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frutas, legumes e flores | Março 2019 Fotos: REFRAME 80 EGomo e Biogomo são marcas próprias da organização de produtores que terão como destino não apenas o mercado interno, mas também o externo, nomeadamente os países da Europa Central, que se apresentam como prioritários. Ana Gomes Oliveira A Frusoal, organização de produtores líder na produção de citrinos em Portugal, lançou em Berlim, no âmbito da Fruit Logistica, as suas marcas próprias para os Citrinos do Algarve. A Gomo é a marca destinada aos citrinos de categoria supe- rior Premium, enquanto a Biogomo irá comercializar laranjas produzidas em modo biológico. Com o foco na internacionalização, pretende-se que as duas marcas reforcem as exportações da Frusoal, que actualmente vende 25% dos seus produtos ao mercado externo, nomea- damente Espanha, França, Alemanha, Reino Unido, Suíça e Polónia, estando também a desbravar novas geografias como Noruega e Suécia. «Estamos presentes em mercados próximos do Centro da Eu- ropa, o que, dada a sua proximidade, nos permite trabalhar com frutas mais maduras e, por isso, com mais sabor», desta- ca Pedro Madeira, sócio-gerente da Frusoal. A aposta nos citrinos biológicos, cuja área de produção está a ser alar- gada, é também uma das prio- ridades da Frusoal para ir ao encontro das tendências de consumo. «É uma nova etapa. Temos algumas quintas que têm a possibilidade de derivar para o biológico e é isso que FRUSOAL LANÇA MARCA DE LARANJA BIOLÓGICA

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EGomo e Biogomo são marcas próprias da organização de produtores que terão como destino não apenas o mercado interno, mas também o externo, nomeadamente os países

da Europa Central, que se apresentam como prioritários. Ana Gomes Oliveira

A Frusoal, organização de produtores líder na produção de citrinos em Portugal, lançou em Berlim, no âmbito da Fruit Logistica, as suas marcas próprias para os Citrinos do Algarve. A Gomo é a marca destinada aos citrinos de categoria supe-rior Premium, enquanto a Biogomo irá comercializar laranjas produzidas em modo biológico.Com o foco na internacionalização, pretende-se que as duas marcas reforcem as exportações da Frusoal, que actualmente vende 25% dos seus produtos ao mercado externo, nomea-damente Espanha, França, Alemanha, Reino Unido, Suíça e Polónia, estando também a desbravar novas geografias como Noruega e Suécia.«Estamos presentes em mercados próximos do Centro da Eu-

ropa, o que, dada a sua proximidade, nos permite trabalhar com frutas mais maduras e, por isso, com mais sabor», desta-ca Pedro Madeira, sócio-gerente da Frusoal. A aposta nos citrinos biológicos, cuja área de produção está a ser alar-gada, é também uma das prio-ridades da Frusoal para ir ao encontro das tendências de consumo.«É uma nova etapa. Temos algumas quintas que têm a possibilidade de derivar para o biológico e é isso que

FrusoAl lAnçA mArcA de lArAnjA biológicA

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estamos a fazer para tentar apanhar esta onda e tentarmos alguma mais-valia com a nossa fruta», explica-nos Pedro Ma-deira. Para já a produção em modo biológico abrange uma área de 20 hectares, com zonas ainda em fase de conversão, mas a ideia é aumentar. «Não é uma tarefa fácil porque o Algarve tem parcelas relativamente pequenas e juntas, mas estamos a procurar. Queremos crescer neste sector, apesar de sabermos que nunca irá acompanhar a produção convencional, onde também há um incremento. Enfim, queremos que seja um projecto com alguma expressão. Se não conseguirmos fazer grandes coisas no mercado externo, que se consiga no mer-cado nacional. Hoje, quando dizemos que temos biológico, o cliente quer, nomeadamente em Espanha e França, com quem já trabalhamos». Para já a Biogomo inclui as laranjas do Algarve, mas a Frusoal vai avançar com a produção de outras variedades em modo biológico no sentido de alargar a gama. «Queremos fazer com o limão, que é muito solicitado em bio porque se utiliza muita casca, noutra variedade de laranja e também com cle-mentina. Isso vai possibilitar-nos alargar o período de comer-cialização. Esta laranja que estamos a começar agora faz de Novembro a Fevereiro. Precisamos a seguir de uma variedade que faça Março e Abril. Quando entramos no Verão já é mais difícil. Porque as temperaturas sobem, a mosca ataca e no

modo biológico o combate torna-se mais complicado. Portan-to, para já, vamos evitar entrar em períodos mais quentes», afirma Pedro Madeira. A Biogomo juntamente com a Gomo pretendem assim refor-çar as exportações e valorizar o sabor dos Citrinos do Algarve, nomeadamente as laranjas de calibres superiores e com classi-ficação IGP – Indicação Geográfica Protegida. Actualmente, esta associação de produtores tem em marcha um plano de internacionalização para reforçar o peso das suas vendas no exterior. «Esperamos, em 2020, alcançar um volume de negócios de 25 milhões de euros. O reforço da pre-sença nos mercados, com produtos de qualidade superior e valor acrescentado, é crucial para atingir esse objectivo», con-clui o responsável.

bVlH lança-se na cultura dos espargosA BVLH – Organic Farm, empresa portuguesa do grupo fran-cês Larrere, detém a maior área de produção de legumes bio-lógicos em Portugal, com destaque para a cenoura. Fecharam 2018 com três vezes mais produção do que em 2017 e estão empenhados em crescer ainda mais. Quem nos ga-rante é Pedro Marques, responsável comercial de exportação desta empresa. «A nossa novidade neste momento são os espargos. É um projecto que iniciámos este ano. Plantámos 12 hectares e va-

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mos fazer espargos verdes e brancos. Vamos plantar mais 20 hectares ainda em 2019 com o objectivo de chegarmos aos 50 hectares. Fomos visitados pelos maiores especialistas de espargos de França e da Alemanha e ficaram estupefactos com a qualidade dos solos. Ou seja, há boas perspectivas de termos mais um produto de excelência em biológico, que, acreditamos, vai colocar Portugal mais uma vez num bom ca-minho».Esta é uma empresa que produz em biológico desde o seu início. Vinte anos de experiência que exigiram investimentos avultados em investigação. «Mal se ouvia falar em biológico. A França ainda estava muito pouco desenvolvida nesse aspec-to e foi gasto muito dinheiro em desenvolvimento porque é preciso um conhecimento muito grande para conseguir ter produções minimamente aceitáveis». Para Pedro Marques, o biológico nunca vai substituir o con-vencional. «Actualmente, os produtos biológicos represen-tam 6% do consumo. É um número que está a subir todos os anos (na cenoura está nos 10%, é das culturas mais consumi-das em biológico), mas nunca vai passar ali dos 15%, segundo dizem os estudos», refere Pedro Marques, que relata o fenó-meno que se tem estado a passar em França. «Os agricultores perceberam que não conseguem fazer tudo em bio porque é muito arriscado e os níveis de produção são muito baixos. Sabendo que não vão conseguir dar resposta às quantidades

que o cliente quer em biológico, optaram por fazer agricul-tura convencional, mas com resíduo zero. Apresentaram isso mesmo em Berlim, em 2018, e ninguém acreditou muito na-quilo. Hoje, 3.500 agricultores em França produzem com zero resíduos. O consumidor valoriza isso e está disposto a pagar mais por alimentos mais saudáveis. Os escândalos com pesti-cidas têm sido muitos. A verdade é que isto acaba por criar alguma confusão. Então, mas afinal o que é que é biológico? Biológico não é sem resíduos. Uma coisa são produtos de sín-tese, que são usados na agricultura convencional, outra coisa é a ausência de qualquer produto de síntese, que é usado no biológico. Além disso, no modo de produção biológico há toda uma filosofia e que tem a ver com o respeito pela terra, pela biodiversidade, pelo Planeta». A massificação do bio é vista com bons olhos pela BVLH, pois entende-se que quanto mais produtos houver, mais au-mentam os hábitos de consumo, gerando um incremento na produção. «Agora, o Estado tem de envolver-se. Esse é um trabalho que não podemos fazer sozinhos», conclui o mesmo responsável.

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Hortofrutícolas campelos investe nos frescosDispostos a contornar as dificuldades senti-das nos horto-industriais, a Hortofrutícolas Campelos vai investir na produção biológica, aumentando áreas e lançando-se em novas culturas em fresco. Rui Aniceto, responsável da empresa, conta à nossa revista que intro-duziram as abóboras, couves e produção de semente biológica. Na cenoura e no alho, vão ser aumentadas as áreas. «Teremos assim a hipótese de trabalharmos em duas frentes: o mercado do fresco e o da transformação». Mas as dificuldades existem. «Um dos proble-mas é que as pessoas já querem comprar o biológico ao preço do convencional e o risco é completamente diferente, assim como o cus-to». Por outro lado, Rui Aniceto alerta para a existência de duas Europas bem distintas, a do Norte e a do Sul. «Os produtos não têm nada a ver e as directivas da comunidade eu-ropeia de agroquímicos são todas iguais. No biológico ainda é pior. No ano passado perdemos muita pro-dução porque choveu durante uma semana numa fase em que a planta estava mais sensível aos míldios… temos o cobre

para atacar, não temos muito mais». Além disso, Rui Aniceto critica o facto de haver produtos resíduo zero a aparecer no mercado como biológicos.

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Vitacress quer triplicar área de produção biológica em três anosA produção biológica é um dos eixos de desenvolvimento mais importantes da Vitacress. A aposta neste modo de pro-dução tem sido clara por parte da empresa que pertence ao grupo RAR e tem sede em Odemira, no sudoeste Alentejano. Isso mesmo se reflecte nos resultados de 2018. No ano pas-sado, este tipo de cultura representou 10% da área total de produção da marca, mas o objectivo é triplicar este valor nos próximos três anos. Por essa razão, a Vitacress aproveitou a sua presença na Fruit Logistica para divulgar os seus produtos biológicos, de que são exemplo as ervas aromáticas em vaso: manjericão, tomilho, salsa, coentros, cebolinho e hortelã. Não só os mostrou, como os deu a provar aos visitantes, através da realização de showcookings que mereceram a curiosidade dos consumidores. Durante o evento, a Vitacress divulgou ainda os seus produtos mais recentes: a Salada Must (que destaca a folha de mostarda); Salada da Terra (que acrescenta folhas de acelga); a Salada Formosa (que introduziu a salicórnia da Ria Formosa); as Super Sopas (uma oferta diferenciada e fun-cional no sector); e as embalagens individuais de salicórnia. «Estamos cada vez mais fortes na cadeia dos biológicos. Es-tamos com taxas de crescimento de 20, 30% e só não temos

mais porque é um processo muito complicado, muito exigen-te, o da conversão das terras convencionais em biológicas», faz saber Luís Mesquita Dias, director-geral da Vitacress.

› Luís Mesquita Dias, da Vitacress, na Fruit Logistica

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cersul quer rentabilizar explorações agrícolas no Alentejo A Cersul- Agrupamento de Produtores de Cereais do Sul tem apostado em trigo, cevada e aveia biológicos no Alentejo, muito procurados e melhor remunerados pela indústria de pão e massas alimentares. «Buscamos alternativas à agricultura convencional para con-seguir melhores preços e os cereais biológicos podem ser uma via. Apesar de estimarmos uma diminuição de 20% no volume de colheita face ao convencional, o valor pago pela indústria de panificação pelos cereais biológicos pode ser 50% superior», explica Alfonso Cerezo, agricultor associado da Cersul que acolheu um ensaio de cereais biológicos na sua

IDAnhA MOstrA AO MunDO A DIVErsIDADE DO sECtOr BIOLóGICO

Idanha-a-Nova é a primeira Bio Região portuguesa e

esteve pelo quinto ano presente na maior feira internacio-

nal do sector biológico – a Biofach, que decorreu na

Alemanha entre os dias 13 e 16 de Fevereiro. Armindo

Jacinto, presidente da Câmara de Idanha e um dos impul-

sionadores do desenvolvimento do modo de produção

biológico na região, não tem dúvidas no sucesso deste

mercado e no potencial que as empresas portuguesas

têm para se tornarem mais competitivas. Isso mesmo quis

mostrar ao Mundo, integrando a comitiva portuguesa

que se deslocou a Nuremberga para dar a conhecer o que

melhor se produz em Portugal no sector dos biológicos.

Apesar de estar com empresas da região, o autarca fez

questão de levar consigo «Portugal inteiro, desde Lisboa,

Aveiro, Santarém, Leiria, Famalicão, entre outros destinos

de produção agroalimentar, num espírito de cooperação

que permitiu mostrar ao mundo a força e diversidade do

sector biológico no nosso país, que está em grande expan-

são», declarou. O balanço feito pelo presidente é positivo,

considerando que a participação neste tipo de eventos

permitiu abrir portas aos empresários, que ficaram tam-

bém a par das novidades do mercado.

exploração em Elvas. A crescente procura da indústria alimentar por cereais de qualidade para elaborar farinhas, massas e outros produtos com valor acrescentado motivou a Cersul a instalar um campo de ensaio de 5 hectares de cereais de Outono-Inverno (trigo mole, trigo duro, cevada e aveia), em Outubro de 2017, para testar sementes e técnicas em Modo de Produção Biológico (MPB). Luís Bulhão Martins, administrador da Cersul, diz que «o ob-jetivo é colocar a produção agrícola dos seus associados em segmentos de mercado melhor remunerados e tudo faremos para que os nossos cereais sejam cada vez mais produtos de valor acrescentado e menos commodities».

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TUDO COMEÇA COM UM BOM FERTILIZANTE

bioé claro