Revista Planeta Verde

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Amazônia Cicatrizes dos nossos erros O Futuro da Amazônia Entenda porque o pulmão do mundo está em perigo Consumo Consciente O que podemos fazer hoje para garantir o amanhã A água pode acabar O desperdício e poluição ainda são os maiores vilões Ano I Edição n° 01 Dezembro 2009 R$ 9,90 Revista Planeta Verde.indd 1 19/11/2009 21:46:18

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Trabalho Acadêmico

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Amazônia

Cicatrizes dos nossos erros

O Futuro da AmazôniaEntenda porque o pulmão do mundo está em perigo

Consumo ConscienteO que podemos fazer hoje para garantir o amanhã

A água pode acabar O desperdício e poluição ainda são os maiores vilões

Ano IEdição n° 01 Dezembro 2009R$ 9,90

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vire a página e descubra

como ficará essa paisagem

se não fizermos nadaamanhãhoje.

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TODOSUM PLANETA PARA

Ele não chega a ser o melhor assunto nas rodas de conversa, mas é inevitá-vel topar com ele ao ligar a televisão, abrir o jornal ou acessar a Internet. É o meio ambiente. Nunca na História essa questão foi tão central. Pudera. Estamos em um momento crítico, por um motivo básico, porém complexo: o futuro. Esse meio ambiente onde vi-vemos e de onde retiramos recursos está ameaçado por nossos hábitos e “necessidades”. Nossa herança talvez seja um problema. O mundo vem passando por transformações muito rápidas. Vimos revolu- ções tecnológicas e sociais, principalmente no último século. Porém, nos de-paramos, ao mesmo tempo, com a deterio-ração da qualidade de vida. Nas grandes cidades, as águas estão poluídas, o ar é sofrível, o trânsito é inviável, sem fa-lar. Ele não chega a ser o melhor as-sunto nas rodas de

conversa, mas é inevitável topar com ele ao ligar a televisão, abrir o jornal ou acessar a Internet. É o meio ambiente. Nunca na História essa questão foi tão central. Pudera. Estamos em um mo-mento crítico, por um motivo básico, porém complexo: o futuro. Ele não chega a ser o me-l h o r

assunto nas rodas de conversa, mas é inevitável topar com ele ao ligar a televisão, abrir o jornal ou acessar a In-ternet. É o meio ambiente. Nunca na História essa questão foi tão central. Pudera. Estamos em um momento crítico, por um motivo básico, porém complexo: o futuro. Esse meio am-biente onde vivemos e de onde retira-mos recursos está ameaçado por nos-sos hábitos e “necessidades”. Nossa herança talvez seja um problema. O mundo vem passando por transforma-ções muito rápidas. Vimos revolu- ções tecnológicas e sociais, principalmente no último século. Porém, nos depara-

mos, ao mesmo tempo, com a deterioração da qualida-

de de vida. Nas gran-des cidades, as

águas estão poluídas, o

ar é sofrí-vel, o

trânsi-to é

inviável, sem falar nos altos índices de pobreza e violência. Em tempos de globalização, o problema também é global. Há não muito tempo, pas-samos a ter outra reocupação qua-se cotidiana, o aquecimento global. Como resultado dos altos volumes de gás carbônico (CO2) emitidos na at-mosfera pela produção industrialau-tomóveis e queima de florestas, en- tre outras fontes, há uma aceleração do efeito estufa, colocando em desequi-líbrio a temperatura na Terra. A longo prazo – nem tão longo assim – as con-seqüências seriam o derretimento de geleiras e coberturas de montanhas, refletindo em aumento dos níveis dos oceanos, além de alterações na dinâ-mica climática do mundo. No cerne dessa preocupação estão as neces-sidades do estilo de vida contempo-râneo, pois tudo é feito pelo homem e para o homem. Se a intenção é igualar o nível de consumo dos países desenvolvidos seja em energia, água ou bens as simulações indicam uma necessidade de recursos equivalente a duas vezes o que a natureza dispõe. Ou seja, dois planetas Terra. Isso tudo já faz parte, sim, das conversas do dia a dia, do cafezinho, das velhas fofo-cas de barbeiro e dos debates das donas de casa. Não é mais um assun-to restrito. Basta haver uma grande catástrofe natural, uma inundação, um furacão ou um verão excessivo. c

Editorial Revista Planeta Verde

Atitudes ambientalmente sustentáveis para garantir o amanhã.

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do LeitorEspaçoEsta é a seção dedicada a todos que vem acompanhando a Planeta Verde, e gostariam de expressar-se des-crevendo sua experiência com sustentabilidade, tirando dúvidas sobre o tema, suscitando discussões, suge-rindo pautas os fazendo reivindicações. Quem inaugura o Espaço do Leitor é Fabiano Facó, um leitor da revista de São Paulo. No seu texto, Fabiano fala sobre o personagem que todos temos que ser no nosso dia a dia em condomínios, bairros, escolas, no trânsito, trabalho e com a família para criar um mundo mais sustentável.

O Habitante Verde é mais um personagem que estamos construindo ao lado de tantos outros como pai, filho, ir-mão, esposa, marido, avô, criança, terceira idade, enfim, todos que já fizeram, fazem e farão parte da nossa vida.Assim como cada pessoa é uma só, tanta física como emocionalmente, esse Habitante Verde também será assim. Cada um do seu jeito e, melhor que isso, ele irá atuar em cada personagem das nossas vidas. Afirmo sem errar que esse Habi-tante Verde de cada um será o responsável pela transfor-mação comportamen-tal das pessoas em prol do planeta Terra e em bene-fício do “ meio-a m b i e n t e -inteiro”. Sem esse Habitante Verde, a Terra não será capaz de continuar sendo a nossa casa. Não tenho a menor dúvida!Todos os pensa-mentos e principal-

mente, os gestos e atitudes do Habitante Verde irão influenciar tudo de bom que precisamos fazer nesse grande quintal que se tornou o mundo globalizado. Um dia alguém gritou: “Independência ou Morte”.Mais do que nunca a união entre continentes, países, estados, municípios, bairros,condomínios, ruas, em-presas, políticos, escolas, ONGs, escoteiros, religiosos, enfim todas as classes e organismos deverá intensifi-

car a capacidade de trabalhar junto em prol do “meio-ambiente-inteiro”. São todos eles

que devem gritar “Interdependência ou morte!”. Morte de quem? Do pla-

neta, dos humanos, dos animais, dos mares, do ar, das plantas e de

todos os seres que ainda habi-tam nesse grande quintal. O Habitante Verde nos dias de hoje ainda é uma criança, ai-nda tem muito o que apre-nder. Porém, mesmo assim, podemos refletir como ele pode atuar no nosso dia-a-

dia ou como ele pode exercer uma interdependência entre

nossos personagens; Reciclando, Reinventando, Recusando, e Re-

pensando tudo que esteja ligado aos recursos naturais do nosso planeta.

Para saber mais sobre o Habitante Verde acesse o seguinte site: fabianofaco.wordpress.

com. Neste site você pode conferir mais detalhes sobre como ser também um Habiatnte Verde. c

CONSELHO EDITORIAL Claudio Tadeu dos Santos, Fernando Ferreira, Maurício Leme DIRETOR DE REDAÇÃO Claudio Tadeu dos Santos COLABORADORA Professora Rose Maciel PRODUÇÃO GRÁFICA Fernando Ferreira, Maurício Leme PROJETO GRÁFICO Fernando Ferreira, Maurício Leme DESIGNERS Claudio Tadeu dos Santos, Fernando Ferreira, Maurício Leme FOTOGRAFIA Maurício Leme DIREÇÃO DE ARTE Fernando Ferreira AGRADECIMENTO Professor João Simões TIRAGEM 100 exemplares CAPA Cicatrizes Abertas.

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EDITORIALUm planeta para todos. Atitudes ambientalmente sustentáveis para garantir o amanhã.

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6ESPAÇO DO LEITORTexto do leitor Fábio Facó. O personagem que todos temos que ser no nosso dia a dia.

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TUDO É LIXO?Produzimos mais do que necessitamos. Você é o personagem principal e veja o que pode ser feito.

10AMAZÔNIAUma ferida que continua aberta. Patrimônio nacional dilacerado dia a dia, compromete o futuro do mundo.

14CONSUMO CONSCIENTEPonto de partida está no consumidor. Espaço para a qualidade e uma vida sustentável ainda parece utópico.

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ÁGUAEla pode acabar. Redução do desperdício e controle da poluição através do consumo sustentável.

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RECICLAR É PRECISOLixo X Meio Ambiente. Poder aquisitivo é o grande vilão do aumento excessivo da quantidade de lixo.

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O FUTURO DA AMAZÔNIA 14CONSUMO CONSCIENTE 20A ÁGUA PODE ACABAR 22CA

PA

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Lixo?Tudo é O lixo é luxo. Os poetas concretistas saíram com esta frase na década de 1970 que, dentro do contexto da sustentabilidade, cai muito bem. O lixo se tornou um verdadeiro luxo no sentido de que produzimos mais do que necessitamos, desperdiçamos bastante, jogamos fora o que nos serve e pouco reciclamos. Você é personagem principal e veja o que pode ser feito.

Pense antes bem antes de jogar qualquer coisa fora. Ela ainda pode servir de alguma forma.

A geração de lixo cresce em uma velocidade geométrica. Mas, infelizmente, os lugares para destinação de resíduos não seguem na mesma proporção. O aumento no consumo é um dos maiores responsáveis, aliado também aos (maus) hábitos como o desperdício. O lixo brasileiro é um grande retrato disso. No país, apesar da pobreza em que vive grande parte da população, são perdidos em média 15% da safra de grãos, as perdas de materiais na construção civil chegam a 33% e, nas feiras e supermercados, cerca de 30% dos alimentos têm como destino não a sua casa, mas o lixo. Se, por sua vez, o volume de lixo só aumenta, boa parte dele não recebe o tratamento que deveria ter. No Brasil, 52,8% dos resíduos sólidos não recebem tratamento adequado. Segundo o IBGE, 30,5% do volume de lixo coletado em 2000 foi encaminhado para os lixões, e 22,3%, para aterros controlados, com altos

riscos de contaminação para o homem e para o meio ambiente. Os cenários para o futuro não são dos melhores. Além do aumento da população, como se buscam adotar padrões de consumo iguais aos dos países já desenvolvidos, o consumo só cresce e, conseqüentemente, a própria geração de lixo. Nos últimos anos, têm surgido algumas alternativas para a destinação e o tratamento de resíduos sólidos. A reciclagem é uma delas. Além de reduzir o consumo de recur- sos naturais, reciclar economiza energia e água, somado à redução do volume de lixo e da poluição. Torna-se ainda uma atividade econômica com impactos sociais ao gerar empregos e renda, principalmente para famílias de catadores de materiais recicláveis. Já há muitos bons exemplos e eles começam dentro da sua casa. Abaixo, estão algumas dicas de como fazer parte desse grande movimento para que o lixo tenha seu correto tratamento.

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E você com isso?Consumo consciente• Pense se realmente precisa comprar certos produtos. Compre somente o necessário e evitedesperdício.• Planeje a compra de alimentos.• Dimensione a compra de perecíveis com as reais necessidades da família e com o prazo de consumo.• Compre produtos duráveis e resistentes e evite descartáveis.• Prefira produtos de empresas certificadas (ISO 9000 e 14000), que desenvolvam programas socioambientais e que se responsabilizem pelos produtos pós-consumo.• Evite produtos que possuam elementos tóxicos ou perigosos.

Embalagens• Reduza a quantidade de pacotes e embalagens.• Evite comprar frutas, verduras e legumes embalados.• Dê preferência a produtos vendidos a granel, pois você pode levar de casa uma sacola.• Compre produtos em embalagens econômicas.• Compre produtos concentrados que possam ser diluídos antes do uso.• Utilize refil. • Leve sacolas de tecido ou um carrinho

de feira para carregar as compras, evitando usar os saquinhos de lojas e supermercados. Se for necessário o uso, reutilize-os depois como sacos de lixo.• Compre produtos reciclados e/ou cujas embalagens sejam reutilizáveis ou recicláveis.• Organize-se junto a outros consumidores para exigir produtos sem embalagens desnecessárias, como também vasilhames reutilizáveis ou recicláveis.• Evite gastos de papel e outros materiais desnecessários ao embrulhar presentes.

Reciclagem• Reutilize materiais e embalagens. • Separe os materiais recicláveis e caminhe-os a artesãos, catadores, entidades ou empresas que os reutilizarão ou reciclarão.• Organize-se no trabalho, escola, bairro, prédio e condomínio e inicie um projeto piloto de separação de materiais recicláveis.• Conserte produtos em vez de descartá-los e substituí-los por novos.• Doe produtos que possam servir a outras pessoas.

Produtos especiais• Evite a compra de cadernos e papéis que usam cloro no processo de branqueamento.• Use detergentes e produtos de limpeza biodegradáveis. Reduza o uso quando possível.• Descarte pilhas e baterias em locais que as encaminhem para reciclagem.• Deixe a bateria usada do seu carro no local onde adquiriu a nova, certificando-se de que existe um sistema de retorno ao fabricante.• Deixe os pneus velhos nas oficinas de troca, pois elas são responsáveispelo destino final adequado.

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Am

azôniaUma ferida que continua aberta.

Nos anos 70, durante o auge dos grandes projetos de infra-estrutura implantados, a Amazônia era conhecida como o inferno verde. Uma mata fechada e insalubre, em-

pesteada de mosquitos e animais peçonhentos, que deveria ser derrubada a todo custo sempre com incentivo público pelos colonos, operários e garimpeiros que se aventuravam pela região.

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Essa visão mudou bastante nas últimas duas décadas, à medida que os brasi-

leiros perceberam que a região é um patri-mônio nacional que não pode ser dilacerado sem comprometer o futuro do próprio país. Com seus 5 milhões de quilômetros quadra-dos, a Amazônia representa mais da metade do território brasileiro, 3,6% da superfície seca do planeta, área equivalente a nove ve-zes o território da França. O Rio Amazonas, o maior mundo em extensão e volume, des-peja no mar em um único dia a mesma quantidade de água que o Tamisa, que atravessa Londres, demo-ra um ano para lançar.O vapor de água que a Amazônia produz por meio da evaporação res-ponde por 60% das chu-vas que caem nas regiões Norte, Centro- Oeste, Sudeste e Sul do Brasil.Mesmo agora, com o re-conhecimento de sua grandeza, a Floresta Amazônica permanece um domínio da na-tureza do qual o homem não é bem-vindo. No entanto, vivem lá 25 milhões de brasi-leiros, pessoas que enfrentaram o desafio do ambiente hostil e fincaram raízes na porção norte do Brasil. Assusta observar que, no intenso debate que se trava sobre a melhor forma de preservar (ou, na maior parte das vezes, ocupar) a floresta, esteja praticamente

ausente o maior protagonista da saga amazô-nica: o homem. É uma forma atravessada de ver a situação, pois o destino da região depen-de muito mais de seus habitantes do que de papelórios produzidos em Brasília ou da boa vontade de ONGs. A prioridade de todas as iniciativas deveria ser melhorar a qualidade de vida e criar condições econômicas para que seus habitantes tenham alternativas à exploração predatória. Só assim eles vão pre-servar a floresta em vez de destruí-la, porque

terão orgulho de sua rique-za natural única no mundo.A exuberância da natureza contrasta com a qualida-de de vida dos amazônidas. A imagem idílica do cabo-clo que vive no paraíso tro-pical e nele quer permane-cer só tem correspondência com o mundo real na ima-ginação de quem vive lon-ge dali. Mesmo aquele que mora em pontos distantes,

só acessíveis por barcos, assiste às novelas em televisores com antenas parabólicas e energia elétrica proveniente de geradores a óleo diesel. É natural que queira viver com os confortos modernos presentes no Sudes-te, e não como uma relíquia viva do século passado. O ribeirinho, assim como o ín-dio em sua aldeia, prefere cozinhar em fo-gão a gás, nem que para isso precise pagar este conforto com bens retirados da floresta.

“A Amazõniaestá em extinçãoe se não fizermos

nada ela acabará muito antes

do que achamos”

o pulmãodomundoestáem perigo

““

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Em áreas rurais, a ausência de comércio e dinheiro faz do escambo uma forma cor-riqueira de abastecimento da população. Um gerador, para manter a TV ligada por duas horas, consome um litro de diesel, que no mercado local pode ser trocado por um “bicho de casco” em geral o tracajá, tartaruga que pode alcançar oito quilos e é um petis-co tradicional. Como explicar a estas pessoas que caçar animais que há gerações são parte da dieta local é agora um crime ambiental?.Depois do período colonial, a primeira gran-de onda migratória para a Amazônia ocor-reu na virada do século XIX para o século XX. Hordas de fragelados por três secas sucessivas no nordeste foram enviadas para

extrair o látex. Estima-se que entre 300.000 e 500.000 tenham se instalado na floresta. O fim do ciclo da borracha não apenas deixou os seringueiros abandonados, mas também arruinou a elite bem-educada, europeizada, de Manaus e Belém. Durante a II Guerra, para aproveitar uma curta crise no fornecimento de borracha, mais de 150.000 pessoas foram despachadas para o Acre, Amazonas e Pará. A terceira e mais importante onda migrató-ria foi incentivada pelos militares nos anos 70. A zona franca de Manaus, o avanço da agricultura e da pecuária e os assentamentos do Incra são agora os atrativos para a trans-ferência de tantos brasileiros para a região.Esses migrantes, somados aos indígenas e

moradores antigos, mesclaram-se para for-mar um “Homo Amazonius”, o brasileiro adaptado à região. As políticas para a Ama-zônia geralmente focam a população rural, o chamado povo da floresta. Esse modo de pen-sar podia fazer sentido no início dos anos 70, quando apenas 3,5% dos habitantes da região viviam em áreas urbanas. Nas últimas três décadas, o perfil demográfico se transformou em ritmo acelerado. Hoje, 73% da população vive nas cidades e seus problemas são simi-lares aos dos habitantes de ,qualquer cidade do Sul ou do Sudeste, só que agravados pela falta de serviços básicos de infraestrutura.As soluções que propõem manter o ho-mem no mato, sem possibilidade de pro-gresso pessoal, mostram resultados pífios.

A instalação da Zona Franca de Manaus é apontada como uma das principais cau-sas de o estado do Amazonas ser o menos desmatado da Amazônia. Seu exemplo po-deria ser replicado na região como a criação de outras indústrias limpas, como as ligadas aos setores farmacêuticos e biotecnologia.Qualquer projeto que pressuponha o de-senvolvimento com sustentabilidade da Amazônia precisa incluir o desmonte de uma parcela considerável das termoelétri-cas alimentadas a óleo diesel que forne-cem a maior parte da energia para a região. Embora a Amazônia seja classificada como o pulmão do mundo, suas termelétricas des-pejam anualmente na atmosfera 6 milhões de toneladas de dióxido carbono (CO2). c

FLORESTA Á VENDAO comércio ilegal de madeira é uma das fontes de riqueza do interior do Amazonas.

DEVASTAÇÃO CONTROLADAA queimada de árvores se deve à ameaça de fiscalização onde ninguém é punido,

consequência do caos fundiário..

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Criar uma nova cultura que abra es-paço para a qualidade e uma vida sustentável ainda parece utópico e distante. O ponto de partida está

no consumidor. Ele tem poder e deve usá-lo em benefício de construir um mundo mel-

hor. Muitas das nossas ações são atos de consumo e impactam

nossa vida e as condições do planeta. Sabendo

disto, chegou a hora de saber como você pode usar suas escol-

has de consumo para ajudar a con-

struir um mundo social e ambientalmente melhor.

O caminho passa pela adoção do consumo consci-ente e voltado à sustentabili-

dade. O consumidor pode, por meio de suas escolhas, buscar maximi-

zar os impactos positivos e minimizar os negativos dos seus atos de consumo. Con-

sumidor consciente busca o equilíbrio entre

Conscienteonsumoa sua satisfação pessoal e a sustentabilidade do planeta, lembrando que isso implica um mod-elo ambientalmente correto, socialmente justo e economicamente viável. Ele reflete a respeito de seus atos de consumo e como irão repercu-tir não só sobre si mesmo, mas também sobre as relações sociais, a economia e a natureza. Busca ainda disseminar o conceito e a própria prática do consumo consciente, fazendo com que peque-nos gestos promovam grandes transformações. Consumo consciente pode ser praticado no dia-a-dia, por meio de gestos simples que levem em conta os impactos da compra, uso ou descarte de produtos ou serviços. Praticar o consumo con-sciente consiste numa atitude de liberdade de escolha e de protagonismo da própria existência. É uma tomada de posição clara, democrática e ética. Isso fatalmente irá gerar uma reflexão e, conseqüentemente, irá contagiar positivamente as empresas e seus funcionários, sua família, colegas e amigos que, diante do exemplo, serão impelidos a refletir sobre os seus próprios atos de consumo. Existe um enorme potencial para que o consumo que nos trouxe a essa situa-ção, se exercido de outra forma que acabe nos tirando dela sem esquecer do consumo. c

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Á G U AAs previsões internacionais dizem que, em 2025, dois terços da população mundial não terão acesso à água potável suficiente. Mui-tas multinacionais vêem nesta crise para a humanidade uma oportunidade econômica. Fortune Magazine, em maio de 2000, escre-veu: “A água promete ser no século 21 o que o petróleo foi no século 20: o precioso re-curso que determina a riqueza das nações”. Todavia, ao contrário do petróleo, a água não pode ser substituída! A água foi sempre con-siderada como um “bem público”, porque é direito e patrimônio de todos os seres vivos: os seres humanos, os animais e os vegetais. A água está diretamente ligada à vida. Po-demos ficar semanas sem comer, mas, sem tomar líquidos, uma criança morre dentro de cinco dias e um adulto, dez. Todos temos diante dos olhos as imagens desoladoras do sertão em período de seca: terra ferida por rachaduras profundas, árvores ressequidas, carcaças de animais abandonadas na poeira, crianças desnutridas com os olhos inexpres-sivos: morte é a palavra que define este ce-nário. Mas basta uma chuva benéfica e tudo

retorna a viver: a vida escondida reaparece, como chamada por uma voz misteriosa. Mas, nem sempre é possível sarar todas as feridas impressas nos seres humanos e na natureza.Este “bem público” não é tão “público” como deveria. Para falar só do Brasil (que possui uma riqueza hídrica invejável), 20% da sua população não tem acesso à água potável, 40% da água das torneiras não é confiável, 50% das casas não têm coleta de esgotos e 80% do esgoto coletado é lançado direta-mente nos rios, sem qualquer tipo de trata-mento. Isso produz conseqüências negativas na saúde que, sobretudo no caso das crianças, são mortais. Um olhar rápido sobre o uso das águas no Brasil pode mostrar como ele é inadequado e dar uma explicação global da subtração da água a uma parte considerável da população: a irrigação consome 63% e a indústria, 5%, enquanto o consumo humano é de 18% e o animal, de 14%. Um detalhe so-bre a agricultura leva a reflexões preocupan-tes: para produzir uma tonelada de grãos, são necessárias mil toneladas de água! A essas utilizações da água, acrescente-se navegação,

pesca e lazer, mas, sobretudo, a geração de eletricidade, que, no Bra-sil, provém em 97% das usinas hidrelétricas, que necessitam dos lagos artificiais. Em conseqüência, são as usinas que regulam a vazão de muitos rios. Estes acenos legitimam a expressão, hoje comum, de “crise da água”. “Não é apenas uma carência quantitativa, mas também qualitativa. A destruição dos ma-nanciais, devido, principalmente, à devastação das matas ciliares, a contaminação dos mananciais por agroquímicos, resíduos industriais, metais pesados dos garimpos, esgotos urbanos e hos-pitalares, além do aumento do consumo na agricultura (ir-rigação), pecuária, indústria e consumo humano, proje-tam uma imagem de ‘escas-seamento progressivo’ das águas” (Texto-base da CF, n.37). Diante dessa crise, têm sido avançadas muitas propos-tas de solução, que podem ser resumidas em duas, opostas en-tre si: a água como negócio ou a água como vida. A primeira vê na água uma mercadoria como muitas outras, um valor econômico que pode ser comprado e vendido. Sendo que ago-ra está surgindo o problema da escassez da água, pode-se aproveitar para geri-la conforme as leis do mercado, transfor-mando-a em objeto de lucro. Isso está acontecendo em todos os níveis, do proprie-tário de um terreno onde há uma nascente, que cobra o uso da água dos vizinhos, à multinacio-nal que privatiza a água de um lugar para lançá-la no mercado. Como a Nestlé, proprietária de 68 companhias de água engarrafada, que tira água do lago Michigan, nos Estados Unidos, com um lucro de cerca de 1,8 milhões de dólares por dia. 65% dessa água deixa a região, para ser vendida em outros luga-res. A outra proposta quer preservar a água em favor da vida, é considerado o seu valor. c

Desperdício é o principal fator da escassez.

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R CICLAR PR CISO E é

O retorno da matéria-prima ao ciclo de produção é denominado reciclagem, embora o termo já venha sendo utilizado popularmente para designar

o conjunto de operações envolvidas. O vocábulo surgiu na década de 1970, quando as preocupações ambientais passaram a ser tratadas com maior rigor, especialmente após o primeiro choque do petróleo, quando reciclar ganhou importância estratégica. As indústrias recicladoras são também chamadas secundárias, por processarem matéria-prima de recuperação. Na maior parte dos processos, o produto reciclado é completamente diferente do produto inicial. A quantidade de lixo produzida diariamente por um ser humano é de aproximadamente 5 Kg. Se somarmos toda a produção mundial, os números são assustadores. Só o Brasil produz 240 000 toneladas de lixo por dia. O aumento excessivo da quantidade de lixo se deve ao aumento do poder aquisitivo e pelo perfil de consumo de uma população. Além disso, quanto mais produtos industrializados, mais lixo é produzido, como embalagens, garrafas,etc.

Tipos de lixo:- Doméstico (alimentos)- Industrial (carvão mineral, lixo químico, fumaças) - Agrícola (esterco, fertilizantes) - Hospitalar - Materiais Radioativos ( indústria medicina...) - Tecnológico (TV, rádios)

Em torno de 88% do lixo doméstico vai para o aterro sanitário. A fermentação produz dois produtos: o chorume e o gás metano. Menos de 3% do lixo vai para as usinas de compostagem(adubo). O lixo hospitalar, por exemplo, deve ir para os incineradores. Apenas 2% do lixo de todo o Brasil é reciclado!!

Porque reciclar é 15 vezes mais caro do que jogar o lixo em aterros. Nos países desenvolvidos como a França e Alemanha, a iniciativa privada é encarregada do lixo. Fabricantes de embalagens são considerados responsáveis pelo destino do lixo e o consumidor

também tem que fazer sua parte. Por exemplo, quando uma pessoa vai comprar uma pilha nova, é preciso entregar a usada. Uma garrafa plástica ou vidro pode levar 1 milhão de anos para decompor-se. Uma lata de alumínio, de 80 a 100 anos. Porém todo esse material pode ser reaproveitado, transformando-se em novos produtos ou matéria prima, sem perder as propriedades. Separando todo o lixo produzido em residências, estaremos evitando a poluição e impedindo que a sucata se misture aos restos de alimentos, facilitando assim seu reaproveitamento pelas indústrias. Além disso, estaremos poupando a meio ambiente e contribuindo para o nosso bem estar no futuro, ou você quer ter sua água racionada, seus filhos com sede, com problemas respiratórios.

Algumas Vantagens:- Cada 50 quilos de papel usado, transformado em papel novo, evita que uma árvore seja cortada. Pense na quantidade de papel que você já jogou fora até hoje e imagine quantas árvores você poderia ter ajudado a preservar.- Cada 50 quilos de alumínio usado e reciclado, evita que sejam extraídos do solo cerca de 5.000 quilos de minério, a bauxita.- Quantas latinhas de refrigerantes você já jogou até hoje?- Com um quilo de vidro quebrado, faz-se exatamente um quilo de vidro novo. E a grande vantagem do vidro é que ele pode ser reciclado infinitas vezes.

Quanto material jogado no lixo poderia ter sido reciclado:- Economia de energia e matérias-primas. Menos poluição do ar, da água e do solo.- Melhora a limpeza da cidade.- Gera renda pela comercialização dos recicláveis. - Gera empregos para os usuários dos programas sociais e de saúde da Prefeitura.- Dá oportunidade aos cidadãos de preservarem a natureza de uma forma concreta, tendo mais responsabilidade com o lixo que geram. c

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Para a Petrobras pesquisa e tecnologia são sinônimos de preservação

Mais de 100 pesquisadores trabalham com o objetivo de garantir um futuro sustentável para a Amazônia. Eles atuam em parceria com o Centro de Excelência Ambiental da Petrobrás (CEAP), envolvidos em projetos de preservação e desenvolvimento sustentável da região.

A Petrobras deverá investir

até 2012 cerca de R$ 500 milhões

Cerca de

15 projetos já foram

executados

Mais de

30 cidades fazem parte

do projeto

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Nosso compromisso é construir um mundo melhor para você e junto com

você.

Nós do Grupo Santander Brasil queremos assumir um compromisso com você: um compromisso de boas idéias. Mais importante do que ser um grande banco, é ser um banco de grandes idéias, daquelas que tornam seu futuro e sua a vida melhor.

Valorizando idéias por uma vida melhor

Grupo Santander Brasil

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