Revista Leal Moreira nº 35
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nº 3
5Leal M
oreira
ano 9 número 35ano 9 número 35 www.revistalealmoreira.com.brwww.revistalealmoreira.com.br
O crítico musical mais infl uente doO crítico musical mais infl uente doBrasil fala sobre o cenárioBrasil fala sobre o cenário
nacional e o bom momento paraensenacional e o bom momento paraense
Nelson MottaNelson Motta
Letícia IsnardLetícia IsnardFerran AdriáFerran Adriá
Zenaldo e Belém 400 anos Zenaldo e Belém 400 anos
Leal Moreira, amor e arte.
HOJE
NORTE
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índice
dicas pg 16Anderson Araújo pg 30Celso Eluan pg 55especial sapatos pg 58tech pg 68em OFF pg 94horas vagas pg 100confraria pg 112Felipe Cordeiro pg 114especial agenda LM pg 116Arthur Dapieve pg 128destino pg 132enquanto isso pg 142vinhos pg 152decor pg 154falando nisso pg 160especial - CasaCor Para pg 162institucional pg 172Nara Oliveira pg 186
capaNelson Motta, por Darian Dornelles
ca
pa
FERRAN ADRIÁAlquimista, empreendedor, gênio. Ferran Adriá, o chef que foi considerado o melhor do mundo por cinco vezes, fala de seu período sabático e dos planos para o futuro.
Perfi l
Letíc
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Na primeira de uma série de entrevistas especiais, o pre-feito eleito, Zenaldo Coutinho, divide seus planos de gestão para a capital paraense, às vésperas de seus quatro sécu-los de existência.
Belé
m|
40
0 a
no
s
O amor e a internet não são mais os mesmos e ainda assim se complemen-tam e podem resultar em belas histórias de amor.
comportamento
galeria
De Kafka às cervejas mais famosas do mundo. Entenda os motivos que tornam Praga um destino obrigatório e culturalmente imperdível.
destino
NELSON MOTTAO mais infl uente crítico musical do país foi partícipe e obser-vador dos mais importantes movimentos musicais no globo nas últimas cinco décadas. Motta anda caído de amorespela cena paraense.
A atriz, que recentemente deu um show de atuação na nove-la “Avenida Brasil” na pele da infantil Ivana, em uma entrevista surpreendente. Conheça a cientista social que arranca elogios quando o assunto é atuar.
Dilermando Cabral e suas inesquecíveis [e inesperadas] camadas de cor
A Revista Leal Moreira 35 traz conteúdo exclusivo nas matérias sinalizadas com QR code.
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Segurança e lazer em perfeita harmonia.
Artes meramente ilustrativas que poderão ser alteradas sem prévio aviso, conforme exigências legais e de aprovação. Os materiais e os acabamentos integrantes estarão devidamente descritos nos documentos de formalização de compra e venda das unidades. Plantas e perspectivas ilustrativas com sugestões de decoração. Medidas internas de face a face das paredes. Os móveis, assim como alguns materiais de acabamento representados nas plantas, não fazem parte integrante do contrato. Registro de Incorporação: Protocolo nº 208.842 Matrícula (RI): 17.555 Livro: 2-k.o. (RG) em 01/11/2012.
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Caro leitor,
Chegamos ao fi nal de mais um ano e, ao olhar para trás, percebemos que temos muito a co-
memorar. A Leal Moreira vive um momento especial, de retomada de valores, de sua própria
reinvenção. Celebramos a conquista de mais um prêmio “Top de Marketing” que confi rmou: a
Leal Moreira é a empresa, em seu segmento, mais querida e lembrada pelos paraenses – o
que muito nos orgulha e nos motiva a trabalhar sempre para ser os melhores no que fazemos.
Em relação à Revista Leal Moreira, nossa tiragem aumentou para 15.000 exemplares e
transformamos cada edição em um recorde comercial. No ano vindouro, teremos mais moti-
vos para festejar: a publicação completará dez anos de existência.
Portanto, este número 35 da Revista Leal Moreira já chega às suas mãos com um certo
gosto de novidade – convidamos o prefeito eleito, Zenaldo Coutinho, a abrir uma série de en-
trevistas especiais sobre os 400 anos de Belém. Até 2016, quando a cidade será uma senho-
ra quatrocentona, nosso objetivo é ouvir personalidades que possam falar sobre ideias para
devolver o viço à capital paraense, ao mesmo tempo em que a equipe que faz a Revista Leal
Moreira também vai colaborar com sugestões. Esperamos que, até lá, o amor à Santa Maria
de Belém do Grão Pará seja renovado e incontestável.
O jornalista e crítico musical Arthur Dapieve volta às nossas páginas e, em sua reestreia, fala
de cinema. Outra estreia é a do músico Felipe Cordeiro, que também passará a escrever uma
coluna sobre música.
Quem também fala sobre música, nesta edição, é o multifacetado Nelson Motta_ produtor,
escritor, crítico, entre tantas outras ocupações_ que comenta sobre o cenário musical paraen-
se. Já a atriz Letícia Isnard, que deu vida à Ivana, na novela “Avenida Brasil”, vai surpreender
você. Falando em surpresas, o chef Ferran Adriá, eleito por cinco vezes o melhor do mundo,
revela as impressões do Pará, seus planos durante um período sabático e os segredos de
uma receita exclusiva do ElBulli. Um presente aos nossos leitores.
Outra novidade em nossas páginas é a seção “Em OFF” – profi ssionais revelam seus hobbies
e, nesta estreia, o arquiteto paraense Joaquim Meira promete encantar a todos.
A revista 35 – a última de 2012 – está repleta de assuntos interessantíssimos. Confi ra cada
uma delas nas páginas a seguir. E não esqueça: as matérias sinalizadas com códigos QR têm
material exclusivo no site www.revistalealmoreira.com.br
Um feliz ano novo a todos. Que tenhamos o olhar voltado para o futuro, em busca de novos
horizontes e conquistas cada vez maiores.
Um grande abraço e boa leitura.
André Moreira
Criação Madre Comunicadores AssociadosCoordenação Door Comunicação, Produção e EventosRealização Publicarte EditoraDiretor editorial André Leal MoreiraDiretor geral Juan Diego CorreaDiretor de criação e projeto gráfi co André LoretoGerente de conteúdo Lorena FilgueirasEditora-chefe Lorena FilgueirasProdução editorial Camila BarbalhoFotografi a Dudu MarojaReportagem: Alan Bordallo, Camila Barbalho, David Salvador Ibarz, Dayse Freitas, Leila Loureiro, Leonardo Aquino, Lucas Ohana, Thiago Freitas, Tyara De La-Rocque. Colunistas Anderson Araújo, Arthur Dapieve, Celso Eluan, Felipe Cordeiro, Nara Oliveira e Raul ParizottoAssessoria de imprensa Lucas OhanaConteúdo multimídia: Max AndreoneRevisão Marília Moraes e André MeloGráfi ca Santa MartaTiragem 15 mil exemplares
Comercial Gerente comercial Daniela Bragança • (91) 8128.6837Contato comercialThiago Vieira • (91) 8148.9671Adriane Campos • (91) [email protected]
FinanceiroContato (91) [email protected]
Fale conosco: (91) 3321-6864 [email protected]@lealmoreira.com.brwww.revistalealmoreira.com.brfacebook.com/revistalealmoreira
Revista Leal Moreira é uma publicação trimestral da Publicarte Editora para a Construtora Leal Moreira. Os textos assinados são de responsabilidade dos autores e não refl etem, necessariamen-te, a opinião da revista. É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos e ilustrações, por qualquer meio, sem autorização.
Tiragem e distribuição auditadas por
João Balbi, 167. Belém - Paráf: [91] 4005-6800
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Construtora Leal MoreiraDiretor Presidente: Carlos MoreiraDiretor Financeiro: João Carlos Leal Moreira Diretor de Novos Negócios: Maurício MoreiraDiretor de Marketing: André Leal MoreiraDiretor Executivo: Paulo Fernando MachadoDiretor Técnico: José Antonio Rei MoreiraGerente Financeiro: Dayse Ana Batista SantosGerente de RH: Waldemarina NormandoGerente de Relacionamento: Alethea Assis
Revista Leal Moreira
editorial
expediente
Conheça um pouco mais sobre a construtora acessando o site www.lealmoreira.com.br. Nele, você fi ca sabendo de todos os empreendimentos em andamento, novos projetos e ainda pode fazer simulações de compras.
Escreva para: [email protected] João Balbi, 167 • Nazaré • Belém/PA - Brasilcep: 66055-280
Redes sociais:Siga: twitter.com/lealmoreiraCurta: facebook.com/lealmoreira
Atendimento:A Leal Moreira dispõe de atendimento de segunda a sexta-feira, das 8h às 12 h e das 14h às 18:30h
On-line:
Telefone:++55 91 4005 6800
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Belém
Xico do BacalhauPara quem aprecia as tradições portuguesas, o Xico do Bacalhau é um lugar especial na cidade.
Especialista em artigos lusitanos, a loja apresenta um conceito diferenciado: os clientes degustam à
vontade os produtos antes da venda. Além do bacalhau, alheira de Mirandela, chouriços em vinha
d’Alhos, leitão assado à moda da Bairrada, presunto ibérico e azeites são algumas das iguarias
encontradas no espaço. Bem localizado, o espaço ainda oferece degustação diária de bolinhos de
bacalhau, que podem ser acompanhados por um bom vinho do Porto – também apreciado gratuita-
mente. Ideal para comprar os itens da ceia de fi m de ano.
Trav. Dom Romualdo de Seixas, esquina com a Domingos Marreiros - Ed. Connext, loja 06 – Umarizal • 91 3223.0908
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Le Monde Restô
Boteco Modesto
Aliando gastronomia contemporânea com um leve toque regional, o Le Monde Restô é uma boa
pedida para gourmets em geral. Inaugurado no mês passado, o lugar é simples, bem localizado e
aconchegante. Elegantemente decorado, o espaço alia o charme minimalista a bons serviços de
atendimento. A cozinha é assinada pelo experiente chef Ronaldo Baez. É aconselhável fazer reserva
com antecedência: as mesas são concorridíssimas. Recomendamos escolher do cardápio o risoto de
frutos do mar ao aroma de paella.
Dos mesmos donos do Baronesa, Cortiço e Maricotinha, o Boteco Modesto é uma das boas novida-
des deste fi nal de ano. O espaço, recém-naugurado, vem ganhando destaque entre os frequentado-
res da boemia em Belém. Localizado em um dos pontos mais agitados da cidade, o lugar chama a
atenção pelo charmoso visual inspirado pela década de 20 – perceptível no envidraçado e no toldo
retrô. A decoração é sofi sticada e com leve ar saudosista, reforçado pela iluminação intimista. Nos
fi ns de semana, há apresentações de música ao vivo – que variam entre pequenos shows acústicos
para embalar o jantar e bandas de repertório dançante para depois da meia-noite.
Trav. Benjamin Constant, 1313. Entre Av. Braz de Aguiar e Av. Nazaré • 91 3222.8065
Trav. Almirante Wandenkolk, esquina com Av. Senador Lemos – Umarizal • 91 8171.2259
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AquavitCozinha em movimento. Assim se defi ne
o restaurante Aquavit. Idealizado pelo chef
dinamarquês Simon Lau (dos pratos ao
projeto arquitetônico), o lugar se especia-
lizou na gastronomia nórdica – porém feita
apenas com matéria-prima brasileira, fres-
ca e da estação, proporcionando misturas
sempre surpreendentes. Não há cardápio
fi xo: a cada seis semanas, um menu com-
pletamente novo é apresentado aos clientes,
composto de cinco pratos e cinco taças de
vinho previamente harmonizadas. O concei-
to, embasado no equilíbrio entre a cozinha
contemporânea europeia e os produtos típi-
cos do cerrado, rendeu ao Aquavit um lugar
no seletíssimo rol de restaurantes que osten-
tam três estrelas no Guia Brasil. Para com-
pletar, a espetacular vista para o Plano Pilo-
to, o Lago Paranoá, o Palácio da Alvorada e
a reserva ecológica do Parque Dom Bosco
tornam a experiência, no mínimo, especial.
Brasil
Inspirado na fi losofi a iogue, o místico restaurante Chakras é um verdadeiro trans-
porte para a transcendental Índia. O lugar é rico em cores, luzes e ambientes
luxuosos, estimulando o aspecto sensorial antes mesmo de se provar a primeira
refeição. A gastronomia é contemporânea – com enfoque, naturalmente, na cu-
linária asiática. Destaque para o espaço La Suíte, o primeiro Dorming Restaurant
da América Latina: no lugar das mesas, suntuosas camas abrigam o jantar. O
ambiente inteiro pode ser reservado para festas particulares. Se não for o caso,
vale a pena reservar uma cama e pedir um menu degustação, assinado pelo chef
Nilson Castro. Ocasionalmente, ainda há performances e música típica – tudo
para vivenciar o clima de nobreza indiana. Recomendamos experimentar o fricassê
de lagosta com cuscuz marroquino, harmonizado com um vinho selecionado es-
pecialmente pelo sommelier exclusivo da casa.
Chakras
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mundo
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Easy Tiger
Se você é do tipo que prefere comer no bar a
beber no restaurante, o 83 é um lugar que você
precisa conhecer. Divertido, inusitado, cheio de
cores e referências, o lugar eleva os drinks e pe-
tiscos típicos de barzinho à condição de luxo. O
fruto da parceria de dois grandes grupos mun-
diais – os designers do The Stripe Collective e os
administradores do Deliciae Hospitality – tem
todo tipo de informação visual: pop-art nas pare-
des, chão de zig-zag, uma parede de fi tas K7 e
alto-falantes esculpidos em madeira como su-
porte para o balcão são bons exemplos. Tudo
tem certo ar de homenagem à década de 80,
como o próprio nome sugere, mas sem abrir
mão da modernidade e do frescor. Do cardá-
pio, sugerimos provar a polenta assada com
presunto de Parma, mozzarella e molho pesto.
Em algum ponto equidistante entre bar e padaria, o
Easy Tiger é uma boa pedida para qualquer horário.
Localizado no centro de Austin, o lugar é especia-
lizado em pães caseiros e outros produtos de bou-
langerie, parecendo mesmo uma simples – porém
charmosa – mercearia americana. Engana-se, po-
rém, quem se deixa levar pelo exterior pacato com
toldo branco. Depois das seis da tarde, os clientes
descem as escadas e chegam ao local onde fun-
ciona o Beer Garden: um bonito jardim a céu aberto,
com mesas de ping-pong e um delicioso clima de
informalidade. O visual interno também não deixa a
desejar: planejado pela arquiteta das celebridades
Veronica Koltuniak, o Easy Tiger é arrojado e mo-
derno, com seus tons de cinza e bronze propícios
tanto para um lanche breve quanto para a boemia
das noites texanas. É muito bem recomendado o
sanduíche artesanal de salmão defumado, feito no
pão nove grãos com pepino e cream cheese.
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perfil
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loucuraAdorável
Imagine esta cena: uma atriz, da novela que
revolucionou a recente história da teledra-
maturgia brasileira, agenda entrevista por
meio de uma rede social. Não se detenha,
exercite sua imaginação e vá um pouco além:
imagine essa mesma atriz te receber pra en-
trevista, com cabelos molhados pós-banho e
te sugerir andar até o café da esquina usando
vestido e chinelos. Achou surreal? Não quando
o assunto é Letícia Isnard – o sucesso não su-
biu à cabeça que compõe um corpo com pés
tão fi ncados no chão.
Quem se depara com a linda mulher de olhos
azuis, totalmente low profi le, pode se assustar ao
constatar que é ela, sim, a mesma pessoa que
encarnou a personagem Ivana, que encantou
a todos com sua extravagância e o seu voca-
bulário infantil, na novela Avenida Brasil, febre
que parou o país, como só as fi nais de copa do
mundo justifi cam.
A ingênua irmã do protagonista Tufão [vivido
na mesma trama pelo ator Murilo Benício] não
caiu de paraquedas na bem-sucedida saga de
João Emanuel Carneiro. Letícia Isnard constrói
a sua carreira de atriz há 17 anos, carregando
um currículo admirável para quem tem apenas
38 anos.
A carioca Letícia foi bailarina clássica e con-
temporânea profi ssional, paixão que exerceu
desde os 11 anos de idade até o momento em
que, nas palavras da própria Letícia, “o cor-
po não era mais sufi ciente, eu precisava me
expressar por meio da fala”. Paralelamente à
dança, Letícia cursou dois anos da faculdade
de Direito, mas se formou Bacharel em Ciên-
cias Sociais na PUC-RJ, sendo Mestre em So-
ciologia com concentração em Antropologia
pelo Programa de Pós-Graduação em Socio-
logia e Antropologia no IFCS/UFRJ em 2001,
quando ganhou uma bolsa da Organização
Internacional Social Science Research Councial para
cursar o Doutorado em NY, projeto desviado de
sua vida em função do trágico 11 de setembro.
E as “co-incidências” do destino continuaram
andando de mãos dadas com a persistência e
determinação da escorpiana Letícia. Integrante
da Companhia de Teatro “Os Dezequilibrados”
desde 2001, atuou em várias peças, como
“Bonitinha, mas ordinária” (20001/2002), “Que-
ro ser Romeu e Julieta” (2006), entre outras,
quando, em 2011, foi indicada ao Prêmio Shell
de Melhor Atriz com a peça argentina, que tra-
duziu e produziu, chamada “A Estupidez”, de
Rafael Spregelburd e dirigida por Ivan Sugaha-
ra.
Não menos intenso é o seu caminhar pela
televisão - e, mais recentemente, pelo cinema
– , já que a carismática atriz caiu nas graças
do povo, que se surpreende ao vê-la dentro de
um ônibus ou andando calmamente pelas ruas
de Botafogo, onde mora. Eu pergunto a ela,
observando o burburinho que se forma com a
sua presença em torno da nossa mesa, “agora
que a atriz de teatro fi cou famosa, o que mais
falta a você?”. “Quero formar uma família, ca-
sar e ter fi lhos”. Sim, Letícia é uma mulher co-
mum, e, por isso mesmo, tão especial.
E foi assim, em meio ao burburinho, tendo
um cenário paradisíaco ao fundo, que Letícia
bateu um papo com a Revista Leal Moreira.
Com os pés muito fi ncados ao chão, Letícia Isnard concilia duas carreiras apa-rentemente distintas e consegue dedicar a ambas a mesma paixão. Conheça um pouco da socióloga que arranca elogios quando o assunto é atuar.
»»»
Leila Loureiro Van Gonçalves / divulgação
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Impossível não iniciarmos o papo lembrando da personagem Ivana, na novela global “Avenida Bra-sil”. Mas, antes da Ivana, você fez muitas participa-ções em séries da Globo, correto?
Sim, muitas pessoas não correlacionam as per-
sonagens, mas fi z parte do elenco fi xo do progra-
ma “Minha Nada Mole Vida”, em 2006/2007, com
Luiz Fernando Guimarães, ator que admiro muito;
também atuei na novela “Beleza Pura” (2008) e na
minissérie “Afi nal, o que querem as mulheres?”
(2010) de Luiz Fernando Carvalho. Além de peque-
nas participações em Força Tarefa (2011), Tapas e
Beijos (2011), Grande Família (2010), Cilada (2009),
Toma lá dá cá (2009), entre outros, todos na Rede
Globo de Televisão.
E como a socióloga Letícia Isnard se tornou atriz?Sempre tive o desejo de atuar, mas, na minha
família, não existiam artistas e perdi meu pai mui-
to cedo, portanto, havia a ideia de investir em algo
que fosse fi nanceiramente mais seguro. Daí veio
a carreira acadêmica, que eu levava em paralelo
com o teatro, consequência da carreira de bai-
larina profi ssional até os 23 anos. Na verdade, a
minha vida acadêmica já estava impregnada pela
arte, tanto que, muito envolvida pela ideologia co-
munista, o meu tema de dissertação do mestrado
foi “o uso do teatro nos projetos sociais”, focando
na adequação do discurso marxista de transforma-
ção ao cenário artístico, ou seja, o que a arte tem
a ver com cidadania? Como a arte política estava
inserida neste contexto de não mais transformar a
sociedade, mas o indivíduo?
E nesse cenário acadêmico você já atuava?Sim, mas acabei priorizando o mestrado, porque
era o que me bancava. Era uma fase muito difícil
de medos e dúvidas sobre qual caminho escolher.
E, pelo visto, essa escolha mudou de rumo...Isso. Quando terminei o mestrado, fui seleciona-
da para a bolsa de doutorado em Nova Iorque, para
pesquisar a transmissão da memória da ditadura
para gerações que não viveram os períodos dita-
toriais, sendo que o meu enfoque era voltado para
essa transmissão de memória no teatro brasileiro
contemporâneo, que é escasso no Brasil. Era um
belo projeto que acabei engavetando, em razão do
acontecimentos de 11 de setembro [de 2011]
Mais uma obra do destino?Acredito que sim, pois logo nesse período o Ivan
Sugahara (diretor teatral) me convidou pra fazer
parte da companhia de teatro “Os dezequilibra-
dos”, e então encenei “Bonitinha, mas ordinária”,
do Nelson Rodrigues, para um público de 30 pes-
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soas (risos), e aí foi preciso muita coragem pra mu-
dar de caminho e abandonar a carreira acadêmica.
E começou a se dedicar só ao teatro?Sim, eu já estava mais engrenada na companhia e
fi quei direto só com “Os dezequilibrados”, época em
que eu fi z o cadastro na Globo, sendo que, 5 anos
depois, eles me chamaram pra refazer o cadastro e
fui selecionada pra fazer o seriado “Minha nada mole
vida”, em 2006, com o Luis Fernando Guimarães. Foi
o meu primeiro trabalho na emissora.
O primeiro de muitos outros.Exato. Fiz várias participações em séries globais
como “A grande Família”, “Tapas e Beijos” e “As
Brasileiras”, mas sempre em paralelo com o teatro.
Nunca deixei de produzir porque eu acredito no ato
de arregaçar as mangas e correr atrás, tanto é que,
de 3 anos pra cá, eu comecei a traduzir peças ar-
gentinas, como “Mulheres ensaiam Cavalos” e foi
quando pintou “A estupidez”, do Rafael Spregelburd.
O espetáculo pelo qual você foi indicada ao Prêmio Shell de Melhor Atriz em 2011, certo? E soube que nasceu de muita insistência sua...
Sim, inscrevi esse espetáculo [A Estupidez] em to-
dos os editais durante 5 anos e foi um grande su-
cesso. Uma personagem de comédia ser indicada
ao Shell me surpreendeu, já que geralmente indicam
monólogos ou dramas...um prêmio tão respeitado
serve de estímulo, de reconhecimento.
E como surgiu o convite para você interpretar a Iva-na, de Avenida Brasil?
Então, após todas as participações na Globo, no
fi nal de 2011 o Luciano Rabelo, produtor de elenco
da novela, me ligou chamando pra fazer um teste e
te confesso que fui bem desacreditada, porque se
imagina que as novelas de horário nobre já têm um
elenco fechado, escolhido a dedo, mas foi quando
quebrei a cara, pois eles me escolheram.
E como foi a construção da personagem?Depois que eu fui escolhida é que eu peguei a si-
nopse e fi quei sabendo que a personagem era “gor-
da e feia” (risos). E os colegas de elenco olhavam pra
mim e diziam “tá errada essa escalação, é isso mes-
mo?”. Mas não tem o menor problema, incorporei a
Ivana, com sua ingenuidade e suas expressões in-
fantis, e a caracterização e o fi gurino ajudaram muito
com aquelas roupas inadequadas, exageradas pra
TV, o cabelo, sapatos...e, claro, seguindo a ideia de
que “o ator é um bom ladrão”, copiei muito ao meu
redor: a energia solar de uma tia minha, a movimen-
tação das peruas na rua... »»»
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Você tinha noção da importância que a Ivana ganharia na trama?
Nunca imaginei que haveria esse espaço pra
mim, achei que estivesse ali a serviço do co-
letivo e como minha formação veio da dança
[e já fi z muito corpo de baile na minha vida],
eu estava ali tranquila pra fazer a minha par-
te; mas, ao fi m da novela, quando eu agrade-
ci ao João Emanuel Carneiro (autor da novela
Avenida Brasil) pelo meu papel, ouvi dele que
a Ivana foi ganhando força a cada capítulo por
conta da atriz. Acredito que seja daí o sucesso
da novela, na minha opinião. O autor deixou a
Amora [Mautner, uma das diretoras da novela]
orquestrar a loucura que era aquilo.
Vocês construíram aqueles personagens de forma muito humana. O que a Letícia levou para a Ivana?
Na verdade, nós fazíamos exercícios de im-
provisação a cada cena, não era simplesmente
criar “cacos”. Levei pra Ivana os fl orais, imagi-
nando que ela era uma ex-fumante, e, por isso,
ansiosa, descontava tudo na comida... Enfi m,
esse trabalho foi uma grande escola que durou
10 meses.
O que você aprendeu nesses 10 meses? Muita coisa! Estar ali com aqueles atores
consagrados, todos já estabelecidos e muito
generosos, dando chance para os novos bri-
lharem; um ambiente de igualdade e criativi-
dade. Um simples “bater texto” com o Juca de
Oliveira - olha que privilégio - já era enrique-
cedor. Ao fi nal, sentimos muita falta daquela
rotina, daquelas piadas, acredito que foi uma
virada de carreira pra todo mundo do elenco.
Foi um grande encontro.
E quais os seus planos futuros?Estou em cartaz com a peça “Tarja Preta”,
no Rio de Janeiro, com texto da Adriana Fal-
cão, dirigida pelo Ivan Sugahara, e também no
elenco da próxima novela das 19h, “Sangue
Bom”, da Maria Adelaide Amaral, dirigida pelo
Denis Carvalho, além de um longa, com estreia
prevista para junho de 2013, chamado “Mato
sem cachorro”, do Pedro Amorim.
E o que você gosta de fazer nas horas vagas, se é que elas existem.
Verdade, desde Avenida Brasil não parei,
com exceção de alguns poucos dias quando
procuro relaxar, ler algo além de roteiros e ca-
pítulos. Voltei a dançar, a frequentar com mais
assiduidade cinemas e teatros e, principalmen-
te, dormir! Dormir pra mim é um programão!
Falando em dormir, quais os seus sonhos?Como eu tive muitas perdas na minha vida,
além da morte do meu pai quando eu tinha 15
anos, eu quase perdi um irmão para o câncer,
sem contar as inúmeras mudanças de cidade,
escolas, estava sempre perdendo amigos,tudo
isso me transformou em uma pessoa muito
cética, ou seja, nunca faço algo achando que
vou “bombar” ou ganhar prêmios, não espero
nada e aí acabo me surpreendendo, fi co grati-
fi cada e feliz, o que não quer dizer que eu não
tenha ambições.
Algo como a ideia do filósofo francês André Comte-Sponville que escreveu o livro “a felicida-de desesperadamente”, em que se defende que a verdadeira felicidade nunca é esperada?
Isso! Aliás, não conheço. Me dá aqui sua ca-
neta que vou anotar pra pesquisar. [ela anota o
nome do livro]
Eis o resquício da Letícia acadêmica-sociólo-ga-pesquisadora...
(risos) Sim, eu adoro ler, gosto muito de Paul
Auster, Dostoiévski...
Em algum momento, existe um paradoxo da atriz global com a socióloga comunista?
Perdi muito tempo com preconceito da in-
dústria do entretenimento, talvez pela formação
de socióloga, por ser comunista sim, e hoje eu
entendo o poder dessa comunicação, o poder
transformador de uma novela como Avenida
Brasil, por exemplo, que “neurotizou” o país.
Perceber aquelas mulheres que se identifi ca-
vam com a esposa maltratada, insegura e, de
certa forma, somar algo a vida delas. Por mais
que eu venha do teatro, mesmo com uma sala
lotada, jamais conseguirei alcançar o número
de espectadores que se atinge através da TV. E
mais, fi cou claro que o “povão”, a massa, gos-
ta sim da sofi sticação de um bom trabalho de
TV. Acredito que agora é preciso abrir esses
caminhos.
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FAX
Frutos, sementes e raízes que se transformam n
Lançamentos
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m no mais autêntico prazer da cerveja artesanal.
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Os antigos não sebeijam
Desde que a viu, manteve os
olhos atentos, a guarda baixa e
a sequência constante e contida
de jabs* à espera do dia do gol-
pe certeiro, da vitória por nocau-
te. Nunca fugiu à luta. Em 34 anos,
a contar do batizado do primeiro fi lho,
nunca deixou de cumprimentá-la, muito
menos pousar, insistente, os olhos no olhar
oliva de senhora respeitável cultivado por ela
desde muito moça. Tudo às claras, em inten-
ção sólida e imbatível dos pacientes, sem se
incomodar em nada com a presença do marido,
agora apartado pela morte. “Que Deus o tenha em
boa memória”.
Divorciado havia seis meses, tempo de resguardo
aceitável na cartilha dos bons costumes, aproveita-
ria a chance negada aos dois pela vida nas últimas
décadas. Enquanto se empertigava diante do espe-
lho do pequeno apartamento de solteiro, onde ago-
ra morava, ele remoia o que ouvira na última pas-
sada pelo bar do Alemão: “não adianta, meu caro,
os antigos não se beijam”. Era um axioma, apesar
de inconspícuo, devido ao comportamento letárgico
para o amor da maioria dos enquadrados na bendi-
ta faixa etária. Os quase setenta anos lhe abateram
com a constatação de que a idade leva para longe
uma das maiores graças de amar.
Arrematou a gravata, olhou para si pela última vez
antes de sair de casa: pouca ruga, nenhuma care-
ca. Não estava mal para idade. Talvez as sobran-
celhas fartas demais, talvez as orelhas parecendo
maiores, talvez o nariz sem a simetria da juventude.
Porém, o geral formava um belo conjunto. Avaliou e
talvez passasse por 55. Até 53. Ainda poderia beijá-
-la, quem sabe, sem a punição da ausência de ós-
culo, o medonho castigo dos senis.
No caminho, ele relembrou os últimos anos. Re-
cordou quando os casais se encontravam na sorte
das eventualidades, dos vestidos desenhando as
formas daquela mãe ainda jovem e, ao rememorar
tantos detalhes, concluiu que o tempo não a ma-
goou em nada, como fez a tantas conhecidas suas.
Ao contrário, o verniz dos anos imprimiu a ela uma
formosura enternecedora de avó com os mesmos
olhos verdes vivos de quem está no começo da
vida. Apertou-lhe a alma a sensação de ser apenas
um amigo tardio, sem privilégio algum dos lábios
nos lábios.
Desceu em frente à casa dela, um buquê discre-
to, anacrônico, nas mãos. A arritmia lhe impôs o
medo de uma síncope, mas era só a ansiedade do
encontro, como em qualquer idade. Cinco minutos
depois do toque na campainha, ela abriu. Sorriso
discreto. Entraram no carro, jantaram, colocaram
pingo nos “is” de séculos. Entenderam por fi m as
voltas e os nós que a vida dá para desfazê-los nas
esquinas mais corriqueiras da existência. Já no fi -
nal, na despedida sem graça de respeitáveis velhos
conhecidos, deixaram as formalidades de lado e se
beijaram no calor de uma adolescência ressuscita-
da para ambos já marcados por tanta experiência.
Ele a ouviu entrar depois de um adeus abafado,
enfeitado de pudor súbito, deslocado, por parte dela.
Caminhou lento até o carro, o peito agora em brasa,
sentindo-se um moleque de 20 anos. Deu a partida
e concordou que o parceiro de copo do bar estava
mais do que certo: de fato, os antigos não se beijam.
Anderson Araújo,jornalista
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comportamento
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Como a internet transformou [e materializou] as histórias de amor no século 21 e garantiu a elas fi nais felizes.
Ele comprou uma camisa nova e vestiu a cal-
ça “de sair” – aquela que não costuma usar
no dia a dia. Ela escolheu o vestido mais
bonito do armário e caprichou na maquiagem. Ele
tirou a barba, que andava mal feita havia algumas
semanas. Ela fi cou um par de horas no salão para
dar “um trato” nos cabelos. Ambos passaram os
perfumes que guardam para ocasiões especiais.
Item a item, obedeceram ao típico protocolo do
primeiro encontro. Precisavam mostrar o melhor
de si na hora em que estivessem frente a frente...
com a tela do computador.
Histórias como essa já não soam absurdas ou
novelescas. A internet transformou nosso compor-
tamento em inúmeros aspectos. Nos relaciona-
mentos afetivos, não poderia ser diferente, para o
bem e para o mal. A rede funciona como media-
dora do processo de conquista; facilita o encontro
entre pessoas com afi nidades em comum; simpli-
fi ca a vida dos tímidos e encurta as distâncias. Por
outro lado, também traz novas nuances ao ciúme
e dá mais munição àquelas pessoas que gostam
de verifi car cada passo dos companheiros. No fi -
nal das contas, ela produz histórias de amor não
muito diferentes das que começaram à moda an-
tiga.
Seduzir por meio da palavra escrita não é uma
novidade ou um privilégio da comunicação on-line.
As cartas românticas e a inquietude gerada pela
chegada delas fi zeram parte da idealização do
amor por muitos séculos, fossem amores impos-
síveis, distantes ou simplesmente anônimos. Elas
foram ridicularizadas por Fernando Pessoa no po-
ema “Todas as cartas de amor” e ansiosamente
aguardadas na canção “Please, mister postman”,
sucesso nas vozes dos Beatles e dos Carpenters.
Mas aquele frio na barriga não acompanha mais
a chegada do carteiro com um novo envelope,
e sim o ruído digital de um novo e-mail na caixa
de entrada ou de uma nova mensagem privada
numa rede social.
“O e-mail e o chat reforçam esse tipo de relações
à distância, dando-lhes uma agilidade que faz
possível mantê-las vivas e fl orescentes de uma
maneira natural”, opina o argentino Diego Levis,
doutor em ciências da comunicação pela Univer-
sidade Autônoma de Barcelona. Grande parte da
obra de Levis se dedica a estudar o impacto da
comunicação digital em nossas vidas. O amor não
poderia fi car de fora. Levis escreveu, em 2005, o
livro “Amores en red - relacciones afectivas en
la era internet”, sem lançamento no Brasil. Foi o
fruto de uma pesquisa que durou quatro anos,
baseada em entrevistas com pessoas que man-
tinham na internet relacionamentos de vários tipos:
namoros, casos extraconjugais, “amizades colori-
das” etc. “Muitas vezes, as relações nascidas ou
desenvolvidas na internet culminam em encontros
muito reais, dos quais podem surgir maravilhosas
histórias de amor, paixões passageiras, amizades
e também momentos desagradáveis adereça-
dos com muita desilusão”, afi rma Levis no livro.
Mas, para o estudioso, a internet rompe com al-
guns parâmetros estereotipados de sedução. “A
Leonardo Aquino Rodrigo Cantalício
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Amor em tempos deweb
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internet pode ser vista como um novo espaço de
conquista através do qual, para atrair alguém e
seduzi-lo, nem sempre é imprescindível ter corpo
de modelo ou de atleta, vestir roupas da moda,
nem ter belos olhos ou o sorriso de uma estrela
do cinema. Tampouco é necessário beber álcool
ou tomar qualquer substância para se desinibir. O
anonimato que a tela proporciona elimina todos os
pudores”, explica.
A evolução da própria tecnologia sempre adi-
ciona novas ferramentas às pessoas que creem
na possibilidade de encontrar um grande amor na
frente de uma tela de computador. Hoje em dia,
há websites especializados em formar casais que
dizem usar até métodos científi cos para justifi car a
compatibilidade dos pretendentes sugeridos. Isso
sem falar nas redes sociais, que acabam sendo
uma grande vitrine de nós mesmos na internet. Mas
houve um tempo em que, mesmo sem recursos
tão completos, corações foram unidos on-line.
Foi o que aconteceu com o publicitário Elizio Elu-
an. Ele conheceu a esposa, Stela, numa sala de
bate-papo há onze anos. “Não existia rede social
nessa época. Acho que nem MSN tinha. O que a
gente usava eram as salas virtuais de bate-papo
de um portal, à época. Com “salas” temáticas ou
por cidade, Belém tinha umas dez. E foi em uma
delas que a gente se conheceu”, relembra. Elizio
usava o apelido Djavan no chat e postava letras
de músicas do cantor alagoano para puxar assun-
to. “Na maioria das vezes, virava um papo besta.
Mas, com a Stela, acabou saindo uma conversa
extremamente interessante”, conta. Eram papos
que duravam muitas horas e que geravam mui-
ta ansiedade. “Eu fi cava esperando a Stela entrar
no chat sempre. E, como não rolava nenhum avi-
so sonoro que “denunciasse”, era preciso fi car de
olho. Depois, passamos a nos tratar por nossos
nomes, a trocar e-mails e passamos a nos mostrar
mais, mas nunca de forma deselegante ou chula”,
Elizio e Stela se comunicaram apenas pelo chat
e por e-mail ao longo de três meses, até o dia em
que decidiram se conhecer pessoalmente. Não
deu certo de primeira. O receio de uma decepção
fez com que duas tentativas de encontro acabas-
sem frustradas. Mas, se hoje eles comemoram o
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sucesso da história de amor, é porque houve per-
sistência. “Teve uma noite que não tinha como não
dar certo. Ela me disse o lugar em que estava – a
casa de uma amiga – e eu disse que ia lá. Na mi-
nha cabeça, era começar uma relação ou largar
de vez. E fui com uma estratégia: disse que não
poderia demorar muito. Ou seja, se me decep-
cionasse, já tinha uma desculpa na mão para cair
fora”, revela. Felizmente, Elizio não precisou usar
essa estratégia. “A conversa atravessou a noite. E
eu acho que o fato de termos já conversado bas-
tante antes de nos conhecermos pessoalmente foi
determinante para a naturalidade do primeiro en-
contro. O que atrapalhou os primeiros minutos fo-
ram o nervosismo e a tensão de não corresponder
às expectativas, que eram grandes”, confessa. A
história que começou no chat virou casamento. Eli-
zio e Stela trocaram alianças em 2006 e tiveram
uma fi lha, Maitê, em 2009.
Alguns anos depois de Elizio e Stela se apaixo-
narem numa sala de bate-papo, a história de Fer-
nanda e Rafael Lancellote começou, também em
frente a uma tela de computador, mas nas páginas
do hoje menosprezado Orkut, que um dia já foi fe-
bre no Brasil. Os dois participavam da comunida-
de “Brincando de Arnaldo Antunes”, que reunia fãs
do cantor e compositor ou pessoas que apenas se
divertiam ao fazer jogos de palavras como aque-
les das músicas do ex-vocalista dos Titãs. Rafael
postou um comentário, Fernanda postou logo em
seguida e a curiosidade de um pelo outro surgiu.
“Eu achei interessante a foto dele. Na época, era
uma foto do Cartola. Fiquei curiosa e entrei pra ver.
Vi várias fotos dele com os amigos da faculdade e
com a família e me interessei”, relembra Fernan-
da. Mas existia um senhor obstáculo: a distância.
Fernanda morava em São Paulo, onde trabalhava
como consultora, auditora e professora de marke-
ting e empreendedorismo. Rafael, que é consultor,
auditor e professor de fi losofi a e sociologia, vivia
em São Lourenço, interior de Minas Gerais. Mais
de 300 quilômetros os separavam. Mas nem isso
impediu que a sintonia entre eles surgisse. “A inter-
net ajudou bastante, sem dúvida. Os nossos bate
papos foram muito diretos pelo MSN. Jamais teria
falado assim com alguém em tão pouco tempo. »»»
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Foram treze dias para nos conhecermos pessoal-
mente”, conta.
Aliás, o primeiro encontro entre eles teve um
“quê” de desconfi ança, especialmente da par-
te de Fernanda. “Eu tinha os dois pés atrás. Em
São Paulo, a gente ouve falar de gente que é se-
questrada, cada coisa... Para evitar isso, marquei
o encontro num lugar público (em um shopping),
e combinei com a minha mãe de me ligar em
quinze minutos após a minha chegada lá. Mas
nos vimos e já veio tudo à tona. Não deu medo
algum, foi perfeito”, relembra. Três meses depois,
os dois estavam morando juntos. Hoje, seis anos
depois, e com uma fi lha de três anos aumentando
a família, Fernanda se orgulha da história nascida
na internet. “Até hoje, mesmo com as redes sociais
mais em evidência do que há seis anos, as pesso-
as ainda se surpreendem com a história. Mas, na
época, éramos vistos como malucos. Até minha
irmã, no discurso de nosso casamento, na frente
do padre e da igreja toda, falou: ‘Como a gente
iria imaginar que um namoro do Orkut daria em
casamento?’”, conta.
Se 300 quilômetros já parecem demais para
você, um oceano de distância possivelmente so-
ará como algo impossível de se lidar. Não para a
jornalista Manuelle Maia, de 23 anos. Assim como
Fernanda e Elizio, ela encontrou um casamento
na internet. Mas, enquanto ela estava em Belém,
o noivo estava na Itália. A história começou qua-
se sem querer. “Eu estava me recuperando de
uma relação mal-sucedida e uma amiga minha,
que queria me tirar da fossa, me inscreveu num
site de namoros sem eu saber. Roubou uma foto
do meu Orkut, colocou lá e me deu a senha para
eu preencher o resto do perfi l. Decidi tentar, mas,
no começo. não tinha muita paciência para inte-
ragir”, conta Manuelle. Depois de duas semanas
sem muita atividade no site, Manuelle notou que o
perfi l dela havia sido marcado como interessante
por um usuário. Era o engenheiro italiano Pierlui-
gi Albertini. “Fui xeretar o perfi l dele e gostei por-
que parecia engraçado. Foi isso que me chamou
atenção. Então decidi marcar o perfi l dele como
interessante, assim como ele tinha feito com o
meu antes. Alguns dias depois, ele me escreveu
a primeira mensagem, fazendo as perguntas que
todo estrangeiro faz quando pensa que Brasil é só
samba, fl oresta e futebol”, relembra.
Depois de muita conversa por mensagens pri-
vadas no site e por e-mail, Manuelle e Pierluigi tive-
ram uma prévia de primeiro encontro via Skype,
com as webcams ligadas. E foi uma experiência pa-
recida com a do primeiro parágrafo desta repor-
tagem. “Eu fi z até chapinha e coloquei uma roupa
bacana. E depois de um tempinho, o Pierluigi me
disse que comprou uma calça jeans e que ves-
tiu nessa nossa primeira conversa com webcam.
Como se fosse um encontro cara a cara normal,
mas eu nem vi o tal jeans, e ele nem notou a mi-
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nha chapinha”, conta. Quatro meses depois da
primeira mensagem via internet, os dois, enfi m,
se conheceram pessoalmente. Pierluigi viajou até
Belém e conheceu não apenas Manuelle, como
também a família e os amigos dela. “O único es-
tranhamento foi nos dois primeiros dias, pelo can-
saço da viagem e das mudanças de temperatu-
ra. Além disso, não sabíamos como nos tratar, se
como amigos ou como namorados. Era como se
nos conhecêssemos há anos, mas não nos co-
nhecêssemos. Só que logo percebemos que o
que sentíamos no mundo virtual era o mesmo que
sentíamos no mundo real, e nos tornamos namo-
rados de verdade”, conta. O namoro durou dois
anos, até Manuelle e Pierluigi casarem. A cerimô-
nia religiosa foi no Brasil. E a união civil, na Itália,
onde o casal vive junto com um gato, ao qual eles
tratam carinhosamente por “fi lho”.
Mas a mesma internet que aproxima e apaixo-
na, também potencializa algumas situações que
minam qualquer relacionamento. Uma delas é a
possibilidade de nada ser o que parece. A habili-
dade com as palavras e um pouco de malícia po-
dem transformar uma pessoa em alguém muito
mais atraente (e muito menos mal-intencionada)
do que realmente é. “O chat de texto permite en-
trar numa encenação baseada na construção de
personagens num jogo de suplantações, no qual
todos os participantes sabem que quem está do
outro lado pode ou não ser quem diz ser”, opina
o doutor em comunicação Diego Levis. Manuelle
Maia não descuidou desse ponto de vista. Antes
de aceitar o encontro com o marido Pierluigi, ban-
cou a detetive digital. “Investiguei onde ele mo-
rava, onde viveu antes, sobre a família, consegui
encontrar a tese que fez na universidade, fotos an-
tigas, informações sobre antigos trabalhos. Tudo
eu comparava com o que ele me dizia e via se era
verdade ou não. Até na Interpol e na polícia dos
lugares onde ele viveu eu pesquisei para saber se
havia algum processo contra ele. Por sorte, não
tinha nada e as informações bateram certinho”,
conta.
Outro risco que essa nossa forma de amar traz
é a amplifi cação do ciúme. Ex-namoradas, “gavi-
ões”, check-ins em festas... A internet joga inúmeras
bolas quicando na frente dos casais, o que pode
trazer turbulências nem sempre necessárias. E,
no caso dos casais formados na internet, ainda
existe o conhecimento do risco: quem conheceu
o marido ou a esposa nos chats da vida, pode co-
nhecer outra pessoa, não? “O chat também pode
ser uma via para se distanciar da pessoa amada.
Ou, pelo menos, da pessoa com quem se está
mais ou menos comprometido. Fala-se bastante
disso: homens e mulheres que se sentem enga-
nados quando seus companheiros mantém re-
lações habituais, contínuas por meio da internet.
Uma ambivalente e desconcertante sensação
de ciúmes, alimentada pela existência inquietan- »»»
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te desse alguém ‘sem rosto’ que espera por trás
da tela”, teoriza Diego Levis. Fernanda Lancellote
afi rma tirar de letra. “Às vezes, rola um ciúme sim,
acho que faz parte do relacionamento, né? Lida-
mos bem com isso, já que baseamos nossa rela-
ção em confi ança. Não deixamos de ter cada um
a sua página, afi nal, cada um já teve sua história.
Agora é que temos uma história só”, diz.
O primeiro contato e os riscos de uma aborda-
gem fracassada. A evolução da intimidade até o
ponto de aceitar um primeiro encontro. Ansieda-
de. O desejo de mostrar o melhor de si. A dúvida
para saber se a química vai acontecer. No fi nal
das contas, o início de um relacionamento nascido
na internet não é muito diferente de um totalmen-
te offl ine. Mas a rede sozinha não tece um “felizes
para sempre”. Que o digam as pessoas com co-
nhecimento prático de causa, como Elizio Eluan.
“Acho que a internet agrega as formas tradicionais
de conquista, nunca substitui. Temos familiares
e amigos com histórias parecidas à nossa. Hoje,
existem muito mais ferramentas para uma rela-
ção começar na internet e virar uma grande história
real. Se há mais de dez anos deu certo com a
gente, deve dar muito mais certo hoje”, opina. Al-
guém discordaria?
Leia mais
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CON
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OU
TRAS
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entrevista
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Tyara De La-Rocque Daryan Dornelles / divulgação
A serenidade no semblante, a voz tranquila
e a fala pausada em nada lembram a vida
agitada, corrida e cheia de compromissos
de Nelson Cândido Motta Filho - Nelsinho, como é
carinhosamente chamado. Produtor, jornalista, ro-
teirista, crítico, letrista, colunista... é necessário ter
fôlego e disposição para falar dele. Nelson Motta
é muito em muitos. Um homem de fé, que reza,
agradece, pede proteção, humildade e aceitação.
Um buscador de conhecimentos, novidades, ex-
periências e de si mesmo.
Para Nelson, não existe tempo ruim nem espa-
ço para reclamações; a chave está em ir atrás dos
sonhos, se permitir, fazer várias coisas ao mesmo
tempo e deixar que as experiências se comple-
mentem. E, dessa forma, ele traçou o percurso,
“pulando de galho em galho”, como diz, entrando
pelas portas que se abriam, ao invés de lamentar
as que estavam fechadas. Procurou não se apro-
fundar numa só temática, pelo contrário, optou por
transitar entre diversos assuntos e soube explorar
as várias habilidades profi ssionais que possui. As
composições musicais não são poucas, tampou-
co saem de moda: “Bem Que Se Quis”, “Como
uma onda”,”Coisas da Vida”, “Dancin’Days”; to-
das ainda hoje na boca das pessoas e na voz de
talentos da nova geração da música brasileira.
Padrinho musical de Marisa Monte, Elis Regina,
Daniela Mercury – entre outros; parceiro de Lulu
Santos, Ed Motta, Djavan, Dorival Caymmi – entre
outros, conviveu com fi guras como o escritor Nel-
son Rodrigues, o músico Vinícius de Moraes, os
jornalistas Glauber Rocha e Paulo Francis. Nelson
dá muito “pano pra manga” nesse vasto tecido
que é a história cultural brasileira. Difícil é recortar
um pedacinho de assunto numa só reportagem
em meio ao vasto conteúdo que a vida e as obras
de Motta têm.
Hoje, o maior produtor musical do Brasil deixou
o posto de lado, está completamente dedicado à
escrita e olha sem quase nenhum arrependimen-
tos para os muitos ‘chãos’ que percorreu na cami-
nhada profi ssional. Como o próprio Motta disse “A
vida ensina que não se aprende a viver senão vi-
vendo entre o não e o sim”. Nos últimos dez anos,
o jornalista lançou três romances pop – “O Canto
da sereia” (2002), “Bandidos e Mocinhas” (2004) e
“Ao Som do Mar e à Luz do Céu Profundo” (2006),
a biografi a de Tim Maia, “Vale tudo – O som e a
fúria de Tim” (2007), o elogiado “Força Estranha”
(2010) e o mais recente “Primavera do Dragão –
A juventude de Glauber Rocha” (2011). E quem
O homemdas mil faces
Nelson Motta foi partícipe [e testemunha] dos movimentos musicais que sacudiram o país nas últimas cinco décadas. Multifacetado, polivalente e observador atento da cena cultural do Brasil, ele confessa que está caído de amores pelos artistas paraenses.
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44www.revistalealmoreira.com.br
Obras de fi cçãoO canto da sereia (2002)Bandidos e mocinhas (2004)Ao som do mar e à luz do céu profundo (2006)Força estranha (2010)
Principais produções musicaisElis ReginaMarisa MonteDaniela MercuryGal Costa
Principais parcerias musicaisLulu SantosGuilherme ArantesEd MottaRita LeeErasmo CarlosDorival CaymmiMarcos Valle
Canções de sucessoComo uma OndaBem que QuisCoisas do BrasilDancing Days
Certas CoisasTudo AzulPerigosaSereia
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acha que a jornada já está cansativa, se engana:
aos 67 anos, Nelson ainda esbanja produtividade!
Atualmente, ele está trabalhando como roteirista de
um longa-metragem sobre a cantora Elis Regina,
com quem viveu um romance, e escreve dois novos
musicais: um sobre a discoteca Dancin’Days e as
Frenéticas e outro sobre a vida de Elis.
Longe dos holofotes, é fi lho de pais vivos, pai de
três mulheres – Joana, do primeiro casamento, Es-
perança e Nina, frutos da união que teve com a atriz
Marília Pera – e avô de duas meninas e um menino.
Também é dono de Max, um gato com quem divide
o apartamento em Ipanema, no Rio de Janeiro.
Simpático e bem humorado, Nelson Motta con-
versou com a Revista Leal Moreira sobre arte, tec-
nologia digital, a relação com a escrita e a admira-
ção que tem pela música e cultura paraenses.
Existe algum fato específico que fez você querer trilhar pelo caminho musical?
Meus pais sempre cultivaram em mim o gosto
pelo futuro e a loucura por aprender – eles cons-
tantemente me estimulavam a buscar o novo onde
quer que eu estivesse: nas artes, política ou no com-
portamento. E a novidade era a bossa nova! Eu que-
ria ser músico, violonista como Roberto Menescal,
meu professor, mas meu talento não deu para tanto.
Em compensação, aprendi muito sobre música, o
que me ajudou quando fui ser compositor, crítico e
produtor musical.
Você acompanhou diversos momentos e transfor-mações na música brasileira, o desenvolvimento do rock no Brasil, o movimento da bossa nova e produziu grandes cantoras, como Marisa Monte, Elis Regina e Gal Costa. Como você analisa o cenário da MPB atu-almente?
Hoje não tenho a menor vontade de me envolver
na produção musical e não tenho acompanhado.
Estou dedicado a escrever um roteiro de um fi lme
e dois musicais de teatro. Têm alguns novos no-
mes que eu adoro, como Criolo, Roberta Sá, Maria
Gadú, Léo Cavalcanti e as paraenses Gaby Ama-
rantos e Lia Sophia.
O que determina a carreira e o sucesso de um artis-ta hoje, em comparação com o passado?
Talento, determinação, inteligência e sorte não
têm época. Podem mudar todos os meios de che-
gar ao sucesso, mas esses sempre prevalecerão.
Talento, determinação, inteli-gência e sorte não têm época. Podem mudar todos os meios de chegar ao sucesso, mas
esses prevalecerão.
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Obras de não fi cçãoMemória musical (1990) Nova York é aqui (1997)Noites tropicais (2000)Vale tudo – O som e a fúria de Tim Maia (2007)A Primavera do dragão (2011)
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A tecnologia digital aumentou a popularização da música na internet, trouxe a pirataria e mudou a forma de se ouvir e comercializar música. Você tem falado bastante a respeito desse processo...
Fazer e consumir arte musical se tornou bem mais
fácil e acessível, bastam talento e um laptop! Com a
tecnologia digital, a música se banalizou, qualquer
pessoa pode fazer música sem saber música. O
comércio globalizado de música, legal e pirata, aca-
bou com a ilusão de glamour da música popular e a
vulgaridade se tornou um valor indispensável ao su-
cesso de massa. O próprio tecnobrega, de Belém,
criou um novo modelo de negócios na era digital,
instituindo a pirataria de si mesmo como meio bara-
to de popularizar artistas e fazer dinheiro com apre-
sentações ao vivo. O resultado é todo esse sucesso
local, regional e até nacional, de bandas e artistas
do tecnobrega que souberam conquistar milhares
de consumidores ao vender, a preços acessíveis, a
música que eles desejavam.
Você é um escritor em tempos de internet. Como as duas coisas podem se misturar de maneira positiva?
Me animo com desafi os e novidades. Fico exci-
tado quando vou trabalhar numa linguagem nova
para mim. O importante é que meu trabalho possa
alegrar, divertir, emocionar, ajudar e esclarecer um
pouco as pessoas; é a minha ambição máxima!
Quando você olha para trás e vê todos os seus re-gistros, sejam eles na música, literatura ou no jorna-lismo, qual é a sensação?
Há muito tempo, fi z uma escolha: ao invés de
mergulhar profundamente em um assunto, prefi ro
navegar superfi cialmente por vários. Se fosse obri-
gado a fazer uma só coisa a vida inteira, enlouque-
ceria de tédio. Sou um homem de superfície, o que
não é nem bom nem ruim, é apenas uma caracte-
rística. As nossas experiências se complementam
As letras de música ajudam na escrita, a faculda-
de de designer, na formação de projetos, a vivência
como crítico musical auxilia na produção de discos,
a literatura na dramaturgia e o jornalismo ajuda em
tudo!
Há algum arrependimento?Nunca briguei com nenhum artista com quem
trabalhei, pelo contrário, sempre fi quei amigo. Me
arrependo apenas de ter perdido tempo com cha-
tos querendo me mostrar músicas e que eu fi zesse
deles estrelas...(risos)...se bem que a praga conti-
nua...(risos). »»»
O próprio tecnobrega, de Belém, criou um novo modelo de ne-
gócios na era digital, instituindo a pirataria de si mesmo como meio barato de popularizar ar-
tistas e fazer dinheiro com apre-sentações ao vivo.
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Existe algo que mais te marcou nesse trajeto?Minha sensação é a de que fui conduzido
como uma onda no mar, algumas vezes surfan-
do nela, outras, levando “caldo”. Não sou pes-
soa de “determinação cega”, entrei pelas portas
que se abriram, ao invés de reclamar das que
estavam trancadas. Além disso, sou um ho-
mem de muita fé!
Os projetos atuais, quais são?Estou desenvolvendo o roteiro de um lon-
ga sobre a vida de Elis. Além disso, escrevo
dois novos musicais – um sobre a discoteca
Dancin’Days e as Frenéticas e outro sobre a vida
de Elis Regina, dirigido pelo João Fonseca.
Em entrevistas, você tem falado bastante sobre o seu encantamento pela música do Pará, espe-cialmente pelos trabalhos de Gaby Amarantos, Lia Sophia, Felipe Cordeiro e Gang do Eletro. O que diferencia a música paraense e qual a impor-tância no panorama da música brasileira?
Foi o Hermano Vianna quem chamou minha
atenção para esta cena, há uns quatro anos.
Depois fui a Belém e conheci tudo aquilo – a
maravilhosa Lia Sophia, Gang do Eletro, Felipe
Cordeiro, a fabulosa Gaby Amarantos, Luê So-
ares, Félix, do La Pupunha, o produtor Waldo
Squash. O Pará tem músicos incríveis, levadas
diferentes, ritmos variados, forte infl uência cari-
benha. Eles têm um frescor e uma vitalidade!
É atualmente a cena musical mais interessante
do Brasil.
Você já teve a oportunidade de conhecer Be-lém. O que te chamou atenção na cidade?
A beleza da cidade, o carinho e a simpatia
das pessoas – e principalmente o talento mu-
sical e diversidade. Claro, a cidade também é
linda, a parte antiga, os sobrados, as igrejas,
tudo bem conservado, melhor do que muitas
capitais, como Salvador, por exemplo. Gosto de
freqüentar as Docas.
Provou algo da culinária típica? Sou alérgico a qualquer tipo de peixes e crus-
táceos, então fi co prejudicado em Belém.
Dançou carimbó? (risos)Nunca dancei nada! (risos) Fui dono de cinco
discotecas, mas não gosto de dançar. Adoro ver
as pessoas dançando e adoro música dançan-
te... sentado, no meu lugar....(risos)
De cima para baixo: Lia Sophia, Gang do Eletro, Gaby Amarantos e Felipe Cordeiro. Esses são alguns dos nomes que não saem do playlist do produtor Nelson Motta.
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TORRE PARNASO: Registro de Imóveis do 2º Ofício Belém PA – Livro 2 – J T. Matrícula 11.472 R.3, Protocolo nº 188.509, de 18 março de 2011. TORRE TRIUNFO: Memorial de Incorporação registrado no Cartório de Imóveis do 2º Ofício – Comarca de Belém – R.1/9099JL, em 26/3/2010. Protocolo 179.191. TORRES DUMONT: Memorial de Incorporação registrado no Cartório de Imóveis do 2º Ofício – Comarca de Belém – Livro 2-DX, mat. 29 Incorporação R.10, em 9/12/2010. Protocolo 185.757. TORRES FLORATTA: Memorial de Incorporação registrado no Cartório de Imóveis do 2º Ofício – Comarca de Belém – R1/8130JH, em 26/11/2009. Protocolo 176.465. TORRE VITTA HOME: Memorial de Incorporação registrado no Cartório de Imóveis do 2º Ofício - Comarca de Belém - RG/9679JN, em 16/06/2010. TORRE VITTA OFFICE: Memorial de Incorporação registrado no Cartório de Imóveis do 2º Ofício - Comarca de Belém - RG/9680JN, em 16/06/2010. Protocolo 181.328. SONATA RESIDENCE: R03 M M 445 FLS 445- 25/10/2005, Cartório de Registro de Imóveis, 2º Ofício.
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Celso Eluanempresá[email protected]
O julgamento do Mensalão estava com cara de
novela das 20h: as pessoas acompanhando com
atenção e torcendo pelo mocinho; atores procuran-
do o melhor desempenho; imprensa atenta e reper-
cutindo tudo; apostas de como seria o fi nal. Enfi m,
um autêntico folhetim.
O país se compraz e dorme satisfeito com o resul-
tado: os bandidos são condenados e o xerife é pro-
movido. Há alento e esperança no ar; agora, somos
um ‘país sério’, desacreditando De Gaulle. A Justiça
se faz presente e os corruptos desaparecem. Mas,
como nos contos de fadas, depois do fi nal feliz, vem
a vida real e o ‘felizes para sempre’ parece mais
distante que o prometido.
Sou dos que não assistem à novela e nem acredi-
tam em fi nal feliz, portanto sou cético quanto às mu-
danças que esse julgamento possa trazer ao Brasil.
Não creio que algo vá mudar nesse quesito, pois as
raízes estão submerisosas e muito bem fi ncadas. A
começar pelo processo eleitoral, se o voto é um di-
reito da democracia e você é obrigado a votar, tem
algo errado.
Em segundo lugar, vem o monstro burocrático do
Estado, com tantos tentáculos, que mais parece um
Big Brother, decidindo se podemos atravessar uma
rua ou sobre o preço do feijão. Ironicamente, é essa
tentativa de regular tudo que acaba propiciando o
surgimento das vias indiretas para resolver os pro-
blemas: o nosso famoso ‘jeitinho’.
Para ilustrar, um dia estava à mesa com alguns
prefeitos e ouvi relatos interessantes. Muitas cida-
des do interior precisam contratar médicos a peso
de ouro, já que, pelo maior salário ofi cial, não con-
seguiriam nem um curandeiro, muito menos um
médico para atender a população do município. De
onde vem a diferença para salários que facilmente
ultrapassam R$ 20 mil e são múltiplos do próprio
salário do prefeito?
Segurança pública é assunto do Estado, o muni-
cípio não tem e nem pode ter orçamento para esse
gasto. Mas é comum o Estado designar um efetivo
da PM para a localidade e pedir ao prefeito que pro-
videncie casa, carro e combustível para os policiais,
pois não há disponibilidade de verba do Estado. De
onde podem tirar esse custeio? Ou fi cam sem po-
liciamento?
A legislação engessa tanto o administrador pú-
blico, que qualquer compra de material ou serviço
torna-se um infortúnio no Ciclo do Inferno de Dante.
Muitas vezes, para acelerar um processo, acaba-
-se por criar atalhos tortuosos. Fica o dilema moral,
segue-se toda a legislação e os prazos se esgotam
e nada fazemos ou buscamos. A maioria, para não
correr riscos nem assumir responsabilidades, pre-
fere seguir a burocracia e explica-se por que tudo
no âmbito do Estado é lento, ininteligível, enervante.
Do atendimento nos hospitais, onde não há mate-
riais básicos e médicos capacitados, à tortuosa e
eterna lentidão judiciária, tudo fi ca prejudicado pe-
las amarras que a Lei impõe. Tem que se prevenir
de tantas possibilidades de fraudes que os 99% dos
bem-intencionados pagam pelo 1% de aproveitado-
res, para usar uma numerologia que os movimen-
tos sociais gostam de citar.
Até o momento, só citei casos em que não há má
fé nem interesses escusos, tudo muito republicano.
Mas, como diz o ditado, “onde passa boi, passa
boiada”, se esses atalhos utilizados para prover o
bem público são abertos, transformam-se em ave-
nidas para aqueles de má fé.
E mais. O poder executivo é vigiado e muitas ve-
zes controlado pelo Legislativo. Se os nobres legis-
ladores quiserem, param a administração pública e
o ônus político é do executivo. E nem precisam usar
atalhos, a legislação já é cheia de algemas para
aprisionar quem quiser fazer algo. Nesse quadro, o
chefe do executivo tem que negociar se não quiser
pagar os custos políticos da inanição, ou mesmo
sofrer um impeachment.
Eis aí o mensalão novamente. Por isso, sou des-
crente. Enquanto tivermos um Estado que movi-
menta quase 40% do PIB, essa onipresença é por
demais tentadora. Certamente, enquanto estou
escrevendo ou você está lendo, pelo menos 20%
da arrecadação dos impostos está indo pro ralo da
corrupção e esse julgamento nada mudou. Só mu-
dará quando tivermos um estado menor e não mais
cheio de leis e amarras que só sofi sticam os golpes
que solapam a própria legislação. Mas, para isso,
você, leitor, terá que acreditar que não precisa do
Estado para se intrometer em tudo na sua vida e
não apenas fi car falando deste ou daquele político
que provisoriamente ocupa aquele posto. O proble-
ma não é a pessoa – é o processo. Enquanto não
acreditarmos nisso, fi caremos caçando corruptos
como quem caça ratos no lixo. Ou retira-se o lixo,
ou os ratos não desaparecerão.
Para isso, quero lembrar do amigo Habib Fraiha,
autor de um livro sobre a brava atuação de Oswaldo
Cruz em Belém no início do século XX para debelar
a epidemia de febre amarela. O renomado cientista
teve que desalojar famílias, provocar muito descon-
forto, tal como já havia feito na capital da República
de então, o Rio de Janeiro. Mas venceu a luta contra
o mosquito transmissor e contra a epidemia.
Da mesma forma, não se debela a corrupção
apenas prendendo-se os corruptos ou corruptores,
seria como matar o rato e deixar o lixo. Temos que
debelar o transmissor e, para isso, é preciso acabar
com o ambiente onde ele prolifera, um orçamen-
to bilionário. E esse, como mostrou Oswaldo Cruz,
não é um processo em que a Lei seja sufi ciente. É
preciso muito sacrifício, luta e aceitação. Sem isso,
não há fi nal feliz.
SANEAMENTO SOCIAL
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especial
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Dentre os itens considerados “essenciais” à construção da autoestima feminina [e masculina], os sapatos encabeçam a lista e ambos os sexos não poupam neste quesito.
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Thiago Freitas Dudu Maroja
SíndromedeCinderela
Eles podem ser sapatilhas ou saltos altos, em modelos para ambos os sexos. Quando o assunto é sapato, não há limites aos que consideram calçados indispensáveis à autoestima e há muito tempo, o assunto deixou de ser exclusividade “delas”.
Foi um verdadeiro escândalo – de fazer in-
veja a um roteiro hollywoodiano. A primei-
ra-dama de um país asiático, cuja popu-
lação morria de fome e vivia na miséria, ganhou
as primeiras páginas e manchetes de jornais
quando o marido, líder da nação, foi deposto e
teve de sair das Filipinas. O palácio onde ambos
viviam foi revirado e nele encontrados milhares
de pares de sapatos [muitos dos quais nunca
sequer haviam sido usados]. Ainda nos closets
de Imelda Marcos ,também foram encontrados
perfumes e vestidos caríssimos, comprados,
supostamente, com dinheiro público desviado
dos cofres, segundo as acusações da época.
Imelda Marcos tornou-se símbolo de um con-
sumismo desenfreado. Após a revolta popular
que depôs seu marido, o ditador Ferdinand Mar-
cos, o casal foi exilado e, imagine a perplexidade
dos revolucionários ao encontrar três mil pares
de sapatos, número [com o perdão à seriedade
dos eventos, à época] de dar inveja a qualquer
consumista de plantão. Quase três décadas de-
pois do golpe popular que pôs fi m à ditadura dos
Marcos, Imelda retornou às Filipinas [ao contrá-
rio do marido, que morreu no exílio] e montou
um museu, em Marikina, onde estão expostos
770 pares de marcas como Gucci, Carles Jour-
dan, Christian Dior, Chanel, Prada e Louboutin.
Da vida real para a fi cção, outra personagem
personifi cou essa compulsão por sapados: a co-
lunista Carrie Bradshaw, interpretada pela atriz
Sarah Jessica Parker, do seriado Sex and the
City. Para ela, os sapatos são uma espécie de
amuleto que acompanham as angústias e feli-
cidades do cotidiano. Achar o par perfeito é o
lema de vida da personagem, que não mede
esforços [e por vezes, nem o limite do cartão de
crédito] em prol do “salto”. Ficção ou não, o es-
tilista Manolo Blahnik [por quem a personagem
Carrie Bradshaw nutre uma verdadeira admira-
ção e, por que não dizer, a marca de predileção
da própria] e fundador da famosa marca de sa-
patos que ostenta seu nome, certa vez afi rmou
que “sapatos são a maneira mais rápida de uma
mulher conseguir uma transformação instantâ-
nea”. Verdade ou não, até hoje não se sabe ao
certo o poder que esse item exerce sobre elas.
Recentemente, o jornal inglês “Daily Mail” re-
velou uma pesquisa sobre o assunto e o resulta-
do revelava que quase metade das 3 mil entre-
vistadas julgam outras mulheres pelo que elas
estão calçando. A pesquisa relevou outro dado
interessante: a estimativa de gastos com sapa-
tos ao longo de uma vida, contando que uma
mulher viva até os 70 anos, é de 16 mil libras,
ou seja, quase R$ 43 mil. Para tentar descobrir
o real signifi cado dos sapatos e revelar algumas
histórias curiosas, a Revista Leal Moreira convi-
dou algumas pessoas a abrir seus closets e falar
abertamente dessa paixão. »»»
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O poder de um salto alto.Declaradamente apaixonada por sapatos, a fotó-
grafa Noélia Neves possuiu uma coleção de apro-
ximadamente 200 pares. Mesmo bem longe dos
3 mil modelos da fi lipina Imelda Marcos, a quan-
tidade está acima do normal, mas a explicação
está na ponta da língua. “Eu me considero uma
mulher baixa e, quando estou de salto, sinto que
os centímetros a mais me valorizam muito, além
de me sentir mais sensual. Sou vaidosa e minha
autoestima se eleva bastante. Um salto me deixa
mais confi ante, mais poderosa e muito mais femi-
nina”, explica. Há alguns anos, por conta de um
problema de saúde, ela precisou fi car alguns me-
ses sem usar qualquer tipo de sapato alto, o que
a motivou a tomar uma decisão sensível. “Hoje, se
eu compro seis pares, separo três pra doar para al-
guém que precise. Um sapato pode mudar a vida
de uma mulher”, revela.
Noélia conta que todos os seus amigos já sabem
dessa sua paixão e, nas datas comemorativas, o
que ela mais ganha é, sem dúvida, sapatos “Meu
closet virou uma espécie de museu. Todos que vão
ao meu apartamento fi cam namorando meus sa-
patos”, acrescenta. Contudo, a restrição pelo con-
sumo desenfreado vem por parte dos familiares. “É
inevitável. Meus pais brigam pelo exagero e sem-
pre falam que é desperdício de dinheiro. No entan-
to, acabam me elogiando quando me veem com
um salto lindo”, diz entre risos. Os modelos são os
mais diversos possíveis: “tenho muitos diferentes,
de trançar na perna, com brilhos, cores diferentes,
mas o ultimo é um luxo, 21 cm que parece um
cristal, todo transparente”, aponta.
As várias formas de cada modelo, os saltos fasci-
nantes e a própria moda em si,que é acompanhar
as tendências, combinar e ‘descombinar’ com ou-
tros acessórios é, segundo Noélia, como fazer má-
gica com os pés. Ela já fez algumas loucuras para
conseguir um par irresistível – a “extravagância”
mais recente envolveu um par exclusivo do designer
Fernando Pires, que custava cerca de 1.500 reais.
Para comprar o tão desejado calçado, ela precisou
utilizar seu poder de persuasão. “Logo quando o vi,
fi quei apaixonada pelo modelo, mas uma mulher
já tinha se apoderado. Então, me aproximei dela e
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comecei a falar que ele não era nada de exclusivo,
pois na véspera estava num evento e tinham duas
mulheres usando o mesmo modelo e da mesma
cor. Ela pensou e largou o sapato na hora. Eu não
pensei duas vezes, corri e paguei. Quando estava
saindo, a mulher estava louca da vida porque per-
cebeu o que fi z. Saí de mansinho”, relembra.
A fotógrafa confessa que, até agora, esta sua
paixão não lhe trouxe qualquer malefício, mas é
preciso fi car atenta ao delírio do consumo. “Por
enquanto, consigo lidar de forma saudável. Mas
confesso que de vez em quando, faço algumas
estripulias”, frisa, acrescentando que, em uma via-
gem para o Rio, ela trouxe mais de 20 pares na ba-
gagem. Questionada sobre quais são os próximos
pares para entra para a coleção, ela é categórica.
“Todos pelos quais eu me apaixonar e meu dinhei-
ro puder comprar”, brinca.
Um modelo para cada ocasião Entre sapatilhas, rasteirinhas, saltos e sapatos
sociais, a jornalista Ana Paula Azevedo possui mais
de 100 pares. Ela conta que, desde criança, era
apaixonada por qualquer tipo de sapato e, com o
tempo, esse vício só foi crescendo. “Quando eu
era pequena, eu via minha mãe se arrumando e
fi cava completamente encantada quando ela colo-
cava um salto alto. Como toda a menina, esperava
ela virar as costas e sempre experimentava alguns
modelos”, relembra. Hoje, a jornalista transmite
essa sua paixão para a sua afi lhada, de apenas
10 anos. “Compro vários sapatos e sapatilhas para
ela que simplesmente adora! Mas acredito que ela
ainda não está na fase de usar salto alto”, pondera.
Mesmo com uma rotina bem corrida, a jornalista
não dispensa um belo par de saltos altos. “Mesmo
com uma roupa simples, você coloca um salto alto
e já consegue chamar atenção. Quando sei que
vou ter que fi car muito tempo em pé, eu uso uma
sapatilha básica, mas o salto sempre esta lá dis-
ponível para qualquer emergência”, revela. Segun-
do Ana Paula, não é possível afi rmar que o motivo
que leva as mulheres à compulsão por sapatos
seja um só, mas a causa é sempre a mesma: uma
fuga dos problemas reais. “Acho que o importante
é saber o limite. O exagero defi nitivamente não é »»»
1 – Christian Louboutin - Preço: $ 4.645
2 – Gucci - Preço: $ 3.750
3 – Gianmarco Lorenzi - Preço: $ 3.348
4 - Tabitha Simmons - Preço: $ 2.190
5 – Balmain - Preço: $ 2.725 dólares.
6 - Christian Louboutin - Preço: $ 2.445.
7 – Gucci - Preço: 2.295 dólares
8 - Rick Owens - Preço: $ 2,073.60
9 - Jimmy Choo - Preço: $ 1.995
10 - Giuseppe Zanotti - Preço: a partir de $2.000,00
Fonte: justluxe.com
Os 10 sapatos mais caros do mundo
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saudável. No mais, um par de sapatos sempre é
bem-vindo”, acredita.
Eles também amam sapatos?Para o estudante de arquitetura, Felipe Quincó,
os sapatos têm o poder de contar histórias e re-
lembrar momentos especiais. “A maioria dos sapa-
tos que tenho compro em viagens, então, cada um
me lembra um lugar, alguém ou alguma situação
única. Nunca considerei fazer uma coleção, mas
sempre amei comprar sapatos e sempre estou
pesquisando novos modelos e marcas, difi cilmen-
te saio de um dia de compras sem um par”, diz
Felipe, que contabiliza o número de pares em seu
armário: 50 modelos. O estudante tem um carinho
especial por todos eles e prefere os de cores mais
claras e, acredite, eles estão sempre limpos. “Cui-
do muito bem deles! Sempre procuro comprar sa-
patos de cores e materiais variados para combinar
com qualquer situação ou roupa que eu use. Sim,
sou muito vaidoso e detalhista”, garante.
Mas do que uma terapia, Felipe acredita que
comprar sapato já foi e ainda é motivo de muita
diversão. “Não acho que eu seja um consumidor
desenfreado. Comprá-los não prejudica em nada
a minha vida, então, a maioria das vezes que gosto
do sapato, acabo comprando. Mas também não
saio comprando sapatos loucamente por aí, com-
pro quando gosto mesmo!”, diz. O estudante tem
vários sapatos antigos que, segundo ele, sempre
são os mais confortáveis, o que difi culta o desape-
go. “Quase todos os sapatos que tenho, sei onde
comprei e quanto custou. O mais antigo é um mo-
cassim bege e azul. Toda vez que calço, vejo que
ele já está superantigo, mas não consigo me des-
fazer dele. É conforto total”, detalha.
O vício por sapatos vem de família e foi um traço
herdado do pai, o empresário Edgar Quincó. “Ele é
um homem extremamente vaidoso, sempre anda
impecável e combinando tudo. Acho o máximo e
admiro isso nele, pois, apesar da vida super cor-
rida, sempre viajando, ele sempre está arrumado
elegantemente sempre. Meu pai é meio exagera-
do e tem muitas roupas, sapatos... e fui criado as-
sim...”, conta Felipe, que explica ainda que seus
familiares já estão acostumados. “Todos encaram
isso normalmente, meus primos e eu sempre esta-
mos mostrando as novidades adquiridas uns para
os outros”, acrescenta.
O interesse por sapatos, até um tempo atrás,
era exclusivamente feminino. Felipe acredita, po-
rém, que o homem contemporâneo se tornou cada
O sapatos do estudante Felipe Quincó “têm histórias para contar”, segundo ele.
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vez mais vaidoso, e isso fez com que a indústria da
moda fi casse superaquecida. “Hoje, o homem en-
contra uma variedade enorme de acessórios e rou-
pas, e isso faz com que ele também ceda e acabe
comprando um pouco mais, como a mulher. Há op-
ções de sapatos de várias cores, modelos, materiais
e isso faz com que ele perceba que não existe só
sapato preto de bico quadrado para usar”, comple-
ta. Para os amigos e familiares, Felipe deixa uma
dica para os presentes de fi m de ano. “Estou de olho
em um Stubbs & Wootton e, claro, sapatos da Zara,
modelos lindos!”, ri.
Compradores compulsivos.Segundo a psicóloga e neuropsicóloga Márcia
Araújo, doutoranda em “Teoria e Pesquisa do Com-
portamento”, o desejo em si é saudável. A questão
é não deixar que ele se torne patológico. “O malefí-
cio surge quando há um descontrole do impulso de
consumir, o que pode caracterizar uma compulsão.
Muitos compradores compulsivos têm distúrbios de
humor, ansiedade excessiva e depressão”, analisa a
profi ssional que acrescenta que as “crises” de con-
sumo podem ser desencadeadas por perdas afe-
tivas ou situações que estimulem o sentimento de
menos-valia.
Até os dias de hoje, há pouco consenso sobre o
tratamento apropriado para o comprador compulsi-
vo. No entanto, alguns estudos indicam que as téc-
nicas da terapia cognitivo-comportamentais podem
ser úteis. “Elas incluem geralmente três componen-
tes principais: habilidades de resolução de proble-
mas para ajudar a gerar respostas diversifi cadas ao
estresse, técnicas de reestruturação cognitiva para
corrigir os pensamentos irracionais associados ao
comportamento impulsivo e a prevenção de recaí-
das para ajudar a identifi car situações de alto risco
e gerar planos alternativos”, detalha a psicóloga que
frisa que, em alguns casos , pode haver a necessi-
dade de terapia medicamentosa.
Não é fácil conviver com uma pessoa que apre-
sente um comportamento compulsivo, dessa forma,
é primordial a busca por informações sobre o pro-
blema, aprender o máximo sobre o transtorno, suas
causas e seu tratamento. “Alguns não aceitam se-
rem portadores de algum problema, julgam-se ca-
pazes de controlar o impulso na hora que quiserem
e não procuram ajuda. Família e amigos podem
ajudar ao mostrar a necessidade de tratamento”,
completa Márcia.A fotógrafa Noélia Neves assume que cometeu loucuras para ter os tão desejados saltos em mãos.
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CamadasreveladorasO fotógrafo Dilermando Cabral revela impressões escondidas sob camadas de cores. As pesquisas pessoais renderam belíssimas imagens do cotidiano
Quarenta anos de fotografi a ainda é pouco para
Dilermando Cabral. Dotado de muito talento,
curiosidade, obstinação e alguma sorte, o fo-
tógrafo nunca desperdiçou uma porta aberta. A disposi-
ção para experimentar caminhos novos e a coragem de
abandonar os antigos fi zeram dele um dos profi ssionais
mais versáteis de Belém – e, provavelmente, um dos
que mais tem história para contar.
A relação com as imagens veio de muito cedo, mais
por conta da imaginação do garoto do que da vontade
profi ssional. Observador e inventivo, folhear álbuns de
fotografi a era a principal diversão de Cabral na infância,
fato ao qual ele atribui suas primeiras percepções no
ramo. “De seis fi lhos, eu era o único homem. Não tinha
companhia para brincar. Meu passatempo era abrir as
gavetas onde meu pai guardava os álbuns de fotos”,
conta. “Passava horas deitado, observando aquelas
imagens, viajava em cima de cada foto que eu olhava”.
Um pouco mais tarde, em meados da década de 70,
viajou de férias para o Rio de Janeiro com a mãe. Na
ocasião, o pai deu um dinheiro para que ele comprasse
um presente para si. Escolheu uma câmera. “Ela era
tosca, de plástico. O resultado era terrível, eu não tinha
nenhuma noção e a máquina não ajudava”, ri com a
lembrança. Foi o primeiro passo em direção à carreira
que lhe motivaria a dedicação de uma vida.
As condições ruins não o impediram de registrar tudo
o que via pela frente. Ao contrário: o instigou a fazer me-
lhor. Pegava emprestada a máquina da irmã, a câme-
ra do pai, e ia experimentando. Passaram-se uns anos
até que veio o primeiro convite profi ssional. “Um amigo
publicitário viu umas fotos minhas e me convidou pra fa-
zer uma série de fotos para uma campanha publicitária.
Não pensei duas vezes”. Enquanto trabalhava nas ima-
gens comerciais, seguiu fazendo seus próprios regis-
tros. Não tardou muito para que chamasse atenção de
outro importante nome da comunicação: em 76, após
um convite, assumiu o cargo assistente de cinegrafi s-
ta em uma emissora de TV local, recém-inaugurada.
Lá, vivenciou várias funções completamente novas. “Fui
operador de moviola, cheguei a editar material, trabalhei
no laboratório, aprendi a revelar fi lme de cinema, fui pra
câmera de estúdio... um curso prático completo”, diz.
Dois anos depois, veio um novo convite da mesma
empresa. Dessa vez, para atuar como repórter fotográ-
fi co no jornal impresso. Mais uma vez, disse sim. Com
apenas 19 anos, passou por todas as editorias. “Fiz so-
cial, polícia, matérias especiais, cultura... Ali foi minha
faculdade de jornalismo”. Ficou lá por pouco mais de
um ano. Depois, voltou para a Mendes Publicidade,
cujo estúdio de fotografi a fi cou sob sua responsabilida-
de. Nesse trabalho, ganhou prêmios e know-how para
montar seu próprio estúdio, além de dedicar tempo
para as pesquisas e interesses pessoais.
O conforto da vida menos corrida não foi argumento
bom o sufi ciente para manter Dilermando afastado da
correria do jornalismo. Com a queda do mercado pu-
blicitário em meados da década de 80, começou a fa-
zer alguns trabalhos para a sucursal da Veja. Em 85, foi
convidado a fi car na editora Abril, no lugar de João Ra-
mid, após sua transferência para o sudeste. Novamen-
te, o “sim” foi a resposta imediata. “Foi uma experiência
Camila Barbalho arquivo pessoal
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72A Praça Batista Campos ganhou contornos surpreendentes, após exposição à uma lente infravermelha
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Nas duas imagens acima, as escamas do pirarucu, o gigante vermelho da Amazônia. Ao lado, mais resultados do uso da lente infravermelha.
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desgastante, complicou até meu casamento.
Eu cobria muitos problemas agrários, precisa-
va viajar... Tive que adiar o batizado da minha
fi lha mais velha quatro vezes”, relembra. Três
anos depois, saiu. Cansado e sentindo falta da
família, resolveu retomar o estúdio, onde fi cou
até que recebesse o “chamado” [mais um] do
fotojornalismo, área em que atua até hoje.
Perguntado sobre o que o levou a aceitar to-
dos os convites que recebeu, Dilermando res-
ponde de um jeito simples, porém sábio, que
“toda experiência nova vale a pena. Tive opor-
tunidade de conhecer outros lugares, de apren-
der linguagens diferentes entre publicidade,
cinema, fotojornalismo...”. As diferentes áreas
de conhecimento lhe proporcionaram pluralida-
de – além de um acervo documental valioso.
“Tenho muito material da Amazônia, milhares
de negativos arquivados, muitas fotos inéditas”,
orgulha-se, mais ainda por perceber que tudo é
resultado do seu próprio esforço e do aprovei-
tamento das chances que teve. “Me virei. Com-
prei meu primeiro equipamento com dinheiro
emprestado, somado aos bicos que fi z fotogra-
fando casamento, batizado... antigamente era
assim. Não tinha curso de fotografi a no Brasil.
Você tinha que ser autodidata e encontrar por-
tas abertas”.
A falta de fonte de aprendizado teórico, aliás,
nunca foi um obstáculo defi nitivo para o profi s-
sional. Apesar dos poucos livros e referências,
a pesquisa sempre foi parte forte de seu traba-
lho – e seu meio de nunca estagnar. Um forte
exemplo disso é que ele foi o responsável pela
montagem do primeiro laboratório colorido do
jornal O Liberal, ainda manual, abrindo as por-
tas para a era da digitalização fotográfi ca – um
sistema que durou anos, até a modernização
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completa do parque gráfi co. “Ficaria muito caro
sustentar um minilaboratório tecnológico por-
que ele teria que ser terceirizado, então, monta-
mos esse. E, modéstia à parte, foi o melhor. Um
laboratório excelente, de custo reduzido, onde
poderíamos ampliar fotos de qualquer tama-
nho”, explica. O espaço facilitou bastante o tra-
balho e fez surgir a fi gura do editor de fotografi a
em Belém. “Os fotógrafos tiravam várias fotos
iguais e todas eram reveladas, porque estavam
no mesmo fi lme. Muito dinheiro estava sendo
desperdiçado. Compramos um Fujix, um apa-
relho que ligava na televisão. Cortávamos o ne-
gativo de seis em seis fotos e projetávamos na
TV. Só a foto escolhida era revelada, no nosso
próprio laboratório”.
A curiosidade, a ousadia e o interesse pelo
novo foram fatores determinantes para os re-
sultados que Dilermando alcançou em seus
projetos pessoais. Sistemas de solarização por
fi lme, inversão de fotografi a por traço, fotogra-
fi a infravermelha e grafi smos são algumas das
refi nadas técnicas que o fotógrafo descobriu e
passou a dominar, após muita obstinação e ex-
perimentalismo. “Sofri muito para chegar a esse
ponto. Não tinha ‘sites de busca’ para perguntar
como fazer”, diverte-se. A fotografi a com infra-
vermelho, por exemplo, é a mais trabalhosa.
“Levei dias para descobrir que infravermelho só
rende bem com a máquina no tripé, longa ex-
posição, com o ISO lá embaixo”, explica. E esse
está longe de ser o único elemento de difi culda-
de: “o outro ‘porém’ é que, quando a foto apa-
rece no computador, ela é totalmente vermelha.
Você tem uma foto vermelha, que é colorida
por baixo. Aí tem que equalizar todos os espec-
tros luminosos, indo e voltando, até chegar a
um bom resultado. Vai trabalhar nos canais de
cores”, ensina. O processo é demorado: horas
por foto, às vezes até dia. “Mas o resultado é
único”. Já o grafi smo, material criativo que
também é recorrente nos seus trabalhos, é fruto
de um critério mais empírico: “grafi smo está em
todo lugar, deixa a minha mente aguçada. Por
exemplo, estou aqui, conversando com você, e
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Leia mais
Veja mais imagens exclusivas do fotógrafo Dilermando Cabral.
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começo a ver grafi smos no ambiente”.
As fotos feitas com essas técnicas, de visual im-
pressionante, vêm servindo de teste para um pro-
jeto maior – que ainda está em fase de planeja-
mento. Cabral planeja mesclar os conhecimentos
em uma expedição dupla. “Quero ir ao Marajó, fa-
zer o levantamento da vida do caboclo, do vaquei-
ro marajoara. Depois, irei à Austrália, fotografar o
cowboy do deserto australiano. Quero traçar um
paralelo entre os segmentos”, empolga-se. “O que
eu quero mostrar é que, apesar das culturas e dos
lugares diferentes, os hábitos são universais. O ser
humano é um só”. A ideia surgiu depois de uma
série de viagens feitas em 2003, em que ele pode
observar esses aspectos das pessoas. “Fotogra-
fei pessoas em Nova Iorque por 20 dias. Depois,
passei um mês viajando de ônibus pela Europa re-
gistrando os costumes. O último lugar foi o Japão.
É impressionante como o ser humano leva uma
vida de formiga”, comenta. O novo projeto está no
aguardo de patrocínio, e depois deve gerar uma
exposição.
Dilermando destaca o saldo de todos os anos
voltados para a fotografi a: “alegrias, coisas hilárias,
coisas tensas, experiências incríveis, condições
lamentáveis...”. Espectador das mudanças ocorri-
das no mundo e na sua própria profi ssão, ele de-
fende que a modernização não é vantajosa para o
ramo caso limite o profi ssional. “A fotografi a cres-
ceu, mas se banalizou. Qualquer um pode com- »»»
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prar qualquer câmera. Isso é ótimo, por um lado.
Desperta o interesse nas pessoas. Mas a era digital
não está fazendo grandes fotógrafos. Hoje, tem mui-
to programa que ajuda, mas a real ferramenta do
fotógrafo é o conhecimento de laboratório, a criati-
vidade”, acredita ele, que também afi rma que o fo-
tógrafo tem que saber fazer sua própria revelação.
“Antes, a gente tinha que saber de muita coisa: den-
sidade, temperatura, tipo de papel... Eu, por exem-
plo, fazia meus reveladores, fazia sépia com a mão,
lavava a foto com sal para não amarelar”, conta. Na
opinião dele, é função dos profi ssionais mais anti-
gos repassar esses pequenos truques para os mais
jovens, que não os descobriram empiricamente. E
arremata “é uma bobagem não ensinar os macetes
que a gente aprende. Quem pensa que não deve, já
não é um bom fotógrafo”.
Sobre o mercado brasileiro, Cabral demonstra
certo ressentimento. A desvalorização do profi s-
sional de fotografi a, a seu ver, transforma o retrato
em uma arte marginalizada. “Fotografi a é tão arte
quanto uma pintura. É triste que, no Brasil, não se
veja assim. Aqui, ela não tem o mesmo valor que
na Europa, nos Estados Unidos. Eles sim valorizam
a arte”, opina ele, que negocia fotos para bancos de
imagem no mundo todo. Para Dilermando, respeitar
a linguagem da grafi a com luz é respeitar a histó-
ria da humanidade. “A foto será, no futuro, o que as
pinturas rupestres foram na pré-história. É como o
homem do futuro vai ver quem nós fomos”, defende,
com a autoridade de quem – por quarenta anos – viu
o mundo (e a fotografi a) mudar.
Os detalhes, que geralmente passam despercebidos, ganham cores e destaques nas obras de Cabral.
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especial
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No dia primeiro de janeiro de 2013,
um novo prefeito assumirá a gestão
da capital paraense. A contagem re-
gressiva, a partir daí, está defl agrada – mais
três anos e Belém será uma senhora “qua-
trocentona” e o prefeito eleito, Zenaldo Cou-
tinho, estará à frente do maior município [em
número de habitantes] do estado.
A expectativa é enorme, pois quem é bele-
nense [por origem ou adoção] anseia por ver
sua cidade recuperar o viço de outrora, quan-
do vivenciou o ciclo da Borracha, que legou
a Belém o epíteto de “francesinha do Norte”,
tal era sua semelhança com a Paris do mes-
mo período e de um arrojado planejamen-
to do intendente-geral [cargo equivalente ao
do prefeito nos dias atuais], à época, Antônio
José Lemos [1897 a 1912].
Na aurora do século XX, Lemos, conside-
rado por seus estudiosos um político hábil e
homem sensível, era um visionário, uma vez
que iniciou as políticas públicas higienistas
[saneamento básico] e mandou reformular o
Código de Posturas do Município. A revolução
urbana foi o gatilho inicial que movimentou
outras revoluções: sanitárias, arquitetônicas e
comportamentais.
A elite usava fraque, cartola, vestidos sobre
numerosas anáguas, chapéus e luvas. No
esplendoroso Theatro da Paz, companhias
europeias encenavam espetáculos que não
chegavam ao Rio de Janeiro, então capital do
Brasil. As sessões do Olympia [a mais antiga
sala de cinema ainda em funcionamento no
país] eram o ponto de encontro da high so-
ciety paraense.
E Lemos, maranhense de nascimento, po-
rém com um amor incondicional por Belém,
foi, talvez, o grande responsável pela revolu-
ção que Santa Maria de Belém do Grão Pará
viveu naqueles dias. O intendente, entretanto,
não estava só. Para suprir a ausência de es-
tudo e o peso de um sobrenome tradicional
[Antônio Lemos só possuía o liceu – o ensino
médio dos dias atuais, mesclado ao ensino
profi ssionalizante – e chegara a Belém como
taifero da Marinha do Brasil], cercou-se de
nomes importantíssimos das ciências e de
intelectuais que o ajudaram a levar em frente
seu projeto visionário.
O tempo não foi generoso com a cidade. O
belo projeto de Lemos foi engolido pela de-
cadência, pela ausência da continuidade de
seus planos. A cidade explodiu e, portanto,
cresceu desordenadamente. Não havia estu-
do para abrir ruas e elas foram abertas como
feridas expostas. A cidade deu as costas
para o rio – a orla da cidade [talvez um dos
maiores ressentimentos e críticas habituais
de seus moradores] foi tomada por ocupa-
ções irregulares.
A Revista Leal Moreira “abre suas portas”
pela primeira vez, em quase dez anos de
existência, para o gestor da cidade falar so-
Rumo
400anos
Da Redação
A Revista Leal Moreira abre suas portas [e páginas] para um movimento de resgate do amor a Belém. Na rota que nos conduz aos quatro séculos de existência, o primeiro entrevistado de uma série de reportagens especiais é o prefeito eleito, Zenaldo Coutinho.
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Dudu Maroja
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Em meio ao caos, Belém ainda guarda símbolos que remetem à abundância [ e melhor tratamento] de tempos passados, como os túneis das mangueiras e o mercado de São Brás.
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bre seus planos para Belém. O motivo? A
“Feliz Lusitânia” precisa voltar a sorrir. E foi
com esta proposta – ouvir as intenções do
prefeito eleito – que convidamos o advoga-
do Zenaldo Coutinho, 51 anos, a inaugurar a
série de matérias especiais que a RLM fará
sobre os caminhos que nos levam aos qua-
tro séculos, pelos próximos três anos.
Como cidadão belenense e usando uma frase que o senhor usa em seu plano de go-verno, como devolver o título “Metrópole da Amazônia” para Belém?
Tem que ser um conjunto de ações, ações
estruturantes, de políticas públicas de inclu-
são social e de envolvimento com a comu-
nidade e o povo em geral. Isso passa pelos
serviços públicos e eu vou citar o mais sim-
ples: limpeza pública, que é fundamental.
Belém não é uma cidade limpa. E isso passa
pela questão, obviamente, da saúde pública.
Passa igualmente pela valorização da nossa
cultura, que tem uma riqueza extraordinária
e precisa ser valorizada, induzida, apoiada...
evidenciada. Passa pela identifi cação, estí-
mulo, valorização e aprimoramento dos nos-
sos talentos, de áreas como esporte e edu-
cação. Uma cidade tem que ter evidenciada
sua identidade e isso decorre de sua cultura,
de sua história e também do momento que
se vive, do que está se produzindo na cida-
de – aí entra a cultura, entra o esporte... a
gastronomia. Como nós queremos retomar
o título de “Metrópole da Amazônia” se nós
somos a pior capital em termos de arboriza-
ção no país? Como compreender uma ci-
dade, na Amazônia, sem árvores? Imagino,
por exemplo, aos quatrocentos anos, que já
tenhamos a nossa “Bienal das Artes”.
Ah, então o senhor pensa em uma Bienal das Artes?
Sim. Começaremos no fi nal do primei-
ro ano e teremos um grande momento em
nossos 400 anos. Tem que ser uma cidade
onde as pessoas se sintam, na rua, estan-
do na própria casa. A gente precisa ter essa
‘patrimonialização’ coletiva da cidade.
Como incutir esse sentimento em nossa gente?
Diria que, quando a gente tem o poder
público prestando seus serviços com re-
gularidade, com efi ciência, teremos a boa
contaminação, o bom contágio para envol-
ver as pessoas na contraprestação desses
serviços. Vou te dar um exemplo: no shop-
ping center, ninguém joga lixo no chão. Pri- »»»
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meiro, porque o chão está limpo; segundo,
porque tem gente olhando; terceiro, porque
eu não vou passar vergonha; mas, na rua, as
pessoas jogam o lixo no bueiro e por várias
razões: a cidade não está limpa, a rua está
suja, ou seja, não se sente o compromisso
com a qualidade daquela rua, pois não tem
ninguém olhando.
O senhor não acha que essas situações se-jam um reflexo da nossa pouca auto-estima?
O paraense tem muito orgulho de ser para-
ense. O que precisamos é transformar esse
orgulho em nossas práticas cotidianas. E
isso passa do poder público para o cidadão.
O senhor pensa em estimular algum tipo de campanha para valorizar esse sentimento?
Nós precisaremos ter, dentro de Belém,
movimentos culturais – e não somente do
material, do patrimônio palpável – em prol do
prazer de morar em Belém, de sermos par-
tícipes da história. Como prefeito, quero ser
um grande mobilizador, quero atrair e mo-
bilizar pessoas, as comunidades a me aju-
darem a fazer isso. E quero começar com
as coisas simples: uma cidade limpa, com
jardins bonitos, bem cuidados. Consolidar
parcerias com a sociedade civil – a exemplo
dos “amigos da praça Batista Campos”, que
vigia, cuida... Se a gente conseguir estabe-
lecer essa corresponsabilidade com a quali-
dade de vida na cidade, teremos uma cida-
de melhor. E é nisso que aposto: a união do
povo, neste momento de reconstrução, será
fundamental.
E o que pensa o cidadão Zenaldo? O que tem de melhor em Belém? E o que mais o entristece, ao ponto de o senhor achar que é algo que deve ser trabalhado urgentemente?
O que eu mais gosto em Belém é a gen-
te de Belém. É o que mais me dá alegria; o
nosso povo, que é extremamente acolhedor,
alegre, orgulhoso de ser paraense. Lembro
que foi esse mesmo povo que foi às urnas
votar contra a divisão do Estado. 96% dos be-
lenenses disseram “não” à divisão do Pará
em um claro apoio à nossa unidade. Outra
coisa que me encanta em Belém é o nosso
patrimônio histórico e arquitetônico, nossos
prédios, nossa cidade velha, a nossa culi-
nária. Eu adoro comer bem (risos). Encanta
a água que banha a cidade, nossos rios, a
possibilidade de a gente poder retomar essa
ligação com a água, com o rio. Quer um as-
pecto interessante? O belenense não tem o
hábito de passear de barco no rio. Para os
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ilhéus, esse é o meio de transporte do dia a
dia, mas, para quem vive no continente, é algo
fora do comum. Meu objetivo é criar linhas do
que eu vou chamar de “ônibus do rio”, vá-
rios pequenos portos, interligados às paradas
de ônibus, fazendo transporte intermodal, de
modo que você possa sair do Jurunas para o
Guamá em um ônibus de rio, ou seja, pode-
mos ter um transporte complementar do rio,
integrado ao transporte rodoviário.
E o que o entristece em Belém?A falta de cuidado com a nossa cidade,
ver crianças e jovens dependentes químicos,
morando nas ruas, mendigando a sobrevi-
vência deles. Me entristece muitíssimo uma
saúde que não funciona, ver gente morrendo
na porta do Pronto-Socorro. Aí a gente vê, de
maneira generalizada, o mau trato multiplica-
do, a violência...
O senhor mencionou Lemos, um dos ges-tores mais apaixonados por Belém, portanto, não posso deixar de perguntar sobre nossas mangueiras...
Há que se lembrar que, na época do Le-
mos, Belém vivia o apogeu do ciclo da bor-
racha: a cidade recebia grupos de ópera que
não iam para o Rio de Janeiro, por exemplo;
as famílias de posses mandavam lavar suas
roupas em Paris... Lemos, portanto, é uma
referência importante. Atualmente, temos um
trânsito caótico e até hoje a cidade não tem
um plano viário global, é um absurdo! A ques-
tão das mangueiras, embora você coloque
como um problema pontual, entendo ser um
problema simbólico – as mangueiras, as cal-
çadas, as pedras portuguesas, as pedras de
lioz, a nossa cidade velha... Ou a gente leva
as mangueiras para toda a cidade e retoma
o conceito de “cidade das mangueiras”, ou
cuidamos dos exemplares centenários que
ainda temos, ampliando, com essências na-
tivas, a arborização da cidade. Até porque as
mangueiras, embora sejam lindas e sirvam
de alimento pra muita gente, são exóticas – a
mangueira veio da Índia. E nós temos tam-
bém belas e grandes árvores daqui da região
que poderiam ser plantadas. Mas é priorida-
de iniciar a arborização – é impensável que
a capital do Pará detenha o título de capital
menos arborizada no Brasil.
Há uma grande expectativa acerca de sua gestão, afinal, o senhor estará à frente da prefeitura quando Belém completar 400 anos. Quatro anos, entretanto, é um período muito curto para sanear o passivo e ainda pensar em soluções para o futuro. O senhor está traba-lhando com metas factíveis? »»»
Leia mais
Baixe e leia o plano de gestão do prefeito eleito Zenaldo Coutinho.
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Eu tenho essa consciência e, durante a
campanha, deixei claro que não conseguiria
resolver tudo em apenas quatro anos, mas
farei o máximo possível. Tanto que, desde o
resultado das eleições, já entrei no processo
de transição: quis me apropriar de informa-
ções, não tirei folga, nem me permiti uma
semana de férias (risos). Tenho conversado
com outros prefeitos, inclusive, e visitado
outros exemplos [de fora] de sucesso. Já fi z
reuniões sobre o BRT, a Estrada Nova, saú-
de, educação. Eu tenho a esperança de, ao
fi nal dos meus quatro anos à frente da pre-
feitura, dizer “falta muito, mas muito já foi fei-
to”. Essa é minha expectativa.
Seus planos para a educação ...Ampliar e melhorar a educação funda-
mental, fazendo gradualmente a entrada do
tempo integral. Investir na qualifi cação pro-
fi ssional é fundamental – que a gente con-
siga instituir a escola técnica municipal, ins-
tituir vestibular de excelência para os alunos
de ensino público, além ampliar o número
de creches.
Seus planos para a Saúde...Começar com a ampliação do programa
“Saúde da Família”. Colocar para funcionar
corretamente os postos de saúde e prontos
socorros com remédios e médicos. Inicial-
mente, essas são minhas prioridades. Em
seguida – e eu até já articulei uma emenda
com a bancada federal – a construção do
Pronto-Socorro de Icoaraci, onde há uma
das grandes demandas e já no ano que vem
construir duas UPAs.
O que o senhor pensa para o patrimônio histórico e arquitetônico?
Estimular a iniciativa privada e que a gente
possa preservar o patrimônio. Retomar al-
guns contatos que foram suspensos e can-
celados com o BID, o programa “Monumen-
ta” e com o Ministério da Cultura.
Para a cultura...Quero que tenhamos nossa “Bienal das
Artes”. Apoiar a cultura popular. Tenho o pro-
jeto de fazer o Teatro Municipal de Belém.
Dar evidência aos nossos talentos locais,
aproveitar esse momento em que Belém
tem as atenções da mídia e fazer com que
a prefeitura também seja partícipe desse
movimento, e, ainda, trabalhar junto com o
Governo. E vamos lembrar que temos mo-
Os casarios, muitos dos quais datam de séculos anteriores, precisam de cuidados urgentes. O tempo não foi generoso com o patrimônio histórico e arquitetônico da cidade. Ao lado, o mercado de carne Francisco Bolonha e o relógio, todo em ferro, no Ver-O-Peso.
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vimentos locais naturais: nossas quadrilhas,
os bois, os pássaros, o carnaval de rua e
precisamos encontrar locais para que eles
possam ser exercidos.
O senhor nunca cogitou dar ao mercado de São Braz uma destinação como um grande centro gastronômico? A exemplo de outras capitais, como São Paulo, Curitiba..?
Já conversaram comigo a respeito. Outra
ideia é de que ali pudesse ser o Teatro Mu-
nicipal de Belém. Mas é importante lembrar
que lá há uma ocupação comercial, pelo
menos quinhentas pessoas trabalham e ti-
ram o sustento de lá. Mas, para isso, é pre-
ciso pensar em outras alternativas, dar um
outro local para que essas pessoas possam
trabalhar ou colocaremos 500 famílias em
risco. Ainda não amadureci essa ideia, mas
é prioridade dar dignidade àquelas pessoas.
Nos seus raros momentos livres, como o senhor aproveita seu tempo?
Gosto de passar meu tempo com minha
família. Gosto de jogar tênis, futebol. Gosto
de ler. Tenho múltiplos prazeres, graças a
Deus. Gosto de escrever e até tenho livro de
poesias publicado. Também sou fotógrafo
amador [risos].
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eu Belém
Da redação
Nas próximas edições, e pelos três anos que nos separam do aniversário de 4 séculos de Belém, a equipe que faz a Revista Leal Moreira
também vai discutir e sugerir soluções para que nossa cidade volte seja o que sempre sonhamos [e o que ela merece]. Nesta estreia é desejo
coletivo que os belenenses tenham pelo patrimônio “público” o mesmo amor que dedicam à sua própria casa. Que façamos de nossas ruas e
mangueiras lugares mais cheios de amor e pratiquemos o zelo!
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Steve Jobs, Mick Jagger, o lutador Anderson Silva, além de imagens de trabalhos e lugares cotidianos - as formas se revelam para o arquiteto Joaquim Meiira.
em OFF
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OFFEm
“Agora todo mundo é artista”. Essa é
uma das frases mais proferidas depois
que as redes sociais [Instagram, de pre-
ferência] viraram verdadeiras “galerias” para
“obras” virtuais. Esse era um dos pensamen-
tos que poderia também ocorrer ao arquite-
to Joaquim Meira, de 35 anos. Ele confessa
que não conseguia entender o que levava
uma pessoa a investir centenas de dólares,
ou muitos reais, em um iPad, por exemplo,
se o objetivo fosse somente o de observar
fotos. “Isso daí é inútil para mim”, pensava
Meira.
Até que em janeiro de 2012, um objeto
de 9,5 polegadas de altura, 7,31 de largura
e uma espessura de 9,4 mm caiu em seu
colo. Era o famigerado iPad, o tablet da Ap-
ple. Para Meira, a comparação entre o iPad
e uma folha de papel foi inevitável – o for-
mato e a interação com a interface fi sgaram
o arquiteto. “A gente toca nisso pela primeira
vez e percebe que se trata de um produto
de altíssima tecnologia, que, apesar de não
vir acompanhado de um manual de instru-
ções, sabe-se como mexer perfeitamente”,
diz, sem esconder o encanto que o universo
eletrônica e suas múltiplas possibilidades lhe
causaram. De posse do iPad, Meira passou
a exercitar sua criatividade em várias verten-
tes, utilizando aplicativos do tablet para dese-
nhos profi ssionais e croquis e para incursões
pessoais no campo artístico.
A ideia de carregar debaixo do braço um
instrumento que permitisse, por exemplo,
O arquiteto Joaquim Meira fala de um hobby recém-descoberto e exercitado cotidianamente: impressionantes e delicados traços feitos no tablet
Alan Bordallo
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desenhar livremente, conservando o traço
que aprendeu na arquitetura, acrescido de
elementos de pintura como aquarela - com
um peso aproximado de 652 gramas - rea-
tivou em Joaquim paixões e hábitos antigos,
como o gosto pela arte. “Posso levar meu
iPad e sentar numa praça para desenhar
uma igreja sem ter que levar pincéis, ca-
valetes, tintas, sem sujar as mãos. É como
resgatar um hábito ancestral”, compara. A
arte, aliás, sempre foi um tema presente na
vida do arquiteto. Aos seis anos, começou a
formar um arcabouço artístico e cultural com
visitas frequentes ao tio Rui Meira, o artista da
família. Na casa do parente, ele costumava
pintar, moldar argila e “fazer arte”, de modo
bem característico, como só as crianças bem
sabem. O pai, Aurélio Meira, era consumidor
e entusiasta das artes. Sua casa sempre foi
frequentada por artistas e as discussões in-
teressavam os ouvidos atentos de Joaquim.
A escolha pela arquitetura, que normal-
mente atiça a sensibilidade adormecida de
quem a pratica, refl etiu o interesse de Jo-
aquim pela expressão de formas bonitas.
Durante seu crescimento, ele exercitou seu
olhar sob várias formas de expressão: gosta-
va de pintar, fazer aquarela, esculpir, fotogra-
far. Mas, em determinado momento, todas
essas práticas foram deixadas em segundo
plano, ofuscadas por compromissos profi s-
sionais. “Só quando peguei este ‘troço’, fui
me reinteressar por esse mundo”, diz, es-
nobando e desdenhando do iPad, em uma
manifestação velada de sua dependência
do objeto. “O Steve Jobs é realmente o pai
e o rei das inutilidades indispensáveis. Basta
consumir um pouco do ‘ópio’ da tecnologia
para veres o quanto aquilo é necessário para
ti. Quando estou sem o iPad, me sinto até
agoniado. Parece que não tenho nada para
fazer”, confessa.
A abstinência que Joaquim demonstra
provém da intensidade de sua relação com
o instrumento. Como se trata de um disposi-
tivo portátil, qualquer hora é hora e qualquer
lugar, lugar para usar. O primeiro desenho
que ele fez no iPad, aliás, usando o aplicativo
“Paper” surgiu do nada. “Nunca tive interes-
se em desenhar fi guras humanas, mas um
dia, olhando o aparelho, vi que a tela tinha
dimensões parecidas com as de um retra-
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to. Então, uma vez, de memória, resolvi fa-
zer um desenho de um arquiteto depois de
ver o documentário do Álvaro Ciso. Comecei
a riscar e, quando vi, saiu o rosto. Dali em
diante, comecei a fazer de várias pessoas. A
inspiração vem de qualquer coisa cotidiana”,
diz ele, que normalmente utiliza uma foto
para reproduzir grafi camente. Em sua gale-
ria, estão ilustres e desconhecidos: Joaquim
desenhou colegas, parentes e seus animais
de estimação, além de celebridades, como
o roqueiro Mick Jagger, o poeta Vinícius de
Morais, o lutador Lyoto Machida, o físico Al-
bert Einstein.
Os retratos se juntam a outras gravuras.
Desenhos vetorizados de paisagens cotidia-
nas, como a passagem da Berlinda de Nos-
sa Senhora de Nazaré, durante a procissão
do Círio, dividem espaço com projetos e cro-
quis arquitetônicos. Fotos despretensiosas de
paisagens urbanas, com a intervenção de
Joaquim, se transformam em ambientes so-
turnos, pouco iluminados, que lembram ce-
nas de fi lmes de terror ou suspense.
Qualquer coisa pode se tornar alvo da in-
tervenção de Joaquim quando o arquiteto
tem no colo seu inseparável iPad - e qual-
quer tempinho livre de suas obrigações. “Isso
é o ócio criativo visto de uma outra maneira.
Quando desenho ou manipulo imagens, faço
isso sem pretensões.
Às vezes, a pretensão é a de ajudar com
um anúncio ou algo do tipo, mas não faço
para buscar reconhecimento nem nada”, diz
ele, que passou a cuidar da identidade visual
da chocolateria administrada pela esposa.
Desde que retomou o hábito de desenhar,
Joaquim já percebeu evolução em sua téc-
nica - embora não tenha qualquer compro-
misso com a excelência. “Não faço isso para
fi car melhor. Mas algumas vezes percebo
que termino com mais agilidade um dese-
nho. O que melhorou mesmo foi a forma
como encaro as coisas. Consigo resolver
dez coisas ao mesmo tempo e estou bem
mais organizado. Essas práticas me abriram
um panorama de possibilidades inesgotá-
vel”, diz Meira, que, apesar de ter também
inúmeras fontes de inspiração - o próprio
iPad é uma delas -, refuta com veemência o
rótulo de “artista”. “Não sou artista. Não faço
isso pelo ofício. É um hobby”, fi naliza.
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O Natal desperta fantasias e abre contagem para um novo ano.
E nós, da Leal Moreira, desejamos a todos boas festas e um 2013 inesquecível.
MaM iss vvala oro ccom nnome e e sosobrb enome.e
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O clássico completa 90 anos mais atual e surpreendente do que nunca. Nosferatu é um marco do expres-sionismo alemão. Produzido em 1922, o filme foi baseado em outro clássico, “Dracula”, de Bram Stoker. Como não conseguiu os direitos autorais com os herdeiros de Stoker, o diretor F.W. Murnau terminou por conduzir uma versão independente, cuja narrativa preserva o enredo original de Stoker.À época, conta-se, Murnau foi processado por violação de direitos autorais e a justiça ordenou a destrui-ção das cópias do filme, mas como elas já haviam sido largamente distribuídas, os rolos ficaram guarda-dos até a morte da viúva de Bram Stoker. E foram esses rolos que passaram por um minucioso processo de restauração para chegar às lojas e locadoras recentemente. Para nossa sorte. Nosferatu ganhou uma refilmagem, em 1979, sob o nome “Nosferatu: Phantom der Nacht”, com a direção de Werner Herzog.
E o cenário é a São Petersburgo do século XIX. A aristocrática Anna Karenina (vivida pela atriz Keira Knightley) é casada com Alexei Ka-renin (Jude Law), um rico funcionário do governo. Ao viajar para Moscou, para encontrar [e consolar] a cunhada, que vive uma crise no casamento devido à infidelidade do marido, ela conhece o conde Vronsky (Aaron Johnson), que passa a cortejá-la. Apesar da atração que sente, Anna o repele e decide voltar para casa. Não se dando por vencido, Vronsky a encontra na estação do trem, onde confessa seu amor. Anna resolve se separar de Karenin, só que o marido se recusa a lhe conceder o divórcio e ainda a impede de ver o filho deles.Esta refilmagem é um encontro de superlativos – cenários e figu-rinos luxuosos, além de um time de intérpretes de primeira linha.
horas vagas • cinema
CINEMA INDEPENDENTE
HITCHCOK
NOSFERATU
ANNA KARENINA
MINHA QUERIDA ANNE FRANK
DVD
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DESTAQUE
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O maior portal – sem fins lucrativos – de cinema independente traz uma gama de informações aos fãs, curiosos e filmmakers. Programação, prêmios, oficinas, eventos e publicações específicas. Uma bela fonte de informação. Todo em inglês.Site: http://www.ifp.org/
O filme que retrata Hitchcock no auge de sua carreira, quando o cineasta de-cidiu usar seu próprio dinheiro para produzir “Psicose”, e promete arrepiar. Por várias razões: da caracterização de Anthony Hopkins, que vive o diretor [ou seria o próprio?] ao mergulho na intimidade de um dos maiores nomes do cinema e de seu casamento com Alma Reville [vivida por Helen Mir-ren, A Rainha]. O elenco conta ainda com nomes estrelados como Scarlett Johansson [que interpreta a atriz Janet Leigh, protagonista de “Psicose”]e Jessica Biel, que “incorpora” Lina Crane, também em Psicose. Com roteiro de John McLaughlin, “Hitchcok” chega ao Brasil em fevereiro 2013. Progra-ma obrigatório.
Originalmente concebido para a TV, o filme é uma coprodução da Itália com a Hungria e foge do tra-dicional “O Diário de Anne Frank” [que também já ganhou outras refilmagens]. O filme é primoroso: fo-tografia caprichada, trilha musical de Ennio Morrico-ne e um elenco que funciona. Sem ser emocional, o filme conta a história de Anne Frank, antes de a famí-lia se esconder em Amsterdã, e depois, quando ela e a mão são enviadas para um campo de concentração. Especial ênfase para a amizade com Hannel Goslar, que é mencionada várias vezes no diário da menina. Direção de Alberto Negrin. Com Rosabell Laurenti Sellers, Emilio Solfrizzi, Gaspar Meses, Peter Vegh, Marta Egri, Mari Nagy, Panna Szurdi.
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Clementina de Jesus – Rainha QueléO documentário em homenagem à cantora Clementina de Jesus, que também era conhecida como “Rainha Quelé”, tem todos os ingredientes para encantar o público. Empatia, uma história real e músicas de quilate. Negra, pobre, com pouca educação formal, dona de casa, empregada doméstica, gênio musical, dona de uma voz marcante única e de sorriso inesquecível. Descoberta tar-diamente, só após os 60 anos de idade, passou a cantar com outros ídolos da MPB, como Pixinguinha e Paulinho da Viola. O belo documentário [e jus-tíssima] homenagem traz depoimentos de Martinho da Vila, Lecy Brandão, Paulinho da Viola, João Bosco e Cristina Buarque, dentre outros.
horas vagas • música
Dmusic.com
Lollapalooza 2013
Rock in Rio 2013
VÍDEO
DIC
A
INTE
RNET
CONFIRA
CLÁSSICO
Desde 1998, o site atualiza diariamente o ranking dos 22 melhores artistas. colocando para baixar seus álbuns.www.dmusic.com
Pearl Jam, The Killers, The Black keys, Queens of the Stone Age e Planet Hemp. Essas são algumas das atrações confir-madas para a edição 2013 do Lollapalooza. O público, em polvorosa, vai conferir de perto o retorno do Planet Hemp, ou The Killers, que, conforme promessa dos produtores, traz seu “show mais poderoso” ao Brasil. O primeiro lote de ingressos para o festival esgotou-se rapidamente, então, melhor correr para garantir o seu. Dias 29, 30 e 31 de março de 2013, no Jockey Club de São Paulo. Site do evento:www.lollapaloozabr.com/
Após o sucesso da edição de 2013, o Rock in Rio volta em 2013 com força total. A quinta edi-ção do festival no Rio, organizado pela primeira vez em 1985, será realizada nos dias 13, 14, 15, 19, 20, 21 e 22 de setembro de 2013 na Cidade do Rock, em Jacarepaguá. Diferentemente de 2011, quando cerca de 100 mil pessoas circularam pela Cidade do Rock por dia, na quinta edição, a capacidade do espaço será reduzida para 85 mil pessoas. A cada anúncio de venda de ingressos, eles se esgotam rapidamente. O ingresso, chamado de Rock in Rio Card, garante a entrada do público antes do anúncio das atrações. Após o anúncio da programação, o com-prador pode escolher em qual dia vai utilizar as suas entradas. A venda será limitada a quatro cartões por pessoa, sendo uma meia-entrada. Bruce Springsteen, Metallica e Iron Maiden são as atrações confirmadas. Site oficial: http://rockinrio2013.com.br/
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Discografia dos Beatlestotalmente remasterizada em vinil
Os fãs apaixonados pelos Beatles têm motivos de sobra para sorrir à toa – a EMI anunciou recentemente o [re] lançamento dos discos dos “4 ra-pazes de Liverpool”. Se a boa nova já provocou frisson entre os apaixona-dos pelo quarteto, preste atenção aos detalhes: os LPs terão reproduções “fac-símile” e, por isso, contarão com todos os detalhes presentes nos discos originais, como o pôster do quarteto no The White Álbum (Álbum Branco), os encartes recortáveis de Sgt. Pepper’s Lonely Heart Club Band e os encartes interiores dos álbuns.Segundo a EMI, os LPs poderão ser adquiridos de forma individual ou todos juntos em uma caixa limitada a 50 mil exemplares. Além de toda coleção reunida, essa edição especial também será acompanhada de um livro (The Beatles at the Beeb) de 252 páginas escrito pelo produtor Kevin Howlett, o qual destaca uma série de imagens inéditas.Além disso, a edição trará “lados A e B” que não foram incluídos nos álbuns, canções de EP e algumas raridades. Com esse nostálgico lança-mento, a gravadora completa sua coleção de reedições dos Beatles que foi iniciada em 2009 com as remasterizações em CD, os quais já vende-ram mais 17 milhões de cópias.
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horas vagas • literatura
TUDO SOBRE FOTOGRAFIA
Freddie MercuryThe Great Pretender
DIÁLOGOS IMPOSSÍVEIS
CLARICE NA CABECEIRAJornalismo
ERNEST HEMINGWAYBox Exclusivo
Este é para os amantes da fotografia. Totalmente organizado em ordem cronológica, este livro procura traçar um panorama da evolução fotográfica, com seus estilos e movimentos. Traz ainda os nomes mais importantes e representativos de cada gênero, oferecendo uma cuidadosa análise de suas obras. A obra traz ain-da a cronologia dos principais acontecimentos, visando ajudar a compreender o contexto sociocultural em que as fotos foram pro-duzidas. História, diferenças entre fotografia etnográfica, registro documental, fotografia de vanguarda, publicitária, a erótica e o nu, entre outros estilos.Editora: Sextante.http://www.livrariacultura.com.br/scripts/comum/pop_capagg.asp?548/30367548
Sean O’Hagan fez um mergulho profundo na história da música inglesa e o resultado é esta bela briografia sobre Freddie Mercury, o cantor mais icô-nico de sua geração. Popular, brilhante e de carisma inquestionável, o líder do Queen fez sucesso tanto no grupo quanto em carreira solo. Seus fãs se ressentiram da perda dele, em 1991; entretanto Mercury deixou para o mun-do um legado de gravações, nem todas lançadas. O vigésimo aniversário da morte de Freddie Mercury traz, em comemoração à sua vida e produção artística, a reedição de “Barcelona”, o inovador álbum que ele gravou com Montserrat Caballé, no momento em que se fala da expectativa do filme sobre o próprio (com Sacha Baron Cohen vivendo Mercury). Além disso, o Queen permanece sendo uma das bandas mais populares na história. O livro, rica-mente ilustrado, celebra um dos nomes mais importantes e influentes na cena musical britânica. Biografia toda em inglês. Editora Insight Editions.
Que Luis Fernando Veríssimo é um atento observador do cotidiano, disso não há dúvidas. Mas a delícia de ler “Diálogos Impossíveis” reside no ‘absurdo’ que marca a existência humana, retratada nas crônicas do autor. Imagine o diálogo de Don Juan tentando seduzir a própria Morte ou a conversa cotidiana de um casal que se desentende na hora de dormir. Mais Luis Fernando Veríssimo, impossível. Editora Objetiva.
Raio-x da produção jornalística de Clarice Lispector. Enquanto trabalhava sua ficção, a escritora manteve intensa atuação na im-prensa. Foram cerca de cinco mil textos, entre fragmentos de fic-ção, crônicas e colunas femininas para diversos jornais e revistas, além de mais de 100 entrevistas com diferentes personalidades. A coletânea, organizada por Aparecida Nunes, vai em busca do estilo de Lispector e traça um panorama do jornalismo brasileiro a partir da produção dela para a imprensa. Editora Rocco.
A Editora Bertrand traz box exclusivo com quatro livros de Ernest Hemingway: O Velho e o Mar, considerada a obra-prima de Hemingway; Por Quem os Sinos Dobram, uma história de guerra, ambientada durante a Guerra Civil Espanhola; Adeus às Armas, mais uma história de amor, em meio à guerra e Paris é uma Festa, um retrato das doces recordações do jovem Hemingway.
CLÁSSICO
DICA
LAN
ÇA
MEN
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horas vagas • Rio & Sampa
Thriller Live é uma grandiosa celebração à obra do maior astro pop de todos os tempos e vai marcar a sua vida. Só o álbum Thriller, gravado por Michael Jackson, atingiu 750 milhões de cópias. O espetáculo, que chega ao Brasil no começo de 2013, tem a missão de transportar o público para as várias fases e dé-cadas de sucesso da carreira do rei do pop, desde The Jackson 5. A ideia do espetáculo Thriller Live surgiu a partir das celebrações anuais que Adrian Grant, fã e amigo de Michael Jackson, realizava na década de 90, “The Anual Michael Jackson Celebration”. Em 2001, o Rei do Pop chegou a assistir pessoalmente a essa cele-bração que completava 10 anos de acontecimento.Thriller Live já foi visto por mais de dois milhões de espectadores e até hoje é ovacionado pelas plateias em Londres e em mais de 23 países da Ásia e Europa.
Rio de Janeiro: de 22/02 a 07/04 – no Citybank HallSão Paulo: de 09/05 a 23/06
Informações, preços e ingressos: www.ticketsforfun.com.br/
Mostra revela desenhos do paisagista Burle Marx Apesar de ter se arriscado por diversas vezes nas artes plásticas, foi nos projetos paisagísticos que Roberto Burle Marx (1909-1994) fez de seu nome uma referência. Apelidado de “poeta dos jardins” pela pintora modernista Tarsila do Amaral, ele concebeu, por exemplo, as áreas verdes do Aterro do Flamengo e do Museu de Arte Moderna carioca; o Eixo Monumental, em Brasília; e o Parque do Ibirapuera, em São Paulo. Uma faceta menos conhecida de sua obra é apresentada em “Roberto Burle Marx: a Figura Humana na Obra em Desenho”, mostra com 138 trabalhos que tem início na quarta (14), no Centro Cultural Correios.O rico acervo de ilustrações, a maioria desconhecida do grande público, abrange a produção de Burle Marx desde 1919, quando ele tinha apenas 10 anos, até a década de 40.
Serviço:Rio de Janeiro: “Roberto Burle Marx”, no Centro Cultural Correios. Rua Visconde de Itaboraí, 20, Centro, 2253-1580. Terça a domingo, 12h às 19h. Grátis. Até 6 de janeiro.
A adaptação da Broadway para O Rei Leão - O Musical será apresentada pela primeira vez no Brasil, a partir de 7 de março de 2013. Encenada em 15 países e traduzida para oito línguas diferentes, a adaptação do filme O Rei Leão é um dos musicais mais aguardados de 2013 e já arrecadou US$ 4,8 bilhões pelo mundo. Foi a produção de maior sucesso da Broadway. Em São Paulo, as apresentações acontecem de quarta a domingo, com duas sessões por dia, aos finais de semana.Serviço: Os ingressos podem ser adquiridos pelo site da Tickets for Fun (www.ticketsforfun.com.br) ou pelo telefone 4003-5588 com a taxa de conveniência. Na bilheteria do Teatro Renault, não há taxa inclusa.
Fontes: vejario.abril.com.br / www.ticketsforfun.com.br / http://www.guiadasemana.com.br
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horas vagas • New York
KEANE O grupo volta ao Radio City Music Hall após uma longa ausência. No setlist, as estrelas são as músicas do novo álbum, Strangeland. Dia 31 de janeiro, às 20h.Informações e ingressos no site: http://www.radiocity.com/
Centenas de jazz fests ocorrem nos Estados Unidos durante todo o ano. Além do tradicionalíssimo fest de Nova Orleans, merece destaque o Syracuse Jazz Festival, em New York e que comemora, em 2013, 31 exitosas edições A programação contempla apresentações solo e de grupos de todo o país e deve acontecer em junho, mas a correria por informações e ingressos inicia em fevereiro. Melhor se antecipar.Site: www.syracusejazzfest.com
Um dos mais tradicionais endereços de New York, a Metropolitan Opera House, no Lincoln Center, apresenta uma programação extensa de espetáculos em janeiro e fevereiro de 2013. “O Barbeiro de Sevilha”, “Turandot”, “Rigoletto”, “Don Carlo” e “Carmen” são algumas das joias da programção.Informações completas [e ingressos] no site: http://bit.ly/WVVS4gSite: www.lincolncenter.org
Radio City Music Hall
Syracuse Jazz Festival
ÓPERA
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horas vagas • iPad
Raul Parizottoempresá[email protected]
NIGHTSTAND CENTRAL
NETFLIX
CHROME
REAL RACING
Não há um app nativo do You Tube no IOS 6, nem um app oficial na App Store. O Jasmine é o primeiro a oferecer duas interfaces belíssimas, uma para o dia e outra para a noite, ideal para não ferir os olhos com o quarto escuro. Mas a personalização não fica só aí - você ainda pode aumentar o tamanho das fontes, marcar os vídeos como “já vistos” anteriormente e muito mais. Além disso, ele ainda suporta a reprodução em playlists, reproduz somente o áudio dos vídeos em background, e permite reproduzir um vídeo em loop (repetir).Se você possui uma conexão lenta, ainda poderá escolher a quali-dade do vídeo, basta ir em Settings > Advanced > Stream Quality > Always Ask (dentro do App). Dessa forma o app sempre vai questionar sobre a qualidade do vídeo e isso é genial. Com o Jasmine você pode logar em sua conta, ter acesso aos seus con-teúdos, canais e tudo mais, assistir a vídeos, conhecer mais sobre o autor de um vídeo, deixar comentários, adicionar aos favoritos, adicionar à alguma playlist e também compartilhar por e-mail ou redes sociais.
Custo: Free
Incrivelmente, o iPad não vem com um aplicativo de relógio e alar-me. O Nightstand Central não é somente um relógio e alarme com suas músicas, mas possui um timer para desligar e ainda mostra a previsão do tempo e suas fotos como se fosse um porta-retrato em pano de fundo. As fotos podem ser escolhidas dos seus álbuns, o aplicativo mostra as fotos alternadas se você quiser, dentro das inúmeras opções de configurações.
Custo: US $ 0,99
Com Netflix ,você consegue assistir a milhares de filmes e séries de TV online no seu iPad... e com legendas! Ele é um serviço de assinatura de filmes, séries, e você paga 14,99 reais mensais para assistir a tudo que quiser via streaming. Você pode assistir no seu computador ligado à tv ou no seu dispositivo iOS, iPhone ou iPad, que também pode ser ligado à TV. Se você não é assinante do Netflix, vale a pena experimentar, pois o primeiro mês é grátis.
Custo: Grátis no primeiro mês.
O navegador Chrome para iPad é muito similar ao da versão desktop, com a barra de endereço unificada com busca (e você pode até usar outras empresas, como Bing, da Microsoft, para trazer resultados de busca) e abas na parte de cima do navegador, como se fossem cartas de um baralho e podem ser organizadas na tela como tal.Outro recurso legal no Chrome é a habilidade de poder usar voz para fazer buscas, do mesmo jeito que no Pesquisa Google;como no Sa-fari, também há o modo privado, chamado de navegação anômina no Chrome, que não deixa rastro nenhum de sua visita e exclui todos os cookies usados depois que todas as janelas anônimas são fechadas. As abas do Chrome ficam azuis para você ter certeza de que está realmente anônimo.
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Real Racing é um jogo de corrida em que seu iPad é tanto a tela do jogo quanto o volante do carro. A versão traz 30 modelos de carros reais famosos, como BMW, Shelby e Corvette. Além disso, possui modo singleplayer com 10 horas de jogo e multiplayer local com 4 jogadores (usando AirPlay para jogarem todos na sala é muito divertido) ou online com até 16!
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CLICQ’ UPA Maison Veuve Clicquot tem uma interessante linha de acessórios para bebidas que valoriza ainda mais a clássica champanhe da marca. Dentre taças, pequenas geladeiras e outros artefatos, merece destaque o Clicq’ Up – uma espécie de balde para bebida e gelo. Até aí, nada demais. A grande graça é que ele é dobrável. O designer belga Mathias Van de Walle se inspirou na arte do origami para criar o conceito. Charmoso, prático e divertido, o Clicq’ Up é um objeto surpreendente e fácil de usar, guardar e arrumar – além de ser sustentável, usando um tipo de papel cartão impermeável e reciclável. Perfeito para viagens ou para uma noite festiva na casa dos amigos. Além de, claro, trazer a marca-símbolo da nobreza europeia estampada no inconfundível amarelo da empresa.
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Não tem jeito: os jogos de tabuleiro voltaram à baila. E se engana quem pensa que se trata de diversão para criança – eles estão melhores, mais complexos e amparados por histórias mais sólidas. Um ótimo exemplo disso é o jogo Axis & Allies 1942: Second Edition. O ambiente é a primavera de 42, em plena Segunda Guerra Mundial, mais precisamente no momento histórico da expansão do Eixo. A ideia é controlar completamente uma das potências aliadas – forças militares, a economia irregular, os futuros ataques, a resolução de conflitos – com o objetivo de libertar ou ocupar as maiores cidades do mundo. Geopolítica, estratégia e entretenimento para os aficionados por história.
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BOOK CASE PARA iPADO diálogo entre o antigo e o moderno vem movendo as ideias de designers e profissionais do estilo no mundo todo. E poucas coisas casam tão bem nesse sentido quanto o Book Case para iPad: capas famosas da literatura reproduzidas à mão dão o charme old but gold a esse item tecnológico tão pre-sente nos nossos dias. É possível escolher modelos como o de Guerra e Paz, de Leo Tolstoy, e Orgulho e Preconceito, de Jane Austen – além dos contos de fada, de Hans Christian Andersen ou da Teoria da Relatividade, de Einstein. Proteção duradoura e visual cool. O ontem e o hoje em um charme só.
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Felipe CordeiroMúsico
ESCUTA INQUIETAQuando virou do dezenove pro vinte, muito mu-
dou na escuta e a música deixou de ser exclusi-
vidade de dois importantes ambientes ideais: o
teatro, a igreja. Abrigando o som, a cidade moder-
na (esta ideia falida) obrigou-o a ser mais ruidoso,
como quem cobra uma taxa por se apropriar de
uma casa imprópria.
Na verdade, passou a se ouvir mais o próprio
som da cidade industrial e mudou-se o pacto, em
vez do pacto com o silêncio - que o som clássi-
co possuía ao reverberar na caixa acústica ideal
da sala do teatro e da igreja - o pacto agora foi
estabelecido com o ruído. Nascia a harmonia de
Schoenberg, o jazz, o rock e um projeto de música
eletrônica.
No meio do século, um caminho do meio: João
Gilberto. Pacto com o silêncio e com o ruído – como
não imaginar que o violão sincopado de João não
é feito à percussão inteira do samba de um mestre
como Marçal, só que condensada no mínimo?
E é assim, “cantando na direção do que tem de
mais calado”, como ressaltou o crítico Arthur Nes-
trovski sobre o canto de João Gilberto, que o baia-
no faz uma elaboração estilística poucas vezes vis-
ta na música mundial, equilibrando silêncio (mais
nítido) e ruído (sugerido) de modo único. Em Pink
Floyd, King Krimson, Hermeto Pascoal e Caetano
Veloso esse jogo é também nítido.
Mas na mais recente virada do XX pro XXI, há
uma catarse e triunfo talvez do ruído, assim como
do minimalismo cíclico, certamente com a afi rma-
ção intensa da música eletrônica em todo mundo,
inclusive fora dos círculos onde nasceu, a partir das
periferias dos centros urbanos: a cúmbia digital, o
tecnobrega e a fanfarra eletrônica dos países do
leste Europeu.
Escutar o jogo que não se resolve, mas se per-
petua em jogo, faz com que o sujeito de hoje - esta
coisa sem traço defi nido - também afi rme a ideia
de escuta inquieta, aberta para as possibilidades
itinerantes e indecisas da música. Escutar música
é estar inquieto diante do jogo. A escuta inquieta
é a escuta contemporânea, descobre a si mesma
fora de si.
Dá pra dizer que João Gilberto, Pink Floyd, King
Krimson, Hermeto, Caetano, Gang do Eletro, Bom-
ba Estereo e Balkans Beat Box pertecem ao mes-
mo mundo.
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“Leal Moreira All Colors” é o resultado da intervenção de Jorge Eiró sobre a logomarca da construtora.
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Camila Barbalho Dudu Maroja
Nunca haverá duas pessoas com a mesma
voz – a impressão digital da expressão hu-
mana. Por consequência, o que sai de nós
é único: a complicada equação entre cabeça, cora-
ção e as próprias vivências é contada por um timbre
que não será ouvido em outro lugar. Mas também há
aquela parte de nós que as palavras não alcançam.
Sentimentos e ideias que possuem nuances, cores,
texturas – e cuja defi nição não admite texto que, so-
zinho, empreste signifi cado literal. Muitos guardam
para si essas sensações, por não saber o que fazer
com elas. Outros, com talento e criatividade, encon-
tram na arte outra maneira de falar. Não mais de um
jeito que se possa ouvir: esses artistas pintam, es-
tampam, desenham, esculpem. Mostram aos olhos
o que não tem tradução. Falam com aquela voz que
só diz o que não pode ser dito, de um jeito igualmen-
te singular.
Para incentivar a voz das artes visuais a ecoar cada
vez mais alto, dez artistas foram escolhidos entre
ilustradores, designers, pintores e escultores para fi -
gurar nas páginas do calendário e do caderno Leal
Moreira 2013 - produtos lançados anualmente, e que
são distribuídos para parceiros e clientes. No ano vin-
douro, Carlos Oliveira Filho, Celeste Heitmann, Die-
go Gomes Pereira, Cíntia Ramos, Beta Freitas, Vivi
Huhn, Junior Oliveira, Paulo Azevedo, Rodrigo Can-
talício e Jorge Eiró farão parte do cotidiano de quem
tiver o material em mãos, com suas obras e histórias.
A proposta, em tese, era simples: intervir livremente
no logotipo da empresa – que recentemente foi re-
formulado pelo Departamento de Marketing do Gru-
po, em parceria com a agência Madre, que atende a
Leal Moreira, acompanhando a própria e constante
reinvenção da marca. Você confere os resultados e
o papo com os protagonistas desse projeto nas pró-
ximas páginas.
O processo criativo... e os criadoresForam duas semanas de contato intenso com os
artistas participantes. Entre visitas, reuniões e telefo-
nemas, conversamos sobre amores e dores no exer-
cer da profi ssão, além de visões de arte e planos
para o futuro. Histórias completamente diferentes
conduzidas pela mesma paixão.
O primeiro a receber a Revista Leal Moreira foi o
tímido e divertido Carlos Oliveira Filho. Proprietário da
marca “Égua de Camiseta”, ele conta que, em uma
viagem a São Paulo com alguns amigos, começou
a pensar em roupas que tivessem um tom divertido
e fossem regionais, sem perder a universalidade. A
ideia funcionou tão bem que hoje, além da já consa-
grada grife, ele começa a trabalhar a “Mané Gato”
– sua segunda marca. Para ele, design é mais que
Novos rumos,novas impressõesA Leal Moreira completa 27 anos em 2013 e decide reinventar-se ao modifi car o íco-ne da empresa. Para celebrar o novo período, dez nomes do design e arte paraenses foram convidados a “intervir” na nova logomarca do Grupo. O resultado poderá ser visto nas páginas do Caderno 2013 da empresa.
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Cíntia Ramos
ilustrar. “É agregar conceitos”, sintetiza. Apaixona-
do pelo Pará, planeja, num futuro próximo, expandir
para o mercado nacional. “Eu tenho uma vontade
muito grande de levar o Égua para outras fronteiras.
O Pará está na moda, esse é o momento”, acredita.
Na sua intervenção, Carlos aproveitou os contornos
do ícone para abrigar todos os municípios do Pará,
destacando, em pequenos símbolos, algumas das
características marcantes das cidades. A ideia foi
demonstrar o orgulho que ambas as marcas têm de
ser paraenses.
Em seguida, conhecemos Celeste Heitmann. Nas-
cida em Portugal, ela se mudou para o Pará há 47
anos. Aqui, começou a desenvolver projetos de ca-
ridade junto ao Rotary Club. Para angariar fundos,
decidiu vender suas pinturas – hobby ao qual se de- »»»
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dicava desde a infância. O interesse crescente pelos
trabalhos fez com que a brincadeira virasse profi s-
são. Depois, veio o trabalho com joias e a relação
com o mundo fashion – esta última tão intensa que
a motivou a entrar na faculdade de moda, concluí-
da no ano passado. Doce e carismática, Celeste se
considera hoje mais paraense que portuguesa. “Sou
apaixonada pela Cidade Velha, pelo Ver-O-Peso...
Tenho vivenciado muito a Belle Époque nos meus
trabalhos”. Com a ajuda do marido corretor de imó-
veis, ela chegou à conclusão de que um empreen-
dimento Leal Moreira representa “emoção, cultura,
sensibilidade, transparência e sofi sticação”. Na obra,
retratou esses elementos, representados por azule-
jos portugueses, rendas e pela chave do tão sonha-
do apartamento.
Sonho, aliás, é o que norteia a vida do nosso pró-
ximo designer. Diego Gomes Pereira, dono da marca
“Santos de Casa”, é um sonhador nato. Envolvido
com a arte desde a infância em um colégio semi-
-interno, continuou exercitando a criatividade na Fun-
dação Curro Velho. Era o caminho para, mais tar-
de, estabelecer a grife – fruto da vontade antiga de
propagar a fé coletiva. O foco no sincretismo e na
cultura popular é um refl exo de seu próprio criador,
que é devoto de São Jorge e Iemanjá. Determinado,
ele acredita que o reconhecimento do trabalho é fru-
to da sua perseverança. “Desistir, jamais. O mundo
pode estar caindo e eu tô pronto pra correr mais 90
minutos, com o mesmo pique”, afi rma. Emocionado
com o convite para integrar o projeto, Diego explica
que sua intervenção condiz com a imagem que ele
tem da empresa. “Pensei em proteção, segurança.
É como vejo a Leal Moreira: um anjo protegendo o
espaço de quem mora nos seus apartamentos”.
Também foi na infância que Cíntia Ramos desco-
briu sua paixão profi ssional. Filha de uma família de
artistas, a pintora foi inserida nesse meio desde muito
pequena. “Enquanto outras meninas ganhavam bo-
necas, eu ganhava lápis e pincéis no meu aniversá-
rio”, relembra. Mais tarde, já no fi m da adolescência,
um problema de saúde a deixou de cama. Sua mãe,
então, comprou material para que ela produzisse.
O interesse das pessoas pelos trabalhos criados no
período transformou a menina em profi ssional. Hoje,
Cíntia diz que não gosta de planejar. “Eu vivo o pre-
sente. Tudo vem para sua vida como uma conse-
quência do agora”, defende. Na sua intervenção, a »»»
Celeste Heitmann
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Beta Freitas
Carlos Oliveira Filho
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Veja mais
Veja o vídeo com making of da agenda Leal Moreira 2013.
Diego Gomes Pereira
artista utilizou um personagem recorrente nas suas
obras: o “Planeta Paz”. O conceito sugerido é o de
amor, educação e fraternidade – valores que ela
considera essenciais para a vida em sociedade. A
artista aproveitou para parabenizar a iniciativa: “são
poucas as empresas que incentivam a arte. Achei
muito interessante a proposta”.
Nossa quinta entrevistada foi Beta Freitas, que
nos recebeu em seu apartamento. A designer que
encontrou no metal a sua matéria-prima preferida
faz jus à imagem de mulher independente. Mui-
to bem articulada e de opinião forte, ela aprendeu
artesanato sozinha, observando e experimentan-
do aqui e ali. Mais tarde, fez faculdade de propa-
ganda e marketing e especialização em direção de
arte no Rio de Janeiro e, em seguida, dedicou-se
à ourivesaria. Hoje, Beta trabalha a própria marca,
a “MetalDesign”, com foco em criação de aces-
sórios e objetos de decoração. Perguntada sobre
as difi culdades, ela dispara: “Belém é vanguarda,
criatividade. A gente não pode culpar a mentalida-
de pequena de ninguém. Tem que meter a cara,
é só questão de trabalho”. Como metal é a sua
especialidade, Beta decidiu fazer sua intervenção
com latinhas de refrigerante. Foram utilizadas 60
delas, pintadas de dourado e prateado. A ideia foi
criar um ambiente urbano, luxuoso e sustentável.
“Fiquei feliz com o resultado”, comemora.
Do metal para a moda, encontramos Vivi Huhn
em seu ateliê em uma quinta-feira de manhã.
Agitada, em meio aos tecidos e encomendas, ela
contou que a relação com esse meio surgiu ao ver
a avó costurando. “Passei a vida a vendo transfor-
mar trapo em roupa”. O interesse virou profi ssão
só anos mais tarde, embora a vontade sempre
tenha existido. “Eu sempre quis fazer moda, mas
era muito nova pra ir fazer vestibular fora. Quando
virei mãe, senti necessidade de roupas que caís-
sem bem sem serem grudadas no corpo. Aí, criei
a marca”, relembra. De grande senso prático, or-
ganizada e “muito exigente” (nas palavras de uma
de suas costureiras), hoje a estilista coordena algo
em torno de 40 profi ssionais, entre trabalhadores
diretos e indiretos. Criativa, Vivi criou, para sua in-
tervenção, um padrão gráfi co de olhos gregos, re-
metendo ao universo da sorte, assunto recorrente
nos votos de fi m de ano. “É o que eu desejo para
a Leal Moreira e para quem mora em um de seus
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Vivi Huhn
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Paulo Azevedo
apartamentos: sorte!”.
Junior Oliveira é outro nome da moda que par-
ticipa desse projeto. À vontade entre suas má-
quinas de serigrafi a, ele revela que a criatividade
sempre permeou sua vida. “Eu gostava de brincar
na rua, com brinquedo de montar. Tudo que eu
fazia me levava para o mundo da criação”. O for-
te apreço pelo aspecto gráfi co das coisas o fez
estudar ciência da computação por dois anos.
Foi quando percebeu que o design era o que lhe
deixaria feliz profi ssionalmente. Estudou fora, tra-
balhou vendendo camiseta com um tio, aprendeu
serigrafi a, apaixonou-se pelo processo e pronto,
surge a “Eubelém” – marca que faz sucesso entre
os descolados de Belém. Junior resolveu utilizar,
em sua obra, um elemento muito presente no ar-
tesanato regional: o trançado de palha, em uma
versão modernizada. “Investi em aspectos grá-
fi cos que fi cariam interessantes quando fossem
para o plano físico”, explica, fomentando o diálogo
entre o regional e o global.
Nesse tour das artes visuais, a oitava parada foi
na recém-inaugurada galeria de Paulo Azevedo.
O artista – que associa sua descoberta pessoal da
arte ao momento em que passou por um ateliê
e viu alguém pintando um retrato – pinta fi guras
intensas e abstratas há mais de 25 anos. Ocasio-
nalmente, ele também esculpe, voltado para te-
mas sustentáveis e para o reaproveitamento de
materiais. “A escultura é o descanso da pintura”,
diz, apontando sua linguagem favorita. Com uma
visão bem peculiar dos próprios trabalhos, Pau-
lo costuma falar que nunca termina uma pintura.
“Na verdade, eu escolho o momento de abando-
ná-la, mas nunca a fi nalizo”. Quando perguntado
sobre o futuro, ele é taxativo: “daqui a dez anos,
com certeza, estarei pintando”. Para sua interven-
ção, Paulo se inspirou no visual luxuoso do barro-
co. “Também quis carregar a marca com as suas
próprias cores, que coincidentemente são as que
eu mais uso no meu trabalho”, explica.
Representando o trabalho especial dos ilustra-
dores, entrevistamos Rodrigo Cantalício. Cola-
borador da revista Leal Moreira, ele conta que a
relação com o desenho veio de muito cedo. Mes-
mo assim, desenhar profi ssionalmente não foi a
primeira coisa que lhe ocorreu. “Foi uma série de
pessoas incríveis e caminhos equivocadamente
certos que me fi zeram ver isso como o meu futu-
ro profi ssional”. Morando hoje em Buenos Aires,
Rodrigo continua desenhando o mundo como o
vê, embora hoje sofra infl uências externas. “A difi -
culdade é entender que aqueles desenhos guar-
dados na gaveta de casa agora fazem parte de
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Rodrigo Cantalício
Junior Oliveira
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um mundo bem maior, onde as pessoas veem,
criticam, elogiam, e ainda manter uma sincerida-
de no, estilo apesar disso”, avalia. Para sua inter-
venção, Cantalício baseou-se no seu processo
habitual de criação: “consiste em um movimento
em que pessoa e paisagem se tornam uma única
fi gura, procurando se adaptar ao espaço”, afi rma.
A expedição terminou no ateliê de Jorge Eiró –
pintor, arquiteto e professor dos mais celebrados
no cenário artístico paraense. Escolhido para ser a
capa do caderno, ele comemorou a condição de
padrinho do projeto. “Representar esses colegas
é uma tremenda deferência”. Sorridente em meio
às tintas, Jorge diz que o tempo é que determina
a jornada a ser seguida. “Com 30 anos de es-
trada, tem muitas coisas que só hoje eu percebi,
mas que já estavam lá no início do caminho”. E
aconselha: “persigam desde sempre a sua pró-
pria linguagem, construam seu próprio caminho”.
Para sua obra e pensando na capa de uma agen-
da para durar o ano inteiro, Eiró buscou expressar
seus votos pessoais para a virada do ano. “Queria
que as cores festivas simbolizassem uma cele-
bração do que está por vir. Eu desejo que 2013
seja um ano para se celebrar”, completa.
Dez artistas. Dez sonhos, histórias, caminhos,
estampas, pinturas – vidas que se desenharam
de maneira diferente. A linha que costura todos
esses universos é indestrutível: o amor à arte
como maneira de expressão. E, como quase todo
amor é intraduzível, é preciso olhos atentos e co-
ração aberto para perceber quão única cada voz
de dentro é. E dez vozes de dez corações falam
muito mais alto.
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Fax:
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Jorge Eiró
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Arthur DapieveEscritor
Escreverei uma obviedade logo nesta minha reestreia na
Revista Leal Moreira: não se faz mais cinema como antiga-
mente. Não me refi ro aos fi lmes em si, que, é claro, hoje
dispõem de um aparato tecnológico impensável no século
passado, aparato que, de quebra, lhes permite enveredar por
gêneros outrora inexistentes. Nem, tampouco, falo da arquite-
tura das salas, que incorporaram avanços como as poltronas
ergométricas e os suportes para copos. Não falo nem mesmo
da migração maciça dos cinemas de rua para os shopping cen-
ters, cheios de seguranças e vagas de estacionamento. Tudo
isso é jogo jogado. Perdeu-se um pouco de charme, admito,
mas ganhou-se em comodidade.
Então, pergunto-me, por que tenho ido pouco ao cinema?
Há uma primeira resposta, igualmente óbvia. Não foram só
os cinemas que se tornaram mais cômodos, ora. A minha
casa – e a sua, tenho certeza – também se tornou mais con-
fortável. Por exemplo: passou o tempo em que as pessoas
iam ao cinema para usufruir de seu ar-condicionado central
no auge do verão; hoje, com as facilidades de crédito, o ar-
-condicionado caseiro está ao alcance de muito mais gen-
te. Ufa, porque o aquecimento global está aí... Além disso,
agora há fi lmes disponíveis não só nos velhos canais de TV
aberta, mas também em dezenas de canais por assinatura,
em DVDs e em Blu-rays (paro aqui apenas porque não estou
entre os que os baixam da internet).
Há, porém, uma resposta menos óbvia, porque pessoal.
Hoje, vou muito pouco ao cinema porque mudou o modo de
se assistir aos fi lmes coletivamente. Nasci em 1963. Ou seja,
quando criança, ainda peguei o tempo em que “ir ao cinema”
soava quase como “ir à missa”. As pessoas botavam suas
melhores roupas e havia todo um cerimonial envolvido. As
salas de exibição fi cavam nas principais avenidas, eram enor-
mes e, como num espetáculo de teatro, tinham cortinas que
se abriam para revelar a tela na qual o fi lme seria exibido. Se
o fi lme fosse muito longo, havia intervalo.
Uma ponte longe demais (1977), do diretor inglês Richard
Attenborough, dramatização de uma operação semifracas-
sada dos “aliados” durante a Segunda Guerra Mundial, ti-
nha 183 minutos. E intervalo após hora e meia de projeção.
(Quem tem paciência para um fi lme de 183 minutos hoje em
dia?) Naquele tempo, enquanto a fi ta rodava, a plateia estava
concentrada no que acontecia com Sean Connery ou Gene
Hackman sob balas de festim alemãs na Holanda. A sala per-
manecia silenciosa e escura, a não ser pela iluminação indire-
ta das granadas cenográfi cas que explodiam na tela.
Por já ser naturalmente dispersivo, sinto falta da concentra-
ção que o cinema me impunha. Um dos grandes baratos era
que ele, de fato, nos fazia esquecer a vida lá fora. Hoje, esse
esquecimento tornou-se uma utopia. A vida lá fora insiste em
entrar na sala escura – por intermédio dos celulares que, mes-
mo quando não tocam (!) e são atendidos (!!), se iluminam ao
serem acionados para a conferência das mensagens.
Outro dia, um conhecido meu tentou argumentar com uma
senhora que, ao seu lado, digitava freneticamente no apare-
lho, aparelho cuja luz atrapalhava a imersão cinematográfi ca
de quem estava em volta. “Mas eu preciso responder...”, foi a
resposta, entre irritada e angustiada. Pouco provável que ela
fosse uma neurocirurgiã à distância ou uma ministra do STF
e de fato precisasse responder bem naquele momento. No
entanto, se a tal senhora sentia que “precisava” responder,
isso era verdade – para ela ou para uma parte do seu incons-
ciente. Volta e meia, as revistas semanais publicam matérias
sobre as novas doenças sociais fomentadas pelo vício em
alta tecnologia.
Na verdade, estamos tão mergulhados neste novo mundo
interconectado que nos solicita a todo instante, por mensa-
gens de e-mail, torpedos ou recados nas redes sociais, que
temos difi culdade de perceber o quanto isso é antinatural.
Contudo, até isso é jogo jogado: ninguém pretende revogar
os avanços tecnológicos dos últimos quinze ou vinte anos.
Resta-nos aprender a aproveitar desses avanços sem que
eles criem exigências humanamente inalcançáveis, sem que
se tornem fonte de ansiedade permanente.
Mas estou me dispersando. De volta ao cinema, rápido, de
volta ao cinema...
Desenvolvi a seguinte tese. Antigamente, assistíamos à TV
como quem ia ao cinema: todos juntos diante de um único
aparelho, na medida do possível quietos etc. Hoje, nos porta-
mos no cinema como se estivéssemos em casa: atendemos
telefones, falamos alto, zapeamos etc. Bem, zapear ainda
não zapeamos, mas temo que, mais cedo ou mais tarde, al-
guém invente uma forma interativa de se ir ao cinema. Cada
poltrona terá botões que permitirão ao espectador assistir ao
fi lme desejado – e trocar quando ele perder o interesse. No
telão, será exibido o fi lme escolhido pela maior parte dos es-
pectadores. De dois em dois minutos, o sistema fará outra
verifi cação e...
Com licença que vou ali registrar uma patente e já volto.CH
ARM
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destino
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Quando Amadeus Mozart se sentia incom-
preendido pelos vienenses, era em Praga
onde ele se refugiava para trabalhar em
suas composições. Os arquivos literários relatam
pelo menos cinco longas temporadas do com-
positor austríaco na capital da República Tcheca,
que, naquela época, já era um grande centro cul-
tural na Europa. Mais de 200 anos depois, Praga
continua mais pulsante do que nunca e o melhor:
a rica produção musical vai muito além do estilo
clássico.
Localizada na Boêmia Central, uma região no
coração da Europa, a cidade sempre foi um ponto
de encontro de culturas por sua localização ge-
ográfi ca estratégica. Até 1992, a chamada “Pa-
ris do Leste” pertenceu à República Federal da
Tchecoslováquia, que unia etnicamente tchecos e
eslovacos. Com a divisão do país em duas repú-
blicas distintas, Praga passou a ser ofi cialmente
a capital da República Tcheca. No mesmo ano, a
cidade foi tombada como Patrimônio Cultural da
Humanidade pela UNESCO.
Situada às margens do rio Moldava (Vltalva,no
idioma tcheco), a cidade dourada, como também
é conhecida por suas características imponentes,
se tornou uma das maiores atrações turísticas do
velho mundo, embora seja uma das menores ca-
pitais europeias, com cerca de 1,3 milhões de ha-
bitantes. O boom de turistas concentrados na parte
mais oriental da Europa transformou a rota Praga-
-Viena-Budapeste em uma das preferidas de via-
jantes em busca de uma vasta programação cul-
tural. Um simples passeio pelo centro da cidade
já revela traços neorenascentistas em muitos dos
prédios construídos no século passado.O estilo
art noveau presente na arquitetura residencial tam-
bém revela a infl uência vienense sobre Praga nos
secúlos XIX e XX.
Mosaicocultural
Dayse Freitas
Arquitetura imponente, cultura ao alcance de todos e uma das cervejas mais fa-mosas do mundo são apenas algumas dos atrativos que garantem à Praga o título de cidade dourada
Arquivo Pessoal
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Praga a péPara contemplar a variedade de estilos arquite-
tônicos e a infi nidade de monumentos no centro
histórico, tudo que um turista precisa é disposi-
ção para caminhar por ruas, praças e charmosas
passagens. Um pouco de paciência na hora de
fazer o registro fotográfi co provavelmente será
necessário, pois, em quase todas as épocas do
ano, a cidade está lotada. Isso também faz com
que cada metro quadrado de cafés, lojas e gale-
rias seja bastante disputado. Portanto, para quem
deseja conhecer o lugar com mais tranquilidade
precisa evitar a alta temporada que vai de junho a
setembro, regra válida para a maioria das capitais
europeias.
O lado prático para o turista é que, apenas ca-
minhando, é possível conhecer toda a parte his-
tórica da cidade, que está dividida basicamente
em quatro áreas: Cidade Velha, Cidade Pequena,
Castelo (Hradcany, é o nome em tcheco) e Cidade
Nova. O roteiro histórico pode começar a partir do
Castelo, que na verdade é um complexo cercado
de palácios, igrejas e mosteiros construídos em
cima de uma colina e que serviam de residência
para os reis, duques e clérigos da Boêmia. É o
lugar que marca a origem da cidade entre os sé-
culos IX e X.
O destaque do Castelo de Praga fi ca por con-
ta da imponente Catedral de São Vito, construída
inicialmente no século XIV e pode ser vista de vá-
rios pontos da cidade. A maior igreja da República
Tcheca erguida em estilo gótico é, sem dúvida,
um dos cartões postais mais bonitos de Praga. A
Catedral de São Vito abrigava os rituais de coroa-
ção e servia como lugar de sepultamento dos an-
tigos reis da Boêmia. Quem passar por lá também
irá encontrar um conjunto de belos mosaicos nas
janelas laterais indicando o trabalho de importan-
tes artistas tchecos do século XX, com imagens
de santos da cultura eslava.
Ainda no castelo, encontram-se importantes
atracões turísticas, como o antigo Palácio Real,
com três andares contruídos em épocas distintas,
a Basílica de São Jorge, a Torre de Pólvora e a
O patrimônio arquitetônico de Praga merece um passeio a pé. A variedade de estilos e infi nidade de monumentos são um convite aos milhares de turistas que visitam anualmente a cidade.
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Viela Dourada, com pequenas casinhas que ser-
viam de moradia para os guardas e artesãos que
cuidavam do castelo. Vale lembrar que, em razão
da grandeza do lugar, o ingresso para os visitantes
é válido por três dias,ou seja, se o turista se sen-
tir cansado no primeiro dia, pode tranquilamente
voltar no dia seguinte e explorar o local com mais
tranquilidade.
Saindo do complexo, a pedida é dar uma volta
pela Cidade Pequena e visitar a igreja de São Ni-
colau, construída no século XVIII em estilo barroco
ou apenas caminhar pela rua Nerudova e apre-
ciar as fachadas residenciais com símbolos que
serviam para identifi car o endereço das casas na
Idade Média. A rua também é muito conhecida
pelo grande número de lojas de souvenirs que pos-
sui, mas redobre a atenção: diferente de outras
áreas da cidade que cobram os preços em coroa
tcheca, quase tudo na Nerudova já é cobrado em
euro, inclusive com preços tabelados em inglês.
Portanto, para quem gosta de pechinchar, vale a
pena investir em ruas com menos movimento.
Na Cidade Pequena, também está localizado
o Museu Franz Kafka, que traz detalhes da vida
de um dos mais importantes escritores do país e
da Europa. A exposição permanente sobre Kafka
traz um rico acervo de fotografi as, manuscritos e
fi lmes que mostram o difícil relacionamento que o
artista tinha com o pai, um comerciante de origem
judia, além de dramas amorosos e o cotidiano do
escritor nos círculos literários de Praga.
A Ponte de Carlos sobre o rio Moldava, constru-
ída no século XIV durante o reinado de Carlos IV,
separa a Cidade Pequena da Cidade Velha. Princi-
palmente em dias ensolarados, é comum encon-
trarmos artesão e músicos que fazem da ponte
uma atração à parte na cidade. Já na Cidade Ve-
lha, o charme fi ca por conta das inúmeras vielas,
entre elas a Karlova, cheia de cafés, restaurantes,
lojas e pequenas galerias de artes que acentuam
ainda mais a erfervescência cultural da Praga. Na
praça da Cidade Velha, estão pontos turísticos im-
portantes, como a prefeitura e o relógio astronô-
mico da Câmara Municipal. A Cidade Nova é o
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Para chegar a Praga saindo de BelémBelém/São Paulo/Amsterdam/Praga ou
Belém/Rio de Janeiro/Paris/Praga
Pode ser feito com a KLM (Royal Dutch Airlines)
www.klm.com (versão em português disponível)
Quem já estiver em trânsito na Europa poderá voar com a com-
panhia low cost Easy Jet a partir de várias capitais europeias
www.easyjet.com
A viagem de trem também pode ser uma forma prática e inte-
ressante de se chegar a Praga saindo de capitais como Berlim
e Viena. Tanto a Alemanha quanto a Áustria fazem fronteira com
a República Tcheca.
www.bahn.de (disponível em inglês)
www.oebb.at (disponível em inglês)
Onde ficarBest Werstern Hotel Meteor Plaza
Endereço: Hybernska 7, Praga 1
Tel:00 (xx)420 224 192 559
Diárias a partir de € 65,00
Site: http://www.hotel-meteor.cz
Para os mochileirosCzech Inn Hostel
Endereço: Francouzská 76, Praga 2
Tel: 00(xx) 420 267 267 600
Diárias a partir de € 9,17
Site: http://www.czech-inn.com/
Old Prague Hostel
Endereço: Benediktská 2, Cidade Velha
Tel: 00 (xx) 420 224 829 058
Diárias a partir de € 12,90
Site: http://www.oldpraguehostel.com/
MoedaCoroa Tcheca (1 euro = aproximadamente 25 coroas)
VistoBrasileiros são isentos de visto para viagens de até 90 dias
Serviço
bairro onde estão concentrados muitos restauran-
tes, hoteís e discotecas da cidade. Lá também se
encontram monumentos como o Museu e o Teatro
Nacional.
Cidade MusicalPraga é, sem dúvida, um lugar que não vive
apenas de seu rico passado cultural. A produção
musical nos dias de hoje mostra que o título de
“Praga Dourada”, usado na época em que Mozart
andava pela cidade, continua mais atual do que
nunca. Um exemplo disso é a grande quantidade
de clubes de jazz espalhados pela cidade. Perso-
nalidades importantes como Bill Clinton já deram
“canjas“ jazzísticas por lá. Muitos artistas contem-
porâneos de todo o mundo também escolheram a
cidade para viver em função da intensa producão
musical.
Por outro lado, a tradição da música clássica
continua tão viva na capital que um dos programas
culturais mais comuns para turistas é aproveitar as
ofertas de concertos de música clássica que são
oferecidos quase todos os dias por vendedores
nas ruas. Uma dica é negociar o preço sempre,
pois, dependendo da época do ano, o valor do in-
gresso pode cair pela metade. Os concertos du-
ram, em média, 1 hora e meia e trazem um mix de
grandes compositores como Vivaldi, Mozart, Bach
e o tcheco Dvorák, por exemplo. Geralmente são
executados em capelas e catedrais espalhadas
pela Cidade Velha. Um programa quase obrigató-
rio em Praga.
E, por falar em programa obrigatório, vale ressal-
tar que Praga possui um bairro judeu muito impor-
tante para a história da cidade e que merece, pelo
menos, uma parte do dia para ser visitado. O bair-
ro Josefov possui uma identidade própria muito
marcante. A área começou a se desenvolver ainda
no século XII com a vinda de comerciantes judeus
para a cidade tcheca. Lá, estão localizadas várias
sinagogas, um museu, um cemitério e ainda res-
taurantes com comida típica da culinária judaica.
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A vida noturna de Praga é agitada e oferece opções para todos os gostos e bolsos
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Tradicão BoêmiaNão é por acaso que os tchecos disputam
com os alemães o título de maiores consumi-
dores de cerveja na Europa. Há quem diga até
que nesse quesito os tchecos saem na frente.
O país tem uma tradição que faz com que a
cerveja tcheca (pivo) seja considerada uma das
melhores do mundo. Pilsner Urquell e Budweiser
são apenas algumas das marcas mais conhe-
cidas, mas uma boa cerveja escura também
pode ser degustada facilmente em qualquer
pub da cidade. Para quem não abre mão do ro-
teiro etílico, recomenda-se apenas disfrutar os
bares instalados em porões das casas antigas
ou simplesmente entrar em qualquer Pivo Bar
espalhado pelo centro histórico. O visual rústico
e acolhedor dos bares é convidativo e um ponto
de encontro sagrado para o povo tcheco.
Em matéria de culinária, a tradição boêmia
também oferece opções gastronômicas bem
interessantes. Os pratos com carne de porco
são os preferidos da população , mas nem só
de carne suína vive a cozinha tcheca. O Gulas-
ch, um guisado de carne de vaca acompanha-
do de pedaços de pão (český knedlík), típicos
da cozinha boêmia , também costuma ser ofe-
recido como especialidade em muitos restau-
rantes. O pato ao forno também aparece como
uma recomendação aos visitantes e, se o tu-
rista for paraense, o prato pode ter um sabor a
mais. Depois da jornada gastrônomica, reserve
espaço para sentar em um dos muitos cafés
charmosos de Praga. Aproveite cada minuto
da bebida e lembre-se de que talvez, naquele
mesmo local, estiveram um dia grandes perso-
nalidades da arte e da cultura mundial.Afi nal, ir
à Praga e não sentar em um café é como ir à
Paris e não conhecer a Torre Eiffel.
Os concertos duram, em média, uma hora e são executados nas capelas e catedrais espalhadas pela Cidade Velha. Um programa obrigatório em Praga.
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Todo mundo gosta de confraternizar com amigos e pessoas próximas. Neste ano, o Capital já re-cebeu mais de 100 eventos. Isto representa a procura do público pela qualidade que o local oferece. Nele, são disponibilizados todos os serviços de uma grande casa noturna com as grandes qualidades de um lounge.Com capacidade para aproximadamente 200 pessoas, o Capital Lounge & Bar se torna um ambiente agradável, pois conta com DJs tocando muita música boa, pratos deliciosos feitos pelo Chef paulista Marcos Barros e drinks de primeira preparados pelos barmens. Para o próximo ano, muitas surpresas virão. 2013 será ainda mais TOP!
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O Capital Premium sem dúvida nenhuma marcou o circuito de casas noturnas de Belém em 2012. Com um ambiente totalmente planejado para oferecer conforto e qualidade, ele recebeu as principais festas neste semestre, com um público sempre animadíssimo, se divertindo até altas horas.Em breve, mais um espaço será anexado ao projeto, que continuará mesmo depois que o Casa Cor Pará for encerrado, a Arena Capital. Um ambiente aberto, todo incrivelmente decorado. Será o palco perfeito para receber bandas e grandes eventos, para a capacidade de até mil pessoas. Venha conhecer o Capital Premium!
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Havanaenquanto isso
Moro em Cuba, em uma pequena cidade chama-
da San Antonio de Los Baños. Aqui, estudo Televi-
são e Novos Meios na Escola Internacional de Cine
y Television de San Antonio de Los Baños, a EICTV.
Vivo em uma parte um pouco isolada, onde a maior
coisa é realmente a escola, mais ou menos a uma
hora de Havana, nossa capital e maior cidade – um
lugar incrível, onde eu estou constantemente. Hava-
na é apaixonante. Primeiro, você se enamora como
turista, é claro, com os olhos de quem vê pela pri-
meira vez as construções dos anos 50, os carros
antigos e todo esse visual. Depois que você está já
há algum tempo e começa a entender um pouco
da dinâmica do lugar, se apaixona pela gente que
faz a cidade e as histórias que eles têm para contar
(e são muitas!). Em cada esquina, existe um centro
cultural, um bar, um teatro, um cinema, um museu,
frequentados sim por turistas, mas em grande parte
pelos próprios cubanos.
A segurança chama muito a atenção de quem
vem por aqui. É o lugar mais seguro em que já es-
tive. A gente caminha tranquilamente pela rua, sem
se preocupar com nada em qualquer hora do dia.
Também merece destaque a quantidade de bons
lugares para se conhecer. Indico o Malecón, que é
uma grande orla onde se vê o mar do Caribe – é
um visual hipnotizante. A maioria dos turistas fre-
quenta a região da “Plaza Vieja” e cercanias, onde
há muitos restaurantes e produtos como souveni-
res. Mas o melhor de Cuba é caminhar e desco-
brir as atrações que agradam a cada um. Sempre
terá uma peça ou um fi lme para ver, mas também
boa música e o que mais você encontrar. O melhor
está nas surpresas. Há períodos mais interessan-
tes, dependendo do que você queira ver. Por exem-
plo, quando a capital recebe como o internacional
de dança e o Festival de Cinema de Havana – que,
em dezembro, lota a cidade com gente de todas
as partes. Fora isso, ainda é bom arrumar um tem-
pinho para conhecer o Museu Nacional de Bellas
Artes, o Teatro Nacional, o Teatro El Público e o Cine
Infanta. Você não vai se decepcionar!
Outra dica bacana é pegar uma pequena em-
barcação e ir ao outro lado, em Casablanca, para
conferir a arquitetura e a vista do outro lado do mar
do Caribe. É bonito e romântico, um passeio ines-
quecível. Quando você se programar para vir visitar
Cuba, fi que atento à época do ano. Aqui, faz calor
quase sempre, por se tratar de um pedaço do Ca-
ribe. Mas, quando chega setembro, as temperatu-
ras caem bastante e fi ca assim até março. Nesse
período, o clima fi ca em torno dos 20 graus. Se a
sua vinda coincidir com esse intervalo, um casaco
é sempre uma boa companhia, principalmente à
noite.
Como fi co aqui até 2015, que é quando me gra-
duo no curso, ainda virão muitas impressões sobre
Havana e sobre os outras regiões de Cuba que pla-
nejo conhecer. Mas posso adiantar que qualquer
vinda, em qualquer momento, vale muito a pena.
Larissa BezerraCineasta
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David Salvador Ibarz AcerbiMoretti PhotographyTradução: Lívia Mendes
Criatividade sem limitesNo que denomina “período de entressafra” do respeitado elBulli, o gênio Ferran Adriá está imerso em sua nova fundação, sem tirar o pé da cozinha latino-americana, da qual se considera um fervoroso admirador.
Um homem à frente do seu tempo; um gênio,
na forma renascentista de entender o termo;
profi ssional brilhante, consagrado internacio-
nalmente em sua profi ssão; um homem inconformista
e sonhador; um menino que, no fundo, continua per-
seguindo seu sonho: criar. Ele, que foi durante cinco
anos eleito o melhor cozinheiro do mundo, carrega
consigo meio século de histórias e comemora seus
raros momentos livres com a família – uma agenda
tão ou mais apertada do que quando reinava atrás dos
fogões do elBulli.
Para o chef Ferran Adriá, o período “sabático” que ele
impôs ao elBulli está longe de ser sinônimo de calma-
ria. Adriá está cheio de projetos e trabalhando na orga-
nização, a “elBulli Foundation”, um centro experimental
sobre a efi ciência em criatividade gastronômica.O se-
tor já espera ansioso, talvez simplesmente para ver o
que nos reserva esse gênio inquieto chamado Ferran
Adriá.
Uma palavra: criatividadeNascido em L’Hospitalet de Llobregat, cidade ane-
xa a Barcelona, Adriá começou na cozinha do restau-
rante de Cala Montjoi, na localidade costeira de Roses
(próximo à França), onde fi cou por mais de 25 anos,
quando em, 1984, decidiu se unir a um projeto, que
só interrompeu em 2011, uma parada, segundo pró-
prio, “para refrescar as ideias”. Quando chegou, o el-
Bulli já contava com duas Estrelas Michellin, mas foi a
“mãozinha” do catalão [“o toque mágico” seria o termo
mais justo] que consagrou o estabelecimento e que
conquistou a terceira estrela (em 1997), proporcionan-
do um reconhecimento internacional nunca visto até
então na gastronomia – tudo graças à essa máxima
que persegue o chef: a criatividade. Destacar a impor-
tância na evolução bem sucedida do restaurante de
seu diretor, Juli Soler, que agora sofre de uma doen-
ça neurodegenerativa e teve de se afastar nessa nova
aventura, não signifi ca que o novo projeto não terá a
presença de Soler. “Sua magia e ilusão sempre esta-
rão conosco”.
O gênio dos fogões recebeu a Revista Leal Moreira
em seu estúdio, de onde coordena a fundação que
vai maravilhar o mundo e que “falará de criatividade e
de vanguarda, do que a gente gosta”, afi rma. “Pode-
ria ter me dedicado a abrir restaurantes e mandar... A
ser empresário! Mas o meu negócio é inventar e que-
ro continuar assim”. Gênio e fi gura simples, longe de
carros caros e mansões de luxo, Adriá tem os pés no
chão e é consciente do que esse novo projeto não é
simples, “mas é o que meu corpo pedia”. E nem será
fácil, “porque estamos começando do zero, sem refe- »»»
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rências, uma vez que é o primeiro centro desse tipo no
mundo”. “Estamos certos de que o projeto começa-
rá a dar seus primeiros passos a partir de 2014, para
quando está prevista sua inauguração”. “Na primavera
de 2013, iniciaremos as obras, mas já estamos tra-
balhando nisso ativamente há um ano”, fala sobre o
grande “monstro” que se erguerá no mesmo terreno
do restaurante. “Deve continuar ligado a Cala Montjoi
[uma vila espanhola, destino luxuoso de férias]”. Ques-
tão de origem.
O “hiato” do elBulli surpreendeu o setor, mas a cabe-
ça de Adriá continua a 120%. “Passamos muitos anos
trabalhando direto e duramente. Precisávamos parar
porque o modelo criativo estava caindo numa rotina
que podia comprometer sua continuidade, por isso,
decidimos nos transformar para gerar uma mudança
que nos motivasse a continuar criando. Agora estou
mais ocupado do que quando estava no eBulli”, diz.
Amazônia: uma experiência fantásticaSobre algumas das viagens que realizou recente-
mente [e que periodicamente o tiram da Espanha], co-
menta ter pisado em solo brasileiro. “Queria e quero
conhecer como se trabalha lá [no Pará] e vou voltar
com certeza”. De maneira mais enfática e empolga-
da, fala de suas conclusões sobre os produtos locais:
“a cozinha brasileira é maravilhosa, chefs como [Alex]
Atala ou Paulo Martins fi zeram muito bem sua gastro-
nomia, gerando uma corrente rica e muito interessante
de novos chefs que, com certeza, vão se deparar com
surpresas positivas num futuro não muito distante. É
e será uma cozinha sábia e criativa, com identidade
própria”. Palavra de chef.
Falando em particular, destaca do Brasil [e de toda
a America do Sul] a variedade de ingredientes “sua
magnífi ca matéria-prima”, como ele defi ne. Sobre a
Amazônia, ele não cansa de repetir que “quando o
mundo conhecer seus produtos, se fará uma revolu-
ção. É a despensa mais impressionante que já vi”, fala
maravilhado. O chef corrobora a tendência e se atreve
a aventurar-se num dos produtos que deve triunfar em
breve internacionalmente, “isso se já não triunfou”: o
tucupi. “Ficou gravado na memória”.
Falando de Atala, Martins ou da cozinha local, Adriá
aposta nela e em seus produtos como motores de
crescimento e desenvolvimento econômico e gastro-
nômico do Brasil. “A cozinha está avançando a passos
fi rmes, somada às disponibilidades técnicas, aos ta-
lentos individuais que há lá”. Por isso, ele aconselha jo-
vens chefs a se dedicarem de corpo e alma à profi ssão
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e às novidades. “Se você ama a cozinha, dedique-se
com gosto, com honestidade e inconformismo. Nunca
por buscar o sucesso. Esse não se busca, se encon-
tra. Se você faz as coisas bem, quando menos espe-
rar, alguém baterá à sua porta”.
Novos projetos, novas cozinhasQuem aconselha é quem começou sem “padri-
nhos”, que passou por diversos restaurantes até en-
contrar aquele no qual poderia prosperar e mostrar o
que tinha dentro de si. Ele foi o responsável pelo pró-
prio caminho. Agora deve continuar caminhando para
encontrar novas vias. “A criatividade não tem limites”,
ele adora essa frase e, por causa dela, Adriá encon-
trou no seu irmão o aliado perfeito para continuar, des-
sa vez em uma segunda linha. Abriu, juntamente com
Albert, que veio a fazer parte da equipe elBulli logo
depois de Ferran, o “Tickets”, em 2010, um revolucio-
nário conceito de bar de tapas (entradas espanholas)
na região de Barcelona e cuja administração tem pre-
enchido parte de seus dias. Adriá está envolvido ainda
na internacionalização do Tickets e na abertura, para
logo, de um novo restaurante, desta vez da cozinha
mexicana. “Nós somos apaixonado por ela”. A coisa
é não parar.
Conta o chef que o Tickets, e seu anexo, 41º, um bar,
“onde também se pode comer” poderão ganhar fi liais
em Londres. “Foi um sucesso porque conseguimos
colocar ao alcance da grande cidade a fi losofi a do el-
Bulli, criando ‘tapas’ modernistas e vanguardistas que
conseguiram envolver o público, tanto nacional, quan-
to estrangeiro. Sem dúvida, a tapa é uma maneira de
ver a gastronomia espanhola facilmente compreensí-
vel em todo o mundo”. Quem diz é embaixador inter-
nacional da ‘tapa’ que, como homem renascentista,
agora está ajudando seu irmão com um novo projeto
parcialmente relacionado a esse formato tão espa-
nhol que se chamará “Jaguar” e nascerá na metade
de 2013, ofertarando um conceito diferente de tapas e
receitas baseadas na cozinha asteca. O “alquimista”
[como também fi cou conhecido no meio] cogita incluir
algum produto brasileiro no menu. “A importância e a
infl uência da cozinha latina no conjunto mundial já são
realidade. E dela compõem-se também a cozinha pe-
ruana e a mexicana, e também – óbvio – a brasileira”.
Com vontade de continuar crescendo, deixamos
Ferran Adriá envolvido com sua nova fundação e acon-
selhando seu irmão Albert, em todos os seus novos
projetos. Também em projetos internacionais e sem
limitações culturais nem gastronômicas. Ou, talvez
uma: “odeio pimenta vermelha”. Um detalhe sem a
menor importância. Coisas de gênio. Gracias, Ferran.
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SORO DE PARMESÃOIngredientes1 kg de queijo Parmigiano Reggiano rallado 900 ml de água
Modo de fazerColocar a água para ferver em uma panela e só então adicione o queijo parmesão ralado.Mexa sem parar, até que se forme uma “massa” com o parmesão.Retire do fogo e deixe em infusão por um período de 1 h.Usando uma gaze nova, coe e leve à geladeira.
BASE PARA O XAROPEIngredientes 100 ml de água 100 g de açúcar
Modo de fazer Misturar os dois ingredientes em uma panela, levar ao fogo até levantar fervura. Leve à geladeira.
MAÇÃ CARAMELIZADAIngredientes1 maçã tipo Golden (de aprox. 150 g)200 g de base para xarope2 g de ácido ascórbico
Modo de fazerMisture o ácido com o xarope.Corte a maçã em rodelas, de modo a obter “folhas” de 0,1 cm de espessura.Rapidamente, mergulhe as maçãs na “solução” de xarope com o ácido. Escorra as “folhas”, uma a uma, e coloque-as sobre uma assadeira, forrada com silpat (*película de silicone, que transforma qualquer assadeira em uma superfi cie antiadherente).Levar ao forno (140º C) por um tempo de 25 minutos até que fi quem crocantes.Espere esfriar e guarde em um recipiente bem fechado e em lugar fresco e seco.
NOZES TOSTADASIngredientes50 g de nozes sem casca
Modo de fazerLeve as nozes ao forno para tostar a uma temperatura de 170 ° C por 7 min.Elas devem fi car crocantes.Quebre-as um pouco, até obter pedaços de cerca de 0,5 cm de diâmetro.
PÃO DE QUEIJOIngredientes1 litro de soro de parmesão (preparação prévia)5 g de lecitina de soja em pó
Modo de fazerEsquente o soro de parmesão a uma temperatura de 45 °C.Adicione a lecitina e misture bem.Com a ajuda de um turmix, emulsione a mistura na parte superior, fazendo com que o má-ximo de ar quanto possível, para que se forme uma textura de espuma que chamaremos de “ar”.Deixe o “ar” estabilizar durante 1 minuto, buscá-lo com uma colher de sorvete grande e ir preenchendo o molde da colher de sorvete.Preencha uma colher de sorvete (medida) por pessoa.Cubra com uma folha de papel manteiga e leve para congelar.
ACABAMENTO E APRESENTAÇÃOIngredientes5 g de framboesas liofi lizadas 4 moldes (bolas feitas com a colher de sorvete) do gelado, envolvido no papel.
ElaboraçãoServir 4 pequenas vasilhas. Acompanham duas outras vasilhas com uma mistura de maçã caramelizada com nozes tostadas e picadas, além das frambroesas liofi lizadas.
receita
“Ar” gelado deparmesão com müsli
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vinho
VINHOS FESTIVOS
As festas de fi nal de ano são um convite à cele-bração e, naturalmente, ao “estourar” de rolhas de vinhos alegres. A Revista Leal Moreira convida você a degustar os rótulos especialmente selecionados para o Natal e Réveillon.
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Uvas: 42% Chardonnay, 45% Pinot Noir, 13% Pinot Meunier Graduação: Vol. 13 % - Não safrada Origem: Champagne - FrançaFestivo, refinado, elegante, espiritual, encantador o Champagne é tudo isso e, para celebrar as Festas de fim de ano, nada melhor do que o Gosset Brut Excel-lence, champagne com grande tradição e reconhecimentos. A Maison Gosset foi fundada em 1584 e é provavelmente a mais antiga de toda na região. Com um perfil aromático fascinante e perlage fi-níssimo, o Gosset Brut Excellence tem complexidade para dar e vender; é ime-diato, fragrante e amplo. Desde as primei-ras notas agrumadas até as mais comple-xas, de levedura e amêndoas tostadas, o nariz é infinito. Na boca, é fresco e vivaz, com gosto envolvente e rico. O Gosset Brut Excellence é filho de uma terra úni-ca e extraordinária, múltipla e com uma infinita riqueza onde nascem os maiores espumantes do Mundo. Perfeito para ce-lebrar o melhor que a vida nos oferece.
Onde comprar: Grand Cru.(Indicação da sommelier Ana Luna Lopes)
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CEL
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Uvas: 40% Xarel.lo, 25% Parellada, 20% Macabeo, 10% Chardonnay e 5% Pinot Noir.Graduação: 12° GREGIÃO: Cataluña - Cava - Vinhedos La Plana (Xarel.lo, Macabeo e Chardonnay), Clos del Serral (Parellada), Vinya Gran (Chardonnay) conduzidos em cordon de royat e Barbera.CLASSIFICAÇÃO LEGAL: Cava D.O.Produção: 120.000 garrafasA colheita exclusivamente manual, com seleção de cachos, garante um vinho Complexo e elegante, com frutas cris-talizadas, brioche e mel. Cremoso, com acidez pungente e admirável persistência. Dissolve em boca, com assustadora cre-mosidade, alicerçada numa vibrante aci-dez mineral. É um vinho que casa mito bem com com frutos do mar e fará toda a diferença à mesa, no momento de sua celebração.
Onde comprar: Decanter
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Uvas: 100% NebbioloGraduação: 14%Origem: Piemonte, ItáliaA história do nascimento do vinho Ba-rolo é antiga e apaixonante. No inicio do século XIX, nos vinhedos da família Falleti Marcheses de Barolo, começou a produção daquele que é conhecido como o maior dos tintos italianos. Seguindo o estilo dos vinhos de Bordeaux, ou seja, secos e não-suaves, como até então os Barolo eram produzidos. A tradição se deve à Marquesa de Barolo, Giulia Col-bert Falletti, de origem francesa, que teve a excelente ideia de contratar o famoso enologo francês Conde Oudart, que mu-dou completamente [com sua experiên-cia] a enologia na região Piemonte, no Noroeste da Itália e fez nascer esse gran-de tinto elaborado com a casta Nebbio-lo. Vinho e história não podem caminhar separados, mas voltando ao presente. Os Barolo continuam a encantar e apaixonar os winelovers por sua complexidade e elegância. O Massolino Barolo DOCG 2007 é elegante, complexo, estagia 30 meses em carvalho francês. No palato, é frutado, potente, suculento, estruturado, com taninos bem domados. Tem um lado sutil, austero, típico dos tintos de classe. Ideal para carnes de caça ou com pratos à base de carne de cordeito, ou para ser de-gustado num momento de comtemplação. Um vinho para grandes momentos como a Ceia de Natal.
Onde comprar: Grand Cru.(Indicação da sommelier Ana Luna Lopes)
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Uvas: 100% ChardonnayGraduação: 12,5° GLCLASSIFICAÇÃO LEGAL: Trento D.O.C.PRODUÇÃO: 560.000 garrafasCom colheita exclusivamente manual, fei-ta em setembro, o Ferrari Perlè Brut 2005 é um vinho de superlativos. Majestoso, elegantíssimo, incrivelmente balanceado e muito saboroso. De coloração palha delicada, brilhante, perlage finíssimo e persistente. Cremoso, de incrível balanço e estupenda mineralidade. Longo final. Casa divinamente com peixes e risotos delicados. Deve ser servido aos 8°C.
Onde comprar: Decanter
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ExtravaganteNo espaço Leal Moreira, os arquitetos Ana Perlla e José Jr. destacaram na entra-da do lounge um tigre de resina com banho metalizado na cor dourada de uma cliente particular. A peça é marcante por representar a extravagância dos anos 80.
Não está a venda.
Diante de tantas opções, nem sempre é possível apreciar todos
os objetos de decoração da CasaCor. Pensando nisso, a equipe da
Revista Leal Moreira preparou uma seleção especial com dez itens
mais marcantes da mostra no estado. Dos mais perceptíveis aos
menos populares, todos trazem consigo uma parte da essência e
do talento dos profi ssionais envolvidos. Acompanhe:
decor
Inspiraçãoque nãotem fimConfi ra alguns dos conceituados trabalhos do maior evento de arquitetura, design e paisagismo das Américas
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RetrôAs arquitetas Erika Barros, Ludmila Slizys e Zinda Lobato elaboraram a Sorveteria com objetos retrôs dos anos 50 e 60. Dentre os inusitados, a
lambreta do dono de um restaurante de Mosqueiro dava boas-vindas ao público e o inseria no contexto da época homenageada.
Não está a venda.
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Lucas Ohana Dudu Maroja
Oratório históricoUm dos objetos mais contemplados no Antiquários (elabora-do pelos arquitetos Daniel Vinhas e Beth Gaby) foi o oratório do século XVIII de madeira de pinho de riga. A obra, de au-tor desconhecido, foi adquirida pelo antiquário Tutto Vecchio
por meio de uma família pernambucana.
VendasAntiquário Tutto Vecchio • 91 3222.4904
Juicy SalifA beleza e a funcionalidade tornaram o espremedor de laran-jas Juicy Salif um objeto de cobiça tanto na cozinha quanto na sala. A criação do designer Philippe Starck, adotada no Studio do Fotógrafo - do arquiteto Daniel Vinhas -, cumpriu o objetivo
de inovar na mostra.
Vendaswww.alessi.com
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Luminária marítimaO lustre não poderia fi car de fora da decoração náutica do Home Offi ce do Jovem Empresário, espaço do arquiteto Helder Coelho.
A luminária é uma adaptação do farol original da embarcação que pertenceu ao bisavô de Marina Fonseca, proprietária do
Maricotinha Casa.
VendasMaricotinha Casa • 91 3349.4287
Espelho MágicoA arquiteta Vanessa Martins elaborou um espelho mágico de baixo custo em parceria com a empresa gaúcha Cinex para o Loft do Casal de Músicos. Ao desligar a televisão – que fi ca embutida na parede -, o vidro desenvolvido pela Cinex se transforma em espelho.
Não está a venda.
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Mesa temáticaNo Estúdio do Estilista, projetado pelos arquitetos Felipe Souza, Linda Schwei-dzon e Tainah Schweidzon, a mesa de centro destacava-se tanto pela laca amarela quanto pelo efeito visual proporcionado pelo espelho ao lado. O de-signer carioca Zanini De Zanine se inspirou no Palácio da Alvorada, de Oscar Niemeyer, para elaborá-la - semelhança logo percebida pelos arcos.
VendasGaleria Marmobraz • 91 3239.1200
Mesas de barrilAs arquitetas Natália Jacob, Elisa Cardoso, Alana Miranda e Vanessa Maia perceberam nos barris de vinho da Grand Cru uma ótima opotunidade para elaborar mesas do ambiente externo do Adega Bar.
Não está a venda.
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Pequenos e práticosDevido as suas múltiplas funções, garden seats (ou “bancos de jardim”) são ideais para espaços compactos e práticos. No Loft da Jovem Empresária, as arquitetas Patrícia Póvoa, Luciane de Lucena e Láyza Meireles aproveitaram o tom neutro do ambiente para valorizá-los com cores vivas e atrativas.
VendasCasa Amazonas • 91 3224.4006
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ConfortávelPara compor a Sala de Leitura, os arquitetos Maria-no Cintra e Heloisa Ferreira posicionaram a chaise de alumínio polido com encosto de chenile entre duas mesas de apoio. A opção de recliná-la afasta a mo-notonia provinda de posições iguais.
VendasPerfi ni • 91 3224.9207
Painel regionalAs arquitetas Aíla Seguin e Clélia Andrade da Rouparia e La-vanderia utilizaram, na parede, o painel de tecido como uma das estratégias para quebrar o paradigma do azulejo e do branco nas lavanderias. O artista plástico Fábio Gurjão se ins-pirou em elementos regionais, como barcos, peixes e coquei-ros, para ilustrá-lo.
VendasAíla Seguin e Clélia Andrade91 9941.9590 • 91 8869.0339
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falando nisso
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Carlos Alvesarquiteto
A luz pode mudar nossa perspectiva e visão de cenários e a afi rmação é válida para a decoração e design de interiores. Para o arquiteto, urbanista e enge-nheiro civil com experiência de 25 anos, Carlos Alves, a luz pode valorizar o mobiliário, realçar as cores das paredes e deixar o ambiente mais aconche-gante. Confi ra as dicas dele para quem deseja acertar na iluminação e deixar o ambiente [ou lar] mais convidativo.
1 - A primeira preocupação com a iluminação é saber que tipo de luz você quer para o ambiente.
2 - O resultado depende da temperatura da cor da lâmpada (não exatamente da luminária). A fria geralmente não reproduz muito bem a cor do mobiliário, da parede, dos objetos de decoração, enfi m, do ambiente. Em geral, a morna – ou mais quente - valoriza melhor essas áreas.
3 - Nos banheiros, é interessante utilizar luzes mistas (branca e amarela) para realizar com efi cácia atividades rotineiras, como fazer maquiagem, aparar a barba e escovar os dentes. Assim, você consegue reproduzir o tom real da pele. Já na sala, não pre-cisa desse tipo de luz. Pode ter algo mais calmo, tranquilo e aconchegante, até para que a imagem do vídeo tenha uma melhor reprodução de cor.
4 - Algumas opções para utilizar nos ambientes são sancas. Elas têm um efeito mui-to bom por distribuir a luz uniformemente nos espaços. Além disso, têm um custo barato em relação a outro tipo de iluminaria. Outro recurso são iluminações pontuais, como, por exemplo, um abajour para valorizar um canto da sala. Eu gosto muito de usar luminárias assimétricas que jogam luzes mais direcionadas. A conciliação des-ses dois tipos de iluminação (abrangentes e pontuais) é que traz um resultado melhor em qualquer ambiente residencial, exceto cozinha, banheiros e áreas de serviço.
5 – Um recurso atual e contemporâneo é o de iluminação em led. Apesar do custo elevado em relação a convencional, seu baixo consumo de energia acaba compen-sando o custo ao longo do tempo. As fi tas de led têm ótimos resultados em casos como iluminação de prateleiras e em sancas. O único senão do led é com relação à iluminação pontual, que é muito fria. Eu acredito que a tecnologia vai achar uma maneira de transformar sua reprodução de cor tão boa quanto a convencional, mas, por enquanto, ainda não é verdade.
6 - Em ambientes comerciais, temos várias opções para aplicar a iluminação. Uma boutique, por exemplo, precisa de algo que reproduza bem as cores. Uma iluminação muito fria, como a de uma farmácia, não é adequada a ela. Então, mesmo dentro do ambiente comercial, tem que ter a preocupação de o que você quer usar. No caso de escritórios, tem que dar conforto ao profi ssional que trabalha lá o dia inteiro. Nem sempre a iluminação forte, clara e branca traz conforto. É importante que os pontos sejam iluminados, mas não necessariamente brancos ou com excesso de luz.
7 - Se você tiver condições o melhor é consultar um profi ssional da área como um arquiteto de interiores que possa auxiliar na hora de distribuir essa iluminação. Assim, você conseguirá realmente ter o melhor resultado no seu espaço.
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Que tal uma central de mídia para todos os sistemas da casa?
Quer controlar a casa à distância? Tela de projeção ou monitor?
E um sistema de áudio/vídeo multicanal para tornar o
videogame mais irado?
Essas são algumas das perguntas que fazemos para oferecer
soluções inteligentes, de automação e de entretenimento, em
plantas bem detalhadas. São elas que permitem fazer de um
projeto, um sonho realizado. Ah, por falar em sonho realizado,
quando o seu projeto é aprovado, nossa engenharia sempre
acompanha a execução.
Venha conversar conosco. Você também vai gostar das
nossas respostas.
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especial
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eOusadia
inovaçãoLeal Moreira consolida participação na Casa Cor Pará e conquista, pelo segundo ano consecutivo, o prêmio de projeto mais ousado da mostra.
Lucas Ohana Dudu Maroja
Conforto, descontração e bem-estar.
Na CasaCor Pará 2012, o espaço
Leal Moreira conciliou tão bem es-
ses conceitos com ideias inovadoras que
conquistou, pelo segundo ano consecutivo,
o prêmio de projeto mais ousado da mos-
tra. A proposta era apresentar uma síntese
do universo da construtora nesses quase 27
anos de existência em um lounge intimista,
de confraternizações.
O projeto, assinado pelos arquitetos José
Jr. e Ana Perlla, congregava opções aos
mais variados públicos. Para os mais cal-
mos, a reserva dos estofados representava
a quietude ideal à leitura e à contemplação
das referências estéticas. Já o clima de festa
era ressaltado pelo bar, boa música e espa-
ço de sociabilidade.
Na decoração, a predominância de itens
ligados aos anos 80 era uma homenagem
à década de criação da empresa. Os arqui-
tetos a elaboraram com tantos detalhes que
era improvável contemplá-la em sua totali-
dade à primeira vista. Ao entrar no “Mundo
Leal Moreira”, como o espaço foi chamado,
tudo se revelava aos poucos: as percepções
iniciais eram pautadas pelas cores preto e
vermelho e por luzes pontuais. Em seguida,
a iluminação perdia a timidez e revelava um
ambiente até então desconhecido.
Instintivamente, as pessoas tendiam a
olhar logo para um quadro amarelo em três
dimensões onde era retratada a gravidez de
uma mulher, remetendo ao surgimento da
Leal Moreira e à valorização da família. O
curioso era que, para compreender a obra
por completo, o visitante tinha que sentar na
poltrona ao lado, sendo incentivado assim ao
convívio social. “O ambiente trazia consigo
elementos que estimulam os sentidos. Por
exemplo, a luz baixa, a música ambiente, o
bar com o drinque de boas vindas, além do
aroma que convida as pessoas a permane-
cerem no local. Todos esses detalhes faziam
com que os visitantes interagissem uns com
os outros e com o ambiente, além de favo-
recer com que se sentissem à vontade para
se sentar, observar e usufruir do clima des-
contraído,” disse José Jr.
No extremo oposto, uma tela de pintura
acrílica com fotografi a, contextualizava o pú-
blico com o período homenageado. A artis-
ta plástica Cintia Ramos valeu-se de ícones
como David Bowie, fi tas cassete e guitarra
para compor a intervenção; em cores vivas
para ressaltar os contrastes da época. Nem
todas as referências eram suscetíveis a en-
tendimentos instantâneos. Algumas exigiam
um pouco mais de atenção, como os cin-
tos de couro que sustentavam três espelhos
redondos na entrada, fazendo referência ao
estilo “oitentista” do rock. “Nada que você vê
dentro do espaço Leal Moreira está ali por
acaso, sempre tem um conceito por trás”, »»»
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Leia mais
Acesse o código abaixo e confira a exclu-siva animação “Mundo Leal Moreira”
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explicou André Moreira, diretor de marketing
do Grupo Leal Moreira.
Como um dos estandartes da CasaCor
deste ano era tecnologia, duas animações
desenvolvidas pelas agências Madre e Door
Comunicação exibiam na parede central os
valores e ideias da empresa. Para ilustrá-las,
foram utilizadas desde imagens dos colabo-
radores das obras até dos mais badalados
ícones nacionais, como a atriz Camila Pitan-
ga, o arquiteto Oscar Niemeyer, Lázaro Ra-
mos e Caroline Ribeiro.
Com um área total era de 65 m², adotar
estratégias para aproveitá-la ao máximo foi
um desafi o delicioso. Dentre elas, posicionar
uma chaise no meio do lounge e escolher ta-
petes diferentes, como um patchwork, para
dividi-lo em dois. De um lado, duas poltronas
clássicas emolduravam uma mesa pé palito
e fl ertavam com mesas tulipa. Do outro lado,
cujo conceito era de mais modernidade, a
solução foi explorar três estofados, uma
mesa geométrica e dois seats garden, que
serviam tanto de apoio de livros quanto para
assento.
As amigas Olinda Mendes e Marta Ramos
gostaram tanto do espaço que passaram
horas conversando num dos sofás. “Foram »»»
No ambiente, que evoca ícones e infl uências dos anos 80, os arquitetos José Jr. e Perlla valorizaram os detalhes e cores intensas. O lounge Leal Moreira, que conquistou o prêmio de “espaço mais ousado” da Casa Cor Pará 2012, foi um dos espaços mais visitados da mostra.
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arrojados em fazer esse ambiente. Ficou
muito bom, agradável, tanto que a gente
nem queria sair de dentro. Parecia que es-
távamos em casa,” afi rmou Marta. O clima
aconchegante era conduzido pela harmonia
entre os elementos clássicos e contemporâ-
neos. Diante disso, para dar uniformidade e
concordância ao projeto, as paredes perma-
neceram com um tom escuro e, em cada
canto, as mesas de apoio foram iluminadas
por pendentes beges.
Do sofá para um charmoso barSaindo um pouco do tema decoração, um
dos grandes diferenciais do “Mundo Leal Mo-
reira” foi a sofi sticação dos drinques ofereci-
dos aos clientes e visitantes do lounge. Cada
um deles recebeu o nome de um empre-
endimento da Leal Moreira: Unitá, Floratta,
Triunfo, Parnaso e Sonata. A artista plástica e
professora da Universidade Federal do Pará
Rosângela Britto, 47, aprovou a ideia. “Os
drinques associados aos nomes dos imóveis
fazem com que você associe ao estilo que
gostaria de morar. Foi muito inventivo.”
O mais requisitado foi o “Floratta”, que le-
vava purê de gengibre com hortelã, limão si-
ciliano e licor de laranjas harmonizado com
espumante Brut. Outro que fez sucesso foi o
“Parnaso”, feito com nectarina de maçã com
manjericão, uvas Thompson e limão siciliano
harmonizado também com espumante Brut.
Para elaborá-los, o chef em coquetelaria Leo-
nardo Cals desenvolveu técnicas exclusivas.
“A ideia era fazer algo requintado, com que
as pessoas não estão muito acostumadas.
Como esse ano o espaço foi mais intimista,
nós pensamos em trabalhar com o espu-
mante que é uma bebida nobre, de gosto
bem seleto.” »»»
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CasaCor ParáPela segunda vez, a Leal Moreira partici-
pou como patrocinadora da mostra. Isan
Anijar, franqueado da CasaCor no Pará, falou
da importância da parceria. “É a empresa
que mais constrói no estado e constrói para
todos os públicos, mas, principalmente, para
o público ‘A’ e ‘B’, que se identifi ca com a Ca-
saCor. Para nós, é uma honra e uma satis-
fação muito grande ter uma empresa como
essa há dois anos no nosso evento.”
André Moreira explicou a relevância para a
construtora em participar do evento. “A Leal
Moreira trabalha para que seu produto fi nal
seja reconhecido e admirado. Nesse sentido,
a CasaCor cumpre com maestria esse nos-
so objetivo. Isso se traduz ao longo do tem-
po numa performance comercial muito boa »»»
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Segundo o arquiteto José Jr., um dos responsáveis pelo projeto, o lounge Leal Moreira foi concebido para parecer um patchwork
(baseada em índices nacionais) graças a
várias iniciativas que procuram mostrar
para os clientes os valores da empresa,
como transparência, verdade, confi ança,
buscando fazer o melhor sem que isso se
traduza num aumento de preço.”
A CasaCor Pará - maior evento de ar-
quitetura, paisagismo e decoração das
Américas - reuniu este ano 59 ambientes
decorados e assinados por 103 arquite-
tos, designers e paisagistas do Pará. Sem
contar o glamour da mostra, a CasaCor é
um evento marcante para a economia
local. “Primeiro, porque gera mais de mil
empregos diretos durante a fase de sete
a oito meses de obras e de evento. Além
disso, nós recebemos (até a penúltima
semana de novembro) mais de mil e oi-
tocentos turistas de todos os estados”,
ressaltou Isan.
Na primeira edição no estado, a Casa-
Cor Pará foi eleita a segunda maior mos-
tra da franquia. Para isso, foram avaliados
mais de cinquenta itens como faturamen-
to, tamanho da mostra, número de visi-
tantes, acabamento, qualidade da obra,
entrega no prazo. O resultado da edição
deste ano deve ser divulgado no começo
de 2013. “Estamos lutando para ser o pri-
meiro deste ano”, concluiu Isan.
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Uma das principais formas de alcançar o sucesso é por meio
de grandes parcerias. A Leal Moreira agradece a todos os par-
ceiros que contribuíram para o lançamento de mais um empre-
endimento: o Torre Unitá. Desde os aconchegantes modulados
da SCA, os sofi sticados revestimentos de cerâmica da Metallo,
o refi namento das cortinas da Angela Belei até os produtos de
última geração da SOL Informática, os móveis do Spaço Casa,
bem como a efi ciência dos acessórios da Tramontina; todos são
essenciais para a obtenção do objetivo maior da Leal Moreira:
a satisfação dos clientes. Então, nosso sincero muito obrigado a
todos. vocês!
O SEGREDODO SUCESSO
Institucional
Segurança e lazer em perfeita harmonia.
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MÊS DEANIVERSÁRIO
Em comemoração ao mês de aniversário da Grand
Cru em Belém, a Importadora realizou, em novem-
bro, uma programação especial para seus clientes.
Aos sábados, o público pôde conferir eventos temáti-
cos com degustação de vinhos de diferentes regiões,
como tintos espanhóis, brancos argentinos e italianos
da Puglia. No fi m do mês, foram dedicados cinco dias
consecutivos ao Festival Enogastronômico Argentino,
que ofereceu o melhor da gastronomia e grandes vi-
nhos do país. Para encerrar a programação, a Impor-
tadora preparou um jantar harmonizado com o me-
lhor de cada festival ocorrido ao longo do ano, como o
francês e o português. A Leal Moreira apoiou o evento
e sorteou convites [para alguns dos dias especiais]
nas redes sociais da Construtora.
Institucional
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SITESEm breve, todos os sites do Grupo Leal Moreira serão integrados e padronizados
com uma nova apresentação, para oferecer aos clientes uma melhor compreensão
dos serviços digitais oferecidos. O site principal terá novidades não apenas da constru-
tora, mas da Leal Moreira Imobiliária, Revista Leal Moreira, Clientividade, Catão Leal
Moreira. Outro diferencial será a compatibilidade de acesso com dispositivos móveis,
como celulares e tablets. Enfi m, tudo para deixar você informado sobre os mais diversos
conteúdos, desde o mercado imobiliário até os principais eventos culturais da cidade.
Acesse: www.lealmoreira.com.br
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PONTO DEVENDA E GALERIA
A Galeria Leal Moreira é o novo ponto de vendas da construtora no Boulevard
Shopping – localizado na área de expansão do quarto andar. O público pode conferir
empreendimentos como o Torres Floratta, Torre Triunfo, Torre Parnaso e, é claro, o
próximo lançamento, o Torre Unitá. Além disso, o hall de entrada possui um espaço
exclusivo para exposições de arte. A primeira mostra é sobre as obras dos designers
que ilustraram a Agenda Leal Moreira 2013. Dentre outras atrações, haverá um
evento com condições especiais de pagamento no estande. Aguardem.
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NOVOSGESTORES
O setor de engenharia da Leal Moreira tem um novo diretor:
William Chamas. Pela primeira vez residindo na cidade, William se
identifi cou logo com o clima da empresa. “Essa sensação de família
é primordial para o trabalho. A gente percebe, nas obras, a feição
de satisfação dos profi ssionais”, ressaltou. Já no setor de relaciona-
mento, a nova gerente é Alethéa Assis. “Quando cheguei, fi quei im-
pressionada com a motivação dos profi ssionais no trabalho. Ape-
sar do pouco tempo, já estou muito feliz. Tanto o apoio da diretoria
quando da minha equipe está sendo fundamental para isso”, disse.
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A perfeita mistura entre transparênciae resistência.
O Torre de Farnese é um dos empreendimentos de alto nível da Leal Moreira que tem a segurança e a beleza dos vidros Ebbel. Uma combinação atestada por tantas outras obras de qualidade.
• Aumento de área útil.
• Proteção contra vento, chuva, poluição e maresia.
• Valor e qualidade otimizados, propondo melhor custo/benefício, uma vez que proporciona maior comodidade e conforto.
• Segurança com uso de vidros temperados
• Praticidade em seu manuseio e limpeza.
Rod. BR-316, KM 2Alameda Moça Bonita, nº 14Guanabara • Ananindeua/PA
Fone: [91] 3235.5395 3235.5313
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NATALESPECIAL FAMIGLIA SICILIA
O último mês do ano remete a sentimentos propícios à confraternização: união, har-
monia, felicidade, solidariedade. Pensando nisso, o Famiglia Sicilia realiza uma das
mais tradicionais homenagens natalinas da cidade. Além de se deliciar com um
cardápio especial, você será contagiado com uma comovente apresentação que
sintetiza toda essência do clima de Natal. O patrocínio é da Leal Moreira.
Serviço
Data: Até 26/12
Local: Famiglia Sicilia (Av. Conselheiro Furtado, 1420)
Reservas: 4008-0001
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PREMIAÇÃOMERECIDA
Para comemorar o prêmio de “projeto mais ousado” da CasaCor Pará, a Leal Mo-
reira realizou durante a mostra um coquetel para convidados, parceiros e amigos no
seu lounge. O evento também foi uma oportunidade para o público conhecer o próximo
lançamento da construtora e se encantar com o charme do Mundo Leal Moreira. Na
ocasião, foram servidos petiscos elaborados pelo chef Felipe Gemaque com opções
como pães especiais com creme de queijo, cestinha de bacalhau e tartelete de creme
de tomate com manjericão. A carta de drinks foi elaborada em referência aos prédios da
construtora e assinada por Leonardo Cals.
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Check List dasobras Leal Moreira
em andamento concluídoVeja fotos do andamento das obras no site: www.lealmoreiraimobiliaria.com.br
.Torre Parnaso
2 ou 3 dorm. (1 suíte) • 58,40m² e 79,20m² • Cremação • Av. Generalíssimo Deodoro, 2037 (com a Rua dos Pariquis)
projeto lançamento fundação estrutura alvenaria revestimento fachada acabamento
Torres Dumont
2 e 3 dorm. (1 e 2 suítes) • 64m² a 86m² • Pedreira • Av. Doutor Freitas, 1228 (entre Av. Pedro Miranda e Marquês de Herval).
Torre Vitta Offi ce
Salas comerciais (31,73 a 42m²) • 5 lojas (61 a 299,62 m²) • 31,73 a 42m² (sala comercial) • de 61 a 299,62m² (lojas) • Marco • Av. 25 de setembro, 2115.
Torre Vitta Home
2 dorm. (1 suíte) • 58,02m² • 3 dorm. (1 suíte) • 78,74 m² • 58 m² e 78 m² • Marco • Travessa Humaitá, 2115 (entre 25 de Setembro e Almirante Barroso).
Torre Triunfo
3 e 4 suítes (170,34 m²) • cobertura (335,18m²) • Marco • Trav. Barão do Triunfo, 3183 (entre 25 de Setembro e Almirante Barroso).
Torres Floratta
3 e 4 dormitórios • 112,53m² a 141,53m² • Marco • Av. 25 de Setembro, 1696 (entre Travessas Angustura e Barão do Triunfo).
Torres Trivento
2 e 3 dorm • 65,37m² a 79,74m² • Sacramenta • Av. Senador Lemos, 3253 .
Torre Résidence
2 ou 3 suítes (174m²) • Cobertura (361m²) • Cremação • TV. 3 de maio, 1514 (entre Magalhães Barata e Gentil).
Torres Ekoara
3 suítes (138m²) • Cobertura (267 ou 273m²) • Utinga • Tv. Enéas Pinheiro, 1700 (entre Av. Alm. Barroso e Av. João Paulo II).
Torre Umari
2 ou 3 dorm. sendo 1 suíte (107m²) • Umarizal • Rua Dom Romualdo de Seixas, 1500 (entre Antonio Barreto e Domingos Marreiros).
Sonata Residence
Uniplex (71m² a 72m²) e Duplex (118m² a 129m²) • Umarizal •João Balbi, 1291 (entre 9 de Janeiro e Alcindo Cacela).
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Líder absoluta de mercado na região Norte, há 34 anos.
www.lotusonline.com.br
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Nara OliveiraConsultora empresarial
Vai que abola é tuaDesafios estratégicospara o Pará
Que venha 2013.
Não há como o Pará
deixar de crescer em
um ritmo maior que
o Brasil. O desafi o é
que a riqueza gerada por todas
as oportunidades fi que no Pará. O segmento
agrícola, a indústria de palma em expansão,
o surgimento da indústria de energia limpa no
Pará. A construção de Belo Monte, o segmento
mineral, por quê não? Os portos de Miritituba
e do Guamá, as inúmeras oportunidades surgi-
das por esses projetos mencionados.
Nosso grande desafi o é estrutural: educa-
ção, infra estrutura e logística. O governo atu-
al possui credibilidade, baseia suas ações em
dados e fatos contudo, carece de uma visão
de longo prazo e precisa vender isso para a so-
ciedade. O Pará precisa de um planejamento
estratégico para os próximos 30 anos.
O empresariado paraense é convidado a re-
alizar uma leitura minuciosa desse cenário e
a aproveitar todas as oportunidades que sur-
girão em nosso estado nos anos vindouros.
Nem todo movimento do mercado se constitui
em uma oportunidade. Isso deve ser aderen-
te à missão da empresa, deve estar inserido
em seu campo de atuação. Certamente, deve
haver competência agregada na organização
para receber o novo negócio ou a expansão e
“ colocá-lo para rodar “. Deverá haver pessoas
com senioridade no assunto ou um lugar co-
nhecido onde você possa buscá-las. Se esse
novo negócio se encaixar nesse cenário inter-
no, então você realmente possui uma oportu-
nidade.
Depois de reconhecidas, as oportunidades
precisam ser “trabalhadas”. Expandir um ne-
gócio existente ou começar um novo merece
um plano de ação cuidadoso envolvendo pes-
soas, tecnologia, estrutura física, descrição de
processos e desenvolvimento de uma cadeia
de fornecedores. Uma dica: convide as pesso-
as que lhe ajudam a tocar a empresa para dis-
cutir os problemas e ajudar a criar as soluções.
Um desafi o. Quase a totalidade dessas opor-
tunidades estão vinculadas à industria de base
ou à infra estrutura, mesmo aquelas do seg-
mento de serviços. Assim, elas estão interiori-
zadas e o empreendedor se encontrará com
as peculiaridades das cidades fora da região
da grande Belém.
Outro desafi o. Profi ssionais com qualifi cação
para enfrentar as oportunidades. A vocação
do estado vai ao encontro do fenômeno eco-
nômico denominado apagão de mão de obra.
Profi ssionais de tecnologia, infraestrutura e lo-
gística hoje infl acionam o mercado e são ina-
cessíveis, salarialmente falando, ao empresário
regional. Essa é uma equação difícil de ser fe-
chada e merece criatividade no enfrentamento.
Empreendedores do Pará, bem vindos ao
ano de 2013 e a um estado que oferece cami-
nhos alternativos.
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HOJENORTE
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ano 9 número 35ano 9 número 35 www.revistalealmoreira.com.brwww.revistalealmoreira.com.br
O crítico musical mais infl uente doO crítico musical mais infl uente doBrasil fala sobre o cenárioBrasil fala sobre o cenário
nacional e o bom momento paraensenacional e o bom momento paraense
Nelson MottaNelson Motta
Letícia IsnardLetícia IsnardFerran AdriáFerran Adriá
Zenaldo e Belém 400 anos Zenaldo e Belém 400 anos
Leal Moreira, amor e arte.