Revista NOIZE #10 - Dezembro de 2007

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Hits of the Summer Racionais MCs Rockabilly The Police Subtropicais

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A NOIZE chega à sua décima e última edição do ano. No verão, enquanto vocês descansam (ou não), estaremos pensando e repensando, formulando e reformulando—tudo para que em março, quando retornarmos, você encontre uma revista ainda melhor. Mas não pense que estaremos alheios ao que acontece no mundo da música!

Para te manter informado, a NOIZE TV e o site continuarão a pleno vapor.

Fique em paz, e até março.

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Moby lança novo disco em março

Já tem data definida para ser lançado o próximo álbum de Richard Melville Hall, o Moby. O músico nova-iorquino anunciou que seu sexto disco de estúdio, intitulado Last Night, chega às lojas no dia 25 de março de 2008.A gravação foi realizada no estúdio parti-cular do artista e contou com a mixagem de Dan Grech-Marguerat, que já trabalhou com Radiohead e Scissor Sisters. Moby revelou em entrevista para a MTV norte-americana que as noites como DJ irão re-sultar em um dos álbuns mais dançantes e eletrônicos já lançados por ele. Uma das participações especiais é a do rapper Gran-

dmaster Caz, que atua na música “I Love to Move in Here”.Moby é conhecido por canções como “Por-celain”, “Go” e “Lift me up”. Ele toca tecla-do, guitarra e baixo. O pseudônimo Moby é derivado do clássico de Herman Melville, Moby Dick. O último álbum lançado pelo artista foi a coletânea Go – The Very Best of Moby: Remixed.

Iron Maiden em POA

Metaleiros estão em chamas. Depois de um excelente 2007, que contou com shows de grandes bandas do estilo, 2008 promete. E não podia começar melhor: Iron Maiden está confirmado para o começo de março.A “Donzela”, que se apresenta no Giganti-nho dia 5, irá realizar a turnê de seu último álbum, Somewhere Back in Time World Tour, no ano que vem. O disco já vendeu mais de 50 mil cópias no Brasil. O Iron vai pas-sar pela Skol Arena em São Paulo, dia 2, e por outros países da América Latina (Costa Rica, México, Colômbia, Argentina, Chile e Porto Rico). As apresentações serão foca-das especialmente nos clássicos oitentistas da banda.

Andina prepara Escada-nova

A Andina, banda porto-alegrense de garage rock, está em estúdio preparando seu se-gundo álbum, que vai se chamar Escadanova. O disco tem a produção de Ray-Z (músico e produtor) e está sendo gravado e mixado no estúdio SOMA. Ele sucede O Mérito do Caos e Eu, lançado de forma independente em 2006. O novo álbum deve sair no início de 2008. Para conhecer o som da banda, basta acessar myspace.com/andinarock.

Kylie Minogue está de volta

Depois de enfrentar o longo e difícil trata-mento de recuperação do câncer de mama, Kylie Minogue está de volta. A cantora aus-traliana acaba de lançar X, seu novo álbum de estúdio.Metade das músicas foram compostas pela artista, e algumas foram criadas no período em que ela estava convalescente. Uma das canções, “Cosmic”, fala sobre “coisas reais e metafóricas” que a música ainda pretende fazer. Kylie deseja sair em excursão o mais rápido possível e afirmou que em breve anunciará os detalhes de sua nova turnê internacional.

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Van Buuren é o melhor

A revista londrina de música eletrônica DJ-mag divulgou sua lista dos 100 melhores DJs de 2007. O holandês Armin Van Buuren, segundo em 2006, as-

sumiu a primeira colocação. Paul Van Dyk, primeiro no ano passado, caiu para a quarta posição. Tiesto e John Digweed são, respec-tivamente, segundo e terceiro colocados. Sasha é o quinto.Van Buuren, adepto do progressivo e do trance, apresenta o programa de rádio A State of Trance, referência para fãs de mú-sica eletrônica do mundo todo. Ele possui um set chamado Armin Only, que consiste de nove horas de performance. Uma das principais ascensões foi a do francês David Guetta, que levou seu house da 31ª para a 10ª colocação. O israelense Astrix, que já tocou para os gaúchos e esteve recente-mente no Brasil, é o 18º da lista. A dupla do Justice figura pela primeira vez na lista, na 58ª posição. Quem aparece pela primeira vez com muita força é o holandês Fedde le Grand, chegando à 22ª colocação. A disco-grafia básica deste mês, o Daft Punk, e os dinossauros do Chemical Brothers ocupam, respectivamente, o 71º e o 80º lugares.O ranking foi baseado nos votos de 345 mil leitores da revista. Eles votaram em mais de 90 mil DJs de todo o mundo. Na polêmica eleição deste ano, dois fortes concorrentes foram eliminados por irregularidades na votação: Christopher Lawrence (4º no ano passado) e DJ Dan (5º).

Canta Brasil!

O Movimento Cultural Canta Brasil esteve presente na segunda edição do Encontro Internacional de Educação, realizado entre os dias 21 e 24 de novembro, em Gravataí.A programação musical, além dos artistas do movimento, teve Acústicos & Valvulados, Da Guedes, Gabriel O Pensador, Claus & Vanessa, Tico Santa Cruz e Voluntários da

Pátria, Fresno, Lica e banda e Thaíde.O Canta Brasil é um movimento cultural com sede em Canoas e iniciou suas ativida-des há oito anos. O trabalho visa descobrir e revelar talentos anônimos dos bairros e das vilas da cidade. Atualmente, o projeto atende mais de 300 crianças e jovens de Canoas. Conta com 30 jovens em seu elen-

Nação Zumbi lança Fome de Tudo

A Nação Zumbi está de volta com muita classe. O mais recente álbum da banda, denominado Fome de Tudo, tem recebido muitos elogios da crítica especializada. O álbum conta com a co-produção de Mario Caldato Jr., que já trabalhou com Planet Hemp, Beastie Boys e Beck.Em entrevista recente, o baixista Dengue revelou que a banda nunca conseguiu su-prir a falta de Chico Science. Mesmo as-sim, seguiu em frente e manteve a mistura internacionalmente reconhecida de psico-delia, maracatu, eletrônica e metal. A faixa que abre o disco, “Bossa Nostra”, virou videoclipe.A banda foi criada em 1990, no Recife. Já lançou nove discos, sendo seis com Jorge Du Peixe e dois com Chico Science no vo-cal. O outro é uma coletânea de 2005.

Pennywise vai permitir download gratuito

O novo disco do Pennywise poderá ser baixado gratuitamente com a anuência do grupo. A banda pretende negociar um acor-do com o MySpace e a Textango, empresa responsável pela distribuição e venda de músicas para celular.A idéia irá permitir que em março de 2008, quando lançar o disco novo, além de fazê-lo na mídia física convencional, ele seja colo-cado inteiro para download gratuitamente. Esta seria a primeira ação do tipo feita pelo MySpace, e será o primeiro disco inédito do Pennywise desde The Fuse, de 2005.

co principal, que vem se apresentando em diversos eventos.Um dos maiores incentivadores do Canta Brasil é o Grupo Cultural Afroreggae, do Rio de Janeiro. José Junior, o fundador do grupo carioca, é padrinho institucional do Canta Brasil, ao lado de Elba Ramalho, Flora Gil e Gabriel O Pensador.

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Se até o CD passa por um momento de-licado, pior ainda é a situação do vinil bra-sileiro. Valorizado apenas por amantes do formato e colecionadores, ele esteve bem perto do ocaso recentemente. A história teve início em setembro, quando a Polysom, última fábrica de discos de vinil no país, comunicou que iria fechar. A notí-cia pegou de surpresa o povo que luta pela preservação da cultura e de seus meios de se manifestar. Foi, então, organizada uma pressão ao governo para impedir que a empresa acabasse. Partindo dos Racionais MC’s, a iniciativa dirigiu-se ao Ministério da Cultura e ao IPHAN (Instituto de Patrimô-nio Histórico e Artístico Nacional). Tendo

como intermediário o senador Eduardo Suplicy, acabou dando resultado.O plano do Ministério é tornar o vinil pa-trimônio imaterial brasileiro, o que acarre-taria o registro da atividade e a diminuição dos impostos. A solução para outro pro-blema apontado pela Polysom, o da baixa demanda, viria com a passagem de arquivos históricos para vinil. Também podemos fi-car mais tranqüilos ao tomar conhecimen-to da elogiável constatação do assessor da Secretaria de Políticas Culturais do Minis-tério, Álvaro Malaguti, que acredita que, am-pliando a produção de música brasileira em vinil, estaremos aumentando a circulação da música brasileira no mundo.

O Vinil não vai morrer tão fácil

Gustavo viajou com a banda para Santa Maria, fotografou e anotou cada detalhe. O re-sultado é um texto e uma entrevista que você não pode deixar de ler.

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Pata com novo CD

A Pata de Elefante, banda de rock’n’roll ins-trumental aqui de Porto Alegre, está com novo CD na praça. Intitulado Um Olho no Fósforo, Outro na Fagulha, o álbum saiu pela Monstro Discos e conta com dezoito faixas, divididas em 16 canções e duas vinhetas.No blog da banda (bandapatadeelefante.blogspot.com), quem quiser pode baixar “Hey”, terceira música do novo álbum. A Pata “se espraia” pelo Brasil: depois do Goiânia Noise Festival, prepara-se para uma turnê por todo o país em janeiro. Estão incluídas no pacote apresentações em São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Ceará e Bahia.

Os fãs de Weezer terão algo novo para ou-vir enquanto a banda não lança seu próxi-mo álbum. O disco solo de Rivers Cuomo, vocalista do grupo, chama-se Alone – The Home Recordings of Rivers Cuomo e será lan-çado pela Geffen Records. Ele chega às lojas gringas no dia 18 de de-zembro deste ano e terá 17 músicas, entre as quais destacam-se os títulos “Blast Off!” (Descendents?), “Who you callin’ bitch?” e “I wish you had an axe guitar”.É o primeiro disco solo do músico e reu-nirá suas demos favoritas gravadas entre

1992 e 2007. Sobre o álbum, Rivers acres-centou que apresenta muitas músicas que nunca foram ouvidas pelo público, alguns covers, algumas canções do “musical rock” Songs From The Black Hole e a demo original do hit “Buddy Holly”.Ele também desmentiu os rumores de que o novo álbum do Weezer, que acabou de ser gravado na metade de outubro, seria lançado no dia 22 de abril de 2008. “O novo álbum do Weezer não se chama Tout Ensemble e não há uma data oficial de lan-çamento”, disse.

Rivers Cuomo lança álbum solo

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O que Serj Tankian, do System of a Down, Dave Gahan, do Depeche Mode, Rivers Cuomo, do Weezer, Siouxsie Sioux, do Siouxsie & the Banshees, e Thurston Mo-ore, do Sonic Youth, têm em comum além de serem gringos? Eles são os mais novos representantes da modalidade “vocalistas que decidem lançar álbuns solo”. Não há uma historinha pronta para ser contada. Alguns partem em carreira solo e outros lançam apenas um álbum. Querendo ou não, os vocalistas – exceto no caso de bandas em que todos os integrantes são famosos – são os que mais se valem do re-nome para livrar-se ou deixar de lado por algum tempo o resto da banda.A relação entre Sting e o The Police ilustra muito bem essa situação. Eles agora estão em turnê (saudades ou grana? vai saber...), mas demorou para que ele topasse realizar a aguardada reunião. Você pode ler mais a respeito em uma matéria nesta edição da Noize, mas é notável que, dos integrantes originais do Police, ele foi o único capaz de alcançar relativo sucesso quando a ban-da acabou. No entanto há a outra face da moeda. Chris Cornell, ex-Soundgarden e Audioslave, decidiu apostar suas fichas pela

segunda vez em uma carreira solo. Mes-mo que continue contando com o apoio daqueles fãs de carteirinha, que compram e ouvem qualquer coisa que ele cantar, Cornell já foi mais feliz. Quem sintetizou a decepção com o novo álbum de Cornell foi a Rolling Stone norte-americana: “...não tem a mínima noção de como fazer essas canções sutis que está tentando agora”.Mas vamos falar um pouco, entao, sobre cada um dos novos “solistas”. Serj Tankian aproveitou o hiato do System of a Down e lançou Elect the Dead, que tem coadunado opiniões favoráveis e desfavoráveis. Dave Gahan aventura-se com seu segundo disco solo, Hourglass, mas fez falta o toque do me-lhor compositor do Depeche Mode: Martin L.Gore. Rivers Cuomo, do Weezer, lança Alo-ne: The Home Recordings na metade final des-te mês (leia a notícia na página antes dessa). Siouxsie Sioux matou a saudade dos fãs de Siouxsie & the Banshees com Mantaray, bom álbum lançado em outubro. O último dessa resumida lista, pois vocalistas aventureiros estão na moda, é Thurston Moore. Trees Outside The Academy demonstra o singular talento para compor canções melódicas com uma pitada de experimentalismo.

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Na Estilo: Música deste mês, Che Wodarski (ex-baterista da Tomate Maravilha e atual Va-lentinos) fala sobre seu novo projeto de banda com o parceiro Foppa e, como não poderia faltar, de moda!

Se tivesses que rotular o teu estilo, qual seria ele?Então, eu não gosto muito de rotular meu estilo, mas posso dizer que gosto de cores, um bonito chapéu acompanhado de roupas justas… Na verdade, é nessa questão que eu encontro um probleminha, porque nem sempre onde compro há seções de roupas infantis, que é justamente onde encontro roupas do tamanho que procuro.

Acreditas que a maneira de vestir é resultado da união de roupas e pos-turas coerentes?Acho que um pouco das duas coisas, até porque para manter o gosto do seu modo de vestir, certamente não se pode deixar a postura para trás.

Quanto ao teu tipo físico, tens dificul-dade para comprar roupas? Por quê?Isso realmente é um problema! Hoje em dia é difícil arranjar calças justas masculinas, por exemplo. Não existe! As infantis você fica com a canela aparecendo… então o que resta são as calças femininas, que também estão ficando difíceis de encontrar—não pelo tamanho, mas por causa dos detalhes diferenciados de rebites, bordados… Re-sumindo, é uma tremenda luta! Por sorte, tenho sempre achado o que quero. Demo-ra, mas eu acho.

No verão teu guarda-roupa sofre al-guma alteração? Ou tu usas camisa mesmo num calor de 40 graus?Não, não, parto do estilo “Seu Madruga em Acapulco”—ou seja, bermuda jeans corta-da da calça que ficou muito baleada e cami-

seta bem justa e de cores claras. Pode ter certeza de que passo o verão sem sofrer com o calor.

E sobre o teu novo projeto de ban-da, Valentinos, com o Foppa, outro ex-Tomate Maravilha—como surgiu a idéia?Então, o Valentinos parte de uma idéia mi-nha e do Foppa, que é guitarrista. Como a Tomate Maravilha havia acabado, eu e ele queríamos dar continuidade em ter um conjunto, daí arranjamos outros músicos e, de fato, nascia a Valentinos.

Para quando podemos esperar pelo lançamento oficial dos Valentinos?Dia 15 de dezembro no Estação Zero, o antigo Mosh, é a estréia oficial da banda Valentinos—com diversas atrações na fes-ta, muitos amigos, cervejas… quem for, não vai se arrepender!

E que tipo de som se espera ouvir dos Valentinos?Um bom e novo rock’n’roll! Só escutando para dizer. A banda é muito boa, conta com músicos competentes, acredito que dessa aí vão sair coisas bem legais.

Veja mais fotos do editorial e do making of em www.noize.com.br

Produção Mely ParedesTexto Helga KernFoto Marco Chaparro (311 Label)

Para ler ouvindo: Call an ambulance - Albert Hammond Jr

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Chilepor Pablo Figueroa

Quinta Vergara. Perto dele, fica o porto de Valparaíso, considerado Patrimônio Histórico da Humanidade pela Unesco. Vale a pena dar uma conferida em um dos três museus de Pa-blo Neruda, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 1971. Ainda em Valparaíso, há muitas opções noturnas para quem aprecia noites ao estilo “Cidade Baixa”.Para quem curte boas ondas, recomendo ir ao Sul e conhecer a praia de Pichilemu, que conta com três picos confirmados: La Puntilla, El Infernillo e Punta Lobos. Uma alternativa é subir ao norte pela costa; em La Serena, Iqui-que e Arica, que fica na divisa com o Peru, há várias praias desertas e “picos” confirmados para a prática do surfe. O trago típico de lá, além do vinho, é o Pisco, um destilado da uva. Na culinária, há muita influência de pratos indígenas.Quem for ao Chile com certeza não se ar-rependerá.

O Melhor do Chile:

Rádio – Rock & Pop FM 93.1 Casa de Shows – Kamikaze (Renãca)Revista – MarejadaComida – EmpanadaLugar – Reñaca

Quando chegamos ao Chile, somos surpre-endidos pela beleza e grandiosidade da Cordilheira dos An-des, que se estende

do norte ao sul do país. O povo, muito recep-tivo e educado, adora os brasileiros. A capital é Santiago, uma cidade moderna e com infra-estrutura para atender a todos os gostos. Por ser plana, pode facilmente ser conhecida a pé. Para quem prefere alugar um carro, o trânsito é organizado. Vale a pena visitar as vinícolas próximas à cidade, responsáveis pelos excelentes vinhos chilenos. O Chile é um país capaz de acolher turistas o ano todo; no inverno, a pedida é su-bir as montanhas e visitar Valle Nevado, local perfeito para quem curte esportes na neve. A 130km de Santiago, em direção à costa, chegamos a Viña del Mar, balneário turístico banhado pelas águas geladas do Oceano Pa-cífico. O balneário é integrado por diversas praias badaladas; Reñaca é uma delas. No verão, lota. O ambiente é muito legal e, para quem gosta de sair à noite, há muitas opções repletas de gente bonita (não se compara, no entanto, à beleza da mulher brasileira, em es-pecial da gaúcha). Além disso, é possível pegar umas ondas. Viña del Mar conta também com um renomado cassino, e no verão é palco do Festival da Canção. O festival consiste em um concurso en-tre músicos de vários países e conta com a presença de diversas bandas, entre as quais algumas conhecidas internacionalmente. O evento é realizado em um lugar chamado

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Uruguaipor Angélica Seguí

bom pra fazer na noite. É nesse bairro que es-tão concentrados os bares rock’n’roll e as ba-ladas mais under. Entre eles, está um dos bares mais toscos e hype do momento: o Clash City Rockers. Três dias estão de bom tamanho em Montevideo; dá tempo de conhecer o centro histórico, passear pelos parques e praças, os museus (todos grátis!), bater perna pelo co-mércio da Av. 18 de Julio e até ir à praia pra to-mar uns mates com media lunas ou croissants recheados de doce de leite.Volte ao Brasil pelo litoral e passe por Costa Azul, Las Flores, Piriápolis, Punta e todas praias em que você conseguir lugar para dormir. Dulce de leche, churrasco dos mais desejados, alfajores e panchos, festas animadas, praias quase inabitadas. O que mais você precisa co-nhecer no Uruguai? Os uruguaios, em geral mega-acolhedores e cultos. Certamente você nunca esquecerá os amigos que fizer por lá. Pega o mochilão, encara a rodoviária (ou o aeroporto, o preço é quase o mesmo—em média, 300 reais ida e volta + taxas) e conhece este pequeno vizinho encantador. Ah! Guarde suas energias para discussões acaloradas so-bre futebol e uma tal Copa de 1950…

Pensando em conhe-cer um país vizinho? Comece pela antiga Suíça da América: o Uruguai. Você pode entrar no país por

Rivera, Artigas ou pelo Chuí. Já de prima, ligue o rádio e vá se ambientando com o ritmo que domina as estações: a cumbia. A primeira maravilha do país aparece logo em seguida: produtos livres de impostos. Os Free Shops já viraram febre entre os visitantes bra-sileiros. Alto lá! Deixe as compras para o final da viagem e guarde o dinheirinho para conhe-cer o maior número de cidades que você con-seguir. Cidades pequeninas com paisagens ti-picamente uruguaias: casas antigas, campo pra todos os ângulos e pessoas em bicicletas. Se a noite chegar na estrada, pare o carro e per-noite em um dos hotéis meia estrela; a aven-tura está garantida.Não consegue dormir cedo com o barulhinho dos grilos à noite? Caia na gandaia e ensaie uns passos de cumbia com um uruguaio (eles usam umas camisas xadrez meio esquisitas, mas são mais do que gentlemen). Franelear (fi-car) com uma uruguaia? Reserva uns 10 dias na agenda para conseguir um selinho.Na janta, saboreia um entrecot com fritas (as melhores carnes não são as de exportação! Elas ficam escondidinhas no açougues dos produtores rurais), e é claro que a bebida tem que ser a tradicional cerveja uruguaia. Chegando à capital, instale-se e vá direto tomar um médio y médio no Mercado Del Puerto, no bairro Ciudad Vieja. Por lá você já vai fazer umas amizades e saber o que há de

O Melhor do Uruguai:

Rádio – Futura FM 91.1

Casa de Shows – Espacio GuambiaRevista – Pimba www.pimba.com.uy

Comida – Fainá de queijo Lugar – Balneário Costa Azul

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Texto Gustavo CorrêaBox Carol Anchieta18 noize.com.br

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s anos 80 foram imprescindíveis para o hip-hop brasileiro. Eles

representaram o nascimento, em São Paulo, de uma cena prolífera e ativa, conduzida por rappers que denuncia-vam a miséria e o descaso com os mo-radores de favelas. A partir dessa pers-pectiva, eram abordadas as agruras do sistema, a inclemência do mercado de trabalho e a falta de perspectivas em um país cujas bases sólidas fediam a corrupção e preconceito.Mas essa inconformidade era emitida e recebida pelas mesmas pessoas. O rap era marginal até mesmo em sua abran-gência: começava e terminava na peri-feria. Apenas uma década depois, mais precisamente em novembro de 1997, ele se fez notar com a contundência de um terremoto. Naquele mês, o Racio-nais MC’s, quarteto formado por Mano Brown, Ice Blue, KLJay e Edy Rock, lan-çou Sobrevivendo no Inferno, o álbum mais importante da história do rap na-cional.

O Racionais MC’s foi formado no final dos anos 80. KLJay trabalhava como carregador de malas no Terminal Rodoviário do Tietê, em São Paulo, quando conheceu Brown. A primeira composição foi feita em uma lan-chonete no centro da cidade. Entusiasma-dos, decidiram montar um grupo. O pri-meiro recrutou um companheiro da Zona Norte apelidado de Edy Rock. Brown cha-mou um amigo de longa data, Ice Blue, cujo apelido faz menção à música “Nego Blue”, de Jorge Ben. Os primeiros ensaios foram muito bons, e logo em seguida participaram de uma coletânea da Zimbabwe Records (selo de black music), com duas músicas: “Pânico na Zona Sul” e “Tempos Difíceis”. Em 1991, abriram para o Public Enemy no Ginásio do Ibirapuera e entregaram as de-mos de Holocausto Urbano, primeiro LP do Racionais, para os membros da banda nor-te-americana. A rotina de shows na Gran-de São Paulo tornou-os recorrentes e co-nhecidos. Poucos desconheciam os Racio-nais nesse estado. Mas o reconhecimento nacional, chegando não só à periferia como

também à classe média, às elites e à mídia de todo o país veio com Sobrevivendo no Inferno, lançado pelo selo Cosa Nostra Fo-nográfica (do próprio grupo), que vendeu mais de 500 mil cópias.Musicalmente, o álbum evidencia o bom gosto e o conhecimento dos autores. Não tratava-se, simplesmente, de uma batida constante com uma boa letra: o Racionais foi buscar elementos e samples mais refina-dos para servir de fundo às mensagens. A música que abriu o disco, “Jorge da Capa-dócia”, tem a letra de Jorge Ben e a base de “Ike’s rap II”, de Isaac Hayes. A inteligência e profundidade das escolhas persistia no res-to do disco, com a utilização de trechos de clássicos da black music dos anos 70.A singularidade das linhas melódicas en-contrava o complemento indispensável nas letras, baseadas em fatos e situações reais. “Diário de um Detento”, por exemplo, foi co-escrita pelo ex-presidiário Jocenir, que presenciou o massacre de Carandiru e descreveu os dias que antecederam—e o próprio momento—da tragédia. “Capítulo 4, Versículo 3” é a música que manifesta a postura antidrogas do grupo, e é na intro-dução que fica clara a motivação para todo o álbum: “60% dos jovens de periferia sem antecedentes criminais já sofreram violên-cia policial; a cada quatro pessoas mortas pela polícia, três são negras; nas universi-dades brasileiras, apenas 2% dos alunos são negros; a cada quatro horas um jovem negro morre violentamente em SãoPaulo”. Em “Mágico de Oz”, Edy Rock denuncia a impotência de um jovem da periferia: “Se eu fosse mágico? Não existia droga, nem fome e nem polícia”. A criminalidade e os elementos de gangsta rap estavam presen-tes. “Tô ouvindo alguém me chamar” men-ciona um bandido (Guina) que encomenda o assassinato de um desafeto; o nome é fictício, mas o caso é real. Em “Fórmula Má-gica da Paz”, música que fecha o disco, Bro-wn destaca a eterna guerra entre polícia e moradores das favelas. Diz: “Essa p… é um campo minado / quantas vezes eu pensei em me jogar daqui / mas a minha área é tudo que tenho / a minha vida é aqui…”. Mesmo que Brown não concorde com a

fama de poeta, poucos grupos conseguem a proeza de fazer com que os fãs decorem letras de músicas com mais de sete minu-tos. E esse mérito não pode ser (e não foi) desconsiderado. Depois de Sobrevivendo…, todos se renderam ao talento de músicos que apresentavam para o todo a realidade crua que alguns enfrentavam (e que outros faziam o possível para ignorar)—a come-çar pela própria comunidade musical, que abriu os olhos e não poupou o quarteto de elogios. Caetano Veloso, nas palavras de Gilberto Gil, referiu-se ao grupo como “re-presentante de um salto gigantesco no rap popular, cuja a poesia é de uma contundên-cia extraordinária porque descreve tudo da vida, do drama terrível daquela comu-nidade à qual eles pertencem, na periferia de São Paulo”. À época, Buchecha também elogiou os paulistanos: “É importante mos-trar certos aspectos da realidade sem hi-pocrisia. O toque contra as drogas é o que mais admiro no trabalho deles”. Mas nem tudo foram—nem são—flores na trajetó-ria do Racionais.O grupo é criticado pelo radicalismo de algumas de suas posições e por, eventual-mente, responder ao preconceito com pre-conceito. KLJay foi muito questionado por uma colocação extremamente polêmica: a de que negros não deveriam casar com brancas. “Ver um negro com uma loira é algo que me faz chorar por dentro”, disse. Durante a cerimônia de entrega do prêmio na categoria Escolha da Audiência, no VMB 2008, os integrantes mostraram-se pouco à vontade. Enquanto o apresentador Carli-nhos Brown cantava e sapateava, empolga-do, os músicos preferiram uma alegria con-tida e desconfiada. “Queria agradecer à mi-nha mãe, que lavou muita roupa para play-boy para eu estar aqui”, falou Mano Brown ao receber o prêmio. A má vontade do Ra-cionais para com os playboys (termo utili-zado para designar jovens de classe média alta) também foi taxada como preconceito, e Arnaldo Jabor chegou a apontá-la como incitante de um novo confronto: playboys x manos. Somadas a essas polêmicas, há a aversão do Racionais a segmentos da mí-dia, como a Rede Globo (“Eles apoiaram a

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ditadura”). A revista Showbizz passou seis meses tentando conversar com os Racio-nais para a matéria de capa da edição de junho de 98; conseguiu apenas na penúlti-ma semana de maio, primeiro com KLJay e depois com Mano Brown. A participação no VMB 1998 só ocorreu porque entende-ram que a emissora estava apoiando o rap. “A gente tinha que ser mais flexível. Que-rendo ou não, estava lá o ‘Yo!’, estavam lá os videoclipes, e a comunidade hip-hop as-sistia também”, justifica KLJay.A maior inimiga do Racionais, no entanto, é a polícia. Em 1994, foram presos duran-te um show no Vale do Anhangabaú (cen-tro de São Paulo). Os versos de “Homem na Estrada”, que dizem “Não confio em po-lícia, raça do ca…”, enfureceram os policiais presentes. Tornaram-se comuns confrontos entre o público e seguranças em seus sho-ws. No dia 6 de maio deste ano, um show foi encerrado em menos de 30 minutos: uma confusão no meio da platéia resultou em tiros com balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo. Brown ainda tentou acal-mar o público, mas o esforço foi inútil: lojas e banheiros químicos foram depredados, duas pessoas ficaram feridas e um orelhão foi atirado no meio da rua. A polícia culpou a banda pelo tumulto, acusando-a de incitar a violência, iniciada quando “começaram a ser jogadas garrafas nos policiais”.Independentemente de seu lado polêmico, que faz com que ou se ame ou se odeie o grupo, o Racionais conseguiu com Sobrevi-vendo no Inferno colocar o rap nacional em evidência, abrindo caminho para dezenas de outros nomes. O rap agradece.

NOIZE: Dez anos de Sobrevivendo no Inferno. A mídia diz que foi o disco que fez o país descobrir o Racionais.

Ice Blue: Acho que existe o Racionais antes e depois dele. Foi um disco que despertou o interesse de todas as pessoas que gostam de música, que passaram a prestar atenção no que o Racionais estava fazendo: um estilo de música novo que realmente contribuía para o Brasil. A partir daí que surgiram opiniões favoráveis ao rap, de compositores como Caetano Veloso e Seu Jorge. O Sobrevivendo nos fez ganhar a Escolha da Audiência da MTV. O disco surpreendeu tanto na parte de vendas quanto na de alcance, porque chegou a vários países. Foi o disco que diferenciou o Racionais.

NOIZE: Quando vocês produziram, esperavam tanto sucesso?

Ice Blue: Nós não fazemos nenhum disco pensando em sucesso. É uma coisa espontânea, e foi assim com Sobrevivendo… Demoramos quatro anos e até pensamos em fazer um álbum duplo.

NOIZE: Acha que pode sair outro disco tão bombástico?

Ice Blue: A gente faz música porque gosta; estaríamos fazendo show até hoje com as músicas antigas. Até a metade do ano que vem, espero que

tenhamos um álbum novo. Vamos ter participações de outros grupos para abrir mais espaço para o rap, que acabou fechando ultimamente.

NOIZE: Como o Racionais encara as críticas?

Ice Blue: É amor e ódio. O John Lennon foi morto por um fã. Hoje em dia é difícil analisar se a crítica é ruim ou o elogio é bom. Procuramos encontrar as críticas válidas, construtivas, e não levar tão a sério o elogio que é “confete”. Depende de quem fala, de como fala. Procuramos sempre olhar o lado bom. Procuramos fazer o nosso trabalho alheios ao que as pessoas dizem.

NOIZE: Qual é a expectativa de vocês em relação ao rap no país?

Ice Blue: Eu acredito que o rap está passando por uma grande peneira que vai ser muito importante. Muita gente que fazia rap pela modinha está vendo que não é tão fácil assim; tem todo um processo pra se tornar famoso. O rap cresceu muito rápido e se perdeu um pouco no meio do caminho. O pessoal acha que o Racionais puxa o freio de mão do movimento, mas nós apoiamos até o X na Casa dos Artistas. Só vão permanecer os bons e os que tiverem boa intenção.

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Texto Nando Corrêa

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V erão, calor, praia. Axé, pagode, funk, pago-funk, ahhhhh! Bem que o embalo desse verão po-

dia ser um pouco menos previsível. Que tal fugir da mesmice musical que elege um novo e efêmero rei a cada veraneio? Então, não é novidade que o fim do ano vem acompanhado de listas e re-trospectivas nas melhores revistas sobre música do país. Para não fugir à regra, consultamos mais de cinqüenta enten-didos porto-alegrenses sobre dez discos para se ouvir na praia. Abaixo, você confere os mais votados. Nesse verão, vamos fugir dos hits que eles querem que a gente escute, no melhor estilo Asa de Águia: xô, satanás! Com NOIZE na cabeça, pra evitar insolação.

CalifornicationRHCP

John Frusciante juntou-se ao RHCP dois anos antes de gravarem a dro-gada “Under the Bridge”. Sem saber lidar com o mundo fútil de prazeres que encon-trara, entrou em cheio na mais narcotizan-te das ciladas. Reuniu-se com Kiedis & Cia. num disco que ganhou as telas da MTV e o respeito dos críticos mais exigentes. Cali-fornication—provável alusão à masturbação de egos que rege a orquestra do showbiz hollywoodiano—enfileirou hit atrás de hit. A começar por “Scar Tissue”, que animou o verão do Rio Grande do Sul no ano 2000, com muitos proto-violonistas aliando a letra de Kiedis a batidas toscas em vio-lões desafinados. A fila inclui a faixa-título, “Otherside”, “Get on Top” (que remete a “Give it Away”) e “All Around the World”, trazendo a pegada funkeira investida em um universo pop que assegurou ao disco a posição de cereja do bolo de 1999. O clima bucólico com um quê de folk praiano de “Road Trippin”, talvez graças ao videoclipe com os rapazes tocando na praia, desperta a certeza de que esse é o disco para se ouvir em um dia ensolarado em que nada pode dar errado.

RevolverBeatles

O seu passarinho pode cantar. Bom dia, raio de sol; os títulos das músicas anunciam o clima de espantar tristezas. Re-volver marca a acentuação das influências indianas que culminariam na psicodelia de Sgt. Pepper’s e ao mesmo tempo carrega a euforia iê-iê-iê de Please, Please me na me-dida certa para o verão. Músicas “pra cima” como “Got to get you into my life” não são experimentais ou psi-codélicas, mas evidenciam uma banda mais madura do que aquela do “She Loves You” e “I Want to Hold your Hand”. É também um disco de letras concisas que parecem encontrar as melodias certas. Revolver al-terna, como o verão, entre a tranqüilidade de músicas lindas como “For no One” e “Here, There and Everywhere”, e outras de levantar qualquer ânimo, como “Taxman”, “She Said She Said” e “Doctor Robert”. Curtindo o amor praiano com a companhia certa—que muitas vezes pode ser um gru-po de amigos ou um livro—todas as can-ções dos Beatles encontram seu momento. Aqui, lá (na praia), em qualquer lugar.

Surfin’ USABeach Boys

Surfin’ USA é bem dividi-do entre faixas instrumentais que transi-tam entre a música de nomes como Dick Dale e o blues do West Side. Em “Farmer’s Daughter”, Brian Wilson se arrisca nos fal-setes pela primeira vez—sem saber que, mais tarde, os vocais bem harmonizados seriam um dos ovos de ouro da banda.E foi nas faixas cantadas que os Garotos da Praia mostraram a que vieram, até porque instrumentais como “Surf Jam” não repre-sentavam novidade. São filhas de “Misirlou”, a clássica de Dick Dale que recebe cover em Surfin’ USA. Os metais de “Let’s Go Trippin’” parecem um esboço do que viria a ser Barbara Ann, quando o grupo, então desta-cado por levar a surf music ao topo das pa-radas do pop, presentearia o mundo com o banho de musicalidade de Pet Sounds.

Buena Vista Social ClubTrilha Sonora

Você pode estar banhando-se em nosso delicioso mar achocolatado, co-mendo galinha com farofa ou tomando um drinque quente na beira de nossas lindas praias. Mas não se deprima! Basta escutar Buena Vista Social Club para viajar à Hava-na dos anos 1950. Ouça no toca-fitas de um banheirão conversível olhando pro sol e já serão três coisas em comum com a realidade de Cuba.O clube que dá nome ao disco existiu em Havana por metade do século passado. Ali, músicos negros incorporavam elementos do jazz ao bolero e ao son, e modelavam a música cubana que mais tarde seria ex-portada para o resto do mundo. É lamentá-vel que mestres como Arsenio Rodrigues, Ibrahim Ferrerm e Campay Segundo tives-sem caído no ostracismo após a Revolução Cubana. Em 1996, acabaram liderando a volta dos ritmos latinos às paradas de su-cesso através do documentário homônimo ao disco, do diretor Wim Wenders. Faixas como “Chan Chan” e “De Camino a La Vereda” se revelaram pérolas esquecidas cubanas. Quando começar “Orgullecida”, leve sua dama ou seu cavalheiro pra den-tro de casa, pois o ritmo dançante de salão anuncia boleros de cabelo no peito e pro-to-salsas como “Murmullo”. Aí, as coisas ficarão mais quentes que no sol. Pode até colocar um Orishas pra rodar. Ai ai aaai.

Acabou ChorareNovos Baianos

Recebam os Novos Baianos e toda sua brasilidade nesse que recen-temente foi considerado o maior álbum da música brasileira. Acabou Chorare! João Gilberto encontrou o bando de garotos hi-ppies (e extremamente talentosos): “Vocês têm que se voltar para dentro de si mes-mos”, aconselhou. Então o rock tropicalis-ta encontrou a guitarra baiana de Pepeu Gomes e deu em baião e samba-canção, choro, berimbau e percussão. João falou de Assis Valente e os garotos gravaram “Brasil

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Pandeiro”. Galvão, Baby Consuelo, Pepeu Gomes, Morais Moreira e Boca foram os doidões que, acompanhados de mais uma tchurma de músicos de apoio, levaram os críticos musicais a pensar que ali estava a banda definitiva do Brasil. A aclamação a Acabou Chorare era unânime.Acabou Chorare acabou muito brasileiro e experimental, mas bastante rock’n’roll, já que a idéia era a união das diferenças. Baby, Moraes e Paulinho dividiam os vocais em emblemáticas como “Preta Pretinha” (essa você conhece, né) e “Menina Dança”. Abra a porta e a janela e vem ver o sol nascer. A barca está correndo mais uma vez; se você ainda não conhece, não perca a chance.

4Los Hermanos

“Todo compositor brasileiro é um complexado”, já dizia Tom Zé. Seja a complexidade de um Chico Buarque que Camelo encarna em 4, seja a simplicidade hipnotizante que reside nas composições de Amarante. Ambos, em 4, atingem seu apogeu e em seguida anunciam: “vamos dar um tempo pra evitar a queda brusca”. Da mesma forma que o hit “O Vento” é o prenúncio da calmaria de “Dois Barcos”, “quatro” é um título minimalista por trás do disco mais trabalhado e cheio de nu-ances que o quarteto carioca concebeu—desde a revelação, em 1999, passando pela metamorfose de Bloco do Eu Sozinho, e provando que “ventura” (do Aurélio: aca-so e sorte) também depende de esforço e talento. O compasso ousado de “Horizonte Dis-tante” não daria tão certo em uma ban-dinha qualquer. E ainda assim, entre a me-lancolia “a sete palmos do chão” de “Os Pássaros”, surgem a muy latina “Paquetá” e a brasileiríssima “Morena”. A qualidade está acima da fama. Assim o 4 elevou os Hermanos ao sétimo andar da MPB atual. Primavera se foi e, com ela, a melhor banda brasileira com nome em espanhol dos úl-timos tempos.

A Tábua de EsmeraldaJorge Ben

Tendo recentemente ressurgi-do das cinzas através do Acústico MTV—e, mais tarde, nas overdoses de samba rock da Cidade Baixa, “Os alquimistas estão chegando os alquimistas” é a mais famo-sa e uma das menos inventivas faixas de A Tábua de Esmeralda. Porém, resume a idéia de Jorge na época em que compôs o dis-co: fazer alquimia musical, misturar, destilar, triturar. O resultado é um disco tão psi-codélico quanto brasileiro, tão viajandão quanto terreno. Faixas mais “pesadas” para o cérebro, como “Errare Humanum Est” e “Cinco Minutos” são exceções bem-vindas dentro de um disco ensolarado.As diversas flores e cores de faixas como “O Homem da Gravata Florida”, “Magnó-lia” e “Zumbi” dividem espaço com o hit “Menina Mulher da Pele Preta”, a futebo-lística “Eu vou torcer” e as quase-orações “Brother” e “Hermes Trismegisto e sua celeste Tábua de Esmeralda”. Uau, é difícil escolher que faixas destacar—até porque, deitado na rede, curtindo uma sombrinha enquanto o sol ofusca sua visão, você não vai achar nenhuma música pouco boa a ponto de levantar o traseiro.

40 Oz. to FreedomSublime

A estréia do Sublime em uma major viria depois da venda de 30 mil có-pias do 40 Oz., de maneira independente. A escalada nos escores da Billboard des-pertou o interesse da MCA, que fechou contrato com os doidões de Long Be-ach no longínquo 1992. Juntando influ-ências do punk/hardcore (“We’re only gonna die”, “Hope”) e do rap (“Waiting for My Ruca”) americanos com o reggae (“54-46”) e o dub (“Thanks”) jamaicanos, o líder Bradley Nowell misturou tudo em seu poço de talento, que transborda nas 20 e poucas faixas do álbum. Vale procurar a primeira edição do disco, que contém “Get Out”, faixa que desperta um bem-estar idealista, um sentimento de viver na praia.

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E, ainda que você não goste de praia, não sue ou molde sua franja com spray anti-séptico, o 40 Oz. to Freedom tem algo a lhe ensinar: é livre de rótulos. A música do Sublime é filha da praia, do reggae, do rock. É criação (e destruição) pura, um reflexo escancarado da personalidade do líder Brad.

Catch a FireBob Marley

Ufa, achei que este fosse ser o primeiro colocado, fadando nossa lista ao lugar-comum. Mas não, ficou na mere-cida segunda colocação, afinal, “verãozinho pede um Bóóób”. Apesar do título incen-diário, é música para começar o dia tran-qüilo ou dar aquela refletida depois—ou antes—de um almoço atrasado, como é costume na praia.O “Catcha” é a estréia de Bob e os Wailers no mundo do showbiz. Petardos que es-tão no repeat desde antes de você nascer, como “Concrete Jungle” e “Stir it Up” (seu vizinho da praia aprendeu a tocar essa no violão depois de “Redemption Song”), alia-dos a produtores gringos em sintonia com o rock que se fazia na Europa e na América garantiram o sucesso do disco. É paradoxal que retratos da desigualdade na Jamaica dos anos 70 ganhem cores tão vibrantes com a palhetada da guitarra regueira e os vocais de Marley, Peter Tosh & Cia.—e nos backing vocals que dão o toque final a canções como “Stop that Train”, perfeita para ser ouvida dando uma pedalada. Re-centemente, saiu a versão de produção ja-maicana do disco, que revela como deveria ter sido esse grande álbum se dependesse apenas dos fugitivos dessa Babilônia onde a fumaça vem das fábricas e carros.

Pet SoundsBeach Boys

Que o Pet Sounds foi o gran-de álbum de 1966 e certamente um dos maiores da história, que inspirou os Bea-tles a gravarem o Sgt. Pepper’s, não é uma novidade. Que, aqui, o líder Brian Wilson atesta sua genialidade pouco antes de sua

mente virar suco de clorofila, basta ler na Wikipédia. Que a bolacha em questão marca a carreira dos Beach Boys ao traçar uma revolução na música pop com seus vocais doces e sua inventividade harmôni-ca, também não é um fato desconhecido para aqueles um pouco mais antenados na música dos 60s. Agora, justo o elemento mais destoante da temática praieira clás-sica na discografia dos Beach Boys—ser o campeão de votos—é algo, no mínimo, curioso. Mas é uma honra (e um compromisso tre-mendo) falar de Pet Sounds. Isso porque é um disco que abala os conceitos musicais de qualquer ser humano sensível como eu e você. Os riffs que marcavam o Beach Boys surf music são desnecessários: sai a guitarra, entra o piano e os arranjos de cordas com tudo. As melodias vocais afiadíssimas dos irmão Wilson atingem o ápice em canções tristes e harmoniosas, como “God Only Knows” (a canção que fez Paul McCartney chorar) e perfeições pop até o osso—e ainda assim inovadoras—, como “Wouldn’t it Be Nice”. A surf music fica de lado, mas as garotas continuam sendo a preocupação mais evidente—além dos arranjos, que em todas canções são fantásticos, e dos vocais que se entrelaçam formando um som de textura quase eletrônica, como se fossem um órgão perfeitamente afinado. Não ser-ve para pular carnaval, mas é mais porrada que qualquer lança-perfume—e totalmen-te inofensivo.

Quem votou: Tonho Crocco, Ras Bernardo, Carli-nhos Carneiro, Gustavo “Mini”, Julia Barth, Nenung, Alemão (Musicbox), Gabriel “Boizinho”, Roger Lerina, Diego Medina, Proffeta, Nitro Di, Rafael Malenotti, Andina, Fábio Grehs, Ticiano Paludo, Gustavo Telles, Márcio Petracco, Gabriel Machuca, Vitor Lucas e Ra-fael Schutz (Beco 203), Carlo Pianta, Marcelo Fruet, Carina Levitan, Marcelo Guimarães, Victor Wortmann, Evandro Bittencourt, Iuri Freiberger, Estêvão Grezeli, Rogério Kuplich, Potter, Porã, Cagê, Vítor Hugo, Edu-ardo Santos, Arthur de Faria, Mauro Borba, Leandro Vignoli, Luis Porsche, Fernando Rosa, Álvaro Quartino, Ricardo Noschang, João Vicente Núñez dos Santos, Vinícius Kirst, Leonardo Brawl, Rodrigo Lalo, Marcus Mota, Alexandre Kumpinski, Punkah, Dri.K, André Pase, Rodrigo Deltoro, Ricardo Finocchiaro e Ana Laura Freitas.

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Texto Carol De MarchiBox Gustavo Corrêa

Agradecimentos/Tattoos: Edu Tattoo26 noize.com.br

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ockabilly está na moda. E quan-do falamos em revival, o conceito

não se limita ao topete engomado e às jaquetas de couro. Composta por muito mais do que a estética sugestiva, a cena atual resgata o que há de mais impor-tante do espírito que caracteriza o gê-nero: a música, as raízes do rock’n’roll.

Nascido em meados dos anos 50, o rocka-billy (rock + hillbilly) é um estilo musical que, basicamente, fusiona a música country (chamada de hillbilly nas décadas de 40 e 50) com a black music, especialmente o blues. Há também pinceladas do western swing, boogie woogie, funk, entre muitos outros. Em poucas palavras, o rockabilly é a velha história do branco tentando cantar e tocar como um negro. Os vocais ao esti-lo bluesman são cantados sobre um ritmo frenético marcado pelo baixo ou contra-baixo (“slapping”) e por solos de guitarra com influências do blues. A grande onda teve como berço o sul dos EUA, de onde o Rei emergiu. Elvis Presley, obviamente, é a principal figura rockabilly. Foi ele quem popularizou a música e toda a cultura relacionada a ela. Se transformou em ícone, um ídolo revolucionário. Em me-ados dos anos 50, todos adolescentes que-riam ser Elvis ou pelo menos ter um disco lançado pela mítica gravadora Sun Records. Outros nomes bastante conhecidos tam-bém marcaram a época: Carl Perkins, Jo-hnny Cash, Jerry Lee Lewis, Eddie Cochran, Gene Vincent, Chuck Berry e Johnny Bur-nette são apenas alguns deles. Não muito tempo depois, Elvis entra para o exército, Buddy Holly morre, Chuck Berry é preso, Jerry Lee Lewis casa com sua prima (cau-sando grande polêmica) e, tão rápido como quando surgiu, o fenômeno perde força e praticamente desaparece.

The RevivalNão é de hoje que o rock’n’roll mais cru e sincero voltou a estar em alta. Seu primei-ro renascimento foi no final dos anos 70 e início dos 80, com bandas como Stray Cats e The Blasters, ou, ainda, com o sucesso do musical Grease. Desde então, as coisas es-

friaram um pouco nos anos 90. Mas é evi-dente que, para os seguidores, o rockabilly, assim como seu rei, não morreu.Sinais de que o revival está mais uma vez esquentando não faltam. Se isso irá durar pouco ou muito é uma questão a ser res-pondida pelo tempo. Além da cultura “Elvis wannabe” sempre cultivada nos EUA, pare-ce que todo o mundo está descobrindo as virtudes de uma boa sessão de rockabilly e jumpin’ blues. Na Europa, por exemplo, fes-tivais celebram a música de meio século de idade com grande competência. Dois deles acontecem anualmente na Inglaterra. O tradicional Hemsby Rock’n’Roll Weekender, em Norfolk, está agendado para o penúl-timo fim de semana de maio e promete três dias de “estilo de vida e rock’n’roll dos anos 50 em tamanho atômico”. Entre as atrações, nomes como Carlos and the Bandidos, Sonny Burgess e The Blues Cats. O Rockabilly Rave, em Sussex, já está em sua 12ª edição. Em 2008, aposta em bandas de todos os cantos do planeta; tem até os excêntricos Rizlaz, diretamente do Japão.Uma referência anual para todo amante europeu do rockabilly é o Screamin’ Festival, na Espanha. A próxima edição, que acon-tece no final de maio, conta com nomes de peso realmente impressionantes—incluindo a verdadeira rainha do gênero, Wanda Jackson. Até o DJ inglês Keb Dar-ge, conhecido por tocar deep funk e nor-thern soul, declara que suas paixões mais recentes são rockabilly e jumpin’ blues—o que pode ser conferido em suas sessões mensais na sala Apolo barcelonesa e no club Madame Jojo’s, em Londres. Muito longe? Vale a pena conferir seu novo CD, a coletânea Lost and Found (BBE), lançado com Cut Chemist.E como não mencionar Heavy Trash, a du-pla de Jon Spencer e Matt Verta-Ray que está em turnê mundial há mais de um ano? Seu som é o perfeito exemplo do rocka-billy pós-moderno: simples, fiel ao rock puro, porém com uma dimensão poderosa e pessoal. Fazer esta música tão sincera e direta (e fazê-la bem) não é tarefa fácil. Então, aproveite a efervescência rockabilly enquanto ela está em cena.

O Rockabilly no RS

O rockabilly também se faz notar no Rio Grande do Sul. Bandas como Old Stuff Trio, The Zumbillys e Rock This Town mantêm o gênero e suas vertentes em evidência. O Damn Laser Vampires, grupo que mistura punk, psychobilly, polka e new wave, é um dos principais representantes da geração mais recente, que encon-trou na obscuridade de Johnny Cash e no terror e na androginia de The Cramps um incentivo para estourar os ouvidos alheios. O trio é com-posto por Ronaldo Selistre (vocal e guitarra), Francis K. (Baixo) e Michel Munhoz (Bateria). Conversei com o vocalista da banda:

Espaço e público Em algumas regiões a presença do rockabilly e do psycho é mais forte—como em Curitiba, por exem-plo. Aqui em Porto Alegre, recente-mente, tem se realizado festivais. O nosso público é feito de pessoas que ouvem tanto psychobilly como punk e garage.

Resgate Até onde nós entendemos, o assim chamado underground é uma plata-forma de lançamento para qualquer coisa que se queira tentar. O próprio emo nasceu no circuito alternativo, e hoje é essa praga (risos). Pra ser sin-cero, eu não acredito num resgate, num “revival” que vá transformar o rockabilly numa tendência. Ou, pelo menos, que vá manter suas car-acterísticas… o que pode acontecer é assistirmos ao surgimento de al-guma coisa baseada nele e maquiada para as massas. Mas isso é algo que sempre aconteceu com qualquer gênero; não será nenhuma surpresa.

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Texto Luna Pizzato

Este mês resolvemos mudar um pou-co os ares e ir atrás de alguma banda diferente. Foi quando encontramos a Integral; modéstia à parte, acertamos na escolha. Como o próprio nome sugere, a proposta da banda Integral é justa-mente integrar todos os estilos pos-síveis. E quando eu falo em estilos, não digo só musicais, mas também físicos e ideológicos (como se pode notar só de olhar para os integrantes).Formada em 2005 pelos amigos Fernan-do Scherer (vocal), João Pedro Dametto (guitarra), Guilherme Dias, o Azul (gui-tarra), Fernando Klimach (baixo), Pedro Maltez (bateria), Rihel Santos (percus-são) e Lucas Festauer (teclado), os guris contam que quando resolveram montar a banda, muitos deles não sabiam tocar nenhum instrumento direito, mas que

mesmo assim resolveram investir na idéia.Inspirados em vários nomes da música, como Red Hot Chili Peppers, Mutantes, Bob Marley, Pearl Jeam e o maluco bele-za Raul Seixas, eles contam que, na ver-dade, é difícil estipular suas influências, porque todos os dias novos sons legais são descobertos. Com pouco tempo para ensaios este ano, a Integral não tem feito muitos shows e se dedica mais a gravar as várias músicas próprias—e já pensam em lançar o primeiro CD.Com a intenção de misturar os varia-dos estilos e se espelhar em grandes nomes, a banda se tornou singular, com um estilo de tocar totalmente próprio e único. Eles buscam retomar elementos antigos da música que foram perdidos, principalmente a inovação, que cedeu

seu lugar para o modismo. A principal mensagem que a banda quer passar é a de que é possível tocar aquilo que se curte, e que todo mundo pode ter a sua autenticidade sem depender da opinião pública. Em um ar beirando ao filosófi-co, o baixista Fernando diz que somos todos cosmicamente unidos através da música, e que eles são a evolução. Mo-desto, esse guri.O importante é mostrar que não se deve seguir sempre o que está na moda. As pessoas devem ir atrás das suas raí-zes e do seu estilo próprio, independen-te de ele agradar—ou não—a maioria. Devemos abrir a cabeça para o novo e para o diferente, sem rotular as coisas e sem perder a nossa verdadeira essên-cia.

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Texto Gustavo Corrêa

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Subtropicais surgiu no início do século XXI, e antes fosse simples-

mente mais uma boa banda porto-alegrense. Eles conseguiram e prome-tem chegar bem mais longe do que isso. Temporal no Céu da Boca é um dos melhores álbuns de 2007, propondo uma mistura de rock, samba, funk e música instrumental. A bagunça dá tão certo que é impossível classificá-los—ainda bem. O fato é que tocar samba pra fazer roqueiro dançar e rock pra eletri-ficar sambista não é para qualquer um. Em uma noite chuvosa e subtropical, conversei com Alexandre Marques (gui-tarra/vocal), Leonardo Brawl Márquez (baixo) e Marcelo Brack (percussão). Ainda integram a banda Pedro Hahn (bateria) e Roberto Landell (guitarra/vocal).

NOIZE: Como começou a banda?Alexandre: foi lá no começo de 2000. Eu havia feito umas cinco músicas e tava a fim de montar uma banda para tocar isso. Daí eu comecei a ir atrás do pessoal e, na ver-dade, acabei chamando pessoas que não se conheciam para formar a banda. O batera era namorado de uma amiga, o Brawl era um conhecido dos velhos tempos… O úl-timo músico só foi entrar no dia do show mesmo. Éramos um sexteto na época.

NOIZE: Como foram os primeiros anos da banda?Alexandre: a gente começou com uma in-fluência muito grande do rock psicodélico, mas o baterista conhecia e gostava muito de samba. Eu também tava começando a ouvir Vinícius, Cartolas, entre outros. Tam-bém ouvia Mutantes, Beatles, Led Zeppelin, Jimi Hendrix. A proposta de misturar os es-tilos surgiu naturalmente. Depois, começa-mos a ouvir Santana e aprofundamos a presença da percussão. Fazíamos releitu-ras das músicas de outras bandas, e muita gente acreditava que eram nossas, porque ficavam com a cara da Subtropicais.

NOIZE: O que vocês gravaram nessa época?Alexandre: Gravamos duas músicas para

participar de um projeto do Itaú Cultural. Em 2002, lançamos uma demo com músi-cas que fomos gravando de duas em duas. O lançamento foi muito bacana. Foi um show em um teatro, com a participação de um pessoal de circo, e teve uma reper-cussão muito bacana.Brawl: Foi lançado em junho de 2002 e vendeu cerca de 500 cópias. Ainda era “Os Subtropicais” nessa época. Tinha nove músicas.

NOIZE: Um dos pontos fortes da banda é a preocupação com a pala-vra. Quem cria as letras?Alexandre: Eu componho as letras e as músicas. Um amigo nosso disse, “coloquem as letras no encarte do novo disco”. No anterior não tinha. Muitas pessoas, no momento que compram o Temporal, se surpreendem positivamente com as letras, pois nem imaginam que elas sejam do jeito que são. Nós estamos cada vez dando mais atenção à palavra.Brawl: E é recorrente: qualquer pessoa que vai fazer uma crítica ou entrevista repara. É sutil, mas é inteligente.Alexandre: A gente passeia livremente pelas letras. Não temos uma temática única.

NOIZE: Como funciona o processo de composição?Marcelo: O Alexandre tem a idéia, que é levada para o estúdio.Alexandre: Chego com a idéia básica, a parte cantada, e os arranjos nós tra-balhamos arduamente em estúdio. Algumas músicas são alteradas radicalmente e ficam muito melhores. É um processo em con-junto que funciona muito bem. Raramente a letra vem antes da melodia.

NOIZE: Como foi o trabalho com a co-produção do Marcelo Fruet (Fruet e Os Cozinheiros) e do Iuri Freiberg-er (Tom Bloch)?Brawl: O Fruet sempre foi nosso amigo e nos ajuda desde a gravação da demo. O Iuri botou uma pilha durante um show no Oci-dente, em 2005. Queria muito que gravás-semos um single.

Alexandre: Na hora de gravar o novo disco, nós queríamos mostrar que está-vamos passando por uma transição, e o melhor seria fazer uma produção conjunta entre os dois.Marcelo: Como eram músicas que abran-gem um período de sete anos da banda, fica mais visível o contraste entre elas. Rola uma amizade forte com os dois, e temos liberdade para dizer quando não gostamos de algo.Alexandre: As produções dos dois se completam. O Iuri deixa a banda soar como ela é e valoriza determinados el-ementos durante a gravação. Ele gosta de um som cru, pegado. O Fruet preocupa-se com os detalhes. As músicas que gravamos com ele foram muito alteradas, e gostamos muito do que elas se tornaram.

NOIZE: Qual tem sido a repercussão de Temporal no Céu da Boca?Marcelo: Tenho ouvido muitas respostas positivas a respeito do trabalho. Está sain-do bem o CD. O pessoal das antigas, inclu-sive, tem ouvido falar de uma evolução da banda, o que tem sido muito válido.Alexandre: O pessoal da cena do rock, que não nos conhecia, está nos recon-hecendo como uma banda de rock, com pegada, mas que não deixa de usar per-cussão e elementos de outros estilos.Brawl: Eu noto que a nossa mistura às vezes é mal vista, pois vai contra esse lance de os nichos serem muito segrega-dos. Daí está em evidência um estilo mais rock britânico ou norte-americano, e nós acabamos fora desse viés mercadológico, chegando a outros públicos. Tanto gurizada quanto pessoal mais velho ouve o disco e elogia.Marcelo: O CD tem tudo para conquistar diferentes tipos de público.

NOIZE: A mistura que vocês fazem é muito interessante. Cada um traz alguma influência?Brawl: Facilita ter instrumentistas eclé-ticos, que saibam tocar estilos diferentes. E isso foi uma facilidade que nós tivemos e repercutiu no som.

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Texto Fred Vittola34 noize.com.br

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o mesmo lugar que se apresentou há 29 anos, o Police anunciou a

volta do trio aos palcos. Um retorno que já era aguardado há muito tempo e que celebra o trigésimo aniversário da banda.

A Whisky a Go Go é uma famosa discoteca de Los Angeles, por onde se apresentaram The Doors, Led Zeppelin e Jimi Hendrix. Foi lá que, em março de 1979, The Police deu o pontapé inicial da sua segunda turnê pelos Estados Unidos. Naquela época ainda viajavam de van e fizeram 37 shows em 40 dias. Em janeiro desse ano, logo após to-carem “Roxanne” na entrega do Grammy, Sting, Stewart Copeland e Andy Summers voltaram à Sunset Boulevard. Numa confe-rência para alguns convidados sortudos e fechada para a imprensa, anunciaram o que se especulava extra-oficialmente: uma me-gaturnê mundial, começando em maio por Vancouver e passando pela Europa, Amé-rica do Sul, Oceania e Japão, celebraria a volta da banda às performances ao vivo. Quando Sting largou o barco para seguir em carreira solo, não houve nenhuma nota oficial de que o Police tinha terminado. Até mesmo porque Summers e Copeland achavam que a separação seria temporária, como já havia acontecido em 82. Não era. O relacionamento da banda, que sempre foi difícil, acabou vindo abaixo e a saída de Sting deixou Copeland e Summers a ver navios. Salvo algumas apresentações es-porádicas, como no casamento de Sting e quando foram incluídos no Rock & Roll Hall of Fame, os três não dividiam o palco há quase 15 anos. De lá pra cá, sempre que a pergunta surgia, a chance de um retorno era rechaçada. Mas como no show business não há feridas que alguns milhares de dóla-res não ajudem a curar… Ao contrário de muitos grupos, que sur-gem da reunião de amigos em comum, o Police nasceu graças à ambição do ba-terista Stewart Copeland. Com o fim da Curved Air (banda de rock progressivo em que tocava), Copeland saiu atrás de músi-cos capazes de segurar a onda de seu beat frenético. Em suas andanças pela Inglaterra,

acabou topando no subúrbio de Newcas-tle com Gordon Sumner (sim, Sting cha-ma-se Gordon!), um talentoso baixista que tocava e cantava à frente da banda de jazz Last Exit. Henry Padovani, um guitarrista francês da cena local, completou o grupo. Mais tarde, Andy Summers, também guitar-rista, com bacharelado em música e dez anos mais velho que os demais, trouxe sua experiência de palco e juntou-se ao trio. Sentindo suas limitações, Padovani deixou a banda às vésperas de uma sessão de gra-vação. A formação definitiva de uma das grandes bandas da história da música pop estava pronta. Com influências de rock, reggae e jazz e dono de uma sonoridade inconfundível, o Police lançou cinco álbuns de estúdio entre 1978 e 1983 e colecionou hits. Mas quanto mais rápido seus singles chegavam ao topo das paradas, maiores eram os conflitos entre os três. Olhando para trás, eles admitem que não tinham muita coisa em comum. No caso de Summers, até a diferença de idade era um fator compli-cado. À medida que as composições de Sting tornavam-se sucessos, o equilíbrio hierárquico dentro da banda mudava. As dificuldades em manter em harmonia o frontman-estrela, o dono da banda e o mú-sico experiente tornaram-se maiores que o status que tinham quando o grupo se dissipou. Com temperamentos tão fortes, responder por que o Police se separou é fácil; difícil é entender como eles consegui-ram ficar juntos por tanto tempo. Na verdade, a volta do Police aos palcos sempre dependeu da decisão de Sting. Ele foi o único que teve um relativo sucesso depois do Police em sua empreitada inde-pendente. Summers e Copeland chegaram a formar juntos a banda Rush Hour, mas sem nenhuma repercussão significativa. O retorno do Police é, sem dúvida, uma joga-da milionária e estrategicamente montada. Os organizadores esperam colocar The Police: Live in Concert entre as três maiores arrecadações da história. Além das cifras a mais na conta dos músicos, uma tour mundial é um ótimo negócio para estar na mídia novamente e não deixa de ser um

novo começo—não que eles precisem de mais cifras ou publicidade, mas não haveria momento mais interessante para a car-reira dos três do que essa reunião agora, no aniversário da banda. Isso não é mera coincidência. Outra verdade é que hoje eles são músicos reconhecidos por seu trabalho; não precisam mais provar nada a ninguém, o que alivia as disputas internas. Homens de família, casados e mais expe-rientes, manter os três juntos não é mais uma tarefa árdua. “É diferente do que era há 20, 30 anos. Somos capazes de navegar melhor. De continuarmos amigos”, declara Sting. Em seguida, completa: “mas não há garantias”.

Tropa de Elite: The Police no Rio No dia 8 de dezembro será a vez do Brasil finalmente receber o show mais aguardado do ano. Essa é a segunda vez que o Police vem ao país: em 1982, em pleno Carnaval, eles fizeram duas apresentações no giná-sio do Maracanãzinho, durante a turnê do álbum Ghost in the Machine. Desta vez o local escolhido é o Maracanã, que deverá receber lotação completa. Serão 80 mil pessoas. A abertura fica por conta do Pa-ralamas do Sucesso, muito comparados ao Police quando estouraram em meados dos anos 80. O show no Brasil é a última esca-la da banda pela América Latina, que terá apresentações no Chile e duas noites na Argentina. Daqui eles seguem para Porto Rico e, no início de 2008, se apresentam na Nova Zelândia, Austrália e Japão. O equi-pamento dessa megatour é transportado em três aviões 747. O desenho do palco é oval e cercado de LEDs e telões de alta definição—três na parte da frente, um de cada lado e dois no fundo. O Multishow já anunciou que transmitirá o show ao vivo. Ainda é difícil dizer o que virá depois. A turnê tem datas até maio de 2008. Se virá um álbum com inéditas ou se de novo vai cada um para o seu lado é uma incógnita, mas nenhuma hipótese pode ser descar-tada. Até lá, every little thing “they” do it’s magic.

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Foram 28 anos sem gravar um disco de iné-ditas sequer. Mesmo assim, os Eagles não perderam a popularidade, tampouco a for-

ma. Na opção por um disco duplo, a fórmula de sucesso dos criadores do megahit “Hotel California” permanece a mesma. A faixa de trabalho é “How Long”, um country-rock clássico que nos remete aos anos 1970. Aliás, este é o clima do disco. Rock de saloon, mas sem a parte da panca-daria e com espaço para temas românticos e ótimos trabalhos de vocais e violões. Long Road Out of Eden poderia ter sido lançado em 1979, e não soaria estranho para a época. Uma viagem sonora das boas, de um rock feito à moda antiga, sem o compromisso de “ter que ser alguma coisa” das bandas de hoje em dia. Carlos Guimarães

Modernizar sem perder a dignidade. O de-safio do Duran Duran em seu 13º álbum foi plenamente correspondido. Para a concep-

ção do álbum, a banda andou ouvindo muita coisa nova. As influências da nova cena britânica estão evidentes. “The Valley” parece vir direto de uma pista da Europa. Mas a grande mudança na sonoridade do Duran Duran atende pelo nome do mais novo Midas da música pop: Timbaland dá uma assistência àqueles que poderiam ser seus mestres. A seqüência “Nite Runner” e “Falling Down”, com participação de Justin Timberlake, são duas pérolas pop. A melhor música, no entanto, é “Skin Divers”, surpreendentemente não escolhida como single. O Duran Duran soube envelhecer sendo cada vez mais pop. Carlos Guimarães

Antes de mais nada, aos que esperavam um som na linha do Skid Row do começo dos anos 90, esqueçam! Sebastian Bach não nega que é

metal até a medula neste álbum. Já na abertura, com “Angel Down”, Bach está cantando rasgado como um típico thrasher. A banda que o acompa-nha não perdoa no peso, com destaque para o excelente baixista Steve DiGiorgio. Excelente também a versão de “Back in the Saddle”, do Aeros-mith, com Axl Rose dividindo os vocais. Axl ainda participa de duas faixas mandando muito bem. “Stabbin Daggers” é a que mais lembra a época de sua antiga banda, talvez a melhor música do álbum. Excetuando as duas baladas, o álbum inteiro é muito bom e cheio de energia. Ouçam sem medo. Ricardo Finocchiaro

A gente ainda não sonhou foi lançado primeiro no exterior e depois aqui; a discrição do lança-mento é comparável à de sua repercussão. O

álbum contou com participações especiais de nomes como Ivete Sangalo, Seu Jorge, Marisa Monte e Arnaldo Antunes. Produzido e quase plena-mente tocado por Brown, o disco tem bons momentos (“O aroma da vida” e “Aos teus olhos”), mas perde-se nas freqüentes apelações criativas. É muito “aiaiai” e “lalala” em um só disco. Com um início de aspiração inegavelmente romântica, faltou ao álbum uma pitada de criatividade para emplacar. E por favor, Carlos, não me venha com “garoa, creme dental e cabelo”. Gus Corrêa

The Killers já deixou para a música pop pelo menos uma grande canção: “Mr. Brightside”. Para falar deles, no entanto, há sempre uma incômoda desconfiança. Por mais que Hot Fuss (2004) e Sam’s Town (2006) tenham sido bons álbuns, uma banda de Las Vegas totalmente influenciada pelos ingleses dos anos 80 é um prato exótico e difícil de digerir. Sim, a origem não é tudo, e essa pode ser uma conclusão fadada ao equívoco, mas é esquisito pensar em Brandon Flowers como o novo Freddie Mercury (apesar do bigode que Brandon ostentou por algum tempo). Depois do desabafo, a análise: Sawdust é uma coleção de restos, covers e apresentações ao vivo da banda. Traz, pelo menos, três boas músicas: “Tranquilize” (Feat. Lou Reed), “Under the gun” e “All the pretty faces”. Ainda compõe o pacote: “Shadowplay”, cover meia-boca do Joy Division, e “Romeo and Juliet”, bom cover ao vivo do Dire Straits. Gustavo Corrêa

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Gosta de correr ou prefere que corram

por você? Se optou pela segunda alternativa, este álbum só serve se você é um entusiasta do LCD Soundsystem e de uma boa mistura de rock e música eletrônica. 45:33 foi elaborado especialmente para ser ouvido durante a prá-tica do cooper. Trata-se de uma parceria entre a Nike e a banda; o resultado é uma faixa com 45 minutos e 58 segundos de duração, cuja batida vai tornando-se mais rápida gradualmente. Nos últimos minutos, a música acalma até esgotar. Ouça com uma garrafa d’água ao lado. Gus Corrêa

Amor e Caos traz as composições desta paulista influenciada

por ninguém mais, ninguém menos que “roots people and real people”, segundo seu myspace (myspace.com/anacanas). Não exatamente aqui-lo (aquilo o quê?), mas o MPB de Ana Cañas é doce quando doce. Ana assina a maioria das músicas e interpreta “Coração Vagabundo”, de Caetano Veloso. Como “everybody must get sto-ned”, a despedida para fazer outra coisa fica na versão da moça de “Rainy Day”, do Bob Dylan. “Super Mulher” traz a participação de Naná Vas-conselos, e a faixa “?” questiona. Com uma voz que só vai e uma banda apurada, o disco vem e vai do amor ao caos. E vice-versa. Nati Utz

“So hear this please!”, pede Tom DeLon-

ge logo na segunda faixa de I-Empire, a nova produção do Angels & Airwaves. A música em questão é a divertida “Everything’s Magic”, o primeiro single do CD. Num primeiro momen-to, as 12 canções (duas delas instrumentais) soam bem repetitivas, mas com um ouvido atento logo se percebe a qualidade das melo-dias e das letras. O ex-Blink 182 e seus amigos brincam com os efeitos e capricham em “Si-rens” e “Secret Crowds”. Destaque também para a bela “Rite of Spring”, autobiográfica do frontman Tom. Cristiano Lima

Completando uma década de existên-cia, Homework é um dos álbuns mais celebrados dos

anos 90. A dupla francesa Thomas Bangalter e Guy-Manuel de Homen Cristo, cada vez mais influenciada pelo som house do Reino Unido e dos EUA, deixa o rock de lado e começa a trabalhar com sons eletrônicos. A evolução da tecnologia no final dos 90 tornou o sonho do estúdio próprio uma realidade para qualquer pessoa. Homework, lançado em 1997, foi gravado no quarto de Thomas (o que explica o nome do disco). O carro-chefe é o hit “Da Funk”, canção contagiante gravada em 1995 no single homônimo. Homework é uma miscelânea de rit-mos e sonoridades que passam pelo acid house, techno e disco music, e esses ainda podem ser combinados com rock e funk. A criatividade do disco dá um banho frio no exaustivo bate-estaca clubber da época. Esses e outros fatores repre-sentam uma guinada na carreira do Daft Punk, que junto a bandas como Vive La Fête e Air, coloca a França no mapa da música eletrônica.

Durante quatro anos, todos esperavam pelo sucessor de Ho-mework. Em 2001, o Daft Punk surge com Discovery, disco que colocaria a dupla no hall dos ícones pop da música. Trilhando a sonoridade das discotecas setentistas, Discovery lançou a famosa faixa “One More Time”, tema que invadiu as pistas do mundo in-

teiro e capturou todo consumidor de dance music. Os elementos de Discovery são um pouco diferentes dos de Homework, já que os franceses mergulham de cabeça nas guitarras sinteti-zadas, que dão um toque de eletro-pop em boa parte das músicas. É o disco mais comercial e acessível da banda, chegando a vender mais de 4 milhões de cópias mundo afora. Discovery ainda deu origem ao curta de animação Interstella 5555, produção feita em parceria com o diretor japonês Leiji Matsumoto e que apresenta um capítulo para cada música do disco.

Em 2005, o Daft Punk decidiu que as surpresas não haviam aca-bado. Depois do delírio pop de Discovery, a banda nos presenteia com seu álbum mais polêmico, o Human After All. Gravado em ape-nas seis semanas, o disco é pra lá de experimental e minimalista, e provavelmente só agradou os realmente apaixonados por música

eletrônica. A dupla retorna ao trabalho mais simples e despretensioso de Homework, com rit-mo mais marcante e menos confete. É nesse disco que se torna mais evidente a influência do Kraftwerk. Pela proposta, Human After All é um trabalho singular na discografia dos franceses, provando que tédio não é uma possibilidade para os fãs de Daft Punk.

por Gabriela Lorenzon

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Pura maestria e clas-se num domínio tran-qüilo da execução do samba, provindas de genuína experiência.

O diretor do vídeo, Fabrizio Martinelli, conta impressionado que foi o acústico com menos ensaios que ele já fez. Pô, Paulinho da Viola! Sambista desde aquela época, freqüentador do Zicartola, carioca da gema. Paulinho da Viola, que na década de 70 chegou a lançar um disco por ano, no primeiro dvd de sua carreira. Pou-cos teriam vontade e motivos para falar mal deste registro. O material foi gravado nos dias 24 e 25 de ju-lho de 2007 num cenário prontamente posto bonito, ao estilo Acústico MTV. À espera do músico, violão e cavaquinho, a banda e os pri-vilegiados espectadores. Mais de uma hora do melhor do samba para alegrar (no mínimo, me-xer o pé e os ombros) até mesmo quando se canta a tristeza. Um som feito com o número de músicos (24) maior que o número de faixas (21). Um arranjo de cellos, violinos, piano, per-cussão, violas, bateria, coros, sopros e cavaco. Como de praxe, no repertório estão presentes os maiores sucessos da longa carreira. Paulinho mesmo diz que muitas canções ficaram de fora, claro. Mas estão lá “Coração Leviano”, “Timo-neiro”, “Amor é Assim”, “Talismã” (música feita em parceria com Arnaldo Antunes e Marisa Monte), “Sinal Fechado”, “Eu canto samba”, “Foi um rio que passou em minha vida” e “Pecado Capital”. Esta última foi tema de novela e Pauli-nho a fez, na pressão, em um dia. A trama iria ao ar e a música precisava ficar pronta. Caso con-trário, ele confessa que faz sem pressa. Já levou 10 anos para colocar letra numa melodia. Estas e outras bem humoradas histórias no making of de quarenta minutos. Depoimen-tos de músicos-figuras-e-amigos-velhos como Toquinho, Elton Medeiros, Eduardo Godin e Dininho (filho de Dino, principal difusor do violão de 7 cordas e parceiro de Paulinho há 37 anos). O falador tímido não demora muito a virar um contador de curiosos causos. Nada de polêmica e indispensável para os adorado-res do samba de raiz. Nati Utz

Este lado para cima é a caixinha com dois dvds gravados, respec-tivamente, pelas ban-das Água de Melissa

e MD4, originárias de Pelotas. Ambas integram o movimento Uns Rock, que reúne diversos grupos da cidade. O objetivo é facilitar a divulgação a partir de um formato cooperativo para realizar shows, lançar produtos, etc. Os discos incluem apresentações de 45 minutos de cada uma das bandas e muito material extra. Foi gravado em 2006 e não tem participação de público. O tra-balho oferece entrevistas com os integrantes, making of, videoclipes, matérias para televisão, e possui legendas em português, inglês e francês. O DVD pode ser comprado através dos sites das bandas. Gustavo Corrêa

A Fantástico Mun-do de Débi foi for-mada em 2002 e é uma das poucas

remanescentes da “cena punk rock” porto-alegrense do início do século. Os tempos mudaram, as bandas e os estilos também, mas a FMDEBI continua na ativa, mantendo sua proposta de (se) divertir. As letras fo-cam o cotidiano dos integrantes, tratando com descontração e irreverência diversos temas, como garotas e tragos. “Pega-ning, cumi-ning” e “Maldita ressaca” exemplifi-cam. Destacam-se no EP os riffs e os bons timbres de guitarra. Não há inovação, mas refrães bacanas e fidelidade ao punk rock sem emoção e melancolia.

O rock mântrico do Darma Lovers

combina com momentos de introspecção. Bela trilha para pensar na vida ao andar na cidade durante os horários mais caóticos. “Chovem laranjas do céu” lança tons ala-ranjados e mandalas no infinito cinzento. A paz de poder abaixar o volume e sentir a música que se mistura ao silêncio e ao can-to dos pássaros. Os folks mântricos “Desa-pego” e “Três Coroas” fazem a gente que-rer ir morar em um lugar mais tranquilo. E então, músicas gravadas ao vivo mostram que a viagem da banda vai além da musica-lidade zen e fecham o disco com uma longa viagem progressiva em “A Lua na TV”.

Uma das mais revo-lucionárias gravações desplugadas realizadas pela MTV está de volta e promete fazer todo fã derramar uma lágri-

ma. Unplugged in New York foi a última apresenta-ção do Nirvana para a TV, meses antes de Kurt Cobain passar de ídolo a mito. As expressões tristes e os poucos momentos de descontração durante a gravação do acústico fortalecem a idéia de que assistíamos a um músico em seus últimos suspiros de talento—e quanto talento. Precedido por poucos ensaios, canções como “Pennyroyal Tea” só tiveram o formato definido durante o show. Um inseguro Kurt perguntou aos outros se a tocaria sozinho, e foi encorajado pelo ta-lentoso baterista, um tal de Dave Grohl. Ficou extraordinária. O Nirvana e a MTV discutiram muito a definição do repertório, mas valeu a opinião da banda. Com um set de poucos hits e muitos covers, conseguiram registrar um dos me-lhores acústicos da história da música. O DVD traz como extras as canções no formato unplug-ged original, exibido pela MTV, o ensaio de cinco delas e entrevistas com sortudos que estiveram envolvidos com o show. Gustavo Corrêa.

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Recapitulando: Grindhouse, projeto em conjunto de Robert Rodriguez (Sin City) e Quentin Tarantino (que dispensa apresenta-ções), unia dois média-metragens emulando a estética de terror e apelação dos filmes trash de cinemas baratos nos EUA; é uma experiência que não tem um equivalente nacional que sirva de comparação. Juntos num filme só, seu projeto naufragou nas bi-lheterias americanas, e foram lançados se-parados e estendidos fora dos EUA. Planeta Terror (o primeiro segmento, homenagem aos filmes de zumbis), dirigido por Robert Rodriguez, é o primeiro a chegar aos cine-mas brasileiros. Provavelmente levado pelo aspecto “over” do projeto como um todo, o filme acaba por fazer ressaltar tanto o pior quanto o melhor de Rodriguez como diretor. As seqüências de ação e nojeira são de qualidade. Rodriguez cria imagens inte-ressantes e guia o filme por elas—símbolo máximo disso: a heroína com sua prótese-metralhadora. No que sobra de detalhes decorativos (desde os efeitos de envelheci-mento da película a participações especiais como Bruce Willis e Naveen Andrews),

falta em recheio. Personagens soltam frases de efeito vazias e sem o menor sentido a cada minuto; o diálogo todo vai sendo con-duzido assim até chegar em lugar nenhum, num silêncio pseudo-cool de atores que não tem a menor noção do que estão dizendo. Divertido em algumas partes, cansativo na maioria das outras, o filme expõe Rodriguez como um diretor que não entende os ele-mentos que tanto cultua em seus próprios filmes. Samir Machado

O polêmico e instigante Tropa de Elite, dirigido por José Padilha (o mesmo do documentário Ônibus 174), virou fenô-meno do cinema nacional e recorde de vendas entre os DVDs piratas expondo muitas faces do Brasil lado b. Ambientado no ano de 1997, em oca-sião da visita do então papa João Paulo II ao Rio de Janeiro, Tropa de Elite apos-ta no funk carioca – o boom musical da época – como principal condutor da trama. Perfeitamente inserido no contexto do longa – a realidade cruenta do morro, da favela e do tráfico -, o ritmo peculiar do pancadão pode ser compreendido sob um viés antropológico. As letras contundentes abordam o dia-a-dia que circunda a população organizada numa espécie de sociedade paralela. A trilha traz ainda a homônima “Tropa de Elite”, dos punk rockers da Tihuana, o clássico marginal dos Titãs “Polícia”, “Lado B lado A”, do Rappa e o hit do R.E.M, “Shiny Happy People”, que passa praticamente despercebido.Predominante no filme, portanto, o funk perde o caráter de gênero menor, demonstrando a beleza da brutalidade, num contexto em que a porrada igual-mente emociona e paralisa. Marcela Gonçalves

Pode não parecer, mas neste mês de de-zembro, dez anos se passaram desde que legiões de meninas adolescentes choraram por Leonardo DiCaprio. Dez anos desde que Celine Dion se esgoelou numa das músicas-tema mais grudentas de todos os tempos, tocada à exaustão nas rádios e re-gravada por Sandy & Junior. Épico românti-

co equivalente a um …E o Vento Levou dos anos noventa. Ironicamente, foi levado às telas por James Cameron, diretor com espírito de engenheiro, especialista em filmar grandes pedaços de metal se retorcendo (O Segredo do Abismo e os dois primeiros filmes da série O Exterminador do Futuro). Tudo que cercou o filme foi imponente e majestoso, da reconsti-tuição de época aos efeitos especiais inovadores e à recepção massiva do público, que fez com que até hoje seja a maior bilheteria da história do cinema: só para se ter uma idéia, em algumas cidades—e Porto Alegre foi uma delas—o filme chegou a ficar um ano em cartaz. A certa altura, é de se perguntar: existe alguém que não viu Titanic? O que sobra do filme hoje em dia, tirando o peso esmagador da mídia da época? Metade filme romântico, metade filme-catástrofe, ainda é eficiente, com uma trama simples—mas não simplória—servindo de base para uma experiência bastante completa como cinema. Samir Machado

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Enfim! Chega às melhores lojas a nova versão do game de futebol mais jogado no mundo! PES 2008 traz algumas inovações, como dois novos modos: o “World Tour”, que apresenta missões ao jogador em condições preestabelecidas, como vencer a Argentina quando se está perdendo de 2x0, começando o jogo do intervalo. Já o “Community” permite que você coloque 16 pessoas competindo em torneios em um console apenas, e todos resultados são armazenados em uma base de dados. O jogo está mais rápido, e também convence pela jogabilidade e por melhorar a inteligência artificial. Agora, após uma jogada de ataque, o game posiciona a zaga de forma diferente, diminuindo seus espaços e aumentando a necessidade de improvisação do jogador. O game foi lançado também para PS3, PC, PSP e X360, mas os críticos entram num consenso ao afirmar que é no PS2 que o PES está em casa. Eduardo Dias

O Jango é mais um excelente player di-sponível na internet. Com ele, você pode construir a sua própria estação de rádio, escolhendo os artistas que deseja ouvir. Depois de definidos, o próprio programa encontra bandas semelhantes para execu-tar, sob o título de recommended artists. O funcionamento do site é muito simples, permitindo a navegação sem qualquer tipo de dificuldade. As músicas são executadas aleatoriamente, e não há a possibilidade de escolher uma canção específica. No en-tanto, a seleção é de excelente gosto, op-tando pelas melhores alternativas na maior parte das oportunidades. Você pode aces-sar as estações de outros usuários e seus perfis despreocupadamente, pois o player continua rodando ao circular por outros espaços do site. Há também as opções de compra por meio do iTunes e compartilha-mento do link direto para uma música no site com outras pessoas.

O site da Full Plate, banda de hardcore melódico de Porto Alegre, está entre os mais bonitos e interativos em comparação a outras bandas brasileiras. O menu pode ser acessado tanto a partir de ícones, pre-sentes na parte de cima da página inicial, como utilizando os elementos que com-põem o fundo da home. Todo em Flash, o site oferece a possibilidade de trafegar pelo layout. Clicando em uma mala, o visitante tem acesso ao press kit da banda; em uma TV, aos vídeos; no colchão, aos contatos, e assim por diante. Também são disponibili-zadas fotos e informações dos integrantes. Para fortalecer a interatividade com o público, a banda realiza promoções através do site. Tudo com um visual impecável, de muita facilidade na navegação, desenvolvi-do pelo webdesigner Matheus Levi—em seu currículo, sites de artistas como Lulu Santos, Kleiton & Kledir, Ivan Lins, Luka e Detonautas.

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Nem mesmo a fria e chuvosa noite de sá-bado conseguiu amornar a expectativa que imperava no Teatro do Bourbon Country. A casa de espetáculos estava lotada, com fãs de todas as idades à espera da doidona Rita Lee. A roqueira veio a Porto Alegre divulgar o seu último trabalho, o DVD tri-plo Biograffiti, que descreve toda a sua tra-jetória através de imagens e depoimentos de grandes nomes (e amigos), como Tom Zé e Caetano Veloso. Ela subiu ao palco acompanhada de sua banda, que merece ser mencionada pela qualidade: o marido Roberto de Carvalho e o filho Beto Lee

nas guitarras e vozes, Brenno Giuliano no baixo, Edu Salvitti na bateria, Alex Bessa nos teclados e Débora Reis e Rita Kfouri como vocais de apoio. Com muito estilo e sem papas na língua, Rita fez o que podia e o que não podia sobre o palco. Abriu a noite com “Que Flagra”, seguida de algu-mas músicas inéditas e muitos dos seus sucessos. O público cantou, riu e aplaudiu de pé uma das maiores cantoras brasilei-ras. A ovelha ruiva mostrou que continua com o mesmo pique de sempre, mesmo com o desmaio no último show que fez no Rio de Janeiro: “Sempre gostei de desmaiar. Nos anos 60 era indício de AIDS. Nos 70, overdose. E agora, aos 60 anos de idade, é alzheimer”, disse a cantora. Fazendo in-terpretações e danças loucas, Rita cantou junto com a animada platéia “Doce Vam-piro” e “Ovelha Negra”, que fez muitos “coroas” ali presentes relembrarem suas fases rebeldes, seguidas pela inédita “Tão Chata”—que de tão inédita fez com que a banda se confundisse um pouco no início. E ao estilo “não tô nem aí para o que os outros vão pensar”, cantou uma engraçada sátira para a música “I Wanna Hold Your

Hand”, dos Beatles, e mandou Yoko Ono para aquele lugar. Quando a banda saiu do palco, a platéia aplaudiu, gritou, pediu bis. Vestindo uma camiseta vermelha escrito “Campeão do Mundo FIFA”, a roqueira voltou debaixo de vaias e aplausos. Foi no bis que muitas das suas maiores músi-cas foram tocadas, como “Agora Só Falta Você”. Para fechar com chave de ouro (ou seria de prata?), uma chuva de papel picado caiu sobre a platéia enquanto Rita canta-va “Lança Perfume”, encerrando o circo de rock’n’roll. Foi assim que a “doidinha” despediu-se da sua primeira noite de show na capital gaúcha. Não houve grandes sur-presas na apresentação—algo que, talvez, já fosse esperado. Apenas faltaram alguns de seus sucessos, como “Baila Comigo”, “Mania de Você”, “Cor de Rosa Choque”, “Jardim da Babilônia” e “Coisas da Vida”—até que foram bastantes os sucessos não tocados. Mas a falta deles foi suprida pela maravilhosa presença de Rita Lee e de suas pirações. Luna Pizzato

Rita Lee Teatro do Bourbon Country, dias 24 e 25 de novembro

Felip

e N

eves

Um encontro histórico—assim podemos definir o show de Paul Di’Anno. Sim, um encontro entre o primeiro vocalista da Donzela de Ferro com o público gaúcho, que não recebia um show dele fazia sete anos. Antes de falar do show em si, o fato curioso foi que, cerca de três dias após o início da divulgação da vinda do frontman, também foi oficializada a vinda do próprio Iron Maiden a Porto Alegre. Talvez este

tenha sido o principal motivo para que o show no Manara não estivesse com 100% de suas dependências lotadas, fazendo com que boa parte do público preferisse “economizar” dinheiro para o show de março de 2008—uma bobagem sem tama-nho, pois quem compareceu ao local, no domingo 18 de novembro, não se arrepen-deu do que viu. O show de abertura ficou por conta da banda Ghaya. Parabéns aos novatos; se deram muito bem no quesito “aquecimento”. Com composições pró-prias de muito bom gosto, mostram que têm tudo para ser um dos grandes nomes do metal gaúcho em breve. Além das pró-prias, emendaram um cover de “Painkiller”, do Judas Priest, com destaque para os agudos do vocalista Taylor Flamesteel. O show de Paul Di’Anno começou por vol-ta das 23h30min, e ficamos sabendo que o atraso foi devido à demora da banda na vinda de Cascavel, no Paraná, onde eles se apresentaram na noite anterior. Paciência,

afinal, tem algumas coisas, como o Sr. Tem-po, que não tem como contornar mesmo. A banda sobe ao palco abrindo o show com a instrumental “The Ides of March” e, na seqüência, emendam “Wrathchild”, com Paul Di’Anno entrando “capenga” no palco—sim, a fera estava com um proble-ma no joelho, mas mesmo assim mandou ver no show. O Manara, a essa altura, já havia se tornado uma caldeira. Por ser um local menor, a energia que rolava era enor-me. Vários clássicos de sua fase no Iron Maiden, como “Killers”, “Running Free” e “Murders in the Rue Morgue”, além dos de sua fase solo (que são excelentes, diga-se de passagem), como “The Impaler”, “Chil-dren of Madness” e “Faith Healer”. Além desses, ainda mandou um “Blitzkrieg Bop“, dos Ramones, para surpresa de todos os presentes. Um show de simpatia e ener-gia por parte de Mr. Di’Anno, que continua cantando com muita vontade. E que venha o Eddie em 2008! Fernando Polanczyk

Paul Di’Anno Manara Bar, 17 de novembro

Tatu

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Quem foi, viu. No dia do músico, a co-memoração veio em clima de uma jam session de respeito. Pedrada Afú e Ultra-men encontraram-se no palco do Opi-nião, ao melhor estilo “Ultramanos”. A noite era de clima agradável, e o pouco público curtindo a batalha de b-boys que rolava no telão antes do show dava impressão de casa vazia—algo anormal para um evento deles em Porto Alegre. Não foi bem assim. Já no primeiro som, a Pedrada foi certeira afu e fez a galera brotar dos cantos, preenchendo o es-paço junto ao palco. Os caras fazem um reggae/ska misturado com hardcore e riffs pesados. “Dossiê”, “Falão” e “De-colei” foram acompanhadas por todos, mas não como “A Coisa”, que fez os mais inspirados levarem o refrão ao pé da letra. “Jah Rastafari”, exclamou Fabão ao fim de um som, comprovando a in-fluência regueira dos caras.A Ultramen entrou para abrilhantar o palco numa formação de três guitarras, duas baterias, percussão, toca-discos e teclado. O entrosamento e a parceria entre as bandas ficaram evidentes. Uma seqüência de dubs entre as músicas fez a galera viajar e trouxe aquela idéia de “já valeu a noite”.Quando a Pedrada deixou o palco, as pedras continuaram sendo arremessa-das—desta vez, sob o comando de To-nho Crocco & Cia. O repertório de hits, construído ao longo de 16 anos de car-reira e executado com perfeição trouxe peso, suíngue e alegria ao baile.Vale destacar a presença da apresenta-dora do Sexy Hot, Carolyne Ferreira, que deu um alô fogoso pra galera. O co-ver de “Surfista Calhorda” do Replican-tes veio pra selar uma noite clássica de música porto-alegrense. Bruno Felin

Ultramen + Pedrada Afú Bar Opinião, 22 de novembro

Houve uma época em que o jazz era mú-sica de intelectuais e esquisitões. Miles to-cou o fusion e deu a deixa para o jazz deli-ciar as diferentes gerações. Quem ouviu o rock chegar ao seu apogeu teve no fusion a entrada perfeita para o mundo do jazz. Stanley, Al e Jean Luc estavam ali. O baixista e o guitarrista no Return to Forever e Jean Luc Ponty tocando com Deus e todo mun-do, Mahavishnu e Zappa. Stanley tocando ao mesmo tempo com puristas do jazz e gravando com o pessoal do soul e funk music. Al di Meola trouxe a Espanha e o palhetaço nos seus rapidíssimos solos. Isto nos setenta—de lá pra cá, cada um deles construiu uma carreira de músicos virtuo-ses e, principalmente, compositores. Stan, com seu funk fusion, tem mais de quinze álbuns solo—fora sua parceria com Geor-ge Duke, sendo que de 1993 a 2003 ele praticamente se dedicou a gravar trilhas de filmes (parece que foram uns cinqüenta). Al flertou com o tango de Piazzola e os me-moráveis trios com Paco de Lucia e John McLaughlin. Jean Luc substituiu Jerry Goo-dman na Mahavishnu Orchestra. Dos três, meu preferido é o Stanley Clarke, por sua

atitude roqueira. Tive o prazer de assistir a seu show no Canecão, no Rio de Janeiro, com Stewart Copeland do Police e com o Animal Logic. Ele ainda tem o New Barba-rians, com Ron Wood e Keith Richards, dos Rolling Stones. Sem falar que (sem precon-ceito e com muito conceito) é negro—e isto, em música, tem a sua diferença.Na noite da apresentação no Teatro do Bourbon, os três músicos em um show de canções entremeadas de “agora vai”—quando um músico olha para o outro num levantar de sobrancelhas e sai solando maravilhosamente. Um primeiro set de músicas do disco ‘Indigo’, ‘Song to John’ de Chick Corea e ‘Memory Canion’ de Ponty. Individualmente, se apresentam agora; pri-meiro Al, com seus solados e harmonias. Depois, Stanley, no acoustic bass (dizem que ele prensou os dedos na porta quando era pequeno… folclore de fã), fazendo o acous-tic virar fretless, passando a vassoura nas cordas. O disco anterior do Stan, 1 2 to the Bass, é maravilhoso. Principalmente porque ele teve 10 anos para gravá-lo. O novo The Toys of Men está aqui do meu lado. Jean Luc Ponty faz tudo do violino. Sua música é ci-gana; espacial com toques do seu tempo de conservatório, roqueira como na sua época ao lado de Frank Zappa. Na parte final, a linda “Renaissance”, e no bis (só pra deixar todo mundo babando e pensando que vai entrar o Chick e o Lenny White) eles tocam “Mediterranean Sundance”, do Meola. Depois do show, os deuses do fu-sion ainda fizeram a gentileza de autografar CDs e DVDs. Eu levei o meu do Stan; vou escutar com calma, pois o 1 2 to the Bass dele, para mim, é um dos melhores que já ouvi junto do Q’s Joint do Quincy Jones. E ainda se diz que existem estrelas—Michael Jackson que o diga. Ricky Bols

Rite of StringsTeatro do Bourbon Country, 21 de novembro

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Saudações, amigos headbangers! Por incrível que pareça, mais um ano chega ao seu fim, passando rápido como um solo de bateria ou afiado como um de guitarra. Podem falar o que quiser, mas este ano o que não faltou foram grandes shows aqui na província. Relembrando: Blind Guardian, Testament, Nazareth, Symphony X, Gorgoroth, Belphegor, Canni-bal Corpse, Hammerfall, Exodus, Paul Di’Anno. E em dezembro ainda teremos shows de Tankard, Krisiun e André Matos. Apenas um show cancelado, Obituary. Claro, infelizmente, grandes atra-ções internacionais acabam por “abafar” nossos shows locais do underground, e foi exatamente isso que tivemos: pouquíssi-

mos shows de nossas bandas, e poucos deles com um público digno (em termos de quantida-de, obviamente). Mas, mesmo assim, faremos aqui nessa coluna a indicação dos nossos melho-res do ano, apenas de bandas gaúchas: Banda Revelação – Os-mium; Melhor Single – Magician com “Minstrel’s Domain”; Melhor Álbum – Desolate Ways com Te-arful; Melhor Clip – Hangar com “Call Me in the Name of Dea-th”; Melhor Show – Distraught no Metal Battle; Melhor Banda – De-solate Ways. Agradecemos de coração todos que acompanharam esta coluna e que 2008 seja ainda melhor em todos os sentidos. Horns Up!!!

Na última edição de 2007 da NOIZE resolvi vender um pou-co o meu peixe—afinal, também faço parte do reggae gaúcho, juntamente com a minha banda. Gostaria muito de dividir boas notícias e bons acontecimentos do reggae local. Não só a Profetas de Zion, mas também a Pure Fee-ling teve um fim de ano especial, com shows fora de Porto Alegre, indo um pouco mais longe para colher o seu reconhecimento.Repetindo a dose, a Pure Feeling está se dirigindo para a Argenti-na para fazer uma nova tour por lá, junto com os hermanos da Nonpalidece e Kameleba. A tur-nê, chamada de Cultural Reggae Tour, passará por lugares como Club Amsze em Buenos Aires,

Rio Tigre em Córdoba e no Mar del Plata. Além dos shows, a banda gaúcha está fechando contrato com uma distribuidora do país vizinho para divulgar seu som por toda a Argentina.Um pouco mais perto, a Pro-fetas de Zion fará shows em Santa Catarina e no Paraná. Em Criciúma acontecerá o II Festival Reggae Cultura e Arte. E dia 15 de dezembro vamos para Maringá, onde acontecerá um encontro bem bacana entre a banda, o DJ Guno Santos (do rasta.com.br) e Cidade Verde Sound System, banda local.É isso! Peixe vendido, ou melhor, divulgado. É o reggae daqui mos-trando sua força e qualidade pra quem nos enxerga de longe.

Rádio online tem aos montes, mas como essa com certeza nunca tu ouviu. Sob o comando de Maestro, conhecido na cena underground do rap gaúcho, vai todo dia ao ar a Gambiarra. A rádio tem 5 anos, mas com site completo fechou um ano em maio.Maestro começou a fazer fes-tas no rap alternativo com Buiu (também figura importantíssi-ma da cena underground do rap, responsável pelas festas Skate Manifesto, onde junta a rapa do skate e do rap da cidade na mes-ma noite). Na Gambiarra, Maestro segue essa linha under e deixa de lado as tendências e modismos, levan-do uma proposta sincera: música

boa!!! “Basicamente, rap alternativo”; é assim que ele mesmo denomina o trabalho na rádio online onde toca sons que não tratam so-mente da velha fórmula—infeliz-mente, a mais conhecida do rap: CARROS + JÓIAS + MULHERES = EU SOU FODÃO! Há, sim, artistas menos conhe-cidos com a vontade sincera de fazer o melhor no rap. Acesse lá e abra seus ouvidos e mente.

Gambiarra é: www.gambiarra.art.br

E para conhecer mais o trabalho do Maestro: myspace.com/maestrorapsktvhs

A famosa querela entre o jorna-lista e pesquisador José Ramos Tinhorão e o compositor Tom Jobim em torno da bossa nova inaugurou uma linha de compre-ensão da música popular brasilei-ra vigente até hoje—quando, por exemplo, questionamos a “brasi-lidade” ou a “popularidade” de determinados estilos. Na perspectiva de Tinhorão, a bossa nova é um braço do im-perialismo norte-americano, idealizada por jovens burgueses alienados que rompem com a tradição do samba. A visão é própria de quem via surgir uma manifestação artística, fruto da transformação social provocada pela estratificação geográfica das classes dentro da cidade. Ao con-

trário de Noel Rosa, que convivia com os músicos do morro apesar de ser membro da classe média, Tom Jobim e os demais bossa-novistas se restringiam aos bair-ros nobres da zona sul do Rio de Janeiro e tinham como referência o jazz norte-americano.No entanto, a leitura de Tinho-rão parte de parâmetros que não servem para entender o fenômeno. De um lado, a bossa nova justamente instaura um es-paço híbrido, o que dificulta a se-paração vigente até então entre a música popular e a erudita. Por outro lado, o movimento ques-tiona a existência de uma cultura pura, negada pela própria influên-cia crucial da cultura africana na origem do samba.

O híbrido da bossa

Nas ondas do originalRetrospectiva 2007 / Melhores do Ano

Cruzando fronteiras

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Fale Menos e Dance Mais

Muito se fala que este ou aquele DJ toca um som comercial, e que às vezes nem é música eletrônica, parece mais som de FM.Este é o primeiro passo para perder a ra-zão, pois qual é o problema em um DJ tocar uma música que está nas rádios? Isso não tem nada a ver, nenhum DJ vai ser melhor ou pior se isso estiver acontecendo.Muito se fala que a cena não é mais como antigamente, e eu explico por que “jamais” voltará a ser: pelo simples fato que as festas acabaram com os clubs, e uma cena não se sustenta somente à base de festas. Não vou nem entrar no plano empresarial onde se paga impostos, funcionários, enquanto em festa só se paga fornecedores—e, no máxi-mo, se corre o risco de ser assaltado pelo ECAD. Estou falando que um club funciona de quinta a sábado com uma programação fixa, DJs residentes e convidados… quan-do tem uma festa para três mil pessoas, os clubs ficam vazios, e isso vai minando sua vida útil. Vão-se as festas, e de quebra se vão os clubs.Muito se fala que não temos opções e que Porto Alegre tá uma “M”. Então vamos ig-norar que o projeto E.Session, que acontece desde março no Kimik, está sempre bom-bando, e que além dos ótimos DJs residen-tes, sempre tem um convidado, e que este projeto devolveu para a noite um lugar fixo onde pode-se divertir muito—uma refe-rência de “noite eletrônica”, e que muitos tentam copiar. Vamos ignorar que o Repúbli-ca de Madras desde que inaugurou sempre apresentou atrações de peso, e que no últi-mo dia 14 de novembro trouxe para Porto Alegre nada menos que Nic Fanciulli.A verdade é uma só. Vamos valorizar o que está acontecendo e prestigiar, além das gran-des festas, os clubs, os nossos DJs, os nossos promoters e produtores. Por isso, sou parti-dário da campanha: Fale Menos e Dance Mais. Vem aí a Kaballah, com uma pista exclusiva-mente de house e electro house, montada pelo Kimik, com decoração diferenciada, camarotes e muitas surpresas.

Pool Trade Show

Duas vezes por ano, marcas top alternativas independentes invadem Las Vegas para o Pool Trade Show. Fevereiro passado o Man-dalay Bay Hotel & Casino estava com um triplo overbook, só para receber os estilistas e os curiosos. No evento, eles apresentam suas marcas e trocam informações sobre novas tendências e mercados, junto com várias atrações que vão de pocket shows a big parties.

Destaques da última edição:

Born Uniqorn (bornuniqorn.com): Taryn Manning e sua sócia Tara Jane começaram em Jersey em 2004, e hoje elas são reco-nhecidas em grande parte dos EUA. Uma palavra descreve essas meninas: “Flashy”.

Lipstick Prophets (lipstickprophets.com): Quantas jovens adultas ainda gostam de usar roupas de caveiras e ossos com laci-nhos? Pois é: Ali Barone, designer da marca, confia muito neste segmento e aposta nes-sa mistura de caveiras com meninas meigas. Será?

Crowded Teeth (crowdedteeth.com): A Crowded Teeth é uma das mais marcas mais bonitinhas do Pool Trade. Situada em L.A., Michelle Romo cria suas roupas em um apê na frente de Venice Beach (que inspiração!). Zach Braff, do seriado Scrubs (que eu recomendo) já apareceu usando diversas vezes a marca da Michelle.

We Saved Our Souls (wsos.us): Pode-se dizer que é a marca mais dark do Pool Tra-de. Todas as camisetas são cortadas e im-pressas a mão—tudo para ter o cuidado de servir do jeito ideal. A marca é de N.Y. e já arrancou diversos elogios de estilistas franceses, ingleses e australianos.

*Novo single da Trill gravado 100% em casa já está disponível em tramavirtual.com.br/trill

Good News

Foi lançado dia 20 de novembro o segundo disco ao vivo do NOFX. A banda reser-vou 3 dias em uma casa de shows de San Francisco durante janeiro de 2007. Pelas palavras da banda, é o disco mais engraça-do, bêbado e mal tocado de sua carreira e se chama They’ve Actually Gotten Worse Live. Com qualidade de som, o disco traz no-vas versões de músicas antigas, sons raros e fizeram questão de não tocar uma única música do seu primeiro ao vivo de 1995, I Heard They Suck Live. São 24 músicas, e para os fãs já está disponível o vinil duplo. O Pennywise anunciou que vai tentar algo diferente no seu próximo disco de estúdio. Fecharam com o myspace.com para dis-ponibilizar e lançar oficialmente seu novo disco, totalmente de graça e para qualquer pessoa baixar. Esse será o primeiro teste do myspace com tal formato de lançamen-to, visando uma nova forma de divulgação, no meio do lixo da indústria musical tradi-cional. Já era esperado.

Independentemente do motivo que levou algumas lojas a baixar o preço do CD, po-demos encontrar atualmente coisas muito boas e baratas em grandes lojas da capital, como Black Sabbath e AC/DC. É isso aí, ga-lera, a coisa tá mudando… esperamos que para melhor—todo mundo merece com-prar um disco; não pode ser privilégio. No myspace.com/eddiehoffmannDivirta-se com o astral de “Ballerina’s gotta a pop song” de Eddie & The Flaring Lens. Boa sorte

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Ultramen + Pedrada AfúExodus

Rita LeeGig Rock Circus

Gig Rock Preview Rite of Strings

Erasmo Carlos

NOIZE em CaxiasPaul Di’Anno

Stereorganics

Canta Brasil

FotosTatuDanny BittencourtMartha Reichel ReusCaesar Cezar de CésarFelipe NevesFabrício Barreto

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