDH), que avalia vários fatores. Após a avaliação os sindicatos recebem

orientações.

O Sistema FAEA-SENAR conclui este ano com o sentimento de dever cumpri-

do e preparado para iniciar 2014 cheio de planos, lutando para atender o anseios

da classe rural amazonense.

Muni lourençoPresidente do Sistema Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas (FAEA) e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR)

artigo

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Desafio de diminuir a dependência do Amazonas em relação à carne bovina importada de outros Estados foi debatido

Expopin mostra tradição pecuarista

REPORTAGEm E F0TOS: Jonas Santos

Até o final do primeiro semestre de 2014, o Ama-zonas dará um salto qualitativo na produção de carne bovina. Na semana passada, o ministro da Agricultura baixou portaria reposicionando a qualidade sanitária do rebanho do Estado colocando o centro produtor local na classificação de médio risco.

Diminuir a dependência do Amazonas em relação à carne bovina importada de outros estados. Esta é prin-cipal meta para 2014 da Federação da Agricultura e Pe-cuária do Amazonas (FAEA).

Durante a 31ª Edição da Exposição Feira Agrope-cuária de Parintins (EXPOPIN), o presidente da FAEA, Muni Lourenço, afirmou que o Estado começa a dar os primeiros passos para reduzir essa dependência. De acordo com ele, 75% de toda carne bovina consumida no Amazonas vem de outros estados.

Entre as principais ações governamentais toma-das para minimizar o problema está a intensificação da vacinação do gado amazonense contra a febre aftosa. “Temos pela frente um grande desafio de diminuir a im-portação de carne de outros estados. Estamos prestes a dar um passo importante nesta direção. Estimo que até o final do mês de junho do ano que vem estaremos livres de realizar a vacinação contra a febre Aftosa”, afirmou o presidente da FAEA, Muni Lourenço.

O presidente da FAEA esteve em Parintins – distante 325 quilômetros da capital Manaus – participando do en-cerramento da EXPOPIN. Muni avaliou o evento como um meio de reforçar a tradição e o valor do segmento agro-pecuário amazonense. Parintins tem o terceiro maior re-banho bovino do Estado, atrás de Boca do Acre e Apuí. “Verifica-se o esforço e a mobilização da classe agrope-

Exposição e Feira

» vacinação do gado contra febre aftosa visa à erradicação da doença » A rainha haillane Santos Pessoa (de rosa), garota Expopin 2013, e outras candidatas

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cuária nesta festa. As exposições têm papel importante para o desenvolvimento deste segmento, principalmen-te para viabilizar o acesso dos produtores a financiamen-tos de crédito e às novas tecnologias”, analisou.

A 31ª edição da EXPOPIN foi realizada entre os dias 1o e 8 de dezembro. Além de fomentar negócios e pro-mover a troca de experiências entre os pecuaristas, a exposição contou com eventos como concurso de laço, vaquejada, leilão virtual, shows artísticos e a escolha da Garota EXPOPIN 2013. No âmbito dos negócios, a feira movimentou um volume financeiro de R$ 800 mil. Os da-dos são do presidente da Associação dos Pecuaristas de Parintins, Lucivaldo Pereira.

mElhORAnDO A GEnéTICA

Os produtores que estiveram na Exposição Agrope-cuária puderam tomar parte no leilão virtual nacional, organizado pelo Canal do Boi, um dos maiores canais do agronegócio brasileiro. Segundo Lucivaldo Pereira, os pe-cuaristas de Parintins estão interessados em melhorar a qualidade genética do seu rebanho por meio da introdu-ção de novas técnicas, entre elas inseminação artificial e a compra de matrizes com boa genética vindas de outras partes do País. “Se quisermos competir no mercado na-cional, teremos que investir na qualidade da genética do nosso gado. Precisamos sair desse processo rudimentar”, disse.

O presidente da FAEA, Muni Silva Júnior, também acompanhou o leilão virtual e se reuniu com produto-res locais. Ao final do encontro, ele se disse contente com o resultado. “A EXPOPIN é um momento de con-graçamento dos produtores, reforça os laços de ami-zade e a troca de experiência. É um momento em que matemos viva as tradições e os hábitos do campo, desde

a culinária rural, a vestimenta e os rodeios que aqui são re-alizados”, acentuou.

Muni visitou em Parintins, uma Unidade de Obser-vação de propriedade do médico veterinário Octacílio Ferreira Neto, que serve para experimentações do IDAM, Embrapa e IFAM. “As unidades de Observação são impor-tantes para conquistar o desenvolvimento que precisa-mos”, assinalou o presidente da FAEA.

A unidade funciona na “Fazendinha vovô Octacílio”. Lá são desenvolvidos testes com técnicas de lavoura, pe-cuária e floresta, pastejo rotativo, melhoramento gené-tico, inseminações artificiais convencionais e em tempo fixo. “Há mais de cinco anos estamos trabalhando nesta área, mas somente há dois anos é que essa área vem servindo como Unidade de Observação também para o IDAM e a Embrapa. Ela funciona como um órgão multipli-cador”, informou Octacilio Ferreira Neto.

AnO ATÍPICO

O presidente da APP, Lucivaldo Pereira, ressalta que 2013 foi um ano atípico para todas as feiras agropecuárias. “A exposição de Barreirinha teve sérios problemas. Manaus também passou pela mesma situação para realizar a EXPO-AGRO. Muitos fatores como a questão climática, as pasta-gens e as enchentes estão causando sérios transtornos aos produtores, não apenas de Parintins, mas de todo o Amazo-nas”, argumentou o presidente dos pecuaristas.

AlEGRIA DA RAInhA

Haillane Santos Pessoa foi eleita a rainha da Pecuária (a garota EXPOPIN 2013) e recebeu uma premiação no valor de R$ 5 mil. Ela desfilou para um público recorde de sete mil pessoas. “Estou muito feliz e emocionada com a escolha”, disse.

» matriz nossa Senhora do Carmo é um símbolo religioso da cidade » Presidente da FAEA, muni lourenço, defende o melhoramento genético como prioridade para o rebanho de Parintins

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Vaquejada

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REPORTAGEm: Leandro Prazeres FOTOS: Leandro Prazeres e Divulgação

Modalidade de esporte genuinamente brasileira ganha cada vez mais adeptos no Amazonas. Meta é consolidar calendário

25 anos de vaquejada no Amazonas

Um esporte de raça, força e técnica e genuinamente brasileiro. Assim pode ser definida a vaquejada, modali-dade que nasceu no Nordeste e que, neste ano, come-mora 25 de sua chegada ao Amazonas. Ainda engati-nhando por aqui, a vaquejada avança firme no Estado arregimentando fãs, admiradores e atletas deste espor-te em que a interação entre o homem e o animal é a cha-ve do sucesso.

A vaquejada surgiu há cerca de 80 anos no Nordes-te brasileiro como uma evolução da prática cotidiana dos vaqueiros do sertão que tinham de correr atrás das

reses que desgarravam do rebanho. O esporte consis-te em uma dupla de vaqueiros montados a cavalo que perseguem um novilho em uma pista de 100 metros de comprimento. Na pista, há duas marcas de cal. Faz mais pontos a dupla que conseguir derrubar o novilho dentro do espaço entre as marcas. A modalidade é praticada em todo o Brasil, mas é na região que existe o maior núme-ro de praticantes. No Amazonas, o esporte chegou há 25 anos, trazido por migrantes nordestinos.

O empresário maranhense Assis Cavalcante é, sem dúvida, a melhor pessoa no Amazonas para falar sobre a vaquejada no Estado. Criado em Teresina, capital do Piauí, onde ele começou a montar quando ainda era um adolescente. Assis conta que a primeira tentativa de or-ganizar o esporte no Amazonas aconteceu quando João Batista Torres, Givaldo Lopes, José Lopes, Tom Vieira e João Formoso fundaram a Sovama (Sociedade dos Va-queiros do Amazonas), em 1988. “A vaquejada chegou no Amazonas trazida por alguns pioneiros que vieram do Nordeste. Algumas pistas foram criadas, mas depois de um tempo o esporte deu uma caída. Em 2003, eu montei uma pista no Careiro Castanho e a gente começou a reto-mar o esporte”, conta Assis Cavalcante.

Até hoje, as corridas no Careiro Castanho estão en-tre as mais importantes do Estado. Assis conta que ele se uniu aos pioneiros da vaquejada no Estado. Em 2009, Assis se uniu a novos amantes do esporte (Darcilo Zanini, Elídio Antônio Barbosa, Jurandir Vanderlei e Neto “Bom-preço”) e fundou a AVAM (Associação dos Vaqueiros do Amazonas). “Desde que fundamos a AVAM, o esporte deu um salto de qualidade e quantidade. Hoje, temos muitos vaqueiros de ótima qualidade e os nossos even-tos estão atraindo vaqueiros de diversos lugares do País”, afirma Ilídio Antônio Barbosa Formoso, mais conhecido como “Formozão”.

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O dirigente afirma que o principal desafio da vaque-jada no Amazonas é continuar atraindo vaqueiros de ou-tros estados nas competições realizadas no Estado. “Por conta da distância geográfica, é difícil trazer atletas e animais de outras regiões. Mesmo assim, temos conta-do com a presença de gente muito boa”, comemora. No Amazonas, a principal competição de vaquejada é pro-movida pela AVAM na segunda semana de agosto. Em 2013, o evento contou com a participação de 230 duplas de todo o Brasil e distribuiu uma premiação de R$ 200 mil, uma das maiores do País.

PISTAS nO InTERIOR

O renascimento da vaquejada no Amazonas tem sido a responsável pelo aumento do número de pistas no inte-rior. Hoje, além da pista no Careiro Castanho, de Assis Ca-valcante, existem pistas em Presidente Figueiredo e Apuí, além de pelo menos três pistas em Manaus.

Darcilo Zanini, um dos pioneiros da vaquejada no Amazonas, diz que o esporte está ganhando cada vez mais força no Estado e está passando por um processo que ele chama de “familiarização”. “As famílias estão se tornando mais próximas da vaquejada. Nas competições, nós temos os pais, os filhos, casais, todo mundo envolvido. É uma coi-sa muito boa porque isso faz com que essa tradição seja resgatada e todo mundo se envolve”, comemora.

Uma amostra de que a vaquejada corre no sangue da família Zanini é o filho do patriarca, Pedro Zanini. Ele começou a montar cavalos quando tinha apenas um ano. Hoje, aos 22, é um dos principais atletas da modalida-de no Amazonas. Em 2014, a sua meta é participar do Campeonato Nacional Portal Vaquejada, principal com-petição nacional do esporte que conta com 30 etapas ao longo de todo o ano. “Acho que a principal meta da

» Diretoria da AvAm se reúne para celebrar aniversário de Pedro zanini

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vaquejada, não apenas do ponto de vista do Amazonas, mas nacionalmente, é acabar com um certo preconceito que as pessoas têm em relação ao esporte. A vaquejada é tipicamente brasileira e precisa ser valorizada”, diz o vaqueiro.

InTERAçãO

Como todo esporte de montaria, a vaquejada requer um nível elevado de interação entre o homem e sua “má-quina”, no caso, o cavalo. “É como se fosse na Fórmula 1. Não adianta você pilotar uma Ferrari se você não é um bom piloto. Da mesma forma que um bom vaqueiro, sem um bom cavalo não consegue bons resultados, afirmou Assis.

Na vaquejada, a meta é derrubar o novilho antes da segunda marca de cal feita na pista. Para isso, dois va-queiros correm em dupla. No dicionário do esporte, um exerce a função de “esteira” e o outro a de “puxador”. O esteira é o responsável por emparelhar o animal, condu-zindo-o até a extensão de areia entre as duas faixas de cal de forma a facilitar o trabalho do puxador. O puxador é o responsável por puxar o rabo do novilho e derrubá-lo antes do animal ultrapassar a segunda faixa de cal. Um trabalho em equipe a velocidades que podem chegar 60 quilômetros por hora.

Apesar da aparência radical, Assis Alves afirma que o esporte não tem nada de violento. “É um esporte que re-quer força, mas requer muito mais técnica. Aqui, eu nun-

ca vi graves acidentes”, diz Assis Alves. Darcilo Zanini con-corda com Assis. “Não tem nada de radical. É um esporte qualquer. As pessoas podem se machucar jogando fute-bol e ninguém diz que futebol é violento”, argumenta.

» Interação entre homem e animal é fundamental para dominar a vaquejada, esporte que tem sua origem no nordeste

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44 | OUTUBRO / NOVEMBRO / DEZEMBRO 2013 – Floresta Brasil Amazônia

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AS COnquISTAS PARA O AmAzOnAS Em 2013 E quE vEnhA 2014

Todas as realizações, algum dia, já foram um sonho. Os sonhos são, portanto,

a base de todo grande projeto. É por isso, inclusive, que ensinamos as nossas

crianças a sonhar. Da mesma forma, na administração, pública ou privada, os exe-

cutivos e governantes buscam transformar seus sonhos, suas metas, em ganhos

e melhorias de vida para a população.

Com isto em mente, em janeiro, conseguimos estender o “Programa Luz

para Todos” até 2014, expandindo o acesso à energia elétrica e facilitando a in-

tegração das famílias aos programas sociais do governo. Segundo cálculos do

Ministério de Minas e Energia, no Amazonas, mais de cem mil pessoas já foram

beneficiadas.

Já em abril, trabalhamos para a aprovação do Estatuto da Juventude, rea-

firmando o direito do jovem amazonense à educação de qualidade, acesso aos

ensinos fundamental e médio, obrigatórios e gratuitos, e assegurando aos jovens

índios e jovens dos povos de comunidades tradicionais, a utilização de suas lín-

guas maternas e de seus processos próprios de aprendizagem.

Também em abril, por meio da relatoria da Medida Provisória dos Portos,

previmos a abertura de novos terminais no Amazonas, o que vai melhorar o fluxo

de exportação e escoamento dos produtos da Zona Franca de Manaus e ainda

permitirá aos portos privados, movimentar cargas de terceiros, aumentando as

possibilidades de transporte na região. Medidas que vão gerar mais emprego e

renda no Estado.

Em junho, com a adoção das novas regras para a divisão do Fundo de Partici-

pação dos Estados, o Amazonas receberá mais R$ 1,7 bilhão até o ano de 2020.

Assim, foi corrigida uma injustiça, pois cabia ao nosso Estado um dos menores

percentuais na divisão. Com isso, teremos mais recursos para investir em saúde,

educação e em serviços essenciais para a população.

Em outubro, com a aprovação do “Programa Mais Médicos”, conseguimos

beneficiar os brasileiros que moram em regiões distantes dos grandes centros,

como é o caso de muitos amazonenses, proporcionando atendimento básico de

saúde. Pelo menos 62 profissionais já começaram a trabalhar e o número de pes-

soas atendidas pelo Mais Médicos ultrapassará 200 mil moradores do Estado.

Sem dúvida, 2013 foi um ano de grandes conquistas para o Amazonas e para

o Brasil. Além de projetos importantes aprovados no Senado, o Estado recebeu

importantes recursos do governo federal para investimento em obras de in-

fraestrutura. Vale citar os R$ 86 milhões destinados aos terminais hidroviários

do Estado, o início das licitações para a construção e reforma de aeródromos e

construção de agências do INSS nos municípios. Este ano pudemos, com muita

alegria, inaugurar a agência em Boca do Acre, que vai atender toda a população

do sul do Amazonas e microrregião do Purus.

Nelson Mandela, líder sul-africano que morreu neste ano, dizia que tudo pa-

rece impossível, até que seja feito. Como Senador e como líder do governo da

Presidente Dilma, a minha visão, de tornar o Amazonas uma referência de sus-

tentabilidade e qualidade de vida para o Brasil, ficou mais próxima da realidade.

Que venha 2014.

senador Eduardo Braga (pMdB-aM)Líder do Governo no Senado

artigo

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46 | DEZEMBRO 2013 / JANEIRO/FEVEREIRO 2014 – Floresta Brasil Amazônia

Líder no ramo de vendas para o produtor rural tem como lema de sua empresa crescer junto com o homem do campo Investimento na capacitação da equipe é grande diferencial

Augusto Salla, da Comercial Risadinha, é destaque do ano

REPORTAGEm: Diárcara Ribeiro FOTOS: Antonio Ximenes e Diárcara Ribeiro

Empresário do ano

O ano de 2013 foi de muitas alegrias para o empresá-rio Augusto Salla; a empresa que começou pequena, hoje é líder no ramo de vendas para o produtor rural, com pre-ços competitivos e assistência técnica. Este ano mesmo com a concorrência do mercado, conseguiu crescer em faturamento comparado aos anos anteriores em torno de 25%. Já emprega 100 funcionários com carteira assi-nada. No segundo semestre para agradecer o seu princi-pal cliente, a Comercial Risadinha promoveu uma sema-na de intercâmbio, com palestrante vindo até do México. “Nosso lema é crescer junto com homem do campo, pois sem ele não existíamos”.

Quem olha o empresário de hoje, com vários certifica-dos em participações na área rural, entre eles uma meda-lha de Mérito Agrícola do Estado do Amazonas; investindo em capacitação de sua equipe, buscando os melhores trei-

namentos e produtos com tecnologias; como mesmo revelou, gosta de estar junto nos eventos do setor;

participando de congressos inclusive fora do País, nem imagina como sua carreira começou.

Uma sacola na mão e um propósito: Fazer a vida no Norte do Brasil. Foi assim que o em-presário Augusto Salla, saiu de sua terra natal, Tenente Portela, no Rio Grande do Sul, em busca de novos horizontes.

Com apenas o ensino fundamental, o em-presário chegou ser destaque nos negócios graças ao espírito empreendedor e como ele mesmo diz, muito suor. “a caminhada não foi fácil, foi preciso trabalhar muito, e ainda é, para podermos chegar até aqui”. Quan-do Augusto, mais conhecido como Risadi-nha, fala em chegarmos, porque sempre esteve de braços dados com os irmãos. “Nossa família sempre foi unida”.

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Floresta Brasil Amazônia - DEZEMBRO 2013 / JANEIRO/FEVEREIRO 2014 | 47

Augusto Salla, começou com uma venda, no bairro Al-vorada, em Manaus em 1994 e não se espante caro leitor, eram apenas oito produtos, entre eles, o arroz e o feijão vindos do Estado de Rondônia.

Hoje a Comercial Risadinha é moderna, com 2.400m² em área construída já é reconhecida no ramo por for-necer produtos de qualidade, atendendo os setores da agricultura, pecuária, horticultura, fruticultura, vacinas, fertilizantes, produtos como enxadas, carrinhos de mão, piscicultura, avicultura, agropecuária e na linha Pet. Os produtos são entregues na capital, municípios da Região Metropolitana e nos barcos, onde seguem para os inte-riores mais distantes.

"A caminhada não foi fácil, foi preciso trabalhar muito, e ainda é, para podermos chegar até aqui"Augustio Salla, empresário[

» Empresário Augusto Salla aposta na qualifição dos seus funcionários

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48 | MARÇO / ABRIL / MAIO 2013 – Floresta Brasil Amazônia

» Os produtores durante a Segunda Semana do Produtor Rural

Empresário do ano

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Segundo Augusto Salla, uma empresa só cresce se quem estiver à frente conseguir enxergar as demandas do mercado. “Já estamos pensando em 2014, nossa equi-pe está preparando o planejamento estratégico. Uma das novidades será a realização da III Semana do Produtor Ru-ral, que promete ser inesquecível”.

Durante a entrevista, Augusto Salla revela um sonho antigo. No sítio da família já tem a criação de ovinos, mas o que deseja é ser criador de gado. “Se Deus quiser vou conseguir”. Assim ele se despediu da nossa equipe, cheio de entusiasmo e planos para 2014.

"Nossa equipe está preparando o planejamento estratégico para 2014. Uma das novidades será a realização da III Semana do Produtor Rural,"Augusto Salla, empresário[

» Ricciere Salla e Amabli Salla, pai e mãe da família Salla

» Augusto Salla, Jucelino Salla, Amabli Salla, Ricciere Salla, marlene Salla, Roque Salla

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50 | DEZEMBRO 2013 / JANEIRO/FEVEREIRO 2014 – Floresta Brasil Amazônia

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DE OlhO nA SuSTEnTABIlIDADENo término do II Fórum Mundial de Sustentabilidade que aconteceu entre os

dias 22 a 24 de março de 2012 em Manaus, recebi o convite do jornalista Antonio

Ximenes para elaborar uma matéria sobre a Visafértil – Fertilizantes Orgânicos.

Na ocasião chegamos à conclusão que havia assuntos mais relevantes e urgentes

para serem divulgados pela revista Floresta Brasil Amazônia e foi elaborado o

artigo: “Usina de Incineração do “Lixo” Urbano – O Brasil na Contramão da Sus-

tentabilidade”. As usinas de incineração do lixo trazem inúmeros malefícios, têm

tecnologias absoletas que estão sendo desativadas em países europeus, causam

desemprego das pessoas envolvidas na coleta e reciclagem. Elas não oferecem

segurança em relação à eliminação dos gases cancerígenos, tóxicos que são acu-

mulativos.

Na edição nº 4, no artigo “Matéria-Prima Vira Lixo”, mostramos que dar o des-

tino adequado aos resíduos domésticos não é enviá-los aos aterros ou queimá-

-los, mas sim, transformá-los em fertilizantes orgânicos.

Posteriormente a revista publicou: “Compostagem: Destino Nobre e Susten-

tável do Lixo Orgânico Doméstico”. Não há a menor dúvida e que a compostagem

é uma solução sustentável, inteligente, adequada e definitiva, pois transforma

os resíduos orgânicos em um adubo de qualidade, rico em substâncias húmicas

e nutrientes que alimenta as plantas, recuperam solos degradados, melhorando

as estruturas físicas, químicas e biológicas. Aumenta a produtividade, a oferta

de alimentos e colabora para mitigar a fome no mundo. Dar outro destino ao

lixo orgânico doméstico e não transformá-lo em fertilizante é um retrocesso da

agenda socioambiental nacional.

Para 2014, entendo que haverá novos e grandes desafios. Sem dúvida, a des-

tinação adequada dos resíduos é dever de todos, mas cabe às autoridades fede-

rais, estaduais e municipais fazerem sua parte. Na questão ambiental e social,

não deveria existir direita ou esquerda. Deveríamos desenvolver projetos que

beneficiassem o planeta e a humanidade.

ulisses girardiAmbientalista e Diretor Executivo do Grupo Visafé[email protected]

“Precisamos transformar mentes para que os resíduos não sejam vistos como lixo, mas matéria-prima para a produção de novos produtos.”

artigo

» Reunião dos funcionários e proprietários do Grupo visafértil

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Migrante sulista apostou no futuro de Rondônia e se tornou um dos empresários mais bem-sucedidos da Região Norte

Expansão da fronteira agrícola

REPORTAGEm: Leandro Prazeres F0TOS: Divulgação

A história da colonização de Rondônia é repleta de relatos de luta e superação. A de Juscelino Salla, 54, é, sem dúvida, uma das mais emblemáticas delas. O migrante sulista conseguiu se transformar em um dos empresários mais bem-sucedidos da Região Nor-

te e atua num ramo vital para a expansão da fronteira agrícola brasileira: ração animal. Diretor e proprietá-rio da Multifós, Juscelino abastece cinco estados e aposta na expansão de uma pecuária ambientalmen-te eficiente.

sucesso

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Juscelino deixou o Rio Grande do Sul ainda jovem, em 1979, com os pais e nove irmãos. Como milhares de sulis-tas, ele chegou a Rondônia quando o Estado era apenas uma grande promessa repleta de dificuldades. “A gente veio para apostar no futuro do Estado. Quando chega-mos, a estrada de Cuiabá a Porto Velho era de chão. Não tinha asfalto. Demoramos oito dias para sair do Rio Gran-de do Sul até chegar a Vilhena”, conta.

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Quem visita hoje as modernas instalações da Multi-fós em Vilhena, cidade localizada a pouco mais de 700 quilômetros da capital Porto Velho, dificilmente acredi-taria que tudo aquilo começou com um moinho de pedra. “Quando chegamos a Rondônia, nós fomos direto para a lavoura. Em 1982, nós decidimos abrir uma beneficia-dora de arroz. Foi assim que começou a Risadinha (braço comercial da família Salla). Na época, a gente usava um moinho de pedra e beneficiava arroz, fazia fubá e vendia por aqui mesmo”, conta.

O sucesso do negócio, alavancado pela expansão da fronteira agrícola em Rondônia e pela alta no preço das commodities, atraiu os demais irmãos que se juntaram à empresa e também foram responsáveis pelo seu cres-cimento. Em 2002, foi criada a Multifós, empresa espe-cializada em nutrição animal e uma das poucas a contar com a certificação do Ministério da Agricultura em toda a região Norte. “Foi uma grande conquista para todos nós. Hoje, estamos aptos a vender para todo o Brasil e isso é muito importante para a empresa e para a região”, res-salta Juscelino.

PRODuTOS

De acordo com Juscelino Salla, a Multifós atende, atu-almente, os mercados de Rondônia, Mato Grosso, Acre, Amazonas e Roraima. A planta industrial da empresa está instalada em Vilhena, uma localização estratégica por es-tar, ao mesmo tempo, próximo aos grandes produtores de grãos de Mato Grosso e de Rondônia, garantindo forneci-mento de matéria-prima com baixo custo de transporte.

A unidade fabril da Multifós é uma das mais moder-nas do Brasil e foi inaugurada em 2008 e com uma capa-cidade de produção de 3 mil toneladas de ração por mês. Atualmente, a empresa comercializa, aproximadamente ,1,5 mil toneladas mensalmente. Entre os produtos fabri-cados pela Multifós estão as linhas de ração para bovinos, suínos, aves, equinos, peixes e uma nova linha Pet, volta-da para animais de estimação como cães.

Na linha de psicultura, a Multifós tem linhas de rações específicas para peixes onívoros e carnívoros. Para os oní-

voros, há três opções de ração com diferentes níveis de proteína: 36%, 32% e 28%. Para os peixes carnívoros, a Multifós produz uma ração com 40% de proteína, rica em extrato etéreo e aditivado com aminoácido triptofano.

Na linha de produtos destinados a equinos, a empre-sa fabrica dois tipos de ração: um com 13% e outro com 16% de proteína bruta. A empresa conta ainda com uma pelitizadora, equipamento que transforma rações farela-das em granuladas, o que aumenta consideravelmente a eficiência da ração.

Uma das grandes apostas da Multifós é o mercado de animais domésticos. Para isso, ela patenteou e registrou a marca “PET BOM”, uma linha de rações rica em proteí-nas e enriquecida com Ômega 3, 6 e 9.

mERCADO

Com pouco mais de 11 anos de mercado, a Multifós aposta no aumento da demanda por rações animais nos próximos anos.

De acordo com Juscelino Salla, a estimativa é de que haja um crescimento de 20% em suas vendas em 2014. Ele acredita que as novas tecnologias de recuperação de pastagem irão aumentar a produtividade das proprieda-des rurais na região Norte e, com isso, a demanda por ração tende a aumentar.

“Estamos verificando que há um desenvolvimento rápido nas tecnologias para recuperação das pastagens. Onde antes a gente tinha uma cabeça de gado por hecta-re, vamos chegar ao patamar de ter cinco ou seis. E isso será muito bom para o nosso negócio”, comenta.

Nascido no município de Derrubadas, no Rio Grande do Sul, Juscelino Salla mostra-se preocupado com a ex-pansão da fronteira agrícola e com os impactos ao meio ambiente que isso possa causar. “Acho que os produtores estão cada vez mais conscientes. Eles não desmatam as áreas de proteção ambiental, eles sabem que isso é vital para a saúde das propriedades deles. Por isso que estão investindo tanto em recuperação de pastagem. Tem mui-ta área a ser explorada sem que se precise fazer novas derrubadas”, diz o empresário.

» multifós foi criada em 2002 e hoje é uma das maiores produtoras de ração animal da Região norte

» Rações produzidas pela multifós abastecem cinco estados: Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima e mato Grosso

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Vilhena, localizada na divisa dos Estados de Rondônia e Mato Grosso, é um dos municípios mais estratégicos da região chamada de Cone Sul de Ron-dônia, área que compreende municípios como Vi-lhena, Colorado D’Oeste, Cerejeiras, Pimenta Bueno e Cacoal. A região foi colonizada no início dos anos 1970, ainda durante o governo militar. Na época, o Governo Federal financiou uma série de projetos agrícolas para desenvolver e expandir a fronteira agropecuária brasileira mais ao Norte.

De acordo com dados históricos, milhares de colonos, na sua grande maioria composta por agri-cultores de pequenas cidades dos Estados do Rio

Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Espírito Santo, migraram para onde ainda era o Ter-ritório Federal de Rondônia.

Com pouco mais de 30 anos de criação, o Esta-do de Rondônia já é o terceiro mais rico da Região Norte. De acordo com dados do IBGE, Rondônia tem o terceiro maior PIB da região (R$ 23,5 bilhões em 2010), ficando atrás apenas de Pará, em primeiro, e Amazonas, em segundo. De acordo com a Secretaria de Estado de Planejamento de Rondônia (Seplan), a agropecuária e a indústria representam 36,1% do PIB de Rondônia.

hISTÓRICO

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Deputado federal Paulo César Quartiero atua na trincheira do fortalecimento da presença militar na região. Após perder a batalha contrária à demarcação da Terra Indígena Raposa Terra do Sol, a maior parte de suas atuais emendas parlamentares se destina à atuação das Forças Armadas na Amazônia

voz grave e firme em defesa da Amazônia

REPORTAGEm: Leandro Prazeres F0TOS: Divulgação

Muitas vozes têm sido ouvidas quando o assunto é a defesa da Amazônia, mas poucas tão graves e controver-sas quanto a do deputado federal Paulo César Quartiero (DEM-RR). Após perder a até hoje polêmica batalha pela demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, no Extremo Norte do País, Quartiero decidiu atuar em ou-tra trincheira: o fortalecimento da presença militar na região. Hoje, ele destina a maior parte de suas emendas parlamentares para as Forças Armadas na Amazônia.

Entre 2004 e 2008, o então prefeito de Pacaraima (RR), Paulo César Quartiero ficou mundialmente famoso por liderar os protestos contrários à demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol. À época, foram feitas bar-ricadas, pontes e estradas foram fechadas em protesto contra a medida que resultou na desapropriação de mi-lhares de hectares utilizados por rizicultores.

Em 2011, ao ser eleito deputado federal pela primei-ra vez, o engenheiro agrônomo e rizicultor Paulo César Quarteiro (DEM-RR) decidiu mudar sua forma de lutar pelo que ele considera ser o melhor para Amazônia. “A gente sempre conversou com os militares e eles sempre nos deixaram claro que havia uma relativa falta de recur-sos. A partir daí, eu decidi destinar algumas das minhas emendas para as Forças Armadas porque eu acredito que eles podem fazer frente ao avanço imperialista contra Amazônia”, diz Quartiero.

Entre 2012 e 2013, Quartiero destinou nada menos que R$ 15,5 milhões em emendas parlamentares para as Forças Armadas. Entre os projetos tocados pelos mi-litares com os recursos destinados por Quartiero estão a aquisição de ambulâncias de média e alta complexidade, construção de instalações desportivas no 3º Pelotão de

parlamento

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Fronteira de Pacaraima, reforma de alojamentos e cons-trução de uma Pequena Central Hidrelétrica (PCH) para suprir o PEF de Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, com energia elétrica 100% brasileira. Até então, parte da energia do pelotão vinha do país vizinho que vem atra-vessando uma grave crise econômica e de infraestrutura.

Mas entre todas as emendas, a “joia da coroa” de Quartiero, sem dúvidas, é a emenda no valor de R$ 6 milhões de reais que vai viabilizar a construção de uma agência da Marinha do Brasil na cidade de Caracaraí, às margens do Rio Branco, um dos cursos d’água amazôni-cos mais ignorados do ponto de vista da fiscalização das fronteiras brasileiras.

“O rio Branco é uma importante via de ligação na Amazônia, mas nunca teve uma base sequer da Marinha. Isso era um absurdo. O valor já foi empenhado e as obras estão previstas para começar no primeiro trimestre de 2014. E ela (agência) não será importante apenas para a vigilância da região, mas para atender a população ribei-rinha que vive isolada naquela região”, conta Quartiero.

Além dos valores já aprovados e empenhados refe-rentes às emendas de Quartiero para os anos 2012 e 2013, o parlamentar já fez indicações no orçamento para mais R$ 12 milhões destinados às Forças Armadas. As emendas deverão ser utilizadas para ampliar a capacida-de da Marinha de prestar atendimento às comunidades ribeirinhas, a construção de um complexo desportivo para o 7º Batalhão de Infantaria de Selva e incremento

da capacidade de atendimento do Hospital de Base da Aeronáutica, em Boa Vista.

POR quê?

Mas o que levou Quartiero a se manter tão próximo das Forças Armadas durante seu mandato parlamentar? Segundo o próprio deputado, a resposta é simples: afi-nidade ideológica e patriotismo. “Eu acredito que os mi-litares estão sendo vítimas do Governo Federal. Primei-ro com o corte de orçamento e contingenciamento de verbas. E depois com a Comissão da Verdade”, explica o deputado.

Quartiero afirma que, durante o período em que o ele foi prefeito de Pacaraima, manteve estreito contato com comandantes das Forças Armadas e que durante es-sas conversas, os militares relataram a escassez de verbas para obras e manutenção de instalações.

Outro motivo pelo qual ele destinou parte de suas emendas parlamentares para as Forças Armadas se deve ao fato de que o deputado confia na honestidade dos militares. “Infelizmente, não são em todos os municípios que a gente tem plena confiança de que o dinheiro será bem investido. Na realidade, não é nem uma questão de desconfiança, mas infelizmente, muitas prefeituras estão inadimplentes e não conseguem receber os recursos. No caso das Forças Armadas, eu tenho plena confiança de que o dinheiro será bem investido”, diz.

» Deputado visita canteiro de obras do Exército Brasileiro em Roraima » Parlamentar se reúne com militares para esclarecer detalhes de projetos que receberam recursos oriundos de suas emendas

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Mais de 1400 pessoas foram beneficiadas pelos cursos durante este ano. Em Manaus, o encontro reuniu alunos, instrutores e funcionários; na ocasião ocorreu a solenidade de certificação

1° Encontro PROnATEC SEnAR Amazonas

REPORTAGEm: Diárcara Ribeiro F0TOS: Antonio Ximenes e Diárcara Ribeiro

Educação

Durante este ano, o Serviço Nacional de Aprendiza-gem Rural – SENAR-AM executou cursos de educação profissional em comunidades rurais e nos municípios do estado, triplicando o número de pessoas beneficiadas pelo Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC) executado pela Instituição.

Para comemorar estas ações, foi realizado no dia 17 de dezembro, o 1º Encontro PRONATEC com os alunos, instrutores e parceiros do Programa. O even-to ocorreu no auditório Van Gogh do Hotel DaVinci, em Manaus. Na ocasião, 200 alunos receberam os certificados.

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Vindos da comunidade rural Nossa Senhora de Fáti-ma e dos municípios de Manacapuru e Iranduba, os alu-nos que receberam os certificados participaram dos cur-sos de preparador de pescado; horticultor; fruticultor; preparador de doces e compotas e piscicultor.

A produtora rural, Josefa Nogueira da Silva, 66 anos, moradora da comunidade Nossa Senhora de Fátima, afir-mou que, mesmo com a idade, fez questão de estudar. “Eu fiz e não senti dificuldade nenhuma, o instrutor e a forma de passar o conteúdo foram muito bom; foi muito proveitoso para minha atividade”, declarou.

De acordo com o instrutor Willes Cardoso, que le-cionou a matéria: Empreender no Campo, o aprendiza-do foi também para quem ministrava. “Para nós foi uma oportunidade única estar envolvido no PRONATEC. É nas aulas que percebemos a dificuldades dos alunos e a ne-cessidade da comunidade. A disciplina de Gestão, sem dúvida, foi um sucesso e envolvia a todos. A metodologia do SENAR é dinâmica e faz com que o aluno sinta facilida-de no aprendizado”, explica.

Para o piscicultor Aldenor de Souza, o curso veio no momento certo. “Como eu hoje estou investindo na área, já tenho até tanque no meu terreno, o curso foi excelen-te, aprendi novas técnicas que vou utilizar agora”.

Os cursos possuem uma carga horária de 160 a 200 horas com disciplinas que vão além da teoria, os alunos

aprendem na prática o conteúdo que está sendo minis-trado e recebem ainda 40 horas de gestão e empreende-dorismo voltado para o campo.

Disciplina esta que foi primordial, segundo o supe-rintendente do Ministério da Pesca no Amazonas, Rai-mundo Nonato. “Só tenho que agradecer esses cursos que foram oferecidos. Foi espetacular, porque o sistema da pesca aqui no Estado não tinha gestão, então o curso veio suprir essa necessidade. Nossa dificuldade era a ges-tão, e graças a essa parceria estamos evoluindo e conse-guindo mudar a realidade através do empreendedorismo e da gestão”.

A palestra motivacional, do conceituado Omar Hen-nemann, emocionou os participantes com palavras de

"Como eu hoje estou investindo na área, já tenho até tanque no meu terreno, o curso foi excelente, aprendi novas técnicas que vou utilizar agora"Aldenor de Souza, piscicultor[

» Parceiros do Sistema FAEA-SEnAR prestigiaram a entrega dos certificados

» Presidente muni lourenço com o palestrante Omar hennemann

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apoio e estímulo. Ressaltou ainda que esse programa está mudando o País.

“Eu não tenho dúvida alguma de que é uma verda-deira revolução que está acontecendo neste país com os cursos técnicos. O PRONATEC veio ao encontro de uma necessidade que nós da agropecuária brasileira precisá-vamos. E a logística de fazer chegar esse conhecimento nas regiões mais longínquas e de difícil acesso não foi impedimento para pessoas de garra, como as que condu-zem e trabalham na instituição como o SENAR”, afirmou.

Em 2013, o SENAR Amazonas executou o PRONATEC em 20 municípios, foram realizadas 90 turmas totalizan-do 1.416 alunos beneficiados.

“Eu tenho uma noção clara da dificuldade e logística de fazer chegar os nossos cursos e salas de aula aqui no Estado. Mas conseguiram dar o exemplo extraordinário de superação das dificuldades quer seja de barco, canoa, ônibus, nos mais diferentes municípios. O SENAR foi até lá e cumpriu com a obrigação de levar conhecimento até os produtores rurais; isso foi muito contagiante, saio da-qui renovado com o brilho no olhar dos alunos do PRO-

NATEC e das pessoas envolvidas nesse processo”, decla-rou Omar Hennemann.

O presidente do Sistema FAEA-SENAR, Muni Lourenço, agradeceu a todos os parceiros que pactuaram alianças que juntos vêm contribuindo para a capacitação de mão de obra para o campo. “O programa é, sem dúvida, uma ferramenta indispensável para o desenvolvimento da agricultura e pe-cuária, e para que os alunos valorizem o lugar onde vivem e possam crescer na atividade. Educação e juventude são indispensáveis para o desenvolvimento não só do Amazonas mas do País”.

O superintendente do SENAR Amazonas, Aécio Flávio Filho, anunciou que para 2014 a instituição pretende dobrar o número de alunos atendidos e que já estão sendo feitas parcerias, ressaltando ainda que, “O SENAR não tem medi-do esforços para chegar até o produtor rural”. O programa ofertado gratuitamente, tem o propósito de levar cursos de Formação Profissional Rural, para os jovens do ensino médio e para os produtores e trabalhadores rurais que participam do Plano Brasil Sem Miséria; alunos da SEDUC e pescadores vinculados no Ministério da Pesca e Aquicultura.

» Aécio Filho, lilamar dos Santos e muni lourenço

» Omar hennemann citou a liderança de nelson mandela como referência de dignidade e amor à liberdade

» luiz Cordeiro da FAEA, aluna maria Silva, presidente do sindicado de manacapuru, mário Jorge e muni lourenço

» Presidente muni lourenço e superintendente do ministério da Pesca Raimundo nonato (de preto) com os recém formados

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A COnTInuIDADE DO CIClO DE PROSPERIDADE DE ROnDônIA

No Senado Federal, desde 2003, tenho contribuído de forma decisiva para o

crescimento econômico do Estado de Rondônia e para a Região Amazônica, com

a defesa intransigente de projetos de interesse da região Norte. Desta forma, vá-

rios projetos já se concretizaram, a exemplo das usinas de Jirau e Santo Antônio,

que receberam investimentos de cerca de R$ 30 bilhões.

Com a aproximação da conclusão das obras das usinas, a preocupação é se-

guir com o ciclo de desenvolvimento deixado pelos efeitos positivos desse gran-

de empreendimento. Não podemos dar-nos ao luxo de regredir e de desperdiçar

os benefícios acumulados ao longo desses anos todos.

Muitas indústrias se instalaram em Rondônia em função da construção das

usinas e têm, ainda, alguns anos de atividade forte pela frente, por conta das

obras no Rio Madeira e outras, como da usina de Belo Monte e mesmo as obras

que o Brasil projeta realizar no Peru e na Bolívia, já que algumas dessas empre-

sas irão produzir peças de turbinas, parte de equipamentos para a usina de Belo

Monte, que vai descer pelo rio Madeira até chegar ao Pará.

E também para as usinas que poderão chegar ao Peru – já estão sendo es-

tudadas as quedas de águas no Peru, e também na Bolívia: a usina de Cachuela

Esperanza, no rio Beni, e Cachoeira Ribeirão, na divisa com Rondônia. É preciso

que tenhamos meios de manter a prosperidade em Rondônia, mesmo após ter

sido encerrado o ciclo das hidrelétricas.

Não falta oportunidade, para darmos continuidade a esse momento feliz

de prosperidade. Há importantes obras de infraestrutura para serem realizadas,

como a construção das eclusas para facilitar a navegação do rio Madeira e a cons-

trução do gasoduto Urucu-Porto Velho; a usina Tabajara, de 350 megawatts, em

Machadinho d’Oeste e a usina Ribeirão, próxima de Guajará e Nova Mamoré, que

vão gerar mais 3 mil megawatts.

Outras obras importantes são a construção da ponte binacional de Guajará-

-Mirim a Guayara-Merín, dando seguimento a um corredor de exportação, via Bo-

lívia, ao porto de Arica no Chile, passando por La Paz, obra que deverá iniciar-se

em breve, além da restauração da BR-364, através do PAC que está em fase de

execução.

Demais ações que implicam em desenvolvimento são a exploração sustentá-

vel de recursos, a instalação de tanques para a aquicultura nos reservatórios de

Santo Antônio e Jirau e a criação de uma Zona de Processamento de Exportação

(ZPE), em Porto Velho; a ferrovia Transcontinental, que contemplará o trecho de

Vilhena a Porto Velho. No Senado, fui o relator do Plano Ferroviário e mantive os

municípios de Porto Velho e Vilhena, no sistema.

Além dos inúmeros benefícios que a obra seguramente trará para as duas

nações amigas, gostaria de enaltecer os enormes ganhos que auferirão as cida-

des da Região Norte através das quais correrão os trilhos da ligação bioceânica,

com especial destaque para Vilhena e Porto Velho, no Estado de Rondônia, e as

cidades de Rio Branco e Cruzeiro do Sul, no Estado do Acre.

Tudo isso faz parte do pós-usinas que incluem também a construção das pon-

tes de interligação, como a Porto Velho/Manaus em fase de conclusão; a ponte

do Abunã, Rondônia/Acre licitada pelo DNIT Nacional e a ponte binacional Brasil/

Bolívia. Esse conjunto de ações vai permitir que o Estado possa trilhar o caminho

do desenvolvimento econômico e social.

Valdir rauppSenador PMDB-ROPresidente Nacional do PMDB

artigo

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Pesquisas, prognósticos e projeções para o futuro apontam o Estado de Rondônia como novo polo de de-senvolvimento regional na Amazônia. Para comprovar, basta citar exemplos como o fato de que o Amazonas come peixe vindo de Rondônia e agora está com uma po-lítica de comprar leite daquele Estado. Há também uma política, mesmo com o Linhão de Tucurui, de aproveitar de alguma maneira a demanda de energia de Rondônia.

A força da agricultura familiar é um dos trunfos e faz do interior um grande pilar econômico para o Esta-do, que tem com um rebanho de 12 milhões de cabeças, geneticamente melhor posicionado do que o Amazonas. Governado por Confúcio Moura (PMDB), o Estado tem uma administração transparente, sem escândalos de gabinete, e tem todas as condições de transformar a re-gião com o uso da tecnologia. Nas próximas páginas, o governador de Rondônia fala um pouco mais sobre essa pujança desenvolvimentista que o Estado experimenta.

COmO O SEu GOvERnO ESTá TRAçAnDO O DESEnvOlvImEnTO REGIOnAl DA ECOnOmIA DE ROnDônIA, TAnTO nO âmBITO DO InTERIOR quAnTO DA CAPITAl?

O Estado de Rondônia já é regionalizado por natu-reza. A geografia já dividiu o Estado em várias alterna-tivas e várias vocações. Então, o Estado e a população já se acomodaram naturalmente dentro desses eixos vocacionados pela qualidade do solo, pela classificação demográfica das pessoas que chegaram aqui e foram se concentrando. Por exemplo, a maioria dos gaúchos está no sul. A maioria dos baianos está na região de Arique-mes plantando cacau, e também nos garimpos. O que es-tamos fazendo hoje é abrindo e mostrando o Estado de Rondônia para a nossa população interna, com as opor-tunidades crescentes, deixando o empresariado anima-do para fazer investimentos nas mais diversas áreas. E, para isso, estamos criando todos os instrumentos de in-fraestrutura necessários para favorecer a implantação de empresas novas em Rondônia. Nossas vocações naturais são minério, madeira, agricultura, produção leiteira e ser-

viços. Basicamente são essas ações que estamos fazendo em Rondônia, além de gerar essa esperança, mostrando as potencialidades de Rondônia através do debate, com a participação do Sebrae, das Federações da Indústria, do Comércio e da Agricultura. E temos trabalhado sempre com esses setores.

O quE ESTá SEnDO FEITO PARA AmPlIAR O PORTO DE PORTO vElhO, COm vISTA AOS mERCADOS DOS ESTADOS unIDOS, EuROPA E áSIA, nO quE DIz RESPEITO AO DESEnvOlvImEnTO DA REGIãO?

São duas ações. Uma ação privada, do grupo Maggi, que já está em obras o porto graneleiro. Isso é altamente promissor. A segunda é o porto da nossa sociedade de portos, que é uma autarquia, e seu projeto, com recursos do PAC, de construção de um novo porto – não vou dizer público, ele é autárquico – também próximo à mesma área do porto Maggi. Com dois portos dessa dimensão juntos, em torno deles surgirá um complexo industrial forte, como surgiu em outros estados. Atrás do porto, vêm as indústrias.

Governador Confúcio moura investe no desenvolvimento do agronegócio em Rondônia

REPORTAGEm: Antonio Ximenes F0TOS: Divulgação

Entrevista exclusiva

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nO DIA 4 DE DEzEmBRO DE 2013, nA CIDADE DE SãO PAulO, nO GRuPO ESTADãO, DA FAmÍlIA mESquITA, O SEnhOR vAI PARTICIPAR DO FÓRum nORTE DE DESEnvOlvImEnTO REGIOnAl, REPRESEnTAnDO PRATICAmEnTE TODOS OS GOvERnADORES DA REGIãO. COmO é PARA O SEnhOR TER SIDO COnvIDADO POR um DOS mAIS ImPORTAnTES GRuPOS DE COmunICAçãO DO BRASIl?

Vou aproveitar o momento para divulgar o Estado de Rondônia, as suas potencialidades e a sua riqueza de infraestrutura. Porque o empresariado não vem para o Estado por incentivos fiscais e nem por palavras ditas de qualquer maneira. Depois que eles estudam o mercado e comprovam o que nós estamos fazendo é que eles vêm. Primeiro tem que ver preço do frete; segundo, alterna-tivas multimodais de transporte; terceiro, energia farta; depois, política de incentivos fiscais do Estado; estrutura de apoio à sua implantação temporária; e dinheiro farto nos bancos para que eles possam se capitalizar para in-vestimentos. Tudo isso tem em Rondônia. E sinaliza ainda muito mais alternativas, além da hidrovia do madeira, da rodovia, dos aviões, nós temos também agora ferrovia, que brevemente chega. Basicamente, a parte de Inter-net de alta velocidade já está interligada no Estado todo. Tudo isso é fundamental. E o restante é crescimento na-tural da mão de obra. Tendo mão de obra preparada, o empresário vem.

A PETROBRAS E A COCA-COlA ESTãO PRESEnTES nA POlÍTICA DO PORTO nOvO, CORRETO?

Exatamente. Tem uma série de grupos de importa-ção e exportação que precisam muito de porto para de-sembaraçar mercadorias e fluir rápido pela hidrovia, que é muito barato o preço do frete. Então, grandes empre-sas estão interessadas no porto de grandes dimensões.

umA quESTãO quE nOS ChAmA ATEnçãO é A AGRICulTuRA FAmIlIAR, quE é A BASE DA ECOnOmIA RuRAl DO ESTADO. COmO O SEnhOR ESTá ATuAnDO nESSA áREA PARA mElhORAR O DESEmPEnhO DAS PEquEnAS E méDIAS PROPRIEDADES, TAnTO nA AGRICulTuRA quAnTO nA PECuáRIA?

A agricultura familiar de Rondônia é a maior do País. Não existe nenhum outro Estado da federação que te-nha uma distribuição de terras geopoliticamente correta como tem Rondônia. Digo sempre que é o Estado da re-forma agrária. É onde o Incra deu certo. O que o Gover-no está fazendo: Primeiro, a produção de calcário para a correção da acidez do solo e correção dos solos degra-dados. Segundo, a regularização fundiária. Inclusive, a presidente Dilma está vindo aqui entre o final de novem-bro e começo de dezembro para entregarmos juntos, em Ji-Paraná, cinco mil títulos de terra. Outro elemento indispensável é o cadastro ambiental rural: até 240 hec-tares, o pequeno produtor não paga esse cadastro. Isso é fundamental par o crédito. E, para os maiores, tem o Programa de Recuperação Ambiental (PRA), dentro de uma política ambiental sistêmica do Estado. Rondônia é o Estado mais avançado em todos esses itens aí.

"Vou aproveitar o momento para divulgar o Estado de Rondônia, as suas potencialidades e a sua riqueza de infraestrutura"[

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A BACIA lEITEIRA DE ROnDônIA REPRESEnTA mAIS DE 45% DO lEITE PRODuzIDO nA REGIãO nORTE DO BRASIl. A quE SE DEvE ESSE DESEnvOlvImEnTO, ESSA POTEnCIAlIDADE ECOnômICA, quE lEvOu A SER REAlIzADO Em PORTO vElhO O COnGRESSO InTERnACIOnAl DO lEITE, COm ESPECIAlISTAS DA AuSTRálIA, EuA E CAnADá?

Está bom, mas vai melhorar. Nossas plantas de lati-cínio já estão preparadas para dobrar essa produção lei-teira, têm capacidade tecnológica para isso. Nossa meta agora é aumentar a produção de leite na agricultura fa-miliar, principalmente com a Emater fazendo o monitora-mento desses pequenos produtores, levando comida de qualidade para a vaca, ração. Tendo um alimento melhor, mesmo a vaca geneticamente não adequada dobra a pro-dução leiteira. Aí depois, com o tempo, você vem com a mudança da genética e com os manejos adequados de pastagens.

A lEGAlIzAçãO FunDIáRIA é FunDAmEnTAl PARA SE COnSEGuIR CRéDITO E FInAnCIAmEnTO nOS BAnCOS. O quE ESTá SEnDO FEITO PARA REGulARIzAR AS PROPRIEDADES RuRAIS SEm DOCumEnTAçãO?

Nós temos uma parceria muito estreita com o Progra-ma Terra Legal e o Incra, inclusive, colocamos técnicos do Estado à disposição para ajudar em toda a parte opera-cional de mapas e topografia, visitas a campo e mediação de conflitos. O Estado hoje aposta no sistema nacional, sendo o primeiro Estado brasileiro a ter as senhas do In-cra e do Terra Legal para creditação do Governo Federal. Estamos também nos assentamentos não emancipados e litigiosos do Incra, fazendo um trabalho de desafetação desses loteamentos.

hOJE nÓS TEmOS AS uSInAS DE JIRAu E SAnTO AnTônIO ExPORTAnDO EnERGIA. COmO ESTá O PROJETO DO POlO InDuSTRIAl DE ROnDônIA? quE InDúSTRIAS SE InSTAlARAm nO ESTADO nO SEu GOvERnO E quE InDúSTRIAS DEvERãO ChEGAR?

Hoje, o Brasil inteiro passa por uma fase de desin-dustrialização, de baixo crescimento industrial sistêmico, por conta da falta de competitividade, falta de moder-nização de parques industriais, falta de investimento em inovação e mão de obra cara, além do componente burocrático. Ninguém sabe quando a indústria brasileira vai recuperar esse prejuízo. O componente tecnológico ajuda bastante, mas passa por modernização, passa por pesquisa científica. A Amazônia toda não pesquisa qua-se nada. A pesquisa da Embrapa é concentrada no Sul e Sudeste. Por outro lado, o Parque Industrial de Rondônia

está composto, principalmente na cidade de Porto Velho, Ariquemes e outros municípios maiores do Estado. Isso baseado em incentivos fiscais e distribuição de terrenos para as indústrias. Com toda a adversidade, Rondônia tem absorvido novas indústrias justamente pela quanti-dade de clientes potenciais que tem, pela capacidade de venda. Indústrias de ração para peixe, de transformação de alimento, temos indústria de produção de insulina, de produção de biodiesel, de transformação de leite a partir do soro e derivados proteicos ricos, de beneficiamento da madeira leve laminada, e de fundição de minerais.

A SOJA é umA CulTuRA ExTREmAmEnTE ImPORTAnTE PARA O DESEnvOlvImEnTO AGRÍCOlA, mAS TAmBém TEm um ImPACTO nA nATuREzA. O quE ESTá SEnDO FEITO PARA quE OS PRODuTORES POSSAm PlAnTAR SOJA E, AO mESmO TEmPO, EvITAR O DESEquIlÍBRIO DO mEIO AmBIEnTE?

Temos que conter a fúria dos investidores que que-rem plantar muito rapidamente sem as observações dos planos e licenciamentos aprovados pelo órgão ambiental de Rondônia. Estamos mais rigorosos para a proteção das nascentes, das encostas de morros, e também dos igarapés que cortam essas áreas, evitando o uso de inse-ticidas e de agrotóxicos.

vIlhEnA ESTá FORTEmEnTE POSICIOnADA Em RElAçãO à SOJA. há umA BOA PRODuTIvIDADE POR hECTARE. ESTá SE lEvAnDO Em COnSIDERAçãO TAmBém O DIREITO A PlAnTAR, Já quE é um BOOm DA ECOnOmIA. é umA POlÍTICA TAmBém DE OCuPAçãO DE TERRAS DEGRADADAS?

Se nós recuperarmos as áreas degradadas de Ron-dônia, nós passaremos a ser o segundo maior produtor de grãos do Brasil. Isso é um trabalho que o ex-ministro Mangabeira (Roberto Mangabeira Unger) fez conosco no

Entrevista exclusiva

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Floresta Brasil Amazônia - DEZEMBRO 2013 / JANEIRO/FEVEREIRO 2014 | 65

Estado para ser exemplar para o Brasil: a recuperação de áreas e pastagens degradadas possíveis de serem meca-nizadas. A grande região de Ariquemes, com seus 14 mu-nicípios próximos, será uma grande central de produção de grãos do Estado de Rondônia nos próximos anos.

AquI TAmBém TEm O DIAmAnTE. COmO ExPlORAR O DIAmAnTE Em ESCAlA quE PERmITA A GERAçãO DE ROyAlTIES PARA O ESTADO?

Isso passa pela aprovação da nova Lei de Mineração, que está no Congresso Nacional. Inclusive, se o senador Romero Jucá introduzir o pensamento dele em outra lei que tramita lá, permitirá a exploração de minérios em terras indígenas. Com essa possibilidade, controlada pelo governo, com uma só compradora – eu sugiro a Caixa para fazer a compra desse minério –, aí sim podemos evi-tar o contrabando do ouro, o contrabando do diamante e o contrabando do estanho.

umA OuTRA quESTãO quE nOS ChAmA muITA ATEnçãO é A DO REBAnhO GEnETICAmEnTE AvAnçADO DO ESTADO, COm mAIS DE 12 mIlhõES DE CABEçAS E TODAS AS COnDIçõES DE ExPORTAR PARA O AmAzOnAS, POR ExEmPlO, quE TEm um mERCADO BOm Em mAnAuS, OnDE FAlTA CARnE. COmO é quE ESTá A quESTãO DA GEnéTICA E DA POSSIBIlIDADE DE FRIGORÍFICOS PARA TRAnSFORmAR ESSA CARnE Em PRODuTO ACABADO PARA ExPORTAçãO?

Nós temos 25 plantas frigoríficas de grande porte. Quem exporta para a Europa e para os países árabes pode exportar para todo o mundo porque eles são alta-mente exigentes. Os árabes são exigentes até no abate criterioso do gado. Temos perfeita condição de abastecer o mercado de Manaus. Aliás, já estamos abastecendo. Já exportamos muita carne do Rio Madeira para Manaus. E o potencial do nosso rebanho pode dobrar em dez anos. Podemos ter 24 milhões de cabeças de gado na mesma área existente desmatada, sem nenhuma árvore derru-bada, apenas recuperando áreas degradadas.

O GOvERnADOR OmAR AzIz, DO AmAzOnAS, TEm DEFEnDIDO quE é FunDAmEnTAl quE hAJA mAIS SInERGIA EnTRE OS ESTADOS PARA quE O DESEnvOlvImEnTO REGIOnAl SEJA mAIS EquIlIBRADO. O SEnhOR TEm, Em AlGum mOmEnTO, COnvERSADO COm ElE?

Poucas vezes nós temos nos reunido com o governa-dor Omar Aziz. Mais em chamadas oficiais da presidência da república em ministérios em Brasília. Acho que a Su-frama e a Sudam seriam as duas grandes instituições da Amazônia responsáveis por essa aproximação. Tem toda

a experiência acumulada ao longo de muitos anos, Se não fazem é porque não querem. É competência da SUDAM e competência do Ministério da Integração justamente o desenvolvimento regional e a Amazônia e o Nordeste são os mais desiguais da Federação Brasileira.

ExISTE umA COnvERSA, AInDA DE BASTIDORES, nO âmBITO DO GOvERnO FEDERAl, DO mInISTéRIO DO DESEnvOlvImEnTO, DA SuFRAmA, DO DESmEmBRAmEnTO DA DISTRIBuIçãO DA RIquEzA DO POlO InDuSTRIAl DE mAnAuS (PIm) PARA OuTROS ESTADOS DA AmAzônIA, Em FunçãO DA EnERGIA FARTA DE JIRAu E SAnTO AnTônIO. COmO é quE O SEnhOR vê ESSA quESTãO DE EmPRESAS quE hOJE ESTãO nO PIm, quE POSSAm TAmBém TER PARTE DElAS ATuAnDO Em ROnDônIA?

Basta que retornem o que eram as áreas de livre co-mércio, que foram contidas na época do ministro Pedro Malan, que já dá uma vitalidade muito grande. Seria de bom conceito a mudança do que seja componente regio-nal. Para que a indústria seja beneficiada com os incen-tivos fiscais da Suframa, ela precisa ter no seu produto acabado um percentual de componentes regionais. O que vem a ser numa geladeira, numa motocicleta num óculos, num relógio ou numa televisão, um componen-te regional? Isso atrapalha muito o desenvolvimento dos estados. Como é que vai se colocar dentro de um celular um componente regional? Por exemplo, uma casquinha de castanha. O que caberia dentro desse aparelho eletrô-nico moderno de regional? Clareando isso, ou retirando do texto, aí fica mais fácil para a região Norte. Mas eu acho muito difícil se estender massivamente para outros estados os benefícios da Zona Franca de Manaus porque o critério de Zona Franca é uma região territorializada li-mitada. Como Juscelino [Kubitschek] colocou em Brasília a cidade livre, onde não se pagava imposto nenhum só naquele território pequeno. Não se pode abrir territórios

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66 | DEZEMBRO 2013 / JANEIRO/FEVEREIRO 2014 – Floresta Brasil Amazônia

livres porque é uma concorrência profundamente des-leal aos estados industrializados. Traria uma inversão de valores: São Paulo ficaria pobre e a Amazônia ficaria rica. Apenas trocaríamos as desigualdades.

lEvAnDO-SE Em COnSIDERAçãO A SuA vISãO GEOPOlÍTICA E COnSIDERAnDO-SE quE nO SEu GOvERnO nãO há ESCânDAlOS nO GABInETE, COmO é, numA PRImEIRA ADmInISTRAçãO, TOCAR um ESTADO quE TInhA TAnTOS PROBlEmAS E quE hOJE SE APRESEnTA COmO umA REFERênCIA DE GESTãO nO PAÍS?

Não sei se estou bem classificado, mas nós estamos fazendo a nossa parte aqui em Rondônia, na nossa aldeia. Estamos fazendo o que nos cabe fazer, que é racionalizar gastos, buscar recursos para investimentos, combater o desemprego e, aos poucos, que isso não se faz num gol-pe de bengala, realizar a modernização administrativa, que é um processo de mudança de cultura do funciona-lismo. Para que o Estado seja realmente um prestador de serviços e não um Estado empresário ou patrão.

muITO SE TEm DISCuTIDO SOBRE A SAÍDA PARA O OCEAnO PACÍFICO. COmO ROnDônIA vAI SE POSICIOnAR Em ESCAlA COmO ESSE POTEnCIAl PARA TRAzER nOvOS nEGÓCIOS, DA ChInA, POR ExEmPlO?

Os países andinos têm sido tão distantes do Brasil quanto os países europeus e asiáticos. Parece ser mais fá-cil mandar para a Rússia e para a China do que atravessar aqui para a Bolívia, o Peru e a Venezuela, que são países consumidores onde o Brasil não está ainda afoitamen-te fazendo negócios. Isso é uma questão cultural. Acho que nós temos que preparar o empresário rondoniense, desmistificar essa visão. O Peru é o país que mais fez re-formas estruturais nos últimos cinco anos. A Colômbia também. Tem outros que tiveram retrocessos gigantes-cos, mas que são consumidores, como a Venezuela, a Argentina e o Equador. Nós temos que começar a fazer essa pregação sistêmica e devocionada aqui em Rondô-nia para abrir os olhos dos nossos mercadores para atra-vessar essas fronteiras e fazer negócios.

COmO ESTá A SuA POlÍTICA DE COnSTRuçãO DE ESTRADAS vICInAIS PARA O ESCOAmEnTO DA PRODuçãO?

As estradas de Rondônia são excelentes. Difícil ter no Brasil um estado com estradas de chão tão boas quanto as que nós temos, além das rodovias estaduais. Inclusive, além da competência do Estado, nós estamos hoje fazen-

do as estradas da competência dos prefeitos, ajudando as prefeituras a melhorarem suas estradas num projeto audacioso chamado Mão Amiga. Num município pobre que não tem máquinas, fazemos para o prefeito todas as estradas dele. Numa parceria em que ele fornece apenas o combustível.

COmO ESTá A PARTICIPAçãO DO COOPERATIvISmO Em ROnDônIA?

O cooperativismo de crédito aqui é exemplar. O co-operativismo de trabalho avança. O cooperativismo na área da agricultura ainda está na fase de construção, precisando criar experiência e formação. Vamos bem em determinados setores e estamos aprendendo em outros.

mAIS DE 30% DO PEIxE COnSumIDO nO AmAzOnAS é DE ROnDônIA. COmO ESTá A POlÍTICA DE InCEnTIvOS PARA A áREA E A quESTãO DOS FRIGORÍFICOS PESquEIROS?

Rondônia está só começando a produzir peixe. O po-tencial pode se multiplicar por dez. Nós vamos explorar por outorga as áreas dos lagos das usinas dos lagos natu-rais das pequenas centrais hidroelétricas do Estado. Só com essa legalização, nós temos a capacidade de atingir 400 mil toneladas/ano de peixe. Fora os tanques esca-vados, que hoje já produzem 60 mil toneladas de peixe. Rondônia pode se destacar como o maior produtor de peixe do Norte e Centro-Oeste brasileiro. Isso é uma pro-fecia feita pela Suframa há mais de 20 anos. O José Lin-doso, que foi governador do Amazonas já falava há mais de 40 anos que o boi da Amazônia é o peixe. Certo é que nós temos um potencial muito grande. Já temos dois fri-goríficos médios trabalhando. E estamos chegando a dez agroindústrias trabalhando com peixe.

Entrevista exclusiva

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ARCO E FlEChA InDÍGEnA: DA uTOPIA AO ‘FAzImEnTO’

As ideias têm um enorme poder. Disso emana o valor da utopia. Depois de

concebê-la, o desafio é transformar a utopia em fazimento. Relato aqui os avan-

ços de uma utopia amazônica.

O Brasil é a sétima economia e a quinta maior população do mundo. Em Lon-

dres, ficamos em 22º lugar no ranking de medalhas olímpicas. Dentre as muitas

modalidades olímpicas uma merece especial atenção: arco e flecha. Nenhuma

outra modalidade se relaciona de forma tão clara e óbvia com a história do Brasil

e da Amazônia. As populações indígenas habitavam todo o território nacional

à época da chegada dos europeus. Foram dizimadas por guerras, escravidão e

doenças. Temos uma dívida histórica a ser resgatada.

O Brasil possui hoje mais de 300 etnias e uma população de cerca de 900

mil indígenas. Existem ainda mais de 50 grupos isolados, ainda não contatados,

no interior da Amazônia. De maneira geral, a situação das populações indígenas

do Brasil é muito ruim, infelizmente. Os elevados índices de suicídio de diversas

etnias atestam de forma eloquente uma trágica realidade. A autoestima das po-

pulações indígenas é baixa, fruto da pobreza, preconceito e exclusão social. Os

índices de alcoolismo são elevadíssimos. O acesso à saúde e educação está entre

os piores do País. Predomina a desesperança.

Em 2013 demos vários passos importantes. Primeiro, formatamos o Proje-

to de Arquearia Indígena e Ribeirinha do Amazonas. Segundo, criamos a Escola

de Arquearia Floresta Flecha, vinculada à Federação Amazonense de Tiro com

Arco. Terceiro, formatamos uma parceria envolvendo a Secretaria Estadual de

Juventude, Esportes e Lazer e a Confederação, a Secretaria Estadual dos Povos

Indígenas e a Coordenação dos Povos Indígenas do Amazonas.

Ao longo de 2013 realizamos 18 seletivas de arco e flecha indígena em comu-

nidades e aldeias ribeirinhas do Rio Negro, que contaram com aproximadamen-

te 80 participantes. Ao final desse processo, foram selecionados 12 jovens, que

receberam treinamento especializado fornecido pelo Centro de Treinamento de

Alto Rendimento do Amazonas, da SEJEL. Foram realizados 3 períodos de trei-

namentos intensivos na Vila Olímpica, com duração média de uma semana cada,

nos quais fizemos as transições do arco nativo para o arco escola e depois para

o arco olímpico.

Em paralelo à formação de atletas de alto rendimento, apoiamos a formação

de jovens para a participação no Campeonato Escolar Brasileiro. Na competição

estadual, os nossos arqueiros conquistaram as medalhas de ouro, prata e bronze.

No ranking nacional, computada a pontuação de todos os atletas do Brasil, con-

quistamos a medalha de ouro na modalidade infantil masculino!

O sucesso desse projeto não é apenas um caminho a mais para a necessária

conquista de medalhas olímpicas. Será uma inestimável contribuição para resga-

tar uma dívida histórica que temos com as populações indígenas. Terá um enor-

me impacto positivo para a autoestima e o futuro das populações indígenas de

todo o Brasil.

Virgílio VianaSuperintendente Geral da Fundação Amazonas Sustentável (FAS)

artigo

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Mais de duzentos agricultores receberam o dinheiro final da compra do seus produtos pela administração municipal

Prefeitura paga última parcela aos produtores que fornecem alimentos para merenda escolar

REPORTAGEm: Ana Paula Sena F0TOS: Divulgação

Merenda Escolar

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Floresta Brasil Amazônia - DEZEMBRO 2013 / JANEIRO/FEVEREIRO 2014 | 69

Os produtores rurais do Amazonas receberam, no auditório da Secretaria Municipal de Educação de Ma-naus, o pagamento do aditivo referente a quarta e úl-tima parcela do convênio firmado entre o Governo do Estado do Amazonas, por meio da Agência de Desenvol-vimento Sustentável do Amazonas (ADS) e a Prefeitura de Manaus. A última parcela recebida pelos produto-res foi no valor de R$ 1.946.230,10 de um total de R$ 9.731.151,80.

O convênio, firmado no total de R$ 7.784.921,70 re-cebeu o aditivo, no valor de R$ 1.946.230,10, devido à ótima aceitação dos alunos em relação aos itens ofere-cidos no cardápio regional. “Desde que implantamos o Programa de Alimentação nas escolas da rede municipal, temos muitos motivos para comemorar. No início do ano, os exames biométricos feitos na rede mostraram que 43% dos alunos estavam abaixo do peso e altura, mas es-ses indicadores já apresentam melhoria com alimentação adequada. Deixo a secretaria com o sentimento de dever cumprido”, afirmou o ex-secretário Pauderney Avelino.

O PREME beneficiou diversos produtores individuais, cooperativas, associações e agroindústrias do interior do Amazonas que estão fornecendo, este ano, os 24 itens do cardápio da merenda escolar do município para a pre-feitura de Manaus, envolvendo 13.534 produtores do Estado, que fornecem alimentos para 289.800 alunos da rede municipal.

De acordo com o presidente da ADS, Valdelino Ca-valcante, o PREME tem o objetivo de apoiar o desenvol-vimento sustentável. “A venda dos produtos do interior para a Prefeitura de Manaus, segue o mesmo modelo da comercialização com o Governo do Estado, que tem como papel principal incentivar a aquisição de gêneros alimentícios diversificados, que são produzidos em âm-bito local, valorizando o trabalho das comunidades tradi-cionais, gerando mais emprego e renda ao interior do Es-tado e na zona rural do município de Manaus”, explicou.

O produtor rural Aluísio Palmieri planta diversas hor-taliças em uma propriedade localizada no km 26 da rodo-via AM 070, que liga Manaus a Manacapuru. Ele foi um dos beneficiados pelo convênio e comemora os repasses. “É difícil desenvolver um projeto no interior, participar deste programa nos ajudou a expandir os nossos negó-

cios. Grande parte da nossa produção é vendida para a merenda escolar municipal”, diz Palmieri.

O novo secretário de Educação municipal, Humberto Michiles, disse que o programa vai ter continuidade pela sua boa performance junto aos estudantes e pela qua-lidade dos alimentos, que são oferecidos para centenas de escolas. “Estamos satisfeitos com este programa que tem ajudado no crescimento equilibrado dos estudan-tes”, afirmou Michiles.

PREmE

O Programa de Regionalização da Meren-da Escolar no Estado do Amazonas (PREME) foi criado pelo Governo do Estado, com incentivo do Programa Amazonas Rural, por intermédio da ADS, que também firmou parceria com a Prefei-tura de Manaus, com o objetivo de substituir os gêneros alimentícios importados de outros Esta-dos, além de proporcionar alimentos mais saudá-veis aos alunos da rede municipal de ensino.

» valdelino Cavalcante, presidente da ADS (blusa xadrez) e luis Otávio (blusa azul claro) durante pagamento da merenda escolar aos produtores rurais

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Investimento na criação de gado de corte e na empresa de beneficiamento de carne levou a família Bento a continuar investindo no mercado regional

natucarne atua há 13 anos no mercado manauara

REPORTAGEm E F0TOS: Antonio Parente Melo

Empresa familiar

Há 13 anos no mercado de produção e distribuição de carnes no Estado do Amazonas, as cooperativas LB indústria de carnes (Natucarne) e JL frios, se consolidam cada vez mais como as empresas que mais crescem e in-vestem no setor agropecuário no Amazonas.

No ramo de produção de carne, o empreendimento tem se mostrado um verdadeiro negócio em família. Isso porque cada empresa é administrada por um membro da família Bento, natural do Estado do Rio Grande do Sul.

“Trabalhamos como uma cooperativa, somamos es-forços para trabalhar juntos. Isso falando em produtor rural, meu pai (Oswaldir Bento) e eu. Na parte de trans-portadora, existe uma sociedade entre meu pai e minha mãe (Odete Maria Bento da Silva) e existe uma sociedade minha e do meu irmão na distribuidora e indústria de car-nes. Um negócio gira em função do outro. Temos uma marca consolidada no mercado que é a Natucarne. Temos

a JL frios que é a distribuidora de carne, a Natucarne é a indústria que fabrica carne moída, nossa especialidade, entre outros produtos, além de bife e desossas de carne, processamos os produtos da fazenda que é o corte e as tiras de carne que é voltada para a merenda escolar. É a nossa marca que queremos consolidar no mercado”, con-ta Juliano Bento, dono da JL Frios Distribuidora.

Tudo começou em 1996, quando Oswaldir Bento, o patriarca da família veio a Manaus como representante comercial de um frigorifico de Rondônia, onde trabalhou até 2012. No ano de 96, Bento como é conhecido, sofreu um problema cardíaco e teve um infarto, fato que o im-possibilitou de realizar as atividades rotineiras.

Devido ao ocorrido, Juliano Bento seu filho mais novo e atualmente dono da JL Frios Distribuidora, pas-sou a acompanhá-lo nos negócios e absorveu todos os conhecimentos possíveis sobre o comércio de carne.

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“Nós aprendemos a trabalhar no ramo acompa-nhando e observando nosso pai. Quando meu pai ado-eceu, tive que abandonar a faculdade de engenharia e fiquei trabalhando com ele, dirigindo, fazendo visita e aprendendo tudo sobre o comércio. Aprendi a traba-lhar, ainda tenho muito que aprender, hoje ele é nosso conselheiro, apesar das empresas serem distintas, todo negócio que vamos fazer, pedimos os conselhos dele. Nosso trabalho é muito família, e ele tem forte influên-cia na decisão que tomamos”, conta Juliano.

O empreendimento tem gerado emprego e renda para 300 famílias na capital e se desenvolve com a expec-tativa de crescimento. Atualmente, a empresa fornece carne para a merenda escolar municipal e estadual e tra-balha para, futuramente, oferecer outros gêneros como macaxeira, jerimum, polpas de frutas e peixe. O objetivo é atender os dois lados do mercado, tanto o pequeno produtor que fornece o produto, quanto o consumidor, no caso as crianças da rede pública de ensino que terão carne de qualidade na merenda escolar e nas redes de supermercado no Estado.

A matriarca, Odete Bento, destaca a união que a fa-mília vem desenvolvendo ao longo de todo empreendi-mento e frisa a importância de fazer tudo com dedicação e amor.

“A nossa união é muito importante. Tudo o que fa-zemos em nosso empreendimento é compartilhado e conversado. Compartilhamos ideias e negócios, tudo é decidido em família, tudo conversamos. Nossa parceria é muito forte. A união é a nossa base. Humildade e dedica-ção aos nossos clientes. Estamos há 18 anos em Manaus. E a qualidade nos serviços aos nossos clientes que nos motiva a trabalharmos melhor”, explica.

Juliano destaca a importância de investir no Estado e enfatizou com seriedade que cada funcionário faz parte do crescimento do negócio.

“Além das mãos de Deus, que é a razão de tudo, atri-buímos parte do nosso sucesso ao investimento que te-mos feito aqui no Estado do Amazonas. Queremos pro-duzir e investir para o desenvolvimento e crescimento da economia daqui. Criamos cerca de 150 empregos diretos, são 150 famílias sendo tratadas com todo respeito que a própria legislação impõe. Essa empresa está há 13 anos no mercado sem nenhuma ação trabalhista. Temos um respeito muito grande pelos nossos trabalhadores, com plano de saúde, seguro de vida, planos odontológicos. Temos olhos para quem ajuda no crescimento da empre-sa, eles são um orgulho para nós”, afirma.

Com a finalidade de fortalecer o setor primário do Estado, o empresário realiza algumas parcerias com pe-quenos produtores, focando o mercado interno.

“Estamos em parcerias com outro produtor que é o dono do frigorífico de abate, o qual presta serviços para nós. Temos a finalidade de nos fortalecer com o abate do rebanho do próprio Estado.

Desejamos que este rebanho ganhe cada vez mais qualidade genética; consequentemente incentivando a produção. Ou então seremos engolidos pelos grandes frigoríficos de fora que estão vindo com força total”, afir-ma Juliano.

» A empresa aposta na mão de obra local e investe no bem-estar dos seus funcionários

» Odete maria Bento da Silva é o apoio da família

“Acima de tudo Deus e abaixo dele a família, a base para o sucesso na vida”Juliano Bento, empresário dono da JL Frios

Distribuidora[

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Além do trabalho na produção de carne, a família vem investindo no plantio de produtos agrícolas. O pro-dutor Oswaldir investe no município de Iranduba, onde trabalha com piscicultura, pecuária, agricultura, e tudo que uma propriedade rural sustentável pode produzir. Na produção rural é o pai que fica na linha de frente, Ju-liano e Luciano Bento da Silva, donos da Natucarne, dão todo o apoio necessário, acompanhando e fazendo a par-te de comercialização, da compra e venda da carne.

De acordo com Oswaldir, a expectativa é de aumen-tar em 200% o rebanho, criando novas estruturas para os coxos, curral, compra de implementos para o plantio de milho que servirá para a alimentação do gado, cortes de capim; com o intuito de chegar até o final de 2014 com aproximadamente 1200 cabeças de gado. Hoje a fazenda da família possui um rebanho com 250 cabeças.

“Vamos sempre tirando aquilo que se chama de ca-beceira, que é o gado que chega primeiro para a fase de abate, repondo um gado novo, com a ideia de ficar em torno dessas 1200 cabeças. Basicamente nossa história se resume a muito trabalho, luta e dedicação. Passamos por muitas dificuldades, mas sempre trabalhando e ten-do esperança no futuro”, conta o patriarca da família.

Além DAS FROnTEIRAS RumO AO CRESCImEnTO

No início da empreitada, o empresário Juliano, atua-va apenas na distribuição de carne. Hoje atua como pe-queno produtor no município de Iranduba onde faz par-ceria com o pai desenvolvendo novas atividades.

“Eu sou produtor rural e tenho uma parceria com meu pai onde uso parte da estrutura dele. Aproveitamos

o que ele tem e juntamos tudo. Meu pai comprou a prin-cípio o sítio por lazer, e agora virou um negócio que está dando retorno. Investimos em uma caçamba para trazer de Itacoatiara a casca de soja para compor a ração dos ga-dos. Na medida do possível estamos investindo e apren-dendo. Enquanto produtores estamos próximos de um grande polo consumidor que é a capital Manaus, com o Polo Industrial. E os outros fornecedores de carne estão muito distantes, eles tem que enfrentar dias de estradas dias de rios, e nós temos a vantagem de estar perto e de termos os incentivos como as isenções de encargos”.

“Compartilhamos ideias e negócios, tudo é decidido em família, tudo conversamos. E a nossa parceria é muito forte. A união é a nossa base. Humildade e dedicação aos nossos clientes. Estamos há muitos anos em Manaus. É a qualidade nos serviços aos nossos clientes, que nos motiva sempre a trabalhar melhor”Odete Bento

» Oswaldir e Odete Bento

» O patriarca da família durante a visita com o filho Juliano e luciano e o vice-governador José melo

Empresa familiar

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Floresta Brasil Amazônia - DEZEMBRO 2013 / JANEIRO/FEVEREIRO 2014 | 73

Além do fornecimento para merenda escolar da rede municipal e estadual, a Natucarne atua em to-dos os mercados, fornecendo produtos para o distrito industrial e grandes redes de supermercados como Atacadão, Nova Era, Macro e Big Amigão. Os órgãos atuantes no segmento como o Serviço de Inspeção do Estado (SIE) e Agência de Defesa Agropecuária Florestal do Amazonas (ADAF) estão sempre atuan-do na empresa verificando a qualidade dos produtos. LB indústrias de carne está no mercado com o nome fantasia de Natucarne. Tem a JL evento empresa que administra a Pista de Arrancada e a JLB Serviços que é uma empresa criada em 2013 com o intuito de loca-ção de máquinas e equipamentos.

Dono da indústria Natucarne, a marca que a fa-mília luta para consolidar cada vez mais no mercado, Luciano Bento destaca a importância de um empre-endimento crescer em função do outro, como engre-nagens de uma máquina. Ele falou dos benefícios de trabalhar em família e os planos para o ano de 2014.

“Na sociedade em família, é mais fácil de resolver as questões, tudo é resolvido na base da conversa. Quando estamos juntos, surgem ideias novas para co-locar no mercado e a proximidade é maior. Em 2014, estamos entrando com a carne desossada, queremos fazer um trabalho que possa atender o consumidor fi-nal, embalando, cortando. O mercado está apertando e buscamos alternativas para, além de dar mais visibi-

lidade à nossa marca, oferecer também mais facilida-de ao consumidor final. Criar, abater e vender nossa própria carne é uma das nossas principais metas para o próximo ano. Pelo fato de sermos consumidores, prezamos a qualidade na manipulação e produção dos produtos. Investir cada vez mais no estado do Amazo-nas é uma das nossas prioridades”, explicou.

Criar o gado de corte na fazenda com todos os cuidados necessários, onde seu Bento e Juliano são responsáveis. Transportar o produto de forma segura e rápida é a missão de dona Odete.

» Juliano Bento e a esposa » luciano Bento e sua esposa

FORnECImEnTO

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74 | DEZEMBRO 2013 / JANEIRO/FEVEREIRO 2014 – Floresta Brasil Amazôniawww. s e na r - am . o r g . b rAMAZONAS

O SENAR contribui para a pro� ssionalização, integração e sustenta-bilidade dos produtores rurais amazonenses. A instituição desenvolve ações de formação e atividades de promoção social voltadas para o homem do campo, contribuindo com sua especialização cientí� ca e melhoria da qualidade de vida, para o pleno exercício da cidadania.

CAPACITAÇÃODO PRODUTOR RURAL

weg

a

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DEFInInDO PRIORIDADES PARA 2014Ao se aproximar o fim de mais um ano é comum fazermos reflexões, análises

e novos planos, seja para vida pessoal, seja para a profissional.

Esse momento, aliado, principalmente, ao espírito de Natal que celebra o

nascimento de Jesus Cristo, nos faz mais abertos, solidários e dispostos a mu-

danças.

Geralmente fazemos uma lista enorme de ações, atitudes e comportamen-

tos que queremos adotar a partir do ano vindouro.

Nas nossas empresas e sociedades cooperativas não é diferente. Os planos

estratégicos e calendários de atividades são elaborados visando o atingimento

de novas metas e melhores resultados.

Entretanto, dependendo do tamanho e complexidade da lista, o risco que

corremos é de não conseguirmos realizar o que planejamos e como consequên-

cia lógica, frustrarmos os nossos objetivos.

Entendo que uma das soluções para resolvermos essas questões de planeja-

mentos de nossas vidas e organizações seja a definição de prioridades. Sermos

realistas com nossas capacidades e avaliar os cenários externos, definindo o que

efetivamente poderemos realizar, em grau de importância e necessidade, fará

toda diferença em nossos planos e ações.

A gestão do negócio, seja cooperativo ou não, exige um ciclo permanente

que vai do planejamento, execução, monitoramento/supervisão e novo planeja-

mento para o ajuste de direção.

Portanto, o plano é essencial, a priorização, também, devemos refletir, ava-

liar e planejar sempre, porém o desafio maior será o de fazer as coisas aconte-

cerem. E para isso, o fator coragem e desejo real de fazer acontecer faz toda a

diferença.

Saudações Cooperativistas. Melhor de se viver.

petrúcio Magalhães júniorMestre em agroecologia, especialista em gestão empresarial, engenheiro agrônomo, bacharel em direito e diretor da Organização das Cooperativas Brasileiras – OCB

artigo

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Pesquisadores do Inpa, Ufam e IRD lançam pela editora Wega coleção baseada em estudos realizados nos últimos dez anos

Agricultura Familiarem quatro obras

REPORTAGEm: Marina Guedes F0TOS: Divulgação

publicações wega

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Floresta Brasil Amazônia - DEZEMBRO 2013 / JANEIRO/FEVEREIRO 2014 | 77

A agricultura familiar na Amazônia é o denominador comum de quatro obras lançadas pela Wega Editora: “Pesquisas Agronômicas para a Agricultura Sustentável na Amazônia Central”; “Dinâmicas Socioambientais na Agricultura Familiar na Amazônia”; “Agricultura Familiar no Amazonas: Conservação de Recursos Ambientais” e “Agricultura Familiar no Amazonas: Assessoramento Participativo”. A coleção é uma parceria franco-brasileira desenvolvida principalmente pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Universidade Federal do Amazonas (UFAM), e Institut de Recherche pour le Déve-loppement (IRD).

Na avaliação da doutora em ecologia na área de con-servação da biodiversidade e também uma das coorde-nadoras dos livros, Sandra do Nascimento Noda, o mate-rial corresponde a pesquisas realizadas nos últimos dez anos. “Nesse período, acontecem mudanças metodoló-gicas, teórico-metodológicas que a gente aplica e traz uma descrição mais acurada do que está acontecendo na agricultura familiar nesta parte da Amazônia Central. Há textos dos mais diversos momentos”, observa.

A Amazônia Central, como detalha a coordenadora, corresponde ao Amazonas como um todo. “É onde tra-balhamos mais concentrados na questão das áreas de ecossistema de várzea, um pouco na área de terra firme também, mas principalmente a estrutura de várzea. São propostas de uma agricultura onde é possível ter alterna-tivas de conservação da biodiversidade para que a biodi-versidade permita a reconstrução cultural da sociodiver-sidade. Esse é o nosso grande foco”, afirma.

Dra. Sandra explica que o material representa a possi-bilidade de tirar da invisibilidade os agricultores familiares e levar para dentro da universidade de forma que contri-bua para a formação dos futuros profissionais das ciências agrárias. “Para mim eles (os quatro livros) tem esse signifi-cado. Mostrar como funciona a agricultura familiar. É o pri-meiro grande mote. Fazer com que os graduandos, os pós--graduandos – também sou professora da pós-graduação da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) – comecem a enxergar que isto existe aqui na Amazônia”.

Ainda sobre a relevância da coleção, ela aponta a questão da qualidade dos dados. “Os dados primários

são aqueles obtidos in loco e por isso muito importantes. São coletados diretamente com as pessoas envolvidas que executam, cotidianamente, as atividades da agricul-tura e que estão discursando. As quatro obras possibili-tam informações para políticas públicas. Basta que haja uma vontade deliberada”, destaca.

ASSESSORAmEnTO PARTICIPATIvO

No que diz respeito ao volume que foca no assessora-mento participativo, Sandra Noda revela que trata da for-ma como é feito o assessoramento junto aos agricultores familiares para que incorporem o conhecimento nas suas áreas e atividades. “É uma pesquisa de métodos, como é que vou pesquisar, metodologicamente, esta transfe-rência. Vamos assessorá-los porque a decisão vem deles, o que querem e o que não querem que seja levado para eles, com uma tecnologia produzida nas instituições de pesquisa de ciência, tecnologia e inovação”.

Sobre o título, ela conta que grande parte do assesso-ramento participativo foi conduzida para que os próprios agricultores questionassem os governantes, os represen-tantes políticos de seus próprios municípios. “Principal-mente no Alto Solimões, eles fizeram isso. Ocuparam a Câmara dos vereadores várias vezes, questionando. Há fotos deles com cartazes, fazendo movimentos na rua, e alguns órgãos estaduais tomaram atitude por conta dessa mobilização. A importância é essa, poder fornecer dados científicos que vêm da própria população, dos pró-prios agricultores interessados, para que haja políticas públicas mais próximas das necessidades locais, regio-nais”, opina a pesquisadora.

uSO DOS RECuRSOS nATuRAIS

Especialista em genética e melhoramento de plantas pelo INPA, Dr Hiroshi Noda também foi um dos respon-sáveis pela organização das obras. Ele reforça que a rele-vância da temática agricultura familiar está associada à sustentabilidade na Amazônia. “Demos bastante ênfase na questão do uso de recursos da Amazônia em termos de recursos genéticos, plantas que os agricultores co-nheciam, mas que as pessoas da cidade não. E que por isso não era valorizado. Trabalhamos com a questão de

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trazer este material para a pesquisa e fazer com que a riqueza de espécies agrícolas fosse de conhecimento da população de um modo geral, e com isso valorizada. Por meio dessa valorização pode vir a ser mantido nas áreas do agricultor”.

Hiroshi lembra o problema que advém do não culti-vo de determinadas espécies. “Há um risco muito gran-de que quando as espécies não são valorizadas passem a não ser mais usadas e acabem sendo desprezadas e até perdidas. Algumas hortaliças são conhecidas pelas popu-lações tradicionais e eram de uso na culinária tradicional, por terem sido substituídas por outros tipos de alimen-tos acabam não sendo mais cultivadas”. E completa: “É importante trabalharmos com os agricultores familiares porque eles utilizam as plantas, mas mantêm toda a va-riabilidade que existe na espécie. Se você valoriza esse conhecimento, faz com que o processo de conservação continue”.

No livro “Pesquisas Agronômicas para a Agricultura Sustentável na Amazônia Central”, Hiroshi Noda ressalta que é de sua autoria o prefácio sobre e preocupação a respeito da evolução da agricultura em escala mundial. O pesquisador discorre sobre o fato de que o modelo da agricultura está levando a atividade para uma produção desastrosa e que existe uma dependência da produção em função de insumos usados, como os agrotóxicos.

“Há muitos estudos sobre a contaminação destes agrotóxicos. A agricultura em nível mundial, está num dile-ma: se continua na forma que está até hoje ou muda, e vai pelo caminho da agroecologia. Esse desafio, em termos de pesquisa, é que está colocado. Para que haja essa mudan-ça, a abordagem que os pesquisadores precisam utilizar precisa ser diferenciada. E aqui na Amazônia temos este ambiente que é muito propício para isso, porque temos os agricultores familiares que adotam a técnica de usar o am-biente, o solo, para produzir de uma maneira que não seja necessário usar esses insumos que causam efeito nocivo não só nos seres humanos, mas na própria natureza. Tem

que haver uma mudança de postura. A agroecologia não é uma tecnologia, mas uma visão de mundo da agricultura voltada muito para a questão das relações naturais da pro-dução e reprodução. Um processo natural de reprodução dos recursos naturais. Se existe agroecologia em algum lugar, é aqui na Amazônia”.

Cientista na área de agronomia do INPA, Dr. Luiz Au-gusto Gomes de Souza atuou na coordenação e edição do volume “Agricultura Familiar no Amazonas: Conserva-ção de Recursos Ambientais”. Ele afirma que o material reflete o trabalho intensivo de pesquisas que o instituto e grupos de pesquisa associados têm desenvolvido nos últimos anos. “O livro traz uma série de informações no-vas de interesse agrícola para todo Estado, extrapolando os limites da região pesquisada. Quem for acessar os 18 capítulos verá que a maior parte das atividades está rela-cionada com a olericultura”, explica.

Temas como o resgate de fruteiras tradicionais, o cultivo de hortaliças não convencionais de forma que não sejam extintas, a seleção de novas variedades de espécies como o tomate e o cubiu, e a tecnologia de aproveitamento de produtos e cultivo de hortaliça por hidroponia como uma prática de agricultura urbana e de abastecimento dos mercados regionais das grandes cidades da região são alguns dos assuntos apresentados na obra.

Na visão do engenheiro agrônomo, reunir uma quan-tidade de informações em um livro é a possibilidade que os pesquisadores têm de divulgar para um público mais amplo os seus resultados.

“Isso se fortaleceu, particularmente, nos últimos dez anos no INPA com a criação de um programa de pós-gra-duação voltado à Agricultura no Trópico Úmido. Muitos dos resultados de pesquisas apresentadas na forma de capítulos vieram da dissertação de mestrado dos estu-dantes que se formaram e se titularam no programa, que tem capacitado profissionais para atuar regionalmente”, diz Luiz Augusto.

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O pesquisador acrescenta que quando as tecnologias alcançam as instâncias da sociedade que podem utilizá--las – seja agroindustrialmente, pequeno agricultor que produz para sua alimentação e da sua família, ou ainda para aquele que também visa o suprimento de produtos ao mercado – o trabalho do pesquisador cumpre o seu papel de gerar ciência, tecnologia e inovação para a so-ciedade. “Disponibilizar é apenas a primeira etapa. Pre-cisamos fazer isso porque uma pesquisa que fica restrita aos limites da academia não é útil ao País. Ela só é útil quando extrapola estes limites. E é preciso que se faça algum esforço em relação a isso”.

Viabilizados por meio de recursos dos governos fede-ral e estadual do Brasil e da França, os quatro volumes, como explica Sandra Noda, serão distribuídos no meio acadêmico, vendidos no mercado comercial e, ainda, disponibilizados gratuitamente na versão eletrônica. “As obras são, justamente, para mostrar que existe, sim, uma

agricultura familiar e que produz alimentos sadios. Isso que é o principal, com segurança alimentar, que tem uma quantidade e qualidade limpa, no sentido de que não tem agrotóxico”, afirma.

Uma pessoa leiga pode olhar a floresta e não sa-ber reconhecer nada do que tem ali, observa Gomes de Souza.

“Os especialistas sabem exatamente o que tem. Precisamos de uma estratégia importante e atual para a Amazônia que é a de ter aqui especialistas em recur-sos de biodiversidade, uma de suas maiores riquezas. No nosso caso, na agrobiodiversidade, aquela diversidade de plantas que pode compor o cenário agrícola. Sabemos que manter uma propriedade agrícola de agricultura fa-miliar com a sua agrobiodiversidade específica também significa manter material genético e uma estratégia para a preservação dessa variedade em espécies para as gera-ções futuras”, finaliza.

lIvROS

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Com seu jeito discreto e identificado com a cultura cabocla, o vice-governador acompanha Omar Aziz no melhor momento da política amazonense, na história recente do Brasil

Professor melo, um olhar do interior no desenvolvimento regional do Amazonas

REPORTAGEm: Antonio Ximenes F0TOS: Chico Batata

O vice-governador José Melo de Oliveira é um dos políticos amazonenses com o perfil de produtor rural mais bem definido do Estado. Natural de Eirunepé, aos 67 anos, professor Melo, como é conhecido, é um pro-fundo conhecedor do setor primário.

Especialistas da área, como o presidente da Afeam, Pedro Falabella, Edimar Vizolli (presidente do IDAM), Val-delino Cavalcante (presidente da ADS) e Muni Lourenço (presidente da FAEA) dizem que o vice-governador, pela sua longa experiência no setor primário, se transformou em um especialista do homem e da mulher do campo/floresta.

Economista de formação e com passagens pelo Ins-tituto de Desenvolvimento Agropecuário do Amazonas (IDAM); pela Secretaria de Estado de Coordenação do Interior (SEINT); bem como ex-titular da Secretaria de Go-verno do Amazonas (SEGOV) de 2006 a 2010; professor Melo discorre, com propriedade, do mais simples tema de pescador, até os mais complexos. “É da minha natureza conversar com as pessoas do interior com naturalidade, porque eu vim de lá, sou como elas. Sempre me senti um caboclo que com a vivência na política, na administração pública, na educação, na agropecuária aprendi a pensar o mundo, a partir da nossa realidade regional”, comentou.

setor primário

“Sou do interior. Cresci com as pessoas mais simples da terra. Aprendi muito e, agora, quero passar a minha experiência na plenitude da vida como pessoa pública”

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DIRETO

Entregar tratores, maquinários agrícolas, alevinos, colher feijão, melancia, criar agroindústrias, participar de rodeios, vaquejadas, incentivar a produção de malva e juta, de borracha, defender o aproveitamento da silvi-nita para a produção de fertilizantes ou seja, envolver-se com o agronegócio e o desenvolvimento sustentável da floresta, faz parte do seu dia a dia.“Com os produtores rurais a linguagem é franca e direta, por isso nos enten-demos muito bem”, disse.

ExPERIênCIA

Político tarimbado, ele vem da tradição de Gilberto Mestrinho, Amazonino Mendes, e, agora, marcadamen-te, com Omar Aziz, o mais bem avaliado governador do Brasil, segundo pesquisa do IBOPE/CNI. “Omar, com seu carisma, sabedoria política, pragmatismo, seriedade e vi-são administrativa mostra ao País que no Amazonas se trabalha em equipe. Me sinto honrado em estar ao seu lado, neste momento tão especial de credibilidade com-provada do nosso governo”, destacou.

POlO GáS/quÍmICO

Professor Melo entende que o desenvolvimento eco-nômico do Estado deve passar por várias plataformas, dentre elas a criação do pólo gás/químico, com apro-veitamento do gás existente no subsolo e que tanto a Petrobras, como outras empresas, detém tecnologia e reservas para fazer do Estado uma vanguarda do setor.

PEIxES

Transformar o Amazonas no maior produtor de peixe de água doce do mundo, com indústrias beneficiadoras de ponta, com capacidade de atender os mercados regio-nal, nacional e mundial, é um dos seus sonhos.

“Temos todas as condições para que isso se transfor-me em uma realidade palpável, afinal, estamos na maior bacia hidrográfica do mundo e com uma diversidade de peixes gigantesca. A piscicultura é o caminho do suces-so”, observou.

POmARES

Aproveitar as áreas desmatadas do Amazonas para plantar todo tipo de frutas da floresta e criar um rebanho de qualidade genética que respeite a sustentabilidade ambiental, é outra de suas metas; como alguém que pen-sa o desenvolvimento regional em uma lógica de conser-vação ambiental, mas casada com a geração de emprego e renda no Amazonas profundo.

POTáSSIO

Com as reservas de silvinita/potássio em Autazes, Nova Olinda, Itacoatiara – as maiores do mundo, junto com as da Rússia e do Canadá, o Brasil, mais precisamen-te o Amazonas, passará a ser a nova força da agricultura. Potássio, Nitrogênio e Fósforo são a base tradicional dos fertilizantes, e o Amazonas dispõe de todas essas rique-zas minerais. “Somos uma das maiores províncias mine-rais do planeta e precisamos aproveitar este potencial extraordinário para sair da dependência das importações para o nosso agronegócio”, salienta.

» melo vistoria plantação de pimenta de cheiro » Observando a produção nativa de mamão

» Conhecendo a qualidade do abacaxi no distrito de novo Remanso, no município de Itacoatiara

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PORTOS

Agora, para que o Amazonas se viabilize em escala mundial na área de transporte, Melo entende que os portos de Manacapuru e Itacoatiara são fundamentais. “São portos com características diferentes, Manacapuru atendendo as calhas do Juruá, do Purus, do Alto e Médio Solimões, entre outras calhas interiores, e Itacoatiara, a calha do Madeira, do Baixo Amazonas e a saída para o Atlântico com acesso à Europa, Estados Unidos da Amé-rica e Ásia”, situou.

É esta visão cosmopolita e, ao mesmo tempo, tão re-gional, que nos faz entender porque Melo é chamado de professor.

EnERGIA

O linhão de Tucuruí e o gás da floresta são matrizes energéticas que servem para alavancar ainda mais os fu-turos investimentos no Estado, tanto na capital, quanto no interior. “Vamos ter energia limpa e em quantidade suficiente para abastecer a nossa economia sem risco de perda de produção”, destaca.

COSméTICOS

Mas é no aproveitamento da biodiversidade da flores-ta, como na área de cosméticos, que reside um nicho eco-nômico extraordinário, na avaliação do professor Melo. “A indústria de cosméticos do mundo precisa da matéria prima que está na floresta, como o Pau Rosa que produz a essência do perfume Chanel número 5”, observa.

» O incentivo à mecanização agrícola do campo é prioridade de governo para aumentar a produtividade e a geração de receita no interior

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hIDROvIA, O CAmInhO DA AmAzônIAUm dos principais desafios para o Brasil é conhecer a Amazônia. Sua vocação

eminentemente hídrica provocou, ao longo dos séculos, a necessidade do desloca-

mento de seus habitantes através dos rios. Muito antes da chegada dos colonizado-

res na Amazônia, os nativos já utilizavam canoas. Ainda hoje, grande parte da popula-

ção amazônica vive da pesca, além disso, o deslocamento do ribeirinho se dá através

da infinidade de rios que retalham a grandeza territorial.

Mas para conhecer a Amazônia de verdade é preciso entender sua posição es-

tratégica para o País. E os rios são a chave para esse conhecimento. São as estradas

que a natureza construiu em cujas margens se desenvolveram inúmeras populações.

Nos dias de hoje é quase impossível imaginar o imenso sacrifício dos primeiros

aventureiros que adentraram o rio Amazonas, sofrendo com doenças, ataques de

índios e todo o tipo de dificuldades que dizimavam suas tripulações. Mas estes aven-

tureiros foram os responsáveis pelas instalações dos muitos fortes ao longo dos di-

versos rios, hoje transformados em comunidades.

Portanto, é impossível se pensar em Amazônia sem associar a importância que

os rios têm para o desenvolvimento econômico e social. Eles devem ser vistos como

o grande propulsor do desenvolvimento sustentável da região.

Hoje, a grande questão é: em que medida é possível conciliar-se o desenvolvi-

mento econômico com a proteção do meio ambiente? A resposta está nas hidrovias.

Hidrovia é uma rota pré-determinada para o tráfego aquático. Há muito tempo o

homem utiliza a água como estrada e a Amazônia é o maior exemplo disso.

O transporte por hidrovias apresenta grande capacidade de movimentação de

cargas a grandes distâncias com baixo consumo de combustível, além de propiciar

uma oferta de produtos a preços competitivos. A ampliação da utilização da hidrovia

é uma tendência mundial por uma questão ambiental. Mais cedo ou mais tarde, ela

se tornará obrigatória. A viabilização de uma navegação segura no rio Madeira, por

exemplo, permite o escoamento da produção de grãos de Rondônia e Mato Grosso

para o Amazonas e, daí, para o Atlântico. Isso cria um corredor de desenvolvimento

integrado, com um transporte de alta capacidade e baixo custo para grandes distân-

cias, elimina um grave problema estrutural do setor primário com a redução signifi-

cativa da dependência do modal rodoviário até os portos do Sudeste e representa

mais uma opção de integração nacional, com a redução de trânsito pesado nas rodo-

vias da região Centro Sul. A Marinha tem um papel fundamental no desenvolvimento

do modal hidroviário. Tanto com a produção deste conhecimento, através de levan-

tamentos hidrográficos, quanto com a formação do profissional para atuar nessas

hidrovias. E a Marinha se preocupou com isso – criou o Centro Técnico de Formação

de Fluviários da Amazônia Ocidental (CTFFAO) e o Serviço de Sinalização Náutica do

Noroeste (SSN9), com previsão de inauguração no início de 2014.

Uma outra etapa importante do trabalho da Marinha, feita em parceria com o

Ministério dos Transportes, é a sinalização dessas hidrovias, de modo que os con-

dutores saibam onde navegar. No entanto, para que isso ocorra é necessário ao na-

vegante uma boa formação profissional. Daí a necessidade da criação do CTFFAO.

Nele serão oferecidos diversos cursos. Mão de obra formada pela Marinha também

garante que as normas de segurança sejam compreendidas e respeitadas.

A criação do SSN9 vai garantir um aumento na capacidade de atualização carto-

gráfica na região. Para isso, a Marinha do Brasil adquiriu dois novos Navios para reali-

zação de levantamentos hidrográficos e um terceiro está sendo construído especifi-

camente para essa tarefa de cobrir os vazios cartográficos da região amazônica. Esses

navios são dotados de equipamentos e mão de obra qualificada para a realização de

sondagens dos rios com o objetivo de manter constantemente atualizadas as cartas

náuticas, garantindo assim a segurança da navegação pelos 22 mil km de hidrovias.

domingos savio almeida NogueiraVice-Almirante do 9º Distrito Naval

artigo

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Entre as espécies selecionadas para plantio estão: Castanha, Andiroba, Cedro-rosa, Paricá, Ipê, Cumaru, Guaraná e Cupuaçu

Reflorestar o Sul do Amazonas para combater o desmatamento ilegal

REPORTAGEm: Nívia Rodrigues F0TOS: Divulgação (SDS)

O Estado do Amazonas mais uma vez dá um exemplo de sustentabilidade, incentivando a produção sustentá-vel e justificando porque detém 98% de cobertura flores-tal intacta. Em dezembro, o governador Omar Aziz este-ve no município de Lábrea, onde foi iniciado o plantio de 1.450 milhões de mudas, como parte do Projeto de Re-florestamento em Áreas de Intensa Pressão do Desmata-mento no Sul do Estado, a ser aplicado nos municípios de Lábrea, Apuí, Boca do Acre e Novo Aripuanã.

A ação é uma iniciativa da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS), que concentrou esforços na região, como forma de combater o desmatamento. Conta com a parceria do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (IDAM), Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM) e Instituto de Terras no Amazonas (ITEAM).

O projeto está sendo executado com recursos na or-dem de R$ 20 milhões, financiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com recursos do Fundo Amazônia. O objetivo é promover o controle do desmatamento por meio de ações de reflo-restamento utilizando Sistemas Agroflorestais (SAFS), com vistas à conservação da biodiversidade, redução de CO2 e inclusão social.

O governador do Amazonas, Omar Aziz, ressaltou que o projeto vai muito além do que apenas cobrir uma área desmatada. “O Estado que menos desmata e tem a maior área de preservação dá exemplo para o Brasil e para o mundo com um programa desses de refloresta-mento. Não é simplesmente reflorestar, mas investir na produção com renda. O produtor vai ter interesse que sua área seja reflorestada, porque dali ele vai tirar seu ganha pão. Tem frutas, árvores que produzem óleos de essência, mogno, que é uma madeira importante e de muito valor, dentre outros. Se a gente pensa em preser-var, pensamos também que o homem vai ter o seu futuro garantido”, destacou o governador.

A titular da SDS, Kamila Amaral, acredita que o pro-jeto trouxe uma nova visão para os produtores, além de novas oportunidades. “O Projeto de Reflorestamento no

Sul do Estado representa um novo caminho, um novo rumo para o uso das áreas já desmatadas. O nosso obje-tivo é dar assistência técnica rural, trazer uma nova pro-posta de produção sustentável para os municípios que estão sendo diretamente afetados historicamente pelo arco do desmatamento, e com isso, conseguir levar uma alternativa de produção e de geração de renda para o interior, que pode mudar o futuro dos municípios, fazen-do com que a retirada ilegal de madeira seja finalmente combatida”, ressaltou a secretária.

CAPACITAçõES

Para a disseminação do conhecimento técnico científico de produção sustentável, foram realizados cursos nos qua-tro municípios atendidos pelo projeto. “O projeto trouxe uma nova proposta e um grande desafio para o Estado. Em três anos de execução, já foram realizadas 163 capacitações, implantados 12 Unidades Demonstrativas, levou mais de três mil assistência técnica rural a cada um dos mil produ-tores beneficiados, além da contratação de equipe técnica, que gerou diretamente 300 empregos e indiretamente 200 empregos”, disse Alexsandra Santiago, secretária executiva adjunta de gestão ambiental, que está à frente da ação.

reflorestamento

» Governador Omar Aziz dá início ao projeto de reflorestamento do sul do Amazonas, ao seu lado a secretária Kamila Amaral da SDS

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um AnO DE luTA Em DEFESA DO PlAnETA

A Comissão Mista sobre Mudanças Climáticas enfrentou em 2013 grandes desafios. Desafios à altura das necessidades de entender, debater e propor so-luções para os impactos trazidos pelas mudanças climáticas em todo o planeta.

Debatemos este ano, com as diversas instâncias do governo, com a socieda-de civil e as organizações. Mais do que ser um desaguadouro das iniciativas exter-nas, buscamos consolidar toda a discussão realizada nos mais diferentes foros, pois este é um tema transversal e que demanda a maior participação possível.Ouvimos especialistas que trataram da conscientização nas escolas, da valoriza-ção dos serviços ecossistêmicos, da prevenção de desastres, o marco legal para a redução de emissões por desmatamento e degradação, do aproveitamento de água pluvial e da Conferência das Partes das Nações Unidas.

E não nos conformamos em agir em Brasília apenas, realizamos reuniões em Manaus, Curitiba, e Florianópolis. Também estivemos nos foros internacionais participando ativamente de todas as discussões. Como por exemplo, na 19ª Con-ferência das Partes de Mudanças Climáticas (COP 19) que aconteceu em Novem-bro na Varzóvia, capital da Polônia.

A COP 19 era uma conferência sobre a qual não pairava qualquer expecta-tiva. E pude registrar que se conseguiram avanços importantes durante a sua realização.Destaco a participação da Ministra de Meio Ambiente do Brasil, Iza-bella Teixeira, que nos representou com um pronunciamento formal em nome do Governo e do Estado brasileiro.

A Ministra iniciou o seu discurso com uma moção de solidariedade às Filipi-nas pelo desastre ocorrido lá recentemente, de grandes proporções, que levou à morte centenas de milhares de pessoas. Na sequência, falou do orgulho do Governo brasileiro de estar presente naquela conferência com uma grande de-legação, e uma delegação representada por Parlamentares do Congresso Nacio-nal brasileiro, assim como por representantes de outras entidades da sociedade civil, acadêmicos. Na COP 19 o principal de todos os avanços foi, sem dúvida ne-nhuma, o estabelecimento das regras para o pagamento pela proteção das flo-restas, que é conhecido pelo termo REDD+, que significa redução de emissões por desmatamento e degradação florestal. Isso é muito importante porque há uma mudança de lógica, de paradigma dentro da própria política internacional sobre mudanças climáticas.

Até então, o que tínhamos eram regras que garantiam que os recursos fos-sem conferidos às nações para que essas nações recuperassem florestas degra-dadas, sem reconhecer, entretanto, nações que preservam e diminuem as suas reduções de gases de efeito estufa, que têm levado a níveis quase insuportáveis o aquecimento global. E isto agora está estabelecido: regras que definem parâ-metros sobre a origem dos recursos para fazer esses pagamentos; a metodo-logia de avaliação dos resultados; assim como instrumentos, ferramentas que possibilitam a transparência dos dados de todas essas nações.

Do ponto de vista econômico, o Brasil está na sétima posição. Entretanto, na questão ambiental, nós somos uma Nação líder, não apenas porque somos detentores da maior floresta tropical do Planeta, mas porque temos posições importantes. Aliás, temos tido uma atitude no sentido de fortalecer o grupo dos 77 países em processo de desenvolvimento assim como o grupo que contempla Brasil, China, Índia e África do Sul, chamado de Basic (Brasil, África do Sul, Índia e China), que são grandes países e detentores, também, de grandes florestas.

Podemos dizer que este foi um ano de intensa atividade.

Vanessa grazziotin Senadora PCdoB-AM e presidente da Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas do Congresso

artigo

Mas também temos claro que o trabalho está apenas no começo. As mudanças climá-ticas são um desafio global. As nossas ações de mitigação na emissão de gases estufa, são insuficientes se não forem acompanhadas de ações de outras nações.

Não há como responsabilizar os países em desenvolvimento pela emissão de gases apenas, sem levar em conta o brutal consu-mo de recursos naturais pelos países desen-volvidos. Assim, como não há como respon-sabilizar apenas os cidadãos pelo consumo responsável de água, por exemplo, sem levar em conta o consumo industrial.

Todas as ações devem estar entrelaçadas e coordenadas. Este tem sido o desafio colo-cado para toda a humanidade. Temos que construir soluções transversais, em todos os níveis e que levem em conta nossas diferen-ças econômicas, culturais e geográficas.

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86 | DEZEMBRO 2013 / JANEIRO/FEVEREIRO 2014 – Floresta Brasil Amazônia

 O cooperativismo no Estado de Rondônia vem se desen-

volvendo muito nos últimos anos. Grande parte desse suces-

so se deve à atuação do Sistema OCB/SESCOOP-RO, entida-

de que representa e apoia o cooperativismo no Estado.

Rondônia conta hoje com mais de 110 cooperativas re-

gistradas no sistema OCB/SESCOOP-RO, sendo que os ra-

mos que mais se destacam são Agropecuário, Crédito, Saú-

de, Educacional, Transporte, Mineral e Trabalho. São mais de

70 mil cooperados.

Salatiel Rodrigues, presidente do Sistema OCB/SESCO-

OP-RO explica que as cooperativas têm apoiado perma-

nentemente o crescimento do estado, gerando riquezas e

oportunidades de renda para os cooperados. “Hoje temos

um sistema cooperativista forte e confiável, que apoia o de-

senvolvimento de Rondônia e das comunidades em que as

cooperativas estão inseridas”, comenta.

CAPACITAçãO

A partir do retorno às atividades do SESCOOP-RO (Ser-

viço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo), em

2008, com objetivo voltado à capacitação das cooperativas,

pode-se observar um grande avanço em relação à profissio-

nalização da gestão e melhoria da qualidade dos processos

internos e produtos.

De 2008 a 2012, foram realizadas mais de 450 ações,

com mais de 55 mil pessoas atendidas, entre cooperados,

dirigentes, funcionários de cooperativas e comunidade em

geral.

As ações realizadas têm alcançado os objetivos de capa-

citar, apoiar e desenvolver as cooperativas, com base em um

crescimento sólido e constante.

O superintendente da OCB/SESCOOP-RO, Júlio Bacelar,

explica que a principal função do SESCOOP é a capacitação

das cooperativas para a autogestão. “Para isso tentamos le-

var sempre as melhores práticas na área de administração e

gestão, para que possamos formar as pessoas que vão estar

à frente das cooperativas”, comenta.

FORTAlECImEnTO

A presidente da COAPRAV (Cooperativa de Agroindus-

triais e Produtores Rurais de Vale do Jamari), Cátia Bueno,

explica que a cooperativa é a única forma que o pequeno

produtor encontra de ganhar escala para pagar mais barato

na compra de insumos e vender em maior quantidade, po-

dendo barganhar preço. “Em nosso Estado o cooperativismo

é recente, mas vem se fortalecendo muito rápido”, comenta.

Hoje o cooperativismo de Rondônia conta com a credibilida-

de de um grande sistema e as cooperativas têm apoiado e con-

tribuído muito para o desenvolvimento do Estado, trazendo ge-

ração de renda para as comunidades em que estão inseridas.

Através de práticas igualitárias de distribuição de renda entre os cooperados, cooperativas fortalecem o Estado

Cooperativismo melhora desempenho da economia de Rondônia

REPORTAGEm: Rízio Andrade F0TO: Divulgação

» Salatiel Rodrigues, presidente do Sistema OCB/SESCOOP-RO

cooperativas

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No atual cenário mundial, caracterizado por intensas transformações impulsionadas pelos avanços tecnológi-cos, as integrações comerciais e financeiras e a acirrada concorrência mundial, o tema logística vem se tornan-do uma das áreas centrais para as organizações. Este reconhecimento decorre do potencial da logística para agregar valores aos clientes e criar vantagens competiti-

vas às empresas, na medida em que os custos logísticos, principalmente os relativos aos meios de transportes, representam uma parcela expressiva no custo total das mercadorias.

Para a logística militar, esses aspectos não são dife-rentes. A logística e a estratégia sempre foram atividades valorizadas no meio militar, uma vez que o uso adequa-

A 12ª Região Militar atende todos os pelotões de fronteira da Amazônia Ocidental, uma difícil tarefa na logística do Exército

O complexo caminho da logística na Amazônia

TExTO: General Guilherme Theophilo F0TOS: Divulgação

» General-de-Divisão, Comandante da 12ª Região militar, Guilherme Theophilo é responsável pela logística de uma das éreas mais difíceis do País

artigo/desafio

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do de ambas tem sido fator decisivo para a obtenção de vantajoso poder de combate. Além do mais, existe uma interdependência entre estratégia, tática e logística mi-litares, imprescindível para o sucesso das operações em campo de batalha, seja em exercício ou em situação real.

No caso específico do Comando Militar da Amazônia, em decorrência do valor estratégico da Região Amazôni-ca para o Brasil e o mundo, a execução de uma logística eficaz e efetiva é fator determinante para a presença e a atuação das Forças Armadas, vitais para resguardar a soberania nacional.

A Amazônia Ocidental, região fronteiriça com cin-co países e formada pelos estados do Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima, caracteriza-se pelos grandes vazios demográficos, pelo afastamento dos grandes centros produtores nacionais, por possuir a maior bacia fluvial e a maior floresta tropical do mundo, pelo clima equatorial, quente e úmido, pela constância de chuvas abundantes ao longo do ano, pelas grandes distâncias entre centros urbanos, pela inexistência do modal ferroviário e escassa malha rodoviária, e pelo número reduzido de fornecedo-res, dentre outros aspectos.

Isso posto, percebe-se que as inúmeras peculiarida-des da Amazônia Ocidental se convertem em sérios óbi-ces à logística, motivando o desenvolvimento de diversos estudos, investimentos e inovações sustentáveis para aprimorar a gestão do fluxo físico do suprimento dos for-necedores aos clientes finais.

Nesse contexto, surge o importante papel da 12ª Re-gião Militar, “Região Mendonça Furtado”, Comando Ter-ritorial subordinado ao Comando Militar da Amazônia e com sede em Manaus, responsável pelo apoio logístico do Exército Brasileiro na Amazônia Ocidental.

Dentre outras atribuições, a 12ª RM planeja, coordena, executa, integra e controla as funções logísticas de trans-porte, suprimento, manutenção, salvamento, engenharia, saúde e recursos humanos, beneficiam diretamente os quase 19 mil militares do Exército Brasileiro existentes nos Estados do Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima, os quais são alvos de substanciais benefícios indiretos.

Para exemplificar, em 2013, foram alistados exa-tos 70.412 jovens, dos quais 4.540 foram incorporados, sendo 107 indígenas. Anualmente, a 12ª RM investe em torno de R$ 32 milhões exclusivamente em alimentação, transporta em torno de 1.500.000 t de carga só no modal fluvial, investe valores superiores a R$ 800 mil em empre-sas aéreas regionais e quantias de dezenas de milhões em obras da construção civil e serviços de saúde.

Destaca-se, ainda, no contexto da integração regio-nal, sobretudo em sua vertente social, a regularização das áreas das comunidades ribeirinhas tradicionais exis-tentes na Área de Instrução do Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS) com a Concessão do Direito Real de Uso Resolúvel (CDRUR), atendendo 141 famílias, solu-cionando, assim, uma demanda de 49 anos.

Dessa forma, percebe-se que o caminho adotado pela 12ª RM, otimizando a gestão e a aplicação de recursos diretamente na logística militar, contribui efetivamente para o desenvolvimento econômico e social da região, o que a faz ser o verdadeiro elo entre a Estratégia Nacional de Defesa e a Estratégia Nacional de Desenvolvimento.

» moradores da região do Puraquequara recebem os títulos definitivos de suas terras, resolvendo uma pendência de mais de 40 anos

» Formatura no Comando Geral de logística da 12ª Região militar

» Conferência do general Theophilo para lideranças do setor comercial de manaus sobre a logística empregada na Amazônia Ocidental

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Comunitários fazem avaliação positiva do Programa do Governo do Estado em encontro realizado em Manaus

Encontro de lideranças do Bolsa Floresta

REPORTAGEm E FOTOS: Felipe Costa/Comunicação FAS

sustentabilidade

O fortalecimento comunitário foi um dos principais avanços dos seis anos de Programa Bolsa Floresta (PBF), avaliaram os líderes ribeirinhos das 15 unidades de con-servação (UCs) que participam da iniciativa.

Entre os dias 18 e 22 de novembro, foi promovido o XI Encontro de Lideranças do Bolsa Floresta, que teve por objetivo avaliar e aprimorar as metodologias de im-plementação do Programa. Além dos comunitários, o evento reuniu órgãos públicos, instituições socioambien-tais e a Marinha do Brasil, em oficinas e seminários parti-cipativos de avaliação.

Foram cinco dias de evento no Centro de Formação Maromba, localizado na Rua da Maromba, s/n, Bairro Chapada, Zona Centro-Sul de Manaus.

Um seminário de avaliação envolveu ribeirinhos na Universidade Federal do Amazonas (UFAM), onde pu-deram ser vistos os desafios e avanços de sete anos de Bolsa Floresta.

Para os ribeirinhos, decidir onde cada investimento deverá ser implementado é um diferencial que tem trazi-do benefícios mais concretos no dia a dia das comunida-des. Isso porque o orçamento participativo contribui para um envolvimento real das famílias no processo, fazendo com que atividades de geração de renda compatíveis com cada vocação sejam implementadas.

Morador e presidente da Associação de Comunida-des Sustentáveis da Reserva de Desenvolvimento Sus-tentável (RDS) do Rio Negro, José Roberto Nascimento, utiliza o manejo de madeira como exemplo de êxito da metodologia do programa.

“A reserva do Rio Negro é um exemplo desse proces-so. Antes, nós tínhamos que derrubar árvore senão mor-ríamos de fome. Com a criação da reserva e a chegada do programa podemos finalmente dizer que nosso inte-resse é manejar madeira, mas de forma legal, sustentá-vel, correta. Deixamos de derrubar sem planejar, agora o

» virgílio viana, da Fundação Amazonas Sustentável, defende a permanente mobilização comunitária para manter a floresta em pé

» Reunião com lideranças das 15 unidades de Conservação, onde a FAS participa da administração conjunta com o Governo do Estado (SDS)

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manejo é justo com a natureza e com nossa consciência”, destaca.

O fortalecimento comunitário das associações de moradores também é um fato celebrado pelos ribeiri-nhos. A cada ano o envolvimento com a iniciativa tem aumentado, e o anseio é ter cada vez mais representa-tividade junto ao poder público, revelou o presidente da associação de comunidades da RDS Rio Amapá, Edmar Pereira de Souza.

“Nossa associação tem ganhado força nas reuniões, temos conseguido mais voz. Vamos lutar por um olhar cuidadoso do poder público. Queremos parcerias com a universidade, queremos parceria com o Ceuc, queremos parcerias com esses órgãos. O Bolsa Floresta tem nos fortalecido, precisamos contar com esses órgãos tam-bém”, comenta.

Os investimentos anuais do PBF por família giram em torno de R$ 1,4 mil. O componente Associação do PBF, específico para apoio ao empoderamento comunitário, investe cerca de R$ 48,5 mil por UC.

“O fortalecimento das associações de moradores é um dos importantes instrumentos para promoção do desenvol-vimento sustentável. Isso permite que os próprios comuni-tários gerenciem os investimentos traçados pelo PBF”, co-menta o superintendente geral da FAS, Virgílio Viana.

InCuBADORA DE nEGÓCIOS SuSTEnTávEIS E TECnOlOGIAS SOCIAIS

Durante o encontro, foram anunciadas várias iniciati-vas voltadas à melhoria de qualidade de vida no interior do Estado. No dia 21 de novembro, foi inaugurada a Incu-badora de Inovação Tecnológica para Empreendimentos

Sustentáveis no Amazonas, fruto de uma parceria entre FAS, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e Fundação de Amparo a Pesquisa no Amazonas (Fapeam). A ação pretende beneficiar diretamente 1,5 mil ribeiri-nhos da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Negro.

A incubadora tem por objetivo apoiar novos empre-endimentos comunitários da RDS do Rio Negro e forta-lecer os empreendimentos existentes por meio de pro-cessos de formação, assistência técnica e intercâmbio de experiências, ampliando a geração de renda e condições para sua sustentabilidade. Serão beneficiadas 298 famí-lias, de 11 comunidades da RDS Rio Negro.

FAS e Inpa também assinaram um acordo de coope-ração técnica que beneficia cerca de 200 ribeirinhos. O acordo, assinado pelo superintendente geral da FAS Vir-gílio Viana e o diretor do Inpa, Adalberto Val, está vol-tado à promoção de tecnologias sociais em unidades de conservação (UCs) atendidas pelo Programa Bolsa Flo-resta (PBF).

O convênio prevê a implementação de um programa para a capacitação de cerca de 200 ribeirinhos em diver-sas tecnologias para a geração de trabalho e renda.

» lideranças discutiram benefícios produzidos pelos programas: Bolsa Floresta, Bolsa Renda, Bolsa Comunicação e Bolsa verde

EnCOnTRO DE lIDERAnçAS

O Encontro de Lideranças do Bolsa Floresta acontece duas vezes ao ano, e tem o objetivo de aprimorar a gestão do PBF, em parceria com as associações comunitárias. Desde 2011, já foram realizados 11 Encontros, envolvendo comunitá-rios de todas as unidades de conservação partici-pantes do Programa.

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DEz AnOS DA ADS, umA hISTÓRIA DE PARCERIAS

Para contribuir com o desenvolvimento econômico do Estado, com base nos recursos florestais, agropecuários, minerais e pesqueiros, garantindo a geração de renda local e a conservação ambiental foi criada em 2003 a Agência de Agronegócios do Estado do Amazonas (AGROAMAZON), onde, desde então, ocupamos o cargo de presidente da agência, com o intuito de fazer o papel do agente catalisador das negociações entre as associações, cooperativas, produtores rurais, extrativistas e os mercados consumido-res privados e institucionais. Em 2006, a instituição passou a se denominar Agência de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (ADS).

A partir daí, o setor primário tem galgando patamares expressivos com reflexos diretos na qualidade de vida da população rural, atendida com em-prego e renda gerados pelos incentivos do programa. No princípio a comer-cialização se dava nas Redes de supermercados de Manaus.

Foi o ponto de partida para que projetos mais altos fossem implantados no Estado do Amazonas, como o Programa de Regionalização da Merenda Escolar (PREME). Em 2004, o passo foi dado em parceria com a Secretaria de Estado de Educação (SEDUC), com 1.150 famílias fornecendo produtos regionais de 13 municípios, com 20 produtos incorporados no cardápio es-colar. O programa inédito no Estado e no Brasil passou em 2007 a fornecer também os itens regionais para a Prefeitura de Manaus, através da Secreta-ria Municipal de Educação (Semed), com 3.400 famílias, com 19 produtos no cardápio em 25 municípios.

O PREME Seduc começou com R$ 2.517 milhões, em 2013 gerou 30 milhões, totalizando em nove anos R$ 132.811 milhões. O PREME Se-med iniciou com R$ 2.134 milhões, este ano o convênio firmado foi de R$ 9.731.151,89, gerando em seis anos R$ 28.402.127,89, recursos anterior-mente destinados a outros Estados, com a importação desses produtos.

Atualmente o PREME conta com aproximadamente 14 mil famílias for-necendo itens para a merenda escolar, dos 62 municípios e 51 produtos in-corporados na merenda Estadual e 27 itens para escolas municipais.

O PREME possibilitou a organização e instalação de agroindústrias no interior, diante disso, o Governo do Estado por meio da ADS, realizou inú-meras negociações com empresas multinacionais, como a Coca-Cola, agre-gando valor ao açaí produzido em comunidades extrativistas do interior do Amazonas, iniciando pelo município de Carauari, Manacapuru e Manaus, a partir daí foi lançada uma bebida à base de açaí com banana.

O objetivo do projeto é o desenvolvimento do segmento de superfru-tas pela marca Dell Valle, aproveitando o vasto potencial do Amazonas, com ênfase no extrativismo praticado nas Unidades de Conservação, reservas extrativistas e demais áreas produtivas, tendo como principais frutas identi-ficadas com potencial de mercado no Estado, o Açaí, o Camu-Camu, o Buriti e o Taperebá. Esta parceria já trouxe como benefício, um aumento de 24% no preço pago ao extrator que era de R$ 0,76/kg de grãos e hoje é de R$ 1,00/kg de grãos.

Também em 2005 foi lançado pelo Governo do Amazonas através da agência, o Programa de Regionalização de Mobiliários Escolares (PROMO-VE), utilizando madeira manejada, com valorização da mão-de-obra local e geração de renda no interior e fornecendo às escolas do Estado.

Valdelino cavalcanteDiretor Presidente da ADS

artigo

Desde 1994, durante o Terceiro Ciclo, desempenhamos atividades no setor rural com as políticas públicas buscando alter-nativas de geração de riqueza econômica e social e como torná-las sustentáveis, ini-ciando no município de Envira, como Se-cretário de Produção, dando continuidade ao trabalho em Carauari, na APLUB (Agro Florestal Amazônia S/A), em 1999.

Pensar no desenvolvimento regional do Estado do Amazonas implica lidar com as trajetórias de todo o processo de cons-trução. Foi em 2003 que passamos a ocu-par o cargo de diretor técnico do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Flo-restal Sustentável do Amazonas (IDAM), integrando a equipe do Governo do Ama-zonas, na época lançando o Programa Zona Franca Verde e apostando no ressurgimen-to das cadeias produtivas no interior do Es-tado. Mais à frente, dando continuidade a este trabalho, mas com um estilo próprio, o Governador Omar Aziz lançou o Programa Amazonas Rural a fim de tornar o Estado autossuficiente em alimentos e produtos agroflorestais, dinamizando a economia dos municípios.

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Os benefícios decorrentes desse Programa já despontam sob a forma de novos empregos, elevação do nível de renda, agregação de valor aos pro-dutos florestais e a especialização de mão-de-obra nas áreas contempladas. Atualmente os manejadores possuem estufas de secagem de madeira e ca-pacitação em parceria com o CETAM.

Dentre os resultados Socioambientais do Promove, estão: avanço da produção de carteiras escolares para mobiliários escolares, incluindo nove modalidades diferentes; estímulo e incentivo à adoção do Manejo Florestal Sustentável; interiorização do desenvolvimento com garantia de trabalho e renda nas comunidades rurais; aproveitamento de matéria-prima regio-nal; substituição de importações; maior durabilidade dos mobiliários; menor custo de aquisição por parte do Governo do Estado; profissionalização dos fabricantes de móveis; desenvolvimento da cadeia produtiva da madeira; re-lação sustentável entre o Ambiental, o Econômico e o Social.

Para garantir outro meio de comercialização aos produtores rurais do Amazonas, a ADS inaugurou em 2008, a primeira Feira de Produtos Regio-nais do Cigs, em parceria com SEBRAE, FAEA E SENAR. Neste ano a feira ge-rou recursos na ordem de R$ 1.597.778, comercializaram 334.583 quilos de produtos, com 58 cooperativas, associações e agroindústrias participantes em 21 edições realizadas, atualmente R$ 2.610.550 milhões.

Em 2010 foi lançada na Cidade Nova mais uma Feira de Produtos regio-nais, a primeira movimentou R$ 847.015, comercializou 449.192 quilos de produtos, 16 cooperativas, associações e agroindústrias com 750 famílias beneficiadas, este ano a feira gerou R$ 1.359.104 milhões.

A Feira da Policia Militar foi inaugurada em 2011 gerando R$ 756.269, através de 201.598 quilos de produtos comercializados, com 62 coopera-tivas, associações e agroindústrias participantes, 600 famílias beneficiadas, em 2013 movimentou R$ 1.331.928 milhões.

No ano seguinte foi inaugurada a Feira da Aeronáutica, no Cassam, que movimentou R$ 2.420.591 milhões, através da comercialização de 620.689 quilos de produtos regionais, em média 92 cooperativas, associações e agroindústrias participaram 3.400 famílias beneficiadas. Em 2013, a feira passou a gerar R$ 2.460.744.

Considerada a atividade mais tradicional da região amazônica, a extra-ção da borracha retoma o fôlego a partir de 2003. O Governo do Estado, através da agência, além de intensificar o investimento para desenvolver a atividade, aumentou o valor pago no subsídio para os seringueiros, o que possibilitou o crescimento da produção.

Realizamos desde então o pagamento da subvenção para 599 famílias extrativistas, iniciando com R$ 0,70 por quilo de borracha produzida, a partir de 2011 esse valor aumentou para R$ 1,00 o quilo de BNB (Borracha Natural Bruta), com 2.083 famílias.

A ADS como agente catalisador de negócios em parceria com a AFEAM, realizou acordos com a Indústria de pneus Levorin/Neotec, com a utilização da borracha natural para a fabricação de pneus de motocicletas e bicicletas.

O pagamento do subsidio da Juta e Malva também é exemplo de valo-rização no setor de fibras no Estado, a ADS também realiza o pagamento aos juticultores que iniciou em 2005 com o preço pago por quilo a R$ 0,20 passando para R$ 0,40 a partir de agosto de 2013.

O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), com doação simultânea, também faz parte das atividades da ADS em parceria com a CONAB, iniciou em 2005 gerando R$ 1.409.441,00. Em 2013 foi realizada uma previsão de R$ 4.120 milhões.

Em 2013 o Governo do Amazonas reali-zou diversas articulações com empresários, como do setor de calcário. Está sendo im-plantada uma fabrica de Calcário no mu-nicípio de Manacapuru, a implantação da fábrica é essencial para que o projeto de governo se concretize e possa incentivar a atividade agrícola local através do baratea-mento dos custos. Atualmente o produtor paga cerca de R$ 450 por tonelada do cal-cário e com a produção local ele irá repas-sar apenas R$150,00, um valor bem abaixo do que é praticado hoje e que ficará dentro da faixa de financiamento disponibilizada pela AFEAM aos agricultores.

Quando estiver em pleno funciona-mento, a fábrica terá capacidade para o beneficiamento de aproximadamente 400 toneladas diárias de calcário, insumo essen-cial para que o produtor rural possa ajustar o pH do solo e assim alavancar a produção local, recuperando áreas degradadas, tor-nando-as produtivas.

Em 2014 o Governo do Estado vai con-tinuar priorizando as políticas publicas de estruturação do setor primário com assis-tência técnica e extensão rural, créditos, fomento, comercialização, tecnologia, ca-pacitação dos produtores e profissionali-zação do setor. Para os recursos florestais (não-madeireiros e madeireiros), permane-ceremos impulsionando a geração de em-prego e renda e para a agricultura familiar o foco será a recuperação de áreas degra-dadas com tecnologias e insumos produzi-dos no próprio Estado, utilizando inclusive tecnologias para utilização de várzeas, prio-rizando o mercado de Manaus, com a agri-cultura familiar e produtos florestais.

Como experiências profissionais histó-ricas, destacamos, que iniciamos a recria-ção da SEPROR, a reestruturação do IDAM, a criação da Agroamazon e o Programa de Desenvolvimento Econômico, Social e Am-biental do interior do Estado, buscando sempre a qualidade de vida do produtor rural.

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vII FIAmdiscute o futuro da Amazônia

REPORTAGEm: Antonio Parente melo e Diárcara Ribeiro FOTOS: Antonio Parente melo, matias Oliveira e Divulgação

tecnologia

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Floresta Brasil Amazônia - DEZEMBRO 2013 / JANEIRO/FEVEREIRO 2014 | 95

Passe para o Futuro – Esse foi o slogan da VII Feira In-ternacional da Amazônia (FIAM), já pautando a Copa do Mundo de Futebol. Considerado o maior evento multis-setorial da Região Norte, a feira ocorreu entre os dias 27 e 30 de novembro, em Manaus, recebendo um público estimado em 55 mil pessoas. Os visitantes puderam con-ferir novidades tecnológicas, opções de investimentos na rodada de negócios e discursos de autoridades em fa-vor da manutenção do modelo Zona Franca de Manaus. A equipe da Revista Floresta Brasil acompanhou ainda o seminário que debateu o desenvolvimento regional pau-tado no setor mineral.

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Durante a abertura o governador do Amazonas, Omar Aziz, discursou em favor do PIM e de que forma a feira ajudou a Zona Franca. “Mostramos na FIAM, o potencial econômico que temos um modelo vitorioso, que demonstra claramente a importância para economia amazonense. Vamos torcer para que a presidenta Dilma Rousseff prorrogue por mais 50 anos a Zona Franca”.

O governador Omar Aziz, discorreu ainda sobre a construção do Polo Naval, projeto que prevê, a instalação de grandes estaleiros. Explicando que está em processo de conversa e que a finalidade é de se construir embar-cações para o transporte fluvial de luxo, além de balsas e até grandes embarcações gerando mais emprego e ren-da. “Temos um estudo, mas nada de concreto, pois não é fácil ter um Polo Naval. Tem que criar pelo menos uma estrutura mínima com energia, água, e não tem absoluta-mente nada. Há pessoas que moram lá há muito tempo, (se referindo ao local onde poderá ser construído, locali-zado no Puraquequara), pois tem uma área de 35 km de frente, e área do Exercito Brasileiro. Precisamos desen-volver um trabalho e estamos tentando fazer”, afirmou.

Dividido em pavilhões, o principal, onde mais de 300 expositores participaram com espaços para empresas do Polo Industrial, entre elas, a Samsung que levou uma TV de última geração, despertando o interesse de quem

buscou tecnologia. Foi o caso do comerciante José Nas-cimento, 43, que esperava ansioso para comprar as no-vidades. “Vim com minha família para a Feira e já estou pensando em comprar. Gostei muito da organização e das exposições”.

Quem visitou o local também conheceu mais sobre sete países: Argentina, Venezuela, Chile, Peru, Colômbia, Suriname e Polônia.

O país que mais chamou a atenção dos visitantes foi a Venezuela, com um estande amplo com direito a drink, a atração foram os produtos alimentícios. O país muito visi-tado pelos amazonenses devido ter acesso a via terrestre com praias paradisíacas, o que despertou mais interesse. “Já tinha vontade de conhecer a Venezuela; depois de visitar este estande quero mais ainda”, falou a visitante Lucilene Moraes.

"A Suframa tem papel decisivo no desenvolvimento da região e por isso temos que defender o seu modelo nacionalmente"Omar Aziz, governador do Amazonas[

tecnologia

» Governador Omar Aziz, na abertura da feira, acompanhado pelo vice-governador José melo, o governador de Rondônia, Confúcio moura, o prefeito de manaus, Arthur neto, e outras autoridades

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ROnDônIA InvESTE nO SETOR PRImáRIO E ExPORTA CARnE PARA ISRAEl E vEnEzuElA

O governador Confúcio Moura e o secretário adjunto de governo de Rondônia, Adilson Perei-ra, participaram da VII FIAM. No estande do Esta-do o destaque foi o setor primário. Estiveram ex-postos produtos de laticínios, grãos como a soja, milho e arroz, a extração mineral e a piscicultura. Quem entrava para visitar já se encantava com o piso – detalhe importante na composição do am-biente, era parte de vidro e por baixo os grãos.

“Rondônia vem crescendo acima da média nacional nos últimos quatro anos e, sem, dúvida o agronegócio tem sido a mão que tem alavanca-do o crescimento econômico. Nós temos crescido muito na produção de grãos, soja, milho, arroz e também temos avançado na questão do rebanho bovino. Hoje somos o sétimo lugar no ranking na-cional na produção de carne e estamos exportan-do até para Egito, Israel e Venezuela. O rebanho atualmente está com mais de 12 milhões de cabe-ça de gado; já somos há dez anos área livre de fe-bre aftosa com vacinação. São aproximadamente são 8 milhões de cabeças de gado para corte e 4 para leite”, destacou o secretário.

Segundo o secretário, Adilson Pereira, mais uma usina de calcário será inaugurada. “Estare-mos entregando a população uma usina com tec-nologia e o que há de mais moderno na indústria. Vamos soltar de uma produção de 5 mil tonela-das para 40 mil toneladas mês. Essa é apenas a primeira.”

A Venezuela trouxe uma comitiva com 62 empresá-rios e expôs produtos nos segmentos de bebida, alimen-tos, manufatura, cosméticos, construção e automotores, fechando mais de US$ 10 milhões em vendas em seu es-tande, de acordo com a assessoria do evento.

Segundo o superintendente da SUFRAMA, Thomaz Nogueira, a participação de outros países na feira só vem a somar, além de promover uma aproximação comercial. O dirigente também agradeceu todos os parceiros e res-saltou as potencialidades dos expositores.

O Pavilhão Amazônico, localizado em uma tenda com 1.600 metros quadrados, reuniu empresas e instituições da região, que incluiu artesanato, perfumaria, fotogra-fias, pratos e produtos típicos, o espaço contou ainda com programação cultural. Representando a força que a Juta e Malva representa no Estado, a Cooperativa Mista Agropecuária de Manacapuru (COMAPEM), através de sua presidente, Eliana Medeiro, levou a marca para a Rodada de Negócios, onde a empresa participou pela primeira vez.

“Não poderíamos ter ficado de fora desta que é con-siderada a maior feira; mas ousamos em participar da ro-dada de negócios e fiquei muito feliz porque recebemos empresas de São Paulo e da Itália interessados em nossas ofertas. Já temos planos para em 2014 diversificarmos os produtos fabricando também sacolas e chapéus”.

"Rondônia pode abastecer o mercado de Manaus com os produtos do setor primário, bem como da indústria em geral do meu Estado"Confúcio Moura, governador de Rondônia[

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A região de Autazes no Amazonas conta com uma das

maiores reservas de potássio já encontradas em todo o

mundo; o mineral é um dos ingredientes do fertilizante

agrícola NPK, muito utilizado no setor primário. Estudos

na região já estão sendo realizados pela empresa Potás-

sio do Brasil, que já investiu cerca de R$ 150 milhões em

pesquisas. Hoje o agronegócio do país importa cerca de

94% do que consome. O assunto foi debatido durante o

seminário: “Reservas Minerais e de Óleo e Gás Natural na

Amazônia Ocidental”, no Studio 5 Centro de Convenções,

durante a jornada de seminários da VII FIAM.

O Objetivo do seminário foi apresentar uma visão

geral dos principais arranjos produtivos de base mineral

e de óleo e gás na Amazônia Ocidental, considerados os

aspectos de inovação tecnológica, logística, do desenvol-

vimento de novos clusters industriais, gás químico e de

fertilizantes e do uso do gás natural pelas indústrias do

Polo Industrial de Manaus (PIM).

O painel “A Amazônia e o Programa Nacional de Fer-

tilizantes”, teve como relator o presidente da Federação

da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas (FAEA),

Muni Lourenço e como palestrante o mestre em direito

e assessor da presidência da Confederação Nacional da

Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Reginaldo Minaré.

Ambos defenderam que o alto grau de importação é pre-

ocupante e que é fundamental o Brasil buscar a autossu-

ficiência na produção de fertilizantes.

Após apresentar um panorama, como logística e tri-

butação, o novo marco regulatório, produção agrícola

e o uso de fertilizantes, Reginaldo Minaré, indagou os

participantes sobre a posição do Estado, também deixou

algumas sugestões, entre elas, que se criasse um grupo

representativo para enfrentar os desafios e se posicionar

nas decisões sobre o tema.

Na avaliação do presidente da FAEA, Muni Lourenço,

o tema foi muito oportuno, permitindo uma reflexão do

assunto. “A viabilização da exploração do potássio e de

outros minérios da região para nós é uma condição es-

tratégica de segurança para o desenvolvimento do agro-

negócio brasileiro, que é o setor que representa 36% dos

empregos formais e 40% das exportações do Brasil. Já

temos a confirmação da empresa Potássio do Brasil que

está perfurando a jazida de potássio localizada em Auta-

zes, da existência da reserva mineral e da viabilidade téc-

nica e ambiental de sua exploração, iniciando a produção

e comercialização no ano de 2018. Com isso teremos a

autossuficiência e não ficaremos mais reféns da importa-

ção de potássio do Canadá, Rússia, Israel e Bielo-Rússia”.

O deputado estadual Sinésio Campos, presente du-

rante o seminário falou da audiência pública realizada em

setembro onde foram mobilizados senadores para uma

proposta de criação de uma Frente Parlamentar no Con-

gresso Nacional para tratar sobre a exploração comercial

das reservas de Silvinita do Amazonas.

Foi anunciado por Muni Lourenço que a Senadora

Kátia Abreu, Presidente da CNA formalizou sua adesão à

Frente Parlamentar de Apoio a Exploração do Potássio,

criada recentemente no Congresso Nacional.

RODADA DE SEmInáRIOS – ‘A AmAzônIA E O PROGRAmA nACIOnAl DE FERTIlIzAnTES’

tecnologia

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Segundo a SUFRAMA, a Rodada de Negócios, orga-nizada em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Amazonas (SEBRAE), foi concluída com mais de US$ 17 milhões (R$ 40,8 milhões) em negócios gerados, superando as expectativas dos organizadores. A FIAM foi realizada pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) por meio da Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA).

ARTE, COnCEITO E PAIxãO

Além de apresentar um grande crescimento e

desenvolvimento econômico nos últimos anos, o es-

tado de Rondônia tem despertado grande paixão e

interesse às pessoas que visitam seu território. Filha

de cafeicultor e nascida na cidade de Marília, em São

Paulo, a artista plástica Valeria Totti, chegou no es-

tado em 1980, e hoje mora na cidade de Ji-paraná.

Como um amor a primeira vista apaixonou-se e en-

cantou-se com a exuberância das riquezas da flores-

ta e sua biodiversidade.

Valéria foi uma das grandes atrações do estande

do Estado de Rondônia, na FIAM, e tem feito parte

da história, valorizando a cultura local, defensora da

sustentabilidade, e olhar diferenciado da matéria

prima da floresta.

A artista se considera uma indígena amazônica, e

declara que um dos propósitos que a motiva é ver o

crescimento, o desenvolvimento do estado e princi-

palmente o cuidado com o meio ambiente.

A artista plástica e também empresária possui

um atelier localizado na cidade de Jiparaná, onde ex-

põe seu trabalho. Ela tem em suas principais obras,

artes que são frutos da crença na natureza e no ser

humano como fontes de riqueza, beleza e mistério.

Criando objetos sustentáveis, como móveis, objetos

de decoração, arte, artesanato, aproveitando mate-

riais típicos da região amazônica, como lianas, apa-

ras, resíduos de madeira, sementes, resinas, plantas

e óleos essenciais de diferentes espécies, tudo da

Região Norte, intitulada por ela como “Santuário da

biodiversidade”.

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Expectativa do setor primário é alcançar o status livre de aftosa com vacinação, até o primeiro semestre de 2014

Classificação de médio risco de aftosa no Am

REPORTAGEm FOTOS: Diárcara Ribeiro

status

A Instrução Normativa nº 28, assinada pelo Ministério da Agricultura – MAPA, publicada no dia (26/11) no Diário Oficial da União, classifica o Estado do Amazonas como risco médio de febre aftosa. A notícia foi celebrada por toda classe agropecuária.

Atualmente, o Amazonas conta com 20.000 proprie-dades com a atividade da pecuária cadastradas na Agên-cia de Defesa (ADAF), o que, aproximadamente, significa um contingente de 60 mil pessoas. O rebanho do Amazo-nas é de 1,5 milhões de cabeças. O presidente da Agência de Defesa Agropecuária (ADAF), Sérgio Muniz, disse que a agência atua em 47 municípios, com profissionais fo-cados na atividade. “Hoje, se por eventualidade aconte-cesse um foco, nós rapidamente já entraríamos em ação. Porque estamos preparados. Brevemente, mais uma con-quista será anunciada. Vamos lançar juntamente com a FAEA, a Plataforma de Gestão Agropecuária”.

De acordo com o secretário de produção rural, Eron Bezerra, a conquista representa um grande passo rumo à classificação de “Estado livre de febre aftosa”. Segun-do o secretário, a meta é que o anúncio seja feito até o segundo semestre de 2014. Os municípios de Guajará e Boca do Acre, e o Sul de Canutama e Lábrea, já são consi-derados livres de aftosa com vacinação.

Segundo o superintendente federal do MAPA no Amazonas, Ferdinando Barreto, a mudança de status sa-nitário para Livre de Febre Aftosa é o que se deseja; essa foi uma grande conquista, e que essa classificação repre-senta mais segurança na saúde da população.

O pecuarista e presidente da Federação da Agricul-tura e Pecuária do Estado do Amazonas (FAEA), Muni Lourenço, salientou que, “essa classificação representa segurança para os criadores, manutenção dos postos de trabalho e mostra uma perspectiva real para o melhora-mento genético do rebanho”.

» lideranças do setor primário, muni lourenço, Ferndinando Barreto, Eron Bezerra, Sérgio muniz e Edimar vizolli comemoram novo estágio do rebanho do Amazonas

» Gado do Amazonas se encaminha para um novo patamar de qualidade sanitária, o que permitirá a venda da carne nacionalmente

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mAIS um AnO ChEGA AO FInAlAno em que emblematicamente o Exército seguiu irmanado às populações da

Amazônia, garantindo a integridade do território e a soberania nacional, contribuin-

do com o desenvolvimento e apoiando a população no atendimento de suas necessi-

dades básicas, além de oferecer-lhes alívio nos momentos de dificuldades.

Foi um longo caminho percorrido, desde a fundação de Belém em 1616, passan-

do pela construção de mais de 60 fortes, verdadeiros marcos definidores das frontei-

ras atuais e pela histórica expedição de Pedro Teixeira, em que ele percorrendo todo

o Grande Rio, tomou posse das terras e pela ação dos Capitães Gerais Mendonça

Furtado e Lobo D’Almada.

Dos portugueses recebemos também o legado da concepção segundo a qual

um país pequeno e de população restrita logrou conquistar, colonizar e defender

um território continental. Nasceu daí a Estratégia da Presença, que o Exército hoje

implementa por meio da trilogia: Vida, Combate, Trabalho. As pequenas unidades

espalhadas pelo interior da Amazônia trazem consigo a infraestrutura básica –

energia, transporte, comunicações, saneamento, saúde e educação – necessárias a

que a população se assente e desenvolva atividades de lhe dêm sustento. É dessa

maneira que vivificamos a fronteira, fomentamos o desenvolvimento e protege-

mos a população.

Essas unidades são as bases físicas de onde partimos para as missões de vigi-

lância e de combate aos ilícitos na fronteira e de proteção ao meio ambiente, às

populações tradicionais, principalmente as indígenas, às riquezas naturais e às infra-

estruturas estratégicas. Ao longo de 2013, os guerreiros de selva realizaram vinte e

duas operações de longa duração. Cabe destacar que operamos sempre junto com

a Marinha e a Força Aérea atingindo um alto grau de interoperabilidade, e em um

ambiente interagência onde se desenvolveu uma perfeita integração com as deze-

nas de órgãos e instituições civis. A tradição de cooperação em nossa região já é uma

marca registrada, que se intensificou em 2013, quando tivemos 15 agências direta-

mente envolvidas na Operação Ágata 7 e que nos preparativos para a Copa de 2014

dezenas de atores têm-se reunido em um movimento crescente e indispensável de

integração regional.

Caracterizar essa integração é muito oportuno, pois e o sucesso e o crescimento

de cada uma das instituições que trará benefícios importantes para o futuro, pois é

por meio dela que garantiremos o sucesso da realização da Copa do Mundo para a

qual, ao longo de 2013, nos preparamos intensamente. Concretizamos um convênio

com a Prefeitura de Manaus por meio do qual o Exército contribuirá para a recupera-

ção das principais vias de nossa cidade. Temos certeza de que todos juntos garantire-

mos que em Manaus será realizada a melhor Copa dentre todas as 12 sedes.

Nossa Engenharia de Construção teve também um ano de intenso trabalho. Es-

tamos recuperando as BR 163 e 230 (Transamazônica), a BR 364 e a importantíssima

BR 319, anseio de todos os amazonenses que desejam ligar-se ao restante do País.

Recuperou áreas degradadas por solicitação IBAMA, recuperou pistas de aterrisa-

gem e construiu poços para garantir o abastecimento d’água no interior.

Dois mil e treze foi também um ano promissor para o CMA, graças aos progra-

mas de reaparelhamento que o Ministério da Defesa e o Governo federal nos con-

templaram. Recebemos mais de 500 novas viaturas, equipamento individual para

todos nossos 19 000 militares, novas embarcações, material de comunicações de

elevada tecnologia e máquinas modernas de engenharia.

Esses programas se intensificarão em 2014, quando passaremos a receber oito

helicópteros de grande capacidade, que serão abrigados em um novo hangar em

construção junto ao 4º BAVEX em Ponta Pelada.

Eduardo Villas Bôas General de Exército, comandante do Comando Militar da Amazônia

artigo

Mais relevante, contudo, será o início da

implantação dos equipamentos do SISFRON –

Sistema Integrado de Monitoramento de Fron-

teiras – em Rondônia e Acre, de onde passare-

mos para o Amazonas. Trata-se de um moderno

sistema de vigilância, em que radares aéreos e

terrestres, redes de comunicações, sensores

centros de processamento nos proporcionarão

as capacidades para vigiar adequadamente nos-

sas fronteiras.

Estamos, portanto, vendo encerrar-se um

ano em que os integrantes do CMA sentem a re-

compensa do dever cumprido. Junto à laborio-

sa, gentil e hospitaleira população dessa região

mágica, onde o exercício da profissão militar

adquire um sabor muito especial, dedicamos

nosso mais forte e expressivo sentido brado de

“Selva!”, desejando a todos um Feliz Natal e que

o ano de 2014 seja ainda mais proveitoso e feliz

para todos.

A cada dia renovaremos nossos compro-

missos pela frase escrita na entrada de todas as

nossas quarteis. “Árdua é....

A Selva nos Une! Tudo pela Amazônia

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Mercado de Porto Velho consome carne do réptil

Reserva doCuniã abate jacaré

REPORTAGEm: Enoque Gonçalves com a colaboração de Leandro Prazeres F0TOS: Divulgação EMATER-RO

Em Rondônia os moradores da Reserva Extrati-vista do Lago do Cuniã, orientados pela Associação de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater--RO), se organizaram em uma cooperativa e obti-veram a licença para abater Jacaré-Açu e comercia-lizar a carne no mercado local.

A autorização de captura e abate foi dada pelo Ibama à Coopcuniã (Cooperativa de Pescadores Extrativistas e Agricultores do Lago do Cuniã).

A população tradicional moradora às margens do lago vinha reivindicando o direito de manejar a espécie há mais de 10 anos, porque o jacaré se reproduz muito rapidamente, e como ele não tem predador natural, se estabeleceu uma super popu-lação de jacarés no lago.

O excesso de jacarés no lago do Cuniã vinha provocando acidentes, tendo estes, inclusive, ma-tado uma criança e mutilado um adulto, além de concorrer com os pescadores pelos peixes mais nobres, muito cobiçados para o comércio.

Manejo

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A licença de abate faz parte de um projeto amplo, que inclui a coleta de produtos florestais não madeireiros e o plano de manejo do jacaré. Pela licença, só é permitido o abate de machos com tamanho mínimo de 1,80 m e má-ximo de 3 m, com obrigação de aproveitamento da car-ne e da pele. Para atender às exigências, a cooperativa conseguiu apoio do Governo do Estado, para incluir nas compensações ambientais pela construção da Usina de Santo Antonio, a construção da planta frigorífica, item fundamental para execução do plano de manejo.

A cooperativa fez um acordo com um supermercado de Porto Velho, para a comercialização da carne, que é vendida em pacotes embalados a vácuo, com pesos de meio e um quilo. O gerente do supermercado diz que a demanda pela carne de jacaré é grande e que não é um modismo passageiro, movido pela novidade, até porque contando com o período experimental já são 3 anos que a carne de jacaré é vendida por eles.

Para o secretário da EMATER-RO, engenheiro agrôno-mo, Luiz Gomes Furtado, este é um projeto especial pela relevância social, porque dá sustentabilidade econômica e segurança para as famílias e permite o equilíbrio do meio ambiente, através do manejo das espécies, inclusive porque facilitou uma pausa na pesca do pirarucu.

» Transporte de jacaré capturado ainda vivo até o frigorífico

» Couro do jacaré é comercializado no mercado nacional

» Tratamento do réptil tem que ser cuidadoso em função dos riscos

» Carne é preparada dentro dos padrões sanitários para consumo humano em Porto velho

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destaque Nacional 2013

Pesquisa Ibope/CNI aponta omar aziz como governador de maior aprovação no Brasil em 2013, com 84%.

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106 | DEZEMBRO 2013 / JANEIRO/FEVEREIRO 2014 – Floresta Brasil Amazônia

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A mISSãO DO vII COmAREm 1º de março de 1983, nascia o Sétimo Comando Aéreo Regional (VII CO-

MAR). Coube ao caçula dos Comandos Regionais de Área da FAB a atuação nos

Estados do Amazonas, Roraima, Rondônia e Acre, uma área correspondente a

25,7% do território nacional.

Com a missão de coordenar, controlar e executar, no que couber, as ativida-

des administrativas e logísticas necessárias ao funcionamento das Organizações

Militares subordinadas, ou eventualmente aqui desdobradas; realizar as ações

de segurança interna de sua competência; e exercer a representação do Coman-

dante da Aeronáutica e o Comando Territorial da área sob sua jurisdição, o VII

COMAR, há quase trinta e um anos, vem prestando o já histórico apoio da FAB

às comunidades da Amazônia Ocidental, propiciando a defesa, a integração e o

desenvolvimento desta importante e sensível região do nosso País.

Neste contexto, este Comando vem apoiando, seguidamente, as Forças Ar-

madas coirmãs, os Governos Estaduais e Municipais e vários outros órgãos, como

os Ministérios da Saúde, da Educação, da Justiça, a Polícia Federal, a FUNASA, a

FUNAI, a Justiça Eleitoral, as Polícias Militares, dentre outros, dando continuida-

de à obra daqueles que nos antecederam.

Seja transportando gêneros alimentícios, suprimento, munição, combustível,

materiais de construção, medicamentos, vacinas, urnas eleitorais ou provas do

ENEM; seja transportando tropas, médicos e dentistas em atendimentos nas ca-

lamidades; ou ainda nas evacuações aeromédicas de pacientes graves, as asas

da Força Aérea, por meio do VII COMAR, são mensageiras de solidariedade e de

esperança para uma grande parte dos amazônidas, caboclos, indígenas ou ribeiri-

nhos, nas localidades mais distantes e isoladas.

A visão estratégica do, então, Ministério da Aeronáutica, criando, em 1983,

o VII COMAR e, um ano depois, as Bases Aéreas de Boa Vista e de Porto Velho,

acertadamente carreou esforços no sentido de perenizar, ainda mais, a presença

da FAB na Amazônia legal brasileira, fonte de constantes interesses internacio-

nais. Mais recentemente, com as diretrizes elencadas na Estratégia Nacional de

Defesa, que priorizam as atenções para esta região, várias e grandes operações

militares conjuntas têm sido desencadeadas aqui.

Com o estabelecimento de novas Unidades Aéreas de Caça e de Ataque na

área, que vieram se juntar aos demais Esquadrões de Transporte e de helicóp-

teros aqui já instalados, aliou-se o “braço armado” da Força Aérea que emprega

modernas aeronaves armadas na manutenção da soberania do espaço aéreo e no

combate aos ilícitos transnacionais, à já histórica “mão solidária” da Aeronáutica,

presente na Amazônia há algumas décadas. Utilizando-se de características ine-

rentes ao Poder Aeroespacial, os nossos meios aéreos podem atuar, rapidamen-

te, onde quer que seja necessário e oportuno, para defender ou atacar, apoiar

ou socorrer.

Hoje, na área de jurisdição do VII COMAR, atuam dezenove Organizações Mi-

litares e Unidades Aéreas sediadas em Manaus, Boa Vista e Porto Velho, além dos

três Destacamentos de São Gabriel da Cachoeira, Eirunepé e Vilhena e de cinco

Postos de Combustível e Lubrificante (PCL) estrategicamente distribuídos em lo-

cais do interior, para o apoio logístico às nossas aeronaves. São oito diferentes

tipos de aeronaves baseadas na região e quase 6.000 homens e mulheres que,

com desprendimento e denodo, trabalham, incansavelmente, para manter, inte-

grar e desenvolver a herança deixada por Pedro Teixeira, explorador, sertanista

e militar português, na sua árdua conquista da Amazônia brasileira, em meados

do século XVII.

Marco antonio carballo perezMajor Brigadeiro do Ar , Comandante do VII COMAR

artigo

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108 | DEZEMBRO 2013 / JANEIRO/FEVEREIRO 2014 – Floresta Brasil Amazônia

Brasil faz opção por caça sueco, Embraer é a grande beneficiada pela transferência de tecnologia da nova aeronave de combate

Adeus mirage, bem-vindo GripenTExTOS: Divulgação e do Tenente Coronel Breviglieri, comandante do 1º GDA F0TOS: Divulgação

caças da FaB

A compra de 36 caças suecos Gripen NG para o projeto FX-2 da Força Aérea Brasileira marca o fim de uma era e iní-cio de outra. Sai de cena o Mirage F-2000, que até agora era responsável pelas missões de defesa aérea nacional, ope-rando inclusive na Amazônia. A era que agora finda teve início em 1972, com a aquisição das aeronaves Mirage III.

A empresa sueca Saab será a fornecedora dos 36 no-vos caças que renovarão a frota da Força Aérea Brasileira (FAB), em um investimento estimado em U$ 4,5 bilhões de dólares. Depois de anos de adiamento e especulações so-bre a concorrência, que também era disputada pela fran-cesa Dassault (Rafale) e a norte-americana Boeing (F-18), os caças suecos Gripen NG substituirão os Mirage 2000.

O Gripen NG foi apontado como o mais barato dos três concorrentes. Segundo informações no site da Saab, o Gripen NG, na configuração de Patrulha Aérea de Com-bate, alcança um raio de combate de 1.300 quilômetros e tem um alcance máximo de 4.000 quilômetros.

PRImEIROS CAçAS

A FAB prevê receber os primeiros caças 48 meses após a assinatura do contrato, que deve ocorrer em de-zembro de 2014 e cerca de 12 caças por ano após o início das entregas, segundo o Ministério da Defesa.

A Embraer será a principal parceira da empresa sueca no Brasil para a transferência de tecnologia. Segundo a FAB, da frota atual, os Mirage 2000-C têm sua desativa-ção prevista para 2013, os F-5EM deixarão de operar a partir de 2025, enquanto que o A-1M deverá ser desati-vado a partir de 2023.

A história do Primeiro Grupo de Defesa Aérea (1º GDA), Unidade que opera as aeronaves Mirage 2000, tem sua origem bem antes da sua própria criação. Com a transferência da capital federal para Brasília em 1960, houve a necessidade de repensar sobre a proteção do centro político do Brasil. Nesse processo, ao idealizar a integração do controle do espaço aéreo e da Defesa Aé-rea, foi criada a 1ª Ala de Defesa Aérea em 1972, sediada em Anápolis e dotada com as aeronaves Mirage III.

Em 1979, a 1ª Ala de Defesa Aérea seria dissociada e cederia lugar para a Base Aérea de Anápolis (BAAN) e para o 1º Grupo de Defesa Aérea (1º GDA). Enquanto este continuava de prontidão para executar a atividade fim, a Base Aérea ficou responsável pelo apoio adminis-trativo, cenário que permanece até os dias atuais. Assim, o 1º GDA responde administrativamente à BAAN e ope-racionalmente à III Força Aérea e ao Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro.

Em cumprimento às missões designadas pela III FAE, o grupo mantém o adestramento das equipagens, bem como propicia a elevação operacional dos pilotos em vá-rios níveis. No primeiro ano, o piloto recém chegado reali-za a adaptação ao voo numa aeronave de alta performan-ce e, logo depois, continua se dedicando para conduzir missões cada vez mais complexas. Atendendo às determi-nações do COMDABRA, existe a prontidão de, pelo me-nos, uma equipe cumprindo o serviço de Alerta de Defesa Aérea. A quantidade de aeronaves e o tempo de reação para que os pilotos decolem varia de acordo com a neces-sidade do Centro de Operações de Defesa Aérea.

» mirage F-2000 sai de operação depois de prestar serviços à nação » Gripen foi o caça de combate escolhido para aparelhar a Força Aérea Brasileira

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O prefeito do município de Apuí, Admilson Nogueira, é destaque entre os prefeitos do Amazonas, pela qualidade de sua gestão voltada para o setor primário no Sul do Estado

Destaque municipal 2013

personalidade regional

1. Parceria: Foram restauradas 55 pontes e recuperados 530 quilômetros de estradas vicinais, viabilizados por meio de convênio entre a prefeitura de Apuí e o Go-verno do Estado, além da cooperação com o INCRA e parceria com a iniciativa privada.

2. Estradas: Recuperados pelo Governo do Estado do Amazonas, 190 quilômetros da AM-174, no sentido Apuí / Novo Aripuanã, mediante solicitação do prefei-to de Apuí.

3. Bacia Leiteira: A prefeitura de Apuí manteve o apoio ao laticínio, através da disponibilização de um cami-nhão equipado com tanque rodoviário para o trans-porte de leite. Com quatro tanques adquiridos, se firmou parceria com o Governo do Estado para a aqui-sição de mais 20 tanques resfriadores de leite, os quais serão distribuídos em setores estratégicos.

4. Agricultura Familiar: A prefeitura está construindo uma Unidade de Apoio à Distribuição de Alimentos da Agricultura Familiar – UADAF, que tem a finalidade de recepcionar, beneficiar e acondicionar produtos oriundos da agricultura familiar provenientes do PAA/CONAB, PREME e PNAE.

5. Turismo: Em parceria com o SEBRAE, a prefeitura mu-nicipal de Apuí está construindo o seu Plano de Orde-namento Turístico – POT, que por sua vez, subsidiará a elaboração do Plano Municipal de Turismo.

6. Piscicultura: Atualmente o município conta com uma estação de alevinagem.

7. Café: Existem no município duas agroindústrias de café, sendo uma exclusivamente privada e a outra con-ta com incentivos governamentais.

8. Gestão Ambiental: O município possui sistema mu-nicipal de meio ambiente (Secretaria, Conselho e Fun-

do), e esta a frente das articulações para a elaboração do Plano de Ordenamento Turístico – POT, Plano Mu-nicipal de Prevenção do Controle do Desmatamento de Apuí – PPCDAP, Plano Municipal de Saneamento Ambiental – PLANSAM, além do estabelecimento de parcerias e cooperação com o IDESAM, WWF, FAM, GIZ, FGV, REDE AMIGOS DA AMAZÔNIA, CEPLAC, ADS, SISTEMA SDS/AM e outros.

9. Assistência Técnica: O órgão de assistência técnica oficial atuante no município é o IDAM; A prefeitura municipal de Apuí esta articulando junto ao INCRA/MDA, MAPA e CEPLAC, com vistas de estruturar e se habilitar para assumir atividades de assistência técnica.

10. Gestão Participativa: Todos os instrumentos de ges-tão citados acima, além do PPA, LDO e LOA, foram ou estão sendo elaborados de forma participativa.

11. EXPOAP 2013: A XXVI Exposição Agropecuária do mu-nicípio de Apuí é a vitrine do agronegócio da região. A festa movimenta a economia da cidade e atrai turistas de diversos Estados. A feira teve atividades como: ex-posições de animais e produtos da agricultura familiar; provas de tambor; motojada; vaquejada; montaria em carneiros e montaria profissional em touros.

12. Mecanização Agrícola: A prefeitura municipal de Apuí tem convênios firmados com o MDA e o MAPA que objetivam disponibilizar serviços de mecanização, por meio da aquisição de cinco tratores agrícolas.

13. Infraestrutura Urbana: Serviços de asfaltamento, construção de meio fio e sarjeta, e ampliação do siste-ma de abastecimento de água executados com recur-sos do Governo do Estado em parceria/convênio com a prefeitura de Apuí.

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ExTEnSãO RuRAl COlhE RESulTADOS POSITIvOS nO AmAzOnAS Em 2013

Produzir com sustentabilidade, política de trabalho incentivada pelo governo

do Estado por meio do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal

Sustentável do Amazonas (Idam), vinculado a Secretaria de Estado da Produção

Rural (Sepror) vem contribuindo para o fortalecimento das atividades agrope-

cuárias, pesqueiras, florestais e agroindustriais, oportunizando aos agricultores

familiares o acesso às políticas públicas voltadas para o setor rural.

E com o Programa Amazonas Rural foi possível avançar nas ações de fomen-

to e apoio a produção, assistência técnica, defesa animal e vegetal, crédito rural,

transporte e escoamento, como também, a comercialização da produção e as

políticas fiscais e extrafiscais.

Para a safra 2013/2014 foram disponibilizados aproximadamente R$ 300 mi-

lhões em recursos financeiros para crédito rural, por meio do Banco do Brasil,

Banco da Amazônia e Agência de Fomento do Estado (Afeam). Até o momento

já foram elaborados, pelo Idam, cerca de 4.500 projetos, totalizando um valor de

R$ 120.000,00 milhões.

No que compete às ações de incentivo que visam o acesso ao Programa Na-

cional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), Programa de Aquisição

de Alimentos (PAA), Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e Progra-

ma de Regionalização da Merenda Escolar (Preme), neste ano o Idam expediu 7,8

mil Declarações de Aptidão ao Pronaf (DAP) e 12 mil Carteiras de Produtor Rural,

contabilizando um total aproximado de 62,2 mil DAP’s e 64,8 mil carteiras. No pe-

ríodo destaca-se também, o registro de 4.381 agricultores familiares no Cadastro

Ambiental Rural (CAR) totalizando 7.251 cadastros.

Os cultivos de mandioca, culturas industriais, fruticultura, hortaliças e grãos

foram os destaques na produção agrícola em 2013. Com uma área plantada de

84.354 hectares a produção de farinha de mandioca é uma das principais ativida-

des econômicas desenvolvidas por agricultores que recebem assistência técnica

das equipes de extensionistas das 67 Unidades Locais, onde a produção estimada

da safra 2013/2014 é de 220 mil toneladas.

O mês de novembro foi considerado memorável para o ramo da pecuária

no Amazonas, sendo reconhecido como status “médio risco” de febre aftosa. O

novo status representa um avanço no setor que assegura a qualidade alimentar e

nutricional da população, além de evitar prejuízos econômicos para os pequenos

e médios produtores. O número de animais bovinos e bubalinos registrados pelo

Idam em 2013 foi de 1.567.464, e de ovinos, suínos e caprinos foi de 150.632.

A avicultura também tem sido uma atividade alternativa para as famílias ru-

rais, principalmente, pelo baixo custo que ela proporciona, e os técnicos do Idam

trabalharam no sentido de orientar os agricultores sobre a melhoria nas instala-

ções, manejo e sanidade dos animais com um único objetivo de aumentar a pro-

dução e, consequentemente, a renda dos criadores. O número de aves cultivadas

no Estado, hoje, alcança exatamente um total de 3.487.902, sendo dividida em

avicultura industrial e caipira.

Além disso, a piscicultura também recebeu forte apoio do Governo do Ama-

zonas. A produção total de pescado foi de 21.220 toneladas, sendo que 98% se

refere à produção do tambaqui e o restante se distribui entre as espécies de ma-

trinxã, pirapitinga, surubim e curimatã. Atualmente o Estado dispõe de 81 mil

pescadores sobrevivendo diretamente da pesca.

No setor florestal é possível destacar o apoio às cadeias produtivas madei-

reiras, não madeireiras e de animais silvestres.Um dos focos este ano foi o incen-

Edimar VizolliDiretor Presidente do IDAM

artigo

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tivo a regularização ambiental com a elaboração de Planos de Manejo Florestal

Sustentável em Pequena Escala (PMFSPE), onde a área manejada foi de 51.274

hectares com produção de 36.173 metros cúbicos de madeira extraídos de forma

legal.

Outro ponto positivo em 2013 foram os resultados da Chamada Pública SAF/

ATER nº 05/2012 fundamentado nas diretrizes do Plano Brasil Sem Miséria, que

por meio do Termo de Parceria nº. 001/2013 Idam/IA contratou 71 novos exten-

sionistas para atuar como assistentes sociais, engenheiros agrônomos, florestais

e de pesca, além de técnicos em desenvolvimento social (pedagogo, agropecuá-

ria, florestal e pesca).

Este ano, o Idam firmou 19 convênios voltados para implantação de casa de

farinha higiênica, aquisição de grupos geradores, motores rabeta, locação de

máquinas e equipamentos, entre outros. O valor do recurso foi de aproxima-

damente R$ 7,5 milhões. Também foram adquiridos 10 tratores agrícolas com

equipamentos envolvendo um investimento total de R$2.369.540,00, além de

400 grupos geradores para atender as comunidades rurais, beneficiando 8.000

famílias.

Fechamos 2013 com 84 mil beneficiários e 2.010 comunidades rurais assisti-

das pela Instituição, onde é importante ressaltar que aproximadamente 94% são

agricultores familiares. E no que diz respeito ao aprimoramento e atualização de

técnicas e métodos o Idam capacitou 3.600 agricultores familiares/produtores

rurais e 387 técnicos/extensionistas.

Os resultados só foram possíveis graças ao apoio de parceiros como o Minis-

tério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Companhia Nacional de Abastecimen-

to (Conab), Agência de Desenvolvimento Sustentável (ADS), Secretaria de Estado

do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS), Instituto de Proteção

Ambiental do Amazonas (Ipaam), Prefeituras Municipais, Federação da Agricultu-

ra e Pecuária do Amazonas (Faea) e Federação dos Trabalhadores da Agricultura

do Amazonas (Fetagri).

Agradecemos ao governador do Amazonas, Omar Aziz, vice-governador José

Melo, o secretário de Produção Rural, Eron Bezerra, aos deputados estaduais e

demais parceiros. Esperamos que em 2014, as atividades desenvolvidas pelo

Idam se fortaleçam ainda mais, e os serviços prestados sejam referência para as

famílias rurais que desejam aumentar sua produção e adotar o que há de mais

moderno quando se trata de tecnologias para o setor primário.

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114 | DEZEMBRO 2013 / JANEIRO/FEVEREIRO 2014 – Floresta Brasil Amazônia

poesia

RISONHO RIO TRISTONHOGuardo um rio dentro de mim igual ao mar que sonho nadarVolúpia imensa do teu ventre, nascente de passarinhos Guardo um mar dentro de mim igual ao rio que sonho voltarVitória régia em berço esplendido, encantamento de serpentes.Nada em mim curumim Yansã pelas caboclas chalanasnas mil choupanas de palafitas estrelas da oca Yemanjá.Nado em ti risonho rio, igual ao mar maior que tuLembro um rio cheio de promessas com botos e araras cor da manhã, capivaras e pajelanças de pacus.

Das vilas boas de Cláudio e Orlando nada em ti Curupiraaceso, germinação da floresta na imaginação da onça:seduz cunhã, pajé, embaralha até Jaci e Coaraci, Açaí com beija flores, castanhas em igarapésmiçangas e tapiocas, lendas de pirarucu.Nado em ti igual ao mar e em mim dentro do rioque geme pelo Xingú nos cantos da taba ardenteE do Oiapoque ao Chuí foge a sádica escravidão resistindo ao grileiro, barbeiro, posseiro, varíolafebre amarela, rubéola e tiros de carabina.

Meus olhos farejam aflitos caçadores e feras brancasQue por febril ignorância e sórdidas empreitadasAfrontam tuas belas margens e em desmedida ganânciadestroem paisagens, famílias, ofendem entidadesPervertem o altar da vida em toda a sua exuberância.

Eleonora Prado, poeta e atriz

da AmazôniaDiretamente de Carauari para a sua mesa

Açaí Tupã é mais sabor, energia e qualidade.A mais pura polpa de açaí pronta para o consumo

em sachês de 1kilo ou em garrafas de 1litro.

O melhor

weg

a

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da AmazôniaDiretamente de Carauari para a sua mesa

Açaí Tupã é mais sabor, energia e qualidade.A mais pura polpa de açaí pronta para o consumo

em sachês de 1kilo ou em garrafas de 1litro.

O melhor

weg

a

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